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Manual - Obesidade e Gestão do Peso

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SERVIÇOS FARMACÊUTICOS 2016/2017
Manual 8
Manual 8
Perda de Peso
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS . 2016/2017
AUTORES:
Cassyano J Correr, BPharm, MSc, PhD
Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná 
Consultor Abrafarma - Projeto Assistência Farmacêutica Avançada 
projetofarma@abrafarma.com.br 
Thais Teles de Souza, BPharm, MSc
Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, 
Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, 
Universidade Federal do Paraná.
REVISÃO:
Wálleri Christini Torelli Reis, BPharm, MSc
Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, 
Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, 
Universidade Federal do Paraná.
 
Os autores agradecem aos membros do GTFARMA, farmacêuticos coordenadores e super-
visores das Redes associadas à Abrafarma, bem como aos seus colaboradores, pela leitura, 
revisão e sugestões de melhoria feitas aos Manuais durante seu processo de elaboração. 
Muito obrigado!
Os autores deste manual empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto 
estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos 
originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante 
fl uxo de novas informações sobre terapêuti ca e reações adversas a fármacos, recomendamos enfati camente que os leitores consultem sem-
pre outras fontes fi dedignas (p. ex., Anvisa, diretrizes e protocolos clínicos), de modo a se certi fi carem de que as informações conti das neste 
manual estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Recomendamos que 
cada profi ssional uti lize este manual como guia, não como única fonte de consulta. 
Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qual-
quer material uti lizado neste livro, dispondo-se a possíveis correções posteriores caso, inadverti da e involuntariamente, a identi fi cação de 
algum deles tenha sido omiti da. 
613.25
 C824 Correr, Cassyano Januário
Manual 8: perda de peso / Cassyano Januário Correr, Thais
Teles de Souza. 1. ed. atualizada. Curiti ba: Ed. Practi ce, 2016. 
152p. : il. algumas coloridas) (Manual 8) 
ISBN 978-85-68784-02-0
Inclui bibliografi a
 1. Obesidade – Prevenção e controle. 2. Manuais. I. Souza, 
Thais Teles de. II. Título.
FICHA CATALOGRÁFICA:
MANUAL 8: PERDA DE PESO
Copyright © 2016 © 2017 ABRAFARMA
Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob 
quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou 
outros), sem permissão expressa da ABRAFARMA.
ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias
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Supervisão: Graziela Sponchiado | Capa e projeto gráfi co: Raquel Damasceno
Diagramação: Guilherme Menezes | Contatos: contato@grupopracti ce.com.br 
htt p://farmaceuti coclinico.com.br
EDITORAÇÃO:
AVISO AO LEITOR
Este manual possui caráter técnico-cientí fi co e desti na-se exclusivamente aos profi ssionais farmacêuti cos e colabora-
dores das Redes de Farmácias e Drogarias associadas a Abrafarma. Sua elaboração tem por objeti vo apresentar dire-
trizes para a estruturação e performance dos serviços farmacêuti cos nos estabelecimentos e, sob nenhuma hipótese, 
pretende substi tuir normas ou procedimentos estabelecidos na legislação sanitária ou profi ssional mais atual aplicável 
ao setor. A Abrafarma, bem como os autores, eximem-se de qualquer responsabilidade pelo mau uso deste recurso, 
bem como pela interpretação e aplicação de seu conteúdo feita por seus leitores.
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS ABRAFARMA
8
SUMÁRIO
11 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO
13 INTRODUÇÃO
15 PROGRAMA PERDA DE PESO
15 O que é o Programa Perda de Peso?
15 Quais são os benefícios para os pacientes?
17 PARTE 1 . REVISANDO A CONDIÇÃO
17 O que são o sobrepeso e a obesidade?
17 Qual é a prevalência do sobrepeso e da obesidade?
18 Como é feita a avaliação do sobrepeso e da obesidade?
20 Como o sobrepeso e a obesidade podem ser classificados?
22 Como medir a composição corporal de um paciente?
24 Circunferência abdominal
25 Espessura das pregas cutâneas
26 Bioimpedância
27 Relação cintura-quadril
29 Índice de adiposidade corporal (IAC)
31 Métodos de imagem para avaliação da composição corporal
31 Além da composição corporal: Dados clínicos e laboratoriais
32 Quais são as causas do sobrepeso e da obesidade?
38 Quais as consequências do sobrepeso e da obesidade?
41 Quais são as metas terapêuticas no tratamento do sobrepeso e da obesidade?
42 Por que é difícil manter o peso perdido?
43 Como tratar a obesidade?
47 Tratamento farmacológico
49 Primeira linha
49 Orlistate
52 Sibutramina
55 Produtos de uso off label
55 Bupropiona
56 Fluoxetina
58 Sertralina
59 Metformina
60 Exenatida
61 Liraglutida
62 Canagliflozina
63 Dapagliflozina
64 Naltrexona
65 Suplementos nutricionais e produtos de origem vegetal
66 Ácido linoleico conjugado (CLA)
67 Cafeína
68 Cálcio
68 Capsaicina
69 Chá verde (Camellia sinensis)
69 Colágeno
69 Cromo
70 Ephedra sinica
71 Erva-de-são joão (Hypericum perforatum) 
72 Garcinia cambogia
72 Goji Berry
73 Goma Guar
73 Hidroximetilbutirato (HMB)
74 Ioimbina (Pausinystaliayohimbe)
74 L-Carnitina
75 Óleo de coco (Cocos nucifera)
76 Óleo de cártamo (Carthamu stinctorius)
77 Plantago (Psyllium)
77 Piruvato
77 Quitosana
78 Suplementos protéicos
79 Tratamento dietético
83 Dietas ricas em gorduras e escassas em carboidratos
84 Dietas balanceadas
85 Dietas escassas em gorduras (<25%) e muito escassas em gorduras (<19%)
86 Dietas de baixíssimas calorias
87 Substituição de refeições
88 Dietas com gorduras modificadas
88 Dieta do índice glicêmico
89 Dieta mediterrânea
89 Dietas ricas em proteínas
90 Dieta DASH
91 Interpretando as informações nutricionais dos rótulos de alimentos
92 Atividade física
93 Atividade física na prevenção de ganho de peso
93 Atividade física como tratamento único para sobrepeso e obesidade
94 Atividade física associada com dieta para tratamento de sobrepeso e obesidade
95 Atividade física na manutenção da perda de peso
95 Programa de atividade física
96 Aconselhamento comportamental
102 Tratamento cirúrgico
105 PARTE 2 . PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
107 Como identificar os clientes para o serviço?
108 Como a equipe da farmácia pode ajudar?
108 Como deve ser o local de atendimento?
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109 ENCONTRO 1: PREPARAÇÃO
110 ENCONTRO 2: PLANO DE AÇÃO
116 Como fazer o encaminhamento ao médico?
116 Como é a declaração de serviço farmacêutico?
116 O que é o diário de saúde?
117 ENCONTRO 3 A 20: ACOMPANHAMENTO
121 ANOTAÇÕES
122 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
12
A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO 
Um dos maiores desafios da administração moderna é o de gerenciar o vazio, aquilo que não existe, inovar. É um 
grande desafio porque, no mundo imediatista e de busca pelo resultado em curto prazo no qual vivemos, não é fácil 
abstrair-se da realidade que bate à porta, dos problemas do dia-a-dia, e perguntar-se: “e se...?”. 
Como uma forma de ajudar suas redes associadas nesse exercício, a Abrafarma desenvolveu um método estrutura-
do de pensar sobre práticas que ainda não existem em nosso país. Assim, realizamos anualmente pelo menos uma 
missão técnica internacional, que reúne no mínimo um representante de cada empresa, num exercício de “olhar 
junto” realidadesdistintas da brasileira. Viajamos para países como Canadá, Estados Unidos, Espanha, França e In-
glaterra, para exercitar esse “olhar junto”, que se constitui num conjunto de conversas estruturadas, visitas a em-
presas, workshops e participação de especialistas que ajudam este dedicado grupo a fazer as perguntas corretas e 
aprender métodos diferentes de fazer varejo. Foi assim, por exemplo, que o dermo-cosmético tornou-se realidade 
no Brasil. Após uma das nossas missões internacionais.
Esse “olhar estruturado” da Abrafarma tem se voltado, nos últimos anos, para o repensar do varejo farmacêutico, 
que observamos principalmente nos EUA: estabelecimentos que, além de ampla oferta de medicamentos, produtos 
de higiene, beleza e conveniências, tem repensado o papel do profissional Farmacêutico para entregar mais valor à 
sociedade. Se antes parecia distante da realidade brasileira, a Farmácia nos EUA está se reinventando, e nos dando 
uma lição de como ir além!
Para alcançarmos esse nível também no Brasil, precisamos repensar o papel do Farmacêutico, que deve ter função 
muito mais nobre do que entregar caixinhas de medicamentos ao usuário e esclarecer-lhes eventuais duvidas. Esse 
profissional pode colocar suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente, agregando mais 
valor à sociedade. Assim, nasceu o Projeto Assistência Farmacêutica Avançada, cuja primeira etapa de trabalho 
está sendo desenvolvida desde 2013. A iniciativa prevê a formatação inicial de oito novos serviços que podem ser 
prestados nas redes da Abrafarma, desde a imunização até clínicas de autocuidado.
É, portanto, com o objetivo de contribuir com a evolução do papel do Farmacêutico, e com esta Farmácia em Trans-
formação no Brasil, que a Abrafarma lança este conjunto de manuais que serão a pedra fundamental de um “novo 
olhar” nessa área. Este material, elaborado sob supervisão direta do Prof. Cassyano Correr, que juntou-se à Abra-
farma para burilar esta visão, também contou com o apoio inestimável dos membros do GT FARMA, nosso grupo 
incansável de Coordenadores / Supervisores Farmacêuticos. A todos o meu melhor obrigado.
