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UNIVERSIDADE PAULISTA ADMINISTRAÇÃO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANÁLISE DE CUSTOS PROF FÁBIO BRUSSOLO 1 – Sistema de Custeio Direto ou Variável O custeio variável surgiu como forma de sanar uma necessidade de utilização dos fatores de custos para a tomada de decisões dentro das empresas. Neste sistema as empresas separam os seus custos fixos e variáveis, considerando que os produtos seriam analisados levando-se em consideração somente os custos variáveis que são aqueles que podem ser diretamente atribuídos aos produtos, sem necessidade de critérios de rateio. É uma forma de se eliminar o critério de rateio na análise dos custos das empresas. MARTINS (2009:197) cita três grande problemas da utilização dos custos fixos na análise gerencial: “Primeiro – Por sua própria natureza, os custos fixos existem independentemente da produção ou não desta ou daquela unidade, e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que oscilações (dentro de certos limites) ocorram no volume de produção; tendem os custos fixos a ser muito mais um encargo para que a empresa possa ter condições de produção do que sacrifício para a produção específica desta ou daquela unidade; são necessários muito mais para que a indústria possa operar, ter instalada sua capacidade de produção, do que produzir uma unidade a mais de determinado produto. Segundo – Por não dizerem respeito a este ou aquele produto ou a esta ou aquela unidade, são quase sempre distribuídos à base de critérios de rateio, que contêm, em maior ou menor grau, arbitrariedade; quase sempre grandes graus de arbitrariedade. A maior parte das apropriações é feita em função de influência que, na verdade, não vinculam efetivamente cada custo a cada produto, porque essa vinculação é muito mais forçada do que costumanos acreditar. Se, a fim de avaliar um produto para efeitos de estoque, isso pode ser uma forma de minimizar injustiças, para efeito de decisão simplesmente mais confunde do que auxilia; o fato de se apropriar de uma forma pode alocar mais custo em um produto do que em outro, e se alterarmos o critério de rateio, talvez façamos o inverso. Por se alterar um procedimento de distribuição de custos fixos, pode-se fazer de um produto rentável um não rentável (aparentemente), ou transformar um superavitário em deficitário, e vice-versa. E não há lógica e se alterar o grau de rentabilidade de um produto em função de modificações nas formas de rateio; essa é uma maneira de se auto- enganar. Terceiro – o valor do custo fixo por unidade depende aind do volume de produção: aumentando- se o volume, tem-se um menor custo fixo por unidade e vice-versa. Se for decidir com base em custo, é necessário associar-se sempre ao custo global o volume que tomou-se como base. Se a empresa estiver reduzindo um item por ser pouco lucrativo, pior ainda ficará a sua posição, devido à diminuição do volume; ou, se um produto estiver com baixo lucro, o aumento do preço com base em seu alto custo poderá provocar uma diminuição em sua procura,e, consequentemente, reduzir o seu volume, e assim aumentar ainda mais o seu custo de produção, num círculo vicioso. Pior do que tudo isso, o custo de um produto pode variar em função da alteração de volume de outro produto, e não da sua própria, ao se aumentar a quantidade dos outros bens elaborados, o montante a ser carregado para um determinado produto será diminuído, já que os custos globais serão agora carregados mais para aquele item, cuja quantidade cresceu. O custo de um produto pode, então variar em função não do seu volume, mas da quantidade de outros bens fabricados.” Para corrigir estes problemas foi criado o Custeio Direto ou Variável, pois os produtos serão avaliados somente pelos custos que sabe-se pertencem a ele mesmo, sem a utilização de critérios de rateio, o que faz com que a decisão em relação a custos seja tomada de uma forma mais consciente. Neste sistema os custos fixos são apropriados diretamente ao resultado da empresa. Enquanto o custeio por absorção atende às disposições legais quanto à apuração de resultados e avaliação patrimonial, o custeio variável atende a administração da empresa, permitindo a tomada de decisões baseadas em custos. 1.2) Margem de Contribuição Os produtos, ao serem fabricados, provocam a ocorrência de custos variáveis. Além dos custos variáveis, ao serem comercializados, os produtos provocam o surgimento de certas despesas também variáveis, como por exemplo: comissões, fretes, seguros, entre outras. Partindo-se do conceito do Custeio Variável onde a empresa apropria aos produtos somente os custos variáveis, para a Margem de Contribuição as Despesas Variáveis também devem ser alocadas aos produtos para fins de decisão. Isso acontece pois essas despesas tem uma relação direta com o produto vendido, sem necessitar de adoção de critérios de rateio. A margem de contribuição, em sentido geral, representa o quanto resta do preço, ou seja, do valor de venda de um produto são deduzidos os custos e despesas que foram diretamente gerados por ele. Ela tem a função de mostrar qual a contribuição de cada produto, ou linha de produto, para amortizar os efeitos dos custos fixos, e gerar resultado para a empresa. Uma empresa começa a gerar lucro a partir do momento em que a soma da Margem de Contribuição Total de todos os seus produtos for superior aos custos e despesas fixas da empresa. A margem de Contribuição unitária é dada pela fórmula: MC = PV – CV – DV Onde: MC = Margem de Contribuição PV = Preço de Venda (líquido dos impostos sobre vendas) CV = Custos Variáveis DV = Despesas Variáveis EXEMPLO (ADAPTADO DE MEGLIORINI 2001:139) Uma empresa fabrica os produtos X, Y e Z. Em Outubro de determinado ano foram produzidos e vendidos com os preços e custos abaixo: PRODUTOS QUANTIDADE PREÇO VENDA CUSTO VARIÁVEL X 1.000 unidades R$ 238,00/ unidade R$ 183,00/unidade Y 800 unidades R$ 404,00unidade R$ 367,00/unidade Z 1.500 unidades R$ 382,00/unidade R$ 350,00/unidade As despesas variáveis de vendas (comissões) representam 5% do preço de venda. Os custos e despesas fixos representam R$ 55.000,00 por mês. A empresa, para fins gerenciais, poderia demonstrar o seu resultado da seguinte forma: DESCRIÇÃO PRODUTO X PRODUTO Y PRODUTO Z TOTAL Preço de Venda 238,00/u 404,00/u 382,00/u (-) Custo Variável 183,00/u 367,00/u 350,00/u (-) Desp Variável 11,90/u 20,20/u 19,10/u (=) Margem de Contribuição Unit. 43,10/u 16,80/u 12,90/u (x) quantidade 1.000 unidades 800 unidades 1.500 unidades (=) Margem Contribuição Total 43.100,00 13.440,00 19.350,00 75.890,00 (-) Custos e Despesas Fixos (55.000,00) (=) Lucro Operacional 20.890,00 Portanto, através desse exemplo pode-se determinar qual a participação de cada produto no resultado da empresa, fazendo isso de forma total ou de forma unitária. Por exemplo, cada unidade do Produto X contribui para o resultado da empresa com R$ 43,10 por unidade. Isso que dizer que cada unidade vendida a mais desse produto aumentará o lucro da empresa neste valor, que representa a sua contribuição para o resultado da empresa. Atualmente para o resultado da empresa este produto tem contribuído com um total de R$ 43.100,00, sendo o produto que apresenta maior contribuição para a empresa, tanto individual quanto total, portanto se a empresa quiser investir em um produto para aumentar as suas vendas, o mais rentável é o Produto X, por apresentar maior Margem de Contribuição unitária. Isso leva à uma conclusão de que qualquer produto que apresente Margem de Contribuição positiva, em havendo capacidade de produção, deve ser produzido e vendido pela empresa, pois por menor que seja a sua participação, estará contribuindo para o resultado da empresa. 1.2.1) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO COM FATOR LIMITANTE DE PRODUÇÃO Pode acontecer nas empresas, e não é raro, de existirem fatores que limitemo seu processo produtivo. Esses fatores podem estar relacionados à falta de matéria prima, mão de obra, entre outros fatores. Quando isso ocorre, esse fato deve ser levado em consideração na hora de tomar decisões sobre quais os produtos devem ser produzidos considerando essa limitação. Utilizando o exemplo do item anterior, considere que os produtos utilizem a mesma matéria-prima e tenham o seguinte consumo por unidade: Produto X – 50 Kg por unidade Produto Y – 12 Kg por unidade Produto Z – 10 Kg por unidade Considere também que em determinado mês o fornecedor de matéria prima informe que devido a problemas em seu processo produtivo não poderá atender integralmente a sua solicitação e, portanto, a empresa não terá condições de fazer 100% da sua produção para atingir a demanda. Para este caso, a empresa deve utilizar o conceito da Margem de Contribuição para a sua tomada de decisão, porém sem esquecer que existe um fator limitante de produção. Se não houvesse a figura do Fator Limitante de Produção, que neste caso é a Matéria Prima, a empresa tomaria essa decisão (de qual é o melhor produto para a empresa) baseado simplesmente na Margem de Contribuição Unitária de cada produto conforme calculada anteriormente, e faria o seguinte ranking de seus produtos: 1 – Produto X – Margem de Contribuição Unitária = R$ 43,10 2 – Produto Y – Margem de Contribuição Unitária = R$ 16,80 3 – Produto Z – Margem de Contribuição Unitária = R$ 12,90 Só que para o caso atual que existe um fator que limita a produção, a empresa deve levar esse fator em consideração e achar a Margem de Contribuição em função do Fator Limitante, da seguinte forma: DESCRIÇÃO PROD X PROD Y PROD Z Margem de Cont Unit R$ 43,10 R$ 16,80 R$ 12,90 (/) Fator Limitante 50 kg 12 kg 10 kg (=) Margem de Cont em função do Fator Limitante R$ 0,86/kg R$ 1,40/kg R$ 1,29/kg Ou seja, cada quilo consumido do fator limitante na produção do Produto X contribui para o resultado da empresa com R$ 0,86, que é a menor contribuição entre todos os produtos em função do fator limitante da empresa. Baseado na informação do Fator Limitante da empresa ela deve elaborar o seu ranking baseada na Margem de Contribuição em Função do Fator Limitante da empresa, que ficaria assim representado. 1 – Produto Y – R$ 1,40 de Margem de Contribuição unitária em Função do Fator Limitante 2 – Produto Z – R$ 1,29 de Margem de Contribuição unitária em Função do Fator Limitante 3 – Produto X – R$ 0,86 de Margem de Contribuição unitária em Função do Fator Limitante Resumindo, os fatores limitantes de produção devem ser levados em consideração na hora de tomada de decisão dentro das empresas que sejam baseadas em custos. Bibliografia BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens – Gestão de Custos e Formação de Preços – 3ª Edição – Ed.Atlas – São Paulo – 2004. MARTINS, Elizeu – Contabilidade de Custos – 9ª Edição – Ed.Atlas – São Paulo – 2009. MEGLIORINI, Evandir – Custos – Makron Books – São Paulo - 2001 NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E. V. – Contabilidade de Custos: um enfoque direto e objetivo – 6ª Edição – Ed.Frase – São Paulo – 2000 PEREZ JR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de; COSTA, Rogério Guedes – Gestão Estratégica de Custos – 2 Edição – Ed Atlas – São Paulo – 2001.
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