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DIREITO DO TRABALHO Ione de Faria Belo 63UNIDADE 2 Da duração do trabalho; do salário mínimo; das férias; segurança e medicina do trabalho Disposição preliminar Dada a importância do tema em questão o mesmo foi sabiamente tratado pela Constituição Federal em seu artigo 7º, XIII, que traz: “duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”, prevendo ainda, que é direito do trabalhador a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (art. 7º, XXII). A importância da duração do trabalho é decorrência especialmente dos avanços da medicina laboral que tem demonstrado que o contato com certas substancia e ou permanência em determinados ambientes é prejudicial ao trabalhador. Tais estudos tem inferido que a redução da jornada em determinados ambiente é questão de saúde pública. Em outra MÓDULO 02 visão, as normas jurídicas concernentes à duração da jornada de trabalho não são normas estritamente econômicas, haja vista alcançar, em certos casos, o caráter determinante de normas de medicina e segurança do trabalho, portanto, normas de saúde pública (DELGADO, 2013). Assim, a duração normal do trabalho será de oito horas diárias, contudo, quem trabalha no serviço de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefonia, fica estabelecida para os respectivos operadores a duração máxima de seis horas contínuas de trabalho por dia ou 36 (trinta e seis) horas semanais. No caso dos bancários será de seis horas diárias ou trinta semanais. Assim, deverá sempre ser observada a lei e convenção coletiva para cada categoria de trabalhador. Classificação A jornada de trabalho normal prevista na legislação brasileira, como regra geral, é de oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, podendo, entretanto, ser dividida quanto à duração, ao período e à profissão. A jornada de trabalho pode ser classificada: Direito do Trabalho e Legislação Social 64 UNIDADE 2 • Quanto à sua duração: o tempo que o empregado está à disposição do empregador, a jornada normal de trabalho é de 08 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais; • Quanto ao período: pode ser diurna, noturna ou mista; • Quanto à condição pessoal do trabalhador: será jornada de mulheres, de menores, estagiários etc.; • Quanto à profissão: algumas profissões possuem jornadas de trabalho diferenciadas, como o caso dos bancários, cuja jornada de trabalho é de 06 (seis) horas diárias, os advogados empregados, que a carga horária é de 04 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, os médicos, cuja carga horária é no máximo de quatro horas diárias (Art. 8º, Lei 3.999/61), dentre outras. Jornada em tempo parcial Em 2017, a lei 13.467 alterou o artigo 58-A da Consolidação das Leis do trabalho, que passou a figurar com a seguinte redação: Assim hoje podemos sintetizar que existem duas hipóteses para o trabalho em regime de tempo parcial: 1) O trabalho cuja duração não ultrapasse trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanas 2) O trabalho cuja duração não ultrapasse vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. É oportuno esclarecer que nos casos de jornada parcial o salário será também parcial, ou seja, o salário será proporcional aos dos empregados que cumprem as mesmas funções em tempo integral. Outro fato é ser observado é que a manifestação deve ser na forma de opção , prevista em instrumento de negociação coletiva, sempre que a adoção deste regime envolver os atuais empregados. Horas extras O empregado poderá pactuar até duas horas extras diárias mediante acordo escrito entre empregado e empregador ou acordo coletivo de trabalho. Sendo a hora suplementar acrescida de 50% por disposição Constitucional. Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. 65UNIDADE 2 o Ocorrendo interrupção resultante de causas acidentais ou de força maior que impossibilite a realização do trabalho, a duração do trabalho poderá ser prorrogado por até duas horas diárias durante os dias indispensáveis à recuperação do tempo, em tempo não superior a quarenta e cinco dias por ano e desde que autorizados previamente pela autoridade competente. Contudo, poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho as horas excedentes em um dia for compensadas noutro. Temos como exemplos as empresas que trabalham de segunda a sexta e folga no sábado em domingo, assim, se existir um acordo coletivo ou se constar da convenção coletiva da categoria