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1 Para compreender o que é a modernidade e a pós-modernidade O que é a Modernidade A modernidade costuma ser entendida como um ideário ou visão de mundo relacionada ao projeto empreendido a partir da transição teórica operada por Descartes, com a ruptura com a tradição herdada - o pensamento medieval dominado pela Escolástica - e o estabelecimento da autonomia da razão, o que teve enormes repercussões sobre a filosofia, a cultura e a sociedade ocidentais.[1] O projeto moderno consolida-se com a Revolução Industrial e está normalmente relacionado com o desenvolvimento do capitalismo. O termo era desconhecido para Nietzsche, porém, uma vez que a pós-modernidade se forma em oposição à modernidade, pode-se dizer que foi Nietzsche, em termos abrangentes, quem iniciou o movimento de fustigação dos ideais modernos. Com ele começa a era da paixão moderna. Os seus defensores ou os seus detratores, via de regra, se posicionavam frente à aceitação ou à recusa da modernidade. Porém, Nietzsche já não estava presente quando efetivamente começam as mais profundas transformações de época, da cultura aos artefatos tecnológicos, da política a guerra e ao terrorismo, da arte clássica a anti-arte ou a arte pela arte, do local ao global, da objetividade ao ficcional e ao virtual, do bioquímico ao tecido genético. > em direção à uma compreensão paradigmática " O paradigma cultural da modernidade se constituiu antes do modo de produção capitalista ter se tornado dominante e extinguir-se-á antes de este último deixar de ser dominante." O paradigma cultural da modernidade constituiu-se entre o século XVI e finais do século XVIII coincidindo, aproximadamente, com a emergência do capitalismo enquanto modo de produção dominante nos países da Europa (Santos, 1995). Podem-se distinguir três períodos neste processo. O primeiro, cobrindo todo o século XIX, o período do capitalismo liberal. O segundo, que vai do fim do século XIX até o período após a Segunda Guerra Mundial, caracterizado pelo capitalismo organizado. E o terceiro, que se inicia no final da década de sessenta, onde se observa o capitalismo financeiro, também designado de capitalismo desorganizado. Por ser um projeto muito rico, a modernidade é capaz, inclusive, de movimentos contraditórios e complexos que podem ser compreendidos a partir da interação de dois princípios gerais: o da regulação e o da emancipação. Cada um desses "pilares", por sua vez, também é constituído pela articulação de três outros princípios secundários que se relacionam entre si. http://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o_de_mundo http://pt.wikipedia.org/wiki/Descartes http://pt.wikipedia.org/wiki/Medieval http://pt.wikipedia.org/wiki/Escol%C3%A1stica http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernidade#cite_note-0 http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-modernidade http://www.sou.edu/English/IDTC/Swirl/swirl.htm 2 O pilar da regulação é constituído pelos princípios do estado (formulado por Hobbes), do mercado (desenvolvido por Locke ) e o da comunidade (presente na obra de Rousseau). Por sua vez, o pilar da emancipação seria formado por três lógicas de racionalidade: a racionalidade estético-expressiva da arte e da literatura; a racionalidade moral-prática da ética e do direito; e a racionalidade cognitivo- instrumental da ciência e da técnica. A racionalidade estético-expressiva articula-se, privilegiadamente, com o princípio da comunidade, onde se condensam as idéias de identidade e comunhão, intimamente relacionados a contemplação estética. Já a racionalidade moral-prática conecta-se, preferencialmente, ao princípio do Estado, e a racionalidade cognitivo-instrumental corresponde-se ao princípio do mercado; tanto porque nele se condensam idéias de individualidade e concorrência - centrais ao desenvolvimento da técnica - como pela conversão da ciência numa força produtiva a partir do século XVIII. A partir da articulação desses princípios entre si, e da proposta de maximização das potencialidades inerentes a cada um deles, a modernidade construiu um ambicioso e revolucionário projeto cultural, que buscou transformar a face da Terra pela fé na ciência e na técnica aplicadas às forças produtivas; nas relações liberais de mercado como capazes de implementar um estado justo e próspero; na positividade do progresso e na sua constante renovação e superação. No entanto, o que se observou é que, ao invés dos princípios coexistirem harmoniosamente, sinergicamente, eles se sobrepuseram uns aos outros, levando o processo a um desequilíbrio. Por exemplo, no período do capitalismo liberal, houve um desenvolvimento sem precedentes do princípio do mercado, atrofiando o princípio da comunidade e pressionando o estado a uma resignificação de seu papel. Assim, o princípio de comunidade, como formulado por Rousseau, baseado na igualdade entre os homens e na organização soberana da sociedade, reduziu-se a um complexo jogo de interesses particulares organizados dentro de um conceito empobrecido de sociedade civil, manipulado pelas forças de mercado. No domínio do princípio da emancipação, observou-se, por exemplo, a elitização da cultura, conjugada à idéia da existência e valorização de uma "cultura nacional". Também houve a conversão da ciência numa força produtiva estreitamente