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DESCRIÇÃO A origem e a evolução das provas de rua com a importante contribuição de Kenneth H. Cooper, os fundamentos e regras da marcha atlética e as principais características do decatlo e do heptatlo. PROPÓSITO Compreender o surgimento e o desenvolvimento das provas de rua, com destaque para as corridas de rua e a marcha atlética, bem como as características de organização, funcionamento e fisiologia aplicada às provas de heptatlo e decatlo, enquanto elemento fundamental para a atuação do profissional de Educação Física. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os fatos históricos, origem e evolução das corridas de rua, a técnica e a importância do uso de equipamentos específicos MÓDULO 2 Distinguir a técnica da marcha atlética das técnicas de caminhada e corrida, suas regras e penalidades MÓDULO 3 Distinguir as provas combinadas decatlo e heptatlo, suas regras, organização e normas gerais INTRODUÇÃO No primeiro módulo deste tema, apresentaremos a evolução da corrida de rua ao longo dos anos, a classificação das provas de rua, com destaque para a única prova olímpica, a maratona e as ultramaratonas. Sabendo da grandeza que essas provas assumem no cenário do atletismo contemporâneo, serão abordados os fundamentos básicos e técnicos da corrida de fundo, de forma a instrumentalizar e sistematizar a prática profissional nesta modalidade. No segundo módulo, estudaremos a classificação das provas de rua, a marcha atlética, com destaque para as provas olímpicas, abrangendo o respeitável destaque que essas provas adquiriram no cenário do atletismo contemporâneo. Destacaremos as regras básicas de organização e funcionamento, assim como a técnica básica da marcha atlética. No último módulo, abordaremos as provas combinadas decatlo e heptatlo. Compreenderemos quais são as provas do atletismo que compõem essas disciplinas, destacando suas regras básicas de organização e funcionamento. Além disso, entenderemos como é possível identificar em um atleta tantas capacidades físicas para realizar uma prova combinada. MÓDULO 1 Identificar os fatos históricos, origem e evolução das corridas de rua, a técnica e a importância do uso de equipamentos específicos VAMOS INICIAR ABORDANDO ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES: CORRIDAS DE RUA Correr, um movimento natural inerente a qualquer ser humano, originou-se da necessidade de se movimentar para a sobrevivência, cujo objetivo principal era caçar e fugir dos predadores, e evoluiu para um grande evento sociocultural. Na atualidade, os objetivos para se praticar a corrida são diversos, dentre eles: desempenho (performance), saúde, qualidade de vida, condicionamento físico, estética, emagrecimento, dentre outros. Ao longo dessa evolução, a corrida passou por várias transformações e hoje temos corridas que podem ser: muito rápidas, como as corridas de velocidade de 100m ou corridas que podem ser muito longas, como as provas de ultramaratona de 100km. Algumas corridas são disputadas: Foto: Shutterstock.com COM OBSTÁCULOS Foto: Shutterstock.com EM EQUIPE (REVEZAMENTOS) Foto: Shutterstock.com NA PISTA DE ATLETISMO Foto: Shutterstock.com NAS RUAS DAS CIDADES Foto: Shutterstock.com EM TRILHAS PELOS CAMPOS Foto: Shutterstock.com NAS AREIAS DO DESERTO E DAS PRAIAS Foto: Shutterstock.com NAS MONTANHAS TODAS ESSAS DIFERENTES CORRIDAS FAZEM PARTE DA MODALIDADE ATLETISMO (DALLARI, 2009). As primeiras disputas atléticas de corrida se originaram na Antiguidade Clássica, onde se organizavam os Jogos Olímpicos da Antiguidade, na Grécia. Noakes (2003) complementa que as corridas de rua se originaram com os mensageiros militares gregos e romanos ( homerodromois) percorrendo longas distâncias a pé por terrenos acidentados, rochosos e montanhosos, privando-se do sono e descanso, a fim de cumprir seus deveres. Contudo, é no século XVII, na Inglaterra, com a melhoria das estradas, que as mensagens deixaram de ser levadas a pé e os mensageiros passaram a ser corredores, com distinção entre amadores e profissionais. A corrida de rua começou a sua popularização pelo mundo, na realização da primeira maratona olímpica, na Grécia, em 1896. Uma prova idealizada para homenagear a saga de um soldado grego chamado Fidípedes (em inglês, Pheidippides). Imagem: Shutterstock.com SAIBA MAIS No entanto, o historiador grego Heródoto conta que a história vai muito além: antes de ir para Atenas, Fidípedes foi até Esparta e outras cidades pedir ajuda, percorrendo aproximadamente 240km em dois dias, na busca de reforços. Essa segunda história originara uma famosa ultramaratona, a Spartathlon, da qual falaremos mais adiante. A primeira maratona olímpica foi disputada inicialmente na distância de 40km e teve como vencedor Spyridon Louis, com o tempo de 2:58:50. Contudo, nos Jogos Olímpicos de 1908, em Londres, a maratona passa a ter a distância 42.195 metros, pois a Família Real britânica queria assistir à corrida dos jardins do seu Castelo de Windsor. O vencedor foi o italiano Dorando Pietri. Essa mudança tornou-se a distância oficial (NOGUEIRA, 2002). 490 a. C. 1896 - Atenas História oficial 490 a. C. Fidípides 1ª Maratona (40km) 1896 Spyridon Louis Alteração p 1908 Dorando P Foto: Wikimedia commons/ CC-BY-SA-3.0 Foto: Albert Meyer / Wikimedia commons Imagem: W Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal VOCÊ SABIA Um ano após a concretização da primeira maratona olímpica, os EUA saem na frente e criam a primeira maratona particular, em 1897, a famosa Maratona de Boston. Essa era, inicialmente, disputada em 40km, mas, em 1927, passou a ter 42.195m, seguindo os padrões olímpicos. Essa prova ficou muitos anos conhecida como American Marathon. Em 1978, o vencedor Bill Rodgers recebeu a medalha de campeão com a inscrição American Marathon e o diploma oficial de campeão, com a inscrição Boston Marathon. Outras maratonas surgiram e se tornaram eventos consagrados em todo o mundo, tais como: NOVA IORQUE (1970) BERLIM (1974) CHICAGO (1977) LONDRES (1981) TÓQUIO (2007) TODAS ESSAS MARATONAS, ALÉM DA DE BOSTON, SÃO CONSIDERADAS PELA WORLD ATHLETICS AS WORLD MARATHON MAJORS (MAIORES MARATONAS DO MUNDO). SAIBA MAIS A corrida de longa distância, por muitos anos, foi praticada de forma empírica e suas disputas ainda eram voltadas para as provas olímpicas de 5.000m e 10.000m (na pista), a maratona (na rua) e o cross country (no campo). Na década de 1970, nos Estados Unidos, acontece um movimento chamado running boom (ou jogging boom), baseado nas teorias apresentadas pelo médico norte-americano Kenneth H. Cooper. Em seu primeiro livro, intitulado Aerobics (1968), Dr. Cooper pregava a prática da corrida como preocupação com a forma física, pela busca da qualidade de vida, lazer ou simplesmente para acompanhar amigos corredores. Esse primeiro livro tornou-se um marco na vida dos corredores da época, de modo que houve diversos relatos de melhoria no desempenho. As publicações não pararam. Veja alguns dos principais livros do Dr. Cooper. Aerobics (1968) Run for Your Life: Aerobic Conditioning for Your Heart (1974) The Aerobics Way: New Data on the World's Most Popular Exercise Program (1978) The New Aerobics (1979) Aerobics for Women (1982) The Aerobics Program for Total Well-being: Exercise, Diet, Emotional Balance (1982, 1983) Cooper