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transtorno_do_espectro_autista 5

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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA
TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA
TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA
NADIA GIARETTA
NADIA GIARETTA
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Código Logístico
I000278
ISBN 978-65-5821-081-8
9 786558 210818
Transtorno do 
Espectro Autista 
 Nadia Giaretta
IESDE BRASIL
2021
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Cienpies Design/Shutterstock
 NassyArt/Envato Elements
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G376tt
Giaretta, Nadia
Transtorno do espectro autista / Nadia Giaretta. - 1. ed. - Curitiba 
[PR] : IESDE, 2021.
104 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-081-8
1. Educação especial. 2. Crianças autistas - Educação. I. Título.
21-73251 CDD: 371.94
CDU: 376-056.3
 Nadia Giaretta Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela 
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista 
em Psicopedagogia Construtivista pela Universidade 
Estadual de Campinas (Unicamp), em Língua 
Brasileira de Sinais (Libras) e em Educação Especial 
pela Faculdade Eficaz. Graduada em Pedagogia pelo 
Centro Universitário Padre Anchieta (Unianchieta). 
Atua em formação, assessoria e treinamento sobre os 
distúrbios do neurodesenvolvimento, principalmente 
na área do Transtorno do Espectro do Autista (TEA), 
para profissionais das áreas de educação, saúde e de 
empresas em geral. Atuante na área da educação, com 
ênfase na educação especial, há mais de 20 anos. Diretora 
escolar e orientadora pedagógica na Associação de Pais 
e Amigos dos Excepcionais (Apae). É professora de Libras 
e terapeuta pedagógica na área da surdez. Atua como 
psicopedagoga e pesquisadora na área dos distúrbios do 
neurodesenvolvimento. Participa de projetos de pesquisa 
sobre autismo e TDAH nos laboratórios da Universidade 
Presbiteriana Mackenzie. É autora de artigos e capítulos 
de livros sobre os temas: libras, estágio, autismo, 
síndrome de Williams e deficiência intelectual. Além de 
conteudista sobre vários temas que competem à educação 
inclusiva.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 9
1.1 Histórico do Transtorno do Espectro Autista 10
1.2 Transtorno do neurodesenvolvimento 14
1.3 Diagnósticos 16
1.4 Classificação 18
1.5 Desenvolvimento típico, sinais de alerta e identificação 
 precoce 23
2 Comportamento disruptivo e funcionamento adaptativo 29
2.1 Comportamento disruptivo 29
2.2 Alterações de processamento 38
3 Autismo e funções executivas 45
3.1 O cérebro e suas funções 45
3.2 Constructo das funções executivas (FE) 52
3.3 Funções executivas no indivíduo com TEA 54
3.4 Estimulação das funções executivas 57
4 Cognição social e linguagem 60
4.1 Cognição social no TEA 60
4.2 Linguagem e linguagem pragmática 62
4.3 Autismo e linguagem 65
4.4 Comunicação, comunicação alternativa e o autismo 66
4.5 Tecnologias assistivas 68
4.6 Desenvolvimento do indivíduo com autismo 69
5 Inclusão e integração escolar 72
5.1 Avaliações e instrumentos de rastreio 73
5.2 Atendimento Educacional Especializado (AEE) 75
5.3 PEI 76
5.4 O TEA e a prática parental 78
5.5 Práticas pedagógicas e a integração escolar de alunos com 
 autismo 80
 Resolução das atividades 85
 Anexos 93
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a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
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Vídeos
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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do 
neurodesenvolvimento, estudado há décadas pela ciência, 
em todas as partes do mundo, que mobiliza multiprofissionais 
engajados em explicar as lacunas e as incongruências ainda 
existentes sobre esse distúrbio.
Dados mundiais apontam um aumento considerável de casos 
diagnosticados, servindo como informações que contribuem 
para que o assunto deixe de ser apenas da área acadêmica e 
passe também para o domínio público. 
Apesar da globalização e da abundância de informações que 
temos disponíveis ao acessar as redes, é de suma importância 
ressaltar que o TEA ainda é uma temática que necessita de um 
olhar diferenciado e específico, por conta da complexidade de 
suas características. 
Avanços significativos ocorreram desde que, em 1943, o 
psiquiatra austríaco Leo Kanner apresentou estudos em que 
nesses ele descreveu o espectro tal como o reconhecemos nos dias 
atuais, utilizando, pela primeira vez, a terminologia autismo. Isso 
ocorreu após ele observar e acompanhar, ao longo de três décadas, 
crianças com idade entre 2 anos e 4 meses até 11 anos completos 
que apresentavam características de extremo isolamento social, 
maneirismos, comunicação não usual, dificuldade nas relações 
interpessoais, ausência ou uso não significativo da linguagem, 
ecolalias, comportamentos repetitivos, manuseio de objetos, 
rejeição de alimentos, rigidez no comportamento e aversão a 
mudanças, mas com uma memória mecânica. 
Neste livro, propomos apresentar, discutir e refletir sobre todo 
o universo que permeia o TEA, visando a acrescentar e ampliar 
o conhecimento sobre o tema de maneira abrangente. Para tal, 
abordamos várias vertentes, sempre embasadas em estudos 
científicos, desde a cronologia do diagnóstico, passando por 
instrumentos de rastreio até a prática escolar, com o intuito de 
agregar positivamente essas discussões à formação profissional. 
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Transtorno do Espectro Autista
Todos os conteúdos foram selecionados e elaborados a fim de indicar 
novas formas de pensar e atuar, visando a buscar soluções para os problemas 
concretos.
No capítulo 1, apresentamos o seu histórico até a efetiva descoberta 
do transtorno, seu conceito e quais procedimentos devem ocorrer para 
diagnosticar, classificar e identificar os sinais típicos para alerta de TEA, 
ressaltando a importância do diagnóstico precoce. 
No capítulo 2, tratamos dos comportamentos disruptivos, que fazem do 
TEA um transtorno único e com muitas perguntas latentes.
No capítulo 3, apontamos as áreas cerebrais a fim de identificar os deficits 
causados pelo TEA. Afunilando o tema, abordamos as funções executivas, nas 
quais se concentram os deficits mais aparentes do espectro.
No capítulo 4, fazemos uma ampla abordagem sobre o comportamento 
social e a comunicação, sendo esses aspectos de extrema relevância para a 
identificação do espectro.
No capítulo 5, abordamos os desafios da prática escolar e as atividades de 
vida diária e prática da criança com o transtorno do espectro autista. Também 
apresentamos: os instrumentos avaliativos e de rastreio, que consolidam 
as hipóteses apresentadas pela literatura, a prática parental e questões 
pertinentes às estratégias e integração escolar a fim de minimizar os deficits 
característicos encontrados no espectro, temas esses que podem apresentar 
implicações diretas no processo de ensino-aprendizagem.
Finalizando, é de suma importância ressaltar que o principal objetivo 
deste livro é abordar os conceitos que permeiam o TEA e suas implicaçõesde maneira geral e abrangente. Sabemos o quão difícil é explanar todas 
as perspectivas sobre o TEA, todavia buscamos realizar um compilado das 
informações que são de maior relevância para o avanço do conhecimento 
sobre esse tema. 
 Boa leitura!
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 9
1
Entendendo o Transtorno 
do Espectro Autista (TEA)
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: 
• conhecer a história do Transtorno do Espectro Autista (TEA);
• reconhecer os tipos de TEA e os sinais de alerta;
• entender como é feito o seu diagnóstico e entender sua 
epidemiologia;
• compreender a importância da identificação precoce.
Objetivos de aprendizagem
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um distúrbio do 
neurodesenvolvimento que vem sendo estudado há décadas pela ciência. 
Devido a campos ainda não explicados e divergências nas respostas, há mi-
lhares de profissionais de diversas áreas e de inúmeros lugares do mundo 
envolvidos em pesquisas sobre o TEA. Por ter características específicas, ne-
cessita da avaliação e dos atendimentos terapêuticos de multiprofissionais. 
Além disso, devido ao aumento do volume de casos diagnosticados, o tema 
sai da esfera acadêmica e passa a ser também de domínio público.
O objetivo principal deste capítulo é abordar os conceitos que per-
meiam o TEA e suas implicações de maneira geral e abrangente, assim 
apresentaremos um panorama do transtorno, desde os primeiros estu-
dos realizados sobre o tema. Devido à dificuldade de explanar todas as 
perspectivas sobre o TEA, fizemos um compilado de informações que 
acreditamos serem de maior relevância.
Para facilitar a apresentação do assunto, dividimos o capítulo em se-
ções, apresentando os conteúdos com o devido embasamento científico. 
Inicialmente trataremos da definição e das classificações do transtorno utili-
zando como base o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
(DSM), o qual trouxe efetividade para a classificação do TEA. Apresentaremos 
as classificações de todos os transtornos do neurodesenvolvimento, dando 
ênfase ao TEA. Também abordaremos as questões relacionadas a diagnós-
ticos e epidemiologia, bem como as orientações do manual Diretrizes de 
Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo.
10 Transtorno do Espectro Autista
1.1 Histórico do Transtorno do Espectro Autista 
Vídeo O termo autós foi usado pela primeira vez em 1908 pelo psiquiatra 
suíço Eugen Bleuler. Ele usou esse termo para descrever comportamen-
tos de pacientes esquizofrênicos em estado de ausência prolongada, que 
pareciam se isolar do ambiente e das pessoas à sua volta e se refugia-
vam em seu próprio mundo. A palavra grega autós, que deu origem ao 
termo autismo, significa autoadmiração mórbida. Bleuler descreveu as 
alterações comportamentais, que hoje conhecemos por autismo, como 
isolamento clínico (BRASIL, 2013; MANDAL, 2019).
