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Teoria do conhecimento

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Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Teoria do 
conhecimento
teoria_do_conhecimento.indb 1 09/01/13 17:22
Reitor
Ailton Nazareno Soares
Vice-Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Chefe de Gabinete da Reitoria
Willian Máximo
Créditos
Pró-Reitor de Ensino e Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-
Graduação e Inovação
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Desenvolvimento e Inovação 
Institucional
Valter Alves Schmitz Neto
Diretora do Campus Universitário de Tubarão
Milene Pacheco Kindermann
Diretor do Campus Universitário Grande Florianópolis
Hércules Nunes de Araújo
Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual
Moacir Heerdt
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Gerente de Administração Acadêmica
Angelita Marçal Flores
Secretária de Ensino a Distância
Samara Josten Flores
Gerente Administrativo e Financeiro
Renato André Luz
Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Coordenadora da Biblioteca
Salete Cecília de Souza
Gerente de Desenho e Desenvolvimento de 
Materiais Didáticos
Márcia Loch
Coordenadora do Desenho Educacional
Cristina Klipp de Oliveira
Campus Universitário UnisulVirtual
Coordenadora da Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel
Gerente de Logística
Jeferson Cassiano Almeida da Costa
Gerente de Marketing
Eliza Bianchini Dallanhol
Coordenadora do Portal e Comunicação 
Cátia Melissa Silveira Rodrigues
Gerente de Produção
Arthur Emmanuel F. Silveira
Coordenador do Design Gráfico
Pedro Paulo Teixeira
Coordenador do Laboratório Multimídia
Sérgio Giron
Coordenador de Produção Industrial
Marcelo Bitencourt
Coordenadora de Webconferência
Carla Feltrin Raimundo
Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico
Maria Isabel Aragon
Assessor de Assuntos Internacionais
Murilo Matos Mendonça
Assessora para DAD - Disciplinas a Distância
Patrícia da Silva Meneghel
Assessora de Inovação e Qualidade da EaD
Dênia Falcão de Bittencourt
Assessoria de relação com Poder Público e Forças 
Armadas
Adenir Siqueira Viana
Walter Félix Cardoso Junior
Assessor de Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior
Educação, Humanidades e 
Artes
Marciel Evangelista Cataneo
Articulador
Graduação
Jorge Alexandre Nogared Cardoso
Pedagogia
Marciel Evangelista Cataneo
Filosofia
Maria Cristina Schweitzer Veit
Docência em Educação Infantil, Docência em 
Filosofia, Docência em Química, Docência 
em Sociologia
Rose Clér Estivalete Beche
Formação Pedagógica para Formadores de 
Educação Profissional.
Pós-graduação
Daniela Ernani Monteiro Will
Metodologia da Educação a Distância
Docência em EAD
Karla Leonora Dahse Nunes
História Militar
Ciências Sociais, Direito, 
Negócios e Serviços
Roberto Iunskovski 
Articulador
Graduação
Aloísio José Rodrigues
Serviços Penais
Ana Paula Reusing Pacheco
Administração
Bernardino José da Silva
Gestão Financeira
Dilsa Mondardo
Direito
Itamar Pedro Bevilaqua
Segurança Pública
Janaína Baeta Neves
Marketing
José Onildo Truppel Filho
Segurança no Trânsito
Joseane Borges de Miranda
Ciências Econômicas
Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo
Turismo
Maria da Graça Poyer
Comércio Exterior
Moacir Fogaça
Logística
Processos Gerenciais
Nélio Herzmann
Ciências Contábeis
Onei Tadeu Dutra
Gestão Pública
Roberto Iunskovski
Gestão de Cooperativas
Pós-graduação
Aloísio José Rodrigues
Gestão de Segurança Pública
Danielle Maria Espezim da Silva
Direitos Difusos e Coletivos
Giovani de Paula
Segurança
Letícia Cristina B. Barbosa
Gestão de Cooperativas de Crédito
Sidenir Niehuns Meurer
Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública.
Thiago Coelho Soares
Programa de Pós-Graduação em Gestão 
Empresarial
Produção, Construção e Agro-
indústria
Diva Marília Flemming
Articulador
Graduação
Ana Luísa Mülbert
Gestão da Tecnologia da Informação
Charles Odair Cesconetto da Silva
Produção Multimídia
Diva Marília Flemming
Matemática.
Ivete de Fátima Rossato
Gestão da Produção Industrial
Jairo Afonso Henkes
Gestão Ambiental.
José Carlos da Silva Júnior
Ciências Aeronáuticas
José Gabriel da Silva
Agronegócios
Mauro Faccioni Filho
Sistemas para Internet
Pós-graduação
Luiz Otávio Botelho Lento
Gestão da Segurança da Informação.
Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher
Programa em Gestão de Tecnologia da Informação
Unidades de Articulação Acadêmica (UnA)
teoria_do_conhecimento.indb 2 09/01/13 17:22
Livro didático
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Designer instrucional
Eliete de Oliveira Costa
Teoria do 
conhecimento
Alexandre de Medeiros Motta
Gabriel Henrique Collaço
Marciel Evangelista Cataneo
Vilson Leonel
teoria_do_conhecimento.indb 3 09/01/13 17:22
Livro Didático
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Copyright © 
UnisulVirtual 2013
Professores conteudistas
Alexandre de Medeiros Motta
Gabriel Henrique Collaço
Marciel Evangelista Cataneo
Vilson Leonel
Designer instrucional
Eliete de Oliveira Costa
Projeto gráfico e capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramador(a)
Marina Broering Righetto
Revisor(a)
Diane Dal Mago
ISBN
978-85-7817-535-1
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
121
T 29 Teoria do conhecimento : livro didático / conteudistas, Alexandre de 
Medeiros Motta, Gabriel Henrique Collaço, Marciel Evangelista 
Cataneo, Vilson Leonel ; design instrucional Eliete de Oliveira 
Costa. – Palhoça : UnisulVirtual, 2013.
103 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-535-1
1. Teoria do conhecimento. 2. Filosofia. I. Motta, Alexandre 
de Medeiros. II. Collaço, Gabriel Henrique. III. Cataneo, Marciel 
Evangelista. IV. Leonel, Vilson. V. Costa, Eliete de Oliveira.
teoria_do_conhecimento_capitulo_iniciais.indd 4 30/06/14 15:40
Sumário
Introdução I 7
Capítulo 1
Concepções e formas de conhecimento I 9
Capítulo 2
Ciência, Tecnologia e Arte I 25
Capítulo 3
As raízes da Teoria do Conhecimento I 43
Capítulo 4
Questões do conhecimento no pensamento 
moderno e contemporâneo I 61
Capítulo 5
Ética na produção e socialização do 
conhecimento I 85
Considerações Finais I 97
Referências I 99
Sobre os Professores Conteudistas I 103
teoria_do_conhecimento.indb 5 09/01/13 17:22
teoria_do_conhecimento.indb 6 09/01/13 17:22
7
Introdução
Somos modernos, buscamos mais do que viver, compreender a vida e tudo que 
nos rodeia, instiga e desafia. No dizer de Nietzsche, “o conhecimento em nós, 
transmudou-se em paixão, que não se intimida diante de nenhum sacrifício e no 
fundo nada teme; a não ser a sua própria extinção.” (NIETZSCHE, F. W. Obras 
incompletas. 5.ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 139 (Os pensadores).
A sociedade em que vivemos é frequentemente caracterizada como sociedade 
do conhecimento. Conhecimento é mais do que ter informações e dados sobre 
determinado tema ou assunto. Conhecimento implica saber quais informações 
e dados são relevantes e em que situações usá-los. Conhecimento é sabedoria 
de vida. Esta perspectiva filosófica está na base de todo esforço humano por 
compreender as coisas e o mundo e atribuir-lhes sentido.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai refletir sobre o conceito de 
conhecimento, suas formas, caminhos e possibilidades. Ele será apresentado 
como uma produção histórica e cultural. Uma reflexão filosófica e prática (isto é 
o sentido lato de “teoria”) sobre as raízes, desenvolvimento histórico e atualidade 
do conhecimento. Você ainda irá desenvolver as habilidades que lhe são 
inerentes: refletir criticamente, saber julgar e detectar contradições e incoerências 
na realidade e discursos, elaborar conclusões, saber argumentar em favor delas 
e demonstrá-las. Tudo isto, sempre atento/a às responsabilidades e exigências 
éticas da produção e socialização do conhecimento.
Por fim, cabe ressaltar a importância desta Unidade de Aprendizagem para 
a sua trajetória universitária. As habilidades, conteúdos e atividades aqui 
disponibilizados são “propedêuticos”, ou seja, preparatórios para o estudo 
e compreensão de todas as outras Unidades de Aprendizagem do itinerário 
formativoque você escolheu. Todos os itinerários disponíveis na formação 
superior exigem a correta compreensão da questão do conhecimento e da 
aplicabilidade das suas conquistas e reconhecimento dos seus limites e 
responsabilidade, na busca de solução para os desafios e problemas que marcam 
os campos do saber e de ocupação profissional hodiernos. 
O pensamento e o conhecimento produzem ideias, renovam todas as coisas, 
reinventam o mundo. Entre as qualidades exigidas de todos nós nas relações 
sociais e laborais, se sobressai a capacidade de pensar e de tomar decisões. 
Ou seja, avaliar o peso de cada coisa, fato, situação. Medir o peso de cada 
teoria_do_conhecimento.indb 7 09/01/13 17:22
8
atitude, escolha, decisão. A sobrevivência e o sucesso pessoal e profissional em 
realidade tão competitiva dependem desta capacidade – oferecida pela teoria do 
conhecimento e pela ética, de compreender o mundo, os relacionamentos e as 
circunstâncias que nos rodeiam e nos definem.
Vale muito o esforço para compreender os conteúdos, desenvolver as 
habilidades, apreender as competências desta Unidade de Aprendizagem. Esta 
atitude pode fazer a diferença na sua carreira acadêmica.