Uma Farmácia em Transformação. É assim que nos enxergamos hoje. O vazio, nesse caso, já tem forma e pode ser 
preenchido, se assim o desejarmos. Temos um longo e belo trabalho pela frente. 
Sérgio Mena Barreto 
Presidente-Executivo da Abrafarma
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Os serviços farmacêuti cos prestados em farmácias e drogarias tem por objeti vo promover saúde, prevenir doen-
ças e auxiliar na recuperação da saúde, por meio do uso racional dos medicamentos. Para que o máximo benefí -
cio com o tratamento seja alcançado, é necessário que todos os processos da farmacoterapia ocorram de forma 
óti ma, desde a escolha terapêuti ca, a dispensação do medicamento, a uti lização e adesão ao tratamento, até a 
observação dos resultados terapêuti cos. As farmácias e drogarias, dada sua capilaridade e facilidade de acesso em 
todo país, são pontos estratégicos onde o farmacêuti co pode prestar serviços que colaborem com a oti mização da 
farmacoterapia, em estreita colaboração com os pacientes, médicos, e demais profi ssionais e serviços de saúde.
Do ponto de vista legal, avanços recentes fi rmam a farmácia como um lugar de referência da população para saúde, 
bem-estar e prestação de serviços. No âmbito sanitário, destaca-se a Resolução no 44/09 da Anvisa, que há anos 
regulamenta a oferta de serviços de atenção farmacêuti ca nestes estabelecimentos, com objeti vo de “prevenir, 
detectar e resolver problemas relacionados a medicamentos, promover o uso racional dos medicamentos, a fi m 
de melhorar a saúde e qualidade de vida dos usuários”. Mais recentemente, a Lei no 13.021/14 defi niu a farmácia 
como uma “unidade de prestação de serviços desti nada a prestar assistência farmacêuti ca, assistência à saúde e 
orientação sanitária individual e coleti va”. Esta lei, ainda, obriga o farmacêuti co no exercício de suas ati vidades, a 
proceder o acompanhamento farmacoterapêuti co, estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de medi-
camentos [farmacovigilância], estabelecer o perfi l farmacoterapêuti co dos pacientes e prestar orientação farma-
cêuti ca aos mesmos. No âmbito profi ssional, destacam-se as Resoluções no 585 e no 586, de 2013, do Conselho 
Federal de Farmácia, sobre as atribuições clínicas do farmacêuti co e a prescrição farmacêuti ca, que reforçam o 
dever deste profi ssional no que diz respeito as ati vidades assistências e de cuidado direto dos pacientes.
Esta coleção tem por objeti vo fornecer as diretrizes para a oferta e manutenção de uma carteira de serviços, 
bem como instrumentalizar os profi ssionais para um trabalho técnico de alto nível. Este manual está organizado 
em duas partes principais. A primeira traz uma revisão sobre obesidade e sobrepeso, que reúne as principais evi-
dências sobre o manejo da condição. A segunda parte apresenta o protocolo clínico do serviço, com objeti vo de 
padronizar procedimentos e estruturar o atendimento realizado pelo farmacêuti co e equipe da farmácia.
Esperamos que você aprecie a leitura e que este material seja úti l à sua práti ca profi ssional. Bom estudo!
Os autores
INTRODUÇÃO
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16
PROGRAMA PERDA DE PESO
O que é o Programa Perda de Peso?
O programa “Perda de peso” é um serviço farmacêutico clínico oferecido nas farmácias e drogarias a pacientes apre-
sentando sobrepeso ou obesidade que desejam reduzir seu peso de forma contínua e saudável. O programa incentiva 
a adoção pelo paciente do projeto pessoal “eu magro e saudável”. 
O serviço visa estimular o paciente para a redução de peso de maneira bem-sucedida e persistente. O programa con-
siste no acompanhamento do paciente por 12 meses, tempo durante o qual são agendadas consultas. Em um ambiente 
confortável e privado da farmácia, os pacientes são atendidos pelo farmacêutico, que realiza uma avaliação individu-
alizada, para troca de experiências, avaliação das medidas antropométricas, resolução de problemas e definição das 
metas terapêuticas. Os pacientes são orientados de forma personalizada e avaliados quanto a sua motivação para 
perda de peso, que é profissionalmente estimulada. 
Após a avaliação inicial, um plano de ação é definido com o paciente e o acompanhamento passa a ser periódico. O pla-
no de ação inclui aconselhamento comportamental específico, recomendações sobre alimentação e atividade física, 
e uso de medicamentos, suplementos ou plantas medicinais. Todo trabalho realizado na farmácia visa colaborar com 
tratamentos médicos ou nutricionais já seguidos pelo paciente, de modo a potencializar os resultados e promover uma 
mudança permanente no estilo de vida.
Durante o programa, o paciente passa a compreender melhor sua condição, encontra motivação e segurança para 
tomada de decisões diárias sobre sua saúde e monitora suas metas em parceria com o farmacêutico.
Quais são os benefícios para os pacientes?
A obesidade é um problema de saúde pública, uma epidemia de saúde global. De acordo com a Organização Mun-
dial de Saúde, a obesidade em todo o mundo dobrou desde 1980, com 1,5 bilhão de adultos considerados obesos 
em 2008(1,2). 
O sobrepeso e a obesidade estão associados a um aumento significativo da mortalidade e estão intimamente 
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relacionados com alterações metabólicas no organismo, as quais podem se manifestar na forma de elevação da 
pressão arterial, colesterol e triglicérides, além de aumento da resistência à insulina. Dessa forma, o risco de 
manifestações de doenças cardíacas coronarianas, acidente vascular cerebral isquêmico, dislipidemia e diabetes 
mellitus tipo 2 aumentam substancialmente com o aumento do índice de massa corporal (IMC). Além disso, o ris-
co de surgimento de câncer de mama, próstata, endométrio, rim e vesícula biliar estão aumentados em indivíduosobesos e com sobrepeso(2–5).
Os gastos com saúde são significativamente mais elevados para os indivíduos com sobrepeso e obesidade (3). Os 
custos do tratamento e dos desfechos que a obesidade e o sobrepeso ocasionam à saúde são bastante significa-
tivos. Um estudo realizado em 2012 revelou que se gasta U$ 2,1 bilhões com todas as doenças relacionadas ao 
sobrepeso e obesidade anualmente no Brasil, sendo que 68,4% desse valor correspondem às internações e 10% 
diretamente à obesidade e sobrepeso(6). Outra pesquisa brasileira identificou que a obesidade onerou o SUS em 
R$ 487,98 milhões em 2011(7).
A redução do peso apresenta benefícios imensuráveis, do ponto de vista clínico, humanístico e econômico, e re-
presenta uma estratégia de saúde pública prioritária. Estudos demonstram que a perda de peso está associada 
com uma redução significativa na morbidade e na mortalidade associadas à obesidade e ao sobrepeso(8–10). 
Os benefícios da redução de peso incluem redução da taxa de progressão da tolerância à glicose, prevenção de 
diabetes e doenças cardiovasculares, melhoria dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo a 
pressão arterial e o perfil lipídico, redução da incontinência urinária, apnéia do sono e depressão, e melhoria da 
qualidade de vida, função física e mobilidade(8).
A farmácia comercial, como o ambiente de saúde de maior proximidade do paciente, apresenta grande potencial 
para implantação de programas e medidas para a redução de peso. Para os pacientes que estão com sobrepeso 
ou obesos, e em risco para doenças associadas à obesidade, uma série de intervenções para a perda de peso 
estão disponíveis, incluindo mudanças no estilo de vida, dieta, exercício e farmacoterapia. O farmacêutico possui 
uma função importante a desempenhar no manejo adequado dessa condição, conforme veremos ao longo deste 
manual
18
O que são o sobrepeso e a obesidade?
O sobrepeso e a obesidade são condições clínicas não transmissíveis que acometem adultos e crianças, em países 
desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo caracterizados pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo, identi fi cado 
pelo índice de massa corporal (IMC) ≥25 kg/m2 e ≥30 kg/m2, respecti vamente(2).
Qual é a prevalência do sobrepeso e da obesidade?
O sobrepeso e a obesidade são condições clínicas de alta prevalência em adultos, adolescentes e crianças (2). O 
IMC médio está aumentando em todo o mundo, com 36,9% dos homens e 38% das mulheres com IMC ≥25 kg / 
m2(11,12). No Brasil, dados divulgados pelo Ministério da Saúde, da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Pro-
teção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2012, revelaram que 51% dos brasileiros (54% 
dos homens e 38% das mulheres) apresentam sobrepeso e 17,5% dos brasileiros (16% dos homens e 18% das mu-
lheres) são obesos(13).
PARTE REVISANDO A CONDIÇÃO
Prevalência de sobrepeso e obesidade na população Brasileira em 2012(13)
54%
38%
16%
18%
Sobrepeso
Média populacional
Obesidade
Média populacional
Homens
Mulheres
51%
17,5%
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Como é feita a avaliação do sobrepeso e da obesidade?
A avaliação de um paciente com sobrepeso ou obeso deve incluir exames físicos e laboratoriais, a fim de carac-
terizar o tipo e gravidade da obesidade, determinar o risco, e proporcionar uma base para a seleção da terapia.
A avaliação do índice de massa corporal (IMC) é o primeiro passo para determinar o grau de excesso de peso. O 
IMC é fácil de medir, confiável e possui boa correlação com o percentual de gordura corporal, embora seja mais 
útil se utilizado em conjunto com outras medidas antropométricas(14). 
