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SISTEMA LINFATICO

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INTRODUÇÃO
O sistema linfático funciona como uma rede de tecidos, órgãos e vasos que ajudam a manter o equilíbrio de fluidos corporais, a eliminar as substâncias estranhas desses fluidos e a gerar células imunológicas que atuam na defesa do organismo.
Este conteúdo visa discutir a anatomia do sistema linfático – cuja estrutura e função estão intimamente ligadas ao sistema imunológico – e o seu papel na recuperação de fluidos e imunidade. Serão abordados aspectos gerais do sistema linfático, como suas funções e seus principais componentes celulares, além dos órgãos primários e secundários presentes nele.
GENERALIDADES SOBRE O SISTEMA LINFÁTICO
A manutenção da homeostase no corpo requer um combate contínuo contra agentes nocivos. Apesar da exposição constante a uma variedade de patógenos produtores de doenças, como bactérias e vírus, a maioria das pessoas permanece saudável. A imunidade, termo que define a capacidade de evitar danos ou doenças por meio de nossas defesas, possui dois tipos gerais: inata e adaptativa ou específica.
A imunidade inata, cujo propósito é impedir a entrada de patógenos no corpo, refere-se às defesas que estão presentes no nascimento, não envolve o reconhecimento específico de um patógeno e atua contra todos da mesma maneira. Entre os componentes da imunidade inata estão a primeira linha de defesa e a segunda linha de defesa.
A imunidade adaptativa refere-se a defesas que envolvem reconhecimento de um micróbio, uma vez que ele violou a imunidade inata de defesas. Ela é baseada em uma resposta específica a um micróbio; ou seja, adapta-se ou se ajusta para lidar com um micróbio específico.
O sistema do corpo responsável tanto pela imunidade adaptativa quanto por alguns aspectos da imunidade inata é o sistema linfático, que está intimamente ligado ao sistema cardiovascular e funciona em conjunto com o sistema digestivo na absorção de alimentos gordurosos.
De modo geral, o sistema linfático é composto pelos seguintes elementos:
Linfa
O fluido que o sistema coleta dos espaços intersticiais dos tecidos e retorna à corrente sanguínea.
Vasos linfáticos
Transportam a linfa.
Tecido linfático (ou linfoide)
Composto de agregados de linfócitos e macrófagos em diversos órgãos do corpo.
Órgãos linfáticos
Concentram ou produzem linfócitos e macrófagos.
O sistema linfático é responsável por diversas funções. Observe um breve estudo sobre cada uma delas:
RECUPERAÇÃO DE FLUIDOS
O fluido é filtrado continuamente dos capilares sanguíneos nos espaços entre os tecidos (intersticiais). Os capilares sanguíneos reabsorvem cerca de 85% dele, mas os 15% que não são absorvidos pelos capilares equivalem, ao longo de um dia, de 2 a 4L de água e de um quarto a metade das proteínas plasmáticas. Um indivíduo morreria de falha circulatória em poucas horas se essa água e essas proteínas não voltassem à corrente sanguínea. Uma tarefa do sistema linfático é reabsorver esse excesso e devolvê-lo ao sangue. Qualquer distúrbio na drenagem linfática pode fazer com que os tecidos inchem com o excesso de fluido, condição conhecida como edema.
IMUNIDADE
À medida que o sistema linfático recupera o excesso de fluido do tecido, ele também coleta células estranhas e substâncias químicas dos tecidos. Algumas dessas células são patógenas, microrganismos com potencial para causar doenças. Em seu caminho de volta à corrente sanguínea, esse fluido passa pelos linfonodos, que atuam como filtros onde as células imunológicas ficam de guarda contra patógenos e ativam respostas imunológicas protetoras.
ABSORÇÃO DE LIPÍDIOS
No intestino delgado, os vasos linfáticos especiais, chamados de vasos lácteos, absorvem os lipídios dos alimentos que não foram absorvidos pelos capilares sanguíneos intestinais.
Linfa e vasos linfáticos
A linfa é um fluido transparente e incolor, semelhante ao plasma sanguíneo, mas com baixo teor de proteína. Ela se origina a partir do líquido intersticial que foi absorvido pelos vasos linfáticos. Sua composição varia substancialmente de um lugar para outro.
Exemplo
Após uma refeição, por exemplo, a linfa que drena o intestino delgado tem uma aparência leitosa devido ao seu alto teor de lipídios. Essa linfa intestinal é chamada de quilo.
A linfa que sai dos linfonodos – o principal suprimento de linfócitos para a corrente sanguínea – contém muitos linfócitos. A linfa também pode conter macrófagos, hormônios, bactérias, vírus, detritos celulares e até células cancerígenas itinerantes. A linfa corre por meio de um sistema de canais, denominados vasos linfáticos, semelhantes aos vasos venosos. Eles começam com capilares linfáticos microscópicos – também chamados de linfáticos terminais –, que penetram quase todos os tecidos do corpo, mas estão ausentes na cartilagem, no osso, na medula óssea e na córnea.
Atenção
Os vasos linfáticos terminais estão intimamente associados aos capilares sanguíneos, mas, diferentemente, deles são fechados em uma das extremidades.
Um capilar linfático consiste em um saco de células endoteliais finas que se sobrepõem frouxamente como as telhas de um telhado. As células são amarradas ao tecido circundante por filamentos de proteína que impedem o colapso do vaso.
Ao contrário das células endoteliais dos capilares sanguíneos, as células endoteliais linfáticas não são unidas por zonas de oclusão nem possuem uma lâmina basal contínua. Isso faz com que as lacunas entre as células endoteliais sejam tão grandes que bactérias, linfócitos e outras células e partículas maiores possam entrar com o fluido do tecido. Desse modo, a linfa que chega a um linfonodo leva uma espécie de relatório sobre o estado de um tecido, de acordo com o tipo e a quantidade de elementos que irão constituir a linfa.
Um capilar linfático e sua relação com os vasos sanguíneos.
Os vasos linfáticos maiores são semelhantes às veias em sua histologia. Eles têm uma túnica interna com endotélio e válvulas, uma túnica média com fibras elásticas e músculo liso e uma fina túnica externa. Suas paredes são mais finas, e suas válvulas estão mais próximas do que as das veias.