Já o psiquiatra austríaco Leo Kanner, em 1943, observou crianças com 
idade de dois anos e quatro meses até 11 anos, acompanhando-as du-
rante 30 anos. Essas crianças possuíam um perfil que tinha como carac-
terística o extremo isolamento social, como citado por Bleuler, somado 
a comportamentos de maneirismos e de comunicação não usual, difi-
culdade nas relações interpessoais, ausência ou uso não significativo da 
linguagem, ecolalias, comportamentos repetitivos, manuseio incomum 
de objetos, rejeição de alimentos, rigidez no comportamento e aversão 
a mudanças, além de possuírem memória mecânica, que se refere às 
ações realizadas com o corpo, envolvendo coordenação motora, tato etc.
O termo autismo foi usado pela primeira vez por Kanner no seu estu-
do que deu origem à obra intitulada Distúrbio Autístico do Contato Afetivo, 
publicado na Revista The Nervous Child. O autor, em 1956, definiu como 
sinais básicos para se identificar que o quadro clínico era compatível 
com o diagnóstico de autismo: o isolamento social e a dificuldade na co-
municação. A classificação diagnóstica para autismo foi baseada, a partir 
de então, nesses sinais apontados por Kanner (BRASIL, 2013; MANDAL, 
2019; SCHWARTZMASN, 2011).
Por fim, em 1944, Hans Asperger, igualmente psiquiatra e pesquisa-
dor austríaco, estudou separadamente e de maneira diferente crianças 
que apresentavam comportamentos parecidos com as de Kanner, mas 
que não possuíam ecolalias e tinham a habilidade de discorrer detalha-
damente e com propriedade sobre um assunto específico, identificando 
também a prevalência em meninos. Seu artigo “A Psicopatia Autista na 
Infância” foi publicado em língua alemã no período da Segunda Guer-
ra Mundial (1939-1945), fato usado como uma suposta justificativa para 
que seu artigo não fosse amplamente divulgado e obtivesse a notorieda-
de esperada. Asperger passou a ser bastante conhecido e reconhecido 
Eugen Bleuler, que nasceu 
em Zollikon, cidade pró-
xima a Zurique, na Suíça, 
em 1857, foi um médico 
psiquiatra suíço, além de 
um importante pesquisa-
dor na área de transtor-
nos mentais, criando o 
termo autismo em 1912. 
Ele ainda, contribuiu 
significativamente para a 
formação de C. G. Jung, 
que foi seu assistente.
Biografia
ecolalia: repetir fala; tra-
ta-se de um transtorno da 
linguagem caracterizado 
pela fala com repetição.
Glossário
Leo Kaner (1894-1981) foi 
um psiquiatra austríaco, 
radicado nos EUA. Sua 
pesquisa voltava-se à 
psiquiatria pediátrica.
Biografia
Johann Hans Friedrich 
Karl Asperger nasceu 
em Viena, na Áustria, 
em 1906. Hans foi um 
importante pesquisador 
na área da psiquiatria e 
a Síndrome de Asperge 
deve seu nome a ele, 
porém tal “homenagem” 
vem gerando controvér-
sias devido a descobertas 
do envolvimento dele com 
o movimento nazista.
Biografia
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 11
como um dos precursores do assunto somente em 1980, juntamente a 
Kanner, apesar de alguns estudos apontarem diferenças entre ambos 
(BRASIL, 2013; MANDAL, 2019).
O conceito trazido por Kanner, autismo infantil, por meio de incon-
táveis estudos realizados pelo mundo, foi se modificando, passando de 
uma doença ligada diretamente a causas parentais para um grupo de 
condições específicas que foram nomeadas de Transtorno Global do De-
senvolvimento (TGD). Segundo os estudos de Kanner, o autismo pode se 
apresentar até os três anos de idade, com graus de severidade diferen-
ciados (SCHWARTZMAN, 2011).
De acordo com a definição da última versão do DSM, o DSM-5, o TEA 
é um transtorno do neurodesenvolvimento que apresenta característi-
cas específicas, isso possibilita que sintomas e sinais sejam identificados 
precocemente, demandando atenção especial desde o início da primeira 
infância, ou seja, antes dos dois anos de idade.
Por exemplo, estudos com evidências científicas apontam que exis-
tem alterações nos marcos esperados no desenvolvimento e alterações 
no padrão do sono desde o primeiro ano de vida das crianças, assim, 
posteriormente, esses sinais podem ser correlacionados ao diagnóstico 
de TEA, ficando mais perceptíveis a partir dos 12 meses e se manifestan-
do em sua totalidade no máximo até os 48 meses.
Os deficits que norteiam esse transtorno são: interação e reciproci-
dade socioemocional, comunicação, interação social e comportamentos 
disruptivos com padrões repetitivos, bem como interesses restritos e 
funcionamento adaptativo 1 , que interferem nas esferas escolar, social 
e, futuramente, profissional. Também podem 
ser acrescentados os deficits em habilida-
des, da mais simples até a mais severa, 
da vida diária e prática, que afetam 
o funcionamento cognitivo de ma-
neira abrangente e geral. Por isso, 
como se trata de um transtorno do 
neurodesenvolvimento, os sinto-
mas causam prejuízos por toda a 
vida, e a gravidade do quadro clínico 
depende das comorbidades neuroló-
gicas apresentadas ou da presença da 
Deficiência Intelectual (D.I.) (APA, 2014).
No livro O cérebro autista, 
Temple Grandin, junto de 
Richard Panek, abordam 
o tema autismo de ma-
neiraúnica, apresentando 
avanços e descobertas 
científicas associados às 
experiências pessoais 
da autora, que tem o 
transtorno. É um livro 
essencial para profes-
sores, profissionais da 
saúde em geral e pais, 
pois aborda de maneira 
clara e objetiva pontos 
importantes na educação 
e qualificação do indivíduo 
com TEA. Levanta discus-
sões importantes acerca 
de rótulos e estigmas, 
priorizando a educação 
de crianças com autismo, 
pautada nas habilidades e 
não nos deficits.
São Paulo: Record, 2011. 
Livro
Fita de quebra-cabeça, símbolo 
universal do autismo.
Se
wC
rea
m/S
hutte
rstock
O funcionamento adapta-
tivo se refere a habilida-
des conceituais, sociais 
e práticas que permitem 
adaptação ao ambiente.
1
12 Transtorno do Espectro Autista
1.1.1 Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM)
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), conhecido como 
DSM, tem sua trajetória inicial nos EUA em 1840, com base em um 
censo que usava o termo loucura para representar as doenças men-
tais. Em 1880, o censo categorizou e dividiu em sete as doenças men-
tais: mania, melancolia, monomania, paresia, demência, dipsomania 
e epilepsia. Assim surgiram as primeiras classificações sobre os trans-
tornos mentais, que tinham como objetivo específico analisá-los esta-
tisticamente (ARAÚJO; LOTUFO, 2014; ARAÚJO; LOTUFO; 2013).
A criação do DSM proporcionou uma mudança de paradigmas no 
campo da pesquisa em transtornos mentais, e podemos dizer que 
revolucionou e impulsionou as pesquisas e testes na área, resultando 
em diagnósticos mais precoces, com mais precisão e objetividade.
Posteriormente, já no século XX, a associação de veteranos de guer-
ra, aliada ao exército norte-americano, categorizou, de modo mais 
completo, os transtornos mentais, para que o atendimento aos ex-
-combatentes de guerra dentro dos ambulatórios fosse mais efetivo. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em dados oriundos 
dos resultados desses atendimentos ambulatoriais, adicionou então 
à 6ª edição do documento de Classificação Internacional de Doenças 
(CID), uma sessão específica para os transtornos mentais, surgindo 
assim o DSM em 1953. A publicação foi realizada pela Associação Psi-
quiátrica Americana (APA), exclusivamente para o atendimento clínico 
(ARAÚJO; LOTUFO, 2014; ARAÚJO; LOTUFO, 2013).
Nessa primeira edição, o DSM-I trazia a categorização dos diagnós-
ticos por meio de um glossário que descrevia o transtorno mental em 
questão. Esse primeiro manual, apesar de conter informações bási-
cas sobre os transtornos, auxiliou para que outras revisões sobre as 
doenças mentais tivessem início. A segunda edição do Manual (DSM-
-II) apresentou pequenas alterações terminológicas e foi lançada em 
consonância novamente com a CID-8, sua publicação aconteceu em 
1968 (ARAÚJO; LOTUFO, 2014; ARAÚJO; LOTUFO, 2013).
A terceira edição do Manual (DSM-III) foi publicada em 1980 e apre-
sentou alterações significativas. Devido aos avanços dos diagnósticos 
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 13
e conceitos dos transtornos mentais, essas alterações perpetuam-
-se até a edição atual (DSM-5), impulsionando e facilitando também 
as pesquisas científicas. A mudança mais concreta nessa edição foi 
a apresentação dos diagnósticos, o que facilitou o uso do manual, 
já que ele ficou mais objetivo, e promoveu a revisão desse material 
em 1987, com o DSM-III-R (ARAÚJO; LOTUFO, 2014; ARAÚJO; LOTUFO, 
2013).
No ano de 1994 foi lançada a quarta edição (DSM-IV), e, no ano 
2000, houve a atualização desta versão – o DSM-IV-TR –, sempre me-
lhorando e aperfeiçoando os pontos remanescentes de maior discus-
são e relevância, sendo utilizada até 2013. Em 1994, o DSM-IV ampliou 
consideravelmente os sintomas e diagnósticos psiquiátricos, favore-
cendo uma gama de novas farmacologias e terapias, amplamente 
apontadas e discutidas pela literatura médica (ARAÚJO, 2014; CAPONI, 
2014; ARAÚJO; LOTUFO, 2013).
