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Livro Sieyès - A Constituinte Burguesa

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DISCIPLINA TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
ATIVIDADE AVALIATIVA: 
SIEYÉS, E. A Constituinte Burguesa. Qu’est-ce que le Tiers État? 
Profª Ph.D. Jalusa Prestes Abaide 
 
Nome do Aluno: Carol Fockink Paranhos 
 
QUESTÕES 
 
1-Quem eram os notáveis e quais suas prerrogativas? Explique e faça uma 
abordagem para os tempos atuais. 
Primeiramente, é válido destacar que, no contexto francês, foi que se deu a instituição 
de uma assembleia de pessoas alcunhadas de “notáveis”, por terem sido designadas 
exclusivamente pelo rei, durante o antigo regime, para emitirem pareceres sobre os 
problemas que lhes eram apresentados para apreciação. 
Funcionavam como uma espécie de conselho real formado por figuras, quase todas da 
alta nobreza e do clero, podendo reunir nas localidades onde estivesse a corte real. 
Ademais, diferentemente dos Estados Gerais, os membros eram designados pelo próprio 
rei. 
Assim sendo, com base na prerrogativa de que se importavam absolutamente na 
manutenção de seus privilégios, comenta-se que uma nação, necessariamente, livre, 
cabe a ela somente uma forma de acabar com as diferenças que se produzem com 
respeito à Constituição: recorrer à própria nação. “Não é aos notáveis que se deve 
recorrer, é à própria nação. Se precisamos de Constituição, devemos fazê-la.” (p. 28) 
Por fim, dentro da perspectiva da manutenção de uma classe privilegiada, isenta de 
inúmeros impostos e que opinava em lugares onde o seu lugar de fala não era destacado, 
deve-se observar hodiernamente os atuais legisladores que, na maioria dos casos, 
representam uma pequena parte da sociedade (já privilegiada) ao passo que a fome e a 
miséria aumentam em disparada do outro lado. Em que momento se espera que a 
“bancada ruralista” venha a se pronunciar sobre a sede do nordeste, sobre a fome 
nacional e sobre tantos outros assuntos que fogem, mas não deveriam, da sua zona de 
conforto: o capital, a produção e o lucro exacerbado. Além disso, a representatividade, 
ainda escassa, das mais variadas classes, gêneros, grupos deve ganhar os olhos do Poder 
Executivo, investindo, fortemente, no convite e na abertura à participação. 
Naturalmente, como exposto na obra, homens muito bem colocados e com possibilidade 
de ditar a uma grande nação o que é justo, belo e bom, preferem prostituir esta ocasião 
única por um mísero interesse pessoal. Estes são os notáveis. 
2- Como foi dividido o poder legislativo? 
Em Estados Gerais, deliberando separadamente e votando por ordem: o clero, a nobreza 
e o Terceiro Estado. Essa mais alta organização, como falsa interpretação da vontade 
geral, detém o poder legislativo. O Terceiro Estado arcava com o peso dos impostos e 
contribuições para o rei, o clero e a nobreza. Os outros dois estados não pagavam 
tributos e ainda viviam a custa do dinheiro público. 
3- Sieyès, na pag. 43, diz que a propriedade é um direito natural. Explique. 
Apesar da influência da propriedade ser relacionada aos privilégios dos aristocratas e do 
clero, ela deve ser tida como um direito natural, desse modo, deve servir de apoio ao 
Terceiro Estado. O que contraria, de fato, os direitos naturais são os ditos privilégios do 
clero e da aristocracia, como a isenção de tributos, por exemplo, servindo de contra ao 
Terceiro Estado. 
4- Qual o conceito de Nação para o autor? Comente. 
 “Um corpo de associados que vivem sob uma lei comum e representados pela mesma 
legislatura”. Em seguida à definição, o autor ainda comenta que a nação é a origem de 
tudo, acima dela apenas paira o direito natural. Além disso, qualquer que seja a nação, 
Sieyès defendia que a vontade geral deveria ser lei suprema, pressuposto assiduamente 
relacionado à participação ativa do Terceiro Estado em reagir ao retrocesso à que 
estavam submetidos, em adição, não há como negar que a sua proposta revolucionária é 
