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Administrativo_-_aula_18_-_Agentes_públicos-_p2

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DIREITO ADMINISTRATIVO – AULA 18 
AGENTES PÚBLICOS (PARTE 2) 
ESTABILIDADE .......................................................................................................... 4 
EFETIVIDADE X ESTABILIDADE ........................................................................................ 5 
PRAZO PARA AQUISIÇÃO (ESTÁGIO PROBATÓRIO) ....................................................... 5 
Avaliação pessoal de desempenho ............................................................................. 9 
Estabilização extraordinária (art. 19 da ADCT) ........................................................... 9 
DEMISSÃO E EXONERAÇÃO DO SERVIDOR ESTÁVEL ................................................... 12 
ESTABILIDADE X VITALICIEDADE .................................................................................. 15 
ANÁLISE DO ESTATUTO FEDERAL (LEI 8.112/90) ...................................................... 16 
PROVIMENTO ............................................................................................................... 16 
Nomeação ................................................................................................................. 19 
Promoção .................................................................................................................. 20 
Readaptação ............................................................................................................. 20 
Reversão.................................................................................................................... 21 
Aproveitamento ........................................................................................................ 24 
Reintegração ............................................................................................................. 24 
Recondução .............................................................................................................. 26 
POSSE E EFETIVO EXERCÍCIO ........................................................................................ 28 
VACÂNCIA ..................................................................................................................... 30 
Exoneração e demissão ............................................................................................ 30 
REMOÇÃO ..................................................................................................................... 34 
REDISTRIBUIÇÃO .......................................................................................................... 39 
VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO ................................................................................. 40 
Nomenclaturas mais comuns ................................................................................... 41 
Teto remuneratório .................................................................................................. 42 
Descontos na remuneração ...................................................................................... 46 
Pagamento de subsídio mensal e vitalício para ex-governadores e outras ex-
autoridades ............................................................................................................... 48 
VANTAGENS.................................................................................................................. 50 
Indenizações ............................................................................................................. 51 
 
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Gratificações e adicionais ......................................................................................... 54 
LICENÇAS ...................................................................................................................... 58 
Por motivo de doença em pessoa da família ............................................................ 59 
Por motivo de afastamento do cônjuge ................................................................... 60 
Licença para o serviço militar ................................................................................... 61 
Licença para atividade política.................................................................................. 62 
Licença para capacitação .......................................................................................... 63 
Licença para tratar de interesses particulares .......................................................... 63 
Licença para desempenho de mandato classista ..................................................... 64 
 
 
 
 
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Olá, meus amigos, nessa décima oitava aula continuaremos a abordagem 
acerca dos agentes públicos. 
Dessa vez daremos ênfase aos aspectos exclusivos dos servidores públicos 
estatutários, especialmente aqueles presentes na Lei 8.112/90, estatuto dos servidores 
públicos federais. Não se preocupe, agora, com as leis estaduais e municipais. Elas são, 
em sua maior parte, “cópias” da lei federal, de modo que, conhecendo bem o estatuto 
federal, fica fácil estudar a lei local depois de publicado o edital do concurso. 
É isso aí, vamos ao que interessa! 
 
 
ESTABILIDADE 
 
Começamos esta aula pela estabilidade dos servidores públicos. Porém, antes 
de conceituarmos estabilidade, temos de relembrar os dois tipos de cargo: efetivo e 
em comissão. 
Como falamos na aula anterior, o cargo efetivo é preenchido após aprovação 
em concurso público e pode garantir a estabilidade ao seu ocupante; já o cargo em 
comissão decorre da livre escolha da autoridade nomeante, entretanto possui 
exoneração ad nutum, ou seja, poderá o comissionado ser exonerado a qualquer 
momento. 
A CF/88 deixa claro que a estabilidade é exclusiva para os cargos efetivos: 
 Constituição Federal 
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os 
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo 
em virtude de concurso público. 
 
Sendo assim, nem todo servidor possuirá estabilidade, sendo essa característica 
 
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uma prerrogativa restrita aos cargos efetivos, logo, não será concedido esse benefício 
aos detentores de cargo em comissão nem aos empregados públicos. 
 
EFETIVIDADE X ESTABILIDADE 
E qual é a diferença entre efetividade e estabilidade? Efetividade é uma 
característica do cargo público; já a estabilidade é a segurança em relação à 
permanência nele. 
Ou seja, o cargo efetivo sempre terá esta característica, não importa quem o 
ocupe; já a estabilidade dependerá das condições do servidor que ocupa o cargo. 
Desse modo, por exemplo, o cargo de Procurador do Estado da Paraíba é de 
provimento efetivo; já a pessoa que ocupa o cargo de Procurador do Estado da Paraíba 
somente será estável após cumprir, com sucesso, o estágio probatório. 
Portanto, seguindo esquema de José dos Santos Carvalho Filho, temos quatro 
possibilidades: 
a) servidor efetivo e estável (estatutário que adquiriu a estabilidade); 
b) servidor efetivo e não estável (estatutário que ainda está cumprindo o 
estágio probatório); 
c) servidor não efetivo e estável (servidores estabilizados pelo art. 19 do 
ADCT, os estudaremos adiante); 
d) servidor não efetivo e não estável (empregados públicos celetista). 
 
PRAZO PARA AQUISIÇÃO (ESTÁGIO PROBATÓRIO) 
O estágio probatório é o período de efetivo exercício dentro do qual será 
avaliada a aptidão do servidor estatutário para o cargo e adquirida a estabilidade. 
Segundo o texto constitucional dado pela Emenda Constitucional 19/98, art. 41, “São 
estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de 
provimento efetivo em virtude de concurso público”. 
Fique atento que, até o advento da citada Emenda Constitucional, o prazo para 
 
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aquisição da estabilidade era de dois anos. Assim, diversas leis publicadas à época não 
foram modificadas e atualizadas para adequação ao novo prazo constitucional deestágio probatório. Por isso que o art. 20 da Lei 8.112/90 e o art. 22 da LC 73/93 (Lei 
Orgânica da Advocacia-Geral da União) ainda falam em 24 meses ou 2 anos par ao 
estágio probatório. 
Contudo, tais dispositivos legais devem ser lidos conforme o texto atual da 
CF/88, portanto, o estágio probatório é de 3 anos, não importa o que digam eventuais 
textos legais. Esse é o entendimento do STJ: 
JURISPRUDÊNCIA: 
Para o Min. Relator, o prazo de estágio probatório dos servidores públicos deve 
observar a alteração promovida pela EC n. 19/1998, que aumentou para três anos o 
prazo para aquisição da estabilidade no serviço público, visto que, apesar de esses 
institutos jurídicos (estágio probatório e estabilidade) serem distintos entre si, de fato, 
não há como dissociá-los, ambos estão pragmaticamente ligados. Observa que a 
finalidade do estágio é fornecer subsídios para a estabilização ou não do servidor 
público. Assim, não faz sentido que o servidor público seja considerado apto para o 
cargo num estágio probatório de dois anos e apenas, após três anos do efetivo 
exercício vir a ser estabilizado no mesmo cargo. Destaca que segundo a doutrina 
quando a EC n. 19/1998 diz que os servidores são estáveis após três anos, esse prazo 
só pode ser de estágio probatório. Ademais, no antigo entendimento, haveria também 
a circunstância de que, a partir do segundo ano, o servidor perderia o direito à 
recondução (art. 29, I, da Lei n. 8.112/1990). Sendo assim, o estágio probatório é o 
período compreendido entre o início do exercício do cargo e a aquisição de 
estabilidade no serviço público, que se dá após três anos. Aponta ser também essa a 
opinião do STF, que considerou ser a nova ordem constitucional do citado art. 41 
imediatamente aplicável. 
STJ. MS 12.523-DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/4/2009. 
Administrativo. Agravo regimental no recurso especial. Servidor público. Estágio 
probatório. Estabilidade. Emenda Constitucional 19/98. Três anos de efetivo exercício. 
Decisão agravada mantida. 1. Esta Corte firmou orientação no sentido de que, após a 
 
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Emenda Constitucional 19/98, o prazo do estágio probatório passou a ser de 3 anos, 
acompanhando a alteração para aquisição da estabilidade, não obstante se tratar de 
institutos distintos. 2. Agravo regimental a que se nega provimento 
STJ, 5.ª Turma, AgRg no REsp 1171995/RS, 16.08.2011. 
 
Observe que o servidor em estágio probatório, por ainda não ter alcançado a 
estabilidade, não possui a garantia de permanência no serviço. A sua demissão e 
exoneração não são restringidas por qualquer dispositivo constitucional. Entretanto, a 
perda do cargo, no caso, depende, necessariamente, do respeito ao princípio da ampla 
defesa e do contraditório, conforme assentado na Súmula 21 do STF: 
SÚMULA STF: 
Súmula 21: Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido 
sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade. 
Súmula 22: O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo. 
 