Representação de um vaso linfático, no qual se demonstra o funcionamento da sua válvula.
À medida que os vasos linfáticos convergem ao longo de seu caminho, eles se tornam cada vez maiores e sofrem certas mudanças na nomenclatura. A rota da linfa de volta à corrente sanguínea é dada da seguinte forma:
Capilares linfáticos → Vasos coletores → Seis troncos linfáticos → Dois ductos coletores → Veias subclávias/jugulares internas
Os capilares linfáticos convergem para formar vasos coletores. Cabe ressaltar que existem dois sistemas de vasos, um sistema de vasos linfáticos superficiais e outro profundo. Os vasos superficiais drenam a linfa para os vasos profundos.
Os vasos linfáticos profundos viajam ao lado de veias e artérias e compartilham uma bainha de tecido conjuntivo comum com elas. Em intervalos irregulares, eles esvaziam nos linfonodos. A linfa escorre lentamente pelo linfonodo, onde as bactérias são fagocitadas, e as células do sistema imunológico monitoram o fluido em busca de antígenos. Ele deixa o outro lado do linfonodo por meio de outro vaso coletor (eferente), que viaja e encontra outros linfonodos. Ou seja, o vaso linfático eferente é responsável por levar linfa filtrada de um linfonodo para outro.
Por fim, os vasos coletores convergem para formar troncos linfáticos maiores, cada um dos quais drena uma parte importante do corpo. Existem 11 troncos linfáticos, cujos nomes indicam suas localizações e partes do corpo que drenam – um tronco intestinal solitário e pares de troncos jugular, subclávio, broncomediastinal, intercostal e lombar. O tronco lombar drena não apenas a região lombar, mas também os membros inferiores. A união dos troncos lombares com o tronco intestinal forma uma estrutura anatômica denominada cisterna do quilo.
A cisterna do quilo apresenta formas variáveis em 84% dos casos, dos quais ela pode se apresentar fusiforme (37%), irregular (22%), sigmoide (11%), triangular (11%) arredondada ou ovalada (3%). Topograficamente, estánivelada no eixo longitudinal do plano mediano e apresenta os seguintes dados morfológicos:
a) Anterior à coluna vertebral, entre os níveis T11 e L3, com maior frequência no nível da 1ª e 2ª vértebras lombares (77%).
b) Posicionada entre os dois pilares do diafragma (81%).
c) Posterior à parte abdominal da aorta (88%).
d) Altura varia entre 9mm e 43mm (média de 17mm), largura entre 5mm e 21mm (média de 9,3mm).
Os troncos linfáticos convergem para formar dois grandes ductos coletores:
O ducto linfático direito se forma através da união dos troncos jugular, subclávio e broncomediastinal do lado direito da cavidade torácica. Esse ducto recebe drenagem linfática do membro superior direito e do lado direito do tórax e da cabeça. Desemboca na veia subclávia direita.
O ducto torácico, à esquerda, é maior e mais longo. Ele começa logo abaixo do diafragma, anterior à coluna vertebral, no nível da segunda vértebra lombar. Aqui, os dois troncos lombares e o tronco intestinal se unem e formam a cisterna do quilo. Torna-se ducto torácico depois de passar pelo diafragma.
Ao subir, em conjunto com a aorta e de forma adjacente à coluna vertebral, o ducto torácico recebe linfa adicional dos troncos broncomediastinal esquerdo, subclávio esquerdo e jugular esquerdo, e então deságua na união da veia subclávia esquerda com a veia jugular interna esquerda (ângulo venoso de Pirogoff). Coletivamente, esse ducto drena todo o corpo abaixo do diafragma, o membro superior esquerdo e o lado esquerdo da cabeça, pescoço e tórax.
Esquema em que se demonstram os grandes troncos linfáticos.
Imagem demonstrando a cisterna do quilo e a trajetória do ducto torácico (em destaque). Note sua relação com a coluna vertebral.
A estrutura dos linfonodos e seus agrupamentos no corpo humano serão descritos posteriormente.
CÉLULAS E TECIDOS LINFÁTICOS
Além dos vasos linfáticos, outro componente do sistema linfático são os tecidos e as células linfáticas, também chamadas de linfócitos, que variam de células vagamente dispersas nas membranas mucosas dos tratos digestivo, respiratório, reprodutivo e urinário até populações de células compactas encapsuladas em órgãos linfáticos.
Os tecidos linfáticos são compostos por uma variedade de linfócitos e outras células com vários papéis na defesa e na imunidade. As células linfáticas podem ser agrupadas em seis tipos diferentes. A seguir veremos cada uma delas.
Células NK
São linfócitos grandes, cujo nome deriva do termo em inglês Natural Killer, ou seja, “exterminadora natural”. Esses linfócitos atacam primariamente bactérias, células transplantadas e células do próprio hospedeiro que se tornaram infectadas ou cancerígenas. Estão em constante “patrulha” na busca dessas células anormais e são, portanto, células de defesa primária contra o câncer.
Linfócitos T (ou células T)
São assim chamados porque desenvolvem por um tempo no timo e depois dependem dos hormônios tímicos para regular a sua atividade. O T significa dependente do timo. Existem quatro subclasses de células T: as células T citotóxicas, as células T “helper”, as células T regulatórias e as células T de memória, cada uma com uma função específica.
Linfócitos B
Diferenciam-se em células plasmáticas, que são células do tecido conjuntivo que secretam proteínas defensivas chamadas de anticorpos. Os linfócitos B foram assim nomeados pois foram encontrados em um órgão presente exclusivamente nas aves (a Bursa de Fabricius), que possui estrutura semelhante à do timo. Os linfócitos B vão para a medula óssea, um tecido linfoide primário, para amadurecer. Algumas células B tornam-se células B de memória em vez de células plasmáticas, funcionando de forma similar aos linfócitos T de memória para conferir imunidade duradoura.
Esquema representando as precursoras das células da linhagem branca.
