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Paulo Freire e a prática da Educação Popular

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EDUCAÇÃO 
DE JOVENS E 
ADULTOS 
Alex Ribeiro Nunes
Paulo Freire e a prática 
da Educação Popular
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer o legado de Paulo Freire para a Educação de Jovens e 
Adultos.
 � Identificar a influência da Educação Popular no sistema educacional 
do Brasil e na América Latina.
 � Relacionar a prática da Educação Popular vivenciada por Paulo Freire 
com o Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas 
Públicas criado em 2014.
Introdução
Neste capítulo, você terá a possibilidade de se aprofundar em assuntos 
apresentados e discutidos por Paulo Freire, de modo que haja um reconheci-
mento de sua importância no cenário educacional brasileiro, inclusive, no que 
se refere ao processo educacional das classes populares. É uma possibilidade 
de reconhecer e se apropriar da herança educativa deixada pelo autor, 
principalmente no que se refere aos processos de aprendizagem de jovens 
e adultos. Este capítulo possibilitará, também, uma verificação da influência 
da Educação Popular para a educação nacional e para toda a América Latina. 
É uma oportunidade, ainda, de relacionar e compreender a relevância da 
educação proposta por Freire enquanto marcador para a constituição de 
políticas públicas referentes à Educação do povo, criada em 2014.
O legado de Paulo Freire para a 
Educação de Jovens e Adultos
O célebre educador Paulo Freire viveu de 1921 a 1997 e, certamente, foi 
uma das figuras mais importantes para o cenário educacional brasileiro e de 
outros países da América Latina. Com ideias abrangentes e inovadoras sobre 
a Educação Popular e a Educação de Jovens e Adultos (EJA), foi reconhecido 
internacionalmente como um dos maiores pensadores da educação de todos 
os tempos. Nessa perspectiva, torna-se fundamental trazer alguns conceitos 
marcantes nas ideias de Paulo Freire. 
Primeiro, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) que se reafirma na 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº. 9394/96), em seu artigo 37º 
§ 1º que diz:
Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que 
não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais 
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, 
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames (BRASIL, 1996, 
documento on-line).
Essa lei veio para reforçar a educação proporcionada aos jovens e adultos 
e atenuar a exclusão e a marginalização social enfrentadas por eles, que, em 
grande parte, se encontravam fora das instituições escolares.
Um dos maiores legados de Freire foi o método de alfabetização de adultos 
que leva seu nome. Coelho (2001) diz que, para Paulo Freire, o objetivo maior da 
educação é conscientizar o aluno, é possibilitar uma educação que leve o aluno a 
fazer a leitura do mundo. Para os indivíduos mais pobres, isso significa fazê-los 
compreender sua situação de opressão e incitá-los com vistas à própria libertação.
De acordo com Feitoza (2011), apesar de o vocábulo “conscientização” estar 
frequentemente associado ao “método de alfabetização” de Paulo Freire, e ter 
sido mundialmente difundido por suas obras, não é ele o autor desse vocábulo. 
O termo emerge como resultado de uma reflexão conjunta dos professores do 
Instituto Superior de Estudos do Brasil (ISEB), por volta de 1964.
A conscientização, conforme Gadotti (2007, p. 107), “[...] implicava ação, 
isto é, uma relação particular entre o pensar e o atuar”. Relação particular, pois 
a natureza do atuar corresponde à natureza da compreensão. Se a compreensão 
é ingênua, a ação também será. Se for crítica, assim será a ação. E somente a 
esse último se refere o sentido original de conscientização. Para Paulo Freire, 
esse sentido original se mantém. Em sua compreensão, a conscientização con-
siste no desenvolvimento crítico da tomada de consciência (FEITOZA, 2011).
O livro mais conhecido de Freire é Pedagogia do oprimido, cujos conceitos 
baseiam praticamente toda a sua obra (FERRARI, 2008). Nesse cenário, a 
Pedagogia do oprimido propõe o que Paulo Freire chamou de educação como 
prática de liberdade, ou seja, uma educação reflexiva, que problematiza, 
Paulo Freire e a prática da Educação Popular2
que critica, que questiona as ideias e os fatos postos como “naturais”. Desse 
modo, tal educação seria o contrário da “educação bancária”, que serve ao 
conformismo e é um dos principais instrumentos da opressão.
O poder opressor se configura historicamente no fazer político ou no estado de 
opressão, enquanto o oprimido é apontado como aquele que vive sem as condições 
elementares para o exercício de sua cidadania e que está fora da posse e do uso dos 
bens materiais produzidos pelo sistema econômico atual.
