Logo Passei Direto
Buscar
Material
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Volume 1 ­ Sumário 
Apresentação 
01. Situações de comunicação 
02. O senhor sabe com quem está falando? 
03. O senhor sabe com quem está falando? 
04. O senhor sabe com quem está falando? 
05. Mas eu não disse nada disso! 
06. Mas eu não disse nada disso! 
07. Mas eu não disse nada disso! 
08. Em outras palavras... 
09. Em outras palavras... 
10. Em outras palavras... 
11. Quem tem mado do dicionário? 
12. Será que foi isso que ele disse? 
13. Será que foi isso que ele disse? 
14. Será que foi isso que ele disse? 
15. O que foi que eu disse? 
16. O que foi que eu disse? 
17. O que foi que eu disse? 
18. Mas o que o escritor quer dizer? 
19. Mas o que o escritor quer dizer? 
20. Mas o que o escritor quer dizer? 
Gabaritos das perguntas 
Volume 2 ­ Sumário 
21. Gente das palavras . Fala, jornalista! 
22. Eu sei do que estou falando . E você? 
23. Eu sei do que estou falando . E você? 
24. Eu sei do que estou falando . E você? 
25. Mas é conversando que a gente se entende 
26. Mas é conversando que a gente se entende 
27. Mas é conversando que a gente se entende 
28. Conte uma história 
29. Conte uma história 
30. Conte uma história 
31. Gente das palavras diz isso cantando! 
32. Você tá errado! 
33. Você tá errado! 
34. Sorte ou azar? 
35. Você tá certo! 
36. Você tá certo! 
37. Você tá certo! 
38. Fala, cidadão! 
39. Fala, cidadão! 
40. Fala, cidadão! 
Gabaritos das perguntas 
As aulas 01 a 40 mais gabaritos das perguntas – Infelizmente não está disponível
41
A U L A
Cenatexto Hilda voltava do trabalho, como sempre muito
cansada. Como sempre, descera do ônibus na avenida e tinha de subir cinco
quarteirões até chegar a sua casa. Ela gostava de andar. De andar e de falar sozinha:
- Preciso comprar alguma coisa pra janta. Não sei se compro aqui no Seu Zé
mesmo ou se vou até o sacolão da Rosa. Engraçado, não sei por que, tem alguma coisa
na Rosa que não me agrada. Ela é tão simpática, trata a gente tão bem e mesmo assim
não gosto de ir lá. A Rosa tem muita variedade e sabe convencer a gente a comprar
sempre mais. Acho que é isso. Como meu dinheiro é contado, talvez o sacolão da Rosa
não seja lugar pra mim. Seu Zé é diferente: ele não tem muita conversa e não fica
insistindo pra gente levar mais coisa. Se bem que eu podia aproveitar e ir de uma vez
ao supermercado; compro mais coisas, pro mês todo, não preciso carregar peso, pois
tem o carrinho, e posso voltar de táxi. Assim, tão cedo não tenho que me preocupar
com isso.
41
A U L A
M Ó D U L O 13 Cada coisa
no seu lugar
41
A U L AHilda, dona de casa, mãe e trabalhadora, precisa resolver um problema de seu dia-
a-dia. Tem de fazer compras para abastecer sua casa e precisa tomar uma decisão. Por
enquanto ela está indecisa, não sabe ainda qual é a melhor alternativa: fazer as
compras na mercearia do Seu Zé, no sacolão da Rosa ou no supermercado. Por fim,
decide.
- Quer saber? O melhor é comprar qualquer coisa no Seu Zé mesmo, que fica
no meu caminho. Chego em casa mais cedo e dou janta pros meninos. Deixo o
supermercado pra sábado, e daí um dos meninos pode me ajudar.
Subiu a rua em direção à mercearia do seu Zé: Mercearia Itabira.
- Boa tarde, Seu Zé!
- Boa tarde. A senhora vai bem?
- Levando a vida, e o senhor?
- Como Deus quer.
- O senhor veja para mim o seguinte: um pacote de macarrão, meia dúzia de
tomate, duas cebolas e dez pãezinhos.
- É pra já. A senhora prefere alguma marca especial de macarrão ou esta aqui
mesmo está boa?
- Esta vai bem.
- Pois então aqui está: o macarrão, os tomates, o alho e... Só um minuto, vou pôr
os pães no pacote. Prontinho!
- Mas eu não pedi alho...
- É mesmo! Que cabeça a minha!
- Tire o alho e ponha as cebolas.
- A senhora tem uma boa receita de macarronada?
- Receita, mesmo, por escrito, eu não tenho, não, mas tô tão acostumada a fazer
que não preciso de receita. Ela tá na minha cabeça. Macarronada é bom de fazer. É
simples, rápido, e todo mundo gosta.
Seu Zé faz as contas:
- São quatro reais.
- Será que o senhor pode anotar aí na minha caderneta?
- Peraí, que eu vou pegar a caderneta. É, dona Hilda, a coisa aqui tá complicada.
Falta acertar o mês passado...
- Eu sei disso, seu Zé. É que eu esperava receber o dinheiro do João semana
passada, mas ele ainda não mandou, não sei o que que houve. Mas, de qualquer
maneira, semana que vem meu pagamento sai, aí eu acerto tudo com o senhor.
- Tá bem. Fica combinado assim. Eu aceito o prazo porque a senhora é freguesa
antiga e nunca deixou de cumprir com seus compromissos aqui na mercearia.
Vida dura essa! Mas o pior está por vir. Em casa, uma confusão danada
espera por Hilda. Aguarde a próxima aula.
&
41
A U L A Hilda comprou alguns produtos na mercearia com intenção de fazer uma
macarronada. A receitareceitareceitareceitareceita da macarronada, como ela mesma disse, está na sua
memória. Observe quantos sentidos a palavra receita receita receita receita receita tem:
receitareceitareceitareceitareceita..... S. f. 1. 1. 1. 1. 1. Quantia recebida, ou apurada, ou arrecadada;
produto, rendimento, renda. 2.2.2.2.2. O conjunto dos rendimentos de um
Estado. 3.3.3.3.3. Indicação minuciosa sobre a quantidade dos ingredien-
tes e a maneira de preparar um prato salgado ou doce. 4.4.4.4.4. Indicação
escrita de uma prescrição médica.
1.1.1.1.1. Indique em qual sentido a palavra receita receita receita receita receita é usada na Cenatexto.
2.2.2.2.2. Faça uma frase para cada sentido apresentado para a palavra receitareceitareceitareceitareceita. Veja
os exemplos:
A receita receita receita receita receita do jogo de futebol ultrapassou as expectativas.
A receita receita receita receita receita do Estado de Pernambuco é maior hoje do que há vinte anos.
Hilda traz a receitareceitareceitareceitareceita da macarronada na memória.
A receitareceitareceitareceitareceita que o médico passou para a paciente prescrevia seis remédios.
a)a)a)a)a) .............................................................................................................................
b)b)b)b)b) .............................................................................................................................
c)c)c)c)c) .............................................................................................................................
d)d)d)d)d) .............................................................................................................................
3.3.3.3.3. Hilda é uma mãe de família que trabalha fora. Quando chega ao lar, tem de
resolver uma porção de problemas domésticos. Uma de suas tarefas é
abastecer a casa. Você sabe o que é abastecerabastecerabastecerabastecerabastecer? Há alguma diferença no
sentido da palavra abastecerabastecerabastecerabastecerabastecer nas frases seguintes?
a)a)a)a)a) Seu Zé abasteceabasteceabasteceabasteceabastece seus fregueses com mercadorias variadas.
b)b)b)b)b) Dona Hilda abastece abastece abastece abastece abastece sua casa uma vez por mês.
c)c)c)c)c) Dona Rosinha abasteceuabasteceuabasteceuabasteceuabasteceu seu carro ontem.
&
1.1.1.1.1. As expressões levando a vidalevando a vidalevando a vidalevando a vidalevando a vida e como Deus quercomo Deus quercomo Deus quercomo Deus quercomo Deus quer são muito comuns. Elas
revelam um certo conformismo, uma atitude de resignação em relação à
vida. Reveja a seguinte passagem da Cenatexto:
“ - Boa tarde, Seu Zé!
- Boa tarde. A senhora vai bem?
- Levando a vida, e o senhor?
- Como Deus quer.”
a)a)a)a)a) O que Hilda quis dizer com a expressão levando a vidalevando a vidalevando a vidalevando a vidalevando a vida?
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) E o que Seu Zé quis dizer com como Deus quercomo Deus quercomo Deus quercomo Deus quercomo Deus quer?
.............................................................................................................................
Dicionário
Reescritura✑
41
A U L A2.2.2.2.2. Há uma diferença interessante entre essas duas expressões. Como Deus Como Deus Como Deus Como Deus Como Deus
querquerquerquerquer revela um estado de conformismo baseado na fé, na crença em um
destino que não pode ser mudado. Levando a vida Levando a vida Levando a vida Levando a vida Levando a vida baseia-se num confor-
mismo ligado ao sistema social, político e econômico, é uma espécie de
resignação em face de todos os problemas. Tendo essa diferença em mente,
tente reescrever o trecho citado, substituindo as expressões destacadas.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
3.3.3.3.3. Releia o segundo parágrafo da Cenatexto, no qual Hilda fala sozinha
enquanto volta para casa.
Reescreva o trecho como se você fosse o narrador. Para isso, você passará
todo o texto, que está em 1ª pessoa, para a 33333ª pesso pesso pesso pesso pessoaaaaa. Veja como ficaria a
primeira frase:
l Hilda precisa comprar alguma coisa para a janta.
Você reparou que, no lugar de eu, entrou o nomenomenomenomenome (Hilda) da pessoa que
falava. Também foi usado para para para para para em lugar de pra.
A segunda frase ficaria assim:
l Ela não sabe se compra na mercearia do Seu Zé mesmo ou se vai até o sacolão da Rosa.
Neste caso, tivemos de substiuir a expressão aqui no Seu Zé pela indicação do
local local local local local (na mercearia do Seu Zé). Também continuamos a modificação da
pessoapessoapessoapessoapessoa e do verbo verbo verbo verbo verbo (passamos da 1ª para a 3ª pessoa).
Vamos ver como ficaria a terceira frase:
l Embora Hilda não saiba o motivo, existe algo na Rosa que não a agrada.
Aqui as mudanças foram maiores. Poderiam ser diferentes. Por exemplo:
l Hilda admira-se de que, mesmo sem um motivo claro, tenha algo na Rosa que não
a agrada.
Isso já é suficiente para entender como se reescreve o texto. Continue a tarefa
já iniciada:
Hilda precisa comprar alguma coisa para a janta. Ela não sabe se compra na
mercearia do Seu Zé mesmo ou se vai até o sacolão da Rosa. Embora Hilda não
saiba o motivo, existe algo na Rosa que não a agrada. ........................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
41
A U L A 1.1.1.1.1. Você viu, na Cenatexto, uma situação muito comum em nossas vidas: uma
pessoa que vai à mercearia comprar gêneros de primeira necessidade.
Observe a seguinte lista de produtos:
SABONETE, XAMPU, PALHINHA DE AÇO, AÇÚCAR, MARGARINA, BATATA, CAFÉ, CEBOLA,
SABÃO EM PEDRA, ÓLEO, CERA, DETERGENTE, TOMATE, ARROZ, PIMENTÃO, ÁGUA
SANITÁRIA, FEIJÃO, CONDICIONADOR DE CABELOS, BISCOITO, SAL.
Aqui estão listados vinte produtos diversos. Escolha dez deles com base no
critério de necessidadenecessidadenecessidadenecessidadenecessidade. Quais são os produtos mais necessários ao abaste-
cimento de uma família? Em que ordem você os colocaria? Por quê?
a)a)a)a)a) ......................................................... f)f)f)f)f) .........................................................
b)b)b)b)b) ......................................................... g)g)g)g)g) .........................................................
c)c)c)c)c) ......................................................... h)h)h)h)h) .........................................................
d)d)d)d)d) ......................................................... i)i)i)i)i) .........................................................
e)e)e)e)e) ......................................................... j )j )j )j )j ) .........................................................
2.2.2.2.2. Suponha que você vá a uma mercearia “muito especial”, onde estejam à
venda os seguintes “produtos”:
ESPERANÇA, BATATA, SAÚDE, TÁBUA DE PASSAR ROUPA, CAFÉ, SABEDORIA,
CEBOLA, TEMPO, SABÃO EM PÓ, FÉ, ÓLEO, CERA, CADEIRAS, DETERGENTE, FORÇA,
PALHINHA DE AÇO, ENGRADADOS, TOMATE, MARGARINA, AMOR, AÇÚCAR, ARROZ,
FELICIDADE, PIMENTÃO, SAUDADE, ÁGUA SANITÁRIA, LIBERDADE, FEIJÃO,
AMIZADE, GELÉIA, PEIXE FRESCO.
Pois é, como você percebe, trata-se de uma mercearia pouco comum.
Estamos criando, para você, uma “mercearia imaginária”. Agora, execute as
seguintes tarefas:
a)a)a)a)a) Faça uma lista com os produtos que podem ser comprados e outra lista
com os que não podem ser comprados:
Lista dos produtos compráveisLista dos produtos compráveisLista dos produtos compráveisLista dos produtos compráveisLista dos produtos compráveis Lista dos produtos não compráveisLista dos produtos não compráveisLista dos produtos não compráveisLista dos produtos não compráveisLista dos produtos não compráveis
........................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
b)b)b)b)b) Faça uma lista com os produtos que cabem em sacolas e outra lista com
os que não cabem em sacolas:
Lista dos produtos queLista dos produtos queLista dos produtos queLista dos produtos queLista dos produtos que Lista dos produtos que nãoLista dos produtos que nãoLista dos produtos que nãoLista dos produtos que nãoLista dos produtos que não
cabem em sacolascabem em sacolascabem em sacolascabem em sacolascabem em sacolas cabem em sacolascabem em sacolascabem em sacolascabem em sacolascabem em sacolas
........................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
........................................................... ......................................................................................................................... ..............................................................
........................................................... ..............................................................
Reflexão
41
A U L Ac)c)c)c)c) Finalmente, agrupe os produtos conforme o tipo, ou seja, conforme a
categoriacategoriacategoriacategoriacategoria à qual pertencem. Por exemplo, não misture comida com
produto de limpeza. Elabore seus critérios de distribuição. Diga o que
sobra e por quê.
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
3.3.3.3.3. “A Rosa sabe convencer a gente a comprar sempre mais.” Você considera essa
atitude do vendedor boa ou ruim para quem vai fazer compras? Você faria
suas compras no sacolão da Rosa ou na mercearia do Seu Zé?
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
4.4.4.4.4. Você deve ter observado que Hilda depende do salário para sustentar seus
filhos. Para conseguir chegar ao fim do mês sem furos no orçamento familiar,
ela tem de organizar os gastos e economizar. Seu padrão de vida permite que
ela ande de ônibus, mantenha uma conta na mercearia, vá uma vez por mês
ao supermercado e, eventualmente, ande de táxi.
Você concorda que é necessário se organizar para manter o orçamento sob
controle? Como você faz com seu próprio orçamento? Descreva nas linhas
abaixo como você organiza suas compras e planeja seus gastos para abaste-
cer a casa por um mês:
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
&
42
A U L A
Cenatexto Hilda chega, finalmente, a sua casa. Os meni-
nos estão todos encarapitados no velho sofá, com os olhos vidrados na televisão. Mal
cumprimentam a mãe, de tão atentos ao programa de TV.
Hilda percorre os olhos pela sala e fica desanimada: tênis, chinelos, meias sujas,
brinquedos quebrados, copos caídos, tudo espalhado. Vai até a cozinha e encontra uma
cena parecida: muitos copos sujos na pia, manteiga destampada em cima da mesa, farelo
de pão pra todo lado.
- Olha, meninada, eu não queria chegar brigando, mas assim também já é
demais!
42
A U L A
M Ó D U L O 13 Cada coisa
no seu lugar
42
A U L ADesliga a televisão e manda a turma arrumar a bagunça.
- Rita, traga a vassoura, um rodo e um pano pra limpar esse chão. Ricardo, leve
estes copos pra cozinha.
Os meninos protestam mas obedecem. Ronaldo, no entanto, não quer cooperar.
Discute com a mãe:
- Eu tô cansado desse negócio. Todo dia é a mesma coisa, que saco!
- Você não pode falar assim, meu filho. Não vê que eu preciso da ajuda de vocês
todos?
- Eu não tô a fim! A gente fica aqui, desse jeito, e meu pai? Ele não dá notícia,
some. Ele tinha que estar aqui, te ajudando!
- Ronaldo, olha o mau exemplo que você está dando pros seus irmãos!
- Mau exemplo quem tá dando é o pai! Acho que eu devia fazer que nem ele!
- Pára com isso, menino! Você sabe que seu pai está tentando conseguir o
melhor pra nós todos!
Ronaldo sai batendo a porta. Hilda suspira, ao mesmo tempo preocupada e
espantada com a rebeldia do filho. Hilda recobra forças e começa a arrumar as coisas.
Ricardo, Rita e Rosana ajudam. Feita a arrumação, aproximam-se da mãe, que já
começa a preparar a janta.
- O que você vai fazer hoje, mãe? - pergunta Rita, a mais velha.
- Macarronada, filha. Rita, ponha água pra ferver na panela grande.
- Encho a panela, mãe?
- Sim. Ricardo, vá picando as cebolas e os tomates. Escolha os mais maduros.
- Rita, vá lavando os copos enquanto eu dou uma varrida na cozinha.
- Ah, mãe, eu quero é ajudar na comida.
- Quando a água começar a ferver, você vai botar o macarrão na panela.
- E demora pra ferver?
- Não, quando você terminar de lavar os copos, a água já estará fervendo.
- Eu também quero ajudar! - diz a pequena Rosana.
- Vai tomando conta do Ricardo. Veja se ele está picando direito os tomates.
A menina olha em direção ao irmão e diz:
- Ele tá, mãe. Que mais?
Hilda procura uma resposta.
- Pegue uma colher de pau pra mim e continue vigiando o Ricardo.
Enquanto a água esquenta, Hilda prepara o molho. Refoga a cebola picada junto
com o alho amassado, acrescenta uma folha de louro.
- Mãe, você pôs folha seca aí? - pergunta Rosana.
- Esta folhinha se chama louro. Olha como ela é cheirosa!
A menina sente o cheiro e faz uma careta:
- Eu não gosto de louro não, mãe!
Hilda acrescenta os tomates ao refogado. Deixa que se desmanchem bem e
adiciona um pouco de massa de tomate. Por último, junta um pouco de água e uma
colherinha de açúcar.
A água ferve, Rita despeja o macarrão na panela. Hilda mexe o macarrão com um
garfo, adiciona sal e um fio de óleo para que a massa fique soltinha. Mais dez minutos
e o jantar está pronto.
&
42
A U L A Quando Hilda chega a sua casa, encontra os filhos encarapitadosencarapitadosencarapitadosencarapitadosencarapitados no sofá,
vendo televisão. Essa é uma cena que você já viu muitas vezes. Mas você sabe
como é que os meninos estavam mesmo? Confira no dicionário:
encarapitado. encarapitado. encarapitado. encarapitado. encarapitado. Adj. Que está em cima; que está comodamente instalado,
empoleirado.
Quer dizer que osmeninos estavam jogados, atirados sobre o sofá na maior
folga do mundo, vendo televisão.
Hillda chega do trabalho cansada e fica chateada porque está tudo desarru-
mado em casa. Por isso, ela pede a ajuda dos filhos:
“ - Rita, traga a vassoura, um rodo e um pano pra limpar esse chão. Ricardo,
leve estes copos pra cozinha.”
Observe que ela usou os verbos trazertrazertrazertrazertrazer (na forma do imperativo traga) e levarlevarlevarlevarlevar
(na forma do imperativo leve). O verbo trazertrazertrazertrazertrazer indica um movimento em direção
a nós e o verbo levarlevarlevarlevarlevar indica um movimento na direção oposta, contrária a nós.
Assim como esses, há muitos outros verbos que indicam ações opostasações opostasações opostasações opostasações opostas. Veja
alguns exemplos:
abrir/fecharabrir/fecharabrir/fecharabrir/fecharabrir/fechar acender/apagaracender/apagaracender/apagaracender/apagaracender/apagar chegar/sairchegar/sairchegar/sairchegar/sairchegar/sair dar/receberdar/receberdar/receberdar/receberdar/receber
bater/apanharbater/apanharbater/apanharbater/apanharbater/apanhar comprar/vendercomprar/vendercomprar/vendercomprar/vendercomprar/vender ir/virir/virir/virir/virir/vir
Nesses casos, duas palavras diferentes indicam a oposição. Mas, a partir
de um verbo, também podemos formar o verbo que indica a ação oposta a ele com
a simples adição de um prefixo prefixo prefixo prefixo prefixo (palavrinha inicial) que expresse ação contrária.
Veja esses exemplos:
ligar/desligarligar/desligarligar/desligarligar/desligarligar/desligar atar/desataratar/desataratar/desataratar/desataratar/desatar dizer/desdizer dizer/desdizer dizer/desdizer dizer/desdizer dizer/desdizer fazer/desfazerfazer/desfazerfazer/desfazerfazer/desfazerfazer/desfazer
 armar/desarmar abotoar/desabotoar armar/desarmar abotoar/desabotoar armar/desarmar abotoar/desabotoar armar/desarmar abotoar/desabotoar armar/desarmar abotoar/desabotoar organizar/desorganizar organizar/desorganizar organizar/desorganizar organizar/desorganizar organizar/desorganizar
Em todos esses casos, ocorre o prefixo des-des-des-des-des-, que expressa a idéia de desfazer,
fazer o contrário.
1.1.1.1.1. Tente lembrar-se de outras duplas de verbos que indiquem ações contrárias.
Dê exemplos dos dois casos que você aprendeu: formada por palavras
diferentes (como abrir / fechar) ou com um dos verbos derivado do outro por
prefixação (como ligar / desligar).
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Dicionário
42
A U L A1.1.1.1.1. Pela situação que Hilda encontra ao chegar em casa, você acha que as
crianças ficam sob responsabilidade de quem enquanto ela está trabalhando?
2.2.2.2.2. Ronaldo causa problemas em casa. Que idade você supõe que ele tenha? O
que o leva a essa suposição?
3.3.3.3.3. O que Ronaldo quer dizer com “Eu tô cansado desse negócio”?
4.4.4.4.4. Hilda trabalha fora, sustenta a casa e cuida dos filhos como pode. Sua
responsabilidade é grande, e as coisas não são fáceis para ela, principalmente
sua relação com Ronaldo. Explique o que o deixa tão revoltado?
Esta conversa de Hilda e Rita aparece no início da Cenatexto:
- “O que você vai fazer hoje, mãe? - pergunta Rita, a mais velha.
- Macarronada, filha.”
Aí estão as falas de cada uma. Mas podemos dizer isso de outro modo, tal
como já foi visto em outras aulas. Por exemplo:
 Rita perguntou à mãe o que ela ia fazer para a janta daquele dia. Hilda respondeu
que ia fazer macarronada.
Ou seja, um diálogo (pergunta e resposta) pode ser reportado, relatado, por
um narrador. Quando fazemos isso, estamos passando da formaformaformaformaforma diretadiretadiretadiretadireta para a
forma indiretaforma indiretaforma indiretaforma indiretaforma indireta. Para uma pergunta, usamos os verbos:
perguntar, indagar, inquirir, procurar saber etc.perguntar, indagar, inquirir, procurar saber etc.perguntar, indagar, inquirir, procurar saber etc.perguntar, indagar, inquirir, procurar saber etc.perguntar, indagar, inquirir, procurar saber etc.
Para a resposta, temos:
responder, retrucar, informar, fazer saber etc.responder, retrucar, informar, fazer saber etc.responder, retrucar, informar, fazer saber etc.responder, retrucar, informar, fazer saber etc.responder, retrucar, informar, fazer saber etc.
Existem dois verbos que servem para reportar quase todo tipo de fala, seja
uma pergunta ou uma resposta, um pedido ou uma ordem. São os verbos:
dizerdizerdizerdizerdizer e falarfalarfalarfalarfalar
Mas isso nem sempre dá certo. Veja como ficariam as falas do nosso exemplo
com esses verbos:
Rita disse à mãe o que ela ia fazer para a janta daquele dia. Hilda disse que
ia fazer macarronada.
Repare que não é possível usar o verbo dizerdizerdizerdizerdizer para a primeira fala. Nesse caso,
devemos usar mesmo o verbo perguntarperguntarperguntarperguntarperguntar.
Entendimento
&
Reescritura
✑
42
A U L A 1.1.1.1.1. Reescreva o trecho abaixo na forma indiretaforma indiretaforma indiretaforma indiretaforma indireta. Cuidado! Primeiro você
precisa saber a que personagem corresponde aquela fala. Depois, precisa
identificar se a fala expressa uma pergunta, uma resposta, um pedido, uma
ordem, uma reclamação, um xingamento etc. Finalmente, tem de escolher o
verbo adequado à ação.
- Eu tô cansado desse negócio. Todo dia é a mesma coisa, que saco!
- Você não pode falar assim, meu filho. Não vê que eu preciso da ajuda de
vocês todos?
- Eu não tô a fim! A gente fica aqui, desse jeito, e meu pai? Ele não dá notícia,
some. Ele tinha que estar aqui, te ajudando!
- Ronaldo, olha o mau exemplo que você está dando pros seus irmãos!
- Mau exemplo quem tá dando é o pai! Acho que eu devia fazer que nem ele!
- Pára com isso, menino! Você sabe que seu pai está tentando conseguir o
melhor pra nós todos!
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
1.1.1.1.1. Na Cenatexto, Ronaldo sai de casa revoltado. Hilda não vai atrás dele e não
impede que ele saia. Ela decide dar atenção aos outrosfilhos. Escreva o final
desse episódio imaginando o que vai acontecer quando Ronaldo voltar para
casa. Você pode começar assim:
Já eram quase dez horas da noite quando Ronaldo resolveu voltar para casa.
Ele não tinha outra opção. Subiu as escadas devagar, tentou abrir a porta,
mas a porta estava trancada.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Pense no comportamento de Hilda. A discussão com Ronaldo deixou-a
numa situação difícil. Ela sabia que Ronaldo precisava de sua atenção, mas
os outros filhos também precisavam. Ela falou com Ronaldo em tom duro.
Reescreva o trecho da discussão transformando-a em uma conversa branda,
na qual a mãe explique tudo com calma ao filho.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
&
Redação
no ar
43
A U L A
A Mercearia Itabira é a preferida de Hilda.
Mas o que haverá nela de tão especial além da simpatia do Seu Zé? Será que uma
“visita” ao local explicaria? Vale a pena tentar. Acompanhe!
Seu Zé acordou bem-disposto hoje. Ao entrar na mercearia, ouviu, como de
costume, a cantoria dos seus passarinhos. Pegou as gaiolas, uma a uma, e pendurou-
as na entrada para que a bicharada pudesse tomar sol. Apesar de gostar muito de todos
os passarinhos, o xodó do Seu Zé é por um bichinho especial: o louro. Ele é seu
companheiro há muitos anos e fica a maior parte do tempo empoleirado num pau ao
lado do caixa, tagarelando.
A mercearia abre sempre no mesmo horário: às seis e quinze. É quando chega a
Kombi com os pães. O leite vem logo depois. E hoje deve chegar o caminhão com as
mercadorias que Seu Zé encomendou de São Paulo.
O caminhão chega pontualmente. Carlão, o motorista, estaciona-o ali perto,
entra na mercearia e se encaminha com tranqüilidade até o balcão para cumprimentar
Seu Zé. Neste momento, o louro dá uma bicada na mão de Carlão, que pula de susto.
- Que que é isso, gente?
Cenatexto
43
A U L A
M Ó D U L O 13Cada coisa
no seu lugar
43
A U L A Seu Zé intervém:
- Sai pra lá, louro. Você me desculpe, Carlão, mas este louro às vezes apronta.
- Que bicho bravo, sô!
- É bravo nada, só parece.
- Ah, bichinho danado! Quase me machuca!
- Deixa eu ver, Carlão.
- Não foi nada, não. Deixa pra lá. Agora vamos conferir as mercadorias.
Carlão pega a nota fiscal e sugere:
- Eu vou falando os produtos e o senhor vai conferindo: dez pacotes de cinco
quilos de arroz; uma caixa com vinte latas de goiabada; vinte pacotes de um quilo de
arroz...
Seu Zé interrompe:
- Peraí! Que bagunça! Essa lista tá mal organizada! Assim fica difícil conferir!
- Calma, Seu Zé! Vamos continuar. Uma caixa com quarenta latas de massa de
tomate; duas caixas de sabão em pó com vinte unidades cada; uma caixa com doze
garrafas de vinho tinto; uma caixa com vinte embalagens de sabão em barra;
cinqüenta pacotes de um quilo de feijão-preto; uma caixa com vinte e cinco garrafas
de suco de caju; uma caixa com dez latas de azeite; uma caixa com vinte litros de água
sanitária; uma caixa com vinte latas de leite em pó; duas caixas com oito latas de óleo
de soja.
- Olha, Carlão, eu mandei meu pedido todo organizado. É muito mais fácil. Eu
arrumo as coisas aqui na mercearia por seções. Fica mais fácil, pra mim e pros
fregueses. Na hora de conferir os produtos na nota, fica mais prático se já vier tudo
organizado. Não dá pra arrumar melhor esse troço?
- Hoje não dá. Eu tô com pouco tempo, Seu Zé. Da próxima vez, eu aviso o
pessoal da firma pra fazer a nota do jeito que o senhor gosta.
- Tá bem, desta vez eu perdôo.
- Tudo certo? Falta alguma coisa?
- Parece que tá tudo certo.
- Olha o louro, ele já tá querendo atacar os rapazes do carregamento.
Seu Zé corre, leva o louro para os fundos e volta dizendo:
- Me dê a nota fiscal que eu já vou preencher o cheque.
Seu Zé tira o talão de cheques de dentro do caixa e começa a preenchê-lo. Ele é dos
antigos. Compra tudo à vista. Uma questão de princípio e de tradição.
Carlão confere o cheque e não perde a oportunidade:
- Muito bem, Seu Zé. Mas escute lá meu conselho: o senhor devia botar uma
placa aqui dizendo: “Cuidado com o louro”.
A carga fica espalhada pelo chão e Seu Zé aproveita a ausência de fregueses para
pôr tudo no lugar. Enquanto guarda os produtos, dá pela falta dos pacotes de um quilo
de arroz. Continua ajeitando os troços, na esperança de encontrar os pacotes de arroz
no meio da bagunça. Termina a arrumação e constata que, de fato, o arroz não está
lá. É bronca na certa. Mas Seu Zé é de boa índole e reclama com paciência. Pode até
ser que o produto esteja no caminhão.
&
43
A U L ANa Cenatexto de hoje, encontramos várias palavras que têm um significado
amplo, não específico. Ou seja, palavras que não se referem a algo determinado
e que, por isso mesmo, podem ser facilmente substituídas. Por exemplo:
bicho, bicharada, bichinho, xodó, troço, bagunçabicho, bicharada, bichinho, xodó, troço, bagunçabicho, bicharada, bichinho, xodó, troço, bagunçabicho, bicharada, bichinho, xodó, troço, bagunçabicho, bicharada, bichinho, xodó, troço, bagunça
BichoBichoBichoBichoBicho pode se referir tanto a um animal feroz quanto a um inocente
papagaio, como o louro louro louro louro louro que vive na mercearia do Seu Zé. Neste caso, podería-
mos usar também animalzinho, pássaroanimalzinho, pássaroanimalzinho, pássaroanimalzinho, pássaroanimalzinho, pássaro ou ave ave ave ave ave...
Você viu que o louro é o xodóxodóxodóxodóxodó do Seu Zé. Claro que cada um tem o seu xodó,
mas o que significa a palavra xodóxodóxodóxodóxodó? É uma pessoa ou animal ao qual dedicamos
estima especial, amor ou paixão. Em geral, xodóxodóxodóxodóxodó não se aplica a coisas, mas você
pode dizer que o seu xodó é aquela bicicleta velha, que está lá no canto esperando
o sábado de sol...
Agora veja a palavra troçotroçotroçotroçotroço. Ela merece atenção porque pode significar tudo
o que se quiser. Qualquer coisa que, por algum motivo, não podemos ou não
queremos nomear chamamos de troçotroçotroçotroçotroço:
l Esse troço não presta!
l Me dá esse troço!
l Esse troço é bom!
l Que troço é esse?
Observe que troçotroçotroçotroçotroço pode ter sentido positivo, negativo ou neutro. Pode ser
também substituída por palavras como coisa, negóciocoisa, negóciocoisa, negóciocoisa, negóciocoisa, negócio ou trem trem trem trem trem ou, então, por
nomes definidos. Assim, ao notar a falta dos pacotes de arroz, Seu Zé poderia dizer:
l Falta um troço aqui ou
l Falta uma coisa aqui ou
l Falta arroz nesta carga.
1.1.1.1.1. Reescreva os trechos seguintes substituindo as palavras destacadas. Se
necessário, use odicionário.
“Pegou as gaiolas, uma a uma, e pendurou-as na entrada para que a bicharadabicharadabicharadabicharadabicharada
pudesse tomar sol. Apesar de gostar muito de todos os passarinhos, o xodóxodóxodóxodóxodó do Seu
Zé é por um bichinhobichinhobichinhobichinhobichinho muito especial: o louro. Ele é seu companheiro há muitos
anos e fica a maior parte do tempo empoleiradoempoleiradoempoleiradoempoleiradoempoleirado num pau ao lado do caixa,
tagarelandotagarelandotagarelandotagarelandotagarelando.”
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
 “Continua ajeitando os troçostroçostroçostroçostroços, na esperança de encontrar os pacotes de arroz
no meio da bagunçabagunçabagunçabagunçabagunça. Termina a arrumação e constata que, de fato, o arroz não
estava lá. É broncabroncabroncabroncabronca na certa. Mas Seu Zé é de boa índole e reclama com
paciência.”
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Dicionário
43
A U L A 1.1.1.1.1. Você observou que Seu Zé não gostou da forma como os produtos foram
listados na nota fiscal. Releia a lista e organize-a, separando os produtos
nas seguintes categorias:
a)a)a)a)a) cereaiscereaiscereaiscereaiscereais: ...............................................................................................................
b)b)b)b)b) enlatadosenlatadosenlatadosenlatadosenlatados: ..........................................................................................................
c)c)c)c)c) produtos de limpezaprodutos de limpezaprodutos de limpezaprodutos de limpezaprodutos de limpeza: .......................................................................................
d)d)d)d)d) líquidoslíquidoslíquidoslíquidoslíquidos: .............................................................................................................
2.2.2.2.2. Por que Carlão aconselhou Seu Zé a colocar uma placa com o aviso “Cuidado
com o louro”?
3.3.3.3.3. No final da Cenatexto, é dito que Seu Zé é um sujeito de “boa índole”. Cite
pelo menos três fatos que levariam você a admitir isso.
4.4.4.4.4. Que pedido que Seu Zé fez a Carlão para a próxima entrega de produtos?
1.1.1.1.1. O que você acha do fato de Seu Zé ter uma porção de bichinhos engaiolados?
Você acha que isso está certo ou que ele deveria soltar toda a passarada e ficar
só com o louro, para divertir o pessoal?
2.2.2.2.2. Quando foi conferir os produtos que havia recebido, Seu Zé descobriu que
estava faltando uma parte. Na sua opinião, isso foi um descuido dos
carregadores? Você resolveria o problema do mesmo modo que Seu Zé ou
tomaria outra atitude?
3.3.3.3.3. Seu Zé compra tudo à vista. Ele é dos tradicionais: só compra se tem com que
pagar. Você concorda com isso ou acha que, para tentar melhorar um
negócio, devemos nos arriscar e comprar a prazo?
1.1.1.1.1. Seu Zé é um sujeito muito organizado. Gosta de cada coisa no seu lugar e
separa os produtos de acordo com certos critérios. Por exemplo: de um lado
ficam os enlatados, do outro os produtos de limpeza, noutro lugar os pacotes
e assim por diante. Se você prestar atenção, vai notar que a língua também
tem suas separações, suas classificações. Os estudiosos da língua separam as
palavras em dez classes gramaticaisclasses gramaticaisclasses gramaticaisclasses gramaticaisclasses gramaticais ou categoriascategoriascategoriascategoriascategorias:
Entendimento
&
Reflexão
&
Reescritura
✑
l substantivos
l adjetivos
l advérbios
l verbos
l artigos
l pronomes
l numerais
l preposições
l conjunções
l interjeições
43
A U L AReleia as aulas em que foram definidas e apresentadas as classes gramaticais
dos substantivos, adjetivossubstantivos, adjetivossubstantivos, adjetivossubstantivos, adjetivossubstantivos, adjetivos e advérbiosadvérbiosadvérbiosadvérbiosadvérbios. Depois, classifique em uma dessas
categorias cada palavra destacada nas frases seguintes.
a)a)a)a)a) Seu Zé acordou bem-dispostobem-dispostobem-dispostobem-dispostobem-disposto hoje.
b)b)b)b)b) NãoNãoNãoNãoNão foi nada.
c)c)c)c)c) Apesar de gostar muito de todos os passarinhospassarinhospassarinhospassarinhospassarinhos, o xodóxodóxodóxodóxodó do Seu Zé é por
um bichinho especialespecialespecialespecialespecial: o lourolourolourolourolouro.
d)d)d)d)d) O leiteleiteleiteleiteleite vem logo depoisdepoisdepoisdepoisdepois.
e)e)e)e)e) Neste momento, o louro dá uma bicadabicadabicadabicadabicada na mãomãomãomãomão de CarlãoCarlãoCarlãoCarlãoCarlão.
f)f)f)f)f) Que bicho bravobravobravobravobravo, sô!
g)g)g)g)g) AgoraAgoraAgoraAgoraAgora vamos conferir as mercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadorias.
h)h)h)h)h) Essa listalistalistalistalista tá malmalmalmalmal organizada!
i)i)i)i)i) Não dá pra arrumar melhor esse troçotroçotroçotroçotroço?
j )j )j )j )j ) Seu Zé tira o tttttalãoalãoalãoalãoalão de chequeschequeschequeschequescheques de dentro do caixacaixacaixacaixacaixa e começa a preenchê-lo.
2.2.2.2.2. Complete as frases seguintes com um advérbio, de acordo com o modelo:
Seu Zé abriu a mercearia calmamentecalmamentecalmamentecalmamentecalmamente. (com calma)
a)a)a)a)a) Carlão estaciona o caminhão ................................................. (com cuidado)
b)b)b)b)b) O caminhão de São Paulo chegou .............................. (com pontualidade)
c)c)c)c)c) Carlão dirige o caminhão ............................................. (com tranqüilidade)
d)d)d)d)d) Seu Zé trata os clientes ........................................................... (com respeito)
e)e)e)e)e) Seu Zé ouve o cantar dos pássaros ......................................... (com alegria)
f)f)f)f)f) Seu Zé trata dos passarinhos .............................................. (com paciência)
Suponha que você vá fazer compras na mercearia. Para não perder tempo e
não esquecer nada, faça uma lista dos produtos necessários. Para isso, siga
alguns critérios. Por exemplo:
l listar os produtos que sua família consome normalmente;
l destacar os produtos que são mais necessários;
l separar aqueles que podem ser estocados sem perigo de estragar e
considerar as condições de estocagem.
O próximo passo será decidir onde comprar. Para isso, você deve levar
em conta:
l os preços;
l a distância de sua casa até o lugar escolhido;
l a facilidade de transporte.
Feita a lista, descreva as etapas que você deve seguir, dentro de suas condições
financeiras, para fazer um estoque mensal de mantimentos para sua casa.
Redação
no ar
&
43
A U L A Você observou o nome da mercearia do Seu Zé? Ela se chama Mercearia
Itabira. Ele deve ter tido algum motivo para a escolha desse nome. Muitas vezes
damos nomes aos nossos filhos para homenagear algum amigo ou parente de
quem gostamos.
Saiba que Seu Zé escolheu o nome de sua mercearia em homenagem a um
grande poeta brasileiro nascido na cidade de Itabira, em Minas Gerais. Você já
deve ter ouvido falar dele: Carlos Drummond de Andrade.
Seu Zé até pendurou, numa das paredes de sua mercearia, um quadrinho
com alguns versos do poeta. Veja:
Cidadezinha qualquerCidadezinha qualquerCidadezinha qualquerCidadezinha qualquerCidadezinha qualquer
Casasentre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Fonte: Reunião Reunião Reunião Reunião Reunião ----- 10 livros de poesia 10 livros de poesia 10 livros de poesia 10 livros de poesia 10 livros de poesia. Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro, José
Olympio Editora, 1977.
Saideira
&
&
&
&
44
A U L A
Aconteceu algum problema com o ôni-
bus no final da linha. O que será?
Só são permitidos seis em pé; como é que já haviam entrado sete naquele ônibus
de fim de linha em West Hampstead? É que o trocador não tinha visto.
O chofer viu, no momento de dar a partida:
- Tem um sobrando aí atrás.
E não deu partida. O trocador contou os passageiros em pé; é verdade, estava
sobrando um. Qual? Naturalmente o que havia entrado por último.
- Quem é que entrou por último?
O diabo é que haviam entrado todos praticamente ao mesmo tempo.
- Um dos senhores tem que descer.
Cada um olhou para os demais, esperando que alguém se voluntariasse. Nin-
guém se mexeu.
- Como é? Alguém tem que sair.
O chofer veio de lá em auxílio do colega. Fez uma preleção sobre o cumprimento
da lei, ninguém se comoveu.
- Vamos chamar o guarda. - Sugeriu o trocador.
Saíram do ônibus, cada um para o seu lado, à procura de um guarda.
Um velhinho, alheio ao impasse, entrou muito lépido no ônibus, aumentando
para oito o número de passageiros em pé. Em pouco voltava o chofer, acompanhado
de um guarda. O guarda foi logo impondo respeito:
- Salte o último a entrar.
O bom velhinho não vacilou: com a autoridade não se brinca. Sem querer saber
por que, do jeito que entrou tornou a sair. O chofer, secundando com um olhar
vitorioso a decisiva atuação do guarda, foi se aboletar de novo ao volante. Não sem
uma última olhada pelo espelhinho sobre os passageiros em pé, um, dois, três, quatro,
cinco, seis, ué, que história é essa!
Continuavam sendo sete!
- Ainda tem um sobrando - e veio de lá, disposto a conferir. Não tinha dúvidas:
Voltaram a ser sete!
- Um vai ter que sair.
Os passageiros continuaram firmes, cada um plenamente de acordo, desde que
fosse o outro destinado a sair. Um deles, já irritado e por estar mais perto da porta,
cometeu a imprudência de deixar o ônibus para buscar de novo o guarda que já ia
longe. Os outros sugeriram ao chofer:
Cenatexto
44
A U L A
M Ó D U L O 14Alguma
ocorrência?
44
A U L A - Aproveite agora. Só tem seis, toca o ônibus.
Faltava o trocador, que ainda não havia voltado. O chofer convocou às pressas
outro trocador nas imediações, que a companhia costumava deixar de plantão no fim
da linha:
- Entra aí e vamos embora, que já estou atrasado.
O novo trocador assumiu o posto, e quando o ônibus já ia arrancando deu com
o velhinho ali firme junto ao poste:
- E o senhor?
- Esperando o ônibus!
- Então entre.
O velhinho entrou, o ônibus partiu.
Fonte: A inglesa deslumbrada.A inglesa deslumbrada.A inglesa deslumbrada.A inglesa deslumbrada.A inglesa deslumbrada. Fernando Sabino.
A Cenatexto desta aula traz um trecho de uma história contada por Fernando
Sabino. Com certeza, algumas de suas palavras merecem ser consultadas no
dicionário. Para facilitar sua tarefa, veja a seguir o significado de algumas delas:
aboletaraboletaraboletaraboletaraboletar..... V. t. d. 1.1.1.1.1. Dar boleto a; aquartelar (soldados) em casas particu-
lares. V. p. 2.2.2.2.2. Alojar-se, instalar-se.
impasse. impasse. impasse. impasse. impasse. S. m. 1.1.1.1.1. Situação difícil de que parece impossível uma saída
favorável. 2. 2. 2. 2. 2. Embaraço, estorvo, empecilho, problema.
imediações.imediações.imediações.imediações.imediações. [Pl. de imediação.] S. f. pl. 1.1.1.1.1. Vizinhança, circunvizinhança,
cercanias, arredores.
imprudência.imprudência.imprudência.imprudência.imprudência. S. f. 1.1.1.1.1. Qualidade de imprudente; inconveniência. 2.2.2.2.2. Ato
ou dito contrário à prudência.
lépido.lépido.lépido.lépido.lépido. Adj. 1.1.1.1.1. Risonho, jovial, alegre. 2.2.2.2.2. Gracejador, motejador. 3.3.3.3.3. Ligeiro, ágil.
preleção.preleção.preleção.preleção.preleção. S. f. 1.1.1.1.1. Ato de prelecionar; lição. 2.2.2.2.2. Discurso ou conferência
didática.
vacilar. vacilar. vacilar. vacilar. vacilar. V. int. 1.1.1.1.1. Oscilar, balançar (-se) por não estar firme ou seguro.
