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CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR 
PROF. RONALD A. SHARP JUNIOR 
 
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Olá! Estamos de volta e agora com a nossa aula 8. 
Abordaremos da Falência e Recuperação. Apesar de ser um tema de Direito 
Empresarial, possui tamanha repercussão que surte efeitos até nas esferas 
civil, administrativa, trabalhista e até penal. 
Certamente, nem que seja pelas notícias veiculadas pela imprensa, todos nós 
acabamos por conhecer algum exemplo prático. Quem não se lembra da 
Recuperação da Varig? O risco de insucesso empresarial é inerente a toda 
atividade econômica de produção e circulação de riquezas. Para que se tenha 
uma idéia o número de falências somente requeridas em 2004 foi de mais de 
treze mil. Destas foram efetivamente decretadas 4.316 falências.1 
Por suas implicações há uma regulamentação legal própria, a qual sofreu 
recente inovação legislativa, com a aprovação da Lei nº. 11.101, em 09 de 
fevereiro de 2005.2 Após uma longa tramitação legislativa de cerca de 11 anos, 
a nova lei dispôs acerca da recuperação judicial, extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária, tendo revogado a antiga Lei de 
Falências, o Decreto-Lei nº. 7.661/1945. 
Esse novo instituto jurídico, a recuperação, busca conciliar o direito dos 
credores com o princípio da preservação da empresa, atento às peculiaridades 
e necessidades das empresas viáveis, em situação de crise, implementado por 
um esforço criativo e compartilhado dos credores para assegurar a sua 
continuidade. Pela recuperação (que pode ser judicial ou extrajudicial) 
procuram-se meios de superar a crise econômico-financeira do devedor, em 
nome do princípio da preservação ou continuidade da empresa. Você consegue 
imaginar o porquê ? Não? Porque a empresa gera negócios, movimenta a 
economia, paga tributos, distribui renda, emprega pessoas, transcendo o 
interesse individual dos próprios titulares ou sócios para assumir uma 
dimensão difusa, objeto de proteção pela sua essencialidade social.3 
Observe também que essa nova lei está inserida no cerne das reformas 
necessárias para criar condições efetivas e adequadas para o crescimento de 
longo prazo. Segundo a avaliação do FMI, apresentava-se fundamental a 
edição da lei para uma nova política de crédito no país e para a redução dos 
juros na economia. O diploma legal passa a ser um relevante instrumento que 
rege o mercado de crédito no país,4 constituindo um novo marco regulatório 
das relações entre credores e devedores. 
Bem, feita esta introdução recomendo que você esteja munido com a nova lei 
para acompanhar a aula. Vamos começar? 
 
1 Segundo estudo apresentado pelo Serasa: http://www.serasa.com.br/ serasalegal/42-abr-
05_m1.htm. Em 2006 este número está se mantendo bem abaixo, veja também: 
http://www.serasa.com.br/empresa/noticias/2006/noticia_0348.htm 
2 Veja em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Lei/L11101.htm 
3 A exemplo do que ocorre em países como Estados Unidos, Itália, Portugal, Espanha, França. 
4 Ainda no campo do crédito, foram aprovadas as seguintes medidas: a Emenda Constitucional 
40/2003, que retirou a limitação dos juros constante do art. 192 da redação original da 
Constituição Federal; a Lei 10.820/2003, que autorizou a consignação em folha salarial como 
meio de pagamento irretratável; a Lei 10.931/2004, que regulamenta a Cédula de Crédito 
Bancário, altera a sistema da alienação fiduciária, reformula o crédito imobiliário e trata do 
patrimônio de afetação; a Lei 11.079/04, que trata das Parcerias Público Privadas. 
 
 
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SUMÁRIO 
1. Noções Gerais 
2. Pressuposto da Falência 
2.1. Caracterização do Estado Falimentar 
2.2. Princípios da Falência 
2.3. Efeitos da Falência 
2.4. Classificação dos Créditos 
2.5. Extinção das Obrigações 
3. Da Recuperação e suas Espécies 
3.1. Objetivos da Recuperação 
3.2. Excluídos da recuperação 
3.3. Período de Observação 
3.4. Meios de Recuperação 
4. Crimes Falimentares 
 
1. Noções Gerais da Falência 
O termo falência vem do latim fallere, que da idéia de insolvência, ou seja, o 
devedor tem um passivo (dívidas) que supera o ativo (crédito). Na fase 
primitiva do direito romano, o devedor respondia com o próprio corpo para o 
pagamento das suas dívidas, tornava-se escravo, ou então, o que era pior, 
ocorria o concurso creditorium macabro: se um devedor tivesse mais de um 
credor, não podendo servir como escravo a mais de um senhor ao mesmo 
tempo, era esquartejado em tantas partes quantas fossem o número de seus 
credores. 
Com o tempo os romanos começaram a perceber que tal conduta não era 
suficiente para satisfação econômica dos créditos, que continuavam em aberto. 
Resolveram não mais executar o corpo do devedor, mas sim o seu patrimônio.5 
Na Idade Média passou-se a empregar o termo “quebra” ou “bancarrota”, 
porque o devedor que tinha muitas dívidas abandonava seu patrimônio e seus 
 
5 Sendo editada a lei lex poetere papiria em 428 A.C. 
Havendo patrimônio suficiente (solvente) para a satisfação de todos os credores a execução 
será singular ou individual (onde prevalece o princípio prior temporis potior iuris, significa que 
o primeiro no tempo tem mais força, ou seja, aquele que primeiro agir, penhorando o bem, 
terá prioridade, preferência entre os demais). 
Mas se o patrimônio do devedor não for suficiente para pagar todas suas dívidas (devedor 
insolvente) não podemos utilizar o mesmo princípio. Seria injusto com os credores. Portanto, é 
afastada a execução singular, dando lugar à instauração da execução coletiva, universal, ou 
por concurso de credores, onde passaremos a ter o princípio isonômico, os vários credores são 
reunidos num mesmo processo para executar o devedor comum, garantindo-se tratamento 
igualitário entre os mesmos, pouco importando a ordem das penhoras, vendido todo o 
patrimônio se rateia entre os credores, dando preferência aos da mesma categoria (princípio 
pars conditio creditorum). 
 
 
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credores se apoderavam dele tentando ao menos receber parcialmente. Por 
vezes, literalmente quebravam a banca do devedor disposta no mercado. Há 
também quem observe no termo quebra a conotação de má-fé, que hoje é 
designado falência fraudulenta. Ocorre a falência muitas vezes nada tem a ver 
com a malicia ou abuso na condução dos negócios, sendo mera conseqüência 
de inúmeros fatores econômicos ou financeiros, como perda de mercado, 
defasagem tecnológica, restrições ao crédito, política tributária etc. 
Conceito: A falência constitui um processo judicial de execução coletiva, no 
qual os bens do devedor empresário (pessoa física/empresário individual ou 
pessoa jurídica) são arrecadados e vendidos, para distribuição de seu produto 
proporcionalmente entre todos os credores (observada a igualdade de 
tratamento entre aqueles pertencentes à mesma categoria), preservando a 
utilização produtiva dos ativos da empresa, a ser alcançada dentro do menor 
tempo possível e de forma economicamente eficiente (art. 75 da Lei de 
Falências). 
A nova Lei de Falências – Lei nº. 11.101/2005 -6 abandonou a principal 
finalidade “liquidatória-solutória” dos bens e das dívidas do falido, que era 
marca da lei anterior, ao preocupar-se com a preservação da atividade da 
empresa (art. 75), separando-a do sujeito a que exerce e priorizando a 
alienação (venda judicial) do negócio em bloco (art. 140). Assim, a extinção da 
unidade produtiva passa a ter uma finalidade secundária, cuja ocorrência está 
condicionada ao insucesso das tentativas de mantê-la em atividade 
(observando-se o princípio da preservação ou continuidade da empresa). 
Veja que apesar de inovadora,7 a LF manteve as linhasprincipais da tradicional 
falência, tendo sido alterados os aspectos que objetivam obter celeridade e 
simplicidade para a marcha do processo e facilitar a liquidação ou realização 
dos ativos do falido. 
Bom, você poderia questionar: professor, mas se o empresário não pode ser 
preso simplesmente por deixar de pagar suas dívidas,8 o que vai garantir que 
os credores recebam do devedor falido? A resposta está nos princípios do 
ordenamento jurídico. Segundo o princípio da responsabilidade patrimonial, 
previsto nos arts. 591 do CPC e 391 do NCC, a garantia legal genérica dos 
credores consiste no patrimônio do devedor, sobre o qual atua a sanção 
jurídica por meio da execução judicial forçada. São os bens, e não corpo do 
devedor, que respondem por suas obrigações, admitindo-se a prisão por 
dívidas apenas no caso de devedor de alimentos e de depositário infiel, isto é, 
aquele que recebe em depósito um bem e se recusa a devolvê-lo (CR/88, art. 
5º, inc. LXVII). 
 
6 No decorrer da aula quando citada uma lei sem a indicação de fonte estou me referindo a Lei 
de Falências e Recuperação, Lei nº. 11.101/2005, ou quando no confronto com outras normas 
tratarei simplesmente por LF. 
7 Assim, na falência as principais inovações foram a nova ordem de classificação dos créditos e 
a forma de liquidação dos bens, que passa a ser imediatamente após a arrecadação e com 
primazia para a alienação em bloco da empresa, sem a ocorrência de sucessão tributária e 
trabalhista, além de novas definições sobre os crimes falimentares e sua prescrição. 
8 Mas essa regra comporta exceções no caso de devedor de alimentos (pensão alimentícia) e 
do depositário infiel, segundo previsão Constitucional, art. 5º inc. LXVII. 
 