O IMC é expresso em Kg/m2 e calculado a partir do peso e da altura da seguinte fórmula: 
IMC = peso corporal (em kg) / altura (em metros) ao quadrado
O IMC fornece uma melhor estimativa da gordura corporal total do que o peso corporal sozinho(15) e, em ge-
ral,possui maior associação com a taxa de mortalidade, seja por todas as causas e por doenças cardiovasculares 
(16,17). A relação entre risco de morte e IMC permite a identificação de vários níveis que podem ser usados para 
orientar a seleção de terapia (8,18).
Mortalidade por todas as causas versus IMC na faixa 15 a 50 kg/m2 em cada sexo
Fonte: Whitlock G, 
Lewington S, et al 
(2009) (17)
Mortes 
anuais por 
1000 (IC 95%)
IMC (kg/m2)
0
15.1
26.4
201
351
10.5
9.5
8.9 9.2
10.4
11.4
13.0
14.7
17.0
19.2
28.2
34.7
3146
3995 3366
2415
1688
931
557
284
269
146414
26.0
22.7
16.9
15.3
14.5
15.8
18.4
14,437
14,497
8920
2952
20.5
1219
8052
3624
91
1194
64
32
16
8
15 20 25 30 35 40 50
Homens
Mulheres
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Como o sobrepeso e a obesidade podem ser classifica-
dos?
A classificação do IMC é baseada no risco de doenças cardiovasculares (17). A classificação recomendada para 
IMC adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH) (19,20) para 
caucasianos, hispânicos e negros é apresentada a seguir:
Classificação recomendada para IMC adotada pelo Instituto Nacional de Saúde 
(NIH) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (19,20).
< 18,5 
Baixo peso
18,5 - 24,9 
Peso normal
25 - 29,9 
Sobrepeso
30 - 34,9 
Obesidade 
Classe I
35 - 39,9 
Obesidade 
Classe II
≥ 40 
Obesidade 
Classe III
IMC (kg/m2)
22
Os pontos de corte atuais subestimam o risco na população do sul da Ásia. Assim, nas orientações da OMS 
e do NIH para os asiáticos, o sobrepeso é definido por valores de IMC entre 23 e 24,9 kg/m2 e a obesidade 
por valores de IMC superiores a 25 kg/m2(21). É importante destacar que, em algumas populações, o nível 
de risco em termos de porcentagem de gordura corporal é alcançado em um IMC mais baixo (asiáticos do 
sul da Ásia) e, em outros um IMC mais elevado (negros) em comparação com os brancos (22,23).
A distribuição da gordura corporal também pode ser classificada de acordo com o formato, o qual pode ser em 
forma de pêra / ginóide, intermediário ou maçã / andróide. Na gordura central, em forma de maça, os principais 
depósitos de gordura estão localizados ao redor do abdômen e na parte superior do corpo. A gordura periférica, 
em forma de pêra, é armazenada principalmente nas coxas e nos glúteos. As evidências sugerem que a forma do 
corpo (ou seja, a distribuição de gordura regional) pode ser associada de forma independente com o risco de do-
enças cardiovasculares e endócrinas. O acúmulo de gorduras no abdomem, corpo em forma de maçã, é apontado 
como um importante fator de risco para síndrome metabólica, doenças cardiovasculares e diabetes (24,25). A 
adiposidade central visceral está associada a um maior risco de doenças metabólicas e cardiovasculares, incluin-
do a resistência à insulina, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e doença cardíaca coronária.
Distribuição da gordura corporal: pera ou maçã?
Como farmacêutico(a), esteja ciente de que o IMC é um bom indicador, mas deve ser usado preferencialmente 
em conjunto com mais alguns indicadores de composição corporal.
Gordura periférica (Pêra) Gordura central (Maçã)
Armazenada 
principalmente no 
abdomen e na parte 
superior do corpo
Armazenada 
principalmente no quadril
Circunferência adominal e 
relação cintura/quadril são 
utilizadas para avaliar esse 
tipo de distribuição
Importante fator de risco 
para síndrome metabólica, 
doenças cardiovasculares e 
diabetes
Relação cintura/quadril é 
utilizada para avaliar esse 
tipo de distribuição
Apresenta menor 
associação com riscos 
à saúde
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LIMITAÇÕES DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
• Não distingue massa gordurosa de massa magra, podendo substimar o grau de gordura em indivíduos 
idosos,em decorrência de sua perda de massa muscular associada ao envelhecimento, e superesti-
mar em indivíduos que estão acima do peso, mas que possuem muita massa muscular (por exemplo, 
atletas profissionais ou fisioculturistas) (26);
• Não reflete, necessariamente, a distribuição da gordura corporal, a qual é importante na avaliação de 
sobrepeso e obesidade, porque a gordura visceral (intra-abdominal) é um fator de risco potencial para 
a doença, independentemente da gordura corporal total (27). Indivíduos com o mesmo IMC podem 
ter diferentes níveis de massa gordurosa visceral. Por exemplo: O homem tem, em média, o dobro da 
quantidade de gordura abdominal em relação à mulher na pré-menopausa(28);
• Não indica, necessariamente, o mesmo grau de gordura em populações diversas, particularmente 
por causa das diferentes proporções corporais(26). Na população brasileira, tem-se utilizado a tabela 
proposta pela OMS para classificação de sobrepeso e obesidade e seu uso apresenta as mesmas limi-
tações constatadas na literatura(29).
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL (31)
• Identificação do risco de saúde associado aos níveis de gordura corporal total;
• Promoção do conhecimento do paciente sobre as faixas de risco;
• Monitoramento de mudanças na composição corporal;
• Formulação de recomendações dietéticas e prescrições de exercícios;
• Avaliação da efetividade de intervenções dietéticas e exercícios;
• Estimativa do peso ideal para os pacientes, incluindo atletas, asiáticos e idosos;
Como medir a composição corporal de um paciente?
Avaliar a composição corporal significa identificar a forma como a gordura está distribuída no organismo. A com-
binação dessas medidas com o IMC é a melhor opção para avaliar o paciente com sobrepeso ou obesidade (8,30).
24 Em consultório, é possível usar a medida da circunferência abdominal (32), a medida da espessura das pregas cutâ-
neas (33), a bioimpedância (34), a razão entre circunferência abdominal e circunferência do quadril (20,35,36) e o 
índice de adiposidade corporal (IAC) (37). Leia a seguir um resumo sobre cada um desses métodos:
• Medida da gordura do abdomen e fornece informação sobre risco que não é contabi-
lizado pelo IMC
• Reflete melhor o conteúdo de gordura visceral que a relação circunferência abdomi-
nal/quadril e também se associa muito à gordura corporal total
• Uilizada como indicador de obesidade, pois há relação entre a gordura localizada nos 
depósitos debaixo da pele e a gordura interna ou a densidade corporal 
• A reprodutibilidade, entretanto, é uma limitação deste método
• A análise da composição corporal através da impedância bioelétrica tem como base 
a medida da resistência total do corpo à passagem de uma corrente elétrica. Os com-
ponentes corporais oferecem uma resistência diferenciada à passagem da corrente 
elétrica, os ossos e a gordura constituem um meio de baixa conectividade, ou seja, 
uma alta resistência à corrente elétrica. Já a massa muscular e outros tecidos ricos 
em água e eletrólitos, são bons condutores, permitindo mais facilmente a passagem 
de corrente elétrica. 
• Forma portátil disponível para avaliação clínica tem sido considerada suficientemen-
te válida e segura em condições constantes
• Inicialmente, a medida mais comumente usada para obesidade central. Entretanto, 
em 1990, reconheceu-se que pode ser menos válida como uma medida relativa, após 
perda de peso, com diminuição da medida do quadril
• A OMS considera a RCQ um dos critérios para caracterizar a síndrome metabólica, 
com valores de corte de 0,90 para homens e 0,85 para mulheres
• Na população brasileira, a RCQ também demonstrou associar-se a risco de comorbidades 
• O IAC é um alternativa mais fidedigna que o IMC para quantificar a gordura corporal, 
utilizando a medida do quadril e a altura. A medida do quadril é realizada a partir da 
projeção posterior dos glúteos, em uma linha horizontal até a região anterior do quadril. 
• Para calcular o IAC não é utilizado o peso corporal. 
• O IAC é calculado a partir da seguinte fórmula: IAC = [Quadril / (altura x √altura)] – 18
• Observe que o indice utiliza no denominador a altura, vezes a raiz quadrada da altura
Métodos clínicos para avaliação da composição corporal em consultório
CIRCUNFERÊNCIA 
ABDOMINAL
ESPESSURA DAS 
PREGAS CUTÂNEAS
BIOIMPEDÂNCIA
RELAÇÃO 
CIRCUNFERÊNCIA 
ABDOMINAL / 
QUADRIL (RCQ)
ÍNDICE DE 
ADIPOSIDADE 
CORPORAL (IAC) 
Fonte: Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010/ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da 
Síndrome Metabólica (2009) (38)
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Rebordo costal
Ponto médio
Borda superior da 
crista líaca
Fita antropométrica, 
medida da 
circunferência 
abdominal
Circunferência abdominal
A associação da medida da circunferência abdominal com o IMC pode oferecer uma forma combinada de avalia-
ção de risco e ajudar a diminuir as limitações de cada uma das avaliações isoladas (30). A circunferência abdomi-
nal é uma medida da gordura do abdomen e fornece informação sobre risco que não é contabilizado pelo IMC. 
Pacientes com obesidade abdominal (também chamada de adiposidade central ou visceral) estão em maior risco 
de doença cardíaca, diabetes, hipertensão, dislipidemia e esteatose hepática não alcoólica (39–42). 
A circunferência abdominal é medida com uma fita flexível colocada sobre um plano horizontal ao nível da crista 
ilíaca. Sugeriram-se vários locais e padrões para avaliar a circunferência abdominal. Pode-se realizar a medida 
no maior perímetro abdominal entre a última costela e a crista ilíaca, segundo recomendações da OMS (20). Já 
a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica recomenda medir a circunferência 
abdominal no ponto médio entre o rebordo costal inferior e a crista ilíaca (veja ilustração). 