Em 18 de maio de 2013, a versão mais atual, e usada até o presen-
te momento, do DSM foi editada, sendo criado o DSM-5 (ARAÚJO; LO-
TUFO, 2014). Nessa revisão, diversos pesquisadores, representando 
várias partes do mundo (Philippe Pignarre, Elisabeth Roudinesco, Pa-
ris, Phillips, Philip M. Sadler, Hacking, Horwitz, Peter Conrad, Brauns-
tein), com um grupo de associados internacionais, apontaram pontos 
epistemológicos importantes e que precisavam ser revisitados, pois 
inúmeras patologias mentais e muitos sintomas não estavam descri-
tos com a objetividade e clareza necessárias (CAPONI, 2014).
Todas as revisões realizadas nessa quinta edição resultaram em 
mais de 12 anos de estudos realizados por diversos profissionais em 
pesquisas diversas. As alterações apresentadas tiveram como obje-
tivo expandir as descobertas e possibilitar novas práticas clínicas, 
realizadas com embasamento científico. Uma alteração significativa 
no manual foi a exclusão da escala de avaliação global do funciona-
mento 2 .
Essa retirada foi fruto dos resultados das pesquisas realizadas pe-
los profissionais anteriormente mencionados, os quais apontaram 
que uma única nota não pode definir a compreensão global do indiví-
duo. Algumas escalas ainda são recomendadas no manual, na Seção 
III, a fim de estabelecer medidas de avaliação (ARAÚJO; LOTUFO, 2014; 
CAPONI, 2014; ARAÚJO; LOTUFO, 2013).
A avaliação global do 
funcionamento é uma 
avaliação que apresenta 
uma análise diagnóstica 
de grande parte dos 
problemas psicopatológi-
cos da infância. Tem como 
objetivo central avaliar 
os alunos por meio de 
critérios preestabelecidos, 
de maneira contínua, com 
frequência e intensidade. 
No entanto, não abrange 
o comportamento 
social, o funcionamento 
adaptativo, a comunica-
ção e a interação social, 
fatores cruciais para que 
o diagnóstico de TEA seja 
fechado.
2
14 Transtorno do Espectro Autista
1.2 Transtorno do neurodesenvolvimento 
Vídeo Transtornos do neurodesenvolvimento são um conjunto de condi-
ções que ocorrem na primeira infância e ocasionam deficits associados. 
Os principais prejuízos são nas áreas do funcionamento pessoal, social, 
acadêmico e profissional. A proposta da quinta edição do manual foi 
apresentar dados longitudinais, após anos de estudos, e transformar a 
visão diagnóstica dos transtornos.
A grande mudança, que é de suma importância para nossa reflexão, 
foi a retirada do capítulo sobre transtornos globais, que se referia a 
autismo, transtorno desintegrativo da infância, síndromes de Rett e sín-
drome de Asperger. Incluiu-se então o capítulo sobre os transtornos do 
neurodesenvolvimento, que ressaltava a importância de uma avaliação 
cognitiva e funcional. A partir dessa publicação, todos os transtornos 
que compunham os transtornos globais foram condensados em TEA, 
pois apresentavam semelhanças nas características, sinais e na ma-
neira de realizar o diagnóstico (ARAÚJO; LOTUFO, 2014; CAPONI, 2014; 
ARAÚJO; LOTUFO, 2013; RANALLI, 2017).
O manual é autoexplicativo, e a identificação e a leitura dos códigos 
são feitas da seguinte maneira: o número indicado à esquerda é o do 
CID; o número que está entre parênteses é o código do DSM-5. A seguir 
consta a divisão dos transtornos do neurodesenvolvimento separada-
mente, de acordo com o DSM-5 (2014).
Deficiências intelectuais: classificadas de acordo com a gravidade
• 317 (F70) Leve.
• 318.0 (F71) Moderada.
• 318.1 (F72) Grave.
• 318.2 (F73) Profunda.
• 315.8 (F83) Atraso global do desenvolvimento.
• 319 (F79) Deficiência intelectual – não especificada. 
Transtornos da comunicação
• 315.32 (F80.2) Transtorno da linguagem.
• 315.39 (F80.0) Transtorno da fala.
• 315.35 (F8G.81)Transtorno da fluência com início na infância (gagueira). 
• 315.39 (F80.89) Transtorno da comunicação social (pragmática).
• 307.9 (F80.9) Transtorno da comunicação não especificado.
(Continua)
O DSM é referência inter-
nacional no que se refere 
às nomenclaturas dos 
transtornosmentais, ou 
seja, os profissionais que 
atuam com transtornos 
mentais devem utilizar 
o manual para identi-
ficar sinais e sintomas, 
realizar diagnóstico e 
encaminhamentos. É de 
suma importância que os 
profissionais pelo menos 
conheçam o material, 
mesmo que não o usem 
como material de traba-
lho, como é o caso dos 
professores. O manual 
é rico em informações e 
particularidades e foi tra-
duzido para o português 
em 2014.
APA – American Psychiatric 
Association. 5. ed. São Paulo: 
Artmed, 2014.
Livro
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 15
Transtornos do espectro autista
• 299.0 (F84.0) Transtorno do Espectro Autista.
Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade: subtipo
• 314.1 (F90.2) Apresentação combinada.
• 314.0 (F9Q.0) Apresentação predominantemente desatenta.
• 314.1 (F90.1) Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva.
• 314.1 (F90.8) Outro transtorno de deficit de atenção/hiperatividade.
• 314.1 (F90.9) Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade não 
especificado.
Transtorno específico da aprendizagem: especificações 
• 315.0 (F81.0) Com prejuízo na leitura.
• 315.2 (F81.81) Com prejuízo na expressão escrita.
• 315.1 (FS1.2) Com prejuízo na matemática.
Transtornos motores 
• 315.4 (F32) Transtorno do desenvolvimento da coordenação.
• 307.3 (F98.4) Transtorno do movimento estereotipado.
Transtornos de tique 
• 307.23 (F95.2) Transtorno de Tourette.
• 307.22 (F95.1) Transtorno de tique motor ou vocal persistente.
• 307.21 (FS5.0) Transtorno de tique transitório.
• 307.20 (F95.S) Outro transtorno de tique especificado. 
• 307.20 (F95.S) Transtorno de tique não especificado.
Outros transtornos 
• 315.8 (F88) Outro transtorno do neurodesenvolvimento especificado.
• 315.9 (F89) Transtorno do neurodesenvolvimento não especificado.
As divisões do DSM-5 sobre os transtornos do neurodesenvolvi-
mento foram aqui apresentadas exatamente iguais ao manual, a fim 
de propiciar um conhecimento global para os estudos sobre o tema. 
Servem de guia para que o profissional, independentemente da área, 
saúde ou educação, possa ter conhecimento e acesso às informações 
16 Transtorno do Espectro Autista
e aos códigos contidos em relatórios ou documentos médicos, como 
é o caso dos professores, por exemplo. As divisões permitem que os 
profissionais tenham uma visão geral das limitações e dos deficits no 
desenvolvimento dos indivíduos como relacionados aos transtornos 
do neurodesenvolvimento. Cada transtorno é dividido e categorizado 
separadamente, porém, devido às descrições minuciosas, é possível 
identificar as semelhanças entre eles, dando sentido à nova categori-
zação no DSM-5. 
1.3 Diagnósticos 
Vídeo O diagnóstico do TEA é clínico e deve ser realizado com base em 
observações da criança/adolescente e em entrevistas com os pais 
e/ou cuidadores. As escalas, as triagens avaliativas e os instrumentos 
de rastreio devem ser padronizados impreterivelmente, para ser pos-
sível de os multiprofissionais que os aplicam identificarem deficits no 
desenvolvimento infantil. Os instrumentos de rastreio, como o nome 
sugere, não são para que a equipe/profissional faça o diagnóstico, mas 
sim para que ela identifique os deficits e atrasos no desenvolvimento e 
indique possíveis sinais para o TEA (BRASIL, 2013).
Em detrimento dos inúmeros comprometimentos que o transtorno 
apresenta, o Ministério da Saúde brasileiro produziu um material de 
orientação para que os multiprofissionais da saúde tivessem um norte 
para identificar os sinais e sintomas mencionados, a fim de identificar/
investigar/avaliar precocemente os indícios de TEA desde os primeiros 
anos de vida, as Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com 
Transtornos do Espectro Autista (BRASIL, 2013).
O documento em questão aponta os marcos esperados de desen-
volvimento de crianças típicas e os possíveis sinais de crianças atípi-
cas, alertando os profissionais para um atraso no desenvolvimento, até 
que aconteça um diagnóstico futuro de TEA (MASI; DEMAYO; GLOZIER; 
GUASTELLA, 2017; BRASIL, 2017; BRASIL 2013).
Porém, mesmo com todo avanço científico e um olhar diferenciado 
para o espectro, o diagnóstico precoce no Brasil ainda ocorre de manei-
ra modesta, pois existem dificuldades e barreiras a serem superadas 
para que a avaliação seja realizada na primeira infância. O documen-
to serve de alerta para que os profissionais sejam cautelosos e aten-
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 17
tos aos menores sinais no desenvolvimento infantil (MASI; DEMAYO; 
GLOZIER; GUASTELLA, 2017; BRASIL, 2017).
As políticas públicas brasileiras recomendam a implantação de ava-
liações precoces de atrasos no desenvolvimento para que, sendo o TEA 
um dos transtornos, tais avaliações possam ser realizadas no servi-
ço de atendimento de atenção básica, as Unidades Básicas de Saúde 
(UBS). Porém, por fatores diversos, a literatura apresenta um cenário 
diferente do proposto, e os motivos elegíveis são a falta de infraestru-
tura e a falta de treinamento dos pediatras e de todos os profissionais 
da equipe de saúde, para que possam de fato ser instrumentalizados 
nas ações de rastreio de sinais de atrasos no desenvolvimento ou de 
sinais de TEA.
O documento faz um alerta também sobre o diagnóstico falso posi-
tivo ou o diagnóstico tardio, que trazem um efeito negativo para a con-
duta a ser seguida pelos profissionais e para as famílias das crianças, 
impactando diretamente as intervenções precoces (LOWENTHAL, 2013; 
BRASIL, 2013; RIBEIRO et al., 2017).