vinculada e a serviço do mercado. Já no âmbito da racionalidade moral e prática, consolidou-se a micro-ética liberal que contribuiu para a legitimação de um estado a serviço do mercado. Assim, os vários princípios interagindo entre si não foram capazes de cumprir com as propostas modernas que visavam, entre outros objetivos, a prosperidade social a partir do desenvolvimento da técnica, da ciência aplicada e do livre mercado. Se por um lado a ciência e a técnica avançaram, talvez, além do esperado, a contrapartida de prosperidade social e cultural não se concretizou. Avaliar se esses objetivos ainda são pertinentes e se a modernidade ainda tem condições de cumprí-los é uma tarefa árdua que necessita ser feita, http://www.pagesz.net/~stevek/intellect/hobbes.html http://www.rjgeib.com/thoughts/constitution/locke-bio.html/ http://www.wabash.edu/Rousseau/ 3 para que se possa compreender a existência, configuração e, mesmo necessidade, de um novo paradigma dito pós-moderno. Para avaliar se há a exaustão do paradigma moderno e o surgimento de um novo paradigma, cumpre ainda observar quais são os pressupostos e fundamentos filosóficos da modernidade e em que medida estes se encontram transformados, alterados no contexto de uma nova articulação da realidade, uma pós-modernidade. Segundo Gianni Vattimo , "... a modernidade caracteriza-se, de fato, por ser dominada pela idéia da história do pensamento como uma 'iluminação' progressiva, que se desenvolve com base na apropriação e na reapropriação cada vez mais plena dos 'fundamentos', que freqüentemente são pensados também como as 'origens', de modo que as revoluções teóricas e práticas da história ocidental se apresentam e se legitimam na maioria das vezes como 'recuperações', renascimentos, retornos." É a partir da noção de "superação" que a modernidade legitima este desenvolvimento, esta iluminação progressiva do pensamento, que se reapropria e resignifica o seu próprio fundamento e origem. A modernidade também se caracteriza por ser a "época da história" em oposição à visão naturalista e cíclica do curso do mundo, fato que pode ser entendido a partir do processo de secularização e de autonomização do pensamento, nos domínios da ciência e da técnica (Váttimo, 1996). Desta forma, a pós-modernidade só pode ser compreendida como uma instância legítima, na medida em que oferecer respostas originais para os três fundamentos filosóficos da modernidade: as noções de progresso, história e superação."A pura e simples consciência - ou pretensão - de representar uma novidade na história, uma figura nova e diferente na fenomenologia do espírito, colocaria de fato o pós-moderno na linha da modernidade." Por isso, o pós-moderno deve se caracterizar não por se tratar de uma novidade mas, sim, por trazer uma dissolução na categoria do novo. E, também, como uma experiência de "fim da história", onde a idéia de um processo histórico unitário se dissolve. Onde a história dos eventos, a história dos vencedores, se torna apenas uma "estória" entre outras. Paradoxalmente, vivemos uma época onde os mecanismos de coleta e troca de informações (e.g. a mídia) podem até permitir a realização de uma "história universal". No entanto, a realização desta história tornou-se impossível. O nivelamento da experiência no plano da simultaneidade e da contemporaneidade produziu uma des-historicização da experiência. Este contexto tem se desenvolvido à medida que "o progresso se tornou uma rotina" (Váttimo, 1996). Quanto mais aumentam as possibilidades do homem de dispor tecnicamente da natureza, de alcançar novos resultados, menos "novos", estes resultados se tornam, por se basearem em uma lógica esvaída. Um processo de exaustão e, onde a novidade é cada vez http://www.mediamente.rai.it/english/bibliote/biografi/v/vattimo.htm 4 menos nova, menos revolucionária, permitindo apenas que as coisas prossigam do mesmo modo. Tendo sido suprimido o "para onde" do conhecimento, no processo de secularização do pensamento, a noção de progresso tornou-se vazia, tautológica, cujo único ideal final é a realização das condições para um progresso subseqüente. Se à primeira vista a técnica se apresenta como uma ameaça à metafísica, ao humanismo, à subjetividade, numa análise mais profunda percebe-se que, em sua essência, em sua lógica neste século, ela representa o desdobramento máximo da metafísica. Ela é um dos elos do processo da afirmação do homem como ser cognoscível e soberano. Paradoxalmente, à medida que o homem se afirma como Ser a partir da verdade da técnica, ele perde, paralelamente, a força da sua subjetividade, objetivizando-se como uma peça, um dado de uma lógica imanente, superior. Desta forma, depreende-se que a essência da técnica não é algo técnico e, sim, metafísico, uma etapa pertinente do projeto humanista de modernidade. A universalização do domínio da informação, por exemplo, pode ser interpretada como "uma realização pervertida do espírito absoluto". Nesse ínterim, o valor do Ser foi reduzido a um valor de troca. É a consumação da "morte de Deus", nos termos de Nietzsche, e a instauração do tempo do niilismo (Váttimo, 1996). Onde a liquidação dos valores supremos não gera uma situação de "valor" num sentindo forte, nem tampouco cria uma experiência mais autêntica que a anterior. Se ao mesmo tempo o niilismo nos confronta com as incertezas de "abandonar o Ser como