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Gravura Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Lídice Romano de Moura Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites Litografia • Litografia – Impressão Planográfica • Serigrafia – Impressão por Permeação · Conhecer os processos de litografia e serigrafia. Por ser um processo que demanda espera para cada reação química, é mais lento do que os processos de relevo e côncavo. Estudaremos o sistema de permeação e planográfico que são também utilizados por artistas como meios expressivos. · Estudar que na serigrafia a tinta transpassa a matriz por um espaço vazado e é bloqueada por áreas vedadas. A serigrafia também é chamada gravura permeográfica, e consiste em um processo de permeação determinado pelo termo. · Conhecer os elementos fundamentais da linguagem e produção da gravura. · Adquirir conhecimentos técnicos e procedimentos fundamentais da linguagem da gravura. · Conhecer o desenvolvimento e a evolução das técnicas de gravura em seus contextos históricos, sociais e estéticos. · Pesquisar individual e/ou coletivamente a utilização da linguagem gráfica nas manifestações artísticas. · Elaborar uma poética pessoal adequada à linguagem gráfica e às potencialidades próprias da gravura. · Produzir, executar e imprimir gravuras. · Desenvolver pesquisa de materiais, meios e procedimentos de gravura adequados a situações de ensino. · Observar, analisar, comparar e criticar a produção contemporânea de gravuras e outras produções artísticas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Litografi a Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Litografia Contextualização Alguns sistemas de reprodução de imagens estão muito presentes em nosso dia a dia, entretanto permanecem desconhecidos. Você já observou quantas imagens são impressas sobre diferentes superfícies? Já se perguntou como foi feita a im- pressão de uma camiseta, de uma estampa sobre um tecido, de um rótulo? Esse é o caso do sistema de permeação como a serigrafia, ele é tão utilizado em produtos do dia a dia que nem pensamos em como essas imagens foram obtidas. Um dos artistas mundialmente famosos e que trabalhou muito com serigrafia foi Andy Warhol (1928-1987), veja este exemplo muito conhecido: Fonte: Wikimedia Commons Você irá compreender como são os processos da serigrafia e da litografia uti- lizados nas indústrias e por artistas. Irá também perceber onde os dois se apro- ximam e as diferenças existentes entre as técnicas estudadas nas unidades anterio- res. Abaixo temos uma litografia feita por Van Gogh (1853-1890). Sorrow, litografia (1882 – Museu Van Gogh – Amsterdam) Fonte: Wikimedia Commons 8 9 Litografi a – Impressão Planográfi ca A litografia pode ser explicada genericamente como um processo de reprodu- ção de imagem a partir da incompatibilidade entre água e óleo. A palavra litografia é um termo de origem grega, em que lithos significa pedra e graphein, escrever. Deduzimos então que a litografia consiste na técnica de gravura onde as estampas são obtidas através de uma matriz de pedra. A tecnologia de impressão da litografia é diferente da impressão em relevo, na qual uma placa é gravada, abrindo-se cavidades, e a tinta se deposita na parte alta da matriz, como, por exemplo, na xilografia e na tipográfica. Da mesma forma, a litografia difere da gravura em côncavo, em que na matriz também se produz sulco, mas a tinta se localiza na parte rebaixada, como na calcografia. Dizemos então que a técnica da litografia é planográfica, pois, na matriz, áreas gravadas e não gravadas estão no mesmo plano, sem sulcos ou relevos da xilografia ou calcografia. O filósofo Walter Benjamin dedicou alguns textos sobre o assunto da reprodutibilidade técnica e seu surgimento: “por meio da litografia, as artes gráficas tornaram-se capazes de acompanhar o dia a dia de maneira ilustrativa. Elas começaram a acompanhar o ritmo da impressão.” (BENJAMIN, 2013, p. 53) Importante! A litografi a utiliza matriz originalmente de pedra calcária procedente da Bavária, onde o artista desenhará com material gorduroso como touche litográfi co, crayon litográfi co ou lápis dermatográfi co. Depois de realizado o desenho, a pedra recebe uma sequência de procedimentos químicos que estabilizam a imagem, gravando-a na matriz. Durante a impressão, as áreas desenhadas atrairão