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Trabalho Feminismo versão final

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1 – O QUE FOMENTOU O SURGIMENTO DO FEMINISMO? 
Surgiu no fim do século XVIII, com as revoluções democráticas, surgiu como um 
movimento de contestação da exclusão das mulheres na proclamação dos direitos 
universais na Revolução Francesa, em 1789. Reivindicando direitos de igualdade, o 
feminismo questionava os direitos que existiam exclusivamente para os homens, lutando 
por direitos de igualdade como direitos políticos e civis, como o direito ao voto. 
 
2 – QUAIS OS PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES? 
 Primeiro, Henry Morgan e Friedrich Engels, com a teoria evolucionista sobre 
família e diferenciação sexual. A teoria afirma que as formas de família e relações entre 
homens e mulheres teria se transformado ao longo da história, seguindo etapas evolutivas. 
Engels argumentava que a submissão das mulheres aos homens é constitutiva do modo 
de produção capitalista e só seria possível que ele desaparecesse junto com ele. 
Engels afirma ainda que nas primeiras civilizações não haviam famílias 
consolidadas e sim uma vida sexual sem restrições morais. Para Marx, a propriedade era 
coletiva e havia uma verdadeira igualdade nesta sociedade. Argumentava que essa 
igualdade havia entrado em crise com a propriedade privada, com a demarcação de terras, 
trazendo mudanças com a estruturação de famílias e a mulher sendo tomada como 
‘’propriedade’’ pelo homem. Marx deduz que o patrimônio é fruto do matrimônio. 
Simone de Beauvoir trouxe uma grande contribuição em sua obra O segundo sexo, 
que fala sobre o papel da mulher na sociedade, que a desigualdade entre homens e 
mulheres não pode ser pensada como algo que nasce com os indivíduos e sim como 
imposição própria da vida em sociedade. Segundo ela ‘’A gente não nasce mulher, torna-
se mulher.’’ Ela afirma que “enquanto a família e o mito da família e o mito da 
maternidade e o instinto maternal não forem destruídos, as mulheres continuarão a ser 
oprimidas.” (BEAUVOIR, 1975, p. 20. Tradução livre). 
Margareth Mead publicou sua tese sobre a inexistência de uma relação entre o 
sexo biológico e o temperamento do indivíduo com base no estudo de três diferentes 
grupos, onde observou grupos nos quais se apresentavam homens e mulheres igualmente 
GRUPO 6 
Alunos: Ana Carolina Fortes 
Aline Fátima de Oliveira Amaro 
Daijane Lopes Mota 
Girleia Dourado de Jesus 
Igor Villela Castellani 
Noeme Maria Garcia 
 
dóceis e carinhosos, outro grupo nos quais nem homens, nem mulheres expressavam afeto 
e eram agressivos e, ainda, um terceiro grupo, nos quais os homens que tomavam conta 
da casa e das crianças e apresentavam um temperamento mais dócil e afetuoso que as 
mulheres. Margareth foi reconhecida como pioneira nos estudos de relação de gênero. 
Michele Rosaldo e Louise Lamphere organizaram uma coletânea intitulada ‘’A 
mulher, a cultura e a sociedade’’ contendo artigos antropológicos sobre a opressão das 
mulheres, que tinha como propósito pensar sobre: a universalidade da condição da 
opressão feminina e como as desigualdades entre os sexos se instauravam nas diferentes 
sociedades; pretendiam refutar que a inferioridade social das mulheres era fruto de suas 
características biológicas; mostrar que o fenômeno de desigualdade entre homens e 
mulheres poderia e deveria ser combatido pela modificação da sociedade. Rosaldo 
disserta sobre o funcionamento das sociedades não ocidentais relacionando a autoridade 
sobre as mulheres e o desempenho dos papéis de maior valor cultural pelos homens, sobre 
a diferenciação universal dos papéis sexuais poder ser explicado pela hierarquização 
social dos espaços ocupados por homens e mulheres, conclui que sociedades onde 
homens participam ativamente das tarefas domésticas a desigualdade é menor. 
Nandy Chodorrow publica tese sobre a socialização diferenciada de homens e 
mulheres, onde reflete que as mulheres são socializadas em ambientes domésticos e 
recebem de mulheres mais velhas uma série de características maternais e atividades do 
ambiente domésticos, enquanto os homens são socializados longe do ambiente doméstico, 
estabelecendo laços públicos. A partir desta socialização o status social das mulheres é 
atribuído e dos homens é conquistado. 
Sherry Ortner propõe uma explicação sobre a desigualdade com base nos 
diferentes papéis sociais atribuídos a cada sexo. Mulheres desempenham as funções tidas 
como instintivas, percebidas como mais próximas a um estado de natureza, enquanto 
homens desempenham funções em prol da vida em sociedade, percebidos como mais 
próximos da cultura e da capacidade de transcender as condições naturais e modifica-las. 
 