 
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A economia e a circulação de riquezas podem ser abaladas pela falta 
cumprimento das obrigações, aliada à ausência de bens que as garantam. O 
crédito é a mola mestra que impulsiona a circulação de riquezas ou, 
segundo o Professor e Desembargador Fluminense Sylvio Capanema de Souza, 
é a ponte que liga a economia ao direito e o seu pilar de sustentação são 
as garantias que o asseguram. Se o credor é aquele que acredita, crê, confia 
(etimologicamente, credere, creditum) na promessa de pagamento futuro feita 
pelo devedor, a incapacidade patrimonial de cumprir com as obrigações trai 
essa confiança e inibe a concessão do crédito. 
O regime instituído pela falência busca eliminar os efeitos da função anormal 
do crédito, de modo a prestigiar os valores relacionados à credibilidade e 
confiança do mercado. Busca restaurar a credibilidade e confiança do mercado. 
Seu fim último é a tutela do crédito, como acontece também com a 
recuperação. Pela falência se realiza partilha os bens do devedor entre todos 
os seus credores afetados pela ruptura do crédito e se preserva a segurança 
que deve reinar na atividade negocial. 
Se por acaso não tivéssemos a falência, os credores que promovessem a 
cobrança individual de seus créditos, de forma independente, isolada, 
receberiam segundo a ordem das respectivas penhoras. O que acarretaria num 
favorecimento daqueles cujos processos tenham tramitado mais rapidamente e 
em evidente prejuízo aos demais, que igualmente confiaram na idoneidade do 
devedor. Segundo os arts. 612 e 711 do CPC, as cobranças individuais partem 
do pressuposto de uma pluralidade de penhoras em execuções singulares 
contra um mesmo devedor, sendo o montante apurado das arrematações 
(aquisição de bens em leilão judicial) distribuído e entregue consoante a ordem 
das penhoras. Assim, segundo o brocardo prior in tempore, potior in jure (o 
direito do primeiro é mais forte), quem primeiro conseguiu penhorar, primeiro 
receberá. Mas isto ocorre nas execuções individuais. Na falência é diferente, 
porque se trata de execução coletiva e toma por base que o patrimônio do 
devedor não é suficiente para atender a todos os credores. 
Quem não está sujeito à falência também pode sofrer uma execução coletiva, 
no caso a da insolvência civil,9 mas que é bem distinta da falência. Vejamos: 
 
Principais diferenças entre Falência e Insolvência Civil 
Falência Insolvência Civil 
Será sempre do devedor empresário 
individual ou da sociedade empresária 
Será daquele devedor que não ostenta 
a qualidade de empresário, (seja 
pessoa física ou jurídica) 
Possui uma solução preventiva, que é 
a recuperação (arts. 47 a 161 da FL). 
Não admite a tentativa 
institucionalizada de recuperação da 
atividade 
Pode ser presumida Tem que ser comprovada (art. 748 do 
 
9 O pedido de auto-insolvência civil pode constituir um importante instrumento para a 
reorganização da vida financeira do devedor. Significa o fim das cobranças pulverizadas e 
determina o realinhamento de todas as dívidas. 
 
 
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Por exemplo, para requerer demonstre 
que o estabelecimento foi abandonado 
(art. 94, III, f da LF). 
CPC). Para requerer a insolvência civil 
é preciso que o credor de que o 
devedor não tem bens suficientes para 
satisfazer a dívida (apresentando 
certidões de Registro de Imóveis, 
Ofício do Detran etc...) sob pena de 
ser julgado improcedente. 
Há universalidade do juízo falimentar, 
que determina a suspensão (art. 6º da 
LF) de ações e execuções sobre 
direitos e interesses da massa e o 
torna, em princípio, competente e 
indivisível (arts. 76 e 115 da LF) para 
todas as demandas. 
Não um juízo universal tão intenso 
que atraia outras demandas, 
limitando-se à reunir as execuções 
individuais existentes (CPC, art. 762, 
§ 1º); 
Existem crimes falimentares próprios 
(arts. 168 a 178 LF). 
Não há crimes próprios (se houver 
algum serão os previstos no Código 
Penal, que ensejam a instauração de 
inquérito policial). 
Existe a imposição de certos deveres 
pessoais ao falido (arts. 102 e 104). 
Não há restrições de ordem pessoal. 
A extinção das obrigações pode 
ocorrer mais facilmente na falência 
mediante o pagamento de mais de 
50% dos créditos quirografários (art. 
158, inc. II, da LF). 
A extinção das obrigações só ocorre 
com o pagamento integral das dívidas, 
ou após o prazo de cinco anos, 
contatos da sentença que declara o 
encerramento da insolvência (art. 778 
CPC). Transcorrido esse prazo, o 
devedor é considerado quites com 
suas dívidas anteriores e reingressa 
no estado de normalidade financeira. 
 
No sentido econômico, insolvência significa ter mais dívida do que patrimônio 
(a falência pode ser identificada em um balaço patrimonial que resulte num 
montante do passivo superando os ativos do devedor, independente de um 
processo ou de declaração judicial). Mas, para efeitos jurídicos, considera-se a 
insolvência jurídica (e não a econômica), definida nas hipóteses criadas pela 
lei, que serão verificadas num processo que culmina com a decretação da 
falência. 
De qualquer forma, o certo é que a falência não convém à comunidade, razão 
pela qual a nova Lei de Falências procura evitá-la e preservar a fonte 
produtiva.10 Mesmo com a mudança de perspectiva, a falência continua sendo 
 
10 Como disse o Mininistro Aliomar Baleeiro, o STF, “Não há interesse social em multiplicar as 
falências, provocando recessões e desemprego numa época em que todas as nações do mundo 
lutam precisamente para afastar esses males. Uma falência pode provocar reflexo psicológico 
sobre a praça, e todas as nações do mundo procuram evitar o colapso das empresas, que tem 
como conseqüência prática o desemprego em massa nas populações”. Em Jornal do 
Commmercio 86/349, citado no Informativo Semanal Coad 43/2001. 
 
 
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um processo traumático de elevado custo social para cuja superação se exige 
enorme esforço compartilhado. Talvez por isso a nova lei enuncie, em sua 
ementa e no art. 1º, que trata da recuperação, em suas formas judicial e 
extrajudicial, para somente após mencionar a falência. 
DESAFIO 
1 - Questão elaborada pela ESAF em 2005 Falência e Recuperação,11 institutos 
jurídicos destinados à solucionar problemas resultantes de crise empresarial, 
têm por pressuposto: 
a) dificuldades de natureza patrimonial temporária. 
b) insolvência e insolvabilidade, respectivamente. 
c) dificuldades de caixa que produzem atraso no pagamento de obrigações. 
d) comportamentos comerciais temerários dos responsáveis pelas atividades 
das sociedades. 
e) a tutela do crédito. 
 
 
2. Pressuposto da Falência 
Temos três pressupostos para dizer se estamos diante de uma falência sob o 
aspecto jurídico. Precisamos verificar o seguinte: 
1º) Legitimidade passiva e ativa (pressuposto subjetivo); 
2º) Objetivo (quais os fatos legais que ensejam a falência, isto é, a 
caracterização do estado falimentar); e 
3º) Formal (existência de sentença que decrete a falência). 
A Legitimidade ativa é a qualidade exigida de quem pode requerer a 
falência. O art. 97 trata do assunto, prevendo que podem requerer o próprio 
empresário (auto-falência); seu cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do 
devedor ou o inventariante; os sócios da sociedade e, principalmente, qualquer 
credor. 
O credor que tenha um crédito não superior ao equivalente a 40 salários-
mínimos na data do pedido de falência, para requer a sua instauração pode se 
reunir com outros credores para conseguirem atingir esse patamar. Essa 
faculdade de reunirem-se em litisconsórcio é prevista no § 1o do art. 94. 
Já a legitimidade passiva, ou pressuposto subjetivo, dos institutos falimentares 
é a qualidade exigida da pessoa que a eles possa ser submetida. Significa dizer 
quem está sujeito à LF - arts. 1º, 2º, 96, 197, 198 e 199. 
 
