Buscar

7 - item 3.2.2.3 revisto (1)

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
EAE 0305 – Contabilidade Social
Aulas 13 (continuação) - As CEI Institucionais
(itens 3.2.2.3 do programa)
Profª. Leda Paulani
*
*
 3.2.2.3 As CEIs Institucionais 
 Os setores
Além das CEIs tal como acabamos de ver, que apresentam as informações de forma agregada, o IBGE produz também, seguindo mais uma vez as recomendações do SNA 93, as chamadas CEIs institucionais. 
O objetivo das CEIs institucionais é demonstrar de que forma empresas, famílias e administração pública participam dos processos de geração, apropriação, distribuição e uso da renda.
Esses 3 grandes setores aparecem nas CEIs institucionais por meio dos 5 seguintes grupos:
Empresas não-financeiras: empresas públicas ou privadas, produtoras de bens e serviços mercantis (ou seja, bens e serviços cujo acesso implica pagamento) por meio da transformação de insumos e contratação de mão de obra;
Empresas financeiras: empresas criadoras de meios de pagamento e/ou intermediadora de recursos financeiros, as quais são subdivididas em instituições financeiras (Banco Central, mais as empresas que compõem o sistema financeiro nacional e seus auxiliares) e instituições de seguro (seguradoras, planos de saúde e fundos de pensão);
 
*
*
 3.2.2.3 As CEIs Institucionais
 Os setores 
Administrações Públicas: instituições que prestam serviços públicos (não mercantis) e obtêm recursos por meio da cobrança de impostos, contribuições e taxas. Estão incluídas nessa rubrica a administração federal e as administrações estaduais e municipais; 
Instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias (ISFLSF): entidades que produzem bens e serviços sem finalidade lucrativa; 
Famílias: grupos que adquirem e produzem bens e serviços. O lado “produtor” das famílias envolve as unidades produtivas não constituídas como empresas e os trabalhadores autônomos.
Além desses três grandes setores, as CEIS institucionais envolvem também, enquanto Resto do Mundo, as entidades não residentes de qualquer tipo que estabeleçam qualquer tipo de transação econômica com o país em questão.
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais 
 A Conta de Produção
A primeira conta das CEIs institucionais é a Conta de Produção, que apresenta uma estimativa do valor adicionado bruto de cada setor.
Para o setor de empresas não financeiras, essas estimativas são elaboradas de forma usual, ou seja, deduzindo-se das receitas auferidas pelas empresas (valor da produção) os valores referentes a seu consumo intermediário;
Para o setor de empresas financeiras, o valor adicionado é obtido da seguinte forma: 1) soma-se o valor das receitas de prestação de serviços e aluguéis; 2) adiciona-se a esse valor a diferença entre o valor das rendas de propriedade obtidas e os juros pagos devidos à intermediação de recursos de terceiros; e 3) deduz-se do valor obtido pela soma de 1 e 2 o valor do consumo intermediário. O valor da parcela de número 2 é indiretamente mensurado e denomina-se Serviço de Intermediação Financeira Indiretamente Medido (SIFIM);
*
*
 3.2.2.3 As CEIs Institucionais
 A Conta de Produção
Para o setor das administrações públicas o valor adicionado é obtido pela soma de seus custos totais de produção (incluindo-se a remuneração dos empregados), dos quais se deduz o valor de seu consumo intermediário.
Para o setor de famílias, a mensuração do valor adicionado envolve a estimativa do valor da produção de unidades familiares rurais, empresas domésticas (não constituídas formalmente como empresas), trabalhadores autônomos (formais e informais) e trabalhadores domésticos remunerados. Parte do setor informal da economia se encontra aqui e tem assim uma forma de mensuração. Dos valores totais obtidos deduz-se o valor do consumo intermediário.
Para o setor das instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias, o valor adicionado é obtido de forma similar à utilizada para o setor das administrações públicas, ou seja, somando-se os custos totais de produção e deduzindo-se desse valor os gastos com consumo intermediário. 
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais - A conta de
 distribuição primária da renda (geração) 
A próxima conta é a conta de geração de renda em sua distribuição primária. As rendas aqui envolvidas são aquelas recebidas pelas unidades institucionais por sua participação no processo produtivo ou pela posse de ativos necessários à produção.
Ela apresenta, para cada setor institucional, os componentes do valor adicionado, a saber: remunerações (salários), excedente operacional bruto (que envolve lucros, aluguéis e juros), rendimento de autônomos e impostos líquidos de subsídios sobre a produção e a importação (ou seja, impostos sobre produtos, mais impostos incidentes sobre folha de pagamento e taxas e outros tributos incidentes sobre a atividade produtiva). 
