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SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA Semiologia – Tipos de lesões A cicatrização de feridas é um processo complexo que envolve a organização de células, mediadores químicos e matriz extracelular com o objetivo de reparar o tecido lesado. Contudo, a capacidade de cicatrização é afetada por um amplo espectro de fatores intrínsecos e extrínsecos. Por exemplo, a idade avançada, a medicação (ex.:esteróides), a alimentação deficiente, as patologias (ex.: diabetes, doença venosa, doença arterial periférica) e a biocarga da ferida podem, cada uma independentemente, interferir no processo de cicatrização. Como descrito, estas características resultam num ambiente hostil na ferida em que o tecido novo e fatores de crescimento são degradados e a ferida é perpetuada. As feridas nessa situação são frequentemente descritas como “estagnadas” na fase inflamatória da cicatrização, onde podem permanecer meses ou ate mesmo ano. FASE INFLAMATORIA PROLONGADA ❶ Células inflamatórias As células inflamatórias são neutrófilos e os macrófagos, que no leito da ferida, para além de fagocitarem as bactérias, os fragmentos celulares e os corpos estranhos produzem citoquinas ❷ Citoquinas e Proteinases Corpos estranhos Traumas repetidos Isquemia do tecido local Carga bacteriana elevada Cicatrização retardada da ferida crônica Inflamação prolongada Estimulação dos macrófagos e neutrófilos no leito da ferida Ativação dos macrófagos Com libertação de citoquinas pró- inflamatórias Degradação ECM Aprisionamento dos fatores de crescimento Produção MMPs e TIMPs SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA As citoquinas são mediadores que preparam a ferida para a fase proliferativa que inclui fatores de crescimento e citoquinas inflamatórias. As proteases são enzimas proteolíticas que estão presentes em todos os exsudatos de feridas e que quebram as proteínas danificadas da matriz extracelular (ECM) TIPO DE TECIDO NO LEITO DA FERIDA 1- FERIDAS NECROTICAS/ESCARAS: Varia de coloração, desde preta, cinza, esbranquiçada marrom até a esverdeada e preta. Corresponde ao tecido morto, desidratado, podendo estar presente também o pus e o material fibroso, que favorecem a multiplicação de microrganismos. A crosta (escara) é um tipo de tecido desvitalizado, devido a sua exposição ao ar, ocasionado pelo ressecamento e desidratação celular. Há dois tipos de necrose: necrose por liquefação (esfacelo) e necrose por coagulação (escara) 2- GRANULAÇÃO Apresenta cor avermelhada. Tecido conectivo. Indica a proliferação de fibroblastos, células inflamatórias, novos vasos sanguíneos. Realiza preenchimento da ferida no processo de cicatrização. Caracteriza-se pela formação e crescimento de um tecido vascular novo (angiogênese). Pelas células endoteliais dos vasos sanguíneos e uma matriz rica em colágeno secretada pelos fibroblastos. Tem a aparência de pequenas massas nodulares vermelhas, transluzentes e aveludadas. 3- EPITELIZAÇÃO Apresenta coloração rosada. Tecido epitelial. Representa a fase final do processo de cicatrização, regeneração da epiderme através da superfície e borda da fenda. Apresenta migração e multiplicação de células epiteliais sobre uma superfície durante o processo cicatricial. CONTROLE DE PH • pH ideal: entre 4,5 e 5,5 (ácido) • trocas menos frequentes de curativos: mantém temperatura estável, diminuindo o desequilíbrio osmolar e gerando pH balanceado • manter o meio úmido AVALIAÇÃO DA FERIDA a avaliação e documentação da ferida deve contemplar os princípios de preparação do leito recomendada internacionalmente • tecido não viável (retirar e preparar o leito) • infecção/inflamação (diminuir carga bacteriana) • umidade da ferida (controle de umidade) • bordas da ferida não avançam (proteger e desbridar) SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA 4- ESFACELO É uma proteína insolúvel formada a partir do fibrinogênio pela ação proteolítica da trombina durante a coagulação normal do sangue. Na lesão, o esfacelo é aderente aos tecidos e tem coloração esbranquiçada ou amarelada, podendo recobrir toda a extensão da úlcera ou se apresentar como pontos recobrindo parcialmente a lesão. SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA Atenção! A avaliação da quantidade e tecido viável (granulação) e inviável (esfacelo e necrose) fica mais clara quando se atribui valores percentuais do que está sendo observado, para isto pode-se dividir a ferida em 4 partes iguais ou aproximadas e atribuindo a porcentagem de 25% para cada parte, podendo variar em 10%, 15%, 20%, 505 etc... entre tecido viável (granulação) e não viável (necrótico) OUTRAS ALTERAÇÕES 1- DERMATITE OCRE É uma pigmentação acastanhada que aparece na pele, em regiões como pernas e tornozelos, devido a complicações das varizes. 