restauradora, onde os usurpados e politicamente acuados do Terceiro Estado, devem 
readquirir aquilo que perderam, pela força, de antigos conquistadores. 
5- Quem são os novos nobres? 
 São antigos membros do Terceiro Estado enobrecidos e que passaram a ter privilégios. 
Além disso, a antiga nobreza não suporta os novos nobres, apesar de que, aos olhos da 
lei, ambos são iguais, nobres de ontem e os novos nobres. Nesse viés, a partir do 
instante em que um cidadão adquire privilégios contrários ao direito comum, já não faz 
mais sentido fazer parte da ordem comum. Todos os privilegiados, sem distinção, 
formam uma classe diferente e oposta ao Terceiro Estado, mesmo que dele já tenham 
feito parte. 
6- Qual o sentido de privilégio para Sieyès? 
Para o autor, todo privilégio contraria a ordem comum. E diferente da classe 
privilegiada em questão, se não se pode invocar nenhum privilégio, é preciso estar 
disposto a suportar o desprezo, a injúria e as vergonhas de toda espécie. Ao retirar esses 
privilégios, não se perde a liberdade, mas, supostamente, pode estender-se-á todos 
cidadãos. 
7- O que é voto de cabeça e voto por ordem? 
 De acordo com a Terceira Petição, se o voto fosse por ordem, inegavelmente, as duas 
ordens superiores e detentoras de privilégios reuniriam 2 votos contra o Terceiro Estado 
que manifesta e reivindica interesses e melhorias na qualidade de vida. Por cabeça, já 
que o Terceiro Estado abrangia a maior parte da população, era possível derrotar o clero 
e a nobreza que já detinham poder suficiente. Para que o bem comum fosse posto, 
entretanto, seria ideal que os representantes tivessem a possibilidade de unir-se em uma 
totalidade sob um interesse comum, ao contrário do que acontecia. 
8- O que pede o Terceiro Estado? Explique. 
Pede e suplica por ser e representar alguma coisa. Pedem por ter representantes oriundos 
verdadeiramente do terceiro estado, para que votem por questões realmente importantes 
para a população. Que seus deputados sejam em número igual da nobreza e do clero e a 
substituição do voto por ordem pelo voto por cabeça. 
9- Como se forma a nação e o governo? Faça uma relação com o algum período do 
constitucionalismo brasileiro. 
De acordo com o autor a nação se forma unicamente pelo direito natural, podes-e dizer 
que ao passo que se tem um povo esparso por um território a melhor forma de ordená-lo 
é abdicando, em certa parte, de sua liberdade e cedendo à alguns e poucos indivíduos o 
poder, envolvendo confiança no exercício da nação em prol da vontade geral. 
Relacionando com o Brasil, pode-se mencionar a Constituição de 1824, com o objetivo 
declarado de resolver impasses e disputas, o Poder Moderador, na prática, foi uma 
maneira de assegurar a autoridade do Imperador sobre os demais poderes; liberal nas 
intenções, a Constituição foi centralizadora na prática, sendo que o Imperador era 
também a autoridade máxima. Ademais, a Constituição de 1824 surgiu da necessidade 
de legitimar o novo império e de formalizar um equilíbrio entre as várias classes sociais 
que disputavam o poder político após o fim do regime português, especialmente os 
escravocratas, que temiam revoltas da população majoritariamente escrava, e os 
imigrantes ainda leais a Portugal ("Partido Português"). 
10- Contextualizando no momento histórico vivenciado por Sieyès, comente quais 
os pontos que considera evolutivo e porque? 
 Ao decorrer do texto, é visível a preocupação do autor à maior reivindicação do 
Terceiro Estado por reconhecimento e maior representatividade, já que até o presente 
momento dos escritos o Terceiro Estado não teve verdadeiros representantes nos 
Estados Gerais, anulando seus direitos políticos. O fato da terceira petição tratar do 
assunto da mudança do voto já é de extrema relevância, ao associar à segunda, resulta 
em um paraíso aos terceiros-estadistas que desde o início são pisoteados pela classe 
privilegiada.

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