2.2.2.2.2. Caminhar sem firmeza; cambalear. 3.3.3.3.3. Perder o vigor; enfraquecer,
afrouxar. 4.4.4.4.4. Tremer. 5.5.5.5.5. Estar ou ficar duvidoso, incerto, irresoluto;
hesitar.
voluntariar-se.voluntariar-se.voluntariar-se.voluntariar-se.voluntariar-se. (Esta palavra não consta no dicionário, mas é derivada de
voluntáriovoluntáriovoluntáriovoluntáriovoluntário. Portanto, voluntariar-sevoluntariar-sevoluntariar-sevoluntariar-sevoluntariar-se é o mesmo que ser voluntárioser voluntárioser voluntárioser voluntárioser voluntário.)
voluntário.voluntário.voluntário.voluntário.voluntário. Adj. 1.1.1.1.1. Que age espontaneamente. 2.2.2.2.2. Derivado da vontade
própria; em que não há coação; espontâneo. S. m. 4.4.4.4.4. Aquele que se alista
espontaneamente nas Forças Armadas. 5.5.5.5.5. Estudante que freqüenta uma
aula em condição diferente da dos alunos regulares.
Dicionário
44
A U L A1.1.1.1.1. Seguindo o modelo, escreva nas frases abaixo o significado que melhor se
adapte à Cenatexto:
“Um velhinho, alheio ao impasseimpasseimpasseimpasseimpasse, entrou muito lépidolépidolépidolépidolépido no ônibus.”
Um velhinho, alheio ao problemaproblemaproblemaproblemaproblema, entrou muito ligeiroligeiroligeiroligeiroligeiro no ônibus.
a)a)a)a)a) “Cada um olhou para os demais, esperando que alguém se voluntariassese voluntariassese voluntariassese voluntariassese voluntariasse.”
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) “O guarda fez uma preleçãopreleçãopreleçãopreleçãopreleção sobre o cumprimento da lei.”
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) “O bom velhinho não vacilouvacilouvacilouvacilouvacilou.”””””
.............................................................................................................................
d)d)d)d)d) “O chofer foi se aboletarse aboletarse aboletarse aboletarse aboletar de novo ao volante.”
.............................................................................................................................
e)e)e)e)e) “O chofer convocou às pressas outro trocador nas imediaçõesimediaçõesimediaçõesimediaçõesimediações.”
.............................................................................................................................
f)f)f)f)f) “Cometeu a imprudênciaimprudênciaimprudênciaimprudênciaimprudência de deixar o ônibus para buscar de novo o guarda..”
.............................................................................................................................
2.2.2.2.2. Como você viu, o velhinho foi o últimoúltimoúltimoúltimoúltimo a entrar no ônibus. A palavra últimoúltimoúltimoúltimoúltimo
indica a posição que um determinado objeto, fato ou pessoa ocupa em uma
série ou numa certa ordem. Assim, tem-se o primeiroprimeiroprimeiroprimeiroprimeiro, o segundosegundosegundosegundosegundo, o terceiro terceiro terceiro terceiro terceiro
etc. O que vem no final da lista ou da fila é o últimoúltimoúltimoúltimoúltimo, aquele que vem antes
do último é o penúltimopenúltimopenúltimopenúltimopenúltimo. Observe atentamente a lista a seguir e complete o
quadro com o que falta, seguindo a sugestão dos três primeiros casos:
primeiroprimeiroprimeiroprimeiroprimeiro É o passageiro número umumumumum da fila.
segundosegundosegundosegundosegundo É o passageiro número doisdoisdoisdoisdois da fila.
terceiroterceiroterceiroterceiroterceiro É o passageiro número trêstrêstrêstrêstrês da fila.
décimodécimodécimodécimodécimo número ...................
décimo primeirodécimoprimeirodécimo primeirodécimo primeirodécimo primeiro número ...................
décimo nonodécimo nonodécimo nonodécimo nonodécimo nono número ...................
vigésimovigésimovigésimovigésimovigésimo número ...................
vigésimo nonovigésimo nonovigésimo nonovigésimo nonovigésimo nono número ...................
trigésimotrigésimotrigésimotrigésimotrigésimo número ...................
quadragésimoquadragésimoquadragésimoquadragésimoquadragésimo número ...................
qüinquagésimoqüinquagésimoqüinquagésimoqüinquagésimoqüinquagésimo número ...................
sexagésimosexagésimosexagésimosexagésimosexagésimo número ...................
septuagésimoseptuagésimoseptuagésimoseptuagésimoseptuagésimo número ...................
octogésimooctogésimooctogésimooctogésimooctogésimo número ...................
nonagésimononagésimononagésimononagésimononagésimo número ...................
centésimocentésimocentésimocentésimocentésimo número ...................
3.3.3.3.3. A série acima pode continuar infinitamente. Supondo que uma fila tenha
cem passageiroscem passageiroscem passageiroscem passageiroscem passageiros, para falar do passageiro que está no centésimo centésimo centésimo centésimo centésimo lugar da
fila, eu digo: O centésimo passageiro é o último último último último último da fila.
Continue completando de acordo com o modelo acima:
a)a)a)a)a) O.....................passageiro é o penúltimopenúltimopenúltimopenúltimopenúltimo da fila.
b)b)b)b)b) O.....................passageiro é o antepenúltimoantepenúltimoantepenúltimoantepenúltimoantepenúltimo da fila.
c)c)c)c)c) O.....................passageiro é o imediatamente anteriorimediatamente anteriorimediatamente anteriorimediatamente anteriorimediatamente anterior ao sexagésimo.
d)d)d)d)d) O.....................passageiro é o imediatamente posteriorimediatamente posteriorimediatamente posteriorimediatamente posteriorimediatamente posterior ao décimo nono.
44
A U L A Releia com calma a Cenatexto e responda às questões:
1.1.1.1.1. Por que o motorista do ônibus não pôde dar a partida?
2.2.2.2.2. Quando o guarda ordenou que alguém descesse do ônibus, ninguém se
mexeu. Por quê?
3.3.3.3.3. Quando tudo parecia resolvido, o motorista percebeu que o número de
passageiros continuava o mesmo. Por que a situação não se resolveu apesar
da saída do velhinho do ônibus?
4.4.4.4.4. Na Cenatexto apareceu esta observação sobre a atitude do passageiro que
desceu depois do velhinho: “Um deles, já irritado e por estar mais perto da
porta, cometeu a imprudência de deixar o ônibus para buscar de novo o guarda
que já ia longe”. Por que o autor disse que o passageiro foi imprudente?
5.5.5.5.5. Com quantos passageiros em pé o ônibus acabou partindo?
6.6.6.6.6. Para resumir a Cenatexto, numere os fatos pela ordem em que acontecem
na narrativa:
( ) O ônibus, finalmente, deu a partida.
( ) O motorista trouxe o guarda, e o velhinho desceu do ônibus.
( ) O trocador contou os passageiros e viu que sobrava um.
( ) Um passageiro foi buscar novamente o guarda e perdeu o ônibus.
( ) O motorista recontou os passageiros e viu que continuava sobrando um.
( ) A convite do segundo trocador, o velhinho subiu outra vez no ônibus.
A história escrita por Fernando Sabino, que serviu de Cenatexto para esta
aula, apresenta personagenspersonagenspersonagenspersonagenspersonagens que vivem uma açãoaçãoaçãoaçãoação (história) num determinado
tempotempotempotempotempo e num determinado espaçoespaçoespaçoespaçoespaço (o lugar onde a ação se passa).
Portanto, personagenspersonagenspersonagenspersonagenspersonagens, espaço,espaço,espaço,espaço,espaço, tempotempotempotempotempo e açãoaçãoaçãoaçãoação são os elementos que compõem
uma narrativa. Mas nenhum ingrediente é mais importante em uma narração do
que a açãoaçãoaçãoaçãoação dos personagens. É bom lembrar que os personagens são seres
fictícios, criados pela imaginação dos escritores. Isso talvez o leve a imaginar que
todo relato é uma criação fantasiosa, coisa de escritor, de artista. Isso não é
verdade. No dia-a-dia, as pessoas relatam situações reais, “casos” que realmente
aconteceram e dos quais elas participaram ou nos quais estiveram envolvidas
como expectadoras.
Em muitas profissões, as pessoas escrevem, ao final do expediente, um relato
das ocorrências mais significativas daquela jornada que estão encerrando. Esse
procedimento chega a ser corriqueiro no caso de profissionais que fazem troca
de turno (vigilantes, por exemplo). É claro que um relato de ocorrências no
trabalho não tem como objetivo distrair o leitor. Por isso, o trabalhador registra
de forma resumida, sem muitos detalhes, os fatos que, por um motivo ou outro,
interferiram na sua rotina.
Para treinar esse procedimento, você vai reescrever o texto de Fernando
Sabino de modo a alterar os personagens, o espaço, o tempo e manter apenas a
ação, ou seja, o que acontece, o enredoenredoenredoenredoenredo propriamente dito. Vai modificar também
o ponto de vistaponto de vistaponto de vistaponto de vistaponto de vista, isto é, a pessoa que narrapessoa que narrapessoa que narrapessoa que narrapessoa que narra: quem vai relatar a cena será um
ascensorista, e você vai se colocar no lugar dele.
Entendimento
Reescritura
✑
44
A U L AVeja as partes que devem aparecer no seu relato:
Seqüência 1Seqüência 1Seqüência 1Seqüência 1Seqüência 1
l A porta do elevador está fechada.
l O porteiro está sentado na portaria do prédio.
l Há uma fila de espera para o elevador.
l A porta do elevador é aberta pelo ascensorista que diz: - Sobe.
l Entram todos embolados, praticamente ao mesmo tempo, e se acomodam
espremidos.
Seqüência 2Seqüência 2Seqüência 2Seqüência 2Seqüência 2
l O ascensorista começa a fechar a porta do elevador.
l O porteiro o interrompe e avisa: - Tá sobrando um aí.
l O ascensorista pergunta: - Quem é que entrou por último?
l O porteiro diz: - Um dos senhores tem que sair.
l Todos fingem que não têm nada a ver com o fato.
Seqüência 3Seqüência 3Seqüência 3Seqüência 3Seqüência 3
l O porteiro mostra o cartaz à porta do elevador indicando a carga máxima.
l O ascensorista diz: - Temos que respeitar as normas de segurança.
l Ninguém dá atenção.
l Ascensorista e porteiro vão chamar um guarda.
Seqüência 4Seqüência 4Seqüência 4Seqüência 4Seqüência 4
l Um velhinho vem andando com dificuldade e entra no elevador.
l O velhinho pergunta: - Será que o elevador vai demorar para subir?
l O porteiro, o ascensorista e o guarda voltam.
l Quando o guarda manda alguém sair, um senhor responde: - Apesar de
não ter sido o último a entrar, vou sair, porque pisaram no meu calo.
l O ascensorista já vai fechar a porta quando conta: - Um, dois, três, quatro...
 treze, catorze, quinze... Como? Não entendo mais nada. Continua sobrando um.
l O velhinho diz para o ascensorista: - Moço, vá tomar um café. E empurra
o ascensorista para o corredor do prédio.
l O velhinho fecha a porta do elevador, comentando: - Esse moço não gosta
 é de trabalhar. No meu tempo de rapaz...
44
A U L A Para facilitar o seu trabalho, já começamos a escrever a Seqüência 1Seqüência 1Seqüência 1Seqüência 1Seqüência 1. Depois
dela, continue com as cenas 2, 3 e 4. Mas, atenção! Você tem de fazer um só texto.
As separações das cenas servem apenas para explicar para você o que escrever.
Assim que abri a porta do elevador no andar térreo, vi uma fila imensa que
chegava até a mesa do porteiro. Como sempre, depois que o elevador esvaziou, falei:
- Sobe.
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
..................................................................................................................................................................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
&
45
A U L A
Na aula passada você viu uma cena bastante
comum. Hoje vai haver mais confusão. De novo tem ônibus no meio da história.
Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
- Isto é um assalto!
Houve um rebuliço.Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi
chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de
admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um
assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois
do contrário como poderia ser assaltado?
- Um assalto! Um assalto! - a senhora continuava a exclamar, e quem não
tinha escutado escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de
barracas e legumes como a própria sirena policial, documentando por seu uivo a
ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali na claridade do dia, sem
que ninguém pudesse evitá-la.
Moleques de carrinho corriam em todas as direções atropelando-se uns aos
outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de
propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo
da fuga, pacotes rasgavam- se, melancias rodavam, tomates esborrachavam-se no
asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do
transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de
bananas meio amassadas?
- Olha o assalto! Tem assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se,
puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador,
um passageiro advertiu:
- No que você vai a fim de ver o assalto, eles assaltam a sua caixa.
Ele nem escutou. Então os passageiros acharam de bom alvitre abandonar o
veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem desde a idade da pedra até a
idade do módulo lunar.
Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
- Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
- É uma mulher que chefia o bando!
- Já sei. A tal dondoca loura.
- A loura assaltava em São Paulo. Aqui é a morena.
- Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
Cenatexto
45
A U L A
M Ó D U L O 14Alguma
ocorrência?
45
A U L A - Minha nossa senhora! O mundo está virado!
- Vai ver que está caçando é marido.
- Não se brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo.
- Sangue nada, tomate!
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as
vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia jóias pelo chão, braceletes, relógios.
O que os bandidos não levaram na pressa era, agora, objeto de saque popular.
Morreram, no mínimo, duas pessoas e três estavam gravemente feridas.
Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso
abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, no rumo contrário, para
escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção: quem
fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os
edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi
invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pêlo e contemplar lá
de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
- Pega! Pega! Correu para lá!
- Olha ela ali!
- Eles entraram na Kombi ali adiante!
- É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi
um deitar no chão geral e, como não havia espaço, uns caiam por cima dos
outros.
Cessou o ruído.Voltou.Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido,
confuso?
- Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor de
barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto que soverteu na multidão. A senhora gorda apareceu,
muito vermelha, protestando sempre:
- É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!
Fonte: “O assalto”, do livro O poder ultrajovemO poder ultrajovemO poder ultrajovemO poder ultrajovemO poder ultrajovem. Carlos Drummond de Andrade.
Poesia Completa & Prosa, Editora Aguilar, págs. 1246-1247.
45
A U L AA Cenatexto desta aula traz um texto de Carlos Drummond de Andrade.
Vamos procurar no dicionário o significado de algumas de suas palavras:
alvitre. alvitre. alvitre. alvitre. alvitre. S. m. 11111. Lembrança, sugestão, opinião, arbítrio, proposta, pare-
cer, alvitramento. 22222. Ant. Notícia,novidade, nova.
apinhadoapinhadoapinhadoapinhadoapinhado. Adj.11111. Completamente cheio; superlotado. 22222. Amontoado,
aglomerado.
atravancado.atravancado.atravancado.atravancado.atravancado. Adj. derivado de atravancar.
atravancar.atravancar.atravancar.atravancar.atravancar. V. t. d. 11111. Impedir com travanca, estorvar, embaraçar,
dificultando ou impossibilitando a passagem ou o acesso. 22222. Acumular
muitas coisas em um lugar.
atropelo.atropelo.atropelo.atropelo.atropelo. S. m. 11111. Ato ou efeito de atropelar; atropelação, atropelamento.
22222. Confusão, baralhada.
bradobradobradobradobrado. S. m.11111. V. clamor. 22222. Grito.
consumarconsumarconsumarconsumarconsumar. V. t. d. 11111. Terminar, completar, acabar. 22222. Realizar, praticar.
33333. Levar ao auge; aperfeiçoar, requintar.
dilatadodilatadodilatadodilatadodilatado. Adj. 11111. Amplo, largo, extenso. 22222. Desenvolvido, aumentado.
impelirimpelirimpelirimpelirimpelir. V. t. d. 1 1 1 1 1. Impulsionar para algum lugar; empurrar, arremessar.
22222. Incitar, estimular, açular, instigar. V. t. d. e i. 33333. Obrigar, constranger,
coagir. 44444. Incitar, instigar.
perpetrarperpetrarperpetrarperpetrarperpetrar. V. t. d. 11111. Cometer, praticar (ato condenável). 22222. Perfazer, realizar.
providoprovidoprovidoprovidoprovido. Adj. 11111. Que tem abundância do que é necessário; cheio. 22222. Que
foi nomeado ou designado para cargo ou função pública. 33333. Jur. Diz-se
do recurso a que se deu provimento.
rebuliçorebuliçorebuliçorebuliçorebuliço. S. m. 11111. Grande barulho ou bulício; bulha. 22222. Agitação, motim,
desordem, confusão. 33333. Gente em alvoroço.
sovertersovertersovertersovertersoverter. V. t. d. 11111. Ant. Subverter. 22222. Bras. Fazer desaparecer; fazer
sumir-se; sumir. 33333. Bras. Desaparecer, sumir(-se); levar fim.
1.1.1.1.1. Substitua as palavras destacadas por outras que não alterem o sentido das
frases usadas no texto:
a) a) a) a) a) “Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados brados brados brados brados contra o preço
do chuchu.”
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) “Houve um rebuliçorebuliçorebuliçorebuliçorebuliço.”
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) (...) “sabia que se estava perpetrandoperpetrandoperpetrandoperpetrandoperpetrando um assalto ao banco.”
.............................................................................................................................
d)d)d)d)d) (...) “a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumandoconsumandoconsumandoconsumandoconsumando” (...)
.............................................................................................................................
e)e)e)e)e) “E no atropeloatropeloatropeloatropeloatropelo da fuga, pacotes rasgavam-se” (...)
.............................................................................................................................
f)f)f)f)f) “Então os passageiros acharam de bom alvitre alvitre alvitre alvitre alvitre abandonar o veículo” (...)
.............................................................................................................................
g)g)g)g)g) “Caíram em cima do garoto que soverteusoverteusoverteusoverteusoverteu na multidão.”
.............................................................................................................................
2.2.2.2.2. Procure outras frases na Cenatexto que contenham palavras apresentadas
no quadro. Explique o sentido delas.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Dicionário
45
A U L A 1.1.1.1.1. Que motivo justifica a descida do motorista, do trocador e dos passageiros
do ônibus?
2.2.2.2.2. Qual foi a razão de tanta confusão?
3.3.3.3.3. Por que a multidão caiu em cima do garoto escurinho que estava no meio da
confusão?
A cena narrada por Carlos Drummond de Andrade apresenta uma situação
muito engraçada mas não incomum. As pessoas ouvem um pequeno boato,
aumentam, inventam e logo temos uma história enorme, detalhada e cheia de
dramas. Já que você sabe como essas coisas acontecem, utilize sua experiência
para reescrever o conto de hoje.
Conte tudo o que aconteceu e explique os fatos como se estivesse relatando
uma ocorrência qualquer. Imagine que você esteve no local e viu o surgimento
de toda aquela confusão. Inicie dizendo que uma senhora gorda foi à feira
comprar frutas e verduras. Depois narre os boatos e os fatos que foram aconte-
cendo. Você pode escolher apenas partes da história. Sua reescritura poderia
começar da seguinte forma:
Uma senhora gorda e muito vermelha, que gostava de viver protestando, foi fazer
compras na feira. Quando viu o preço do chuchu, ficou furiosa e disse aos berros ao
vendedor:
- Isto é um assalto!
As pessoas que não sabiam do que se tratava ficaram apavoradas, pensando que
era mesmo um assalto, e começou uma grande confusão. Quem estava perto da gorda
senhora fugiu de medo.
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
Entendimento
Reescritura
✑
45
A U L APela Cenatexto se percebe como as pessoas têm facilidade para exagerar as
situações. Inventam acontecimentos e passam a falar das situações imaginárias
com riqueza de detalhes. Reflita e discuta com seus amigos as seguintes questões:
1.1.1.1.1. Por que as pessoas alteram tanto os fatos ao narrá-los?
2.2.2.2.2. Quais as razões que levariamas pessoas a se ocuparem tanto com as cenas
de rua? Seria curiosidade? Necessidade de viver aventuras? Falta do que
fazer? Tentativa de tirar algum proveito da situação?
3.3.3.3.3. Você acha que “quem conta um conto, sempre aumenta um ponto”? Argumente.
4.4.4.4.4. E no trabalho, como as pessoas devem se comportar em relação às
fofocas? Você concorda ou discorda do ditado popular que diz “onde há
fumaça, há fogo”?
&
Reflexão
46
A U L A
Já era final de expediente e o supervisor da viação
consultava o relógio insistentemente, pois recebera um telefonema da Central de
Reclamações acusando o atraso de dois ônibus, o da linha do bairro West Hampstead
e o da linha do estádio. O que havia acontecido? Nem bem virou as costas, ouviu uma
conversa entre o lavador dos ônibus e Elias, motorista responsável por um dos carros
atrasados. O supervisor chegou o corpo para fora da porta e chamou:
- Elias, alguma ocorrência? Por que você se atrasou? Algum defeito com o ônibus?
- Olha, eu acho que, se fosse um problema mecânico, eu não teria me cansado tanto...
- Por favor, sente-se e me relate o ocorrido.
- Como eu ia lhe dizendo, o dia hoje foi surpreendente: quando eu estava com
o carro no final da linha, no meio da tarde,...
- Puxa! É preciso ter paciência para lidar com essa gente.
- É! No meu tipo de trabalho, não posso perder a cabeça, procuro ficar frio e
tento resolver tudo o mais rápido possível, mas dessa vez a coisa foi bastante
complicada. E foi essa a razão do atraso de quarenta e cinco minutos. Eu sinto
muito, porque o senhor já me conhece e sabe da minha responsabilidade, mas
nem sempre a gente consegue resolver as coisas sem provocar atraso no trajeto.
Eu bem que tentei...
Cenatexto
46
A U L A
M Ó D U L O 14 Alguma
ocorrência?
46
A U L A- Tá bom, se amanhã eu precisar de mais detalhes volto a chamar. Agora eu
preciso que você peça ao Fernando, aquele que faz a linha do estádio, que também
venha falar comigo assim que chegar com o carro na garagem. Vou ficar aqui no
escritório esperando por ele.
- Então, se o senhor me dá licença, até logo e mais uma vez me desculpe.
Não demorou muito tempo e o Fernando apareceu para esclarecer o atraso de mais
de uma hora no trajeto do seu veículo. Foi logo dizendo que quando passou pela
esquina da rua em que os feirantes armam suas barracas ele viu...
- Que exagero! Tudo só por causa de um chuchu?! Não dá pra acreditar...
- Mas é verdade.
Assim que terminou de ouvir o relato de Fernando, o supervisor foi até a
prateleira e pegou um livro preto. Na capa, em letras bem grandes, lia-se “registro
de ocorrências”. Começou a escrever...
Você também vai entrar nessa história. Para isso, você será o supervisor e,
como tal, fará o registro das ocorrências de atraso que envolvem os dois ônibus.
A ocorrência nocorrência nocorrência nocorrência nocorrência nº 11111 refere-se aos fatos narrados na Aula 44; a ocorrência nocorrência nocorrência nocorrência nocorrência nº 22222, aos
fatos da Aula 45.
Como supervisor, você conhece os fatos a partir do que ouviu, isto é, você
conhece apenas a versão dos motoristas. Essas versões estão representadas nos
quadrinhos. Observe-os novamente.
Atenção, você vai registrar apenas o que você ouviu. Nada de dar informações
que não apareceram nos quadrinhos.
Os dois relatos devem ser bem resumidos, mas os pontos fundamentais não
podem ser omitidos. Siga a sugestão que damos a seguir.
&
Redação
no ar
46
A U L A
OCORRÊNCIAOCORRÊNCIAOCORRÊNCIAOCORRÊNCIAOCORRÊNCIA NNNNNº 1 1 1 1 1
LOCAL: ................................................................... DATA: ........ / ....... / ........
No final da tarde, Elias chegou à garagem para a troca do turno com um
atraso de quarenta e cinco minutos. O motorista alegou que o atraso deveu-se
a um problema com o número de passageiros. .....................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Ao terminar de escrever, releia seu texto e refaça o que não estiver bom.
Depois, inicie a redação da segunda ocorrência.
OCORRÊNCIAOCORRÊNCIAOCORRÊNCIAOCORRÊNCIAOCORRÊNCIA NNNNNº 2 2 2 2 2
LOCAL: ................................................................... DATA: ........ / ....... / ........
O motorista Fernando atrasou o trajeto em uma hora. O motivo alegado por
ele é meio confuso, visto que falou de um assalto e depois acabou explicando
que não houve assalto nenhum.. ...........................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Os dois motoristas abandonaram seu posto de trabalho por motivos diferentes.
Coloque-se na posição do supervisor e analise a atitude de cada um deles.
1.1.1.1.1. Qual é a sua opinião a respeito das ocorrências?
2.2.2.2.2. Quem tinha um motivo realmente justo para parar o ônibus?
3.3.3.3.3. O supervisor deverá advertir alguém? Quem?
Troque idéias a respeito dessas questões com seus amigos. Pondere,
argumente, defenda sua opinião.
Reflexão
&
47
A U L A
Fazendo consultas
Neste módulo, você irá acompanhar um dia
não muito feliz na vida de Josué, um escriturário que está exercendo, momenta-
neamente, uma outra função na empresa onde trabalha.
Josué sabe que o sr. Alfeu admira a sua responsabilidade, a sua educação. Sempre
que dona Bárbara, a secretária, falta, Josué é convocado a fazer o serviço dela. Ele
atende com atenção ao telefone, anota todos os recados, tem letra boa. Enfim, é um
escriturário que dá conta do recado como secretário. Embora sinta orgulho por ser o
escolhido, ele prefere realizar o seu trabalho como escriturário. Josué, além de
nervoso, é muito exigente consigo mesmo. Sofre quando comete um engano. Na sala
de dona Bárbara, ele se sente meio perdido: não conhece as pessoas que vão lá, não sabe
onde ficam as coisas, não atua com segurança. Mas o que mais o incomoda é não
conseguir atender às ordens do chefe. Muitas vezes, ele não consegue nem entender
o que o sr. Alfeu diz com aquele jeito apressado de falar.
Assim que entra, o sr. Alfeu vai logo debulhando falação, falando, falando,
pedindo coisas, dando ordens:
- Fale com o Marcos para digitar todo o material em que já foi feita a revisão.
Você viu a minha agenda por aí? Ligue para a oficina. Fale com o Valdir que preciso
do carro pra hoje antes das dez horas. Eu não tenho o número do telefone aqui.
Consulte a lista telefônica.. O nome é Oficina Nacional.
Mal acaba de falar, vai saindo. Sem demora, Josué começa a cumprir o que foi
pedido, até que esbarra num impasse:
- Que confusão! Encontrei a Lista Telefônica,mas não encontro nela o nome
dessa droga de Oficina Nacional. J, l, m, n, o... Odilon Braga, Odilon Dias, Oeste,
Oiapoque... Eu devo estar doido! Depois da palavra Oeste tinha que vir palavra com
Of, aí eu achava Oficina.
Cenatexto
47
A U L A
M Ó D U L O 15
47
A U L A Josué não está doido, está apenas consultando a lista errada. Ele procura o nome
de um assinante na Lista de Endereços. Quanta distração!
O suor começa a molhar a mão do escriturário. Os minutos vão passando e ele
não consegue encontrar o nome Oficina Nacional. O pânico faz a cabeça de Josué
estourar de dor. Decide tomar, sem ao menos consultar a bula, uns comprimidos que
a secretária esqueceu na gaveta.
Essa leviandade de Josué ainda vai dar o que falar... Aguarde o desfecho!
PAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSA
Agora, uma pausa para entender o motivo da confusão vivida por Josué.
Quanto desespero por tão pouco! Todos vivemos situações que nos fazem sofrer
e que têm, muitas vezes, soluções simples. Esse pânico todo poderia ter sido
evitado se o escriturário tivesse lido as informações que constam do início das
Listas Telefônicas, como a que reproduzimos abaixo.
Há três tipos de Lista Telefônica: a Lista deLista deLista deLista deLista de AssinantesAssinantesAssinantesAssinantesAssinantes, a Lista de Endere-Lista de Endere-Lista de Endere-Lista de Endere-Lista de Endere-
çosçosçosçosços e a Lista Classificada (Páginas Amarelas)Lista Classificada (Páginas Amarelas)Lista Classificada (Páginas Amarelas)Lista Classificada (Páginas Amarelas)Lista Classificada (Páginas Amarelas). Como sabia o nome do
assinante (um estabelecimento comercial: Oficina Nacional), Josué deveria ter
consultado a Lista de Assinantes ou a Lista Classificada.
&
LISTA DE ASSINANTES
São as páginas brancas do catálogo. Nela, sua configuração
aparece na ordem alfabética do sobrenome.
FORMAS DE CONSULTA
PESSOA FÍSICA :
a) Na maioria dos casos, procure o nome desejado pelo último
sobrenome.
Exemp lo : Dan ie la More i ra B raga
Procure: Braga, Daniela M.
b) No caso de sobrenome com título genealógico (filho, júnior,
sobrinho, neto), procure pelo penúltimo sobrenome;
Exemplo: Rodrigo Ribeiro Filho
Procure: Ribeiro Filho, Rodrigo
PESSOA JURÍDICA:
Procurar pela razão social completa do estabelecimento, sigla
ou nome fantasia.
Exemplo: Telecomunicações de Minas Gerais S/A — Teleming
ou
Teleming — Telecomunicações de Minas Gerais S/A
Almeida & Cia. Ltda.
Padaria São José (nome fantasia)
GOVERNO/ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS :
Nos casos de órgãos governamentais procure, na ordem alfa-
bética, sob os seguintes títulos:
Governo do Estado.....
Prefeitura Municipal...... e, abaixo desses títulos pelos nomes
das secretarias, departamentos, divisões etc.
Exemplo: Governo do Estado de Minas Gerais
Procuradoria Geral de Justiça
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
Chefe Gabinete
LISTA DE ENDEREÇOS
Aqui você procura o endereço do assinante
pela ordem alfabética do logradouro.
Veja como é fácil procurar a informação desejada na Lista
Telefônica de Endereços:
Exemplo: ALBUQUERQUE
MARANHÃO, r. — CEP 31730-230
CPO ALEGRE — 57/103-070
36 Gonçalves, Zilda ........... 494-1219
66 Carmo, Claudomiro ........ 494-1618
76 Brito, Fátima A .............. 494-1714
77 Oliveira, Benedito ............ 494-1220
167 Amaral, Handerson NC 494-1668
As Ruas, Avenidas, Travessas, Praças e Alamedas identificadas
por numeral figuram no início da lista
Exemplo: 1, pç. — CEP 32342-320
PRQ S JOÃO — 24/984-970
59 Oliveira, Vilma C .............. 351-0988
1, r. — CEP 31610-120
ANA LÚCIA — 56/096-080
128 Costa, Zelia A. A. .......... 451-1741
2, av. — CEP 31610-000
MINAS CAIXA — 55/089-100
11 Batista, Osni ..................... 447-6725
LISTA CLASSIFICADA (AMARELA)
Esta parte da Lista é de grande importância para quem procura
serviços, empresas e profissionais.
No final da Lista Classificada você encontra o índice em ordem
alfabética e com assuntos divididos em títulos, o que torna a
sua consulta ainda mais fácil.
Use sempre a LISTA CLASSIFICADA para fazer pesquisas de
preços, produtos e serviços, e descubra o quanto ela pode
ajudar você.
Exemplo:
Berçários
Betoneiras
Bicicletas — Conserto e Aluguel Bicicletas — Peças e Acessó-
rios
Bijuterias
O produto ou serviço que você procura pode ser encontrado em
mais de um título.
Exemplo: Dínamos
Veja geradores Elétricos e Dínamos
Veja Motores Elétricos
Veja Motores Elétricos — Conserto
Veja Motores Elétricos — Peças
LISTA CLASSIFICADA (COR AMARELA)
a) Procure os títulos referentes a cada produto ou serviço pela
ordem alfabética.
B) Após encontrar o título genérico, observe as subdivisões que
melhor especificam os produtos ou serviços que você deseja.
Exemplos: Automóveis — Agências
Automóveis — Conserto
Automóveis — Peças
COMO CONSULTAR A LISTA TELEFÔNICA
47
A U L AAtençãoAtençãoAtençãoAtençãoAtenção: Quando se procura o nome de uma pessoa na Lista de Assinantes,
deve-se iniciar a consulta pelo último sobrenomeúltimo sobrenomeúltimo sobrenomeúltimo sobrenomeúltimo sobrenome, conforme informação fornecida
pela própria lista. Quando se procura o nome de um logradouro na Lista de
Endereços, deve-se iniciar a consulta pelo primeiroprimeiroprimeiroprimeiroprimeiro nomenomenomenomenome, mesmo que esse
logradouro tenha o nome de uma pessoa.
1.1.1.1.1. Na Cenatexto, há uma palavra que aparece duas vezes, mas com significados
diferentes. Veja as duas frases em que essa palavra se encontra:
“(Josué) anota todos os recadosrecadosrecadosrecadosrecados.”
“ É um escriturário que dá conta do recadorecadorecadorecadorecado como secretário.”
Consultando o dicionário, você descobre o seguinte:
recado.recado.recado.recado.recado. S. m. 1.1.1.1.1. Mensagem oral. 2.2.2.2.2. Comunicação escrita ou oral.
a)a)a)a)a) Em qual das duas frases a palavra recadorecadorecadorecadorecado é usada no sentido apontado
pelo dicionário?
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Como você explica o sentido da mesma palavra na outra frase?
.............................................................................................................................
2.2.2.2.2. Em outra passagem da Cenatexto, Josué “esbarra num impasse”. O que
acontece com Josué? Veja o sentido dessas palavras no dicionário:
esbarrar.esbarrar.esbarrar.esbarrar.esbarrar. V. t. i. 1.1.1.1.1. Ir de encontro; topar. 2.2.2.2.2. Dar com o pé; tropeçar.
3.3.3.3.3. Encontrar por acaso. 4.4.4.4.4. Deter-se (ante dificuldade).
impasse.impasse.impasse.impasse.impasse. S. m. 1.1.1.1.1. Situação difícil de que parece impossível uma saída
favorável. 2. 2. 2. 2. 2. Embaraço, estorvo, empecilho.
Agora escreva com suas palavras o sentido da expressão esbarrar numesbarrar numesbarrar numesbarrar numesbarrar num
impasseimpasseimpasseimpasseimpasse.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
3.3.3.3.3. A palavra logradourologradourologradourologradourologradouro apareceu na seção Pausa. Veja o que ela significa:
logradouro.logradouro.logradouro.logradouro.logradouro. S.m. Lugar (rua, largo, praça, jardim etc.) para uso público.
Anote aqui o nome de um logradouro importante que você conhece:
..................................................................................................................................
4.4.4.4.4. A cabeça de Josué estouravaestouravaestouravaestouravaestourava de dor. Consultando o dicionário, você vai
encontrar o seguinte:
estourarestourarestourarestourarestourar. V. int. 1.1.1.1.1. Rebentar com estrondo. 2.2.2.2.2. Fazer-se em pedaços.
3.3.3.3.3. Latejar de dor. 4.4.4.4.4. Gritar.
Pelo contexto, sabemos que a cabeça de Josué latejava de dorlatejava de dorlatejava de dorlatejava de dorlatejava de dor. Agora,
descubra o sentido doverbo estourarestourarestourarestourarestourar nas frases abaixo. Em seguida,
escreva-as substituindo o verbo estourarestourarestourarestourarestourar pelo sentido escolhido.
a)a)a)a)a) As bombas estouravamestouravamestouravamestouravamestouravam, espantando a multidão.
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Provocado, estourouestourouestourouestourouestourou, sem ligar para as pessoas que estavam próximas.
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) A caldeira estourouestourouestourouestourouestourou por excesso de pressão.
.............................................................................................................................
Dicionário
47
A U L A 1.1.1.1.1. Qual foi o principal problema enfrentado por Josué na atividade de secretário?
O que ele fez de errado?
2.2.2.2.2. Por que Josué sentia-se pouco à vontade na sala (e na função) da secretária?
3.3.3.3.3. Na Aula 11 você já aprendeu que é preciso seguir a ordem alfabética para
encontrar palavras no dicionário. Aplique o que aprendeu naquela aula
colocando os nomes dos logradouroslogradouroslogradouroslogradouroslogradouros seguintes na ordem em que aparece-
riam na Lista de EndereçosLista de EndereçosLista de EndereçosLista de EndereçosLista de Endereços. (Observe que o nome dos logradouros vêm
seguidos das abreviaturas que os especificam: r r r r r = rua; pçapçapçapçapça = praça; avavavavav =
avenida):
a)a)a)a)a) ( ) Aimorés, r
b)b)b)b)b) ( ) José Cavalini, pça
c)c)c)c)c) ( ) Estêvão Lunard, av
d)d)d)d)d) ( ) Abatiá Cj Celso Machado, r
e)e)e)e)e) ( ) Presidente Antônio Carlos, av
44444. Imagine que Josué tenha recebido as seguintes ordens. Indique o tipo de
Lista Telefônica que ele consultaria.
Lista de AssinantesLista de AssinantesLista de AssinantesLista de AssinantesLista de Assinantes, Lista de EndereçosLista de EndereçosLista de EndereçosLista de EndereçosLista de Endereços, Lista Classificada Lista Classificada Lista Classificada Lista Classificada Lista Classificada (AmarelaAmarelaAmarelaAmarelaAmarela).
a)a)a)a)a) Ligue para a sra. Ermengarda Sarmento.
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Descubra o telefone do apartamento 610 do Edifício Conselheiro Acácio,
que fica à Rua Joana Bezerra, 835.
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) Veja se o Pedro da Lojas União S.A. está no escritório.
.............................................................................................................................
d)d)d)d)d) Reserve um táxi para amanhã
.............................................................................................................................
5.5.5.5.5. Você recebeu ordens para fazer algumas ligações telefônicas. Numere as
ações de acordo com a seqüência que deve ser seguida para a tarefa ser
realizada com sucesso. Observe o modelo:
Ligue para a Oficina Nacional Oficina Nacional Oficina Nacional Oficina Nacional Oficina Nacional.
( 1 ) Localizar a Lista de AssinantesLista de AssinantesLista de AssinantesLista de AssinantesLista de Assinantes.
( 2 ) Localizar, seguindo a ordem alfabética, o nome Oficina NacionalOficina NacionalOficina NacionalOficina NacionalOficina Nacional.
a)a)a)a)a) Ligue para o sr. Marcos R. Borges. Marcos R. Borges. Marcos R. Borges. Marcos R. Borges. Marcos R. Borges.
( ) Seguindo a ordem alfabética, localizar o último sobrenome: BorgesBorgesBorgesBorgesBorges.....
( ) Localizar a Lista de AssinantesLista de AssinantesLista de AssinantesLista de AssinantesLista de Assinantes.
( ) Localizar, seguindo a ordem alfabética, o nome MarcosMarcosMarcosMarcosMarcos após o
sobrenome já localizado.
b)b)b)b)b) Ligue para o escritório da Bebel, que fica à Rua Dante Grossi, 373 -Rua Dante Grossi, 373 -Rua Dante Grossi, 373 -Rua Dante Grossi, 373 -Rua Dante Grossi, 373 -
Sala 202Sala 202Sala 202Sala 202Sala 202.
( ) Localizar o número 373373373373373 diante do nome Dante GrossiDante GrossiDante GrossiDante GrossiDante Grossi.
( ) Localizar a Lista de EndereçosLista de EndereçosLista de EndereçosLista de EndereçosLista de Endereços.
( ) Localizar, seguindo a ordem alfabética, a palavra GrossiGrossiGrossiGrossiGrossi, ao lado da
palavra DanteDanteDanteDanteDante.
( ) Localizar o número 202202202202202 ao lado do número 373373373373373.
( ) Localizar, seguindo a ordem alfabética, a palavra DanteDanteDanteDanteDante.
Entendimento
47
A U L Ac)c)c)c)c) Ligue para um estabelecimento onde se vendam caixas de papelão.
( ) Localizar o índice dos títulosíndice dos títulosíndice dos títulosíndice dos títulosíndice dos títulos da Lista Classificada.
( ) Localizar a Lista ClassificadaLista ClassificadaLista ClassificadaLista ClassificadaLista Classificada (Páginas Amarelas).
( ) Na página indicada, localizar o item Caixa de papelãoCaixa de papelãoCaixa de papelãoCaixa de papelãoCaixa de papelão.
( ) Escolher um dos estabelecimentosestabelecimentosestabelecimentosestabelecimentosestabelecimentos indicados.
( ) Localizar a páginapáginapáginapáginapágina indicada pelo título.
( ) Localizar o título CaixasCaixasCaixasCaixasCaixas.
1.1.1.1.1. Josué não pôde atender ao pedido do sr. Alfeu porque procurou o número
do telefone na lista errada. Sabemos que ele ficou muito envergonhado por
ter falhado. Não é preciso sofrer tanto por coisas tão insignificantes. Quem
não sabe, pergunta. Mas Josué não pergunta e entra em pânico.
Se ele se sentiu tão mal por esse insucesso, imagine como ele ficará quando
o sr. Alfeu cobrar: “Josué, já é meio-dia e o carro não chegou. Você falou
diretamente com o Valdir? Que povo enrolado!” Josué terá de explicar por que
não fez o que foi pedido. Coloque-se na posição dele e explique tudo ao sr.
Alfeu. Sua fala poderia começar assim:
- Sr. Alfeu, assim que o senhor me pediu, eu dei o recado para o Marcos. Só que
tem um problema: eu não consegui ligar para a oficina porque .........................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Observe e compare as frasesfrasesfrasesfrasesfrases abaixo:
Isto aqui está está está está está uma confusão! Puxa! Que confusão!
AdmiroAdmiroAdmiroAdmiroAdmiro a responsabilidade de Josué. Que funcionário responsável!
(frases oracionaisfrases oracionaisfrases oracionaisfrases oracionaisfrases oracionais) (frases não-oracionaisfrases não-oracionaisfrases não-oracionaisfrases não-oracionaisfrases não-oracionais)
Algumas frases apresentam verboverboverboverboverbo e outras não. A frase que apresenta verbo
é classificada como frase oracionalfrase oracionalfrase oracionalfrase oracionalfrase oracional e a que não apresenta verbo como
frase nãofrase nãofrase nãofrase nãofrase não-----oracionaloracionaloracionaloracionaloracional. Substitua as seguintes frases oracionais por equi-
valentes não-oracionais:
a) a) a) a) a) Alfredo fala de um jeito tão apressado!
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Isso aqui está na maior desordem!
.............................................................................................................................c) c) c) c) c) Não grite comigo!
.............................................................................................................................
3.3.3.3.3. As frases também podem ser classificadas a partir de seu sentidosentidosentidosentidosentido global,
quer dizer, da ação praticada ou do significado que é expresso. Observe estas
frases ditas ao telefone:
l Você deseja falar com quem?
l Ela saiu e não voltará antes do meio-dia.
l Ligue para ela amanhã.
l Que garoto insistente!
Reescritura
✑
47
A U L A Na primeira fala, a pessoa pede uma informaçãopede uma informaçãopede uma informaçãopede uma informaçãopede uma informação; na segunda, apresentaapresentaapresentaapresentaapresenta
umaumaumaumauma informaçãoinformaçãoinformaçãoinformaçãoinformação; na terceira, expressa uma ordemexpressa uma ordemexpressa uma ordemexpressa uma ordemexpressa uma ordem; e na última, expressa umexpressa umexpressa umexpressa umexpressa um
sentimentosentimentosentimentosentimentosentimento. Assim, pelo seu sentido, recebem esta classificação:
l Você deseja falar com quem? ........................................ frase interrogativafrase interrogativafrase interrogativafrase interrogativafrase interrogativa
l Ela saiu e não voltará antes do meio-dia .......................... frase declarativafrase declarativafrase declarativafrase declarativafrase declarativa
l Ligue para ela amanhã ....................................................... frase imperativafrase imperativafrase imperativafrase imperativafrase imperativa
l Que garoto insistente! ...................................................... frase exclamativafrase exclamativafrase exclamativafrase exclamativafrase exclamativa
É sua vez! Dê exemplos de:
a)a)a)a)a) Frases imperativasFrases imperativasFrases imperativasFrases imperativasFrases imperativas (que expressem ordens) de uma conversa ao telefone.
