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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Fisiologia da coagulação ......................................... 4 3. Farmacoterapia ........................................................... 5 Referências bibliográficas ........................................14 3ANTICOAGULANTES 1. INTRODUÇÃO Os anticoagulante são uma classe de medicamento que atuam na inibição dos fatores de coagulação (ex.: hepa- rina) ou na interferência na sua síntese desses fatores (ex.: antagonistas de vi- tamina K). Juntos com os trombolíticos e anti-agregantes, as três classes de fármacos são empregados no trata- mento de disfunções da homeostasia. SE LIGA! Os anti-agregantes plaque- tários possuem a menor potência home- ostática, quando comparado com os ou- tros dois, atuando somente na etapa de agregação plaquetária. Esses fármacos agem na profilaxia em pacientes com doença vascular, placa aterosclerótica, risco de fissura endotelial, evitando-se um possível evento cardiovascular. Tanto os anticoagulantes e trombolí- ticos/fibrinolíticos atuam na etapa da coagulação, desfazendo os trombos nos vasos sanguíneos. O que muda entre eles é a sua potência e, consequentemente, o tempo de sua eficácia. Os trombolíticos são os mais potentes, desfazendo o trom- bo imediatamente. Já os anticoagulantes, desfazem em semanas ou meses. No en- tanto, quanto maior a potência, maior é o risco de sangramento. Assim, é importan- te ponderar a necessidade de usar ou um ou outro, analisando, individualmente, os riscos e benefícios do uso de qual. Geralmente, usa-se anticoagulante como profilaxia e tratamento, em caso de trom- bos venoso ou em câmara cardíacas. Ou seja, caso paciente apresente TVP, TEP, trombo atrial secundário a FA, etc. Já os trombolíticos, são usados em caso de processos trombóticos agudos, prin- cipalmente se existir um trombo arterial com viabilidade de célula. Temos como exemplos IAMCSST e AVE isquêmico. Os anticoagulantes são usados tanto no tratamento como na profilaxia de eventos tromboembolíticos relaciona- dos a patologias de base como fibri- lação atrial, tromboembolismo veno- so profundo e pulmonar (TVP e TEP), uso de próteses valvares, associadas a cardiopatias estruturais ou secundá- rias a complicações de um infarto, etc. Assim, eles atuam impedindo a ocor- rência de trombose, limitando a lesão por reperfusão. No entanto, deve-se ponderar a necessidade e qual dosa- gem ideal para que haja uma respos- ta normal à lesão vascular sem muito risco de sangramento. Por isso, a dose ideal e segura dos an- ticoagulantes é pautada por meio de exames laboratoriais como o tempo de protrombina (TP) e o índice in- ternacional normalizado (INR), au- xiliando a manutenção entre o poder terapêutico desse fármaco e seu efei- to adverso principal: sangramento. Os valores de referências, respectivos de cada exame, são: • TP: 10 e 13 segundos; • INR/RNI: 0,8 a 1. No entanto, em caso de pacientes com alguma pa- tologia homeostática em uso de an- ticoagulantes orais, consideramos como valor de referência entre 2 e 3. Os principais anticoagulantes são: heparina; argatrobana; bivaliru- dina e desirudina; fondaparinux; 4ANTICOAGULANTES dabigatrana; rivaroxabana e apixa- bana; e varfarina. 