A Fazenda Pública, segundo o entendimento majoritário, não pode requerer a 
falência de empresários em débito com ela. Argumenta-se que: a) a lei de 
falências não incluiu expressamente a Fazenda Pública; b) a cobrança da dívida 
 
11 A questão mencionava “concordata” e foi adaptada. 
 
 
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ativa não está sujeita à concurso de credores, conforme o CTN e a Lei 
6.830/80; c) a falência não impede a nem o prosseguimento nem a 
propositura de execução fiscal contra massa falida; d) a discussão judicial da 
dívida ativa somente pode ocorrer em execução fiscal, mandado de 
segurança, ação de repetição de indébito ou declaratória ou anulatória (art. 38, 
Lei 6.830/80), o que limita e exclui outra via em razão do princípio da 
legalidade, correspondendo a um poder-dever impositivo; e e) o requerimento 
pelo fisco, que tem a prerrogativa de constituir unilateralmente os seus 
créditos, sujeitando o devedor aos prazos menores da lei de falências 
relativamente aos da execução fiscal apresenta o caráter de coação. A 
negativa de legitimidade é sustentada por Paulo Penalva Santos, Mauro Rocha 
Lopes Rubens Requião e foi encampada pelo STJ no RESP 138868-MG e no 
RESP 164.389, este da 2ª Seção do Tribunal. 
Além dos argumentos acima, leciona Paulo Penalva Santos (Falência requerida 
pela Fazenda Pública, Doutrina, Instituto de Direito, 1997, coord. James 
Tumbenchlak, p. 388/408) que a falência requerida pela Fazenda Pública deve 
ser examinada sob o prisma dos princípios constitucionais da razoabilidade e 
da função social da empresa. Caracteriza-se o princípio da razoabilidade, 
lembra Penalva Santos, citando Luis Roberto Barroso, pela adequação 
(idoneidade dos meios para atingir os fins), pela necessidade (inexistência de 
meio menos gravoso) e pela proporcionalidade (ponderação entre o ônus 
imposto e o benefício obtido). Considerando que a finalidade da falência é 
preservar a utilização normal do crédito para promover a circulação de 
riquezas, a Fazenda Pública não pode requerê-la como meio coercitivo para a 
cobrança de tributos, sob pena de ofensa ao princípio da razoabilidade. 
A legitimidade passiva, isto é, quem está sujeito à falência, pertence 
exclusivamente aos empresários pessoas físicas (empresário individual) ou 
sociedades. Quem não é empresário fica sujeito à execução simples, ou ação 
de cobrança, ou ação monitória, ou insolvência civil. A falência é um instituto 
privativo do empresário, seja ele de fato ou de direito, porque a despeito da 
solenidade do registro e da declaração dos próprios sócios de que não tem 
natureza empresária, se praticar atos típicos de organização empresarial 
estará exposto à decretação judicial de falência. Lembre-se de que, na 
realidade, o critério principal para determinação da qualidade de empresário é 
estrutural ou funcional, apurável empiricamente. Portanto, nem o registro nem 
a afirmação contida no ato constitutivo, o quais geram apenas uma presunção 
juris tantum (presunção relativa, que admite prova em contrário) 12 são 
decisivos para determinar se alguém é ou não empresário. 
Como vimos, pode ser devedor empresário pessoa física - empresário 
individual, aquele que não é sócio de ninguém -, ou sociedade empresária ou 
alguém legalmente equiparado a empresário, como acontece com o espólio e 
com aquele que já deixou de exercer a atividade empresária, mas que ainda 
conserva obrigações daquele período. Seria bom que você repassasse as 
 
12 De acordo com os enunciados 198 e 199, aprovados na III Jornada de Direito Civil do 
Conselho da Justiça Federal, o registro do empresário na Junta Comercial é requisito que 
delineia sua regularidade, e não sua caracterização, nada impedindo que ao empresário 
desprovido de registro sejam aplicadas as normas do regime empresarial. 
 
 
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noções de empresário e sociedade empresária, que examinados na nossa aula 
demonstrativa. 
Segundo a disciplina legal, a falência também se aplica: 
- ao espólio do devedor empresário (bens deixados pelo falecimento de uma 
pessoa) até 1 ano após a sua morte - art. 96, § 1º; 
- ao empresário que tenha cessado o exercício de sua atividade até 2 anos - 
art. 96, inc. VIII; 
- aos proibidos de comerciar que violam essa proibição; 
às empresas de incorporação e construção de imóveis (Leis nº. 4.591/1964 e 
4.068/1962); 
- às empresas de trabalho temporário que se constituam sob a forma de S/A 
(Lei 6.019/1974); e 
- a todas as sociedades constituídas sob a forma de S/A, já que por um critério 
formal são sempre empresárias (art. 982, § único do NCC). Caso a S/A esteja 
extinta com a liquidação e partilha de seu patrimônio, a lei proíbe a decretação 
da falência - art. 96, § 1º. 
- as usinas de açúcar também podem falir, mas primeiro devem se submeter a 
uma intervenção provisória (DL nº. 3.855/1941). 
As instituições financeiras também podem falir, mas antes devem passar pela 
intervenção ou pela liquidação extrajudicial (art. 197 da Lei de Falências 
combinado com os arts. 12, “d”, e 21, “b”, ambos da Lei nº 6.024/74). 
Há um critério legal acerca da idade mínima para falir? Em que pese a nova lei 
não imponha o requisito mínimo de 18 anos para a falência do devedor 
empresário individual pessoa física, acredita-se que esse limite etário 
permaneça de forma imanente, uma vez que os crimes falimentares compõem 
o sistema, ocorrendo a maioridade penal somente aos 18 anos (CRFB/88, art. 
228).13 
O art. 2º da LF trata das sociedades que estão excluídas da falência, por 
razões de ordem pública ou econômica. Mesmo que sejam sociedades que 
tenham atividade empresarial. 
As sociedades simples não foram mencionadas porque desenvolvem, 
isoladamente,atividade econômica sem relevante expressão e, por isso, foram 
intencionalmente excluídas do sistema.14 
 
13 Não cabe a argumentação de que o menor de 18 anos e legalmente antecipado estaria 
sujeito às medidas sócio-educativas do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, pois elas 
se referem à condutas infratoras decorrentes de violações de deveres jurídicos genéricos e não 
ligados ao exercício de atividades profissionais, para as quais se exigem requisitos de 
atendimento prévios. Além do fato de o ECA possuir fundamentos, finalidades, prazos e 
conseqüências inteiramente distintos da punição por crimes falimentares e seus efeitos, 
inclusive no tocante à inabilitação para o exercício da atividade empresarial. Portanto, não se 
pode deixar de censurar o enunciado nº. 197, aprovado pela III Jornada de Direito Civil do CJF 
(no qual estivemos presentes e que no momento divergimos), que admite a figura do 
empresário pessoa física, menor de 16 e menor de 18 anos, se reunidos os requisitos dos arts. 
966 e 976 do NCC, propiciando a aceitação de sua falência. 
14 Note-se que a versão do Projeto aprovada inicialmente na Câmara dos Deputados previa a 
submissão das sociedades simples aos institutos falimentares, mas em boa hora o Senado 
 
 
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Estão excluídas do regime falimentar as sociedades de economia mista e 
empresas públicas - art. 2º, inc. I. Apesar da revogação expressa do art. 
242 da Lei das S/A pela Lei nº 10.303/2001 e da atual redação do art. 173 da 
Constituição Federal, essas entidades, quanto à sua existência, estão 
submetidas exclusivamente ao direito público (reconhecimento, em lei, de um 
“relevante interesse coletivo” ou de um “imperativo de segurança nacional”) e, 
quanto ao seu funcionamento, submetem-se apenas parcialmente ao direito 
privado.15 Enquanto as sociedades genuinamente privadas surgem da 
autonomia de vontade, as sociedades de economia mista e empresas públicas 
dependem de lei que autorize sua criação. Pelos princípios do paralelismo das 
formas e da simetria, a mesma fonte criadora destas últimas entidades deve 
estar presente nas hipóteses de sua extinção. Não pode a vontade particular 
dos credores, com o pedido de falência ou com a recuperação condicionada à 
aprovação dos mesmos, suprimir aquilo que a lei, fruto de uma vontade 
política e sob a égide do direito público, concedeu em dado momento e 
reputou relevante. Em relação ao seu funcionamento, a equiparação às demais 
pessoas jurídicas privadas não é total, estando inclusive sujeitas à licitação, ao 
concurso público, ao controle financeiro e orçamentário, além da possibilidade 
de atos por meio da ação popular e da ação civil pública. 
Também não se aplica a LF, como já se viu, às instituições financeiras, 
propriamente ditas e as equiparadas, das seguradoras, das cooperativas de 
crédito, de consórcio de bens, das entidades de previdência 
complementar e de operadores de planos de saúde. Terão como regimes 
saneadores a disciplina da Lei nº. 6.024/1974 Dec-Lei nº. 2.321/1987, Lei nº. 
9.447/97, DL nº. 66/1976, Lei Complementar nº. 109/2001, Lei nº. 
10.190/2001 e Lei nº 9.961/2000. Esta última prevê o procedimento da 
direção fiscal ou técnica a ser imposto pela Agência Nacional de Saúde 
Suplementar – ANS. 
Todavia o art. 197 dispôs que, enquanto não forem editadas novas leis para as 
instituições financeiras e equiparadas, ocorrerá a sua aplicação subsidiária.16 O 
ordenamento pátrio nunca admitiu a falência, de forma absoluta, de 
companhias de seguro (DL nº. 73/1966); de sociedades de capitalização (DL 
nº. 261/1967); sociedades anônimas de previdência aberta (Lei nº. 
6.435/1977); e de cooperativas. Mas houve uma relativização nessa exclusão 
da falência introduzida pela Lei nº. 10.190/2001, referindo-se à possibilidade 
de serem declaradas falidas as sociedades seguradoras, de capitalização e 
entidades de previdência aberta, quando, após decretada a liquidação 
 
corrigiu o equívoco e as excluiu. Trata-se, portanto, de silêncio eloqüente, porquanto não há 
interesse social e jurídico em preservar ou falir pequenas estruturas de inexpressivo significado 
econômico, de nenhum ou poucos empregados e que caminham nos limites as economia de 
subsistência, geralmente constituídas para trabalho dos próprios sócios. Relembre-se que 
manter unidades (im) produtivas que não adicionam valor à economia torna-se mais oneroso à 
coletividade (físico, financiadores, trabalhadores, fornecedores, contribuintes) do que encerrá-
las definitivamente. 
15 Invocamos aqui os ensinamentos do prof. Marcos Juruena Souto, em palestra proferida na 
Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro, por ocasião do Seminário “Novo direito societário – o 
Código Civil de 2002 e a reforma da Lei de sociedades anônimas”. 
16 Neste último caso foi incluído o Banco Santos, que estava em liquidação extrajudicial, 
posteriormente transformada em falência já na vigência da LF. 
 