Existe uma variabilidade étnica nos valores de circunferência abdominal que predizem maior risco. Os nipo-a-
mericanos e índios do sul da Ásia têm mais gordura total e visceral e, portanto, podem estar em maior risco de 
desenvolver diabetes tipo 2, em determinado IMC, do que os brancos. Nas mulheres e homens de origem asiática, 
a circunferência abdominal é considerada alta em valores superiores a 80 cm e 90 cm, respectivamente (23,43).
A OMS estabelece como ponto de corte para risco cardiovascular elevado medida de circunferência abdominal 
igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres caucasianos (20). Uma circunferência abdominal de 
≥ 102 centímetros para homens e ≥ 88 centímetros para mulheres é considerada elevada, indicativo de risco 
cardiometabólico muito elevado(44). Veja a seguir uma tabela que permite interpretar os resultados da circunfe-
rência abdominal em conjunto com o IMC.
26 Combinação das medidas de circunferência abdominal e IMC para 
avaliar obesidade e risco para diabetes 2 (45) e doença cardiovascular (27)
Circunferência abdominal (cm)
Risco de complicações 
metabólicas
IMC (kg/m2)
Homem: 94-102 Homem: > 102
Mulher: 80-88 Mulher: > 88
Baixo peso < 18,5 - -
Peso saudável 18,5-24,9 - Aumentado
Sobrepeso 25-29,9 Aumentado Alto
Obesidade ≥ 30 Alto Muito alto
A medida da circunferência abdominal é desnecessária em pacientes com IMC ≥35 kg/m2, uma vez que 
quase todos os indivíduos com este IMC também possuem uma circunferência abdominal alterada e já 
apresentam um risco elevado quanto à obesidade(8).
Espessura das pregas cutâneas
A medição da espessura das pregas cutâneas é um método 
prático e amplamente utilizado para estimar a massa corporal 
magra e a gordura corporal, baseando-se na teoria de que a 
medida do tecido adiposo de determinados pontos anatômicos 
do corpo pode estimar a gordura corporal total. O uso deste 
método requer treinamento e prática. O domínio desta técnica 
não é essencial para o trabalho do farmacêutico, mas pode ser 
desejável, caso o profissional decida se especializar no cuidado 
do sobrepeso e da obesidade.As medidas de pregas cutâneas mais utilizadas em avaliações 
antropométricas incluem: prega cutânea bicipital, tricipital, 
subescapular e suprailíaca(46).As medidas são feitas com o 
auxílio de um aparelho denominado adipômetro (plicômetro, 
paquímetro, espessímetro ou cáliper). Os principais modelos 
disponíveis no mercado são das marcas Prime Vision®, Cescorf®, Sanny®, Prime Neo®, Opus Max® e Bras-
fort®.
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O resultado da espessura de pregas cutâneas pode ser expressa em valores absolutos (centímetros ou milíme-
tros), ou aplicando-se os resultados a equações de regressão, para a predição da densidade corporal ou da por-
centagem de gordura corporal. As principais equações utilizadas no Brasil são: Durnin&Womersley (1974) (47), 
Faulkner (1968) (48), Guedes (1985) (49), Jackson & Pollock (1978) (50), Jackson, Pollock & Ward (1980) (51), 
Petroski (1995) (52). A classificação do sobrepeso e da obesidade de acordo com a porcentagem de gordura cor-
poral é apresentada no quadro abaixo(53).
Classificação do sobrepeso e da obesidade, de acordo com a porcentagem 
de gordura medida por meio da espessura de pregas cutâneas
OBESIDADE MULHERES HOMENS
Leve 25 - 30 % 15 - 20 %
Moderada 30 - 35 % 20 - 25 %
Elevada 35 - 40 % 25 - 30 %
Mórbida >40% >30 %
Fonte: Adaptado de NIDDK, 1993 (53)
Bioimpedância
A bioimpedância é um método relativamente preciso, não-invasivo, indolor, livre de radiação, rápido e seguro, ca-
paz de estimar clinicamente a composição corporal, por meio da medida da passagem de uma corrente elétrica de 
baixa amplitude e alta frequência pelo corpo. A passagem da corrente permite medir a resistência e a reactância, 
as quais são utilizadas para calcular a impedância e o ângulo de fase, a água corporal total, a água extracelular e 
intracelular, a massa livre de gordura, a massa de gordura corporal e a massa de células corporal (54,55). 
Existem diversos tipos de equipamentos disponíveis para bioimpedância: aqueles que variam entre o número 
de eletrodos e a posição em que são colocados (pé-mão, pé-pé, mão-mão), e aqueles classificados quanto à 
região do corpo examinada (regional, total ou segmentar) ou tipo de frequência 
utilizada (frequência única - 50 kHz - ou multifrequencial - frequências de 5 a 
1000 kHz) (54). Existem diversas marcas no mercado e os preços podem variar 
entre mil a dez mil reais. Os equipamento de melhor performance tendem a ser 
aqueles que medem na posição pé-mão (a corrente perpassa por todo corpo). As 
principais marcas de equipamentos incluem Omron® (modelos Hbf 510w e Hb-
f514C), Fat Precision®, Supermedy®, Wiso®, GTech Pro®, InBody® (modelos 
230, 370, 570 e 720), Maltron® e Biodynamics®.
OMRON HBF514C
28 A bioimpedância pode estimar a composição corporal de pacientes com sobrepeso, tendo se mostrado válida 
para pacientes com IMC até 34 kg/m2. Em obesos mórbidos, a maioria das equações não consegue predizer 
confiavelmente a composição corporal e não são reprodutíveis nos indivíduos durante seu seguimento (56). A 
seguinte equação é indicada para estimar a gordura corporal de obesos mórbidos brasileiros (grau III) (56): 
 
 BF(kg) = 23,25 + (0,13 x idade) + peso atual + (0,09 x R50) - (0,8 x altura)
onde BF = gordura corporal, idade = anos, peso atual = kg, R50 = 50 kHz 
resistência, e altura = cm (54).
Assim, como a medida de pregas cutâneas, o uso deste técnica não é es-
sencial ao trabalho do farmacêutico. Por outro lado, dispor de um bom 
equipamento de bioimpedância pode agregar qualidade ao serviço farma-
cêutico, sendo desejável para aqueles profissionais que desejam se espe-
cializar no manejo do sobrepeso e obesidade.
Mais informações a respeito das técnicas de bioimpedância estão dispo-
níveis em: Associação Brasileira de Nutrologia; Sociedade Brasileira de 
Nutrição Parenteral e Enteral. Projeto Diretrizes - Utilização da Bioimpe-
dância para Avaliação da Massa Corpórea (2009)(54); Diretrizes brasileiras 
de obesidade 2009/2010/ABESO - Associação Brasileira para o Estudo 
da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2009)(38).
Relação cintura-quadril
A relação cintura/quadril (RCQ), ou circunferência abdominal/quadril, é um índice antropométrico bastante uti-
lizado para estimar a distribuição da gordura dos segmentos superiores em relação aos segmentos inferiores. A 
RCQ é uma medida rápida, fácil e eficiente para identificar pessoas com risco elevado para desenvolvimento de 
doenças devido à gordura abdominal (57,58).
Como a medida de RCQ revela a distribuição da gordura no indivíduo, é considerada um fator importante para 
verificar onde há maior localização de gordura, sendo que quanto maior a quantidade de gordura abdominal 
maior o risco de doenças cardiovasculares (59).
Exemplo de uso de equipamento de 
bioimpedância da marca InBody® 720
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A RCQ é calculada dividindo-se a medida da circunfe-
rência abdominal pela circunferência do quadril. 
RCQ = perímetro da cintura (cm) / 
perímetro do quadril (cm)
 
*Para medir o perímetro da cintura posicione a trena an-
tropométrica abaixo da última costela
*Para medir o perímetro do quadril posicione a trena an-
tropométrica no ponto mais largo do quadril
A classificação de risco de acordo com a relação cintura-quadril para homens e mulheres é apresentada abaixo.
RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL: CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS PARA MULHERES
IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO
Homens
20-29 < 0,83 0,83 - 0,88 0,89 - 0,94 > 0,94
30-39 < 0,84 0,84 - 0,91 0,92 - 0,96 > 0,96
40-49 < 0,88 0,88 - 0,95 0,96 - 1,00 > 1,00
50-59 < 0,90 0,90 - 0,96 0,97 - 1,02 > 1,02
60-69 < 0,91 0,91 - 0,96 0,99 - 1,03 > 1,03
Mulheres
20-29 < 0,71 0,71 - 0,77 0,78 - 0,82 > 0,82
30-39 < 0,72 0,72 - 0,78 0,79 - 0,84 > 0,84
40-49 < 0,73 0,73 - 0,79 0,80 - 0,87 > 0,87
50-59 < 0,74 0,74 - 0,81 0,82 - 0,88 > 0,88
60-69 < 0,76 0,76 - 0,90 0,84 - 0,90 > 0,90
Fonte: Adaptado de Heyward; Stolarczyk (2000) (60).
Estudos sugerem que a RCQ define melhor indivíduos de risco para doença cardiovascular (61–63), enquanto 
outros autores consideram que a medida da circunferência abdominal é melhor preditor de obesidade, dislipide-
mia e risco cardiovascular (64–67). Valores de RCQ <0,85 cm para mulheres e <0,95 cm para os homens sugerem 
riscos menores para doença arterial coronariana, hipertensão e diabetes (68).
A relação cintura-quadril não precisa ser usada para predizer as mudanças que 
ocorrem na gordura visceral após um tratamento de perda de peso (69). Estudos 
mostram que apenas a medida da cintura já é suficiente para predizer sobre a 
presença de depósito de gordura visceral quando comparado a RCQ (19,70). 
