Buscar

UNIDADE 3 e Unidade 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIDADE 3: “O Estado.” 
3.1. Conceitos de Estado.
O conceito de Sociedade e Estado, na linguagem dos filósofos e estadistas, têm sido empregados ora indistintamente, ora em contraste, aparecendo então a Sociedade como círculo mais amplo e o Estado como círculo mais restrito. Sociedade vem primeiro; o Estado, depois.
A Sociedade, algo interposto entre o indivíduo e o Estado, é a realidade intermediária, mais larga e externa, superior ao Estado, porém inferior ao indivíduo, como medida de valor.
O conceito de Sociedade tomou sucessivamente três caminhos no curso de sua caminhada histórica. Foi primeiro jurídico, com Rousseau; depois econômico, com Marx e enfim, sociológico, com Comte.
Rousseau foi o filósofo que distinguiu com mais acuidade a Sociedade do Estado. Por Sociedade, entendeu ele o conjunto daqueles grupos fragmentários, daquelas “sociedades parciais”, onde do conflito de interesses reinantes, só se pode recolher a vontade de todos, ao passo que o Estado vale como algo que se exprime numa vontade geral, a única autêntica, captada diretamente da relação indivíduo-Estado, sem nenhuma interposição ou desvirtuamento por parte dos interesses representados nos grupos sociais interpostos.
Marx e Engels conservam a distinção conceitual entre Estado e Sociedade, deixando porém de tomar o Estado como se fora algo separado da Sociedade, que tivesse existência à parte, autônoma, como realidade externa, cujo exame já não lembrasse o que em si há de profundamente social, pois o Estado é produto da Sociedade, instrumento das contradições sociais, e só se explica como fase histórica, à luz do desenvolvimento da Sociedade e dos antagonismos de classe. O Estado não está fora da Sociedade, mas dentro, posto que se distinga da mesma.
A Sociologia, desde Comte, forceja por apagar a antinomia Estado e Sociedade. Reduz o Estado a uma das formas de Sociedade, caracterizada pela especificidade de seu fim - a promoção da ordem política, a organização coercitiva dos poderes sociais de decisão, em concomitância com outras sociedades, como as de natureza econômica, religiosa, educacional, lingüística, etc.
No mundo moderno, o homem, desde que nasce e durante toda a existência, faz parte, simultânea ou sucessivamente, de diversas instituições ou sociedades, formadas por indivíduos ligados por parentesco, interesses materiais ou objetivos espirituais. Elas têm por fim assegurar ao homem o desenvolvimento de suas aptidões físicas, morais e intelectuais, e para isso impõem certas normas, sancionadas pelo costume, a moral ou a lei.
A primeira em importância, a sociedade natural por excelência, é a família, que o alimenta, protege e educa. 
As sociedades de natureza religiosa, ou Igrejas, a escola, a Universidade, são outras tantas instituições em que ele ingressa; depois de adulto, passa ainda a fazer parte de outras organizações, algumas criadas por ele mesmo, com fins econômicos, profissionais ou simplesmente morais: empresas comerciais, institutos científicos, sindicatos, clubes, etc. 
O conjunto desses grupos sociais forma a Sociedade propriamente dita. Mas, ainda tomado neste sentido geral, a extensão e a compreensão do termo sociedade variam, podendo abranger os grupos sociais de uma cidade, de um país ou de todos os países, e, neste caso, é a sociedade humana, a humanidade.
Contudo, há uma sociedade, mais vasta do que a família, menos extensa do que as diversas Igrejas e a humanidade, mas tendo sobre as outras uma proeminência que decorre da obrigatoriedade dos laços com que envolve o indivíduo; é a sociedade política, o Estado.
Os grupos humanos a que aludimos são sociedades, porém nem todos os grupos humanos formam uma sociedade. Na acepção científica do termo, sociedade é uma coletividade de indivíduos reunidos e organizados para alcançar uma finalidade comum. De modo mais analítico, pode-se dizer que uma sociedade é a união moral de seres racionais e livres, organizados de maneira estável e eficaz para realizar um fim comum e conhecido por todos os interessados.
