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Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 1 Análise do hemograma O hemograma corresponde a um conjunto de testes laboratoriais que estabelece os aspectos quantitativos e qualitativos dos elementos celulares do sangue: eritrócitos (eritrograma), leucócitos (leucograma) e plaquetas (plaquetograma). Eritrograma A- Contagem de eritrócitos Determinação do número de eritrócitos por mm³ de sangue. Normal: - Homem: 4.400.000 a 6.000.000/mm³ - Mulher: 3.900.000 a 5.400.000/mm³ Pode-se ter anemia com contagem normal ou aumentada de eritrócitos, esta última situação ocorre especialmente nas talassemias. B- Dosagem de hemoglobina Determinação da quantidade total de Hb por meio da lise das hemácias e da determinação do valor por espectrofotometria. Normal: - Homem: 14 a 18g/dL - Mulher: 12 a 16g/dL Em crianças com idade entre 6 e 14 anos, têm-se, em média, 12g/dL e em gestantes e crianças entre 6 meses e 6 anos, média de 11g/dL. OBS: É importante destacar que esses valores são uma média mundial, podendo haver variedades geográficas e populacionais. C- Hematócrito É a proporção que o volume da massa eritrocitária ocupa na amostra de sangue, estabelecida pela relação percentual entre a massa eritrocitária e o plasma. Pode ser determinado diretamente, por centrifugação ou indiretamente, pelo cálculo: Ht= E x VCM/10* *E= número de eritrócitos(x 10°/Ul); VCM= volume corpuscular médio (ft) Normal: - Homem: 40 a 54% - Mulher: 38 a 49% Valores abaixo do normal podem significar anemia ou hemodiluição, enquanto aqueles acima do normal podem corresponder a poliglobulia ou a desidratação. D- Volume corpuscular médio Refere-se à média do volume de uma população de eritrócitos. Pode ser obtido diretamente, por impedância elétrica ou dispersão óptica ou diretamente, pelo cálculo: VCM = 10 x Ht (%) / E Normal 80 a 96fL ( Normocitose) Valores abaixo do normal (<80fL) Microcitose, consequente à diminuição da disponibilidade de ferro, síntese de cadeia globulínica ou da síntese do grupo heme. Valores acima do normal (>96fL) Macrocitose, alteração na maturação dos eritrócitos, reticulocitose, hemorragias, entre outros. O VCM pode estar falsamente aumentado (sem macrocitose) pela presença de paraproteínas ou crioglobulinas, que provocam aglutinação de hemácias. E- Hemoglobina corpuscular média Hemoglobina corpuscular média (HCM) é a média do conteúdo (em peso) de Hb em uma população de eritrócitos. HCM = Hb x 10 / E F- Concentração de hemoglobina corpuscular média Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 2 A CHCM corresponde à média das concentrações internas de Hb de uma população de eritrócitos, sendo responsável pela cor deles. CHCM = Hb x 10 / Ht O conteúdo de Hb em um eritrócito depende do seu volume e da concentração de Hb dentro dele, portanto, pode haver aumento de HCM com CHCM normal, sem caracterizar hipercromia ou diminuição de HCM com CHCM normal, sem caracterizar hipocromia. Normal 32 a 36g/dL (normocrômica) Hipercromia (CHCM > 36g/ dl) Eritrócito concentrado por diminuição do ‘’continente’’: presença de esferócitos, drepanócitos, esquizócitos e equinócitos. Hipocromia (CHCM <32g/ dl) Por diminuição do conteúdo, pela diminuição da síntese de Hb: ferropenia, talassemia e anemia de doença crônica. G- Red cell distribution width O RDW é um coeficiente que revela numericamente a variação de volume dos eritrócitos. É bastante importante na classificação e no diagnóstico das anemias, pois é o 1° índice a ser alterado nas anemias carenciais, auxiliando na suspeita da presença de fragmentos celulares e de aglutinação. OBS: É importante os valores de Red cell distribution width (RDW) abaixo do normal não têm significado clínico. Valores acima do normal indicam alteração na maturação eritrocitária ou fragmentação eritrocitária. Via de regra, anemias carenciais por ferro, folato e B12 estão associadas a RDW elevado. Imagem- Histograma de volume eritrocitário: dupla população eritroide durante tratamento de anemia ferropriva, uma microcítica (deficiência de ferro), outra normocítica (população normal). OBS: É importante na investigação e avaliação das anemias, uma