2- MACERAÇÃO É decorrente de hidratação excessiva da própria ferida que extravasa exsudato para além das bordas. A pele se torna branca, entumecida e pálida, podendo surgir fissuras (lesão por umidade), o que propicia a infecção e aumento da ferida, sendo necessário trocas de cobertura secundaria mais frequente e utilização de cobertura que controle melhor o excesso de exsudação. 3- HIPERCERATOSE A hiperceratose e o calo são espessamentos excessivos da pele, frequentemente causado por um atrito crônico, comum em pacientes com perda da sensibilidade, tais como em pé diabético e de hanseníase. Deve ser removias para evitar o aumento da pressão excessiva impedindo a migração das bordas. SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA 4- DERMATITE ASSOCIADA A INCONTINÊNCIA (DAI) Dermatite inflamatória que atinge o períneo, região glútea, abdome inferior e coxas causada pelo contato da pele com fezes e urina em um ambiente úmido, quente e fechado (oclusão da fralda). Fisiopatologia: fralda → oclusão → aumento da temperatura e umidade → maceração da pele → aumento da sensibilidade local à ação irritativa de fezes e urina → dano a epiderme Prevenção: • Troca frequente de fraldas • Fraldas com alta capacidade de absorção • Controle das infecções • Higiene diária com água morna e sabonetes brandos • Uso de cremes preventivos sem nistatina. SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA LESÕES DE PERNA VASCULARES Os tipos mais comuns de úlceras são: úlceras venosas nas pernas (70%), úlceras arteriais nas pernas (10%), associação de úlceras arteriais e venosas nas pernas (10-15%). 1- LESÕES VENOSAS DE PERNA São causadas por disfunção das válvulas venosas e funcionamento inadequado da bomba muscular da panturrilha. Não há retorno de sangue suficiente para o coração, aumentando a pressão venosa, causando edema. O aumento do nível de fluidos entre as células pode resultar em morte celular, levando ao surgimento de úlceras. A terapia de compressão é uma parte essencial do tratamento de úlceras venosas. Geralmente são dolorosas, especialmente durante o dia. A elevação da perna pode aliviar alguns sintomas. Frequentemente se localizam na região acima do calcanhar e são caracterizadas por: • Forma irregular • Pigmentação marrom na pele perilesionada (geralmente com eczema) • Pulso de pé normal SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA 2- LESÕES ARTERIAIS DE PERNA São causadas pelo suprimento insuficiente de sangue para as pernas ou em decorrência de arteriosclerose. Reduz o suprimento de oxigênio e nutrientes para as células, resultando em morte tecidual e subsequente formação de úlceras. A terapia de compressão NÃO é indicada no tratamento de úlceras venosas. As úlceras arteriais geralmente se localizam na região acima do calcanhar e nos pés, sendo caracterizadas por: • Forma razoavelmente regular • Pele perilesionada atrófica e pálida • Pulso de pé fraco • Podem ser bastante doloridas,especialmente em repouso e pioram com a elevação do membro 3- LESÕES POR PRESSÃO É uma lesão localizada na pele e/ou tecido subjacente, geralmente sobre uma proeminência óssea. Esse tipo de ferida resulta de pressão ou associação à fricção. A pressão impede que o sangue circule adequadamente, causando morte celular, necrose tecidual e desenvolvimento de úlceras. Os locais mais comuns para lesões por pressão são sobre uma proeminência óssea, tais como: cotovelos, calcanhares, tornozelos, ombros, costas e parte posterior da cabeça. As lesões por pressão são classificadas de acordo com o grau de lesão tecidual observado. Em 2009, o painel consultivo EPUAP-NPUAP concordou com a classificação da lesão em quatro níveis: • Estágio 1: rubor não branqueável da pele intacta • Estágio 2: perda parcial da espessura dérmica ou formação de bolhas SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA • Estágio 3: perda local da espessura dérmica (gordura visível) • Estágio 4: perda total da espessura dérmica com exposição óssea e músculos SEMIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA
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