fundamento", também nos convida para um salto em seu abismo. Sair da rigidez do imaginário, do estabelecimento unívoco de novos "valores supremos" e empreender uma jornada na mobilidade do simbólico. "Mas chega um momento em que a vanguarda (o moderno) não pode ir mais além porque já produziu um metalinguagem que fala de seus textos impossíveis (a arte conceptual). A resposta pós-moderna ao moderno consiste em reconhecer que o passado, já que não pode ser destruído porque sua destruição leva ao silêncio, deve ser revisitado: com ironia, de maneira não inocente." No entanto, para que a pós-modernidade em seu caráter niilista possa realizar-se, o homem e o Ser devem ser repensados à luz de um modelo não-positivista, não-metafísico. Para tanto, a experiência da arte apresenta-se como um modelo possível a qual deve ser compreendida, não como uma passagem da experiência do verdadeiro ao domínio do senso comum - relativista, intimista -, mas como um campo que tem uma complexidade de sentidos que não se limita a duplicar o existente, capaz inclusive de criticá-lo, resignificá-lo. Esta transformação passa pela consideração da "... verdade, não como objeto de que nos apropriamos e que transmitimos, mas como horizonte e pano de fundo no qual, discretamente, nos movemos." Passa pela incerteza, pelo acaso, pela descontinuidade, pelo caos, pela complexidade. http://hometown.aol.com/bernyks/ethics/nietzsche.htm 5 "... se não há respostas mágicas para as contradições da existência, estas estão em movimento, e esse movimento pode criar respostas, também em movimento." "Julgo, entretanto, que o pós-moderno não é uma tendência que possa ser delimitada cronologicamente, mas uma categoria espiritual, melhor dizendo, um Kunstwollen, um modo de operar" Pós-modernidade Pós-modernidade ou Pós-modernismo é a condição sócio-cultural e estética que prevalece no capitalismo contemporâneo após a queda do Muro de Berlim e a consequente crise das ideologias que dominaram o século XX. O uso do termo se tornou corrente embora haja controvérsias quanto ao seu significado e a sua pertinência. Algumas escolas de pensamento tem-na como o fundamento do alegado esgotamento do movimento modernista, que dominou a estética e a cultura até final do século XX, substituindo, assim, a modernidade. Outros, por sua vez, afirmam que a pós-modernidade seria a extensão da modernidade, englobando-a para cobrir o desenvolvimento no mundo, onde houve a perda da aura do objeto artístico pela sua reprodução em múltiplas formas: fotografias, vídeos, etc. (Walter Benjamin). Pós-modernidade pode significar uma resposta pessoal para uma sociedade pós-moderna, as condições na sociedade que fazem-na pós-moderna ou o estado de ser que é associado a uma sociedade pós-moderna. Em muitos contextos, poderia ser distinguido de pós-modernismo, a consciente adoção de filosofias pós-modernas ou de seus traços na arte, literatura e sociedade. O crítico brasileiro Mário Pedrosa foi um dos primeiros a utilizar este termo em 1964 (Madeira, A. p.1). Em importante artigo sobre a arte de Hélio Oiticica Pedrosa afirmava na ocasião (Pedrosa, 1981:2005): A esse novo ciclo de vocação antiarte chamaria de arte pós-moderna. Pós-modernidade pode significar uma resposta pessoal para a sociedade pós-moderna. As condições nas quais a sociedade faz-se pós-moderna ou o estado de ser que é associado com uma sociedade pós-moderna. Na maioria dos contextos pode ser distinguida de pós- modernismo, a consciente adoção de filosofias pós-modernas ou traços na arte, literatura e sociedade. http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Muro_de_Berlim http://pt.wikipedia.org/wiki/Ideologia http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernista http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Pedrosa http://pt.wikipedia.org/wiki/1964 http://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9lio_Oiticica 6 O que a pós modernidade Pós-modernidade é o estado ou condição de ser pós-moderno - depois ou em reação àquilo que é moderno, como na arte pós-moderna (ver Pós-Modernismo). Modernidade é definido como um período ou condição largamente identificado como Era Progressiva, a Revolução Industrial, ou o Iluminismo. Em Filosofia e teoria crítica, pós-modernidade refere-se ao estado ou condição da sociedade existir depois da modernidade, uma condição histórica que marca os motivos do fim da modernidade. Essa utilização é atribuída aos filósofos Jean-François Lyotard e Jean Baudrillard. O único favorecimento da modernidade, segundo Habermas, foi ter concebido o processo por incorporar os princípios de racionalidade e hierarquia para dentro do público e da vida artística.Lyotard entendeu a modernidade como uma condição cultural caracterizada pela mudança constante na perseguição do progresso. Pós-modernidade então representa a culminação desse processo onde a mudança constante se tornou o status quo e a noção de progresso obsoleto. Seguindo a crítica de Ludwig Wittgenstein da possibilidade do absoluto e o conhecimento total, Lyotard ainda argumentou que várias metanarrativas de progresso tais como a ciência positivista, Marxismo e o estruturalismo foram extintos como métodos de alcançar progresso. O crítico literário Frederic Jameson e o geógrafo David Harvey identificaram a pós- modernidade como o "capitalismo tardio" ou a "acumulação flexível", um