 
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extrajudicial ou a intervenção, houver sido praticado de crime falimentar ou 
seus ativos não forem suficientes para o pagamento de pelo menos metade do 
passivo quirografário. 
Destaque deve ser feito pela inclusão no regime falimentar das empresas 
aéreas e de infra-estrutura aeroportuária, antes situadas relativamente à 
margem dos institutos falimentares. O art. 187 do Código Brasileiro de 
Aeronáutica impedia que elas impetrassem a extinta concordata ou tivessem 
sua falência requerida por credores (para ilustrar as vésperas da aprovação da 
nova LF a Justiça Paulista rejeitou 23 requerimentos de falência formulados 
contra a VASP).17 Mas diante da nova Lei de Falências, elas podem requerer a 
recuperação (art. 199 da Lei de Falências). 
DESAFIO 
 
2 – Questão elaborada pela o concurso de Procurador do Estado do Paraná em 
2007. No que se refere à falência, em seu novo regime, considere as seguintes 
afirmativas (PGE-PR-2007): 
 
I. A nova lei de falências e recuperação judicial abrange e se aplica às 
sociedades mistas, empresas públicas e outras entidades legalmente 
equiparadas às anteriores. 
II. O juízo universal da falência agora abrange e atrai as ações fiscais, em 
qualquer fase. 
III. Os créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de 
constituição, incluindo as multas tributárias, classificam-se com absoluta 
prioridade na falência, cedendo preferência, apenas, aos créditos, de qualquer 
natureza e valor, derivados da legislação do trabalho. 
IV. À vista do regime da nova lei de falências e recuperação judicial - e como 
regra geral - permanece válido o entendimento de que (1) a natureza 
privilegiada do crédito tributário, (2) os privilégios processuais e de foro que 
cercam a execução fiscal e (3) o interesse genérico do Estado na preservação 
da empresa e sua atividade produtiva são circunstâncias que minimizam, 
quando não eliminam, qualquer interesse da Fazenda Pública no requerimento 
da quebra de seus devedores. . 
 
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas: 
(a) todas as afirmativas estão corretas; 
(b) todas as afirmativas estão incorretas; 
(c) apenas a afirmativa IV está correta; 
(d) apenas a afirmativa I está correta, 
(e) as afirmativas I e III estão corretas. 
 
3 – Questão elaborada pelo TRT/13 em 2005: Nas questões seguintes, assinale 
a alternativa correta: O ano de 2005 viu nascer a nova legislação concernente 
à recuperação judicial, à extrajudicial e à falência do empresário e da 
sociedade empresária. Neste sentido, é falso afirmar que 
 
17 cf. Jornal do Commercio de 15.01.05,p. B-3. 
 
 
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a) a nova lei não se aplica às empresas públicas e a sociedade de economia 
mista, mesmo quando não gozarem de benefícios fiscais, nos termos do art. 
173, § 2o, da Constituição Federal. 
b) não se aplica a lei aludida aos casos de instituição financeira controlada pela 
União. 
c) é adequada a aplicação da lei citada, quando referida às instituições 
financeiras privadas, que provoquem prejuízos no mercado financeiro. 
d) o novo diploma empresarial se aplica às indústrias, mesmo àquelas que 
mantenham programas de preservação do meio ambiente. 
e) como instrumento de apoio ao pequeno empresário, não se aplica às 
cooperativas de crédito. 
 
 
2.1 Caracterização do Estado Falimentar 
O pressuposto objetivo da falência, ou seja, qual situação pode conduzir o 
empresário à falência é a insolvência econômica presumida (não precisa ser 
real e concreta) ou confessada (manifestado expressamente pelo próprio 
devedor). 
A presunção de insolvência decorre da simples impontualidade injustificada 
no pagamento de obrigação que enseja a cobrança por título executivo 
devidamente protestado, cujo valor ultrapasse 40 salários mínimos, de uma 
execução frustrada ou da caracterização dos chamados atos de falência - art. 
94, incisos I, II e III. 
Devemos relacionar entre os títulos executivos os mencionados na legislação 
extravagante e aqueles constantes dos arts. 584 e 475-N do CPC. Também 
vale lembrar a duplicata sem aceite, desde que acompanhada do instrumento 
de protesto, do recibo de entrega da mercadoria e o sacado (devedor) não 
tenha justificadamente recusado o protesto em tempo hábil (10 dias). A 
duplicata terá assim eficácia executiva, conforme o disposto na Lei nº 
5.574/1968, arts. 7º, 8º e 15. Idêntico tratamento é reservado à duplicata de 
serviços (Súmula 248 do STJ).18 
Pode-se questionar se os contratos bancários de abertura de crédito, quando 
assinados pelo devedor e por duas testemunhas, constituiriam título executivo 
e, desse modo, se ensejariam pedido de falência. Pela Súmula 233 do STJ: “O 
contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato de conta-
corrente, não é título executivo”. Já pela Súmula 258 do STJ os contratos 
desprovidos de liquidez contaminam os títulos de crédito a eles vinculados, o 
que lhes retira a eficácia executiva autônoma. 
Observe que quando dissemos que a impontualidade enseja a falência temos 
uma inovação, qual seja, deve estar num piso superior a 40 salários mínimos, 
necessário ao pedido de falência baseado no inc. I do art. 94 da LF. Permite a 
 
18 Reveja nossa aula de títulos de crédito. 
 
 
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lei que os credores se reúnam em litisconsórcio (litígio ou processo conjunto de 
várias partes) para formulá-lo - art. 94, § 1º, da LF. 
Outra hipótese é da execução frustrada, a qual ocorre quando o devedor é 
executado por dívida liquida de qualquer valor e não paga, não deposita nem 
nomeia bens à penhora no prazo legal – art. 94, II. Pelo antigo regime, o 
depósito elisivo era admitido apenas para a falência baseada na 
impontualidade, embora a jurisprudência viesse estendendo para a execução 
frustrada. Agora pela nova LF o mecanismo do depósito elisivo passa ser 
possível por expressa previsão no art. 98, § único. 
Em seguida o art. 94 em seu inc. III elenca os atos de falência. Não foi 
incluída a circunstância genérica de o devedor convocar credores com a 
finalidade de lhes propor dilação, remissão de créditos ou cessão de bens, 
prevista no art. 2º, inc. III, da lei revogada. Isto porque a nova LF criou a 
figura da recuperação extrajudicial - art. 161, segundo a qual o devedor pede 
a homologação judicial de um plano concertado (ajustado, combinado) 
previamente com os credores, o que se mostraria inviabilizado, se fosse 
mantido como ato de falência. 
Em virtude da introdução do meio preventivo da recuperação, passou a ser 
considerado ato de falência o descumprimento das obrigações assumidas no 
plano de recuperação judicial, desde que ocorridas dentro do biênio da 
concessão da medida - arts. 61, § 1º; 73, inc. IV; e 94, inc. III, “g”, da LF. 
O ato de falência consistente na transferência de estabelecimento sem a 
observância de certas cautelas legais (art. 94, inc. III, “c”) há de ser 
conjugado com o art. 1.145 do NCC (Lembra-se das cautelas exigidas 
estudadas na nossa aula 2?). Segundo este dispositivo, se o alienante do 
estabelecimento não permanecer com bens suficientes para honrar suas 
obrigações, a eficácia (oponibilidade aos credores) da transferência depende 
do pagamento de todos os credores, ou do consentimento deles de modo 
expresso ou tácito, quando forem notificados e não se opuserem no prazo de 
30 dias. 
O último pressuposto para a caracterização da falência, é formal, que se 
consubstancia na necessidade de uma sentença. 
A sentença que decreta a falência tem natureza preponderantemente 
constitutiva19 (e não declaratória), porque cria um novo regime ao qual se 
submeterá o falido, embora reconheça um estado econômico de fato 
preexistente. A falência constitui uma execução coletiva. Contudo, antes da 
sentença que pronuncia a falência desenvolve-se no processo a atividade 
cognitiva (ação pré-falimentar) solucionando a controvérsia sobre o estado 
patrimonial do devedor. Normalmente, indica a processualística que a sentença 
é o ato que põe fim ao processo e esgota o ofício jurisdicional (arts. 162, § 1º, 
e 463 do CPC). A sentença é o ato judicial que extingue a relação processual, 
decidindo ou não a lide. Mas na falência a sentença é a expressão de vontade 
 
19 Apesar de existir divergência é predominante o entendimento de significativa doutrina, entre 
os quais Waldemar Ferreira, Miranda Valverde, Pontes de Miranda, Anco Valle, reconhecem a 
natureza predominantemente constitutiva da sentença de falência. Observe que todas as 
sentenças contêm uma face declaratória e condenatória. Repare também que a nova LF evita o 
verbo declarar para se referir à ação de julgar a falência e o substitui por decretar. 
 