a tinta oleosa do rolo e as demais áreas irão repelir a tinta por estarem com água. Em Síntese Processo Litográfi co A litografia é um processo que demanda a espera do tempo para cada reação química, sendo assim, é mais lento do que os processos de relevo e côncavo. Antes de iniciar o desenho, a pedra necessita ser preparada. A matriz deve ser granitada, ou seja, ela receberá um tratamento com material abrasivo, como o carborundum (lixa) com granulação de 80 a 220. O carborundum é colocado sobre a pedra com água, e sobre ela se depositará outra pedra litográfica. A pedra superior, que deverá ser menor que a matriz, será então esfregada em um movimento de ‘8’ deitado, como o símbolo do infinito, até que esteja polida. 9 UNIDADE Litografia Gravação e Impressão Antes de desenhar, você deverá inverter o desenho, pois assim como ocorre na xilografia e na calcografia, o desenho aparecerá na estampa invertido. Figura 1 – Matriz de litografia de um antigo mapa de Munique e a estampa com a imagem do mapa na posição correta Fonte: Wikimedia Commons O artista desenhará diretamente sobre a pedra com o material gorduroso que pode produzir diferentes efeitos. O crayon imita uma textura de lápis e o touche diluído, que pode ser utilizado com pincel para se produzir áreas com efeitos de aguadas. Deixa-se a imagem descansar por pelo menos 48 horas. Deve-se vedar ou pelo menos fazer uma margem de aproximadamente 2,5 cm com goma-arábica, pois essas partes não receberão gordura, o que consequentemente delineará o espaço a ser trabalhado. Depois de pronto e seco o desenho, damos início aos próximos passos, que são a acidulação e entintagem, processos esses que fixarão a gordura na superfície da pedra. O passo seguinte é espalhar o breu com um pedaço de estopa. Depois, a pedra recebe banhos com uma mistura de goma arábica e posteriormente o acidonítrico. Esse processo tem a finalidade de fixar a gordura na superfície, ou seja, deixar o desenho definido e aumentar a porosidade das áreas não desenhadas que atrairão a água. A partir daí, teremos uma matriz dividida em áreas branca e negra (onde está o desenho). A primeira retém a água e tem um efeito repelente à gordura, a segunda agrega a gordura, mas repele a água. A acidulação requer um repouso de 12 a 24 horas. Para limpar a superfície, usamos um removedor (pode ser querosene ou aguarrás) eliminando todo o pigmento usado no desenho; entretanto, a gordura já estará impregnada na pedra. Na sequência, procede-se com a “molhagem”, que é a colocação de água sobre a pedra. A água irá se fixar somente onde não existe material gorduroso, a partir do fenômeno de repulsão entre essas duas substâncias. 10 11 Importante! É muito importante não deixar a superfície da pedra secar durante a etapa de entintagem. Importante! Para entintarmos a matriz, ou seja, fazermos o entintamento, utilizamos um grande rolo de couro ou borracha com tinta oleosa, que irá aderir somente nas partes engorduradas. A impressão é feita em prensa manual, onde o papel será fortemente pressiona- do contra a matriz por uma régua chama- da ratora. Através dessa pressão, a tinta finalmente é transferida para a folha de papel, produzindo uma página impressa. Lembramos que a litografia artística é um processo expressivo que permite um desenho espontâneo, pois traz maiores possibilidades por poder se desenhar ou pintar diretamente sobre a pedra sem projeto prévio. Posteriormente, outras inovações acon- teceram como o uso de matrizes de metal em substituição à pedra litográfica. Assim, nos dias atuais, temos no offset um legí- timo descendente do processo litográfico, pois sobre uma matriz de zinco ou alumí- nio temos uma imagem gravada com o princípio de repulsão entre água e óleo. Figura 2 – Prensa litográfi ca Fonte: Wikimedia Commons Serigrafi a – Impressão por Permeação A Serigrafia consiste em um processo de permeação determinado pelo termo gravura permeográfica, ou seja, nessa técnica a tinta transpassa a matriz por um espaço vazado e é bloqueada por áreas vedadas. A serigrafia é um processo que se dá no plano, entretanto utilizando a permeação. Seu princípio básico está relacionado ao mesmo princípio do estêncil ou molde vazado, onde uma máscara veda áreas nas quais a tinta não deve atingir o suporte a ser colorido. A técnica da serigrafia é diferente das gravuras em relevo e côncavo, pois não há remoção de material, formando áreas rebaixadas como na xilografia ou calcografia. Ela também se difere da litografia, pois a imagem não se constitui em um processo químico de repulsão entre diferentes substâncias. 