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Frases interrogativasFrases interrogativasFrases interrogativasFrases interrogativasFrases interrogativas (que expressem indagações) de uma pessoa
perdida em uma cidade.
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) Frases exclamativasFrases exclamativasFrases exclamativasFrases exclamativasFrases exclamativas (que expressem reclamações) de funcionários
conversando num escritório.
.............................................................................................................................
d)d)d)d)d) Frases declarativasFrases declarativasFrases declarativasFrases declarativasFrases declarativas (que expressem informações) de uma vendedora a
um cliente.
.............................................................................................................................
Devido ao alto preço de uma linha telefônica no Brasil, o sistema Telebrás
tem instalado telefones públicos por todo o país. Assim, há os Telefones Públicos
Locais - através dos quais o usuário pode fazer chamadas - e os Telefones
Públicos Comunitários - através dos quais o usuário pode tanto fazer quanto
receber chamadas. Mesmo sabendo de sua grande utilidade, muitas pessoas
destróem esses aparelhos. A propósito, leia o trecho a seguir, escrito pelo
jornalista Gilberto Dimenstein:
“Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios“Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios“Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios“Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios“Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios
de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papelde cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papelde cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papelde cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papelde cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel
na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento,na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento,na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento,na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento,na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento,
está o respeito à coisa pública.”está o respeito à coisa pública.”está o respeito à coisa pública.”está o respeito à coisa pública.”está o respeito à coisa pública.”
Destruir um telefone público é destruir uma possibilidade de comunicação.
Por meio de uma simples ligação telefônica economizamos tempo e dinheiro,
pedimos socorro, transmitimos recados urgentes, salvamos vidas. Destruir um
telefone público é destruir um direito conquistado. Ajude a evitar que isso
aconteça.
Em uma publicação da revista VejaVejaVejaVejaVeja de abril de 1994, encontramos algumas
informações muito interessantes sobre o uso de telefone no Brasil. Segundo
aquela matéria, nosso país é um dos raros do mundo onde telefone é artigo de
luxo. Existem mais televisores, geladeiras e máquinas de lavar nas casas brasi-
leiras do que telefones. Isso não chega a surpreender. Realmente espantoso é que
de 100 casas brasileiras apenas 19 têm telefone, enquanto 23 têm pelo menos um
automóvel e 24 têm um videocassete.
Silêncio
Saideira
&
48
A U L A
Fazendo consultas
Na última Cenatexto, você viu o início de um
complicado dia de trabalho do escriturário Josué. A secretária adoeceu e ele foi
convocado para substituí-la. Na função de secretário, Josué teve alguns proble-
mas e isso o deixou com uma forte dor de cabeça. Seu nervosismo associado à dor
levou-o a tomar o primeiro remédio que encontrou numa gaveta. Você já deve
estar imaginando as conseqüências disso. O que acontecerá?
Josué, ainda na sala da secretária, percebe que algo estranho está acontecendo.
Sente-se tonto. Bebe um pouco de água, sente-se pior. Vai ao banheiro e vomita. Não
se agüenta em pé. Começa a sentir coceiras pelo corpo. Desabotoa a camisa e percebe
que sua pele está muito vermelha. Com dificuldade, tenta abrir a porta, na esperança
de avistar alguém no corredor a quem possa pedir socorro. Sente-se ainda mais
nauseado, desmaia e cai sobre uma cadeira.
Por sorte, é grande o entra-e-sai naquele escritório. Quem acaba de entrar é um
garoto, um office-boy cheio de dúvidas:
- Ué! Onde está dona Bárbara? Quem é este aí? Caramba, o cara tá mal!
Ô, companheiro, reage. Levanta e me explica alguma coisa, pô! Onde será que se
meteu dona Bárbara? E o Seu Alfeu? Puxa! Que complicação! Amigo, não me leve
a mal, eu vou te arrastar daqui. Vou te levar pra enfermaria. Você não tá legal. Vamos
lá, rapaz.
Cenatexto
48
A U L A
M Ó D U L O 15
48
A U L A Após ter sido medicado, Josué ouve envergonhado a repreensão feita pelo médico
que o atendeu:
- O que você julgou ser um analgésico era um antibiótico, que lhe provocou
forte reação alérgica. Isso poderia ter trazido sérias complicações para você, Josué.
Poderia levá-lo à morte. Aprenda uma coisa: nunca tome remédio sem saber qual é
sua indicação. O ideal é você consultar um médico antes de fazer uso de qualquer
medicamento, certo?
Depois disso, Josué comunica o fato a uma simpática funcionária do Departa-
mento de Pessoal da empresa. Percebendo a aflição do colega, a funcionária resolve
conversar com ele a fim de aliviá-lo um pouco.
- Se você fica tão nervoso quando é convocado para substituir a secretária,
converse com seu chefe sobre isso. Uma conversa franca poderia ter evitado esse
acidente. Conversando a gente se entende e resolve muita coisa.
- Acidente? Que acidente?
- Qualquer acontecimento não programado que interfere negativamente na
atividade produtiva é um acidente.
- Essa é boa! Como é que meu chefe ia imaginar que eu ia tomar um remédio
errado?
- Olha, eu não entendo muito, mas dizem que está comprovado que a falta de
preparo profissionalé uma das principais causas de acidentes.
- Mas eu sou preparado.
- Eu sei, Josué. Você deve exercer muito bem a função de escriturário. Você
acabou de me contar que o que o levou a tomar o medicamento errado foi o seu
nervosismo diante de uma dificuldade em atender a ordem do seu chefe. Você não foi
contratado nem treinado para exercer as funções de secretário. Concorda?
- Nisso você está certa... Mas eu acho que, no trabalho, a gente deve sempre
ajudar, quebrando um galho aqui, outro ali... Eu sou pau para toda obra.
- Será que é mesmo? Nesse caso eu prefiro o provérbio “cada macaco no seu
galho”. Cada um tem a sua posição. Eu só estou lhe pedindo para colocar sua saúde
em primeiro lugar.
“Fácil, não é?”, pensa o esgotado escriturário. Quem sabe ele se enche de coragem
e resolve explicar para o chefe a situação...
Na Aula 36 você trabalhou com algumas frases feitafrases feitafrases feitafrases feitafrases feitasssss, como “tintim por
tintim” e “modéstia à parte”. Você já sabe que essas expressões idiomáticasexpressões idiomáticasexpressões idiomáticasexpressões idiomáticasexpressões idiomáticas
significam algo especial no contexto em que são usadas. Sabe também que, se
procurar no dicionário, uma a uma, as palavras que compõem esse tipo de frase,
não entenderá o sentido da expressão. Alguns dicionários, porém, apresentam
o sentido da expressão toda, basta saber como procurá-la.
Quebrar um galhoQuebrar um galhoQuebrar um galhoQuebrar um galhoQuebrar um galho é uma expressão idiomática da Língua Portuguesa, ou
seja, uma expressão típica do nosso idioma, mais propriamente do Português
falado no Brasil. No dicionário ela se encontra junto à palavra galhogalhogalhogalhogalho. Depois de
vários sentidos apresentados, está escrito assim:
(...) Quebrar um galho.Quebrar um galho.Quebrar um galho.Quebrar um galho.Quebrar um galho. Bras. Gír. Resolver ou ajudar a resolver uma
dificuldade.
&
Dicionário
48
A U L A“Cada macaco no seu galho” é um provérbio que aparece na Cenatexto. O
interessante é que, no dicionário, ele não aparece junto ao verbete galhogalhogalhogalhogalho e sim
junto a macacomacacomacacomacacomacaco. Veja:
(...) Macaco velho.Macaco velho.Macaco velho.Macaco velho.Macaco velho. Bras. 1.1.1.1.1. Indivíduo astuto, ladino. 2. 2. 2. 2. 2. Indivíduo expe-
riente. Macaco velho não mete a mão em cumbuca.Macaco velho não mete a mão em cumbuca.Macaco velho não mete a mão em cumbuca.Macaco velho não mete a mão em cumbuca.Macaco velho não mete a mão em cumbuca. Prov. bras. 1.1.1.1.1.
Indivíduo sagaz, experiente, não cai em esparrela. Cada macaco no seuCada macaco no seuCada macaco no seuCada macaco no seuCada macaco no seu
galho.galho.galho.galho.galho. Prov. 1. 1. 1. 1. 1. Cada um deve ater-se à sua condição ou função. Dar noDar noDar noDar noDar no
macaco.macaco.macaco.macaco.macaco. Bras., BA. Chulo. 1.1.1.1.1. Masturbar-se (o homem). Ir pentearIr pentearIr pentearIr pentearIr pentear
macacos.macacos.macacos.macacos.macacos. Bras. 1.1.1.1.1. Ir às favas, deixar de importunar.
Não há uma regra de como encontrar expressões idiomáticas e provérbios no
dicionário. Devemos usar o bom senso para estabelecer a palavra mais significa-
tiva da expressão e poder procurá-la no verbete correspondente.
1.1.1.1.1. Na Cenatexto de hoje há duas expressões idiomáticas. Encontre-as no
dicionário com base na palavra mais significativa e copie a explicação.
a)a)a)a)a) Levar a mal: .......................................................................................................
b)b)b)b)b) Ser pau pra toda obra: ......................................................................................
2.2.2.2.2. Veja como o verbete entra-e-sai entra-e-sai entra-e-sai entra-e-sai entra-e-sai aparece no dicionário:
entra-e-saientra-e-saientra-e-saientra-e-saientra-e-sai [de entrar + e + sair] S.m. Movimento ininterrupto de
entrada e saída de pessoas.
Observe que entra-e-saientra-e-saientra-e-saientra-e-saientra-e-sai é um substantivo formado por dois verbos e uma
conjunção. Há vários substantivos formados por verbos: llllleva-e-traz, ganha-eva-e-traz, ganha-eva-e-traz, ganha-eva-e-traz, ganha-eva-e-traz, ganha-
perdeperdeperdeperdeperde. Indique o sentido dessas duas palavras:
a)a)a)a)a) leva-e-traz: ..............................................................................................................
b)b)b)b)b) ganha-perde: ..........................................................................................................
1.1.1.1.1. O que provocou o mal-estar de Josué? Aponte a principal causa.
2.2.2.2.2. O segundo parágrafo da Cenatexto foi iniciado assim: “Por sorte, é grande o entra-
e-sai naquele escritório”. Indique quem foi o favorecido por essa sorte e por quê.
3.3.3.3.3. Mesmo sem conhecer Josué, o office-boy, dirigiu-se a ele chamando-o de
amigo, de companheiro. Aponte a atitude desse garoto que indica que as
palavras amigo e companheiro foram usadas em seu sentido exato.
4.4.4.4.4. A funcionária do Departamento de Pessoal disse “Nesse caso eu prefiro o
provérbio: cada macaco no seu galho”. Considerando o contexto da conversa
em que essa frase foi dita, explique qual era a posição dessa funcionária.
Entendimento
48
A U L A Josué é um funcionário preocupado em fazer tudo da forma mais correta
possível. Você observou que ele se preocupa muito com seu serviço e pouco com
sua saúde. Você acha que ele foi irresponsável ao tomar aquele remédio? Você acredita
que, se tivesse lido e compreendido o texto da bula, Josué teria tido mais cuidado?
Compreender textos é saudávelCompreender textos é saudávelCompreender textos é saudávelCompreender textos é saudávelCompreender textos é saudável. Reflita sobre essa idéia e discuta-a com
seus amigos.
Se você concorda que compreender textos é saudável, concordará que mais
saudável ainda é ler os textos adequadosler os textos adequadosler os textos adequadosler os textos adequadosler os textos adequados. Veja o caso do nosso personagem. Ele
sofreu uma reação alérgica por ter tomado um remédio sem cuidado. O ideal
seria que procurasse um médico antes de fazer uso de qualquer medicamento.
Mas, na impossibilidade de consultar um médico, ele deveria ter consultado
(lido) a bula que acompanha o remédio. Como as bulas apresentam termos
técnicos que, muitas vezes, não conseguimos entender, é fundamental saber o
significado de seus itens principais, como por exemplo:
IndicaçãoIndicaçãoIndicaçãoIndicaçãoIndicação: Descreve os sintomas ou indica a doença contra a qual o
remédio age.
PosologiaPosologiaPosologiaPosologiaPosologia: Indica a dose do remédio que o paciente deve tomar.
Contra-indicaçãoContra-indicaçãoContra-indicaçãoContra-indicaçãoContra-indicação: Estabelece as situações em que não se deve usar
o remédio.
PropriedadePropriedadePropriedadePropriedadePropriedade: indica o efeito provocado pelo uso do remédio.
1.1.1.1.1. Analise a bula a seguir e classifique as afirmativas em V (quando verdadeiras
em relação ao que diz a bula) ou F (quando falsas em relação ao que diz a bula).
Reflexão
48
A U L A
&
( ) Novalgina deve ser usado apenas em caso de febre.
( ) Novalgina é um analgésico, isto é, age contra a dor.
( ) Em caso de febre ou dor, um adulto deve tomar de 1 a 2 comprimidos
3 a 4 vezes ao dia.
( ) Novalgina é um antipirético, isto é, acaba com a febre.
( ) A posologia é a mesma tanto para adultos quanto para crianças.
( ) O uso de Novalgina não é indicado para pessoas com discrasias
sanguíneas, isto é, par pessoas cujo sangue tem composição anormal.
1.1.1.1.1. Escreva como se você fosse o office-boy. Faça um texto contando ao médico
o que presenciou na sala da secretária e por que decidiu levar Josué até a
enfermaria. Lembre-se de que você não sabe o nome do escriturário, não sabe
quem é ele, não sabe o que aconteceu com ele.
A linguagem do office-boy apresenta algumas gírias. Portanto, imagine
com que palavras ele contaria ao médico a situação. Continue o texto:
- Olha, doutor, eu não sei o queaconteceu com ele. Nem sei o nome dele. Só sei
que ele tava lá na sala da dona Bárbara na pior. Todo branco e caído na cadeira.
Quando eu vi que ...........................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Suponha que, em vez do office-boy, a secretária do Departamento de Pessoal
tivesse encontrado Josué. Reescreva seu texto como se fosse ela, de modo
mais formal. Veja o início:
- Doutor, não sei o que aconteceu com este senhor. Para dizer a verdade, nem
sei como é o nome dele. Eu o encontrei na sala da secretária, caído, desmaiado e muito
abatido. Ao perceber que não havia outro jeito, ..........................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
Reescritura
✑
49
A U L A
Cenatexto
Fazendo consultas
Aqui você tem um resumo resumo resumo resumo resumo da história do
escriturário, que foi narrada nas duas últimas Cenatextos. Leia-o com atenção.
Não agradava muito ao escriturário Josué a idéia de substituir a secretária do chefe.
Ser convocado para desempenhar funções sobre as quais não tem pleno domínio traz-lhe
mais aborrecimento que orgulho.
Como secretário, viu-se em grandes apuros por não conseguir atender a um dos
pedidos de seu chefe: consultar a lista telefônica e fazer uma ligação. O insucesso
deveu-se ao fato de Josué, inadequadamente, consultar a Lista Telefônica de Endere-
ços a fim de encontrar o nome de um assinante.
Diante da impossibilidade de executar a tarefa, Josué, cuja cabeça estourava de
dor, decidiu tomar um remédio qualquer encontrado na gaveta da secretária. O que
foi ele ingeriu pensando ser um analgésico era um antibiótico ao qual, por azar, era
alérgico. Remédio inadequado, reações adversas: vômito, enjôo, erupções por todo o
corpo.
Uma simples consulta à bula do remédio teria evitado que fosse levado, às
pressas, à enfermaria da empresa.
Depois de medicado, Josué saiu da sala do médico e foi ao Departamento de
Pessoal registrar o ocorrido. Algumas considerações sobre acidentes de trabalho
foram feitas a Josué por uma funcionária daquele departamento.Ela queria que ele
entendesse que a força de trabalho é o bem maior do trabalhador, e a saúde é a sua
garantia.
49
A U L A
M Ó D U L O 15
49
A U L AA história de Josué, além de ser o relato de um engano, é uma história sobre
apreensões e dificuldades enfrentadas na vida diária. A história de Josué é uma
partezinha da vida de um trabalhador. O nosso dia-a-dia é composto de momen-
tos como esse, que podem ser observados e contados de formas diversas.
Nos exercícios de Reescritura das duas aulas anteriores, você escreveu partes
da história de Josué de várias formas: usando palavras e argumentos do office-
boy, da secretária, criando falas para Josué. A Cenatexto desta aula é também
uma forma de reescritura. Observe que as informações mais significativas da
história foram mantidas. Vamos analisar parte por parte desse resumo. Veja, a
seguir, uma parte da Cenatexto da Aula 47 e a parte do resumo que a ela
corresponde.
ResumoResumoResumoResumoResumo: “Não agradava muito ao escriturário Josué a idéia de substituir
a secretária do chefe. Ser convocado para desempenhar funções sobre as quais
não tem pleno domínio traz-lhe mais aborrecimento que orgulho.”
Aula 47Aula 47Aula 47Aula 47Aula 47: “ Josué sabe que o sr. Alfeu admira a sua responsabilidade, a sua
educação. Sempre que dona Bárbara, a secretária, falta, Josué é convocado a fazer
o serviço dela. Ele atende com atenção ao telefone, anota todos os recados, tem
letra boa. Enfim, é um escriturário que dá conta do recado como secretário.
Embora sinta orgulho por ser o escolhido, ele prefere realizar o seu trabalho como
escriturário. Josué, além de ser nervoso, é muito exigente consigo mesmo. Sofre
quando comete um engano. Na sala de dona Bárbara, ele se sente meio perdido:
não conhece as pessoas que vão lá, não sabe onde ficam as coisas, não atua com
segurança. Mas o que mais o incomoda é não conseguir atender às ordens do
chefe. Muitas vezes, ele não consegue nem entender o que o sr. Alfeu diz com
aquele jeito apressado de falar.”
Idéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitida: Josué sempre substitui a secretária do chefe.
Ser escolhido para isso o deixa mais aborrecido que orgulhoso, porque ele
não gosta de fazer aquilo que não domina.
1.1.1.1.1. Escreva as partes da Cenatexto da Aula 47 que correspondem ao resumo e,
em seguida, indique a idéia básica transmitida por elas. Siga o que foi
apresentado no quadro.
ResumoResumoResumoResumoResumo: “Como secretário, viu-se em grandes apuros por não conseguir atender
a um dos pedidos de seu chefe: consultar a lista telefônica e fazer uma ligação. O
insucesso deveu-se ao fato de Josué, inadequadamente, consultar a Lista Telefô-
nica de Endereços a fim de encontrar o nome de um assinante.”
Partes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumo: ...................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Idéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitida: .....................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Reescritura
✑
49
A U L A 2. 2. 2. 2. 2. Agora, leia o resumo abaixo e procure sua correspondência na Cenatexto da Aula 48.
ResumoResumoResumoResumoResumo: “Depois de medicado, Josué saiu da sala do médico e foi ao Departa-
mento de Pessoal registraro ocorrido. Algumas considerações sobre acidentes de
trabalho foram feitas a Josué por uma funcionária daquele departamento.Ela
queria que ele entendesse que a força de trabalho é o bem maior do trabalhador,
e a saúde é a sua garantia.”
Partes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumoPartes correspondentes ao resumo:...................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Idéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitidaIdéia básica transmitida: .....................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
3.3.3.3.3. Chegou a sua vez de fazer o resumo de um texto. Você resumirá um texto
extraído de um Manual de Instruções para uso de televisores. Para isso, siga
os seguintes passos:
l Leia o texto com atenção. (Se nele houver alguma palavra que você não
conhece, procure-a no dicionário.)
l Despreze os detalhes e sublinhe apenas o essencial, as idéias básicas do texto.
(Se algum detalhe for necessário à compreensão do texto, mantenha-o. Em
alguns textos, as indicações de tempo e lugar são fundamentais, noutros não.
Fique atento.)
l Reescreva o texto evitando copiar trechos. Faça o seu próprio texto.
RECOMENDAÇÕESRECOMENDAÇÕESRECOMENDAÇÕESRECOMENDAÇÕESRECOMENDAÇÕES IMPORTANTESIMPORTANTESIMPORTANTESIMPORTANTESIMPORTANTES
Este televisor foi projetado e produzido dentro das mais rigorosas
normas internacionais de segurança.
Para usufruir melhor essa segurança e obter o melhor funcionamento
do aparelho, siga atentamente estas recomendações:
l Seu televisor necessita de ventilação. Ao colocá-lo numa estante ou
próximo à parede, deixe uma distância de 5 cm à sua volta. Não coloque
objetos decorativos ou toalhinhas em cima dele. As ranhuras são para
ventilação e devem ficar sempre livres.
l Quando se ausentar por tempo prolongado, desligue o televisor com a
tecla liga/desliga do aparelho. Em caso de viagem, desligue também a
antena e o plugue da tomada da parede.
l Durante temporais, também é aconselhável desligar a antena e o plugue
da tomada da parede. Isso protege o aparelho contra eventuais descargas
elétricas.
l Não deixe cair nenhum objeto ou substância líquida dentro do aparelho.
Isso pode causar danos irreparáveis.
l Nunca abra a tampa traseira de seu aparelho. Isso deve ser feito somente
por técnicos ou oficinas autorizadas.
l Toda vez que for necessária a troca de peças do seu televisor, principalmen-
te os fusíveis, só utilize peças de mesma especificação e qualidade, iguais às
originais. Para se assegurar disso, use a Rede de Assistência Técnica.
49
A U L AContinue o resumo abaixo:
Siga estas recomendações e seu aparelho obterá a garantia das normas de
segurança: garanta a ventilação necessária ao televisor deixando uma distância
de 5 cm ao seu redor e deixando suas ranhuras livres.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Agora é o momento de criar. Neste trabalho de redação, você fará o contrário
do que fez na Reescritura. Um pequeno texto será apresentado e você deverá
enriquecê-lo com detalhes. Mantenha a idéia básica e acrescente ao texto
diálogos e descrições. Leia atentamente o texto, discuta com os amigos e então
escreva.
O ambiente de trabalho é muito quente e extenuante em conseqüência de
vapores. Muitas mulheres se sentiram mal, e isso acontece tanto no verão como
no inverno, por causa da umidade excessiva. No setor de tinturaria, as máquinas
desprendem nuvens de vapor cada vez que são abertas. A direção não adotou
medidas adequadas, melhor, não quer instalar um dispositivo de arejamento
para não estragar - assim afirma - a produção.
Fonte: A saúde nas fábricasA saúde nas fábricasA saúde nas fábricasA saúde nas fábricasA saúde nas fábricas. Giovani Berlinguer. São Paulo, CEBES-HUCITEC,
1983, pág. 93.
Continue seu texto após a sugestão inicial. Se quiser começar de outro modo,
pode tentar.
Era inverno. A primeira providência que todos os trabalhadores tomavam, ao
chegar à fábrica, era tirar o agasalho. Algumas mulheres sentiam necessidade de tirar
até as meias, tamanho era o calor que sentiam.
- Isso aqui deve ser mais quente que o inferno - reclamou Joana, a que se sentia
mais incomodada com o excesso de vapores no ambiente de trabalho.
Ali no setor de tinturaria, havia mulheres que, embora nunca reclamassem,
viviam desmaiando em decorrência da umidade excessiva e sendo levadas ao pronto-
socorro.
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
Redação
no ar
49
A U L A Fazendo consultasFazendo consultasFazendo consultasFazendo consultasFazendo consultas chega ao fim. Nas duas últimas aulas, por meio de um
flagrante, você acompanhou um drama na vida de um trabalhador. Aquela série
de episódios complicados poderia ter sido evitada se o escriturário não entrasse
em pânico diante de uma dificuldade.
Consultar fontes de informação é umdos primeiros passos diante de uma
dúvida. As listas telefônicas, os arquivos de uma empresa, os dicionários, as
enciclopédias, os manuais de instrução, os mapas, os guias turísticos, as bulas,
estão sempre à nossa disposição. Consultar é um hábito que nos leva a evitar
enganos e a ganhar tempo.
Há fontes que, pelo volume de informação que trazem, são de consulta mais
complicada. Nesses casos, quando surge uma dificuldade devemos observar a
forma correta de utilizar essa fonte. Parece complicado, mas não é.
Josué poderia ter obtido respostas para suas dúvidas na própria lista
telefônica que tinha em mãos. Você comprovou isso pelas informações apresen-
tadas na Aula 47. Por isso, fique sempre atento às respostas que estão prontas,
que estão à sua volta.
Silêncio
&
50
A U L A
Voz forte e microfone na mão, Jorge, o líder do
grupo, dá os últimos comunicados aos colegas reunidos no pátio da empresa:
- Companheiros! Depois de trinta dias de paralisação, de muita angústia e
insegurança, podemos considerar resolvida nossa situação. O sindicato conseguiu
um acordo com os patrões. É um acordo diferente de tudo que já vimos, mas vai trazer
grandes vantagens. O dr. Hugo, nosso patrão, que está aqui ao meu lado, vai explicar
tudinho pra vocês.
Assim que o dr. Hugo pega o microfone, os trabalhadores entoam uma vaia, o que
o deixa assustado e constrangido. Em vão, Jorge gesticula pedindo mais calma aos
companheiros. Resolve então explicar:
- Companheiros, por favor, mantenham a calma. Vocês sabem que a Compa-
nhia Têxtil Santa Gertrudes entrou em concordata e que a situação é delicada. Nossos
salários e nossos empregos estão em jogo, portanto é preciso calma! A proposta do
patrão, apoiada pelo sindicato, é de assinarmos um contrato coletivo de trabalho.
Um burburinho toma conta da multidão. Jorge sua sem parar e tenta controlar
a situação:
- Dr. Hugo está aqui para esclarecer o que é esse contrato coletivo de trabalho.
Tenham paciência e ouçam o que ele vai dizer.
Dr. Hugo pega o microfone e, após uma breve apresentação, explica a seus
empregados o que é um “contrato coletivo de trabalho”: os trabalhadores serão
contratados como um grupo, com correção salarial, piso e benefícios pré- determina-
dos. Terão direito de eleger representantes junto ao Conselho Diretor da empresa, que
serão eleitos pelas comissões de fábrica.
Quando dr. Hugo termina sua fala, os aplausos e as vaias se misturam e Jorge
entra em cena outra vez. O ponto mais delicado de todos era esse: como seria feito o
contrato?
- Companheiros! A idéia é a seguinte: para termos direito à participação na
companhia, nós, os trabalhadores, vamos comprar uma parte das ações. Para realizar
a compra das ações, vamos usar o Fundo de Pensão do sindicato.
Protestos generalizados. Jorge retoma a palavra:
- Calma, companheiros. A decisão vai ser tomada democraticamente! Mas esta
é a melhor solução para todos. Não nos interessa que a fábrica feche e nos deixe sem
trabalho. Além disso, comprando parte das ações, teremos direito à participação na
gestão da companhia.
Uma grande agitação toma conta da assembléia, os ânimos estão exaltados. As
pessoas discutem, se posicionam. Alguns ainda nem entenderam direito a
Cenatexto
50
A U L A
M Ó D U L O 16Assino ou
não assino?
50
A U L A proposta, querem mais informações para saber se concordam ou não. Nesse
momento, Reinaldo, o vice-presidente do sindicato dos trabalhadores, toma a
palavra:
- Companheiros! Atenção pro que vou dizer. Cuidado com a enrolação. Não se
deixem levar pelas palavras do companheiro Jorge e do patrão. Desconfiem! O patrão
procura defender seus próprios interesses e já conseguiu convencer boa parte do nosso
sindicato. É preciso pensar muitas vezes, antes de concordar em lançar mão do
dinheiro do nosso fundo.
Tumulto. Palavras de ordem e gritaria geral. Reinaldo se exalta:
- Esse fundo, companheiros, tem sido nosso apoio e a nossa segurança desde que
foi criado, há cinqüenta anos. Eu não teria coragem de acabar com isso de um dia para
o outro, mesmo para salvar a empresa onde a gente trabalha.
Os trabalhadores se inquietam.Uns aplaudem, outros vaiam. Jorge intervém:
- Nosso companheiro Reinaldo está certo! É preciso muita coragem para tomar
uma decisão dessas. Pois só com coragem seremos capazes de enfrentar o novo, e a
proposta que fazemos representa o novo. Não tenham medo, companheiros.
Grande parte dos operários começa a aplaudir. Jorge, emocionado, enxuga o suor
do rosto. Reinaldo, nervoso, empurra Jorge e pega o microfone:
- Companheiros! Pensem, reflitam! A situação do patrão é muito confortável.
Quando a fábrica ia bem, só dando lucros, ninguém pensou nos trabalhadores,
ninguém solicitou nossa participação. Agora que a situação está periclitante, os
capitalistas vêm atrás da nossa ajuda. Se a fábrica está nessa situação, não é nossa
culpa. Eles que achem outra solução.
Depois dessa fala, o tumulto ficou ainda maior. As opiniões variavam de cabeça
para cabeça. O que parecia claro ficou confuso. É aí que Jorge levanta e propõe:
- Vamos encaminhar a votação.
Aí a coisa começa a pegar fogo. Mas uma decisão deve ser tomada. Você já
formou sua opinião? Como argumentaria?
50
A U L ADicionárioNa Cenatexto de hoje encontramos muitas expressões conhecidas e bastante
usadas em situações como as que acabamos de ver. Vamos ver algumas delas.
1.1.1.1.1. Aqueles que já participaram de uma assembléiaassembléiaassembléiaassembléiaassembléia, conhecem essa palavra.
Mesmo assim, vale a pena verificar seu sentido no dicionário:
assembléia.assembléia.assembléia.assembléia.assembléia. [do fr. assemblée] S. f. 1.1.1.1.1. Reunião de numerosas pessoas
para determinado fim. 2.2.2.2.2. Sociedade, corporação. 3.3.3.3.3. Congresso.
Crie uma frase utilizando a palavra assembléiaassembléiaassembléiaassembléiaassembléia em cada um desses signifi-
cados e indique o sentido em que ela aparece na Cenatexto:
a)a)a)a)a) .............................................................................................................................
b)b)b)b)b) .............................................................................................................................
c)c)c)c)c) .............................................................................................................................
2.2.2.2.2. Quando o dr. Hugo começou a falar, os trabalhadores “entoaram uma“entoaram uma“entoaram uma“entoaram uma“entoaram uma
vaia”vaia”vaia”vaia”vaia”. Provavelmente você já conhece o sentido da palavra vaiavaiavaiavaiavaia. Veja agora
o sentido do verbo entoarentoarentoarentoarentoar:
entoar.entoar.entoar.entoar.entoar. V. t. d. 1.1.1.1.1. Fazer soar; fazer ouvir, cantando. 2.2.2.2.2. Começar, princi-
piar, iniciar (um canto). 3.3.3.3.3. Dar o tom para se cantar ou tocar instrumento.
4.4.4.4.4. Pôr no tom. 5.5.5.5.5. Proferir, enunciar. 6.6.6.6.6. Dar direção a; dirigir, encaminhar.
a) a) a) a) a) Na Cenatexto entoarentoarentoarentoarentoar foi usado no sentido 22222. Tente descrever com suas
próprias palavras o que ocorreu.
.............................................................................................................................
3.3.3.3.3. A certa altura da Cenatexto, ficamos sabendo que “““““ um burburinho tomaum burburinho tomaum burburinho tomaum burburinho tomaum burburinho toma
conta da multidão”conta da multidão”conta da multidão”conta da multidão”conta da multidão”. É fácil perceber o que significa burburinhoburburinhoburburinhoburburinhoburburinho, mas, para
evitar dúvidas, consultamos o dicionário:
burburinho.burburinho.burburinho.burburinho.burburinho. [Voc. onom.] S. m. 1.1.1.1.1. Som confuso e prolongado de muitas
vozes; rumorejo, bulício.
A abreviação [Voc. onom.] [Voc. onom.] [Voc. onom.] [Voc. onom.] [Voc. onom.] quer dizer vocábulo onomatopéico.
OnomatopéiaOnomatopéiaOnomatopéiaOnomatopéiaOnomatopéia ou vocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéicoé uma palavra cuja pronún-
cia imita o som natural da coisa significada, como sussurro, cicio e muitas
outras. Assim, explique como deve ter sido o “burburinho que tomava
conta da multidão”.
4.4.4.4.4. A Cia.Têxtil Sta. Gertrudes está em dificuldades financeiras. Segundo a
informação de Jorge, a empresa “entrou em concordata”“entrou em concordata”“entrou em concordata”“entrou em concordata”“entrou em concordata”. A palavra
concordataconcordataconcordataconcordataconcordata possui três sentidos, veja:
concordata.concordata.concordata.concordata.concordata. [do it. concordato] S. f. 1.1.1.1.1. Convenção entre o Estado e a Igreja
acerca de assuntos religiosos de uma nação. 2.2.2.2.2. Benefício concedido por
lei ao negociante insolvente e de boa-fé para evitar ou suspender a
declaração de sua falência, ficando ele obrigado a liquidar suas dívidas
segundo for estipulado pela sentença que concede o benefício. 3.3.3.3.3. Nal-
guns países, acordo entre o comerciante insolvente e os seus credores,
para os mesmos fins.
Qual dos três sentidos apontados pelo dicionário é o mais adequado à
situação da Cia.Têxtil Sta. Gertrudes?
..................................................................................................................................
50
A U L A 5.5.5.5.5. Em seu discurso, Reinaldo usa a palavra capitalistacapitalistacapitalistacapitalistacapitalista. Nesse caso, ela foi
empregada como substantivo, referindo-se aos donos do capital, ou seja, aos
donos da fábrica. Procure-a no dicionário e explique o sentido em que foi
usada na Cenatexto.
..................................................................................................................................
6.6.6.6.6. Reinaldo disse que a situação estava periclitantepericlitantepericlitantepericlitantepericlitante. Indique o que essa pa-
lavra significa e construa frases que exemplifiquem uma situação periclitante.
..................................................................................................................................
7.7.7.7.7. Observe que os verbetes apresentados pelo dicionário sempre trazem algu-
ma informação gramatical. Por exemplo, informando se é um substantivo,
um verbo, um adjetivo ou um pronome. Preste atenção às abreviaturas que,
no dicionário, acompanham estes verbos da Cenatexto:
suar.suar.suar.suar.suar. V. int. 1.1.1.1.1. Deitar suor pelos poros; transpirar. 2.2.2.2.2. Verter umidade; ressumar.
assinar.assinar.assinar.assinar.assinar. V. t. d. 1.1.1.1.1. Firmar com seu nome ou sinal (carta, documento, obra
etc.); firmar. 2.2.2.2.2. Firmar em carta,
documento etc. (o nome); assinar-se. 3.3.3.3.3. Marcar com sinal; pôr sinal em; assinalar.
discordar.discordar.discordar.discordar.discordar. V. int. 1.1.1.1.1. Não concordar; estar em desarmonia; ser incompa-
tível; divergir. V. t. i. 2.2.2.2.2. Não concordar; divergir, discrepar.
dar.dar.dar.dar.dar. V. t. d. e i. 1.1.1.1.1. Fazer doação de; presentear, ceder, doar. 2.2.2.2.2. Oferecer, conceder.
O verbo suarsuarsuarsuarsuar é apresentado como um verbo intransitivo verbo intransitivo verbo intransitivo verbo intransitivo verbo intransitivo (V(V(V(V(V. int.). int.). int.). int.). int.), ou seja,
um verbo que não tem objetonão tem objetonão tem objetonão tem objetonão tem objeto. Ele é completo. Observe esta frase da Cenatexto:
“Jorge sua sem parar e tenta controlar a situação.”
Há muitos verbos intransitivos, como: rir, brincar, cair, correr, andarrir, brincar, cair, correr, andarrir, brincar, cair, correr, andarrir, brincar, cair, correr, andarrir, brincar, cair, correr, andar.
a) a) a) a) a) Procure na Cenatexto outros verbos intransitivos: .....................................
.............................................................................................................................
O verbo assinar assinar assinar assinar assinar é apresentado como verbo transitivo diretoverbo transitivo diretoverbo transitivo diretoverbo transitivo diretoverbo transitivo direto (V. t. d.)(V. t. d.)(V. t. d.)(V. t. d.)(V. t. d.). Isso quer
dizer que ele tem um objeto diretoobjeto diretoobjeto diretoobjeto diretoobjeto direto. Na Cenatexto os trabalhadores estão
discutindo se:
“assinam o contrato coletivo de trabalho.”
Neste caso, o objeto vem logo depois do verbo, sem preposição.
b)b)b)b)b) Procure na Cenatexto alguns exemplos de verbos transitivos diretos:
.............................................................................................................................
No caso de discordardiscordardiscordardiscordardiscordar, temos um verbo transitivo indireto verbo transitivo indireto verbo transitivo indireto verbo transitivo indireto verbo transitivo indireto (((((V. t. i.)V. t. i.)V. t. i.)V. t. i.)V. t. i.). Quer
dizer que ele vem ligado ao seu objeto por meio de uma preposição (indireta-
mente), como nesse exemplo da Cenatexto:
“Reinaldo discorda da opinião de Jorge.”
c)c)c)c)c) Procure na Cenatexto outros verbos transitivos indiretos:
.............................................................................................................................
Finalmente, temos o verbo dar, dar, dar, dar, dar, um verbo transitivo direto e indireto verbo transitivo direto e indireto verbo transitivo direto e indireto verbo transitivo direto e indireto verbo transitivo direto e indireto (V. t.(V. t.(V. t.(V. t.(V. t.
d. e i.)d. e i.)d. e i.)d. e i.)d. e i.), ou seja, um verbo com dois objetos (um direto e outro indireto). Veja o
primeiro parágrafo da Cenatexto:
(...) “Jorge, o líder do grupo, dá os últimos comunicados aos colegas reunidos (...)”
d)d)d)d)d) Procure na Cenatexto mais alguns verbos transitivos diretos e indiretos:
.............................................................................................................................
50
A U L A1.1.1.1.1. Dr. Hugo, um dos patrões, deu algumas explicações sobre o contrato coletivo
de trabalho. Quais eram os pontos centrais desse acordo?
2.2.2.2.2. Reinaldo, o vice-presidente do sindicato, não pareceu favorável ao acordo.
Como ele justifica sua posição?
3.3.3.3.3. Qual foi o argumento de Jorge para acalmar os trabalhadores durante a
assembléia?
4.4.4.4.4. Jorge fez uso de uma palavra do discurso de Reinaldo e inverteu o argumen-
to. Que palavra foi essa? Que inversão aconteceu?
Na Cenatexto de hoje acompanhamos uma assembléia de trabalhadores.
Soubemos o que foi proposto por meio dos discursos inflamados de dois
personagens: Jorge e Reinaldo. Os dois argumentavamargumentavamargumentavamargumentavamargumentavam para defender suas
idéias e, assim, convencer os trabalhadores. Baseando-se em argumentos prati-
camente opostos, eles construíram o que chamamos de argumentaçãoargumentaçãoargumentaçãoargumentaçãoargumentação. Argu-
mentar é apresentar informações, dados, elementos e idéias para convencer os
outros de nossa posição. É levar os outros a concordarem conosco. O objetivo da
argumentação é convencerconvencerconvencerconvencerconvencer.
Agora que que você sabe o que é argumentar, reescreva somente os argu-argu-argu-argu-argu-
mentosmentosmentosmentosmentos apresentados pelos diferentes personagens da Cenatexto. Inicialmente,
você apresenta os argumentos de Jorge e, depois, os argumentos de Reinaldo.
Para isso, separe as falas de cada um e organize-as num pequeno texto. Você
pode utilizar a forma de diálogo, colocando a opinião de Jorge e a de Reinaldo
em contraposição. Veja o início e prossiga:
JorgeJorgeJorgeJorgeJorge: Companheiros, o sindicato fez um acordo com os patrões.
ReinaldoReinaldoReinaldoReinaldoReinaldo: Isso não é verdade. O sindicato está dividido. Nem todos concordam.
JorgeJorgeJorgeJorgeJorge: A maioria aprova, por isso o acordo existe e é válido. E ele traz uma porção
de vantagens.
ReinaldoReinaldoReinaldoReinaldoReinaldo: Atenção, pessoal! Esse acordo não traz nenhuma vantagem.
JorgeJorgeJorgeJorgeJorge: Traz muitas vantagens. O acordo prevê ............................................................................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
Um dos melhores livros de nossa literatura é o conhecido Macunaíma - o heróiMacunaíma - o heróiMacunaíma - o heróiMacunaíma - o heróiMacunaíma - o herói
sem nehum carátersem nehum carátersem nehum carátersem nehum carátersem nehum caráter, escrito por Mário de Andrade, destacado autor do Modernismo
brasileiro. O livro foi publicado pela primeira vez em 1928 numa tiragem pequena,
mas a procura foi tão grande que não parou mais de ser editado. Já virou até filme.
MMMMMacunaímaacunaímaacunaímaacunaímaacunaíma é uma história, uma lenda, um conto popular, um retrato da vida
nacional, uma caricatura, um protesto... É uma obra de difícil definição quanto ao
gênero. Com essa obra, o paulista Mário de Andrade deu um grande impulso ao
Modernismo como movimento literário, enquanto a Literatura Brasileira assumia
novos rumos. Hoje você vai conhecer um pouco desse livro e de sua linguagem.
Preste atenção à maneira de Mário de Andrade narrar e à linguagem usada. Há uma
constante tentativa de introduzir as formas coloquiais da fala na linguagem literária.
Fique agora com as primeiras páginas dessa grande obra.
Entendimento
Saideira
Reescritura
✑
50
A U L A I.I.I.I.I. MacunaímaMacunaímaMacunaímaMacunaímaMacunaíma
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto
retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande
escutando o murmurejo do Uricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia.
Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não
falando. Si o incitavam a falar exclamava:
- Ai! que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba,
espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape
já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de
saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava para
ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos
juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam
gritos gozados por causa dos guaiamuns diz-que habitando a água-doce por lá. No
mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma
punha as mãos nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara.
Porém respeitava os velhos e freqüentava com aplicação a murua e a poracê o torê o
bacorocô a cucuicogue, todas esas danças religiosas da tribo.
Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de
mijar. Como a rede da mãe estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na
velha, espantando os mosquitos bem. Então adormecia sonhando palavras feias,
imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar.
Nas conversas das mulheres no pino do dia o assunto eram sempre as peraltagens
do herói. As mulheres se riam muito simpatizadas, falando em “espinho que pinica,
de pequeno já traz ponta”, e numa pajelança Rei Nagô fez um discurso e avisou que
o herói era inteligente.
Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e Macunaíma
principiou falando com todos. E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na
cevadeira e levasse ele passear no mato. A mãe não quis porque não podia largar da
mandioca não. Macunaíma choramingou dia inteiro. De-noite continuou chorando.
No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que a mãe principiasse o
trabalho. Então pediu para ela que largasse de tecer o paneiro de guaraná-membeca
e levasse ele no mato passear. A mãe não quis porque não podia largar o paneiro não.
E pediu pra nora, companheira de jiguê que levasse o menino. A companheira de Jiguê
era bem moça e se chamava Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém desta vez
Macunaíma ficou bem quieto sem botar a mão na graça de ninguém. A moça carregou
o piá nas costas e foi até o pé de aninga na beira do rio. A água parara pra inventar
um ponteio de gozo nas folhas do javari. O longe estava bonito com muitos biguás e
biguatingas voando na entrada do furo. A moça botou o menino na praia porém ele
principiou choramingando, que tinha muita formiga!... e pediu pra Sofará que o
levasse até o derrame do morro lá dentro do mato, a moça fez. Mas assim que deitou
o curumim nas tiriricas, trajás e trapoerabas da serrapilheira, ele botou corpo num
átimo e ficou um príncipe lindo. Andaram por lá muito.
Fonte: Macunaíma - o herói sem nenhum caráter.Macunaíma - o herói sem nenhum caráter.Macunaíma - o herói sem nenhum caráter.Macunaíma - o herói sem nenhum caráter.Macunaíma - o herói sem nenhum caráter. Mário de Andrade. Edição crítica de
Telê Porto Ancona Lopez. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos / São Paulo,
Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1978, págs. 7-8.