Atenção com esta súmula 22 do STF. Em caso de extinção ou declaração de 
desnecessidade do cargo, o servidor não será colocado em disponibilidade 
remunerada nem aproveitado em outro cargo, pois esse direito é exclusivo do servidor 
estável, conforme previsão contida no art. 41, § 3º, da CF/88: 
Constituição Federal 
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o 
servidor estável ficará em disponibilidade, com 
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu 
adequado aproveitamento em outro cargo. 
 
Da mesma forma, a reintegração e a recondução são direitos reconhecidos 
apenas ao servidor estável (estudaremos esses institutos a seguir): 
 
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Constituição Federal 
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do 
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual 
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de 
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro 
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração 
proporcional ao tempo de serviço. 
 
Assim, a rigor do texto constitucional, o servidor em estágio probatório não 
tem direito à reintegração, ainda que reconhecida a ilegalidade da demissão. Da 
mesma forma, se houver reintegração de servidor estável, o atual ocupante do cargo 
não será reconduzido se não for estável. 
Não há precedente do STF aplicando este § 2º especificamente para servidores 
em estágio probatório, há apenas julgados afirmando a impossibilidade de 
disponibilidade remunerada para cargos eletivos: 
JURISPRUDÊNCIA: 
É inconstitucional a garantia da disponibilidade remunerada ao ex-detentor de 
mandato eletivo, com a opção pelo retorno ou não às atividades, se servidor público, 
após o encerramento da atividade parlamentar. Não conformidade com o Texto 
Magno, por ofensa ao regime constitucional da disponibilidade do servidor público 
(art. 41, §§ 2º e 3º, CF/1988) e à regra de afastamento do titular de cargo público para 
o exercício de mandato eletivo (art. 38, CF/1988). 
STF. ADI 119, rel. min. Dias Toffoli, j. 19.2.2014. 
 
No mais, a estabilidade pressupõe o “efetivo exercício” da função pelo período 
de três anos. Portanto, o servidor deve efetivamente exercer as suas atribuições para 
que a Administração tenha condições de avaliar a sua aptidão para o cargo. 
Desse modo, nas hipóteses de afastamento ou licença, o prazo de avaliação 
(estágio probatório) deve ser prorrogado pelo mesmo período do afastamento. Assim, 
 
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o servidor que ficou 6 meses licenciado do cargo deve ter seu estágio probatório 
prorrogado por iguais 6 meses. 
Avaliação pessoal de desempenho 
 
A aquisição dessa estabilidade não é automática, pois o servidor somente fará 
jus à prerrogativa se for aprovado em uma avaliação de desempenho, veja a redação 
do § 4º do art. 41 da CF/88: 
Constituição Federal 
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é 
obrigatória a avaliação especial de desempenho por 
comissão instituída para essa finalidade. 
 
Portanto, a estabilidade só será adquirida se existir, de forma cumulativa, o 
preenchimento de dois requisitos: 
 Efetivo exercício do cargo por três anos; 
 Aprovação na avaliação especial de desempenho. 
Aqui pode ser elaborada a seguinte pergunta: o que acontece com o servidor 
que cumpriu os três anos, mas não foi submetido a avaliação especial de 
desempenho? 
Nessa situação, a posição amplamente majoritária defende que deve ser 
reconhecida a estabilidade do servidor, pois a avaliação especial é um ônus da própria 
Administração, que pretende ter a certeza da competência e capacidade do agente, e a 
sua ausência não pode prejudicar o servidor. Haveria, na hipótese, uma espécie de 
avaliação tácita positiva. Nesse sentido: Rafael Carvalho Rezende Oliveira e José dos 
Santos Carvalho Filho. 
Estabilização extraordinária (art. 19 da ADCT) 
 
Ao lado da estabilização através do estágio probatório (art. 41, CF/88), que 
 
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acabamos de estudar, existem também a estabilização extraordinário ou 
constitucional, prevista no art. 19 da ADCT: 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, da administração 
direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício 
na data da promulgação da Constituição, há pelo menos 
cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos 
na forma regulada no art. 37, da Constituição, são 
considerados estáveis no serviço público. 
 
Assim, em busca do respeito ao princípio da segurança jurídica e da necessária 
estabilização das relações sociais, aquelas pessoas que, mesmo sem concurso, 
ingressaram no serviço público até cinco anos antes da promulgação da CF/88 têm 
direito adquirido à estabilidade. 
Observe que a estabilização constitucional alcança os servidores públicos 
estatutáriose celetistas que preencheram o requisito temporal. Contudo, não abrange 
os servidores que possuíam vínculo precário com a Administração, a exemplo dos 
ocupantes de cargos em comissão, funções de confiança e outros cargos declarados 
por lei como de livre exoneração (art. 19, § 2º, ADCT). 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes 
de cargos, funções e empregos de confiança ou em 
comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, 
cujo tempo de serviço não será computado para os fins do 
"caput" deste artigo, exceto se se tratar de servidor. 
 
Portanto, são estáveis: 
 Detentores de cargos efetivos após o exercício da atividade por três 
 
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anos (estágio probatório) e aprovação na avaliação especial de 
desempenho; e 
 Servidores, estatutários ou celetistas, que ingressaram até cinco anos 
antes da promulgação da CF/88, ainda que tenham entrado no serviço 
público sem prévia aprovação em um concurso. 
A estabilidade do art. 19 do ADCT possui abrangência limitada aos servidores e 
celetistas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da 
administração direta, autárquica e das fundações públicas. 
Logo, esse dispositivo não abrange: 
 empregados de fundações públicas de direito privado; 
 empregados de empresas públicas; e 
 empregados de sociedades de economia mista. 
JURISPRUDÊNCIA: 
A estabilidade especial do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
(ADCT) não se estende aos empregados das fundações públicas de direito privado, 
aplicando-se tão somente aos servidores das pessoas jurídicas de direito público. 
O termo “fundações públicas”, utilizado pelo art. 19 do ADCT, deve ser compreendido 
como fundações autárquicas, sujeitas ao regime jurídico de direito público. 
STF. Plenário. RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019 
(repercussão geral) 
 
Aqui, você precisa se lembrar do que estudamos na aula sobre a Administração 
Pública indireta. As fundações públicas são de dois tipos, as fundações públicas de 
direito público (em tudo igual às autarquias e, portanto, possuidoras de todas as 
prerrogativas da fazenda pública) e as fundações públicas de direito privado (embora 
façam para da administração indireta, não são “fazenda pública” e possuem um 
regime jurídico hibrido, meio público, meio privado). 
Assim, por não possuírem um regime jurídico completamente público, as 
 
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fundações públicas de direito privado não foram albergadas pela estabilidade 
extraordinária do art. 19 da ADCT. 
Por fim, o STF entende por inconstitucional norma de constituição estadual ou 
lei estadual que amplie a abrangência do art. 19 do ADCT e preveja estabilidade para 
servidores públicos admitidos sem concurso público mesmo após 05/10/1983 (5 anos 
antes da CF/88): 
JURISPRUDÊNCIA: 
1. Os arts. 1º e 2º da Lei nº 6.697 do Estado do Rio Grande do Norte asseguraram a 
permanência dos servidores da Fundação Universidade Regional do Rio Grande do 
Norte admitidos em caráter temporário entre o período de 8 de janeiro de 1987 a 17 
de junho de 1993 sem a prévia aprovação em concurso público, tornando ainda sem 
efeitos os atos de direção da universidade que, de qualquer forma, importassem em 
exclusão desses servidores do quadro de pessoal. (...) 
3. Ofensa, ainda, ao princípio do concurso público (art. 37, II, CF/88), haja vista a 
estabilização de servidores contratados apenas temporariamente. O art. 19 do ADCT 
concedeu estabilidade excepcional somente aos servidores que, ao tempo da 
promulgação do texto, estavam em exercício há mais de cinco anos. Precedentes. 
STF. ADI 1241, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 22/09/2016. 
 