Ribeiro ([2010], documento on-line) afirma que “a educação popular aliada 
ao método Paulo Freire tinha um papel fundamental na sociedade brasileira 
na década de 60, momento em que a população se encontrava tão carente de 
conhecimento e prestes a se libertar para o mundo”.
No que se refere à Educação Popular, vale lembrar que é descrita como um 
método de educação que valoriza os saberes prévios do povo e suas realidades 
culturais na construção de novos saberes. Está implicada com o desenvolvimento 
de um olhar crítico, que facilita o desenvolvimento da comunidade em que o 
educando está inserido, pois estimula o diálogo e a participação comunitária, 
possibilitando uma melhor leitura de realidade social, política e econômica.
As práticas pedagógicas usadas, segundo Paulo Freire, deveriam levar o 
sujeito a ser educado de dentro para fora, e isso era sinal da libertação do homem. 
A nova prática de aprendizagem-leitura dava ao sujeito liberdade para ler e es-
crever, porém, para que essa escrita fizesse sentido maior, deveria ter um caráter 
crítico e socializador que analisasse os contextos político, social e individual de 
cada um. Aí, sim, poderiam fazer a educação como prática de liberdade.
A Pedagogia do oprimido propõe um caminho no qual, por meio da edu-
cação, as pessoas aprendem a “ser mais elas”, e nesse exercício do ser emerge 
a autonomia, ou seja, a possibilidade de participar ativamente da construção 
e da transformação do mundo em que vivem.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), pensada e defendida por Paulo 
Freire, é uma proposta que se destina aos jovens e adultos que não puderam 
estudar na idade tradicional. Assim, eles têm as oportunidades educacionais 
adequadas ao que necessitam, sejam condições de vida e/ou de trabalho. 
Deve ser algo voltado para a garantia de formação integral, da alfabetização 
3Paulo Freire e a prática da Educação Popular
às diferentes etapas da escolarização ao longo da vida, inclusive àqueles 
em situação de privação de liberdade. A EJA é pautada pela inclusão e pela 
qualidade social. Dessa forma, requer tanto um modelo pedagógico próprio 
que permita a apropriação e a contextualização das Diretrizes Curriculares 
Nacionais, quanto a implantação de um sistema de monitoramento e avaliação 
e uma política de formação permanente de seus professores.
Na perspectiva de pensar a formação do professor de EJA, é necessário 
vislumbrar um processo eficaz e coerente com as demandas sociais. É preciso 
adequação, ampliação e inovação da proposta pedagógica curricular, numa 
perspectiva de conceber a educação como algo em constante movimento e 
transformação, tendo, nesse contexto, como pano de fundo a educação popular, 
de modo a possibilitar que a aprendizagem esteja acessível e contribua, de forma 
significativa, às mais diferentes realidades. Os docentes precisam realizar um 
planejamento com estratégias e dinamismo significativo aos alunos, levando 
em consideração a necessidade e características do alunado, contribuindo 
com o aperfeiçoamento e aprimoramento, desde os vocábulos às interações 
sociais, à inclusão ou melhoria no mundo do trabalho, na qualidade de vida 
e até mesmo a uma sociedade mais humanizada.
Freiree Nogueira (1993, p. 13-14) ressaltam que “essa Educação de adultos 
buscava apontar uma relação entre educar pessoas com vista na transformação 
(o progresso) da sociedade inteira”. Dessa forma, reafirma-se o legado deixado 
por Freire, visto que esse segmento da educação não é simplesmente para 
cumprir uma legislação, e, sim, contribuir, de fato, com a sociedade.
O educador Paulo Freire aplicou seu método pela primeira vez no estado do Recife. Ele 
selecionou cinco alunos, dos quais três aprenderam a ler e escrever em 30 horas e os 
outros dois desistiram antes de terminar o curso. No prazo de 45 dias, alfabetizaram-se 
300 trabalhadores. João Goulart, presidente na época, chamou Paulo Freire para 
organizar uma Campanha Nacional de Alfabetização, cujo objetivo era alfabetizar 2 
milhões de pessoas, em 20 mil círculos de cultura popular, e a qual já contava com a 
participação da comunidade. No entanto, com a situação política do Brasil de 1964, 
toda essa mobilização social foi reprimida, Paulo Freire foi considerado subversivo, 
sendo preso e depois exilado no Chile. No lugar desse grande projeto surgiu o MOBRAL 
(Movimento Brasileiro de Alfabetização), uma iniciativa para a alfabetização que visava 
apenas ensinar a ler e a escrever sem uma preocupação maior com a formação do ser 
humano, projeto totalmente contrário ao ideal freiriano.
