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ANÁLISE DE QUESTÕES SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DEONTOLÓGICOS E PREVISÕES ESTATUÍDAS NA LEI 8.906/94 E NO CÓDIGO DE ÉTICA DA OAB 1. Mediante acerto salarial prévio, advogado devidamente inscrito na OAB foi contratado por candidato a prefeito municipal para dar assistência jurídica gratuita a eleitores de determinada cidade, sempre mediante recomendação desse político. O trabalho do profissional da advocacia deverá ficar circunscrito a consultas e a primeiras orientações, com posterior encaminhamento às entidades conveniadas e autorizadas à postulação judicial, desde que haja necessidade. Esse tipo de serviço, em face do regramento ético vigente, a. Não pode ser realizado porque a oferta de serviços jurídicos por terceiro, para terceiros, não gera responsabilidade direta e não cria vínculos profissionais, ferindo o princípio da pessoalidade que deve nortear a atividade do advogado. b. Poderá ser realizado com fundamento no mandamento constitucional que preceitua ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5º, XIII, da Constituição Federal). c. Poderá ser realizado desde que seja solicitada a aprovação do Tribunal de Ética e Disciplina, nos termos do art. 39 do Código de Ética e Disciplina. d. Está desde logo autorizado pelo EAOAB, inciso II, do artigo 1º, que preceitua serem atividades privativas de advocacia as de consultoria, assessoria e direção jurídica. RESPOSTA: O princípio da pessoalidade visa estabelecer a relação entre advogado e cliente, trata-se de um requisito de obrigatoriedade do contato pessoal que deve ser observado pelo advogado. A alternativa “b” está incorreta pois, o artigo 5º, XIII, da CRFB/88, é uma norma constitucional de eficácia contida, isto é, pode ocorrer limitação de sua eficácia por meio de lei, como é o caso do advogado no exercício da advocacia que deve observar as disposições estabelecidas pela OAB. A alternativa “c” se refere ao artigo 39 do Código de Ética e Disciplina que trata sobre a publicidade, não diz respeito a aprovação do Tribunal de Ética e Disciplina para realizar serviços jurídicos. E por fim, apesar do artigo 1º, inciso II, do EAOAB, definir que a consultoria, assessoria e direção jurídica são atividades privativas da advocacia, há vedações a essas atividades, como prevê o artigo 34, IV, do Estatuto e artigo 4, parágrafo único, do Regulamento Geral da OAB. Art. 34. Constitui infração disciplinar: IV - Angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros; Art. 4º A prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB, constitui exercício ilegal da profissão. Parágrafo único. É defeso ao advogado prestar serviços de assessoria e consultoria jurídicas para terceiros, em sociedades que não possam ser registradas na OAB. (grifo nosso). 2. Profissional formado em medicina e em ciências jurídicas, devidamente habilitado e inscrito nas duas entidades de classe, exerceu, por vários anos seguidos, o cargo de conselheiro junto ao respectivo Conselho Regional de Representação Profissional. Conhecedor da legislação específica e dos procedimentos médico-administrativos pertinentes àquela primeira profissão e respectivo Conselho, quer se colocar à disposição para patrocinar a defesa de interessados em processos disciplinares. Para estar em conformidade com os regramentos éticos da Ordem dos Advogados do Brasil, junto ao Conselho Regional de Representação Profissional, a. Não está impedido de atuar em qualquer tipo de defesa pela não-vinculação das profissões. b. Está impedido de patrocinar, pelo prazo de dois anos, todo tipo de defesa de interessados em processos disciplinares. c. Está autorizado a patrocinar apenas os processos disciplinares que derem entrada no órgão a partir do seu desligamento. d. Não está impedido de patrocinar qualquer tipo de defesa em processos disciplinares, salvo se deles tiver anteriormente participado. RESPOSTA: As causas de impedimento ao exercício da advocacia estão previstas no artigo 30 do Estatuto da Advocacia. Dentre as hipóteses nada consta quanto ao patrocínio de defesa em processos disciplinares dos interessados de determinado conselho por parte do conselheiro. Contudo, há vedação quanto aos processos aos quais tenha