 
DEMISSÃO E EXONERAÇÃO DO SERVIDOR ESTÁVEL 
A estabilidade no cargo não é uma garantia absoluta, existem quatro hipóteses 
constitucionais em que o servidor estável perderá o cargo: 
 Sentença judicial transitada em julgado (art. 41, § 1.º, I, CF); 
 Processo administrativo em que lhe seja assegurado o direito de 
defesa (art. 41, § 1.º, II, CF); 
 Avaliação periódica de desempenho (art. 41, § 1º, III, CF). Nessa 
situação o servidor já foi aprovado no estágio probatório, 
 
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entretanto, continua sendo fiscalizado pela Administração. 
Todavia, para a efetiva aplicação desse dispositivo, faz-se 
necessária a regulamentação dessa avaliação por meio de uma 
lei complementar. Ocorre que essa lei ainda não foi promulgada 
de modo que aplicação de demissão por avaliação insuficiente 
permanece obstada. 
 Limite de gastos com pessoal (art. 169, § 4.º, da CRFB). Essa 
situação visa adequar os gastos públicos com os limites 
estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Portanto, caso 
o Poder Público realize gastos acima do permitido, poderá, em 
último caso, existir a perda do cargo pelos servidores estáveis. 
As três primeiras hipóteses são casos de demissão do cargo, são efetivas 
punições ao servidor estável. Já a o caso de perda do cargo por estouro do limite de 
gastos com pessoal é uma exoneração, pois não se trata de punição ao servidor. 
Para melhor compreendermos essa possibilidade de exoneração por excesso de 
gastos com pessoal, é importante sabermos que os limites de despesa estão fixados no 
art. 19 da LC 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal), que regulamentou o art. 169, 
caput, da CF/88: 
a) União: 50%; 
b) Estados: 60%; e 
c) Municípios: 60% da receita corrente líquida. 
Conhecidos estes limites, precisamos observar a redação dos §§ 3º a 6º do art. 
169 da CF/88: 
Constituição Federal 
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com 
base neste artigo, durante o prazo fixado na lei 
complementar referida no caput, a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes 
 
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providências: 
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas 
com cargos em comissão e funções de confiança; 
II - exoneração dos servidores não estáveis. 
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo 
anterior não forem suficientes para assegurar o 
cumprimento da determinação da lei complementar 
referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o 
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos 
Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou 
unidade administrativa objeto da redução de pessoal. 
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo 
anterior fará jus a indenização correspondente a um mês 
de remuneração por ano de serviço. 
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos 
anteriores será considerado extinto, vedada a criação de 
cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou 
assemelhadas pelo prazo de quatro anos. 
 
Note que a perda do cargo do servidor estável é a última gradação, pois, para 
que exista a devida adequação dos gastos públicos com o pagamento de seu pessoal, a 
ordem de exonerações será: 
 Redução de, pelo menos, 20% dos comissionados (na ADI 2.238 o STF 
vedou a redução salarial, portanto, a redução deve vir da exoneração 
dos servidores comissionados e não da diminuição de seus 
vencimentos); 
 Exoneração de servidores não estáveis – aqueles que ainda se 
encontram no período do estágio probatório ou que ingressaram no 
serviço público há menos de cinco anos antes da promulgação da 
Constituição de 1988; 
 Servidores estáveis, lembrando que, nestes casos, deve haver 
 
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indenização no montante de um mês de remuneração para cada ano de 
serviço prestado. 
 
ESTABILIDADE X VITALICIEDADE 
Por vitaliciedade se entende a garantia de permanência no serviço atribuída 
ao titular de cargo vitalício. 
Trata-se de garantia mais robusta que a estabilidade, pois a perda do cargo do 
agente vitalício só deve ocorrer, em princípio, por meio de sentença judicial transitada 
em julgado. 
A vitaliciedadeserá adquirida após um período de dois anos de efetivo 
exercício do cargo e somente será ofertada para algumas carreiras específicas 
determinadas diretamente na CF/88: ministros e conselheiros dos tribunais de contas 
(art. 73, § 3º); magistrados (art. 95, I); e membros do Ministério Público (art. 128, § 5.º, 
I, “a”). 
No mais, ainda que seja mais forte que a estabilidade, a vitaliciedade também 
não é uma garantia absoluta, não impedindo a extinção do cargo, nem a aposentadoria 
compulsória de seu ocupante. 
SÚMULA STF: 
Súmula 11: A vitaliciedade não impede a extinção do cargo, ficando o funcionário em 
Exoneração dos servidores estáveis. 
Indenização de um mês por ano de serviço. 
Exoneração dos servidores não estáveis. 
Redução em pelo menos vinte por cento das despesas com 
cargos em comissão e funções de confiança. 
O STF vedou a redução salarial (ADI 2.238) 
 
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disponibilidade, com todos os vencimentos. 
Súmula 22: Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da 
idade. 
 
Por fim, a demissão do servidor vitalício somente ocorrerá por meio de 
sentença judicial transitada em julgado. Contudo, nada impede a demissão por 
processo administrativo antes de concluído o estágio de vitaliciamente, portanto, 
enquanto não ultrapassado o prazo de dois anos, o servidor poderá ser demitido por 
meio de processo administrativo, com observância do contraditório e da ampla defesa. 
 
ANÁLISE DO ESTATUTO FEDERAL (LEI 8.112/90) 
 
A Lei 8.112/90, institui o “regime jurídico dos servidores públicos civis da União, 
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais”, 
sendo conhecida como Estatuto do Servidor Público Federal. 
Esta lei é aplicável somente no âmbito federal, sujeitando especificamente os 
ocupantes de cargos públicos federais, sejam estes cargos da administração direta ou 
das pessoas jurídicas de direito público da administração indireta (autarquias, 
fundações públicas, agências reguladoras e associações públicas federais). 
Em provas e concursos, as perguntas sobre a Lei 8.112/90 cobram basicamente 
o conhecimento sobre a literalidade dos dispositivos previstos no Estatuto. Assim, o 
estudo feito a partir de agora terá elemento principal a própria lei. 
Para começarmos o estudo do Estatuto Federal, devemos partir da forma como 
os particulares têm acesso aos cargos públicos: o provimento. 
 
PROVIMENTO 
Provimento é o ato administrativo de preenchimento do cargo público com o 
 
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consequente repasse a determinada pessoa das atribuições decorrentes do exercício 
da função. Existem duas espécies de provimento: originário e derivado. 
 
O provimento originário representa o vínculo inicial do servidor com a 
carreira, ocorre quando o ocupante não possui relação anterior com o cargo, sendo 
efetivado mediante a nomeação. Lembrando que, nos casos de cargo de provimento 
efetivo, a nomeação deve ser precedida de aprovação em concurso público, 
garantindo-se o respeito e a observância aos princípios da impessoalidade e 
moralidade. 
O provimento derivado, por sua vez, ocorre quando do preenchimento de 
determinado cargo por um servidor que tenha sido anteriormente nomeado para 
aquela instituição. 
Lei 8.112/90 
Art. 8º São formas de provimento de cargo público: 
I - nomeação; 
II - promoção; 
III - ascensão; 
IV - transferência; 
Provimento 
Derivado 
Vertical Promoção 
Horizontal Readaptação 
Reingresso 
Reversão 
Aproveitamento 
Reintegração 
Recondução 
Originário Nomeação 
 
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V - readaptação; 
VI - reversão; 
VII - aproveitamento; 
VIII - reintegração; 
IX - recondução. 
 
Você pode notar que a ascensão (subir de uma carreira para outra, por 
exemplo, de Analista da Justiça Federal para Juiz Federal) e a transferência (mudar de 
carreira em órgão distinto) foram revogadas. Na verdade, tais formas de provimento 
são inconstitucionais e ofendem o entendimento da Súmula Vinculante 43: 
SÚMULA VINCULANTE 43: 
Súmula Vinculante 43. É inconstitucional toda modalidade de provimento que 
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público 
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual 
anteriormente investido. 
 
Ademais, o provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da 
autoridade competente de cada Poder (art. 6º da Lei 8.112/90). A investidura em cargo 
público ocorre com a posse (art. 7º). 
Além disso, qualquer que seja a forma de provimento, devem ser obedecidos 
os requisitos básicos do art. 5º: 
Lei 8.112/90 
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo 
público: 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o gozo dos direitos políticos; 
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; 
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do 
cargo; 
 
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V - a idade mínima de dezoito anos; 
VI - aptidão física e mental. 
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência 
de outros requisitos estabelecidos em lei. 
§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o 
direito de se inscrever em concurso público para 
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis 
com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas 
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas 
oferecidas no concurso. 
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e 
tecnológica federais poderão prover seus cargos com 
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo 
com as normas e os procedimentos desta Lei. 
 