desafiou as pessoas a mudarem seu estilo de vida para combater a obesidade, as doenças coronarianas e o estresse. Cada vez mais pessoas passaram a praticar o cooper, nome dado, na época, para quem fosse realizar uma corrida. Dessa forma, as produções do Dr. Cooper incentivaram muitas pessoas a praticarem a corrida e se tornou um marco na evolução das corridas de longas distâncias. Aos poucos, suas ideias se concretizaram e as pessoas começaram a perceber a melhora do condicionamento físico. Consequentemente, houve aumento significativo no número de corridas de rua e de participantes em todo o mundo, inclusive, no Brasil. SAIBA MAIS Em nosso país, os dois primeiros livros do Dr. Cooper traduzidos foram: Capacidade Aeróbica (1970) e Aptidão Física em qualquer idade: Método Cooper (1972). Muitos outros foram publicados ao longo da década de 1970-80. Toda essa produção desencadeou no Brasil o primeiro jogging boom. É importante salientar que, antes do aumento significativo do número de corredores e de corridas - em sua maioria incentivados pelos métodos preconizados pelo Dr. Cooper -, já se organizavam corridas de rua no Brasil. As provas mais antigas são a clássica São Silvestre, que acontece desde 1925, e a Corrida da Fogueira, atualmente, chamada de Corrida de São João, realizada desde 1929. Um dos eventos que desencadeou o primeiro jogging boom no Brasil foi a criação da primeira maratona em 1979, a Clássica Maratona do Rio, com seu belo percurso pela orla da cidade do Rio de Janeiro. Essa prova é conhecida como uma das maratonas mais belas do mundo. O aumento de praticantes e de provas aconteceu no Brasil, principalmente, na década de 1980. Esse movimento passou por um período de estagnação e regrediu no final da década de 1990. No entanto, retornou com toda a força ao longo do ano 2000, podendo-se apontar que, no Brasil, houve um segundo jogging boom, com as corridas tomando as ruas de todo o país. Esse período é caracterizado pelo aumento expressivo de corredores, provocando aumento do número de provas para atender às necessidades de seus praticantes, ávidos consumidores por produtos específicos da corrida, tais como: livros, revistas (que já somam 7, sendo que uma é específica para mulheres, a WRun), tênis, vestimentas, alimentos, circuitos de corrida e outros produtos. VALE DESTACAR QUE, NESSE MOMENTO, HOUVE UM CRESCIMENTO SIGNIFICATIVO DO PÚBLICO FEMININO. COM AS ATLETAS INVADINDO AS RUAS, TORNOU-SE URGENTE ORGANIZAR PROVAS PARA ESSE PÚBLICO EM ESPECÍFICO. NÃO SE IMAGINAVA QUE ESSE MOMENTO CHEGARIA, UMA VEZ QUE O ATLETISMO POR MUITO TEMPO TEVE SUA PRÁTICA VOLTADA APENAS PARA O SEXO MASCULINO – MOMENTO EM QUE SE ACREDITAVA QUE AS MULHERES NÃO TINHAM CONDIÇÕES FÍSICAS DE REALIZAREM DISCIPLINAS ATLÉTICAS. O QUE SE OBSERVA É QUE, DIANTE DA FACILIDADE PARA A PRÁTICA DA CORRIDA, ASSIM COMO SEU BAIXO CUSTO, A CORRIDA DE RUA TEM ATRAÍDO MILHARES DE ADEPTOS E SE TORNOU UMA DAS PRÁTICAS ESPORTIVAS MAIS DEMOCRÁTICAS EM TODO O MUNDO. Muito estudos foram realizados desde que o Dr. Cooper iniciou suas publicações. Dentre os vários pontos motivadores, podemos citar os benefícios fisiológicos alcançados com a prática de corrida regular, tais como: maior eficiência cardiovascular através de uma frequência cardíaca de repouso mais baixa e um maior volume de ejeção, melhora dos processos homeostáticos do organismo, estabilidade da pressão arterial em níveis ótimos para manutenção da saúde, redução dos níveis de tecido adiposo, vascularização cerebral mais eficiente, fortalecimento dos ossos prevenindo a osteoporose, além de tornar o sono mais agradável, diminuindo a ansiedade, entre outros benefícios (POWERS; HOWLEY, 2006). RECOMENDAÇÃO Recomenda-se a prática da corrida de 3 a 5 vezes por semana para se obter os ganhos fisiológicos de sua prática (ACSM, 2018). Essa regularidade reduz substancialmente os riscos cardiovasculares, câncer de colón, diabetes e diminui os sintomas de ansiedade e depressão (NOAKES, 2003). Praticada por muitos atletas amadores e profissionais em todo o mundo, a corrida de rua vem ganhando grande importância dentro do campo esportivo brasileiro. No Brasil, recebe a denominação de corrida de rua e, no inglês, road running ou road races. No livro de regras, PARTE VII, regra 240 (Regra técnica 55 – RT 55.1), podemos observar que: AS CORRIDAS SERÃO REALIZADAS EM RUAS PAVIMENTADAS. ENTRETANTO, QUANDO O TRÁFEGO OU CIRCUNSTÂNCIAS SIMILARES O TORNAM IMPRATICÁVEIS, O PERCURSO, DEVIDAMENTE MARCADO, PODE SER FEITO EM PISTA DE BICICLETA OU DE PEDESTRE, AO LONGO DA RUA, MAS NÃO SOBRE TERRENO MACIO COMO GRAMADO OU SIMILAR. A LARGADA E A CHEGADA PODEM SER NO ESTÁDIO. (CBAt, 2020, p. 4) Na figura a seguir, podem ser visualizadas todas as distâncias oficiais para as quais a Word Athletics (WA) estabelece os recordes mundiais masculinos e femininos. Contudo, dessas provas, a única disputada nos Jogos Olímpicos é a clássica maratona (42.195m) . Imagem: Geovana Alves Coiceiro (2021) Corridas de Rua. Mesmo com a maratona sendo a única corrida de rua em Jogos Olímpicos, as outras distâncias são amplamente vivenciadas em todo o mundo. Muitos organizadores realizam várias distâncias em um único evento para que mais pessoas possam participar. EXEMPLO A maratona do Rio de Janeiro, que se tornou o maior evento de corrida de rua da América Latina, em 2019, reuniu aproximadamente 39 mil corredores distribuídos nas distâncias: 5km, 10km, meia-maratona, maratona e corrida infantil. SIMPLESMENTE FANTÁSTICO! NO ENTANTO, O MERCADO BRASILEIRO AINDA PODE CRESCER MUITO MAIS EM COMPARAÇÃO COM OUTROS PAÍSES. A MARATONA DE NOVA IORQUE REÚNE 50 MIL CORREDORES, JÁ A MARATONA DE BERLIM CONGREGA MAIS DE 40 MIL EM UM PERCURSO QUE É PALCO DOS 7 ÚLTIMOS RECORDES MUNDIAIS. OS NÚMEROS SÃO IMPRESSIONANTES EM TODO O MUNDO. SAIBA MAIS O que presenciamos nas últimas décadas é que a distância da maratona vem sendo desmitificada gradativamente, uma vez que era tida como a prova mais difícil do atletismo. Assim, houve a necessidade de aumentar o desafio, culminando no crescimento de uma outra disputa atlética de corrida: as emblemáticas ultramaratonas. ULTRAMARATONA A ultramaratona é uma prova de ultra resistência de corrida, cuja distância excede os 42.195 metros da maratona, e pode variar de acordo com uma determinada quilometragem ou um limite de tempo. As distâncias mais comuns a serem percorridas são 50km, 100km, 50 milhas (Uma milha = 1,6km) , 100 milhas, 135 milhas, 200 milhas. Quanto àquelas que são disputadas por tempo, existem as provas de 6, 12, 24, 48 horas. A ultramaratona pode ser organizada na forma de eventos multiday (disputados em vários dias) , nos quais os atletas devem percorrer uma determinada quilometragem por dia e o tempo percorrido se acumula, vencendo a atleta que percorrer a distância final no melhor tempo, ou a maior distância em um tempo determinado. A ultramaratona pode ser realizada nos mesmos locais que as corridas de longa distância, como a pista de atletismo, os bosques e as ruas da cidade. O interessante é ressaltar a atração por locais onde as condições ambientais são muito ou totalmente desfavoráveis à prática da corrida: calor de 60° C, frio abaixo de 0° C, altitude acima de 3.000 metros, aclive, declive, são alguns exemplos que qualificam essas provas como de extrema resistência. ATENÇÃO Pode-se dizer que