Macrófagos
Desenvolvem-se a partir de monócitos que saíram da corrente sanguínea. Os macrófagos são células muito grandes e de caráter fagocítico. Eles fagocitam restos de tecido, neutrófilos mortos, bactérias e outros corpos estranhos, além de processar corpos estranhos e transportar fragmentos antigenicamente ativos deles (determinantes antigênicos) para a superfície celular, onde os “exibem” para os linfócitos T. Isso estimula uma resposta imunológica contra o agente invasor. Macrófagos, linfócitos B e células reticulares são chamados coletivamente de células apresentadoras de antígenos (APCs) porque exibem fragmentos de antígenos para outras células do sistema imunológico.
Células dendríticas
São leucócitos (células de linhagem branca) que apresentam estruturas semelhantes aos galhos de uma árvore. Podem ser encontradas na epiderme, nas membranas mucosas e nos órgãos linfáticos.
Células reticulares
São células estacionárias que contribuem para o estroma dos órgãos linfáticos e atuam como APCs no timo. Não devemos confundir as células reticulares do sistema linfático com as fibras reticulares, que são finas fibras de colágeno.
Os tecidos linfáticos podem ser considerados agregados de linfócitos nos tecidos conjuntivos das membranas mucosas e de vários órgãos. A forma mais simples é o tecido linfático difuso, no qual os linfócitos estão espalhados em vez de densamente agrupados. É particularmente prevalente nas passagens do corpo que se abrem para meio externo.
Exemplo
Podemos citar os tratos respiratório, urinário e reprodutivo, onde é chamado de tecido linfático associado à mucosa (MALT).
Em alguns lugares, os linfócitos e macrófagos se reúnem em massas densas chamadas de nódulos linfáticos (folículos), que vêm e vão, conforme os patógenos invadem os tecidos e o sistema imunológico responde ao desafio. Nódulos linfáticos abundantes são, entretanto, uma característica relativamente constante em linfonodos, amígdalas e apêndice. No íleo, na porção distal do intestino delgado, os nódulos linfáticos formam aglomerados chamados de placas de Peyer (ou conglomerados linfonodulares ileais) e podem ser observados em preparações histológicas simples.
As placas de Peyer são particularmente grandes no íleo, sendo encontradas, principalmente, na parte do intestino oposta ao mesentério (borda antimesentérica intestinal). São tecidos ovalados e densos localizados na membrana mucosa do intestino, formando áreas alongadas, e a sua superfície está livre das vilosidades e depressões (glândulas Lieberkühn) que caracterizam a parede intestinal.
MÓDULO 2
CLASSIFICAÇÃO
Os órgãos e tecidos linfáticos amplamente distribuídos são classificados, com base em suas funções, em dois grupos: órgãos linfáticos primários e órgãos linfáticos secundários.
Os órgãos linfáticos primários são os locais onde as células-tronco se diferenciam e se tornam imunocompetentes. Eles incluem a medula óssea vermelha (encontrada em ossos como esterno e quadril e presente nas epífises de ossos longos de adultos) e o timo. As células-tronco pluripotentes na medula óssea vermelha dão origem aos linfócitos B e a células pré-T, que migram para o timo e se tornam células T imunocompetentes.
Os órgãos e os tecidos linfáticos secundários são os locais onde ocorrem a maioria das respostas imunológicas. Eles incluem os linfonodos, o baço e os nódulos linfáticos (folículos).
O timo, os linfonodos e o baço são considerados órgãos, porque, diferentemente dos MALT, cada um deles é circundado por uma cápsula de tecido conjuntivo.
Vimos anteriormente como o sistema linfático age e quais são suas principais células. Aqui, iremos descrever anatomicamente os órgãos pertencentes ao sistema linfático – como medula óssea vermelha; timo; baço; tonsilas; e linfonodos –, de modo que possamos correlacionar suas funções.
MEDULA ÓSSEA VERMELHA
A medula óssea vermelha pode não parecer um órgão. Quando aspirado dos ossos para fins de biópsia ou transfusão, simplesmente parece um sangue bastante grosso. Apesar disso, um exame microscópico minucioso da medula mostra que ela possui um grau estrutural surpreendente e que é formada por múltiplos tecidos, portanto, atende aos critérios que a denominam como órgão.
Existem dois tipos de medulaóssea: a amarela e a vermelha. A medula óssea amarela é constituída por tecido adiposo e, portanto, não será descrita. A medula óssea vermelha está envolvida na hematopoiese e na imunidade; portanto, é de nosso interesse.
Em crianças, a medula óssea vermelha – importante fornecedor de linfócitos para o sistema imunológico – ocupa os espaços medulares de quase todo o esqueleto. Em adultos, é limitada a partes do esqueleto axial e às epífises do úmero e do fêmur.
Esquema representando o fêmur, um osso longo, e a medula óssea vermelha e amarela.
A medula óssea vermelha é caracterizada por ser um material macio, pouco organizado e altamente vascular, separado do tecido ósseo pelo endósteo do osso. Produz todas as classes de elementos formados do sangue; sua cor vermelha vem da abundância de eritrócitos (glóbulos vermelhos). Numerosas pequenas artérias entram no forame nutrício na superfície do osso, penetram no osso e deságuam em grandes sinusoides na medula. Os sinusoides drenam para uma veia longitudinal central que sai do osso pela mesma rota que as artérias entraram.
Os sinusoides, com 45µm a 80µm de largura, são revestidos por células endoteliais, como outros vasos sanguíneos, e são circundados por tecido conjuntivo reticular. As células reticulares secretam fatores estimuladores de colônias que induzem à formação de vários tipos de leucócitos. Nos ossos longos dos membros, as células reticulares envelhecidas acumulam gordura e se transformam em células adiposas, eventualmente, substituindo a medula óssea vermelha por medula óssea amarela.
Algumas células formadas pela medula óssea vermelha.
Os espaços entre os sinusoides são ocupados por ilhas de células hematopoiéticas, compostas por macrófagos e células sanguíneas em todos os estágios de desenvolvimento. Os macrófagos destroem as células sanguíneas malformadas, e os núcleos são descartados pelos eritrócitos em desenvolvimento. À medida que as células sanguíneas amadurecem, elas abrem caminho através das células reticulares e endoteliais para entrar no seio nasal e fluir na corrente sanguínea. As plaquetas também entram na corrente sanguínea dessa forma.