O Estado, portanto, é uma sociedade, pois se constitui essencialmente de um grupo de indivíduos unidos e organizados permanentemente para realizar um objetivo comum.
 E se denomina sociedade política, porque tendo sua organização determinada por normas de Direito positivo, é hierarquizada na forma de governantes e governados e tem uma finalidade própria, o bem público.
 E será uma sociedade tanto mais perfeita quanto sua organização for mais adequada ao fim visado e quanto mais nítida for, na consciência dos indivíduos, a representação desse objetivo, a vontade com que a ele se dedicarem.
Com exceção da família, a que, pelo nascimento, o homem forçosamente pertence, mas de cuja tutela se liberta com a maioridade, em todas as outras sociedades ele ingressa voluntariamente e delas se retira quando quer, sem que ninguém possa obrigá-lo a permanecer.
Da tutela do Estado, o homem não se emancipa jamais. 
O Estado o envolve na teia de laços inflexíveis, que começam antes de seu nascimento e se prolongam até depois da morte. 
No mundo moderno, o Estado é a mais formidável das organizações; a contextura das vidas humanas se insere solidamente no quadro das suas instituições, porque não existe esfera alguma de atividade, ao menos em teoria, que não dependa de sua autoridade.
 O Estado moderno é uma sociedade à base territorial, dividida em governantes e governados, e que pretende, nos limites do território que lhe é reconhecido, a supremacia sobre todas as demais instituições.
De fato, é o supremo e legal depositário da vontade social e fixa a situação de todas as outras organizações. 
Põe sob seu domínio todas as formas de atividade cujo controle ele julgue conveniente. Na lógica dessa supremacia, subtende-se que tudo quanto restar fora de seu controle é feito com sua permissão.
 O Estado é a chave da abóbada social; modela a forma e a substância de miríades de vidas humanas, de cujo destino ele se encarrega.
O Estado aparece, assim, aos indivíduos e sociedades, como um poder de mando, como governo e dominação. 
O aspecto coativo e a generalidade são fatores que distinguem as normas por ele editadas; suas decisões obrigam a todos os que habitam o seu território. 
Não se confunde, pois, nem com as sociedades em particular, nem com a Sociedade, em geral. 
Os seus objetivos são os de ordem e defesa social, e diferem dos objetivos de todas as demais organizações. 
Para atingir essa finalidade, que pode ser resumida no conceito de bem público, o Estado emprega diversos meios, que variam conforme as épocas, os povos, os costumes e a cultura. Mas o objetivo é sempre o mesmo e não se confunde com o de nenhuma outra instituição.
Subtende-se e supõe-se que o Estado assim procede para realizar o bem público; por isso e para isso tem autoridade e dispõe de poder, cuja manifestação concreta é a força. 
Sem dúvida, em outras formas de sociedade também existe a autoridade e o poder. Mas, o poder do Estado é o mais alto dentro de seu território, e o Estado tem o monopólio da força para tornar efetiva sua autoridade.
As normas que organizam o Estado e determinam as condições sociais necessárias para realizar o bem público, constituem o Direito, que ao Estado incumbe cumprir e fazer cumprir. 
Logo, o Estado é:
 a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público, com governo próprio e território determinado.
Segundo Giorgio Balladore Pallieri o estado é: 
Uma ordenação que tempor fim especifico e essencial a regulamentação global das relações sociais entre os membros de uma dada população, sobre um dado território, na qual a palavra ordenação expressa a idéia de poder soberano, institucionalizado.
Dalmo de Abreu Dallari assim define o estado:
É a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em um determinado território.
Em qualquer momento da existência e em qualquer ponto da terra em que se encontre, o homem está sujeito à soberania do Estado, e se foge à soberania de um é para cair sob o poder de outro Estado. 
O Estado sediferencia das demais sociedade basicamente pelo seu caráter de necessidade, e porque, dominando-as no terreno jurídico, deve harmoniza-las no sentido das finalidades próprias: o bem público.
3.2. Evolução histórica;
Con – fusão entre estado e governo: Monarquias de direitos divinos, onde a vontade do soberano era a ultima estancia.