estamos diante de um contrassenso, de uma incoerência, ou mesmo diante de um absurdo. Isso porque, se já não bastasse correr por muitos quilômetros, horas, dias, esses atletas também se submetem a condições sub-humanas. A ORIGEM DA ULTRAMARATONA É A MESMA DA MARATONA, OU SEJA, A INSPIRAÇÃO SÃO OS HOMERODROMOIS. Para Fixx (1980), a origem das corridas de longa e de ultradistância se deu na Grécia Antiga, onde os soldados eram utilizados como mensageiros de guerra, percorrendo distâncias que poderiam chegar a 500km. Os hemerodromois eram treinados para cobrir rotineiramente distâncias impressionantes para levar mensagens. Noakes (2003) cita alguns pioneiros e suas respectivas façanhas no que tange às corridas de ultradistância. O britânico Capitão Barclay, em 1806, percorreu 160km em 19 horas; no ano seguinte, correu 1 milha em cada hora durante 1.000 horas (41 dias e 16 horas), recebendo a premiação de 16.000 libras esterlinas. O americano Edward Payson Weston é outro pioneiro nesse tipo de competição: Em 1861, correu a distância de 713km que separa as cidades de Boston e Washington-DC, para assistir à solenidade de posse do Presidente Lincoln. Em 1867, percorreu 2.135km entre Portland e Maine. Em seguida, estabeleceu comosua próxima meta ultrapassar os 800km em 6 dias ou 144 horas. Conseguiu tal feito em sua terceira tentativa e recebeu como prêmio um belo relógio de ouro e o título de Campeão Pedestre do Mundo. No ano seguinte, Weston foi desafiado e vencido por Daniel O’Leary, que correu 800,4km contra 720km do desafiado. Os dois corredores continuaram dominando o cenário das corridas de ultradistância até que, em 1877, foi oficializado o Campeonato Mundial de Pedestrianismo e instituído o Cinturão de Ouro Astley para o campeão. Essa competição chegou a ser disputada até três vezes no mesmo ano, com premiações altíssimas, que decorriam de uma bolsa de apostas. SAIBA MAIS Noakes (2003) refere-se a uma dessas provas, no Madison Square Garden, em que o atleta Daniel O’Leary participou e recebeu um prêmio de US$ 60.000. As corridas de ultramaratona passaram por um período de esquecimento, do final do século XIX até a década de 1970, quando voltaram a ser disputadas. Esse período de esquecimento pode estar relacionado ao surgimento de uma outra prova do atletismo, que, como visto, aconteceu pela primeira vez em 1896: a maratona. Essa modalidade passa a receber atenção especial dos atletas e do público, tornando-se uma das provas mais esperadas dos Jogos Olímpicos. Após a sua primeira realização, muitas cidades criaram sua própria maratona. Para Segalen (2002), Coiceiro e Costa (2005), há nesse fenômeno uma questão etnográfica importante, tornando-se uma questão pública e de construção de identidade. Desse modo, as principais capitais e cidades do mundo têm hoje uma corrida de maratona. Essas provas ganharam vulto, acontecendo de forma independente de uma competição de atletismo e passando a movimentar milhares de pessoas - 30, 40, 50 mil participantes, ou mesmo 80 mil no caso da maratona de Barcelona. A MARATONA PASSA ENTÃO A DESFRUTAR DE UMA POSIÇÃO PRIVILEGIADA DENTRO DAS CORRIDAS DE LONGA DISTÂNCIA, PRIVILÉGIO ESTE QUE DURA ATÉ OS DIAS DE HOJE. SAIBA MAIS Outras provas de longa distância foram criadas ao longo do século XX, como as corridas de 5km, 10km, 10 milhas (16.090 m) e a meia-maratona (21.097m), que também são disputadas por milhares de pessoas. No entanto, a maratona é a que mais fascina um corredor: se ele já correu, não consegue mais parar de correr; se ainda não correu, vai desejar, programar, treinar para que um dia o seu sonho se concretize. Muitos atletas ao relatarem essas conquistas referem-se a algo mágico, ao fato de agora estarem em outro patamar, ou seja, junto aos que conseguiram completar uma maratona. É fascinante conversar com essas pessoas. Podemos dizer que a maratona estabelece um ritual de passagem para esses atletas, do corredor de distância de 5, 10, 16 e 21km para o corredor de 42.195 metros. É uma transição bastante dolorosa, mas, ao final do percurso, ao cruzar a linha de chegada, esses atletas são tomados de muita euforia e explodem de felicidade. Nesse momento, todo o cansaço que alguns minutos atrás o seu corpo acusava apelando à consciência para que ele cedesse à sua dor, que declinasse de seus propósitos e que encerrasse esses momentos de tamanho tormento, dão lugar a um novo homem, renovado em sua plenitude (COICEIRO; COSTA, 2005). Diante do cenário que a história da maratona criou, a ultramaratona perdeu sua popularidade e sua prática descontinuada persistiu até os anos 1970, quando ressurge com novas provas. Dessa vez, o objetivo é mais amador e a maioria das pessoas acabava o percurso pelo puro prazer de completar o desafio. Foi dessa forma que as mais emblemáticas provas de ultra resistência que conhecemos hoje (re) surgiram. Vamos conhecê-las? A ultramaratona do Vale da Morte (Badwater Ultramarathon) teve como pioneiro Al Arnold. Para ele, o Vale da Morte tinha que ser vencido, esta era sua condição de existência. Após várias tentativas, em 1974, sofreu uma severa desidratação, pois a temperatura atingiu 59ºC; em 1975, teve problemas no joelho, mas, em 1977, ele desafiou o deserto e percorreu as suas 135 milhas (215km) em 80 horas. Arnold nunca mais voltou a correr esse percurso, mas deixou seu feito na história das ultramaratonas, que recomeçava a ser escrita. Em 1987, essa prova se tornou oficial. A Spartathlon surgiu do mesmo fato histórico que deu origem à maratona, mas com relação ao dia anterior, quando Pheidippides correu 250km até Esparta para pedir reforços. Essa prova é disputada desde 1983 e seu percurso tem 246km, correspondendo à distância que vai de Atenas a Esparta. Por ter um forte apelo emocional devido à sua história, essa ultramaratona é uma das mais cobiçadas pelos principais corredores do mundo. Poderíamos citar muitas outras provas, entre elas a 4 Deserts, composta por quatro provas disputadas em locais inóspitos, tais como a Gobi March, na China; a Sahara Race, no Egito; The Last Desert, na Antártica e Atacama Crossing, no Chile. Cada uma dessas quatro provas tem um percurso de 150 milhas (250 quilômetros) e a temperatura dos diferentes locais varia nos extremos, ou seja, perto dos 40°C e abaixo de zero. Na prova Atacama Crossing, em um mesmo dia, os atletas são submetidos a 40°C durante o dia e 5°C a 15°C negativos no pôr do sol. A Marathon des Sables tem seus 240km atravessando o deserto do Saara. O Pico Subida de Veleta, na Espanha, com 50km de subida, sem partes planas, tem fama de ser muito difícil por suas mudanças bruscas de temperatura e pelo nível de inclinação da subida. COMENTÁRIO O surpreendente é que, desde o seu ressurgimento até os dias atuais, verificamos uma mudança na concepção da prática dessas corridas, declara o brasileiro Luciano Prado, referindo-se às ultramaratonas: “Não é corrida para loucos. É para poucos” (RODINI, 2006). Se formos enveredar por essa declaração, podemos entender que aquilo que os atletas desejam é a imortalidade, é atingir o local dos intocáveis, dos feitos inéditos. Será que eles se consideram “ultra-humanos”? Se nos reportarmos às condições ambientais e climáticas nas quais essas corridas são realizadas, verificamos que esses atletas não só buscam um percurso plano na pista de atletismo