Bons estudos!
teoria_do_conhecimento.indb 8 09/01/13 17:22
9
Secões de estudo
Habilidades
Capítulo 1
Concepções e formas de 
conhecimento
Este capítulo foi elaborado para propiciar ao aluno o 
desenvolvimento das habilidades de compreensão 
do conceito de conhecimento, observando as 
distinções das formas de conhecimento e a 
identificação das principais características do 
conhecimento do senso comum, artístico, religioso, 
filosófico e científico.
Seção 1: A origem do conhecimento
Seção 2: Tipos de conhecimento 
teoria_do_conhecimento.indb 9 09/01/13 17:22
10
Capítulo 1 
Seção 1
A origem do conhecimento 
A palavra conhecimento tem sua origem no latim, cognitio, e pressupõe, 
necessariamente, a existência de uma relação entre dois polos: de um lado o 
sujeito e de outro o objeto.
Figura 1.1 – Relação sujeito-objeto
 
Fonte: Elaboração dos autores.
Na relação sujeito-objeto, o sujeito é aquele que possui capacidade cognitiva, 
isto é, capacidade de conhecer. O objeto é aquilo que se manifesta à consciência 
do sujeito, que é apreendido e transformado em conceito.
Isso equivale a dizer que o conhecimento é o ato, o processo 
pelo qual o sujeito se coloca no mundo e, com ele, estabelece 
uma ligação. Por outro lado, o mundo é o que torna possível o 
conhecimento ao se oferecer a um sujeito apto a conhecê-lo. 
(ARANHA; MARTINS, 1999, p.48).
Temos que levar em consideração que todas as formas de conhecimento 
coexistem. Podemos pensar um fenômeno por meio de matrizes de compreensão, 
como o conhecimento do senso comum, filosófico, religioso, artístico e científico. 
Com suas peculiaridades, aproximações e diferenças, aparecem diferentes 
maneiras de o sujeito “conhecer”. 
E conhecer, segundo Costa (2001, p. 4, grifo do autor) “é mais do que ter 
na memória um conjunto de informações: é conseguir fazer com que essas 
informações transformem-se em prática e sejam úteis sob a perspectiva pessoal, 
profissional, social ou política”. 
Todas as pessoas julgam conhecer algo e, de fato, podemos dizer que o ser 
humano naturalmente busca conhecer o mundo a sua volta, pois essa é uma 
condição para manter-se vivo.
Algumas vezes, dirigimos nossas perguntas ao mundo, outras vezes ao próprio 
fenômeno do conhecimento. Isso inclui o homem e o mundo na mesma dimensão 
e, então, temos uma visão mais complexa da realidade e a compreensão de nós 
mesmos como sujeitos ativos na produção do conhecimento.
teoria_do_conhecimento.indb 10 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
11
Num sentido geral, podemos dizer que conhecimento é o que permite aos 
seres vivos manterem-se vivos. Nesse caso, uma planta sabe que deve virar sua 
folhagem em direção à luz, assim como um cavalo sabe que determinado solo 
não é seguro para caminhar, e um homem sabe que, se jogar um objeto acima de 
sua cabeça, poderá, quando em queda, atingi-lo. Porém, num sentido exato, não 
seríamos capazes de definir, tão brevemente, o que é o conhecimento.
Para Luckesi e outros (2003, p. 137-138), existem duas maneiras de o sujeito 
se apropriar do conhecimento. A primeira consiste na apropriação direta da 
realidade sem a mediação de outra pessoa ou de algum outro meio. Nesse caso, 
o sujeito opera “com” e “sobre” a realidade. A segunda ocorre de forma indireta, 
na qual a compreensão se dá por intermédio de um conhecimento já produzido 
por outra pessoa ou por meio de símbolos orais, gráficos, mímicos, pictóricos etc. 
1.1 Distinção entre o conhecimento humano e o de outros 
animais
Ao contrário do que acontece com outros animais, nos seres humanos 
existe uma clara diferença entre os dados percebidos no meio ambiente e as 
respostas expressadas como reação. A diferença se deve ao fato de que, além 
do comportamento instintivo, exclusivamente reativo, o ser humano tem um 
comportamento reflexivo.
Antes de manifestar uma reação, o homem faz uma pausa e reflete. Imagina, 
idealiza e conceitua aquilo que apreende do mundo e depois é capaz de 
reconhecê-lo e identificá-lo.
O ser humano atribui significado às coisas do mundo físico, às imagens mentais 
que ele mesmo constitui e aos sentimentos que experimenta. O desenvolvimento 
dessa capacidade de reflexão permitiu a ele agir baseado em uma vontade 
consciente e não mais somente nos instintos.
Acredita-se que, em períodos remotos, o conhecimento humano respondia 
exclusivamente à necessidade de sobrevivência. Porém, por razões ainda não 
completamente elucidadas, ele foi além das solicitações imediatas, enquanto ser 
biológico, e passou a procurar respostas, por uma necessidade de compreensão e 
ordenação do mundo.
A manifestação definitiva desse pensamento ordenador se deu com a criação 
de um sistema simbólico específico que chamamos de linguagem, capaz de 
representar a realidade, expressar o pensamento e comunicá-lo aos outros.
Perceba que o ser humano ordena e dá significado ao mundo e isso inclui 
comunicá-lo. Disso depende a consolidação e validação do conhecimento, a 
existência da sociedade etc. 
teoria_do_conhecimento.indb 11 09/01/13 17:22
12
Capítulo 1 
Nesse sentido, é difundida a tese de que existe certa correspondência entre a 
linguagem e a complexidade das operações mentais que um ser humano é capaz 
de executar.
A capacidade humana de operar com elementos e situações abstratas está ligada 
a uma linguagem apropriada para transmitir raciocínios, de modo que, quanto 
mais complexo é o sistema de comunicação, mais complexo é o pensamento e o 
conhecimento humano.
No decorrer da história da humanidade, desenvolveram-se e tornaram-se 
cada vez mais complexos os meios de comunicação e de socialização do 
conhecimento.
O conhecimento depende do caráter coletivo, depende do outro. Ora, “dizer” ao 
outro o que se sabe é fundamental para a compreensão do meio ambiente e de 
si próprio. Esse “dizer” do homem não tem a função exclusiva de representar o 
mundo, mas também recria a realidade, à medida que não somente reproduz o 
que apreende, também abstrai, interpreta e humaniza a realidade.
Por se tratar de um animal capaz de refletir sobre si mesmo, de ser 
autoconsciente, o ser humano produziu inúmeros tipos de conhecimento, além 
de ver a si como sujeito cognoscente, ou seja, como um ser que é capaz de 
conhecer. Agora que você acompanhou essas considerações preliminares sobre 
o conhecimento, veja como Abbagnano (2000) o define: 
Conhecimento encontra-se definido como um procedimento operacional, uma 
técnica de verificação de um objeto qualquer, isto é, qualquer procedimento que 
torne possível a descrição, o cálculo ou a previsão controlável de um objeto; e por 
objeto há de entender-se qualquer entidade, fato, coisa, realidade ou propriedade, 
que possa ser submetido a um tal procedimento. A relação cognitiva é uma 
identidade ou semelhança,e a operaçãocognitiva é um procedimento de 
identificação com o objeto ou uma sua reprodução. A relação cognitiva é uma 
apresentação do objeto e a operação cognitiva um processo de transcendência. 
Bem, na definição citada, permeiam várias questões importantes da Teoria do 
Conhecimento. Entre as suscitadas, destacamos duas fundamentais:
a relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento;
a diferenciação entre o conhecimento empírico e o conhecimento abstrato.
Acompanhe, na sequência, explicações sobre cada uma destas questões.
teoria_do_conhecimento.indb 12 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
13
1.1.1 Relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento
Retomamos aqui o que foi rapidamente explicado no início deste capítulo. É 
possível definir o conhecimento como algo que emerge da interação entre o 
sujeito que conhece ou deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se 
dá a conhecer. Nesse caso, o conhecimento pode ser identificado como processo 
ou como resultado da apreensão do objeto pelo sujeito.
O objeto não é entendido, aqui, exclusivamente como sendo físico, mas no 
sentido de “objeto do conhecimento”, que inclui coisas e fenômenos físicos e 
mentais, mesmo tudo aquilo que se dá a conhecer.
Essas operações são entendidas como ações internas do sujeito cognoscente, 
organizadas e coordenadas para fazer combinações, juntar e separar ideias, 
conceitos, imagens etc.
Entre as operações mentais temos a abstração, a análise, a comparação, a 
classificação, a memorização, a imaginação etc.
Conforme Ferrater Mora (1994), a fenomenologia é um método de investigação 
contemporâneo que propõe descrever a realidade como ela se apresenta. Para a 
fenomenologia nada deve ser pressuposto: nem o mundo natural, nem o senso 
comum, nem as proposições da ciência, nem as experiências psíquicas. Deve-se 
colocar “antes” de toda crença e de todo julgamento o simplesmente “dado”.
Ao apreender o objeto, o sujeito cognoscente forma uma imagem mental que, 
até certo ponto, reproduz as características e propriedades do objeto. É a partir 
dessa imagem que as operações mentais interpretam e dão significado ao que é 
apreendido, ou seja, desenvolvem o conhecimento.
A princípio, pode parecer que o sujeito exerce um papel exclusivamente ativo na 
apreensão do conhecimento, contra um papel passivo do objeto apreendido, e 
que ambos, sujeito e objeto, são seres independentes.
Ora, tais papéis não são tão bem definíveis assim. Os sujeitos interagem 
no processo de construção do conhecimento e sofrem “passivamente” a 
interferência do ambiente cultural, do mundo do trabalho, do cotidiano etc. A 
própria linguagem envolvida nas informações e na socialização do conhecimento 
se torna relevante para esse processo. Além disso, o sujeito apreende o objeto 
e lhe atribui um significado, mas é inegável que esse conhecimento também 
modifica o próprio sujeito.
A relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento é um tema de discussão 
típico da Teoria do Conhecimento. Correntes filosóficas como a fenomenologia 
defendem que sujeito e objeto são distintos - visto que o sujeito somente pode 
apreender o que está fora de si - mas esses são tão interligados no ato de 
conhecer que não faz sentido tratá-los como entes independentes.
teoria_do_conhecimento.indb 13 09/01/13 17:22
14
Capítulo 1 
Para a fenomenologia, o sujeito que conhece tem uma intencionalidade que interfere 
na apreensão e no entendimento do objeto. Esse entendimento, por sua vez, pode 
modificar-se e adquirir outro significado em relação a outros objetos do contexto.