Fonte: Ribeiro ([2010], documento on-line).
Paulo Freire e a prática da Educação Popular4
A influência da Educação Popular no sistema 
educacional do Brasil e na América Latina
Na perspectiva de pensar a educação popular no sistema educacional do Brasil 
e na América Latina, é importante nos atermos a alguns pontos que auxiliam 
em tal compreensão: 
 � o Brasil ainda um país com muitas pessoas sem nenhuma escolaridade 
ou com escolaridade incompleta até o ensino médio;
 � a história da Educação Brasileira é marcada por uma educação voltada 
para a elite (burguesia) e, portanto, emerge a partir de Paulo Freire a 
concepção da “Educação Popular” para os pobres (proletariados), remar-
cando, de certa forma, novos rumos à realidade da educação nacional;
 � os jovens ou adultos, frente à necessidade de trabalhar para adquirir 
sustento junto à família e por não conseguirem adaptar o horário do 
trabalho ou a sua carga horária diária com o horário ou a carga horária 
dos estudos, evadem da escola; 
 � o método de Freire não é uma técnica de alfabetização, mas um método 
coerente com o posicionamento teórico-filosófico que leva o discente 
a pensar crítica e reflexivamente, e não apenas a receber informações 
transcritas pelo professor. Para a alfabetização, é necessária a cons-
cientização, privilegiando a ação e o diálogo;
 � em 1960, em meio a movimentos políticos revolucionários em Cuba 
e, ainda, à conquista das eleições pelo Partido Democrata Cristão no 
Chile e, também, ao triunfo da violência na América Latina, emergem 
o pensamento e a ação de Paulo Freire e de outros intelectuais latino-
-americanos. Esses intelectuais participavam dos movimentos populares 
na qualidade de “intelectuais orgânicos”.
Diante dos fatos apresentados anteriormente, o educador Paulo Freire e suas 
teorias revolucionárias ganharam notoriedade não só no Brasil e na América 
Latina, mas também em diversas outras partes do mundo. Dessa maneira, suas 
ideias começaram a se entrelaçar às propostas da educação nacional, tornando-
-se pauta entre os intelectuais brasileiros e de várias outras nações. A educação 
popular, defendida pelo educador, começa a se materializar enquanto método 
possível, inovador e necessário e, nessa perspectiva, é inegável reafirmar que 
tais ideias influenciaram o sistema educacional do Brasil e, também, de muitos 
países da América Latina. Estava posta a educação para a conscientização, 
para a participação, para a criticidade e para a liberdade. 
5Paulo Freire e a prática da Educação Popular
Pensar no sentido mais geral da participação ativa dos atores sociais no 
processo das políticas públicas é pensar como afirma Leis (2005, p. 14): 
O convite que nos faz esta perspectiva é de duas ordens: por um lado, envolver 
aos atores sociais nos diferentes momentos de configuração de uma política, por 
outro, algo que é mais importante ainda: conceber sua gestão como processo de 
aprendizagem social contínuo em que a “alternativa correta” deverá construir-se 
e reconstruir-se a partir do diálogo entre os distintos atores com suas distintas 
representações, interesses e capacidades. Isto supõe superar o institucionalismo 
tradicional a favor de uma perspectiva de interdependência entre as instituições, 
atores e agentes sociais, e políticas que mantém uma relativa autonomia.
A educação popular proposta por Paulo Freire possui sua base na urgência 
de construir o pensamento crítico, que por tantos anos foi impedido em nosso 
país e em muitos outros da América Latina. Portanto, é preciso um processo 
contínuo de ação e reflexão visando à transformação da realidade. 
Freire, por meio da educação popular, oferece possibilidades para o sistema 
educacional atual a partir das quais podemos vislumbrar a reconstrução da 
democracia e lutar por uma melhor qualidade de vida. As ideias do educador 
influenciam diretamente os processos educacionais posteriores, visto que 
estão norteadas pela ética e pelo compromisso político de uma educação que 
se pretende popular. Paulo Freire, empossado de suas ideias revolucionárias 
sobre a educação popular, é internacionalmente reconhecido como precursor 
da concepção emancipadora da educação. 
A influência e as transformações a partir de Paulo Freire
Você sabia que, de acordo com Pontual (2011), o fato de Paulo Freire defender in-
cansavelmente seu método de alfabetização levou diversos governantes do estado 
de Alagoas a colocar o tema da alfabetização entre suas prioridades? Para Freire, as 
iniciativas na área de alfabetização deveriam fazer parte de um conjunto de ações 
voltadas à construção de um novo modelo de desenvolvimento integral, inclusivo 
e sustentável. Do ponto de vista das políticas educativas, as ações de alfabetização 
requerem continuidade no sentido de assegurar o direito à escolarização básica e, numa 
perspectiva mais global, o direito à educação ao longo de toda a vida. Isso significa 
situar alfabetização no terreno das políticas públicas em vez de limitá-la ao âmbito 
de campanhas. Com essa afirmação, ele colocava com clareza o alcance e os limites 
das políticas educativas para enfatizar a necessidade de serem articuladas a ações 
econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais na perspectiva de um novo modelo 
de desenvolvimento fundado na justiça social, na equidade e na sustentabilidade.
Paulo Freire e a prática da Educação Popular6
A prática da Educação Popular e o Marco 
de Referência da Educação Popular para as 
Políticas Públicas criado em 2014
O desejo por outras respostas e transformações, a busca por novos olhares e 
novas perspectivas é o que impulsiona e deve impulsionar os propósitos da 
educação. A prática da Educação Popular proposta por Paulo Freire é um 
dos exemplos de que a educação pode ser capaz de resgatar o ser humano e 
torná-lo um agente transformador de sua realidade.
O convite realizado por esse educador rompe com teorias que, por vezes, são 
distanciadas e descontextualizadas da realidade, é uma provocação à reflexão 
sobre possibilidades para a atual crise da educação, a partir de iniciativas 
como o coletivismo, o diálogo como pedagogia, o respeito às diferenças, a 
solidariedade, a conscientização, a participação, a democracia e a ética, entre 
importantes outros aspectos.
No cenário do processo de construção da Política Nacional de Educação 
Popular, da Política Nacional de Participação Social, das políticas e programas 
para a juventude, insere-se, portanto, o Marco de Referência da Educação 
Popular cujo objetivo é promover um campo comum de reflexão e orientação 
da prática no conjunto de iniciativas de políticas sociais que tenham origem,principalmente, na ação pública e que contemplem os diversos setores vin-
culados a processos educativo-formativos das políticas públicas do Governo 
Federal. Trata-se de um documento referência, portanto, é importante destacar 
a sua natureza como um Marco de Referência. Não pretende, assim, ser um 
tratado sobre educação popular, nem um artigo acadêmico exaustivo; apontar 
referências fundamentais para a Política Nacional da Educação Popular é o 
seu objetivo. Como ponto de partida, reconhece o papel político e pedagógico 
que cada política pública tem como potencialidade e como prática de, no seu 
âmbito, desenvolver processos educativos para fortalecer a participação, a 
cidadania e a conquista de direitos no Brasil. “Esse marco destina-se aos 
gestores públicos que, no âmbito de suas competências e atribuições, têm o 
papel de elaborar e implementar políticas públicas, sempre em diálogo com 
os setores organizados da sociedade” (BRASIL, 2014, p. 7).
7Paulo Freire e a prática da Educação Popular
De acordo com BRASIL (2014), a  Educação Popular tem um longo percurso no País, 
a partir de um conjunto de práticas e experiências que se forjaram junto às classes 
populares, no chão das fábricas, em sindicatos, nas vivências das comunidades de base 
e igrejas, nas relações presentes nas universidades, no âmbito do campo, da cidade e 
da floresta, com os mais diversos grupos, diferentes tipos de trabalhadores, inclusive 
aqueles em situação de pobreza, marginalizados e excluídos de seus direitos básicos, 
como também em experiências que se realizam no âmbito da educação formal e da 
institucionalidade de governos municipais, estaduais e federal.
Considerando todos os anos de estudos do educador Paulo Freire, especial-
mente no que tange à alfabetização até as discussões e debates da atualidade, 
muitas experiências, ações, práticas e reflexões teóricas se acumularam e se 
produziram, no campo social e nos espaços institucionais, consolidando, além 
de um campo do conhecimento, uma inusitada perspectiva e concepção de 
educação emancipatória, profundamente ligada à realidade do povo brasileiro 
e da América Latina. Assim, pode-se dizer que: 
A educação popular deu suporte a um dos mais ambiciosos programas brasi-
leiros de alfabetização, proposto pelo ministro da educação do Governo João 
Goulart, Paulo de Tarso. Paulo Freire assumiu o cargo de coordenador do então 
criado Programa Nacional de Alfabetização, a partir do qual, utilizando seu 
método, pretendia alfabetizar 5 milhões de adultos em mais de 20 mil círculos 
de cultura em todo país (BRASIL, 2014, p. 5).
