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11 - itens 6.1 e 6.2

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EAE 0305 – Contabilidade Social
Aula 26 – O Sistema Monetário e as Contas Monetárias; as funções da moeda e os meios de pagamento 
 itens 6.1 e 6.2 do Programa
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6.1 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: a importância e as funções da moeda
Na sociedade moderna, que tem sua reprodução material inteiramente organizada pelo mercado e pela troca, a moeda (dinheiro) tem importância fundamental.
Uma economia onde as trocas se dão sem a intermediação da moeda é uma economia de escambo (barter economy).
 A depender apenas do escambo, uma economia inteiramente organizada pela troca seria impossível. 
A moeda fraciona a troca de A por B em dois momentos: 
O agente A, proprietário da mercadoria A vende, para o agente X, sua mercadoria, trocando-a por dinheiro (venda);
O mesmo agente, de posse desse dinheiro, compra do agente B, a mercadoria B (compra).
Isso indica a primeira e certamente mais conhecida das funções da moeda, que é a de ser meio de troca.
Mas essa sua importante função não basta para definirmos o que é moeda. Para isso teremos que agregar a essa outras duas funções. 
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6.1 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: a importância e as funções da moeda
A segunda função da moeda que, como veremos, está diretamente ligada à primeira é a de ser unidade de conta.
Isso significa que todas as mercadorias expressam seus valores em termos de moeda (o que vêm a constituir seus preços). É esse o sentido preciso do termo “unidade” que está presente nessa função.
Se um bem qualquer não for unidade de conta, ele poderá ocasionalmente funcionar como meio de troca, mas não será moeda.
Enquanto unidade de conta, a moeda mede o valor de todo o universo de mercadorias e apresenta esses valores de uma forma única.
Considerado todo o universo das mercadorias, as relações que os preços dos diversos bens estabelecem entre si constituem sua estrutura de preços relativos.
Se o preço de um bem ou de um grupo homogêneo de bens sobe ou desce em relação aos preços dos outros bens, isso significa que a estrutura de preços relativos da economia sofreu alteração. Porém se os preços de todos os bens sobem ou descem na mesma proporção, as relações existentes entre eles nãos e modificam, ou seja, a estrutura de preços relativos permanece a mesma e é a unidade de conta que está sofrendo alteração em seu valor.
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6.1 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: a importância e as funções da moeda
A terceira função da moeda é a de funcionar como reserva de valor.
O fracionamento da troca em venda e compra que o papel de meio de troca desempenhado pela moeda possibilita, não significa que o segundo passo necessariamente ocorra, ou que ocorra imediatamente.
Em outras palavras, não é porque alguém vendeu algo que ele tenha que necessariamente comprar alguma outra coisa. Ele pode simplesmente guardar a moeda e utilizá-la quando lhe for mais conveniente. 
Em outras palavras, a moeda permite-nos alocar nossas transações no tempo de acordo com nossas conveniências e é nesse sentido que ela funciona como reserva de valor.
Contudo, não é só a moeda que pode desempenhar esse papel. Em princípio, qualquer bem que não se deteriore com o tempo pode funcionar como reserva de valor. Mas esses bens (uma casa, por exemplo), não são moeda porque não podem desempenhar as duas funções anteriores. 
Esses bens não podem desempenhar essas funções porque não são líquidos, ao passo que a moeda é o bem de maior liquidez existente na economia. Porque ela é a própria unidade de conta, ela tem, mais do que qualquer outro bem, a capacidade de fazer seu valor atravessar, sem perdas, o tempo, coisa que não acontece com os outros bens. Evidentemente, esse papel da moeda fica inteiramente comprometido na presença de processos inflacionários crônicos. 
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6.1 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: a importância e as funções da moeda
Para que possa ser considerado moeda, um bem tem que poder cumprir simultaneamente essas três funções, ou seja, ser o intermediário das trocas, ser a unidade de conta e funcionar como reserva de valor.
Se uma delas, como a reserva de valor, falha, sua manutenção como moeda começa logo a ser questionada. É isso que está acontecendo hoje, no plano mundial, com o dólar americano. A moeda dos EUA vem sendo cada vez mais questionada em sua capacidade de continuar a funcionar como dinheiro mundial por causa de sua contínua desvalorização perante outras moedas, sejam elas do mundo desenvolvido (como o euro e o iene), sejam de países ainda não completamente desenvolvidos, como o Real.
O Brasil viveu vários momentos em que as funções da moeda se dissociaram e ficaram espalhadas em diferentes bens. Na fase inicial do Plano Real (entre março e julho de 1994), a moeda brasileira, que já há muito não funcionava como reserva de valor, função que havia sido transferida para os títulos bancários, dólar e outros, deixou também de funcionar como unidade de conta, tarefa que ficou atribuída à URV (unidade real de valor). Nessas circunstâncias, nossa “moeda”, o cruzeiro real, funcionava apenas como meio de troca. 
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6.1 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: a importância e as funções da moeda
Consideradas as três funções da moeda, resta saber que tipo de bem pode exercer esse papel. 
Ao longo da história, os metais preciosos foram despontando como bens capazes de exercê-lo, por carregarem muito valor em pouco peso (o que facilitava o transporte), por não se deteriorarem com o tempo, e por serem divisíveis.
Os metais preciosos, particularmente ouro e prata, forjaram o padrão por meio do qual os preços passaram a ser expressos. Os nomes da moeda que foi a mais importante do mundo durante quase dois séculos, a moeda inglesa, fazem referência a frações de peso do ouro (libra é uma medida de peso e é ao mesmo tempo o nome da unidade monetária inglesa). 