11 UNIDADE Litografia A origem da palavra serigrafia deriva do latim seri, que significa seda, e do grego graphein, que se refere à escrita ou desenho. A etimologia da palavra já nos aponta que a matriz é então um tecido. A serigrafia consiste assim em um processo de impressão vazado, ou gravura a estampilha, no qual a matriz é um tecido esticado em um quadro e possui partes vedadas e outras sem vedação, que é o desenho em si. Nessa técnica, a tinta permeia a matriz, isto é, ela transpassa as áreas não vedadas alcançando o papel ou substrato material a ser impresso. Importante! Podemos definir a serigrafia como um sistema onde a matriz se constitui de áreas veda- das e vazadas. As partes vedadas são gravadas através de processos químicos fotossen- síveis, e não permitem a passagem da tinta. A tinta permeia a matriz pelas áreas vazadas. Em Síntese Encontramos com frequência diferentes termos para essa técnica: serigrafia industrial, serigrafia artesanal, silk screen, gravura planográfica, screen print e serigraph, dentre outros. Fato é que a serigrafia é um processo gráfico amplamente utilizado na indústria em geral, como nas áreas têxtil, cerâmica, fonográfica, embalagens, etc. Dessa forma, em oposição ao termo “industrial”, encontramos o termo “artesanal”, associado às produções artísticas, as quais se caracterizam pela experimentação, simplicidade de equipamentos e materiais. Assim no inglês temos silk screen, que é uma palavra de origem inglesa, silk significa seda e screen, tela. Note-se que a tela de seda, material originário das ma- trizes serigráficas, foi atualmente substituída por tecidos sintéticos, tais como nylon e poliéster. O termo inglês serigraph é creditado a Anthony Velonis (1911-1997), que propôs a palavra buscando sua derivação do grego séricos, que significa seda, e graphein, que corresponde a escrever, como dito anteriormente. Velonis con- sultou Carl Zigrosser, curador da área de gravura do Philadelphia Museum of Art, e, a partir de 1940, adotou o termo serigraph para nomear trabalhos artísticos em contraposição ao termo silk screen, que definiria um trabalho puramente comer- cial ou publicitário. Em outras línguas, como o castelhano e o português, utiliza-se a palavra serigrafia para todos os tipos de trabalhos: artísticos e comerciais. Processo Serigráfico Matriz A matriz na serigrafia é formada por dois elementos básicos: o quadro ou basti- dor, que consiste em um suporte, e a malha, um tipo de tecido que, uma vez estica- do no quadro, será sensibilizado, permitindo a reprodução da imagem que contiver. Para confeccionar uma tela (matriz) para serigrafia devemos conhecer as malhas ou tecidos e os quadros. 12 13 Existem vários tipos de quadros no mercado para a confecção de matrizes, os de madeira, alumínio e outros mais sofisticados, como os autotensionantes, utilizados em grandes industrias. Os de madeira são os mais utilizados pelo custo acessível e por terem o peso considerado médio, o que facilita o manuseio. A desvantagem desse material é sua pouca durabilidade, pois, devido às constantes lavagens, as fibras da madeira absorvem a água, inchando e empenando. A limpeza também é uma desvantagem, pois é um material de difícil limpeza, uma vez que, sendo a madeira porosa, absorve as tintas e os solventes. Apesar dessas desvantagens, esse é ainda o mais utilizado. Malhas (tecidos) A malha para serigrafia, também chamada de tela, é um dos dois elementos mais importantes em uma matriz. Ela consiste em um tecido usado como base da matriz, o qual é preso e esticado sobre o quadro e será sensibilizado e gravado por métodos específicos que permitirão a reprodução da imagem. Dentre os tecidos, podemos utilizar organdi de algodão, o nylon, a seda, o terylene e o poliéster. Quanto à qualidade da malha, deve-se observar os seguintes aspectos: • Possuir textura regular; • Possuir resistência à abrasão, pois será submetida a esforços mecânicos do rodo e da tinta; • Possuir resistência à tração para resultar em um estiramento estável; • Possuir resistência aos produtos químicos utilizados durante o processo; • Possuir boa aderência das emulsões e dos