&
&
&
&
&
&
&
&
&
&
51
A U L A
Na aula anterior, os trabalhadores da Santa
Gertrudes estavam reunidos para tomar algumas decisões. A questão principal
era a compra das ações da empresa usando o Fundo de Pensão dos trabalhadores
que viessem a assinar o contrato coletivo de trabalho. Acompanhe, agora, mais
um capítulo dessa história.
No dia da assembléia, a decisão estava difícil, mas acabou saindo. Foi aprovado
o contrato coletivo e formada uma comissão para decidir os detalhes finais. Ficou
resolvido que cada seção da fábrica seria representada por um funcionário. E um deles
seria escolhido como representante dos trabalhadores no momento de assinar o
contrato coletivo.
Chico fora escolhido para representar a Seção de Estoques. Logo ele que sempre
dizia não gostar de se meter em política. No fundo, tinha medo de se envolver com
essas reivindicações e acabar sendo demitido. Trabalhava na Santa Gertrudes há três
anos e nunca tivera motivos para reclamar do emprego.
O coordenador da sessão dos trabalhos, José Bonifácio, abriu a reunião:
- Boa tarde a todos. Como é do conhecimento de vocês, nós hoje estamos aqui
para escolher um representante, que irá defender nossos interesses nas questões
políticas e administrativas da Santa Gertrudes.
Chico pediu a palavra:
- Não sei a situação dos companheiros, mas eu estou cheio de dúvidas sobre o
contrato coletivo. Acho que a questão ainda não é escolher o representante, e sim
entender direitinho esse contrato. Eu mesmo não sei se assinaria. Alguém podia
explicar melhor isso pra gente?
- Não tem mistério, Chico. É aquilo mesmo que o Jorge falou na assembléia. Nós
seremos contratados como um grupo, com piso, benefícios, tudo garantido. Não tem
enrolação nem letrinha pequena no contrato. Mesmo porque nesse caso quem tá
metido no meio é a Justiça do Trabalho.
- E como é que vai ficar minha Carteira de Trabalho? E a Previdência?
- Calma, Chico, eu vou explicar tudinho pra vocês, tintim por tintim. Mas
primeiro vamos resolver a questão do representante. Quem se candidata? - pergun-
tou José Bonifácio.
- Olha, Zé, eu não acho certo a gente votar ou escolher representante sem ter
as informações que eu acabei de te pedir. Alguém pode se candidatar, ou votar, sem
saber direito no que está se metendo? E esse negócio da cessão de parte do Fundo de
Pensão? - retrucou Chico.
Cenatexto
51
A U L A
M Ó D U L O 16Assino ou
não assino?
51
A U L A - Peraí, homem. Nada de voltar pra trás. O que tinha de ser decidido já foi
decidido na Assembléia de ontem,Chico. O contrato coletivo será assinado e nós
vamos comprar parte das ações da companhia. Agora é a hora de escolher o represen-
tante - disse Gilberto. - Além disso, não se trata de uma cessão do Fundo, e sim de
uma compra de ações da empresa.
- Eu acho que o Chico tem razão. Por que você não esclarece pra gente essas
coisas de uma vez? - perguntou Ramiro.
- Isso não vai mudar nada - falou Juarez.
- Claro que vai! - interferiu Marisa - Pelo menos dentro da cabeça da gente as
coisas vão mudar. Além disso, a assembléia de ontem decidiu que haveria contrato,
mas não se sabe a forma desse contrato. Eu já estou até ficando grilada com esse
mistério todo!
- Mas a assembléia delegou todo o poder de decisão para essa comissão.
O que foi decidido? Escolhe-se ou não o representante dos trabalhadores?
- Eu tenho uma sugestão - disse Chico. - Alguém se encarrega de trazer a
versão do contrato para a gente analisar. Certo?
E assim, com essa nova decisão, foi marcada outra reunião para o dia seguinte,
quando seria analisada a minuta do contrato.
51
A U L ADicionárioVocê viu que cada seçãoseçãoseçãoseçãoseção da fábrica seria representada por um trabalhador.
Também observou que havia uma sessão sessão sessão sessão sessão de trabalho. Por fim, viu que Chico
falou em cessãocessãocessãocessãocessão do Fundo de Pensão. E agora? Como distinguir essas três
palavras? Vamos ao dicionário:
seçãoseçãoseçãoseçãoseção..... [Var. de secção < lat. sectione.] S. f. 1.1.1.1.1. Ato ou efeito de secionar(-se).
2.2.2.2.2. Parte de um todo; segmento. 3.3.3.3.3. Linha ou superfície divisória. 4.4.4.4.4. Divisão
ou subdivisão de obra, tratado, estudo. 5.5.5.5.5. Cada uma das divisões ou
subdivisões de uma repartição pública ou de um estabelecimento qualquer,
correspondente a serviço ou assunto determinado; setor. 6.6.6.6.6. O conjunto dos
balcões duma loja comercial que vendem um mesmo tipo de mercadoria.
sessãosessãosessãosessãosessão..... [do lat. sessione, ‘ato de assentar-se’] S. f. 1.1.1.1.1. Espaço de tempo que
dura a reunião de um corpo deliberativo, consultivo etc. 2.2.2.2.2. Espaço de
tempo durante o qual funciona um congresso, uma junta etc. 3.3.3.3.3. Espaço
de tempo durante o qual se realiza um trabalho ou parte dele. 4.4.4.4.4. Bras.
Nos teatros e cinemas em que se leva o programa diversas vezes ao dia,
cada um desses espetáculos.
cessãocessãocessãocessãocessão..... [do lat. cessione] S. f. 1.1.1.1.1. Ato de ceder.
cedercedercedercederceder..... [do lat. cedere] V. t. d. e i. 1.1.1.1.1. Transferir (a outrem) direitos, posse
ou propriedade de alguma coisa.
Verifique o sentido com que essas palavras foram usadas na Cenatexto:
l (...) “cada seçãoseçãoseçãoseçãoseção da fábrica seria representada por um funcionário.”
SeçãoSeçãoSeçãoSeçãoSeção quer dizer repartição, setor. São os sentidos 55555 e 66666 do verbete. Assim,
teríamos a Seção de Pessoal, a Seção de Produção, a Seção de Vendas etc.
l “O coordenador da sessãosessãosessãosessãosessão dos trabalhos, José Bonifácio, abriu a reunião.”
Aqui, estamos falando em sessão de trabalho. São os sentidos 11111 e 33333 do verbete.
l (...) “não se trata de uma cessão do Fundo, e sim de uma compra de ações da empresa.”
Como podemos verificar no verbete cedercedercedercederceder, Gilberto tinha razão, pois se
tratava de uma compra de ações, e não de um ato de renúncia ou de simples
entrega da verba do Fundo de Pensão.
1.1.1.1.1. Com o auxílio do dicionário, dê o sentido das palavras destacadas:
a) a) a) a) a) “No fundo, tinha medo de se envolver com essas reivindicaçõesreivindicaçõesreivindicaçõesreivindicaçõesreivindicações e aca-
bar sendo demitido.”
.............................................................................................................................
b) b) b) b) b) “Não tem enrolaçãoenrolaçãoenrolaçãoenrolaçãoenrolação nem letrinha pequena no contrato.”
.............................................................................................................................
c) c) c) c) c) “Eu já estou até ficando griladagriladagriladagriladagrilada com esse mistério todo!”
.............................................................................................................................
d) d) d) d) d) “ - Mas a assembléia delegoudelegoudelegoudelegoudelegou todo o poder de decisão para essa comissão.”
.............................................................................................................................
e) e) e) e) e) (...) “quando seria analisada a minutaminutaminutaminutaminuta do contrato.”
.............................................................................................................................
Na aula anterior, aprendemos que há verbos intransitivosverbos intransitivosverbos intransitivosverbos intransitivosverbos intransitivos ----- aqueles que
não exigem complemento, como é o caso do verbo suar - e os verbos transitivosverbos transitivosverbos transitivosverbos transitivosverbos transitivos
- aqueles que exigem um complemento. Os verbos transitivos podem ser diretosdiretosdiretosdiretosdiretos
ou indiretosindiretosindiretosindiretosindiretos. No primeiro caso, pedem como complemento um objeto diretoobjeto diretoobjeto diretoobjeto diretoobjeto direto,
como o verbo assinar. No segundo caso, um objeto indiretoobjeto indiretoobjeto indiretoobjeto indiretoobjeto indireto, ou seja, um
complemento que exige uma preposição diante de si, como o verbo gostar. Os
complementos verbaiscomplementos verbaiscomplementos verbaiscomplementos verbaiscomplementos verbais, como o nome diz, completam o sentido dos verbos
transitivos. Veja o seguinte parágrafo da Cenatexto.
51
A U L A “Chico fora escolhido para representar a Seção de Estoques. Logo ele que sempre
dizia não gostar de se metergostar de se metergostar de se metergostar de se metergostar de se meter em políticaem políticaem políticaem políticaem política. No fundo, , , , , tinha medo de se envolver com envolver com envolver com envolver com envolver com
essas reivindicaçõesessas reivindicaçõesessas reivindicaçõesessas reivindicaçõesessas reivindicações e acabar sendo demitido. Trabalhava na Santa Gertrudes Trabalhava na Santa Gertrudes Trabalhava na Santa Gertrudes Trabalhava na Santa Gertrudes Trabalhava na Santa Gertrudes
há três anos e nunca tivera motivos para reclamar do emprego reclamar do emprego reclamar do emprego reclamar do emprego reclamar do emprego.”
As partes destacadas são verbos acompanhados de seus complementos.
Observe que todos são verbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretos, pois seus complementos
são antecedidos de preposição:
l gostar dedededede...
l se meter ememememem...
l se envolver comcomcomcomcom...
l trabalhar em em em em em...
l reclamar de de de de de...
2.2.2.2.2. Agora é sua vez de procurar na Cenatexto mais verbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretosverbos transitivos indiretos
com suas respectivas preposiçõespreposiçõespreposiçõespreposiçõespreposições. Lembre-se de que o dicionário sempre
informa sobre o tipo de complemento exigido pelo verbo.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
1.1.1.1.1. Explique por que Chico não gostava de se meter em política. Em seguida,
diga se você concorda ou não com ele e por quê.
2.2.2.2.2. Qual era o objetivo da reunião realizada pelos trabalhadores?
3.3.3.3.3. Aponte a pergunta de Chico que demonstra seu receio de perder direitos
conquistados.
4.4.4.4.4. Que atitude do coordenador José Bonifácio fez Chico discordar da forma
como a reunião estava sendo conduzida?
5.5.5.5.5. Por que Marisa ficou grilada com a faltade explicações a respeito do
contrato?
6.6.6.6.6. O que José Bonifácio quis dizer ao lembrar que a Justiça do Trabalho estaria
envolvida no contrato?
7.7.7.7.7. O que José Bonifácio quis dizer ao ressaltar que a assembléia delegou todo
o poder de decisão àquela comissão?
Chico não gosta de se envolver em política e, no entanto, foi escolhido pelos
companheiros para representar sua seção. Pense, discuta e responda:
1.1.1.1.1. Uma pessoa que “não gosta de política” faria tanta questão de estar bem
informado sobre os acontecimentos que envolvem seu trabalho, suas conquistas?
2.2.2.2.2. Você acha bom ou ruim as pessoas se envolverem com a questão da política
de condução dos negócios de sua empresa? Até onde as pessoas devem
envolver-se? Ou devem ficar alheias a tudo o que diz respeito à política?
3.3.3.3.3. Você acha que o trabalhador deve participar de assembléias, reuniões,
comissões e outros tipos de debate para decisão de tarefas, sugestões de
programas etc.? Como deve ser essa participação?
Reflexão
&
Entendimento
52
A U L A
CenatextoNa aula passada, vimos que o grupo de re-
presentantes das diversas seções da Companhia Têxtil Santa Gertrudes decidiu
que, inicialmente, analisaria a minuta do contrato coletivo de trabalho e, depois,
tomaria as decisões. Com esse objetivo foi convocada uma nova reunião da
comissão. Veja o final da história.
Chico é o primeiro a se manifestar. Ele quer saber como ficam os direitos dos
empregados na nova situação da empresa. Tudo é tão novo no caso desse contrato.
Bonifácio, o representante da empresa, tenta convencer os presentes de que a minuta
do contrato contempla todos os interesses e tenta explicar as dúvidas que ainda
restam:
- A vantagem maior é política, Chico. Veja bem: todos os direitos e deveres
previstos por nosso vínculo empregatício com a Santa Gertrudes continuam vigoran-
do. Jornada semanal de trabalho, função, qualificação, fundo de garantia, Previdência
Social, férias, décimo terceiro, tudo isso continua como está. A diferença é que, com
o contrato coletivo, seremos tratados como um grupo, o patrão não poderá mais, em
termos trabalhistas, agir individualmente. Todas as questões serão tratadas com o
grupo.
- E a estabilidade, como fica?
- Teremos mais estabilidade, mas o contrato prevê um controle para que não
ocorram abusos. O novo contrato vai reger a estabilidade, os adicionais, a produti-
vidade.
- E a compra das ações? - pergunta Chico.
- Bem, isso é outra coisa. Com a empresa em concordata, a solução que o
sindicato encontrou para evitar a falência e garantir nossos empregos foi a compra
de parte das suas ações. Os patrões concordaram, e agora nós seremos também donos
da empresa, teremos direito à participação nos seus lucros e na sua gestão. É aí que
a gente vai poder atuar, Chico. Você, como um dos representantes dos trabalhadores,
vai falar em nome deles no Conselho Diretor.
- E você acha que isso pode dar certo? - pergunta Chico.
- Claro! Isso é uma conquista muito importante, Chico. Ao mesmo tempo que
nos dá mais poder, exige mais responsabilidade.
- É, mas isso é uma novidade e a gente vai ter que adquirir experiência
- lembrou Ramiro. - Aliás, alguém aqui sabe me dizer se isso já tá valendo?
- Pelo jeito, eu não sou o único que ainda tem dúvidas. Mas agora eu quero
mesmo é saber quem vai ser o representante da gente - indaga Chico.
52
A U L A
M Ó D U L O 16Assino ou
não assino?
52
A U L A A escolha foi rápida, pois vinha sendo definida há dias. O escolhido foi o próprio
Ramiro, que era um antigo membro da Diretoria do Sindicato e sujeito muito
respeitado por todos.
- Então eu vou assinar por todos nós? - pergunta Ramiro.
Bonifácio explica que aquele seria o papel dele dali por diante. Não só assinar mas
representá-los em todos os casos previstos no contrato.
Uma das preocupações de Chico era a estabilidadeestabilidadeestabilidadeestabilidadeestabilidade no emprego. . . . . Veja como
o dicionário define esta palavra:
estabilidade.estabilidade.estabilidade.estabilidade.estabilidade. [do lat. stabilitate] S. f. 1.1.1.1.1. Qualidade de estável; firmeza,
solidez, segurança. 2.2.2.2.2. Jur. Garantia, que o empregado adquire após dez
anos de serviço na mesma empresa, de não ser despedido, exceto por falta
grave apurada mediante inquérito, no juízo trabalhista. 3.3.3.3.3. Regime válido,
no Brasil, até o estabelecimento da lei que institui o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço e vigente para os que não optaram por essa lei.
1.1.1.1.1. Em qual dos sentidos acima a palavra estabilidadeestabilidadeestabilidadeestabilidadeestabilidade foi empregada na
Cenatexto?
..................................................................................................................................
Chico tenta explicar que “a minuta do contrato contemplacontemplacontemplacontemplacontempla todos os interesses”.
Sabendo que minutaminutaminutaminutaminuta é a primeira redação ou o rascunho de um documento,
vejamos o que siginfica o verbo contemplarcontemplarcontemplarcontemplarcontemplar nesse contexto:
contemplar.contemplar.contemplar.contemplar.contemplar. [do lat. contemplare] V. t. d. 1.1.1.1.1. Olhar, observar, atentamen-
te; considerar com admiração ou com amor. 2.2.2.2.2. Meditar, refletir, em.
3.3.3.3.3. Considerar; levar em consideração. 4.4.4.4.4. Admirar, apreciar. V. t. d. e i.
5. 5. 5. 5. 5. Dar ou conferir alguma coisa como prêmio ou prova de consideração.
V. t. i. 6.6.6.6.6. Refletir, meditar.
Na Cenatexto, contemplarcontemplarcontemplarcontemplarcontemplar pode se encaixar no sentido 33333. A frase poderia
ficar assim: “a minuta do contrato consideraconsideraconsideraconsideraconsidera todos os interesses”.
2.2.2.2.2. De acordo com os significados apresentados pelo dicionário, crie frases com
o verbo contemplarcontemplarcontemplarcontemplarcontemplar:
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Observe a seguinte frase retirada da Cenatexto: “O novo contrato vai regerregerregerregerreger a
estabilidade, os adicionais, a produtividade”.Veja a definição do verbo regerregerregerregerreger:
regerregerregerregerreger..... V.t. 1.1.1.1.1. Guiar; dirigir; governar; administrar. 2.2.2.2.2. Governar como rei;
reinar. 3.3.3.3.3. Gram. Determinar a flexão de.
&
Dicionário
52
A U L APelo sentido 11111, a frase da Cenatexto ficaria assim:
“O novo contrato vai administrar a estabilidade, os adicionais, a produtividade.”
Pelo sentido 22222, poderíamos fazer uma frase assim:
“D. Pedro II regia o Brasil com generosidade.”
O sentido 33333 é de natureza gramaticagramaticagramaticagramaticagramatical (Gram.) e merece uma explicação mais
detida. Na língua, as palavras se relacionam umas com as outras. Quando existe
dependência entre dois termos de uma frase, a relação entre eles é chamada de
regênciaregênciaregênciaregênciaregência.
Por exemplo, quando um termo pede uma preposição, dizemos que ele regeregeregeregerege
preposiçãopreposiçãopreposiçãopreposiçãopreposição. O termo que rege outros termos é o termo regentetermo regentetermo regentetermo regentetermo regente. Quando o termo
regente é um verbo, temos um caso de regência verbalregência verbalregência verbalregência verbalregência verbal. Mas, quando é o
substantivo que exige uma preposição, temos um caso de regência nominalregência nominalregência nominalregência nominalregência nominal.
Veja estes casos: l “situação dadadadada empresa”
l “direitos dos dos dos dos dos empregados”
l “participação nosnosnosnosnos lucros”
Nas duas últimas aulas, você viu que havia verbos intransitivosintransitivosintransitivosintransitivosintransitivos (que não
têm complemento) e transitivostransitivostransitivostransitivostransitivos (que têm complemento). Você verá agora como
isso tem a ver com regência verbal.
Quandofalamos ou escrevemos, utilizamos a regência verbal já consagrada pelo
uso, sem pensar muito na preposição que estamos empregando. Dizemos, por exemplo:
Preciso de de de de de um carro,
pois sabemos que o verbo precisarprecisarprecisarprecisarprecisar pede a preposição dedededede. Também falamos:
Quero um prato de de de de de comida.
e não: Quero de de de de de um prato de comida, pois sabemos que o verbo querer querer querer querer querer não exige
preposição.
No entanto, alguns verbos nos deixam em dúvida. Um exemplo é o verbo
obedecerobedecerobedecerobedecerobedecer, com o qual é muito comum encontrar frases como: Governo não obedece
acordo. Pela norma culta, no entanto, deveria ser:
Governo não obedece a a a a a acordo,
já que o verbo obedecer é transitivo indiretotransitivo indiretotransitivo indiretotransitivo indiretotransitivo indireto, isto é, exige a preposição aaaaa.
O mesmo se dá com o verbo assistirassistirassistirassistirassistir:
assistir aassistir aassistir aassistir aassistir a significa ver, presenciar;
assistirassistirassistirassistirassistir (sem a preposição aaaaa) significa ajudar, socorrer.
No entanto, ele tem sido usado, tanto na fala quanto na escrita, como
transitivo direto, independentemente do significado. Raramente ouvimos frases
com a regência correta:
Assisti aaaaa um bom filme ontem.
Embora na fala, às vezes, não façamos a regência correta, devemos ter a
preocupação de respeitar a norma cultanorma cultanorma cultanorma cultanorma culta quando escrevemos. Por isso, quando
você tiver alguma dúvida sobre a regência de um verbo, consulte uma boa
gramática ou o dicionário. No caso da fala, não é preciso ser tão rigoroso, pois o
importante é conseguir se comunicar.
De qualquer modo, é sempre útil conhecer a norma culta norma culta norma culta norma culta norma culta e saber como ter
acesso a ela, pois isso amplia nossa compreensão de mundo e garante a nossa
participação.
52
A U L A As Cenatextos deste módulo trouxeram um tema bastante polêmico para
reflexão. Como ainda não temos bem definido como será o contrato coletivo decontrato coletivo decontrato coletivo decontrato coletivo decontrato coletivo de
trabalhotrabalhotrabalhotrabalhotrabalho, você pode discutir e dar sua opinião sobre o assunto.
1.1.1.1.1. José Bonifácio diz que a vantagem maior do contrato coletivo de trabalho é
política. Você concorda? Por quê? Não há nenhuma outra vantagem?
2.2.2.2.2. Pense em tudo o que ocorreu na Cia. Sta. Gertrudes. Se você fosse um
empregado dessa companhia, concordaria com as propostas do sindicato?
Escreva expondo sua posição.
3.3.3.3.3. O título deste módulo é Assino ou não assino?Assino ou não assino?Assino ou não assino?Assino ou não assino?Assino ou não assino?. Se tivesse de decidir e
assinar um contrato coletivo de trabalho representando seus colegas, você
assinaria ou não? O que você levaria em conta? Escreva sua posição e discuta
com seus amigos.
Releia as Cenatextos deste módulo e tente refazer a história. Mas, atenção,
muita coisa deve mudar. Veja a nova proposta para sua redação:
l O título vai mudar para: Isso eu não assino!Isso eu não assino!Isso eu não assino!Isso eu não assino!Isso eu não assino!
l O sindicato deverá estar dividido em relação ao contrato coletivo de trabalho.
l A assembléia, depois de muita confusão e de opiniões desencontradas,
deverá optar pelo contrato coletivo.
l Os patrões da Cia. Sta. Gertrudes só aceitarão o contrato se houver uma
compra de ações da empresa com o Fundo de Pensão dos trabalhadores.
l O representante dos empregados não aceitará dizendo: “isso eu não assino!”.
Para tornar essa história emocionante, você pode introduzir novos perso-
nagens, colocando opiniões contrárias e argumentando de todo jeito para
formar uma briga. Mas, também pode fazer o contrário, pois agora você é o
autor da história.
Aqui vai uma sugestão para o início dessa nova versão da história. Você
continua escrevendo ou, se preferir, começa tudo outra vez.
Isso eu não assino!Isso eu não assino!Isso eu não assino!Isso eu não assino!Isso eu não assino!
O sindicato dos trabalhadores da Companhia Têxtil Santa Gertrudes está
dividido: metade é contra o contrato coletivo de trabalho e metade é a favor dele. Por
isso, convocou uma assembléia dos trabalhadores para discutir e votar suas propos-
tas. A assembléia também está dividida: há os contra e os a favor. Os ânimos
esquentam. O líder da turma toma a palavra e começa sua fala:
- O negócio não é na porrada não, companheiros. Vamos com calma. Aqui o que
vale é a defesa dos direitos. É a democracia... Tudo vai sair na votação.
Reflexão
Redação
no ar
&
52
A U L APara concluir este módulo, nada melhor que Noel Rosa. Você se lembra
desta canção?
Três apitosTrês apitosTrês apitosTrês apitosTrês apitos
Quando o apito
da fábrica de tecidos
vem ferir os meus ouvidos
eu me lembro de você.
Mas você anda
sem dúvida bem zangada
ou está interessada
em fingir que não me vê.
Você que atende ao apito
de uma chaminé de barro
por que não atende ao grito
tão aflito
da buzina do meu carro?
Você no inverno
sem meias vai pro trabalho
não faz fé com agasalho
nem no frio você crê.
Fonte: História da música popular brasileiraHistória da música popular brasileiraHistória da música popular brasileiraHistória da música popular brasileiraHistória da música popular brasileira. Fascículo 1, Abril S/A Cultural e
Industrial, São Paulo,1970.
Noel Rosa, um dos nossos maiores compositores populares, nasceu em 1910
no Rio de Janeiro, em Vila Isabel, e morreu em 1937.
Em sua curta vida, compôs um grande número de canções que marcaram a
música popular brasileira, como essa, feita em 1933 e inspirada em Josefina, uma
ex-namorada que se tornara operária.
Talvez o maior talento de Noel tenha sido o de transformar com brilhantismo
os acontecimentos do cotidiano em poesia. Muitas são as canções que provam
isso: Último desejo, Conversa de botequim, Palpite infeliz, O orvalho vemÚltimo desejo, Conversa de botequim, Palpite infeliz, O orvalho vemÚltimo desejo, Conversa de botequim, Palpite infeliz, O orvalho vemÚltimo desejo, Conversa de botequim, Palpite infeliz, O orvalho vemÚltimo desejo, Conversa de botequim, Palpite infeliz, O orvalho vem
caindo, Quem ri melhor, Com que roupa?caindo, Quem ri melhor, Com que roupa?caindo, Quem ri melhor, Com que roupa?caindo, Quem ri melhor, Com que roupa?caindo, Quem ri melhor, Com que roupa?...
Saideira
Mas você é mesmo
artigo que não se imita
quando a fábrica apita
faz reclame de você.
Nos meus olhos você lê
como sofro cruelmente
com ciúme do gerente
impertinente
que dá ordens a você.
Sou do sereno
poeta muito soturno
vou virar guarda-noturno
e você sabe por que
mas você não sabe
que enquanto você faz pano
faço junto do piano
esses versos pra você.
&
&
&
&
&
&
53
A U L A
Cenatexto
53
A U L A
M Ó D U L O 17
Mais movimento na fábrica Santa Gertrudes.
Mas, o entra-e-sai de hoje não envolve apenas os funcionários, há também um
importante cliente metido na confusão. Acompanhe.
- Isso não vai ficar assim! - repetia enfaticamente o engenheiro da Matrex
Construtora.
- Vai ficar assim, sim. Aqui na Santa Gertrudes não é ir chegando e entrando
não. Aqui tem porteiro que segue ordens. Ou o senhor se identifica ou não deixo
entrar - dizia com autoridade o porteiro.
- Não é possível que não haja uma solução para esse caso. Eu também, como você,
estou tentando seguir as instruções que recebi: participar de uma reunião que começa
daqui a pouco.
O bate-boca já começava a engrossar, atraindo a atenção de alguns curiosos.
Dionísio, o porteiro, orgulhava-se da sua fama de durão. Era inflexível no cumpri-
mento das determinações da empresa. Não gostava de contra-ordens. Vivia repetin-
do: “São ordens”. Ninguém entrava sem identificação. Em vão, o outro explicava:
- Essa reunião já está agendada há mais de quinze dias. Pelo que me disseram,
a urgência é de vocês. Ou será que não querem mais consertar o vazamento no
Anexo II?
Siga as
instruções
53
A UL A- Não sei, meu senhor. Ninguém me falou dessa reunião nem me disseram para
permitir a entrada de estranhos.
- Estranho? Eu sou o engenheiro da Matrex. Já estive aqui duas vezes e entrei
sem essa burocracia. O que aconteceu aqui?
- Acontece que quem deixava qualquer um entrar já foi despedido justamente por
isso.
- “Qualquer um?!” Por favor, deixemos de nhenhenhém. Use o telefone e diga
ao senhor Dilermando que eu, dr. Gaspar, estou aqui impedido de entrar.
- Isso eu já fiz. Na sala dele, chama, chama e ninguém atende. Já liguei para todo
lado e ninguém sabe de nada.
Desprovido de argumento, o engenheiro intimidou Dionísio:
- Se o seu colega foi demitido por permitir que “qualquer um” entrasse aqui,
saiba que você será demitido por não deixar eueueueueu entrar. Isso não vai ficar assim!
- Paciência! - disse o porteiro, num levantar de ombros.
- Eu devia saber! Lidar com esse povo sem instrução é o fim da picada - disse dr.
Gaspar, saindo rapidamente.
Dionísio, o porteiro durão, não se alterou. Não se dobrava diante de ninguém.
Cumpria ordens e não abria mão. Com certeza, esse caso ainda iria render. Aguarde!
&
PAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSA
Observe que dr. Gaspar e Dionísio têm opiniões divergentes diante do
mesmo fato. Com quem estará a razão?
Como será resolvida essa situação? Será que Dionísio não poderia dar um
crédito ao visitante que se identificava verbalmente mas não queria apresentar os
documentos? Ou será que o visitante devia, sem nenhuma dúvida, apresentar os
documentos? Afinal, essas eram as normas da empresa, que Dionísio estava
seguindo cegamente. Você acha que se pode fazer alguma exceção numa hora
dessas ou isso poderia pôr em risco até mesmo o emprego do porteiro?
Observe o comentário que acompanha a primeira fala do engenheiro da
Matrex Construtora:
(...) “repetia enfaticamente enfaticamente enfaticamente enfaticamente enfaticamente o engenheiro da Matrex Construtora.”
O que é falar enfaticamenteenfaticamenteenfaticamenteenfaticamenteenfaticamente? Será que as frases abaixo dizem a mesma coisa?
l Com ênfaseênfaseênfaseênfaseênfase, o engenheiro da Matrex Construtora repetia a frase.
l EnfatizandoEnfatizandoEnfatizandoEnfatizandoEnfatizando, o engenheiro da Matrex Construtora repetia a frase.
l De modo enfáticoenfáticoenfáticoenfáticoenfático, o engenheiro da Matrex Construtora repetia a frase.
1.1.1.1.1. Consulte o dicionário e indique a que classe pertence cada uma das palavras
(lembre-se de que essa informação vem logo após o verbete, de forma
abreviada). Em seguida, escreva seu significado:
a)a)a)a)a) enfaticamente: ...................................................................................................
b)b)b)b)b) ênfase: ................................................................................................................
c)c)c)c)c) enfatizar: ............................................................................................................
d)d)d)d)d) enfático: ..............................................................................................................
Dicionário
53
A U L A Observe a frase de Dionísio, respondendo ao engenheiro:
“ - Aqui tem porteiro que segue ordens.”
Agora, observe a resposta do engenheiro:
“ - Eu também, como você, estou tentando seguir as instruçõesinstruçõesinstruçõesinstruçõesinstruções que recebi...”
Finalmente, veja a última fala do engenheiro:
“ - Lidar com esse povo sem instrução instrução instrução instrução instrução é o fim da picada!”
Conforme o dicionário, veja quantos sentidos a palavra instruçãoinstruçãoinstruçãoinstruçãoinstrução pode ter:
instrução.instrução.instrução.instrução.instrução. [do lat. instructione] S. f. 1. 1. 1. 1. 1. Ato ou efeito de instruir (-se).
2.2.2.2.2. Ensino. 3.3.3.3.3. Conhecimentos adquiridos, cultura, saber, erudição. 4. 4. 4. 4. 4. Expli-
cação dada para um determinado fim. 5. 5. 5. 5. 5. Esclarecimento ou ordem dada
a pessoa encarregada de alguma negociação ou algum empreendimento.
2.2.2.2.2. Releia as frases acima e responda:
a)a)a)a)a) Na fala de Dionísio, há uma palavra que tem o mesmo significado de
instruçãoinstruçãoinstruçãoinstruçãoinstrução (da fala do engenheiro). Que palavra é essa?
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) De acordo com o dicionário, em que sentido essas duas palavras foram
usadas?
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) A palavra instruçãoinstruçãoinstruçãoinstruçãoinstrução foi usada com o mesmo sentido nas duas falas
do engenheiro? Se você acha que não, indique a diferença com base no
dicionário.
.............................................................................................................................
3.3.3.3.3. Em um determinado momento, dr. Gaspar propõe “ deixemos de
nhenhenhémnhenhenhémnhenhenhémnhenhenhémnhenhenhém”.
A palavra destacada veio da língua Tupi e é registrada no dicionário.
Procure-a e, em seguida, substitua-a por outras com o mesmo significado:
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Vimos em várias aulas que podemos formar novas palavras, em Português,
usando prefixos e sufixos. Essa maneira de formar palavras é chamada de
processo deprocesso deprocesso deprocesso deprocesso de derivaçãoderivaçãoderivaçãoderivaçãoderivação porque derivamos (produzimos, construímos) uma
palavra a partir de outra: da palavra fazer podemos chegar a desfazer; da palavra
telefone chegamos à palavra telefonar e assim por diante.
Além do processo de derivação, há uma outra maneira de formar as palavras,
pelo chamado processo deprocesso deprocesso deprocesso deprocesso de composiçãocomposiçãocomposiçãocomposiçãocomposição ----- em que formamos novas palavras na
Língua Portuguesa, a partir de duas ou mais palavras que se juntam para formar
uma terceira. Na Cenatexto de hoje, temos vários desses casos. A palavra bate-bate-bate-bate-bate-
bocabocabocabocaboca, por exemplo, foi formada pela união das palavras batebatebatebatebate e bocabocabocabocaboca e significa
discussão, debate, gritaria. Há outras expressões desse tipo, como bate-papobate-papobate-papobate-papobate-papo e
bate-estacabate-estacabate-estacabate-estacabate-estaca.
53
A U L ANo processo de composição, podemos unir palavras de diferentes classes
gramaticais. Veja:
l substantivo + substantivo: porco-espinhoporco-espinhoporco-espinhoporco-espinhoporco-espinho
l substantivo + preposição + substantivo: chapéu-de-solchapéu-de-solchapéu-de-solchapéu-de-solchapéu-de-sol
l substantivo + adjetivo: amor-perfeitoamor-perfeitoamor-perfeitoamor-perfeitoamor-perfeito
l adjetivo + adjetivo: azul-marinhoazul-marinhoazul-marinhoazul-marinhoazul-marinho
l numeral + substantivo: segunda-feira, terça-feirasegunda-feira, terça-feirasegunda-feira, terça-feirasegunda-feira, terça-feirasegunda-feira, terça-feira
l verbo + substantivo: beija-flor, guarda-roupa, passatempobeija-flor, guarda-roupa, passatempobeija-flor, guarda-roupa, passatempobeija-flor, guarda-roupa, passatempobeija-flor, guarda-roupa, passatempo
l verbo + verbo: corre-corre, perde-ganha, vaivémcorre-corre, perde-ganha, vaivémcorre-corre, perde-ganha, vaivémcorre-corre, perde-ganha, vaivémcorre-corre, perde-ganha, vaivém
Assim, vimos que a composição é um dos métodos mais usados para a
formação de novas palavras na Língua Portuguesa.
4.4.4.4.4. Procure, na Cenatexto, outra palavra formada pelo processo de composição
e dê sua significação.
.................................................................................................................................
1.1.1.1.1. Dr. Gaspar disse que “não épossível que não haja uma solução para esse caso”.
Qual seria a solução esperada pelo engenheiro?
2.2.2.2.2. Embora houvesse uma evidente divergência de posições entre o porteiro e o
engenheiro, existia um ponto comum entre eles. Qual era esse ponto?
3.3.3.3.3. O engenheiro qualificou a discussão como nhenhenhémnhenhenhémnhenhenhémnhenhenhémnhenhenhém. O que ele estava
querendo dizer com isso?
4.4.4.4.4. Retire da Cenatexto três argumentos usados pelo engenheiro, para conven-
cer o porteiro a deixá-lo entrar.
5.5.5.5.5. Explique o que o engenheiro estava querendo dizer com a oposição entre
qualquer umqualquer umqualquer umqualquer umqualquer um e eueueueueu na frase: “- Se o seu colega foi demitido por permitir que
‘ qualquer umqualquer umqualquer umqualquer umqualquer um’ entrasse aqui, saiba que você vai ser demitido por não deixar eueueueueu
entrar”.
Na Reescritura de hoje, acrescentaremos mais uma parte à história iniciada
na Cenatexto. Observe:
Após a tentativa frustrada de participar da reunião, dr. Gaspar, nervoso e
indignado, voltou ao seu escritório disposto a tomar uma providência em relação ao
ocorrido. Para isso, pediu que sua secretária escrevesse uma carta dirigida ao sr.
Dilermando, comunicando os motivos da sua ausência na reunião, contando a sua
versão dos fatos...
Agora, reescreva o que aconteceu na Cenatexto fazendo a carta proposta pelo
engenheiro. Lembre-se de que você deverá considerar a versão e, sobretudo, a
intenção do remetente.
Para escrever a carta, justifique o motivo da sua ausência na reunião, critique
a atitude do porteiro que não o deixou entrar e manifeste a sua insatisfação pelo
ocorrido.
Entendimento
Reescritura
✑
53
A U L A Continue a carta depois do início sugerido:
MATREXMATREXMATREXMATREXMATREX CONSTRUTORACONSTRUTORACONSTRUTORACONSTRUTORACONSTRUTORA
Ilmo. sr.
Dilermando Tardieri
Chefe do Setor de Manutenção
Companhia Têxtil Santa Gertrudes
Nesta
Belo Horizonte, 11 de abril de 1995.
Senhor Dilermando,
Infelizmente, não pude comparecer à reunião prevista para o dia de hoje,
11/4/95, por um motivo alheio à minha vontade.
Vivi, na portaria da sede de sua empresa, uma situação incomum que passo
a expor, para que V.Sa. tome conhecimento.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Atenciosamente,
Dr. Gaspar Araújo de Freitas
Assim como na Cenatexto, freqüentemente nos deparamos com pessoas
impossibilitadas de cumprir seu dever em razão de dificuldades impostas por
terceiros.
Na Cenatexto de hoje, quem você julga estar com a razão? Por quê?
Você veria uma possibilidade de o engenheiro e o porteiro chegarem a um
acordo? Qual?
O fato de estarem cumprindo ordens justifica o tratamento que um deu ao
outro? Cumprir ordens é seguir “cegamente” as normas ou há alguma possibi-
lidade de a pessoa pensar por si? Quais são os limites dessa liberdade?
Se os dois estivessem corretos, onde estaria a causa do problema?
Reflita e discuta com seus amigos, porque essa situação também pode
acontecer com você.
Reflexão
&
54
A U L A
CenatextoNo dia seguinte, o sr. Dilermando recebeu a
carta de dr. Gaspar reclamando da atitude do porteiro. E agora? Que conse-
qüências ela poderá trazer ao funcionário que seguiu as instruções? Acompanhe
a história.
Furioso com o fato ocorrido na portaria da Santa Gertrudes, o engenheiro
mandou uma carta à fábrica. Os termos da carta foram tão duros que o sr. Dilermando
resolveu levar o caso adiante. Assim, determinou que fosse solicitada ao porteiro
Dionísio uma explicação junto ao Departamento de Pessoal. Então, Dionísio recebeu
o seguinte memorando:
COMPANHIACOMPANHIACOMPANHIACOMPANHIACOMPANHIA TÊXTILTÊXTILTÊXTILTÊXTILTÊXTIL SANTASANTASANTASANTASANTA GERTRUDESGERTRUDESGERTRUDESGERTRUDESGERTRUDES
MEMORANDOMEMORANDOMEMORANDOMEMORANDOMEMORANDO INTERNOINTERNOINTERNOINTERNOINTERNO
Em 13/4/95
DE: Departamento de Pessoal
PARA: Sr. Dionísio Alencar
Sr. Dionísio Alencar:
Solicitamos seu comparecimento, às 10 horas, à sala 202 do Departamento
de Pessoal.
Fernando assumirá a portaria durante sua ausência.
Atenciosamente,
Moacir Ribeiro de Sá
Chefe do Depto. de Pessoal
Esse memorando tirou a tranqüilidade de Dionísio naquele dia. Aflito, olhava
mil vezes o relógio. Não via a hora de ir à sala 202.
- O que será que aconteceu? Por que fui chamado pela chefia? - indagava-se,
inquieto, o porteiro.
Dez horas. Na sala 202, o sr. Moacir relatou a Dionísio o conteúdo da carta enviada
pelo engenheiro e, a seguir, pediu-lhe mais explicações. Não foi difícil para Dionísio
lembrar-se do ocorrido. Num átimo, ele identificou o caso e pensou consigo mesmo:
“Não é possível! Depois de me fazer perder tempo com aquele zunzum e de me chamar
de ignorante, aquele cara ainda me faz passar esse aperto? Era só o que me faltava!”
54
A U L A
M Ó D U L O 17Siga as
instruções
54
A U L A - Sr. Moacir, acho que eu não fiz nada errado. Quando fui contratado, recebi,
com mil recomendações, um Manual de InstruçõesManual de InstruçõesManual de InstruçõesManual de InstruçõesManual de Instruções. Posso até esquecer algumas
recomendações menos importantes. Mas essa, sr. Moacir, de não deixar entrar
ninguém sem autorização, eu não posso esquecer.
- Dionísio, não dá para deixar que alguém convidado por nós a entrar nessa casa
fique do lado de fora. Considere que o engenheiro saiu de seu escritório só para nos
atender.
- Quer dizer que nem tudo o que está escrito no Manual vale? Como vou saber
o que vale ou não vale?
- Sim! Não! Claro! Vale o que está no Manual. Mas, cabe a você usar o bom
senso.
- Bom, eu decorei que a regra é “impedir, sob qualquer hipótese, a entrada
desautorizada de pessoas estranhas”.
- Tudo bem, Dionísio. Você tem razão. Vamos resolver isso de outro modo.
Agora, volte lá pra portaria.
Dionísio voltou a seu posto. Naquele momento, sentia-se inseguro. A dúvida que
o assaltava era se a sua atitude fora condizente com sua função. Que conseqüências
isso poderia trazer? Afinal, o que era “bom senso” naquele caso?
&
Observe as duas frases:
A empresa tem milmilmilmilmil empregados na área de produção.
A empresa tem mil mil mil mil mil problemas com os empregados.
Repare que a palavra milmilmilmilmil não significa a mesma coisa nas duas frases. Na
primeira, foi usada para significar o número exatonúmero exatonúmero exatonúmero exatonúmero exato de empregados. Nesse caso,
o vocábulo foi empregado no sentido denotativosentido denotativosentido denotativosentido denotativosentido denotativo, ou seja, em seu sentido
próprio, como quantidade. Na segunda, o numeral foi usado para significar
inúmeros, grande quantidadeinúmeros, grande quantidadeinúmeros, grande quantidadeinúmeros, grande quantidadeinúmeros, grande quantidade. Trata-se, nesse caso,do uso da palavra no
sentido conotativosentido conotativosentido conotativosentido conotativosentido conotativo, , , , , isto é, num sentido figurado. Veja outros exemplos de uso
conotativo desse numeral:
Ter milmilmilmilmil utilidades. (muitas utilidades, servir para muitas coisas)
Falar mil mil mil mil mil vezes. (dizer muitas vezes, repetir muitas vezes)
Pedir mil mil mil mil mil coisas. (fazer um número exagerado de pedidos, pedir muita coisa)
Concluímos, então, que:
DenotaçãoDenotaçãoDenotaçãoDenotaçãoDenotação é a utilização da palavra em seu sentido próprio, que não
permite mais de uma interpretação.
ConotaçãoConotaçãoConotaçãoConotaçãoConotação consiste em atribuir novos significados ao valor denotativo da
palavra.
1.1.1.1.1. Considerando essas informações, identifique o sentido em que é usada a
palavra milmilmilmilmil nos seguintes contextos:
a)a)a)a)a) MilMilMilMilMil cópias do Manual foram distribuídas.
............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Dionísio recebeu o Manual com milmilmilmilmil recomendações.
............................................................................................................................
Dicionário
54
A U L AObserve o uso das palavras destacadas nessas frases:
Num átimoátimoátimoátimoátimo, Dionísio identificou o caso.
ZásZásZásZásZás! Dionísio identificou o caso.
As palavras grifadas pertencem a diferentes classes gramaticais. A primeira
(átimoátimoátimoátimoátimo) é um substantivosubstantivosubstantivosubstantivosubstantivo e a segunda (zászászászászás) é uma interjeiçãointerjeiçãointerjeiçãointerjeiçãointerjeição.
Contudo, nos contextos apresentados, o sentido de ambas é bastante
próximo:
átimo.átimo.átimo.átimo.átimo. [de átomo, por dissimilação] S. m. Bras. Instante; momento.
zás. zás. zás. zás. zás. [Voc. onom.] Interj. Imita pancada rápida e decidida.
Observe que, logo após o verbete zás zás zás zás zás, aparece a abreviatura Voc. onom.Voc. onom.Voc. onom.Voc. onom.Voc. onom. que
quer dizer vocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéicovocábulo onomatopéico. A onomatopéiaonomatopéiaonomatopéiaonomatopéiaonomatopéia consiste na imitação de
sons: vozes dos animais, ruídos da natureza ou mesmo o som produzido por
objetos e pelo próprio homem.