Chamo sua atenção para o requisito da nacionalidade brasileira (caput, inciso I). 
Observe que os cargos de professores, técnicos e cientistas das universidades e 
instituições de pesquisa científica são exceção a esta regra, podendo empossar 
profissionais estrangeiros (§ 3º). 
Vejamos, em detalhes, cada das formas de provimento. 
Nomeação 
 
A nomeação é a única forma de provimento originário e ocorre quando se 
passa a ocupar pela primeira vez determinado cargo, pode ser realizada para o 
desempenho de um cargo em caráter efetivo (mediante aprovação em concurso 
público) ou em comissão (livre nomeação e exoneração). 
Lei 8.112/90 
Art. 9º A nomeação far-se-á: 
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado 
 
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de provimento efetivo ou de carreira; 
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para 
cargos de confiança vagos. 
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em 
comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado 
para ter exercício, interinamente, em outro cargo de 
confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente 
ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração 
de um deles durante o período da interinidade. 
 
Vale destacar que a nomeação ainda não faz que a pessoa passe a ter o status 
de servidor, pois, como vimos anteriormente, a investidura em um cargo público só 
acontece no ato da posse. 
Promoção 
 
Promoção é forma de provimento derivado vertical em que o servidor é 
“elevado”, ou seja, passa a ocupar cargo mais elevado dentro da carreira, com maiores 
responsabilidades e complexidades. Os critérios para promoção são merecimento e 
antiguidade. 
Parte da doutrina critica a inserção da promoção como forma de provimento. 
Realmente, em algumas situações, ao ser promovido, o servidor continua ligado ao 
mesmo cargo público, de modo que é discutível ver a promoção como forma de 
provimento. Contudo, para suas provas, siga a Lei 8.112/90 e diga que a promoção 
como forma de provimento derivado. 
Readaptação 
 
A readaptação é a recolocação do servidor que tenha sofrido limitação (essa é 
a palavra-chave para essa forma de provimento), física ou mental, em suas 
habilidades. Portanto, pela readaptação, o servidor será remanejado para um cargo 
compatível com sua nova situação laboral. Por exemplo: um motoristaque tem a visão 
 
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comprometida pode ser readaptado em um cargo de auxiliar administrativo. 
Lei 8.112/90 
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo 
de atribuições e responsabilidades compatíveis com a 
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou 
mental verificada em inspeção médica. 
§ 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o 
readaptando será aposentado. 
§ 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições 
afins, respeitada a habilitação exigida, nível de 
escolaridade e equivalência de vencimentos e, na 
hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor 
exercerá suas atribuições como excedente, até a 
ocorrência de vaga. 
 
Atente-se que a readaptação é instituto que atende servidor detentor de cargo 
efetivo. Ou seja, os servidores comissionados não fazem jus à readaptação. Sobre o 
tema, o STJ já teve a oportunidade de decidir que o servidor público ocupante de cargo 
comissionado sem vínculo efetivo com a Administração Pública não será readaptado 
(RE 749852/DF). 
E se não existir cargo vago no momento da readaptação? 
Nessa hipótese, o servidor readaptado exercerá suas funções como excedente 
até o surgimento de uma vaga, ou seja, o cargo terá o acréscimo temporário do 
número de ocupantes a fim de recepcionar aquele que sofreu limitações em sua 
capacidade física ou mental (art. 24, § 2º). 
Reversão 
 
A reversão é o retorno do servidor aposentado à atividade. Pode ser de dois 
tipos: por insubsistência de motivo de invalidez (de ofício) ou no interesse da 
 
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Administração (a pedido). 
Lei 8.112/90 
 Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor 
aposentado: 
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar 
insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
II - no interesse da administração, desde que: 
a) tenha solicitado a reversão; 
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; 
c) estável quando na atividade; 
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos 
anteriores à solicitação; 
e) haja cargo vago. 
 
Quando o servidor tiver se aposentado de forma voluntária, sua reversão 
dependerá da existência de vaga. Entretanto, na situação em que não mais subsistem 
os motivos para a permanência da aposentadoria por invalidez, o retorno do servidor 
é vinculado. 
Portanto, mesmo não existindo vaga, ele reverte ao serviço público na 
qualidade de excedente até a ocorrência de uma vaga (art. 25, § 3º). 
Além disso, o servidor que retornar à atividade por interesse da administração 
perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo 
que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia 
anteriormente à aposentadoria (art. 25, § 4º). 
A título de aprofundamento, é interessante saber que, para parte da doutrina 
(Rafael Carvalho Rezende Oliveira, por exemplo) a reversão a pedido do aposentado e 
no simples interesse do Poder Público deve ser considerada inconstitucional, pois viola 
a exigência constitucional do concurso público, contida no art. 37, II, da CF/88. 
Tal posicionamento se baseia no fato de que, com a concessão da 
 
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aposentadoria, o vínculo funcional é rompido e o aposentado deixa de ser servidor 
ativo ocupante de cargo, de modo que o retorno ao cargo dependeria de nova 
aprovação em concurso. 
É interessante demonstrar o conhecimento desta corrente doutrinária em uma 
prova discursiva ou oral, mas, para fins de prova objetiva, é melhor ignorá-la. 
E a pessoa que foi aposentada compulsoriamente aos 70 anos, tem direito a 
pedir reversão depois que a aposentadoria compulsória passou para os 75 anos? 
Segundo o entendimento do STF, não. 
A EC 88/15 e a LC 152/15 alteraram a idade da aposentadoria compulsória para 
os 75 anos. Por isso, alguns servidores que haviam sido aposentados aos 70 anos, mas 
ainda não tinhas 75 da data da publicação da EC, pediram a reversão de suas 
aposentadorias com fundamento no instituto da reversão. 
Contudo, para o STF, tal pedido não merece prosperar, isso porque “a 
aposentadoria é regida pela legislação vigente ao tempo em que reunidos os requisitos 
necessários à obtenção do benefício”: 
JURISPRUDÊNCIA: 
1. Pretensão de reversão de aposentadoria compulsória de membro septuagenário do 
Ministério Público da União, aposentado compulsoriamente antes do advento da LC nº 
152/2015. 
2. A singularidade do instituto da reversão, prevista na Seção VIII do Capítulo I do 
Título II da Lei nº 8.112/90, não se presta para satisfazer a pretensão de retorno à 
atividade de servidores já aposentados compulsoriamente. 
3. A jurisprudência da Suprema Corte é sólida no sentido de que a aposentadoria é 
regida pela legislação vigente ao tempo em que reunidos os requisitos necessários à 
obtenção do benefício. Precedentes. 
4. A mudança de parâmetro etário trazida pela EC nº 88/2015 não retira a condição de 
ato jurídico perfeito de aposentação compulsória, levada a efeito em momento 
pretérito. Precedentes. 
 
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STF. MS 34407 AgR, Relator(a): Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em 
01/09/2017. 
 
Aproveitamento 
 
Aproveitamento é o retorno ao serviço público do servidor que se encontrava 
em disponibilidade em virtude da extinção do cargo que anteriormente ocupava. 
Lei 8.112/90 
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em 
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento 
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos 
compatíveis com o anteriormente ocupado. 
 
Observe que o retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á 
mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos 
compatíveis com o anteriormente ocupado. 
Assim, por exemplo, um servidor que foi posto em disponibilidade em virtude 
da extinção do cargo (nível superior) não poderá ser aproveitado em vaga para um 
cargo de nível médio. Nesse caso, não poderá haver o aproveitamento do agente 
público em virtude da falta de compatibilidade (diferentes níveis de escolaridade) com 
o cargo anteriormente ocupado. 
Ademais, o aproveitamento é um ato vinculado, com o surgimento de um 
cargo compatível, deverá o Poder Público executar o ato de provimento e o servidor 
deve aceitá-lo, sob pena de cassação de sua disponibilidade (art. 32). 
Reintegração 
 
Segundo a Lei 8.112/1990, reintegração é: 
Lei 8.112/90 
 
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Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor 
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo 
resultante de sua transformação, quando invalidada a sua 
demissão por decisão administrativa ou judicial, com 
ressarcimento de todas as vantagens. 
 § 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor 
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 
30 e 31. 
§ 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual 
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem 
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, 
ainda, posto em disponibilidade. 
 