2. FISIOLOGIA DA COAGULAÇÃO Após um traumatismo físico, o siste- ma vascular ativa um processo fisio- lógico através de uma série de inte- rações complexas entre plaquetas, células endoteliais e a cascata de co- agulação. O resultado disso culmina na hemostasia, com objetivo de mi- nimizar a perda sanguínea resultante de tal agressão. Dentre as fases dessa hemostasia, numa ordem cronológica, temos: 1) adesão plaquetária na superfície su- bendotelial exposta; 2) ativação pla- quetária, liberando mediadores quí- micos para o início da agregação; 3) aglutinação plaquetária, onde mais plaquetas são reunidas para se agre- garem num tampão plaquetário; 4) formação do coagulo; e 5) fibrinó- lise, onde há ativação da via fibrinolí- tica, limitando o crescimento do coa- gulo e dissolvendo a rede de fibrina à medida que ocorre a cicatrização. Figura 1. Processo de formação do tampão plaquetária durante a hemostasia. Fonte: https://www.covidverificado. com.br/post/tratamento-com-anticoagulante 5ANTICOAGULANTES Os anticoagulantes atuam na etapa 4, em que há a formação do coágulo sanguíneo. Esse processo de coagu- lação, que gera a trombina, ocorre por meio de 2 vias interrelacionadas, se envolvendo numa cascata de reações enzimáticas através de inúmeras ati- vações de fatores plasmáticos. São elas: • Via intrínseca: É iniciada pela ati- vação do fator de coagulação XII (XII → XIIa), que ativa o fator XI (XI → XIa). Assim, o XIa ativa o fator IX (IX → IXa), sendo UMA das enzi- mas necessárias para ativação do fator de coagulação X (X → Xa); • Via extrínseca: Se inicia com a ativação do fator de coagulação VII (VII → VIIa) pelo fator tecidu- al do endotélio, também conheci- do como tromboplastina, liberado no sangue após a lesão vascular. Dessa forma, o fator VIIa, assim como o IXa, ativa o fator de coagu- lação X. Ao final de ambas vias, o fator Xa converte a protrombina (fator II) em trombina (fator IIa), estrutura principal da coagulação, sendo responsável pela produção de fibrina, resultante da ativação do fibrinogênio presente no plasma. Assim ela formará a ma- triz para a malha de coagulação. Figura 2. Formação do coagulo pelas vias extrínsecas e intrínsecas. Fonte: HOWLAND, R. D.; MYCEK, M. J. Far- macologia Ilustrada. 3. ed. Porto. Alegre: Artmed, 2008 3. FARMACOTERAPIA A via de administração dos anticoa- gulantes pode ser oral ou parenteral (intravenoso ou subcutâneo) a de- pender do fármaco. A primeira pos- sui efeito mais lento que a segunda, por conta da maior biodisponibilidade dessa administração parenteral. 6ANTICOAGULANTES Como já foi apresentado, a principal complicação da anticoagulação é o sangramento e devemos avaliar se a eficácia do tratamento é mais be- néfica que o malefício desse efeito colateral. SAIBA MAIS! A terapia tromboembólica por meio de agentes anticoagulantes consiste numa das formas de diminuir o risco de ventos cardiovasculares (IAM, angina, AVE, AIT, TVP e TEP) em pa- cientes com arritmia (principalmente FA). No entanto, por conta do alto risco de sangramento, devemos ponderar a necessidade de entrar ou não com essa profilaxia, visto que isso pode causar um malefício pior do que o já instaurado nesse paciente. Assim, foi criado um critério para estratificarmos o risco de ocorrer esses eventos, chamado de escore CHA2DS2-VASc ou de Birmingham 2009 (atualização do CHADS2). Esse escore está descrito na tabela abaixo CHA(2)DS(2)-VASC CRITÉRIOS PONTOS C Insuficiência cardíaca 1 H Hipertensão 1 A2 Idade ≥ 75 anos 2 D Diabetes mellitus 1 S2 AIT ou AVC prévio 2 V Doença vascular (IAM prévio, DCA, etc.) 1 A Idade (65 a 74 anos) 1 Sc Sexo (se feminino) 1 Tabela 1. Escore de risco de birmingham 2009 – (ou cha2ds2-vasc) Admite-se como paciente de: • Alto risco (2 pontos ou mais): Devemos fazer anticoagulação plena no paciente; • Risco intermediário (1 ponto): Avaliamos se optamos por uma anticoagulação plena ou antiagregação no paciente; • Baixo risco (0 pontos): Realizamos a antiagregação ou nada. Vale ressaltar que anti-inflamatórios e analgésicos, como o ácido acetil- salisílico (AAS) contribui no aumento da potência dos