filmes. As malhas se classificam pelo número de fios por centímetro quadrado. Existem malhas em média de 50 a 180 fios, sendo que, quanto menor é o número de fio por centímetro quadrado, maior é a abertura da malha, ou seja, maior quantidade de tinta irá transpassar a matriz. Como devo escolher uma malha? Qual a mais adequada? Deve-se escolher o fi o do tecido tendo em vista que o tecido com menor número de fi os, tendo a trama mais aberta, será satisfatório para imagens menos precisas, com poucos detalhes. Um tecido com maior número de fi os possui uma trama mais fechada, tornando-se ideal para projetos em alta resolução, linhas fi nas e detalhes pequenos. Ex pl or Sugerimos a você que utilize um nylon de 50 a 90 fios para um projeto com grandes áreas de cor e linhas espessas e use um nylon de aproximadamente 120 fios para resultar em maior precisão em projetos com linhas finas, pontos, assim como imagens reticuladas. 13 UNIDADE Litografia Preparação da matriz O tecido para ser esticado manualmente deve ser lavado com detergente para acompleta retirada de resíduos de goma, sobretudo porque, sendo esticado sobre a tela úmido, quando secar, ficará mais tenso, o que é essencial para uma boa tela. A malha quando não está bem esticada pode gerar problemas na definição da imagem e no registro de cores, então tome bastante cuidado nesse processo. Tensionamento da malha O tensionamento, também conhecido como esticamento, é uma etapa impor- tante para a boa qualidade da impressão e durabilidade da matriz. O esticamento é o ato de tensionar ou esticar a malha, por meio mecânico ou manual, fixando a malha ao quadro de forma que fique tenso o suficiente para realizar uma boa impressão. Para fixar o tecido, pode-se utilizar tachinhas; entretanto o melhor ma- terial para fixação são grampos com um grampeador de tapeceiro. A melhor maneira de esticar o tecido manualmente é inicialmente esticar as duas laterais, formando um ângulo de 90 graus, grampeando-as firmemente. Em um segundo momento, estique a terceira lateral, puxando o nylon uniformemente com o auxílio de uma madeira. Para finalizar, estique a última lateral grampeando o nylon de maneira uniforme. A tela deve possuir o nylon bem esticado e tenso, para que, durante a impressão, sua aderência à superfície a ser impressa seja perfeita, evitando maiores problemas. Figura 3 – Tensionamento da malha Projeto O projeto diapositivo ou arte final consiste em um desenho sobre uma base transparente. Esse desenho executado em preto possui a função de bloquear a passagem da luz na gravação da tela na mesa de luz. Ele pode ser executado manualmente com o uso de tinta nanquim ou guache, ou através de um fotolito. Nos diapositivos manuais, teremos áreas chapadas e linhas de espessuras variáveis de acordo com os materiais empregados na confecção do projeto. Esse tipo de diapositivo é realizado manualmente sobre uma base transparente (acetato, poliéster cristal, papel vegetal, etc.) e desenhado com material opaco na cor preta, 14 15 como o nanquim, guache ou caneta retroprojetora. O mais usual é utilizar o papel vegetal para fazer seu desenho, pintando-o com nanquim nos locais que a tela deve ser vazada.O mais importante é que quando colocado contra a luz o desenho de seu projeto esteja absolutamente negro, sem variações de tons. O fotolito é outra opção para realizar um projeto e consiste em um filme transparente em celuloide que contêm a imagem que escolhemos em positivo. O fotolito oferece a possibilidade de realizar uma imagem reticulada, ou seja, uma imagem com simulação de diferentes tonalidades. A palavra retícula refere-se aos pequenos pontos que formam uma imagem, sendo nada mais do que um efeito óptico, para a realização de diferentes tonalidades, através do agrupamento ou afastamento desses pontos. Esse tipo de projeto pode ser realizado no computador em programas de tratamento de imagem. Importante! Observe que o projeto, ou seja, o desenho para a matriz de serigrafi a não é invertido, como no caso das gravuras em relevo, côncavo e planográfi ca. Importante! Se você possui um computador pode preparar o diapositivo; capture a imagem, por meio do scanner, máquina fotográfica ou vídeo digital observando o tamanho do arquivo e a qualidade final da imagem. Para fazer uma imagem reticulada, assista ao tutorial disponível no link: https://youtu.be/QxdmydeQXCgEx pl or Gravação Existem muitos recursos e diversas formas de se gravar uma tela de serigrafia, como o método direto, o de recorte e o fotográfico. Estudaremos aqui o método fotográfico, que é o mais usual. O método fotográfico é aquele que utiliza de uma emulsão fotossensível para realizar a gravação da tela. Preparo da Emulsão A emulsão fotográfica tem esse nome porque reage a luz, endurecendo e se prendendo à tela depois de queimada, ou seja, depois de exposta à luz. Nos locais onde ela não for exposta, não haverá reação e, ao ser revelada, isto é, lavada com jato de água, a emulsão se desprenderá da tela, originando o vazado por onde a tinta passará no processo de impressão da imagem. A água funciona como o fixador da emulsão. 15 UNIDADE Litografia Existem 3 tipos de emulsão: emulsão para tintas à base de água de cor verde; emulsão para tintas à base de solventes na cor azul; e a emulsão para alta definição de cor vermelha. Pode haver diferença de cor de fabricante para fabricante, portanto solicite a emulsão pelo tipo de tinta a que ela se destina. A Tec Screen fabrica uma emulsão amarela de alta resolução, que se adapta a vários substratos e tem excelente durabilidade. A preparação da emulsão, assim como a sua aplicação na tela, deve ser feita em ambiente escuro, sem iluminação de luz branca. O ideal é prepará-la em um ambiente que use luz vermelha para que a emulsão não endureça antes do tempo. A emulsão pura não reage a luz, dessa forma, temos que misturá-la com o sensibilizante na proporção de 10 partes de emulsão para 1 parte de sensibilizante. Mexa lentamente a mistura e deixe descansar por 30 minutos, para a eliminação de todas as bolhas. Leia sempre as instruções de preparo contidas no frasco de sua emulsão, pois todas essas orientações podem variar de acordo com o fabricante. Emulsionamento da tela Deve ser realizado no escuro ou em ambientes de pouca luz. Espalhe a emulsão com a calha ou com o auxílio de uma régua sem rebarbas. Aplique a primeira demão de emulsão no lado interno, de forma que a mesma seja forçada a passar através da tela. Repita a operação pelo lado externo da tela e seque com o soprador térmico, ou deixe-a secar naturalmente de 12 a 24 horas em local escuro. Observe que a emulsão molhada não é fotossensível e telas secas em ambientes úmidos ou com umidade relativa do ar na média de 80% de umidade relativa não secam bem, o que compromete o processo de sensibilização da matriz. Atenção aos seguintes aspectos: • Passe a emulsão por dentro e depois por fora da tela; • No caso de emulsão de alta definição, passe a emulsão por fora e, no momento de revelar com água, revele pelo lado oposto, ou seja, por dentro da tela; • Após a revelação da tela, quando for fazer retoques com a emulsão sensibiliza- da, retoque sempre pelo lado de dentro da mesma; • Se desejar uma emulsão mais resistente, misture 8 partes de emulsão para 2 de sensibilizador. Para visualizar o processo de emulsionamento da tela acesse o link: https://youtu.be/nXFjWKXDobEEx pl or 16 17 Gravação Existem mesas de luz para serigrafia a venda no mercado, sendo que uma boa mesa de luz deve necessariamente possuir uma fonte de luz que seja rica em raio ultravioleta. Você poderá fazer sua mesa de luz montada em uma caixa de madeira com no mínimo 60 cm de altura. Essa altura é necessária para lâmpadas comuns, pois elas esquentam, o que prejudica a emulsão, como explicado anteriormente. Se as lâmpadas utilizadas forem fluorescentes, essa altura poderá ser de 15 cm. As outras medidas sugeridas são de 50 x 70 cm. No fundo da caixa, é colocado um soquete para a lâmpada e fios para ligá-la à eletricidade, tomando-se muito cuidado de encapar os fios corretamente com fita isolante. Forre a caixa por dentro com papel alumínio, usando o lado brilhante para cima. O papel alumínio possui a função de refletir a luz por toda a abertura da caixa. Para finalizar, tampe a caixa com um vidro. Podemos utilizar na caixa também uma instalação para uma lâmpada vermelha, caso no ambiente onde será executada a gravação da tela essa lâmpada não exista. Sugestões de tempo conforme a fonte de luz: • Lâmpada comum de 500 Watts – 1,5 a 2,5 min; • Lâmpada fluorescente branca 40W – 5 a 8 minutos; • 3 Lâmpadas fluorescente de 60 W – 3 minutos; • Lâmpada da foto – flood 500W – 4 a 6 minutos; • Arco voltaico 110A - 