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Livro - Thelmo, 2018 Jurismestre

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Prévia do material em texto

Thelmo de Carvalho Teixeira Branco Filho 
 
 
 
 
 
 
 
A CONVENIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DA DIRETIVA 
QUADRO DA ÁGUA NO ORDENAMENTO JURÍDICO 
BRASILEIRO COMO MEDIDA EFETIVA DE JUSTIÇA 
AMBIENTAL 
 
O caso da exploração do Nióbio em Catalão 
 
 
 
 
 
Prefácio: 
Profa. Dra. Maria Alexandra de Sousa Aragão 
 
Apresentação: 
Prof. Dr. Tadeu Fabrício Malheiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDITORA JURISMESTRE 
 
 CONSELHO EDITORIAL 
 
Presidente: 
Pablo Jiménez Serrano. Doutor em Direito, UNISAL, Lorena-SP, Unifoa-RJ, UBM-RJ. 
 
Membros: 
Prof. Dr. Celso Antonio Pacheco Fiorillo (Academia de Direitos Humanos/Brasil). Chanceler da Academia 
de Direitos Humanos é o primeiro professor Livre Docente em Direito Ambiental do Brasil bem como Doutor e Mestre 
em Direito das Relações Sociais (pela PUC/SP). Miembro colaborador del Grupo de Investigación Reconocido 
IUDICIUM: Grupo de Estudios Procesales de la Universidad de Salamanca (ESPAÑA) y Director Académico del 
Congreso de Derecho Ambiental Contemporáneo España/Brasil-Universidad de Salamanca (ESPAÑA). Professor 
convidado visitante da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Tomar (PORTUGAL) e Professor 
Visitante/Pesquisador da Facoltà di Giurisprudenza della Seconda Università Degli Studi di Napoli (ITALIA). 
Grasiele Augusta Ferreira Nascimento. Doutora em Direito, UNISAL, Lorena-SP. 
Rolando Antonio Rios Ferrer. Doutor em Direito. Universidade Lusófona de Cabo Verde. 
Mario González Arencibia. Doutor em Ciências Econômicas. Universidad de Habana, Cuba. 
Lino Rampazzo. Doutor em Teologia pela Pontificia Università Lateranense (Roma). 
Cláudia Ribeiro Pereira Nunes.PhD, PPGD/UVA, UBM-RJ 
Ana Maria Viola. Doutora em Direito. UNISAL, Lorena-SP. 
Daniele Mattoso Hammes.Doutora em Sociologia Política, UBM-RJ. 
 
CONSELHO CIENTÍFICO-TÉCNICO 
Revisão Editorial: Pablo Jiménez Serrano. Diretor. 
Revisão Textual: Maricineia Pereira Meireles da Silva, UBM e UniFOA. 
Tradução:José Alfredo Jiménez Serrano. Professor de Língua Inglesa e Literatura Espanhola. 
Projeto gráfico da capa: Luciano Fonseca. Tecnologia de Sistema de Computação, UFF. 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
Bibliotecária: Alice Tacão Wagner - CRB 7/RJ 4316 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Editoração e Acabamento: 
Editora Jurismestre – Rua H, n. 173 
Fone: (24) 99905-8200 – 27251-223 – Volta Redonda, RJ. 
www.loja.jurismestre.com.br 
contato@jurismestre.com.br 
 
 
B816c Branco Filho, Teixeira, Thelmo de Carvalho. 
 A conveniência da implementação da diretiva quadro da água no 
ordenamento jurídico brasileiro como medida efetiva de justiça 
ambiental: o caso da exploração do nióbio em catalão. [livro eletrônico] / 
Teixeira Branco Filho; Thelmo de Carvalho. – Rio de Janeiro: 
Jurismestre, 2018. 
 
 318 p. : Il. 
 
 
 ISBN 978-85-69257-46-2 
 
 
 1. Direito ambiental. 2. Meio ambiente. I. Título. 
 
 
CDD – 344.046 
 
 
http://www.loja.jurismestre.com.br/
AGRADECIMENTOS 
 
Tendo a lucidez de que esta etapa não teria sido cumprida sem a colaboração dos meus 
amados pais Thelmo e Maria Augustinha, dedico esta obra a eles, em nome da minha eterna 
admiração e gratidão. 
À minha irmã, Márcia Christina, uma guerreira nata, que a cada dia me ensina, 
sabiamente, a superar as vicissitudes da vida, demonstrando que para viver é preciso ter 
coragem e muita fé. 
Ao meu irmão, Fábio Eduardo, que mesmo distante, na ilha da magia, sempre emanou 
boas vibrações. 
Agradeço á Professora Maria Alexandra de Sousa Aragão, que prefaciou a obra, 
honrado por suas generosas palavras e, ainda, por ter me incentivado e encorajado a tratar de 
um tema tão relevante, que é o Meio Ambiente. 
Ao Professor Tadeu Fábricio Malheiros, uma reverência especial a este pesquisador nato, 
da área de Engenharia Ambiental, que apresentou a obra, meus sinceros agradecimentos e minha 
eterna admiração. 
Á Professora Regina Vera Villas Bôas por ter me ensinado que é possível concretizar 
os sonhos de uma maneira bem mais leve e com galhardia, minha eterna gratidão. 
Agradeço aos professores da Universidade Federal de Goiás, Laurindo Elias Pedrosa e 
Percy Boris Wolf Klein que me ensinaram a compreender os ditames da geografia e da 
geologia. 
Não poderia deixar de agradecer os funcionários da SEMMAC – Secretaria Municipal 
de Meio Ambiente de Catalão, especialmente, á Thatiana Mesquita, Marcus Vinicius 
Fernandes e o professor Marcelo Mendonça, pela documentação necessária ao deslinde desta 
obra. 
Gratidão aos professores da Universidade de Coimbra, sobretudo, os professores, 
Jónatas Eduardo Mendes Machado, da Faculdade de Direito (FDUC), Ana Raquel Matos, do 
Centro de Estudos Sociais (CES), Fernando Antunes Gaspar Pita, do Departamento de 
Ciências da Terra, que não mediram esforços para que essa obra pudesse ser realizada e me 
acrescentar a inenarrável experiência acadêmica vivida como investigador. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Prospecção mineral de Catalão 41 
Figura 2 – Sinergia entre os negócios nióbio e fosfato 45 
Figura 3 – Geologia supre informações sobre a reservade nióbio 46 
Figura 4 – Planejamento de lavra guiando as operações de mina 46 
Figura 5 – Britagem e moagem reduzem o tamanho das partículas 
de 500 mm até 0,1 mm 47 
Figura 6 – Planta de concentração produz minerais de nióbio por flotação 48 
Figura 7 – Lixiviação remove impurezas como o fósforo 48 
Figura 8 – A pirometalurgia (reação aluminotérmica) produz FeNb 49 
Figura 9 – Projeto Boa Vista Rocha Fresca 49 
Figura 10 – Comercialização de nióbio 51 
Figura 11– Produção de nióbio 51 
Figura 12 – Investimento de nióbio 52 
Figura 13 – Fluxograma simplificado ilustrando a emissão de vapor contaminado 60 
Figura 14 – Emissões nas torres de resfriamento de água da unidade de ácido fosfórico 61 
Figura 15 – Rosa dos ventos referente ao período de 23/01 a 31/05/2014 em Catalão-GO66 
Figura 16 – Foto aérea da Fazenda Mandaguari 67 
Figura 17 – Foto de localização do ponto de amostragem de particulados na Fazenda 
Coqueiros em Catalão-GO, mostrando a direção predominante dos ventos no período de 
26/08 a 28/09/2014 67 
Figura 18 – Foto das folhas de fícus atingidas por material particulado, impedindo a 
transpiração foliar 68 
Figura 19 – Foto indivíduo de Candiuba (Trema micanthra) afetada pela poluição 68 
Figura 20 – Indivíduos de Candiuba (Trema micanthra) e 
Pororoca (Rapanea gardneriana) afetadas pela poluição do ar 68 
Figura 21 – Indivíduos de aroeira (astronium fraxinifolium) afetadas pela poluição do ar 69 
Figura 22 – Indivíduos de aroeira (astronium fraxinifolium) afetadas pela poluição do ar 69 
Figura 23 – Foto de indivíduos de eucaliptos (ao fundo) afetados pela poluição 69 
Figura 24 – Foto das folhas de capim colonião crescidas em áreas próximas ao centro 
emissor de flúor, mostrando sintomas característicos de fitotoxidade 
(clorose laminar e necrose na extremidade foliar) 70 
Figura 25 – Foto de nuvem de poeira formada após o desmonte de rocha 72 
Figura 26 – Poeira emitida pelo trânsito de caminhões e máquinas no depósito 
de estéril da Anglo American Nióbio Brasil 72 
Figura 27 – Foto de poeira emitida pelo trânsito de caminhões e 
máquinas na estrada que interliga a mina Boa Vista ao depósito de estéril (Wando) 
da Anglo American Nióbio Brasil 73 
Figura 28 – Foto de Amostrador AGV-PTS instalado na Fazenda Coqueiro (26/08/2014)74 
Figura 29 – Concentrações diárias de PTS na Fazenda Coqueiro, de 27/8a 28/9/14 76 
Figura 30 – Comparação entre os resultados do monitoramento na zona rural (Fazenda 
Coqueiro) e na zona urbana (CESUCeSAE) 76 
Figura 31 – Comparação entre os resultados do monitoramento na zona rural (Fazenda 
Coqueiro) e na zona urbana (CESUCeSAE) 77 
Figura 32 – Comparação entre os níveis de pressão sonora corrigidos e o NCA 
para ambiente de sítios e fazendas 79 
Figura 33 – Investimentode nióbio 84 
Figura 34–Degradação 84 
Figura 35 – Estudo hidrogeológico e hidrológico 85 
 