anticoagulantes, po- dendo serem usados associados ou não, a depender da terapia otimizada. Anticoagulação via parenteral Heparinas (heparina não fracionada e heparina de baixo peso molecular) As heparinas são anticoagulantes injetáveis de rápida ação, sendo usa- das com frequência para interferir na 7ANTICOAGULANTES formação de trombos. As mais usa- das são a heparina não fracionada (HNF) e a de baixo peso molecular (HBPM). Ambas possuem mesma função (aceleram a inativação dos fatores de coagulação pela antitrom- bina),mesmo uso terapêutico e mes- mos efeitos adversos, apenas diver- gindo quanto mecanismo de ação e farmacocinética. As HNF consistem numa mistura de glicosaminoglicanos aniônicos de ca- deias retas, com ampla faixa de mas- sas moleculares. • Mecanismo de ação: O efeito anti- coagulante da HNF ocorre por meio de sua interação com antitrombina III (ATIII), resultando numa rápida inativação da coagulação. Essa al- fa-globulina que atua na inibindo os fatores IIa (trombina), Xa, IXa, XIa e XIIa. A HNF apenas acelera essa inibição. Após a ligação com a ATIII, há uma alteração confor- macional na HNF que ajuda na ca- tálise de inúmeras outras ATIII; • Farmacocinética: Não são bem absorvidas pelo trato gastrointes- tinal, sendo administradas por via subcutânea ou intravenosa con- tínua (sempre titulando sua dose visando um tempo de tromboplas- tina parcial ativado – TTPa – igual a 1,5 e 2,5 vezes o valor de referên- cia). Sua ativação em minutos, por via IV, e em 1-2 horas, por via SC. Pode se ligar com diversas proteí- nas plasmáticas, o que reduz sua meia-vida para 1,5 h aproximada- mente. Possuem como antídoto o sulfato de protamina, ajudando na reversibilidade de ação. Já as HBPM, são moléculas derivadas das HNF submetidas a processo de despolimerização, reduzindo 2/3 do seu peso molecular original: • Mecanismo de ação: Ao se liga- rem com a ATIII, inativam, predo- minantemente, o fator Xa, se li- gando menos a trombina. Após a ligação com a ATIII, há uma altera- ção conformacional na HBPM que ajuda na catálise de inúmeras ou- tras ATIII; • Farmacocinética: São administra- das via SC, tendo ativação máxima após 4 h da injeção. Por conta da previsibilidade do efeito anticoa- gulante, a monitorização dos va- lores de coagulação não é neces- sária, sendo o teste preconizado a dosagem dos níveis de anti-Xa. Por conta da redução na sua con- formação, quando comparada com a HNF, há uma redução na ligação dela a proteínas plasmáticas, ten- do uma meia-vida de 3 a 12 horas. Diferente da HNF, ela não possui antídoto para reversão rápida de sua ação. 8ANTICOAGULANTES Ambos são biotransformados no fí- gado, sendo excretados por via renal. As heparinas limitam a formação de trombos, tendo uso terapêutico no tratamento de tromboembolismos venoso agudo e na profilaxia de trom- bose venosa profunda (TVP) e trom- boembolismo pulmonar (TEP) em paciente com síndrome coronariana aguda (SCA) ou pós-cirurgia (ficar muito tempo acamado) e com arrit- mia, como fibrilação atrial (FA). Seus principais efeitos adversos são: sangramento (pode ser controlado in- terrompendo o tratamento ou usando sulfato de protamina, o infundido lentamente), trombocitopenia (deve ser interrompido se for acentuada) e osteoporose (tratamento prolonga- do). Vale lembrar que esses efeitos são mais potentes em pacientes com HNF que HBPM. Heparinas são contraindicadas em pacientes com: hipersensibilidade a heparina; lactantes; distúrbio de co- agulação; alcoolismo; neurocirurgias recentes no cérebro ou medula; pro- cedimentos cirúrgicos oftálmicos. Figura 3. Diferença no mecanismo de ação das HNF e HBPM. Fonte: https://titulomasterentrombosis.com/ asignatura-5/ 