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Criminologia e Teorias Penais

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· CRIMINOLOGIA
· Conjunto de conhecimentos a respeito do crime
· Da criminalidade e suas causas, 
· Da vítima, 
· Do controle social do ato criminoso e 
· Da personalidade do criminoso
· ESCOLAS
· Clássica – Beccaria, Sec. XVIII; 
· O nascimento da Escola Clássica ocorreu ao fim do século XVIII, no auge do Iluminismo, período em que se buscava, principalmente, romper paradigmas absolutistas. Como principal ideal iluminista, tem-se: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. 
· Àquela época, o delito era visto como o cometimento de um pecado religioso, já a pena, em contramão, era apontada como uma maneira de remissão da culpa moral do criminoso, que deveria ser afligido com um mal em razão de sua conduta indevida ora praticada.
· Os princípios consagrados pelo Iluminismo, que, de determinada maneira, foram condensados no sucesso de Cesare de Beccaria, “Dos Delitos e das Penas”, foram basilares para a formação da Escola Clássica, que significou um amplo avanço na humanização das Ciências Penais, já que as barbáries capitaneavam as sanções criminais no século XVIII.
· Positiva – Lobroso, Sec XIX; 
· Cesare Lombroso, médico psiquiatra, foi o principal fundador da Escola Positiva, ao lado de Enrico Ferri e Raffaele Garofalo, responsáveis por  inaugurar a etapa científica da criminologia no final do século XX. Essa Escola surge como uma crítica à Escola Clássica, oportunizando uma mudança radical na análise do delito.
· Lombroso marcou esse período devido às suas ideias a respeito da relação entre o delito e o criminoso. Preocupou-se em estudar o homem delinquente conferindo-lhe características morfológicas, influenciando uma série de estudiosos a realizarem pesquisas mais profundas acerca do coeficiente humano existente na ação delituosa.
· Cesare Lombroso e o homem delinquente
· Sua principal contribuição para à Criminologia foi a sua teoria sobre o “homem delinquente”. Em síntese, a teoria contou com a análise de mais de 25 mil reclusos de prisões europeias. Além disso, seis mil delinquentes vivos e resultados de pelo menos quatrocentas autópsias (PABLOS DE MOLINA , 2013, p. 188).
· Socológica – Final do Sec. XX.
· A sociologia criminal, em seu início e postulados, confundiu-se com certos preceitos da antropologia criminal, uma vez que buscava a gênese delituosa nos fatores biológicos, em certas anomalias cranianas, na “disjunção” evolutiva. O próprio Lombroso, no fim de seus dias, formulou o pensamento no sentido de que não só o crime surgia das degenerações, mas também certas transformações sociais afetavam os indivíduos, desajustando-os. No entanto, a moderna sociologia partiu para uma divisão bipartida, analisando as chamadas teorias macrossociológicas, sob enfoques consensuais ou de conflito.
· As teorias sociológicas da crimi
· nalidade não buscam identificar as causas do crime no próprio homem delinquente, mas sim no meio social no qual ele se insere.
· Veem o delito como um fato social (nem individual nem patológico). O objeto de estudo é deslocado para as instâncias de controle social.
· O crime é abordado como fenômeno social, coletivo, cujas causas residem em fatores diversos (fatores econômicos, mecanismos de aprendizagem, desigualdade de oportunidades, etc.).
· A sociologia criminal ganhou bastante impulso a partir da década de vinte do século XX, nos Estados Unidos, com os estudos da chamada Escola de Chicago.
· Manutenção do enfoque etiológico (estudo das causas).
· 2. POLÍTICA CRIMINAL
· É ciência que tem por objeto a definição de estratégias de controle social. A apresentação de críticas e propostas para a reforma do direito penal em vigor visando ajustá-lo aos ideais jurídico-penais de justiça.
· Ocupa-se do crime enquanto valor. Ex. estuda como diminuir a violência
doméstica; analisa a legislação em vigor com críticas e propostas. 
· 3. TEORIAS PENAIS
· 3.1 – Teoria absoluta da pena ou retributiva
· O agente que praticar o delito será punido exclusivamente pelo fato de ter delinquido, ou seja, a pena visa retribuir o agente pela prática do crime.
· 3.2 – Teoria relativa da pena
· A teoria relativa da pena não se fundamenta no caráter retributivo do fato criminoso praticado, mas preventivo.