Atenção
Como já é sabido, a medula óssea vermelha fornece linfócitos que irão para órgãos-alvo para amadurecerem.
TIMO
O timo, um órgão linfoide primário, está localizado na parte inferior do pescoço e na parte anterior do mediastino superior. É uma glândula dividida em dois lobos. Situa-se posterior ao manúbrio do esterno e se estende até o mediastino anterior, anteriormente ao pericárdio fibroso.
A posição do timo e seu aspecto bilobulado.
Uma camada de tecido conjuntivo mantém os dois lobos próximos, mas uma cápsula de tecido conjuntivo os divide. Extensões da cápsula, chamadas de trabéculas, penetram e dividem cada lobo em lóbulos. Cada lóbulo tímico consiste em um córtex externo com coloração escura e uma medula central de coloração mais clara. O córtex é composto por muitos linfócitos T e células dendríticas dispersas, assim como células reticulares e macrófagos. Os linfócitos T imaturos (células pré-T) migram da medula óssea vermelha para o córtex do timo, onde se proliferam e começam a amadurecer. 
Esquema mostrando a arquitetura interna do timo.
Células dendríticas, que são derivadas de monócitos, auxiliam no processo de maturação dos linfócitos. Cada uma das
células reticulares especializadas tem vários processos longos que circundam e servem como estrutura para até 50 linfócitos T. Essas células reticulares ajudam a “educar” as células pré-T em um processo conhecido como seleção positiva. Além disso, eles produzem hormônios tímicos que parecem auxiliar na maturação dos linfócitos T. Apenas cerca de 2% das células T em desenvolvimento sobrevivem no córtex. As células restantes morrem por apoptose.
Macrófagos tímicos ajudam a limpar os restos de células mortas e células incompetentes. Os linfócitos T sobreviventes entram na medula do timo, que consiste em células T, mais maduras e amplamente dispersas, células reticulares, células dendríticas e macrófagos.
Exemplo
Em bebês, o timo tem uma massa de cerca de 70g. Após a puberdade, o tecido conjuntivo adiposo e areolar começa a substituir o tecido tímico. Quando uma pessoa atinge a maturidade, a porção funcional da glândula é reduzida consideravelmente; e na velhice, a porção funcional pode pesar apenas 3g. Antes da atrofia do timo, ele povoa os órgãos e tecidos linfáticos secundários com células T. No entanto, algumas células T continuam a proliferar no timo ao longo da vida de um indivíduo, mas esse número diminui com a idade.
O rico suprimento arterial do timo é derivado principalmente dos ramos intercostais anteriores e dos ramos mediastinais anteriores das artérias torácicas internas. As veias do timo terminam nas veias braquiocefálica esquerda, torácica interna e tireoide inferior. Os vasos linfáticos do timo terminam nos troncos paraesternal, braquiocefálico e traqueobrônquico.
BAÇO
O baço é um órgão de coloração geralmente púrpura e polpuda, de tamanho e forma semelhantes ao punho de um indivíduo. É relativamente delicado e considerado o órgão abdominal mais vulnerável em relação aos demais. O baço está localizado na parte superolateral do quadrante superior esquerdo, mais especificamente no hipocôndrio esquerdo do abdome, onde recebe parcialmente proteção das costelas inferiores.
Posição do baço dentro da cavidade abdominal.
O baço é um órgão móvel, embora normalmente não desça abaixo da região costal (costela); ele repousa sobre a flexura cólica esquerda (no intestino), também conhecida como flexura esplênica, dada sua relação com o baço. Ele está associado posteriormente com a nona até a décima primeira costela esquerda e separado delas pelo diafragma e o recesso costodiafragmático. No que tange à topografia do baço, ele mantém relações anteriores com o estômago, relações posteriores com o diafragma, que o separa da pleura, do pulmão e das costelas (nona até a décima primeira). Inferiormente ao baço, poderemos encontrar a flexura esplênica do intestino e, medialmente, o baço mantém relação com o rim esquerdo.
O baço entra em contato com a parede posterior do estômago e está conectado à sua curvatura maior pelo ligamento gastroesplênico e ao rim esquerdo pelo ligamento esplenorrenal. Esses ligamentos, contendo vasos esplênicos, estão fixados no hilo do baço em sua face medial. O hilo esplênico frequentemente está em contato com a cauda do pâncreas 
e constitui o limite esquerdo da bolsa omental.
As superfícies de contato do baço com os demais órgãos da cavidade abdominal.
Como o maior dos órgãos linfáticos, o baço participa do sistema de defesa do corpo como um local de proliferação de linfócitos (leucócitos) e de vigilância e resposta imunológica. No período pré-natal, ele é um órgão hematopoiético, mas, após o nascimento, está envolvido, principalmente, na identificação, remoção e destruição de eritrócitos gastos e plaquetas degradadas e na reciclagem de ferro e hemoglobina.
Você sabia
O baço serve como reservatório de sangue, armazenando hemácias e plaquetas e, em um grau limitado, pode fornecer uma espécie de “autotransfusão” em resposta ao estresse imposto pela hemorragia. Apesar de seu tamanho e das muitas funções úteis e importantes que fornece, não é um órgão vital e pode ser removido por meio da esplenectomia em algumas situações.
Para acomodar essas funções, o baço possui uma massa vascular (sinusoidal) macia com uma cápsula fibroelástica relativamente delicada. A cápsula fina é coberta por uma camada de peritônio visceral que circunda inteiramente o baço, exceto no hilo esplênico, onde os ramos esplênicos da artéria e as veias esplênicas entram e saem. Consequentemente, é capaz de expansão acentuada e algumas contrações relativamente rápidas.
Você sabia
O baço varia consideravelmente em tamanho, peso e forma. Geralmente tem aproximadamente 12cm de comprimento e 7cm de largura. A superfície diafragmática do baço é convexa e se ajusta à concavidade do diafragma e dos corpos curvos das costelas adjacentes. Aestreita relação do baço com as costelas que normalmente o protegem pode ser prejudicial na presença de fraturas de costela.