9ANTICOAGULANTES Argatrobana Esse anticoagulante é um inibidor direto de trombina, sendo usada na prevenção de trombose em pacientes com trombocitopenia induzida por heparina (TIH) e em pacientes que serão submetidos a intervenção coro- nária percutânea (ICP). Ao ser optado esse tratamento, devemos monitorar o TTPa, hemoglobina e hematócrito do paciente Ela é biotransformadas por via he- pática, podendo ser usada em pa- cientes com disfunção renal por seus metabólitos não serem nefrotóxicos. No entanto, devem ser usados com cautelas nos pacientes com insufici- ência hepática. Possui meia-vida de 39 a 51 minutos. Como todo anticoagulante, seu efeito adverso principal é o sangramento. Bivalirudina e desirudina São análogos a hirudina, um inibidor da trombina derivado da saliva de sanguessuga. Assim, atuam como inibidores reversíveis diretos sele- tivos das trombinas, agindo tanto nos centros catalíticos dessas enzi- mas livres, como naquelas ligadas ao coágulos. Por inibirem a trombina, acabam aumentando o TTPa, sendo recomendado sua monitorização. São administrados por via IV. A bivalirudina é uma alternativa a heparina em pacientes que são submetidos: à ICP, que tem risco ou podem desenvolver TIH; à angioplas- tia, tendo histórico de angina instável. Geralmente, tem meia-vida de 25 mi- nutos, necessitando de ajuste em do- sagem se o paciente apresentar dis- função renal. Já a desirudina, é indicada como pre- venção de TVP em pacientes acama- dos após cirurgia de substituição de bacia. O efeito adverso principal desses inibidores direto de trombina é o sangramento. Fondaparinux Esse anticoagulante é um inibidor se- letivo do fator Xa. Ao se ligar a ATIII, o fondaparinux potencializa a inibição natural do fator Xa pela ATIII. É usado como tratamento de TVP e TEP, além de servir como profilaxia de trombose venosa em pacientes acamados após cirurgias ortopédicas a e abdominais. É administrado por via SC e tem far- macocinética previsível e, por isso, não necessita de monitorização de mesma magnitude que a HNF. Pos- sui meia-vida de 17-21 horas e é eli- minada, praticamente inalterada, por via urinária. Seus efeitos adversos são: san- gramento e trombocitopenia (me- nos acentuada que a causada pela heparina). Não existe antídoto para fondaparinux. 10ANTICOAGULANTES É contraindicado em pacientes sub- metidos a punção lombar ou cirurgia de medula espinhal. Anticoagulação via oral Dabigratana Esse anticoagulante consiste num inibidor direto de trombina de ação lenta, aumentando a velocidade na ação inibitória da ATIII na trombina li- vre e na ligada ao coágulo. Seu uso terapêutico é recomenda- do na profilaxia de AVE e tromboem- bolismo nos pacientes com fibrilação atrial não valvar. É uma alternativa à enoxaparina na profilaxia de trombo- se em cirurgia ortopédicas por pos- suir farmacocinética previsível, não precisando de monitorização. É administrado por via oral e é bas- tante hidrolisada, sendo necessário ser ingerida com cápsulas para evitar redução na potência desse fármaco. É bastante absorvido pelo trato GI e em pH ácido (o uso de inibidor de bomba de próton pode reduzir sua absorção), na sua forma pró-fármaco (etexilato de dabigatrana), não haven- do interação com alimentos. Sua ação tem início após 2 horas e meia-vida de 12 a 17 horas. Sua eliminação é, predominantemente, pelo rim. Seus efeitos adversos consistem em: hemorragia; dispepsia; dor abdo- minal; esofagite. Deve-se evitar inter- rupção abrupta de sua terapia. Já suas contraindicações, são mais relevantes: pacientes com válvulas cardíacas prostéticas mecânicas (C.I. absoluta) ou bioprostéticas (C.I. relati- va). Deve-se ter cautela com seu uso, principalmente em