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1 Bruna Barbosa Dias Ferreira Amaro (URCA) | brunnabarbosadyas@gmail.com IMPACTOS DA EXTRAÇÃO DE CALCÁRIO LAMINADO NA REGIÃO DO CARIRI INTRODUÇÃO O Ceará caracteriza-se como um dos estados brasileiros com a maior capacidade produtiva de rochas ornamentais, possuindo uma diversidade de cerca de 60 litotipos diferentes de rochas ornamentais e de revestimento (RODRIGUES; GURGEL, 2018). Neste sentido, a Bacia do Araripe apresenta um elevado potencial para a exploração de recursos minerais, sendo o calcário laminado, os depósitos de gipsita e de argila os principais recursos extraídos nesta região. O calcário laminado, também conhecido como Pedra Cariri, é comumente utilizado na construção civil, seja para edificar casas ou para aplicação em revestimentos de paredes, calçadas e pisos, devido ao seu grande valor decorativo (LIMA et al., 2011). Os calcários são rochas sedimentares originadas de materiais precipitados por agentes químicos e orgânicos, cuja constituição inclui essencialmente carbonato de cálcio, magnésio e outros materiais em menores quantidades, como ferro, alumínio, silicatos e argilas (MOURA et al., 2014). A Pedra Cariri corresponde a um calcário disposto em finas camadas de sedimentos pertencentes ao membro Crato (Formação Santana) depositados há aproximadamente 112 milhões de anos (Cretáceo), período em que existia um lago de águas calmas nesse local, com brejos nas suas margens, e uma abundante biodiversidade (LIMA et al., 2011). Conforme mencionado por Vidal et al. (2011), os calcários laminados do membro Crato são conhecidos ainda por apresentarem fósseis de importância mundial, em razão ao seu ótimo estado de preservação e à elevada quantidade e variedade de espécies encontradas. As principais jazidas minerais de Pedra Cariri do Ceará estão localizadas nos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri e ocorrem de modo laminado. Esses calcários apresentam uma coloração predominantemente amarela, granulação fina a média e foliação bem desenvolvida (VIDAL; PADILHA, 2003). 2 Bruna Barbosa Dias Ferreira Amaro (URCA) | brunnabarbosadyas@gmail.com DESENVOLVIMENTO A mineração consiste em uma atividade extrativista que apresenta um grande potencial socioeconômico, uma vez que os produtos minerários constituem fonte de trabalho e renda para inúmeras famílias. Todavia, em decorrência da necessidade frequente de escavações e geração excessiva de rejeitos, essa exploração de minerais no subsolo pode ocasionar desastres ambientais irreversíveis (OLIVEIRA et al., 2018). Dessa forma, é pertinente considerar que os resíduos provenientes da mineração provocam grandes impactos quando descartados aleatoriamente na natureza, sendo que muitas das vezes o descarte é feito em rios, na margem das rodovias, e ao redor da própria mineradora, ocasionando danos à flora e fauna e problemas de saúde na população (BEZERRA, 2013). Não se pode negar que a chegada da mineração na região do Cariri gerou um grande impacto econômico, uma vez que constitui a base da economia de cidades como Nova Olinda e Santana do Cariri. No entanto, conforme mencionado por Moraes et al. (2020), a extração da Pedra Cariri ocorre de forma manual, o que acarreta grande perda de material, além de gerar grandes pilhas de rejeitos e destruição de fósseis. Somando-se a isso, o transporte do material retirado das pedreiras gera poluição atmosférica com emissão de poeira. Outro problema comum relacionado à extração do calcário laminado é a migração da fauna local, em virtude da propagação do barulho proveniente da detonação de explosivos no local, além da utilização de máquinas elétricas e o trânsito de veículos automotores, bem como a retirada da vegetação local para abertura de estradas que dão acesso às jazidas (OLIVEIRA et al., 2018). CONCLUSÃO Considerando a importância econômica da mineração no Cariri no que diz respeito a geração de emprego e renda, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas sobre indicadores de saúde ambiental nas atividades de mineração e um melhor planejamento das atividades, bem como a atuação dos órgãos públicos e das próprias empresas mineradoras na tomada de decisões, buscando evitar desperdícios e minimizar os impactos ambientais. 3 Bruna Barbosa Dias Ferreira Amaro (URCA) | brunnabarbosadyas@gmail.com REFERÊNCIAS BEZERRA, L. M. A. Análise dos impactos socioambientais decorrentes da mineração na chapada do Araripe - Nova Olinda/Ceará. Dissertação (Mestrado em geografia). Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2013, 140 p. LIMA, F. F. et al. Geopark Araripe: histórias da terra, do meio ambiente e da cultura. Crato – CE, 2011. MORAES, A. H. M.; OLIVEIRA, J. F. A.; MARINHO, J. L. A.; JANUÁRIO, T. L. S. Análise ambiental das atividades de mineração da pedra cariri no município de Nova Olinda – CE. Revista Gestão e Sustentabilidade Ambiental, v. 9, n. 2, p. 57-73, 2020. MOURA, R. D.; SOUZA, D. N. C.; LUIZ, D. M. R. L. Classificação do calcário da região do Cariri oriental paraibano usado na produção de carbonato de cálcio. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA, 20. Anais. São Luís: ABQ, 2014. OLIVEIRA, E. A. F.; FIGUEIRÊDO, S. S. M.; GONÇALVES, J. F.; BATISTA, T. A.; HOMEM, I. C. A.; JANUÁRIO, T. L. S. Impactos ambientais oriundos da extração de calcário laminado em Santana do Cariri (CE). Natural Resources, v. 8, n. 2, p. 21-30, 2018. RODRIGUES, G. G.; GURGEL, M. T. Exploração e beneficiamento da Pedra Cariri nas cidades de Nova Olinda e Santana do Cariri-CE. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciência e Tecnologia) - Universidade Federal Rural do Semiárido, 2018. VIDAL, F. W. H., CASTRO, N. F.; CAMPOS, A. R.; PEITER, C.C. O arranjo produtivo local da pedra cariri, 2011. Disponível em: <http://www.cetem.gov.br/images/congressos/2008/CAC00310008.pdf >. Acesso em: 10 mai. 2021. VIDAL, F. W. H., PADILHA, M. W. M. A indústria extrativa da Pedra Cariri no estado do Ceará: problemas x soluções. IV Simpósio De Rochas Ornamentais Do Nordeste. Anais... IV Simpósio de rochas ornamentais do Nordeste. Rio de Janeiro: CETEM/SBG, 2003. Disponível em: <http://mineralis.cetem.gov.br/bitstream/cetem/1489/1/26- IV_simposio_de_rochas_ornamentais_do_nordeste.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2021.
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