Buscar

Aula 3 Estácio

Prévia do material em texto

Aula 3 – O controle incidental de constitucionalidade
Prof. Me. Pedro Meneses Feitosa Neto

1. Controle difuso-concreto: origens (Marbury v. Madison);
2. Legitimidade (partes, MP, ex officio);
3.Competência para a pronúncia de inconstitucionalidade;
3.1 A cláusula de reserva de plenário
3.2 A cisão funcional de competência nos tribunais
3.3 Súmula vinculante n. 10
4. A questão da ação civil pública
Sumário - Aula 3

Conceito: O controle de constitucionalidade, enquanto garantia de tutela da supremacia da Constituição, é uma atividade de fiscalização da validade e conformidade das leis e atos do poder público à vista de uma Constituição rígida, desenvolvida por um ou vários órgãos constitucionalmente designados (CUNHA JÚNIOR, 2014, p. 40)
Compatibilidade vertical 
Bloco de Constitucionalidade.
Princípios vetores:
Supremacia da Constituição;
Presunção iuris tantum;
Unidade do ordenamento jurídico;
Dignidade da pessoa humana;
Previsão de um órgão de controle.
Controle de Constitucionalidade

Normas constitucionais originárias (aquelas produzidas pelo Poder Constituinte Originário, as quais sequer podem objeto de ações de controle concentrado de constitucionalidade);
Normas constitucionais derivadas de emendas à Constituição (essas normas podem ser objeto de ações diretas de inconstitucionalidade caso violem cláusulas pétreas ou o devido processo legislativo na sua elaboração e formação);
Normas que compõem o ADCT, desde que sua eficácia ainda não tenha sido exaurida;
Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos aprovados por 3/5 (três quintos) dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação (CF, art. 5º, §3º).  Esses tratados possuem “status” constitucional pois são aprovados com o mesmo grau de dificuldade de aprovação de uma emenda à constituição, bem como pela importância da matéria versada. O Decreto nº 6.949/2009 (que promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo) foi o primeiro caso de tratado sobre direitos humanos aprovado com o mencionado quórum qualificado.
(CARDOZO, 2016)
Bloco de Constitucionalidade

Não integram o Bloco de Constitucionalidade brasileiro:
 as normas anteriores à Constituição Federal;
 O Preâmbulo da Carta Política (o STF adota a tese da “irrelevância jurídica do Preâmbulo”. Leia-se: o Preâmbulo não se situa no âmbito jurídico, mas no domínio da política, sendo reflexo dos posicionamentos ideológicos do Constituinte);
os dispositivos do ADCT, desde que já tenham exaurido sua eficácia.
(CARDOZO, 2016)
Bloco de Constitucionalidade

Realizado por duas vias:
Controle Difuso (1891) a partir de casos concretos.
Controle Concentrado (EC. 16/1965) através de análises abstratas.
Ações do Controle Concentrado*.
Controle jurisdicional de constitucionalidade

Por via incidental/exceção/indireta
O controle constitui a causa de pedir.
Como tese de defesa do réu.
Como fundamento da pretensão do autor.
Por via principal/ação/ direta
O controle constitui o pedido.
Processo Objetivo.
Não há lide.
Quanto à forma ou modo de controle judicial

Sistema Norte-Americano (1803) 
Difuso.
Controle em casos concretos.
Repressivo.
Sistema Austríaco (1920) Concentrado.
Controle abstrato.
Repressivo.
Sistema Francês (1958)
Atuação do Conselho Constitucional.
Preventivo.
Reforma Constitucional em 2008.
Sistemas em relação à forma de efetivação do controle

Eleições de 1800: John Adams x Thomas Jefferson.
Nomeação de aliados de Adams objetivando o controle do Poder Judiciário.
Judiciary Act of 1801: diminuiu a quantidade de Ministros da Suprema Corte e tornou possível a nomeação de novos juízes federais e juízes de paz.
Indicação da nomeação de John Marshall para ser o presidente da Suprema Corte.
John Marshall, então secretário de Estado ficou encarregado entregar os diplomas novos Juízes.
Thomas Jefferson assumiu a presidência.
1. Controle difuso-concreto: origens (Marbury versus Madison)