Estado Moderno; separação dos poderes.
Estado Liberal; terceirização das funções básicas sociais. 
3.3. Elementos essenciais do Estado.
	Mesmo diante das mais variadas formas de definição de estado, podemos colher entre elas um núcleo teórico comum, a saber, os elementos que constituem o estado e a sua finalidade. 
	Os elementos são: 
Governo;
Soberania;
Povo; 
Território;
Finalidade;
3.3.1. Governo:
Enquanto termo deriva do latim “Gubernare”;
Enquanto significado refere-se à gestão ou administração cotidiana dos negócios públicos.
Como tal se expressa através de seus aparatos administrativos, de seus princípios e suas normas vigentes que orientam e condicionam a vida social.
Aristoteles define o governo como sendo o “Senhor supremo da polis”. Aqui ele refere-se a ultima estancia do exercício do poder;
Em um estado monárquico, como queria Rousseau, o governo seria a estancia intermediaria entre o “Soberano Senhor” e os vassalos a fim de possibilitar uma reciprocidade. Em outras palavras, o governo deveria fazer a legitima ponte entre o Soberano e o Estado.
Neste sentido em Rousseau existe diferença entre: Estado, Soberano e Governo.
3.3.2. Soberania.
Enquanto termo provém do latim “Superanus” “Superna”. Que se refere ao maior, ao Superior enquanto exercício de poder e ao mesmo tempo se refere àquilo que está na base o que está “Sobe”, como fundamento.
É uma qualidade intrínseca ao Estado. Só se reconhece um estado se se reconhece sua soberania.
Esta noção nasce na Grécia clássica quando temos a Polis com seu governo Autárquico. 
Este conceito foi deduzido aos poucos a partir do momento em que as regras de relações internacionais eram consolidadas.
No império romano a soberania dos estados subjugados era negada.
No mundo medieval a soberania dos estados (reinos) era subjugada pelo poder maior do Sumo Pontífice. 
A partir do século XIV após a questão entre o rei da França – Felipe o Belo, e o papa Bonifácio VIII, as relações entre o papa e os reis e príncipes começaram a declinar.
Após a revolução protestante e, sobretudo, após o ato de supremacia imposto por Henrique VIII, rei da Inglaterra, em 1535, o poder do rei (príncipe) se sobrepôs ao do papa.
A partir do século XVII nasce a ideia do Absolutismo em referimento ao Rei Soberano. Este era absoluto em seu território e este (o território) era absoluto em relação aos outros.
O estado se torna primaz nas relações internacionais e resistente aos poderes alienígenas.
Após a 1ª. Guerra mundial a soberania passou a ser mitigada com o surgimento da Liga das Nações.
Após a 2ª. Guerra mundial este conceito moderno de Estado Soberano sofreu duros golpes teóricos.
Em 1945 surge a ONU, como esfera reguladora das relações externas (internacionais) dos estados deixando (sub-conditio) a soberania interna. 
O Liberalismo e o Neo-liberalismo nasceram como uma nova concepção de ordem internacional, trazendo consigo a globalização. 
3.3.3. Povo.
A Constituição Brasileira reza que “todo poder vem do povo”.
Aqui a palavra Povo se refere aos associados do Estado, a cidadãos.
No âmbito Jurídico Povo também se refere aos nascidos de uma Nação ou naturalizados. 
Numa definição sociológica entende-se povo o agrupamento humano dotado de múltiplas finalidades e afinidades linguísticas, culturais, religiosas, étnicas, etc...
3.3.4. Território.
Nos planos políticos e jurídicos esse vocabulário expressa os limites geográficos pertencentes a um Estado.
O território é a base física do Estado.
É o País propriamente dito.
Delimita a ação Soberana do Estado.
Aqui se observa o solo, espaço aéreo, o mar...
3.3.5. Finalidade.
A art. 3º. Da Constituição Brasileira afirma que os objetivos do Estado brasileiro são:
Construir uma sociedade livre, justa e solidaria;
Garantir o desenvolvimento nacional;
Erradicar a pobreza e a marginalização, e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de descriminalização.