3 – QUAIS OS PRINCIPAIS TEMAS DOS ESTUDOS FEMINISTAS 
 A análise da experiência dos sujeitos sociais, apontamento das desigualdades das 
mulheres nessa sociedade e pesquisa suas origens. Contestando uma suposta igualdade, 
desenvolvendo estudos que buscam entender as reais causas dessa desigualdade. 
 Questionamento dos conhecimentos científicos produzidos considerando as 
experiências estruturadas por relações sociais, linguagem e cultura, que estabelecem as 
condições dessa produção de conhecimento, não podendo ser dissociados a eles. E que 
sofrem essa influência muitas vezes até no modo como a ciência investiga. 
 Os estudos feministas trazem temas como: desigualdades de direitos, violência 
contra a mulher, estudos de gênero, direitos reprodutivos, combate ao sexismo, direito ao 
trabalho, compreensão dos significados de maternidade, bem como os papéis sociais das 
mulheres. 
 
4 – QUAIS AS CONTRIBUIÇÕES DO FEMINISMO À CIÊNCIA? 
Contribuições para os avanços tecnológicos ligados à reprodução, as tecnologias 
contraceptivas, por exemplo. 
O Feminismo provoca questionamentos que obrigam as formas anteriores de 
produção da ciência a rever as formas como os estudos estavam sendo conduzidos e até 
a questionar a qualidade da produção dos saberes por possíveis influências que podem 
prejudicar a assertividade da conclusão de estudos. 
As teorias feministas deslocaram o papel hierárquico e autoritário de dizer a 
verdade e ressignificaram o modo de fazer ciência, trazendo uma completa modificação 
das formulações de questões de pesquisa e operacionalização de construção de hipóteses. 
O modo de fazer ciência a partir do feminismo questiona a parcialidade de gênero que se 
faz visível na proporção de homens e mulheres, nos problemas que são vistos como 
necessitando da atenção da comunidade científica e no próprio modo como a ciência 
investiga. 
 Quando homens são a grande maioria no corpo científico, o que acontece é que os 
avanços científicos podem desconsiderar a valorização da liberdade e dos direitos das 
mulheres, um exemplo disso é que relacionado aos métodos contraceptivos, o 
contraceptivo oral foi destinado apenas as mulheres, enquanto estudos relacionados ao 
prazer foram inicialmente focados apenas nos homens. Quanto ao método, vários estudos 
em laboratório tiveram o sexo masculino como o seu único modelo de estudos, tornando 
o macho a norma e a fêmea o desvio da norma. 
 Um pensamento feminista entendeu que as críticas apenas não bastavam, era 
necessário propor um outro modelo, um referencial que não excluía os sujeitos da 
experiência científica e abordava a subjetividade como parte da produção científica, que 
rompia com o dualismo e o sujeito universal da ciência. 
 
5 – QUAIS AS MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE PARENTESCO OPERADAS 
PELAS NOVAS TECNOLOGIAS REPRODUTIVAS? 
 Com o surgimento das tecnologias de Reprodução Assistida, as relações de 
parentesco adquiriram uma nova configuração, provocou uma mudança cultural nas 
estruturações de família, separando-se da célula conjugal como uma instituição. A 
formação da família passou a fugir do padrão cis-hétero-normativo. Surge uma 
transformação no que diz respeito a família basicamente substituindo as evidências 
tradicionalmente fornecidas pelo parentesco pelas bases genéticas. Alémdisso, a 
importância de carregar um sobrenome e uma tradição é alterada. 
 