Figura 36 –Gerenciamento hídrico 86 
Figura 37 –Ciclo hidrológico 87 
Figura 38 – Campanha de redução de consumo 88 
Figura 39 – Série histórica pluviométrica 88 
Figura 40– Reservatório 89 
Figura 41 –Caixad´água 89 
Figura 42 –Reservatório subterrâneo 90 
Figura 43– Mapa 91 
Figura 44 – Distinções do “terreno”(geologia) 91 
Figura 45 – A gerar a caixad´água (aquífero) 92 
Figura 46 – Mapa de sistemas aquíferos da região do complexo mineral Catalão 92 
Figura 47 – Contexto hidrológico regional 93 
Figura 48–Interação 94 
Figura 49 –Domo I 94 
Figura 50 –Domo II 95 
Figura 51– Espacialização 95 
Figura 52– Resultados 96 
Figura 53 – Fotografia demonstrando a intervenção ocorrida no local motivada 
pela denúncia 97 
Figura 54 – Fotografia demonstrando a intervenção ocorrida no local motivada 
pela denúncia 98 
Figura 55 – Fotografia demonstrando a intervenção ocorrida no local motivada 
pela denúncia 98 
Figura 56 – Fotografia demonstrando a intervenção ocorrida no local motivada 
pela denúncia 98 
Figura 57 – Fotografia demonstrando a intervenção ocorrida no local motivada 
pela denúncia 99 
Figura 58 – Fotografia demonstrando a intervenção ocorrida no local motivada 
pela denúncia 99 
Figura 59 – Croqui de localização do ponto de coleta 100 
 
LISTA DE QUADROS E TABELAS 
 
 
QUADRO 1 Critérios para gradação da pena 71 
QUADRO 2 Índices de qualidade do ar para partículas totais em suspensão 74 
QUADRO 3 Nível de critério de avaliação (NCA) para ambientes externos, em dB(A) 77 
QUADRO 4 Distribuição dos recursos naturais no Brasil 151 
TABELA 1 Ranking dos países de origem e destinação do nióbio 37 
TABELA 2 Resumo do comércio exterior 37 
TABELA3 
TABELA4 
Mapeamento da poluição 
Concentrações diárias e índices de qualidade na Fazenda Coqueiro, 
de 27/08 a 28/09/2014 
64 
 
75 
TABELA 5 Níveis de pressão sonora aferidos na Fazenda Coqueiro 77 
TABELA 6 Níveis de pressão sonora corrigidos 78 
TABELA 7 Resultados da análise físico-química 100 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
GRÁFICO 1 – Variação de índice de produção mineral 2012-2015 32 
GRÁFICO 2 – Variação de índice de produção mineral no mesmo 
mês do anoanterior, 2º/2015 32 
GRÁFICO 3 – Variação de índice de produção mineral no mês anterior em 2015 33 
GRÁFICO 4– Nióbio 34 
GRÁFICO 5 – Comércio exterior dosetormineral 34 
GRÁFICO 6 – Distribuição das exportações por produto mineral 35 
GRÁFICO 7 – Destinosdas exportações 36 
GRÁFICO 8 – Países de origemdas importações 36 
GRÁFICO 9 – Royalties do setormineral 39 
GRÁFICO 10 – Arrecadação da Taxa Anual por Hectare (TAH) 40 
GRÁFICO 11 – Conflitos pela água no campo 83 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
PREFÁCIO 
 
APRESENTAÇÃO 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
11 
 
13 
 
15 
1 O MINERAL NIÓBIO: CONTEXTUALIZAÇÃO GLOBAL, 
BRASIL E CATALÃO, ESTADO DE GOIÁS 
 
22 
1.1 Nióbio – composição e utilização 22 
1.2 Extração e comercialização mundial e nacional 27 
1.3 Particularidades da extração em Catalão 41 
2 COROLÁRIO LÓGICO DA EXTRAÇÃO MINERAL QUANTO À 
PROTEÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS 
 
55 
2.1 Riscos globais da extração mineral em geral e do nióbio 55 
2.2 Os impactos na água 81 
2.3 Exploração do nióbio e preservação da água em Catalão 82 
3 APARELHAMENTO JURÍDICO EM TORNO DA MINERAÇÃO 104 
3.1 Vetores de interpretação do direito ambiental 104 
3.2 Princípio da prevenção 104 
3.3 Princípio da correção na fonte 107 
3.4 Princípio da precaução 108 
3.5 Princípio do poluidor pagador ou do beneficiário pagador? 110 
3.6 Princípio da integração 111 
3.7 Princípio da participação 112 
3.8 Princípio do nível elevado de proteção ecológico 113 
3.9 Princípio da proibição do retrocesso ecológico 115 
3.10 Princípio da sustentabilidade 116 
3.11 O direito ambiental aos olhos da transdisciplinaridade e efetividade 118 
3.12 
 
3.13 
 
3.14 
A conveniência da implementação da Diretiva Quadro da Água no 
ordenamento jurídico brasileiro 
Princípios específicos aplicáveis à água e sua tutela no ordenamento 
jurídico brasileiro 
Recursos hídricos à luz da Constituição estadual de Goiás e da legislação 
estadual de Goiás 
 
 
127 
 
142 
 
 
3.15 Técnicas de proteção europeia aplicáveis à mineração no Brasil 149 
3.16 Responsabilidade civil ambiental em torno da mineração no ordenamento 
jurídico brasileiro 
 
160 
3.17 Responsabilidade civil ambiental no ordenamento jurídico lusitano 166 
3.18 Licenciamento ambiental e a PEC n.65/2012 170 
3.19 Licenciamento ambiental na prática da mineração em Catalão 170 
3.20 Licenciamento ambiental no direito lusitano 176 
3.21 A compulsoriedade de professar as melhores técnicas disponíveis (MTD) 
no licenciamento ambiental brasileiro 
 
180 
4 JUSTIÇA AMBIENTAL 188 
4.1 Movimentos sociais e a efetividade democrática 188 
4.2 Justiça ambiental – participação dos cidadãos nas decisões políticas 
sobre a mineração, por meio de casos concretos de Portugal 
e da América Latina 
 
 
192 
 
4.3 Conflitos e demandas populares em Catalão como ingerência nas 
políticas de extração do nióbio, com vista à proteção da água 204 
4.4 Estado de direito ambiental com vista a garantir a sustentabilidade 
da justiça intergeracional 212 
4.5 A interdependência entre o direito ambiental e os direitos humanos 217 
CONCLUSÕES 222 
REFERÊNCIAS 226 
ANEXO – Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 23 de 
outubro de 2000 que estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da 
política da água 
11 
 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
 
A mineração é uma atividade económica bem conhecida, cujos efeitos ambientais se 
alastram no espaço e perduram no tempo. Acidentes ambientais associados a atividades de 
extração mineral celebrizaram, pelas piores razões, algumas localidades como Mariana (2015) e 
Brumadinho (2019) no Brasil ou Baia Mare (2000) na Roménia. A simples enunciação dos nomes 
faz ecoar, na memória coletiva, imagens trágicas de sofrimento humano e destruição ambiental de 
extensão e intensidade inimagináveis. 
Sendo uma atividade tradicional, com efeitos bem conhecidos, sobretudo nos países que 
têm a “sorte” de ser possuidores de recursos minerais no seu território, ainda não se encontrou uma 
solução jurídica para conciliar, por um lado, uma atividade económica que continua a ser a base do 
desenvolvimento económico-social das modernas sociedades tecnológicas, e por outro, a proteção 
dos frágeis ecossistemas envolventes e da qualidade de vida humana dos moradores e dos 
trabalhadores, posta em cheque diariamente pela poluição crónica e, esporadicamente, pela 
poluição acidental. 
A novidade do tema está no minério, que é objeto do presente estudo do Doutor Thelmo de 
Carvalho Teixeira Branco Filho: o nióbio. O número crescente de utilizações desse metal de 
transição, pelas suas características, nomeadamente como catalisador ou supercondutor, fazem 
aumentar exponencialmente o seu interesse industrial e a sua procura no mercado mundial. 
Mas, além da originalidade do objeto de estudo, aquilo que caracteriza a obra “A 
conveniência da implementação da Diretiva Quadro da Água no ordenamento jurídico brasileiro 
como medida efetiva de justiça ambiental: o caso da exploração do Nióbio em Catalão”, do Doutor 
Thelmo Filho, são a sua ambição e abrangência. 
A ambição 
Os desafios enfrentados neste estudo são gigantescos. O objetivo último é, como afirmado 
pelo autor, “evitar um colapso social por conta da mineração, com a consequente extinção da 
população catalana, haja vista a ausência de água potável, o que ressoa a impossibilidade de se 
viver nesta região onde é extraído o nióbio”. 
A magnitude do problema obriga Thelmo Filho a abordar temáticas tão vastas e complexas 
como o Estado de Direito Ambiental, a sustentabilidade, a democracia ambiental ou a justiça 
intergeracional. 
12 
 
Os instrumentos jurídicos e jus-ambientais mobilizadospara analisar os conflitos da 
mineração, vão desde o direito minerário ao direito da água, desde a responsabilidade civil à 
responsabilização criminal, tendo sempre como pano de fundo o direito ambiental, porque é 
efetivamente o dano ambiental associado à extração mineral em geral, e à extração de nióbio em 
particular, que motiva o aprofundado estudo do Doutor Thelmo Filho. 
As propostas de solução são procuradas em diferentes níveis do Direito. Uma panóplia de 
fontes jurídicas de diferentes proveniências e com forças jurídica díspares, convergem na obra de 
Thelmo Filho, na tentativa de construir o puzzle jurídico da mineração do nióbio. Normas 
constitucionais (federais e estaduais), códigos e leis, resoluções do Conama, decisões judiciais de 
tribunais estaduais e federais, e até normas de ordenamentos estrangeiros ⎯ Portugal ⎯ e 
internacionais ⎯ União Europeia ⎯ são objeto de análise, na ânsia de encontrar alicerces para a 
construção jurídica que o autor se propôs efetuar. Bons exemplos de ferramentas do direito, 
testadas noutros quadrantes jurídicos (“melhores técnicas disponíveis”, “licenciamento único 
ambiental”) podem e devem servir como auxiliares de interpretação do direito positivo aplicável, 
contribuindo para reforçar a efetividade e a justiça do direito ambiental. 
A abrangência 
A presente obra do Doutor Thelmo Filho é um estudo ambicioso, que passou por uma 
pesquisa nacional e internacional, com trabalho de campo e recolha de materiais de informação de 
diversas proveniências. 
Em termos científicos, a abordagem vai muito além de uma mera abordagem jurídica do 
tema, procurando olhar o multifacetado problema da mineração o nióbio de uma perspetiva 
pluridisciplinar. Além do direito que, como seria espectável, é área nuclear da pesquisa, afloram, 
no presente estudo, considerações baseadas nas ciências exatas, como a química, a geologia, a 
hidrologia, a biologia, a geografia ou a engenharia ambiental, e também nas ciências sociais e 
humanas, como a sociologia, a antropologia, a economia, a ciência política ou a filosofia. 
Em suma, o livro do Doutor Thelmo Filho sobre a exploração do nióbio em Catalão, 
constitui um vasto repositório de informação que recolhe os mais recentes contributos para a 
compreensão de um problema social e ambiental ainda por resolver e uma proposta de construção 
jurídica para uma realização concreta da justiça ambiental e do desenvolvimento sustentável. 
 