Assim, por meio da reintegração, caso um servidor seja demitido e, 
posteriormente, por uma decisão administrativa ou judicial, essa punição é anulada 
em virtude de alguma ilegalidade, o servidor, injustamente demitido, terá o direito de 
voltar ao serviço público com o ressarcimento de tudo o que deixou de ganhar em 
virtude do ato irregular. 
Caso a reintegração não venha a ser possível em virtude da extinção do cargo, 
deverá o servidor ser posto em disponibilidade até que surja uma vaga compatível com 
as suas atribuições anteriores (§ 1º). 
E se o cargo do sujeito que foi demitido estiver ocupado? O que acontece? 
O servidor reintegrado tem direito subjetivo a voltar para seu cargo, portanto, 
a atual ocupante deste cargo é que deverá ser reconduzido ao cargo de origem, sem 
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em 
disponibilidade (§ 2°). 
E se o servidorinjustamente demitido não for estável, terá direito à 
reintegração? 
Essa é uma questão interessante, a CF/88 (§ 2° do art. 41) só prevê a 
 
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reintegração para servidores estáveis. Contudo, simplesmente negar a volta ao cargo 
para aquele servidor que teve sua demissão anulada geraria uma grave e vidente 
injustiça. 
Por isso, mesmo sem previsão constitucional ou legal, é admitida a volta ao 
cargo do servidor em estágio probatório que teve sua demissão anulada. Contudo, isso 
não pode ser chamado de reintegração, a qual exige, como condição, a estabilidade do 
servidor. Portanto, o retorno do não estável é forma inominada de provimento 
derivado. 
E se o direito à reintegração só for reconhecido após o falecimento do 
servidor? 
Neste caso, o servidor, obviamente, não poderá ser reintegrado, mas seus 
herdeiros terão direito ao recebimento retroativo dos valores referentes ao 
ressarcimento de todas a vantagens, essa é a posição do STJ: 
JURISPRUDÊNCIA: 
2. Proposta pelo servidor público ação que busca a nulidade de sua demissão e 
ocorrendo o falecimento do requerente, os herdeiros podem prosseguir no feito 
pois, não obstante a reintegração no cargo público ser ato personalíssimo, os efeitos 
jurídicos da nulidade da demissão refletem na esfera jurídica de seus dependentes, 
por exemplo, com relação à obtenção do benefício de pensão por morte. 
STJ. REsp 1239267/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 
21/06/2011. 
 
Recondução 
 
Lei 8.112/90 
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao 
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: 
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro 
 
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cargo; 
II - reintegração do anterior ocupante. 
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de 
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado 
o disposto no art. 30. 
 
Nos termos da Lei, a recondução é o retorno do servidor estável ao cargo 
anteriormente ocupado, ocorrendo em duas hipóteses: na reintegração do ocupante 
do cargo e na inabilitação de estágio probatório: 
 Reintegração do anterior ocupante: é a situação que estudamos no 
tópico anterior. Como vimos, caso exista uma reintegração, deverá o 
eventual ocupante do cargo retornar ao seu cargo de origem 
(recondução) sem direito à indenização; e 
 Inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo: imagine que 
João seja estável no cargo de Técnico Administrativo da Justiça Federal, 
ingressando posteriormente, após a aprovação em um concurso 
público, no cargo de Procurador do Estado de Rondônia. Com isso, ele 
terá de passar por um novo período de estágio probatório e, caso seja 
inabilitado, por já ser estável, terá o direito de retornar ao seu cargo 
anterior na Justiça Federal. 
E se o servidor pedir para ser reconduzido ao cargo anterior antes mesmo de 
terminar o estágio probatório? 
Usando exemplo acima descrito, imagine que João peça para retornar à Justiça 
Federal tendo apenas 2 anos na PGE/RO, o pedido deve ser deferido? Deve sim, afinal, 
a desistência é menos gravoso para a Administração do que a reprovação do servidor 
no estágio probatório. 
Portanto, a recondução poderá ocorrer tanto em caso de inabilitação no 
período do estágio probatório quanto ser fruto de uma escolha do servidor, bastando 
para isso que ele demonstre o desejo de retornar dentro do período probatório. 
 
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JURISPRUDÊNCIA: 
1. O servidor público estável que desiste do estágio probatório a que foi submetido 
em razão de ingresso em novo cargo público tem direito a ser reconduzido ao cargo 
anteriormente ocupado. 
2. Inteligência do parágrafo 2.º do artigo 20 da Lei n.º 8.112/90. Precedentes do STF. 
STJ. MS 8339/DF, 3.ª Seção, 11.09.2002. 
 
 
POSSE E EFETIVO EXERCÍCIO 
A posse é o ato administrativo formal pelo qual o servidor aceita a sua 
nomeação e assume os direitos e deveres do cargo, em sendo assim, a única forma de 
provimento que tem posse é a nomeação. 
A posse é um direito do servidor nomeado (Súmula 16 do STF) e deverá ocorrer 
no prazo improrrogável de 30 dias contados da publicação do ato de provimento: 
Lei 8.112/90 
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo 
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, 
as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo 
ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, 
por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício 
previstos em lei. 
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da 
publicação do ato de provimento. 
§ 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de 
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos 
incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos 
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e X do 
art. 102, o prazo será contado do término do 
 
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impedimento. 
§ 3º A posse poderá dar-se mediante procuração 
específica. 
§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo 
por nomeação. 
§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração 
de bens e valores que constituem seu patrimônio e 
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, 
emprego ou função pública. 
§ 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a 
posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. 
 
Após a nomeação e a posse, deverá o servidor entrar em exercício, sendo este 
caracterizado pelo efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da 
função de confiança. 
Lei 8.112/90 
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições 
do cargo público ou da função de confiança. 
§ 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado 
em cargo público entrar em exercício, contados da data 
da posse. 
§ 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado 
sem efeito o ato de sua designação para função de 
confiança, se não entrar em exercício nos prazos 
previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18. 
§ 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para 
onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-
lhe exercício. 
§ 4º O início do exercício de função de confiança coincidirá 
com a data de publicação do ato de designação, salvo 
 
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quando o servidor estiver em licença ou afastado por 
qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no 
primeiro dia útil após o término do impedimento, que não 
poderá exceder a trinta dias da publicação. 
 
Observe que, se a pessoa foi nomeada, assinou o termo de posse, mas não 
entrou em exercício no prazo legal, ela será exonerada. 
O exercício é fundamental para o recebimento da remuneração, a posse não dá 
direito à percepção dos vencimentos, o efetivo exercício sim. Além disso, o 
reconhecimento de vários direitos dos servidores depende do exercício, por exemplo, 
o estágio probatório, que leva em consideração o “efetivo exercício” das funções (art. 
41, CF/88). 
 
VACÂNCIA 
Vacância é o fato administrativo que demonstra a ausência de ocupação de 
determinado cargo. As situações ensejadoras da vacância estão enumeradas no art. 
33: 
Lei 8.112/90 
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: 
I - exoneração; 
II - demissão; 
III - promoção; 
VI - readaptação; 
VII - aposentadoria; 
VIII - posse em outro cargo inacumulável; 
IX - falecimento. 
 
Exoneração e demissão 
 
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A exoneração pode acontecer a pedido do próprio agente público ou, nas 
situações legalmente previstas, por ato de ofício da Administração. Em ambos os 
casos, a extinção do vínculo funcional não representa uma punição ao servidor. 
Não se pode confundir a exoneração com a demissão. 
A exoneração não é penalidade e representa o desligamento do servidor por 
sua própria vontade (exoneração a pedido) ou por vontade unilateral da Administração 
(de ofício). Por outro lado, a demissão constitui penalidade querompe o vínculo 
funcional do servidor que cometeu ilícito administrativo grave. 
Vejamos uma lista das disposições legais que autorizam a exoneração de ofício 
do servidor público: 
 Servidor não estável reprovado no estágio probatório: “Art. 20, 
§ 2.º, Lei 8.112/1990. O servidor não aprovado no estágio 
probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo 
anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo 
único do art. 29.” 
 Servidor que não entra em exercício no prazo legal: “Art. 15, § 
2.º, Lei 8.112/1990. O servidor será exonerado do cargo ou será 
tornado sem efeito o ato de sua designação para função de 
confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste 
artigo, observado o disposto no art. 18.” 
 Servidor não aprovado na avaliação periódica de desempenho 
(lembrando que essa medida necessita de Lei Complementar 
ainda não aprovada): “Art. 41, § 1.º, CF. O servidor público 
estável só perderá o cargo: [...] III – mediante procedimento de 
avaliação periódica de desempenho, na forma de lei 
complementar, assegurada ampla defesa.” 
 Limite de gastos com pessoal: “Art. 169, CF. A despesa com 
pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos 
 
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em lei complementar. [...] § 4.º Se as medidas adotadas com 
base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar 
o cumprimento da determinação da lei complementar referida 
neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde 
que ato normativo motivado de cada um dos poderes 
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade 
administrativa objeto da redução de pessoal.” 
 Agente comunitário de saúde e agente de combate às 
endemias que não cumprirem os requisitos da função: “Art. 
198, § 6º, CF. o servidor que exerça funções equivalentes às de 
agente comunitário de saúde ou de agente de combate às 
endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento 
dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício.” 
 Nos casos de cargo em comissão, a exoneração poderá ser ad 
nutum (livre nomeação e exoneração): “Art. 37, II, CF. A 
investidura em cargo ou emprego público depende de 
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e 
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou 
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações 
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e 
exoneração.” 
A demissão é considerada uma das penalidades disciplinares previstas na Lei n. 
8.112/90 (art. 127), assim como a advertência, a suspensão, a cassação de 
aposentadoria ou disponibilidade, a destituição de cargo em comissão e a destituição 
de função comissionada. 
As hipóteses de demissão estão previstas no art. 132: 
Lei 8.112/90 
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: 
I - crime contra a administração pública; 
II - abandono de cargo; 
 
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III - inassiduidade habitual; 
IV - improbidade administrativa; 
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na 
repartição; 
VI - insubordinação grave em serviço; 
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, 
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; 
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; 
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão 
do cargo; 
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio 
nacional; 
XI - corrupção; 
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções 
públicas; 
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. 
 