Na aula passada, vimos como podemos formar palavras pelo processo de
composição. Hoje veremos que, na nossa Língua, há um razoável número de
vocábulos formados por onomatopéiaonomatopéiaonomatopéiaonomatopéiaonomatopéia. Veja alguns casos bastante conhecidos:
l miaumiaumiaumiaumiau: imitação da voz do gato, daí também o verbo miar
l tique-taquetique-taquetique-taquetique-taquetique-taque: imitação do barulho da máquina do relógio
l toc-toctoc-toctoc-toctoc-toctoc-toc: imitação do som de uma batida na porta
2.2.2.2.2. Indique o significado das palavras abaixo:
a)a)a)a)a) tititi: ...................................................................................................................
b)b)b)b)b) pingue-pongue: ...............................................................................................
c)c)c)c)c) blablablá: ...........................................................................................................
d)d)d)d)d) cocoricó: ............................................................................................................
3.3.3.3.3. Identifique, no trecho abaixo, uma palavra formada por onomatopéiaonomatopéiaonomatopéiaonomatopéiaonomatopéia. Em
seguida, consulte o dicionário e dê o seu significado.
“Não é possível! Depois de me fazer perder tempo com aquele zunzum e me
chamar de ignorante, aquele cara ainda me faz passar esse aperto? Era só o que
me faltava!”
.................................................................................................................................
1.1.1.1.1. Antes do encontro com o sr. Moacir, Dionísio ficou bastante perturbado.
Aponte os indícios do estado de perturbação em que se encontrava o porteiro
naquela ocasião.
2.2.2.2.2. Pode-se afirmar que o caso relatado na carta foi considerado significativo por
Dionísio? Justifique sua resposta.
3.3.3.3.3. Dionísio considerava uma norma relevante a instrução de impedir a entrada
de estranhos? Justifique a sua resposta.
4.4.4.4.4. Veja se você concorda com a seguinte afirmação: Os questionamentos de
Dionísio sobre o Manual de Instruções não abalaram a convicção do sr. Moacir.
Justifique sua resposta.
5.5.5.5.5. Moacir concorda que vale o que está no Manual, mas sugere o seguinte: “Cabe
a você usar o bom senso”. O que o porteiro deveria concluir com essa sugestão?
Indique a melhor solução para resolver o problema de segurança da fábrica.
Entendimento
54
A U L A Suponha que, ao final da reunião, Dionísio e o sr. Moacir tenham ficado
inquietos: o porteiro, inseguro; e o chefe do Departamento de Pessoal, certo de
que o porteiro havia apontado falhas no Manual elaborado por sua própria
equipe. Então, o sr. Moacir decide organizar suas idéias antes de procurar o dr.
Gaspar para esclarecer que o porteiro não estava, de todo, sem razão. Ao elaborar
essas idéias por escrito, ele não perde de vista os itens da carta enviada ao sr.
Dilermando.
Sua tarefa será escrever as idéias do sr. Moacir que justificam as atitudes do
porteiro. Para esse trabalho, leia a carta completa de dr. Gaspar:
MATREXMATREXMATREXMATREXMATREX CONSTRUTORACONSTRUTORACONSTRUTORACONSTRUTORACONSTRUTORA
Ilmo. Sr.
Dilermando Tardieri
Chefe do Setor de Manutenção
Companhia Têxtil Santa Gertrudes
Nesta
Belo Horizonte, 11 de abril de 1995.
Sr. Dilermando,
Infelizmente não pude comparecer à reunião prevista para o dia de hoje,
11/4/95, por um motivo alheio à minha vontade.
Vivi, na portaria da sede de sua empresa, uma situação incomum, que passo
a expor para que V. Sa. tome conhecimento.
Alegando que cumpria instruções, o porteiro não permitiu que eu participas-
se da reunião. E, assim, justificou sua decisão com o argumento de que não havia
sido previamente autorizada a minha entrada naquele recinto, pois ele não fora
avisado de minha visita.
Além de justificar a minha ausência, esta carta tem como objetivo externar a
minha insatisfação com a postura intransigente e grosseira do empregado em
questão.
No aguardo de providências, subscrevo-me.
Atenciosamente,
Dr. Gaspar Araújo de Freitas
Prepare argumentos por escrito para contestar, ou seja, para negar e argu-
mentar, todos os pontos da carta de dr. Gaspar. Observe o modelo e continue de
modo semelhante:
l Item da cartaItem da cartaItem da cartaItem da cartaItem da carta: “Alegando que cumpria instruções, o porteiro não permitiu
que eu participasse da reunião.”
l ContestaçãoContestaçãoContestaçãoContestaçãoContestação: O porteiro não permitiu a sua entrada na empresa, e não na
reunião, pois cumpria ordens de segurança. O equívoco não foi dele e sim de
quem não o avisou que aguardávamos sua chegada. Assim, tanto V.Sa. tem
razão, como nosso porteiro também estava certo.
Reescritura
✑
54
A U L A1.1.1.1.1. Item da cartaItem da cartaItem da cartaItem da cartaItem da carta: “Justificou sua decisão com o argumento de que não havia
sido previamente autorizada a minha entrada naquele recinto, pois ele não
fora avisado de minha visita.”
ContestaçãoContestaçãoContestaçãoContestaçãoContestação: ..........................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Item da cartaItem da cartaItem da cartaItem da cartaItem da carta: “Além de justificar a minha ausência, esta carta tem como
objetivo externar a minha insatisfação com a postura intransigente egrossei-
ra do empregado em questão.”
ContestaçãoContestaçãoContestaçãoContestaçãoContestação: ..........................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Ao analisar a Cenatexto de hoje, podemos levantar algumas questões. Pense,
reflita e escreva um texto com a sua opinião.
Devemos obedecer sempre, em qualquer situação, ao manual de instruções?
Até que ponto a nossa opinião pessoal sobre o falsofalsofalsofalsofalso ou o verdadeiroverdadeiroverdadeiroverdadeiroverdadeiro pode
influenciar nossas ações no trabalho? Há, no nosso cotidiano, normas claras e
justas para seguirmos? Há clareza nos manuais, nas regras e nas leis em geral?
Você acha que as regras, as leis, as normas, as instruções e até mesmo as bulas
de remédio são compreensíveis da forma como estão escritas?
O que significa “usar o bom senso”? Será que é uma coisa igual para todos?
Você acha que o seu bom senso é o mesmo que o do seu vizinho? Escreva sua
posição e discuta com seus amigos.
Hoje, teremos uma saideira diferente: uma saideira gramaticalsaideira gramaticalsaideira gramaticalsaideira gramaticalsaideira gramatical. Observe o
que Dionísio pensou tentando justificar sua atitude:
Alguém Alguém Alguém Alguém Alguém poderia ter dito
como era para seguir
aqueleaqueleaqueleaqueleaquele manual.
Aprendemos, em aulas anteriores, o que e quais são os pronomespronomespronomespronomespronomes. Na frase
acima, temos as palavras alguém e aquele, que pertencem a essa classe gramatical.
A palavra alguém é classificada como pronome indefinidopronome indefinidopronome indefinidopronome indefinidopronome indefinido, pois indica uma
pessoa que Dionísio não identificounão identificounão identificounão identificounão identificou.
A palavra aquele é classificada como um pronome demonstrativopronome demonstrativopronome demonstrativopronome demonstrativopronome demonstrativo,,,,, pois
mostra o lugar ou o tempo em que se situa a pessoa, a coisa ou o objeto a que se
refere.
Reflexão
Saideira
54
A U L A Veja abaixo, uma tabela com todos os pronomes demonstrativos e suas
funções, nos diversos casos em que podem ocorrer:
PRONOMESPRONOMESPRONOMESPRONOMESPRONOMES DEMONSTRATIVOSDEMONSTRATIVOSDEMONSTRATIVOSDEMONSTRATIVOSDEMONSTRATIVOS
&
FUNÇÃOFUNÇÃOFUNÇÃOFUNÇÃOFUNÇÃO - - - - -
LOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃO
DOSDOSDOSDOSDOS SERESSERESSERESSERESSERES NONONONONO:::::
ESPAÇOESPAÇOESPAÇOESPAÇOESPAÇO
TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO
CONTEXTOCONTEXTOCONTEXTOCONTEXTOCONTEXTO
LINGÜÍSTICOLINGÜÍSTICOLINGÜÍSTICOLINGÜÍSTICOLINGÜÍSTICO
1ª 1ª 1ª 1ª 1ª PESSOAPESSOAPESSOAPESSOAPESSOA
ESTE / ESTA
ESTES / ESTAS
ISTO
PROXIMIDADE
EM RELAÇÃO AO
FALANTE
PROXIMIDADE
EM RELAÇÃO AO
MOMENTO DA
FALA
(PRESENTE)
REFERÊNCIA AO
QUE SE VAI
DIZER OU
AO ÚLTIMO
DENTRE DOIS
MENCIONADOS
2ª 2ª 2ª 2ª 2ª PESSOAPESSOAPESSOAPESSOAPESSOA
ESSE / ESSA
ESSES / ESSAS
ISSO
PROXIMIDADE
EM RELAÇÃO AO
OUVINTE OU
ÀQUELE A QUEM
SE FALA
RELATIVO
AFASTAMENTO
EM RELAÇÃO AO
MOMENTO DA
FALA
(PASSADO OU
FUTURO)
REFERÊNCIA AO
QUE JÁ FOI
CITADO NA
FRASE
3ª 3ª 3ª 3ª 3ª PESSOAPESSOAPESSOAPESSOAPESSOA
AQUELE / AQUELA
AQUELES / AQUELAS
AQUILO
AFASTAMENTO
EM RELAÇÃO AO
FALANTE E
AO OUVINTE,
REFERE-SE A UM
TERCEIRO
AFASTAMENTO
EM RELAÇÃO
AO MOMENTO DA
FALA
REFERÊNCIA AO
PRIMEIRO
ELEMENTO DENTRE
DOIS MENCIONADOS
55
A U L A
CenatextoDepois de refletir sobre o conflito surgido em
razão do cumprimento estrito ao Manual de Instruções, o sr. Moacir decidiu
apresentar suas conclusões à direção da empresa. Acompanhe o desfecho dessa
história.
Ao contar como tinha sido a conversa entre ele e o porteiro, o sr. Moacir
conseguiu convencer o sr. Dilermando de que havia coerência na atitude do funcio-
nário. Mas, ainda ficavam dúvidas:
- Ainda não estou convencido. O nosso Manual de Instruções está vigorando há
tanto tempo e, praticamente, não apareceram furos. Fico questionando se um único
problema justificaria uma alteração.
- Ficando assim o Manual, esse problema se repetirá.
- Continuo achando que o que faltou foi polidez por parte do Dionísio. É muito
mais uma questão de trato, de educação.
- Discordo que seja uma questão de educação. O Manual, da forma como está
redigido, não facilita posturas alternativas. O funcionário obedece ou não ao que está
escrito. Estou certo de que, além de mudar alguns itens do Manual, deveríamos
realizar um treinamento para os nossos porteiros. Não vejo outra saída.
Esses e alguns outros argumentos do sr. Moacir levaram o sr. Dilermando a
mudar de opinião. Após essa concordância, o sr. Moacir passou, juntamente com seu
pessoal, a definir novas estratégias de ação.
Conforme tinha sido sugerido, o Manual de Instruções sofreu mudanças que
foram apresentadas, justificadas e avaliadas. Veja a seguir dois itens que foram
acrescentados:
Tenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situações novas.Tenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situações novas.Tenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situações novas.Tenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situações novas.Tenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situações novas.
É muito difícil conseguir todas as condições para executar uma tarefa, masÉ muito difícil conseguir todas as condições para executar uma tarefa, masÉ muito difícil conseguir todas as condições para executar uma tarefa, masÉ muito difícil conseguir todas as condições para executar uma tarefa, masÉ muito difícil conseguir todas as condições para executar uma tarefa, mas
tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% de recursos disponíveis.tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% de recursos disponíveis.tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% de recursos disponíveis.tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% de recursos disponíveis.tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% de recursos disponíveis.
Acredite que as coisas vão dar certo, crie as condições. Tente resolver osAcredite que as coisas vão dar certo, crie as condições. Tente resolver osAcredite que as coisas vão dar certo, crie as condições. Tente resolver osAcredite que as coisas vão dar certo, crie as condições. Tente resolver osAcredite que as coisas vão dar certo, crie as condições. Tente resolver os
problemas da melhor maneira possível.problemas da melhor maneira possível.problemas da melhor maneira possível.problemas da melhor maneira possível.problemas da melhor maneira possível.
Saiba como dizer “não”. Você não pode (nem deve) fazer tudo que lheSaiba como dizer “não”. Você não pode (nem deve) fazer tudo que lheSaiba como dizer “não”. Você não pode (nem deve) fazer tudo que lheSaiba como dizer “não”. Você não pode (nem deve) fazer tudo que lheSaiba como dizer “não”. Você não pode (nem deve) fazer tudo que lhe
pedem, mas justifique a sua recusa, de maneira que a pessoa possa compre-pedem, mas justifique a sua recusa, de maneira que a pessoa possa compre-pedem, mas justifique a sua recusa, de maneira que a pessoa possa compre-pedem, mas justifique a sua recusa, de maneira que a pessoa possa compre-pedem, mas justifique a sua recusa, de maneira que a pessoa possa compre-
ender as razões da impossibilidade de atendê-la. Evite criar ressentimentos.ender as razões da impossibilidade de atendê-la. Evite criar ressentimentos.ender as razões da impossibilidade de atendê-la. Evite criar ressentimentos.ender as razões da impossibilidade de atendê-la. Evite criar ressentimentos.ender as razões da impossibilidade de atendê-la. Evite criar ressentimentos.
Dizer “não” é difícil, mas com delicadeza sempre fica melhor.Dizer “não” é difícil, mas com delicadeza sempre fica melhor.Dizer “não” é difícil, mas com delicadeza sempre fica melhor.Dizer “não”é difícil, mas com delicadeza sempre fica melhor.Dizer “não” é difícil, mas com delicadeza sempre fica melhor.
55
A U L A
M Ó D U L O 17Siga as
instruções
55
A U L A Com o treinamento, Dionísio deixou a insegurança de lado, porque pôde consta-
tar que não havia agido mal e que o problema envolvia outras pessoas.
Estava justamente pensando nisso quando atendeu a um representante que
insistia em entrar, dizendo estar com hora marcada com o diretor. Mais um que
queria entrar na empresa sem autorização. Dionísio coçou a cabeça, lembrou-se dos
novos itens do Manual e disse, com toda a calma desse mundo:
- Meu senhor, por favor entenda: não há autorização para permitir a sua entrada.
Gostaria que o senhor não ficasse ressentido. Peço-lhe desculpas, mas ordens são
ordens: não posso deixar alguém sem autorização entrar aqui. O senhor entende?
O representante saiu indignado e o porteiro ficou certo de que havia cumprido
seu trabalho de acordo com as novas instruções acrescidas ao Manual.
&
1.1.1.1.1. Dê o sentido das palavras destacadas e, em seguida, reescreva a frase
substituindo-as por seus sinônimos: O Manual está vigorandovigorandovigorandovigorandovigorando há tanto
tempo e, praticamente, não apareceram furos furos furos furos furos na sua utilização.
a)a)a)a)a) vigorar: ..............................................................................................................
............................................................................................................................
b)b)b)b)b) furos:..................................................................................................................
............................................................................................................................
c)c)c)c)c) Frase: .................................................................................................................
............................................................................................................................
2.2.2.2.2. Uma das questões centrais da Cenatexto é como tratar visitantes e clientes
com educação e boas maneiras. Explique as expressões abaixo, situadas
nesse contexto:
a)a)a)a)a) questão de trato: ..............................................................................................
b)b)b)b)b) postura alternativa: .........................................................................................
c)c)c)c)c) polidez: .............................................................................................................
d)d)d)d)d) jogo de cintura: ................................................................................................
e)e)e)e)e) evitar ressentimentos: .....................................................................................
Observe como o dicionário apresenta outra palavra da Cenatexto:
maleabilidademaleabilidademaleabilidademaleabilidademaleabilidade. . . . . [do lat. malleabilitate < malleabile< malleare] S.f. 1. 1. 1. 1. 1. Quali-
dade ou propriedade de maleável. 2.2.2.2.2. Fig. Docilidade, flexibilidade.
maleável.maleável.maleável.maleável.maleável. [do fr. malléable] Adj 2g. 1. 1. 1. 1. 1. Que pode ser maleado ou malhado.
2. 2. 2. 2. 2. Flexível, dobrável. 3. 3. 3. 3. 3. Fig. Flexível, dócil.
3.3.3.3.3. Com base nas informações do dicionário, explique o que é “ter maleabilidade
para se adaptar às situações novas”. ....................................................................
.................................................................................................................................
1.1.1.1.1. Indique três itens em que se fundamentava o argumento do sr. Dilermando
ao discordar com a mudança do Manual:
a)a)a)a)a) ............................................................................................................................
b)b)b)b)b) ............................................................................................................................
c)c)c)c)c) ............................................................................................................................
Entendimento
Dicionário
55
A U L A
QUESTIONÁRIOQUESTIONÁRIOQUESTIONÁRIOQUESTIONÁRIOQUESTIONÁRIO PARAPARAPARAPARAPARA AVALIAÇÃOAVALIAÇÃOAVALIAÇÃOAVALIAÇÃOAVALIAÇÃO DEDEDEDEDE TREINAMENTOTREINAMENTOTREINAMENTOTREINAMENTOTREINAMENTO
PREZADO(A) TREINANDO(A):
A AVALIAÇÃO DE NOSSOS TREINAMENTOS É IMPORTANTE PARA SABERMOS SE NOSSOS
OBJETIVOS ESTÃO SENDO ATINGIDOS EM RELAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS. COLABORE
CONOSCO RESPONDENDO ÀS QUESTÕES ABAIXO. DEVOLVA À ÁREA DE TREINAMENTO EM DOIS
DIAS ÚTEIS.
GRATOS.
TREINAMENTO: ........................................ DATA: ...../...../..........
1.1.1.1.1. SUAS EXPECTATIVAS EM RELAÇÃO A ESSA ATIVIDADE DE TREINAMENTO:
(00) FORAM PLENAMENTE ATENDIDAS (00) FORAM PARCIALMENTE ATENDIDAS
(00) NÃO FORAM ATENDIDAS (00) NÃO TINHA EXPECTATIVAS
2.2.2.2.2. DÊ UMA NOTA DE (11111) A (55555) PARA OS ITENS ABAIXO RELACIONADOS, CONSIDERANDO:
 (11111) RUIM (22222) REGULAR (33333) SATISFATÓRIO (44444) BOM (55555) ÓTIMO
(00) ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO.
(00) POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DOS CONHECIMENTOS NO SEU TRABALHO.
(00) QUALIDADE DOS ASSUNTOS ABORDADOS.
(00) NÍVEL DE APROVEITAMENTO.
3.3.3.3.3. CITE ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO CURSO.
POSITIVOS: ......................................................................................................................
NEGATIVOS: ....................................................................................................................
4.4.4.4.4. SE VOCÊ DESEJAR, FAÇA COMENTÁRIOS E/OU SUGESTÕES COMPLEMENTARES.
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Todos os conflitos das últimas três aulas foram provocados pela proibição
do porteiro à entrada do engenheiro na empresa. Explique por que, mesmo
proibindo a entrada de mais uma pessoa na empresa, Dionísio sentiu que
estava agindo corretamente.
3.3.3.3.3. Que atitude de Dionísio indica que ele seguiu apenas um dos dois itens
acrescentados ao Manual? Indique qual item foi seguido e qual não foi.
Justifique sua resposta.
a)a)a)a)a) Atitude de Dionísio: .......................................................................................
b)b)b)b)b) Item seguido: ...................................................................................................
c)c)c)c)c) Item ignorado: .................................................................................................
d)d)d)d)d) Justificativa: ......................................................................................................
4.4.4.4.4. Após o primeiro incidente, novas medidas foram adotadas na Santa Gertrudes
para evitar que alguém com hora marcada fosse impedido de entrar. No
entanto, a situação se repetiu e o funcionário agiu quase da mesma forma.
Qual foi a falha desta vez?
Sabemos qual foi a impressão de Dionísio sobre as mudanças acrescentadas
ao Manual e sobre o treinamento recebido. Considerando essas informações,
responda, como se você fosse Dionísio, a um questionário de avaliação. Se quiser,
pense em algum treinamento pelo qual você tenha passado em seu trabalho.
Reescritura
✑
55
A U L A Como percebemos, o engenheiro Gaspar julgou intolerante e inflexível a
atitude do porteiro Dionísio. O porteiro, por sua vez, justificou sua atitude em
razão da existência de um manual que continha regras claras e rígidas sobre a
questão.
1.1.1.1.1. Elabore um parágrafo que apresente a sua visão sobre o ocorrido entre eles.
..................................................................................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
O antigo Manual continha a seguinte regra:
Impedir, sob qualquer hipótese, a entrada desautorizada deImpedir, sob qualquer hipótese, a entrada desautorizada deImpedir, sob qualquer hipótese, a entrada desautorizada deImpedir, sob qualquer hipótese, a entrada desautorizada deImpedir, sob qualquer hipótese, a entrada desautorizada de
pessoas estranhas.pessoas estranhas.pessoas estranhas.pessoas estranhas.pessoas estranhas.
Com as alterações, decididas após longas discussões, o Manual passou a ter
a seguinte instrução:
Tenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situaçõesTenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situaçõesTenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situaçõesTenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situaçõesTenha maleabilidade e criatividade para se adaptar às situações
novas. É muito difícil conseguir todas as condições para executarnovas. É muito difícil conseguir todas as condições para executarnovas. É muito difícil conseguir todas as condições para executarnovas. É muito difícil conseguir todas as condições para executarnovas. É muito difícil conseguir todas as condições para executar
uma tarefa, mas tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% deuma tarefa, mas tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% deuma tarefa, mas tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% deuma tarefa, mas tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% deuma tarefa, mas tenha jogo de cintura para realizá-la com os 80% de
recursos disponíveis. Acredite que as coisas vão dar certo, crie asrecursos disponíveis. Acredite que as coisas vão dar certo, crie asrecursos disponíveis. Acredite que as coisas vão dar certo, crie asrecursos disponíveis. Acredite que as coisas vão dar certo, crie asrecursos disponíveis. Acredite que as coisas vão dar certo, crie as
condições. Tente resolver os problemas da melhor maneira possível.condições. Tente resolver os problemas da melhor maneira possível.condições. Tente resolver os problemas da melhor maneira possível.condições. Tente resolver os problemas da melhor maneira possível.condições. Tente resolver os problemas da melhor maneira possível.
2.2.2.2.2. Redija um parágrafo comentando a alteração ocorridaalteração ocorridaalteração ocorridaalteração ocorridaalteração ocorrida de uma versão para
outra e suas possíveis conseqüências na vida profissional de um porteiro.
Considere, em seu comentário, qual das instruções causará mais problemas
no seu cumprimento.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
“Siga as instruções!“Siga as instruções!“Siga as instruções!“Siga as instruções!“Siga as instruções!” é uma das regrinhas mais constantes e mais ouvidas no
nosso dia-a-dia. É bula de remédio, instrução para montar brinquedo, montar
máquina, ligar aparelho, abrir crediário, fazer isso e fazer aquilo.
Acompanhe, no texto abaixo, algumas instruções dadas a uma pessoa que
queria curar um mal: o mal de amor. A “receita” foi escrita pelo grande cronista
Rubem Braga, que nasceu em 1913 no estado do Espírito Santo. Foi jornalista e
correspondente de guerra e morou em várias capitais brasileiras. O melhor de
sua obra são as crônicas que retratam o cotidiano da vida brasileira.
De uma coisa você pode estar certo: é mais fácil seguir as instruções de um
manual de segurança do que as receitas literárias. Mas também pode estar certo
de outra: as receitas literárias são bem mais divertidas!
Redação no ar
Saideira
55
A U L AReceita para mal de amorReceita para mal de amorReceita para mal de amorReceita para mal de amorReceita para mal de amor
Minha querida amiga:
Sim, é para você mesma que eu estou escrevendo - você que aquela noite disse que
estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha e achava que não valia
a pena, e acabou me formulando um pergunta ingênua:
- Como é que a gente faz para esquecer uma pessoa?
(...)
Isso eu gostaria de lhe dizer, minha amiga, com a autoridade triste do mais vivido
e mais sofrido: amar é um ato de paciência e humildade; é uma longa devoção. Você
me responderá que não é nada disso; que você já chegou ao seu destinatário e foi
devolvida como se fosse uma carta com o endereço errado. Que teve alguns dias,
algumas horas de felicidade, e por isso agora sofre de uma maneira insuportável.
Então lhe aconselho a comprar um canivete bem amolado e amolar dezoito pedacinhos
de pau até ficarem bem pontudos, bem lisos, perfeitamente torneados - e depois a um
canto. Apanhar uma folha de papel tamanho ofício e enchê-la toda, todinha, de alto
a baixo, com o nome de seu amado, escrevendo uma letra bem bonita, de preferência
de tinta azul. Em seguida faça com essa folha um aviãozinho e o jogue pela janela.
Observe o vôo e a aterrissagem. Depois desça lá fora, apanhe o avião de papel,
desdobre a folha novamente (pode passá-la a ferro, para o serviço ficar mais perfeito
e não haver mais nenhum indício da construção aeronáutica) e volte a dobrá-la, desta
vez ao meio. Dobre outras vezes, até obter o menor retângulo possível. Então, com o
canivete, vá cortando as partes dobradas até transformar a folha em pequenos
papeizinhos, tão pequenos que o nome do seu amado não deve caber inteiro em
nenhum deles. Aí apanhe todos aqueles pauzinhos que tinha deixado a um canto e,
com os pedacinhos de papel, faça uma fogueira com máximo cuidado até que restem
somente cinzas. A seguir poderá repetir a operação...
- Adianta alguma coisa?
Por favor, querida amiga, não me faça essa pergunta. Nada adianta coisa alguma,
a não ser o tempo; e fazer fogueirinhas é um meio tão bom quanto qualquer outro de
passar o tempo.
Fonte: “Receita para mal de amor”, do livro A traição das elegantesA traição das elegantesA traição das elegantesA traição das elegantesA traição das elegantes. Rubem Braga. Rio
de Janeiro, Editora Record, 1985, 2ª edição, págs. 95-97.
&
&
&
&
&
&
56
A U L A
Cenatexto
5
J A N E L A
Nem só de muito trabalho vive a Companhia
Têxtil Santa Gertrudes. Ela também promove festas de confraternização entre os
funcionários. Acompanhe uma delas.
Pelo menos uma vez por ano, os colegas se encontram de forma descontraída,
contam piadas, apresentam os familiares e aparecem sem o uniforme. É uma festa no
galpão da fábrica. Além da descontração, o que tem atraído cada vez mais participan-
tes a esse encontro é a apresentação dos LD’s, o conjunto musical mais respeitado
entre os funcionários da Santa Gertrudes.
Leozinho, Dani e Digo - três rapazes que pegam pesado na companhia - ainda
encontram energia para produzir, ensaiar e apresentar as letras que criam. O que no
início foi chamado de “doideira dos meninos”, hoje recebe o respeitosonome de LD’s
- Banda de Rap. Eles fazem o maior sucesso. Quando se anuncia pelo microfone que
é o momento do show, todas as conversas são interrompidas. Num misto de vaidade
e receio, os colegas esperam que os meninos falem algo sobre eles.
Eles são impossíveis! Lembram cada coisa! Ficam muito diferentes quando
aparecem uniformizados com boné de jogador de basquete americano, camiseta
colorida e tênis. Tão distantes daquele cinza triste da fábrica de todos os dias...
Ninguém sabe se aquilo que dizem é música ou poesia. Mas, é uma coisa que
desperta o interesse de todos. Quem poderia supor que Digo, o mais caladinho, teria
coragem de dançar diante de tanta gente? Psiu... Lá vêm eles , dançando break break break break break.
Diz aí, galera!
56
A U L A
Diz aí, galera! Diz aí! O LD’s veio aqui, veio aqui pra dar o seu recado.
Não estamos nem aí se o Haiti é aqui ou é aí. Sem amores, sem malemolência
ou remelexo, queremos é zoar, queremos é mostrar. Mostrar o quê? Ah! Sei
lá! Vamos fofocar!
Dizem que o Jorge deixou de ser peão. Com a força do discurso, vai virar
locutor de televisão. Doutor Hugo, além de engasgado, ficou admirado.
Como é que pode um mauricinho ser vaiado? Ele decide sobre o aumento, mas
não tem o argumento. De que é que vale? Vale não, meu irmão.
Entre nós tem que haver comunicação. Se o mano tem alguma dúvida,
é só seguir a instrução. Diz aí, Dionísio! O doutor queria entrar, mas foi
barrado no baile. Sem autorização, por favor, nem me fale. Houve rebuliço,
ou aquilo é apenas reboliço? Muda manual, revê documento, acrescenta
mais palavras, faz um belo treinamento. Mas? Diz aí, Dionísio? Sem
autorização, não dou permissão. É a mesma instrução. A chefia precisa
aprender, instrução que é instrução tem que ter precisão.
Extintor que é extintor tem que ter manutenção. Do apê saiu fumaça e
o vizinho constatou que o seu extintor era só decoração. Chama os home.
Trim ... Trim...Trim... O bombeiro não estava apavorado, tinha calma,
muita calma, mas acabou com o babado. Sobrou para Marlene: conto o caso
como foi. Foi? Eu não esqueço nada, mas fazer uma ata? É ruim! De tanto
blablablá, a gente já sabe que ela tem um cabeçalho e que depois de lida e
aprovada, ela é assinada.
Pera aí, véio, isso não é rap, isso é um piriri. Pode crê. Pode crê. Não devemos
esquecer:a gente é porta-voz de um povo oprimido. Onde fica a nossa atitude?
Todos sabem: sem bagunça, sem tapa ou tiroteio, o que um B. Boy detona, pra
explodir o cabeção, é essa nossa confusão. Mas hoje é festa, dia de confraterni-
zação, tem muito nego de olho. Malandro, assim, fica de molho. Diz aí, galera!
Diz aí, galera!
E a galera gritou: bis! bis! bis!
Porém o LD’s não bisou.
&
Parte desta aula será uma revisão de algumas anteriores. Mas, antes de
começar, é necessário ter algumas informações sobre o Hip-hopHip-hopHip-hopHip-hopHip-hop, um movimento
que já é forte no Brasil inteiro desde 1994.
O Hip-hopHip-hopHip-hopHip-hopHip-hop é um movimento cultural popular que inclui três manifestações:
rapraprapraprap, breakbreakbreakbreakbreak e grafitegrafitegrafitegrafitegrafite. A história desse movimento, que é de origem norte-
americana, começou com o breakbreakbreakbreakbreak, uma disputa entre os componentes de gangues
rivais. Nessa disputa, vencia o grupo que ficasse mais tempo apresentando
passos diferentes. Quanto mais acrobático e rápido, melhor. Durante essa apre-
sentação, começaram a surgir relatos de histórias ou protestos rimados, entoados
pelo chefe do grupo. Essas histórias e protestos receberam o nome de rapraprapraprap. Aos
dançarinos do break e aos vocalistas do rap, juntaram-se os grafiteirosgrafiteirosgrafiteirosgrafiteirosgrafiteiros - pessoas
que expõem seus protestos em muros, monumentos, prédios ou paredes públi-
cas.
Os rapazes da Santa Gertrudes fizeram uma apresentação baseando-se nesse
tipo de manifestação: o Hip-hopHip-hopHip-hopHip-hopHip-hop.
&
56
A U L A Os rappers, assim como outros grupos, têm sua gíriagíriagíriagíriagíria, uma linguagem
própria que muitas vezes só eles entendem.
gíria.gíria.gíria.gíria.gíria. [de uma f. regressiva *giriga < geringonça (q.v.)] S.f. 1.1.1.1.1. Linguagem
dos malfeitores, malandros etc., com a qual procuram não ser entendidos
pelas outras pessoas; calão. 2. 2. 2. 2. 2. Linguagem peculiar àqueles que exercem a
mesma profissão; jargão. 3.3.3.3.3. Linguagem que, nascida de um determinado
grupo social, termina estendendo-se, por sua expressividade, à linguagem
familiar de todas as camadas sociais. 4.4.4.4.4. Palavra ou expressão de gíria.
1.1.1.1.1. Das diversas significações que o verbete apresenta, qual a melhor definição
para o tipo de gíriagíriagíriagíriagíria que os rappers usam?
.................................................................................................................................
Para você entender melhor a Cenatexto, apresentaremos um pequeno glos-
sário com o significado de algumas gírias usadas pelos rappers:
manomanomanomanomano: É como os rappers se cumprimentam em São Paulo, Porto Alegre
e Belo Horizonte.
véiovéiovéiovéiovéio: Cumprimento dos rappers em Brasília.
peixepeixepeixepeixepeixe: Na Bahia, os rappers chamam uns aos outros de peixe.
pode crêpode crêpode crêpode crêpode crê: Expressão de concordância.
atitudeatitudeatitudeatitudeatitude: Palavra indispensável no vocabulário rap. Para fazer parte do
movimento é preciso ter “atitude”, ou seja, ter consciência social, racial
e postura de integridade diante da vida.
boxboxboxboxbox: Radiogravador portátil.
fatfatfatfatfat: Um cara que é bom em rap, em Belo Horizonte.
picudopicudopicudopicudopicudo: Cara que não entende de rap, na Bahia.
piriripiriripiriripiriripiriri: Rap comercial, ruim, em Porto Alegre.
na socialna socialna socialna socialna social: Se comportar durante o baile, no Rio de Janeiro.
Essas palavras não poderiam ser encontradas num dicionário, no sentido
usado pelos rappers. Algumas gírias são usadas por grupos tão pequenos e, às
vezes, por tempo tão limitado, que o dicionário nem as registra. Há, no entanto,
algumas gírias que, pelo seu tempo duradouro de uso, já são registradas no
dicionário.
2.2.2.2.2. Confira essa informação consultando as palavras quadradoquadradoquadradoquadradoquadrado, fossa e fundirfossa e fundirfossa e fundirfossa e fundirfossa e fundir
no dicionário. Transcreva, apenas o que significam como gíria. Essa sig-
nificação virá indicada pela abreviatura Bras. GírBras. GírBras. GírBras. GírBras. Gír., que aparece logo depois
do verbete.
a)a)a)a)a) quadrado: ........................................................................................................
b)b)b)b)b) fossa: .................................................................................................................
c)c)c)c)c) fundir: ..............................................................................................................
3.3.3.3.3. Cite algumas gírias que você use ou conheça e diga o que significam.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
4.4.4.4.4. As gírias são mais usadas em situações formais ou informais? Justifique sua
resposta.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Dicionário
56
A U L AObserve esta parte da música do LD’s, quase no final da Cenatexto: “Onde fica
nossa atitude?” Vimos que atitudeatitudeatitudeatitudeatitude é uma gíria indispensável no vocabulário rap.
Agora, veja como o dicionário registra essa palavra:
atitude.atitude.atitude.atitude.atitude. S.f. 1.1.1.1.1. Posição do corpo; porte, jeito, postura. 2. 2. 2. 2. 2. Modo deproceder
ou agir; comportamento, procedimento. 3. 3. 3. 3. 3. P. ext. Afetação de comporta-
mento ou procedimento 4.4.4.4.4. Propósito ou maneira de manifestar esse
propósito. 5.5.5.5.5. Reação ou maneira de ser, em relação a determinada(s)
pessoa(s) , objeto(s), situações etc.
Assim, sabemos que uma palavra pode ser usada no sentido normal do dia-
a-dia ou ter um uso no sentido de vocábulo de gíria. Assim como atitudeatitudeatitudeatitudeatitude,
conhecemos muitas outras palavras, usadas tanto num sentido quanto noutro,
como massa, chocantemassa, chocantemassa, chocantemassa, chocantemassa, chocante e bicho bicho bicho bicho bicho.
5.5.5.5.5. Indique qual dos sentidos apresentados pelo dicionário se aproxima
do sentido que a palavra atitude atitude atitude atitude atitude adquire como gíria.
.................................................................................................................................
6.6.6.6.6. Elabore uma frase que apresente a palavra atitudeatitudeatitudeatitudeatitude com um sentido diferente
da gíria.
.................................................................................................................................
Na gíria dos rappers há palavras que são emprestadas da língua inglesa como
breakbreakbreakbreakbreak, que significa quebrarquebrarquebrarquebrarquebrar. Embora seja muito utilizada, essa palavra não
apresenta uma forma aportuguesada (com escrita e pronúncia na língua portu-
guesa). É break break break break break mesmo, o nome da dança que tem movimentos “quebrados”.
Há, no entanto, muitas palavras da língua inglesa que, à medida que foram se
incorporando ao Português, começaram a ser escritas de forma aportuguesada -
como goalgoalgoalgoalgoal, que tem a forma aportuguesada golgolgolgolgol.
7.7.7.7.7. No vocabulário do futebol, há várias palavras que têm a forma aportuguesada.
Escreva a forma aportuguesada das seguintes palavras da língua inglesa:
a)a)a)a)a) penalty: ..............................................................................................................
b)b)b)b)b) team: ...................................................................................................................
c)c)c)c)c) shoot: ..................................................................................................................
d)d)d)d)d) back: ...................................................................................................................
e)e)e)e)e) crack: ..................................................................................................................
Nas últimas aulas, observamos que algumas palavras são formadas a partir
do som que tentam imitar. São os vocábulos onomatopéicosvocábulos onomatopéicosvocábulos onomatopéicosvocábulos onomatopéicosvocábulos onomatopéicos.
8.8.8.8.8. A palavra zoarzoarzoarzoarzoar, um vocábulo onomatopéico, apareceu na Cenatexto: “que-
remos é zoar”. Consulte o dicionário e explique o que os garotos queriam dizer
com isso.
.................................................................................................................................
9.9.9.9.9. A palavra blablabláblablabláblablabláblablabláblablablá, além de ser uma gíria é também um vocábulo
onomatopéico. Consulte o dicionário e indique o seu significado.
.................................................................................................................................
56
A U L A 10.10.10.10.10. Baseando-se no contexto, explique o que significam as gírias abaixo
destacadas:
a)a)a)a)a) um mauricinhomauricinhomauricinhomauricinhomauricinho ser vaiado ............................................................................
b)b)b)b)b) mas acabou com o babadobabadobabadobabadobabado.............................................................................
11.11.11.11.11. A palavra bisbisbisbisbis é uma interjeição que significa outra vezoutra vezoutra vezoutra vezoutra vez. E o verbo bisarbisarbisarbisarbisar, você
já o conhecia? Consulte o dicionário e explique a frase final da Cenatexto:
“Porém, o LD’s não bisou”.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
Agora que conhecemos os vocábulos que aparecem na Cenatexto, podemos
trabalhar algumas questões de compreensão do texto. Saiba, ainda, que rap derap derap derap derap de
galeragaleragaleragaleragalera é o rap feito com letras divertidas. E gangstagangstagangstagangstagangsta é o rap de letras agressivas e
protestos.
1.1.1.1.1. Você classificaria o rap apresentado na Cenatexto como rap de galerarap de galerarap de galerarap de galerarap de galera ou
como gangstagangstagangstagangstagangsta? Justifique sua resposta.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Vimos a reação dos funcionários à música do LD’s.
a)a)a)a)a) Aponte os indícios de que eles gostaram da apresentação feita pelo
conjunto.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Explique por que eles gostavam da apresentação.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
3.3.3.3.3. Há, na letra do rap, há uma referência ao dr. Hugo, patrão dos funcionários
da Santa Gertrudes, que falou no final daquela greve que apareceu na Aula
50. Explique o que o fez ficar engasgado e admirado.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
4.4.4.4.4. Que crítica foi apresentada pelos LD’s à atitude que os chefes tiveram em
relação ao caso de Dionísio?
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
5.5.5.5.5. Que justificativa foi dada para a apresentação de um rap sem atitudeatitudeatitudeatitudeatitude?
Transcreva a parte que apresenta essa justificativa e explique-a.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Entendimento
56
A U L APara os rappers, ter atitudeatitudeatitudeatitudeatitude é ter consciência social, racial e postura de
integridade diante da vida. Discuta com seus amigos essa questão e elabore
parágrafos indicando o que para você significa:
a)a)a)a)a) Ter consciência social:
............................................................................................................................
............................................................................................................................
............................................................................................................................
b) b) b) b) b) Ter consciência racial:
............................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................................................................
c) c) c) c) c) Ter postura de integridade diante da vida:
............................................................................................................................
............................................................................................................................
............................................................................................................................
A letra que os rapazes compuseram é, de certa forma, uma reescritura de
algumas aulas anteriores. Além disso, faz referência a outros funcionários
da fábrica.Os pontos básicos das Cenatextos foram tratados de maneira resumi-
da, irônica e brincalhona. Foi feita um reescritura dentro do estilo deles, com
gírias e construções de frases típicas de um rap.
Agora, reescreva o resumo que eles apresentaram sem usar gírias nem tantas
expressões de sentido figurado. Procure manter o sentido do que eles disseram
e o ponto de vista que apresentaram sobre os fatos. O início pode ser este:
Nós, os componentes da banda LD’s viemos aqui apresentar o nosso show. Com
muito barulho, só queremos falar um pouco de alguns dos últimos acontecimentos da
Santa Gertrudes.
O Jorge, com seu discurso forte, conseguiu controlar a nossa Assembléia.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Reescritura
✑
Reflexão
&
57
A U L A
Cenatexto Na lanchonete da esposa de Jeremias, está
nascendo um novo jornal. São três colegas de fábrica que, num sábado à tarde,
decidem o futuro de um jornal para os operários da Matrex Construtora.
Acompanhe, a partir de agora, os debates e as decisões.
Jeremias estava bastante animado. Fora, realmente, uma feliz idéia essa de
produzirem um jornalzinho da empresa. Como não haviam pensado nisso antes?
Seria interessante, e de muita utilidade, pôr à disposição dos companheiros um jornal
que pudesse, além de dar notícias, comentar e analisar alguns acontecimentos do dia-
a-dia na empresa. Ele já estava há dois anos na Matrex Construtora e nunca havia
pensado em repetir a boa experiência que tivera na Santa Gertrudes. Não havia
dúvidas: se o pessoal topasse, eles haveriam de ter um jornalzinho bem maneiro!
- Oi, Gustavo! Eu estava aqui distraído, nem vi você chegar. O Miranda não
ficou de vir junto com você?
- Ah, ele já deve estar chegando. É que ele ficou de passar no trabalho do irmão
pra pegar uns exemplares do jornalzinho deles.
A conversa entre Jeremias e Gustavo foi interrompida com a chegada de
Miranda.
Mal chegou, Miranda sentou-se e espalhou alguns exemplares do jornal em cima
da mesa. Jeremias apanhou um deles, começou a observá-lo e comentou:
- Nosso jornal poderia ser assim. Olhem como está boa essa diagramação.
57
A U L A
M Ó D U L O 18
Leia e informe-se
57
A U L A- Diagramação? O que é isso? – perguntou Miranda.
- É a distribuição das matérias e das ilustrações na página do jornal. Antigamen-
te, lá na Santa Gertrudes, além de repórter, eu era também diagramador – respondeu
Jeremias.
Os três colegas ficaram algum tempo examinando as ilustrações, analisando sua
distribuição na página e lendo alguns textos.
- Gente, lendo esta matéria reclamando dos salários, me ocorreu uma dúvida. No
nosso jornal, vamos falar, abertamente, sobre nossos problemas, nossas broncas,
nossas reivindicações? Olha só isto aqui. O cara tá metendo bronca – comentou
Miranda.
- Acho que devemos falar, mas com moderação. Devemos comentar por alto, dar
a entender... Eu sou contra ficar usando jornal pra bronquear com patrão. Nosso
jornalzinho deve ser mais leve, mais pra lazer, uma diversão, uma forma de unir a
turma – disse Gustavo.
- Negativo. Não concordo de jeito nenhum com essa idéia. Jornalzinho de
lazer!... Só faltava essa! Nosso jornal deve ser um veículo para divulgar nossas
aspirações, nossos direitos. Deve ser um jornal sério. Lazer a gente tem é na praia,
no bar, no clube – contestou Jeremias.
Percebendo que os amigos o escutavam atentamente, ele continuou com sua argu-
mentação, desta vez mostrando um dos jornais.