No documento Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com 
Transtornos do Espectro do Autismo (BRASIL, 2013) são recomendados 
dois instrumentos de rastreio de alteração no desenvolvimento, ambos 
de uso livre no Brasil: o instrumento para rastreamento/triagem de in-
dicadores clínicos de alterações de desenvolvimento é o IRDI; e o 
instrumento de rastreamento/triagem de indicadores do TEA adapta-
do e validado é o M-Chat (Modified Checklist for Autism in Toddlers):
1. IRDI: é um instrumento de observação que pode ser usado no 
rastreio do desenvolvimento infantil. Foi elaborado por um grupo 
de pesquisadores brasileiros e é de uso livre para profissionais 
da saúde. É composto por 31 perguntas dirigidas aos pais/
cuidadores que tenham bebês com idade entre 0 e 18 meses. As 
perguntas são dirigidas e indicam como é a qualidade do vínculo 
dos pais/cuidadores com os bebês (LERNER, 2011).
2. M-Chat: é composto por um questionário com 23 perguntas 
dirigidas aos pais/cuidadores de criança com idade entre 18 e 
24 meses, usado para identificar possíveis sinais para rastreio de 
TEA. As respostas devem ser sim ou não e indicam sinais precoces 
e comportamentos apresentados em indivíduos com TEA. As 
áreas observadas são: interação social, contato visual, imitação, 
brincadeira, “faz-de-conta” (teoria da mente) e na atenção 
18 Transtorno do Espectro Autista
compartilhada (LOSAPIO; PONDÉ, 2008; CASTRO-SOUZA, 2011; 
BRASIL, 2013).
Após todas as considerações mencionadas, ressaltamos que o 
diagnóstico de TEA, principalmente o precoce, é de suma impor-
tância para que os deficits e atrasos referentes às características do 
transtorno sejam minimizados por meio de terapias específicas e 
direcionadas.
1.3.1 Epidemiologia
De acordo com os dados epidemiológicos internacionais, 
o Centro de Controle de Doenças (CDC), a incidência de TEA é 
maior para o sexo masculino, e a prevalência de diagnósticos do 
espectro é de 1 em 54 crianças nascidas. Os mesmos resultados 
apontam que as crianças estão sendo avaliadas cada vez mais em 
idades menores (CDC, 2020).
No Brasil, os dados de prevalência são escassos, o número estima-
do de pessoas com TEA é de 2 milhões. Os únicos dados comprova-
dos são de uma pesquisa piloto de 2011, realizada em Atibaia, cidade 
do interior paulista, que apontou um autista para cada 367  crianças 
nascidas. Em 10 de julho de 2019, a Lei n. 13.861 foi sancionada, com 
base nela, os censos demográficosfuturos do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) incluirão estimativa de casos de TEA em 
seu banco de dados (DE PAULA et al. 2011; BRASIL, 2013; DE PAULA; 
RIBEIRO; TEIXEIRA, 2011).
1.4 Classificação 
Vídeo O TEA apresenta causas que não são em sua totalidade reconheci-
das. Já temos conhecimento dos fatores genético e hereditário, porém 
não é a única causa identificada. Os fatores ambientais também são 
presentes nos diagnósticos e apresentam o mesmo grau de relevância 
dos fatores genéticos, muitos deles ainda estão sendo estudados a fim 
de obterem maior comprovação científica: idade paterna e materna, 
obesidade materna, medicamentos anticonvulsivos e antidepressivos, 
pesticidas, poluição atmosférica, estresse, substâncias tóxicas e infec-
ções durante 
Já existem hoje no mundo 
novas tecnologias promis-
soras para se atualizar a 
prevalência de TEA. O site 
Spectrum News, dos Esta-
dos Unidos, especializado 
em autismo e ciência, 
publicou um mapa global 
on-line que, desde o fim 
de 2018, vem atualizando 
os estudos científicos 
publicados em todo o 
mundo, relatando os 
resultados de prevalência 
de autismo. O site se 
compromete a atualizar 
os dados constantemen-
te. O Brasil está no site, 
vale a pena conferir!
Disponível em: https://www.
spectrumnews.org/ sobre 
autismo
Acesso em: 23 jun. 2021.
Site
a gestação podem ser a causa do autismo. Po-
demos dizer que a ciência estuda o autismo 
como uma combinação de fatores ambien-
tais e genéticos, sobretudo considerando 
a interação de medicamentos. No en-
tanto, ainda se estuda e se investiga in-
cansavelmente todas as possibilidades 
existentes sobre as causas do apareci-
mento do autismo. Portanto, o transtorno 
é caracterizado no DSM-5 por alguma con-
dição médica, podendo ter causa genética ou 
ambiental, além de poder estar associado a 
outro transtorno do neurodesenvolvimen-
to, comportamental ou mental, e está divi-
dido em critérios no DSM-5 (2014).
Existem classificações específicas para doenças, funcionalidade 
para padronizar estudos epidemiológicos, assistência à saúde e inclu-
são no mercado de trabalho:
CID: Código Internacional das Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.
CIF: Código Internacional de Funcionalidades.
DSM: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
No DSM-5, os números que aparecem antes da denominação de cada Transtorno 
são os códigos do CID-10 seguidos da sua classificação no manual:
Transtornos do espectro autista
• 299.0 - CID-10
• F84.0 - DSM-5
Os comportamentos ou deficits específicos e cruciais para avaliar 
e diagnosticar o indivíduo com TEA foram separados no manual em 
critérios diagnósticos: A, B, C e D. Os critérios apontam e definem os 
comportamentos apresentados pelas crianças/adolescentes com TEA. 
Nos critérios A e B se concentram os principais e centrais deficits iden-
tificados, são eles: A) deficits persistentes na comunicação social e na 
interação social; B) padrões restritos e repetitivos de comportamento, 
de interesses ou de atividades.
Light
spring/
Shutterstock
O autismo pode ocorrer tanto por 
fatores genéticos quanto por fatores 
ambientas, ambos possuem a mesma 
relevância.
No vídeo Uma aula sobre 
Autismo com o Dr. Salomão 
Schwartzman, você pode 
acompanhar uma live 
realizada com o doutor 
Salomão, referência no 
Brasil sobre Autismo.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=a57ItY3OCkE.
Acesso em: 30 jun. 2021.
Vídeo
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21337063
https://www.youtube.com/watch?v=a57ItY3OCkE
https://www.youtube.com/watch?v=a57ItY3OCkE
https://www.youtube.com/watch?v=a57ItY3OCkE
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 19
a gestação podem ser a causa do autismo. Po-
demos dizer que a ciência estuda o autismo 
como uma combinação de fatores ambien-
tais e genéticos, sobretudo considerando 
a interação de medicamentos. No en-
tanto, ainda se estuda e se investiga in-
cansavelmente todas as possibilidades 
existentes sobre as causas do apareci-
mento do autismo. Portanto, o transtorno 
é caracterizado no DSM-5 por alguma con-
dição médica, podendo ter causa genética ou 
ambiental, além de poder estar associado a 
outro transtorno do neurodesenvolvimen-
to, comportamental ou mental, e está divi-
dido em critérios no DSM-5 (2014).
Existem classificações específicas para doenças, funcionalidade 
para padronizar estudos epidemiológicos, assistência à saúde e inclu-
são no mercado de trabalho:
CID: Código Internacional das Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.
CIF: Código Internacional de Funcionalidades.
DSM: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
No DSM-5, os números que aparecem antes da denominação de cada Transtorno 
são os códigos do CID-10 seguidos da sua classificação no manual:
Transtornos do espectro autista
• 299.0 - CID-10
• F84.0 - DSM-5
Os comportamentos ou deficits específicos e cruciais para avaliar 
e diagnosticar o indivíduo com TEA foram separados no manual em 
critérios diagnósticos: A, B, C e D. Os critérios apontam e definem os 
comportamentos apresentados pelas crianças/adolescentes com TEA. 
Nos critérios A e B se concentram os principais e centrais deficits iden-
tificados, são eles: A) deficits persistentes na comunicação social e na 
interação social; B) padrões restritos e repetitivos de comportamento, 
de interesses ou de atividades.
Light
spring/
Shutterstock
O autismo pode ocorrer tanto por 
fatores genéticos quanto por fatores 
ambientas, ambos possuem a mesma 
relevância.
No vídeo Uma aula sobre 
Autismo com o Dr. Salomão 
Schwartzman, você pode 
acompanhar uma live 
realizada com o doutor 
Salomão, referência no 
Brasil sobre Autismo.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=a57ItY3OCkE.
Acesso em: 30 jun. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=a57ItY3OCkE
https://www.youtube.com/watch?v=a57ItY3OCkE
https://www.youtube.com/watch?v=a57ItY3OCkE
20 Transtorno do Espectro Autista
Critérios A. Deficits persistentes na comunicação social e na interação social 
em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue atualmente ou 
por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos):
1. Deficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem 
social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal para com-
partilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, além da dificuldade de 
iniciar ou responder a interações sociais.
2. Deficits nos comportamentos comunicativos não verbais, usados para intera-
ção social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco 
integrada para anormalidade no contato visual e linguagem corporal, ou deficits 
na compreensão e uso de gestos, além da ausência total de expressões faciais 
e comunicação não verbal.
3. Deficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por 
exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contex-
tos sociais diversos para dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas 
ou em fazer amigos, além da ausência de interesse por pares. Especificar a 
gravidade atual: a gravidade se baseia em prejuízos na comunicação social e 
em padrões de comportamento restritos e repetitivos.
Os deficits nos comportamentos apresentados, em resumo, referem-
-se à comunicação, à interação social e à reciprocidade socioemocional, 
além de serem de suma relevância para o convívio e, consequentemen-
te, para a qualidade de vida de toda a família.