Coimbra, 12 de junho de 2019 
 
Alexandra Aragão 
Professora do Centro de Estudos de Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente, da 
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Licenciou-se em Direito pela Faculdade de 
Direito da Universidade de Coimbra (em agosto de 1990), tem pós-graduação em Estudos 
Europeus (em julho de 1991) e é Mestre em Integração Europeia (Junho em 1995). Doutorou-se, 
também na Faculdade de Direito (em janeiro de 2006) em Ciências Jurídico Políticas, na área de 
Direito do Ambiente. Membro do Conselho de Redação da Revista do Centro de Estudos de 
Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente. 
 
13 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
A Água é o elemento da vida e da alegria, está presente em quase todos lugares e 
momentos. A água nos transporta, nos carrega, alimenta nossos sonhos, refresca, lava e embeleza. 
Como muitas coisas na vida, que quando tão presentes, parece que sempre tomamos como algo 
garantido, que lá estará quando precisarmos. O pôr do sol no horizonte, o canto dos pássaros 
ansiosos ao amanhecer, o ar que respiramos, a água que bebemos. O movimento socioambiental da 
segunda metade do século passado, que foi o coração da construção do paradigma do 
desenvolvimento sustentável, tem a água como uma de suas questões mais importantes. A elevada 
escala de degradação deste bem coletivo, e seus impactos negativos na saúde pública, privando 
seres vivos de seus direitos mais básicos, é ainda um gigantesco desafio para nossa sociedade. O 
recente programa coordenado pelas Nações Unidas – os 17 Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável – traz metas para 2030, e tem a questão da água presente, direta ou indiretamente, em 
todos eles. O ODS 6 traz a universalização do acesso a água e esgotamento sanitário. Mas, por 
exemplo, o enfrentamento da erradicação da pobreza (ODS 1), redução das desigualdades (ODS 
10), cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11), paz e justiça (ODS 16), todos apresentam 
interfaces profundas com a água, na alimentação e higiene, nos sistemas de produção agrícola e 
industrial, no lazer, no comércio, é realmente um dos elementos de estruturação da vida. O livro, 
ao escolher tratar o tema da mineração do nióbio a partir da questão da água e sua interface 
sociocultural expõe a dureza das injustiças e das tristezas, e que precisamos da água inclusive para 
chorar. Dr. Thelmo apresenta esta problemática complexa, e a partir do enfoque da (in)justiça 
ambiental, trazendo então, o ordenamento jurídico, resgata a história do movimento ambiental e 
como a sociedade tem respondido, seus avanços e as lacunas ainda por construir. Foca o estudo de 
caso na região de Catalão, no estado de Goiás, e coloca a pergunta de um milhão .... quem ganha e 
quem perde com a exploração deste minério na região, a “galinha dos ovos de ouro”, que é a 
exploração do nióbio, e as externalidades socioambientais associadas. O texto, assim, é instigante, 
nos provoca com uma situação real, da qual somos todos de alguma forma corresponsáveis. A 
questão da mineração, especialmente no Brasil, a exemplo dos recentes acidentes no estado de 
Minas Gerais, envolvendo um elevado número de brasileiros e uma escala inimaginável de 
degradação ambiental, requer urgência nos esforços de todos atores para alinhamento aos 
princípios da sustentabilidade. Adequar padrões de consumo, implementar sistemas de produção 
mais limpa, mas principalmente reduzir riscos sociais e ambientais devem estar nas pautas de 
14 
 
licenciamento. Tão óbvio .... tão difícil, tão demorado. E aí está uma questão chave. O discurso do 
desenvolvimento sustentável parece estar bem presente em todas as áreas, inclusive no setor 
minerário. Mas a mudança efetiva, esta transição, que nos devolva a água, que molhe nossas 
gargantas tão secas, para que as vozes de todos sejam escutadas, tem que ser acelerada. Assim, o 
autor busca inovações jurídicas, que possam alavancar políticas, processos e ações de todos atores. 
Neste contexto, apresenta a experiência europeia com a Diretiva Quadro da Água, destacando 
elementos importantes que podem agregar contribuições ao modelo brasileiro de gerenciamento 
dos recursos hídricos. O livro, desta forma, aproxima e faz dialogar questões sociais, culturais, 
econômicas, técnicas e jurídicas, tendo a água como elemento transversal, usando a abordagem da 
(in)justiça ambiental como estratégia lógica de sustentabilidade, e na interdisciplinaridade que se 
cria é atual e provocador. 
 
São Carlos, 02 de agosto de 2019 
 
 
 Tadeu Fabrício Malheiros 
Etnoengenheiro, com doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Atualmente é 
professor associado na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. 
Coordena o programa de Pós Graduação Mestrado Profissional em Rede Nacional para Ensino das 
Ciências Ambientais. É assessor da Superintendência de Gestão Ambiental da USP. Coordena a 
Câmara Técnica de Integração e Difusão de Pesquisas e Tecnologias (CT-ID) do Comitês das 
Bacias PCJ. Tem experiência na área de avaliação de sustentabilidade e engenharia ambiental, 
atuando principalmente nos seguintes temas: indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
As reflexões a respeito da mineração no Brasil têm início com José Bonifácio de 
Andradae Silva, mais conhecido pelo epíteto de “Patriarca da Independência”. Em seus 
ensaios, “Projetos para o Brasil”, o autor aborda questões recorrentes do nosso 
cotidiano, como o Estado, a propriedade e os conflitos, dentre outros, voltado,ou 
melhor, imbuído em construir uma sociedade mais civilizada e deixa um legado quanto 
ao pensamento político esocial. 
De mais a mais, vale citar um trecho em que Bonifácio1 faz uma crítica à 
monocultura da cana-de-açúcar e que aqui se fará com relação à exploração da atividade 
mineradora. 
É consabido que a atividade mineradora é fundamental à economia. Mas, dentre 
outros fatores, quem se beneficia dessa extração? 
Nesta pesquisa será abordada a conveniência da implementação da Diretiva 
Quadro da Água, no ordenamento jurídico brasileiro, como medida de efetiva justiça 
ambiental, bem como os danos, benefícios e conflitos ocorridos no município de 
Catalão, Estado de Goiás, onde se extrai o nióbio e o fosfato, foco desta investigação. 
Acrescenta Silva2: “No Brasil, a natureza é amiga do homem; mas o homem é 
ingrato às meiguices da natureza; e, todavia, o homem vive aqui mais com a natureza 
que com os outros homens”. 
Assim, antes de adentrar ao tema que mudaria a capital do Brasil, vale a pena 
frisar, ainda que brevemente, a existência da “Carta de Goiás”, de 1749, elaborada pelo 
cartógrafo Francesco Tosi Colombina, que deu a ideia de transferir a capital do Brasil 
para o Planalto Central. 
Até a presente data, Goiás sequer existia, seu território pertencia à capitania de 
São Paulo. É com a mineração, sobretudo, com a extração do ouro, que surgem os 
 
1 Se eu pudesse alguma coisa para com Deus, lhe rogaria quisesse dar muita geada anualmente nas terras de serra acima, 
onde se faz o açúcar; porque a cultura da cana tem sido muito prejudicial aos povos: 1º) porque tem abandonado ou 
diminuído a cultura do milho e feijão, e a criação dos porcos; e estes gêneros têm encarecido: assim como a cultura de 
trigo, e a do algodão e azeites de mamona. 2º) porque tem introduzido muita escravatura, que não só empobrece aos 
lavradores, corrompe os costumes e caridade cristã, mas faz mais preguiçosos os mestiços e mulatos, que acham 
desprezo de puxar pela enxada. 3º) porque tem devastado as belas matas e reduzido a taperas muitas herdades. (SILVA, 
José Bonifácio de Andrada e. 1838 Projetos para o Brasil. (Org.) DOLHNIKOFF, Miriam. Grandes nomes do 
pensamento brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras: Publifolha,2000). 
2 SILVA, José Bonifácio de Andrada e. 1838 Projetos para o Brasil. (Org.) DOLHNIKOFF, Miriam. Grandes nomes do 
pensamento brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras: Publifolha,2000. 
16 
 
primaciais povoados. 
Não menos importante foi a presença da Comissão Exploradora do Planalto 
Central do Brasil, mais conhecida como “Missão Cruls – uma trajetória para o futuro”3, 
no final do século XIX, especificamente, no ano de 1892. 
Relevante destacar que a Comissão Cruls leva esse nome pelo fato de o líder de 
toda essa dinâmica desbravadora do cerrado brasileiro ter sido o belga Luiz Cruls, que 
tinha a ávida ideia de colocar em prática o movimento mundacista. 
Não se pode deixar de registrar que, na norma do artigo 3º da Constituição da 
República dos Estados Unidos do Brasil de 1891, constava: “Fica pertencendo à União, 
no Planalto Central da República, uma zona de 14.400 quilômetros, que será 
oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura capital federal”. 
Esse movimento foi criado com a finalidade de eleger o melhor local para que a 
futura capital do Brasil fosse instalada. Assim, Cruls confeccionou um relatório 
publicado em 1894 e a zona escolhida foi denominada de “retângulo Cruls”. 
Dois pontos cruciais para a escolha do local foram a relevância histórica e, 
notadamente, a exuberante e ímpar natureza, que despertara vastas procuras por 
pesquisadores. 
O município a ser investigado é o de Catalão, situado na microrregião sudeste de 
Goiás, um dos mais prósperos do interior brasileiro. Sua economia pauta-se nas cinco 
vigas mestras: atividade mineradora, industrial, agronegócio, comércio e serviços. 
Não se pode olvidar que, desde os idos de 1960 e 1970, Catalão tem enfrentado 
um processo migratório do campo para a cidade, não como o fenômeno do “êxodo 
rural”, em busca de melhores condições na cidade, mas sim pelo avanço e expansão da 
exploração mineral presente no município. 
A grande preocupação é a ausência de qualificação na formação profissional dos 
indivíduos, que precisam encarar uma nova realidade, distinta da que estavam 
acostumados, mormente, a não adaptação aos ditames da cidade. 
A presente pesquisa, nesse ínterim, tem como objetivo investigar como os 
conflitos e as demandas socioambientais têm interferido na questão jurídica, política e 
nas legislações da extração do nióbio, com vista à proteção da água. 
Dado o start a respeito dos estudos sobre a mineração e os conflitos 
socioambientais, no município de Catalão, estado de Goiás, toma-se como referência a 
 