Em ultima análise podemos afirmar que a finalidade do Estado é o Bem Comum.
UNIDADE 4: “O Governo”.
4.1. Formas de Governo.
Formas de governo possíveis a partir da constituição do Estado Moderno:
1º. Monarquia: na forma monárquica a autoridade é exercida por um soberano. 
Caraterísticas principais da Monarquia: 
Vitaliciedade 
Hereditariedade 
Irresponsabilidade
2º. República: a forma republicana adota regras (como a ideia de maioria) para a formação da vontade coletiva. 
O principal filósofo antigo a pensar a república foi o orador romano Cícero. 
A palavra república vem do latim, e quer dizer, literalmente, coisa pública (res = coisa). 
Para Cícero a república era aquela associação de homens orientada por interesses comuns e dirigida por leis reconhecidas por todos.
 As decisões, medidas e políticas de uma república devem ser sempre orientadas para o bem comum, isto é, por aquilo que satisfaz a anseios que são comuns a todos os cidadãos. 
Características principais da República: 
Temporariedade 
Eletividade (representatividade popular) 
Responsabilidade
4.1.2. Monarquismo e Republicanismo Moderno.
A ciência politica moderna é colocada em moto pelo pensador florentino Nicolò Machiavelli (1469 – 1527).
A ciência politica moderna nasce com a pretensão de ser um pensamento racional e cientifico.
Com Maquiavel nasce o Historicismo.
Uma análise histórica da politica.
Maquiavel diz: “todos os estados que existem e já existiram são e foram sempre “Repúblicas ou Monarquias”.
As formas de governo passam de três a duas: Principados e Repúblicas.
O principado corresponde ao reino.
 A republica corresponde tanto à Aristocracia como a Democracia. 
O campo das reflexões de Maquiavel não foi o das cidades gregas, mais sim o da republica romana – história secular e gloriosa que parecia especialmente apta, pela sua divisão entre uma republica e uma monarquia (excetuados os primeiros séculos), para confirmar a tese de que os estados são sempre ou repúblicas ou principados, como se queria demonstrar
4.1.3. Separação das funções de poder: do Estado Moderno ao Estado Contemporâneo. 
Um dos princípios fundamentais da democracia moderna é o da separação de poderes.
A ideia da separação de poderes para evitar a concentração absoluta de poder nas mãos do soberano, comum no Estado absoluto que precede as revoluções burguesas, fundamenta-se com as teorias de John Locke e de Montesquieu.
Imaginou-se um mecanismo que evita-se esta concentração de poderes, onde cada uma das funções do Estado seria de responsabilidade de um órgão ou de um grupo de órgãos.
Este mecanismo será aperfeiçoado posteriormente com a criação de mecanismo de freios e contrapesos, onde estes três poderes que reúnem órgãos encarregados primordialmente de funções legislativas, administrativas e judiciárias pudessem se controlar.
Estes mecanismos de controle mútuo, se construídos de maneira adequada e equilibrada, e se implementados e aplicados de forma correta e não distorcida (o que é extremamente raro) permitirá que os três poderes sejam independentes (a palavra correta é autônomo e não independente não existindo a supremacia de um em relação ao outro (o que também é raro acontecer).
Outra ideia equivocada a respeito da separação de poderes é a de que os poderes não podem, jamais, intervir no funcionamento do outro. Importante lembrar que os poderes (que reúnem órgãos) são autônomos e não soberanos ou independentes.
Ora, esta possibilidade de intervenção, limitada, na forma de controle, é a essência da ideia de freios e contrapesos.
Nos sistema parlamentar contemporâneo, há a separação de poderes, existindo entretanto mecanismo de intervenção radical no funcionamento do legislativo por parte doexecutivo (dissolução antecipada da parlamento) e do legislativo no executivo (a queda do governo por perda do apoio da maioria no parlamento).
No sistema presidencial, onde os mandatos são fixos, não existindo as possibilidades de intervenção radical do parlamentarismo, a intervenção ocorre na forma de controle e de participação complementar, como por exemplo quando o executivo e legislativo participam na escolha dos membros do Supremo Tribunal Federal.