estágio de capitalismo seguindo o capitalismo financeiro, caracterizado por trabalho altamente móvel e capital. E o que Harvey chamou de "compressão do tempo e espaço". Eles sugerem que isso coincide com a falência do sistema Bretton Woods que, eles acreditam, definir a ordem econômica seguindo a Segunda Guerra Mundial. (Ver também consumismo, teoria literária) Aqueles que geralmente vêem a modernidade como fora de moda ou como uma falha total, uma falha na evolução da humanidade rumando a desastres como Auschwitz e Hiroshima, vêem a pós-modernidade como um desenvolvimento positivo. Muitos filósofos, particularmente aqueles que vêem a si mesmos como dentro do projeto moderno, usam a pós- modernidade para implicar possíveis resultados por manter idéias pós-modernistas. Mais proeminentemente, Jürgen Habermas e outros afirmam que a pós-modernidade representa a resurgência de longa duração de idéias contra-iluministas, que o projeto moderno não está terminado e que a universalidade não pode ser tão facilmente dispensada. Pós-modernidade, a consequência de manter idéias pós-modernas, é geralmente um termo negativo nesse contexto. Pós-Modernismo É o estado ou condição de estar após a modernidade - depois ou em reação ao que é moderno, como na arte pós-moderna (veja pós-modernismo) Modernidade é definida como um período ou condição vagamente identificado com a Era Progressiva, a Revolução Industrial, ou o Iluminismo. Na filosofia e na crítica teórica pós-modernidade refere-se ao estado ou condição 7 da sociedade que é dito existir após a modernidade, uma condição histórica que marca as razões para o fim da modernidade. Esta discrição é atribuída aos filosófos Jean-François Lyotard e Jean Baudrillard. O relacionamento entre a pós-modernidade e a teoria crítica, sociologia e a filosofia é ferozmente contestado e os termos "pós-modernidade" e "pós-modernismo" são geralmente difíceis de distinguir, sendo o primeiro muitas vezes o resultado do posterior. O período tem tido diversas ramificações políticas: suas "idéias anti-ideológicas" parecem ter sido positivamente associadas com o Movimento Feminista, movimentos de igualidade racial, movimentos a favor dos direitos dos homossexuais, a maioria formas do anarquismo do final do século 20 e até de movimentos de paz tão bem quanto vários híbridos destes atuais movimentos anti-globalização. Apesar de nenhuma dessas intituições enteiramente abraçarem todos aspectos do Movimento Pós-Moderno em sua definição mais concentrada que eles todos refletiram, ou pegaram emprestado, de alguma de suas idéias mais centrais. Diferentes concepções Segundo o francês Jean-François Lyotard, a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelo fim das metanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam caído em descrédito e não haveria mais "garantias", posto que mesmo a "ciência" já não poderia ser considerada como a fonte da verdade. Para o crítico marxista norte-americano Fredric Jameson, a Pós-Modernidade é a "lógica cultural do capitalismo tardio", correspondente à terceira fase do capitalismo, conforme o esquema proposto por Ernest Mandel. Outros autores preferem evitar o termo. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo Pós-Modernidade no sentido de forma póstuma da modernidade, atualmente prefere usar a expressão "modernidade líquida" - uma realidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão do manifesto comunista, tudo o que é sólido se desmancha no ar. O filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo "hipermodernidade", por considerar não ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos - como o prefixo "pós" dá a entender. Segundo Lipovetsky, os tempos atuais são "modernos", com uma exarcebação de certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ética hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço. Já o filósofo alemão Jürgen Habermas relaciona o conceito de Pós-Modernidade a tendências políticas e culturais neoconservadoras, determinadas a combater os ideais iluministas. Gênese histórica da pós-modernidade A segunda metade do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias de http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Fran%C3%A7ois_Lyotard http://pt.wikipedia.org/wiki/Metanarrativa http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Fredric_Jameson http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo_tardio http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernest_Mandel http://pt.wikipedia.org/wiki/Zygmunt_Bauman http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_comunista http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilles_Lipovetsky http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipermodernidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Individualismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Consumismo http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Hedonismo http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BCrgen_Habermas http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnica 8 comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições. De modo geral, as críticas apontam para as raízes da maioria dos conceitos sobre o Homem e seus aspectos, constituídas no século XV e consolidadas no século XVIII. A Modernidade surgida nesse período é criticada em seus