· Ou seja, de acordo com a teoria relativa da pena, busca-se, com a sanção, prevenir a ocorrência de novos fatos delituosos.
· 3.2.1 – Prevenção Geral Negativa
· A pena imposta ao autor do delito tende a refletir na sociedade de modo que as demais pessoas, ao verificarem a condenação de alguém pela prática do crime e a consequente aplicação da pena, se veem intimidadas e ponderam antes de cometer alguma infração penal. Ou seja, trata-se da prevenção por intimidação.
· 3.2.2 – Prevenção Geral Positiva
· Não se busca intimidar a sociedade em razão da aplicação da pena ao agente que delinquiu, mas sim a reafirmação do direito penal que fora violado através da prática do delito, ou seja, o objetivo é a busca à estabilidade do ordenamento jurídico.
· 3.2.3 - Prevenção Especial negativa
· O objetivo é evitar a reincidência, punindo o agente (com a aplicação da pena) para que ele não torne a infringir a lei penal, ou seja, o agente será punido para que não mais desobedeça a lei penal.
· 3.2.4 – Prevenção Especial Positiva
· Expressa o caráter ressocializador da pena, a aplicação da pena possui o objetivo de que o infrator repense o ato delituoso por ele cometido e suas consequências, de modo que não torne a desrespeitar a lei penal.
· 3.3 - Teoria Mista da Pena ou Teoria Unificadora da Pena
· Busca agrupar num conceito único os principais aspectos da teoria absoluta da pena ou teoria retributiva da pena, e da teoria relativa da pena, fazendo com que a sanção tenha um resultado mais positivo para a sociedade, para o agente transgressor da norma penal e também para o Direito Penal.
· 3.4 - Teoria Agnóstica da Pena:
· No estudo da teoria da pena, é de grande importância compreender a teoria agnóstica da pena, desenvolvida pelo renomado jurista argentino Eugenio Raúl Zaffaroni, um dos principais nomes do Direito Penal.
· Segundo a teoria agnóstica da pena, a pena apenas cumpriria a função de degenerar as pessoas que vierem a transgredir a norma penal e a ela forem submetidos, uma vez que haveria uma comprovação empírica acerca da impossibilidade de ressocialização dos apenados, nos atuais moldes das demais teorias da pena.
· Dessa maneira, a ideia de que a pena teria duas funções, quais sejam, retribuição e prevenção – geral e especial, seria falsa, servindo apenas para objetivos ocultos.
· De acordo com a teoria agnóstica da pena, parte-se do pressuposto de que a pena seria, na realidade, um ato de poder político com fundamentos similares, juridicamente falando, à guerra declarada, de modo a refutar as funções de mera retribuição e prevenção.
· Para essa teoria, o conceito de pena não seria jurídico, mas político, assim como o da guerra. Assim, afastando o que se chama de legitimidade jurídica e aproximando a pena da ideia de ser ato de poder político, os juristas que defendem a teoria buscam conter o poder punitivo com a potencialização de um Estado Democrático, uma vez que haveria margem de, politicamente, desenvolver políticas públicas calcadas no humanismo.
· Assim, a pena deveria ser instrumento de negação da vingança, lida como a limitação ao poder punitivo, inexistindo negativa do Estado Policial, menos ainda do Estado de Direito, pois ambos coexistem e são necessários, não se tratando, portanto, de uma teoria abolicionista, mas que, pela teoria agnóstica da pena, tem-se a ideia de restringir o Estado Policial e maximizar o Estado de Direito.
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· 4. TEORIAS CRIMINOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS
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· DAS TEORIAS DE CONSENSO:
Teoria da Anomia define ausência de valores inerentes a uma norma, fazendo com que esta perca sua coercitividade.
Teoria da Ecologia ou (Escola de Chicago) estuda o crescimento das grandes cidades e o consequente aumento da criminalidade justificada pela desorganização social das metrópoles decorrentes da diminuição do controle social.
· Teoria da Associação Diferencial descreveo processo de aprender alguns tipos de comportamento desviante, promovido ou aprendido em gangues por exemplo. O comportamento criminoso será repetido e se tornará crônico pelo reforçamento. (colarinho branco)
· Teoria da Subcultura do Delinquente é uma cultura associada a categorias de pessoas (grupos étnicos), ou categorias sociais(policiais como exemplo).