- Veja esta matéria aqui:
Segurança no trabalho será tema de Congresso
Do dia 26 ao 28 deste mês, no SENAC, na Rua do Ouro, número 156, a
Associação de Engenharia e Segurança e a Cipa estarão patrocinando um
Congresso Nacional de Segurança Integral. Os organizadores do evento plane-
jaram cursos, palestras e painéis sobre segurança, higiene industrial e doenças
ocupacionais.
O Congresso será bem-vindo, sobretudo, por causa do número alarmante de
acidentes de trabalho no Brasil. Nos últimos vinte anos, aconteceram 86.000
mortes e houve 1 milhão de acidentados com incapacidade permanente.
- Isso! – continuou Jeremias. – Nosso jornal deve divulgar eventos assim e
denunciar os problemas da classe trabalhadora.
- Tudo bem, gente. Não vamos brigar já na primeira reunião de planejamento.Tem
muita coisa pra decidir: tiragem, periodicidade, financiamento etc. etc. - observou
Miranda.
 Gustavo, então, sugeriu:
- Eu acho que nós podemos fazer as duas coisas: discutir problemas de salário,
falar sobre nossos direitos e também brincar um pouco. Alegria não faz mal a
ninguém. Até porque na brincadeira, no humor, na gozação, também pode haver
seriedade.
- É, eu também acho. Podemos ter várias seções: cultura, esportes, economia,
humor... Tudo pode ser explorado, desde que os assuntos sejam do interesse do
trabalhador da Matrex Construtora – sugeriu Miranda.
 Jeremias, olhando para o relógio, comentou:
- Sinto muito, pessoal, mas eu preciso ir agora. Sugiro que cada um leve alguns
exemplares para casa e os analise com calma. No próximo sábado, nos encontramos
aqui e continuamos nosso papo. Pra mim tem de ser em fim de semana. Em dia útil,
nem pensar.
57
A U L A Agora você vai trabalhar com alguns termos da área do jornalismo. Na
Cenatexto, você viu que “ Os três colegas ficaram algum tempo examinando as
ilustrações, analisando sua distribuição na página e lendo alguns textos”. A palavra
ilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustração aparece assim no dicionário:
ilustração.ilustração.ilustração.ilustração.ilustração. [do lat. illustratione] S. f. 1.1.1.1.1. Ato ou efeito de ilustrar (-se).
2.2.2.2.2. Conjunto de conhecimentos; saber. 3.3.3.3.3. Imagem ou figura de qualquer
natureza com que se orna ou elucida o texto de livros, folhetos e
periódicos. 4.4.4.4.4. Filos. V. filosofia das luzes.
1.1.1.1.1. Indique em qual sentido a palavra ilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustração foi usada na Cenatexto.
.................................................................................................................................
No dicionário, você encontrará outras palavras ligadas a ilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustração:
ilustrar.ilustrar.ilustrar.ilustrar.ilustrar.[do lat. illustrare] V. t. d. 1.1.1.1.1. Tornar ilustre; glorificar. 2.2.2.2.2. Esclare-
cer, elucidar, comentar, explicar. 3.3.3.3.3. Transmitir conhecimentos a; instruir.
4.4.4.4.4. Servir como exemplo para; exemplificar. 5.5.5.5.5. Ornar (um trabalho im-
presso ou destinado à imprensa) com gravura ou ilustração (3). V. p. 6.6.6.6.6.
Adquirir lustre, glória, celebridade. 7.7.7.7.7. Adquirir conhecimentos; instruir-se.
ilustrado.ilustrado.ilustrado.ilustrado.ilustrado. [do lat. illustratu] Adj. 1.1.1.1.1. Que tem muita ilustração; instruído.
2.2.2.2.2. Que tem gravuras ou ilustrações.
ilustrador.ilustrador.ilustrador.ilustrador.ilustrador. [do lat. illustratore] Adj. 1.1.1.1.1. Que ilustra. S. m. 2.2.2.2.2. Aquele que
ilustra; desenhista de ilustrações.
Vimos, assim, um substantivo (ilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustraçãoilustração), um verbo (ilustrarilustrarilustrarilustrarilustrar), um adjetivo
(ilustradoilustradoilustradoilustradoilustrado) e uma palavra que pode ser adjetivo ou substantivo (ilustradorilustradorilustradorilustradorilustrador);
todos com significados semelhantes. Por isso, dizemos que essas palavras
formam uma famíliafamíliafamíliafamíliafamília.
2.2.2.2.2. Indique o sentido da palavra destacada nas frases seguintes:
a)a)a)a)a) Os três amigos ficaram examinando as ilustrações ilustrações ilustrações ilustrações ilustrações.
............................................................................................................................
b) b) b) b) b) O jornal será ilustradoilustradoilustradoilustradoilustrado com gravuras e fotos.
............................................................................................................................
c)c)c)c)c) Eles vão convidar Renato para ilustrador ilustrador ilustrador ilustrador ilustrador do jornal.
............................................................................................................................
3.3.3.3.3. Você provavelmente conhece a palavra ilustreilustreilustreilustreilustre. Talvez até conheça algumas
pessoas ilustres. Com auxílio de um dicionário, explique o sentido desta
frase:
Rui Barbosa foi um brasileiro ilustre.ilustre.ilustre.ilustre.ilustre.
.................................................................................................................................
Jeremias, que já trabalhara no jornalzinho da Santa Gertrudes, comentou a
boa diagramaçãodiagramaçãodiagramaçãodiagramaçãodiagramação do jornal que estava analisando. Miranda desconhecia a
palavra e quis saber seu significado. Note que esse termo também está incluído
em uma família de palavras.
Dicionário
57
A U L Adiagramação.diagramação.diagramação.diagramação.diagramação. [de diagramar + -ção] S. f. 1.1.1.1.1. Ato ou efeito de diagramar.
diagramar.diagramar.diagramar.diagramar.diagramar. V. t. d. Edit. 1.1.1.1.1. Determinar a disposição de (os espaços a
serem ocupados pelos elementos - textos, ilustrações, legendas etc. - de
livro, jornal, cartaz, anúncio etc.), precisando o formato do impresso, os
tipos a serem utilizados, as medidas das colunas etc. 2.2.2.2.2. Dispor, de acordo
com estrutura pré-determinada, os elementos que devem ser impressos.
diagramador.diagramador.diagramador.diagramador.diagramador. S. m. 1.1.1.1.1. Programador visual ou técnico que se ocupa de
diagramação de impressos.
4.4.4.4.4. No jornalzinho da Santa Gertrudes, Jeremias “além de repórter, era
diagramadordiagramadordiagramadordiagramadordiagramador” . Explique o que ele fazia nessa última função.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
A certa altura da reunião, Miranda sugere: “Podemos ter várias seçõesseçõesseçõesseçõesseções:
cultura, esporte, economia, humor...” Observe como a palavra seçãoseçãoseçãoseçãoseção aparece no
dicionário:
seção.seção.seção.seção.seção. [var. de secção < lat. sectione] S. f. 1.1.1.1.1. Ato ou efeito de secionar (-se).
2.2.2.2.2. Parte de um todo; segmento. 3.3.3.3.3. Divisão ou subdivisão de obra, tratado,
estudo. 4.4.4.4.4. Numa publicação, local reservado a determinada matéria ou
assunto. 5.5.5.5.5. Divisão que abrange certo número de matérias, em um curso.
6.6.6.6.6. Cada uma das divisões ou subdivisões de uma repartição pública ou
de um estabelecimento qualquer, correspondente a serviço ou assunto
determinado; setor.
5.5.5.5.5. Explique em que sentido a palavra seçãoseçãoseçãoseçãoseção foi usada na Cenatexto.
................................................................................................................................
6.6.6.6.6. Há outras expressões na Cenatexto que merecem uma consulta ao dicionário.
Escreva o que se entende por:
a)a)a)a)a) matéria jornalística: .........................................................................................
b)b)b)b)b) tiragem de um jornal: .....................................................................................
c)c)c)c)c) formato do jornal: ............................................................................................
Em um texto em que as margens são definidas, como no caso de livros ou
jornais, nem sempre uma palavra cabe inteira na mesma linha. Nesse caso, a
palavra é cortada por hífen (-----) e uma parte dela passa para a próxima linha. Para
fazer a separação corretamente, é preciso saber dividir a palavra em sílabassílabassílabassílabassílabas, que
são partes da palavra pronunciadas como se formassem um som só. Na Língua
Portuguesa, existem sílabas sem consoante, mas não existe nenhuma sílaba que
não tenha vogal. A formação das sílabas varia, podemos ter:
consoante + vogal: vo-cêvo-cêvo-cêvo-cêvo-cê; co-le-gaco-le-gaco-le-gaco-le-gaco-le-ga
consoante + vogal + consoante: man-terman-terman-terman-terman-ter
várias consoantes + vogal: trans-for-mar; ne-nhumtrans-for-mar; ne-nhumtrans-for-mar; ne-nhumtrans-for-mar; ne-nhumtrans-for-mar; ne-nhum.
57
A U L A Conforme o número de sílabas que têm, as palavras são classificadas em:
monossílabos monossílabos monossílabos monossílabos monossílabos (que têm uma sílaba só): tu nós eu mas tu nós eu mas tu nós eu mas tu nós eu mas tu nós eu mas e ou se já bome ou se já bome ou se já bome ou se já bome ou se já bom
dissílabos dissílabos dissílabos dissílabos dissílabos (que têm duas sílabas): vo-cê car-ro ho-je sa-bervo-cê car-ro ho-je sa-bervo-cê car-ro ho-je sa-bervo-cê car-ro ho-je sa-bervo-cê car-ro ho-je sa-ber
trissílabos trissílabos trissílabos trissílabos trissílabos (que têm três sílabas): re-pe-tir dis-cu-tir pu-des-sere-pe-tir dis-cu-tir pu-des-sere-pe-tir dis-cu-tir pu-des-sere-pe-tir dis-cu-tir pu-des-sere-pe-tir dis-cu-tir pu-des-se
polissílabos polissílabos polissílabos polissílabos polissílabos (que têm quatro ou mais sílabas): lan-cho-ne-te in-ter-rom-pi-dalan-cho-ne-te in-ter-rom-pi-dalan-cho-ne-te in-ter-rom-pi-dalan-cho-ne-te in-ter-rom-pi-dalan-cho-ne-te in-ter-rom-pi-da
A separação das sílabas não é complicada. Para começar, veja alguns grupos
de letras que nãonãonãonãonão podem ser separados:
l Não podemos separar as letras dos ditongosNão podemos separar as letras dos ditongosNão podemos separar as letras dos ditongosNão podemos separar as letras dos ditongosNão podemos separar as letras dos ditongos.
Ditongo é a união, numa sílaba, de uma vogal fracavogal fracavogal fracavogal fracavogal fraca (semivogal) com uma
vogal fortevogal fortevogal fortevogal fortevogal forte, por exemplo: sentiuiuiuiuiu, noioioioioite, quauauauauase, direieieieieito, paciênciaiaiaiaia, aceieieieieitar.
A palavra indagaçõesindagaçõesindagaçõesindagaçõesindagações, por exemplo, é terminada em ditongo (õeõeõeõeõe). Deve serseparada assim:
in-da-ga-çõesin-da-ga-çõesin-da-ga-çõesin-da-ga-çõesin-da-ga-ções
7.7.7.7.7. Procure na Cenatexto algumas palavras que tenham ditongo:
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
l Nem todos os dígrafos podem ser separados.Nem todos os dígrafos podem ser separados.Nem todos os dígrafos podem ser separados.Nem todos os dígrafos podem ser separados.Nem todos os dígrafos podem ser separados.
Dígrafo é um grupo de letras que representa um só som, por exemplo: chchchchchegar,
olhlhlhlhlhar, nenhnhnhnhnhum, seguguguguguinte, quququququerer, nascscscscscer, excxcxcxcxceção. Esses dígrafos não podem ser
separados, veja:
lan-cho-ne-telan-cho-ne-telan-cho-ne-telan-cho-ne-telan-cho-ne-te
Há, porém, alguns dígrafos que podem ser separados. São eles: rr,rr,rr,rr,rr, ss, sc, sç,ss, sc, sç,ss, sc, sç,ss, sc, sç,ss, sc, sç,
xcxcxcxcxc. Veja:
as-sun-to in-ter-rom-per des-cer des-ça ex-ce-çãoas-sun-to in-ter-rom-per des-cer des-ça ex-ce-çãoas-sun-to in-ter-rom-per des-cer des-ça ex-ce-çãoas-sun-to in-ter-rom-per des-cer des-ça ex-ce-çãoas-sun-to in-ter-rom-per des-cer des-ça ex-ce-ção
8.8.8.8.8. Procure na Cenatexto algumas palavras que apresentem dígrafos que não
podem ser separados:
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
9. 9. 9. 9. 9. Separe as palavras em sílabas, observando os dígrafos:
a)a)a)a)a) trabalho: ............................................................................................................
b) b) b) b) b) assuntos: ............................................................................................................
c)c)c)c)c) manchete: ..........................................................................................................
d)d)d)d)d) acho: ..................................................................................................................
e)e)e)e)e) olhem: ................................................................................................................
f)f)f)f)f) congresso: .........................................................................................................
57
A U L A1.1.1.1.1. Gustavo e Jeremias têm opiniões contrárias a respeito de como deveria ser o
jornal. Quais são as diferenças entre ambas?
2.2.2.2.2. Ao ler uma notícia em um dos jornaizinhos, Miranda teve uma dúvida. Qual
foi essa dúvida e quais as opiniões de Jeremias e Gustavo a respeito da
questão?
3.3.3.3.3. O personagem Gustavo, na sua última fala, propõe uma solução conciliado-
ra. Qual foi essa solução?
4.4.4.4.4. Segundo os personagens da Cenatexto desta aula, quais seriam as funções de
um jornal de fábrica?
Você percebeu que Jeremias, Gustavo e Miranda têm opiniões diferentes a
respeito do jornal que irão fazer.
Suponha que você também trabalhe na Matrex Construtora e um conhecido
seu, dono de uma pequena fábrica, está interessado em anunciar seu produto no
jornalzinho da Matrex. Para isso, ele quer informações sobre o pensamento da
equipe que irá publicar o jornal e também sobre a linha a ser adotada pelos
jornalistas, quer dizer, que tipo de posição política o jornal defenderá.
Sua tarefa será coletar informações para repassá-las ao pequeno empresário.
A partir de trechos da Cenatexto, é possível organizar algumas informações. Veja
o modelo:
Trecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da Cenatexto
Jeremias estava bastante animado. Fora, realmente, uma feliz idéia essa de
produzirem um jornalzinho da empresa. Como não haviam pensado nisso antes?
Seria interessante, e de muita utilidade, pôr à disposição dos companheiros um jornal
que pudesse, além de dar notícias, comentar e analisar alguns acontecimentos do dia-
a-dia na empresa. Ele já estava há dois anos na Matrex Construtora e nunca havia
pensado em repetir a boa experiência que tivera na Santa Gertrudes. Não havia
dúvidas: se o pessoal topasse, eles haveriam de ter um jornalzinho bem maneiro!
l Informações sobre JeremiasInformações sobre JeremiasInformações sobre JeremiasInformações sobre JeremiasInformações sobre Jeremias
Jeremias trabalhou, anteriormente, em outra empresa, onde teve uma boa
experiência com jornal. Ele acredita que, com a colaboração dos colegas, os
empregados da Matrex Construtora também terão um bom jornal, que possa
comentar e analisar alguns fatos ocorridos na empresa.
Agora, é com você. Reescreva as informações contidas nos fragmentos
transcritos da Cenatexto. Siga o modelo acima. Lembre-se de que irá passar essas
informações ao empresário; por isso, seja objetivo.
1.1.1.1.1. Trecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da Cenatexto
- Acho que devemos falar, mas com moderação. Devemos comentar por alto, dar
a entender... Eu sou contra ficar usando jornal pra bronquear com patrão. Nosso
jornalzinho deve ser mais leve, mais pra lazer, uma diversão, uma forma de unir a
turma – disse Gustavo.
Entendimento
Reescritura
✑
57
A U L A
&
l Informações sobre a opinião de GustavoInformações sobre a opinião de GustavoInformações sobre a opinião de GustavoInformações sobre a opinião de GustavoInformações sobre a opinião de Gustavo
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Trecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da Cenatexto
- Negativo. Não concordo de jeito nenhum com essa idéia. Jornalzinho de
lazer!... Só faltava essa! Nosso jornal deve ser um veículo para divulgar nossas
aspirações, nossos direitos. Deve ser um jornal sério. Lazer a gente tem é na praia,
no bar, no clube – contestou Jeremias.
l Informações sobre a opinião de JeremiasInformações sobre a opinião de JeremiasInformações sobre a opinião de JeremiasInformações sobre a opinião de JeremiasInformações sobre a opinião de Jeremias
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
3.3.3.3.3. Trecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrecho da CenatextoTrechoda Cenatexto
- É, eu também acho. Podemos ter várias seções: cultura, esportes, economia,
humor... Tudo pode ser explorado, desde que os assuntos sejam do interesse do
trabalhador da Matrex Construtora – sugeriu Miranda.
l Informações sobre a opinião de MirandaInformações sobre a opinião de MirandaInformações sobre a opinião de MirandaInformações sobre a opinião de MirandaInformações sobre a opinião de Miranda
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
58
A U L A
Leia e informe-se
CenatextoNa aula anterior, Gustavo, Miranda e Jeremias
se encontraram em uma lanchonete para discutir a respeito de um projeto: a
publicação de um jornal na Matrex Construtora, empresa em que trabalham.
Hoje, voltam a se encontrar na mesma lanchonete, mas contam com a
presença de José, colega que freqüentou durante dois anos a faculdade de
Comunicação.
- Que bom que você deu as caras, José! Miranda falou que tava duro te convencer
– diz Jeremias.
- Ora, Jeremias, só não aceitei de cara porque estou muito apertado no serviço.
Gustavo falou que, no primeiro encontro, vocês comentaram sobre o tipo de jornal,
a linha que pretendem seguir...
- Gente, por falar nisso, minha mulher está encrencando com esse negócio da
gente falar dos nossos direitos, de reclamar das injustiças, de criticar o que precisa
– comenta Miranda.
- Que é isso, Miranda? E a liberdade de expressão? E a liberdade de imprensa
garantida pela Constituição Federal? – questiona José.
- Além do mais, ninguém vai usar o jornal para ofender. Eu nem tenho cara pra
isso – comenta Jeremias.
Gustavo levanta-se inquieto. Dá a impressão de estar descontente com algo e de
não querer manifestar sua opinião.
- O que está havendo, Gustavo? Que cara amarrada é essa? - pergunta José.
- Acho que, na Matrex, tem muito sujeitinho cara-de-pau, que vai querer que a
gente fique denunciando tudo e criticando todos. Se vocês querem saber, eu não sou
a favor da total liberdade de imprensa, não. Muitos jornalistas abusam: caluniam,
mentem, enrolam a gente. Pra tudo tem que ter limite nessa vida.
- O que é isso, Gustavo? Você já parou pra pensar que o governo é que abusa ao
criar leis para censurar, impedindo que determinados assuntos saiam nos jornais? –
pergunta José.
 Jeremias resolve interferir:
- Você é muito novo e não provou o gostinho da censura. Não sabe o que é ver
os jornais limitados a publicarem só o que é do gosto do governo e os órgãos de censura
vendo terrorismo em tudo. Eles não deixavam sair nos jornais nenhuma crítica aos
governantes.
58
A U L A
M Ó D U L O 18
58
A U L A
- É verdade – completa José. – Na época da ditadura, sem liberdade de imprensa,
muito jornalista sério, muito jornal que queria denunciar os abusos, comeu o pão que o
diabo amassou.
- E vocês acham que, com toda essa liberdade que há por aí, para os jornais publicarem
à vontade o que quiserem, as notícias são sempre verdadeiras? Sabem o que acho de tudo
isso? Que a gente tem que ficar é bem esperto e olhar tudo com espírito crítico. Essa história
de jornal que conta as coisas como elas são, é conversa pra boi dormir - afirma Gustavo.
A conversa entrou pela tarde, predominando o tom de divergência e polêmica entre
os amigos.
José afasta-se um pouco do grupo e põe-se a pensar “Sempre foi assim. Jeremias e
Gustavo são muito diferentes: um vê uma coisa, e o outro vê outra. Diante dos mesmos
fatos, cada um adota um ponto de vista, cada um tem a sua opinião...”
Mas, naquele momento, José queria mesmo era mostrar aos colegas as duas reporta-
gens que ele havia escrito.
Na Aula 21, vimos a opinião de um jornalista brasileiro, Villas-Bôas Correia,
sobre a maioria dos temas que hoje retomamos na Cenatexto. Revendo as idéias
expostas naquela aula, podemos compreender algumas posições defendidas na
Cenatexto. Veja este trecho:
“ - Que é isso, Miranda? E a liberdade de expressão? E a liberdade de imprensa
garantida pela Constituição Federal?”
Pensando um pouco nas palavras usadas nessa fala, compreendemos que:
l ConstituiçãoConstituiçãoConstituiçãoConstituiçãoConstituição, ou Carta Magna Carta Magna Carta Magna Carta Magna Carta Magna, é um conjunto de leis ou de normas que
deverão ser cumpridas pelo cidadão como lei maior e mais importante de um
país.
l Liberdade de imprensa Liberdade de imprensa Liberdade de imprensa Liberdade de imprensa Liberdade de imprensa é a liberdade de informação jornalística garantida e
assegurada pela Constituição Federal, com relação a qualquer meio de
comunicação: rádio, cinema, televisão etc. Assim, o jornalista tem o direito de
expressar livremente sua opinião, por qualquer um desses meios.
Dicionário
58
A U L Al Liberdade de expressãoLiberdade de expressãoLiberdade de expressãoLiberdade de expressãoLiberdade de expressão é a livre manifestação do pensamento, pela palavra
escrita ou falada. Contudo, a pessoa que caluniar uma outra, por palavra
falada ou escrita, pode ser processada e condenada pela Justiça. A lei garante
o uso da liberdade de expressão, mas condena o abuso dessa liberdade.
1.1.1.1.1. José faz este comentário:
“Muito jornalista comeu o pão que o diabo amassoucomeu o pão que o diabo amassoucomeu o pão que o diabo amassoucomeu o pão que o diabo amassoucomeu o pão que o diabo amassou.”
Essa é uma expressão bastante popular no Brasil, e aparece registrada no
dicionário no verbete comercomercomercomercomer.
Explique o que José quis dizer com isso.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Agora, veja outras expressões com o verbo come come come come comer, em sentido figurado, e
seus respectivos significados:
l Comer com os olhosComer com os olhosComer com os olhosComer com os olhosComer com os olhos: cobiçar, desejar.
l Comer as letrasComer as letrasComer as letrasComer as letrasComer as letras: pronunciar de modo confuso as palavras.
l Comer os olhos de alguémComer os olhos de alguémComer os olhos de alguémComer os olhos de alguémComer os olhos de alguém: extorquir dinheiro, cobrar preço abusivo por
algo.
Mesmo sem fazer parte de uma expressão, o verbo comer comer comer comer comer é bastante usado
em sentido figurado. Observe:
l ConsumiConsumiConsumiConsumiConsumir: A inflação comeucomeucomeucomeucomeu meu dinheiro.
l RoubarRoubarRoubarRoubarRoubar: O tesoureiro comeucomeucomeucomeucomeu muito dinheiro.
l Gastar / DestruirGastar / DestruirGastar / DestruirGastar / DestruirGastar / Destruir: A ferrugem comecomecomecomecome o ferro.
l Omitir / SuprimirOmitir / SuprimirOmitir / SuprimirOmitir / SuprimirOmitir / Suprimir: O escrevente comeucomeucomeucomeucomeu duas palavras.
Apesar da enorme variedade de sentidos e de empregos do verbo comercomercomercomercomer,
dependendo da situação e do objetivo de nossa fala, fica melhor a utilização de
palavras sinônimas.
2.2.2.2.2. Nas frases abaixo, substitua o verbo comer comer comer comer comer por uma palavra apropriada.
Veja o exemplo:
- Algumas empreiteiras comeramcomeramcomeramcomeramcomeram muito dinheiro público, disse o jornalista.
- Algumas empreiteiras roubaramroubaramroubaramroubaramroubaram muitodinheiro público, disse o jornalista.
a) a) a) a) a) A inflação comeucomeucomeucomeucomeu as economias de muitos brasileiros.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Ao escrever a matéria, o repórter comeucomeucomeucomeucomeu duas palavras.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
c)c)c)c)c) Alguns comerciantes estão comendo os olhoscomendo os olhoscomendo os olhoscomendo os olhoscomendo os olhos dos consumidores.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
58
A U L A Sendo muito comum na linguagem do dia-a-dia, a palavra cara cara cara cara cara também
aparece várias vezes na Cenatexto. Veja as expressões registradas no dicionário,
encontradas nesse verbete:
caracaracaracaracara..... S. f. 1.1.1.1.1. A parte anterior da cabeça; rosto. 2.2.2.2.2. Semblante, fisionomia.
3.3.3.3.3. A parte oposta à coroa, geralmente com uma efígie, em certas moedas.
4.4.4.4.4. Fig. Aspecto, aparência, ar. 55555. Ousadia, coragem. 6.6.6.6.6. S. m. Bras. Gír.
Pessoa que não se conhece. 7.7.7.7.7. Indivíduo, sujeito.
Expressões: Cara a caraCara a caraCara a caraCara a caraCara a cara. Face a face, frente a frente. Cara amarradaCara amarradaCara amarradaCara amarradaCara amarrada. Diz-
se da fisionomia de má vontade. Cara de quem comeu e não gostouCara de quem comeu e não gostouCara de quem comeu e não gostouCara de quem comeu e não gostouCara de quem comeu e não gostou.
Aquela que indica má vontade, irritação. Cara de tachoCara de tachoCara de tachoCara de tachoCara de tacho..... Bras. Fam.
Fisionomia própria de quem está desapontado, de quem fica sem saber
o que fazer. Com a cara no chãoCom a cara no chãoCom a cara no chãoCom a cara no chãoCom a cara no chão. Em situação penosa, ou vexatória, como
a de quem prometeu e não pôde cumprir. Dar as carasDar as carasDar as carasDar as carasDar as caras. Aparecer
(pessoa). Dar de cara comDar de cara comDar de cara comDar de cara comDar de cara com. Encontrar-se subitamente em presença de
alguém ou de alguma coisa; dar de rosto com. De cara cheiaDe cara cheiaDe cara cheiaDe cara cheiaDe cara cheia. . . . . Bras. Pop.
Bêbado, embriagado. Fechar a caraFechar a caraFechar a caraFechar a caraFechar a cara. . . . . Amarrar a cara. Cara-de-pau.Cara-de-pau.Cara-de-pau.Cara-de-pau.Cara-de-pau. Diz-
se do indivíduo cínico, caradura. Livrar a cara de.Livrar a cara de.Livrar a cara de.Livrar a cara de.Livrar a cara de. Bras. Pop. Tirar
(alguém) de situação embaraçosa; defender. Meter a cara.Meter a cara.Meter a cara.Meter a cara.Meter a cara. Entrar em
algum lugar sem hesitação, sem cerimônia. Quebrar aQuebrar aQuebrar aQuebrar aQuebrar a caracaracaracaracara..... Bras. Fam.
Não alcançar o que esperava, ou, contra a vontade, perder o que tinha;
sofrer decepção ou malogro; malograr-se, frustrar-se, falhar, fracassar.
Passar por vergonha ou vexame. Ser a cara deSer a cara deSer a cara deSer a cara deSer a cara de..... Parecer-se muito com (o
pai, a mãe, o tio etc., ou com qualquer outra pessoa).
3.3.3.3.3. De acordo com a Cenatexto, indique o significado das seguintes frases:
a)a)a)a)a) Que bom que você deu as carascarascarascarascaras.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
............................................................................................................................
b) b) b) b) b) (...) eu nem tenho caracaracaracaracara pra isso.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
............................................................................................................................
c) c) c) c) c) (...) tem muito sujeitinho cara-de-paucara-de-paucara-de-paucara-de-paucara-de-pau.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
............................................................................................................................
d) d) d) d) d) Que cara cara cara cara cara amarrada é essa?
............................................................................................................................
............................................................................................................................
............................................................................................................................
e) e) e) e) e) Não aceitei de carade carade carade carade cara porque estou apertado no serviço.
............................................................................................................................
............................................................................................................................
............................................................................................................................
Na aula passada, trabalhamos com separação de sílabas. Na aula de hoje,
vamos classificar as palavras de acordo com a sílaba cuja pronúncia é mais forte.
58
A U L AObserve como pronunciamos a palavra cara cara cara cara cara: a sílaba mais forte é -ca -ca -ca -ca -ca. Por
essa razão, ela é chamada de sílaba tônicasílaba tônicasílaba tônicasílaba tônicasílaba tônica. Em toda palavra há uma única sílaba
tônica; as sílabas restantes são chamadas de sílabas átonassílabas átonassílabas átonassílabas átonassílabas átonas..... Compare estas
palavras:
cacacacacara carárárárárá
 a sílaba tônica a sílaba tônica
é a primeira é a última
4.4.4.4.4. Separe as sílabas das palavras abaixo e, a seguir, sublinhe a sílaba tônica:
a)a)a)a)a) liberdade ................................. b)b)b)b)b) ninguém .............................................
c) c) c) c) c) censura ..................................... d)d)d)d)d) vocês ...................................................
e)e)e)e)e) ofender .................................... f)f)f)f)f) limite ...................................................
g)g)g)g)g) vida .......................................... h)h)h)h)h) censurar ..............................................
De acordo com a posição da sílaba tônica, as palavras podem ser classificadas
em oxítonasoxítonasoxítonasoxítonasoxítonas, paroxítonasparoxítonasparoxítonasparoxítonasparoxítonas e proparoxítonasproparoxítonasproparoxítonasproparoxítonasproparoxítonas. Observe que a contagem é sempre
feita da direita para a esquerda.
l Quando a sílaba tônica é a últimaúltimaúltimaúltimaúltima, a palavra é oxítonaoxítonaoxítonaoxítonaoxítona
Por exemplo: caféféféféfé, alguémguémguémguémguém.
l Quando a sílaba tônica é a penúltimapenúltimapenúltimapenúltimapenúltima, a palavra é paroxítonaparoxítonaparoxítonaparoxítonaparoxítona.
Por exemplo: cacacacacara, apertatatatatado.
l Quando a sílaba tônica é a antepenúltimaantepenúltimaantepenúltimaantepenúltimaantepenúltima, a palavra é proparoxítonaproparoxítonaproparoxítonaproparoxítonaproparoxítona.Por exemplo: fáfáfáfáfábrica, ééééépoca.
5.5.5.5.5. De acordo com a posição da sílaba tônica, classifique as palavras abaixo:
a)a)a)a)a) símbolo ..............................................................................................................
b)b)b)b)b) imprensa ...........................................................................................................
c)c)c)c)c) indaga................................................................................................................
d)d)d)d)d) impressão..........................................................................................................
e)e)e)e)e) nesta ..................................................................................................................
f)f)f)f)f) jornalista ...........................................................................................................
1.1.1.1.1. Quais os argumentos apresentados por Jeremias para defender a liberdade
de imprensa?
2.2.2.2.2. José também defende a liberdade de imprensa. Indique os argumentos
apresentados por ele.
3.3.3.3.3. Por que a mulher de Miranda “encrencou” com ele ao saber qual seria a linha
do jornal?
4.4.4.4.4. Por que Gustavo estava de cara amarrada? Qual era a posição dele?
Entendimento
58
A U L A No final da Cenatexto, José deseja mostrar aos colegas algumas reportagens
que ele havia escrito para o jornalzinho.
Como fez dois anos do curso de Comunicação, quis escrevê-las de acordo
com a técnica jornalística.
As reportagens dos jornais precisam fornecer sempre alguns dados básicos
aos seus leitores, informando claramente: quem, onde, quando, o que, por quequem, onde, quando, o que, por quequem, onde, quando, o que, por quequem, onde, quando, o que, por quequem, onde, quando, o que, por que e
comocomocomocomocomo. Além disso, a linguagem deve ser simples e objetiva.
A seguir, temos uma das reportagens de José. Veja se ele realizou bem a tarefa
a que se propôs:
Previdência enfrenta ações judiciais
Mais de 974 mil aposentados e trabalhadores (quemquemquemquemquem) ajuizaram ação na
Justiça contra a Previdência Social (o quêo quêo quêo quêo quê). Os números foram divulgados ontem,
dia 25 de abril. A maioria das ações pede para que a Justiça faça novo cálculo do
valor que os aposentados recebem, mas há também ações trabalhistas e sobre
acidentes de trabalho (por quêpor quêpor quêpor quêpor quê). O estado de São Paulo registra o maior número
de ações (29,22%), no entanto, há participações de todos os estados brasileiros
(ondeondeondeondeonde). Os empregados e aposentados contratam, quase sempre, advogados
especialistas para representá-los nesses casos (comocomocomocomocomo).
O texto seguinte é uma reescritura da notícia que você acabou de ler. Nela, foi
enfatizado o fato de o estado de São Paulo ser campeão de ações contra a
Previdência Social. Observe que até mesmo o título foi alterado.
São Paulo tem mais ações contra a Previdência
São Paulo é o estado brasileiro que mais ajuíza ações contra a Previdência
Social: mais de 974 mil aposentados e trabalhadores, em todo o país, ajuizaram
tais ações. No entanto, 29,22% desse total são de paulistas. A maioria pede para
que a Justiça faça novos cálculos do dinheiro pago aos aposentados, mas há
também há algumas ações trabalhistas e de acidentes de trabalho. A maior parte
das pessoas costuma contratar advogados especialistas para propor essas ações.
1.1.1.1.1. Agora, você vai se colocar no lugar do jornalista continuando a reportagem.
Destaque o fato de a maioria das ações serem propostas por aposentados.
Acrescente informações que você considera interessantes aos seus leitores,
mesmo inventando alguns dados. Para facilitar, aqui vai o início da sua
reportagem.
Maioria das ações contra a Previdência são de aposentados
Embora haja algumas ações trabalhistas e de acidentes do trabalho, a grande
maioria das ações contra a Previdência Social são .................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Reescritura
✑
58
A U L A2.2.2.2.2. Agora você vai reescrever a reportagem destacando o fato de que, apesar de
as ações serem defendidas por advogados especialistas, tudo é muito demo-
rado na Justiça brasileira. Se quiser, conte um caso que você conheça como
exemplo para essa situação. Não se esqueça de dizer quem, o quê, quando,quem, o quê, quando,quem, o quê, quando,quem, o quê, quando,quem, o quê, quando,
onde, comoonde, comoonde, comoonde, comoonde, como e por quêpor quêpor quêpor quêpor quê tudo isso acontece.
As ações contra a Previdência são demoradas e desanimadoras
Feliciano dos Anjos, 68 anos, ex-funcionário da Matrex Construtora, aposen-
tou-se há dois anos. Como aposentado, recebe um terço do salário que tinha na
empresa. ........................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Na Cenatexto de hoje, os personagens discutiram sobre liberdade de im-liberdade de im-liberdade de im-liberdade de im-liberdade de im-
prensaprensaprensaprensaprensa e liberdade de expressãoliberdade de expressãoliberdade de expressãoliberdade de expressãoliberdade de expressão. Você já imaginou como é importante ter
liberdade de pensamento, podendo expressar suas idéias sem que ninguém o
censure? Já pensou o que significa poder dizer o que você pensa?
No entanto, já pensou também nos limites dessa liberdade? Até onde você
pode ir com sua liberdade de pensamento? Será que se pode defender qualquer
opinião, ou existem opiniões que vão contra os princípios mais nobres? Você
poderia defender publicamente o racismo, por exemplo?
Você acha que a liberdade de imprensa está relacionada com a democracia?
Por quê? É importante, na sua opinião, que a imprensa seja livre para denunciar
os escândalos, os corruptos e os corruptores? Isso faz bem para a democracia? Isso
ajuda o país?
A lei brasileira protege aquele que foi ofendido, injustamente, pelos jornais.
A pessoa que foi caluniada, por exemplo,pode até receber dinheiro como
indenização pelos prejuízos morais que sofreu.
Na sua opinião, essa lei dificulta a liberdade de expressão? Por quê?
Pensando sobre esses temas, discuta com os amigos e escreva suas opiniões.
Seja um cidadão consciente, tendo posições claras sobre esses assuntos.
&
Reflexão
59
A U L A
Cenatexto No sábado à tarde, os quatro colegas –
Jeremias, José, Miranda e Gustavo – voltaram a se encontrar. As últimas semanas
haviam sido bastante produtivas: o jornal ganhou um nome, as tarefas foram
distribuídas, a gráfica contratada. O Jornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do Trabalhador já era, praticamente,
uma realidade.
- Ontem, Gustavo, depois daquela conversa na cantina, fiquei pensando nas
suas discussões com Jeremias. Até hoje nada, mas nada mesmo, foi decidido sobre o
jornal sem que vocês não tivessem tido uma boa discussão– disse José.
- É bom que seja assim! Entre jornalistas, opiniões divergentes são sempre bem-
vindas. O Jornal doJornal doJornal doJornal doJornal do TrabalhadorTrabalhadorTrabalhadorTrabalhadorTrabalhador precisa mostrar visões diferentes – comentou
Miranda.
- Vocês podem até dizer que sou implicante e criador de caso, mas acho que nosso
jornal não deve ter opiniões divergentes. O Jornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do Trabalhador tem mais é que
puxar farinha pro nosso saco – contestou Jeremias.
José, conciliador, interrompeu a discussão:
- Calma aí, rapazes! Não quero botar mais lenha na fogueira, não. Eu só queria
comentar que andei lendo umas notícias que me fizeram lembrar dessas eternas
brigas entre Gustavo e Jeremias.
José tirou uns jornais amassados de dentro da pasta e explicou que traziam a
notícia de uma moça que foi demitida porque beijou o namorado em horário de
trabalho.
- O quê?! – estranhou Jeremias. – E o que é que tem isso a ver com minhas brigas
com o Gustavo? Essa eu não entendi. Você ficou maluco?
- Maluco nada. É que sempre fico admirado de ver como, diante de um mesmo
fato, as versões podem ser tão diferentes!... No caso que estou falando, acontece isso:
cada jornalista conta a mesma história, mas do seu jeito, do seu ponto de vista –
respondeu José.
- Agora começo a entender – comentou Miranda. – Gustavo e Jeremias estão
sempre vendo as coisas do seu modo e, como eles são muito diferentes, tudo acaba em
briga.
- Deve ser isso aí, mesmo. Mas vamos parar com essa embromação que eu quero
ver as tais notícias – disse Gustavo.
- Acho bom mesmo. Assim, podemos aproveitar e prestar atenção à linguagem
usada pelos jornalistas.
59
A U L A
M Ó D U L O 18
Leia e informe-se
59
A U L AEscolhido como redator chefe, José se sente à vontade para comentar que quase
sempre o espaço é pouco no jornal e que, por essa razão, os textos têm de ser resumidos.
Lembrou também que a linguagem deve ser clara, simples e objetiva.
- Em jornal, não é bom falar complicado, não – resumiu.
- Tudo bem, José, mas agora, você pode ler pra gente as tais notícias?
Então, José fez pose e começou a leitura da notícia.
Beijo inoportuno
A bancária Regina Beatriz de Souza, ex-funcionária do Banco Agrotec, em
Salinas do Sul (PR), foi demitida do emprego porque, apesar de advertida e
alertada pelo gerente, insistiu em beijar o namorado na presença da clientela.
Segundo o gerente, um funcionário não pode constranger os clientes, obrigando-
os a ficar na fila até que termine a sessão de beijos. Um outro funcionário do banco
disse que ela tinha sido avisada, mas não acatou a orientção da chefia.
Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95
- Nossa, mas que moça mais cara-de-pau, gente! Tá ganhando pra trabalhar e
fica aí dando show em vez de pegar no batente! – comentou Gustavo.
- Deixe de ser precipitado - protestou Jeremias. – Vamos ver a outra notícia.
Puritanismo no Sul
Em Salinas do Sul, no Paraná, uma bancária perdeu seu emprego por ter dado
um beijo no namorado em horário de trabalho e na presença de clientes. A moça
se diz surpresa com a atitude do banco, e o presidente do Sindicato dos Bancários
acredita que houve excesso de puritanismo e de moralismo por parte da empresa.
Assim, ele comentou indignado: “Namorar no trabalho, que eu saiba, nunca foi
falta grave”.
Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95
- Dá até pra entender o que você tá dizendo. A primeira reportagem parece
concordar com a demissão, e a segunda não. A gente vê isso até pelos títulos, gente!...
Tem mais notícia aí, ou só tem essa? – perguntou Gustavo, curioso.
- É a mesma, mas o que interessa é a variação. Aí é que tá o bom da coisa. Tem
uma última. Fiquem bem atentos!
Beijo causa transtorno
A bancária Regina Beatriz de Souza foi demitida pelo banco Agrotec por
causa de um beijo. Ela trabalhava como escriturária em Salinas do Sul (PR) e
estava em serviço quando beijou o namorado. “Acho que eles foram severos
demais”, afirmou a moça. “Foi só um beijinho de nada.” O beijo foi trocado na
manhã do dia 13 de fevereiro. No dia seguinte, Regina recebeu uma comunicação
verbal de que seria demitida por ter cometido falta grave no trabalho. Para o
presidente do Sindicato dos Bancários, houve excesso de moralismo por parte do
banco e, segundo ele, namorar nunca foi justa causa para demitir ninguém. O
gerente, contudo, diz sentir-se seguro quanto à decisão: ela já havia sido avisada
anteriormente. Para ele, a atitude da moça foi imperdoável. “É um absurdo deixar
os clientes constrangidos, esperando o casalzinho acabar de namorar.”
Jornal de Salinas, 14/2/95Jornal de Salinas, 14/2/95Jornal de Salinas, 14/2/95Jornal de Salinas, 14/2/95Jornal de Salinas, 14/2/95
- Viu Jeremias? Esse repórter aqui procurou mostrar que viu os dois lados da
moeda - disse José ao terminar a leitura. E, num tom de brincadeira, ainda comentou
- Quando a gente fizer alguma reportagem, você escreve uma, e Gustavo outra.
Depois, a gente dá um jeito de misturar as duas.
59
A U L A As notícias de jornais, muitas vezes, contam uma história. Nesse caso,
formam textos que apresentam características de narrativas. Entre esses elemen-
tos, estão aqueles já lembrados na aula passada:
o quêo quêo quêo quêo quê (fato)
quemquemquemquemquem (personagens)
quandoquandoquandoquandoquando (localização no tempo)
ondeondeondeondeonde (localização no espaço)
por quêpor quêpor quêpor quêpor quê (razão)
comocomocomocomocomo (modo)
Na Cenatexto de hoje, tivemos oportunidade de ler três notícias. Por elas,
percebemos que:
l Houve a demissão de uma funcionária.
(o quêo quêo quêo quêo quê)
l Os personagens envolvidos são a bancária, o namorado e o gerente.
(quemquemquemquemquem)
l A demissão se deu por causa de um beijo.
(por quêpor quêpor quêpor quêpor quê)
l O fato ocorreu num banco em Salinas, no Paraná.
(ondeondeondeondeonde)
l O fato aconteceu em fevereiro de 1995.
(quandoquandoquandoquandoquando)
l O fato ocorreu no local do trabalho, diante de clientes.
(comocomocomocomocomo)
Ao escrever uma notícia, seja de forma narrativa ou não, é importante
fornecer aos leitores as informações básicas. Mas, além disso, podemos selecionar
outras informações. Na primeira reportagem, por exemplo, o jornalista optou por
transcrever a opinião do gerente e de um colega, ressaltando a razão pela qual a
funcionária foi demitida e deixando de informar quando o fato ocorreu.
Mas, será fácil dar uma notícia sem expressar uma opinião pessoal, mesmo
de maneira bastante disfarçada?
Releia a primeira notícia da Cenatexto, observando os trechos que colocamos
em destaque:
Beijo inoportuno
A bancária Regina Beatriz de Souza, ex-funcionária do Banco Agrotec, em
Salinas do Sul (PR), foi demitida do emprego porque, apesar de advertida eadvertida eadvertida eadvertida eadvertida e
alertada pelo gerentealertada pelo gerentealertada pelo gerentealertadapelo gerentealertada pelo gerente, insistiu em beijar o namorado na presença da clientela.