Art. 117. Ao servidor é proibido: 
(...) 
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de 
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; 
X - participar de gerência ou administração de sociedade 
privada, personificada ou não personificada, exercer o 
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou 
comanditário; 
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a 
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios 
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo 
grau, e de cônjuge ou companheiro; 
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de 
qualquer espécie, em razão de suas atribuições; 
 
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XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado 
estrangeiro; 
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; 
 
Interessante a aplicação da exoneração ou demissão para casos de acumulação 
ilegal de cargos públicos. 
Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou 
funções públicas, e provada a má-fé, ao servidor será aplicada a pena de demissão, 
destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, 
empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os 
órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. Porém, se de boa-fé a 
acumulação, aí então automaticamente haverá exoneração do outro cargo. 
 
REMOÇÃO 
A remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, para uma nova 
lotação, com ou sem mudança de sede. 
Não é forma de provimento nem de vacância. Essa informação é relevante 
porque as bancas de concurso costumam fazer afirmações de que a remoção seria 
forma de provimento derivado. 
Lei 8.112/90 
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido 
ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem 
mudança de sede. 
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, 
entende-se por modalidades de remoção: 
I - de ofício, no interesse da Administração; 
II - a pedido, a critério da Administração; 
III - a pedido, para outra localidade, independentemente 
 
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do interesse da Administração: 
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também 
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, que foi deslocado no interesse da 
Administração; 
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, 
companheiro ou dependente que viva às suas expensas e 
conste do seu assentamento funcional, condicionada à 
comprovação por junta médica oficial; 
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese 
em que o número de interessados for superior ao número 
de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo 
órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. 
 
 
Quanto à remoção de ofício, demonstrado o interesse público, deverá o 
servidor acatar a ordem. Contudo, caso consiga comprovar a existência de um desvio 
de finalidade no ato praticado pelo Poder Público, deverá o deslocamento ser 
anulado. 
Remoção 
De ofício; 
A pedido, a critério 
da Administração; 
A pedido, 
independentemente 
do interesse da 
Administração. 
Acompanhar cônjuge 
ou companheiro; 
Saúde do servidor, 
cônjuge, 
companheiro ou 
dependente; 
Processo seletivo do 
órgão. 
 
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Assim, se realmente a remoção foi efetivada por razões de interesse público, ao 
servidor restará apenas obedecer ao comando administrativo, mas, caso o 
deslocamento tenha se efetivado por perseguição do chefe do órgão, será declarado o 
desvio de poder e o ato deverá ser anulado. 
A remoção a pedido, se estiver a critério da Administração (inciso II) é ato 
discricionário, não havendo que se falar em direito adquirido. Contudo, se a remoção 
estiver fundamentada em uma das hipóteses do inciso III, haverá direito subjetivo à 
remoção, sendo ato vinculado. 
A remoção para acompanhar cônjuge ou companheiro (inciso III, alínea “a) 
merece algumas observações: 
 A remoção do cônjuge tem de ter acontecido no interesse da 
Administração. Desse modo, se o deslocamento se deu a pedido do 
servidor, o Poder Público poderá analisar de forma discricionária se 
remove ou não o outro cônjuge ou companheiro. Portanto, se a 
mudança de sede ocorreupor aprovação em concurso público, não há 
direito à remoção do cônjuge/companheiro. 
JURISPRUDÊNCIA: 
1. De acordo com o art. 36, III, a da Lei 8.112/90, a remoção para acompanhamento 
de cônjuge exige prévio deslocamento de qualquer deles no interesse da 
Administração, inadmitindo-se qualquer outra forma de alteração de domicílio. 
2. O caso dos autos não se encaixa nas hipóteses que preveem a remoção como 
direito subjetivo do Servidor, uma vez que a agravante teve que alterar seu domicílio 
em virtude de aprovação em concurso público, portanto em interesse próprio, 
estando assim ciente de que iria assumir o cargo em local diverso da residência do 
marido. 
STJ. AgRg no REsp 1339071/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira 
turma, julgado em 14/06/2016. 
O servidor público federal somente tem direito à remoção prevista no art. 36, 
parágrafo único, III, "a", da Lei nº 8.112/90, na hipótese em que o 
 
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cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido deslocado de ofício, para 
atender ao interesse da Administração (nos moldes do inciso I do mesmo dispositivo 
legal). 
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
22/11/2017. 
 
 O cônjuge removido no interesse da Administração pode ser servidor 
Federal, Estadual ou Municipal. Ou seja, independentemente da esfera 
envolvida, se o deslocamento se deu para satisfação de interesse do 
Poder Público, terá o outro cônjuge/companheiro o direito à remoção. 
 Deve haver coabitação quando do deslocamento. Se os envolvidos não 
moravam juntos na época do deslocamento, não terá o cônjuge ou 
companheiro direito à remoção. 
JURISPRUDÊNCIA: 
1. A Corte de origem, fundada em prova dos autos, reconheceu que a remoção de 
ofício da esposa do recorrente não interferiu na quebra da unidade familiar, uma vez 
que inexistia prévia coabitação entre os cônjuges. 
2. O trauma à unidade familiar configura-se quando ocorre o afastamento do 
convívio familiar direto e diário entre os cônjuges, hipótese não verificada nos autos. 
Precedentes. 
STJ. 2.ª Seção, AgRg no REsp 1209391/PB, 06.09.2011. 
 
 Não se aplica a teoria do fato consumado para remoção realizada fora 
das hipóteses legais. Se a pessoa consegue uma decisão provisória 
garantindo a ela a remoção e, posteriormente, esta decisão é revogada, 
esta remoção terá que ser desfeita mesmo que já tenha se passado 
muitos anos. 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
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1. Não se aplica a "Teoria do Fato Consumado" em relação a atos praticados sob 
contestação das pessoas envolvidas, que o reputam irregular e manifestam a 
existência da irregularidade nas vias adequadas, ainda que, pela demora no transcurso 
do procedimento destinado à apuração da legalidade do ato, este gere efeitos no 
mundo concreto. 
2. Verificada ou confirmada a ilegalidade, o ato deve ser desfeito, preservando-se 
apenas aquilo que, pela consolidação fática irreversível, não puder ser restituído ao 
status quo ante. 
3. Na espécie, nunca houve em relação à remoção do embargante aquiescência pela 
Administração Pública, que se manteve em permanente resistência no plano 
processual, sempre apontando a ilegalidade no ato de lotação do servidor em 
localidade diversa daquela em que tomou posse por conta do concurso público. 
4. Impossibilidade de aplicação da teoria do fato consumado. 
STJ. EREsp 1157628/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 
07/12/2016. 
 
 O conceito de servidor público para fins de remoção abrange 
empregado público. A jurisprudência do STJ vem atribuindo uma 
interpretação ampliativa ao conceito de servidor público para alcançar 
não apenas os que se vinculam à Administração Direta, mas também os 
que exercem suas atividades nas entidades da Administração Indireta, 
inclusive o empregado de empresa pública federal. 
JURISPRUDÊNCIA: 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR 
PÚBLICO FEDERAL. ART. 36, III, A, DA LEI N. 8.112/1990. REMOÇÃO PARA 
ACOMPANHAR CÔNJUGE, EMPREGADA DE EMPRESA PÚBLICA FEDERAL. 
POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO AMPLIATIVA DO SIGNIFICADO DE SERVIDOR 
PÚBLICO (PRECEDENTES DO STJ). PROTEÇÃO DO ESTADO À UNIDADE FAMILIAR (ART. 
226 DA CF). 
 