Ao longo do tempo, foram se dissociando o valor e a quantidade de matéria prima na qual ele deveria estar encarnado. Esse processo dá origem ao papel moeda.
Os recibos que identificavam a existência de uma determinada quantidade de moeda metálica depositada em algum lugar passaram a ser aceitos como moeda. Os metais passaram a funcionar então como lastro, sem a necessidade de estarem presentes nas transações.
Atualmente, o papel moeda é a forma dominante de moeda (em contraposição à moeda mercadoria, antes dominante). Seu lastro, porém, não é mais o metal precioso, mas a confiança em seu valor garantida pelo estado (fidúcia). Daí que ele é também conhecido como moeda fiduciária. 
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6.2 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: 
os meios de pagamento
No estudo do sistema monetário, entendido como o conjunto das instituições responsáveis pela emissão de moeda no país, a moeda ganha um nome técnico: meios de pagamento (MP).
A quantidade de MP presente numa economia num determinado momento está relacionada com a quantidade de papel moeda existente (moeda corrente) e com os depósitos a vista do público nos bancos comerciais (moeda escritural).
A moeda corrente que importa para os MP é a quantidade de papel moeda emitida pelo Banco Central que está em poder do público, ou seja, que não está no sistema bancário.
O sistema bancário é definido como sendo constituído pelo Banco Central mais os bancos comerciais (também chamados de bancos criadores de moeda). Quaisquer agentes e/ou instituições que não sejam os bancos comerciais e o Banco Central são, no que diz respeito a esta definição, considerados “público”. 
Assim, o papel moeda em poder público (pmpp) é definido como sendo o saldo do papel moeda emitido (pme), menos o caixa em moeda do sistema bancário (cmsb).
pmpp = pme - cmsb
Portanto, num determinado momento, a quantidade de MP presente na economia é igual à soma do papel moeda em poder do público (pmpp) mais os depósitos à vista do público nos bancos comerciais (dv).
MP = pmpp + dv 
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6.2 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: 
os meios de pagamento
Mas o que é exatamente a moeda escritural, ou seja, porque os depósitos à vista
do público nos bancos comerciais são considerados moeda?
Como veremos, a resposta a essa pergunta está relacionada com aquilo que se chama multiplicador bancário, o que por sua vez vai explicar porque os bancos comerciais são considerados bancos criadores de moeda.
Quando os antigos mercadores deixavam sua moedas depositadas em casas de sua confiança e saíam de lá portando os recibos desses depósitos , os guardiões dessas moedas perceberam que poderiam emprestar a juros uma boa quantidade delas sem correr o risco de que seus verdadeiros proprietários viessem todos ao mesmo tempo requisitá-las.
Bastava deixar em caixa uma fração desses depósitos como garantia para os eventuais sacadores, para poder emprestar todo o restante. 
Foi desse princípio simples que nasceram os bancos, que passaram a pilotar esse processo de multiplicação de liquidez (poder de compra) em vários rounds (porque os empréstimos geram novos depósitos, que podem gerar novos empréstimos e assim por diante).
O chamado multiplicador bancário é a variável que mensura exatamente de que tamanho é o poder que o sistema bancário tem de criar moeda.
É por se tratar de poder de compra tão líquido quanto a moeda corrente, que os depósitos á vista são chamados de moeda (escritural) e fazem parte dos MP.
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6.2 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: 
os meios de pagamento
Hoje em dia, no Brasil, cerca de 40% dos MP constituem-se de moeda corrente, sendo o restante composto por moeda escritural. 
Os MP constituem um agregado monetário. Na realidade trata-se do agregado monetário mais líquido que existe, pois congrega os ativos monetários, que representam poder de compra imediato, ou seja, capacidade de, sem custos, transformar-se em bens e serviços.
Porque são MP da mais alta liquidez, a moeda e os depósitos à vista são denominados ativos monetários, que é uma categoria específica de ativo financeiro. Os demais ativos financeiros são em geral definidos em função de sua maior ou menor proximidade, em termos de liquidez, com os ativos monetários. 
Um título bancário como um CDB, por exemplo, é um ativo distante dos ativos monetários, pois é pouco líquido. Se ele for, por exemplo, de 180 dias e seu detentor precisar dele antes disso, certamente sofrerá uma perda em sua remuneração, mesmo que seu dinheiro tenha ficado aplicado a maior parte desse prazo.
Até o ano de 2000, a classificação dos agregados monetários era feita a partir do critério de liquidez dos ativos financeiros.
O quadro a seguir vai mostrar essa classificação, mostrando também que o primeiro agregado (M1) é aquilo que até agora chamamos de MP. 
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6.2 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: 
os meios de pagamento
A partir de 2001, o critério de classificação desses agregados foi substituído pelo de sistema emissor.
Assim, o M1 (que não mudou em relação à classificação anterior) é gerado por instituições emissoras de haveres estritamente monetários.
O M2 engloba o M1 mais as demais emissões de alta liquidez realizadas primariamente no mercado interno por instituições depositárias (bancos comerciais e múltiplos, caixas econômicas, bancos de desenvolvimento, agências de fomento, sociedades de crédito e associações de poupança e empréstimo).
O M3 engloba o M2 mais as captações efetuadas por intermédio dos fundos de renda fixa e das carteiras de títulos registrados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
Finalmente, o M4 engloba o M3 mais os títulos públicos de alta liquidez. 
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6.2 O Sistema Monetário e as Contas Monetárias: 
os meios de pagamento
Outro conceito de grande importância para a compreensão do sistema monetário e dos próprios MP é o de base monetária.
Mas para compreendê-lo corretamente é preciso entender um pouco melhor o que é o Banco Central e quais são suas funções.

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