3 CRULS, Luiz. (1848-1905). Relatório Cruls. Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil. 
Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 380 p. Edições do Senado Federal, 2003. 
17 
 
 
 
 
Comunidade Macaúba, localizada no entorno da exploração da atividade mineral, uma 
das mais impactadas e atingidas pelos reflexos da extração dos minerais, 
especificamente, o nióbio. 
Um dos maiores eixos de conflito é a água, já que a extração dos minerais 
ocasiona o assoreamento de nascentes, conforme será demonstrado, por meio da análise 
de documentos no transcorrer da pesquisa. Atualmente, resistem e persistem 
aproximadamente 30 famílias de pequenos produtores rurais, as quais vivem do sustento 
da horticultura e da atividade agropastoril. 
Esta pesquisa tem como desiderato contribuir para a melhoria na regulamentação 
e na eficácia da proteção ambiental, a partir do conflito popular, essencialmente a 
questão da água, com a conveniência da implementação do principal instrumento 
jurídico de direito europeu, a Diretiva Quadro da Água, como medida efetiva de justiça 
ambiental, em território nacional. 
Nessa esteira de raciocínio, pertinente refletir como a pressão e os conflitos 
sociais em Catalão têm colaborado para redefinir as estratégias de proteção, a fim de 
garantir maior efetividade às leis ambientais. 
Assim, para dar efetividade aos primados da justiça e buscar a construção de 
uma sociedade pautada no coletivo, observamos as lições de Regina Vera VillasBôas.4 
Nesse sentido, a hipótese de pesquisa será edificada pelas teorias jurídicas e 
demais teorias científicas, perpassando por diagnósticos ambientais, sociais e jurídicos, 
salvaguardando o viés interdisciplinar deste estudo. 
Relevante ressaltar que toda a investigação será desenvolvida em uma 
perspectiva pluridisplinar, haja vista, o direito ambiental transitar em todas as áreas, 
dentre elas, a sociologia, a biologia, a química e a engenharia ambiental. 
O método utilizado para a pesquisa é o estudo de caso. Segundo os ensinamentos 
de Robert K. Yin5, “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um 
fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, 
 
 
4A edificação de uma sociedade no bem coletivo deveria ser a grande aspiração das sociedades das massas, com a 
finalidade maior de ocasionar mudanças nas pessoas em proveito das massas e mudanças nas massas para a produção 
do bem comum que resgate e preserve a essência das pessoas. Tudo no sentido de caminharmos para uma sociedade 
humana mais consciente de suas fragilidades, necessidades, interesses e potencialidades que possam formar pessoas 
solidárias sensíveis, parceiras de seus iguais, inteligentes e respeitadoras da natureza. Só assim, se poderá 
experimentar e entender o bem coletivo e preservá-lo. (VILLAS BÔAS, Regina Vera. Perfis dos bens jurídicos. 
Revistado Direito Privado, n.37, São Paulo: RT, 2009, p.209). 
5 YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução de Ana Thorell. Revisão de Cláudio Damacena. 
4.ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. 
18 
 
 
 
 
especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente 
evidentes”. 
Não obstante, analisar um fenômeno específico não é suficiente para definir o 
método de estudo de caso. Conforme Yin6, passa a ser um método mais abrangente, 
compreendendo a lógica do projeto, a coleta de dados e o tratamento específico à 
análise dedados. 
Portanto, essa metodologia será aplicada com o desiderato de indagar “como” 
e/ou “por que” os fenômenos sociais agregados aos jurídicos são atuantes. 
Uma das inovações deste estudo é a de que o campo jurídico não fique 
engessado apenas ao método dedutivo, como se observa dos trabalhos até então 
publicados. 
É preciso ousar-se saber, como já dizia o velho axioma latino: sapere aude. 
O método indutivo será aplicado na análise. Parte-se de dados particulares, como 
a exploração da mineração no município de Catalão, na busca de premissas que possam 
ser aplicadas onde ocorrer este tipo de atividade. 
Também será utilizado o método da pesquisa participante que, consoante a glosa 
de Antônio Joaquim Severino7, é aquele que será construído no decorrer da pesquisa de 
acordo com os dados obtidos pelo investigador. 
Na mesma senda, de acordo com a explanação de Antonio Chizzotti: 
 
A pesquisa participativa é um conceito elástico, abrigando concepções e 
práticas de investigação sob diferentes nomes, que partem de premissas 
similares e relevam diferentes aspectos do processo participativo com a 
finalidade de orientar a prática.8 
 
Além disso, será feita uma análise documental de ofícios, laudos de constatação 
de infração, relatórios de inspeção, pareceres técnicos de inspeção, relatórios de 
fiscalização realizados pela SEMMAC, além do projeto referente ao uso da água, 
 
6 A investigação do estudo de caso enfrenta a situação tecnicamente diferenciada em que existirão muito mais 
variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como o resultado conta com múltiplas fontes de evidência, com os 
dados precisando convergir de maneira triangular, e como outro resultado beneficia-se do desenvolvimento anterior 
das proposições teóricas para orientar a coleta e a análise de dados. (YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e 
métodos. Tradução de Ana Thorell. Revisão de Cláudio Damacena. 4.ed. Porto Alegre: Bookman, 2010). 
7 É aquela em que o pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a vivência dos sujeitos 
pesquisados, participando, de forma sistemática e permanente, ao longo do tempo da pesquisa, das suas atividades, 
observando as manifestações dos sujeitos e as situações vividas, vai registrando descritivamente todos os elementos 
observados bem como as análises e considerações que fizer ao longo dessa participação. (SEVERINO, Antônio 
Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23.ed. São Paulo: Cortez, 2011). 
8 CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. 5.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. 
19 
 
 
 
 
Projeto Socioambiental Macaúba Viva, feito por um dos líderes da Associação dos 
moradores da Macaúba. 
Logo, será utilizado também o método de pesquisa documental que, conforme a 
nota de Antônio Carlos Gil9, é baseada nos mesmos passos da pesquisabibliográfica. 
Trata-se, portanto, de uma pesquisa empírica, em que, seguindo os ensinamentos 
de Lino Rampazzo10, “se trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própriarealidade. 
Também será contextualizada a problemática da falta de água no entorno dos 
Domos em Catalão, assim como a relevância da água, no panorama geopolítico, com a 
intenção de melhorar as condições de uso e o aproveitamento em um determinado 
sistema. 
A gestão hídrica está voltada ao Plano de Utilização de Água na Mineração – 
PUA (Resolução n.55/2005 do CNRH), aos estudos de impacto sobre recursos hídricos, 
bem como à legislação vigente (Lei n.9.433/97), e, notadamente, ao monitoramento das 
regiões afetadas e às medidas de prevenção e de recuperação. 
Será ainda discutida a ideia de bacias de infiltração, recuperação e proteção das 
nascentes além da obrigatoriedade da implementação do uso das melhores técnicas 
disponíveis como fator preponderante a não degradação do meio ambiente. 
O município de Catalão, juntamente com a SEMAC, propõe um diálogo com as 
mineradoras para discutir os impactos positivos previstos, como as microbacias 
hidrográficas e a conservação da sociobiodiversidade da comunidade Macaúba 
localizada ao derredor da exploração de nióbio. 
Além dessas questões, tem-se a conservação e a recuperação do solo (redução 
dos índices de erosão e assoreamento), mormente, a melhoria da qualidade da água e a 
maior infiltração e regularização de vazões dos córregos. 
A ideia do projeto, articulado pela SEMMAC, é de justamente mitigar a 
degradação do solo, dos recursos hídricos, problemas esses de cunho socioambiental 
que grassam como erva daninha, no município deCatalão. 
 
9 O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica. Apenas cabe 
considerar que, enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas sobretudo por material impresso 
localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de um 
lado, os documentos "de primeira mão", que não receberam nenhum tratamento analítico. Nesta categoria estão os 
documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas, tais como associações científicas, 
igrejas, sindicatos, partidos políticos etc. Incluem-se aqui inúmeros outros documentos como cartas pessoais, diários, 
fotografias, gravações, memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc. De outro lado, há os documentos de segunda 
mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas 
estatísticas etc. (GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002). 
10 RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica. São Paulo: Loyola, 2002. 
20 
 
 
 
 
Sem olvidar de comentar os inconvenientes ocorridos nas microbacias 
hidrográficas citadas, ocasionadas usualmente pela extração de minerais na região, 
requer-se promover um diálogo, entre comunidade e empresa mineradora, para que 
possam juntas pensar e repensar um modelo que permita recuperar e conservar os 
recursos naturais, com vista à efetividade das legislações ambientais e às futuras 
gerações. 
Esta tese se estrutura em cinco capítulos. Logo após a Introdução, no capítulo 2, 
apresenta-se o mineral nióbio, contextualiza-se brevemente a extração desse mineral no 
mundo, no Brasil e, mormente, em Catalão, Estado de Goiás. Ademais, será abordada 
ao longo da pesquisa a caracterização do nióbio, com sua importância, utilidades, 
contemporaneidade e estratégias. Após essa análise, passa-se à questão do nióbio no 
Brasil, tanto na esfera federal, quanto em Catalão, Estado deGoiás. 
No capítulo 3, aborda-se de que modo a exploração e a comercialização do 
nióbio, na Europa e demais países, acarreta riscos globais, como os impactos de perda 
de recursos, a deflorestação, as emissões e os riscos locais como a violação de direitos 
humanos, a degradação do ambiente, os danos à saúde dos trabalhadores e, 
notadamente, a diminuição e a contaminação das águas, foco destetrabalho. 
Nesse mesmo capítulo, apresentar-se-ão os impactos ambientais nos recursos 
hídricos como: o impacto devido à extração, à contaminação da rede fluvial, por meio 
de estudos realizados pela mineradora e em documentos referentes aoassunto. 
Importante frisar que as pesquisas apresentadas neste capítulo, pela empresa que 
explora a extração do nióbio em Catalão serão empregadas apenas por meio da 
apresentação de dadose não como referências. 
No capítulo 4, serão analisados os vetores de interpretação que gravitam em 
torno do direito ambiental; a viabilidade da implementação da Diretiva Quadro da Água 
em território brasileiro, a tutela da água à luz do ordenamento jurídico nacional, as 
técnicas de proteção europeia aplicáveis à mineração e aos recursos hídricos, a 
responsabilidade civil ambiental na mineração e a compulsoriedade da utilização das 
melhores técnicas disponíveis (MTD) no licenciamentoambiental. 
No capítulo 5, que antecede a conclusão da pesquisa, serão analisados os 
movimentos sociais e a efetividade democrática; a justiça ambiental, com vista à 
participação dos cidadãos nas decisões políticas sobre a mineração, por meio de casos 
concretos oriundos de Portugal e da América Latina, advindos das esferas dos Poderes 
21 
 