Como já vimos, o baço possui uma cápsula de tecido conjuntivo denso que o envolve. A porção interna da cápsula emite trabéculas que se estendem para dentro do parênquima esplênico. A cápsula, em conjunto com as trabéculas, as fibras reticulares e os fibroblastos constituem o estroma do baço. Já o parênquima do baço consiste em dois tipos diferentes de tecido, chamados de polpa branca e de polpa vermelha.
A polpa branca é formada por tecido linfático majoritariamente composto por linfócitos e macrófagos dispostos em torno de ramos da artéria esplênica, denominados artérias centrais.
A polpa vermelha consiste em seios
venosos cheios de sangue e verdadeiros cordões de tecido esplênico chamados de cordões esplênicos. Os cordões esplênicos consistem em glóbulos vermelhos, macrófagos, linfócitos, células plasmáticas e granulócitos. As veias estão intimamente associadas à polpa vermelha.
Esquema representando a anatomia interna do baço.
O suprimento arterial do baço provém da artéria esplênica, o maior ramo do tronco celíaco. Esse vaso segue um curso tortuoso, posteriormente à bolsa omental, anteriormente ao rim esquerdo e ao longo da borda superior do pâncreas. Entre as camadas do ligamento esplenorrenal, a artéria esplênica se divide em cinco ou mais ramos que entram no hilo.
A drenagem venosa do baço se dá através da veia esplênica, que é formada por várias tributárias que emergem do hilo. Recebe a veia mesentérica inferior durante sua trajetória e em seguida se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta hepática.
Os vasos linfáticos do baço deixam os nódulos linfáticos no hilo esplênico e passam ao longo dos vasos esplênicos para os linfonodos pancreático-esplênicos, que, por sua vez, drenam linfa para os linfonodos celíacos.
Os nervos do baço possuem função vasomotora e são derivados do plexo celíaco e se distribuem em conjunto com os ramos da artéria esplênica.
NOTA CLÍNICA: Ruptura de baço
O baço é o órgão mais frequentemente danificado em casos de trauma abdominal. Golpes fortes sobre o tórax inferior esquerdo ou abdome superior podem fraturar as costelas que o protegem. Essa lesão por esmagamento pode resultar em ruptura do baço, o que causa hemorragia e choques significativos.
A remoção do baço é necessária, para prevenir a morte por sangramento; e outras estruturas, particularmente a medula óssea vermelha e o fígado, podem assumir algumas funções normalmente desempenhadas por ele. As funções imunológicas, no entanto, diminuem na ausência de um baço, o que coloca o paciente em maior risco de sepse devido à perda das funções de filtragem e de fagocitose do baço.
NOTA CLÍNICA: Esplenomegalia
Quando o baço está acometido por alguma doença, como a leucemia granulocítica (alta contagem de leucócitos), ele pode aumentar para 10 ou mais vezes seu tamanho e peso normais, processo chamado de esplenomegalia.
O baço geralmente não é palpável no adulto. Se sua borda inferior puder ser detectada ao palpar abaixo do rebordo costal esquerdo no final da inspiração, ela está cerca de três vezes maior que seu tamanho “normal”. Caso haja esplenomegalia, o hipocôndrio esquerdo fica preenchido, deixa de apresentar timbre timpânico e passa a maciço ao exame de percussão. Esse espaço anatômico (semilunar de Traube) tem forma de lua crescente, circundado pela margem inferior do pulmão esquerdo, a margem anterior do baço, o rebordo costal esquerdo e a margem inferior do lobo esquerdo do fígado.
De modo geral, esse espaço tem largura de 12cm e altura de 9cm, projetando-se da 6ª à 9-10ª costelas. A expressão “Traube Livre”, muito usada no cotidiano dos hospitais e por acadêmicos, significa dizer que a percussão do espaço apresenta o timbre timpânico e que a loja de Traube encontra-se “livre” de ocupação, conforme normal.
A esplenomegalia também ocorre em algumas formas de anemias hemolíticas ou granulocíticas, nas quais eritrócitos ou leucócitos, respectivamente, são destruídos em taxas anormalmente altas. Nesses casos, uma esplenectomia também é necessária.
NOTA CLÍNICA: Baços acessórios
Um ou mais pequenos baços acessórios podem se desenvolver no período pré-natal próximo ao hilo esplênico. Eles podem estar embutidos parcial ou totalmente na cauda do pâncreas, entre as camadas do ligamento gastroesplênico, no compartimento infracólico, no mesentério ou nas proximidades de um ovário ou testículo.
Na maioria dos indivíduos afetados, apenas um baço acessório está presente. Baços acessórios são relativamente comuns, geralmente pequenos (aproximadamente 1cm de diâmetro e variam de 0,2cm a 10cm) e podem se assemelhar a um linfonodo. A consciência da possível presença de um baço acessório é importante porque, se não for removido durante uma esplenectomia, os sintomas que indicam a sua remoção (por exemplo, anemia esplênica) podem persistir.
TONSILAS
As tonsilas, conhecidas também como amígdalas, são agregados de tecido linfático localizadas na entrada da faringe, onde protegem a região contra patógenos ingeridos e inalados. Cada tonsila é coberta por um epitélio e possui fossas profundas chamadas de criptas tonsilares, revestidas por nódulos linfáticos. As criptas geralmente contêm restos de comida, leucócitos mortos, bactérias e produtos químicos antigênicos. Abaixo das criptas, as tonsilas são parcialmente separadas do tecido conjuntivo subjacente por uma cápsula fibrosa incompleta.
Existem quatro conjuntos principais de tonsilas:
 Uma única tonsila faríngea, conhecida como adenoide, na parede superior e posterior da faringe, logo atrás da cavidade nasal.
Um par de tonsilas palatinas na margem posterior da cavidade oral, entre o arco palatoglosso e palatofaríngeo,
 Numerosas tonsilas linguais, cada uma com uma única cripta, concentradas em um remendo de cada lado da raiz da língua.
 Tonsilas tubárias, situadas perto do tórus tubário, uma reflexão da porção membranosa da tuba auditiva, localizada na nasofaringe. Essas tonsilas, em conjunto, formam o chamado anel linfático faríngeo (anel linfático de Waldeyer).