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1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem atribuindo uma interpretação 
ampliativa ao conceito de servidor público para alcançar não apenas os que se 
vinculam à Administração direta, como também os que exercem suas atividades nas 
entidades da Administração indireta (Cf. EREsp n. 779.369/PB, Primeira Seção, Relator 
p/ o acórdão MInistro Castro Meira, DJ de 4/12/2006). 
2. A Constituição Federal consagra o princípio da proteção à família, bem maior que 
deve ser protegido pelo Estado. 
3. O disposto no art. 36, III, a, da Lei n. 8.112/1990 deve ser interpretado em 
consonância com o art. 226 da Carta Magna, ponderando-se os valores que visam 
proteger. 
4. O Poder Público deve velar pela proteção à unidade familiar, mormente quando é 
o próprio empregador. 
STJ. MS 14.195/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado 
em 13/03/2013. 
 
 
REDISTRIBUIÇÃO 
A redistribuição (ou relotação) é o deslocamento do cargo efetivo, ocupado ou 
não, no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade. 
LEI 8.112/90 
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de 
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do 
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do 
mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do 
SIPEC, observados os seguintes preceitos: 
I - interesse da administração; 
II - equivalência de vencimentos; 
III - manutenção da essência das atribuições do 
 
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cargo; 
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e 
complexidade das atividades; 
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou 
habilitação profissional; 
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as 
finalidades institucionais do órgão ou entidade. 
 
A redistribuição só pode ocorrer dentro do mesmo Poder. Portanto, não é 
cabível que o cargo do Executivo seja redistribuído para o Judiciário ou para o 
Ministério Público, essa situação seria uma forma de transferência, forma de 
provimento declarada inconstitucional pelo STF. 
Contudo, é possível a redistribuição de cargo de uma pessoa jurídica para 
outra, desde dentro do mesmo poder. Assim, por exemplo, o Poder Executivo da União 
pode transferir cargo para o INSS (autarquia do executivo federal), mas não para o 
judiciário federal. 
Além disso, a redistribuição ocorrerá sempre no interesse da Administração. 
Diferentemente da remoção, não há redistribuição a pedido. 
Por fim, devem ser observadas a equivalência de vencimentos, a manutenção 
da essência das atribuições e a vinculação entre os graus de responsabilidade e 
complexidade das atividades. 
 
VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO 
Por vencimento se entende a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo 
público, com valor fixado em lei. Já a remuneração é o próprio vencimento do cargo 
efetivo, mais as vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. 
LEI 8.112/90 
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo 
 
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exercício de cargo público, com valor fixado em lei. 
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, 
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes 
estabelecidas em lei. 
 
A remuneração, obviamente, variará conforme o cargo, nível na carreira, 
escolaridade e condições de prestação da atividade, entre outras situações pessoais do 
servidor e da carreira, vedando-se: a redução do vencimento (§ 3º do art. 41); a 
percepção de remuneração inferior ao salário mínimo (§ 5º do art. 41); e a prestação 
de serviços gratuitos, salvo aqueles autorizados por lei (art. 4º). 
Nomenclaturas mais comuns 
 
Para bem compreendermos este assunto, é interessantediferenciar as diversas 
nomenclaturas utilizadas para designar a contraprestação pecuniária pelo trabalho, 
vamos a elas: 
 Vencimento (ou vencimento base): é a retribuição pecuniária pelo 
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Em outras palavras, 
é o valor base recebido pelo servidor estatutário; 
 Remuneração: é a soma do vencimento (valor base) com as vantagens 
de caráter permanente; 
 Vencimentos: sinônimo de remuneração; 
 Provento: retribuição pecuniária paga aos aposentados (servidores que 
passaram à inatividade); 
 Subsídio: algumas categorias de agentes públicos recebem o 
pagamento em parcela única, possuindo essa ação a finalidade de evitar 
os supersalários e facilitar o controle dos gastos públicos; 
 Soldo: parcela mensal inerente ao posto ou à graduação do militar. 
Quanto maior o posto/graduação e responsabilidades do militar, maior 
será o valor do soldo. Por exemplo, no Exército, o militar no posto de 
General-de-Brigada recebe um valor de soldo superior àquele no posto 
 
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de Coronel. 
Observe que o § 5º do art. 41 estabeleceu que a remuneração não pode ser 
inferior ao salário mínimo, nada impede, portanto, que o valor do vencimento seja 
inferior ao salário mínimo. Esse entendimento está, inclusive, pacificado no âmbito da 
jurisprudência nacional. 
SÚMULA VINCULANTE: 
Súmula Vinculante 16: Os artigos 7.º, IV, e 39, § 3.º (redação da EC 19/1998), da 
Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público. 
 
Sendo assim, percebe-se que o vencimento pode ser menor que o salário 
mínimo, desde que, quando somado às vantagens de caráter permanente, o montante 
fique superior. 
Teto remuneratório 
 
Embora estejamos abordando os temas presentes na Lei 8.112/90, o estudo 
não ficará completo se não abordamos a questão do teto constitucional, 
especialmente os aspectos constitucionais do assunto. 
O art. 37, XI, CF/88, estabeleceu limites remuneratórios para todos os agentes 
públicos das Administrações Públicas de todos os Poderes, com o objetivo de moralizar 
os gastos públicos com pessoal. 
Constituição Federal 
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, 
funções e empregos públicos da administração direta, 
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos 
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra 
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou 
 
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não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra 
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, 
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do 
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio 
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o 
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do 
Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do 
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e 
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no 
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos 
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos 
Defensores Públicos; 
 
 
Trata-se da regra do teto que se aplica a toda e qualquer espécie de 
remuneração e proventos. Além de um teto geral (nacional), o dispositivo 
constitucional prevê limites específicos para o âmbito dos Estados e Municípios 
(chamados de subtetos). O teto geral do serviço público no Brasil é o subsídio dos 
Ministros do STF. 
Os tetos remuneratórios podem ser sintetizados da seguinte forma: 
 Teto geral: Ministro do STF; 
 Subteto para Estados e Distrito Federal: 
o Executivo: Governador; 
o Legislativo: Deputado Estadual; 
o Judiciário (inclusive: membros do Ministério Público, aos 
Procuradores e aos Defensores Públicos): Desembargador do TJ; 
 Subteto para Municípios (exceto procuradores municipais): Prefeito. 
Quanto à situação específica do teto para os procuradores municipais, temos 
 
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recente decisão do STF determinando a aplicação do subteto do Judiciário (e não do 
subteto municipal) para estes servidores: 
JURISPRUDÊNCIA: 
A expressão "Procuradores", contida na parte final do inciso XI do art. 37 da 
Constituição da República, compreende os procuradores municipais, uma vez que 
estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, estando, portanto, submetidos ao 
teto de 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do subsídio 
mensal, em espécie, dos ministros do STF. 
STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/2/2019. 
 
O art. 37, § 12, da CF/88, admite a fixação, mediante emendas às Constituições 
estaduais e Lei Orgânica distrital, de um subteto uniforme para os Estados e Distrito 
Federal, em que o limite único seria o subsídio mensal dos Desembargadores do 
respectivo Tribunal de Justiça. 
Constituição Federal 
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste 
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal 
fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas 
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o 
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo 
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e 
cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o 
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados 
Estaduais e Distritais e dos Vereadores. 
 
Vale lembrar que o STF deu interpretação conforme à Constituição ao art. 37, 
XI e § 12, da CF/88, para excluir a submissão dos membros da magistratura estadual ao 
subteto de remuneração (90,25% do subsídio dos Ministros do STF). 
 
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O referido subteto violava o princípio da isonomia (art. 5.º, caput e I, da CF/88), 
considerado cláusula pétrea (art. 60, § 4.º, IV , da CRFB), pois estabelecia tratamento 
diferenciado entre magistrados estaduais e federais. O argumento central é que 
Judiciário é estruturado nacionalmente (“homogeneidade institucional”) e, portanto, 
não pode haver tratamento privilegiada da magistratura federal em face da estadual. 
JURISPRUDÊNCIA: 
Magistratura. Remuneração. Limite ou teto remuneratório constitucional. Fixação 
diferenciada para os membros da magistratura federal e estadual. Inadmissibilidade. 
Caráter nacional do Poder Judiciário. Distinção arbitrária. Ofensa à regra 
constitucional da igualdade ou isonomia. Interpretação conforme dada ao art. 37, inc. 
XI, e § 12, da CF. Aparência de inconstitucionalidade do art. 2.º da Resolução n.º 
13/2006 e do art. 1.º, parágrafo único, da Resolução n.º 14/2006, ambas do Conselho 
Nacional de Justiça. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida. Voto 
vencido em parte. Em sede liminar de ação direta, aparentam inconstitucionalidade 
normas que, editadas pelo Conselho Nacional da Magistratura, estabelecem tetos 
remuneratórios diferenciados para os membros da magistratura estadual e os da 
federal. 
STF. Tribunal Pleno, ADI 3854 MC/DF, 28.02.2007. 
 