Não reconhecimento das nomeações feitas por Adams: novo Secretário de Estado, James Madison, decidiu não conferir os diplomas.
William Marbury seria nomeado Juiz de Paz, mas foi impossibilitado por James Madison.
Marbury impetra um writ of mandamus na Suprema Corte, pleiteando sua nomeação e seu diploma.
John Marshall, agora Chief of Justice, analisou o caso, especialmente, quanto à Competência da Suprema Corte para apreciá-lo.
Marshall: deve prevalecer a Constituição; Marbury teria direito, mas a Corte não teria a Competência para expedição do mandamus.
1. Controle difuso-concreto: origens (Marbury versus Madison)

Outras nomenclaturas: incidental, de defesa.
Ocorrência no bojo de processos subjetivos.
Realizado por qualquer órgão competente (para o julgamento de ação ou recurso) do judiciário, seja colegiado ou monocrático.
Fundamento jurídico para a pretensão do(a) litigante.
Controle Difuso de Constitucionalidade

DIREITO CONSTITUCIONAL – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PELA VIA DIFUSA – ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 8º DA LEI ORDINÁRIA Nº 5.853/2006 QUE DISPÕE SOBRE O INSTITUTO DE PROMOÇÃO E DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE DE SERVIDORES DO ESTADO DE SERGIPE (IPESAÚDE) – PLANO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE COMPLEMENTAR E FACULTATIVO – AUTARQUIA QUE NÃO POSSUI NATUREZA PREVIDENCIÁRIA – INEXISTÊNCIOA DE OFENSA AOS ARTS. 1º, III, 5º E 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – INCONSTITUCIONALIDADE REJEITADA – DECISÃO UNÂNIME. - In casu verifica-se que a Autarquia IPESAÚDE, que não possui caráter previdenciário, pode criar regras para que os Servidores Públicos Estaduais ingressem, de maneira facultativa, em Plano de Saúde Complementar; - Inexistência de inconstitucionalidade do art. 8º, I da Lei Estadual nº 5.853/2006, frente aos arts. 1º, III, 5º e 196 da Constituição Federal.    (Incidente De Arguição de Inconstitucionalidade nº 201500121926 nº único0006676-69.2015.8.25.0000 - TRIBUNAL PLENO, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator(a): Ruy Pinheiro da Silva - Julgado em 16/12/2020)
Exemplo

APELAÇÃO CÍVEL – ADMINISTRATIVO – LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – LEIS DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS NA VIA DIFUSA – VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS VETORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA POR PARTE DOS AGENTES PÚBLICOS – ATO ÍMPROBO DETECTADO NOS AUTOS – ATRIBUIÇÃO DE NOME DE PESSOAS VIVAS A LOGRADOUROS PÚBLICOS FERE DE MORTE O PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE ESTAMPADO NO ARTIGO 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. I – O controle de constitucionalidade pela via difusa ou incidente, tem a sua importância na medida em que pode ser realizado por todo o Poder Judiciário. Isto dito, qualquer juiz, dentro do caso concreto, pode realizá-lo. Fato este, detectado na planície sendo despicienda, no caso em apreço, sua alegação no planalto. -A atribuição de nome de pessoas vivas a logradouros públicos fere de morte o princípio da impessoalidade estampado no artigo 37 da Constituição Federal. Outrossim, o desvio de finalidade do ato administrativo, é conduta também vedada pelo §1º do mencionado artigo como ocorrera no caso concreto. Restando inequívoca a prática de ato descrito como ímprobo, na forma do art. 37, § 4º, da CF/88 e do artigo 11 da LIA, a imposição das sanções previstas nos sobreditos diplomas é medida que se impõe razoável e obrigatória. (Apelação Cível nº 201700711813 nº único0000849-65.2011.8.25.0017 - 1ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator(a): Ruy Pinheiro da Silva - Julgado em 26/09/2017)
Exemplo