ou pelas ruas da cidade; eles querem calor de 60°C, ou mesmo frio de 0°C. Como se já não bastasse o fator temperatura, o percurso tem subidas que podem, em menos de 5km, sair do nível do mar e chegar a 3.000 metros de altitude, correr na terra, na areia, na lama. Onde podemos encontrar, sob essas circunstâncias, o prazer desses atletas? O que move esses competidores? (COICEIRO, 2007). ATENÇÃO Vale destacar que, para participar de muitas dessas provas de ultramaratona, é necessário avaliação pela organização da prova, do currículo do atleta e, assim, estará aprovado para correr. No Brasil, há o registro oficial das primeiras ultramaratonas. Passe o mouse nas imagens. Objeto com interação. Dentre as primeiras ultramaratonas, podemos citar a Ultramaratona Internacional de 24 horas Memorial-Wembley, em Santos/SP, que aconteceu em 1994. Essa prova contou com a participação de 32 corredores, sendo 30 homens e duas mulheres; desse total, 11 eram estrangeiros (10 homens e uma mulher). Os vencedores foram o russo Constantin Santalov, que correu 238km, e a brasileira Maria Teresa Rodrigues, que correu 182km. Foto: Shutterstock.com Outra prova, a Ultramaratona beneficente de 24 e de 48 horas, na pista de Atletismo da Unisinos, em São Leopoldo/RS em 1998, contou com a participação de 33 atletas, sendo 25 homens e oito mulheres. Os vencedores na prova de 24 horas foram os brasileiros Sergio Cordeiro e Eliana Alves Fernandes, que correram respectivamente 182,450km e 132,810km; já na prova de 48 horas, os vencedores foram Jorge Alejandro Quiteros e Graziela Inês Pence que correram respectivamente 273,5km e 181,690km. Foto: Shutterstock.com Dentre as primeiras ultramaratonas, podemos citar a Ultramaratona Internacional de 24 horas Memorial-Wembley, em Santos/SP, que aconteceu em 1994. Essa prova contou com a participação de 32 corredores,sendo 30 homens e duas mulheres; desse total, 11 eram estrangeiros (10 homens e uma mulher). Os vencedores foram o russo Constantin Santalov, que correu 238km, e a brasileira Maria Teresa Rodrigues, que correu 182km. Foto: Shutterstock.com Outra prova, a Ultramaratona beneficente de 24 e de 48 horas, na pista de Atletismo da Unisinos, em São Leopoldo/RS em 1998, contou com a participação de 33 atletas, sendo 25 homens e oito mulheres. Os vencedores na prova de 24 horas foram os brasileiros Sergio Cordeiro e Eliana Alves Fernandes, que correram respectivamente 182,450km e 132,810km; já na prova de 48 horas, os vencedores foram Jorge Alejandro Quiteros e Graziela Inês Pence que correram respectivamente 273,5km e 181,690km. Foto: Shutterstock.com Também podemos citar as seguintes ultramaratonas: • O I Campeonato Brasileiro de 24 Horas em Pista • O Desafio Praias e Trilhas e o Revezamento Volta à Ilha (ambos em Florianópolis) • A Ultramaratona Corrotododia (de 6, 12 e 24 horas, em Curitiba) • A Super Maratona Cidade do Rio Grande • A Jungle Marathon • A Brazil 135 milhas, que faz parte da Copa de Mundo de Corridas de 135 milhas (BAD135 World Cup) • UAI Ultra dos Anjos • Circuito Indomit TÉCNICA DE CORRIDA Uma boa técnica de corrida vai depender da capacidade do praticante de corrida, seja ele profissional ou amador, em combinar o movimento dos braços com o das pernas, mantendo o tronco estabilizado, formado um todo suavemente coordenado (HAY, 2020). A fase de apoio do pé pode ser de retropé, mediopé e ponta do pé e está diretamente relacionada com a técnica e o ritmo da corrida que será imposto. Ao correr de forma descontraída e em baixa intensidade, é natural tocar o solo com o calcanhar primeiro, mas, para impor uma velocidade máxima, naturalmente, utiliza-se a ponta dos pés. E CORRER ATERRISSANDO COM O MEDIOPÉ? É NOVIDADE PARA VOCÊ? VOCÊ SABIA Normalmente, essa técnica de pisada é utilizada por corredores que precisam manter uma velocidade média por alguns minutos, ou mesmo horas, como é o caso dos corredores de elite. O movimento das pernas é cíclico, cada pé alternadamente toca o solo, passa por baixo e por trás do corpo e, em seguida, deixa o solo para mover para frente, pronto novamente para o toque seguinte no solo. Este ciclo, segundo Hay (2020), é dividido em três partes: Imagem: Shutterstock.com FASE DE APOIO Começa com o pé tocando o solo e termina, quando o centro de gravidade do atleta o ultrapassa. Imagem: Shutterstock.com FASE DE PROPULSÃO Começa quando a fase de apoio termina e vai até o pé deixar o solo. Imagem: Shutterstock.com FASE DE RECUPERAÇÃO Começa quando o pé está fora do solo e vai sendo levado à frente, preparando-se para tocar novamente o solo. Essa fase é também conhecida como fase aérea ou de voo, pois os dois pés ficam fora do solo. Imagem: shutterstock.com, Adaptado por Geovana Alves Coiceiro Cantuaria e Livia Naylor Técnica de corrida. TÉCNICA DE PISADA Imagem: Shutterstock.com Retropé: Tocando o solo primeiro com o calcanhar. Imagem: Shutterstock.com Mediopé: Tocando o solo primeiro com o meio do pé (região formada pelos ossos navicular, cuboide e cuneiformes medial, intermédio e lateral). Imagem: Shutterstock.com Ponta do pé: Tocando o solo com a p do pé (região dos metatarsos e falange Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal TIPOS DE PISADA A pisada é diferente para cada pessoa e ela será determinada por características anatômicas, flexibilidade nas articulações, tipos de pé (plano, cavo e normal) e tipos de joelho (normal, varo e valgo) . Basicamente, temos três tipos de pisada: Imagem: Shutterstock.com Tipos de pisada. PISADA PRONADA Começa com a borda lateral do calcanhar, mas o pé faz uma rotação para sua borda medial para, em seguida, o impulso ser realizado com o hálux. PISADA NEUTRA Começa no calcanhar (levemente pela parte lateral) e desloca o pé levemente para dentro. O impulso é feito com a parte do centro do pé. É a pisada mais comum e a melhor para corredores, pois distribui de forma mais equilibrada o peso do corpo. PISADA SUPINADA Começa no calcanhar e termina no dedo mínimo, ou seja, o impulso é realizado com a borda lateral do pé. Acabamos de aprender sobre os princípios da técnica de corrida. Agora, vamos entender a importância do tênis correto para cada tipo de pisada e terreno, pois, atualmente, existem vários tipos de tênis para todos os tipos de gosto. Não só tênis, mas também a vestimenta e todos os apetrechos necessários para se proteger do sol, hidratar, dentre outros. Dados do SEBRAE indicam que o mercado das corridas de rua movimenta 3,1 bilhões de reais em um cenário com 4 milhões de corredores. Ou seja, existe todo um trabalho de marketing para promover a produção e o consumo de produtos relacionados à corrida. Contudo, faz-se necessário orientar os praticantes, principalmente, para uma ideia que se constituiu de que tudo que mais caro é melhor, e isso não é verdade. Se fosse, o atletismo deixaria de ser um esporte democrático e de massa. TÊNIS DE CORRIDA Todo praticante de corrida e caminhada precisa se preocupar com o uso correto do tênis. A corrida é constituída basicamente de uma sucessão de saltos que se acumulam ao longo dos quilômetros percorridos e que geram uma sobrecarga que pode ocasionar diversos tipos de lesões. DICA Com orientação e planejamento de um profissional de educação física, o risco de lesões diminui. As lesões ocorrem por fatores intrínsecos, como o excesso de massa corporal, a falta de flexibilidade nas articulações dos membros inferiores, dentre outros fatores. No entanto, é preciso salientar que as lesões por sobrecarga também podem ser provocadas por fatores extrínsecos, dentre eles, a técnica da corrida e a força de reação do solo. O contato do pé no piso produz forças verticais de reação. É nessa hora que entra em ação o tênis adequado para dar um suporte funcional ao pé, evitando movimentos rotacionais e as forças nocivas excessivamente. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Podemos dizer que os principais objetivos de usar o tênis é prevenir lesões, melhorar o rendimento e reduzir a sobrecarga no corpo. Para isso, a indústria dos calçados utiliza muita tecnologia, a fim de produzir diferentes entressolas em: gel, EVA (Acetato Vinil Etileno) , poliuretano, Zoom Air, FlyEasy, FlyKnit, SpevaFoam, FreshFoam, dentre outros. VOCÊ DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO: QUAL O MOTIVO DE TANTOS TIPOS DE ENTRESSOLA? RESPOSTA Para atender aos diferentes treinos e pisos, tais como treinos rápidos ou treinos longos; de baixa, média ou alta velocidade; em trilha, pista de atletismo, chão batido ou na grama. Vale destacar que a cada treino o material utilizado na entressola sofre uma pressão. Portanto, recomenda-se pelo menos 24 horas para recuperar. Isso significa a necessidade de mais de um tênis se a prática de corrida se dá em dias consecutivos dentro de uma mesma semana. Outro ponto importante é a durabilidade dos tênis, com a indicação entre 500km e 800km percorridos. Essa diferença é tão expressiva pelo fato de ser a qualidade do material que determina se a entressola deforma mais rápido ou não. Basicamente, os tênis de corrida podem ser divididos de acordo com os objetivos de cada praticante, pois existem modelos específicos para competição, estabilidade, trilha, amortecimento ou controle de movimento. Foto: Shutterstock.com PERFORMANCE: Usado para os dias de treinos de intensidade, como os intervalados e nos dias de competição. Podemos incluir os responsivos, com solas que promovem uma resposta rápida quando toca o solo. Foto: Shutterstock.com ESTABILIDADE: É um dos tênis mais vendidos, pois se adequa aos corredores de pisada neutra, levemente supinada e levemente pronada. Nessa categoria, também existem alguns modelos responsivos. Foto: Shutterstock.com CONTROLE DO MOVIMENTO: Indicado para os pronadores excessivos.São mais rígidos e pesados Foto: Shutterstock.com AMORTECIMENTO: Indicado para supinadores moderados a severos. Foto: Shutterstock.com TRILHA: É um tênis com sola e entressola específica para terrenos acidentados, arenosos, montanhosos, grama, cascalho, chão batido. Essa questão do tênis gerou uma grande polêmica quando em 2019 o queniano Eluide Kipchoge quebrou o recorde mundial da maratona, correndo a distância em 1:59:40 na cidade de Viena. Contudo, o recorde não foi reconhecido pela Word Athletics (WA), pois a corrida não foi realizada dentro das regras para corrida de rua da WA. Um dos pontos polêmicos foi o tênis que Kipchoge usou, um protótipo Nike Vaporfly, o AlphaFlay. O recorde mundial da maratona feminina, que já durava 16 anos, foi batido pela queniana Brigid Kosgei, com o Nike ZoomX Vaporfly Next%. Outro dessa linha e que já está disponível no mercado nacional é o modelo Nike Air Zoom Tempo Next%. A entressola é muito responsiva, deixando o tempo de voo da passada maior. Contudo, o seu custo não é nada animador. SAIBA MAIS A WA preocupada com as vantagens que os atletas estão levando com a tecnologia dos calçados, convocou vários especialistas e elaborou regras para os calçados que estão liberados para a homologação de recordes. TÉCNICA DA CORRIDA DE RUA A especialista Geovana Alves Coiceiro Cantuaria fará um resumo do módulo e demonstrando com detalhes a técnica correta da corrida de rua, diferenciando os tipos de pisadas e como estas repercutem no treinamento. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DE ACORDO COM O MOVIMENTO DE EVOLUÇÃO DAS CORRIDAS DE RUA, HOUVE UM MOMENTO QUE MARCOU E REVOLUCIONOU A FORMA COMO OS TREINAMENTOS DE CORRIDA ACONTECIAM. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTA ESSE MOMENTO. A) Quando as corridas de rua foram para as trilhas. B) Através das corridas na montanha. C) A partir do surgimento das maratonas. D) Pelas pesquisas e publicações de Kenneth H. Cooper. E) Com a participação dos quenianos nas corridas de rua. 2. UMA BOA TÉCNICA DE CORRIDA REPRESENTA UMA ÓTIMA COMBINAÇÃO DO MOVIMENTO DOS BRAÇOS COM O DAS PERNAS, MANTENDO O TRONCO ESTABILIZADO, COM OS OLHOS FIXOS NA LINHA DO HORIZONTE FORMADO UM TODO SUAVEMENTE COORDENADO. ASSINALE A OPÇÃO QUE CORRESPONDE ÀS FASES DO MOVIMENTO CÍCLICO DA CORRIDA. A) Fase de apoio, fase de duplo apoio e fase de propulsão B) Fase de apoio, fase de propulsão e fase de recuperação C) Fase de duplo apoio, fase de apoio e fase de recuperação D) Fase de duplo apoio, fase de propulsão e fase de recuperação E) Fase de apoio, fase de duplo apoio e fase de recuperação GABARITO 1. De acordo com o movimento de evolução das corridas de rua, houve um momento que marcou e revolucionou a forma como os treinamentos de corrida aconteciam. Assinale a alternativa que representa esse momento. A alternativa "D " está correta. O trabalho do Dr. Cooper foi um marco no treinamento das corridas de longa distância em todo o mundo. Seus diversos livros publicados tinham como principal objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas através do treinamento aeróbico e potencializou a prática de corrida de rua no mundo. 2. Uma boa técnica de corrida representa uma ótima combinação do movimento dos braços com o das pernas, mantendo o tronco estabilizado, com os olhos fixos na linha do horizonte formado um todo suavemente coordenado. Assinale a opção que corresponde às fases do movimento cíclico da corrida. A alternativa "B " está correta. Para uma boa técnica de corrida, é necessário que as passadas dos corredores passem por três etapas: a fase de apoio quando o pé toca o solo, a fase de propulsão quando o atleta projeta seu corpo para frente e a fase de recuperação quando os dois pés saem do chão. Ao contrário dos velocistas que elevam muito o joelho, os corredores de longa distância devem manter os joelhos levemente flexionados, mas é importante elevar o calcanhar na direção aos glúteos. MÓDULO 2 Distinguir a técnica da marcha atlética das técnicas de caminhada e corrida, suas regras e penalidades MARCHA ATLÉTICA A marcha atlética é uma progressão de passos, executados de tal modo que o marchador deverá manter contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer (a olho nu) a perda do contato com ele. A perna que avança deve estar estendida (não flexionada) desde o momento do primeiro contato com o solo até a posição ereta vertical. Foto: Shutterstock.com Atletas de marcha atlética na prova de 20km nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. A origem da marcha atlética está entre os séculos XVII e XVIII, na Inglaterra, com os famosos footman, homens que cobriam grandes distâncias andando. Contudo, a forma como a prova é disputada hoje está relacionada com o americano Edward Payson Wetson, que gostava de realizar longas caminhadas a pé. Como comentamos no primeiro módulo, seu primeiro feito aconteceu em 1961, quando tinha 22 anos, ao percorrer 453 milhas (mais de 728 km) de Boston a Washington para ver a posse do presidente Abraham Lincoln. Em 1867, percorreu, em 26 dias, de Portland até Chicago, 1.200 milhas (mais de 1.930km). Esse feito lhe trouxe fama. Desde então, tornou-se um atleta profissional de caminhada. Arrastando multidões por onde passava. Seu último grande feito foi cruzar de Nova Iorque até São Francisco em comemoração aos seus 70 anos. Foram 3.898 milhas (mais de 6.271km) em 104 dias e 5 horas, mas o tempo total, incluindo as folgas e domingo, foi 122 dias. Tornou-se para o atletismo um grande exemplo de persistência e perseverança. A primeira participação da modalidade em Jogos Olímpicos foi em Londres, 1908. Com disputas masculinas de 3.500m e 10 milhas (16.090 m) e ambas vencidas pelo Britânico George Larner. A primeira participação feminina aconteceu somente nos Jogos Olímpicos Barcelona, em 1992, com a prova de 10.000m e a vitória foi da chinesa Chen Yueling. Essa é mais uma das provas que as mulheres ainda encontraram muito preconceito quanto sua prática. Foto: / Wikimedia commons Partida da prova de 3.500m Londres, 1908 A marcha atlética é disputada em distâncias oficiais na pista indoor: 3.000m e 5.000m; na pista outdoor: 5.000m, 10.000m e 20.000m; na rua: 10km, 20km e 50km. Nessas distâncias percorridas na rua, o circuito não deve ser maior que 2km ou menor que 1km (2km em Olimpíada). Essas provas não necessitam de blocos de partida para efetuarem a largada, uma vez que se realizam a saída alta. Os atletas devem obedecer a dois comandos: as suas marcas e a partida com o disparo da pistola eletrônica ou festim (CBAt, 2020). Imagem: Geovana Alves Coiceiro (2021) As provas de marcha atlética. TÉCNICA DA MARCHA ATLÉTICA Imagem: BALLESTEROS, 1992, p. 23. A técnica de execução da marcha atlética se tornou um movimento extenuante para seus praticantes, pois se afastou da sua origem, que era o movimento natural de caminhar. A sequência da marcha atlética é a seguinte: IMPULSÃO APOIO DUPLO APOIO TRAÇÃO Essa sequência vai exigir uma técnica difícil, contudo as regras são simples: 1. A perna que ataca o passo deve estar estendida (reta) desde o momento que o pé tocar o solo até sua passagem na vertical pelo quadril. 2. Um dos pés deve estar sempre em contato com o solo. Foto: Shutterstock.com A técnica da marcha atlética e os atletas em diferentes fases do movimento. ATENÇÃO Esses serão os dois principais erros cometidos pelos atletas ao longo das provas e que, muitas vezes, acaba levando à desqualificação, que ocorrerá quando a terceira advertência for impetrada. As advertências são sinalizadas com uma placa amarela indicando a irregularidade cometida. A desqualificação será indicada pelo árbitro chefe por uma placa vermelha. Os atletas que participam dessas provas são fundistas, mas com a especificidade da marcha atlética recebem o nome de marchadores. A aptidão física principal para essa prova é a resistência aeróbica (MULLER; RITZDORF, 2000; BALLESTEROS, 1992). MOVIMENTO DAS PERNAS Imagem: BALLESTEROS, 1992,p. 53. Impulsão (I): Quando o tronco ultrapassa a vertical do pé de apoio, dá-se início à fase de impulsão, realizando-se a rotação do pé‚ calcanhar-ponta, a rotação do quadril na direção da progressão e a movimentação dos membros superiores até a máxima amplitude. Duplo Apoio (DA): Fase de curta duração, em que ambos os pés estão em contato com o solo, coincidindo a última fase de impulsão (pé posterior), com a primeira fase de tração (pé anterior). Constitui a fase de maior amplitude da passada, da movimentação dos membros e do quadril. Tração (T): Ao acabar o duplo apoio, começa a fase de tração, realizada pelo membro inferior anterior, graças ao trabalho dos músculos glúteos e a quase inércia do centro de gravidade. Esta fase termina quando o tronco se encontra na vertical do pé de apoio. Apoio (A): Fase intermédia entre a tração e a impulsão, em que o quadril se encontra no mesmo plano que os ombros. MOVIMENTO DOS BRAÇOS Imagem: BALLESTEROS, 1992, p. 56. Os braços, juntamente com os ombros, têm o papel de equilibrar e coordenar as forças geradas pelas pernas e o quadril. A posição do tronco é na vertical com uma leve inclinação para frente. Os braços ficam na posição de 90°, mas cruzando na frente do corpo provocando um balanceio lateral com dispersão das forças desse sentido. A mão não deve ultrapassar a linha dos ombros (SANT, 1996). MOVIMENTO DO QUADRIL Imagem: BALLESTEROS, 1992, p. 56. O quadril exerce uma função dupla: 1) Manter o centro de gravidade na horizontal sem oscilações. 2) Fazer um movimento rotatório entre a perna que impulsiona e a perna que traciona (SANT, 1996). Para isso acontecer com eficiência, é necessária uma boa flexibilidade na articulação coxofemoral. PENALIZAÇÕES Um atleta pode ser advertido por qualquer um dos oito juízes (países diferentes), com uma placa amarela, quando a sua progressão estiver em risco de infringir: contato com o solo (perda de contato com o solo/suspensão); extensão da perna de apoio desde o primeiro contato com o solo até a posição vertical (flexão). Todos os árbitros devem agir individualmente e seus julgamentos devem ser baseados em observações feitas a olho nu. Usar imagens de vídeo em câmera lenta ou fotos não é permitido para o julgamento dos atletas. O árbitro-chefe é quem comanda e supervisiona todos os 8 árbitros, e somente ele utiliza a plaqueta vermelha. Não é ele quem desclassifica os atletas, ele apenas reúne as desclassificações dos outros árbitros e transmite para os atletas. PLACA AMARELA ADVERTÊNCIA • São apresentadas aos atletas e indica que o arbitro observou que o atleta não está marchando segundo as regras. • A indicação destas plaquetas não contribui para a desclassificação do atleta. • Cada árbitro pode mostrar ao atleta a plaqueta apenas uma vez por cada uma das infrações (perda de contato ou joelho flexionado). Foto: Shutterstock.com Imagem A: BALLESTEROS, 1992, p. 40. / Imagem B: ALVES, 2016, p. 40 / Imagem C: BALLESTEROS, 1992, p. 40. A. Ilustração de um atleta de marcha atlética com o joelho flexionado; B. A placa com o símbolo < indica joelho flexionado, e a placa com o símbolo ~ indica perda de contato com o solo; C. Ilustração da perda de contato com o solo de um atleta de marcha atlética. PLACA VERMELHA DESQUALIFICAÇÃO • A desclassificação ocorrerá quando um atleta for advertido pela terceira vez por três árbitros diferentes. • O atleta será notificado pelo árbitro-chefe ou pelo assistente do árbitro-chefe, mostrando-lhe a placa de cor vermelha. • Pode ser aplicada em qualquer parte do percurso. • Um placar de advertência deve ser colocado no percurso. Imagem: Alves, 2016, p. 40. Placa vermelha de desqualificação. Após observarmos todos os detalhes da técnica da corrida e da marcha atlética, vamos focar na caminhada, que também é conhecida como marcha. A caminhada é um ótimo exercício aeróbico para todas as idades e vem conquistando muitos adeptos em várias partes do mundo. Na caminhada, os praticantes desenvolvem uma velocidade média de até 8km/h, já na marcha atlética, um atleta de alto rendimento atinge entre 12 e 15km/h e, na corrida de longa duração, 23km/h. Essa variedade de ritmo é determinada pela principal diferença biomecânica entre essas práticas, a fase de voo da corrida, que a caminhada e a marcha atlética não possuem, pois nessas modalidades um dos pés está sempre em contato com o solo. CORRIDA Foto: Shutterstock.com MARCHA ATLÉTICA Foto: Shutterstock.com MARCHA (CAMINHADA) Foto: Shutterstock.com TÉCNICA DE MARCHA ATLÉTICA A especialista Geovana Alves Coiceiro Cantuaria demonstrará com detalhes a técnica correta da marcha atlética e suas penalizações. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A MARCHA ATLÉTICA CARACTERIZA-SE POR UMA PROGRESSÃO DE PASSOS, EXECUTADOS DE TAL MODO QUE O MARCHADOR SEMPRE DEVERÁ MANTER CONTATO CONTÍNUO COM O SOLO. ASSINALE A OPÇÃO QUE INDIQUE OS ERROS COMUNS COMETIDOS PELOS ATLETAS E QUE PODEM OS LEVAR À DESCLASSIFICAÇÃO. I. A PERDA DE CONTATO COM O SOLO. II. A PERNA QUE AVANÇA ESTÁ ESTENDIDA DO PRIMEIRO CONTATO COM O SOLO ATÉ A POSIÇÃO ERETA VERTICAL. III. MANTER OS DOIS PÉS EM CONTATO COM O SOLO. IV. PERNA QUE AVANÇA ESTÁ FLEXIONADA DO PRIMEIRO CONTATO COM O SOLO ATÉ A POSIÇÃO ERETA VERTICAL. V. MANTER UM DOS PÉS EM CONTATO COM O SOLO. A) Afirmativas I e IV estão corretas. B) Afirmativas III e V estão corretas. C) Afirmativas II e IV estão corretas. D) Afirmativas I e II estão corretas. E) Afirmativas III e IV estão corretas. 2. TENDO EM VISTA A TÉCNICA DA MARCHA ATLÉTICA E DA CORRIDA, SUAS VELOCIDADES DE EXECUÇÃO NÃO PODEM SER COMPARADAS DEVIDO A UMA DISTINÇÃO ENTRE ESSAS MODALIDADES. O PRINCIPAL FATOR QUE DETERMINA A MENOR VELOCIDADE OBTIDA NA MARCHA ATLÉTICA EM RELAÇÃO À CORRIDA É: A) O tipo de calçado utilizado em cada uma das diferentes modalidades. B) A fase de voo da corrida, que permite a perda de contato dos dois pés com o solo. C) O movimento dos braços que cruzam a linha média do corpo na marcha atlética. D) A menor distância a ser percorrida nas provas de marcha atlética. E) O movimento de quadril típico da marcha atlética. GABARITO 1. A marcha atlética caracteriza-se por uma progressão de passos, executados de tal modo que o marchador sempre deverá manter contato contínuo com o solo. Assinale a opção que indique os erros comuns cometidos pelos atletas e que podem os levar à desclassificação. I. A perda de contato com o solo. II. A perna que avança está estendida do primeiro contato com o solo até a posição ereta vertical. III. Manter os dois pés em contato com o solo. IV. Perna que avança está flexionada do primeiro contato com o solo até a posição ereta vertical. V. Manter um dos pés em contato com o solo. A alternativa "A " está correta. A técnica exigida para a realização da marcha atlética tornou essa prova difícil de ser praticada, pois modificou o padrão do movimento natural da caminhada (marcha). Uma dessas exigências é que, ao aterrissar no solo, a perna que ataca o passo deve estar estendida e permanecer assim até o quadril alinhar com o pé. Outra exigência, essa mais fácil, deve-se manter sempre um dos pés em contato com o solo. 2. Tendo em vista a técnica da marcha atlética e da corrida, suas velocidades de execução não podem ser comparadas devido a uma distinção entre essas modalidades. O principal fator que determina a menor velocidade obtida na marcha atlética em relação à corrida é: A alternativa "B " está correta. Na marcha atlética, um atleta de alto rendimento atinge entre 12 e 15km/h e, na corrida de longa duração, ocorrem picos de até 23km/h. Essa diferença se dá pela fase de voo que a marcha atlética não tem. MÓDULO 3 Distinguir as provas combinadas decatlo e heptatlo, suas regras, organização e normas gerais HISTÓRIA DAS PROVAS COMBINADAS As provas combinadas têm sua origem na Grécia Clássica nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. A primeira disputa oficial data de 708 a. C. e recebeu a denominaçãode pentathlon, uma combinação de duas palavras gregas pente (cinco) e athlon (competição) . Essa disputa era composta por cinco eventos, que começavam com o salto em distância e progrediam para o lançamento do dardo, o lançamento do disco, o stadium e o wrestling (luta) . Os pentatletas eram respeitados e considerados os mais habilidosos. Seus treinos eram utilizados na preparação física dos soldados, pois eram considerados úteis para a guerra. VERSÃO MODERNA MASCULINA Na versão moderna masculina, as provas combinadas foram introduzidas nos Jogos Olímpicos de Saint Louis, em 1904, com duas disputas: o all around championship (decatlo) com 10 provas e o triatlo, com três provas. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908, não houve a disputa das provas combinadas, mas retornou nos Jogos Olímpicos de Estocolmo em 1912 com duas provas, o decatlo e pentatlo. VERSÃO MODERNA FEMININA Já a versão feminina, foi incorporada aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, com a disputa do pentatlo. Ao longo do tempo, foram acrescentadas mais duas provas, os 800m e lançamento do dardo, fazendo surgir o heptatlo, que foi disputado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Imagem: Geovana Alves Coiceiro (2021) De acordo com a Regra 39 (Regra anterior 200) (CBAt, 2021), as competições de provas combinadas para homens sub-18, sub-20 e adulto são o pentatlo e o decatlo. PENTATLO O pentatlo é realizado em um único dia e é composto por cinco provas (Regra 39.1). SALTO EM DISTÂNCIA, LANÇAMENTO DO DARDO, 200M, LANÇAMENTO DO DISCO E 1.500M DECATLO O decatlo é realizado em dois dias e composto por 10 provas, que se organizam em dois períodos consecutivos de 24 horas, com 5 provas no primeiro dia e mais 5 no segundo (Regras 39.2). PRIMEIRO DIA: 100M, SALTO EM DISTÂNCIA, ARREMESSO DO PESO, SALTO EM ALTURA E 400M SEGUNDO DIA: 110M COM BARREIRAS, LANÇAMENTO DO DISCO, SALTO COM VARA, LANÇAMENTO DO DARDO E 1.500M Imagem: Shutterstock.com Provas do decatlo masculino. Já as competições de provas combinadas para mulheres sub-18, somente heptatlo (Regra 39.5), sub-20 e adulto são o heptatlo e o decatlo. HEPTATLO O heptatlo compreende sete provas a serem realizadas em dois períodos consecutivos de 24 horas (Regra 39.3). PRIMEIRO DIA: 100M COM BARREIRAS, SALTO EM ALTURA, ARREMESSO DO PESO E 200M SEGUNDO DIA: SALTO EM DISTÂNCIA, LANÇAMENTO DO DARDO E 800M RASOS DECATLO O decatlo é realizado em dois dias e composto por 10 provas, que se organizam em dois períodos consecutivos de 24 horas, com 5 provas no primeiro dia e mais 5 no segundo dia (Regra 39.4). PRIMEIRO DIA: 100M, LANÇAMENTO DO DISCO, SALTO COM VARA, LANÇAMENTO DO DARDO E 400M SEGUNDO DIA: 100M COM BARREIRAS, SALTO EM DISTÂNCIA, ARREMESSO DO PESO, SALTO EM ALTURA E 1.500M Imagem: Shutterstock.com Provas do decatlo feminino. NORMAS GERAIS DE FUNCIONAMENTO Sempre que possível, deverá haver um intervalo de 30 minutos entre o término de uma prova para o início da outra. É comum os atletas ocuparem esses 30 minutos se deslocando de um local de competição para outro e iniciando o aquecimento (Regras 39.6). Sempre que possível, o tempo que o atleta tem para descansar de um dia de competição para o outro deve ser de, no mínimo, 10 horas (Regras 39.6). Já falamos que o heptatlo e o decatlo ocorrem em dois dias seguidos, não sendo permitidas alterações no número de dias. Exceto em casos excepcionais, como problemas climáticos. A decisão em alterar os dias cabe aos delegados técnicos e/ou árbitros gerais. Caso se concretize a alteração, não poderão ser homologados recordes (Regras 39.6). Em cada prova separadamente, exceto a última, os atletas que vão competir devem ser organizados, pelo(s) delegado(s) técnico(s) ou o árbitro geral de provas combinadas, na mesma série ou grupo de forma que os atletas com resultados próximos fiquem juntos (Regras 39.7). Na última prova da competição, os 800m (heptatlo) e os 1500m (decatlo) as séries serão organizadas, de modo que, na última, fiquem os atletas que estejam liderando a competição após a penúltima prova (Regra 39.7). Conforme a Regra 39.8 (CBAt, 2021, p. 171), as regras de organização e funcionamento das provas individuais serão aplicadas nas disputas das provas combinadas, exceto: 39.8.1. NO SALTO EM DISTÂNCIA E EM CADA UMA DAS PROVAS DE ARREMESSO/LANÇAMENTOS, SERÃO PERMITIDAS SOMENTE 3 TENTATIVAS A CADA ATLETA. 