O excedente operacional bruto não é diretamente mensurado, sendo obtido por diferença. A remuneração da “empresa” familiar acaba ficando incluída nesta rubrica. Apesar de não ser adequado caracterizar todo o ganho obtido dessa forma como “lucro”, isso torna-se necessário pois, nesses casos, nem sempre é possível separar o que é ganho empresarial, do que é remuneração do trabalho (na maior parte das vezes não existe uma contabilidade separada da “empresa”, sendo seus gastos confundidos com os gastos de consumo da família). 
O valor positivo que aparece para o setor de administrações públicas na rubrica EOB deve-se ao fato de essa medida, como indica seu nome, ser bruta, de modo que o valor aí registrado deve-se ao dispêndio de recursos necessário para enfrentar a depreciação de instalações físicas, máquinas, equipamentos, etc. Se essa medida fosse feita na clivagem “líquida”, esse valor deveria ser zero.
A mesma explicação vale para as ISFLSF. 
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais - A conta de
 distribuição primária da renda (alocação) 
A conta seguinte, ainda referente à distribuição primária, é a conta de alocação da renda. Essa conta traz os ajustes efetuados entre os setores institucionais por conta do pagamento e recebimento de rendas de propriedade. 
As rendas de propriedade envolvem diversos tipos de rendimentos, além daqueles diretamente ligados à produção. Esses rendimentos são: juros (inclusive os juros da dívida pública), rendas de aluguel e aquelas derivadas da propriedade de ativos intangíveis, dividendos distribuídos pelas empresas, participação dos trabalhadores nos lucros e indenizações de seguros. 
No agregado esses pagamentos e recebimentos se cancelam, mas para cada setor institucional eles podem ser negativos ou positivos, o que afeta a renda efetivamente auferida em cada um deles.
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais - A conta de
 distribuição primária da renda (alocação) 
Contudo, essas operações envolvem também o recebimento de renda do resto do mundo e o envio de renda ao resto do mundo. É o saldo desses envios e recebimentos (que pode ser positivo ou negativo) que fica registrado no nível agregado. Por isso, esses ajustes permitem a passagem dos agregados do conceito interno para o conceito nacional. 
Tal como nas CEI setoriais, o resultado desta conta é a Renda Nacional Bruta (RNB). Para cada setor institucional, soma-se o conjunto de suas rendas primárias (remunerações de empregados, EOB e impostos sobre a produção líquidos de subsídios) com o saldo (que pode ser positivo ou negativo) dos recebimentos e pagamentos de rendas de propriedade, ou seja com a renda líquida de propriedade (RLP).
Notemos que, ao realizar essas operações, devemos também ajustar o agregado tendo em vista a existência de remuneração do fator trabalho paga por não residentes (Wrn), assim como a existência de trabalhadores não residentes pagos por empresas nacionais (Wnr).
Assim temos que:
 Saldo das rendas com o exterior = (Wrn-Wnr) + RLP
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais - A conta de
 distribuição secundária da renda
A distribuição primária da renda nacional assim obtida deve ser ajustada institucionalmente para contemplar as transferências correntes recebidas e enviadas e assim transformar a renda nacional (RNB) em renda disponível (RDB). A conta de distribuição secundária da renda é quem efetua essas operações.
Como se sabe dá-se o nome de transferência às transações em que uma entidade cede recursos a outra, sem que haja uma contrapartida de tal cessão.
Essas transferências referem-se principalmente a impostos sobre a renda e o patrimônio, contribuições sociais e benefícios sociais.
Tal como ocorre no plano da distribuição primária da renda, essas transferências compensam-se internamente (o que configura transferência para um setor configura recebimento para outro), de modo que no agregado seu saldo é zero. Contudo, para cada um dos setores, considerados individualmente, essas transferências fazem diferença no que concerne à renda efetivamente disponível que cada um deles destinará ao consumo ou à poupança.
Essas operações envolvem também o recebimento de renda do resto do mundo e o envio de renda ao resto do mundo. É o saldo desses envios e recebimentos (que pode ser positivo ou negativo) que fica registrado no nível agregado e que torna diferentes os agregados RNB (resultado da conta anterior) e RDB (resultado desta conta).
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais
*
*
 3.2.2.3 As CEIs Institucionais
 A Conta de Uso da Renda
A próxima conta é a Conta de Uso da Renda. Sua finalidade é demonstrar como cada um dos setores utiliza sua renda disponível em consumo e poupança, sendo esta última obtida por diferença.