Por fim, embora o art. 37, XI, da CF/88 inclua no cômputo do teto toda e 
qualquer forma de verba remuneratória, introduzindo os vencimentos, subsídios, 
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, bem como as vantagens pessoais 
ou de qualquer outra natureza, existem algumas verbas não submetidas à regra do 
teto remuneratório. Portanto, em determinadas situações poderá o valor-limite ser 
extrapolado. Em resumo, não se submetem ao teto as seguintes verbas: 
 Indenizações: exemplo – diárias de viagens (art. 37, § 11, CF/88); 
 Direitos sociais: exemplo – décimo terceiro salário (art. 39, § 3º, CF/88); 
 Abono de permanência: “Art. 40, § 19, CF. O servidor de que trata este 
artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria 
voluntária estabelecidasno § 1.º, III, a, e que opte por permanecer em 
 
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atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da 
sua contribuição previdenciária até completar as exigências para 
aposentadoria compulsória contidas no § 1.º, II.” 
Por outro lado, o STF decidiu que as vantagens pessoais (ex: adicionais por 
tempo de serviço, sexta parte, prêmio de produtividade e gratificações), mesmo que 
percebidas antes da EC 41/03, devem ser inseridas no teto. 
JURISPRUDÊNCIA: 
Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório do artigo 37, XI, da 
Constituição da República, também os valores percebidos anteriormente à vigência 
da EC 41/2003 a título de vantagens pessoais pelo servidor público, dispensada a 
restituição de valores eventualmente recebidos em excesso e de boa-fé até o dia 
18/11/2015. 
STF. Plenário. RE 606358/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/11/2015. 
 
Por fim, o STJ decidiu que as vantagens pessoais nominalmente identificadas 
(VPNI) sofrem incorporação pelo subsídio e incidência do teto: 
JURISPRUDÊNCIA: 
O direito à percepção de VPNI não impede a sua eventual absorção pelo subsídio e, do 
mesmo modo, não inviabiliza a aplicação do teto constitucional, que inclui a 
vantagem de caráter pessoal no cômputo da remuneração do servidor para 
observância do teto. 
STJ. 1ª Turma. RMS 33744-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2018. 
 
Descontos na remuneração 
 
A regra é que o servidor não possa sofrer descontos em sua remuneração, isso 
é uma forma de proteção à remuneração do servidor, já que esta tem caráter 
alimentar. Contudo, o art. 44 prevê algumas hipóteses em que o servidor perderá 
 
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parte dos vencimentos: 
LEI 8.112/90 
Art. 44. O servidor perderá: 
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem 
motivo justificado; 
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos 
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões 
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na 
hipótese de compensação de horário, até o mês 
subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela 
chefia imediata. 
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso 
fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a 
critério da chefia imediata, sendo assim consideradas 
como efetivo exercício. 
 
Observe que as ausências justificadas ensejam perda da remuneração. 
Contudo, se decorrer de caso fortuito ou força maior, poderão ser compensadas. 
Assim, se o servidor deixar de comparecer ao trabalho em razão de eventual 
“congestionamento” causado por um grave acidente automobilístico, por exemplo, 
poderá comprovar o fato perante a chefia e compensar as aulas devedores 
posteriormente, trabalhando um pouco além da jornada diária de trabalho. 
Além disso, por imposição legal, ou mandado judicial outros descontos poderão 
incidir na remuneração (art. 45, Lei 8.112/90), vejamos quais são estas hipóteses: 
 Imposição legal: é o caso do desconto para pagamento do imposto de 
renda e da contribuição previdenciária. 
 Mandado judicial: exemplo clássico é o desconto para pagamento de 
pensão alimentícia. 
 
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LEI 8.112/90 
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não 
serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos 
casos de prestação de alimentos resultante de decisão 
judicial. 
 
 Consignação em folha de pagamento: o servidor poderá realizar 
empréstimos e vincular o pagamento deste ao desconto em sua folha 
de pagamento. 
Contudo, para que se possa validar esse instituto, faz-se necessário: 
autorização do servidor e liberação da Administração. Não podendo, segundo a Lei 
8.112/90 (art. 45, § 1º), essa consignação ultrapassar o valor de 35% da remuneração 
mensal do servidor, sendo 5% reservados exclusivamente para: a amortização de 
despesas contraídas por meio de cartão de crédito e utilização com a finalidade de 
saque por meio do cartão de crédito (§ 2º). 
 Ressarcimento ao erário: o servidor que age de má-fé deverá repor ao 
erário os valores recebidos de forma indevida em um prazo máximo de 
trinta dias, podendo essa quantia, a pedido do interessado, ser 
parcelada. 
Entretanto, o valor de cada pagamento não poderá ser inferior ao 
correspondente a 10% da remuneração, provento ou pensão. Caso o servidor que 
esteja em débito com o erário venha a ser demitido, exonerado ou tiver sua 
aposentadoria ou disponibilidade cassada, deverá quitar sua dívida em um prazo de 60 
dias, sob pena de ser inscrito na dívida ativa (art. 47). 
 
Pagamento de subsídio mensal e vitalício para ex-
governadores e outras ex-autoridades 
 
Para fecharmos o tema remuneração, é importante analisar a situação atual da 
 
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jurisprudência acerca do pagamento de subsídio mensal e vitalício para ex-autoridades 
públicas. 
Conforme o entendimento atual do STF, a instituição de remuneração mensal e 
vitalícia a ex-governadores é uma benesse incompatível com a CF/88 (princípio 
republicano, princípio da impessoalidade e princípio da moralidade), por configurar 
tratamento diferenciado e privilegiado sem fundamento jurídico razoável, em favor de 
quem não exerce função pública, não presta qualquer serviço à administração e não 
cumpriu os requisitos para a aposentadoria. 
JURISPRUDÊNCIA: 
Segundo a nova redação acrescentada ao Ato das Disposições Constitucionais Gerais e 
Transitórias da Constituição de Mato Grosso do Sul, introduzida pela Emenda 
Constitucional n. 35/2006, os ex-Governadores sul-mato-grossenses que exerceram 
mandato integral, em 'caráter permanente', receberiam subsídio mensal e vitalício, 
igual ao percebido pelo Governador do Estado. Previsão de que esse benefício seria 
transferido ao cônjuge supérstite, reduzido à metade do valor devido ao titular. 
2. No vigente ordenamento republicano e democrático brasileiro, os cargos políticos 
de chefia do Poder Executivo não são exercidos nem ocupados 'em caráter 
permanente', por serem os mandatos temporários e seus ocupantes, transitórios. 
(...) 
4. Afronta o equilíbrio federativo e os princípios da igualdade, da impessoalidade, da 
moralidade pública e da responsabilidade dos gastos públicos (arts. 1º, 5º, caput, 25, 
§ 1º, 37, caput e inc. XIII, 169, § 1º, inc. I e II, e 195, § 5º, da Constituição da República). 
(...) 
STF. Plenário. ADI 3853, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/09/2007. 
 
O mesmo entendimento vale para outras autoridades, como os ex-vereadores: 
JURISPRUDÊNCIA: 
Lei municipal a versar a percepção, mensal e vitalícia, de “subsídio” por ex-vereador e 
 
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a consequente pensão em caso de morte não é harmônica com a Constituição Federal 
de 1988. 
STF. Plenário. RE 638307/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2019 (Tema 
672 – repercussão geral). 
 
Contudo, as ex-autoridades (ou seus pensionistas) que foram beneficiados com 
esse “subsídio” ou com a “pensão” dela decorrente não terão que devolver as quantias 
que receberam antes de o STF declarar inconstitucional a previsão da Constituição 
Estadual: 
JURISPRUDÊNCIA: 
Não é necessária a devolução dos valores percebidos até o julgamento da ação. Isso 
por conta dos princípios da boa-fé, da segurança jurídica e, ainda, da dignidade da 
pessoa humana. 
STF. Plenário. ADI 4545/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 5/12/2019. 
 
Assim, se por um lado é inconstitucional o pagamento de tais “subsídios” ou 
“pensões”, por outro, aqueles que já a receberam, não precisam devolver. 
 
VANTAGENS 
Ao vencimento serão somadas algumas vantagens, que poderão ter a natureza 
de indenização ou de gratificação/adicional. 
LEI 8.112/90 
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao 
servidor as seguintes vantagens: 
I - indenizações; 
II - gratificações; 
III - adicionais. 
 
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§ 1º As indenizações não se incorporam ao vencimento 
ou provento para qualquer efeito. 
§

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