Outro aspecto importante é o fato de que os Poderes tem funções preponderantes, mas não exclusivas. Desta forma quem legisla é o legislativo, existindo entretanto funções normativas, através de competências administrativas normativa no judiciário e no executivo.
Da mesma forma a função jurisdicional pertence ao Poder Judiciário, existindo entretanto funções jurisdicionais em órgãos da administração do Executivo e do Legislativo.
Com a evolução do Estado moderno, percebemos que a idéia de tripartição de poderes se tornou insuficiente para dar conta das necessidades de controle democrático do exercício do poder, sendo necessário superar a idéia de três poderes, para chegar a uma organização de órgãos autônomos reunidos em mais funções do que as três originais.
Esta idéia vem se afirmando em uma prática diária de órgãos de fiscalização essenciais a democracia como os Tribunais de Contas e principalmente o Ministério Público. Ora, por mais esforço que os teóricos tenham feito, o encaixe destes órgãos autônomos em um dos três poderes é absolutamente artificial, e mais, inadequado.
O Ministério Público recebeu na Constituição de 1988 uma autonomia especial, que lhe permite proteger, fiscalizando o respeito a lei e a Constituição, e logo, os direitos fundamentais da pessoa, o patrimônio publico, histórico, o meio ambiente, o respeito aos direitos humanos, etc.
Para exercer de forma adequada as suas funções constitucionais o Ministério Público não pode estar vinculado a nenhum dos poderes tradicionais, especialmente porque sua função preponderante é a de fiscalização e proteção da democracia e dos direitos fundamentais e não de legislação, administração, governo, ou jurisdição.
Embora o constituinte de 87-88 não tenha dito expressamente tratar-se o Ministério Público um quarto poder, o texto assim o caracteriza, ao conceder-lhe autonomia funcional de caráter especial.
Qualquer tentativa de subordinar esta função de fiscalização típica do Ministério Público a qualquer outra função, é tentativa de reduzir os mecanismos de controle democrático, e logo, inconstitucional.
O que o constituinte brasileiro inovou, sem entretanto explicitar, o constituinte venezuelano o fez de forma inequívoca na importante Constituição da República Bolivariana da Venezuela, de 1999. 
A Constituição Venezuelana estabelece cinco poderes: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário, o Poder Cidadão (o Ministério Público e a Defensoria Pública) e o Poder Eleitoral.
Podemos dizer que o Estado Contemporâneo reúne as seguintes funções: 
1º. Função legislativa;
2º. Função jurisdicional;
3º. Função constitucional (dos poderes constituintes de reforma);
4º. Função administrativa;
5º. Função de governo;
6º. Função simbólica (típica dos sistemas parlamentares e pertencente ao chefe de Estado).
7º. Função de fiscalização.
4.2. Sistemas de Governo.
4.2.1. Presidencialismo.
Os teóricos da política, em sua grande maioria, estão de acordo nos seguintes pontos:
1º. O Presidente da República O é Chefe de Estado e Chefe de Governo.
O Presidente na República ocupa simultaneamente as duas chefias de um Estado, e, ao mesmo tempo, preside a nação e a representa internacionalmente enquanto chefe de Estado, bem como administra e desenvolve diretrizes do Executivo para o Estado.
2º. A chefia do Executivo é unipessoal.
Significa que cabe ao Presidente exercer sozinho ou com a ajuda de auxiliares escolhidos por ele o Poder Executivo, cabendo-lhe ditar as diretrizes da administração e do desenvolvimento do Estado.
3º. O Presidente da República é escolhido pelo povo.
Verifica-se a adoção do qualitativo “Democracia”; 
o povo elege diretamente, como no Brasil, ou indiretamente, como nos Estados Unidos da América (através de colégios eleitorais), ou seja, o povo participa de alguma forma da escolha do Chefe de Estado e de Governo.
4º. O Presidente da República é escolhido por um prazo determinado.
Com receio da perpetuidade do exercício arbitrário do poder do Estado, o presidencialismo foi moldado para que o presidente, após eleito, tivesse um tempo determinado para exercer a função de presidente. 