participado, conforme artigo 22 do Código de Ética e Disciplina: Art. 22. Ao advogado cumpre abster-se de patrocinar causa contrária à validade ou legitimidade de ato jurídico em cuja formação haja colaborado ou intervindo de qualquer maneira; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ou o da sociedade que integre quando houver conflito de interesses motivado por intervenção anterior no trato de assunto que se prenda ao patrocínio solicitado Logo, a alternativa “a” está incorreta, pois diz não haver qualquer limitação na atuação do advogado e como visto ele deve se abster de causas que tenha participado anteriormente. A alternativa “b” também está incorreta, pois não existe prazo estabelecido para que o advogado possa atuar. E por fim, a alternativa “c” da mesma forma está incorreta, tendo em vista que não precisa ocorrer o desligamento do profissional para que este patrocine as causas. 3. Advogado recebeu de empresa imobiliária vários mandatos judiciais para o patrocínio de causas de naturezas diversas, principalmente para demandar direitos decorrentes de compromisso de venda e compra de imóveis loteados e construções pelo regime da lei condominial. O profissional adquiriu para si, mediante compromisso de venda e compra, apartamento em construção para entrega futura, cuja obrigação não foi cumprida pela empresa imobiliária. Para demandar seus próprios interesses contra essa mesma empresa, esse advogado a. Terá que aguardar o término de todas as ações que esteja patrocinando para a empresa e mais o prazo bienal, para que incorra a quebra do sigilo profissional, conforme recomendação do Tribunal de Ética e Disciplina. b. Terá que renunciar a todos os mandatos recebidos da empresa e ser representado por colega que esteja absolutamente desimpedido do sigilo profissional, tendo em vista o não-esgotamento do biênio de incompatibilidade ética recomendado. c. Terá que renunciar apenas aos mandatos recebidos da empresa para as causas relativas aos compromissos de venda e compra, podendo continuar na postulação pela empresa em demandas de ordem adversa, porém representado por colega. d. Não precisará renunciar a nenhum dos mandatos procuratórios da empresa, desde que na causa de seu interesse pessoal seja representado por colega e o sigilo profissional seja resguardado RESPOSTA: Conforme o artigo 35 do Código de Ética e Disciplina da ordem dos advogados do Brasil, cabe ao advogado guardar sigilo sobre informações que obteve no exercício da função, vejamos: Art. 35. O advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão. Parágrafo único. O sigilo profissional abrange os fatos de que o advogado tenha tido conhecimento em virtude de funções desempenhadas na Ordem dos Advogados do Brasil Logo, para o advogado ingressar com demanda pelos seus próprios direitos em face de seu cliente é necessário, primeiramente, renunciar as causas relacionadas a ele para que não ocorra a quebra do sigilo profissional. Os princípios do sigilo profissional e o da confiança entre cliente e advogado são indispensáveis para o exercício da advocacia, não sendo possível mantê-los enquanto demanda contra seu próprio cliente. Há previsão específica quanto a necessidade de renúncia ao patrocínio da causa, se fazendo representar por colega desimpedido, para o arbitramento e cobrança judicial de honorários contra cliente (art. 54 Código de Ética e Disciplina). Nesse mesmo sentido interpreta-se o caso em questão. O advogado se encontra eticamente impedido de pleitear seus própriosdireitos, atuando em causa própria. Por essa razão as alternativas “a”, “c” e “d” estão incorretas. Ademais, não existe um prazo para fim do sigilo entre advogado e cliente, entende-se que esse sigilo é “ad aeternum”, ou seja, não tem fim. 4. O advogado César Augusto foi contratado por um cliente para prestar consultoria e assistência jurídica durante a assinatura de diversas escrituras de doações de imóveis, de pais para filhos e netos, algumas delas com cláusulas de futura colação, outras com cláusulas de fideicomisso e o restante sem quaisquer obrigações vinculativas. Algum tempo depois, a doadora veio a falecer, tendo deixado novos bens a serem inventariados. Para a abertura e acompanhamento do inventário, no entanto, foi contratado um outro