Existem outras peculiaridades relativas ao sujeito e ao objeto do conhecimento, 
em que algumas vezes o objeto do conhecimento é o próprio sujeito que conhece; 
em outras, o objeto do conhecimento é uma ideia forjada pela mente do sujeito 
cognoscente de algo que não existe, tal como a ideia de um cavalo alado.
Ainda, a distinção entre o sujeito e o objeto permite estabelecer um parâmetro de 
objetividade em que, quanto mais “distância” houver entre o sujeito e o objeto, mais 
“objetivo” e universal, pode-se dizer, que é o conhecimento; e quanto mais “próximo” 
um estiver do outro, mais comprometida fica essa objetividade, pois mais subjetivo 
será o conhecimento emergido dessa interação.
A objetividade é uma característica daquele conhecimento que não depende dos 
pontos de vista particulares, mas do consenso entre especialistas. No caso do 
conhecimento científico, a instituição conhecida como comunidade científica 
cerca-se de regras, métodos e instrumentos que buscam garantir a validade 
universal do conhecimento em questão. Principalmente pela utilização da 
linguagem matemática, tanto na formulação quanto na comunicação das suas 
teorias, a ciência busca evitar equívocos ou duplas interpretações.
Além disso, as condições em que as experimentações científicas são realizadas 
não dependem da “escolha” dos cientistas, não são acidentais ou variadas, de 
acordo com a experiência de vida de cada pessoa, mas são determinadas pela 
comunidade científica, seguem procedimentos preestabelecidos. Tudo isso faz 
com que o conhecimento científico sobre o objeto estudado seja o mais fiel 
possível ao próprio objeto, de acordo com o jeito que ele existe e não do jeito 
que um ou outro cientista julga que ele é, ou seja, tudo isso faz com que o 
conhecimento científico seja objetivo.
Sendo assim, para finalizar esta seção, segundo Costa (2001, p. 4), “conhecer é 
apropriar-se mentalmente de algo”. Um resultado de uma busca de conhecimento, 
que não basta acumular informações e experiências, mas o mais importante é 
saber a maneira como essas serão aplicadas. A seguir você conhecerá os tipos 
de conhecimento, cada qual com suas características. 
teoria_do_conhecimento.indb 14 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
15
Seção 2
Tipos de conhecimento 
No cotidiano, é comum ouvir as pessoas afirmarem que conhecem coisas. O 
mecânico diz que conhece o carro. A mãe diz que conhece o filho. O advogado 
conhece a questão. O mendigo conhece a praça. O treinador conhece o time. O 
matemático conhece a fórmula etc. Nas situações citadas, o conhecimento tem 
significado diverso e, ao mesmo tempo, mantém algo em comum, visto que todos 
os sujeitos afirmam conhecer.
O conhecimento pode ocorrer de diversas formas, isso significa dizer que um 
único objeto pode ser entendido à luz de diversos ângulos e aspectos. Estamos 
nos referindo aos tipos de conhecimento: senso comum, filosófico, religioso, 
artístico e científico. 
Para facilitar a compreensão deste assunto, considere, como exemplo, o 
problema da justiça. 
Você já imaginou de quantas formas é possível compreender este fenômeno tão 
antigo na história da humanidade? Esse problema pode ser “entendido” à luz do 
senso comum, da Religião, da Arte, da Filosofia e da Ciência. Você já imaginou 
as soluções que os referidos tipos de conhecimento apresentariam para esse 
problema? Observe a figura: 
Figura 1.2 – Tipos de conhecimento
Fonte: Elaboração dos autores.
teoria_do_conhecimento.indb 15 09/01/13 17:22
16
Capítulo 1 
2.1 O conhecimento popular ou do senso comum
O conhecimento popular ou do senso comum é “[...] aquele que não surge do 
estudo sistemático da realidade a partir de um método específico, mas provém 
do ‘viver e aprender’, da experiência de vida” (RAUEN, 1999, p. 8). Por isso, por 
meio desse tipo de conhecimento, não conseguimos explicar adequadamente um 
fenômeno, não se constituindo em uma teoria.
Forma de conhecimento que provém da experiência 
cotidiana, do senso comum. Considerada a primeira forma 
de conhecimento, gerada basicamente pela interação do 
ser humano com o mundo e fundamentada na experiência 
individual. É uma forma de conhecimento assistemática e 
a-metódica. (APPOLINÁRIO, 2004, p. 52). 
Consiste na ação pela ação, sem ideias comprovadas, que não permitem 
o estudo ou a investigação sobre um determinado fenômeno. Então, o seu 
conteúdo se forma a partir da experiência quese vivencia no dia a dia.
Todos nós sabemos muitas coisas que nos ajudam em nosso 
dia a dia e que funcionam bem na prática. Nas zonas rurais, 
muitas pessoas, mesmo sem nunca ter frequentado uma escola, 
sabem a época certa de plantar e de colher. Esse conjunto de 
crenças e opiniões, essencialmente de caráter prático, uma 
vez que procura resolver problemas cotidianos, forma o que se 
costuma chamar de conhecimento comum ou senso comum. 
(GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 186).
O conhecimento popular, como não busca, profundamente, as raízes da realidade, 
como não suporta a dúvida permanente e como está vinculado à cultura e a 
práticas antigas, passadas de geração em geração, às vezes incorpora explicações 
religiosas ou míticas. Observe, porém, que o conhecimento “popular”, do senso 
comum, está alinhado com um sentido pragmático, uma utilidade habitual.
Köche (1997, p. 23-27) apresenta as seguintes características para o senso 
comum: “resolve problemas imediatos (vivencial); elaborado de forma 
espontânea e instintiva (ametódico); subjetivo (fragmentado) e inseguro; 
linguagem vaga e baixo poder de crítica; impossibilita a realização de 
experimentos controlados; as verdades apresentam certa durabilidade e 
estabilidade (crença); dogmático (crenças arbitrárias); não apresenta limites de 
validade”. Além das características mencionadas, é possível afirmar também 
que o conhecimento do senso comum é sensitivo.
teoria_do_conhecimento.indb 16 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
17
Em muitas situações, próprias desse tipo de conhecimento, observamos o 
abandono da razão e um apego àquilo que é captado apenas pelos órgãos 
sensoriais: visão, audição, olfato, paladar e tato. Você, por exemplo, tem a 
sensação de que a Terra está parada e não em movimento? Você vê que o céu é 
azul? Pois bem, para entender que a Terra não está parada e que o azul do céu é 
apenas uma ilusão de ótica, é necessário muito mais do que os órgãos sensoriais 
(visão, audição). Nesse caso, precisamos do uso da razão.
O senso comum representa um conhecimento sensitivo e aparente, porque se 
apega à aparência dos fatos e não à sua essência.
Para Laville e Dionne (apud RAUEN, 2002, p. 23), as fontes do conhecimento 
popular ou do senso comum são a intuição e a tradição. A intuição é a percepção 
imediata que dispensa o uso da razão, e a tradição ocorre quando, uma 
vez reconhecida a pertinência de um saber, organizam-se meios sociais de 
manutenção e de difusão desse conhecimento, tornando-se uma marca visível na 
formação da identidade cultural de uma comunidade.
Contudo, não se pode dizer de maneira alguma que o conhecimento do 
senso comum possa ser considerado como de qualidade inferior aos demais 
conhecimentos, pois em muitas ocasiões de nossas vidas ele funciona 
socialmente, como no caso do manuseio do chá caseiro ou das ervas medicinais, 
a partir do conhecimento adquirido por certas pessoas de seus pais ou avós, 
passando a se tornar uma sabedoria proveniente da cultura popular. 
A ideia de sabedoria, em muitas culturas, está ligada à figura do ancião pelo fato 
de ele ter vivido muito tempo e ter acumulado muito conhecimento.
2.2 O conhecimento religioso ou teológico
O conhecimento religioso ou teológico tem base na fé e na crença, ou seja, na 
aceitação de princípios dogmáticos, que podemos entender como irrefutáveis 
e indiscutíveis. Isto é, a forma de conhecimento religioso fundamenta-se na 
fé das pessoas, partindo do “[...] princípio de que as verdades nas quais [se] 
acredita são infalíveis ou indiscutíveis, pois se tratam de revelações da divindade”, 
tendo a visão do mundo interpretada como resultante da criação divina, sem 
questionamentos (OLIVEIRA NETTO, 2005, p. 5).
O conhecimento religioso apoia-se em seres divinos que revelam aos homens 
proposições sagradas, dogmáticas e inquestionáveis. Essas ‘verdades’ reveladas 
são aceitas como lei, não pela sua veracidade empírica ou validade lógica, mas 
pela autoridade de quem as revela, por isso mesmo, não é necessário comprová-
las, mas apenas aceitá-las pela fé.
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18
Capítulo 1 
Assim, “essas verdades são em geral tidas como definitivas, e não permitem 
revisão mediante a reflexão ou a experiência. Nesse sentido, podemos classificar 
sob este título os conhecimentos ditos místicos ou espirituais”. (MÁTTAR NETO, 
2002, p. 3).
Sua “matéria de estudo é Deus, como ser que existe independente e o qual 
detém não as potencialidades, mas a ação do perfeito”. Portanto, neste tipo de 
conhecimento há a necessidade da “[...] reflexão sobre a essência e a existência 
naquilo que elas têm como causa primeira e última de toda a vida”. (BARROS; 
LEHFELD, 1986, p. 52).
Para Chauí (2005, p. 138), “a percepção da realidade exterior como algo 
independente da ação humana nos conduz à crença em poderes superiores 
ao humano e à busca de meios para nos comunicar com eles. Nasce assim, a 
crença na(s) divindade(s)”.
Sendo assim, reflita: Para o conhecimento religioso, a verdadeira justiça é produzida 
pelos homens ou pela divindade? A justiça, pensada nessa perspectiva, não seria a 
realização do projeto de Deus?