Critérios B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou ativi-
dades, conforme foram manifestados pelo menos dois dos seguintes, atualmente 
ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos):
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (ex.: 
estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, 
frases idiossincráticas 3 ).
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrõesritua-
lizados de comportamento verbal ou não verbal (ex.: sofrimento extremo em 
relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de 
pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou 
ingerir os mesmos alimentos diariamente).
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco 
(ex.: forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessi-
vamente circunscritos ou perseverativos).
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por 
aspectos sensoriais do ambiente (ex.: indiferença aparente a dor/temperatura, 
Que são usadas por um 
grupo específico.
3
reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de 
forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento). Especificar a gra-
vidade atual: a gravidade se baseia em prejuízos na comunicação social e em 
padrões restritos ou repetitivos de comportamento.
Nos critérios B, os deficits comportamentais apresentados são re-
lativos à condição motora, como interesses em objetos específicos, 
dificuldade em alterar rotinas, alimentação com restrições, muita ou 
pouca sensibilidade e rituais que interferem diretamente nas relações 
interpessoais e na adequação do ambiente.
Critério C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do 
desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as 
demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascara-
dos por estratégias aprendidas mais tarde na vida).
Todos os deficits e sintomas apresentados nos critérios devem estar 
presentes e serem observados no início do desenvolvimento infantil, 
mas podem ficar mais aparentes tardiamente, em detrimento de ques-
tões sociais e de atividades de vida diária e vida prática.
Critérios D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcio-
namento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indiví-
duo no presente.
Os prejuízos causados pelos comportamentos disruptivos são 
deficits de um modo geral, em todas as áreas da vida, principalmente 
na comunicação.
Dentro do espectro, cada criança apresenta deficits e características 
diferenciadas, por isso a importância de entender cada critério sepa-
radamente e identificar qual é o nível no qual a criança se encaixa. De 
acordo com o DSM-5, os critérios são classificados em níveis de inten-
sidade e de gravidade dos sintomas e características. Por exemplo, há 
crianças que desde o início do desenvolvimento apresentam caracterís-
ticas autísticas, e outras nas quais os sinais aparecem por volta dos dois 
anos. Há crianças autistas que falam, e outras que durante toda a vida 
não se comunicam oralmente, enfim, os prejuízos, as características 
(Continua)
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 21
reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de 
forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento). Especificar a gra-
vidade atual: a gravidade se baseia em prejuízos na comunicação social e em 
padrões restritos ou repetitivos de comportamento.
Nos critérios B, os deficits comportamentais apresentados são re-
lativos à condição motora, como interesses em objetos específicos, 
dificuldade em alterar rotinas, alimentação com restrições, muita ou 
pouca sensibilidade e rituais que interferem diretamente nas relações 
interpessoais e na adequação do ambiente.
Critério C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do 
desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as 
demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascara-
dos por estratégias aprendidas mais tarde na vida).
Todos os deficits e sintomas apresentados nos critérios devem estar 
presentes e serem observados no início do desenvolvimento infantil, 
mas podem ficar mais aparentes tardiamente, em detrimento de ques-
tões sociais e de atividades de vida diária e vida prática.
Critérios D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcio-
namento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indiví-
duo no presente.
Os prejuízos causados pelos comportamentos disruptivos são 
deficits de um modo geral, em todas as áreas da vida, principalmente 
na comunicação.
Dentro do espectro, cada criança apresenta deficits e características 
diferenciadas, por isso a importância de entender cada critério sepa-
radamente e identificar qual é o nível no qual a criança se encaixa. De 
acordo com o DSM-5, os critérios são classificados em níveis de inten-
sidade e de gravidade dos sintomas e características. Por exemplo, há 
crianças que desde o início do desenvolvimento apresentam caracterís-
ticas autísticas, e outras nas quais os sinais aparecem por volta dos dois 
anos. Há crianças autistas que falam, e outras que durante toda a vida 
não se comunicam oralmente, enfim, os prejuízos, as características 
(Continua)
22 Transtorno do Espectro Autista
e os sintomas são as condições que definem o nível de classificação. 
São eles:
Nível 1 (leve): Alta Funcionalidade. Prejuízos leves no comportamento. 
O indivíduo com TEA nível 1 (leve) necessita de apoio especializado e cons-
tante em relação aos deficits apresentados, porém com assistência reduzida:
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Apresentam deficits na interação social e comunicação.
• Pouco interesse em compartilhar.
• Pouca autonomia para o autocuidado.
• Deficit na organização e no planejamento.
Nível 2 (moderado): Média Funcionalidade. Prejuízos moderados 
no comportamento. O indivíduo com TEA nível 2 (moderado) necessi-
ta de auxílio intensificado, especializado e constante na interação so-
cial, na comunicação e também para realizar atividades da vida diária 
e prática:
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Deficits mais expressivos, necessitando, na maioria das vezes, de media-
ção nos diálogos, na comunicação e na interação social, podendo ou não 
apresentar oralidade.
• Deficits mais expressivos na higiene e no autocuidado.
• Deficits e restrições na alimentação: desde a preparação da comida mais 
simples até a própria alimentação.
• Prejuízos maiores na organização e no planejamento.
• Resistência substancial à alteração na rotina.
• Prejuízos expressivos na atenção e concentração.
• Prejuízos nas noções espacial e temporal.
Nível 3 (severo): Baixa Funcionalidade. Prejuízos intensos e graves 
no comportamento. O indivíduo com TEA nível 3 (severo) necessita de 
auxílio intensificado, especializado, constante e permanente durante 
toda a vida, em todas as áreas, e para realizar todas as atividades de vida 
diária e prática, inclusive as mais simples, como pegar um objeto. Apre-
senta deficits, comportamentos e sintomas graves em situações como:
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 23
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Comunicação e interação social.
• Higiene e autocuidado.
• Restrições alimentares.
• Organização e planejamento.
• Resistência intensa à alteração na rotina.
• Atenção e concentração.
• Noção espacial e temporal.
Outros fatores, além dos apresentados, são usados para definir o 
nível de deficiência intelectual, como condições genéticas ou outras 
condições associadas aos distúrbios do neurodesenvolvimento, mas 
sempre tendo como base os critérios A, B, C e D.
1.5 Desenvolvimento típico, sinais de 
alerta e identificação precoce Vídeo
A normatização e padronização do desenvolvimento típico do TEA 
favorece e possibilita que, assim que alterações são identificadas, en-
caminhe-se a criança para intervenções precoces, por isso, é de suma 
importância que esse encaminhamento ocorra o mais rápido possível, 
pois a plasticidade neuronal – fisiologia e anatomia do cérebro – ocorre 
nos anos iniciais de vida da criança.
As intervenções precoces, especificamente no TEA, proporcionam 
maior eficácia, que é comprovada por estudos científicos, nos estímulos, 
na diminuição do uso de recursos financeiros e na qualidadede vida, tan-
to da criança como de sua família. Os profissionais, de acordo com o do-
cumento Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos 
do Espectro do Autismo, podem realizar essa investigação inicial, pois, por 
meio do Programa Nacional de Vacinação Materno Infantil, mantêm con-
tato com os bebês e suas famílias desde os primeiros dias de vida.
No Anexo A consta um quadro retirado na íntegra do documento 
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Es-
pectro do Autismo (BRASIL, 2013), no qual são apresentadas as etapas 
do desenvolvimento típico, além de possíveis sinais de alerta, separados 
24 Transtorno do Espectro Autista
por idade e área. O manual foi elaborado por especialistas da área e está 
disponível gratuitamente na plataforma do Ministério da Saúde.
O documento foi dividido por idades, que foram distribuídas em 
períodos de 6 em 6 meses, desde 0 até 36 meses. As esferas obser-
vadas foram interação social, linguagem, brincadeiras e alimentação, 
nas quais o TEA mais causa deficits. No quadro das diretrizes (Anexo A), 
você poderá verificar a descrição detalhada dos comportamentos es-
perados das crianças com desenvolvimento típico e dos comportamen-
tos apresentados pelas crianças com sinais de alerta para TEA. Nesta 
seção, porém, ressaltamos os principais pontos a serem observados.
A idade a ser observada se inicia já no primeiro mês, mas você pode 
estar se perguntando: “O diagnóstico pode ser feito a partir dessa ida-
de?” Não! É necessário lembrarmos que a identificação de sinais não é 
fechamento de diagnóstico. Também a literatura nos apresenta resul-
tados positivos e de grande valia – tanto em qualidade de vida como 
em benefícios, por meio das terapias – quando ocorre a identificação 
dos sinais de alerta, ferramenta imprescindível para o próximo passo: 
o diagnóstico precoce.
A literatura e os estudos apontam a importância do desenvolvimen-
to na primeira infância, em particular de 0 a 3 anos, a primeiríssima 
infância, como é nomeada. É nessa fase que se difunde o desenvolvi-
mento das diversas áreas: física, motora, social, emocional, cognitiva, 
de comunicação, entre outras.
Na primeira fase, de 0 a 6 meses, o bebê desenvolve atenção e inte-
ração com os cuidadores, apresentando balbucios, sobretudo ao reco-
nhecer a voz de seus familiares. Por volta do terceiro mês, o bebê passa 
a sinalizar suas necessidades por diferentes tipos de choro. Os sinais 
de alerta são:
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Tendência a olhar mais para os objetos do que para seus cuidadores.
• Choro indistinto (conforme necessidades).
• Falta de curiosidade e comportamento exploratório.
Dos 6 aos 12 meses, o bebê passa a atender mais a chamados, prin-
cipalmente reconhecendo seu nome, e também refina e repete gestos 
(acenos, palmas, beijo etc.). Nessa fase também costuma ocorrer a in-
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 25
trodução alimentar, ou seja, ele se adapta a novas texturas e sabores. 
Os sinais de alerta são:
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Dificuldade de se comunicar por meio do choro, por vezes chorando muito.