O poder judiciário pode se manifestar ex oficio sobre a incompatibilidade da norma com a Constituição.
*RE – pré-questionamento.
As partes podem trazer ao processo a discussão acerca da (in)constitucionalidade.
Ministério Público.
2. Legitimidade para requerer o controle difuso

Ano: 2006 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2006 - OAB - Exame de Ordem - 1 - Primeira Fase. Considere que um juiz do trabalho prolatou sentença condenatória fundamentada no argumento de que determinadacláusula de um contrato de trabalho era inválida por ser incompatível com um dispositivo da Constituição da República. Nessa situação, o referido juiz
(A) editou sentença inválida, por usurpar competência privativa do STF.
(B) exerceu controle difuso de constitucionalidade.
(C) exerceu controle de constitucionalidade por via de ação.
(D) prolatou sentença inconstitucional, pois a declaração de inconstitucionalidade de cláusulas de contratos trabalhistas é uma competência privativa do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto. Sobre o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, é correto afirmar:
(A) O Supremo Tribunal Federal admite o controle judicial do processo legislativo em nome do direito subjetivo do parlamentar de impedir que a elaboração dos atos normativos incida em desvios constitucionais, exercendo, então, controle preventivo de constitucionalidade.
(B) O controle incidental é sempre de natureza concreta.
(C) O controle principal é sempre de natureza abstrata.
(D) Os órgãos legislativos de qualquer dos níveis de poder têm competência para anular ou declarar a nulidade de atos normativos por eles expedidos, atribuindo caráter retroativo à sua manifestação.
(E) O Superior Tribunal de Justiça, a exemplo dos demais órgãos jurisdicionais de qualquer instância, pode declarar incidentalmente a inconstitucionalidade de lei no julgamento de recurso especial, desde que a questão tenha sido suscitada e resolvida pela instância ordinária.
Questões

Ano: 2006 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2006 - OAB - Exame de Ordem - 1 - Primeira Fase. Considere que um juiz do trabalho prolatou sentença condenatória fundamentada no argumento de que determinada cláusula de um contrato de trabalho era inválida por ser incompatível com um dispositivo da Constituição da República. Nessa situação, o referido juiz
(A) editou sentença inválida, por usurpar competência privativa do STF.
(B) exerceu controle difuso de constitucionalidade.
(C) exerceu controle de constitucionalidade por via de ação.
(D) prolatou sentença inconstitucional, pois a declaração de inconstitucionalidade de cláusulas de contratos trabalhistas é uma competência privativa do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto. Sobre o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, é correto afirmar:
(A) O Supremo Tribunal Federal admite o controle judicial do processo legislativo em nome do direito subjetivo do parlamentar de impedir que a elaboração dos atos normativos incida em desvios constitucionais, exercendo, então, controle preventivo de constitucionalidade.
(B) O controle incidental é sempre de natureza concreta.
(C) O controle principal é sempre de natureza abstrata.
(D) Os órgãos legislativos de qualquer dos níveis de poder têm competência para anular ou declarar a nulidade de atos normativos por eles expedidos, atribuindo caráter retroativo à sua manifestação.
(E) O Superior Tribunal de Justiça, a exemplo dos demais órgãos jurisdicionais de qualquer instância, pode declarar incidentalmente a inconstitucionalidade de lei no julgamento de recurso especial, desde que a questão tenha sido suscitada e resolvida pela instância ordinária.
Questões

Qualquer órgão do judiciário pode proferir a sentença de pronúncia de inconstitucionalidade.
3.1. Cláusula de reserva de plenário*. Full bench
Art. 97, CF. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
 Art. 93, XI, CF. nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; 
Acautela variações na Jurisprudência e garante maior apreciação do caso.
3. Competência para realizar o controle difuso

3.2. Cisão funcional de julgamento/competência nos tribunais.
3.3 Súmula Vinculante n° 10 -Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
3. Competência para realizar o controle difuso