As despesas de consumo final das famílias (o maior componente da demanda agregada) indicam o gasto total das famílias com bens e serviços, os quais incluem gastos em dinheiro com a aquisição de bens e serviços e gastos em espécie, tal como ocorre no auto-consumo. 
As despesas de consumo final das administrações públicas e das ISFLSF são derivadas da prestação às famílias de serviços individuais (educação, saúde etc.) e coletivos (defesa e segurança, sistema jurídico-legal etc.) não mercantis. 
Do ponto de vista do efetivo consumo final institucional, essas prestações de serviços devem contar como consumo das famílias, que são os grupos que de fato as consomem, e não como consumo das administrações públicas e ISFLSF. Por isso há também nas CEI institucionais, além da Renda Disponível Bruta (RDB), a RDB ajustada pelas “transferências em espécie”, que é o nome que se dá a essas prestações de serviços. 
Contudo, essa diferente forma de consideração afeta apenas a distribuição da RDB entre os setores institucionais (reduz o valor do consumo das administrações públicas e IFSFLSF e aumenta o valor do consumo das famílias). Do ponto de vista agregado, portanto, não há alteração, ou seja, para o total da economia, a RDB é idêntica à RDB ajustada pelas transferências em espécie. 
*
*
 3.2.2.3 As CEIs Institucionais
 A Conta de Uso da Renda
Antes de se deduzir o consumo de cada setor institucional de sua renda disponível para se apurar a poupança bruta de cada setor, bem como a poupança bruta da economia como um todo, é necessário fazer ainda um último ajuste. Ele se deve à existência de rendas de propriedade não disponíveis, ou seja, rendas de propriedade que não entram nas RLP que produzem o agregado RNB.
Essas rendas derivam da participação das famílias em fundos de pensão e também em fundos públicos como o FGTS e o PIS/PASEP. Trata-se aí, portanto, de juros creditados por fundos privados ou pela administração pública como remuneração de ativos detidos pelas famílias, ainda que eles não fiquem disponíveis no momento de seu crédito.
O mesmo não acontece com a previdência social pública, porque neste caso, dado o tipo de regime previdenciário aí presente, tanto as contribuições quanto os benefícios são considerados transferências, como se percebe pela tabela de distribuição secundária da renda.
Também no caso destes ajustes é preciso observar que eles alteram a distribuição da RDB entre os setores (reduzindo a RDB de administrações públicas e empresas financeiras e elevando a RDB das famílias), mas não afetam o valor referente ao total da economia, ou seja, a RDB no agregado. 
Esta conta tem como resultado (saldo) a poupança bruta da economia (SD). A poupança é o agregado que faz a ligação entre as contas correntes e as contas de acumulação. 
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais
*
*
 3.2.2.3 As CEIs Institucionais
 A Conta de Acumulação
A última conta das CEIs Institucionais é a Conta de Acumulação, ou Conta de Capital. Ela parte do resultado da última conta (a conta de Uso da Renda), que é a poupança bruta de cada setor e da economia como um todo.
A poupança total destina-se a financiar o investimento da economia ou o resto do mundo. Mas, para cada setor individualmente considerado, sua poupança pode ser destinada a financiar o consumo de outros setores. 
Para a economia como um todo, o que importa é o saldo líquido final desses financiamentos intersetoriais. Se ele for positivo, significa que a economia em questão está financiando seu investimento, bem como o resto do mundo. Se ele for negativo, significa que a economia em questão tem necessidade de financiamento externo para dar conta de seu consumo final e de seus investimentos. 
O resultado final das administrações públicas corresponde ao superávit ou déficit nominal do governo. Assim apurado, ou seja, como a diferença entre os recursos e usos das administrações públicas, esse resultado é conhecido por “resultado acima da linha”. 
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais
 A Conta de Acumulação
Uma outra forma de produzir o mesmo resultado é mensurar a variação da dívida líquida governamental total (interna e externa). Nesse segundo caso, utilizado pelo Banco Central, temos o que se conhece por “resultado abaixo da linha”. 
Assim, se a dívida líquida cresce de um período a outro, isto significa que os recursos das administrações públicas não foram suficientes para enfrentar os gastos totais do governo com consumo e investimentos. Assim, ele foi financiado pelo resto do mundo e/ou por outros setores. Se o resultado for contrário , isto significa que o governo financiou outros setores ou o resto do mundo. 
Cabe notar que o governo pode ter poupança positiva e mesmo assim um resultado negativo se essa poupança não for suficiente para financiar os gastos com investimentos feitos pelo governo.
O método “acima da linha” apura o resultado do governo olhando para os fluxos e o método “abaixo da linha” apura o mesmo resultado olhando para os estoques. 
*
*
3.2.2.3 As CEIs Institucionais

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando