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1 A sociedade humana como objeto de estudo

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1ºAula
A sociedade humana 
como objeto de estudo
Caros ( as) Alunos(as). 
Vocês devem estar se perguntando por que é importante estudar 
as questões sociais? Por que elas são importantes? De que forma os 
pensamentos sociológicos podem contribuir para a nossa vida. Estas 
são algumas dentre as diversas questões que procuramos entender 
nesta disciplina, e nesta primeira aula apresentaremos os principais 
conceitos e pensadores da disciplina.
Vamos ao texto?
Boa leitura!!
Bons estudos!
Objetivos de aprendizagem
Esperamos que, ao término desta aula, vocês sejam capazes de: 
‡�HQWHQGHU�R�SURFHVVR�GH�HYROXomR�GDV�&LrQFLDV�6RFLDLV�H�D�VXD�FRQWULEXLomR�SDUD�HQWHQGHU�R�GHVHQYROYLPHQWR�VRFLDO�
porque passou sociedade humana;
‡�FRQKHFHU�RV�SHQVDGRUHV�H�RV�WHUPRV�XWLOL]DGRV�QDV�&LrQFLDV�6RFLDLV�SDUD�XP�PHOKRU�HQWHQGLPHQWR�H�GHVHQYROYLPHQWR�
de uma perspectiva sociológica;
‡�FRQKHFHU�DV�DERUGDJHQV�VRFLROyJLFDV�WHyULFDV�PRGHUQDV�
Noções de Ciências Sociais 6
Seções de estudo
1 - Conhecendo as ciências sociais
1 - Conhecendo as Ciências Sociais
 1.1 - Valorização das questões sociais
 1.2 - Interdisciplinaridade
 1.3 - A evolução das Ciências Sociais
2 - Desenvolvendo uma perspectiva sociológica
 2.1 - A Sociologia
 2.2 - Os primeiros Teóricos
 2.3 - Solidariedade Mecânica
 2.4 - Solidariedade orgânica
 2.5 - Capitalismo e luta de classe
 2.6 - Mudança social: a concepção materialista da 
história
 2.7 - Racionalização
3 - Abordagens teóricas modernas
 3.1 - Sociologia como ciência social
 3.2 - Sociologia e o conhecimento da realidade social
 3.2.1 - Objeto da Sociologia
 3.2.2-Investigação científica e obstáculos epistemológicos
 3.2.3 - Realidade Social
Ciências sociais incluem toda a ciência que lida com o 
estudo do aspecto social do homem, como seu comportamento 
e seu desempenho como um indivíduo dentro da sociedade 
nas diversas realidades humanas. A Sociologia, segundo 
Bressan ( 2008) constitui a base e o fundamento das Ciências 
Sociais contemporâneas. O desenvolvimento da divisão do 
trabalho científico, contudo, estabeleceu uma outra divisão, 
compondo o que hoje denominamos de Ciências Sociais 
particulares. Além da Sociologia, também a Antropologia, 
a Ciência Política, a Economia, a Geografia, a História, o 
Serviço Social, a Comunicação Social, etc. fazem parte desse 
campo teórico. Mesmo que cada ciência tenha um campo 
particular, elas possuem uma identidade e um fundamento 
comuns: a existência social do homem. Como o conteúdo e 
a abordagem são muito amplos, nossos estudos irão enfocar 
alguns aspectos dentre os seguintes campos teóricos:
1. Sociologia - Estuda as relações sociais e 
as formas de associação, considerando as 
interações que ocorrem na vida em sociedade. 
A Sociologia envolve, portanto, o estudo 
dos grupos e dos fatos sociais, a divisão da 
sociedade em classes e camadas, da mobilidade 
social, dos processos de cooperação, 
FRPSHWLomR��FRQÁ�LWR�QD�VRFLHGDGH�HWF��
2. Economia - Tem por objeto as atividades 
humanas ligadas a produção, circulação, 
distribuição e consumo de bens e serviços. 
Portanto, são fenômenos estudados pela 
Economia a distribuição da renda num pais, 
a política salarial, a produtividade de uma 
empresa etc. 
3. Antropologia - Estuda e pesquisa as 
semelhanças e as diferenças culturais entre os 
vários agrupamentos humanos, assim como 
a origem e a evolução das culturas. Além de 
estudar a cultura dos povos pré-letrados, a 
Antropologia ocupa-se também da diversidade 
cultural existente nas sociedades industriais. São 
objetos de estudo da Antropologia os tipos de 
organização familiar, as religiões, a magia, os ritos 
de iniciação dos jovens, o casamento etc.
4. Ciência Política - Ocupa-se da distribuição 
de poder na sociedade, assim como da formação 
e do desenvolvimento das diversas formas de 
governo. É a Ciência Politica que estuda, por 
exemplo, os partidos políticos, os mecanismos 
eleitorais etc. (BRESSAN, 2008 p.08).
Embora cada uma das Ciências Sociais esteja voltada 
preferencialmente para um aspecto da realidade social, 
elas são complementares entre si e atuam frequentemente 
juntas para explicar os complexos fenômenos da vida em 
sociedade. As pessoas têm consciência e a capacidade de 
desenvolver representações abstratas e que têm influência no 
seu comportamento. Por isso, a interação social rege-se por 
diversas regras e supostas normas. 
As Ciências Sociais nos ajudam a “limpar a lente” 
para enxergarmos melhor as diferentes realidades com que 
convivemos. Elas têm como objeto de estudo tudo o que diz 
respeito às culturas humanas, sua história, suas realizações, seus 
modos de vida e seus comportamentos individuais e sociais. 
Elas ajudam a identificar e compreender os diferentes grupos 
sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura 
de valores que rege cada um deles.
1.1 - Valorização das questões sociais
Os estudiosos das Ciências Sociais são intelectuais 
com a responsabilidade de pesquisar, entender, comunicar e 
defender suas ideias perante a sociedade. E a compreensão 
dessa sociedade, baseada em análises profundas e precisas, é 
fundamental para que se possa planejar o presente e preparar 
o futuro. Os conhecimentos desenvolvidos nessas áreas são 
fundamentais na formação do cidadão e reforçam a importância 
de estudos que possam contribuir, em todos os aspectos, para 
melhorar as relações entre os povos e, assim, a qualidade de 
vida de todos os indivíduos que habitam nosso planeta.
1.2 - Interdisciplinaridade
As Ciências Sociais, assim como as outras Ciências, 
tendem cada vez mais à interdisciplinaridade. Nas zonas de 
fronteira entre as disciplinas estão surgindo nichos como a 
Ecologia Humana, a Geografia Humana, a Psicologia Social, 
a Sociologia Médica, entre outras. É a interdependência 
necessária e benéfica dos saberes.
1.3 – A evolução das ciências sociais
As Ciências Sociais, segundo Ortiz (2002) constituíram- 
se como um universo autônomo, isto é, distinto de outras 
formas discursivas (senso- comum, religião, política, filosofia, 
literatura, etc.), apenas no final do século XIX. 
As Ciências Sociais, segundo com autor (2002) irão 
se disseminar em diferentes países seguindo um padrão de 
trabalho em princípio universal. 
7
$� SURÀVVLRQDOL]DomR� GDV� &LrQFLDV� 6RFLDLV�
implica um padrão de legitimidade e de trabalho 
FLHQWtÀFR� TXH� VH� DIDVWD� GR� TXH� RV� IROFORULVWDV�
consideravam como “Ciência”, a rigor, uma 
semiciência (cf. Gennep, 1967). As Ciências 
Sociais nascem em contextos nacionais, por 
isso falamos em Sociologia francesa e alemã, ou 
em Antropologia britânica e norte-americana. 
Como já demonstraram vários autores que se 
dedicaram à sua história, elas vêm marcadas 
pelos debates políticos e intelectuais que se 
desenrolam nos países em que se desenvolvem 
e são gestadas. (ORTIZ, 2002 p.19)
Entretanto, Ortiz (2002), reforça que, mesmo isso sendo 
verdadeiro, pode-se dizer que a problemática da nação não 
determina prioritariamente o conteúdo e a orientação das 
Ciências Sociais é legítimo afirmar que a temática da cultura 
nacional, embora permeie o pensamento dos autores e esteja 
presente no horizonte intelectual da época, nunca é hegemônica, 
a ponto de caracterizar a produção científica como um todo. 
Pois, modernidade, metrópole, industrialização, divisão do 
trabalho são temas que evoluem relativamente distantes da 
questão nacional (ORTIZ, 2002 p.19)
De qualquer maneira, Ortiz (2002 p. 20,) retornando à 
questão nacional, afirma que ela irá condicionar o contexto 
intelectual, da universidade às artes, da política à literatura. 
A racionalização do aparelho de Estado, o fomento à 
industrialização, a necessidade de se “ultrapassar” as tradições 
populares, a superação do subdesenvolvimento,são temas que 
se articulam em torno da identidade nacional.