1 a 2 minutos; • Haleto metálico 3.000W – 1 a 2 minutos; • Gás xenon pulsante 2.000W 30 a 60 segundos. Para saber mais sobre cada tipo de lâmpada, visite o site de serigrafi a técnica. https://goo.gl/RDJGzsEx pl or Na mesa de luz Coloque o desenhoem papel vegetal ou o fotolito sobre a mesa de luz; sobre o desenho, a tela; encaixado sobre a tela, um papelão preto; sobre o papelão, um vidro; e sobre este último, um peso. 17 UNIDADE Litografia Expor o trabalho à luz para fazer a gravação. Figura 4 – Posicionamento na mesa de luz O tempo de exposição gira em torno de minutos e deve ser determinado após alguns experimentos. Experimentar o melhor tempo em cada caso é ideal, pois existem muitas variáveis a se considerar, como o tipo de emulsão, a fonte de luz, a distância da fonte e da matriz, a espessura da camada de emulsão aplicada, o tipo de desenho, etc. Comece sempre seguindo as instruções do fabricante da emulsão e depois faça as adaptações necessárias ao seu trabalho. A matriz será revelada com esguicho de água forte, que pode ser conseguido através do bico de uma mangueira apertado entre os dedos. Depois, seque a matriz com secador e proceda, se necessário, algum retoque com a emulsão sensibilizada. Impressão Vedar as laterais da tela com fita adesiva ou laca para esse fim antes de iniciar a impressão. Existem diferentes possibilidades de mesas de impressão, desde a de impressão a vácuo, até uma mesa simples. A mesa de impressão deve ser uma mesa plana onde existe uma garra fixa, a qual consiste em um prendedor metálico que segura a tela junto a ela, porém permitindo que a tela seja levantada para que se troque o objeto que já foi impresso por outro ainda a ser impresso, sem tirar a tela da posição em relação ao registro. As garras são encontradas em diversos modelos. Para a impressão sobre papel, pode-se utilizar um registro feito com 2 cantoneiras de fita crepe presas à mesa. No caso de não existir garra, pode-se fazer um registro para a tela com cantoneiras de fita crepe e outro registro para o papel. A tinta é espalhada em um lado, dentro da tela, então abaixa-se a tela e procede-se a impressão com a passada do rodo de maneira firme e uniforme. Por fim, levante a tela e coloque a cópia para secar. 18 19 Figura 5 – Impressão Fonte: Wikimedia Commons Tintas As tintas para serigrafia são muitas e devem ser adequadas não só à emulsão utilizada, como já descrito, mas também ao material a ser impresso: tinta para teci- dos e afins, tinta vinílica para materiais vinílicos, plásticos e adesivos, tinta sintética para uso sobre metais, papéis, madeira, tecidos para faixas e letreiros, etc. Cada uma dessas tintas possui seu próprio solvente, bastando verificar o recomendado pelo fabricante. 19 UNIDADE Litografia Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Impressões Periódicas Por fim, conheça o projeto Impressões periódicas, mediado pela artista Monica Schoenacker, com o uso da Sericleta, uma unidade móvel de serigrafia. O projeto do Centro Cultural São Paulo teve o objetivo de levar o público a interagir com processos artísticos artesanais democratizando o acesso a arte. https://goo.gl/1fPNoq https://goo.gl/3BfQ5t Vídeos Litografia - Básico (Litography - basic). Vamos iniciar assistindo a um vídeo de autoria de Eduardo Azevedo e Felipe Assuf, nele você poderá visualizar todo o processo de uma litografia descrito na aula. https://youtu.be/1dH53n0-hyY DiResta: Simple Silkscreen Agora assista ao tutorial bem-humorado do americano Jimmy DiResta mostrando como fazer serigrafia e imprimi-la sobre diferentes superfícies. Observe como a serigrafia é um processo simples e funcional. https://youtu.be/T9uuPkC_LWE 20 21 Referências BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre, Ed. L&PM, 2013. CLIMACO, José Cesar Teatini de Souza. Manual de litografia sobre pedra. Goiânia: editora UFG, 2000. FAJARDO, Elias; SUSSEKIND, Felipe; VALE, Márcio do. Oficinas: Gravuras. RJ. Editora Senac. 1999. GUERRA, Filipe Antonio. Guia prático de gravura. Lisboa. Editora Estampa. MARTINS, Itajahy. Gravura – Arte e Técnica. Fundação Nestlé da Cultura e Laserprint Editorial, São Paulo, 1987. KANAAN, Helena (org). Manual de gravura. Pelotas: UFPel, 2004. ROSS, John; ROMANO, Clare; ROSS, Tim. The Complete printmaker. New York: Free press, 1972. 21
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