Esquema demonstrando algumas tonsilas.
Clinicamente, as tonsilas palatinas e a adenoide são as mais importantes: as primeiras geralmente são alvo de processos infecciosos que causam inchaço e secreção purulenta, chamado de amigdalite.
Diferença de uma cavidade oral normal para uma com tonsilite. Note, na segunda e na terceira representação, como as tonsilas palatinas estão inflamadas e inchadas.
Já a adenoide, caso aumentada, pode se tornar quase do tamanho de uma bola de pingue-pongue e bloquear completamente o fluxo de ar através das passagens nasais.
Atenção
Mesmo que a adenoide aumentada não seja substancial o suficiente para bloquear fisicamente a parte posterior do nariz, ela pode obstruir o fluxo de ar o suficiente para que respirar pelo nariz requeira uma quantidade desconfortável de trabalho, e a inalação ocorra pela boca aberta. A adenoide aumentada também pode obstruir as vias aéreas nasais o suficiente para afetar a voz, sem realmente interromper o fluxo de ar nasal por completo. Nessas situações, ela é removida cirurgicamente.
Hipertrofia da adenoide.
LINFONODOS
Os linfonodos são os mais numerosos órgãos linfáticos: existem cerca de 600 linfonodos espalhados ao longo do corpo, ao redor de vasos linfáticos. Os linfonodos possuem formato de um grão de feijão e estão situados tanto superficialmente (na tela subcutânea) quanto profundamente. Grandes grupos deles estão presentes perto das glândulas mamárias e nas axilas e na virilha, porém há numerosos linfonodos ao redor de órgãos da cavidade abdominal e pélvica.
Você sabia
Os linfonodos, outrora chamados de gânglios linfáticos, possuem algo entre 1mm a 25mm de comprimento e, assim como o timo e o baço, são revestidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso que se projeta internamente por meio de trabéculas, dividindo o linfonodo em compartimentos. Além disso, as trabéculas dão suporte e fornecem rotas para osvasos sanguíneos.
Novamente, assim como estudamos no timo, a cápsula, as trabéculas, as fibras reticulares e os fibroblastos constituem o estroma (estrutura de suporte do tecido conjuntivo) de um linfonodo, enquanto o parênquima (parte funcional) de um linfonodo é dividido em um córtex, superficial, e uma medula, situada profundamente.
O córtex possui uma porção externa e uma porção interna. Dentro do córtex externo encontram-se aglomerados ovoides de células B, denominados nódulos linfáticos. Um nódulo linfático consistindo principalmente de células B é chamado de nódulo linfático primário. A maioria dos nódulos linfáticos no córtex externo são nódulos linfáticos secundários, que se formam em resposta a um antígeno e são locais de formação de células plasmáticas e células B de memória.
 
Anatomia interna de um linfonodo.
Depois que as células B em um nódulo linfático primário reconhecem um antígeno, o nódulo linfático primário transforma-se em um nódulo linfático secundário. O centro de um nódulo linfático secundário contém uma região de células que se coram pela luz, denominada centro germinativo onde estão as células B, as células dendríticas foliculares (um tipo especial de célula dendrítica) e os macrófagos. Quando as células dendríticas foliculares “apresentam” um antígeno (lembrando, é uma célula apresentadora de antígeno, APC), as células B proliferam e se desenvolvem em células plasmáticas produtoras de anticorpos ou se desenvolvem em células B de memória.
As células B de memória persistem após uma resposta imune inicial e “lembram” de ter encontrado um antígeno específico. As células B que não se desenvolvem adequadamente sofrem apoptose e são destruídas pelos macrófagos. A região de um nódulo linfático secundário ao redor do centro germinativo é composta por densos acúmulos de células B que migraram de seu local de origem dentro do nódulo. O córtex interno não contém nódulos linfáticos. Consiste principalmente em células T e células dendríticas que entram em um linfonodo de outros tecidos.
As células dendríticas apresentam antígenos às células T, causando sua proliferação. As células T recém-formadas então migram do linfonodo para áreas do corpo onde há atividade antigênica. A medula de um linfonodo contém células B, células plasmáticas produtoras de anticorpos que migraram do córtex para a medula e macrófagos.
Em relação ao fluxo da linfa, ela chega ao linfonodo em apenas uma direção, através de vários vasos linfáticos aferentes que penetram na superfície convexa do linfonodo. Os vasos aferentes contêm válvulas que se abrem em direção ao centro do nódulo, direcionando a linfa para dentro. Dentro do linfonodo, a linfa entra em uma série de canais irregulares que contêm fibras reticulares ramificadas, linfócitos e macrófagos, denominados seios. Essa linfa percorre o linfonodo até chegar à medula.
A partir daí, a linfa entra nos seios medulares, que drenam para um ou dois vasos linfáticos eferentes, que são mais largos e em menor número do que os vasos linfáticos aferentes, levando a linfa para fora de um linfonodo e, consequentemente, encontrando vasos linfáticos aferentes de outro linfonodo, até essa linfa alcançar a circulação venosa.
Descrição topográfica dos linfonodos
Linfonodos da cabeça
Estão subdivididos da seguinte forma:
Occipitais
De um a três, situam-se na parte posterior da cabeça junto à borda do músculo trapézio. Recebe linfa do couro cabeludo e direciona a linfa para os linfonodos profundos do pescoço.
Auriculares
Aqui, temos dois grupos, os auriculares anteriores, que se dispõem anteriormente ao pavilhão auricular; e os auriculares posteriores, que se situam posteriormente ao pavilhão auricular. Recebem linfa da região temporal, parietal e orelha e conduzem-na para os linfonodos cervicais.
Parotídeos
Formam dois grupos, um está inserido na massa da glândula parótida, enquanto o outro situa-se na parede lateral da faringe. Drenam parte da face, região temporal, meato acústico, e levam a linfa para linfonodos cervicais.
Faciais
Estão situados abaixo da órbita, ao redor da boca e próximo ao músculo masseter, na mandíbula. Drenam as regiões adjacentes e conduzem linfa para os linfonodos submandibulares.