 
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do Estado-juiz que inaugura o processo de execução concursal e projeta a 
partir daí efeitos sobre os bens, pessoa, contratos e credores do falido. 
Pela nova lei, quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na 
sentença que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-
se as perdas e danos em liquidação de sentença (art. 101). 
No prazo (10 dias) para a contestação ao requerimento de falência 
fundamentado nos incisos I (impontualidade injustificada) e II (execução 
frustrada) do art. 94, o devedor poderá depositar o valor correspondente ao 
total do crédito, acrescido de correção, juros e honorários advocatícios, 
hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o 
pedido, o juiz ordenará o levantamento pelo requerente (art. 98, § único, da 
LF). Requerida a falência com base no referido inciso I do art. 94, ela não será 
decretada se o apontado devedor alegar e provar quaisquer das matérias 
constantes do art. 96 da LF. 
Finalmente, dentro do mesmo prazo para contestar o requerimento de falência, 
o devedor poderá pleitear recuperação judicial, a chamada recuperação 
incidente (art. 95 da LF). 
DESAFIO 
4 – Questão elaborada pelo TRT/13ªR em 2005: Nas questões seguintes, 
assinale a alternativa correta. Sobre as novas disposições relativas à falência, 
é correto afirmar que 
I) será decretada a falência do devedor que não paga, no vencimento, e nem 
justifica através de relevante razão de direito, obrigação assumida, cujo valor 
seja inferiora R$ 10.000,00 (dez mil reais), na data do pedido. 
II) não será decretada a falência se provada a falsidade do título que serviu de 
base ao pedido. 
III) será decretada a falência do devedor, se este, em processo de execução 
por quantia liquida superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), não paga, nem 
garante o juízo de execução, nos prazos legais apropriados. 
IV) não será decretada a falência, se provadas situações como a prescrição, 
nulidade do titulo ou pagamento da dívida. 
V) será decretada a falência do devedor em decorrência da utilização de meio 
fraudulento para realização de pagamentos. 
a) as alternativas I, II e IV estão erradas. 
b) as alternativas II e III são verdadeiras. 
c) as alternativas II, IV e V são verdadeiras. 
d) as alternativas I, IV e V são verdadeiras. 
e) somente a alternativa III é verdadeira. 
5 - Questão elaborada pela FJPF em 2006: Conceituado como processo de 
execução coletiva proposta em face do devedor empresário, o requisito não 
essencial para a formulação do pedido de falência é: 
A) pluralidade de credores; 
 
 
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B) dívida líquida, certa e exigível; 
C) protesto para fins falimentares; 
D) título executivo judicial ou extrajudicial; 
E) comprovação da regularidade do empresário; 
 
 
 
2.2. Princípios da Falência 
A Falência possui alguns princípios que lhe são peculiares, quais sejam: 
 
1º) O princípio da isonomia ou igualdade de tratamento entre os 
credores: pelo qual todos os credores com idêntico título legal de preferência 
(isso é que são da mesma classe) devem ser tratados com paridade (pars 
conditio creditorum ou igualdade de armas entre os credores) - art. 126. 
 
2º) O princípio da universalidade de bens e juízo: significa que todos os 
bens do devedor, bem como todos os credores ficam submetidos ao juízo da 
falência. É o que se denomina vis attractiva (força atrativa) do juízo universal. 
O processo falimentar visa a liquidar todos os bens do patrimônio do devedor 
(universalidade objetiva) e de seus credores (universalidade subjetiva), na 
forma dos arts. 108 e 115.20 Daí são extraídos os conceitos de massa falida 
ativa e passiva, formada pelo conjunto de relações jurídicas de caráter 
econômico que tem como titular o falido e que estão compreendidas na 
falência. Mas existem exceções. Na falência não são arrecadados exatamente 
todos os bens, pois alguns não serão atraídos. São bens que não 
participarão da integração da massa: 
a) Os bens absolutamente impenhoráveis - art. 108, § 4º; 21 
b) Os bens que por expressa determinação legal, constituírem patrimônio 
separado (é o caso do patrimônio de afetação imobiliária - art. 119, inc. IX; e 
art. 31-A da Lei nº. 4.591/1964, com a redação dada pela Lei nº. 
10.931/2004); 
 
20 Enquanto a execução singular abrange uma parcela do patrimônio do devedor (singularidade 
objetiva) e um ou alguns dos credores (singularidade subjetiva). 
21 Também são impenhoráveis: a) as garantias oferecidas pelos participantes do Sistema 
Brasileiro de Pagamentos, bem como não é afetado pela falência o adimplemento das 
obrigações assumidas no âmbito das câmaras ou de serviços de compensação (arts. 6º e 7º da 
Lei 10.214/2001). b) consoante a Súmula 308 do STJ: “A hipoteca firmada entre a construtora 
e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não 
tem eficácia perante os adquirentes do imóvel”, com o que deve o bem ser excluído da falência 
da construtora. Nesse caso, o direito real de hipoteca fica sub-rogado nas prestações devidas 
pelos adquirentes. 
 
 
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c) O fundo de garantia das Bolsas de Valores, cuja finalidade exclusiva é a de 
ressarcir danos causados os investidores (art. 40 da Res. CMN nº. 
2690/2000); 
d) O patrimônio especial das entidades que prestam serviços de compensação 
e liquidação pertencentes ao Sistema Brasileiro de Pagamentos (art. 5º da Lei 
nº. 10.214/2001); e 
e) O patrimônio separado dos fundos de investimentos constituídos por 
entidades de previdência complementar e por seguradoras (arts. 76 a 78 da 
Lei nº. 11.196/2005). 
 
3º) O princípio da unidade de juízo: segundo o princípio da unidade, ou 
indivisibilidade de juízo, todas as questões que interessem a massa falida 
devem ser decididas pelo mesmo juiz que decidirá sobre a falência. Em 
conseqüência da decretação da falência, todas as ações e execuções 
individuais que estiverem em curso ficam suspensas - arts. 6º, passando o 
juízo da falência a ser o único competente para apreciar todas as ações de 
caráter econômico que envolvam bens e interesses da massa falida - art. 76. 
Entretanto, por previsão legal, certas ações não são atraídas ao juízo da 
falência - vejamos: 
a) Crédito trabalhista: as Reclamações Trabalhistas tem seu curso na Justiça 
especializada, a Trabalhista, mas gozarão de prioridade na tramitação (art. 
114 da CFRB/88 e art. 768 da CLT), e serão remetidas para o juízo da falência 
para as providencias de execução, sendo o crédito habilitado e concorrendo 
com outros credores trabalhistas acaso existentes.22 Diferentemente do 
sistema anterior, em que o juiz da falência poderia considerar inaptas certas 
rubricas pecuniárias para exigi-las da massa, embora até mesmo reconhecidas 
por sentença em outro processo, a nova LF determina que todos os valores 
consagrados na sentença trabalhista sejam admitidos ao rateio - art. 6º, § 2º, 
parte final; 
b) Crédito tributário: as execuções fiscais, distinguindo-se as ajuizadas antes 
da falência, com penhora realizada antes da quebra, daquelas ajuizadas após a 
decretação da falência (Súmula 44 do extinto Tribunal Federal de Recursos – 
TFR). Atente-se para divergência na jurisprudência, tendo a Corte Especial do 
STJ afirmado, pela voz da maioria, que o produto arrecadado com a alienação 
de bem penhorado em Execução Fiscal, antes da decretação da quebra, deve 
ser entregue ao juízo universal da falência.23 Vale também destacar a 
orientação confirmada pela Primeira Seção do STJ, no Embargos do Recurso 
Especial 444.964/RS, que no mesmo arresto leading case, definiu que os 
créditos fiscais não estão sujeitos à habilitação e verificação (aptidão para 
participar do rateio) no juízo alimentar, mas não se livram de classificação, 
para efeito de disputa relativa à ordem preferencial Significa dizer que o 
dinheiro resultante dos bens penhorados na execução fiscal será remetido ao 
 
22 O tema foi pacificado pelo STJ, nesse sentido veja o Conflito de Competência 10014-3/PR. 
23 Veja o Resp 188.148/RS, Relator Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 27/05/2002. 
 
 
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juízo da falência, para que seja incorporado à massa e distribuído de acordo 
com a hierarquia dos créditos;24 
c) Ações não reguladas na Lei de Falências e de Recuperação em que a Massa 
Falida for Autora ou Litisconsorte Ativa; e 
d) Ações pelas quais se exigem obrigações ilíquidas (ex.: responsabilidade 
civil) propostas anteriormente à falência, as quais prosseguirão no juízo em 
que houverem sido ajuizadas - art. 6º, § 1º. 
Devemos observar também que certos créditos não são exigíveis do devedor e, 
portanto, não podem ser cobrados na falência ou recuperação, vejamos: 
a) as obrigações a título gratuito (comodato, doações, fianças e avais de 
favor) - art. 5º; 
b) as despesas incorridas pelos credores para tomar parte nos processos de 
falência ou de recuperação, salvo as custas do litígio contra o devedor - art. 
5º; 
c) as penas convencionais dos contratos unilaterais - art. 83, § 3º, neles 
figurando o falido como devedor, que decorram do simples fatoda falência ou 
cuja exigibilidade esteja condicionada ao ingresso em juízo e este não se tenha 
verificado antes da quebra; 25 
d) as penas pecuniárias por descumprimento das normas de proteção ao 
trabalho cuja ocorrência se dê em função da falência. Para a fixação dessa 
tese, amplamente aceita, confira a atual redação da Súmula 388 do TST: A 
massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 nem à multa do § 8º do 
art. 477, ambos da CLT; e 
e) não se admite cobrar da massa os valores decorrentes do direito de sócio 
em sua parcela do capital na liquidação da sociedade - art. 83 do § 2º. O inc. 
II do art. 116 determina a suspensão do exercício e o recebimento relativo ao 
direito de retirada do sócio dissidente. O reembolso do sócio ou acionista 
dissidente será efetivado juntamente com a partilha do acervo líquido 
remanescente entre os demais sócios, que se dá após o pagamento de todos 
os credores - art. 153. 
Por fim, as multas por infração às leis penais e administrativas não eram 
admitidas na falência, mas agora foram considerados créditos concursais sub-
quirografários - art. 83, inc. VII. Assim, as Súmulas 191, 192 e 565 do STF, 
que eram anteriores, ficaram prejudicadas em razão da LF. 
Além desses consagrados princípios, segundo o § único do art. 75 também 
devem ser observados os princípios da celeridade e da economia processual. 
Nesse sentido determina o art. 79 que os processos de falência e os seus 
incidentes preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer 
instância. E a CLT, no art. 786, dispõe que terá preferência em todas as fases 
 