 
 
 
Judiciário, Legislativo e Executivo, como também serão citados exemplos da eficácia 
dessas medidas sobre impactos ambientais na água. 
De se notar que serão abordados os conflitos e as demandas populares em 
Catalão como ingerência nas políticas de extração do nióbio e, por derradeiro, a 
interdependência entre o direito ambiental e os direitos humanos. 
22 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
O MINERAL NIÓBIO: CONTEXTUALIZAÇÃO GLOBAL, BRASIL E 
CATALÃO, ESTADO DE GOIÁS 
 
 
1.1 Nióbio – composição e utilização 
 
O capítulo tem como objetivo apresentar o mineral nióbio e contextualizar a extração desse 
mineral no mundo, no Brasil, e, sobretudo, em Catalão, Estado de Goiás.Antes de adentrar ao 
temaespecífico do mineral citado, necessário, ainda querapidamente, traçar uma distinção entre 
minerais e o termo minério. Assim, para mais esclarecimentos a respeito do tema, têm-se os 
clássicos ensinamentos de Ian Mcreath:11 
Minerais são elementos ou compostos químicos com composição definida 
dentro de certos limites, cristalizados e formados naturalmente por meios de 
processos geológicos inorgânicos, na Terra ou em corpos extraterrestres. Já o 
termo minério é utilizado apenas quando o mineral ou rocha apresentar uma 
importância econômica.12 
 
Neste mesmo norte, Dana assenta: 
 
The definition of a mineral as used in this work is a pragmatic, fuctional one. 
“A mineral is an elemente or chemical compound that is normally crystalline 
and that has been formed as a resulto f geologic processes” E. H. Nickel, CM 
33:689 (1995). A more formal and precise definition of what is or not a 
mineral has been and continues to be debates.13 
 
Feita a necessária distinção entre minerais e minério, inicia-se o estudo do 
respectivo mineral e minério nióbio. O nióbio, bem mineral, – desvelado por Charles 
Hatchett no início do século XIX – desde a sua gênese, traz certa dúvida quanto a sua 
terminologia. 
Pelo fato de ser conhecido também por colúmbio, não se saberia qual 
nomenclatura seria utilizada, dúvida que foi prontamente sanada pela International 
 
 
11MCREATH, Ian... [et al.]. Minerais e rochas: constituintes da terra sólida. Decifrando a Terra. São Paulo: 
Nacional, 2008. 
12 MCREATH, Ian... [et al.]. Minerais e rochas: constituintes da terra sólida. Decifrando a Terra. São Paulo: 
Nacional, 2008, p.28. 
13 Tradução livre: A definição de mineral usada neste trabalho é pragmática e funcional. "Um mineral é um elemento 
ou composto químico que é normalmente cristalino e que se formou como resultado de processos geológicos". Uma 
definição mais formal e precisa do que é ou não um mineral tem continua a ser debatida.. (DANA, James Dwight. 
1813-1895, Dana´s new mineralogy: the system of mineralogy of James Dwight Dana and Edward Salisbury Dana. 
23 
 
 
Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), uma ONG voltada aos estudos 
florescentes da química. Para essa organização não governamental internacional, a 
nomenclatura que se deve usar é nióbio, já que este possui um elo considerado com outro 
bem mineral, o tântalo, que na mitologia grega é pai de Niobe. 
Vale acrescentar que, durante um bom tempo, esses bens minerais eram 
considerados como se fossem os mesmos elementos. Em meados do século XIX, o 
químico suíço Jean Charles Galissard de Marignac dá o xeque-mate e observa que são 
elementos químicos distintos, não obstante o grau de similitudes entre ambos.14 
À luz do pensamento de Rui Fernandes P. Júnior: 
 
 
O nióbio (Nb) é o elemento de número 41 na tabela periódica dos elementos, 
classificado como metal de transição. Sua densidade é de 8,57 g/cm³ e seu 
grau de dureza na escala de Mohs é de seis, numa escala de um a dez 
(classificação do diamante, já que este consegue cortar qualquer mineral). 
Outras caracterizações químicas do nióbio: em condições normais de 
temperatura e de pressão (CNTP, ou seja, a 0º C e pressão atmosférica ao 
nível do mar), encontra-se no estado sólido da matéria, seu ponto de fusão ou 
derretimento é de 2468ºC e seu ponto de ebulição ou de evaporação é de 
4744ºC. 15 
 
Podem ser encontradas inúmeras espécies do mineral nióbio no meio ambiente, 
considerando sua classificação e pelo fato de ele estar intimamente relacionado ao 
tântalo, sobretudo o pirocloro, que é a principal fonte de nióbio, tanto no mundo como 
no Brasil, juntamente com a columbita – tantalita. 
Nesse diapasão, no que tange às variedades de espécies desse mineral, a lição de 
Cerny e Ercit:16 “several other minerals of Nb and Ta should be mentioned in 
conclusion, to round off the systematic review with the exotic species that also 
complemente the geo-chemical feautres of these two metals.” 
Rockenbauer alcança conclusão similar: 
 
 
In addition to the true niobium minerals such as pyrochlore and colum-bite, 
tantalum minerals and tin slags are important raw materials for the 
production of niobium and its compounds. In 1980 the world's tantalum 
consumption (tantalum metal and tantalum compounds) wasapproximately 
3.3 million lbs. Ta 0 processing of the corresponding raw materials 
approximately 2.3 million lbs. Nb 0 were produced as a by-product. content. 
During the 25 25 More than one-third of the world's tantalum demand is 
filled by means of tin slags, which will continue to be an important source of 
 
 
8th ed., entirely rewritten and greatly enl. by Richard V. Gaines ... [et al.]; with illustrations by Eric Dowty. p.cm. 
The system of mineralogy of James Dwight and Edward Salisbury Dana.7th. New York, J. Wiley & sons, inc., 
1944. Includes indexes, 1997,p.xvi). 
14 RODRIGUES, Antônio Fernando da Silva. Tântalo. Anuário Mineral Brasileiro, Brasília, p.493-515, 2014. 
Disponível em: <https://sistemas.dnpm.gov.br>. Acesso em: 11 jul. 2016. 
15 PEREIRA JÚNIOR, Rui Fernandes. Níobio. Anuário Mineral Brasileiro. p.129-147, 2002. Brasília. Disponível 
em: <www.Dnpm.gov.br/conteu –do.asp?ID>. Acesso em: 11 jul. 2016. 
16 CERNY, P. and Ercit T.S. Lanthnides, tantalum and niobium. Springer Verlag Berlin Heidelberg, 1989, p.71. 
https://sistemas.dnpm.gov.br/
http://www.dnpm.gov.br/conteu
24 
 
 
 
 
tantalum in the future (1). Nb 0 is approximately 1:0.85. Tin slags also 
contain niobium. The average ratio of TaZ05: 25 Niobium and tantalum ores 
as well as tin-slags with a high tantalum content (exceeding 12% Ta 0) are 
directly dressed, in most cases by a wet chemical process. However, tin slags 
having a low tantalum content (1-6% Ta 0) have to be pretreated with an 
enrichment process. 25 25 Several companies and research institutes have 
been involved with these wet-chemical and pyrometallurgical enrichment 
processes (2, 3, 4, 5, 6, 7). Hermann C. Starck (Berlin) started producing 
synthetic tantalum-niobium concentrates from tin slags 25 years ago. Today 
it possesses the world's largest plant of this kind, able to treat 18,000 tpy tin 
slags.17 
 
Após rápidas pinceladas no que concerne à composição do mineral nióbio, faz- 
se necessário apontar como esse minério poderá ser utilizado. Por ter maior resistência 
e chegar a uma temperaturaelevada, serve a diversos setores como o tecnológico, o 
siderúrgico, a indústria automobilística, a implementação de oleodutos e gasodutos, na 
edificação naval, nas atividades nucleares e nas questõescirúrgicas. 
Como exemplo cita-se o estudo realizado por Kozo a respeito da aplicação do 
componente nióbio no processo de catalisadores, como a empresa Bayer, que atende às 
áreas da saúde e da nutrição: 
 
Interesting and important examples of catalytic applications of niobium 
compounds and materials reported up to 2001 have been demonstrated. The 
promoter effect and the support effect of niobium on catalytic performances 
for diversified reactions are really surprising, where the edox property and 
the acidic property of niobium compounds play important roles. The 
characteristic features of niobic acid, niobium phosphate, and mixed oxides 
containing niobium as solid acid catalysts and of niobium compounds having 
layered structures as photocatalysts are striking and intriguing. Further 
catalytic applications of these kinds are expected to improve existing 
catalytic processes and to establish new processes in the near future. In 
particular, niobium compounds as unusual solid acid catalysts will be 
promising for production of fine chemicals for much lesser costs and 
environmentally safer processes.18 
 