Medida da cintura 
no ponto mais estreito
Relação = Cintura 
Quadril
Medida dos quadris 
no ponto mais largo
30 Índice de adiposidade corporal (IAC)
Recentemente, um estudo (37) realizado em indivíduos de origem mexicana e africana demonstrou bons resul-
tados com um novo cálculo de adiposidade a partir da medida do quadril e da altura. O índice de adiposidade cor-
poral (IAC) surge como uma alternativa mais fidedigna que o IMC para quantificar a gordura corporal, utilizando 
a medida do quadril e a altura. A medida do quadril é realizada a partir da projeção mais posterior dos glúteos em 
uma linha horizontal até a região anterior do quadril. Para calcular o IAC não é utilizado o peso corporal. 
O IAC é calculado a partir da seguinte fórmula (37): 
IAC = [Quadril / (altura x √altura)] – 18
Na fórmula, o resultado da divisão da medida do quadril pela altura, multiplicada antes pela raiz quadrada da 
altura, é subtraído de 18. Medida do quadril em centímetros e da altura em metros. Os resultados do índice de 
adiposidade corporal (IAC) são interpretados conforme o quadro a seguir:
Na farmácia, recomendamos que você realize as medidas da altura, peso cor-
poral, circunferência abdominal e circunferência do quadril, para todos ospa-
cientes que iniciarem o programa perda de peso. Com esses parâmetros, você 
será capaz de calcular todos os índices mais importantes e, assim, acompanhar a 
evolução do paciente ao longo do tempo. A bioimpedância e prega cutânea são 
opcionais. Na próxima página, você tem o resumo dos principais parâmetros an-
tropométricos, como são calculados os índices e como interpretar os resultados.
IAC (% DE GORDURA) HOMENS MULHERES
Baixo < 15% < 20%
Ideal 15 – 18% 20 – 25%
Moderado 19 – 24% 26 – 29%
Alto (excesso de gordura) > 24% > 29%
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32 Métodos de imagem para avaliação da composição corporal
Outras formas de avaliação, utilizadas pelos médicos especialistas, incluem a ultrassonografia (71,72), a tomo-
grafia computadorizada (73) e a ressonância magnética (74):
• Técnica que tem sido cada vez mais utilizada e apresenta excelente correlação com a 
medida de pregas cutâneas
• Além da avaliação da espessura do tecido adiposo, avalia também tecidos mais pro-
fundos nas diferentes regiões corporais. 
• Considera-se bom método para quantificar o tecido adiposo intra-abdominal, com a 
vantagem de ser uma alternativa menos dispendiosa que a tomografia computadori-
za ou ressonância magnética e mais precisa que as pregas cutâneas.
• Método de imagem considerado preciso e confiável para quantificar o tecido adiposo 
subcutâneo e, em especial, o intra-abdominal
• Mais preciso do que a circunferência abdominal para avaliar a distribuição da gordu-
ra corporal, mas é muito caro para ser realizado apenas para este fim
• Por ser um método não invasivo e que não expõe o paciente à radiação, pode-se 
utilizá-lo para diagnóstico e acompanhamento da gordura visceral em indivíduos com 
alto risco e que estejam em tratamento para perder peso
• Mais preciso do que a circunferência abdominal para avaliar a distribuição da gordu-
ra corporal, mas seu alto custo não permite ser utilizado rotineiramente
Métodos de imagem para avaliação da composição corporal
ULTRASSONOGRAFIA
TOMOGRAFIA 
COMPUTADORIZADA
RESSONÂNCIA 
MAGNÉTICA
Fonte: Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010/ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da 
Síndrome Metabólica (2009) (38)
Além da composição corporal: Dados clínicos e laboratoriais
A obesidade geralmente ocorre em conjunto com algumas condições clínicas que, apesar de não aumentarem o 
risco cardiovascular, estão associadas com morbidade significativa. Exemplos incluem osteoartrite sintomática, 
colelitíase, depressão e qualidade de vida prejudicada. Além das medidas antropométricas e presença de fato-
res de risco cardiovasculares, outros dados clínicos e laboratoriais podem ser úteis na avaliação global de um 
paciente com sobrepeso ou obesidade. Sempre que possível, procure reunir o máximo de informações possível 
sobre seu paciente. Isso irá ajudá-lo a compreender melhor as causas subjacentes do sobrepeso e obesidade e, 
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assim, sugerir condutas úteis ao paciente e equipe de saúde.
Quais são as causas do sobrepeso e da obesidade?
Para o manejo adequado do sobrepeso e da obesidade, é fundamental a análise de seus fatores etiológicos, isto 
é, aquilo que pode ser a causa do problema. A etiologia do sobrepeso e da obesidade é complexa e multifatorial, 
resultando da interação de genes, ambiente, estilo de vida e fatores emocionais (38). O quadro a seguir discute 
os principais fatores etiológicos para o desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade.
Dados clínicos e laboratoriais 
adicionais, úteis para avaliação de pa-
cientes com sobrepeso ou obesos 
IMC
Outros fatores 
etiológicos
Circunferência 
abdominal
Atividade 
física
Perfil lipídico 
em jejum
Padrão 
alimentar
Glicemia 
de jejum
Idade de início 
do ganho de 
peso
Pressão 
sanguínea
Tentativas 
anteriores de 
perda de peso
Hormônio 
estimulador da 
tireóide (TSH)
Sintomas de 
apneia do sono
Eventos 
associados ao 
ganho de peso
Medicamen-
tos atuais e 
passados
34 Por que as pessoas se tornam obesas? Fatos e números
CICLO DE VIDA
GESTAÇÃO E 
INÍCIO DA VIDA
O peso corporal da mãe durante a gravidez pode infl uenciar o tamanho e a forma do corpo e a com-
posição corporal do fi lho (75). 
Alto IMC pré-gestacional e ganho de peso gestacional excessivo são fatores de risco para a obesi-
dade infanti l (76,77). 
Bebês nascidos de mães diabéti cas têm um maior risco de sobrepeso quando crianças e adultos (76,77). 
Embora o peso ao nascer seja um bom indicador de obesidade futura, crianças que são pequenas ou 
com uma pequena circunferência da cabeça estão em maior risco de gordura abdominal e outras co-
morbidades associadas à obesidade. 
A amamentação, quando comparado com o leite arti fi cial, pode ser associada com um menor risco 
de excesso de peso.
INFÂNCIA E 
ADOLESCÊNCIA
A obesidade infanti l ti picamente persiste até a idade adulta, principalmente para crianças com um 
dos pais obeso (78).
A obesidade na adolescência está relacionada com o peso da criança antes dos cinco anos de idade;
Obesidade na adolescência está associada com obesidade grave em adultos (79). 
O peso na adolescência está relacionado a eventos adversos à saúde posteriores (80). 
ADULTOS
Apesar da importância do peso na infância e na adolescência, a maioria das pessoas com sobrepeso 
ou obesidade desenvolvem o seu problema na vida adulta (77).
GÊNERO
MULHERES
As mulheres experimentam aumentos modestos no peso corporal e distribuição de gordura depois 
da primeira gravidez; estas alterações são persistentes e variam de acordo com a raça e origem 
étnica (81,82). 
Muitas mulheres acreditam que os contracepti vos orais causam ganho de peso. No entanto, os 
dados disponíveis sugerem que ganho de peso signifi cati vo não é um efeito colateral comum de 
contracepti vos orais.
Ganho de peso e alterações na distribuição de gordura geralmente ocorrem nos primeiros anos pós-
menopausa (83,84). Terapia com estrógeno não impede o ganho de peso em mulheres na pós-meno-
pausa, embora possa minimizar a redistribuição de gordura (85). 
HOMENS
A transição de um esti lo de vida ati vo durante a adolescência e a juventude para um esti lo de vida 
mais sedentário posteriormente, é associado com o ganho de peso em muitos homens. Um aumento 
no peso corporal conti nua até a sexta década. Depois de idades entre 55 e 64 anos, o peso relati vo 
permanece estável e, em seguida, começa a declinar (77).
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ESTILO DE VIDA
ATIVIDADE 
FÍSICA
Um esti lo devida sedentário reduz o gasto de energia e promove o ganho de peso (86).
Pequenas diferenças nos níveis diários de ati vidade fí sica moderada (5-10 min) foram associadas 
com diferenças relati vamente grandes em risco de obesidade (87).
De todos os comportamentos sedentários, assisti r TV por tempo prolongado parece ser o mais 
prediti vo de risco de obesidade e diabetes (88). 
PRIVAÇÃO DO SONO
Estudos demonstram que pessoas que dormem menos de quatro horas por noite ou que perdem 
noites de sono podem ter consequências metabólicas negati vas, podendo levar a obesidade (89). 
A restrição do sono, quando comparado com a extensão do sono, foi associada a diminuição da lepti -
na (um hormônio anorexígeno), aumento na grelina sérica (um hormônio orexígenos) e aumento do 
apeti te (em especial para alimentos altamente calóricos, com alto teor de carboidratos) (89,90). 
O sono inadequado pode resultar em excesso de alimentação, obesidade, e resposta alterada a 
terapia dietéti ca(91,92).
CESSAÇÃO DO TABA-
GISMO
O ganho de peso é muito comum após cessação tabágica. Apesar da reti rada da nicoti na, a qual está 
associada com o aumento da ingestão de alimentos e redução do gasto de energia, a cessação tabá-
gica ocasiona ganho de peso de 1 a 2 kg nas primeiras duas semanas e de mais 2 a 3 kg ao longo dos 
de 4 a 5 meses. O ganho de peso médio é de 4 a 5 kg, mas pode ser muito maior (93,94). Esti ma-se 
que a cessação tabágica aumenta a chance de obesidade, em comparação com os não fumantes, em 
2,4 vezes nos homens e 2,0 vezes mulheres. Veja o Manual 7: parar de fumar, para detalhes.