Segundo o gerente, um funcionário não pode constranger os clientes, obrigan-não pode constranger os clientes, obrigan-não pode constranger os clientes, obrigan-não pode constranger os clientes, obrigan-não pode constranger os clientes, obrigan-
do-os a ficar na fila até que termine a sessão de beijosdo-os a ficar na fila até que termine a sessão de beijosdo-os a ficar na fila até que termine a sessão de beijosdo-os a ficar na fila até que termine a sessão de beijosdo-os a ficar na fila até que termine a sessão de beijos. Um outro funcionário
do banco disse que ela tinha sido avisada, mas não acatou a orientção daela tinha sido avisada, mas não acatou a orientção daela tinha sido avisada, mas não acatou a orientção daela tinha sido avisada, mas não acatou a orientção daela tinha sido avisada, mas não acatou a orientção da
chefiachefiachefiachefiachefia.
Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95Tribuna do Vale, 14/2/95
Observe essa versão do fato. Mesmo o título, “Beijo inoportuno”, é uma
maneira de avaliar a atitude da moça. Depois, o jornalista parece se colocar a favor
da demissão, pois só reproduz opiniões de quem era contra a atitude da moça.
Mais de uma vez, ressaltou o fato de a ex-funcionária ter sido advertida anteri-
ormente, procurando destacar as causas que motivaram a demissão.
Releia, agora, a segunda versão da notícia lida por José.
Redação no ar
59
A U L APuritanismo no Sul
Em Salinas do Sul, no Paraná, uma bancária perdeu seu empregouma bancária perdeu seu empregouma bancária perdeu seu empregouma bancária perdeu seu empregouma bancária perdeu seu emprego por ter
dado um beijo no namorado em horário de trabalho e na presença de clientes. A
moça se diz surpresa com a atitude do bancosurpresa com a atitude do bancosurpresa com a atitude do bancosurpresa com a atitude do bancosurpresa com a atitude do banco, e o presidente do Sindicato dos
Bancários acredita que houve excesso de puritanismo e de moralismohouve excesso de puritanismo e de moralismohouve excesso de puritanismo e de moralismohouve excesso de puritanismo e de moralismohouve excesso de puritanismo e de moralismo por parte
da empresa. Assim, ele comentou indignado: “ Namorar no trabalho, que euNamorar no trabalho, que euNamorar no trabalho, que euNamorar no trabalho, que euNamorar no trabalho, que eu
saiba, nunca foi falta gravesaiba, nunca foi falta gravesaiba, nunca foi falta gravesaiba, nunca foi falta gravesaiba, nunca foi falta grave”.
Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95
Repare que, nessa versão, o jornal parece não concordar com a demissão. O
título da notícia, “Puritanismo no Sul”, já é uma avaliação do fato. Ao contrário
da outra notícia, aqui foram ouvidos apenas os que eram contra a demissão.
Nesse caso, o jornalista destacou os sentimentos da moça e a opinião do sindica-
lista, favorável a ela.
Veja, por fim, o terceiro texto jornalístico que aparece na Cenatexto:
Beijo causa transtorno
A bancária Regina Beatriz de Souza foi demitida pelo banco Agrotec pordemitida pelo banco Agrotec pordemitida pelo banco Agrotec pordemitida pelo banco Agrotec pordemitida pelo banco Agrotec por
causa de um beijocausa de um beijocausa de um beijocausa de um beijocausa de um beijo. Ela trabalhava como escriturária em Salinas do Sul (PR) e
estava em serviço quando beijou o namorado. “Acho que eles foram severosAcho que eles foram severosAcho que eles foram severosAcho que eles foram severosAcho que eles foram severos
demaisdemaisdemaisdemaisdemais”, afirmou a moça. “Foi só um beijinho de nadaFoi só um beijinho de nadaFoi só um beijinho de nadaFoi só um beijinho de nadaFoi só um beijinho de nada.” O beijo foi trocado na
manhã do dia 13 de fevereiro. No dia seguinte, Regina recebeu uma comunicação
verbal de que seria demitida por ter cometido falta grave no trabalhocometido falta grave no trabalhocometido falta grave no trabalhocometido falta grave no trabalhocometido falta grave no trabalho. Para o
presidente do Sindicato dos Bancários, houve excesso de moralismo por parte doexcesso de moralismo por parte doexcesso de moralismo por parte doexcesso de moralismo por parte doexcesso de moralismo por parte do
banco e, segundo ele, namorar nunca foi justa causa para demitir ninguémbanco e, segundo ele, namorar nunca foi justa causa para demitir ninguémbanco e, segundo ele, namorar nunca foi justa causa para demitir ninguémbanco e, segundo ele, namorar nunca foi justa causa para demitir ninguémbanco e, segundo ele, namorar nunca foi justa causa para demitir ninguém. O
gerente, contudo, diz sentir-se seguro quanto à decisão: ela já havia sido avisadaela já havia sido avisadaela já havia sido avisadaela já havia sido avisadaela já havia sido avisada
anteriormenteanteriormenteanteriormenteanteriormenteanteriormente. Para ele, a atitude da moça foi imperdoávelfoi imperdoávelfoi imperdoávelfoi imperdoávelfoi imperdoável. “É um absurdo deixarÉ um absurdo deixarÉ um absurdo deixarÉ um absurdo deixarÉ um absurdo deixar
os clientes constrangidos, esperando o casalzinho acabar de namoraros clientes constrangidos, esperando o casalzinho acabar de namoraros clientes constrangidos, esperando o casalzinho acabar de namoraros clientes constrangidos, esperando o casalzinho acabar de namoraros clientes constrangidos, esperando o casalzinho acabar de namorar.”
Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95Jornal Sulino, 14/2/95
Desta vez, já no título, “Beijo causa transtorno”, o jornalista foi bastante
neutro. Procurando levar em conta os dois lados da questão, ele apresentou os
vários pontos-de-vista: da moça demitida, do gerente e do sindicalista. Dessa
forma, o texto dá ao leitor a impressão de imparcialidade e neutralidade.
A vantagem dessa última forma de construção da notícia é a verificação de
todas as posições e de todos os implicados. Pois, assim temos a grande diferença
entre uma história de ficção (como a literatura traz) e uma história real contada
pelo jornal. Nesse último caso, não podemos ignorar os direitos das pessoas
envolvidas.
Agora, leia com atenção duas versões de uma mesma notícia. A que leva por
título “Trabalhador alcoolizado””””” foi escrita por Gustavo e a outra, com o título
“Questão de saúde”, foi escrita por Jeremias. As duas notícias foram para o JornalJornalJornalJornalJornal
do Trabalhadordo Trabalhadordo Trabalhadordo Trabalhadordo Trabalhador, da Matrex Construtora.
Trabalhador alcoolizado
C. T. R., 17 anos, foi demitido, na semana passada, da Matrex Construtora. A
demissão se deu porque, apesar de alertado, o empregado insistiu em compare-
cer ao trabalho embriagado. O chefe do Departamento de Obras ressaltou que ele
havia sido avisado, mas, mesmo assim o fato voltou a acontecer. Comentou
também que ele já havia, inclusive, sido suspenso pelo mesmo motivo. “A nossa
empresa tem 834 empregados, já pensou se todos resolvem tomar um pileque
antes de vir trabalhar?”, indaga o chefe.
(versão de Gustavo)
59
A U L A Questão de saúde
Na semana passada, mais um brasileiro ficou desempregado. Trata-se de C.
T. R., de 17 anos, que foi demitido da Matrex Construtora por apresentar
problemas de alcoolismo. O menor contratou advogado para pleitear, na Justiça,
a sua reintegração à firma. Para casos como o de C. T. R., seria correto tratar o uso
de álcool no trabalho como um problema de saúde. Segundo o advogado
contratado, “a empresa deveria prestar assistência aos dependentes, não demiti-
los”. Ele até ressaltou que “a política de encaminhar o funcionário para tratamen-
to médico é a atualmente adotada pelos países de Primeiro Mundo”.
(versão de Jeremias)
Observe que, nessas duas versões da notícia, cada jornalista puxou para um
lado da questão (assim como ocorreu em “Beijo inoportuno””””” e “Puritanismo no
Sul”). Agora, fazendo de conta que vocêacaba de ser contratado como repórter
do Jornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do TrabalhadorJornal do Trabalhador, escreva um texto neutro e imparcial para a notícia que
você acabou de ler. Considere todos os dados disponíveis, não esquecendo de
acrescentar um novo título à sua notícia. Siga as instruções:
l O fatofatofatofatofato
l QuandoQuandoQuandoQuandoQuando ocorreu
l Por quePor quePor quePor quePor que razão aconteceu
l ComoComoComoComoComo ocorreu
l A quemquemquemquemquem está ligado
l OndeOndeOndeOndeOnde aconteceu
Antes de escrever seu texto, releia as notícias “Beijo inoportuno”, “Puritanis-
mo no Sul” e “Beijo causa transtorno”. Dessa forma, ficará mais fácil. Bom
trabalho!
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
&
59
A U L AMoacyr Scliar é um escritor brasileiro que costuma utilizar notícias de jornal
para produzir textos literários. Leia, a seguir, um de seus textos. É interessante
observar, entre outras coisas, como a linguagem jornalística é diferente da
linguagem literária.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
TODO O PODER AO BEIJO
Saideira
chamado “Amor Frustrado”, foi lançado
com grande sucesso; aspirando seu melan-
cólico odor as pessoas chegavam às lágri-
mas.
Façam o amor, não o comércio, era o slogan
de um novo movimento de jovens, que
invadiam lojas para se
beijar diante de espan-
tados gerentes.
Um filósofo francês
escreveu, às pressas,
um volume de mais
de quinhentas pági-
nas, provando que há
uma continuidade
entre o ato de vender
e o de beijar, ambos
fazendo parte da
grande área formada
pelas trocas amo-
rosas.
Em muitos países, me-
didas de proteção a
apaixonados foram
adotadas. Por exem-
plo, a criação do Dia
do Beijo.
Empresas avançadas
passaram a incluir a
capacidade de beijar
nos planos de contro-
le de qualidade. Re-
produções do famoso
trabalho de Rodin,
“O Beijo”, circulavam aos milhões pelo
mundo.
É claro que muitos não gostavam disto.
Imoralidade, bradavam alguns. É o fim da
civilização, gritavam outros.
Aos poucos, o assunto foi sendo esquecido.
O comércio voltou a vender como sempre.
Mas nem por isso os namorados deixaram
de se beijar. Nas lojas ou fora delas.
Fonte: Fonte: Fonte: Fonte: Fonte: Moacyr Scliar, Moacyr Scliar, Moacyr Scliar, Moacyr Scliar, Moacyr Scliar, jornal Folha de São Folha de São Folha de São Folha de São Folha de São
Paulo,Paulo,Paulo,Paulo,Paulo, 27/4/95.
A notícia de que uma comerciária tinha
sido demitida por beijar o namorado na
loja, enquanto trabalhava, logo se espalhou
pelo país – e provocou comoção generali-
zada.
Muitas pessoas ficaram consternadas, en-
tre elas uma senhora
que estava no esta-
belecimento no exato
momento do inciden-
te, ou seja, da súbita
manifestação de
paixão.
“Foi uma coisa tão
bonita”, disse ela às
amigas, “mas tão bo-
nita que eu tinha de-
cidido fazer minhas
compras só lá. Afi-
nal, uma funcionária
tão carinhosa só pode
ser boa pessoa. Ago-
ra não boto mais os
pés naquele lugar.”
Mas as reações não
se limitaram à cons-
ternação. Imediata-
mente formou-se um
grupo – trabalhado-
res, profissionais li-
berais, intelectuais –
decididos a lutar pela
causa da jovem. Um
manifesto foi divul-
gado pela imprensa, abaixo-assinados co-
meçaram a circular.
E o protesto se estendeu imediatamente a
outros países. Ondas de paixão magoada
percorreram o globo. Por toda parte, ena-
morados protestavam; e, por a parte, o
protesto ganhou as ruas, as associações, as
manchetes de jornal. Julieta não pode mais
beijar Romeu, dizia uma delas, e outra:
Serão os namorados uma espécie em
extinção? O caso inspirou poemas, can-
ções, peças de teatro. Um novo perfume,
Beijo no trabalho provoca demissãoBeijo no trabalho provoca demissãoBeijo no trabalho provoca demissãoBeijo no trabalho provoca demissãoBeijo no trabalho provoca demissão
A comerciária Neuma Simone
Andrade Leal, 26, foi demitida pela
empresa Lojas Brasileiras por
causa de um beijo. Ela trabalha-
va como caixa da empresa em
Petrolina (a 760 km de Recife – PE) e
estava em serviço quando beijou o
namorado Amílton dos Santos. “Foi
só uma bitoquinha, de leve”, afirmou
ela. O beijo aconteceu quando Santos
a visitou na loja, na tarde de 5 de abril
passado. No dia seguinte, ao retornar
ao trabalho, Neuma Leal recebeu um
comunicado da empresa avisando
que estava suspensa por um dia. A
justificativa era a de que ela havia
cometido “erros gravíssimos” ao bei-
jar “boca a boca com alguém do sexo
oposto”. A comerciária decidiu en-
tão procurar o Sindicato dos
Comerciários e a Subdelegacia do
Trabalho.
&
&
&
&
&
&
&
&
60
A U L A
Cenatexto
Alô, ouvintes!
Dona Araci, funcionária já aposentada, ainda
trabalha na empresa e até hoje gerencia a cantina em que atende os empregados,
sempre fazendo um comentário sobre política, economia, futebol, educação, vida
de gente famosa... Mais parece uma fonte ambulante de notícias nacionais e
internacionais.
- Um pão de queijo e uma média bem quentinha, dona Araci.
- Que folga é essa, Luís? Você não deveria estar trabalhando agora?
- Peraí, que esse corpo também merece atenção. Horinha de folga é pra essas
coisas, e pra dois dedos de prosa com a senhora. Que tal?
- Isso é bom! Gostei.
- Bom é esse pão de queijo! Que delícia! Ainda mais assim, ouvindo essa
musiquinha suave. Esse seu rádio não descansa, hem, dona Araci? Cá pra nós, a
senhora não acha que uma televisão, daquelas pequenas, daria mais ibope aqui?
- E quem ia fazer meu serviço? O rádio não me empata.
- A televisão também não atrapalha o serviço de ninguém. O rádio, dona
Araci, já está fora de moda. As pessoas hoje gostam de coisas mais modernas. A
senhora devia trocar.
- Rapaz, veja lá minha experiência! Nunca ouvi nenhum cliente reclamando do
meu rádio. Ele é meu companheiro, vai comigo aonde vou e cabe na minha bolsa. Ele
me acorda e me faz companhia o dia inteiro com música, notícia, discussões,
entrevistas, acontecimentos esportivos, anúncios. E o melhor é que ele não interessa
a nenhum ladrão.
- E quem vai querer roubar uma porcaria dessas? Ninguém gosta mais de rádio,
nem os mais antigos. Já era. Só gente atrasada é que gosta.
- Você não sabe de nada. Em outros tempos, essas suas palavras iriam me
aborrecer; mas a idade já me ensinou a ter paciência com quem não sabe o que fala.
Fique sabendo que o rádio ainda é o preferido dapopulação. Ele cobre todo esse Brasil,
levando informação até pros analfabetos. Quer saber de uma coisa? O rádio é a notícia
na bucha. Tudo na hora.
- Atual é programa de televisão que também chega a qualquer lugar. Toda casinha,
em qualquer lugar do Brasil, tem uma antena no telhado.
- Minha casa também tem uma antena no telhado, eu é que não tenho ânimo de
assistir a esses programas de televisão. Quanto às rádios, gosto de todas e de todos
os programas. Aliás, isso já é um vício meu desde criança. Ainda menina, eu ia todos
os dias pra Rádio Tupy, onde meu pai trabalhava.
Percebendo que o rapaz estava interessado na história, dona Araci pôs-se a falar
60
A U L A
M Ó D U L O 19
60
A U L Ado seu assunto predileto. O rádio e seu passado. Com brilho nos olhos, ela contou que
vivera num reino encantado de sonho e informação. A primeira rainha que ela conheceu
pessoalmente foi Linda Batista, desbancada, mais tarde, no concurso de 1948, por sua
irmã Dircinha. Venceu cantando Se eu morresse amanhãSe eu morresse amanhãSe eu morresse amanhãSe eu morresse amanhãSe eu morresse amanhã, de Antônio Maria. Depois
veio Marlene, Dalva de Oliveira, Mary Gonçalves, Emilinha Borba, Ângela Maria, Vera
Lúcia, Dóris Monteiro e tantas outras.
O rapaz pediu mais um café e dona Araci lhe serviu cantando, como se temesse
que o assunto fosse interrompido: “Nós somos as cantoras do rádio. Levamos a vida
a cantar. De noite embalamos teu sono; de manhã, nós vamos te acordar ...”
- E Carmen Miranda, a senhora conheceu também?
- Só pela fama. Quando eu estava começando a viver a magia do rádio, a
Pequena Notável já tinha ido para os Estados Unidos, fazer sucesso por lá.
- A senhora já trabalhou em rádio?
- Quando a minha família morava em São Paulo, minha mãe trabalhava na
manutenção do auditório e meu pai era especialista em efeitos sonoros: criava, para
as novelas de rádio, os sons de trovão, passos, portas rangendo e cavalos galopando.
Eu ficava com eles, assistindo encantada. No rádio, só ganhei uns trocados quando
desmaiava de emoção ao ver Cauby Peixoto chegando ao auditório para gravar.
- Desmaiava?
 - É verdade. Segundo alguns, o sucesso dessa celebridade se deveu não apenas
a sua voz incomparável mas também ao tipo de publicidade que o cercava. Seu
empresário contratava moças para que desmaiassem de emoção quando o cantor
passasse. Eles pagavam trezentos cruzeiros pra desmaio com gritinho histérico e
duzentos pra desmaio sem gritinho.
 - Isso é mesmo coisa do passado. Quem é que ia se ocupar com isso hoje? O que
cabe no mundo atual é a imagem, demonstração da verdade. Nada de sonhos e
gritinhos, a imagem não mente. Você viu, tá visto, ninguém te engana. No rádio,
se o locutor quiser, ele imita a voz de uma autoridade e fala o que bem entender.
Veja só: desde os tempos da senhora, já havia engabelação no rádio. Imagina,
agora, como deve ser.
- Engabelação, como diz você, pode haver em qualquer meio de comunicação,
em qualquer época. As notícias, menino, são o resultado de um juízo que alguém faz
de um fato conhecido. Nós - ouvinte, leitor, telespectador - temos que escolher a fonte
de informação em que confiamos mais. Se o noticiário do rádio, da televisão ou do
jornal estiver a serviço de um partido, de uma ideologia ou de qualquer interesse, vai
apresentar o fato dentro dos valores que ele quiser.
- Calma, dona Araci! Já vi que a senhora tá ficando nervosa comigo porque eu
não gosto de rádio. É a mudança dos tempos. Não vamos brigar por causa disso. Outra
hora eu volto aqui pra ouvir mais casos daquela época de reis e rainhas. Agora tenho
que ir. Tchau!
- Tchau, menino! Da próxima vez vou te contar coisas que você não sabe.
&
60
A U L A AlôAlôAlôAlôAlô, aquela famosa saudação do rádio, é uma forma aportuguesada da
palavra inglesa hallohallohallohallohallo. Veja como aparece no dicionário:
alô.alô.alô.alô.alô. [Do ingl. hallo.] Interj. 1.1.1.1.1. Usado para chamar a atenção. 2.2.2.2.2. Usado
como forma de saudação, especialmente ao telefone. 3.3.3.3.3. Exprime surpresa.
S. m. 4.4.4.4.4. Cumprimento.
Alô, alô, Alô, alô, Alô, alô, Alô, alô, Alô, alô, ouvintes!ouvintes!ouvintes!ouvintes!ouvintes! é uma expressão de saudação radiofônica, corres-
ponde, portanto, ao sentido 22222 do dicionário. O dicionário também fornece
muitos sentidos para a palavra rádiorádiorádiorádiorádio. Observe:
rádiorádiorádiorádiorádio11111..... [Do lat. radiu.] S. m. 1.1.1.1.1. Anat. Osso longo situado lateralmente no
antebraço, formando com o cúbito o esqueleto desse segmento. 2.2.2.2.2. Ant.
Raio ou semidiâmetro do círculo.
rádiorádiorádiorádiorádio22222..... [Do lat. cient. radium < lat. radiare, ‘irradiar’.] S. m. Quím.
1.1.1.1.1. Elemento de número atômico 88, radioativo, metálico, branco-prate-
ado, quimicamente aparentado aos alcalinos-terrosos.
rádiorádiorádiorádiorádio33333..... [F. red. de radiofonia.] S. m. 1.1.1.1.1. Radiofonia (1). 2.2.2.2.2. Aparelho ou
conjunto de aparelhos para emitir e receber sinais radiofônicos. 3.3.3.3.3. V.
radiodifusão. 4.4.4.4.4. Aparelho receptor de programas de radiodifusão. S. f.
5.5.5.5.5. Estação emissora desses programas.
Veja com quais sentidos essa palavra apareceu na Cenatexto:
l Ao dizer “ seu rádio não descansa”, Luís se referia ao aparelho; nesse caso,
rádiorádiorádiorádiorádio é um substantivo masculino (ooooo rádio).
l Quando disse “Quanto às rádios, gosto de todas”, dona Araci se referia às
estações emissoras de programa de rádio; nesse caso, rádiorádiorádiorádiorádio é um subs-
tantivo feminino (aaaaa rádio).
l Na frase “o rádio ainda é o preferido da população”, rádiorádiorádiorádiorádio aparece como
radiodifusão, que é a emissão e transmissão de programas rediofônicos.
l Com a frase “ ia todos os dias para a Rádio Tupy”, dona Araci se referia ao
estúdio, o local de onde se originavam e partiam as emissões radiofônicas
daquela estação.
1.1.1.1.1. Dona Araci disse a Luís que devemos escolher a fontefontefontefontefonte de informação em
que confiamos mais. Pelo contexto, entendemos que fonte fonte fonte fonte fonte foi usada em
seu sentido figurado (FigFigFigFigFig.....), veja:
fontefontefontefontefonte..... [do lat. fonte] S. f. 1.1.1.1.1. Nascente de água. 2.2.2.2.2. Bica de onde corre água
potável para uso doméstico. 3.3.3.3.3. O depósito para onde corre. 4.4.4.4.4. Fig. Aquilo
que origina ou produz; origem, causa. 5.5.5.5.5. Fig. Procedência, proveniência,
origem. 6.6.6.6.6. Fig. O texto original de uma obra.
Os significados apresentados são muito parecidos. Indique qual é o mais
adequado para a frase de dona Araci.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
2.2.2.2.2. Crie frases com as seguintes expressões que aparecem na Cenatexto:
a)a)a)a)a) dois dedos de prosa: ........................................................................................
b)b)b)b)b) cá pra nós: ..........................................................................................................
c)c)c)c)c) de mais a mais: .................................................................................................
d)d)d)d)d) a serviço de: .......................................................................................................
Dicionário
60
A U L A3.3.3.3.3. Substitua as palavras destacadas de modo a não alterar o sentido das frases:
a)a)a)a)a) O rádio não me empataempataempataempataempata. .................................................................................
b)b)b)b)b) Dona Araci pôs-se a falar do seu assunto prediletoprediletoprediletoprediletopredileto..... .................................
c)c)c)c)c) Desde então já havia engabelaçãoengabelaçãoengabelaçãoengabelaçãoengabelação no rádio. ...............................................
Observe estas duas frases, ditas por dona Araci:
a)a)a)a)a)Não me animoanimoanimoanimoanimo a tomar essa decisão.
b) b) b) b) b) Eu não tenho ânimoânimoânimoânimoânimo de assistir a esses programas.
Na frase (a), a palavra destacada é um verbo (animaranimaranimaranimaranimar) que significa resolver-
se, decidir-se.
Na frase (b), a palavra ânimoânimoânimoânimoânimo é um substantivo e, nesse caso, significa vontade.
Além de terem significação diferente, as palavras destacadas são pronunci-
adas de forma diferente. Ao falarmos animoanimoanimoanimoanimo, a sílaba que ganha mais força
é -ni--ni--ni--ni--ni- e, ao falarmos ânimoânimoânimoânimoânimo, a sílaba forte é a antepenúltima a-a-a-a-a-.
Na Língua Portuguesa, quase todas as palavras têm uma sílaba tônicasílaba tônicasílaba tônicasílaba tônicasílaba tônica: a
sílaba pronunciada com mais força. Quando a antepenúltima antepenúltima antepenúltima antepenúltima antepenúltima sílaba da
palavra é a tônica, essa palavra é chamada de proparoxítonaproparoxítonaproparoxítonaproparoxítonaproparoxítona. Nesse caso, a
regrinha é: todas as palavras proparoxítonas são acentuadastodas as palavras proparoxítonas são acentuadastodas as palavras proparoxítonas são acentuadastodas as palavras proparoxítonas são acentuadastodas as palavras proparoxítonas são acentuadas.
4.4.4.4.4. Leia o texto abaixo em voz alta e acentue as palavras que apresentam como
tônica a antepenúltima sílaba.
Na decada de 30, os programas basicos das emissoras radiofonicas apresentavam
musica classica e opera. Foi quando surgiram os primeiros idolos desse veiculo,
como a cantora lirica, Christina Maristany.
Em 1931, o Governo, preocupado em encontrar maneiras de esse veiculo
proporcionar-lhe bases economicas mais solidas, provocou polemica entre os
artistas ao autorizar, por decreto, a veiculação de propaganda no intervalo dos
programas.
1.1.1.1.1. Você acompanhou um diálogo entre duas pessoas que têm opiniões diferen-
tes sobre um meio de comunicação - o rádio. Indique qual é a diferença
principal entre a opinião de dona Araci e a de Luís
.
2.2.2.2.2. Escreva as justificativas que Luís apresentou para afirmar que ninguém
gosta de rádio.
3.3.3.3.3. Ao tentar convencer Luís de que o rádio ainda é um eficiente meio de
comunicação, dona Araci argumentava fundamentando-se tanto em sua
opinião pessoalopinião pessoalopinião pessoalopinião pessoalopinião pessoal quanto em fatosfatosfatosfatosfatos. Escreva, no quadro abaixo, alguns desses
argumentos, de acordo com as duas categorias:
FATOFATOFATOFATOFATO OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO
.............................................................. ............................................................
.............................................................. ............................................................
.............................................................. ............................................................
.............................................................. ............................................................
.............................................................. ............................................................
.............................................................. ............................................................
Entendimento
60
A U L A Esta notícia foi criada como se tivesse ido ao ar em um programa radiofô-
nico esportivo. Leia o texto com atenção.
Alô, ouvinte! No ar, o destaque esportivo da semana!
Os brasileiros se alegraramalegraramalegraramalegraramalegraram com a nova façanha do nosso craque
Romário, ontem em Lisboa, durante a noite de gala promovida pelo jornal
português O bolaO bolaO bolaO bolaO bola.
Disputando com o búlgaro Stoichkov e com o italiano Roberto Baggio,
o troféu da Fifa de melhor jogador do mundo em 1994, Romário brilhoubrilhoubrilhoubrilhoubrilhou.
Mesmo antes do resultado, o jogador brasileiro já confiavaconfiavaconfiavaconfiavaconfiava na sua
vitória e mostravamostravamostravamostravamostrava isso distribuindodistribuindodistribuindodistribuindodistribuindo cumprimentos efusivos entre os
participantes da festa.
Ao saber do resultado, Romário declaroudeclaroudeclaroudeclaroudeclarou:
- Esse resultado representa representa representa representa representa o meu esforço durante esses anos. Concorri
com dois grandes craques e vencivencivencivencivenci. Isso me envaidece envaidece envaidece envaidece envaidece muito!
O secretário-geral elogiouelogiouelogiouelogiouelogiou bastante o nosso jogador: “Ele é o único que
enfrentaenfrentaenfrentaenfrentaenfrenta a defesa, não atrasaatrasaatrasaatrasaatrasa a bola, dribladribladribladribladribla de forma única”.
Observe a diferença entre o primeiro parágrafo do texto que acabou de ler e
este a seguir:
Os brasileiros entristeceramentristeceramentristeceramentristeceramentristeceram com a nova façanha do nosso craque
Romário, ontem em Lisboa durante a noite de gala promovida pelo jornal
português O bolaO bolaO bolaO bolaO bola.
Com esse início, sabemos que a notícia será desfavorável ao jogador Romário.
Essa mudança foi provocada pela substituição do verbo alegraralegraralegraralegraralegrar pelo verbo
entristecerentristecerentristecerentristecerentristecer. Você percebe como a troca de apenas um verbo pode modificar
completamente uma notícia.
Sua tarefa é fazer com que a notícia seja coerente a esse novo início, ou seja,
reescrever o primeiro texto de modo que se adapte à alteração. Para isso,
substitua no texto original apenas os verbos destacadosapenas os verbos destacadosapenas os verbos destacadosapenas os verbos destacadosapenas os verbos destacados. Não modifique nada
mais. Vá escrevendo e lendo, para que, ao final, sua notícia tenha sentido. O texto
pode até dizer uma inverdade (uma mentira), mas não deve ser absurdo!
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
Reescritura
✑
&
61
A U L A
Alô, ouvintes!
Na Cenatexto anterior, dona Araci e Luís
discutiram sobre meios de comunicação, em especial, sobre o rádio. Hoje eles
voltam a se encontrar, mas dessa vez... Confira!
Dona Araci estava tão absorta em louças e notícias que foi preciso o rapaz chamar
três vezes para que ela o atendesse:
- Bom dia, Luís! Uma média com pão de queijo?
- Não, não! Infelizmente, agora não tenho tempo. Passei aqui só para deixar
este livro com a senhora. Ontem, comentei com minha irmã aquele nosso papo sobre
rádio e ela, que vive de livro na mão, leu pra mim uma crônica. Acho que a senhora
pode gostar. Foi escrita por um conterrâneo nosso, o Fernando Sabino. A página tá
marcada aí. Pode ler. Agora deixa eu pegar no batente antes que me peguem por aqui.
- Obrigada, rapaz! Apareça pros comentários.Como o movimento àquela hora era fraco e o serviço acabara, dona Araci abriu
o livro na página marcada pelo Luis e passou à leitura:
O rádio, esse mistérioO rádio, esse mistérioO rádio, esse mistérioO rádio, esse mistérioO rádio, esse mistério
Modéstia à parte, também tenho lá minha experiência de rádio.
Quando era menino em Belo Horizonte, fui locutor do programa
“Gurilândia” da Rádio Guarani. Não me pagavam nada, a Rádio Guarani
não passando de pretexto para namorar uma menina que morava nas
imediações (...)
Rádio é mesmo uma coisa misteriosa. Começou fazendo sucesso na
sala de visitas, acabou na cozinha. Cedeu lugar à televisão, que já vai
pelo mesmo caminho. Ninguém que se preze, além das cozinheiras e dos
motoristas de caminhão, tem coragem de se dizer ouvinte de rádio - a
não ser de pilha, colado ao ouvido, quando apanhado na rua em dia de
futebol. Mas a verdade é que tem quem ouça. Ainda me lembro que
Francisco Alves morreu num fim de semana, sem que a notícia de sua
morte apanhasse nenhum jornal antes do enterro: bastou ser divulgado
pelo rádio, e foi aquela apoteose que se viu.
Todo mundo afirma que jamais ouve rádio, e põe a culpa no vizinho,
embora reconhecendo que deve ter uma grande penetração, “principal-
mente no interior”. Os ouvintes, é claro, são sempre os outros.
Cenatexto
61
A U L A
M Ó D U L O 19
61
A U L A
Mas estou pensando no mistério que é o rádio, porque de repente me
ocorreu ter vivido uma experiência para cujas conseqüências não
encontro a menor explicação, e que foram as de não ter conseqüência
nenhuma.
Todo mundo sabe que a BBC de Londres é uma das mais poderosas
e bem organizadas estações radiofônicas do mundo. Seus programas
para o estrangeiro, pelo menos desde a última guerra, se notabilizaram
como o que há de mais completo e eficiente. Entre eles, o que é dedicado
ao Brasil até parece merecer da famosa transmissora uma atenção
especial: são excelentes seus locutores, redatores e funcionários (...) E a
eles devo a especial deferência de ter sido convidado para integrar a
equipe brasileira da BBC durante minha permanência em Londres. Ao
longo de dois anos e meio, chovesse ou nevasse, fizesse frio ou gelasse,
compareci semanalmente aos estúdios do austero edifício da Bush
House em Aldwich, para gravar uma crônica, transmitida toda terça-
feira exatamente às oito e quinze da noite, hora de Brasília, ou zero hora
e quinze de quarta-feira, conforme o Big Ben. Eram em torno de dez
minutos do texto que eu recitava como Deus é servido, seguro de estar
sendo ouvido por todo o Brasil, “principalmente no interior”. E imagi-
nava minha voz chegando a cada cidade, a cada fazenda, a cada lugarejo
perdido na vastidão da pátria amada. Nas próprias capitais, não era
difícil escutar na minha imaginação, alguns milhares de ouvintes dizen-
do “está na hora da crônica do Sabino”, e passando da onda-longa à
onda-curta, depois de ter ouvido com unção a “Hora do Brasil”.
Pois bem - e aí está o mistério que me intriga: sei de fonte limpa que
os programas da BBC têm no Brasil esses milhares de ouvintes. No
entanto, nunca encontrei alguém que me tivesse escutado: nem um
comentário, uma palavra, uma carta, ainda que desfavorável - nada. A
impressão é de que passei todo esse tempo falando literalmente para o
éter, sem que nenhum ouvido humano me escutasse.
Não cheguei a acreditar que os ouvintes, caso eu morresse, acorre-
riam de todos os lados, como para o enterro de Francisco Alves, nem
que, compadecidos, me mandassem um dinheirinho, como para a
campanha da Boa Vontade do Zarur. Mas contava ao menos com aquele
- ou aquela - ouvinte, para quem uma palavra basta, que dirá dez
minutos de falação. E nada. Desiludido, dei por encerrada a minha
carreira radiofônica.
Concluída a leitura, dona Araci fechou o livro, falando consigo mesma:
- Pois saiba, senhor Sabino, que eu ouvia os seus casos pelo rádio.
&
61
A U L ADicionárioA crônica inicia-se com a expressão modéstia à partemodéstia à partemodéstia à partemodéstia à partemodéstia à parte. No dicionário, o
verbete modéstia modéstia modéstia modéstia modéstia aparece assim:
modéstiamodéstiamodéstiamodéstiamodéstia. [do lat. modestia] S.f. 1.1.1.1.1. Ausência de vaidade; despretensão,
desambição; simplicidade. 2. 2. 2. 2. 2. Reserva, pudor, decência, gravidade, com-
postura. 3.3.3.3.3. Moderação, sobriedade.
Sabendo o que significa modéstiamodéstiamodéstiamodéstiamodéstia e considerando que à parteà parteà parteà parteà parte pode signi-
ficar fora, isolado, concluímos que, com modéstia à partemodéstia à partemodéstia à partemodéstia à partemodéstia à parte, o autor quis dizer que
ia falar sobre si e sua experiência confessando sua vaidade sem nenhuma reserva
ou moderação. É como se ele avisasse: “sou vaidoso mesmo”. No entanto, o uso da
expressão modéstia à partemodéstia à partemodéstia à partemodéstia à partemodéstia à parte ameniza a vaidade de quem fala, tornando até
simpática sua confissão.
1.1.1.1.1. Pense em coisas que você realiza tão bem que nem se importa de se elogiar e
de ser chamado de imodesto. Crie, então, frases com a expressão modéstia àmodéstia àmodéstia àmodéstia àmodéstia à
parteparteparteparteparte. Tome como exemplo a frase de Fernando Sabino que acabamos de ver.
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
2.2.2.2.2. A crônica de Fernando Sabino tem outras palavras que merecem uma
consulta ao dicionário: pretexto,pretexto,pretexto,pretexto,pretexto, deferência,deferência,deferência,deferência,deferência, apoteose,apoteose,apoteose,apoteose,apoteose, austero,austero,austero,austero,austero, notabilizarnotabilizarnotabilizarnotabilizarnotabilizar,,,,,
unçãounçãounçãounçãounção. Consultando o dicionário, identifique o sentido que elas têm na
Cenatexto. Depois, crie uma frase empregando a palavra destacada e man-
tendo o mesmo sentido. Siga o modelo:
 “a Rádio Guarani não passando de um pretextopretextopretextopretextopretexto para namorar uma menina”
Sentido da palavra: Sentido da palavra: Sentido da palavra: Sentido da palavra: Sentido da palavra: desculpa
Nova frase: Nova frase: Nova frase: Nova frase: Nova frase: Ele sempre arranja um pretextopretextopretextopretextopretexto para faltar às reuniões noturnas.
a)a)a)a)a) “E a eles devo a especial deferênciadeferênciadeferênciadeferênciadeferência” (...)
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) (...) “foi aquela apoteoseapoteoseapoteoseapoteoseapoteose que se viu.”
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) (...) “compareci semanalmente aos estúdios do austeroausteroausteroausteroaustero edifício” (...)
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
d)d)d)d)d) “Seus programas (...) se notabilizaram notabilizaram notabilizaram notabilizaram notabilizaram como o que há de mais completo
e eficiente.”
..........................................................................................................................................................................................................................................................
e)e)e)e)e) (...) “depois de ter ouvido com unçãounçãounçãounçãounção a Hora do Brasil.”
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
61
A U L A 1.1.1.1.1. Identifique no texto as rádios em que Fernando Sabino teve experiência
como locutor. Em seguida, indique em qual delas a experiência foi como
profissionalprofissionalprofissionalprofissionalprofissional e em qual foi como amadoramadoramadoramadoramador.
2.2.2.2.2. Explique por que Fernando Sabino é conterrâneo conterrâneo conterrâneo conterrâneo conterrâneo de Luís e de dona Araci.
3.3.3.3.3. Explique por que o autor considerou, mais de uma vez, o rádio como um
mistériomistériomistériomistériomistério.
4.4.4.4.4. Na crônica, Fernando Sabino expõe sua opinião sobre o rádio. Você acha que
a opinião dele é mais parecida com a de Luís ou com a de dona Araci?
Justifique sua resposta com base na crônica.
5.5.5.5.5. Indique que passagem da Cenatexto mostra que Fernando Sabino fez uma
avaliação errada em relação ao seu programa de rádio.
Discuta com seus amigos estas questões e compare as respostas. Tente não
ficar no “achismo”: “eu acho isso, você acha aquilo...”; justifiquejustifiquejustifiquejustifiquejustifique sua opinião.
1.1.1.1.1. Você acha que Luís foi indelicado ao mencionar novamente a dona Araci um
assunto que eles já haviam discutido? Você acha que as discussões devem ser
esquecidas ou retomadas até que o assunto se esgote?
2.2.2.2.2. Você concorda com a afirmação de Fernando Sabino de que todo mundo
garante jamais ouvir rádio? Será que ouvir rádio é motivo de vergonha? Por
que as pessoas colocariam a culpa em outras por ouvir rádio? Será que o
rádio, de fato, saiu da sala e foi para a cozinha?
3.3.3.3.3. Fernando Sabino disse que a desilusão o levou a dar fim a sua carreira
radiofônica. Você concorda que a ausência de cartas e comentários indicava
que o programa dele não tinha ouvintes?
Entendimento
Reflexão
&
&
61
A U L ALuís disse a dona Araci que a irmã dele gostava muito de ler:
“ela [minha irmã], que vive de livro na mãoque vive de livro na mãoque vive de livro na mãoque vive de livro na mãoque vive de livro na mão, leu pra mim uma crônica.”
Construindo a frase dessa forma, além de dizer que sua irmã tinha lido uma
crônica, Luís apresentou uma característica da irmã que explicaexplicaexplicaexplicaexplica por que ela
tomou a iniciativa de ler algo para ele. Observe que a característica da irmã vem
no meio da frase, entre vírgulas. O trecho poderia ter sido escrito assim: Minha
irmã leu uma crônica para mim. Ela vive com um livro na mão. Porém, essa forma
de dizer as coisas seria bem menos expressiva do que a construção que fez Luís.
1.1.1.1.1. Crie frases desse tipo usando os elementos que vamos apresentar. Veja o modelo:
Ari Barroso / entendia muito de música / contratava calouros.
Ari Barroso, que entendia muito de música, contratava calouros.
a)a)a)a)a) Rádio Record / foi a pioneira em São Paulo / pertencia a um governador.
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
b)b)b)b)b) Getúlio Vargas / era um presidente muito popular / usava sistematica-
mente o rádio.
.............................................................................................................................
.............................................................................................................................
c)c)c)c)c) A Rádio Nove de Julho / defendia a justiça / teve seus transmissores
lacrados mediante decreto do presidente Médici.
.............................................................................................................................
............................................................................................................................
2.2.2.2.2. Na aula anterior, trabalhamos com verbosverbosverbosverbosverbos na Reescritura. Nesta aula,
trabalharemos com os complementos verbaiscomplementos verbaiscomplementos verbaiscomplementos verbaiscomplementos verbais, isto é, com as palavras ou
expressões que completam o sentido do verbo. Você vai treinar isso comple-
tando o resumo que se segue da história de hoje. Mas, cuidado! Lembre-se
de que alguns verbos aceitam complemento sem preposiçãosem preposiçãosem preposiçãosem preposiçãosem preposição e outros
apenas com preposiçãocom preposiçãocom preposiçãocom preposiçãocom preposição!
O rapaz chamou...................... e emprestou ............................um livro.
Ela abriu o livro e iniciou ................................................................................
A crônica escrita por Fernando Sabino, falava .....................................................
Segundo o autor, quando ele trabalhou na BBC, em Londres, nenhum ouvinte
acompanhou........................................... Isso era um mistério para ele.
Dona Araci acabou a.......................................... , fechou o ..................................
e disse ......................................que ela havia acompanhado.................................
Reescritura
✑
&
62
A U L A
Cenatexto
Alô, ouvintes!
É meio-dia. O barulho de conversas e de talheres
invade a cantina, deixando dona Araci meio confusa. Todos os dias, nesse horário, sua
preocupação é saber se todos estão bem servidos. O movimento está tranqüilo, apesar
do barulho habitual e do grande número de pessoas. Até a pequena mesa do fundo está
ocupada, por dois funcionários que chegaram mais tarde. Um deles é Orlando, um
auxiliar de escritório que não gosta de ficar calado. Em qualquer situação, com
qualquer pessoa, ele consegue iniciar um assunto. Durante esse almoço não está
sendo diferente. Depois de um suspiro, ele começa:
- Numa hora dessas é que eu gostaria de ser rico. Poder fazer o que dá na telha,
não depender de emprego.
- Você não está satisfeito aqui? - pergunta o companheiro de mesa, assustado
com aquela conversa inesperada.
- Estou, sim. Mas o que eu queria, cara, é ter entrado num ônibus ontem e ter
assistido àquele show. Um megashow acontecendo, e eu aqui trabalhando. É mole?
- Aquele de rock, no Rio de Janeiro?
- É, esse aí. Foi um arraso!
- Você gosta mesmo desse conjunto, é?
- Antes eu nem ligava. Mas também eu não sabia que eles eram tão famosos e
fantásticos! Pensa bem: o conjunto de rock mais importante do mundo, aqui, no
Brasil. Até algumas palavras de Português o líder da banda teve o trabalho de
aprender.
- Pelo que sei, não foi esse sucesso todo, não.Dizem que a droga rolou solta.
- Invenção isso aí. O show,cara, agradou geral. Os fãs adoraram, os cantores
e músicos elogiaram a energia da platéia, não teve problema técnico, não aconteceu
nada que precisasse de polícia..
- Você está enganado. Eu sei o que eu estou falando. Acompanho o noticiário
toda manhã quando estou vindo pra cá. Hoje mesmo falaram que a baderna foi grande
por lá. Todo mundo sabe que onde tem rock, tem droga e violência. Teve até filme de
sacanagem.
- Você tá por fora, cara. Eu também acompanhei tudo pelo rádio, desde a
chegada deles ao Brasil até agora. E isso que tô falando, não tirei da minha cabeça, não.
É informação certa. Ou você acha que uma FM de respeito ia mentir?
- Não acho nada. Só sei que discordo completamente de você.
- Mas não é de mim que você tá discordando, eu estou falando o que de fato
aconteceu.
- Você estava lá?
62
A U L A
M Ó D U L O 19
62
A U L A- Claro que não.
- Então? Cada um que se deixe levar pelo que quiser. O pior cego é aquele que
não quer ver. Me dá licença que eu precisoconversar com um amigo ali na outra mesa.
Assim, bruscamente, o colega de mesa de Orlando interrompe a conversa,
levanta e sai levando consigo seu prato e seu copo.