24 O Min. Humberto Gomes de Barros ressalta que a lógica equivocada contida no Resp. 
103049 – confronto das preferências no próprio juízo da execução fiscal -, além de pulverizar a 
massa falida e esvaziar o juízo universal, obriga a uma peregrinação pelas varas da fazenda 
pública, em busca de execuções fiscais onde existam bens capazes de viabilizar o incidente, 
trabalho que seria inglório, irracional e insano. 
25 Veja no STJ o REsp. 86586/MS. 
 
 
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processuais o dissídio cuja decisão tiver de ser executada perante o juízo da 
falência. 
 
 
DESAFIO 
6 - Questão elaborada pela OAB/MG em 2002: Sobre a falência, assinale a 
opção CORRETA: 
a) O juízo falimentar sempre se caracteriza pelos princípios da universalidade e 
indivisibilidade. 
b) Os créditos e haveres não são partes componentes da massa falida. 
c) A unidade do juízo falimentar não é absoluta. 
d) A insolvência do devedor não pode ser caracterizada pela forma presumida. 
 
 
2.3. Efeitos Falência 
A declaração da falência pela sentença produz algumas conseqüências. Esses 
efeitos jurídicos se projetam sobre diversas ordens, recaindo não apenas na 
pessoa do falido, mas também nos seus bens, seus credores e seus contratos. 
1º) Deveres com relação à pessoa do falido, seus administradores e 
seus sócios de responsabilidade ilimitada: impostos nos arts. 102 a 104 
destacamos entre outros: o de não se ausentar do lugar onde se processa a 
falência, sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar 
procurador; de manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz; prestar 
informações exigidas pelo juiz; de sua inabilitação para exercer atividade 
empresarial a partir da sentença de falência até a extinção das obrigações 
(sendo observada a duração qüinqüenal dos efeitos da condenação criminal, 
cessada pela reabilitação penal - art. 181, § 1º); entregar livros, bens e 
documentos ao administrador judicial (que substitui o antigo síndico); e as 
correspondências do falido são recebidas pelo administrador judicial, que lhe 
entregará as que não interessarem à massa – art. 22, III, “d”. 
Se o falido for uma sociedade, a falência atingirá aqueles sócios ilimitadamente 
responsáveis (dependerá do tipo ou espécie de sociedade), que serão 
considerados, também, falidos e ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos 
em relação à sociedade falida – arts. 81 e 190. Os sócios com responsabilidade 
ilimitada serão responsabilizados mesmo quando tenham se retirado da 
sociedade antes da falência ou dela tenham sido excluídos há menos de 2 anos 
e existam dívidas pendentes à época da retirada - § 1º do art. 81. 26 
 
26 Caso seja decretada a falência da Sociedade Anônima ou da Sociedade Limitada os 
sócios não são atingidos pela mesma. Mas em sociedades com sócios de responsabilidade 
ilimitada será decretada a falência da sociedade e desses sócios, como é o caso da Sociedade 
em Comum (todos os sócios), Sociedade em Comandita Simples (dos sócios 
comanditados) e na Comandita por ações (do sócio-diretor)–art. 82 da LF. 
 
 
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Em relação à pessoa do falido pode surgir, ainda, uma dúvida: sua 
personalidade jurídica é afetada, quando se trata de sociedade personificada? 
A resposta é não. A sociedade dotada de personalidade jurídica só a perde 
quando do encerramento do processo de falência, quando sua liquidação chega 
ao final. 
O falido pessoa física conserva sua personalidade, com seus atributos, não 
sendo considerado interdito. Pode continuar a praticar todos os atos da vida 
civil de natureza não patrimonial, limitando-se as restrições nesse campo à 
administração e disposição dos bens e interesses relativos à massa. Por conta 
disso, a lei comina a sanção de ineficácia, declarável inclusive de ofício, para 
os atos os atos de transmissão de bens após da decretação da falência, que 
tenham sido praticados ou venham a ser praticados com infração a essa regra, 
não se indagando se houve boa ou má-fé - art. 129, inc. VII, e § único, da LF. 
Portanto, o falido está autorizado a fiscalizar a administração da falência, 
requerer providências necessárias para a conservação de seus direitos ou bens 
arrecadados, intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou 
interessada, e interpor recurso de decisões, na forma do § único do art. 103 da 
LF. 
 
2º) Quanto aos bens do falido: tornam-se indisponíveis e o falido perde a 
sua administração. Serão arrecadados para alienação (venda) e pagamento 
dos créditos. Continuam pertencendo juridicamente ao falido, mas passam a 
ser um patrimônio com regime separado, gerido pelo administrador judicial e 
afetado ao atendimentos dos credores. 
Observe que podem ser arrecadados também os bens pessoais dos sócios de 
responsabilidade solidária e ilimitada, se houver, dependendo do tipo societário 
em causa - arts. 108, 77 e 81. Para evitar a mistura dos patrimônios, o 
administrador judicial procederá logicamente à arrecadação por meio 
inventário em separado para a sociedade e para cada um dos sócios solidários. 
Convém recordar (aliás, como diz um amigo meu, recordar é viver!) que não 
se arrecadam os bens considerados absolutamente impenhoráveis nem 
aqueles integrantes do patrimônio de afetação - art. 108, § 4º; e art. 119, IX, 
da LF. 
No caso da responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, 
dos controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas 
respectivas leis (ex.: art. 1.052 do NCC), será apurada no próprio juízo da 
falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua 
insuficiência para cobrir o passivo, observado o procedimento ordinário 
previsto no Código de Processo Civil (art. 82 da LF). Não se trata de aplicação 
do instituto da desconsideração da personalidade jurídica, mas do regime de 
responsabilidade própria e direta decorrente da estruturação legal de certas 
sociedades. 
O prazo para eventual ação para a responsabilização pelos danos provocados 
prescreve no prazo de 2 anos, contados do trânsito em julgado da sentença de 
encerramento da falência. Para a efetividade do processo,o juiz poderá de 
ofício ou mediante requerimento das partes interessadas, ordenar a 
 
 
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indisponibilidade de bens particulares dos réus até o julgamento dessa ação - 
§§ 1º e 2º do citado art. 82. 
 
3º) Com relação aos credores do falido corre a instituição de um juízo 
universal. Pelo juízo universal todos os credores irão concorrer ao crédito 
juntos, em classes. Os credores devem habilitar seus créditos no prazo de 15 
dias a contar da publicação da sentença - art. 7º, caso discordem da relação 
de credores elaborada pelo administrador. 
A decretação da falência provoca, também: o vencimento antecipado das 
dívidas do falido, salvo as sob condição suspensiva; o término da fluência dos 
juros, salvo se os ativos da massa comportarem, exceto os referentes às 
debêntures e aos créditos com garantia real, cujos bens vinculados por eles 
responderão exclusivamente; conversão dos débitos em moeda estrangeira 
para a moeda nacional pelo câmbio do dia da decisão - arts. 77, 115 e 124; a 
suspensão da prescrição de obrigações a cargo do falido – art. 6º; e a 
ineficácia de certos atos praticados pelo falido dentro do termo legal arts. 99, 
II; e 129, tudo da LF. 
O que é termo legal? Entende-se por termo legal a data fixada pelo juiz na 
própria sentença de falência, em que teoricamente se teria caracterizado o 
estado de falência e que pode retroagir até 90 dias do pedido de falência, ou 
do pedido de recuperação judicial ou do 1º protesto válido - art. 99, inc. I. O 
termo legal não se confunde com o chamado período suspeito, que 
compreende o lapso de 2 anos anteriores à declaração de falência, dentro do 
qual os atos praticados a título gratuito também são ineficazes em relação à 
massa - art. 129, incs. IV e V, da LF. 
Dentro do termo legal certos atos são ineficazes (inoponibilidade relativa), não 
produzindo efeitos em relação à massa, independentemente de intenção de 
fraude, e se expõem à declaração judicial dessa circunstância de ofício, 
alegada em defesa ou pleiteada em ação própria ou incidentalmente - art. 129 
e seu § único. Assim, um ato considerado ineficaz relativamente à massa falida 
produz todos os demais, como, por exemplo, obrigar um outro devedor que 
tomou parte no ato ou negócio, vincular um avalista, um fiador, que assim 
terão de cumpri-lo normalmente. 
 