poderá trabalhar tantos minutos a mais de segunda a sexta e folgar no sábado. Ocorrendo necessidade imperiosa ou força maior o trabalho poderá ser prorrogado até o limite de 10 horas diárias e não haverá acréscimo sobre a hora normal, contudo, se superior a dez horas até o limite de 12 horas terá o acréscimo e também não se exige o acordo ou convenção coletiva, devendo, entretanto, ser comunicado a autoridade competente em matéria de trabalho no prazo de 10 dias. ou outra que eventualmente venha ser incluída por ato do Ministério do Trabalho quaisquer prorrogação de trabalho só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho. Dos períodos de descanso Prevê o artigo 66 da Consolidação traba- lhista que entre duas jornadas de trabalho haverá um descanso mínimo de onze horas consecutivas para o descanso. Assim, se um trabalhador trabalhar até as 22h00min de um dia não poderá iniciar seus traba- lhos no dia seguinte às 08h00min. Valendo ressaltar ainda, que em se tratando de norma de ordem pública não pode ser negociada coletivamente. Também, é assegurado ao trabalhador um descanso semanal de vinte e quatro horas consecutivas e que deve coincidir preferencialmente com os domingos por força do disposto no artigo 1º, da Lei 605/49, desde que o empregado tenha trabalhado durante toda a semana ante- rior e cumprido integralmente o horário. Assim, para que tenha direito ao repouso semanal remunerado dois requisito tem que ser observado: pontualidade e assiduidade, artigo 6º, da referida Lei. Sendo, vedado ainda, o trabalho nos feriados civis e religiosos, quando impe- riosos sua realização a remuneração será paga em dobro, salvo se o empregador determinar outro dia de folga. Direito do Trabalho e Legislação Social 66 UNIDADE 2 Intervalo para lanche ou descanso Quando a jornada do trabalho for contínua e exceder seis horas é obrigatório um intervalo para repouso e alimentação que será de no mínimo uma hora e no máximo duas horas. Contudo, existindo acordo escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva o intervalo poderá ser superior a duas horas. E, desde que autorizado pelo Ministério do Trabalho poderá ser inferior a trinta minutos. Lembrem-se trabalho contínuo, se o trabalho não for contínuo não será necessário o intervalo. Sendo oportuno, trazer a baila que os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. Nos serviços permanentes (digitação, mecanografia, cálculo etc.) a cada noventa minutos trabalhados o trabalhador terá dez minutos de descanso não deduzidos da duração normal do trabalho. Acaso o serviço de mecanografia, por exemplo, não seja permanente,mas, alterado com outros serviços não se aplica o intervalo de dez minutos. Trabalho noturno Salvo os casos de revezamento semanal ou quinzenal o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e sua duração será de cinquenta e dois minutos e trinta segundos. O horário compreendido como noturno será das vinte e duas horas de um dia às cinco horas do dia seguinte para os trabalhadores urbanos. Para o trabalhador rural será das vinte e uma horas de um dia às cinco horas para quem lida na agricultura e das vinte horas de um dia as quatro do dia seguinte para os lidam na pecuária. Vale ressaltar que algumas profissões preveem horário diferente para a hora noturna. Exemplo são os advogados que a Lei prevê que as horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até às cinco horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento. (Lei 8.906/94, artigo 20, § 3º). Outro fato importante é quando o empregado trabalha no horário noturno e prorroga sua jornada extraordinariamente, neste caso as horas extras serão remuneradas também com o adicional noturno. Do quadro de horário Inicialmente é necessário que se faça distinção entre empresa e estabelecimento. Empresa é uma entidade maior que pode englobar vários estabelecimentos onde cada estabelecimento constitui uma unidade. Também, deve ter em mente que estabelecimento não se confunde com filial, haja vista o estabelecimento poder ser um simples depósito e agregar determinado número de empregados. 