O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Penso já ter sido distribuída a proposta de súmula que deliberamos na sessão anterior sobre a questão da reserva de Plenário. Houve aprovação, mas a Ministra Ellen Gracie, agora, nos submete essa proposta. Vou ler o texto (Questão de Ordem no RE 580.108): “Viola a cláusula de reserva de plenário (Constituição Federal, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de norma, afasta a sua incidência no todo ou em parte”.
 O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, claro que podemos deixar de aplicar uma lei por ser também inadequada à espécie em termos de regência. Agora, no caso a premissa é única, a declaração - diria - “escamoteada” de inconstitucionalidade da lei. Penso que a percepção dessa premissa está na cláusula, embora não declare expressamente, ou seja, afasta, para aplicar a Constituição Federal, sem levar o incidente a órgão especial ou ao Plenário. Sendo esse o sentido, estou de pleno acordo. Presidente, apenas mais uma colocação, para que fique documentado, inclusive quanto ao meu ponto de vista. Aqui também não está apanhada a situação em que, em processo subjetivo, já houve a declaração de inconstitucionalidade da lei pelo Supremo
O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Ou mesmo pelo órgão especial do Tribunal porque o CPC faz essa ressalva. 
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO - Havendo decisão do próprio Tribunal, claro que não tem de ocorrer sucessivos incidentes. 
DEBATES PARA A APROVAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 

O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Que são aquelas hipóteses em que a própria lei ressalva. A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE - Senhor Presidente, eu gostaria apenas, como autora da proposta, de sugerir uma pequena alteração, que me foi alcançada pelo colega Ministro Carlos Britto. Na redação que Vossas Excelências têm em mãos, quando se diz: “não declare expressamente a inconstitucionalidade de norma” substitua-se esse termo “norma” por “lei ou ato normativo do poder público”. Com isso estaremos reproduzindo o texto do art. 97 da Constituição. Acato essa ponderação do Ministro Carlos Britto, penso que enriquece a redação. 
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO - E salvo equívoco, nada melhor do que uma proposta partindo da Presidente da Comissão de Jurisprudência. A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE - Então, a redação, ficaria a seguinte: “Viola a cláusula de reserva de plenário (Constituição Federal, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.” 
O SR. MINISTRO CEZAR PELUSO - Presidente, eu não sei, mas faço uma ponderação. Eu penso que a proposta que está correta, porque, em ambos os casos, se trata de norma; pode não ser a lei toda, pode ser uma norma da lei; e, se for ato normativo, também é norma.
 O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - Para evitar aquela distinção: norma geral, norma concreta, norma individual, norma particular. E aí não. Estamos reproduzindo. 
O SR. MINISTRO CEZAR PELUSO - Mas aí Vossa Excelência vai ter outras leis e tal. Não é lei; não foi lei; foi só uma norma.
O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - Não. Leia o ato normativo. É o que diz a Constituição no art. 97. Pronto.
DEBATES PARA A APROVAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 

O SR. MINISTROCEZAR PELUSO - Penso que a proposta está certa e a Constituição que está errada. 
O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Diz-se, na verdade, que essa inconstitucionalidade é de norma, e não de lei.
 O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - Já que estamos falando do art. 97, vamos homenagear a sua literalidade. Dá mais segurança. 
O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Gostaria de ouvir o Vice-Procurador-Geral antes que nós tivéssemos a deliberação final. 
O DR. ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS (VICEPROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA) - Senhor Presidente, a Procuradoria-Geral manifesta-se favoravelmente à provação do verbete. 
O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Quanto às emendas de redação, creio que depois poderemos fazer os ajustes devidos, se for o caso. 
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO - Seria a redação primitiva? É porque poderemos ter a limitação do artigo 97. A rigor, é possível poderemos ter como atacado apenas um artigo, um parágrafo, uma alínea.
O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Ou, na verdade, nós temos às vezes só o significado: a declaração parcial sem redução de texto. Eu ouço o Tribunal sobre o assunto. 
O SR. MINISTRO MENEZES DIREITO - Eu prefiro norma. 
O SR. MINISTRO EROS GRAU - Eu estou de acordo com a Constituição. 
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Presidente, eu proporia uma alternativa intermediária: lei/norma, ou ato normativo, porque aí abrangemos um pedaço da lei e o ato normativo que, stricto sensu, não é norma. 
O SR. MINISTRO CEZAR PELUSO - Se o ato é normativo, porque ele contém norma; pode não ser tudo um ato normativo, pode ser uma norma do ato normativo
DEBATES PARA A APROVAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 