pacientes com in- suficiência renal, pois há, neles, um maior risco de sangramento. Rivaroxabana e apixabana Ambos anticoagulantes são inibido- res do fator Xa, se ligando ao cen- tro ativo dessa enzima e impedindo a conversão de protrombina em trom- bina. Da mesma forma que dabiga- trana, eles não há exigência de uso de monitoramento. O rivaroxabano é recomendado para a profilaxia tromboembólica (TEP, TVP e AVE) em pacientes com fibrila- ção atrial não valvar. É bem absorvida pelo trato GI, principalmente quando há ingestão de alimento, se ligando facilmente a proteínas plasmática, sendo biotransformadas por via he- pática, formando metabólitos inati- vos que serão eliminados pela urina e fezes. Cerca de 1/3 do medicamento original é excretado via urinária. O apixabano é indicado como pro- filaxia de AVE na fibrilação atrial não valvar. Também é bem absorvido pela mucosa gastrointestinal, sendo meta- bolizada no fígado. 27% do fármaco original é excretado por via renal. O efeito adverso principal desses inibidoresdireto de trombina é o 11ANTICOAGULANTES sangramento. Assim, se o paciente possuir disfunção renal, pode haver prolongamento da hemorragia (me- nor eliminação renal do fármaco). Não há antídotos para ambas. Por fim, sua contraindicação consis- te em pacientes com disfunção renal grave, apresentando clearence de creatina < 15 mL/min. Varfarina A varfarina consiste no antagonista de vitamina K mais difundido, clini- camente, quando comparado com outros anticoagulantes cumarínicos. Deve ser administrada juntamen- te com monitoramento das funções hemostáticas, tendo o INR como pa- drão, por conta de seu índice terapêu- tico estreito. Sendo assim, o objetivo de seu tratamento é manter, para a maioria dos pacientes, um INR entre 2 e 3. Com exceção dos pacientes que possuam válvulas mecânicas, em que seu INR deve estar entre 2,5 e 3,5. Ela é indicada: na prevenção e no tra- tamento de TVP e TEP; na prevenção de AVE em paciente com/sem FA e/ ou válvulas cardíacas prostéticas; na deficiência de proteína C e S; na sín- drome antifosfolipídica; na profilaxia de TVP após procedimentos cirúrgi- cos ortopédicos ou ginecológicos. O mecanismo de ação desse anta- gonista consiste na inibição do enzi- ma que reduzi a vitamina K em cofator necessário para produção dos fatores de coagulação. Essa enzima é co- nhecida como vitamina K-epóxido- -redutase. Sendo assim, após essa vitamina sofrer a oxidação durante a produção do resíduo de →-carboxi- glutamila, a varfarina inibe a redução, produzindo menos vitamina K reduzi- da para formação de mais fatores de coagulação. CONCEITO! A vitamina K reúne um grupo de substâncias lipossolúveis que tem papel fundamental nas reações metabólicas que regem a coagulação sanguínea. Isso ocorre devido a neces- sidade dessa vitamina para produção dos fatores II, VII, IX e X no fígado. Ao ser reduzida, elas funcionam como cofa- tor na produção dessas fatores da coa- gulação, por meio da adição de resíduos →-carboxiglutamila, estrutura resultante da reação entre O2, CO2 e precursores desses fatores de coagulação. Esse re- síduo compõe a estrutura molecular dos fatores II, VII, IX e X em sua forma inati- va. Além desse resíduo, também é pro- duzido vitamina K epóxido. A redução da vitamina K é feita pela vi- tamina K-epóxido-redutase com um auxílio de NADPH. Assim, essas duas estruturas, ao encontrarem a vitamina K epóxido, eles reduzem essa molécula li- possolúvel, oferecendo novamente esse cofator como substrato para a formação de mais fatore de coagulação. 