5º. O Presidente da República tem poder de veto.
Para manter o sistema de “freios e contrapesos”, o Presidente, no uso de suas atribuições, nega (veta) no todo ou em parte um projeto de lei aprovado pelo Legislativo.
Cabe ao Legislativo apreciar novamente as partes vetadas, ou o todo, e reavaliar se o veto foi bem aplicado.
Em caso de negativa, o Congresso publicará e tornará vigente e válida a lei, mesmo contrariando a decisão do Presidente da República.
6º. Em alguns Estados que adotam o sistema, poderá ocorrer uma sobreposição do Poder Executivo em relação ao Legislativo e ao Judiciário. 
Na maioria dos Estados que adota a República presidencialista, o Poder Executivo acaba em algumas circunstâncias se sobrepondo ao Poder Legislativo e ao Judiciário.
O presidencialismo tem sua criação associada à experiência estadunidense do séc. XVIII, tendo resultado da aplicação das idéias democráticas, concentradas na liberdade e na igualdade dos indivíduos e na soberania popular, conjugadas com o espírito pragmático dos criadores do Estado norte-americano. 
A péssima lembrança que tinham da atuação do monarca, enquanto estiveram submetidos à coroa inglesa, acrescida à influência dos autores que se opunham ao absolutismo, especialmente de Montesquieu, determinou a criação de um sistema que, consagrando a soberania da vontade popular, adotava ao mesmo tempo um mecanismo de governo que impedia a concentração do poder. 
O sistema presidencial norte-americano aplicou, com o máximo rigor possível, o princípio dos freios e contrapesos, contido na doutrina da separação dos poderes.  
4.2.2. Parlamentarismos monárquico e republicano. 
Parlamentarismo é um sistema de governo em que o poder legislativo (parlamento) oferece a sustentação política (apoio direito ou indireto) para o poder executivo. 
Logo, o poder executivo necessita do poder do parlamento para ser formado e também para governar. No parlamentarismo, o poder executivo é, geralmente, exercido por um primeiro-ministro (chanceler). 
A vantagem do sistema parlamentarista sobre o presidencialista é que o primeiro é mais flexível. 
Em caso de crise política, por exemplo, o primeiro-ministro pode ser trocado com rapidez e o parlamento pode ser destituído. 
No caso do presidencialismo, o presidente cumpre seu mandato até o fim, mesmo havendo crises políticas. 
4.3. Regimes de Governo.
4.3.1. Democracia. 
Aristóteles definiu a Democracia como sendo o “Governo da Maioria”.
O conceito contemporâneo de Democracia é o “Governo do Povo (com a ideia de ser de todos)”. 
Na Grécia clássica, a partir do século V a.c., se consolida a Democracia a partir dos princípios de igualdade dos cidadãos em face da lei. 
No entanto, do exercício da Política ficam de fora as mulheres, os estrangeiros e os escravos, isto é, muitas pessoas ficavam de fora dessa Democracia. 
A Democracia contemporânea nasce com a pretensão de ser fundada sobre os princípios da “Liberdade e da Igualdade” de todos, influenciada pelos ideais humanistas do século XV e pelo Jus naturalismo do século XVII.
Na contemporaneidade a democracia mais que um regime de governo passou a significar uma forma de pensar, ou seja uma “Mentalidade”.
A Mentalidade Democrática defende a participação de todos na política e a Liberdade de expressão para todos. 
Permanece no entanto, a ideia de “Vontade da Maioria” quando se trata de determinar regras e normas de conduta.
Perante a Vontade da Maioria, no entanto, permanece odireito de expressão da minoria.
Hoje no Brasil, criou-se uma política de “defesa dos grupos minoritários”, uma forma de paternalismo político.
Nossa Democracia é “Representativa Indireta”, pois, a Vontade do Povo (de todos e ou da maioria) é representada pelos legítimos representantes eleitos Deputados. 
Vivemos, no entanto, sempre frente ao risco da manipulação da massa e ou da imposição da vontade de uma “Oligarquia”. 