vez que é o 1° parâmetro a se alterar nas anemias carenciais. Tabela1: Classificação morfológica das anemias, considerando volume corpuscular médio e red cell distribution width RDW normal RDW >14,5 VCM<80fL - Talassemia - Anemia de doença crônica - Anemia ferropriva - S-betatalassemia - Microangiopatia VCM normal - Anemia de doença crônica - Insuficiência renal crônica - Hipotireodismo - Hemodiluição da gravidez - Hemorragia aguda - Deficiências mistas (B12, folato+ferro) - Anemia sideroblástica - Síndrome mielodisplásica - Anemia falciforme - Esferocitose hereditária VCM> 96fL - Anemia aplástica - Medicamentos - Alcoolismo - Hepatopatia - Hipotireoidismo - Anemia megaloblástica - Hemólise - Síndrome mielodisplásica Idealmente, as principais alterações morfológicas da série eritrocítica devem estar descritas no hemograma após a análise do sangue periférico. Tabela2- Valores normais do hemograma por sexo. Homem Mulher Eritrograma 4,4 a 6 milhões/mm³ 3,9 a 5,4 milhões/mm³ Hemoglobina 14 a 18g/dL 12 a 16g/dL Hematócrito 40 a 54% 38 a 49% VCM 80 a 96 fL 80 a 96 fL HCM 28 a 32pg 28 a 32pg CHCM 32 a 36g/dL 32 a 36g/dL RDW 11 a 14,5% 11 a 14,5 % Leucograma O sistema imune é um complexo e dinâmico sistema que promove a defesa contra infecções por bactérias, Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 3 vírus, fungos, protozoários e outros parasitas, além de células neoplásicas, rejeição de células, órgãos e tecidos. Os leucócitos são as principais células do sistema imune e atuam tanto de forma direta (neutrófilos, linfócito T citotóxico, células NK) quanto de forma indireta, pela produção de anticorpos (linfócitos B). A contagem global dos leucócitos pode ser feita de forma manual (por meio da câmara de Neubauer) ou de forma automatizada. A contagem diferencial pode ser feita pela análise microscópica do sangue periférico ou, também, de forma automatizada. - Para fins práticos, os leucócitos são classificados em 2 grandes grupos: Polimorfonucleares (granulócitos): neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Mononucleares: monócitos e linfócitos Contagem diferencial OBS: Nunca observar somente os valores relativos de leucócitos, analisar, também, os absolutos, pois valores relativos podem levar a erros de interpretação. O número global de leucócitos deve ser sempre avaliado em conjunto com os valores absolutos (e não com os relativos) de cada subtipo leucocitário e com as possíveis alterações morfológicas. Valores relativos (%) podem levar a erros de interpretação. Por exemplo, em um paciente com leucócitos totais= 2.000/mm³, linfócitos= 60% e neutrófilos= 40%, tem-se uma linfocitose. Muitas vezes a contagem global de leucócitos está normal, mas o diferencial está alterado. Por exemplo, em um indivíduo com leucócitos= 8.700/mm³, mas com eosinófilos= 1.400/mm³, a contagem global está normal, mas existe eosinofilia. Da mesma forma que os eritrócitos, os leucócitos podem ser representados por citogramas, relacionando volume (tamanho) e complexidade (granulação). Imagem - Citograma de leucócitos: (A) monócitos; (B) linfócitos; (C) neutrófilos e (D) eosinófilos. Leucócitos 4.400 a 11.000/mm³ Neutrófilos 1.600 a 6.600/mm³ Linfócitos 1.200 a 3.500/mm³ Monócitos 0 a 400/mm³ Eosinófilos 0 a 400/mm³ Basófilos 0 a 100/mm³ A- Leucocitose Leucocitose é o aumento nacontagem de leucócitos, usualmente maior que 11.000/mm³, geralmente à causa do aumento isolado de linhagem única: neutrófilo, eosinófilo, basófilo, linfócito ou monócito. a- Neutrofilia O pool de neutrófilos total é dividido em pool marginal, que fica aderido ao endotélio e pool circulante. A contagem de neutrófilos obtida no hemograma reflete apenas o pool circulante. A neutrofilia é o aumento acima de 7.000/mm³ da contagem de neutrófilos somatório de segmentos + bastonetes). Pode ser primária (nas doenças mieloproliferativas crônicas) ou secundária. Dentre as causas secundárias, têm-se o tabagismo (pode cursar com neutrofilia discreta), quadros infecciosos agudos (principalmente bacterianos), inflamação crônica (artrite, vasculite, doença inflamatória intestinal), liberação de citocinas (grande queimado, trauma), estresse (exercício, estresse psíquico), medicamentos (adrenalina, corticoide), asplenia, reacional a neoplasias não hematológicas, infarto agudo do miocárdio. São definições importantes: - Desvio à esquerda: o aumento da quantidade de bastonetes >700/uL. Quanto mais intenso o desvio, maior o aumento das formas imaturas, que aparecem de forma escalonada (bastão >metamielócito >mielócito >promielócito). Ocorre, por exemplo, em resposta a um processo infeccioso bacteriano agudo, nos grandes queimados, politraumatismo etc. Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 4 Obs: nos desvios à esquerda, há um aumento das formas imaturas celulares, como bastonetes, ocorrendo principalmente em resposta a um processo infeccioso bacteriano agudo. Sua avaliação é importante na suspeita de infecção. - Reação leucemoide: quando há leucocitose intensa (>50.000/mm³), com desvio à esquerda escalonado. É um processo benigno reacional. - Desvio à direita: também conhecido como neutrófilo hipersegmentado, caracterizado pela presença de mais de 3% de neurotrófilos com 5 ou mais lóbulos ou mais de 1% com 6 ou mais lóbulos. Principais causas: anemia megaloblástica, infecções crônicas, insuficiência renal crônica, uso de altas doses de corticoide, mielodisplasia e medicamentos (hidroxiureia). - Reação leucoeritroblástica: leucocitose com desvio à esquerda e eritrócitos imaturos no sangue periférico (eritroblastos). Ocorre nas situações em que há infiltração medular por outro tecido: fibrose (mielofibrose), câncer metastático ou solicitação extrema da medula (sangramento agudo grave ou hemólise intensa). - Granulações tóxicas: correspondem a grânulos grosseiros presentes nos neutrófilos em processos infecciosos agudos ou estados inflamatórios graves. - Importante: a hipersegmentação neutrofílica, chamada de desvio à direita, ocorre geralmente na anemia megaloblástica, nas infecções crônicas e nos pacientes com insuficiência renal crônica. Nesse caso, há a presença de 3% de neutrófilos com 5 ou mais lóbulos, ou mais de 1% com 6 ou mais lóbulos. - Dica: na linfocitose, em caso de morfologia alterada, deve-se suspeitar de leucemia linfoide aguda ou outra linfoproliferação neoplástica. Nesses casos, deve-se utilizar da imunofenotipagem para excluir linfoproliferação crônica clonal. b- Linfocitose Trata-se do aumento da contagem de linfócitos acima dos valores de referência para a idade (>4.000/mm³ em indivíduos com mais de 12 anos). Outras causas de linfocitoses reacionais são medicamentos (reação de hipersensibilidade), situações de estresse (infarto do miocárdio, traumatismos, epilepsia), tabagismo e pós- esplenectomia. c- Plasmocitose A presença de plasmócitos no sangue periférico é patológica e pode ser reacional (infecção, medicamento, imunização ou doenças imunes) ou neoplásica (mieloma múltiplo, macroglobulinemia de Waldenstrom ou leucemia de células plasmocitárias). d- Monocitose O monócito é uma célula também fagocitária, mais eficaz na destruição de fungos, vírus e parasitas. Crianças de até 2 anos respondem às doenças infecciosas com monocitose precoce, além de neutrofilia. A monocitose é definida como contagem >800/uL e tem, como principais causas: Reacional Gestantes, recém-nascidos, asplenia, doenças granulomatosas (tuberculose, sarcoidose), doenças infecciosas (sífilis, brucelose, malária, febre tifoide, infecções fúngicas), doenças inflamatórias crônicas (artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, colite ulcerativa, Crohn), raros carinomas. Clonal Mieloproliferação crônica, leucemia mieloide aguda (LMA) M4 (mielomonocítica) ou M5 (monocítica), histiocitose maligna. - Importante: Na falsa linfocitose, os eritroblastos são contados como linfócitos em muitos aparelhos, em razão do tamanho, do núcleo e da ausência de grânulos. Em anemias hemolíticas severas ou situações de estresse medular, em que há eritroblastos circulantes em grandes quantidade, pode-se encontrar ‘’linfocitose’’. - Dica: Existe um mnemônico para memorizar as principais causas de eosinofilia, o CHINA: C- Colagenoses; H- Helmintos; I- Idiopática (formas primárias); N- Neoplasias; A- Alergias/ Adrenal (insuficiência) e- Eosinofilia Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 