17 Tradução livre: Além dos verdadeiros minerais o nióbio, tais como o pirocloro e a columbita, os minerais de tântalo 
e as escórias de estanho são matérias-primas importantes para a produção de nióbio e seus compostos. Em 1980, o 
consumo de tântalo no mundo (compostos de tântalo e tântalo) foi de aproximadamente 3,3 milhões de lbs. O 
processamento das matérias-primas correspondente a cerca de 2,3 milhões de libras. Nb0 foram produzidos como um 
subproduto. Durante a década de 25, mais de um terço da demanda mundial de tântalo foi preenchida por escórias de 
estanho, que continuarão a ser uma importante fonte de tântalo no futuro (1). Nb0 é aproximadamente 1: 0,85. 
Escórias de estanho também contêm nióbio. A proporção média de TaZ05: 25 Os minérios de nióbio e tântalo, bem 
como as escórias de estanho com elevado teor de tântalo (superior a 12% Ta 0) são revestidos diretamente, na maioria 
dos casos por um processo químico húmido. No entanto, as escórias de estanho com baixo teor de tântalo (1 - 6% Ta 
0) têm de ser pré-tratadas com um processo de enriquecimento. Várias empresas e institutos de pesquisa estiveram 
envolvidos com esses processos de enriquecimento químico e pirometalúrgico (2, 3, 4, 5, 6, 7). Hermann C. Starck 
(Berlim) começou a produzir concentrados sintéticos de tântalo-nióbio a partir de escórias de estanho há 25 anos. 
Hoje possui a maior planta do mundo deste tipo, capaz de tratar 18.000 tipos de escórias de estanho. 
(ROCKENBAUER. Wilfried. Production of niobium metal and compounds from tantalite – columbite natural 
ores and synthetic tantalum – niobium concentrates. Herman C. Stark Berlin. Niederlassung. Laufenburg. West 
Germany, 1984,p.134). 
18 Tradução livre: Foram demonstrados exemplos interessantes e importantes de aplicações catalíticas de compostos e 
materiais de nióbio reportados até 2001. O efeito propulsor e o efeito de suporte do nióbio sobre os desempenhos 
25 
 
 
 
 
Na mesma senda, Matsumoto e Saito ensinam acerca da presença do 
componente nióbio na seara automobilística relacionado à redução do peso de 
equipamentos como os painéisinternos: 
 
It is well known that extra low carbon (ELC) interstitial free (IF) steels, in 
which almost all C and N is stabilized by super-stoichiometric addition of Ti 
and/or Nb are suitable for automotive steel sheets because of not only their 
excellent deep drawability and stretch formability but also their non-aging 
property. In particular, due to the latter characteristics IF steels make it 
possible without difficulty to be treated in Continuous Galvanizing Lines 
(CGL) having no overaging zone. Therefore, the industrial mass-production 
of IF steels has been rapidly increased not only for hot and cold rolled steel 
sheets but also for hot-dip galvanized or galvannealed steel sheets. 
Furthermore, IF steels are now being applied to high strength steel sheets 
(HSS), especially in the field of automotive parts such as exposed panels, 
inner panels, members and so furtherfor the purpose of reducing automotive 
body weight. 
19
 
 
Vê-se, ainda, a presença do nióbio no campo tecnológico, sobretudo nas câmeras 
de vídeo, microscópios e aparelhos oftalmológicos, conforme aponta Jundt em seus 
estudos: 
Niobium containing oxide crystals generally are ferroelectrics with useful 
applications in acoustics, nonlinear optics and electro-optics. Crystal growth 
technology for lithium niobate has reached a state where 125mm diameter 
wafers are easily available. This material is used mostly in surface acoustic 
wave filters for TV IF filters. Much growth in demand for lithium niobate 
wafers is seen from the manufacturing of high speed digital modulators for 
telecommunication systems. Other uses such as birefringent prisms, bulk 
acoustic transducers are also discussed. The other niobates typically 
crystallize in the perovskite structure, and growth is much more challenging 
because of structural phase-transitions and the absence of a congruent 
composition. Some of the crystals studied include potassium niobate (KN) or 
 
catalíticos para reações diversificadas são realmente surpreendentes, onde a propriedade edox e a propriedade ácida 
dos compostos de nióbio desempenham papéis importantes. Os aspectos característicos do ácido nióbico, fosfato de 
nióbio e óxidos mistos contendo nióbio como catalisadores ácidos sólidos e de compostos de nióbio com estruturas 
em camadas como fotocatalisadores são surpreendentes e intrigantes. Espera-se que outras aplicações catalíticas 
destes tipos melhorem os processos catalíticos existentes e estabeleçam novos processos num futuro próximo. Em 
particular, os compostos de nióbio como catalisadores ácidos sólidos incomuns serão promissores para a produção de 
produtos químicos finos para custos muito menores e processos ambientalmente mais seguros. (KOZO, Tanabe. 
Catalytic applications of niobium Compounds, 14-11 Sonomachi, Oasa, Ebetsu-shi, Hokkaido 069-0851 Japan, 
2003,p.18-19). 
19 Tradução livre: É bem conhecido que os aços livres de intersticiais (IF) de baixo carbono (ELC), nos quais quase 
todos os C e N são estabilizados por adição super-estequiométrica de Ti e / ou Nb, são adequados para chapas de aço 
automotivas devido não só à sua excelente profundidade de estiramento e esticamento, mas também a sua 
propriedade não envelhecida. Em particular, devido às últimas características, os aços IF tornam possível, sem 
dificuldade, ser tratados em Linhas de Galvanização Contínua (CGL) sem nenhuma zona de superaquecimento. Por 
conseguinte, a produção em massa industrial de aços IF aumentou rapidamente não só para chapas de aço laminadas a 
quente e a frio, mas também para chapas de aço galvanizadas a quente ou galvanizadas. Além disso, os aços IF estão 
agora a ser aplicados nas chapas de aço de alta resistência (HSS), especialmente no campo de peças automotivas tais 
como painéis expostos, painéis interiores, elementos voltados a finalidade de reduzir o peso corporal automóvel. 
(MATSUMOTO, Takashi and Minoru Saito. Development of deep drawble galvannealed TI – IF HSS containing 
niobium in solution for auotmotive body weight reduction. International Symposiumon Niobium Microalloyed 
Sheet Steelfor Automotive Application Edite by S Hashimoto, S. Jansto, H. Mohrbacher and F. Siciliano TMS (The 
Minerals Metals & Material Society), 2006, p.1). 
26 
 
 
 
 
KLN for blue light generation, SBN or KN for photorefractive applications, 
and relaxor ferroelectric crystals for highly efficient actuators and ultrasonic 
transducers. 
20
 
 
Verifica-se ainda a utilização do nióbiocomo um elemento de liga de ferro e de 
níquel voltado às áreas industriais e às aeronaves. Segundo os ensinamentos de 
Sattelberger e Löber: 
 
Niobium has an important impact as an alloying element in nickel base 
superalloys. Niobium alloys have become increasingly important in 
industrial and aircraft applications, where superior heat and corrosion 
resistance are required. These types of superalloys contain up to 5 wt-% 
Niobium. Nickel base superalloys are produced mainly by arc or induction 
melting (open as well as vacuum) and by mechanical alloying for very high 
specialized applications. The alloying with niobium is carried out with the 
help of master alloys, e.g. nickel niobium and ferro niobium. The use of 
master alloys for alloying is advantageous. Due to their comparable low 
melting points the master alloys dissolve very quickly in the molten alloy. 
Combined with the high purity they enable the production of very 
homogeneous, high grade superalloys. 
21
 
 
Portanto, não há dúvidas a respeito da importância desse minério, não só em 
âmbito nacional como no cenário mundial, diante da ampla variedade de utilização, 
conforme demonstrado acima. 
 
 
 
 
 
 
 
20 Tradução livre: Os cristais de óxido contendo nióbio geralmente são ferroelétricos com aplicações úteis em 
acústica, óptica não-linear e eletro-óptica. A tecnologia de crescimento cristalino para o niobato de lítio atingiu um 
estado onde as bolachas de diâmetro de 125mm estão facilmente disponíveis. Este material é usado principalmente 
em filtros de ondas acústicas de superfície para filtros IF de TV. Grande crescimento na demanda por wafers de 
niobato de lítio é visto a partir da fabricação de alta velocidade moduladores digitais para sistemas de 
telecomunicações. Outros usos, tais como prismas birrefringentes, transdutores acústicos em massa são também 
discutidos. Os outros niobatos tipicamente cristalizam na estrutura de perovskite, e o crescimento é muito mais 
desafiador devido às transições de fase estruturais e à ausência de uma composição congruente. Alguns dos cristais 
estudados incluem niobato de potássio (KN) ou KLN para geração de luz azul, SBN ou KN para aplicações 
fotorrefrativas e cristais ferroelétricos de relaxor para atuadores altamente eficientes e transdutores ultra-sônicos. 
(JUNDT, Dieter H. Niobium compounds in acoustics and electro – Optics. Crystal Technology, Inc. 1040 E. 
Meadow Circle. Palo Alto, California, USA, 2003,p.1). 
21 Tradução livre: O nióbio tem um importante impacto como elemento de liga em superligas de base de níquel. As 
ligas de nióbio tornaram-se cada vez mais importantes em aplicações industriais e aeronáuticas, onde é necessária 
umaresistênciasuperioraocaloreàcorrosão.Estestiposdesuperligascontêmaté5%empesodenióbio.As 
superligas à base de níquel são produzidas principalmente por fusão por arco ou por indução (aberta e vácuo) e por 
liga mecânica para aplicações muito especializadas. A liga com nióbio é realizada com a ajuda de ligas mestre, e. 
Níquel niobio e ferro niobio. O uso de ligas mestre para a liga é vantajoso. Devido aos seus baixos pontos de fusão 
comparáveis, as ligas mestres dissolvem-se muito rapidamente na liga fundida. Combinados com a elevada pureza, 
permitem a produção de superligas bastante homogéneas e de elevada qualidade. (SATTELBERGER, Siegfried; 
LÖBER, Guido. Production of high purity niobium master alloys. GfE Gesellschaft für Elektrometallurgie mbH. 
Höfenerstraße 45. Nürnberg, Germany, 2001). 
27 
 
 
 
 
1.2 Extração e comercialização mundial e nacional 
 
Não se pode olvidar que são os recursos minerais a coqueluche do século XXI, já 
que estão intimamente ligados à era tecnológica, como também ao consumo 
exacerbado. O fato deve ser observado com certa cautela, haja vista a preocupação com 
as futuras gerações e por se tratar de bens nãorenováveis. 
Além disso, neste momento, é útil distinguir recursos minerais e reservas 
minerais. De acordo com Bettencourt e Moreschi: 
 