DIETA
OFERTA DE 
ALIMENTOS
A tendência de aumentos no índice glicêmico dos alimentos, as bebidas contendo açúcar, o tamanho 
das porções dos alimentos preparados, os serviços fastfood, a redução da presença da família nas 
refeições e os conteúdos das refeições escolares, combinado com um declínio contí nuo na ati vidade 
fí sica, têm contribuído para o aumento da obesidade (12).
HÁBITOS 
ALIMENTARES
Uma dieta rica em gordura e açúcar está associada com a obesidade. O aumento do consumo de 
batatas fritas, bebidas adoçadas com açúcar, carne vermelha não processada e carnes processadas 
foi diretamente associado ao ganho de peso (95). 
O consumo de vegetais, grãos integrais, frutas, nozes e iogurte foi associado com perda de peso (96).
FREQUÊNCIA DE 
ALIMENTAÇÃO
Um padrão de cinco refeições por dia foi associado a um risco signifi cati vamente menor de sobrepe-
so e obesidade (97,98).
Uma explicação para os efeitos de pequenas refeições frequentes contra poucas grandes refeições 
pode ser a diferença na secreção de insulina associada a estes formatos de refeição (99).
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MEDICAMENTOS
ANTIPSICÓTICOS
Anti psicóti cos têm um efeito variável sobre o peso corporal (102). Entre os anti psicóti cos 
convencionais (primeira geração), o ganho de peso médio esti mado após 10 semanas de 
tratamento foi maior para ti oridazina (3,2 kg).
Entre os anti psicóti cos atí picos (segunda geração), clozapina e olanzapina foram associa-
dos com o maior ganho de peso (4,4 e 4,2 kg, respecti vamente), seguindo-se a risperidona 
(2,10 kg) (102).
ANTIDEPRESSIVOS
Os anti depressivos tricíclicos, em parti cular, amitripti lina, clomipramina, doxepina e imi-
pramina, estão associados com ganho de peso signifi cati vo. 
Os efeitos dos inibidores seleti vos da recaptação da serotonina sobre o peso corporal são 
bem menos caracterizados. O uso a curto prazo de fl uoxeti na e sertralina tem sido associa-
do com a perda de peso. Em contraste, o uso a longo prazo de alguns inibidores seleti vos da 
recaptação da serotonina pode estar associado com o ganho de peso (103). Um aumento 
de peso signifi cati vo foi observado em pacientes uti lizando paroxeti na.
ANTIEPILÉPTICOS
Os anti epilépti cos ácido valpróico e a carbamazepina, que são comumente usados no tra-
tamento de transtorno bipolar, estão associados ao ganho de peso. Gabapenti na também 
pode causar ganho de peso. O topiramato e zonisamida não têm esse efeito.
MEDICAMENTOS 
PARA DIABETES
A insulina e as sulfoniluréias estão associadas com ganho de peso leve(104). Tiazolidine-
dionas, como a pioglitazona e rosiglitazona, também estão associados a ganho de peso. 
Metf ormina, por outro lado, causou uma redução no peso (aproximadamente 2 kg), em 
pacientes com intolerância à glicose (105). Outros medicamentos para diabetes associa-
dos com perda de peso são os análogos de GLP-1 [glucagon-like pepti de-1], inibidores da 
DPP-4 [dipepti dil-pepti dase-4], inibidores da alfa-glucosidase (acaborse), e inibidores do 
SGLT-2. Veja o Manual 3: diabetes em dia, para detalhes.
OUTROS
Outros medicamentos associados ao ganho de peso incluem a ciproheptadina (anti -hista-
mínico), beta-bloqueadores e glicocorti coides (100).
SÍNDROME DE ALI-
MENTAÇÃO NOTUR-
NA
Síndrome de alimentação norturna é defi nida como o consumo de pelo menos 25% (e, geralmente, 
mais de 50%) de energia entre a refeição da noite e da manhã seguinte (100). É um padrão bem 
conhecido nos obesos (101). É relacionada aos distúrbios do sono e pode ser um componente de 
apneia do sono, em que a sonolência diurna e a vigília noturna são comuns.
TRANSTORNO DA 
COMPULSÃO ALI-
MENTAR 
PERIÓDICA
Transtorno de compulsão alimentar é uma doença psiquiátrica caracterizada por episódios incon-
troláveis de comer que ocorrem geralmente à noite (100). O paciente pode responder ao tratamen-
to com medicamentos que modulam a liberação ou recaptação de serotonina.
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DISTÚRBIOS NEUROENDÓCRINOS
OBESIDADE 
HIPOTALÂMICA
Obesidade hipotalâmica é uma doença rara em seres humanos, causada por lesão na região 
ventromedial ou paraventricular do hipotálamo ou na amígdala (104). Quando o hipotálamo 
ventromedial está danificado, o paciente desenvolve hiperfagia (muita fome) e consequentemente 
sobrepeso e obesidade. 
Esta síndrome pode ser causada por trauma, tumores, doença inflamatória, cirurgias realizadas na 
fossa posterior, ou aumento da pressão intracraniana.
SÍNDROME DE 
CUSHING
A característica clínica comum em pacientes com síndrome de Cushing é obesidade central pro-
gressiva (centrípeta), geralmente envolvendo a face, pescoço, tronco, abdômen e, internamente, 
do mesentério ao mediastino. As extremidades são geralmente poupadas (104).
Em contraste com os adultos, quase todas as crianças com síndrome de Cushing generalizaram 
obesidade, acompanhada por uma diminuição no crescimento linear. Como resultado, qualquer 
criança cujo peso aumenta e a altura reduz quando comparada com crianças normais da mesma 
idade devem ser avaliadas para a síndrome de Cushing.
HIPOTIREOIDISMO
Pacientes com hipotireoidismo geralmente ganham peso devido à desaceleração da atividade me-
tabólica. O ganho de peso é normalmente modesto, e obesidade marcada é incomum. O tratamen-
to do hipotiroidismosubclínico não parece estar associado com a perda de peso(104,105).
SÍNDROME DOS 
OVÁRIOS 
POLICÍSTICOS
Cerca de 50% das mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) são obesas. Os fatores 
responsáveis por essa associação não são compreendidas.
DEFICIÊNCIA DE HOR-
MÔNIOS DO CRESCI-
MENTO
Deficiência de hormônios do crescimento (GH) em adultos está associada com um aumento na 
gordura abdominal e visceral.
FATORES PSICOLÓGICOS
FATORES 
PSICOLÓGICOS
Uma condição que tem sido associada ao ganho de peso é o transtorno afetivo sazonal, que se 
refere à depressão que ocorre durante a temporada de inverno em pessoas que vivem no extremo 
norte; a qual pode ser tratada por exposição à luz. Estes pacientes tendem a ter um aumento no 
peso corporal no inverno que podem ser eficazmente tratado com medicamentos que modulam a 
liberação ou recaptação de serotonina.
DOENÇAS GENÉTICAS E CONGÊNITAS
DOENÇAS 
GENÉTICAS E CONGÊ-
NITAS
Os fatores genéticos desempenham um papel permissivo e interagem com fatores ambientais 
para a produção de obesidade. Os estudos sugerem que os fatoreshereditários são responsáveis 
por 30 a 70% da variação da adiposidade. Há cerca de 50 genes com polimorfismos relacionados à 
obesidade que foram identificados por estudos genômicos.
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DOENÇAS GENÉTICAS E CONGÊNITAS
DOENÇAS GENÉTICAS 
E CONGÊNITAS
Os fatores genéti cos podem infl uenciar a obesidade de duas maneiras. Em primeiro lugar, existem 
genes que são fatores primários no desenvolvimento da obesidade, tais como a defi ciência de 
lepti na. Em segundo lugar, existem genes de suscepti bilidade em que fatores ambientais agem 
para causar obesidade. 
A produção de lepti na está estreitamente correlacionada com a massa gordurosa do corpo, e lep-
ti na pode reduzir a ingestão de alimentos e aumentar a ati vidade do sistema nervoso simpáti co.
A grelina, um peptí deo produzido no estômago e no duodeno, é um ligante endógeno para o 
receptor secretagogo do hormônio de crescimento (GH). Este pépti do tem dois efeitos principais: 
esti mula a secreção de GH e aumenta a fome. As concentrações séricas de grelina aumentam após 
perda de peso induzida por dieta ou exercício(78,106).
FATORES SOCIOECONÔMICOS E ÉTNICOS
FATORES 
SOCIAIS
A obesidade é mais prevalente em grupos com menor nível socioeconômico(107). A razão para 
esta associação não é conhecida, mas provavelmente está relacionada a vários fatores, incluindo 
a educação nutricional, os ambientes de alimentação dos bairros, e elementos de estrutura do 
ambiente (por exemplo, a disponibilidade de calçadas e parques infanti s) (108,109).
ETNIA
A origem também infl uencia a incidência de obesidade. Os homens negros, por exemplo, são 
menos obesos do que os homens brancos. Em contraste, as mulheres negras de todas as idades 
são mais obesas do que as mulheres brancas, enquanto a prevalência de obesidade em homens e 
mulheres lati no-americanos é maior do que em homens e mulheres brancos. Além disso, o início 
da obesidade na idade adulta jovem é mais precoce em mulheres negras e hispânicas do que em 
mulheres brancas (110).
AGENTES INFECCIOSOS
AGENTES 
INFECCIOSOS
Um grande número de agentes infecciosos, em parti cular infecções por adenovírus, foi identi fi cado 
em modelos animais como sendo associados com a obesidade (111–113). Em um estudo humano de 
indivíduos obesos e não-obesos, adenovírus foi associado com maiores índices de massa corporal 
(114).