Nesse cenário, é fundamental e relevante pensar que o sujeito, muitas 
vezes, é atravessado pelas experiências que vivencia, as quais são vitais para 
que suas ações se configurem como aprendizagem e aconteçam de maneira 
significativa. Em seu entorno, cada encontro resulta em uma nova descoberta, 
uma vivência, uma (re)vivência. A Educação Popular engloba e valoriza todos 
esses aspectos.
A prática da Educação Popular e seu reflexo para o Marco Referencial da 
Educação Popular para as políticas públicas criado em 2014 demonstram e 
reafirmam que é necessária uma postura baseada em estratégias políticas para 
mostrar que, mesmo em meio a tantos desafios e desventuras que atravessam 
os sujeitos, é possível transformar o mundo por meio da educação, educação 
essa pensada por todos e para todos. 
Paulo Freire e a prática da Educação Popular8
O Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas 
refletiu:
[...] um novo momento na valorização dessas práticas que acontecem dentro e 
fora do Governo Federal. Seu [...] [objetivo foi] criar um conjunto de elementos 
que permita a identificação de práticas de Educação Popular nos processos 
das políticas públicas, estimulando a construção de políticas emancipatórias. 
[Enfim,] para sua concretização, colocou-se um desafio para todos os setores 
governamentais e da sociedade civil: torná-lo conhecido e assimilado entre to-
dos os sujeitos e agentes que promovem ações educativas em diferentes frentes 
e campos de atuação e em todas as políticas públicas (BRASIL, 2014, p. 5). 
Quais os objetivos do Marco de Referência?
O Marco de Referência de Educação Popular para as Políticas Públicas tem como objetivo 
promover um campo comum de reflexão e orientação de práticas coerentes com a 
perspectiva metodológica proposta pela educação popular do conjunto de programas, 
projetos e políticas com origem, principalmente, na ação pública, e contemplando os 
diversos setores vinculados a processos educativos e formativos das políticas públicas 
do Governo Federal.
Assim, o Marco de Referência pretende apoiar os diferentes setores do governo em 
suas ações educativas e formativas para que, dentro de seus contextos, mandatos 
e abrangências, possam alcançar o máximo de resultados, avançando para uma 
concepção de educação em sintonia com as diferentes realidades e com a perspectiva 
da valorização dos saberes populares, da humanização e da emancipação popular 
(BRASIL, 2014, p. 16).
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L9394compilado.htm>. Acesso em: 15 jun. 2018.
BRASIL. Secretaria-Geral da Presidência da República. Marco de referência da educação 
popular para as políticas públicas. Brasília, DF, 2014. Disponível em: <http://conae2014.
mec.gov.br/images/pdf/MarcodeReferencia.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2018.
9Paulo Freire e a prática da Educação Popular
COELHO, R. F. N. Paulo Freire e o seu legado na contemporaneidade. Gazeta do Alto 
Piranhas, Cajazeiras, 2001. Disponível em: <http://www.paulofreire.ufpb.br/paulo-
freire/Files/revista/Paulo_Frerie_e_o_seu_legado_na_contemporaneidade.pdf>. 
Acesso em: 16 jun. 2018.
FEITOZA, P. R. S. O conceito de conscientização em Paulo Freire como norte metodoló-
gico para as assessorias jurídicas universitárias populares. Revista Direito e Sensibilidade, 
v. 1, n. 1, p. 119-132, 2011. Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php/enedex/
article/view/4337/3633>. Acesso em: 16 jun. 2018.
FERRARI, M. Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência. Nova Escola, 
São Paulo, 01 out. 2008. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/460/
mentor-educacao-consciencia>. Acesso em: 16 jun. 2018.
FREIRE, P.; NOGUEIRA, A. Que fazer: teoria e prática em educação popular. 4. ed. 
Petrópolis: Vozes, 1993.
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Publisher Brasil, 2007. Disponível em: <http://institutoveritas.net/livros-digitalizados.
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BRANDÃO, C. R. O que é Método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense, 1981.
DOCUMENTÁRIO PAULO FREIRE CONTEMPORÂNEO. David Franco, 07 dez. 2015. 1 vídeo 
(53 min 02 s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8>. 
Acesso em: 16 jun. 2018.
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Paulo Freire e a prática da Educação Popular10

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