Faciais profundos
Podem ser encontrados ao redor da artéria maxilar, drenando as regiões adjacentes.
Linguais
Estão na base da língua.
Retrofaríngeos
Situam-se na fáscia bucofaríngea, profundamente.
Linfonodos do pescoço
Estão subdivididos da seguinte maneira:
Submandibulares
como o nome indica, estão situados no corpo da mandíbula e da glândula submandibular. O mais constante é chamado de linfonodo de Stahr, que pode ser encontrado quando a artéria facial se curva sobre a mandíbula.
Submentonianos
Situados entre os ventres do músculo digástrico, abaixo da região conhecida popularmente como queixo (mentual).
Cervicais superficiais
Localizam-se ao redor da veia jugular externa.
Cervicais anteriores
São irregulares e inconstantes. Os linfonodos dessa cadeia podem ser encontrados anteriormente à traqueia.
Cervicais profundos
São os mais numerosos. Recebem a linfa dos linfonodos da cabeça e dos demais linfonodos do pescoço. Formam uma verdadeira cadeia ao redor da bainha carotídea e situam-se, portanto, lateralmente à traqueia e esôfago. Com frequência, um linfonodo infartado próximo ao músculo digástrico pode ser palpado, durante inflamações de garganta. Os vasos eferentes desses linfonodos formam o tronco jugular.
Outro linfonodo de grande importância pertence à cadeia supraclavicular esquerda e recebe o nome de linfonodo de Virchow em homenagem a um patologista do século XIX. Esse linfonodo encontra-se frequentemente infartado em casos de metástases de cânceres da cavidade torácica, abdominal e pélvica, ou em doenças como tuberculose e sífilis. Sua palpação é denominada na literatura de sinal de Troisier.
Algumas cadeias linfonodais da cabeça e do pescoço.
Linfonodos do membro superior
Os linfonodos do membro superior são divididos em superficiais e profundos.
Os linfonodos do grupo superficial são escassos e classificados em supratrocleares, que estão superiormente ao epicôndilo medial do úmero, nas proximidades da veia basílica; e linfonodos deltopeitorais, que se encontram ao lado da veia cefálica, perto da clavícula.
Já os linfonodos profundos são maiores e mais numerosos (em torno de 25) e estão situados majoritariamente na axila, porém podem ser encontrados linfonodos durante a trajetória das veias satélites.
Os linfonodos axilares estão divididos de acordo com a sua posição em relação à axila; e portanto, podem ser divididos em laterais, peitorais, subescapulares, centrais e subclaviculares. Os linfonodos da axila recebem linfa de todo o membro superior, assim como a mama e parte da parede torácica e os vasos eferentes formam o tronco subclávio.
Alguns grupos de linfonodos do membro superior.
Linfonodos do tórax
Podemos dividir os linfonodos do tórax em parietais e viscerais.
Os linfonodos parietais são os:
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ESTERNAIS
Situados nas extremidades anteriores dos espaços intercostais, ao lado da artéria torácica interna. Recebem vasos linfáticos das mamas, de estruturas profundas da parede abdominal e parte do fígado.
INTERCOSTAIS
Ocupam as partes posteriores dos espaços intercostais e mantêm relações com os vasos intercostais. Recebem vasos da face posterolateral do tórax. Os vasos dos linfonodos intercostais mais inferiores desembocam na cisterna no quilo ou no segmento inicial do ducto torácico. Já os dos espaços intercostais superiores vão diretamente para o ducto torácico, do lado esquerdo e os da direita no ducto linfático direito.
DIAFRAGMÁTICOS
Situam-se na face superior do diafragma.
Os linfonodos viscerais são:
MEDIASTINAIS ANTERIORES
Estão situados na parte anterior do mediastino superior, acima do arco da aorta. Relacionam-se com as veias braquiocefálicas e ramos do arco aórtico. Recebem linfa do timo, pericárdio e linfonodos esternais, e seus vasos eferentes unem-se aos dos linfonodos traqueobronquiais, formandoos troncos broncomediastinais direito e esquerdo.
MEDIASTINAIS POSTERIORES
Situados posteriormente, estão em relação com o esôfago e a aorta descendente. Recebem linfa do esôfago, pericárdio e diafragma, assim como parte do fígado. Seus vasos eferentes na maioria das vezes drenam para o ducto torácico ou para os linfonodos traqueobronquiais.
TRAQUEOBRONQUIAIS
Podem ser subdivididos em quatro grupos: os traqueais, laterais à traqueia; os bronquiais, entre os brônquios; broncopulmonares, no hilo de cada pulmão; e pulmonares, situados no parênquima pulmonar. Drenam os pulmões, coração, brônquios e parte da traqueia. Como visto anteriormente, seus vasos eferentes se unem com os vasos eferentes dos linfonodos mediastinais anteriores; formando, assim, os troncos broncomediastinais direito e esquerdo. Os linfonodos traqueobronquiais são grandes e fibrosos devido à poeira e à poluição inaladas constantemente.
Linfonodos do abdome e da pelve
Assim como no tórax, as cadeias de linfonodos podem ser divididas em parietais e viscerais.
Os linfonodos parietais podem ser divididos em:
Ilíacos externos
De oito a dez, encontram-se ao longo dos vasos ilíacos externos. Recebem linfa do membro inferior, parede abdominal pênis, uretra, próstata, bexiga, útero e vagina.
Ilíacos comuns
De quatro a seis, situados ao redor dos vasos ilíacos comuns. Recebem linfa dos vasos eferentes dos linfonodos descritos anteriormente.
Epigástricos
De três a quatro, encontrados na trajetória dos vasos epigástricos inferiores.
Circunflexos ilíacos
Podem estar ausentes, mas, em geral, são de dois a quatro linfonodos situados na trajetória dos vasos circunflexos ilíacos profundos.
Ilíacos internos (hipogástricos)
Recebem linfa das vísceras pélvicas, períneo, glúteo e região posterior da coxa. Seus vasos desembocam nos linfonodos ilíacos comuns, já descritos.
Sacrais
Situam-se na face pélvica do sacro, ao redor das artérias sacrais laterais e artéria sacral mediana.