5 Definida como contagem acima de 500/mm³, independente da contagem global de leucócitos, podendo ser primária (doenças hematológicas – mieloproliferação crônica, síndrome hipereosinofílica) ou secundária, esta última mais comum. A eosinofilia secundária é encontrada em quadros alérgicos (rinite, asma, urticária), reação a drogas, infecção parasitária (escabiose e parasitas intestinais), doenças cutâneas (pênfigo), infecção fúngica (coccidioidomicose), deficiência de corticoide (Addison) e associada a alguns casos de linfomas (15% em Hodgkin e 5% em não Hodgkin). A eosinofilia secundária a parasitas se deve à estimulação da resposta linfocitária Th2, que liberam Ll- 4 e lL-5 e é diretamente proporcional ao grau de invasão tecidual. Nematódeos intestinais Necator americanos, Ancylostoma duadenale e Strongyloides stercoralis – todos podem fazer ciclo pulmonar e causar síndrome de Loeffler, com eosinofilia intensa (a eosinofilia é proporcional à magnitude da infestação). Nematódeos teciduais Toxocara canis (larva migrans) e Trichinella spiralis. Os helmintos, como Taenia e Ascaris, que estão em contato apenas com o lúmen intestinal, não cursam com eosinofilia. O mesmo ocorre com parasitas unicelulares, como Giardia e Entamoeba (ameba). f- Basofilia Definida como contagem com mais de 200/mm³, é comumente encontrada em neoplasias mieloproliferativas e outras doenças hematológicas malignas, mas também pode ser detectada em reações inflamatórias ou alérgicas (inclusive colite e artrite reumatoide), endocrinopatias (mixedema, administração de estrogênio) e alguns quadros infecciosos (virais, tuberculose, helmintos). B- Leucopenia Consiste na diminuição da contagem de leucócitos a valores abaixo da referência para idade e raça. Indivíduos da raça negra podem apresentar variação étnica da contagem de leucócitos, revelando leucopenia à custa de neutropenia, que não possui significado clínico. - Importante: a leucopenia pode resultar de baixa produção medular (de causa primária ou secundária), de elevada utilização (consumo), de marginalização excessiva do pool circulante ou de hiperesplenismo. Da mesma forma que a leucocitose, geralmente ocorre por diminuição em uma única linhagem. a- Neutropenia É definida como valores abaixo de 1.500 neutrófilos/mm³ de sangue. A prevalência de neutropenia é maior entre indivíduos da raça negra (4,5%) do que da branca (0,39%), conforme já dito, sem significado patológico. É também conhecido o termo ‘’neutropenia benigna familiar’’ ou ‘’leucopenia benignafamiliar’’, que apresenta maior prevalência em sul- africanos, judeus iemenitas, incidência de quadros infecciosos. Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 6 Pode ser classificada, quanto à gravidade, em: - Leve: 1.000 a 1.500 neutrófilos/mm³ - Moderada: 500 a 1.000 neutrófilos/mm³ - Grave: <500 neutrófilos/mm³ Quanto à causa, classifica-se em adquirida e hereditária. Dentre as adquiridas, a neutropenia pode ocorrer por: - Diminuição da síntese: • Doenças medulares: aplasia, leucemias, infiltração por linfomas ou outras neoplasias. • Supressão das células precursoras de granulócitos: quimioterápicos; agranulocitose por medicamentos (dipirona, cloranfenicol, sulfonamidas, clorpromazina, tionamidas e fenilbutazona); agentes tóxicos ambientais (benzeno) • Deficiências nutricionais: cobre, B12 e folato. Dica: a neutropenia é definida como valores menores do que 1.500 neutrófilos/mm³ de sangue. Nos pacientes com infecção secundária à neutropenia, além da antibioticoterapia de amplo espectro, pode ser associado fator de crescimento de granulócito (G-CSF), o qual acelera a recuperação. - Aumento da utilização ou da destruição: • Quadros infecciosos por certos agentes bacterianos • Doenças imunes • Sequestro esplênico Importante: a neutropenia pode ocorrer por diversas causas, como diminuição da síntese nas doenças medulares, na supressão das células precursoras de granulócitos e nas deficiências nutricionais (cobre, folato e vitamina B12). Pode ocorrer, ainda, por aumento na utilização ou na destruição, como nos quadros infecciosos por Mycobacterium tuberculosis, em doenças autoimunes e no sequestro esplênico. b- Linfopenia