A expressão recursos minerais qualifica materiais rochosos que efetiva ou 
potencialmente possam ser utilizados pelo ser humano. Costumeiramente, 
representam desde porções relativamente restritas até grandes massas de 
crosta terrestre e a própria rocha ou um ou mais de seus constituintes – 
minerais ou elementos químicos específicos – despertam um interesse 
utilitário. Os recursos minerais podem ser distinguidos em diferentes classes, 
correspondentes a volumes rochosos discriminados de acordo com o grau de 
conhecimento geológico e técnico – econômico de suas diferentes porções. 
Assim, a reserva mineral, como parte do recurso mineral, representa 
volumes rochosos com determinadas características indicativas de seu 
aproveitamento econômico.22 
 
Assim, relatada esta comparação entre recursos minerais e reservas minerais, 
resta claro que o âmago dos minerais úteis está em todo nosso planeta e que este não é 
infinito. 
Ora, mas como saber se um recurso mineral, assim como uma reserva mineral 
podem ser úteis? A resposta é simples, já que é inerente à identificação de um depósito 
mineral – “é uma massa ou volume rochoso no qual substâncias minerais ou químicas 
estão concentradas de modo anômalo, quando comparadas com sua distribuição média 
na crosta terrestre, e em quantidade suficiente para indicar um potencial mineral 
econômico” 23, que tem normalmente o preâmbulo com a análise do indício mineral. 
Deve-se observar o fator de concentração (f.c.), chamado de clarke, quando da 
gênese de um depósito mineral em contrapartida com o conteúdo (teor), já que é volátil 
o fator de concentração, como, por exemplo: “para a geração de um depósito de nióbio, 
cujo clarke é 20 ppm (partes por milhão), os fatores de concentração devem ser cerca de 
X,paraumteormínimode0,34eteormédiode0,6,conformetabela21.1–Conteúdos 
 
 
22 BETTENCOURT, Jorge S.; MORESCHI João B. Recursos minerais. Decifrando a Terra. TEIXEIRA, TOLEDO, 
FAIRCHILD; TAIOLI. São Paulo: Nacional, 2008, p.446-447. 
23 BETTENCOURT, Jorge S.; MORESCHI João B. Recursos minerais. Decifrando a Terra. TEIXEIRA, TOLEDO, 
FAIRCHILD; TAIOLI. São Paulo: Nacional, 2008, p.446. 
28 
 
 
 
 
médios de alguns metais na crosta continental (clarke) e em seus depósitos minerais 
(teores aproximados), 1ppm = 0,0001 %24. Portanto, para que se tenha factibilidade 
técnico-econômica, é inevitável um conhecimento aprofundado para verificar o teor 
máximo, como se pode perceber das lições de Bettencourt e Moreschi: “quanto maior 
for o teor, que é o grau de concentração dessas substâncias no depósito mineral, mais 
valioso será, pois somente a partir de um valor mínimo de teor é que suas substâncias 
úteis poderão ser extraídas com lucro”.25 
É deste estudo que surgem as terminologias jazida mineral e minério. Por isso 
denomina-se “corpo mineral” o corpo de que as substâncias úteis são extraídas com 
valor econômico. Por outro lado, quando não há aproveitamento econômico, denomina- 
se ocorrência mineral.26 
O ordenamento jurídico prevê, na norma do artigo 4º, do Código de Mineração 
vigente, o que se entende por jazida: “Artigo 4º – Considera-se jazida toda massa 
individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no 
interior da terra, e que tenha valor econômico”. 27 
Da mesma forma, o recente Projeto de Lei n.5.263/2016, de 12 de maio, de 
autoria do Deputado José Sarney Filho, atual Ministro do Meio Ambiente do Brasil, 
apensado ao Projeto de Lei n.5.807/2013: “Artigo 2º Para os fins desta Lei, considera- 
se: XIII – jazida: depósito já identificado e possível de ser posto em produção”.28 
Assim, feita a constatação do termo jazida, em nossa legislação atual e futura, bem 
como a análise do corpo mineral, infere-se, quando da extração do minério, que há duas 
modalidades de minerais: a ganga e o mineral minério. No primeiro não há conteúdo 
econômico, não obstante a presençade outros minérios; é no segundo que está contido o 
valoreconômico. 
Relevante destacar que é relativa essa passagem de uma modalidade a outra, haja 
vista a possiblidade do mineral ser um ou ambos ao mesmo tempo, ou seja, dependerá 
dodepósitomineral.Nestemomento,necessáriomencionar,aindaquebrevemente,um 
 
24 Peter Laznicka, 1985 apud BETTENCOURT, Jorge S.; MORESCHI João B. Recursos minerais. Decifrando a 
Terra. TEIXEIRA, TOLEDO, FAIRCHILD; TAIOLI. São Paulo: Nacional, 2008, p.448. 
25 BETTENCOURT, Jorge S.; MORESCHI João B. Recursos minerais. Decifrando a Terra. TEIXEIRA, TOLEDO, 
FAIRCHILD; TAIOLI. São Paulo: Nacional, 2008, p.446. 
26 CAVALCANTI NETO, Mário Tavares de Oliveira... [et al.]. Noções de prospecção e pesquisa mineral para 
técnicos de geologia e mineração. Mário Tavares de Oliveira Cavalcanti Neto e Alexandre Magno Rocha da Rocha. 
Natal/RN: IFRN-RN, 2010, p.15). 
27 FREIRE, Willian; MATTOS, Tiago. Coletânea de legislação mineral. 2.ed. Belo Horizonte: Jurídica, 2014, p.26. 
28 Projeto de Lei n.5.263/2016, p.02-03. 
29 
 
 
 
 
panorama sobre a extração e o uso dos minérios, assim como a descoberta de novos 
depósitos minerais, que nada mais é que a pesquisa mineral. 
Para a extração do minério, há inúmeras manobras em um depósito mineral 
chamadas de lavra. Então, o que seria uma mina? Seria exatamente onde ocorre a lavra 
em um depósito mineral, inclusive quando da suspensividade da atividade extrativa, 
como reza a segunda parte do caput, da norma do artigo 4º: “mina, a jazida em lavra, 
ainda que suspensa”.29 
O artigo 2º, XV do PL n.5.263/2016, considera: “mina: área produtora de 
minério a partir de um depósito, a profundidades variáveis, abrangendo instalações e 
equipamentos destinados à produção”.30 
A pesquisa mineral, por sua vez, consiste em várias etapas como: análise 
regional, levantamento regional, prospecção, avaliação de depósito, lavra e por 
derradeiro o controle e a recuperação do meio ambiente. De se notar, igualmente, que o 
ordenamento jurídico pátrio vigente e vindouro traz as definições de lavra e pesquisa 
mineral, conforme se vê abaixo: 
 
Artigo 36.: Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas 
objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das 
substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas. 
Artigo 14 Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos 
necessários à definição da jazida, sua avaliação e a determinação da 
exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico. §1º A pesquisa mineral 
compreende, entre outros, os seguintes trabalhos de campo e de laboratório: 
levantamentos geológicos pormenorizados da área a pesquisar, em escala 
conveniente, estudos dos afloramentos e suas correlações, levantamentos 
geofísicos e geoquímicos; aberturas de escavações visitáveis e execução de 
sondagens no corpo mineral; amostragens sistemáticas; análises físicas e 
químicas das amostras e dos testemunhos de sondagens; e ensaios de 
beneficiamento dos minérios ou das substâncias minerais úteis, para obtenção 
de concentrados de acordo com as especificações do mercado ou 
aproveitamento industrial. §2º A definição da jazida resultará da 
coordenação, correlação e interpretação dos dados colhidos nos trabalhos 
executados, e conduzirá a uma medida das reservas e dos teores. §3º A 
exeqüibilidade do aproveitamento econômico resultará da análise preliminar 
dos custos da produção, dos fretes e domercado.31 
Artigo 2º Para os fins desta Lei, considera-se: XIV – lavra ou produção: 
conjunto de operações coordenadas de extração mineral de uma jazida, 
incluindo o seu beneficiamento; XVIII – pesquisa: conjunto de operações ou 
 
 
 
29 FREIRE, Willian; MATTOS, Tiago. Coletânea de legislação mineral. 2.ed. Belo Horizonte: Jurídica, 2014, p.26. 
30 Projeto de Lei n.5.263/2016, p.02-03. 
31 FREIRE, Willian; MATTOS, Tiago. Coletânea de legislação mineral. 2.ed. Belo Horizonte: Jurídica, 2014, p.28- 
29; 37. 
30 
 
 
 
 
atividades destinadas a avaliar áreas objetivando a descoberta e a 
identificação de jazidas;32 
 
Ao lado dessas considerações iniciais a respeito de alguns conceitos geológicos, 
vale dizer que o nióbio, bem mineral, objeto desta investigação, contempla 
especificamente o Brasil com os maiores depósitos minerais. 
Diante desse cenário, e partindo da premissa de que é o mineral um minério que 
possui conteúdo econômico, remete-se ao estudo da comercialização, em âmbito 
nacional e mundial. Adianta-se que o assunto é complexo, já que atualmente vive-se na 
era da mundialização (ou globalização). 
Robins, ao discorrer sobre o tema em apreço, ensina: 
 
A atual globalização dos mercados ainda não foi alcançada pela globalização 
equivalente da justiça. Comparado ao imenso capital político despendido nas 
últimas décadas para liberalizar o comércio internacional, muito pouco tem 
sido feito para assegurar a vigência e o respeito dos direitos humanos 
básicos.33 
 
Smith, ao falar do desafio da globalização, resume: 
 
 
Mas a globalização é mais do que a sua simples redução à lógica da 
economia capitalista mundial, em que entre nações-estado predomina a 
competição por recursos escassos. A globalização tem um âmbito mais amplo 
e multidimensional e é sujeita a uma intensidade dinâmica mais latente na 
natureza de sua capacidade de interligação [...]34 
 
Não é objeto desta pesquisa aprofundar a discussão a respeito da globalização, 
mas demonstrar o índice de produção mineral, o comércio exterior, como, por exemplo, 
quais países exportam e importam essas commodities, notadamente o nióbio. Cabe, 
desse modo, saber qual a metodologia utilizada pela Diretoria de Planejamento e de 
Desenvolvimento da Mineração (Diplam) no que tange à finalidade do Índice de 
Produção Mineral (IPM); a definição da base de comparação e sazonalidade; a seleção 
do método para o cálculo do IPM e em que consiste a Nomenclatura Comum do 
Mercosul(NCM). 
 