12ANTICOAGULANTES Precursores do fator de coagulação II, VII, IX e X Fatores de coagulação II, VII, IX e X VIT. K reduzida VITAMINA K VIT. K oxidada A varfarina possui rápida absorção pelo trato GI, tendo biodisponibili- dade de 100% e se ligando bem a albumina (evitando sua difusão para líquor, urina e leita materno). Seu pico de ativação ocorre em 90 minutos, tendo meia-vida de 36 a 42 horas. São biotransformados no fígado e seus metabólicos são eliminados na urina e fezes. Seu efeito farmacológico é: poten- cializado por intoxicação aguda de álcool, amiodarona, fluconazol, me- tronidazol e sulfametoxazol com tri- metoptima; atenuado por consumo crônico de álcool, barbitúricos, diclo- xacilina e rifampicina. Como efeitos adversos, a varfari- na apresenta: hemorragia; dermatite; necrose da mama, da parede abdo- minal, pênis e pele nas extremidades inferiores; irritação gastrointestinal, urticária; elevação das transamina- ses. Seu antídoto consiste na admi- nistração de vitamina K por via oral ou IV, a depende da gravidade, tendo re- versão dos sintomas após 24 horas. Como contraindicação absoluta te- mos a gestação, devido a sua alta po- tência teratogênica. Assim, em gravi- dades, o recomendado é heparina. Figura 4. Mecanismo de inibição feito pela var- farina. Fonte: http://www.animalresearch. info/en/drug-development/drug-prescriptions/ worfarin-sodium-anticoagulant/ 13ANTICOAGULANTES MAPA MENTAL Anticoagulantes via parenteral Heparinas Anticoagulantes via oral C.I E.A. Indicações HBPM HNF Hipersensibilidade, lactantes, distúrbio de coagulação, alcoolismo, cirurgias de cérebro, medula e olhos. Hemorragia, trombocitopenia e osteoporose Tratamento de TVP e TEP; Prevenção de TVP e TEP em pacientes com SCA, FA ou acamados Acelera inibição da Xa Antídoto: Sulfato de protamina Acelera inibição de trombina, Xa, IXa, XIa e XIIa Seletivo E.A. Não- seletivo Inibidores de Xa Inibidores direto de trombina Fondaparinux E.A. C.I Indicações Sangramento; trombocitopenia Punção lombar; Cirurgia de medula espinhal; Tratamento de TVP e TEP; Prevenção de trombose em pacientes após cirurgias ortopédicas e abdominais Desirudina Hemorragia Argatrobana Bivalirudina INDICAÇÃO: TIH, ICP pacientes anginosos instáveis submetidos a angioplastia INDICAÇÃO: Prevenção de TVP em pacientes acamados após cirurgia de substituição bacia INDICAÇÃO: TIH e ICP Antagonista de vitamina K Inibidores de Xa Inibidores direto de trombina Antídoto: Vitamina K E.A. C.I. Indicações Hemorragia; dermatite; necrose de mama, parede abdominal e pênis; irritação GI; urticária; elevação de transaminases Gestação Prevenção e tratamento de TVP e TEP; na prevenção de AVE em paciente com/sem FA e/ou válvulas cardíacas prostéticas; na deficiência de proteína C e S; na síndrome antifosfolipídica; na profilaxia de TVP após procedimentos cirúrgicos ortopédicos ou ginecológicos E.A. C.I. Apixabano Rivaroxabano Hemorragia Disfunção renal grave (depuração de Cr < 15 mL/min) INDICAÇÃO: Prevenção de AVE em pacientes com FA não valvar INDICAÇÃO: Prevenção de TVP, TEP e AVE em pacientes com FA não valvar Indicações E.A. C.I. Profilaxia de AVE, TEP e TVP em pacientes com FA não valvar OU acamados após cirurgia ortopédica Hemorragia, e sintomas GI (dispepsia, dor abdominal e esofagite) Relativas: Pacientes com biorpoteses valvares cardíacas e com disfunção renal. Absoluta: Pacientes com próteses valvares mecânicas Dabigatrana 14ANTICOAGULANTES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes - 2019. WHALEN.K Farmacologia Ilustrada - 6ª ed.Porto Alegre: Artmed, 2016 RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M. Farmacologia. 8ª ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. GOMEZ, Rosane Farmacologia clínica. 1ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 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