6 – QUAIS AS CRÍTICAS DO FEMINISMO A CIÊNCIA MODERNA? 
 As críticas do feminismo denunciam a impossibilidade de uma neutralidade da 
objetividade da produção da ciência, considerando que os cientistas são sujeitos marcados 
pela experiência subjetiva, são portadores de um gênero, uma raça, uma orientação 
sexual, uma classe social e cultural. Versam em torno da naturalização da ciência como 
um lugar de homens, e da presença da objetividade e da universalidade atribuídas ao saber 
científico. Investiga as experiências por detrás da produção de saberes e poderes. 
Questiona o que é anterior ao que estabelece as verdades que tem angariado status de 
universal. 
É fato que as noções de objetividade e neutralidade são por valores masculinos, 
que a produção do conhecimento se configura a partir de uma concepção de humano que 
pode ser entendida como conceito universal de homem, é branco heterossexual e cidadão 
de primeiro mundo, questionando a ideia de neutralidade. A suposta objetividade e 
neutralidade é questionada em um campo onde o padrão cis-hétero-normativo está 
presente na grande maioria dos produtores de saberes, ou, ainda, que atribui maior 
relevância a estudos originários por cientistas dentro deste padrão. O feminismo explicita 
o caráter particularista, ideológico, sexista, burguês, racista e LGBTfóbico da ciência 
ocidental, denuncia e passa a atuar para operacionalizar mudanças na forma de fazer e 
pensar ciência. 
 
7 – QUAL A CONEXÃO ENTRE A PSICOLOGIA E A TEORIA FEMINISTA? 
A partir da insatisfação pela crítica feminista com a ciência produzida a psicologia 
também foi impelida a buscar diálogos com novas teorias, pessoas, territórios e processos 
que a levassem além dos horizontes anteriormente permitidos pela tradição acadêmica. 
A teoria feminista produziu mudanças nas ciências e na Psicologia podemos 
perceber mudanças inclusive nos conteúdos ministrados nos cursos de Psicologia no 
Brasil. Anterior a esse movimento não se falava no direitos da mulheres, não se 
produziam debates durante as aulas, não se falava de relações de gênero, entre outros 
temas tão importantes. 
A Psicologia trata dos estados e processos mentais, do comportamento humano, 
do indivíduo como um todo e inserido em uma sociedade, uma cultura da qual recebe 
influências diretas. Deve, portanto, estar preparada para atender todo o indivíduo, 
considerando também o que a sociedade que está inserido traz a ele, além do atendimento 
a mulheres, falamos aqui de ter entendimento da cultura negra, de gênero e até da atual 
situação crítica e de violência contra a comunidade LGBTQIA+ no nosso país. 
A crítica feminista à ciência produziu e continua produzindo efeitos sobre a forma 
como pensamos e fazemos Psicologia no Brasil. De um lado, a problematização da ideia 
de neutralidade promovida pela reflexão feminista, que tem como um de seus pilares a 
questão de que não é possível realizar uma ciência feminista sem que esse lugar seja 
interessado e politicamente comprometido e, por outro lado, a psicologia tem sido 
levada a repensar as suas formas de teorizar e colocar em prática seu arsenal teórico. 
 A Psicologia também estava intimamente ligada à modernidade, assim ligada à 
ciência moderna e a tudo que nela o feminismo criticava. Com seus discursos 
generalizantes e universalistas, apresentava-se como uma ciência neutra. 
 Ao estabelecermos uma conexão entre a Psicologia e o Feminismo reconhecemos 
uma proposta de mudança, de si e do espaço social brasileiro. Proposta que pode e deve 
incomodar, porque tira as incertezas reconfortantes sobre o que é ser um profissional de 
psicologia e sobre a investigação acerca do indivíduo e da subjetividade. 
É natural que mudanças incomodem, ainda mais quando falamos de ciências, pois 
traz instabilidades aos lugares tradicionais de saber e solicita que os sujeitos produtores 
do conhecimento passem a ocupar novos lugares e renunciar aos postos que lhe traziam 
seu pedaço de poder que a ciência positivista oferecia. As teorias feministas buscam, a 
partir do lugar social das mulheres, contribuir para uma reinterpretação histórica da 
sociedade, com atenção especial a presença destas mulheres nas ciências e nas 
organizações políticas. 
 Na corrida para se tornar ciência, a Psicologia elegeu a razão como referência e 
essa aspiração para se tornar reconhecida como ciência dentro dos moldes modernos teve 
e ainda tem efeitos na constituição deste campo do saber, bem como sobre as atuações 
dos profissionais. 
 O feminismo trouxe a Psicologia questionamentos necessários e, com eles, 
alterações de produção de conhecimento e atuação de profissionais que tiveram que se 
informar e se capacitar para atuar de forma mais assertiva, entendendo os problemas de 
desigualdade estrutural de nossa sociedade.

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