Como mentalidade, a atual Democracia encontra nos Estados Unidos seu principal defensor. 
O famoso “Sonho Americano” faz alusão à igualdade e a liberdade de todos.
Vejamos um trecho do discurso de “Martin Luther King, Jr”.
Eu digo a vocês hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. 
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. 
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. 
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! 
Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! 
Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta. 
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado. 
"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!" E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee. Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade. 
E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro: 
"Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal." 
28 de agosto de 1963
O povo americano possui a pretensão de serem os guardiões da Democracia no mundo.
Em nome dessa defesa democrática, no entanto, pode estar escondida varias ideologias imperialistas....
Vejamos agora um dos discursos de Tancredo Neves.
1985
Brasileiros,
Neste momento alto na história, orgulhamo-nos de pertencer a um povo que não se abate, que sabe afastar o medo e não aceita acolher o ódio.
A Nação inteira comunga deste ato de esperança. Reencontramos, depois de ilusões perdidas e pesados sacrifícios, o bom e velho caminho democrático.
Não há Pátria onde falta democracia.
A Pátria não é a mera organização dos homens em estados, mas sentimento e consciência, em cada um deles, de que lhe pertencem o corpo e o espírito da Nação. Sentimento e consciência da intransferível responsabilidade por sua coesão e seu destino.
A Pátria é escolha, feita na razão e na liberdade. Não basta a circunstância do nascimento para criar esta profunda ligação entre o indivíduo e sua comunidade.
Não teremos a Pátria que Deus nos destinou enquanto não formos capazes de fazer de cada brasileiro um cidadão, com plena consciência dessa dignidade.
Assim sendo, a Pátria não é o passado, mas o futuro que construímos com o presente. Não é a aposentadoria dos heróis, mas tarefa a cumprir. É a promoção da justiça, e a justiça se promove com liberdade.
Na vida das nações, todos os dias são dias de História, e todos os dias são difíceis. A paz é sempre esquiva conquista da razão política. É para mantê-la, em sua perene precariedade, que o homem criou as instituições de Estado, e luta constantemente para aprimoraras.
Não há desânimo nessa condição essencial do homem. Por mais pesadas que sejam as sombras totalitárias ou mais desatadas as paixões anárquicas, o instinto da liberdade e o apego à ordem justa trabalham para restabelecer o equilíbrio social.
No conceito que fazemos do estado democrático há saudável contradição: quanto mais democrática for uma sociedade, mais frágil será o estado. Seu poder de coação só se entende no cumprimento da lei. Quanto mais fraterna for a sociedade, menor será a presença do estado.
(...)
As Contribuições
É inegável que o processo de transição teve contribuições isoladas que não podem ser omitidas:
- A do poder Legislativo, que, muitas vezes mutilado em sua constituição e nas suas faculdades, conservou acesa a chama votiva da representação popular, como última sentinela no campo da batalha democrática.
- A do Poder Judiciário, que se manteve imune a influências dos casuímos, para, na atual conjuntura, fazer prevalecer o espírito de reordenação democrática.
- A da igreja, que com sua autoridade exponencial no campo espiritual e na ação social e educativa lutou na defesa dos perseguidos e pregou a necessidade da opção preferencial pelos pobres com base na democracia moderna.
- A de homens e mulheres de nosso povo, principalmente as mães de famílias, que arrostaram as duras dificuldades de desemprego e da carestia em seus lares, e lutaram, com denodo, pela anistia, pelos direitos humanos e pelas liberdades políticas.
- A da imprensa - jornais, emissoras de rádio e televisão que sob a censura policial, a coação política e econômica, ousou bravamente enfrentar o poder para servir à liberdade do povo.
- A da sociedade civil como um todo, em suas muitas instituições a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, as entidades de classe patronais, de empregados, de profissionais liberais, as organizações estudantis, as universidades, e tantas outras, com sua participação, muitas vezes sob pressões inqualificáveis, nesse mutirão cívico da reconstrução nacional.
Vejamos que a democracia mais que uma forma de governar, se constituiu como um ideal, um estilo de vida.

Outros materiais

Outros materiais