· Teoria da Neutralização utilizada pelo criminoso para justificar seu ato como vítima da sociedade, atribui a culpa pelos seus atos antissociais aos agentes públicos encarregados de sua punição, os quais seriam corruptos, parciais e inescrupulosos.
DAS TEORIAS DE CONFLITO:
Teoria do Etiquetamento ou Rotulação também conhecida como teoria da reação social, labelling approach, rotulação, estigmatização, assim a teoria rotula, ou etiqueta, quanto mais baixo os níveis sociais, mais fácil de ser criminalizados pelo sistema.
Teoria Critica parte dos fundamentos da teoria marxista, a qual culpa o capitalismo pelos fatos criminais.
Teoria das Janelas Quebradas defende que pequenas infrações, quando toleradas, podem levar a prática de delitos mais graves, demonstrar a relação entre desordem e criminalidade, Tolerância Zero – teoria americana criada na década de 90.
· 5. MECANISMOS INSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO
· A criminalização primária é desempenhada por meio do processo legislativo de criação e sanção da lei penal. O direito penal tutela direitos essenciais e de interesse de todos tais como, o direito à vida, à integridade física, à dignidade sexual, ao patrimônio e etc.
Este é o primeiro processo de criminalização a ocorrer, como o nome bem sugere, e é fortemente influenciado pela situação política, econômica e social em que se encontra o país. Um grande exemplo disso foi a instituição do feminicídio como crime, entusiasmado pelo clamor das mulheres contra a violência doméstica.
· A criminalização secundária corresponde à ação punitiva do Estado aos crimes que são identificados. Neste processo o indivíduo já sofreu a criminalização primária e então passará a ser apreciada sua conduta pelas instituições do sistema penal. Justiça Criminal.
· A partir do momento em que o sujeito é inserido no cárcere tem-se início a chamada criminalização terciária (prisão), que corresponde “às consequências negativas do contato do sujeito com as agências criminalizantes, uma vez que se enfatizam as mudanças que a experiência pode provocar nele, em sua auto percepção, e em sua forma de encarar a sociedade”. 
· 8. PROCESSOS DE CRIMINALIZAÇÃO
· Os processos de criminalização primária e secundária
· Desde a criação das normas à atuação das instâncias oficiais (Polícias, Ministério Público e Judiciário) é possível verificar a atuação seletiva do sistema penal, é o que chamamos de processos de criminalização primária e secundária.
· O processo de criminalização primária
· O processo de criminalização primária é representado pela elaboração das normas, isto é, pelo momento em que o Estado define quais são os bens jurídicos mais importantes e que devem ser protegidos pela lei.
· Com esse raciocínio é possível entender que o legislador, ao criar as leis, acaba por beneficiar um determinado grupo de pessoas e, ao mesmo tempo, prejudicar outros (os quais serão os “selecionados” pelo Direito Penal), mediante a criminalização de determinadas condutas e a escolha das sanções a elas atribuídas.
· O processo de criminalização secundária
· A criminalização secundária, segundo o que foi rapidamente falado no início do texto, refere-se à atuação do Estado na identificação, acusação e julgamento daqueles que praticaram um crime, ou seja, trata-se da atuação das instâncias oficiais, entendidas como Polícia, Ministério Público e Judiciário.
· Dessa forma, o sistema penal que nos é apresentado como sendo igualitário, aparentando alcançar de forma igualitária os indivíduos em decorrência das condutas por eles praticadas, se mostra, em verdade, seletivo, alcançando somente alguns integrantes da sociedade, pertencentes, como visto no tópico anterior, às camadas sociais mais baixas. 
· Destaca-se que os estudos voltados para o desvio secundário colocam em xeque a função preventiva da pena, em especial o objetivo educativo, mostrando que
· a intervenção do sistema penal, especialmente as penas detentivas, antes de terem um efeito reeducativo sobre o delinquente determinam, na maioria dos casos, uma consolidação da identidade desviante do condenado e o seu ingresso em uma verdadeira e própria carreira criminosa).
· Inclusive, “desde Jeremy Bentham, precursor da criminologia, passando por Lombroso, até Clifford Shaw, dentre muitos outros”, já havia sido notado que a prisão “contribuía de alguma forma para a criminalização”. (SHECAIRA, 2004, p. 288)
· 9. CIFRA OCULTA DA CRIMINALIDADE
Cifras Negras são os crimes que não chegam ao conhecimento do Estado.