Reflita sobre essa questão e descubra situações as quais você conhece ou 
que estejam presentes na sua comunidade e que expressem a forma do 
conhecimento religioso, definir ou se posicionar frente à questão da justiça.
Você refletiu sobre a situação anterior? Observe ao seu redor. Será importante 
para compreender melhor o assunto tratado neste capítulo. Continue seu estudo, 
passando a conhecer sobre o conhecimen to artístico. 
2.3 O conhecimento artístico 
O conhecimento artístico é baseado na intuição, que produz emoções, tendo por 
objetivo maior manifestar o sentimento e não o pensamento. Sendo assim, para 
Oliveira Netto (2005, p. 5), “a preocupação do artista não é com o tema, mas com 
o modo de tratá-lo”, configurando-se, necessariamente, em uma interpretação 
marcada pela sensibilidade. 
O conhecimento artístico é uma forma de conhecimento que transmite 
informações de natureza emocional, cuja referência é a estética. Baseia-se na 
interpretação subjetiva produzida pelo artista e pelo intérprete. Para Heerdt e 
Leonel (2006, p. 30):
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Teoria do conhecimento 
19
[...] a arte combina habilidade desenvolvida no trabalho 
(prática) com a imaginação (criação). Qualquer que seja sua 
forma de expressão, cada obra de arte é sempre perceptível 
com identidade própria, dando-lhe também componentes de 
manifestação dos sentimentos humanos, tais como: emoção, 
revolta, alegria, esperança.
Nesse sentido, qual é a visão artística ou estética sobre a questão da 
justiça? Você pensa que a poesia, a música, as obras de arte podem 
apresentar expressões de justiça ou de injustiça vividas pelo homem?
Reflita sobre essa questão e descubra situações as quais você conhece ou que 
expressem a forma do conhecimento artístico, definir ou se posicionar frente à 
questão da justiça. 
2.4 O conhecimento filosófico
A palavra filosofia vem do grego e é formada pelas palavras Philo, que significa 
amigo e sophia, sabedoria. Portanto, filosofia significa, em sua etimologia, amigo 
da sabedoria. Segundo Appolinário (2004, p. 52, grifo do autor), 
[...] forma de conhecimento caracterizada pela reflexão racional 
[...] e pelo foco na lógica interna, ou seja, pela coerência dos 
conceitos articulados em sua formulação, todavia prescindindo 
de verificação empírica (o que a diferencia do conhecimento 
científico, por exemplo).
A origem da Filosofia, na história do pensamento humano, é do século VI a.C., o 
qual foi marcado por uma grande ruptura histórica: a passagem do mito para a 
razão. Nesse período, houve uma grande modificação na forma de expressar a 
linguagem escrita, que passou do verso para a prosa. O verso representava o 
período anterior ao século VI a.C. e era a forma de transmitir o conhecimento 
mítico, produzido, principalmente, pelas experiências,narrativas e pelos relatos 
de Homero e Hesíodo.
Com a origem da Filosofia, no chamado milagre grego, houve a passagem da 
consciência mítica para a consciência racional ou filosófica e a linguagem escrita 
passou a representar a forma de manifestação da razão.
 A origem da palavra razão está em duas fontes: ratio (latim) e logos (grego). 
Ambas apresentam o mesmo significado: contar, calcular, juntar, separar. 
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20
Capítulo 1 
[...] logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, 
com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível 
para outros. Assim, na origem, razão é a capacidade intelectual 
para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar e 
dizer as coisas tais como são. (CHAUÍ, 2002, p. 59, grifo nosso).
Esse tipo de conhecimento surgiu em nossa sociedade para superar ou se opor 
a quatro atitudes mentais: conhecimento ilusório (conhecimento das aparências 
das coisas); emoções (sentimentos e paixões cegas e desordenadas); crença 
religiosa (supremacia da crença em relação à inteligência humana); êxtase místico 
(rompimento do estado consciente). (CHAUÍ, 2002, p. 59-60). 
Refletir ou conceber o mundo à luz do conhecimento filosófico significa, antes de 
tudo, usar o poder da razão para pensar e falar ordenadamente sobre as coisas. 
Assim, a reflexão filosófica é radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas 
que a realidade apresenta. Radical porque vai às raízes do problema, rigorosa 
porque é sistemática, metódica e planejada, e de conjunto porque analisa o 
problema em todos os seus ângulos e aspectos. (ARANHA; MARTINS, 1999).
Do mesmo modo, é possível afirmar que “o conhecimento filosófico constrói uma 
forma especulativa de ver o mundo. Especulação, de especulum que significa 
espelho, é um saber elaborado, a partir do exercício do pensamento, sem o uso 
de qualquer objeto que não o próprio pensamento”. (RAUEN, 1999, p. 23). 
Por isso, um dos papéis mais significativos desse tipo de conhecimento para o 
homem é o de desestabilizar o que está posto, no sentido de demonstrar que 
as coisas não estão prontas e acabadas, tornando o nosso pensamento falível e 
superável à medida que vamos conhecendo novos horizontes. O conhecimento 
filosófico não é verificável, daí não se pautar na experiência sensorial e por isso a 
utilização da razão é uma forma de bloquear a interferência dos sentimentos no 
ato de conhecer determinada coisa.
Sendo assim, a prática do conhecimento filosófico torna-se cada vez mais 
necessária em nosso cotidiano e meio acadêmico, pois nos estimula e 
motiva à reflexão mais crítica sobre a nossa vida, a sociedade e o mundo 
em que vivemos. 
Enfim, como a Filosofia aborda a questão da justiça? Não é difícil pressupor que 
se a Filosofia faz uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas 
da realidade fará também a mesma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre 
o problema da justiça. O filósofo, ou qualquer pessoa que se propõe a pensar 
sobre o assunto, fará especulações racionais, procurando apontar os seguintes 
questionamentos: a justiça é justa? A quem serve a justiça? Por que a justiça é 
mais severa para uns e mais branda para outros?
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Teoria do conhecimento 
21
E você, como pensa, filosoficamente, o problema da justiça? 
 Reflita sobre essa questão. Será um bom exercício para que você compreenda 
melhor sobre o conhecimento filosófico. E agora, para encerrar este capítulo de 
estudo, conheça mais detalhes sobre o co nhecimento científico, tão enfatizado 
em nossa realidade acadêmica.
2.5 O conhecimento científico 
Como você já estudou nas seções anteriores, cada tipo de conhecimento tem 
características próprias e um modo bem particular de compreender os fatos, os 
fenômenos, as situações ou as coisas. 
Com o conhecimento científico também não é diferente. Dos apresentados até o 
momento, o conhecimento científico é considerado o mais recente. 
A ciência, da forma como é entendida hoje, é uma invenção do mundo moderno. 
Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu, Newton, entre outros, foram os 
grandes expoentes que, no final da Idade Média e durante a Idade Moderna, 
criaram as bases do conhecimento científico. 
Para Köche (1997, p. 17),
o conhecimento científico surge não apenas da necessidade 
de encontrar soluções para os problemas de ordem prática da 
vida diária, característica esta do conhecimento ordinário, mas 
do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam 
ser testadas e criticadas através de provas empíricas que é o 
conhecimento que advém dos sentidos ou da experiência sensível.
Observe que, “[...] o conhecimento científico é real – no sentido que se 
prende aos fatos – e contingente – porque se pauta, além da racionalidade, 
pela experiência e pela verificabilidade [das coisas]”. (RAUEN, 2002, p. 22). 
Geralmente, ele se verifica na prática, pela demonstração ou pela experimentação, 
dependendo da área de estudo em que esteja inserido: seja nas áreas sociais e 
humanas ou nas “exatas” e biológicas, por exemplo.
Para Silva (2005, p. 22), 
o conhecimento científico é alcançado através da ciência, porque 
a ciência está buscando constantemente explicações e soluções, 
revisando e avaliando os seus resultados, com uma clara 
consciência de que está sujeita a falhas e que tem limitações. 
A ciência é um processo de construção, ela está sempre se 
renovando e se reavaliando. 
teoria_do_conhecimento.indb 21 09/01/13 17:22
22
Capítulo 1 
Sendo assim, o conhecimento não se dá de forma absoluta, pesquisando não só 
o fenômeno, mas também as suas causas e suas leis. 
 E então, você está lembrado do problema apresentado no início desta seção de 
estudo para exemplificar os tipos de conhecimento? Pois bem, com base nas 
informações apresentadas sobre o conhecimento científico, como você analisa o 
problema da justiça? Quais são as bases conceituais, no âmbito do conhecimento 
científico, para fundamentar de forma metódica, racional e sistemática essa 
questão? 
Se você ainda não formalizou uma ideia consistente ou convincente sobre a visão 
da justiça sob o prisma do conhecimento científico, não seja impaciente, pois no 
decorrer do próximo capítulo serão apresentadas outras características desse 
tipo de conhecimento, além de estabelecer uma relação entre ciência, tecnologia 
e arte, de resgatar elementos de definição e classificação das ciências. 
2.6 Considerações finais 
Neste capítulo, você estudou a origem e o conceito de conhecimento. A palavra 
conhecimento vem do latim (cognitio) e resulta da relação entre o sujeito e o 
objeto. Como formas de apropriação do conhecimento, podemos destacar a 
direta e a indireta. A forma direta ocorre quando o sujeito enfrenta a realidade 
e opera “com” e “sobre” a mesma. Na indireta, o conhecimento é obtido por 
intermédio de símbolos gráficos, orais, mímicos etc. 
Você também estudou os tipos de conhecimento. O senso comum é aquele 
que provém do viver e aprender, da experiência de vida, sem apresentar uma 
preocupação com o estudo sistemático da realidade. O religioso ou teológico 
se funda na fé, acreditando que as verdades são infalíveis ou indiscutíveis, 
vinculadas às revelações divinas. O artístico preocupa-se em produzir emoções, 
por meio da manifestação dos sentimentos, marcadas pela sensibilidade do 
artista ou do intérprete. O filosófico utiliza o poder da razão para pensar e falar 
ordenadamente sobre as coisas, possibilitando uma reflexão rigorosa, radical e 
de conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta. Esse conhecimento 
constrói uma forma especulativa de ver o mundo. O conhecimento científico, por 
sua vez, fornece explicações sistemáticas que podem ser testadas e criticadas 
por meio de provas empíricas, caracterizando-se como real e contingente. 
Assim, como você pode observar, cada tipo de conhecimento apresenta uma 
forma bem peculiar de interpretar os fenômenosproduzidos pela natureza ou pelo 
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Teoria do conhecimento 
23
homem. O problema da justiça, que foi o exemplo utilizado no decorrer de todo 
o capítulo, ou qualquer outro problema, pode ser concebido ou interpretado à luz 
dos diversos tipos de conhecimento.
Os teóricos do conhecimento são capazes de descrever inúmeras semelhanças e 
diferenças entre os tipos de conhecimento apresentados aqui. Também ressaltam 
que as fronteiras entre eles nem sempre são tão claras quanto pensamos.
Os tipos de conhecimento que abordamos não descrevem as variadas formas de 
manifestação do conhecimento humano, mas estão entre as mais discutidas pela 
Teoria do Conhecimento, como base para entendimento das teorias dos filósofos, 
sobre como podemos conhecer.
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25
Secões de estudo
Habilidades
Capítulo 2
Ciência, Tecnologia e Arte
Neste capítulo, com a preocupação de ser 
competente no ato de produzir cientificamente, você 
terá a oportunidade de desenvolver habilidades 
sobre como argumentar e demonstrar ideias ou 
refletir criticamente os estudos sobre o conhecimento 
científico, por meio de sua definição, características, 
perspectiva histórica e, principalmente, da relação 
com a tecnologia e a arte.
Seção 1: Uma definição de ciência 
Seção 2: Ciência, tecnologia e arte
Seção 3: Classificação das ciências
Seção 4: A perspectiva histórica da ciência
teoria_do_conhecimento.indb 25 09/01/13 17:22
26
Capítulo 2 
Seção 1
Uma definição de ciência
A ciência está relacionada diretamente às necessidades humanas do nosso 
cotidiano, como alimentação, vestuário, saúde, moradia, transporte, entre outros. 
O conhecimento científico está por trás do remédio que tomamos, da orientação 
médica que recebemos, da roupa que vestimos. A ciência, na época em que 
vivemos, tornou-se um bem cultural. Por isso, é muito difícil imaginarmos nossa 
vida sem a presença dela.
O significado etimológico da palavra ciência vem do latim (scientia) e significa saber, 
conhecer, arte, habilidade. Apesar de a palavra ciência remontar à Antiguidade, é 
somente no século XVII que surge como um conhecimento racional, sistemático, 
experimental, exato e verificável.
Trujillo Ferrari (1973, p. 3) destaca cinco funções básicas das ciências, que são: 
a. aumento e melhoria do conhecimento; 
b. descoberta de novos fatos e fenômenos; 
c. aproveitamento espiritual; 
d. aproveitamento material do conhecimento; 
e. estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.
Se não há unanimidade na definição de ciência, por conta de fatores culturais, 
históricos, filosóficos ou ideológicos, há, por outro lado, características que 
são unânimes em praticamente todas as tentativas de definição desse tipo de 
conhecimento.
Com base nisso, é possível afirmar que o conhecimento científico é:
 • Verificável;
 • Factual;
 • Racional;
 • Objetivo;
 • Intersubjetivo
 • Preditivo;
 • Comunicável;
 • Descritivo-explicativo;
 • Metódico; 
 • Movido por paradigmas. 
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Teoria do conhecimento 
27
A partir das características apresentadas, você deve estar se perguntando: quais 
são, então, os significados dessas características? Acompanhe, a seguir, uma 
sucinta descrição de cada uma delas.
1.1 Verificável 
 Corresponde à ideia de prova ou de constatação da experiência pela ação 
e demonstração de um fenômeno, com a preocupação básica de testar a 
consistência da validade desse fenômeno. O método adotado em uma pesquisa 
científica deve permitir a outro pesquisador atingir os mesmos resultados 
alcançados, desde que adote os mesmos critérios e procedimentos.
1.2 Factual 
Diz respeito aos fatos que acontecem na realidade, que está à disposição da 
nossa observação numa dada realidade. O conhecimento científico estuda 
fenômenos naturais e humanos que ocorrem ou acontecem na natureza ou vida 
humana.
1.3 Racional 
Relaciona-se com a construção de conceitos e juízos a partir do uso 
sistemático do raciocínio, ou melhor, o que se quer na verdade é “[...] atingir 
uma sistematização coerente do conhecimento presente em todas as suas leis 
e teorias” (KÖCHE, 1997, p. 31). As teorias científicas não podem apresentar 
ambiguidade ou incoerência entre seus enunciados, por isso, a necessidade de 
um conhecimento racional e lógico. Köche chama isso de verdade sintática, 
como se explica a seguir: 
O conhecimento das diferentes teorias e leis se expressa 
formalizado em enunciados que, confrontados uns com os 
outros, devem apresentar elevado nível de consistência lógica 
entre suas afirmações [...] A ciência, no momento em que 
sistematiza as diferentes teorias, procura uni-las estabelecendo 
relações entre um e outro enunciado, entre uma e outra lei, 
entre uma e outra teoria, entre um e outro campo da ciência, de 
forma tal que se possa, através dessa visão global, perceber as 
possíveis inconsistências e corrigi-las. (KOCHE, 1997, p. 31).
teoria_do_conhecimento.indb 27 09/01/13 17:22
28
Capítulo 2 
1.4 Objetivo 
Refere-se ao propósito de querer encontrar a verdade contida na realidade, 
dispensando as impressões imediatas que acobertam essa mesma realidade, 
permitindo, inclusive, a manipulação dos fatos e o desenvolvimento de 
uma linguagem específica inerente aos conceitos próprios de cada área do 
conhecimento científico. Quando se fala em objetividade científica, quer se dizer 
que os enunciados, conceitos ou teorias científicas devem corresponder aos 
fatos. Objetividade, portanto, significa a correspondência da teoria com os fatos. 
Köche chama isso de verdade semântica, ou melhor, “o ideal da objetividade 
[...] pretende que as teorias científicas, como modelos teóricos representativos 
da realidade, sejam construções conceituais que representem com fidelidade o 
mundo real [...].” (KÖCHE, 1997, p. 31).
1.5 Intersubjetivo
De nada adianta uma teoria ser coerente na sua construção lógica (ideal de 
racionalidade ou verdade sintática); de nada adianta uma teoria apresentar 
correlação entre seus enunciados e conceitos e os fatos (ideal de objetividade ou 
verdade semântica) se essa teoria não for submetida à apreciação e/ou validação 
e/ou crítica da comunidade científica. Köche chama isso de verdade pragmática, 
ou seja, o ideal de intersubjetividade é a possibilidade dos enunciados científicos 
serem “[...] submetidos a testes, em qualquer época e lugar e por qualquer sujeito 
[reconhecido pela comunidade científica]”. (KÖCHE, 1997, p. 33).
Assim, “[...] um enunciado científico é objetivo quando, alheio às crenças pessoais, 
puder ser apresentado à crítica, à discussão, e puder ser intersubjetivamente 
submetido a teste”. (POPPER, 1977 apud KÖCHE, 1997, p. 32).
1.6 Preditivo 
Remete ao entendimento de que, com o conhecimento científico, é possível 
prever como os fenômenos podem ocorrer. Não se trata de uma questão de 
simples vidência ou premunição, mas de previsão baseada na repetição contínua 
dos fatos.
O sol nasce todos os dias. 
Após a primavera, vem o verão. 
Objetos soltos caem com aceleração constante, se for desprezada a resistência do ar. 
Gatos dão sempre à luz gatinhos [sic]. 
teoria_do_conhecimento.indb 28 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
29
Como se pode ver, há uma ordem na natureza e [...] o cientista tenta descobrir e 
estudar estas regularidades, enunciando-as na forma de leis gerais e utilizando 
estas leis para explicar e prever novos fatos. (GEWANDSZNAYDER, 1989, p. 9, 
grifo nosso).
1.7 Comunicável 
Implica dizer que os resultados das investigações científicas devem ser 
comunicados à sociedade em geral e não ficarem restritos ao meio acadêmico. 
Uma descoberta científica só é reconhecida pela comunidade científica se for 
publicada em uma revista de circulação internacional. Qualquer estudo ou pesquisa 
que você desenvolver só será consideradoverdadeiramente um trabalho científico 
se for publicado ou submetido à apreciação da comunidade acadêmica. Fazer 
uma pesquisa e guardar os resultados para si não é uma postura de quem deseja 
contribuir para o desenvolvimento do conhecimento científico, você não concorda?
1.8 Descritivo-explicativo
Significa dizer que o conhecimento científico é expresso por meio de enunciados 
que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos 
fenômenos relacionados a um problema, pois somente por meio das leis e teorias 
é possível explicar os fenômenos.
As leis e teorias surgem da necessidade de se ter de encontrar explicações 
para os fenômenos da realidade. Esses fenômenos são conhecidos pelas suas 
manifestações, pelas suas aparências, assim como se percebe pela cor e pelo 
perfume quando um fruto está maduro. Pode-se descobrir nos fenômenos 
da mesma natureza a manifestação de alguns aspectos que são comuns e 
invariáveis. Por exemplo: sempre que um objeto é jogado para o alto, cai. O 
estudo dessas manifestações pode conduzir à descoberta da uniformidade ou 
regularidade do comportamento desse fenômeno, conjeturando sobre a estrutura 
dos fatores que interferem ou produzem essa regularidade. (KÖCHE, 1997, p. 90).
A função da Física consiste em descrever e explicar os fenômenos físicos, da 
Sociologia em descrever e explicar os fenômenos sociais, da Psicologia em 
descrever e explicar os fenômenos psíquicos. Isso que ocorre com a Física, a 
Sociologia e a Psicologia também ocorre com as demais ciências.