 
 
32 Projeto de Lei n.5.263/2016, p.02-03. 
33 ROBINS, Nick. A corporação que mudou o mundo: como a Companhia das Índias Orientais moldou a 
multinacional moderna. Tradução de Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012, p.70. 
34 SMITH, Graham. Geografia humana: sociedade, espaço e ciência social. (Orgs.) GREGORY, Derek; MARTIN, 
Ron; SMITH, Graham. Tradução de Mylan Issack; revisão técnica de Pedro Geiser. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
1996, p.72. 
31 
 
 
 
 
Também serão abordados, neste item, a Taxa Anual por Hectare (TAH) prevista 
sob a égide da Lei n.7.886/89 e a Compensação Financeira por Exploração de Recursos 
Minerais (CFEM), mais conhecida como o royalty da extração minerária, com previsão 
na norma do §1º, do artigo 20 da Constituição Federal de 1988. 
Todas essas informações serão extraídas de um documento semestral 
denominado Informe Mineral. Assim, será analisado o segundo semestre do ano de 
2015-2º/2015, com versão atualizada até 9 de junho de 2016. 
Esse informe foi extraído do Departamento Nacional de Produção Mineral 
(DNPM), especificamente da Diretoria de Planejamento e de Desenvolvimento da 
Mineração (Diplam) e tem o viés voltado à análise dos indicadores de desempenho do 
setor mineral brasileiro e à inoculação na economia do país. 
A metodologia empregada pelo Diplam, quando da análise do Índice de 
Produção Mineral (IPM), tem como escopo simbolizar a oscilação ocorrida na produção 
beneficiada. O meio pelo qual se busca essa transformação é pautado na produtividade 
anual, semestral e mensal, que, na verdade, é regulado não em sua totalidade produtiva, 
mas em 80% da substância no valor da produçãobeneficiada. 
A definição da base de comparação e sazonalidade aplicada ao IPM será somada 
por meio de quatro bases de comparação: o mês imediatamente anterior ao ano em 
apreço, o ano anterior, o mesmo semestre do ano anterior e o mesmo mês do ano 
anterior. 
Portanto, partindo da premissa de que existemquatro bases, para que se faça a 
comparação e a sazonalidade da produção mineral, é viável que estas confrontações 
ocorram em bases dissemelhantes. Para impedir que os resultados possam estar 
relacionados a questões exógenas à sazonalidade, as comparações devem ser feitas entre 
momentos iguais. Por exemplo, se compararmos o primeiro semestre de 2015, deve-se 
utilizar como base o primeiro semestre de 2014 e assim sucessivamente no que 
concerne aosmeses. 
A seleção do método para o cálculo do IPM é, segundo o Informe Mineral 
2º/2015: 
O indicador escolhido para mostrar a variação na quantidade da cesta de 
substâncias selecionadas é o Índice de Fischer. Este é a média geométrica dos 
índices de quantidade Laspeyres e Paasche. No índice de Laspeyres de 
quantidade, o denominador representa o valor total do mês base. Já no 
numerador, têm-se os valores das quantidades da época atual aos preços da 
época base. Então, comparando esses dois termos, percebe-se a variação no 
valor gasto para se comprar as diferentes quantidades aos mesmos preços da 
32 
 
 
 
 
época base. No índice de quantidade, o valor total varia em função da 
variação nas quantidades. Já no índice de quantidade de Paasche, analisa-se a 
variação da quantidade aos preços atuais. No numerador temos o valor gasto 
na época atual e no denominador temos o valor que seria gasto para comprar 
a cesta da época base (quantidade da época base) aos preçosatuais.35 
 
Conforme visto, o método adotado para o cálculo do IPM é o Fischer, já que 
nem desvaloriza, como o método Paascher, nem valoriza, como o método Laspeyres. 
Não é objeto desta investigação debruçar-se nos métodos de cálculo do IPM, mas se fez 
necessário certa análise, tendo em vista os gráficos que serão demonstrados 
oportunamente. 
Antes de adentrar-se aos gráficos de produção beneficiada de janeiro a dezembro 
de 2015 – produção mensal, vale a pena pontuar em que consiste a Nomenclatura 
Comum do Mercosul (NCM). Conforme o Informe Mineral 2º/201536, o NCM: 
 
é um sistema de classificação fiscal baseado no Sistema Harmonizado (SH) 
que associa a cada produto existente um código numérico de 8 dígitos. Ela é 
utilizada em todas as operações de comércio exterior dos países membros do 
Mercosul. Os dois primeiros dígitos da NCM são chamados de capítulo e eles 
abrangem produtos que guardam semelhança entre si. 37 
 
Diante de um novo panorama, voltado ao comércio exterior implementa-se um 
sistema de análise das informações de Comércio Exterior, chamado Aliceweb, criado 
pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Esse 
Sistema vem imbuído em favorecer o acesso às estatísticas brasileiras de exportações e 
importações. 
Nesse momento do estudo os dados serão coletados de forma a agrupar os bens 
minerais primários da indústria extrativa mineral. Não se pode olvidar que o nióbio não 
é transacionado no mercado mundial como bem primário, haja vista tratar-se de um bem 
semimanufaturado, mas também será adicionado à base de dados.38 Portanto, como 
curiosidade, o nióbio terá a nomenclatura comum do Mercosul, utilizada para o 
Comércio Exterior de: 26159000, 72029200,72029300 e81032000.39 
 
35 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral 2º/2015. Brasília, 2016, p.20 
36 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral 2º/2015. Brasília, 2016. 
37 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral 2º/2015. Brasília, 2016, p.20-21. 
38 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral 2º/2015. Brasília, 2016,p.20. 
39 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral 2º/2015. Brasília, 2016,p.21. 
33 
 
 
 
 
Feitas essas considerações, serão demonstrados os gráficos referentes à produção 
beneficiada de janeiro a dezembro de 2015, conforme consta do último informe 
minerário lavrado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). 
 
Gráfico 1 – Variação de índice de produção mineral 2012-2015 
 
 
 
Do gráfico acima afere-se um crescimento de 6,3%, quando comparado ao 
período semelhante ao ano anterior. Ocorre que, nessa perspectiva de aumento, não 
consta o mineral nióbio que, juntamente com outros minerais, como o ouro, o fosfato, o 
zinco, o caulim e o potássio obtiveram oscilações negativas. 
 
Gráfico 2 – Variação de índice de produção mineral no mesmo mês do ano anterior, 2º- 
2015 
34 
 
 
 
 
Depreende-se do gráfico anterior que, quando alterada a base de comparação 
para os meses de 2014, estes foram positivos. Contudo, houve uma variável 
significativa de depreciação entre os meses de julho a dezembro de2015. 
 
Gráfico 3 – Variação de índice de produção mineral no mês anterior em 2015 
 
 
 
De outro vértice, percebe-se, no gráfico 3, que a base de comparação são os 
meses anteriores, de 2015. Diante dessa dinâmica de variação do IPM, tem-se um 
encolhimento em relação aos meses de julho, agosto, novembro e dezembro. Por outro 
lado, nos meses de setembro e outubro, o saldo fora positivo. 
Por derradeiro, o gráfico 4, que demonstra a produção beneficiada do mineral 
nióbio, de janeiro a dezembro de 2015, da cesta de empresas do IPM – gráfico de 
produção mensal. Nele são apresentadas somente as substâncias que tiveram mais de 
uma empresa selecionada. 
35 
 
 
 
 
Gráfico 4 – Nióbio 
 
 
 
 
Diante da demonstrativa gráfica, não restam dúvidas de que ocorreu uma 
considerável retração do mineral nióbio, influenciado pela baixa do minério de ferro 
conforme será demonstrado posteriormente. 
A partir desse instante, os demonstrativos gráficos apresentarão a exportação e a 
importação dos minerais, assim como os países de destino e de origem, o que se 
verificará nos gráficos 5 a 8. 
 
Gráfico 5 – Comércio exterior do setor mineral 
 
É notório, na figura anterior, uma queda brusca no que concerne aos valores 
exportados, bem como o saldo mercantil, durante o período em apreço (segundo 
semestre de 2015). 
36 
 
 
 
 
Segundo o Informe Mineral40, “as exportações apresentaram uma diminuição de 
29,8% em relação ao segundo semestre de 2014, enquanto o saldo comercial caiu 35,6% 
no mesmo período”. De outra monta, as importações, consoante o mesmo informativo,41 
sofreram uma queda de 12,2% – valor esse cotado na moeda norte-americana, o que não 
gera tanto impacto quanto ao percentual exportado. 
O grande causador dessa retração é o baixo preço do minério de ferro no 
mercado internacional, o que proporcionou um aumento significativo nos demais 
minérios, como o nióbio, o ouro e o cobre, como se vê no gráficoabaixo. 
 
Gráfico 6 – Distribuição das exportações por produto mineral 
 
 
 
No segundo semestre de 2014, o minério de ferro reagia a 73,3% das 
exportações da indústria extrativa mineral brasileira – I.E.M, em contrapartida a 61,3%, 
como figuraacima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral 2º/2015. Brasília, 2016,p.04. 
41 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral 2º/2015. Brasília, 2016,p.04. 
37 
 
 
 
 
Gráfico 7 – Destinos das exportações 
 
 
 
Como se vê, a China permanece a primeira no mercado das exportações da 
Indústria Extrativa Mineral Brasileira (I.E.M), seguida dos Estados Unidos e do Japão, 
sucessivamente. 
Em razão da queda no valor do minério de ferro, a China tende a não ser mais a 
principal no mercado de exportação da I.E.M. Com relação aos países de origem das 
importações, o Canadá ultrapassou o Chile que, no segundo semestre de 2014, liderava 
o ranking dos países de origem das importações brasileiras42, como se vê aseguir. 
 
Gráfico 8 – Países de origem das importações 
 
 
 
Após essa análise, cabe apresentar as tabelas que atestam o ranking dos 
principais países que exportam e importam, assim como a situação do comércio exterior 
de cada bem mineral, principalmente,

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