pilares fundamentais, como a crença na Verdade, alcançável pela Razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso. Para substituir estes dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e categorizantes. Estes serviriam de base para o período que se tenta anunciar - no pensamento, na ciência e na tecnologia - de superação da Modernidade. Seria, então, o primeiro período histórico a já nascer batizado: a pós- modernidade. História Alguns autores, assim como Lyotard e Baudrillard, acreditam que modernidade terminou no final do século XX e apesar de ter definido um período subsequente a modernidade, nomeado pós-modernidade, enquanto outros, tais como Bauman e Giddens, estenderiam a modernidade para cobrir o desenvolvimentos denotados pela pós-modernidade. outros ainda afirmam que a modernidade terminou com a Era Vitoriana em 1900.[2] A pós-modernidade tem passado por duas fases relativamente distintas: a primeira começando em 1950 e terminando com a Guerra Fria (quando a mídia analógica com a banda limitada encorajou a poucos canais de mídia autoritários) e a segunda começou no início do fim da Guerra Fria (marcado pela popularização da televisão à cabo e a "nova mídia" baseada em significados digitais de disseminação de informação e transmissão). A segunda fase da pós-modernidade é definida pela "digitalidade" - o aumento de poder pessoal e digital através dos meios de comunicação (máquinas de fax, modems, cabo e internet de alta velocidade) que alteraram a condição da pós-modernidade dramaticamente: produção digital de informação passa a permitir que indivíduosmanipulem virtualmente todo aspecto do ambiente da mídia. Isso tem levado produtores e consumidores a conflitos relacionados ao capital intelectual e vem permitindo a criação de uma nova economia defendida como sendo capaz de alterar fundamentalmente a sociedade devido à queda drástica dos custos gerados pela criação da informação. Começou-se a discutir que a digitalidade ou o que Esther Dyson referiu-se ser como "ser digital" tem emergido como uma condição separada da pós-modernidade. Aqueles mantendo essa posição discutem que a habilidade de manipular itens da cultura popular, a World Wide Web (www), o uso de engenharias de busca para indexar conhecimento e telecomunicações foram produzindo uma "convergência" na qual seria marcada pelo surgimento da "cultura participatória" nas palavras de Henry Jenkins e o uso de aparelhos de mídia, tais como iPods da Apple. A mais simples demarcação do ponto dessa era é o colapso da união Soviética e a liberalização da China em 1991. Francis Fukuyama escreveu "The End Of History" em 1989 na antecipação da queda do Muro de Berlim. Ele previu que a questão político-filosófica tinha sido respondida, http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte http://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade http://pt.wikipedia.org/wiki/Institui%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XV http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Verdade http://pt.wikipedia.org/wiki/Raz%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Progresso http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernidade 9 que guerras em larga escala sobre valores fundamentais não mais poderiam se erguer desde que "todas as contradições antes são resolvidas e todas as necessidades humanas satisfeitas". Isso é um tipo de "finitismo" também assumiu Arthur Danto, quem em 1984 aclamou que as caixas de Brillo de Andy Warhol exigiu a questão certa de arte e portanto a arte tinha terminado. Pós-modernidade, identidade cultural e globalização Em "A Identidade cultural na Pós-Modernidade", Stuart Hall (2003)[1] busca avaliar se estaria ocorrendo uma crise com a identidade cultural, em que consistiria tal crise e qual seria a direção da mesma na pós-modernidade. Para efetivar tal intento, analisa o processo de fragmentação do indivíduo moderno enfatizando o surgimento de novas identidades, sujeitas agora ao plano da história, da política, da representação e da diferença. A preocupação de Hall também se volta para o modo como haveria se alterado a percepção de como seria concebida a identidade cultural. Todos esses aspectos constituem-se como fases de um procedimento analítico que intenta descrever o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas e pós-modernas, assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo de globalização. A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e as estruturas fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de exercício do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seus efeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando o que gerou, quais as formas e quais as consequências da crise dos paradigmas do final do século XX. Desde a década de 1980, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura em nível global. Não apenas a cultura de massa, já desenvolvida e consolidada desde meados do século XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha o sistema-mundo político- econômico resultante da globalização. A Pós-Modernidade, que é o aspecto cultural da sociedade pós-industrial, inscreve-se neste contexto como conjunto de valores que norteiam a produção cultural subsequente. Entre estes, a multiplicidade, a fragmentação, a desreferencialização e a entropia - que, com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas como mercados consumidores. No modelo pós-industrial de produção, que privilegia serviços e informação sobre a produção material, a Comunicação e a Indústria Cultural ganham papéis fundamentais na difusão de valores e idéias do novo sistema. Crise da representação O que se denomina "Crise da Representação", que assombra a arte e as linguagens no contexto pós-moderno, é um fenômeno diretamente ligado à destruição dos referenciais que vinham norteando o pensamento até bem recentemente. O registro do real (figurativismo) era o principal eixo da pintura até 1870, assim como de resto de toda a arte, até o pós-guerra. Dali http://brasiliandando.blogspot.