advogado. Durante o processo de inventário, os herdeiros se desentenderam e foram remetidos para as vias ordinárias, estando a ação na fase probatória. O consultor Augusto foi arrolado pelo doador dos bens como sua testemunha e intimado pelo juízo para comparecer à audiência e prestar esclarecimentos. De acordo com o regramento ético, César Augusto a. Não deve comparecer à audiência, não havendo necessidade de qualquer justificativa, por estar impedido de depor como testemunha. b. Ainda que tenha sido arrolado como testemunha pelo ex-cliente, deverá comparecer à audiência e recusar-se a depor. c. Tendo sido arrolado como testemunha pelo ex-cliente, deverá comparecer à audiência e prestar esclarecimentos. d. Por ter havido determinação judicial, deverá comparecer e esclarecer o que for de interesse do ex- cliente RESPOSTA: O art. 6º do Estatuto da Advocacia e o art. 38 do Código de Ética determinam o direito do advogado em se recusar a prestar depoimento como testemunha quando há relação com pessoa de quem foi advogado, como é o caso em questão. Art. 6º, XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional; Art. 38. O advogado não é obrigado a depor, em processo ou procedimento judicial, administrativo ou arbitral, sobre fatos a cujo respeito deva guardar sigilo profissional Logo, apesar do dever de comparecimento, o advogado possui a prerrogativa de uma depor, com intuito de preservar o sigilo profissional. Nesse sentido, diz Nucci (2012, p. 498): "o advogado tem o direito de não depor como testemunha, ainda que seu cliente o libere do dever de sigilo e mesmo que seu depoimento produza algum interesse para o constituinte. Trata-se de medida salutar, pois o causídico deve ser o único censor da sua possibilidade de prestar declarações”1 Logo, as alternativas “a”, “c” e “d” estão incorretas. O advogado poderá prestar depoimento em processo que envolva seu cliente, não podendo se recusar a depor. Entretanto, o advogado poderá se recusar a depor sobre fatos de que tomou conhecimento em decorrência de ser exercício profissional, preservando os princípios deontológicos do sigilo profissional e da fidelidade. 5. Instituição de caridade de reconhecida idoneidade pretende atender aos carentes e necessitados de assistência jurídica através de advogados que, em suas horas livres e nos fins de semana, de forma altruística, se ofereceram ao atendimento apenas de consultoria e encaminhamento para os órgãos governamentais, faculdades e ao serviço próprio da Ordem dos Advogados do Brasil, mantido em todas as subsecções. Perante o seu órgão de classe, a atividade desses advogados será tida como de a. Conduta enobrecedora da dignidade da profissão. b. Estimuladores do desenvolvimento dos convênios de assistência jurídica. c. Captatória de clientela. d. Verdadeiros defensores da cidadania e da ordem social democrática. RESPOSTA: Consoante art. 7º do Código de Ética e Disciplina: “É vedado o oferecimento de serviços profissionais que implique, direta ou indiretamente, angariar ou captar clientela”. Logo, a assistência jurídica gratuita em instituição de caridade de consultoria e encaminhamento de demandas para os órgãos governamentais, faculdades e ao serviço da OAB caracteriza captação de clientela e consequentemente a infração ética. Esse é o entendimento jurisprudencial quanto ao tema: 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 12ª Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA EM INSTITUIÇÃO DE CARIDADE - IMPOSSIBILIDADE - CAPTAÇÃO DE CLIENTELA - O atendimento generalizado e o encaminhamento de pessoas, ainda que carentes, a órgãos governamentais e faculdades de direito, para assistência jurídica gratuita, enseja captação de clientela (art. 7ª do CED) e, como conseqüência, infração ética. Por mais altruístas que sejam as intenções e reconhecido o desprendimento, a instituição de caridade será um corredor de triagem e alto trânsito em direção ao escritório, prejudicando a natural distribuição de atividades entre os colegas. O cidadão carente e necessitado de atendimento jurídico deve se habituar a dirigir-se diretamente aos Serviços de Assistência Judiciária, Procuradorias, Escritórios Experimentais de Faculdades que, em face de novos currículos, deverão manter Laboratórios Jurídicos e também à própria Ordem dos Advogados do Brasil. Precedentes. Proc. E-1.776/98 - V.M. em 18/03/99 do parecer e ementa do Rel. Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE - Rev. Dr. FRANCISCO MARCELO ORTIZ FILHO - Presidente Dr. ROBISON BARONI. Portanto, “a”, “b” e “d” estão incorretas, pois apesar da atitude altruísta a instituição de caridade se caracteriza como uma forma de triagem que direciona demandas a determinados órgãos lesando o curso natural de distribuição das atividades entre os demais profissionais. 6. Recentemente, pretendendo mandar confeccionar seus impressos de apresentação, tais como, papel de carta, envelopes, cartões de visita, formulários de petições, bem como um pequeno e discreto anúncio informativo em jornais e revistas especializadas, advogado recém-inscrito na Ordem formulou consulta ao Tribunal de Ética e Disciplina quanto à utilização, em todo o material, da expressão "Dr.". De acordo com as regras deontológicas, a. Não constitui infração à ética, mas é desaconselhável ao advogado que não tenha titulação acadêmica, arrogar-se o tratamento de "Dr." e disso fazer publicidade; da mesma forma que também é desaconselhável ao advogado recusar esse tratamento, quando dirigido por terceiros. b. A utilização, para si, do tratamento de "Dr.", não constitui infração à ética, por ser um privilégio de todas as profissões de nível universitário, desde que o interessado esteja devidamente inscrito no seu órgão de classe. c. Constitui infração à ética o advogado impor e/ou admitir o tratamento de "Dr.", que é um privilégio outorgado apenas aos magistrados e membros do Ministério Público. d. Constitui infração ética e legal o advogado admitir ou utilizar para si próprio o tratamento de "Dr.", se não estiver evidentemente autorizado pelo Ministério da Educação RESPOSTA: No processo nº 1815/1998, ficou estabelecido o seguinte posicionamento: UTILIZAÇÃO INDISCRIMINADA DO TÍTULO DE DOUTOR. Não constitui infração à ética, mas é desaconselhável ao advogado que não tenha titulação acadêmica, arrogar-se o tratamento de Doutor, e disso fazer intensa publicidade. Da mesma forma que, também, é desaconselhável ao advogado recusar esse tratamento, quando dirigido por terceiro, seja por consideração ou respeito à tradição do exercício profissional da advocacia.2 2 SÃO PAULO, OAB. E-3.652/2008. Disponível em: <https://www.oabsp.org.br/tribunal-de-etica-e disciplina/ementario/2008/E3.652.2008#:~:text=INEXIST%C3%8ANCIA%20DE%20TITULA%C3%87%C3% Ainda, segundo o doutrinador Paulo Luiz Netto Lobo (2020, p. 19): Por hábito bastante difundido, no Brasil,costuma-se tratar o advogado por doutor. No entanto, são situações distintas. Doutor é o que obteve o título de doutor em direito, conferido por instituição de pós-graduação credenciada para tanto, com defesa de tese. 3 Logo, com base em tais posicionamentos, entende-se que apesar de não configurar infração ética, é desaconselhável a utilização do termo “Dr.” aos que não possuem titularidade acadêmica. Da mesma forma, não é aconselhado recusar esse tratamento quando lhe dirigido, já que se tornou um hábito no Brasil. Tal modo de tratamento não possui ligação com autorização do Ministério da educação, tão pouco é um privilégio de magistrados ou membros do MP. Logo, as alternativas “b”, “c” e “d” não correspondem com a verdade. 7. Com o advento do atual Código Nacional de Trânsito, que introduziu um novo sistema de pontuação e multas para perda da Carteira de Habilitação do Motorista, foram constituídas inúmeras empresas que cuidam especialmente de defesas e/ou recursos administrativos, em face do estabelecimento das novas penalidades aplicadas e da simplificação dos processos e procedimentos. A legislação vigente estabelece que: a. Sociedade civil ou comercial não registradas na Ordem não podem oferecer nem prestar serviços jurídicos, ainda que de âmbito administrativo. b. Para prestar qualquer tipo de serviços jurídicos, a sociedade civil e/ou comercial deve estar registrada unicamente no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. c. Sociedade civil ou comercial não registradas na Ordem só podem oferecer e prestar serviços jurídicos no âmbito administrativo. d. Não existe qualquer tipo de vedação para que sociedade civil ou comercial possam