Aórticos laterais
Os linfonodos do lado direito se situam anteriormente à veia cava, próximo da desembocadura da veia renal. Os do lado esquerdo formam uma verdadeira cadeia na aorta e se situam sobre o pilar esquerdo do diafragma. Recebem linfa dos linfonodos ilíacos comuns, do testículo, ovário, tuba uterina e útero, assim como linfa do rim, glândula suprarrenal e da parede lateral do abdome. Seus vasos eferentes formam os troncos lombares direito e esquerdo, que desaguam na cisterna do quilo.
Pré-aórticos
Estão situados ao redor do tronco celíaco, da artéria mesentérica superior e da artéria mesentérica inferior, portanto, são divididos dessa forma. Recebem linfa que corresponde ao suprimento arterial da artéria adjacente. Formam o tronco intestinal, que desemboca na cisterna do quilo.
Retroaórticos
Recebem parte da linfa dos linfonodos aórticos laterais e seus vasos linfáticos eferentes desaguam na cisterna do quilo.
Algumas cadeias de linfonodos do abdome.
Atenção
Cabe ressaltar que cada víscera do abdome também possui um grupo próprio de linfonodos, que, em última instância, drenam para os linfonodos pré-aórticos. Esses linfonodos seguem a vascularização da região e podem ser divididos em:
· Gástricos
· Hepáticos
· Pancreaticoduodenais
· Pancreático-esplênicos
· Mesentéricos (superiores e inferiores)
· Ileocólicos
· Cólicos direito e esquerdo
· Mesocólicos
· Pararretais
Linfonodos do membro inferior
Consiste nos seguintes grupos:
Linfonodo tibial anterior
Frequentemente ausente, trata-se de um pequeno linfonodo sobre a membrana interóssea, próximo aos vasos tibiais anteriores;
Linfonodos poplíteos
São em número de 6 a 10, imersos na gordura da fossa poplítea, esses linfonodos emitem vasos eferentes que seguem ao longo dos vasos femorais para levar linfa para os linfonodos inguinais.
Linfonodos inguinais
São subdivididos em superficiais e profundos. Os linfonodos inguinais superficiais formam cadeias distais ao ligamento inguinal. Drena parte do pênis, bolsa escrotal, períneo, nádegas e parte da parede abdominal. Os linfonodos inguinais profundos são menos numerosos e situam-se profundamente à fáscia lata, medialmente à veia femoral. O linfonodo mais proximal é chamado de linfonodo de Cloquet (ou Rosenmuller). Drenam o pênis ou o clitóris.
Algumas cadeias linfonodais do membro inferior.
NOTA CLÍNICA: Metástases
As neoplasias (cânceres) se espalham pelo corpo por contiguidade, ou seja, crescem em tecidos adjacentes próximos, ou por metástase – processo definido como a disseminação de células tumorais para locais distantes do tumor original, também chamado de primário.
As metástases podem ocorrer por três maneiras: invasão direta das membranas serosas de cavidades corporais, como o peritônio; propagação linfogênica; e propagação hematogênica. Iremos discutir a respeito da disseminação por via linfática, que é a forma mais comum de disseminação para carcinomas, os tipos mais comuns de cânceres.
Nesse meio de propagação, as células liberadas no local primário do câncer entram e viajam através dos vasos linfáticos. As células transmitidas pela linfa são filtradas e aprisionadas pelos nódulos linfáticos, que se tornam locais de câncer secundários. O padrão de envolvimento dos linfonodos cancerosos segue as vias naturais da drenagem linfática. Dessa maneira, ao remover um tumor potencialmente metastático, os cirurgiões podem classificar o grau de disseminação do câncer ao remover e examinar os linfonodos adjacentes; ou seja, linfonodos que recebem linfa de determinado órgão acometido pelo câncer.
Por isso, é importante que a drenagem linfática seja estudada. Torna-se fácil saber quais linfonodos são mais suscetíveis de serem afetados quando um tumor é identificado em um determinado local ou órgão e para ser capaz de determinar os locais prováveis de locais primários de câncer (fontes de metástase) quando um nódulo aumentado é detectado. Os nódulos cancerosos aumentam à medida que as células tumorais dentro deles aumentam; no entanto, ao contrário dos nódulos infeccionados inchados, os nódulos cancerosos geralmente não doem quando comprimidos.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema linfático é essencial para a homeostase. Ele auxilia na filtração de fluidos e remove o excesso de fluidos dos tecidos. Age, também, dando suporte ao sistema venoso de drenagem.
Estudamos que o sistema linfático tem papel importante na defesa do organismo contra patógenos, corpos estranhos e tumores. Primeiramente, focamos mais os aspectos gerais do sistema linfático e pudemos estudar o líquido que faz parte do sistema: a linfa, que corre através de vasos linfáticos – os quais possuem estruturas semelhantes às veias. Vimos também algumas das células de defesa do sistema linfático, como os diversos tipos de linfócitos, macrófagos e células dendríticas.
Observamos a existência de aglomerados de tecidos linfoides nas mucosas de diversos outros sistemas, como o sistema digestivo. São chamados de MALT (tecido linfoide associado à mucosa), que estão presentes em diversas regiões e adquirem siglas específicas quando associados a esses sistemas. Por exemplo, o tecido linfoide associado à mucosa do trato gastrointestinal (GALT) é formado pelas placas de Peyer, no íleo.
Posteriormente, estudamos os órgãos que compõem o sistema linfático. Estes são divididos em primários (timo e medula óssea vermelha) e secundários (baço e linfonodos, por exemplo). Um órgão primário diz respeito ao local de secreção de células que se tornarão linfócitos, enquanto um órgão secundário, em essência, é o local onde esses pré-linfócitos amadurecem e são armazenados.
Além de descrevermos esses órgãos, a função de cada um no papel de secreção, maturação e armazenamento de linfócitos foi debatida, assim como as funções secundárias desses órgãos e também seus aspectos clínicos.
Por fim, descrevemos a distribuição das cadeias de linfonodos do corpo humano. Os linfonodos tendem a se aglomerar em regiões específicas, gerando grupos de linfonodos que drenam a linfa de um determinado órgão ou local.

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