 
4º) Com relação aos contratos, será preciso verificar que tipo de contrato 
se está tratando para saber a que regra que observará. 
Os contratos bilaterais não se resolvem de pleno direito (não se extinguem 
automaticamente com a falência) e poderão ser executados pelo administrador 
judicial, se contribuírem para a redução ou evitarem o aumento do passivo da 
massa ou forem necessários à manutenção e preservação de seus ativos, 
mediante autorização do Comitê de Credores27 - art. 117 e seus §§. 
 
27 O Comitê de Credores está previsto a partir do art. 26 e pode ser considerado como uma 
assembléia de credores em miniatura. 
 
 
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Pergunta-se: e o contrato de trabalho dos empregados do falido? Por serem 
contratos bilaterais, o contratante do falido poderá interpelar o administrador 
judicial, no prazo de 90 dias de sua nomeação, para se manifestar a esse 
respeito no prazo de 10 dias. No silêncio serão rescindidos e o valor da 
indenização respectiva será apurado em processo ordinário e constituirá 
crédito quirografário (art. 117, § § 1º e 2º, da LF). 
Os contratos unilaterais também poderão ser cumpridos se houver autorização 
do Comitê de Credores, caso reduzam ou evitem o aumento do passivo da 
massa ou for necessário para a manutenção e preservação de seus ativos - 
art. 118. 
Certos contratos, entretanto, seguem regras próprias, determinas pelo art. 119 
(não deixe de lê-lo e seus incisos). É o caso, por exemplo, do chamado 
stoppage in transitu, isto é, o vendedor não pode obstar a entrega das coisas 
expedidas ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do 
requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das faturas e 
conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor, no inc. I. 
A decretação da falência cessa os efeitos dos mandatos (procuração) para a 
realização de negócios outorgados antes da falência pelo devedor, cabendo ao 
mandatário (procurador) prestar contas dos atos praticados. Já os mandatos 
para representarem o devedor judicialmente continuarão em vigor até serem 
revogados pelo administrador judicial. Se for o falido que houver recebido 
mandato antes da falência, cessa o mandato ou o contrato de comissão (arts. 
693 e seguintes do NCC), salvo se os que forem estranhos à atividade 
empresarial - art. 120 e §§. 
 
DESAFIO 
 
7 - Questão elaborada pela FCC em 2005: A decretação de falência de 
sociedade empresária implica, de imediato, a 
a) Transferência da propriedade dos bens pessoais dos sócios para a massa 
falida e o vencimento antecipado de todas as dividas do falido. 
b) Prevenção do juízo da falência para todas as ações que venham a ser 
ajuizadas contra o falido, inclusive as de natureza trabalhista. 
c) Rescisão dos contratos bilaterais e a suspensão das reclamações trabalhistas 
em que ainda não tenha sido proferida sentença. 
d) Suspensão da prescrição e das ações e execuções já ajuizadas pelos 
credores comerciais para cobrança de quantia líquida. 
e) Rescisão dos contratos bilaterais e o vencimento antecipado de todas as 
dividas do falido. 
 
8 - Questão elaborada pela FEPESE em 2006: Assinale a alternativa correta, de 
acordo com a Lei Federal nº 11.101/2005. 
 
 
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a. ( ) A renúncia à herança ou ao legado, até 2 (dois) anos antes da 
decretação da falência, é ineficaz em relação à massa falida. 
b. ( ) A prática de atos a título gratuito, desde 3 (três) anos antes da 
decretação da falência, é ineficaz em relação à massa falida. 
c. ( ) O pagamento de dívida não vencida será eficaz em relação à massa falida 
se o contratante não tiver conhecimento do estado de crise econômico-
financeira do devedor. 
d. ( ) A declaração de ineficácia, pelo juiz, de atos praticados antes da falência 
depende de provocação no curso do processo, por meio de ação própria ou 
incidentalmente. 
 
9 - Questão elaborada pela IMES em 2002: Com a decretação da falência de 
uma empresa, os seus contratos bilaterais: 
A) não são afetados pela falência, devendo ser cumpridos pelo síndico,28 em 
qualquer hipótese. 
B) têm sua execução interrompida pela decretação da falência, devendo ser 
retomada, após a sentença, que encerre o processo falimentar. 
C) não são rescindidos automaticamente na data da decretação da falência, 
mas o produto de sua execução será obrigatoriamente contabilizado à parte, 
separadamente da massa falida. 
D) não são rescindidos pela falência e podem ser executados pelo síndico,29 se 
achar de conveniência. 
E) são declarados rescindidos antecipadamente, na data da decretação da 
falência. 
 
10 - Questão elaborada pela CONSUPLAN em 2006: Em relação à nova lei de 
falência (Lei 11.101/2005), assinale a alternativa incorreta: 
a) o empresário devedor não pode requerer sua autofalência; 
b) os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos três 
meses anteriores à decretação da falência, até o limite de cinco salários 
mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa; 
c) tem-se por termo legal da falência o período anterior à sentença de falência 
dentro do qual a lei pressupõe que o devedor já estaria em estado de 
insolvência, gerando uma presunção absoluta, e, logo, não suscetível de ser 
afastada por prova em sentido contrário; 
d)o regime falimentar está assentado em dois princípios processuais: o da 
universalidade e o da unidade do juízo da falência; 
e) um dos importantes efeitos da falência é o vencimento antecipado de todos 
os créditos havidos contra o falido. 
 
28 A questão é anterior à nova LF e agora o síndico se chama administrador judicial. 
29 Idem quanto ao comentário precedente. 
 
 
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2.4. Classificação dos Créditos 
A Classificação dos créditos pela nova LF está disciplinada no art. 83, já que 
cada crédito recebe uma classificação baseada na sua origem e natureza e, 
partir daí, uma ordem ou hierarquia de pagamento. 
Antes, contudo, devemos fazer uma distinção entre os credores do falido e os 
da massa falida. A distinção é simples: basta observar se foram constituídos 
antes ou após a decretação da falência. Os credores do falido são aqueles por 
créditos constituídos antes da decretação da falência e formam os créditos 
concursais - art. 83. Já os credores da massa são os que se originam 
posteriormente e compõem os créditos extraconcursais - art. 84 (desfrutam de 
posição privilegiada), devendo ser pagos com prioridade e independentemente 
de habilitação. Também são extraconcursais os créditos que se originaram 
durante a recuperação malsucedida e convertida (convolada) em falência (art. 
67 da LF). 
Os créditos extraconcursais merecem ser concebidos como molas propulsoras 
do próprio processo falimentar. Imaginem que o administrador judicial tenha 
que contratar uma empresa de vigilância para zelar pelos bens arrecadados e 
guardados num depósito alugado. Ora, se o locatário do depósito e a empresa 
de vigilância não tivessem preferência para receber, sabendo que se trata de 
um falido ou alguém em recuperação, jamais se disporiam a contratar. São 
considerados como créditos extraconcursais os relativos a remunerações 
devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e derivados da legislação 
do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços 
prestados após a decretação da falência (art. 84 da LF).. 
Antes de se iniciar propriamente do pagamento aos credores, dispõe o art. 149 
que serão realizadas as restituições. A restituição não é propriamente um 
crédito, mas um direito de terceiro nas mãos da massa. Os reclamantes com 
direito à restituição, nos termos dos arts. 85 a 93, sempre serão atendidos 
com prioridade sobre qualquer credor, salvo em se tratando de créditos 
estritamente salariais vencidos no trimestre anterior à decretação da falência e 
limitados a 5 salários-mínimos por trabalhador (art. 151 e 86, § único, da LF). 
No caso da restituição em dinheiro, quando se verificar ausência de saldo 
suficiente para satisfazer a todos os reclamantes, será observado rateio entre 
os mesmos. 
Mas como é feito o pagamento do credor? Primeiro temos a habilitação dos 
créditos, que é considerada já feita se os credores concordarem com a relação 
elaborada pelo administrador judicial. Em caso de ausência de inclusão ou de 
divergência da relação, o credor então formula a sua habilitação específica. A 
verificação do crédito é o procedimento legal de cobrança do devedor falido, 
(art. 7º, da LF), comprovando-se o valor devido, a origem e a sua classificação 
Em seguida cabe ao administrador judicial consolidar todos os créditos 
habilitados e os valores judicialmente reservados num quadro geral de 
credores. 
 