oferecer ou prestar serviços jurídicos em entidade de trânsito, desde que contratem advogado inscrito. RESPOSTA: A alternativa “b” está incorreta, tendo em vista que, a assessoria jurídica é atividade privativa do advogado, conforme art.1º, II, do Estatuto da OAB. Logo, entende-se ser necessário a inscrição da sociedade civil ou comercial na Ordem para que ocorra o oferecimento de serviços jurídicos, sob pena de constituir exercício ilegal da profissão. Nesse sentido, estabelece o art. 4º do Regulamento Geral da OAB: Art. 4º A prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB, constitui exercício ilegal da profissão. Parágrafo único. É defeso ao advogado prestar serviços de assessoria e consultoria jurídicas para terceiros, em sociedades que não possam ser registradas na OAB Nessa mesma perspectiva, também se enquadra a alternativa “c”, pois como já mencionado, é necessária a regular inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil para que a sociedade civil ou 83O%20ACAD%C3%8AMICA.%20%C3%89TICA%20E%20TRADI%C3%87%C3%83O.%20Ainda,tratamen to%20de%20doutor%2C%20e%20disso%20fazer%20exacerbada%20publicidade.>. Acesso em: 18 out. 2021. 3 LOBO, Paulo Luiz Neto. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB . Saraiva Educação. São Paulo. 2020 comercial preste serviços de assessoria jurídica, mesmo se tratado de assessoria jurídica no âmbito administrativo, sob pena de incorrer nas penalidades previstas no Estatuto da OAB. Por fim, no que tange a alternativa “d”, conforme entendimento jurisprudencial não é aconselhável que o advogado participe, seja como sócio ou profissional, de sociedade civil ou comercial que tem como principal finalidade ingressar em juízo para recorrer de multas de trânsito, pois tal ato concorreria para um desvio de finalidade da profissão da advocacia. Vejamos julgado: Exercício profissional - advogado contratado para atender clientes de terceiros - multas de trânsito - empresa não-inscrita na OAB - captação, mercantilização, publicidade imoderada e concorrência desleal mediante agenciamento - O advogado não deve participar como profissional, ou sócio de estabelecimento empresarial prestador de serviços, que capta clientes entre condutores de veículos autuados por infração de trânsito, facilitando e estimulando a desobediência civil, além de estar colaborando direta e/ou indiretamente com a mercantilização da advocacia. Empresa que não pode ser inscrita na OAB invade o campo profissional da advocacia e prática exercício ilegal da profissão. A situação é agravada com a concorrência desleal, captação de clientes por terceiros, publicidade imoderada e distribuição de valores recebidos para quem não pode advogar. Compete à Subsecção local diligenciar e instaurar processo ético-disciplinar contra os advogados participantes, bem como responder à empresa consulente enviando cópia do julgado e tomando as providências necessárias. (Proc. E-2.705/03 - v.u. em 20/03/03 do parecer e ementa do Rel. Dr. João Teixeira Grande - Rev.ª Dr.ª Roseli Príncipe Thomé - presidente Dr. Robison Baroni). 8. Advogado que, patrocinando interesses de litisconsortes, verificar conflito de interesses entre seus constituintes, e não estando acordes os patrocinados, deve a. Renunciar a todos os mandatos para que não ocorra tergiversação. b. Com a devida prudência e discernimento, optar por um dos mandatos, renunciando aos demais. c. Optar pelo mandato do cliente mais antigo, renunciando aos demais. d. Optar por um dos mandatos e substabelecer os demais, com reserva de poderes. RESPOSTA: O crime de tergiversação, denominado também como “patrocínio infiel” tem previsão no art. 355, parágrafo único do Código Penal: “Art. 355 Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.” O fato em questão diz respeito a litisconsórcio e não partes contrárias, portanto, a alternativa “a” está incorreta, não se configura tergiversação. A alternativa “c” também está incorreta pois, no caso de conflito de interesse entre litisconsórcio o artigo 18 do CED nada diz quanto a escolha do mandato mais antigo, vejamos: “Art. 18 Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando acordes os interessados, com a devida prudência e discernimento, optará o advogado por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo profissional” A alternativa “d” se refere ao substabelecimento com reserva de poderes, que nada mais é do que a transferência temporária dos poderes atribuído ao advogado, por meio do mandado, para um segundo advogado, com limites na atuação. Nesse caso o primeiro advogado se mantém como patrono da causa, e por essa razão não se enquadra ao caso em tela. 9. Para a execução de condômino inadimplente, o advogado que administra condomínio, recebendo remuneração por esse serviço, a. pode contratar e receber novos honorários, inclusive os de sucumbência. b. não pode receber novos honorários, inclusive os de sucumbência. c. pode contratar novos honorários, devolvendo os honorários de sucumbência ao condomínio. d. não pode receber novos honorários, mas terá direito à verba honorária de sucumbência paga pelo condômino. RESPOSTA: A alternativa “a” está incorreta, tendo em vista que, no caso em tela foi estabelecido que o advogado condominial recebe remuneração para o exercício da atividade. À vista disso, receber novos honorários implicaria uma dupla cobrança pelo serviço realizado, configurando-se como infração disciplinar, consoante entendimento dos tribunais: O advogado que administra condomínio, recebendo remuneração por esse serviço, não pode receber novos honorários para a execução de condômino inadimplente. Ainda que não contrate honorários para a cobrança do devedor, obtendo êxito na demanda terá direito à verba honorária de sucumbência que será paga pelo condômino. A ética da beca não permite essa simbiose, impondo o dever de escolha. Proc. E-2.593/02 - v.u. em 22/08/02 doparecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO - Rev.ª Dr.ª ROSELI PRÍNCIPE THOMÉ - Presidente Dr. ROBISON BARONI. Os honorários de sucumbência mencionados na alternativa “b” são devidos ao advogado, independentemente do recebimento de honorários acertados com o cliente, consoante disposição do artigo 22 do Estatuto: Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. Como mencionado no acórdão acima e nos dispositivos apresentados, os honorários sucumbenciais é direito exclusivo do advogado, ou seja, o advogado não deve devolvê-lo ao cliente, in verbis: Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor”. 10. O advogado Augustus, recentemente inscrito na OAB, foi contratado e remunerado por entidade representativa de classe para orientar e dar assistência preventiva e gratuita para todos os funcionários dos associados. Iniciando-se na profissão e não dispondo de escritório próprio, nas horas em que o profissional não estiver de plantão, poderá elaborar trabalhos particulares no mesmo local. Perante o regramento ético, para esse advogado a. Existe óbice, apenas, para a orientação e assistência preventiva aos funcionários dos associados, podendo executar trabalhos particulares no mesmo local. b. Existe óbice para a orientação e assistência preventiva aos funcionários dos associados e para a execução de trabalhos particulares no mesmo local. c. Não existe qualquer óbice, pois executa apenas atividade de orientação e consultoria, podendo desenvolver seus trabalhos particulares no mesmo local. d. Não existe óbice apenas para a atividade de orientação, devendo suspender a atividade de consultoria. RESPOSTA: As alternativas “a”, “c” e “d” estão incorretas, posto que, a decisão da 1ª Turma de Ética Profissional do TED da OAB-SP consolidou o entendimento quanto ao livre exercício profissional do advogado empregado em desempenhar outras profissões, contanto que, não as exerça no mesmo ambiente profissional, sob pena de infração por violação do sigilo profissional ou captação de clientela. Ainda, consoante o artigo 18 do Estatuto: Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia. Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego. (grifo nosso) 11. O aproveitamento e a repetição de trabalhos forenses, desenvolvidos por advogados, por terceiros também advogados, a. Não podem ser tidos como violação de autoria em face da atividade-meio para a concretização do direito, mas caracterizam falta ética se não mencionado o autor. b. Não podem ser tidos como violação de autoria e, por serem considerados res sine domino, não envolve procedimento antiético a omissão da autoria. c. Caracterizam apropriação de obra literária e, consequentemente, infração ética. d. Devem sempre trazer a autorização do autor para não caracterizarem procedimento antiético. RESPOSTA: A alternativa “b” está incorreta, pois o procedimento descrito no enunciado é antiético segundo jurisprudência da Turma de Ética da OAB/SP, sob pena de constituir infração ética, consoante artigo 34, V, do CED. Ademais, ofende princípios deontológicos como da conduta ilibada. No que tange a alternativa “c”, o STJ consolidou entendimento quanto a proteção da petição pelo Direito Autoral, vejamos: Por seu caráter utilitário, a petição inicial somente estará protegida pela legislação sobre direito autoral se constituir criação literária, fato negado pelas instâncias ordinárias. Súmula 7/STJ. Recurso não conhecido. (REsp 351.358/DF, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 04/06/2002, DJ 16/09/2002, p. 192) Quanto ao erro da alternativa “d”, aconselha-se que ao copiar a petição de outrem o advogado peça autorização e indica a fonte. Contudo, o erro consta na expressão “sempre”, não sendo uma regra absoluta a necessidade de autorização., bastando em muitos casos a menção quanto a fonte. 12. Advogado que renuncia a mandatos outorgados em conjunto por dois ou mais clientes a. Não poderá, posteriormente, assumir o patrocínio de um deles contra o outro. b. Poderá, posteriormente, assumir o patrocínio de um deles contra o outro, desde que obtenha autorização do cliente anterior. c. Poderá, posteriormente, assumir o patrocínio de um deles contra o outro, desde que respeite o sigilo profissional. d. Não poderá, posteriormente, assumir o patrocínio contra qualquer um dos antigos clientes. RESPOSTA: O artigo 19 do CED, versa sobre a atuação do advogado contra ex-cliente, o qual não se vê impedido de assumir demanda em face de ex-cliente, desde que siga condutas éticas, preservando o sigilo das informações que lhe foram dadas, sem necessidade de autorização vejamos: “Art. 19 O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex -cliente ou ex-empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas.” Logo, as alternativas “a”, “b” e “d” estão incorretas, por versarem o contrário da referida norma. 13.Escritório de advocacia, especialista em direito trabalhista, necessita constantemente de cálculos e laudos relativos a verbas indenizatórias de rescisões de contrato de trabalho. Visando a acelerar suas atividades, pretende contratar funcionário contador e colocar-se à disposição de outros escritórios e colegas para o desenvolvimento dessas mesmas atividades. Em face do regramento ético -legal dos advogados, a admissão de funcionário contador para a elaboração de cálculos trabalhistas do próprio escritório, com extensão a terceiros, advogados ou não, a. É procedimento aceito para assessoramento próprio, vedada a oferta para terceiros, ainda que advogados. b. É matéria que deve ser resolvida unicamente sob a égide da legislação trabalhista e de direito do consumidor. c. É procedimento comum e, desde que ofertado apenas aos advogados, é inteiramente aceito. d. É matéria pertinente ao Código de Ética do Conselho Regional de Contabilidade, que é órgão competente para responder. RESPOSTA: a alternativa “a” e “d” estão incorretas, posto que, conforme o dispositivo 33, parágrafo único do Estatuto da OAB, é o Código de Ética e Disciplina que regulamenta os deveres e direitos dos advogados. Logo, essa questão deve ser solucionada à luz do CED e não da legislação do trabalho ou do consumidor. A alternativa “c” também está incorreta, tendo em vista a previsão do artigo 1º, §3º do Estatuto da OAB que dispõe ser “[...] vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade”. Portanto, o escritório de advocacia não poderá oferecer juntamente o serviço de contabilidade. REFERÊNCIAS CONSELHO FEDERAL DA OAB, Resolução N. 02/2015. Aprova o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Brasília- DF, 2015. Disponível em:http://www.oab.org.br/arquivos/resolucaon022015-ced-2030601765.pdf. Acesso em: 19 de out. de 2021. BRASIL, LEI Nº 8.906. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 1994. Disponível em; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8906.htm. Acesso em: 21 out. 2021.
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