• Tendência ao silêncio e a não interagir, necessitando de insistência para tal.
• Resistência à introdução de novos alimentos..
Dos 12 até os 18 meses ocorre o refinamento da comunicação, sur-
gindo as primeiras palavras. A criança desenvolve melhor seus gestos 
e indicações, bem como passa a expressar suas emoções por meio de 
expressões faciais. A curiosidade e exploração aumentam, refletindo em 
brincadeiras mais complexas. Os sinais de alerta são:
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Podem não apresentar as primeiras palavras nesse período.
• Dificuldade de ampliar sua comunicação por meio de gestos e expressões 
corporais/faciais.
• Falta de curiosidade, por vezes fixando o olhar a um objeto, mas sem 
explorá-lo de fato.
Dos 18 aos 24 meses ocorre significativo desenvolvimento da fala 
da criança, surgindo os “erros”, o que na verdade é reflexo de sua auto-
nomia no uso da língua e suas respectivas regras. A interação com fa-
miliares aumenta, e as brincadeiras passam a reproduzir seu cotidiano, 
imitando os adultos. Os sinais de alerta são:
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Pouca interação com os outros; não atender a pedidos ou não aceitar 
objetos, quando oferecidos.
• Não apontar ou não seguir com o olhar a sinalização de adultos.
• Pouca brincadeira, na maioria das vezes limitando-se à mera manipulação 
repetitiva de um objeto.
• Pouco desenvolvimento da fala, tendendo à ecolalia, isto é, repetição.
• Recusa a se alimentar ou aceita sempre as mesmas opções.
26 Transtorno do Espectro Autista
Fechando a primeiríssima infância, dos 24 aos 36 meses, a criança 
começa a ter maior interação com adultos e em situações do cotidiano. 
Apresenta também maior interesse em interagir com outras crianças. A 
linguagem segue se desenvolvendo, sendo comum a criança cantarolar 
e começar a contar histórias. Também desenvolve maior consciência 
alimentar, diferenciando os alimentos e as refeições (convenções). Os 
sinais de alerta são:
Ele
na 
Pimu
kova/Shutterstock
• Falta de resposta aos adultos ou somente após muita insistência.
• Repetição de fala descontextualizada, pouco ou nenhum diálogo com adultos 
e ausência de distinção de gênero e número na fala.
• Pouca ou nenhuma interação com outras crianças.
• Resistência a hábitos alimentares (diferentes alimentos ou seguir horário das 
refeições).
Por isso, é de suma importância que os professores tenham conhe-
cimento das fases e quais são suas principais particularidades, para 
que possam investir em atividades e ferramentas que estimulem as 
áreas de cada período, propiciando avanços e também a verificação 
dos deficits. Esse conhecimento possibilita que os educadores tenham 
embasamento teórico para agir, ou seja, práxis pedagógica, tanto para 
atuação em sala quanto para possíveis encaminhamentos após a iden-
tificação dos sinais de alerta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conteúdo de cada seção foi apresentado e pensado minuciosa-
mente para que você pudesse ter um panorama geral e histórico sobre 
o tema, sem um aprofundamento direto, claro, mas com embasamento 
suficiente para que todo o cenário brasileiro e mundial sobre o TEA fosse 
contextualizado.
Por ser um assunto de extrema relevância e com muitas nuances, cer-
tamente não foi possível abordar todos os temas profundamente, mas 
procuramos trazer todos os que influenciam diretamente na investigação, 
avaliação e intervenção da criança com TEA, sempre com embasamento 
teórico e científico atualizado.
Esperamos que a sua leitura seja produtiva e traga frutos positivos, 
tanto para sua vida acadêmica quanto social.
Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) 27
ATIVIDADES
Atividade 1
Quais são as possíveis causas do autismo?
Atividade 2
A partir de qual idade os sinais de alerta para o autismo podem 
aparecer? Cite exemplos.
Atividade 3
Qual é a importância do DSM-5 no diagnóstico e tratamento do 
TEA?
REFERÊNCIAS
APA – American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ARAÚJO, Á. C.; LOTUFO NETO, F. A nova classificação americana para os transtornos 
mentais–o DSM-5. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva, Campinas, v. 16, 
n. 1, p. 67-82, 2014.
ARAÚJO, Á. C.; LOTUFO NETO, F. A nova classificação americana para os transtornos 
mentais: o DMS-5. Jornal de psicanálise, São Paulo, v. 46, n. 85, p. 99-116, 2013. Disponível 
em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-58352013000200011&script=sci_
abstract&tlng=pt. Acesso em: 23 jun. 2021.
BRASIL. Cartilha para apresentação de propostas ao Ministério da Saúde. Secretaria- 
Executiva. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://www.fns2.saude.gov.br/documentos/
cartilha.pdf. Acesso em: 23 jun. 2021.
BRASIL. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo 
(TEA).Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/diretrizesatencaoreabilitacaopessoaautismo.pdf. Acesso em: 23 jun. 2021.
CAPONI, S. O DSM-V como dispositivo de segurança.  Physis: Revista de Saúde Coletiva, 
Rio de Janeiro, v. 24, p. 741-763, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/
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CASTRO-SOUZA, R. M. de. Adaptação brasileira do M-CHAT (modified checklist for autism 
in toddlers). 2011. 104 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social, do Trabalho e das 
Organizações) – Universidade de Brasília, Brasília, 2011. Disponível em: https://repositorio.
unb.br/handle/10482/10210. Acesso em: 23 jun. 2021.
CDC. Centers for Disease Control and Prevention. CDC, 30 mar. 2020. Disponível em: 
https://www.cdc.gov/spanish/mediosdecomunicacion/comunicados/p_autismo_033020.
html. Acesso em: 23 jun. 2021.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-58352013000200011&script=sci_abstract&tlng=pt
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http://www.fns2.saude.gov.br/documentos/cartilha.pdf
http://www.fns2.saude.gov.br/documentos/cartilha.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizesatencaoreabilitacaopessoaautismo.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizesatencaoreabilitacaopessoaautismo.pdf
https://www.scielo.br/j/physis/a/3JKXPsyrDFSZqcMx4dcT94y/abstract/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/physis/a/3JKXPsyrDFSZqcMx4dcT94y/abstract/?lang=pt
https://repositorio.unb.br/handle/10482/10210
https://repositorio.unb.br/handle/10482/10210
https://www.cdc.gov/
https://www.cdc.gov/spanish/mediosdecomunicacion/comunicados/p_autismo_033020.html
https://www.cdc.gov/spanish/mediosdecomunicacion/comunicados/p_autismo_033020.html
28 Transtorno do Espectro Autista
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do Desenvolvimento. In: SCHWARTZMAN, J. S.; ARAÚJO, C. A. Transtorno do Espectro do 
Autismo. São Paulo: Memnon, 2011. p. 151-158.
DE PAULA, C. S. et al. Brief report: prevalence of pervasive developmental disorder in Brazil: 
a pilot study. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 41, n. 12, p. 1738-1742, 2011. 
GRANDIN, T.; RICHARD, P. O cérebro autista. São Paulo: Record, 2011. 
LERNER, R. Indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: verificação da 
capacidade discriminativa entre autismo, retardo mental e normalidade. 2011. Tese (Livre-
Docência) – Instituto de Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
LOSAPIO, M. F.; PONDE, M. P. Tradução para o português da escala M-CHAT para 
rastreamento precoce de autismo. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 
v. 30, n. 3, p. 221-229, 2008.
LOWENTHAL, R. Saúde mental na infância: proposta de capacitação para Atenção Primária. 
São Paulo: Editora Mackenzie, 2013.
MANDAL, A. História do Autismo. Revista New Medical. fev. 2019. Disponível em: https://
www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese). Acesso em: 23 jun. 2021.
MASI, A.; DEMAYO, M. M.; GLOZIER, N.; GUASTELLA, A. J. An Overview of Autism Spectrum 
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RIBEIRO, S. H. et al. Barriers to early identification of autism in Brazil. Revista Brasileira de 
Psiquiatria, p. 1-1, 2017.
SCHWARTZMAN, J. S; de ARAÚJO, C. A. Transtornos do espectro do autismo. São Paulo: 
Memnon, 2011. p. 37-42.
SPECTRUM. Global map of autism prevalence. Disponível em: https://prevalence.
spectrumnews.org/about/. Acesso em: 31 jun. 2021.
https://prevalence.spectrumnews.org/about/
https://prevalence.spectrumnews.org/about/
Comportamento disruptivo e funcionamento adaptativo 29
2
Comportamento disruptivo e 
funcionamento adaptativo
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• entender, identificar e compreender as alterações do compor-
tamento disruptivo e as consequências das ações no cotidiano;
• conhecer e compreender as funções sociomotoras e suas impli-
cações e deficits causados nas atividades de vida diária e prática.
Objetivos de aprendizagem
Neste capítulo, abordaremos o comportamento na ocorrência do 
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse tema é apresentado por meio 
dos conceitos de comportamento disruptivo; do funcionamento adapta-
tivo e seus três domínios: i. conceitual ou acadêmico, social e prático; ii. 
comportamento restrito, repetitivos ou estereotipias/rituais; iii. comporta-
mentos atípicos.
Por meio desses conceitos e seus exemplos, é possível compreender-
mos mais detalhadamente as características, os deficits e os comportamen-
tos da criança com TEA, bem como as alterações em seu desenvolvimento, 
de acordo com a severidade de seu quadro clínico.