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/1980 http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_de_massa http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_p%C3%B3s-industrial http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia http://pt.wikipedia.org/wiki/Informa%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_Cultural http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura http://pt.wikipedia.org/wiki/1870 10 em diante, valoriza-se a entropia; “tudo vale”, e todos os discursos são válidos. O resultado é que não há mais padrões limitados para representar a realidade, resultando numa crise ética e estética. A justificativa para essa mudança pode ser mais objetiva: com a História apontando para a formação de uma sociedade global (nível macro), nenhuma das visões de mundo preexistentes (nível micro) poderia ser descartada, sob pena de excluir interessantes mercados consumidores do sistema-mundo capitalista. O pós-moderno, assim, pelo seu caráter policultural, sua multiplicidade, sua hiperinformação, serve bem à constituição de uma rede inclusiva de consumidores. E dentro disso está inserida a dejeção dos referenciais de representação. Imagem e realidade Os meios audiovisuais, utilizando-se da sua capacidade de atingir mais sentidos humanos (visão e audição, responsáveis por mais de ¾ das informações que chegam ao cérebro), têm um potencial mais rico e imediato para transmitir sua mensagem e sua visão de realidade. A literatura, a música e a poesia dependem de um grau mais alto de abstração e interação lógica com o intelecto. Não obstante, outras artes “mais antigas” já tiveram seus momentos de mescla entre ficção e realidade, como as pinturas rupestres das cavernas (que “eram” os próprios animais pintados, e não representações deles) ou a escultura das primeiras civilizações (que buscavam a própria forma do real). Hoje, entretanto, estão na esfera da arte, ou ficção. Pode ser que, num futuro incerto, o homem ria do vídeo, perguntando-se como pôde um dia acreditar numa imagem formada por circuitos eletrônicos. Mas, até lá, continuará em dúvida sobre sua validação ou não como parte da realidade. Estética pós-moderna A estética pós-moderna apresenta diferenças fundamentais em relação a tudo o que veio antes dela, incluindo todas as estéticas modernistas. Os próprios critérios-chave da estética moderna, do novo, da ruptura e da vanguarda são desconsiderados pelo Pós-Moderno. Já não é preciso inovar nem ser original, e a repetição de formas passadas é não apenas tolerada como encorajada. Entretanto, ainda que diversas obras estéticas, de diferentes categorias, apresentem características semelhantes e recorrentes, não parece correto nem possívelfalar de um “estilo pós-moderno”, muito menos de um “movimento pós-moderno”. Tais conceitos prescindiriam de um certo nível de organização, articulação ou mesmo intercâmbio que simplesmente não existe entre os produtores de estética. Se foi possível falar em movimento modernista, isso é devido ao fato de haver grupos relativamente próximos e em certa frequência de contato na Europa do início do século XX. Na Pós-Modernidade' , entretanto, os artistas até têm maiores possibilidades de se comunicar, mas a quantidade incalculável de tendências e linguagens torna impossível alguma unicidade formal. As similaridades estéticas entre os produtos provavelmente são consequência das condições de produção e de circulação, dado que um dos efeitos sabidos da Globalização é a homogeneização das relações de produção e dos hábitos de consumo. Daí advém o neo- http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_do_discurso http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%ADdia http://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Audi%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia http://pt.wikipedia.org/wiki/Abstra%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte http://pt.wikipedia.org/wiki/Fic%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Escultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte http://pt.wikipedia.org/wiki/Fic%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADdeo http://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguarda http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o 11 historismo (na verdade, um não-historismo, na medida em que desconsidera a História), que é a mistura de todos os estilos históricos em produtos sem período definido. A entropia que se prega no Pós-Moderno diz respeito ao fim da proibição, à admissão de todo e qualquer produto, pois, se regulamento caberá ao mercado, toda produção é considerada mercadoria. O pós-modernismo