O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Ministro Joaquim Barbosa?
 O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA - Com a Constituição, lei ou ato normativo. 
O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - O Ministro Cezar Peluso? 
O SR. MINISTRO CEZAR PELUSO - Eu, data venia, com a redação original.
 O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, fico com o “substantivo próprio”. 
O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - Penso ser esta a posição: lei ou ato normativo.
 Portanto, esta será a Súmula Vinculante nº10: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.” 
Senhores Ministros, essa é a Súmula nº 10
DEBATES PARA A APROVAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 

Quando o órgão fracionário recebe uma apelação em que se discute incidentalmente a inconstitucionalidade da lei, ele não poderá declarar inconstitucionalidade da lei ou deixar de aplicá-la.
Exceção! – Quando houver pronunciamento do órgão especial, tribunal pleno ou do STF sobre a matéria (art. 949, Parágrafo Único do CPC).
3.1 Cláusula de reserva de plenário*

A arguição é acolhida.
A questão é submetida ao pleno ou ao órgão especial.
A arguição é rejeitada.
Aplica-se a lei.
Relator ouve o MP e as Partes e submete a questão ao órgão colegiado.
Art. 948, CF – Arguição de inconstitucio-nalidade
Mitigação da cláusula de reserva de plenário:
Art. 949, parágrafo único do CPC;
Se o Tribunal mantiver a constitucionalidade do ato normativo;
Normas pré-constitucionais;
Interpretação conforme a constituição;
Decisão em sede de medida cautelar.
A cláusula de reserva de plenário se aplica às Turmas do STF? 
E às Turmas Recursais dos Juizados Especiais?
3.1 Cláusula de reserva de plenário*


Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - IX - Primeira Fase. João ingressa com ação individual buscando a repetição de indébito tributário, tendo como causa de pedir a inconstitucionalidade da Lei Federal “X”, que criou o tributo. Sobre a demanda, assinale a afirmativa correta.
(A)João não possui legitimidade para ingressar com a demanda, questionando a constitucionalidade da Lei Federal “X”, atribuída exclusivamente às pessoas e entidades previstas no art. 103 da Constituição.
(B) Caso a questão seja levada ao Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinário, e este declarar a inconstitucionalidade da Lei Federal “X” pela maioria absoluta dos seus membros, a decisão terá eficácia contra todos e efeitos vinculantes.
(C) O órgão colegiado, em sede de apelação, não pode declarar a inconstitucionalidade da norma, devendo submeter a questão ao Pleno do Tribunal ou ao órgão especial (quando houver), salvo se já houver prévio pronunciamento deste ou do plenário do STF sobre a sua inconstitucionalidade.
(D) O juiz de primeiro grau não detém competência para a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, mas somente o Tribunal de segundo grau e desde que haja prévio pronunciamento do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Questões

Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - IX - Primeira Fase. João ingressa com ação individual buscando a repetição de indébito tributário, tendo como causa de pedir a inconstitucionalidade da Lei Federal “X”, que criou o tributo. Sobre a demanda, assinale a afirmativa correta.
(A)João não possui legitimidade para ingressar com a demanda, questionando a constitucionalidade da Lei Federal “X”, atribuída exclusivamente às pessoas e entidades previstas no art. 103 da Constituição.
(B) Caso a questão seja levada ao Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinário, e este declarar a inconstitucionalidade da Lei Federal “X” pela maioria absoluta dos seus membros, a decisão terá eficácia contra todos e efeitos vinculantes.
(C) O órgão colegiado, em sede de apelação, não pode declarar a inconstitucionalidade da norma, devendo submeter a questão ao Pleno do Tribunal ou ao órgão especial (quando houver), salvo se já houver prévio pronunciamento deste ou do plenário do STF sobre a sua inconstitucionalidade.
(D) O juiz de primeiro grau não detém competência para a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, mas somente o Tribunal de segundo grau e desde que haja prévio pronunciamento do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Questões