2.1 Comportamento disruptivo 
Vídeo O Transtorno do Espectro Autista se caracteriza por interesses 
restritos e repetitivos, estereotipias, respostas atípicas às questões 
sensoriais sobre ou com o ambiente e aversão à quebra de rotinas, 
o que afeta diretamente a comunicação e a interação social. É impor-
tante ressaltarmos que o nível de comprometimento é que delimita a 
intensidade dos comportamentos e sintomas apresentados, gerando 
comportamentos disruptivos, como: agressividade ou autoagressão; 
agitação motora; hiperatividade; alterações de humor, como birras; e 
descontrole emocional. Essas condições é que impedem ou dificultam 
fiz
ke
s/
Sh
ut
te
rs
to
ck
3030 Transtorno do Espectro AutistaTranstorno do Espectro Autista
a inserção dos indivíduos com TEA nos contextos sociais de maneira 
geral e efetiva (MATOS, 2013).
Com essas constatações, concluímos que é de suma importância 
que todos os profissionais envolvidos e atuantes com crianças em fase 
de desenvolvimento, independentemente da área e atuação – como 
médicos, psicólogos, terapeutas, pedagogos, psicopedagogos, equipes 
de avaliação e professores –, saibam identificar e compreender as fases 
do desenvolvimento infantil, categorizando os comportamentos típicos 
e, consequentemente, os comportamentos atípicos ou disruptivos.
O norte avaliativo para a verificação dos sinais de alteração ou 
deficits, tanto no desenvolvimento fisiológico quanto comportamental, 
estão discriminados e apresentados no Manual Diagnóstico e Estatístico 
de Transtornos Mentais (DSM-5) (APA, 2014), por meio dos critérios; e 
no documento das Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com 
Transtornos do Espectro do Autismo (BRASIL, 2013). Os principais cri-
térios devem ser entendidos em sua essência, para que pais e profis-
sionais possam atuar diante das consequências e características que 
afetam diretamente a evolução do tratamento e a aquisição de novas 
habilidades.
Nesse contexto, é de extrema importância a atenção de todos os 
profissionais da educação, mais precisamente do professor, que deve 
ser considerado como parte do tripé que alicerça o processo evolutivo 
no desenvolvimento – pais, profissionais da saúde e profissionais da 
educação – desde a percepção dos sinais de alerta até o pós-diagnósti-
co. Nesse sentido, é importante frisarmos que não estamos abordando 
o ato de diagnosticar, mas de atentar ao processo de 
aprendizagem propriamente dito.
Os critérios apresentados e descritos no 
DSM-5 explanam com precisão os comporta-
mentos globais típicos e os não típicos ou 
adaptativos da criança que apresenta o 
TEA. Mediante essa normatização, é pos-
sível realizar uma observação comporta-
mental precisa, com exemplos evidentes 
e objetivos, a qual deve nortear a traje-
tória tanto de investigação quanto de 
 O livro Cem dúvidas 
sobre o autismo apresenta 
questões importantes 
sobre o autismo. Com 
uma linguagem acessível 
para todos os públicos, 
desde especialistas até 
pais e cuidadores, o 
renomado neuropediatra 
Prof. Dr. José Salomão 
Schwartzman expõe 
importantes orientações 
sobre o transtorno.
Rio de Janeiro: Mennom, 2018.
Livro
Comportamento disruptivoe funcionamento adaptativo 31
atuação. É importante destacarmos que, quando nos referimos ao au-
tismo, a observação comportamental deverá ser constante e ininter-
rupta ao longo de toda a vida do indivíduo que apresenta o espectro.
Outro ponto importante na compreensão do TEA é saber o que sig-
nifica a terminologia espectro com base na quinta e atual versão do 
manual. Espectro, em sua definição genuína, significa sombra, e quando 
associada a transtorno, significa a projeção do indivíduo por meio de 
traços e condições apresentados, lembrando que esses traços não são 
o indivíduo, mas sim os sinais e as características que representam o 
transtorno. Por exemplo, o fato de se isolar ou de não ter empatia, 
devido à dificuldade em se expressar, são características do espectro, e 
não define o indivíduo como egoísta na essência, como pode parecer. 
A inserção da terminologia espectro no transtorno instigou a observa-
ção dos comportamentos no TEA, desde o quadro isolado de autismo, 
com sintomas e sinais variando entre leves e severos até culminar nos 
quadros associados, como a Síndrome de Down associada ao espectro 
autista, ampliando a identificação. 
Por meio dessa introdução, abriu-se um leque de possibilidades e es-
tudos, pois muitas crianças ficavam sem diagnóstico justamente por não 
se encaixarem em um único transtorno ou síndrome (LIMA; HORA, 2020).
Com base nessas afirmações, apresentamos a seguir as subdivisões 
dos critérios A e B, que definem especificamente o quadro clínico do 
TEA e suas implicações, conforme o DSM-5 (APA, 2014).
A) Deficits e características em comunicação e interação social: 
A1 – Deficits em reciprocidade socioemocional, tudo que envolve a interação com 
o outro, conversa ou ação sem retorno.
A2 – Deficits em comunicação não verbal, com o outro ou dentro do contexto: 
contato visual, gestos, expressão visual e linguagem corporal.
A3 – Deficits em iniciar e manter relacionamentos e de ajustar o seu comporta-
mento diante de uma situação ou contexto, sem retorno.
Em cada uma das subdivisões do critério A, apresentam-se os pre-
juízos relevantes detalhados, sendo composta uma lista de característi-
cas específicas e de grande valia para definir o diagnóstico.
Sugerimos que você 
assista ao vídeo DSM-5 
e o diagnóstico do TEA, 
publicado pelo canal 
NeuroSaber. Nessa aula 
on-line, o Dr. Clay Brites, 
neuropediatra referência 
na área, explica os crité-
rios diagnósticos do TEA, 
de acordo com o DSM-5. 
O canal NeuroSaber 
apresenta diversos outros 
conteúdos sobre o neuro-
desenvolvimento na infân-
cia e na adolescência.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=-
7XUkTiaGrA&t=2803s. Acesso em: 
26 jul. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=-7XUkTiaGrA&t=2803s
https://www.youtube.com/watch?v=-7XUkTiaGrA&t=2803s
https://www.youtube.com/watch?v=-7XUkTiaGrA&t=2803s
32 Transtorno do Espectro Autista
B) Deficits e características em interesses restritos e comportamentos 
repetitivos:
B1 – Repetir movimentos, usar objetos sem funcionalidade, estereotipas, sempre 
sem função social.
B2 – Apresenta rituais e é avesso a mudanças.
B3 – Interesse ininterrupto no mesmo assunto, por exemplo: trem.
B4 – Hiper (muita) ou hipo (pouca) sensibilidade a estímulos sensoriais, por exem-
plo: hipersensibilidade a barulho; ou hipossensibilidade, ou seja, procurar esses 
estímulos, como ser aficionado por objetos que giram, como ventilador.
Para ser diagnosticada com o transtorno, a criança deve apresentar 
uma soma de sinais e sintomas, sendo necessários três sintomas do cri-
tério A e dois sintomas do critério B. É muito importante destacarmos 
e relembrarmos que para fechar o diagnóstico não é suficiente apenas 
analisar os critérios do DSM-5, é necessário e fundamental uma ampla 
observação dessa criança em todos os ambientes e em exposição a si-
tuações diversas, desde o sono até as brincadeiras. 
Deve-se também ouvir atentamente todas as pessoas próximas a 
ela, que permanecem diariamente ou com uma constância significativa 
a ponto de dar detalhes do seu comportamento, não apenas os pais, 
mas também os avós, tios, professores, cuidadores, ou seja, a avaliação 
deve ser feita por uma equipe multi e interdisciplinar. Os critérios são 
o fechamento da conduta clínica pós-análise contextual dessa criança 
no mundo que a cerca.
Dificuldade de 
aprendizagem
Atrasos no desenvolvimento 
da linguagem 
Distúrbios obsessivos 
compulsivos 
Hiperatividade
(Continua)
Le
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Figura 1
Principais sintomas do TEA
 
Comportamento disruptivo e funcionamento adaptativo 33
Dispraxia 
Preferência em brincar 
sozinho
Transtorno de deficit de atenção 
e hiperatividade (TDAH)
Problemas para dormir
 Depressão
Epilepsia
Falta de resposta a 
chamados
Rejeição a 
carinhos
Na próxima subseção, abordaremos a importância do funcionamen-
to adaptativo em detrimento aos prejuízos ocasionados pelo transtorno.
2.1.1 Funcionamento adaptativo
O funcionamento adaptativo, ou comportamento adaptativo, é de-
finido pela Classificação Internacional de Doenças (CIF) e pela Organi-
zação Mundial de Saúde (OMS) em três domínios: habilidade social, 
habilidade conceitual ou acadêmica e habilidade de ações práticas; es-
tas possibilitam a adaptação e a adequação ao ambiente e/ou à situa-
ção que o indivíduo adquire para se estabelecer perante as exigências 
da vida cotidiana.
A funcionalidade ou o funcionamento adaptativo é a capacidade 
que o indivíduo tem em se adaptar/adequar diante de questões ou 
situações em que existem restrições ou deficits de ordem motora ou 
cognitiva. As alterações no funcionamento adaptativo acontecem em 
vários transtornos, e o TEA é um deles.
 A seguir, apresentamos as especificidades de cada domínio.
34 Transtorno do Espectro Autista
Domínio conceitual ou acadêmico
Engloba as habilidades e os conhecimentos especifi-
camente escolares, como linguagem, raciocínio lógico-
-matemático, escrita, leitura, resolução de problemas, 
estratégias e planejamento.Rzo
og
/S
hu
tte
rs
to
ck
(Continua)
Domínio social
Compreende as habilidades sobre emoções, empatia, sen-
timentos, entre outras ações que culminam nas relações 
interpessoais e nas amizades. 
Li
ne
 - 
de
si
gn
/S
hu
tte
rs
to
ck
Domínio prático
Inclui as habilidades sobre a autogestão em todos os 
âmbitos sociais que culminam em ações de autocontrole, 
organização e cuidados pessoais.