visto por Ernest Gellner Ernest Gellner debateu-se com o fenómeno do pós-modernismo, que ele vê como um movimento que é uma das principais orientações em debate na actualidade, no nível das grandes ideias. As outras sendo: O fundamentalismo religioso A razão, ou o fundamentalismo do Iluminismo Em "Pós-modernismo, razão e religião", de 1992, Gellner refere-se ao pós-modernismo da seguinte forma: "O pós-modernismo é um movimento contemporâneo. É forte e está na moda. E sobretudo, não é completamente claro o que diabo ele é. Na verdade, a claridade não se encontra entre os seus principais atributos. Ele não apenas falha em praticar a claridade mas em ocasiões até a repudia abertamente... que couisa A influência do movimento pode ser discernida na Antropologia, nos estudos literários, filosofia... As noções de que tudo é um "texto", que o material básico de textos, sociedades e quase tudo é significado, que significados estão aí para serem descodificados ou "desconstruidos", que a noção de realidade objectiva é suspeita - tudo isto parece ser parte da atmosfera, ou nevoeiro, no qual o pós-modernismo floresce, ou que o pós- modernismo ajuda a espalhar. O pós-modernismo parece ser claramente favorável ao relativismo, tanto quanto ele é capaz de claridade alguma, e hostil à ideia de uma verdade única, exclusiva, objectiva, externa ou transcendente. A verdade é ilusiva, polimorfa, íntima, subjectiva ... e provavelmente algumas outras coisas também. Simples é que ela não é... Tudo é significado e significado é tudo e a hermenêutica o seu profeta. Qualquer coisa que seja, é feita pelo significado conferido a ela... Obviamente, esta nova "moda" não é compatível com o Positivismo, que Gellner define como: "...a crença na existência e disponibilidade de factos objectivos, e sobretudo da possibilidade de explicar os ditos factos por meio de uma teoria objectiva e testável, ela própria não essencialmente ligada a nenhuma cultura particular, observador ou estado de espírito". http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercadoria http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernest_Gellner http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-modernismo,_raz%C3%A3o_e_religi%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/1992 http://pt.wikipedia.org/wiki/Gellner http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo 12 José Merquior viu nesta confrontação uma repetição da batalha entre o classicismo e o romantismo, o primeiro associado com a dominação pela Europa por uma côrte francesa e suas maneiras e padrões, o último com a reacção pelas outras nações, afirmando os valores das suas próprias culturas populares. Mas Gellner aponta uma diferença: "Mas os românticos escreveram poesia. Os pós-modernos também se entregam ao subjectivismo, mas o seu repúdio por disciplina formal, a sua expressão de profunda turbulência interna, é expressa em prosa académica, destinada à publicação em distintos jornais, um meio de assegurar a promoção ao impressionar os comités apropriados. "Sturm und Drang und Cargo" pode muito bem ser o seu slogan.". Etapas históricas a caminho do pós-modernismo Gellner vê duas ou três grandes etapas na evolução do tipo de pensamento que culminaria no Pós-Modernismo. Para compreender o Pós-Modernismo há que compreender a evolução do marxismo. 1. Marxismo teórico 2. Marxismo na prática, tal como este foi vivido na União Soviética. 3. Escola de Frankfurt No fundo, as linhas da árvore genealógica do Pós-Modernismo são traçadas ao longo da evolução do Marxismo, da teoria para a sua aplicação prática (e os sinais do seu fracasso). Comecemos pela raiz. Marxismo Segundo alguns estudiosos, o pós-modernismo teria origem no marxismo. Trata-se de uma posição polêmica, já que o marxismo é uma filosofia materialista segundo a qual as forças de produção são determinantes das estructuras sociais. Ainda por cima, o marxismo afirmava-se científico enquanto os intelectuais pós-modernos colocam em questão precisamente a possibilidade de se chegar a uma visão única. "Mas isso foi há muito tempo, numa madrugada em que era uma glória bem- aventurada permanecer-se vivo, e muita água passou pela ponte desde então. A qualidade exclusiva-absolutista da "revelação" marxista e a forma pela qual ela foi apresentada e perpetuada significavam que os Marxistas sempre tiveram dificuldade em creditar de boa fé aqueles que não aceitavam a sua visão. Mais ainda, a sua própria teoria requeria-os a explicar aqueles dissidentes sociologicamente. O erro não era aleatório mas uma função da (posição na) sociedade: a especificação da sua função não apenas identificava e desmascarava o herético, mas também iluminava a cena social. As visões erróneas do inimigo desmascaravam a sua posição, os males sociais que ele se preocupava em defender, e os meios a ele disponíveis no seu intento nefasto. A denúncia e o desmascarar (desse inimigo) eram uma forma de educação, http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Merquior http://pt.wikipedia.org/wiki/Classicismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Sturm_und_Drang http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Frankfurt 13 bem como um prazer. O marxista rapidamente adquiriu um grande gosto e perícia em tais explicações redutivas, e a explicação de opiniões críticas (ao marxismo) em termos de