A microbiota intesti nal pode afetar o peso corporal por vários mecanismos, incluindo efeitos 
sobre o metabolismo de energia, infl amação de baixa qualidade, e permeabilidade intesti nal 
alterada (115–117).
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Quais as consequências do sobrepeso e da obesidade?
Mortalidade
A obesidade está relacionada a aumento da mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares. 
Esta relação é bem estabelecida e observada em uma série de estudos epidemiológicos (118–121). Da mesma 
forma, manter o IMC entre 20 e 25 Kg/m2 reduz este risco (122). Para cada aumento de 5 Kg/m2 no IMC, há um 
aumento de 30% na mortalidade geral (17).
Em pacientes com IMC entre 25 a 50 kg/m2, cada aumento de 5 kg/m2 de IMC está associado com uma elevação na 
mortalidade por doença isquêmica do coração (HR 1,39), acidente vascular cerebral (HR 1,39), diabetes (HR 2,16), 
doença renal crônica não-neoplásica (HR 1,59), doença neoplásica (HR 1,10) e doenças respiratórias (HR 1,20) (17).
Relação entre sobrepeso, obesidade e mortalidade
•	 ↑30% na mortalidade global a cada 5 kg/m2 maior em IMC
• IMC entre 20 e 25 kg/m2 = Menor mortalidade 
• Doença cardíaca isquêmica ↑39%
• Infarto ↑39%
• Diabetes ↑216%
• Doença renal crônica ↑59%
• Doença neoplásica (Hepática, renal, mama, endométrio, próstata e cólon) ↑10%
• Doenças respiratórias ↑20%
Mortalidade 
global
Mortalidade por 
causa específica
Outros fatores que podem afetar a taxa de mortalidade incluem distribuição de gordura corporal (não contabili-
zada pelo IMC), idade, sexo, etnia, tabagismo e problemas de saúde associados (42). A obesidade na idade adulta 
está associada com uma redução notável da expectativa de vida para homens e mulheres. Entre 3457 indivíduos 
no estudo de Framingham, aqueles que eram obesos (IMC ≥30 kg/m2), na idade de 40 anos, viveram seis a sete 
anos menos do que aqueles que não eram (IMC ≤24.9 kg/m2). Aqueles que estavam com sobrepeso (IMC 25-29,9 
kg/m2), na idade de 40 anos, viveram cerca de três anos menos, e aqueles que eram obesos e fumantes viveram 
13 a 14 anos menos do que os não-fumantes com peso normal (123).
Tem sido sugerido que o aumento constante da expectativa de vida durante os últimos dois séculos pode chegar 
ao fim por causa do aumento da prevalência da obesidade (124).
40 Redução da expectativa de vida devido ao sobrepeso, obesidade e tabagismo (123).
Morbidade
Pessoas com sobrepeso e obesidade apresentam um risco maior para uma série de doenças crônicas, em especial 
doenças cardiovasculares, endócrinas e articulares (125–127): Entre as doenças que tem seu risco aumentado 
devido ao sobrepeso e obesidade, destacam-se:
Diabetes mellitus
Hipertensão arterial
Dislipidemias
Gota
Doença coronariana
Insuficiência cardíaca Esteatose do 
miocárdio
Alterações no eletrocardiograma 
Fibrilação Atrial / Flutter
Acidente vascular cerebral
Trombose venosa
Demência
Doença hepatobiliar
Doença de refluxo gastroesofágico
Câncer gástrico
Osteoartrite Infecções
Doenças de pele
Doenças respiratórias (incluindo 
apnéia do sono)
Alguns tipos de câncer (esôfa-
go, fígado, tireóide, cólon, renal, 
endométrio, vesícula biliar, entre 
outros)
Menstruação irregular
Disfunção erétil
Doença renal
Pedras nos rins
Incontinência urinária
Depressão
Expectativa de vida
Mortalidade
Sobrepeso = ↓	3 anos
Obesidade = ↓	6 a 7 anos
Obesidade + Tabagismo = ↓	13 a 14 anos
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Principais complicações da obesidade
Custos
Um estudo sueco demonstrou que indivíduos obesos possuem 1,4 a 2,4 vezes o número de dias de ausência por 
doença do que os indivíduos com peso normal e são 1,5 a 2,8 vezes mais propensos a receberem pensão por inva-
lidez. Além disso, os custos anuais com medicamentos são significativamente mais elevados em pacientes obesos 
em comparação com as pessoas com peso normal (128). O tratamento cirúrgico para a obesidade reduz os custos 
relacionados ao tratamento das doenças cardiovasculares e diabetes, mas aumenta os custos dos medicamentos 
para problemas gastrointestinais, resultando no total de custos semelhantes para pacientes obesos tratados ci-
rurgicamente ou com medicamentos. 
Pessoas com IMC elevado têm maiores despesas comparados aos indivíduos com peso normal. Existe uma asso-
ciação entre IMC e as taxas anuais de dias de internação, o número e os custos das consultas externas, custos de 
farmácia ambulatorial e serviços de laboratório, e os custos totais. Os custos anuais totais foram 25% maiores 
entre os indivíduos com IMC entre 30 e 34,9 kg/m2 de IMC em relação a indíduos com IMC entre 20 e 24,9 kg/
m2 e 44% maiores entre aqueles com um IMC ≥ 35 kg/m2. Os custos mais elevados foram predominantemente 
explicados pela presença de doença arterial coronariana (DAC), hipertensão e diabetes(129–132).
42 Quais são as metas terapêuticas no tratamento do so-
brepeso e da obesidade?
O objetivo da terapia é prevenir, reverter ou amenizar as complicações da obesidade. Assim, a seleção de pacien-
tes para o tratamento baseia-se na avaliação de risco de saúde global, a qual inclui a determinação do grau de 
excesso de peso (índice de massa corporal), a presença de obesidade abdominal (circunferência abdominal, índice 
de adiposidade central) e a presença de fatores de risco cardiovasculares (por exemplo, hipertensão, diabetes, 
dislipidemia) ou comorbidades (por exemplo, apnéia do sono, esteatose hepática não alcoólica). A relação entre 
o IMC e o risco permite a identificação dos pacientes e o direcionamento da intervenção para a perda de peso.
Reconhecendoque a farmacoterapia anti-obesidade promove redução do peso corporal até atingir um platô com 
a continuidade do tratamento e, que muitos pacientes voltam a ganhar peso após sua interrupção, é importante 
definir metas quando se discute um programa de perda de peso com um paciente(18):
• O desfecho ideal é o retorno do peso corporal normal, entretanto, esse cenário é geralmente irreal (133).
• O objetivo do farmacêutico é identificar e avaliar com o paciente uma meta realista de perda de peso. 
• Com as medidas de alteração no estilo de vida, um objetivo inicial de perda de peso de 5 a 7% do peso do 
corpo é realista para a maioria dos indivíduos.
• No primeiro mês de tratamento, uma redução de 2 kg de peso corporal e mais de 5% entre o 3º e o 6º mês 
é suficiente para que o tratamento seja considerado eficaz (133). 
• Uma perda de peso de 10 a 15% usando terapia farmacológica e intervenção comportamental é conside-
rada uma resposta muito boa.
• A perda de peso superior a 15% é considerada uma excelente resposta. 
• Assim, o farmacêutico e o paciente precisam chegar a um entendimento mútuo das realidades da perda de 
peso do paciente de acordo com o plano de cuidado elaborado em conjunto (134).
• Esses graus de emagrecimento correspondem a muitos benefícios como a melhora da concentração plas-
mática de lipídios, redução da pressão arterial, aumento da sensibilidade à insulina, redução de glicemia 
sérica e redução do risco de morte (5).
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Metas do tratamento da obesidade para 6 meses de tratamento
O tratamento cirúrgico de pacientes obesos resulta em um maior grau de perda de peso (20 a 30% após 1-2 
anos) em comparação a mudanças do esti lo de vida e/ou a terapia farmacológica. Pessoas tratadas com cirurgia 
bariátrica, em comparação com alterações no esti lo de vida / terapia farmacológica, apresentaram maiores taxas 
de perda de peso e de remissão de diabetes. A pressão arterial e o perfi l lipídico melhoraram de forma semelhan-
te em ambos os grupos.Pacientes obesos que optam pelo tratamento cirúrgico para perda de peso apresentam 
reduções signifi cati vas na morbidade relacionada à obesidade (diminuição das taxas de incidência de diabetes, 
hipertensão arterial, dislipidemia) e mortalidade total após 10 a 20 anos (9).
Por que é difícil manter o peso perdido?
O alcance e a manutenção da perda de peso são difi cultados pela redução no gasto energéti co, que é induzido 
pela perda de peso. A manutenção do peso corporal a 10% abaixo da linha de base do peso, em indivíduos obe-
sos, foi associada a uma diminuição de 8 kcal / kg no gasto de energia (135).
Em outras palavras, o controle sobre o peso vem do cérebro. Quando uma pessoa faz uma dieta restriti va, o cé-
rebro interpreta a redução na quanti dade de alimentos como uma agressão. A resposta do organismo vem com 
Redução de 2Kg de peso 
no primeiro mês, e mais 5% 
entre o terceiro e sexto mês 
é considerado bom
Redução >15% no peso é 
considerado um resultado 
excelente
O Retorno ao peso 
corporal considerado 
normal é o ideal, mas 
geralmente é irreal
Redução de 10% a 15% 
no peso é visto como um 
resultado muito favorável 
As metas devem ser defi nidas 
no início do tratamento. Um 
objeti vo de 5 a 7% de perda 
é realista para a maioria dos 
pacientes.