Cifras Cinzas são os crimes que chegam ao conhecimento da autoridade policial, mas são resolvidos na própria delegacia.    
Cifras Brancas são os crimes solucionados, isto é, apurada sua autoria pela autoridade competente.
Cifras Amarelas são crimes praticados por arbitrariedade policial que não chegam ao conhecimento do órgão fiscalizador, corregedor.
Cifras Douradas são crimes praticados por criminosos do colarinho branco, por executivos ou membros do alto escalão da sociedade.
· 10. MÍDIA E CRIMINALIADE
No mundo Globalizado, os meios de comunicação de massa, cada vez mais influentes, fomentam julgamentos, na maioria das vezes, em tom sentenciador, que repercutem de forma direta no modo de enxergar realidades por parte de seus interlocutores. Assim, é baseando-se nesta expressiva influência midiática na construção de pensamento social, mormente no que se refere à significação que é atribuída ao crime, que se vislumbra o que passou a chamar-se de “criminologia midiática”.
Consoante disposição de Zaffaroni (2013), as pessoas que não comungam de uma criminologia acadêmica voltada para estudos ou trabalhos específicos da área, nutrem-se do que dispõe a criminologia midiática, isto é, possuem uma visão de crime criada especificamente pelos meios de comunicação. Nesse sentido, o autor afirma: “a criminologia midiática sempre existiu e sempre apela a uma criação da realidade através de informação, sub-informação e desinformação, em convergência com preconceitos e crenças” (ZAFFARONI, 2013, p. 290).
Nesta seara, defende Zaffaroni (2013) que os discursos propagados pela mídia são recepcionados pelos indivíduos em razão da legitimada diferenciação que faz entre o “nós” e o “eles”, de modo que se cria uma separação entre aqueles que defendem serem os “decentes” frente aos enquadrados como “maus”, conforme se observa:
· A criminologia midiática cria a realidade de um mundo de pessoas decentes frente a uma massa de criminosos, identificada através de estereótipos que configuram um eles separado do resto da sociedade, por ser um conjunto de diferentes e maus. O eles da criminologia midiática incomodam, impedem de dormir com as portas e janelas abertas, perturbam as férias, ameaçam as crianças, sujam por todos os lados e por isso devem ser separados da sociedade, para deixar-nos viver tranquilos, sem medos, para resolver todosos nossos problemas. Para tanto, é necessário que a polícia nos proteja de suas ciladas perversas, sem qualquer obstáculo nem limite, porque nós somos limpos, puros e imaculados (ZAFFARONI, 2013, p. 308).
Nesse contexto, cabe trazer à tona pesquisa realizada por Ramos e Paiva (2007), cujo enfoque se deu no fato de que, no Brasil, as reportagens relacionadas à comunidades que vivem em morros (favelas), em grande parte, apenas destacam as operações policiais, os agentes delituosos (com traços específicos) e as invasões, não deixando espaço para explorar outros pontos da comunidade, os quais possam lhe atribuir efeitos positivos. 
O interessante, por esse viés, é que para construção do “eles” faz-se questão de mostrar os crimes cometidos pelos estereotipados, de forma que parecem ser selecionados os delitos considerados mais perversosou violentos, a fim de encaixá-los simetricamente ao estereótipo indicado; enquanto que, delitos realizados pelos indivíduos que não adaptam-se ao “eles”, são minimizados e apresentados de forma distinta, pois não servem para subsidiar aquilo que pretende dar efeito negativo.
Assim, com base nesses fatores, acaba havendo um olhar da sociedade centrado diretamente para tais indivíduos, bem como a atuação seletiva por parte do sistema de controle penal, tendo em vista o fato de que atuam pautados em tipos pré-fixados, deixando ilesos indivíduos que também operam violando a legislação e que, todavia, não se encaixam no “eles”.
Disponível em: https://sergiobautzer.jusbrasil.com.br/noticias/539204488/nocoes-de-criminologia.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminologia.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminologia.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/30324/criminologia-contemporanea.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/60857/processo-de-criminalizacao-a-tipificacao-da-conduta-delinquente-a-partir-da-influencia-social.
Disponível em: https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/699367853/os-processos-de-criminalizacao-primaria-e-secundaria.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/73907/criminologia-e-midia.

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