67UNIDADE 2 Esclarecimentos feitos, o quadro de horário é organizado conforme modelo expedido pelo Ministério do Trabalho e deverá ser afixado em lugar bem visível, devendo ser discriminativo no caso do horário não ser único para todos os empregados do mesmo setor. Para estabelecimentos com mais de vinte trabalhadores é obrigatória a anotação da hora de entrada, saída, lanche ou repouso, em registro manual (livro assinatura), mecânico (Cartão de ponto) ou eletrônico (dispositivos computacionais ou digitais onde o empregado digita um número de senha). Do salário mínimo A Lei 8.542/92 traz em seu artigo 6º que salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga pelo empregador, por jornada normal de trabalho, em qualquer região do país, ao trabalhador que permita satisfazer suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimen-tação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Sendo acrescido pelo disposto no artigo 7º, item IV, da Carta Maior, que: “com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincu-lação para qualquer fim”. O salário mínimo é devido tanto ao traba- lhador urbano, rural, doméstico, avulso, temporário etc. Portanto, o próprio nome diz mínimo para jornada de 44 horas semanais. Para saber o valor mínimo do salário hora é só dividir o salário mínimo mensal por 220 horas, o resultado será o valor mínimo da hora trabalhada e o diário corresponderá a um trinta avos do salário mínimo mensal. Prevê o artigo 1º da Lei 8.716/93, que revogou o artigo 78 da Consolidação Trabalhista, que: “aos trabalhadores que perceberem remuneração variável, fixada por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades, será garantido um salário mensal nunca inferior ao salário mínimo”. Garantindo, ainda, salário nunca inferior ao mínimo, aos trabalhadores que perce- berem salário misto, integrado por parte fixa e parte variável. É oportuno lembrar que a referida Lei, traz em seu artigo 3º que é vedado ao empregador fazer qualquer tipo de desconto em mês subsequente a título de compensação de eventuais comple- mentações feitas em meses anteriores. Assim, a título de exemplo, não pode o empregador que complementou o salário do empregado vendedor comissionado, em que suas comissões não atingiram o salário mínimo num mês, e no seguinte, suas vendas atingiram comissão no importe de dez salários mínimos, efetuar qualquer desconto com referência ao Direito do Trabalho e Legislação Social 68 UNIDADE 2 complemento do mês anterior. Outro fato que chama a atenção é quando o empregador fornece parte do salário mínimo “in natura”. A parte em dinheiro não poderá ser inferior a trinta por cento do salário mínimo. A formula: Sd (salário em dinheiro) = Sm – P (Salário mínimo menos parcela in natura). Assim, a parcela in natura não poderá ser superior a setenta por cento, acaso o valor seja superior aos setenta por cento, o empregador somente poderá considerar os 70%, pois, o empregado não poderá receber quantia menor que trinta por cento em dinheiro. Das férias A todo empregado será assegurado o direito do gozo de férias, sem prejuízo da remuneração. Prevendo o artigo 7º, XVII, da Constituição Federal, que: é direito do trabalhador urbano e rural “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal”. Já o artigo 130, itens I a IV, da Consolidação Trabalhista prevê a proporcionalidade das férias após cada período aquisitivo de doze meses de vigência do contrato de trabalho, a saber: • 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes • 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; • 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; • 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. Ementa Currículo Resumido do Professor Bibliografia Utilizada Unidade 1 História do Direito do Trabalho Módulo 01 Direito do Trabalho no Tempo Módulo 02 Empregador Módulo 03 Empregado Módulo 04 Trabalhador não Empregado Resumo Exercícios de Aprendizagem Unidade 2 Normas do Trabalho Módulo 01 Normas Gerais de Tutela do Trabalho Módulo 02 Da duração do trabalho; do salário mínimo; das férias; segurança e medicina do trabalho Módulo 03 Das Normas Especiais de Tutela do Trabalho Módulo 04 Da Proteção do Trabalho da Mulher e do Menor Resumo Exercícios de Aprendizagem Unidade 3 Consolidação Trabalhista Módulo 01 Contrato Individual do Trabalho Módulo 02 Da Remuneração Módulo 03 Da Organização Sindical Módulo 04 Das Convenções Coletivas; dos Acordos Coletivos e das Comissões de Conciliação Prévia Resumo Exercícios de Aprendizagem Unidade 4 Convenção Coletiva de Trabalho Módulo 01 Legislação e Previdência Módulo 02 Prescrição e Decadência Módulo 03 Assistência Social e Saúde Módulo 4 Legislação Complementar Resumo Exercícios de Aprendizagem Página em branco
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