1.9 Metódico
Significa um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, estabelecidas pelo 
pesquisador, a fim de investigar um determinado tema/questão/problema. Não 
há ciência sem método. Entre o sujeito que conhece (cientista) e o objeto que é 
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30
Capítulo 2 
conhecido há um conjunto de procedimentos, regras, instrumentos, técnicas e 
processos que permitem a elucidação mais precisa do objeto de estudo.
A definição se deu a partir de dois polos: de um lado o sujeito e, de outro, o objeto. 
O método, enquanto exigência do conhecimento científico, coloca-se entre essa 
relação.
1.10 Movido por paradigmas
Todo conhecimento científico baseia-se em modelos ou representações formadas 
por pressupostos teórico-filosóficos. Um exemplo disso é a física aristotélica, 
física newtoniana, física quântica, psicologia comportamentalista, psicanálise, 
dogmática jurídica ou qualquer outro modelo filosófico-científico. Afirmar que 
a ciência é movida por paradigmas significa dizer que a ciência é movida por 
modelos, marcada por concepções ou formas de interpretar o mundo, a vida e a 
sociedade.
Kuhn (2003, p. 13), em sua obra “A estrutura das revoluções científicas”, assim se 
expressa sobre os paradigmas: Considero ‘paradigmas’ as realizações científicas 
universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e 
soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência.
Nesta seção, você estudou as principais características da ciência, que 
possibilitam defini-la de forma mais precisa e objetiva. Assim, prosseguiremos 
nossos estudos sobre a ciência, estabelecendo uma relação dessa com a 
tecnologia e a arte. É o que você verá a seguir.
Seção 2
Ciência, tecnologia e arte
Um dos desafios da Ciência tem sido marcado pela vontade de dominar a 
natureza, por meio do desenvolvimento tecnológico. Assim, “além de aumentar 
nosso conhecimento, a Ciência também pode ser utilizada como fonte de poder 
sobre a natureza”. (GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 16).
Para Barros e Lehfeld (1986, p. 70), a ciência é o meio mais adequado para o 
controle prático da natureza, transformando-a em “[...] matriz de recursos técnicos 
e/ou tecnológicos, os quais utilizados com sabedoria contribuem para uma vida 
humana mais satisfatória, enquanto efetivação instrumental do fazer e do agir”.
teoria_do_conhecimento.indb 30 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
31
Do mesmo modo, Köche (1997, p. 43) afirma que a ciência pode “[...] satisfazer às 
necessidades humanas como instrumento para estabelecer um controle prático 
sobre a natureza”.
Como você pode observar, não há ruptura epistemológica entre a ciência e a 
técnica, mas há um encadeamento. Sendo assim, “há técnica para o conhecer e 
há técnica para o agir”, de modo que esta (técnica) se utiliza “[...] das orientações 
fornecidas pela ciência sobre a realidade, e transforma-as em programas e planos 
de execução”. (BARROS; LEHFELD, 1986, p. 71).
A técnica ou tecnologia (do grego téchne, que significa arte ou habilidade) 
pode utilizar tanto o conhecimento comum quanto os conhecimentos obtidos 
na pesquisa básica ou na ciência aplicada para criar novos artefatos ou 
produtos (aparelhos elétricos, computadores, medicamentos, corantes etc.), 
melhorar a produção, modificar o ambiente ou amenizar as atividades humanas. 
(GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 16).
Segundo Barros e Lehfeld (1986, p. 71), “genericamente, a técnica é o manejo 
do conceito; é o exercício da investigação e o da intervenção sobre o objeto, 
para atingir resultados práticos compatíveis com as exigências situacionais de 
mudanças”.
Nesse sentido, Köche (1997, p. 43) afirma que:
a eletricidade, a telefonia, a informática, o rádio, a televisão, a 
aviação, as aplicações tecnológicas no campo da medicina, 
das engenharias e das viagens espaciais, o uso da genética 
na agricultura e na agropecuária e tantos outros relacionados 
à psicologia, e aos mais diferentes campos do conhecimento 
mostram a evolução crescente do uso do conhecimento 
científico na vida diária do homem, a tal ponto que dificilmente 
se desvincula a produção do conhecimento do seu benefício 
tecnológico e pragmático.
Aos poucos, o conhecimento científico toma conta das nossas decisões e ações 
cotidianas, configurando uma sociedade do conhecimento, na qual o poder se 
constitui pelo domínio do próprio conhecimento.
Outro aspecto importante a ser abordado é a relação entre a ciência e a arte, que 
pode ser estudada de diversas formas no processo histórico. O escultor, pintor, 
engenheiro e cientista Leonardo da Vinci (1452-1519), por exemplo, dizia que 
ciência e arte completavam-se formando uma atividade intelectual. Também a 
literatura de ficção científica indica proximidade entre ciência e arte. 
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32
Capítulo 2 
Vários artistas desenvolvem obras ligadas às áreas tecnocientíficas, aos avanços 
da computação e dos meios de comunicação, a biologia e a engenharia genética, 
entre outros. Esse é o caso da arte eletrônica, arte-comunicação, ou ainda, arte 
transgênica. 
Também, pelo universo digital, podem-se conhecer museus e exposições de arte, 
sem contar que, por meio da tecnologia, o produtor de arte tem a oportunidade 
de divulgar seu trabalho e torná-lo conhecido mundialmente. 
Apesar dos vários recursos que a tecnologia e a ciência oferecem, uma grande 
quantidade de arte continua a ser realizada alheia às inovações, confirmando que 
a utilização de técnicas e materiais tradicionais ainda não se esgotou.
Hoje, como se percebe, ciência, arte e tecnologia se comunicam abertamente, 
seja pela complementariedade ou pela influência recíproca. Essa relação só 
tende a crescer, já que, a cada dia surgem novos meios tecnológicos que 
ajudam a propagar e aprimorar os conhecimentos. A busca por recursos dessa 
natureza é cada vez maior em nossa sociedade para resolver ou contornar as 
mais diversas situações. 
Nesse sentido, o diálogo entre tecnologia, ciência e arte não pode ser separado 
do contexto social, político e ideológico que nos rodeia. O próprio conceito de 
arte sofre abalos constantes, quem dera os da ciência e da tecnologia. Por isso, 
Alves (2004) afirma:
há uma ciência dos olhos. Há uma especialidade médica que se 
dedica a eles: a oftalmologia. Mas, por mais que procuremos nos 
tratados de oftalmologia referências ao olhar, não encontraremos 
nada. O olhar não éobjeto de conhecimento científico. Nem 
tudo o que é real pode ser pescado com as redes metodológicas 
da ciência. Há objetos que escapam pelos buracos de suas 
malhas. Será possível fazer uma ciência dos olhares? Tratá-los 
estatisticamente? Não tem jeito. Aí a proposta de uma tese sobre 
o olhar foi rejeitada sob a justa alegação de que não era científica. 
E não era mesmo. Mas o fato é que os olhares são reais!
Você acabou de estudar a relação da ciência com a tecnologia e a arte, e 
percebeu que estão próximas, sendo, portanto, complementares. Isso permite 
ampliar sua visão sobre a abrangência dos estudos científicos. Nesse sentido, 
partimos para a próxima seção, a qual aborda a classificação das ciências. 
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Teoria do conhecimento 
33
Seção 3
Classificação das ciências
A classificação das ciências é outra tarefa um tanto difícil de estabelecer. Se 
você fizer um estudo na literatura sobre o assunto, com certeza, você encontrará 
muitas formas de agrupar ou de separar as ciências.
O que há de comum entre elas é que, em todas as classificações, os autores 
procuram levar em conta o critério do objeto de estudo, isto é, procuram agrupar 
as ciências pelas semelhanças ou diferenças que há entre elas. Assim, as 
ciências que estudam fenômenos produzidos pela ação humana fazem parte de 
um grupo, enquanto as ciências que estudam os fenômenos produzidos pela 
ação da natureza fazem parte de outro grupo.
Qual a classificação das ciências?
Observe a classificação de Bunge apud Gewandsznayder (1989, p. 12):
Figura 2.1 – Classificação das ciências
Fonte: Bunge apud Gewandsznayder (1989, p. 12).
A lógica e a matemática são ciências do pensamento, pois lidam com fenômenos 
ideais e abstratos. Enquanto a matemática opera com números, a lógica opera 
com ideias, mas ambas não possuem realidade física.
Você já imaginou a realidade física do zero ou a realidade física do pensamento? 
Toda ideia é uma abstração, o zero, ou qualquer outro número, é uma convenção 
humana, que por meio de um símbolo representa ausência de alguma coisa. 
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34
Capítulo 2 
As operações lógicas e matemáticas se dão exclusivamente no campo do 
pensamento.
A lógica e a matemática são importantes tanto para o homem comum que 
necessita pensar de forma ordenada e operar com números no seu dia a dia, 
como para a ciência, principalmente no que diz respeito a sua aplicação como 
contribuinte ou instrumento para testar a validade de suas teorias. 
Pitágoras, na Antiguidade Clássica, dizia que a essência de todas as coisas é o 
número, que tudo pode ser representado numericamente. Os positivistas lógicos 
no século XX afirmavam que um enunciado para ser verdadeiro deveria passar 
pelo crivo da lógica.
Ambas são consideradas Ciências Formais porque são instrumentais e lidam 
com operações que se encadeiam por meio dos números, ideias, funções, 
proposições etc. Alguns autores chegam a afirmar que a lógica ou a matemática 
não seriam propriamente ciência, mas método. Ambas não estão preocupadas 
com o conteúdo de suas operações, mas com a implicação dos elementos que 
compõem essas operações.
As Ciências Factuais referem-se aos fatos ou fenômenos concretos que 
correspondem a alguma coisa real e podem ser observados ou testados. As 
Ciências Naturais lidam com fenômenos produzidos pela ação da natureza 
(Química, Biologia, Física, Ecologia). As Ciências Culturais, sociais ou humanas 
lidam com os fenômenos produzidos pela ação do homem nas relações 
socioculturais (Sociologia, Psicologia, Antropologia, História).
Além da classificação apresentada (Ciências formais e factuais), alguns autores 
acrescentam um outro agrupamento: o das Ciências Aplicadas. Nesse grupo, 
encontram-se todas as ciências que se propõem a criar artefatos ou tecnologias 
para a intervenção na vida humana ou na natureza: Medicina, Arquitetura, 
Engenharia, Ciências da Computação, entre outras.
Como você acabou de estudar, a classificação das ciências não é uma tarefa 
nada fácil de estabelecer, pois existem várias formas de agrupar ou de separá-
las. Então, continuemos nossos estudos. Agora, partimos para o estudo da 
história da ciência. 
teoria_do_conhecimento.indb 34 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
35
Seção 4
A perspectiva histórica da ciência
Dos vários tipos de conhecimentos que existem (conhecimento do senso comum, 
conhecimento religioso, conhecimento artístico e conhecimento filosófico), o 
científico é o que pode ser considerado o mais recente.
A ciência, da forma como é entendida hoje, é uma invenção do mundo moderno, 
decorrente da Revolução Científica do século XVII.
Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu, Newton, entre outros foram os 
grandes expoentes que, no final da Idade Média e durante a Idade Moderna 
criaram as bases do conhecimento científico. Todavia, a história da ciência 
começa muito antes desse período, remetendo-nos para a Grécia Antiga do 
século VI a.C.
Nesse sentido, para que você possa iniciar o estudo da história das ciências com 
mais segurança e clareza, é importante, primeiramente, determinar os principais 
períodos históricos pelos quais se desenvolveu o conhecimento científico.
Visão Grega Visão Moderna Visão Contemporea
Século VI a.C. até o final 
da Idade Média.
Século XVII ao Século XIX. Século XIX até os nossos dias.
4.1 A visão grega de ciência
Os gregos dos séculos VI a IV a.C. foram os primeiros a desenvolver um tipo de 
conhecimento racional desligado do mito. “O pensamento laico, não religioso, 
logo se tornava rigoroso e conceitual, fazendo nascer a filosofia no século VI a.C.” 
(ARANHA, MARTINS, 1999, p. 93).
Uma das preocupações mais evidentes nesse período era a da busca do saber, a 
compreensão da natureza das coisas e do homem. Buscava-se uma nova forma 
de compreensão do universo em contraposição à visão mitológica.
Os filósofos “[...] pré-socráticos substituíram a concepção de mundo caótico 
concebido pela mitologia pela ideia de cosmos”. Agora o universo passava a 
ser a ordem ou o cosmos, contrapondo-se à concepção mitológica de que os 
fenômenos aconteciam no mundo de forma caótica, como se fossem movidos 
por forças espirituais e sobrenaturais, comandadas pelas forças dos deuses. 
(KÖCHE, 1997, p. 44).
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36
Capítulo 2 
Os primeiros filósofos buscavam o princípio explicativo de todas as coisas (a arché), 
cuja unidade resumiria a extrema multiplicidade da natureza. Os fenômenos estavam 
relacionados a causas e forças naturais que podiam ser conhecidas e previstas. “As 
respostas eram as mais variadas, mas a teoria que permaneceu por mais tempo foi a 
de Empédocles, para quem o mundo físico é constituído de quatro elementos: terra, 
água, ar e fogo”. (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 93).
Assim, a noção de ciência na Grécia voltava-se para a especulação racional e se 
desligava da técnica e das preocupações práticas, pois “numa sociedade escravista, 
que deixava tarefas, trabalhos e serviços aos escravos, a técnica era vista como uma 
forma menor de conhecimento”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 255).
Segundo essa concepção, era preciso buscar a ciência (episteme) que consistia 
no conhecimento racional das essências, das ideias imutáveis, objetivas e 
universais. As ciências como a matemática, a geometria e a astronomia são 
passos necessários a serem percorridos pelo pensamento, até atingir as 
culminâncias da reflexão filosófica. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 94).
Para Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, a ciência (episteme) “[...] 
produz um conhecimento que pretende ser um fiel espelho da realidade, por estar 
sustentado no observável e pelo seu caráter de necessidade e universalidade”. A 
Physis era o princípio ativo, a fonte intrínseca natural do comportamento de cada 
coisa, determinada por sua matéria e forma. Portanto, a ciência física era uma 
ciência da natureza (KÖCHE, 1997, p. 47).Nesse sentido, a concepção estática do mundo se mantém definida, na qual os 
gregos costumavam associar a perfeição ao repouso, caracterizada pela ausência 
de movimento.
Assim, na visão grega de ciência, predominou esse modelo cosmológico 
aristotélico, posteriormente confirmado por Ptolomeu (um helênico do século II 
d.C.), que defendia a ideia de um mundo “geocêntrico, finito, de forma esférica, 
limitado às estrelas visíveis e fechado, com princípios organizadores próprios, tal 
qual um organismo vivo, dotado de inteligência própria”. (KÖCHE, 1997, p. 48, 
grifo dos autores).
Outra característica marcante dessa astronomia (de Aristóteles) foi a 
hierarquização do cosmos, ou seja, o universo se achava dividido em dois 
mundos, sendo que um era considerado superior ao outro: o mundo sublunar, 
considerado inferior, correspondia à região da Terra [...] e o mundo supralunar, de 
natureza superior, correspondia aos Céus. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 94).
A partir desse breve esboço, segundo Aranha e Arruda (1999, p. 95), podemos 
atribuir à Ciência grega cinco características marcantes, as quais são:
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Teoria do conhecimento 
37
a. a ciência encontra-se ligada à filosofia;
b. a ciência é qualitativa;
c. a ciência não é experimental;
d. a ciência é contemplativa;
e. a ciência baseia-se em uma concepção estática do mundo.
4.2 O período medieval e a cristianização da concepção grega 
de ciência
Continuando o estudo, chegamos ao mundo medieval (que se estende, 
aproximadamente, dos séculos V ao XV), no qual observamos que continua a 
vigorar a influência da herança grecolatina, no que se refere à manutenção da 
mesma concepção de ciência. “Apesar das diferenças evidentes, é possível 
compreender essa continuidade, devido ao fato de o sistema de servidão também 
se caracterizar pelo desprezo à técnica e a qualquer atividade manual”. (ARANHA, 
MARTINS, 1999, p. 95).
Agora a ciência “[...] se vincula aos interesses religiosos e se subordina aos 
critérios da revelação, pois, na Idade Média, a razão humana devia se submeter 
ao testemunho da fé” (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 95). O que valia eram as 
verdades reveladas pelos “velhos livros”, fossem eles a Bíblia, Aristóteles ou 
Ptolomeu. “Eles eram o próprio conhecimento, a própria Ciência”. (ALFONSO-
GOLDFARB, 1994, p. 30).
Por isso, nessa fase histórica, não houve desenvolvimento das ciências particulares, 
fazendo com que a lógica aristotélica passasse a ser amplamente utilizada para 
justificar as verdades da fé.
Nesse sentido, você pode perceber que o Teocentrismo, tendo na figura de Deus o 
centro de todas as atenções humanas, passou a ser a visão de mundo que marcou 
o imaginário da maioria das pessoas que viveram neste momento. Portanto, o 
período medieval se constituiu, sobretudo, na primazia da fé sobre a razão.
4.3 A visão moderna de ciência
A visão moderna de ciência surge no final da Idade Média, perpassa o período 
renascentista e culmina no século XVII, com a chamada Revolução Científica.
Nicolau Copérnico (1473-1543), em oposição ao modelo geocêntrico de 
astronomia de Ptolomeu, no século XVI, propõe o modelo da teoria 
heliocêntrica. (ARANHA, ARRUDA, 1999, p. 96, grifo nosso).
teoria_do_conhecimento.indb 37 09/01/13 17:22
38
Capítulo 2 
No período renascentista, inicia-se uma concepção de ciência, em que as 
culturas fundamentadas no conhecimento racional das essências (da Antiguidade 
clássica) ou nas verdades reveladas pelos parâmetros bíblicos (do medieval) 
deveriam ser apagadas do imaginário e da mentalidade dos europeus ocidentais, 
de modo a valorizar-se apenas o uso de métodos experimentais rigorosos 
que, amparados no conhecimento matemático, eram capazes de proporcionar 
respostas consideradas cientificamente verdadeiras.
Assim, em princípio, temos a concepção racionalista de ciência, que se 
consolida até o final do século XVII. Nesse tipo de concepção, a ciência é definida 
como um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo.
Paralelamente à concepção racionalista, temos a concepção empirista de 
ciência, que se baseava no modelo de objetividade da medicina grega e da 
história natural do século XVII, estendendo-se até o final do século XIX. Nessa 
concepção, defendia-se a posição de que não existiam ideias inatas, tendo na 
experiência o parâmetro de aprendizado.
Assim, aos poucos, os pensadores modernos, seja pela concepção racionalista 
ou empirista, passam a negar tacitamente o saber aristotélico incorporado à 
teologia católica do período medieval europeu.
No campo da Física e da Astronomia, os estudos realizados por Galileu 
possibilitaram a Isaac Newton (1642-1727) elaborar a teoria da gravitação 
universal. A proposição física se tornava uma lei, obtida pela observação e 
generalização indutiva, transformando-se em “[...] proposições confiáveis e 
destituídas de dúvida ou de arbitrariedade, [como se fosse] um decalque fiel e 
objetivo da realidade”. (KÖCHE, 1997, p. 57).
A partir desse momento, estava instituída a Física Mecânica (de Newton), como 
paradigma para todas as ciências, criado matematicamente, as humanas e 
sociais inclusive. Agora, a ciência experimental newtoniana se transformava no 
modelo de conhecimento.
René Descartes (1596-1650) é considerado o pai do racionalismo, pois defendia 
a ideia de que a verdade dos conceitos e demonstrações matemáticos era 
inquestionável.
John Locke (1632-1704) é considerado um dos grandes 
responsáveis por essa concepção de Ciência. Dizia que a mente 
era uma página em branco a qual a experiência viria a preencher.
Galileu Galilei (1564-1642) foi, certamente, um dos grandes 
expoentes da Ciência moderna, sendo o primeiro a formular 
o método quantitativo-experimental, o primeiro a formular o 
problema crítico do conhecimento.
