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Autor: Viviane Giori Côco Ficou com alguma dúvida? Entre em contato com a gente nas redes ao lado. A série estadunidense “The Good Doctor” retrata o cotidiano de um médico portador de autismo, evidenciando a necessidade de inclusão de pessoas em diversos âmbitos da sociedade. Fora da ficção, as relações sociais das pessoas autistas no Brasil estão próximas do exposto no seriado, uma vez que, seja pela dificuldade no diagnóstico, seja pela falta de inclusão dessas crianças na escola, o assunto não é debate prioritário no Brasil. Assim, faz-se necessário analisar a importância da discussão acerca do autismo no cenário nacional. Em primeiro lugar, é inegável que o diagnóstico dessa condição é feito de forma tardia no Brasil. De fato, devido à ausência de campanhas de conscientização sobre o assunto, muitas famílias desconhecem os sintomas do espectro e atribuem o comportamento singular da criança à sua personalidade, o que impede a busca por auxílio médico. Nessa perspectiva, a ausência do diagnóstico pode causar conflitos familiares, tendo em vista que os pais cogitam que a criança apresenta tal conduta de propósito, castigando-a por isso e, ao mesmo tempo, a criança tende a sentir-se culpada pela situação, fator que pode desencadear traumas psicoemocionais, como a depressão. Somado a isso, a falta de formação acadêmica específica nessa área faz com que os pediatras não cogitem a possibilidade do autismo nos primeiros meses de vida, fator que diminui a chance da terapia ser bem- sucedida, na medida em que esse período é o ideal para realização de tratamento. Outrossim, é indubitável que as escolas não possuem as ferramentas necessárias para acolher as crianças autistas. Em verdade, isso decorre da peculiaridade comportamental dos portadores dessa condição, como a alta sensibilidade e a dificuldade de interação social, o que exige aplicação de atividades específicas para estes e acompanhamento profissional constante, condições que não são atendidas pela falta de formação dos professores e pelo baixo nível de investimento estatal para contratar cuidadores aptos à profissão. Além disso, o bullying praticado pelos colegas também atrapalha a inclusão dos autistas no contexto escolar, panorama que tem forte potencial de criar aversão à escola nesses indivíduos, os quais associam o colégio, nesse cenário, a um ambiente tóxico e negativo. Dessa forma, a exclusão dos autistas consequente desses fatores vai de encontro ao princípio de equidade aristotélico, o qual defende que “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”, uma vez que não existem políticas públicas para promover a adequação das escolas a esses sujeitos. Logo, medidas são necessárias para a resolução desse impasse. Para isso, cabe ao Ministério da Educação, por meio de investimentos estatais, contratar psicólogos concursados para cada unidade escolar, a fim de ajudar a identificar crianças com autismo e auxiliar no tratamento dos autistas já matriculados. Ademais, os professores deverão receber cursos gratuitos sobre maneiras de ensinar alunos que tem alguma deficiência, com o intuito de tornar o ambiente escolar mais produtivo para todos. É somente assim que o Brasil será capaz de acolher os autistas de forma contrária à representada pela série.
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