Bl
an
-k
/S
hu
tte
rs
to
ck
Outros pontos importantes de serem considerados para o bom fun-
cionamento adaptativo são o ambiente e o desenvolvimento físico e 
neurobiológico, sendo a cultura e a idade determinantes para o fun-
cionamento adaptativo nessas áreas, respectivamente. Desde a fase 
inicial do desenvolvimento até a fase adulta, observam-se comporta-
mentos ou funcionamento adaptativo para seguir comandos e regras 
simples, como as de um jogo, ou por meio da interação nos diálogos, 
por meio da socialização e da comunicação.
O conhecimento sobre o funcionamento adaptativo contribui e for-
nece subsídios para compreendermos com maior propriedade os qua-
dros clínicos e os comprometimentos associados, resultando em um 
diagnóstico mais preciso e, consequentemente, em terapias e interven-
ções focadas nos deficits e em um planejamento e adaptação curricular 
direcionados à aprendizagem concreta e efetiva (MECCA et al., 2015; 
APA, 2014; MATOS, 2013).
A seguir, trataremos dos comportamentos restritos que acompa-
nham as características e estão dentro dos critérios clínicos do espectro.
2.1.2 Comportamentos restritos
Os indivíduos com o transtorno apresentam comportamentos res-
tritos em todas as áreas, o que muda é a intensidade, o grau de severi-
dade. Podemos observar e destacar que os indivíduos com TEA de fato 
são resistentes a novidades ou a alterações de rotina, até as mudanças 
menos perceptíveis podem ocasionar e gerar crises e surtos comporta-
mentais; a gravidade dependerá do nível de funcionalidade e condições 
associadasdo indivíduo com TEA.
Não há como estabelecer estimulação precoce sem minimizar os 
comportamentos restritos e ampliar o leque de opções, que vão des-
de alimentar até oferecer objetos inesperados e incomuns. É de suma 
importância, tanto nas terapias quanto no ambiente escolar, que se-
jam proporcionadas opções e interações variadas, sempre respeitando 
os limites individuais e a severidade do quadro clínico. Quanto mais 
severo o quadro, menos comunicação e interação ocorrerão e, conse-
quentemente, a criança com TEA apresentará mais comportamentos 
restritos e inapropriados para conseguir o que deseja.
A adequação dos comportamentos é um dos desafios mais difíceis 
de serem administrados, pois são fruto da falta de comunicação e 
deficits na interação social, que dificultam ou minam a possibilidade 
de expressar sentimentos, emoções, sensações, angústias, dúvidas, 
enfim, de se expor.
Alguns dos comportamentos restritos e inadequados são: birras in-
controláveis; recusa em fazer atividades de vida diária e prática; comer 
O site NeuroConecta 
apresenta artigos, cursos, 
livros e profissionais 
com o intuito de ampliar 
o conhecimento e as 
discussões sobre o autis-
mo, atingindo desde os 
profissionais da saúde até 
familiares. A cofundadora 
do NeuroConecta é a Dra. 
Fabiele Russo – neuro-
cientista que se dedica 
a estudar o autismo há 
mais de uma década. 
Nesse site, sugerimos 
especialmente a leitura do 
texto Como lidar com com-
portamentos inapropriados 
do autismo.
Disponível em: https://
neuroconecta.com.br/como-
lidar-com-os-comportamentos-
inapropriados-do-autismo/. Acesso 
em: 3 ago. 2021.
Leitura
fiz
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te
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É importante que os adultos próximos não 
reforcem o comportamento restrito ou 
inadequado por “não aguentar mais” ou “ser mais 
fácil” ceder às exigências da criança com TEA.
Comportamento disruptivo e funcionamento adaptativoComportamento disruptivo e funcionamento adaptativo 3535
https://neuroconecta.com.br/como-lidar-com-os-comportamentos-inapropriados-do-autismo/
https://neuroconecta.com.br/como-lidar-com-os-comportamentos-inapropriados-do-autismo/
https://neuroconecta.com.br/como-lidar-com-os-comportamentos-inapropriados-do-autismo/
https://neuroconecta.com.br/como-lidar-com-os-comportamentos-inapropriados-do-autismo/
36 Transtorno do Espectro Autista
objetos que não são alimentos; fazer barulhos ou sons, como gritos e 
vocalizações em momentos inoportunos; rir sem motivo aparente ou em 
momento inconveniente; colecionar ou ter objetos incomuns ou estra-
nhos, como sacola de mercado; e agressividade ou autoagressão, como 
morder ou bater a cabeça. É importante lembrarmos que o nível de fun-
cionalidade e condições associadas delimitam a severidade do quadro.
Como os pais/cuidadores, os terapeutas, os professores e a família 
devem agir nesses casos? A tarefa não é simples, e os resultados não são 
imediatos; às vezes, leva-se anos para observar alguma melhora. Toda-
via, é de suma importância que todos que cuidam dessa criança tenham 
a mesma conduta perante as situações e que não reforcem o compor-
tamento restrito ou inadequado por “não aguentar mais” ou “ser mais 
fácil” ceder às exigências como a criança gostaria. Também não se deve 
ter uma reação de raiva e agressividade, pois, nesses casos, provavel-
mente o comportamento se perpetuará. Quanto melhor for a comunica-
ção verbal, maior serão os comportamentos sociais e mais próximos do 
esperado na normatização social (ZANON; BACKES; BOSA, 2014).
Na próxima subseção, abordaremos os comportamentos repetiti-
vos no TEA e suas implicações.
2.1.3 Comportamentos repetitivos ou estereotipias
Os comportamentos repetitivos ou estereotipias/rituais são caracte-
rísticas presentes no TEA que se tornam mais aparentes por volta dos 
18 meses de idade. Comportamento repetitivo ou estereotipado é um 
comportamento repetido e incansável presente na falar, no modo de se 
comportar nos contextos sociais e na manipular de objetos, sem nenhu-
ma função comunicativa e sem representar funcionalidade de fato. Em 
sua maioria, são ritmados e não pertencentes a comorbidades psiquiá-
tricas ou neurológicas.
Um dos maiores desafios dos pais e da família é minimizar as este-
reotipias/rituais da criança com TEA, visto que elas interferem negativa-
mente no desenvolvimento social e na comunicação, afastando ainda 
mais a criança do contexto social em que vive.
 Em geral, os comportamentos repetitivos aparecem em situações 
conflitantes para o autista, situações nas quais necessita se reorgani-
zar. Segundo relatos de pessoas com TEA, o ato repetitivo, que parece 
estranho para nós, é reconfortante para eles, por exemplo, para auxi-
Além de indicações de 
atendimento psicológico, 
o site Instituto Inclusão 
Brasil apresenta material 
sobre temas diversos 
na área do autismo com 
material disponível para 
estudo.
Disponível em: https://
institutoinclusaobrasil.com.br/. 
Acesso em: 4 ago. 2021.
Site
https://institutoinclusaobrasil.com.br/
https://institutoinclusaobrasil.com.br/
Comportamento disruptivo e funcionamento adaptativo 37
liar na retomada da concentração e a baixar a ansiedade gerada. Po-
dem ser consideradas como processo de autoestimulação e regulação 
do corpo. No entanto, o maior prejuízo se concentra nos momentos 
únicos, oportunidades de aprendizado e experiências não vivenciadas 
em detrimento aos rituais.
Existem várias estereotipias, por exemplo, motora, de fala, com ob-
jetos, automutilação, balançar do corpo, balançar as mãos (flapping), 
girar sobre o próprio eixo, correr sem objetivo, fixar o olhar para obje-
tos que giram, andar na ponta dos pés, bater a cabeça, movimentar os 
dedos ou as mãos em frente aos olhos, balançar-se, entre outras.
As estereotipias causam inúmeros e graves prejuízos de acordo com 
a intensidade, pois podem interferir em áreas vitais das rotinas da vida 
diária, como na alimentação e no sono (ZANON; BACKES; BOSA, 2014).
Trataremos na próxima subseção dos comportamentos atípicos 
que acometem e caracterizam o transtorno.
2.1.4 Comportamentos atípicos
O indivíduo com TEA pode apresentar padrões atípicos no compor-
tamento. Essas alterações se apresentam mediante as estereotipias e 
os rituais, podendo ter causas variadas e indefinidas. Entretanto, exis-
tem algumas hipóteses; uma delas é a de que essas alterações podem 
estar relacionadas a questões pertinentes à ausência ou a deficits na 
comunicação e socialização. Outras possíveis causas podem estar rela-
cionadas a questões sensoriais e motoras.
Primeiro, é necessário identificar e estabelecer o critério para que 
o comportamento seja considerado inadequado ou atípico. Conside-
ramos inadequado ou atípico aquele que interfere nas ações da vida 
diária e prática da criança com o espectro, impedindo-a de realizar as 
atividades, de ter convívio e interação social, entre outros aspectos já 
mencionados aqui, provocando prejuízos de ordem física, emocional, 
social ou de comunicação. Os prejuízos também serão de acordo com 
a severidade do quadro clínico diagnosticado.
É de suma importância conhecer e reconhecer esse fato, pois em 
muitos casos não é o comportamento que está inadequado, mas ele 
incomoda as pessoas do convívio da criança, existindo uma diferença 
considerável em ambos os casos. Um exemplo que descreve isso: um 
aluno com o espetro que realiza todas as ações em sala de aula propos-
Indicamos o vídeo Como 
lidar com comporta-
mentos agressivos com 
pessoas com autismo – leve 
moderado ou severo, com 
o professor Dr. Lucelmo 
Lacerda, publicado pelo 
canal Luna ABA. Neste, 
diversos profissionais de 
várias áreas apresentam 
os tratamentos com 
melhor evidência cientí-
fica para TEA, Deficiência 
Intelectual e outras 
deficiências.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=YfbO5igjE68. Acesso em: 
3 ago. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=YfbO5igjE68
https://www.youtube.com/watch?v=YfbO5igjE68
https://www.youtube.com/watch?v=YfbO5igjE68
38 Transtorno do Espectro

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