39.8.2. NO CASO DE SISTEMA DE CRONOMETRAGEM TOTALMENTE AUTOMÁTICO E DE PHOTO FINISH NÃO ESTAR DISPONÍVEL, O TEMPO DE CADA ATLETA SERÁ TOMADO POR TRÊS CRONOMETRISTAS INDEPENDENTES. 39.8.3. EM PROVAS DE PISTA, SERÁ PERMITIDA SOMENTE UMA SAÍDA FALSA SEM A DESQUALIFICAÇÃO DO(S) ATLETA(S) RESPONSÁVEL(EIS) PELA SAÍDA FALSA. QUALQUER ATLETA(S) RESPONSÁVEL(EIS) POR SAÍDAS FALSAS SUBSEQUENTES NA CORRIDA SERÁ(ÃO) DESQUALIFICADO(S) PELO ÁRBITRO DE PARTIDA. 39.8.4. NOS SALTOS VERTICAIS, CADA ELEVAÇÃO DA BARRA SERÁ UNIFORMEMENTE DE 3 CM NO SALTO EM ALTURA E DE 10 CM NO SALTO COM VARA DURANTE TODA A COMPETIÇÃO. 39.8.5. AS POSIÇÕES DE SAÍDA E RAIAS PARA A ÚLTIMA PROVA DE UMA COMPETIÇÃO DE PROVAS COMBINADAS PODEM SER DETERMINADAS PELO(S) DELEGADO(S) TÉCNICO(S) OU PELO ÁRBITRO GERAL DE PROVAS COMBINADAS, CONFORME JULGAREM DESEJÁVEL. EM TODAS AS OUTRAS PROVAS, ELAS SERÃO SORTEADAS. Só será possível usar um sistema de cronometragem durante cada prova. Quer dizer que, se houver algum problema no funcionamento do Photo Finish, é a cronometragem manual que servirá para todos para gerar as pontuações (Regra 39.9). Se o atleta não realizar uma saída ou feito uma tentativa em uma prova, automaticamente será considerado abandono de competição e ele não poderá participar das provas seguintes (Regra 39.10). As provas combinadas têm uma tabela de pontuação que serão anunciadas a todos os atletas, separadas por prova e o total acumulado, após o término de cada prova. Os atletas devem ser classificados em ordem de acordo com o número total de pontos obtidos (Regra 39.11). Se, ao final da competição, dois ou mais atletas obtiverem o mesmo número de pontos, independente da colocação, deverá ser determinado um empate (Regra 39.13). NOS JOGOS OLÍMPICOS, É TRADIÇÃO AO FINAL DAS PROVAS COMBINADAS QUE TODOS OS ATLETAS, MESMO EXAUSTOS, SE REÚNAM, INDEPENDENTEMENTE DE RESULTADO, PARA REALIZAREM A VOLTA OLÍMPICA E CUMPRIMENTAREM O PÚBLICO. UM BELO ESPETÁCULO PROTAGONIZADOS POR ESSES SUPERATLETAS. Imagem Esquerda: Oleg Bkhambri (Voltmetro)/ Wikimedia commons / CC BY SA 3.0 unported | Imagem Direita: Bryan Allison/ Wikimedia commons Tradicional volta olímpica AS PROVAS COMBINADAS A especialista Geovana Alves Coiceiro Cantuaria vai diferenciar o pentatlo, heptatlo e o decatlo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OBSERVAMOS QUE AS PROVAS COMBINADAS SÃO UM GRANDE DESAFIO PARA SEUS PRATICANTES. SERÃO EXIGIDAS MUITAS HORAS DE TREINO DIÁRIO PARA SE CONSEGUIR OBTER A MELHOR TÉCNICA E O MELHOR CONDICIONAMENTO FÍSICO PARA A REALIZAÇÃO DE TODAS AS DISCIPLINAS. ASSINALE A OPÇÃO QUE INDIQUE QUAIS SÃO AS PROVAS COMBINADAS OLÍMPICAS FEMININA E MASCULINA RESPECTIVAMENTE. A) Decatlo e heptatlo B) Heptatlo e pentatlo C) Decatlo e pentatlo D) Pentatlo e heptatlo E) Heptatlo e decatlo 2. SOBRE A ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS PROVAS COMBINADAS, É NECESSÁRIO RESPEITAR O DESCANSO DOS ATLETAS DO PRIMEIRO PARA O SEGUNDO DIA. ASSINALE A OPÇÃO QUE INDIQUE ESSE TEMPO IDEAL. A) 8 horas B) 6 horas C) 10 horas D) 24 horas E) 12 horas GABARITO 1. Observamos que as provas combinadas são um grande desafio para seus praticantes. Serão exigidas muitas horas de treino diário para se conseguir obter a melhor técnica e o melhor condicionamento físico para a realização de todas as disciplinas. Assinale a opção que indique quais são as provas combinadas olímpicas feminina e masculina respectivamente. A alternativa "E " está correta. As provas combinadas do atletismo olímpico são respectivamente o heptatlo para as mulheres e o decatlo para os homens. Mesmo as mulheressendo permitidas em participar do decatlo, ainda não foi incluída essa disputa em olimpíada. 2. Sobre a organização e funcionamento das provas combinadas, é necessário respeitar o descanso dos atletas do primeiro para o segundo dia. Assinale a opção que indique esse tempo ideal. A alternativa "C " está correta. Vimos que os atletas terminam exaustos o primeiro dia de competição e o que eles mais precisam é descansar para retornar no dia seguinte para a realização das outras provas. A regra estabelece que o tempo ideal é de 10 horas. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos que as corridas de longa distância, mais especificamente, as corridas de rua, tornaram-se muito importantes dentro do campo esportivo. Praticadas por muitos atletas amadores e profissionais em todo o mundo, as corridas de longa duração podem ser praticadas em diferentes pisos, dentre outros: nas pistas de atletismo, nas ruas, nas esteiras, nos campos, nas montanhas e nas trilhas. Contudo, é nas ruas das cidades que ela vem se destacando enquanto principal espaço de prática, e não para de crescer no Brasil e no mundo. Sobre a marcha atlética, vimos que se trata de uma disciplina do atletismo que também vem ganhando destaque no cenário esportivo mundial. Com as exigências da regra em não retirar os dois pés do chão e não flexionar o joelho do membro que ataca o passo ao tocar o solo, vimos que a técnica da marcha atlética foge um pouco ao movimento natural da caminhada rotineira. Ressaltamos que o atletismo apresenta várias provas que encantam os espectadores por sua beleza, esforço e plasticidade. Os atletas mais completos do atletismo realizaram essas provas, sendo, portanto, capazes de correr, saltar, arremessar e lançar com habilidade. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ACSM. Guidelines for exercise testing and prescription. 10. ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams, Wilkins, 2018. ALVES, D. L. Estratégias de Ritmos e advertências técnicas na Copa Brasil de Marcha Atlética. 2016. Dissertação (Mestrado Acadêmico). Universidade Federal de Juiz de Fora, 2016. BALLESTEROS, J. M. Manual de entrenamento básico. London: IAAF, 1992. CBAt. Confederação Brasileira de Atletismo. Regras de Competições e Regras Técnicas. Edição 2020. Versão especial para o Brasil. In: CBAT. Consultado em meio eletrônico em: 05 mar. 2021. CBAt. Confederação Brasileira de Atletismo. Regras Oficiais de Competição da IAAF 2020. Edição Oficial para o Brasil. In: CBAT. Consultado em meio eletrônico em: 05 mar. 2021. COICERO, G. A. 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Assista ao vídeo do canal da rádio CBN: Decatlo, uma prova para superatletas Complemente seus estudos com a leitura da matéria da New Feel: Marcha atlética e corrida quais as diferenças. Para mais detalhes sobre a regra dos calçados de corrida, acesse o site da CBAt. CONTEUDISTA Geovana Alves Coiceiro Cantuaria CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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