44 o consequente aumento no apetite e a desaceleração do metabolismo. O organismo passa a “queimar” menos 
energia em seu estado basal, e isso, por sua vez, facilita o ganho de peso subsequente.
A reincidência, recuperação do peso perdido, é um problema comum no tratamento da obesidade. Alguns relatos 
sugerem que os indivíduos que perdem peso durante qualquer programa de tratamento podem não manter a perda 
de peso (5)(efeito sanfona). Uma série de estratégias podem auxiliar a manter a perda de peso, incluindo a auto-pe-
sagem e outras intervenções comportamentais, dieta de calorias reduzidas e altos níveis de atividade física.
Características dos pacientes susceptíveis ao sucesso na manutenção da perda de peso
Perda de peso superior a 2 kg em quatro semanas.
Comparecimento frequente e regular a um programa de perda de peso.
Crença do indivíduo de que seu peso pode ser controlado.
Como tratar a obesidade?
A melhor forma de tratar a obesidade e o sobrepeso ainda não está claramente definida entre especialistas. Além 
da cirurgia bariátrica em casos especiais, há outras modalidades de tratamento, como reeducação alimentar, ativi-
dade física regular e aconselhamento comportamental. Em determinados casos utiliza-se medicamentos, ainda que 
existam dúvidas sobre a sua segurança e eficácia em longo prazo (136). A relação entre IMC e risco para doenças 
permite a identificação de pacientes e o direcionamento da intervenção para perda de peso. Os fatores de risco 
adicionais mais importantes que precisam ser considerados, antes da definição de um plano de tratamento, são:
1. Circunferência abdominal elevada
2. História familiar de obesidade
3. Tabagismo
4. Hiperlipidemia
5. Hipertensão arterial
6. Pré-diabetes ou diabetes mellitus
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As diretrizes para definição do tratamento são as seguintes:
• Pacientes com IMC ≥30 kg/m2 ou entre 24,9 e 30 kg/m2 com um ou mais fatores de risco para doenças, de-
vem ser aconselhados sobre intervenções para perda de peso (dieta, atividade física, aconselhamento com-
portamental e terapia farmacológica). 
• Para pacientes com IMC entre 24,9 e 30 kg/m2, sem fatores de risco para doenças cardiovasculares ou ou-
tras comorbidades relacionadas à obesidade, o aconselhamento sobre a prevenção do ganho de peso é im-
portante, incluindo orientações sobre hábitos alimentares e atividade física (8)
• O tratamento inicial para todos os indivíduos que se beneficiariam com a perda de peso é a intervenção sobre 
o estilo de vida, uma combinação de dieta, exercício e aconselhamento comportamental. Alguns pacientes 
eventualmente requerem a adição de terapia farmacológica ou cirurgia bariátrica.
• Para pacientes com IMC≥30 kg/m2 ou IMC de 27-29,9 kg/m2 e apresentando comorbidades relacionadas à 
obesidade, que não conseguiram atingir as metas de perda de peso por meio de dieta e exercício, recomenda-
se adição de terapia farmacológica.
• Para pacientes com IMC>35 kg/m2 apresentando comorbidades relacionadas à obesidade ou com IMC ≥40 
kg/m2, que falharam com a terapia dietética, exercício e terapia medicamentosa, recomenda-se a cirurgia 
bariátrica, desde que os benefícios esperados superem os riscos do procedimento(8).
Observações sobre o tratamento inicial da obesidade e do sobrepeso
O tratamento 
inicial deve criar 
um déficit de 
energia através de 
restrição calórica, 
aumento do 
exercício, ou 
ambos.
Os tratamentos 
que diminuem o 
consumo de ener-
gia têm um maior 
potencial para cau-
sar a perda de peso 
do que aqueles que 
aumentam o gasto 
de energia através 
do exercício.
Toda a nossa 
energia vem de 
nutrientes dos ali-
mentos e bebidas; 
assim, podemos, 
potencialmente, 
reduzir a ingestão 
de nutrientes.
O gasto de energia 
tem um nível 
mínimo relaciona-
do com a energia 
necessária para 
manter a tempe-
ratura do corpo, 
tecidos de repara-
ção e a função do 
coração e outros 
órgãos.
Altos níveis de 
atividades física 
podem aumentar 
o gasto de energia 
de quatro para oito 
vezes.
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A intervenção global sobre o estilo de vida (combinação de dieta, exercício e aconselhamentocomportamental) 
é a estratégia mais importante para o controle de peso. O componente comportamental facilita a adesão a dieta 
e exercícios. Os principais objetivos da intervenção global sobre o estilo de vida são: redução de 7% do peso e 
mínimo de 150 minutos de exercícios por semana (137).
No que diz respeito à terapia dietética, existem muitos tipos de dietas que promovem redução de peso. As op-
ções incluem dietas de baixa caloria, equilibrada, baixo teor de gordura, baixo teor calórico, moderado teor de 
gordura, de baixo teor de carboidratos, dieta mediterrânica, entre outras. A adesão à dieta é um importante pre-
ditor de perda de peso, independente do tipo de dieta. Assim, recomenda-se a adequação de dietas que reduzem 
o consumo de energia abaixo do gasto energético com as preferências individuais de cada paciente, ao invés de 
focar na composição de macronutrientes da dieta. A adição de aconselhamento dietético pode facilitar a perda 
de peso, especialmente durante o primeiro ano. 
O aumento do gasto energético através de atividade física não produz bons resultados de perda de peso em cur-
to prazo, mas tem particular importância em esforços de manutenção do peso em longo prazo. 
O aconselhamento comportamental é importante no tratamento da obesidade e tem como objetivo auxiliar os 
pacientes a fazerem mudanças a longo prazo no seu comportamento alimentar, modificando e monitorando sua 
ingestão de alimentos, modificando sua atividade física e controlando sinais e estímulos do meio ambiente que 
provocam a vontade de comer.
A terapia com medicamentos pode ser um componente útil do regime de tratamento para indivíduos obesos, po-
dendo ser considerada para aqueles pacientes com IMC superior a 30 kg/m2 ou IMC entre 27 e 29,9 kg/m2 com 
fatores de risco associados. O papel da terapia medicamentosa tem sido questionada devido as preocupações 
com a eficácia, o potencial para o abuso e os efeitos adversos. 
A lipoaspiração, remoção de gordura por aspiração após a injecção de soro fisiológico, é usada para remover a gor-
dura subcutânea e pode resultar em redução significativa da massa gorda, do volume de tecido adiposo abdominal 
subcutâneo, do peso e da circunferência abdominal, mas não parece melhorar a sensibilidade à insulina ou fatores de 
risco para doença arterial coronariana, incluindo pressão arterial, glicemia, perfil lipídico e níveis de insulina (138).
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com IMC ≥40 kg/m2 que não conseguiram perder peso com dieta, 
exercício e terapia medicamentosa, ou indivíduos com IMC > 35 kg/m2 apresentando comorbidades relaciona-
das à obesidade (hipertensão arterial, intolerância à glicose, diabetes mellitus, dislipidemia, apnéia do sono) e que 
falharam com dieta, exercício e terapia medicamentosa. Diversas abordagens cirúrgicas têm sido usadas para 
tratar pacientes com obesidade grave que não respondem às abordagens anteriores, as quais podem resultar em 
diferentes níveis de perda de peso e correspondentes reduções na glicemia (139).
Várias terapias complementares, incluindo fitoterápicos e suplementos alimentares, têm sido utilizadas para 
perda de peso. Entretanto, existe a necessidade de evidências de melhor qualidade que respaldem tal prática.
A acupuntura também tem sido estudada para o tratamento da obesidade. Alguns estudos têm demonstrado be-
nefício modesto da acupuntura para perda de peso. No entanto, a maioria destes estudos são pequenos, de curta 
duração e não incluem controles adequados (140,141).
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Tratamento farmacológico
A terapia medicamentosa pode servir como importante adjuvante da reeducação alimentar, ati vidade fí sica e 
aconselhamento comportamental no tratamento de pacientes com sobrepeso ou obesos. No entanto, o papel 
do tratamento farmacológico tem sido questi onado devido a preocupações com a efi cácia e a segurança, e a ob-
servação de que a perda de peso corporal fi ca mais lenta com a conti nuação do tratamento e que a maioria dos 
pacientes recupera o peso quando o tratamento é fi nalizado(136).
A decisão de iniciar uma terapia medicamentosa para tratar indivíduos com sobrepeso ou obesidade somente 
deve ser indicada após avaliação criteriosa dos riscos e benefí cios do tratamento. O primeiro passo é a avaliação 
do paciente, a qual deve incluir a determinação do índice de massa corporal (IMC), a distribuição da gordura com 
base na circunferência abdominal, e investi gações sobre comorbidade, tais como diabetes mellitus, dislipidemia, 
hipertensão, doenças cardiovasculares, apneia do sono e osteoartrite sintomáti ca(142,143).
Os medicamentos anti -obesidade podem auxiliar no tratamento com dieta e exercício em adultos obesos com 
IMC maior que 30 kg/m2 que não conseguiram ati ngir metas de perda de peso através de dieta e exercício, assim 
como aqueles com IMC entre 27 e 29,9 kg/m2 com comorbidades associadas que não ati ngiram as metas com 
dieta e exercício(143–145).
Indicações para tratamento farmacológico do sobrepeso e obesidade(38).
Indicações para tratamento farmacológico do sobrepeso e da obesidade
Pacientes com IMC ≥ 30 kg/m², com falha do tratamento não farmacológico isolado
Pacientes com IMC ≥ 25 kg/m² associado a outros fatores de risco, 
com falha do tratamento não farmacológico isolado
Pacientes com circunferência abdominal ≥ 102 cm em homens e 88 cm em mulheres
Os estudos avaliando as terapias farmacológicas demonstram bons resultados em termos de efi cácia e seguran-
ça, entretanto são

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