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Teoria do conhecimento 
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Figura 2. 2 - Pensadores modernos
René Descartes (1596-1650) é considerado o 
pai do racionalismo, pois defendia a idéia de 
que a verdade dos conceitos e demonstrações 
matemáticos era inquestionável.
John Locke (1632-1704) é considerado um dos 
grandes responsáveis por esta concepção de 
Ciência. Dizia que a mente era uma página em 
branco a qual a experiência viria a preencher.
Galileu Galilei (1564-1642) foi, certamente, um dos 
grandes expoentes da Ciência moderna sendo 
o primeiro a formular o método quantitativo-
experimental, o primeiro a formular o problema 
crítico do conhecimento.
Fonte: Portal Sofia (2010).
As Ciências Humanas e Sociais tiveram enorme dificuldade em estabelecer um 
estatuto próprio ou uma autonomia, pois, como você percebeu, todo o modelo de 
cientificidade, necessariamente, estava vinculado às Ciências Naturais. A Física 
era considerada a ciência perfeita.
Assim, a Economia, a Sociologia, a Psicologia, entre outras Ciências Sociais e 
Humanas, nos séculos XVIII e XIX, para atingirem o status de conhecimento científico, 
inicialmente tiveram que adotar o modelo experimental proposto pela Física.
A Sociologia chegou a ser chamada de Física Social e a Psicologia de Psicofísica.
A exaltação à ciência e ao método experimental deu origem ao chamado 
cientificismo: visão reducionista segundo a qual a ciência seria o único 
conhecimento válido. Dessa forma, o método das Ciências da natureza – baseado 
na observação, experimentação e matematização – deveria ser estendido a todos 
os campos do conhecimento e a todas as atividades humanas. A ciência virou 
praticamente um mito. (HEERDT; LEONEL, 2006, p. 42).
teoria_do_conhecimento.indb 39 09/01/13 17:22
40
Capítulo 2 
4.4 A visão contemporânea de ciência 
Esse período é marcado pela crise do modelo de ciência da Idade Moderna. 
Nesse sentido, “a principal contribuição para uma nova concepção de ciência foi 
dada (pelo físico) Einstein, pois “as teorias da relatividade restrita e da relatividade 
geral foram importantes não apenas pelo conteúdo que apresentaram, mas pela 
forma como foramalcançadas”. (KÖCHE, 1997, p. 60).
A cientificidade passa a ser pensada nesse momento como uma ideia reguladora 
de alta abstração e não mais como sinônimo de modelos e normas a serem 
seguidos. Agora a teoria não será mais aceita como definitivamente confirmada.
Então, “a objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da 
comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e 
as conclusões, divulgadas em revistas especializadas e congressos”. (ARANHA, 
MARTINS, 1999, p. 89).
Dessa maneira, a ciência procura demonstrar que é capaz de fornecer respostas 
dignas de confiança, desde que submetidas continuamente a um processo de 
revisão crítica, sistemática e fundamentada nas teorias vigentes. “A ciência, em 
sua compreensão atual, deixa de lado a pretensão de taxar seus resultados de 
verdadeiros, mas, consciente de sua falibilidade, busca saber sempre mais”. 
(KÖCHE, 1997, p. 79). Assim, o conhecimento científico pode ser definido como 
provisório e construído, até que outro venha a superá-lo.
A visão contemporânea de ciência é marcada pelas rupturas epistemológicas, 
não havendo um modelo exclusivo que caracterize o conhecimento científico 
nessa época. Ruptura epistemológica significa revisão crítica do conhecimento e 
tentativas de superar aquela visão estática, marcada pelas verdades dogmáticas 
e imutáveis, tão característico em toda a história do conhecimento científico.
4.5 Considerações finais
Você estudou, neste capítulo, a definição de ciência, a relação entre ciência, arte e 
tecnologia, a classificação das ciências e a perspectiva histórica da ciência.
Você percebeu que não há uma única forma de definir ciência. Esta dificuldade 
resulta de fatores culturais, históricos, filosóficos ou ideológicos. Entretanto, 
mesmo existindo essa dificuldade, é possível identificar algumas características 
que são próprias do conhecimento científico. Nesse sentido, podemos dizer 
que o conhecimento científico é verificável, factual, objetivo, racional, preditivo, 
comunicável, descritivo-explicativo, metódico, movido por paradigmas, 
intersubjetivo, entre outros.
teoria_do_conhecimento.indb 40 09/01/13 17:22
Teoria do conhecimento 
41
Sobre a relação entre ciência, arte e tecnologia você percebeu que a ciência é o 
meio mais adequado para o controle prático da natureza. Alimentação, transporte, 
saúde, produção industrial dependem das inovações tecnológicas, que, por sua 
vez, dependem dos avanços na ciência. A arte também se relaciona com a ciência, 
comunicando-se abertamente, seja pela complementariedade ou pela influência 
recíproca. Essa relação só tende a crescer, já que a cada dia surgem novos meios 
tecnológicos que ajudam a propagar e a aprimorar os conhecimentos. Dessa 
maneira, torna-se difícil separar a ciência e a arte da tecnologia.
As ciências se dividem em dois grupos: as formais e as factuais. As ciências 
formais ocupam-se de elementos ideais e abstratos e estudam as implicações 
lógicas e matemáticas do pensamento. As ciências factuais estudam fenômenos 
naturais (Física, Química, Biologia, Ecologia etc.), humanos e sociais (Sociologia, 
Economia, Antropologia, História, Psicologia, Direito etc.).
As ciências se agrupam conforme a familiaridade com o objeto de estudo. Assim, 
as ciências que estudam os fenômenos da natureza estão reunidas em um grupo 
e as que estudam os fenômenos sociais e humanos em outro grupo, apesar de 
ambas pertencerem ao grupo das Ciências Factuais. Estudando a divisão da 
ciência, também podemos entender o conhecimento científico como sendo o 
conhecimento das especialidades, das particularidades. Nesse sentido, podemos 
dizer que todo cientista é um especialista em determinada área do conhecimento.
Você estudou também sobre as três grandes concepções históricas de ciência: a 
visão grega, moderna e contemporânea. 
Na visão grega, você estudou que se desenvolveu um tipo de conhecimento 
racional desligado do mito. Nessa época, as concepções míticas do universo dão 
lugar às concepções baseadas na racionalidade, fazendo surgir a Filosofia. Na 
visão grega de ciência, predominou o modelo cosmológico de universo chamado 
geocentrismo (a Terra como centro do universo). Na Idade Média, o modelo de 
ciência grega vincula-se aos interesses religiosos e se subordina aos critérios 
da revelação. Esse modelo perdurou até o final da Idade Média, quando foi 
questionado pelos principais protagonistas da ciência moderna que propuseram o 
modelo heliocêntrico (sol como centro do universo), em substituição ao geocêntrico.
Na Idade Moderna, a concepção de ciência se desvincula da visão grega, por 
meio da chamada Revolução científica. Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, 
Galileu, Newton, entre outros foram os grandes expoentes que, no final da Idade 
Média, e durante a Idade Moderna criaram as bases do conhecimento científico. 
Duas concepções marcaram a Ciência no mundo moderno: a racionalista e 
a empirista. A concepção racionalista preconiza um conhecimento racional, 
dedutivo e demonstrativo e seu maior expoente é René Descartes (1596-1650). 
A concepção empirista defendia a posição de que não existem ideias inatas 
teoria_do_conhecimento.indb 41 09/01/13 17:22
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Capítulo 2 
e a experiência é o parâmetro para todo aprendizado. O grande expoente da 
concepção empirista é John Locke (1632-1704), ele dizia que a mente era uma 
página em branco a qual a experiência viria preencher.
O modelo de cientificidade estava vinculado às Ciências Naturais e era baseado 
na matematização e na experimentação. A Física era a ciência perfeita e 
considerada modelo de cientificidade. A visão contemporânea de ciência é 
marcada pelas rupturas epistemológicas, não havendo um modelo exclusivo 
que caracterize o conhecimento científico. Como você estudou, ruptura 
epistemológica significa revisão crítica do conhecimento. A concepção atual de 
ciência é marcada pela ideia de que não há verdades eternas, pois as teorias são 
transitórias e podem ser renovadas ou até substituídas.
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Secões de estudo
Habilidades
Capítulo 3
As raízes da Teoria do 
Conhecimento
Pensando nas raízes da teoria do conhecimento 
nas concepções dos filósofos clássicos sobre 
as origens e possibilidades do conhecimento, 
propomos desenvolver as seguintes habilidades: 
refletir criticamente sobre essa temática, interpretar 
informações e dados, extrair conclusões e julgar, 
argumentar e demonstrar esse aprendizado, 
elaborar sínteses.
Seção 1: A descoberta da racionalidade 
Seção 2: O conhecimento na filosofia de Sócrates, 
Platão e Aristóteles
teoria_do_conhecimento.indb 43 09/01/13 17:22
44
Capítulo 3 
Seção 1
A descoberta da racionalidade
A partir desta unidade, você começará a estudar a questão do conhecimento 
em uma perspectiva histórica. Verá a questão do conhecimento no pensamento 
grego antigo de alguns filósofos pré-socráticos (primeiros filósofos ocidentais) 
e de Sócrates, Platão e Aristóteles (filósofos gregos mais estudados). Estudará, 
também, questões fundamentais sobre o conhecimento originado na Grécia 
Antiga e Clássica, que permaneceram sendo discutidas por pensadores 
medievais, modernos e contemporâneos.
Até aproximadamente o século VII a.C., o conhecimento cultivado na Grécia 
Antiga estava ligado a certos aspectos da vida em sociedade. Esse conhecimento 
constituía-se, basicamente, de técnicas aplicadas à agricultura, do desempenho 
dos ofícios tradicionais e da preparação para a guerra. Havia, também, o 
conhecimento mitológico, que, além de motivar os cultos religiosos, explicava boa 
parte da realidade, ligando os deuses diretamente aos fenômenos da natureza 
e aos acontecimentos da vida humana. Aos poucos, porém, os gregos foram 
aprimorando suas técnicas de produção de alimentos e produtos, o que os levou 
a produzir muito mais do que precisavam para seu consumo.
É comum historiadores afirmarem que a excelência no modo de produção da 
vida

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