Já que a conversa entre os dois acabou antes de virar briga, voltemos um
pouco no tempo. Você vai acompanhar os fatos que levaram os dois personagens
a terem opiniões tão diversas sobre o mesmo show.
AAAAA VOZVOZVOZVOZVOZ DODODODODO LOCUTORLOCUTORLOCUTORLOCUTORLOCUTOR DEDEDEDEDE RÁDIORÁDIORÁDIORÁDIORÁDIO
O tranqüilo sono de Orlando é interrompido por frases disparadas de seu
rádio-relógio:
“Atenção, turma do balanço! Atenção, rapaziada do pedaço, gente alegre e feliz,
muita atenção! Este som sai daqui de cima e vai cair na sua cabeça. A Mineiríssima
FM tem, hoje, uma programação especialíssima! O show de ontem, hoje com
vocês. A voz de Mick Jagger vai enlouquecer você! Arrasante, galera! Ouça
Angie Angie Angie Angie Angie - música que, no show, fez os cariocas e as cariocas se entregarem aos beijos
e abraços. E dá-lhe, Jagger!”
Ainda sonolento, ouvindo aquela música lenta, Orlando sentiu vontade de
dormir mais um pouco. Isso só não aconteceu porque a voz do locutor voltou
ainda mais animada:
“Curtiu essa, gatinha? Gostou, garotão? Então tem mais. Antes, fique sabendo,
você que perdeu o megashow, o Mick parece que descobriu o elixir da juventude!
Dançou feito louco e cantou sem parar. A simpatia do líder dos Stones ganhou
os brasileiros. Uma professora ensinou a ele umas palavras em Português e ele
apresentou a banda falando a nossa língua, meu irmão! Apresentou o superelegante
Charlie Watts; os guitarristas Ronnie Wood e Keitch Richards. Sem contar a
presença da gatíssima Lisa Fischer. Aumente o volume do seu rádio porque vem
aí, na seqüência:You got roching, Rock in a hard placeYou got roching, Rock in a hard placeYou got roching, Rock in a hard placeYou got roching, Rock in a hard placeYou got roching, Rock in a hard place e ... (I can get no)(I can get no)(I can get no)(I can get no)(I can get no)
SatisfactionSatisfactionSatisfactionSatisfactionSatisfaction.”
De tanto ter ouvido essas músicas pelo rádio, Orlando já consegue cantar
algumas palavras em inglês. E vai cantando enquanto toma seu café.
Antes de desligar o rádio, ele se detém um pouco para ouvir um pouco
mais sobre o show.
“A platéia vibrou com o show, os músicos elogiaram a energia brasileira,
nenhum problema técnico interferiu, e os policiais, felizmente, não tiveram
trabalho com ninguém. Valeu, Mick! Valeram os trinta anos de espera.”
É hora de acompanhar um momento na vida do colega de Orlando, aquele
que discutiu com ele na cantina.
AAAAA VOZVOZVOZVOZVOZ DODODODODO LOCUTORLOCUTORLOCUTORLOCUTORLOCUTOR DADADADADA RÁDIORÁDIORÁDIORÁDIORÁDIO RELIGIOSARELIGIOSARELIGIOSARELIGIOSARELIGIOSA
Parado, esperando o ônibus chegar, ele escuta seu radinho, colado ao
ouvido. Naquele horário, o que tem de melhor, de mais tranqüilo, é a rádio
religiosa com o locutor Aparecido Ladeia. É ele quem, com voz suave, vai
dizendo:
“Faltando dez minutinhos pras seis. Horário brasileiro de verão. E vamos aí, com
62
A U L A nossa programação especial, nesta maravilhosa manhã. Meu caro ouvinte,
acorde e sinta Deus manifestando seu poder. Nós somos seguidores de Cristo.
Por quê? Porque nós herdamos o mundo e precisamos pregar a libertação. Se eu
não a pregasse, poderia estar aí, ó, vítima de drogas, de cigarro, de cocaína.
Estaria roubando ou, quem sabe, atrás das grades. Eu fico tão triste quando vejo
o povo vítima de vícios. Precisamos orar por quem ainda não se libertou. Ontem
mesmo, houve um acontecimento na cidade do Rio de Janeiro que, Deus me
perdoe, mas era obra do demônio. Como é que um pai de família cristão deixa seus
filhos participarem de shows onde o cantor apresenta uma música para o
demônio, dançando de forma escandalosa, enquanto nos telões são exibidos
filmes pornográficos? Alguém me responda: isso leva a algum caminho de
libertação? E a maconha que foi fumada à vontade lá? Na hora das músicas
lentas, os jovens cometiam atos indecorosos. Que ninguém se engane: onde há
rock, há droga e violência. Eu quero ver o povo liberto, por isso prego a palavra
de Cristo. Oremos pelos pecadores. Oremos. Ouça uma belíssima faixa musical
da gravadora Voz Liberdade, dedicada a todos os nossos ouvintes.”
Agora sabemos por que, durante a discussão, os dois rapazes tinham
opiniões tão contrárias sobre o mesmo show. Tendo recebido informações de
fontes diferentes, os dois rapazes sabiam apenas o que ouviram nos programas
de rádio. E neles se basearam ao discutir, sem tentar formar uma opinião pessoal.
Na realidade, nenhum dos dois chegava a mentir, já que apenas reproduziam
aquilo que ouviram.
Mas onde estava o problema da divergência? Será que os locutores mentiram?
Sabe-se que, em várias programações radiofônicas, há o se chama de gillete-
press, isto é, uma cópia grosseira do noticiário da mídia impressa. Os locutores
simplesmente adaptam as notícias publicadas em jornais a seus interesses. Lêem
e transmitem essas notícias como se tivessem presenciado o fato. Vamos imagi-
nar que tanto o locutor da estação ouvida por Orlando quanto o outro tivessem
lido o mesmo comentáriomesmo comentáriomesmo comentáriomesmo comentáriomesmo comentário sobre o show, no mesmo jornalno mesmo jornalno mesmo jornalno mesmo jornalno mesmo jornal. Vamos imaginar que
a notícia impressa era a seguinte:
AAAAA FONTEFONTEFONTEFONTEFONTE COMUMCOMUMCOMUMCOMUMCOMUM
“A primeira noite dos Stones, no Rio de Janeiro, foi magnífica. Os “inventores
do rock” fizeram um megashow. A platéia dançou, fumou e vibrou. Jagger
iniciou com Not fade awayNot fade awayNot fade awayNot fade awayNot fade away. Fez uma pausa e falou em Português: “Boa noite,
Rio de Janeiro! Tudo bem?” (Uma professora de Inglês e Português foi a
responsável por essas poucas palavras que compuseram a versão brasileira do
Voodo loungueVoodo loungueVoodo loungueVoodo loungueVoodo loungue). Outras músicas muito apreciadas pelo público foram: You gotYou gotYou gotYou gotYou got
me rocking, Rock in a hard place, Rocks off, (I can get no) satisfaction,me rocking, Rock in a hard place, Rocks off, (I can get no) satisfaction,me rocking, Rock in a hard place, Rocks off, (I can get no) satisfaction,me rocking, Rock in a hard place, Rocks off, (I can get no) satisfaction,me rocking, Rock in a hard place, Rocks off, (I can get no) satisfaction,
Angie, Midnight rumblerAngie, Midnight rumblerAngie, Midnight rumblerAngie, Midnight rumblerAngie, Midnight rumbler. O ápice se deu com Honky tonk womenHonky tonk womenHonky tonk womenHonky tonk womenHonky tonk women e sua
colagem de vídeos pornôs e imagens oficiais, e Sympathy for the devilSympathy for the devilSympathy for the devilSympathy for the devilSympathy for the devil. Ali
Jagger se superou no balé de trejeitos. O sucesso do show se deveu também ao
trabalho dos guitarristas Ron Wood e Keith Richards, do baterista Charlie
Watts, além da encantadora presença da vocalista Lisa Fischer. Um show
realizado com profissionalismo técnico e artístico para uma platéia que não deu
trabalho.”
62
A U L ATudo isso foi criado para chamar sua atenção sobre a maneira como as
opiniões são formadas. Orlando e seu colega faziam afirmações baseando-se em
falas de locutores que, por sua vez, haviam se baseado no texto de um jornalista.
Na realidade, era a mesma fonte. O curioso é perceber que uma mesma fonte
pôde ser interpretada de modo tão diverso a ponto de produzir opiniões
contrárias.
Isso aconteceu porque os intermediários da notícia, os locutores, imprimi-
ram a ela sua opinião particular, transmitindo apenas os aspectos que lhes
interessavam. O locutor da FM deu grande destaque às canções; o locutor da
rádio religiosa ressaltou o comportamento do líder da banda e o da platéia.
Agora é o seu momento de escrever. A partir de uma notícia de jornal, você
criará dois textos para locutores de programas diferentes: um programa de
música destinado a jovens e um programa religioso.Antes de começar a escrever, pense bem que tom você deve dar à noticia, isto
é, que aspectos dela você deve ressaltar. Cuide também da linguagem de cada
locutor para que os textos sejam convincentes.
OOOOO TEXTOTEXTOTEXTOTEXTOTEXTO-----FONTEFONTEFONTEFONTEFONTE
“O pintor de paredes Ernesto Mulina da Silva, 49, prestou queixa de assédio
sexual na Delegacia da Mulher de São José do Rio Preto (SP), contra a empregada
Maria Natalina dos Anjos Quartieri, 34. Segundo ele, ela o estaria assediando
sexualmente há quatro meses. “Ela vem me mandando bilhetes diariamente”,
disse ele. Os dois são vizinhos há oito anos. O caso foi registrado no dia 31 de
janeiro. (...) Maria Natalina nega as acusações do pintor. Segundo ela, eles
mantinham um caso amoroso que durou quatro meses. O código penal brasileiro
não possui referência à pratica de assédio sexual. Para o advogado José Cury, o
caso poderia ser encarado como perturbação do sossego.”
1.1.1.1.1. A voz do locutor do programa para jovens:A voz do locutor do programa para jovens:A voz do locutor do programa para jovens:A voz do locutor do programa para jovens:A voz do locutor do programa para jovens:
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
2.2.2.2.2. A voz doA voz doA voz doA voz doA voz do locutor do programa religiosolocutor do programa religiosolocutor do programa religiosolocutor do programa religiosolocutor do programa religioso:::::
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
&
63
A U L A
Cenatexto Ferreira, pai de família classe média, esforça-se
para ser um homem bem informado. No entanto, não consegue tempo para ler jornais,
revistas e livros. Menos ainda para ir a cinema, a teatro, ou viajar e fazer novos
contatos. A sua vida, numa cidade grande, tem um ritmo frenético. Como represen-
tante de vendas, precisa visitar muitos clientes e depende de informações novas que
busca, sobretudo, vendo televisão.
Não tem paz nem mesmo quando afrouxa o nó da gravata e desamarra os cordões
do sapato, pois, assim que entra em casa, fica pensando nos próximos clientes. De sua
poltrona, fazendo uso de um controle remoto, ele muda rapidamente os canais de
televisão, passando por todas as programações. Ao acionar o controle, ele pode decidir
o que assistir, em que volume, com que brilho e com que contraste.
Ferreira anda ávido por informações e imagina que essa é a forma mais econômica
e prática de se manter informado. Segundo ele, enquanto a leitura cansa, exige tempo
e dá sono, a televisão nos permite ver e ouvir ao mesmo tempo
E lá vem a voz do menino, à procura do auxílio do pai:
- Pai, me ajuda aqui. Olha só que coisa complicada...
- Psiu! Peraí, peraí menino; só um minutinho.
Depois de vários minutinhos:
- Pai, não consigo fazer sozinho. Me ajuda!
- Filhote, acabou de começar o jornal da noite. Espera aí.
- E agora, pai? Tá passando propaganda. Me ajuda!
- Dá um tempinho aí. Propaganda também interessa. Teu pai precisa saber o que
andam vendendo. Já vai chegar a hora do esporte e preciso de assunto atualizado para
comentar com os clientes.
63
A U L A
M Ó D U L O 20
Assista agora...
63
A U L ADepois disso, vem mais propaganda, mais um capítulo de novela e... mais
trabalho: aquela visita ao cliente, que foi marcada para depois do expediente, quando
haveria mais tempo para discutir. E o filho ali, esperando e perguntando:
- Vai sair de novo, pai? E o meu dever de casa?
- Filho, tenho que fechar um contrato com um cliente que só pode me atender à
noite. Na volta, se você ainda não tiver feito o trabalho, eu ajudo. Tchau!
- Mas... você prometeu me ajudar. Esperei até agora.
- Olha, mais tarde eu te ajudo.
- Preciso pra amanhã, pai.
- Peça a sua mãe - diz o pai saindo.
Indo em direção ao outro aparelho de TV, o menino encontra a mãe, atenta,
assistindo a seu programa.
- Mãe, será que...
- Espera aí, filho. Só mais um pouquinho.
Ele espera um pouquinho e tenta outra vez:
- Estou precisando de que me ajude nesta pesquisa que...
- Logo hoje que vai passar o último capítulo desse seriado, filho...
- Mas quem vai me ajudar?
- Você não está entendendo: é o último capítulo e eu estou louca pra saber como
vai acabar.
- Você sabe como vai acabar. Já leu o livro...
- É, mas na TV é diferente. Às vezes, eles mudam o final.
E assim passam os dias... Mas, nem toda rotina dura para sempre.
&
Observe como o dicionário apresenta a palavra televisãotelevisãotelevisãotelevisãotelevisão, que é o centro do
conflito da Cenatexto de hoje:
televisão.televisão.televisão.televisão.televisão. [de tele-1+ visão] S. f. 11111..... Eletrôn. Transmissão e recepção de
imagens visuais, mediante sinais eletromagnéticos das ondas hertzianas.
2.2.2.2.2. Televisor. 3.3.3.3.3. Meio de comunicação que utiliza a televisão (1) para difundir
informações, espetáculos etc. 4.4.4.4.4. Televisora. [Siglas: TV e tevê.]
No verbete apresentado, há uma informação que leva a mais uma consulta
ao dicionário. Observe:
tel(e)tel(e)tel(e)tel(e)tel(e)-1-1-1-1-1 [do gr. têle] El. comp = “longe”, “ao longe”.
Por essa informação, sabemos que teleteleteleteletele é um radical (uma parte da palavra),
que vem da língua grega (gr.gr.gr.gr.gr.). É muito comum, no vocabulário português, o uso
de radicais gregos para formar palavras. Você aprendeu alguns deles ao estudar
a formação de palavras por composição.
11111. Sabendo que o sentido desse radical é longelongelongelongelonge, , , , , ao longeao longeao longeao longeao longe, indique o que
significam as seguintes palavras (caso não saiba, vá ao dicionário):
a)a)a)a)a) telefotografia: ...................................................................................................
b)b)b)b)b) telegrafia: ..........................................................................................................
c)c)c)c)c) teleguiar: ...........................................................................................................
ddddd))))) telescópio: .........................................................................................................
Dicionário
63
A U L A No dicionário, todas essas palavras vêm com a indicação teleteleteleteletele-1-1-1-1-1. No entanto,
há outras iniciadas por teleteleteleteletele que virão com a indicação teleteleteleteletele-2-2-2-2-2 . Vamos voltar aodicionário:
tel(e)tel(e)tel(e)tel(e)tel(e)-2-2-2-2-2 [de televisão] El. comp = “televisão”.
Nessas palavras, teleteleteleteletele não tem o sentido de longelongelongelongelonge, , , , , ao longeao longeao longeao longeao longe, mas tem,
especificamente, o sentido de televisãotelevisãotelevisãotelevisãotelevisão Portanto, a denominação de tel(e)tel(e)tel(e)tel(e)tel(e)-2-2-2-2-2,,,,,
indica tratar-se de um segundo sentido. Por exemplo: telejornaltelejornaltelejornaltelejornaltelejornal é o noticiário
apresentado pela televisão; telenovelatelenovelatelenovelatelenovelatelenovela é a novela apresentada pela televisão.
22222. Escreva o que significa:
a)a)a)a)a) telespectador: ...................................................................................................
b)b)b)b)b) telecurso: ...........................................................................................................
c)c)c)c)c) televizinho: .......................................................................................................
Voltando à Cenatexto de hoje, observamos que Ferreira tem uma vida muito
agitada, e com “ um ritmo frenético”. Veja o significado dessa expressão, lendo
o verbete no dicionário:
frenéticofrenéticofrenéticofrenéticofrenético. . . . . [do lat. phreneticu] Adj. 1.1.1.1.1. Que tem frenesi; delirante, desvaira-
do, furioso. 2.2.2.2.2. Arrebatado, veemente, exaltado. 3.3.3.3.3. Impaciente, inquieto;
rabugento. 4. 4. 4. 4. 4. Convulso, agitado.
3.3.3.3.3. Em que sentido foi empregada, na Cenatexto, a palavra frenéticofrenéticofrenéticofrenéticofrenético?
.................................................................................................................................
Veja outra palavra da Cenatexto, que encontramos no dicionário:
ávido.ávido.ávido.ávido.ávido. [do lat. avidu] 1. 1. 1. 1. 1. Que deseja ardentemente. 2.2.2.2.2. Ansioso, sôfrego.
3. 3. 3. 3. 3. Avaro, ambicioso, cobiçoso. 4. 4. 4. 4. 4. Voraz, esfaimado, famélico. 5. 5. 5. 5. 5. Sedento,
sequioso.
4.4.4.4.4. Explique em que sentido a palavra ávidoávidoávidoávidoávido foi usada na frase “Ferreira anda
ávido por informações”.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
1.1.1.1.1. Por que Ferreira insiste em afirmar que depende de informações para exercer
sua profissão? Que tipo de informação ele busca?
2.2.2.2.2. Qual a maior vantagem que Ferreira vê na televisão em relação aos jornais,
livros e outros meios de informação?
3.3.3.3.3. De acordo com a história da Cenatexto, quais eram os interesses de cada um
dos três membros da família, naquela noite?
4.4.4.4.4. Com que argumentos o filho procurou convencer a mãe a ajudá-lo no dever
de casa para a escola? Quais os argumentos da mãe do garoto para não ajudá-
lo naquela noite?
Entendimento
63
A U L ASabemos que é muito discutida a influência da televisão na vida das pessoas.
Pensando sobre isso, converse com seus amigos e familiares. Em seguida, escreva
as conclusões a que vocês chegaram.
Tome como base a Cenatexto, considerando as seguintes perguntas como
ponto de partida para a discussão: A televisão afasta ou aproxima os membros de
uma família? Será que podemos generalizar ou precisamos distinguir melhor os
fatos? Que contribuições os programas de TV dão a sua vida profissional e social?
Você acha que a televisão compete com os livros? As pessoas lêem menos por
causa da televisão? Que sugestões você teria nesse caso?
Alguns estudiosos dizem que as telenovelas prendem a atenção das pessoas
porque preenchem o cotidiano de forma mais viva e emocionante que a vida real.
Você acha que eles têm razão? Justifique sua resposta.
Quais são os aspectos positivos e negativos da televisão?
Este telecurso tem como um de seus instrumentos um programa de televisão.
Ele ajuda você a compreender melhor a sua aula?
O menino, personagem da Cenatexto, não conseguiu que seus pais o atendes-
sem. Ele falou pouco porque, mais de uma vez, foi pedido que fizesse silêncio ou
esperasse. O que será que ele sentiu? Será que aquela situação tão rotineira não
o incomodava mais?
Partindo dessas perguntas, reescreva a história como se fosse contada pelo
garoto.
O objetivo deste exercício é trabalhar com um mesmo fato, contado sob o
ponto de vista de um dos personagens envolvidos na história. As poucas falas do
garoto poderão dar uma idéia de como ele percebia aquela situação. Vimos que
pediu ajuda aos pais para realizar uma tarefa escolar, mas, como não obteve
sucesso, terá de explicar à professora o que aconteceu. Ao reescrever as impres-
sões do menino, parte da história estará na 1ª pessoa e parte na 3ª. Veja o exemplo:
- Não pude fazer o dever porque tive algumas dúvidas e meus pais não puderam
me ajudar - disse André, ao chegar à escola sem o dever de casa pronto.
Também é possível iniciar de outro modo, continuando apenas na 1ª pessoa,
como se o garoto estivesse escrevendo num diário sobre a situação de sua casa.
Veja:
- Ontem à noite se repetiu a mesma situação do dia anterior. Mais uma vez,
fiquei sem completar meu dever de casa. Assim que meu pai...
De acordo com esses exemplos, continue a história abaixo:
Não pude fazer o dever porque eu tive algumas dúvidas e meus pais não puderam
me ajudar. Assim que meu pai entrou em casa, .........................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
&
Reflexão
Reescritura
✑
64
A U L A
Cenatexto Na aula anterior, vimos uma família de classe
média em que o pai, com a desculpa de se informar e de trabalhar, não podia dar
atenção ao filho. A mãe, por sua vez, estava tão interessada no último capítulo de
um seriado que também não lhe dava atenção. Veja agora mais uma parte dessa
história.
Engarrafamento de trânsito era um problema constante e inevitável na vida de
Ferreira. Ele, que vivia sempre tão apressado, sentia-se impotente diante daquela
perda de tempo. Nesse dia, dera carona a Orlando, um colega de trabalho que sempre
sabia de um caso curioso e falava sobre tudo com muito entusiasmo. Assim, lá foi ele,
desfiando mais uma história.
- Foi demais, Ferreira. O cara lá reclamando, esbravejando. Queria chamar a
polícia e jurava que não voltaria pra casa com aquele relógio que vivia atrasando. O
vendedor, o gerente, até o dono da loja já tinham explicado que a garantia estava
vencida e pronto. O negócio era pagar pelo conserto. Mas, o infeliz não desistia e
repetia a mesma história: desde o dia em que comprou aquele relógio caro, nunca mais
teve hora certa; vivia na autorizada e nada de o defeito desaparecer. Resumindo: o cara
ameaçou de todas as formas e o gerente continuou firme. Sabe o que fez o dono do
relógio ganhar um novo? A televisão. É, meu, o cara disse que ia chamar a televisão,
fazer escândalo. Daí, deram um jeito e o rapaz ganhou um relógio novo.
- Isso agora virou moda. É uma boa saída.
- É, mas não concordo com isso, não. Hoje em dia, tudo gira em torno da força
da televisão. O que não passa por ela, parece que não existe.
- Sem exagero, Orlando. As informaçõessão dadas por diversos meios de
comunicação. Você mesmo vive dando notícias que ouve no seu radinho. Há quem
prefira jornal, revista. Eu prefiro a televisão porque ela é mais completa: informa e
diverte. Aliás, isso já tá dando problema lá em casa.
- Aí é que está o problema, Ferreira. Quando queremos ir a um show, a gente
decide pela programação: se informa, escolhe, sai de casa, vai até lá e paga. Pagando,
a gente exige qualidade. Sem qualidade, não tem público. E sem público, não acontece
nada. Com a TV, não. Você fica em casa de bobeira e gruda naquela telinha. O que
vier está ótimo.
- Agora você falou bobagem. Qualquer um sabe que o telespectador é tudo para
uma emissora. E ele está cada dia mais exigente com a qualidade do que vê, com a
verdade das informações.
64
A U L A
M Ó D U L O 20
Assista agora...
64
A U L A- Verdade das informações? Você acha que é justo poucas pessoas terem o poder
de formar opiniões, manipulando a informação a seu favor?
- Orlando, Orlando. Isso aí é papo de vinte anos atrás. Isso é aquele discurso
antigo, contra tudo o que vem da tal classe dominante. A TV pode transmitir uma
fantástica campanha de vacinação, debate político, filme, programa de humor,
esporte...
- Agora você confundiu tudo, Ferreira.
- Deixa eu terminar. Olha, é tão grande o volume de informações a que a gente
pode ter acesso sem sair de casa...
- Vendo só o que eles querem que vejamos.
- Corta essa, Orlando! Hoje em dia, você tem um leque de opções. Até TV a cabo
já temos. Você não precisa ficar preso a uma emissora e pode, se quiser, assistir a seus
programas em inglês, espanhol, alemão.
- Bonito! Pra eu ter esse luxo todo, de uma TV por assinatura, preciso pagar.
Muito chique, mas isso é pago, cara. Quero saber o que pode chegar em minha casa,
sem mais custos pra mim. Eu tô falido, companheiro!
- É grande o número de canais de televisão que não precisam de assinatura: além
das várias emissoras privadas, há as que são do governo. Se você implica com a
publicidade, que é necessária às tevês privadas, pode assistir aos programas das tevês
educativas. É programa educativo do início ao fim, sem interrupção para a publici-
dade.
- Tenha dó, Ferreira. O que a gente tá fazendo nesse trânsito infernal?
- Quer saber de uma coisa? Veja o que gosta, selecione o que lhe convém, que o
resto é papo furado. Mas, não esqueça o seguinte...
- Não, Ferreira! Tenha dó! Vai começar tudo de novo?
Enquanto Ferreira dirigia seu carro, naquele engarrafamento infernal, Orlando
desfiavadesfiavadesfiavadesfiavadesfiava uma história. O que é desfiar uma históriadesfiar uma históriadesfiar uma históriadesfiar uma históriadesfiar uma história? Veja como essa palavra
aparece no dicionário:
desfiar.desfiar.desfiar.desfiar.desfiar. [de des- + fiar1] V.t.d. 1. 1. 1. 1. 1. Desfazer em fios; reduzir a fios. 2. 2. 2. 2. 2. Soltar
em fios ou vapores tênues. 3. 3. 3. 3. 3. Referir-se ou narrar uma história minuci-
osamente, com muitos detalhes. 4. 4. 4. 4. 4. Referir ou expor em seqüência.
5. 5. 5. 5. 5. Passar (rosário) de conta em conta.
1.1.1.1.1. Em que sentido a palavra desfiardesfiardesfiardesfiardesfiar foi usada na Cenatexto?
.................................................................................................................................
Dicionário
64
A U L A A história de Orlando começa assim: “O cara lá reclamando, esbravejandoesbravejandoesbravejandoesbravejandoesbravejando”.
Procurando no dicionário, veja o significado que encontramos para essa palavra:
esbravejar.esbravejar.esbravejar.esbravejar.esbravejar. [de es + bravo + ejar] V.int. 1. 1. 1. 1. 1. Esbravear. 2. 2. 2. 2. 2. Esbravecer,
enfurecer-se, ficar bravo. V.t.i. 3.3.3.3.3. Bradar, gritar com raiva.
2.2.2.2.2. Indique o sentido em que a palavra esbravejaresbravejaresbravejaresbravejaresbravejar foi usada na Cenatexto e, em
seguida, reescreva a frase com um sinônimo dessa palavra.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Orlando afirmou que poucas pessoas formavam as opiniões “manipulandomanipulandomanipulandomanipulandomanipulando
as informações”. Observe em quantos sentidos a palavra manipularmanipularmanipularmanipularmanipular pode aparecer:
 manipular.manipular.manipular.manipular.manipular. [do fr. manipuler] V.t.d. 1. 1. 1. 1. 1. Preparar com a mão; imprimir
forma a (alguma coisa) com a mão. 2. 2. 2. 2. 2. Preparar (medicamentos) com
corpos simples. 3. 3. 3. 3. 3. Engendrar, forjar, maquinar. 4. 4. 4. 4. 4. Fazer funcionar, pôr
em movimento; acionar.
3.3.3.3.3. Ao afirmar que poucas pessoas manipulavam informações, Orlando usou o
sentido figurado para se expressar. Explique o que ele estava querendo dizer
com isso.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
Quando Orlando disse que os capitalistas manipulavam as informações a seu
favor, Ferreira rebateu dizendo que aquela opinião era um discurso antigo contra
a classe dominante. A palavra classeclasseclasseclasseclasse pode ser usada em vários sentidos. Veja:
classeclasseclasseclasseclasse..... S.f. 1 1 1 1 1. Um conjunto, grupo ou divisão de objetos, fatos ou indiví-
duos que apresentam características semelhantes. 22222. Categoria de cida-
dãos baseada nas distinções de ordem social ou jurídica. 33333. Grupo de
pessoas que se diferenciam das outras por suas ocupações, costumes,
opiniões, tendências: a classe dos marítimos; a classe dos artistas; a classe dos
pessimistas. 44444. Categoria de coisas baseadas na qualidade, no valor ou no
preço. 55555. Grupo ou camada social que se organiza em sociedades
estratificadas, caracterizando-se pelas divisão do trabalho e pela distri-
buição de riquezas. 6.6.6.6.6. Aula em que é ensinada certa matéria.
4.4.4.4.4. De acordo com o uso da palavra classeclasseclasseclasseclasse na Cenatexto, temos a divisão da
sociedade em classe baixa, classe médiaclasse baixa, classe médiaclasse baixa, classe médiaclasse baixa, classe médiaclasse baixa, classe média e classe altaclasse altaclasse altaclasse altaclasse alta — termos também
conhecidos por operariado, burguesia operariado, burguesia operariado, burguesia operariado, burguesia operariado, burguesia e eliteeliteeliteeliteelite. Indique em que sentido essa
expressão foi usada por Ferreira e diga se o termo foi aplicado num sentido
negativo ou positivo na Cenatexto.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
55555. Ferreira lembra que hoje temos um leque de opções, no caso da televisão.
Esclareça o significado da expressão leque de opçõesleque de opçõesleque de opçõesleque de opçõesleque de opções.
.................................................................................................................................
.................................................................................................................................
64
A U L A1.1.1.1.1. Que fato provocou toda a discussão sobre televisão entre Ferreira e Orlando?
2.2.2.2.2. Aponte a opinião dos dois personagens em relação ao fato contado por
Orlando.
33333. Por que, na opinião de Orlando, as pessoas são mais exigentes e críticas com
os espetáculos ao vivo do que com aqueles apresentados pela televisão?
44444. Apresente algumas vantagens da tevê apontadas por Ferreira.
55555. A grande novidade em tevê hoje é a televisão a cabotelevisão a cabotelevisão a cabotelevisão a cabotelevisão a cabo: aquela tevê paga porassinatura e que precisa de uma antena especial para ser sintonizada.
Também é chamada de tevê fechadatevê fechadatevê fechadatevê fechadatevê fechada, em oposição às tevês abertastevês abertastevês abertastevês abertastevês abertas, que
podem ser sintonizadas por qualquer aparelho de tevê e não precisam ser
pagas. Orlando afirma que a tevê a cabo é muito cara. Você acha que esse
comentário de Orlando contesta a posição de Ferreira, que tentava apresen-
tar a TV a cabo como uma ótima opção para quem quer variedades na
programação? Por quê?
Ao contar um fato, Orlando não diz quais foram as falas das pessoas
envolvidas na história. Ele apenas mencionou, resumidamente, o conteúdo.
Reconte a história da Cenatexto imaginando as falas dos personagens
envolvidos. Nessa história temos o indivíduo que comprou um relógio, o
vendedor, o gerente, o dono da loja e um entrevistador de televisão. Todos devem
ter sua fala adequada à situação.
Para facilitar seu trabalho, a história será transcrita, a seguir, dividida em
partes destacadas. Continue, de acordo com o modelo:
.......o cara lá reclamando, esbravejando...o cara lá reclamando, esbravejando...o cara lá reclamando, esbravejando...o cara lá reclamando, esbravejando...o cara lá reclamando, esbravejando.
- Eu já disse; isso não pode continuar assim! Eu quero meu dinheiro de volta ou
outro relógio.
Queria chamar a polícia e jurava que não voltaria pra casa com aqueleQueria chamar a polícia e jurava que não voltaria pra casa com aqueleQueria chamar a polícia e jurava que não voltaria pra casa com aqueleQueria chamar a polícia e jurava que não voltaria pra casa com aqueleQueria chamar a polícia e jurava que não voltaria pra casa com aquele
relógio que vivia atrasandorelógio que vivia atrasandorelógio que vivia atrasandorelógio que vivia atrasandorelógio que vivia atrasando.
- Isso é roubo! Acho que o jeito é chamar a polícia. Juro que não volto pra casa
com essa droga de relógio que vive atrasado.
O vendedor, o gerente, até o dono da loja já tinham explicado que a garantiaO vendedor, o gerente, até o dono da loja já tinham explicado que a garantiaO vendedor, o gerente, até o dono da loja já tinham explicado que a garantiaO vendedor, o gerente, até o dono da loja já tinham explicado que a garantiaO vendedor, o gerente, até o dono da loja já tinham explicado que a garantia
estava vencida e pronto. O negócio era pagar pelo conserto.estava vencida e pronto. O negócio era pagar pelo conserto.estava vencida e pronto. O negócio era pagar pelo conserto.estava vencida e pronto. O negócio era pagar pelo conserto.estava vencida e pronto. O negócio era pagar pelo conserto.
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
O infeliz não desistia e repetia a mesma história: desde o dia em que comprouO infeliz não desistia e repetia a mesma história: desde o dia em que comprouO infeliz não desistia e repetia a mesma história: desde o dia em que comprouO infeliz não desistia e repetia a mesma história: desde o dia em que comprouO infeliz não desistia e repetia a mesma história: desde o dia em que comprou
aquele relógio caro, nunca mais teve hora certa; vivia na autorizada e nada de oaquele relógio caro, nunca mais teve hora certa; vivia na autorizada e nada de oaquele relógio caro, nunca mais teve hora certa; vivia na autorizada e nada de oaquele relógio caro, nunca mais teve hora certa; vivia na autorizada e nada de oaquele relógio caro, nunca mais teve hora certa; vivia na autorizada e nada de o
defeito desaparecer.defeito desaparecer.defeito desaparecer.defeito desaparecer.defeito desaparecer.
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Resumindo: o cara ameaçou de todas as formas e o gerente continuou firme.Resumindo: o cara ameaçou de todas as formas e o gerente continuou firme.Resumindo: o cara ameaçou de todas as formas e o gerente continuou firme.Resumindo: o cara ameaçou de todas as formas e o gerente continuou firme.Resumindo: o cara ameaçou de todas as formas e o gerente continuou firme.
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Entendimento
Reescritura
✑
64
A U L A Sabe o que fez o dono do relógio ganhar um novo? A televisão. É, meu, oSabe o que fez o dono do relógio ganhar um novo? A televisão. É, meu, oSabe o que fez o dono do relógio ganhar um novo? A televisão. É, meu, oSabe o que fez o dono do relógio ganhar um novo? A televisão. É, meu, oSabe o que fez o dono do relógio ganhar um novo? A televisão. É, meu, o
cara disse que ia chamar a televisão, fazer escândalo.cara disse que ia chamar a televisão, fazer escândalo.cara disse que ia chamar a televisão, fazer escândalo.cara disse que ia chamar a televisão, fazer escândalo.cara disse que ia chamar a televisão, fazer escândalo.
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Daí, deram um jeito lá, e o rapaz ganhou um relógio novo.Daí, deram um jeito lá, e o rapaz ganhou um relógio novo.Daí, deram um jeito lá, e o rapaz ganhou um relógio novo.Daí, deram um jeito lá, e o rapaz ganhou um relógio novo.Daí, deram um jeito lá, e o rapaz ganhou um relógio novo.
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Organize todas as opiniões levantadas pelos dois personagens. O ponto de
partida para a sua reflexão será a Cenatexto.
Discutindo uma por uma, faça um esquema apresentando todos os pontos
com os quais você concorda e os pontos dos quais você discorda. Não se esqueça
de apresentar uma justificativa, bem como um argumento para suas opiniões.
Reflexão
&
65
A U L A
Neste módulo, acompanhamos a repercus-
são da televisão na rotina da família Ferreira bem como a divergência de opiniões
sobre sua influência na vida das pessoas. Hoje, veremos como será o dia da
família Ferreira sem televisão. No ar, Cenas da Vida Familiar dos Ferreira.
Depois de oito horas de trabalho, Patrícia sentiu-se aliviada ao chegar em seu
apartamento. Todos os dias, ela é a primeira a chegar e a ligar o televisor em busca
de divertimento, descanso e informação. Hoje, indo em direção à sala, encontrou o
seguinte bilhete:
Patrícia,
Não sei o que aconteceu. Parece que houve um curto-circuito na casa e os dois
aparelhos de TV pifaram. Já chamei os técnicos, mas eles só poderão vir amanhã
de manhã. Ainda bem que não pifou mais nada.
 Um beijo, Ferreira.
Ao contrário do que era de se esperar, a ausência da TV não a incomodou. Foi até
bom. A rotina de todos os dias estava rompida. Patrícia até tinha a sensação de estar
em outro lugar, pois aquele silêncio não combinava com sua casa.
No horário do telejornal, ela nem notou a ausência da voz do apresentador,
informando-a do que acontecia na cidade. Ficou imaginando qual seria a seqüência
da história da novela. Lembrou-se de que, logo depois, haveria a exibição de um filme
muito violento. Sugestionada pelos comentários de uma colega, havia decidido que
proibiria seufilho de assistir àquele filme. Nem seria preciso.
Muitas vezes tentava proibir, mas cedia sempre, e o filho acabava dormindo
assustado. “Por que não deixam esses filmes violentos pra mais tarde?” Pensando
nisso, decidiu que colocaria em prática um plano antigo: escrever uma carta à
emissora de TV que sempre exibia filmes violentos em horário impróprio.
Ia começar a escrever a carta quando Ferreira e o filho chegaram.
Durante o lanche, todos estavam mais falantes do que o habitual. Sem poder
assistir à TV, Ferreira resolveu manter a informação em dia, lendo o jornal de cabo
a rabo.
Assista agora...
Cenatexto
65
A U L A
M Ó D U L O 20
65
A U L A O filho queria acompanhar a final do campeonato. Seu time estava jogando e não
era fácil passar sem ouvir nada. Assim, decidiu acompanhar a partida pelo rádio,
lendo um gibi, estirado na cama.
Com o marido e o filho ocupados, Patrícia ficou zanzando pela casa, ao som da
música vinda do aparelho de som da sala. Folheou partes do jornal do marido,
bisbilhotou o rádio do filho, rabiscou algumas frases no papel em que iniciara a carta...
Sem querer, prestou atenção à notícia transmitida pelo rádio. O que despertou
sua curiosidade foi a coincidência: o rádio noticiava o mesmo fato que ela tinha
acabado de ler no jornal. Mas isso era previsível, pois se tratava de uma notícia
daquele dia, pensou ela.
Assim que o locutor mudou de assunto, ela voltou à notícia impressa para
analisar se era de fato a mesma. Já não sentia falta dos programas da televisão naquela
noite. Estava envolvida em palavras e idéias. Como a carta para a emissora de TV não
saía, deixou o assunto de lado e começou a indagar por que o rádio transmitiu a notícia
de uma forma e o jornal de outra.
Instigada por essa idéia, Patrícia leu mais uma vez a notícia:
EDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃO
Favela do Rio ganha escola de informática
Os moradores da favela Dona Marta (zona sul do Rio) ganharam ontem uma
escola de informática que tem por objetivo dar formação técnica aos moradores.
A idéia partiu do comitê da Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida,
coordenado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, 59.
A iniciativa faz parte da segunda fase da campanha, que visa gerar empregos
para a população.
Dez moradores estão sendo treinados para serem instrutores. O curso vai
durar dois meses e custará R$10,00 por mês. Metade do valor será repassado para
os instrutores.
O projeto é patrocinado pela Igreja Católica, pelo Instituto C&A, pela rede de
dados Jovem Link/BBS e pela Eco (organização não governamental).
O coordenador da escola, Rodrigo Baggio, 26, disse que o projeto deverá ser
estendido a mais oito favelas.
 (Sílvia Noronha)
 Folha de S. Paulo, 19/4/1995 Folha de S. Paulo, 19/4/1995 Folha de S. Paulo, 19/4/1995 Folha de S. Paulo, 19/4/1995 Folha de S. Paulo, 19/4/1995
Uma coisa chamou a atenção de Patrícia: a notícia estava na seção de Educação,
trazendo uma informação bastante detalhada. Tinha até a idade das pessoas de que
falava. Essa precisão era importante, pensava ela. Também notou que não havia
comentários, tratava-se apenas da transmissão de um fato.
Sentiu curiosidade em compará-la com a notícia ouvida no rádio. Reconstruindo
o que tinha ouvido, Patrícia resolveu passar para o papel o texto do rádio, para fazer
melhor a comparação. O texto de Patrícia ficou mais ou menos assim:
65
A U L AAlô, ouvintes!
Novidade no Rio de Janeiro.
A favela Dona Marta tem, a partir de hoje, uma escola de informática. Essa
escola tem por objetivo oferecer formação técnica a seus alunos. O curso terá
duração de dois meses, com mensalidade de dez reais.
Dez moradores já estão sendo treinados para serem instrutores. Metade do
valor das mensalidades será repassada para eles. Que beleza de projeto!
Ouça agora, direto do Rio de Janeiro, o que tem a dizer o coordenador da
escola, Rodrigo Baggio: “A idéia de criar essa escola foi do Comitê da Ação
da Cidadania contra a Miséria e pela Vida, coordenado pelo Betinho.
A segunda parte da campanha vai gerar empregos para a população.
A proposta desse projeto está sendo tão bem aceita pelos moradores que
deverá ser estendida para mais oito favelas”.
É disso mesmo que o Brasil precisa!
Patrícia percebeu que, na notícia de rádio, havia menos detalhes, mas muita
emoção. A notícia tinha até um depoimento do próprio coordenador da escola.
Depois dessas duas formas de transmitir a mesma informação, Patrícia se pôs a
pensar: como seria noticiado esse fato na televisão?
- Genial! Agora é comigo! - disse ela em voz alta, falando sozinha.
- O que foi isso agora? É a falta da TV? - indagou, espantado, Ferreira.
Havia pelo menos três possibilidades. Na primeira, a notícia seria breve, lida
normalmente, sem imagens. Na segunda, haveria imagens da escola e dos
organizadores, enquanto o locutor ia dando a informação. Na terceira, um repórter
seria deslocado para a própria favela e faria uma série de tomadas locais, com
opiniões dos moradores e entrevistas.
A primeira sugestão deveria ser simples. Na TV, uma notícia menos importante
é lida sem imagem de acompanhamento e tem pouca duração. Ficaria assim:
Aberta, hoje, na favela carioca Dona Marta, uma escola de informática por
iniciativa do Comitê da Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida,
coordenado pelo sociólogo Betinho. Com duração de dois meses, os cursos
formarão técnicos em computação. A iniciativa deve ser ampliada para mais
oito favelas nos próximos meses.
Essa notícia, quando lida no ritmo da TV, não chega a 20 segundos. Mas, já seria
muito tempo. A segunda sugestão previa algumas imagens e um texto um pouco mais
informativo, tendo de 30 a 45 segundos de duração. As informações que estão entre
parênteses são para orientar os técnicos e os jornalistas.
(Entrada da notícia com uma manchete lida pelo locutor.)
LocutorLocutorLocutorLocutorLocutor: Aberta, hoje, a primeira escola de informática numa favela carioca.
Imagens da favelaImagens da favelaImagens da favelaImagens da favelaImagens da favela: Tomadas gerais do local em que funcionará a escola de
informática.
(Enquanto isso, ouve-se a voz do locutor.)
LocutorLocutorLocutorLocutorLocutor: Inaugurada, hoje, na favela Dona Marta, no Rio, uma escola de
informática. Mais uma iniciativa do Comitê da Ação da Cidadania contra a
Miséria e pela Vida, coordenado pelo sociólogo Herbert de Souza. Os cursos,
com duração de dois meses, terão mensalidades a baixo preço, destinadas
também ao pagamento dos professores. A iniciativa deverá ser estendida a
mais oito favelas nos próximos meses.
65
A U L A Oferecendo mais detalhes e algumas imagens, essa sugestão tornou a notícia
mais atraente.
No entanto, a terceira alternativa daria ainda mais importância à notícia. Isso
exigia mais detalhes e mais imagens. Patrícia, então, imaginou esta nova versão:
(Entrada da notícia com uma manchete lida pelo locutor.)
LocutorLocutorLocutorLocutorLocutor: A informática entra na favela.
(Cenas do jornalista falando e andando pela favela com tomadas rápidas do
local em que foi aberta a escola. Voz do locutor.)
LocutorLocutorLocutorLocutorLocutor: Inaugurada, hoje, na favela Dona Marta, aqui no Rio, uma escola de
informática. Mais uma iniciativa do Comitê da Ação da Cidadania contra a
Miséria e pela Vida, coordenado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.
O projeto é patrocinado por várias entidades particulares e faz parte da
segunda etapa da campanha, a de geração de empregos para a população
carente.
(Imagens de alunos da escola diante

Mais conteúdos dessa disciplina