pertença de classe e interesse dos críticos tornou-se um estilo literário bem estabelecido, com os seus cânones,os seus clássicos, os seus procedimentos habituais". Marxismo real-existente "Com a passagem do tempo, e especialmente após o estabelecimento da União Soviética, a quantidade de criticismo hostil que necessitava de ser explicado cresceu a um novo ritmo e a proporção do Marxismo que consistia nas explicações denunciando os críticos do Marxismo aumentou correspondentemente. O marxismo quase se tornou uma espécie de tema especial cuja ocupação era a desilusão das construções-de- mundo dos outros". No entanto, nesta fase, os marxistas acreditam ainda numa verdade única, que eles próprios detinham, como é óbvio. Os críticos falhavam em alcançá-la, por culpa própria. A escola de Frankfurt Com o fim do Estalinismo, as reformas de Khrushchov e a crescente dúvida no empreendimento comunista, o panorama tinha evoluido num sentido ainda mais radical (e absurdo, para alguns). "Toda esta tendência foi desenvolvida ainda mais por um movimento influente que já não se encontrava ligado ao comunismo internacional e desde logo se encontrava livre da obrigação da defesa do balanço do marximo aplicado na prática - o movimento filosófico conhecido como a Escola de Frankfurt e a sua chamada teoria crítica. Este facto foi típico da libertação da "intelligentsia" esquerdista internacional da autoridade e disciplina do partido comunista, que se seguiu às revelações de Khrushchov no Vigésimo Congresso do Partido Comunista da União Soviética. Ele forneceu muito da ideologia para o protesto estudantil dos anos 60 do século XX, que era crítico de ambos os lados dominantes na cena internacional. A escola de Frankfurt tinha muitos traços em comum com os marxistas do partido, dado que explicava ao lado das visões dos seus opositores; mas havia uma diferença interessante. Os marxistas da velha guarda não se opunham à noção de objectividade como tal, eles apenas argumentavam que os seus oponentes tinham falhado em serem genuinamente objectivos, e meramente tinham fingido observar as normas da objectividade científica, quando na verdade serviam e eram guiados pelos seus interesses de classe. Mas a verdadeira ciência permanecia (para os Marxistas) e era contrastada pela falsa consciência, inspirada por interesses de classe". ...A objectividade real requeria acima de tudo um saudável posicionamento de classe e político. Era muito fácil deslizar disto para a visão de que uma posição saudável é suficiente em si mesmo e finalmente a visão de que não há visões objectivas saudáveis de todo. A verdadeira ilusão era a crença na possibilidade de verdade única, objectiva. http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Estalinismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikita_Khrushchov http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Frankfurt http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikita_Khrushchov http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Comunista_da_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica 14 O pensamento vive sob significados, significados são específicos da cultura. Ergo, vida é subjectividade. Um verdadeiro, esclarecido pensador crítico (à la Frankfurt) não desperdiçava muito tempo, ou provavelmente não desperdiçava tempo nenhum em descobrir precisamente aquilo que era, ele ia directamente à substância escondida sob a superfície, as profundas características que explicavam porque é que o que era, era, e também à igualmente profunda iluminação quanto a o que deveria ser. Liberto do culto positivista do que é, cuja investigação seria apenas uma ratificação camuflada do statu quo, um espírito livre genuinamente crítico encontra-se na bela posição de determinar precisamente aquilo que deveria ser, em oposição dialéctica ao que meramente é. Acabaram-se os dias em que um "positivista" era alguém que invoca factos contra o Marxismo. Agora, o positivista é alguém que faz uso de quaisquer factos de todo, ou permite a sua existência, qualquer que seja o seu objectivo". Culminar desta evolução - O pós-modernismo "Os pós-modernistas deram um passo mais. Tal como os Frankfurters, eles repudiam o culto e busca de factos externos, que tinham sido o caminho (supostamente errado) da percepção da realidade social, mas os pós-modernos não substituem esse caminho por um outro alternativo (obscuramente especificado pelos Frankfurters), e sim pela afirmação de que nenhum tal caminho é possível, necessário ou desejável. Não é a objectividade superficial que é repudiada, mas a objectividade como tal". Criticismo Criticismos da condição pós-moderna pode abertamente ser colocada dentro de quatro categorias: criticismos da pós-modernidade da perspectiva daqueles que rejeitam o modernismo e suas ramificações, criticismo de defensores do modernismo que acreditam que a pós-modernidade não tem características cruciais do projeto moderno, críticas de dentro da pós-modernidade que buscam reformar ou mudar baseado em seus entendimentos de pós- modernismo e aqueles que acreditam que a pós-modernidade está em fase de passagem, e não de crescimento, na organização social. Referências BENJAMIN, Walter. A Obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade, Rio de Janeiro: DP&A, 2000. MADEIRA, Angelica. 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