É definida como contagem linfocitária <1.000/mm³ de sangue em adultos, em crianças, varia de acordo com a idade e o sexo. c- Monocitopenia Causas de linfopenia Baixa produção Desnutrição energético- proteica (principal causa de linfopenia), imunodeficiência, deficiência de zinco. As imunodeficiências linfopênicas congênitas podem ser seletivas (apenas B ou T) ou combinadas (B e T) Aumento na destruição Quimioterapia e radioterapia, alteração de vasos linfáticos, síndrome de Wiskott- Aldrich, quadro inflamatório crônico (doenças autoimunes, particularmente no lúpus), infecções virais (HIV, sarampo, poliomielite, influenza, varicela-zóster). O HIV causa linfocitopenia seletiva do subtipo T CD4. Redistribuição Diante de eventos estressantes, como infecções, queimados e trauma, em resposta à elevação de corticoide, ocorre desvio do linfócito do sangue periférico para os tecidos (a mesma situação acontece diante dos quadros de doenças granulomatosa disseminada – tuberculose, sarcoidose). Mecanismo incerto Compreende doença de Hodgkin, insuficiência renal, câncer, síndrome de Felty, infecção bacteriana aguda no idoso. Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 7 Contagem de monócitos abaixo de 100/mm³ de sangue. De escasso valor clínico, exceto na leucemia de células cabeludas (neoplasia de células B). d- Eosinopenia Contagem abaixo de 20/mm³, ocorre em quadros de infecções agudas com neutrofilias acentuadas. É bastante útil para o diagnóstico de casos de abdome agudo e ocorre também quando em uso de corticoide e epinefrina. e- Basopenia De pouca aplicabilidade clínica. Plaquetograma Como os demais, a contagem plaquetária pode ser feita por meio de contagem direta (câmara de Neubauer), indireta (microscopia) ou automatizada. O valor normal é de 140.000 a 450.000/mm³, porém já há artigos mais atuais que consideram o valor mínimo normal de plaquetas como 100.000/mm³. Para valores abaixo do normal, se deve-se excluir contagem plaquetária errônea que denote resultados menores do que a real contagem plaquetária: - Plaquetopenia espúria - Diminuição da produção - Excesso de destruição ou consumo - Hiperesplenismo Principais causas de trombocitopenia Hemograma nas leucemias agudas O hemograma nas leucemias agudas é bastante variado. A anemia é achado frequente e de intensidade variável e o valor da Hb pode variar entre 3 e 16g/dL. É normocrômica e normocítica, com reticulócitos normais ou diminuídos. Eritroblastos podem ou não estar presentes no sangue periférico. Plaquetopenia está presente em mais de 90% dos casos, sendo o valor inferior a 50.000/mm³ encontrado em 50% dos casos. Falsa trombocitopenia Pseudo-trombocitopenia Induzida por drogas Heparina, sulfas, vancomicina, piperacilina-tazobactam, amplicilina, naproxeno, inibidores de glicoproteína llb/llla Infecções HIV, hepatites C, EBV, H.pylori Álcool Hiperesplenismo Deficiência vitamínica Vitamina B12, ácido fólico, cobre Gravidez Trombocitopenia gestacional, síndrome HELLP Microangiopatia Coagulação intravascular disseminada, púrpura trombocitopênica trombótica/síndrome hemolítico-urêmica Outras Anemia aplásica, hemoglobinúria paroxística noturna, trombocitopenias congênitas Carolina Barbosa @biomednacruzeiro Biomedicina na Cruzeiro do Sul. 8 Hemograma nas asplenias Entre os pacientes com hipoesplenia ou asplenia (anemia falciforme, esplenectomia), as características do hemograma são: Características do hemograma nas asplenias Série vermelha Presença de corpúsculos de Howell-Jolly, corpos de Heinz, células ‘’em alvo’’ e acantócitos, sendo o baço o principal local de remoção de hemácias envelhecidas e anômalas. Série branca No pós-operatório imediato da esplenectomia, leucocitose à custa de neutrofilia, período que dura aproximadamente, 1 a 2 semanas, seguido de linfocitose e monocitose discretas e persistentes. Plaquetas No pós-operatório imediato, plaquetose importante, muitas vezes alcançando valores superiores a 1.000.000/mm³, inclusive com risco de trombose (sendo recomendado o uso de antiagregante plaquetário profilático), de forma transitória, com duração que varia entre alguns meses e 2 anos.
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