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2014 - TJ-RJ - Juiz Substituto Assinale a alternativa correta a respeito do controle incidental de constitucionalidade no direito brasileiro.
(A) A ação declaratória ordinária não pode ser utilizada como instrumento processual para obter a pronúncia de inconstitucionalidade de lei ou ato que seja contrário à Constituição.
(B) Semelhantemente ao controle concentrado, o controle de constitucionalidade incidental é restrito às normas e atos produzidos durante a vigência da atual Constituição Federal.
(C) O controle incidental, a ser feito no processo judicial, dependerá de alegação concreta de um dos litigantes, não podendo o juiz ou o tribunal recusar a aplicação do ato ou da lei, a despeito do eventual silêncio das partes.
(D) A cláusula de reserva de plenário pode ser afastada pelo órgão fracionário do tribunal quando houver pronunciamento anterior do STF a respeito da inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo.
Questões

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2014 - TJ-RJ - Juiz Substituto Assinale a alternativa correta a respeito do controle incidental de constitucionalidade no direito brasileiro.
(A) A ação declaratória ordinária não pode ser utilizada como instrumento processual para obter a pronúncia de inconstitucionalidade de lei ou ato que seja contrário à Constituição.
(B) Semelhantemente ao controle concentrado, o controle de constitucionalidade incidental é restrito às normas e atos produzidos durante a vigência da atual Constituição Federal.
(C) O controle incidental, a ser feito no processo judicial, dependerá de alegação concreta de um dos litigantes, não podendo o juiz ou o tribunal recusar a aplicação do ato ou da lei, a despeito do eventual silêncio das partes.(D) A cláusula de reserva de plenário pode ser afastada pelo órgão fracionário do tribunal quando houver pronunciamento anterior do STF a respeito da inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo.
Questões

Possibilidade
Inconstitucionalidade como pedido principal?
4. A questão da ação civil pública

		Sistema Difuso	Sistema Concentrado
	Origem	EUA	Europa => Áustria
	Órgão competente	Qualquer Juiz ou Tribunal	STF
	Legitimidade ativa	Partes litigantes, MP, terceiro interessado, Juízo (de ofício).	Art. 103, I a IX da CRFB/88
	Forma	Via incidental	Via principal
	Efeitos subjetivos	Em regra: inter partes*	Em regra: erga omnes
Quadro comparativo

Juiz singular pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei?
Há reserva de plenário para julgar sobre norma pré-constitucional, matéria da turma recursal e norma infralegal?
Perguntas 

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7.ed. Coimbra: Almedina, 2003.
CARDOZO, Matheus Augusto de Almeida. Noções gerais acerca do bloco de constitucionalidade. Jus.com.br. 2016. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/47485/nocoes-gerais-acerca-do-bloco-de-constitucionalidade.
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Controle de Constitucionalidade: teoria e prática. 7. ed. Revista, ampliada e atualizada. Salvador: Jus Podivm, 2014.
DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya. Curso de processo constitucional. 5. ed. Ver. Atual. E ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. - 20. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2016.
NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37. ed. revista e atualizada. - São Paulo : Malheiros, 2014.
SILVA NETO, Manoel Jorge e. O constitucionalismo brasileiro tardio. Brasília : ESMPU, 2016. Disponível em: < http://escola.mpu.mp.br/publicacoes/obras-avulsas/e-books/o-constitucionalismo-brasileiro-tardio >. Acesso em: 07/10/2017
Referências bibliográficas


Continue navegando