 
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O quadro-geral é assinado pelo juiz e pelo administrador judicial e mencionará 
a importância e a classificação de cada crédito na data do requerimento da 
recuperação judicial ou da decretação da falência, será juntado aos autos e 
publicado no órgão oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da 
sentença que houver julgado as impugnações (art. 18 da LF). 
Segundo o art. 149, após as restituições serão pagos os créditos 
extraconcursais e os créditos constantes do quadro-geral de credores. As 
importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao 
pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no art. 83 
(respeitados os demais dispositivos da LF e as decisões judiciais que 
determinam reserva de importâncias). 
Pelo art. 83 os créditos concursais serão pagos na seguinte ordem: 
1º) os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 
salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho, estes 
sem limite de valor e referentes às ações indenizatórias movidas contra o 
empregador quando houver dolo ou culpa de sua parte (CRFB/88, art. 7º, inc. 
XXVIII);30 
2º) créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
3º) créditos tributários (agora são apenas os de natureza tributária, e 
não qualquer crédito da dívida ativa), independentemente da sua natureza e 
tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias que serão incluídas 
mais abaixo, entre os créditos sub-quirografários; 
4º) créditos com privilégio especial, que são os previstos no art. 964 do 
NCC; os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição 
contrária da LF; e aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção 
sobre a coisa dada em garantia; 
5º) créditos com privilégio geral, que são os previstos no art. 965 do NCC; 
os previstos no § único do art. 67; e os assim definidos em outras leis civis e 
comerciais (ex. art. 58, § 1º, da LSA), salvo disposição contrária da LF; 
6º) créditos quirografários, que são os não previstos nos demais incisos do 
art. 83; os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos 
bens vinculados ao seu pagamento; os saldos dos créditos derivados da 
legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I desse 
artigo); 
7º) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis 
penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias (isso é uma novidade 
as multas tributárias e administrativas passaram a ser exigíveis, mas 
classificadas como crédito sub-quirografário, ficando, portanto prejudicada a 
Súmula 565 do STF, que é anterior à LF); 
8º) créditos subordinados, que são os assim previstos em lei ou em 
contrato, por exemplo, no art. 58, § 4º, da Lei das S/A, o que examinamos na 
aula de SA, permitindo ainda a lei a previsão de subordinação em contratos; os 
créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício (embora a 
 
30 Repare que o seguro de acidentes de trabalho é pago pelo INSS, e não pelo empregador ou 
pela massa 
 
 
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lei não diga expressamente, são os créditos decorrentes da qualidade de sócio 
ou de administrador, e não qualquer crédito titularizado por essas pessoas).31 
O art. 83 ainda traz uma série de disposições em seus §§, como por exemplo, 
no § 4º, que diz que os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão 
considerados quirografários. Vale ainda dizer que os créditos trabalhistas de 
natureza estritamente salarial vencidos nos 3 meses anteriores à decretação 
da falência, até o limite de 5 salários-mínimos por trabalhador, serão pagos 
tão logo haja disponibilidade em caixa - art. 151. 
Na realização do ativo (alienação ou venda de bens), a nova LF busca a venda 
em bloco, ou seja, a venda considerando a existência de aviamento, já que seu 
valor agregado é maior que o valor dos bens de per si (veja os elementos do 
estabelecimento da aula 1). 
Seja a alienação conjunta ou separada de ativos, da empresa ou de suas filiais, 
promovida sob qualquer das modalidades o objeto da alienação estará livre de 
qualquer ônus. Portanto, não haverá sucessão do arrematante nas obrigações 
dodevedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do 
trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho - art. 141, II. Assim, os 
empregados do falido contratados pelo arrematante serão admitidos mediante 
novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações 
decorrentes do contrato anterior - art. 141, § 3º. 
Um esquema simplificado da falência poderia ser apontado por: 
1. Sentença decretando a falência; 
2. Arrecadação de bens – art. 108; 
3. Habilitação e verificação de créditos – art. 6º e 83; 
4. Realização imediata do ativo – art. 139 a 141; 
5. Pagamento aos credores – art 149 
6. Encerramento da falência e a extinção das obrigações – arts. 154 a 160. 
 
DESAFIO 
11 - Questão elaborada pela FJPF em 2006: No quadro geral de credores da 
falência, a remuneração devida pela prestação de serviços após a decretação 
da quebra se classifica como 
A) geral; 
B) especial; 
C) quirográfica; 
D) subordinada; 
E) extraconcursal; 
 
 
31 Veja nosso artigo publicado no jornal Valor Econômico de 05.09.05, disponível em: 
http://www.valoreconomico.com.br/valoreconomico/285/legislacaoetributos/legislacaoetributo
s/O+credito+do+socio+na+nova+Lei+de+Falencias,sharp,,86,3251664.html 
 
 
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12 - Questão elaborada pelo MPT em 2006: Assinale a alternativa CORRETA: 
I - pela nova lei de falência, n° 11.101/2005, tanto o crédito trabalhista quanto 
aqueles decorrentes de acidente do trabalho continuam privilegiados em 
relação aos demais até o limite de 150 (cento e cinqüenta) salários mínimos 
por credor; 
II - a responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada será 
apurada no próprio juízo da execução do crédito, sendo posteriormente 
noticiado no juízo da falência; 
III - a falência pode ser requerida pelo credor em relação ao devedor que, ao 
ser executado por quantia líquida, deixa de pagar, de realizar qualquer 
depósito ou mesmo de nomear bens à penhora dentro do prazo legal; 
IV - os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial, vencidos nos 3 
(três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) 
salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em 
caixa. 
a) todas as assertivas estão corretas; 
b) apenas as assertivas III e IV estão corretas; 
c) apenas as assertivas II e IV estão corretas; 
d) apenas a assertiva I está incorreta. 
 
13- Questão elaborada pela FEPESE em 2005: Assinale a alternativa correta, 
de acordo com a Lei Federal n° 11.101/2005. 
a) Na falência, os créditos decorrentes de acidentes de trabalho têm 
precedência, para fins de pagamento, sobre todos os demais, inclusive os 
créditos considerados como extraconcursais. 
b) Na falência, os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 300 
(trezentos) salários mínimos por credor, têm precedência sobre os créditos 
tributários. 
c) Na falência, os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados 
quirografários. 
d) A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente 
responsáveis não acarreta a falência destes. 
 
14- Questão elaborada pela CESGRANRIO em 2006: Nos termos da nova lei de 
falências (Lei no 11.101, de 09/02/2005), acerca do procedimento de 
pagamento dos créditos na falência, afirma-se que: 
I - os créditos com garantia real, até o valor do bem gravado, precedem os 
créditos tributários na ordem de pagamento de credores; 
II - os créditos extraconcursais, referentes às remunerações devidas ao 
administrador judicial e seus auxiliares, deverão ser pagos com preferência em 
relação aos créditos tributários; 
 
 
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III - as multas contratuais e fiscais são pagas após a quitação dos créditos 
quirografários; 
IV - os créditos trabalhistas cedidos a terceiros são considerados 
quirografários. 
Estão corretas as afirmativas: 
(A) II e III, apenas. (B) I, II e IV, apenas. 
(C) I, III e IV, apenas. 
(D) II, III e IV, apenas. 
(E) I, II, III e IV. 
 
15 - Questão elaborada pela FCC em 2005: De acordo com a nova lei de 
falências (Lei n° 11.101/05), o credor trabalhista, por serviços prestados antes 
da decretação da quebra, deverá ser satisfeito 
a) Após o pagamento dos credores titulares de garantia real, qualquer que seja 
o valor do crédito trabalhista. 
b) Com preferência em relação aos créditos fiscais, até o limite de 50 salários 
mínimos. 
c) Após a liquidação dos débitos da empresa com a previdência social. 
d) Juntamente com os credores quirografários, em relação à parcela do seu 
crédito que exceder a 150 salários mínimos. 
e) Juntamente com os credores titulares de privilégio especial sobre os bens da 
massa. 
 
 
 
2.5. Extinção das Obrigações 
Após, concluída a realização do ativo, pagos os credores, prestadas as contas 
pelo administrador e apresentado relatório final da falência o juiz encerrará a 
falência por sentença - arts. 154 a 156. 
Encerrada a falência, poderá ser reconhecido por sentença, a requerimento do 
falido, que suas obrigações estão extintas, com fundamento em uma das 
seguintes hipóteses - art. 158: 
I – O pagamento de todos os créditos. 
II – O pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% dos 
créditos quirografários, assemelhando-se aí à antiga concordata. Faculta-se ao 
falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para 
tanto não bastou a integral liquidação do ativo. 
III – O decurso do prazo de 5 anos, contado do encerramento da falência, se o 
falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto na LF. 
 
 
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IV – O decurso do prazo de 10 anos, contado do encerramento da falência, se 
o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto na LF. 
O falido formulará a extinção das obrigações mediante requerimento dirigido 
ao juiz com a prova da quitação dos tributos relativos à sua atividade 
empresarial - art. 191 do CTN. Seguindo os mandamentos contidos nos §§ do 
art. 159, o requerimento será autuado em apartado com os respectivos 
documentos e publicado por edital no órgão oficial e em jornal de grande 
circulação. No prazo de 30 dias contado da publicação do edital, qualquer 
credor pode opor-se ao pedido. Findo o prazo, o juiz, em 5 dias, proferirá 
sentença e, se o requerimento for anterior ao encerramento da falência, 
declarará extintas as obrigações na sentença de encerramento. Após o trânsito 
em julgado, os autos serão apensados aos da falência. A sentença que declarar 
extintas as obrigações será comunicada a todas as pessoas e entidades 
informadas da decretação da falência. Cabe apelação da mesma. 
O sócio de responsabilidade ilimitada também poderá requerer que seja 
declarada por sentença a extinção de suas obrigações na falência (ou sua 
prescrição) - art. 160. 
Somente com a declaração pela sentença de extinção das obrigações é que o 
falido poderá a voltar a exercer a atividade empresarial, salvo se tiver sofrido 
condenação por crime falimentar. Nesta última hipótese, são efeitos da 
condenação criminal, motivadamente declarados na respectiva sentença, a 
inabilitação para o exercício de atividade empresarial, o impedimento para o 
exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou 
administração das sociedades sujeitas à LF, e a impossibilidade de gerir 
empresa por mandato ou por gestão de negócio. Efeitos esses que perdurarão 
pelo prazo de 5 anos após a extinção da punibilidade, podendo cessar antes 
pela reabilitação penal - art. 181. 
Cabe observar que a lei do registro das empresas veda o arquivamento de 
atos constitutivos ou alteração de empresas

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