Para Ortiz ( 2002), uma outra dimensão importante das 
Ciências Sociais refere-se à análise da cultura de massa. A 
problemática emerge nos Estados Unidos nos anos 30/40, 
um momento em que são desenvolvidas pesquisas sobre os 
meios de comunicação procurando entender o impacto das 
mensagens junto às audiências e ao público.
�2�IDWR�GHVVHV�HVWXGRV�ÁRUHVFHUHP�QRV�(VWDGRV�
Unidos é sintomático. Enquanto os países 
mais industrializados da Europa encontram-se 
mobilizados pela guerra, aí o debate intelectual 
WHP�FRPR�UHIHUrQFLD�RXWUD�UHDOLGDGH��RV�ÀOPHV�
de Hollywood, o star-system, o rádio, a soap-
opera, a publicidade. A verdade é que os 
Estados Unidos conhecem antes dos outros a 
“revolução” tecnológica-comunicacional, assim 
como suas implicações na esfera da cultura. 
Cabe lembrar que nenhuma sociedade, antes 
do século XX, conheceu um tipo de instituição 
semelhante, na qual a organização da cultura 
encontra-se em grande parte separada da vida 
daqueles que a utilizam. (ORTIZ, 2002 p. 21).
Graças aos meios tecnológicos, os produtos elaborados 
industrialmente podem ser difundidos em escala ampliada. Pierre 
Bourdieu, em seus estudos sobre o campo intelectual, sugere que 
uma das formas de compreendermos a história do pensamento 
social é considerarmos o seu processo de institucionalização 
(cf. Bourdieu, 1980). De acordo com Ortiz(2002) a análise 
sociológica ganha assim em abrangência, pois temas, abordagens, 
discussões teóricas tornam-se mais claros quando situados no 
contexto da formação dos universos acadêmicos.
Ortiz ( 2002 p. 21), retoma portanto o argumento sobre 
a autonomização das Ciências Sociais. Comparando o que 
ocorre na Europa e nos Estados Unidos com a América 
Latina, fica evidente a existência de uma defasagem temporal, 
ou seja, aqui ela demorou mais tempo para se consolidar. 
Durkheim, fundador da Sociologia francesa, isto é, interessado 
em compor uma disciplina com métodos e procedimentos 
específicos na construção do objeto sociológico, escreve 
As regras do metódo sociológico em 1895, e a formação 
da equipe do L’Année Sociologique é de 1898. Seu projeto 
de institucionalização das Ciências Sociais, construído em 
torno de uma equipe coesa de indivíduos (Mauss, Halbwachs, 
Granet), data portanto do final do XIX (cf. Ortiz, 1989). 
Na América Latina, segundo Ortiz (2002) temos uma 
institucionalização “tardia” das Ciências Sociais. O caso brasileiro 
é sintomático. Até pelo menos a década de 40, a produção do 
pensamento sociológico se fazia dentro de um contexto em que 
literatura, filosofia e discurso político se misturavam.
Por isso é apenas na década de 50, segundo Ortiz (2002) 
que se inicia a consolidação de um campo autônomo da 
Sociologia no Brasil. 
$� ´HVFROD� SDXOLVWDµ�� UHSUHVHQWDGD� SHOD� ÀJXUD�
de Florestan Fernandes, é dessa época. Seu 
WH[WR�� 2� SDGUmR� GH� WUDEDOKR� FLHQWtÀFR� GRV�
sociólogos brasileiros (importante como 
marco metodológico na Sociologia brasileira) 
foi publicado em 1958. ( ORTIZ 2002 p. 27).
Na verdade, a institucionalização das Ciências Sociais se 
consolida nos anos 70 e 80 com a expansão das universidades 
e a emergência de um sistema nacional de pós-graduação 
(implantação dos mestrados e doutorados). Segundo Ortiz ( 
2002) é difícil, a partir da especificidade brasileira, generalizá-
la inteiramente para o resto da América Latina, sabendo 
inclusive da diversidade existente em termos continentais. 
Mas , segundo Ortiz (2002) é possível dizer, pelo menos em 
linhas gerais, que a autonomização do campo das Ciências 
Sociais é tardia mas efetiva. Isso tem implicações nos temas 
e nas análises realizadas, aproximando- as e distanciando-as 
da realidade dos países “centrais” (utilizo o termo entre aspas 
pois com a globalização ele torna-se cada vez mais impreciso).
)DODU� HP� DXWRQRPL]DomR� VLJQLÀFD� SHQVDU�
as fronteiras. Para existirem, as Ciências 
Sociais devem se separar de outras formas 
de conhecimento. Na América Latina, a 
íntima relação entre pensamento e política, 
consubstanciada no debate sobre a questão 
nacional, foi também possível devido à 
fragilidade dessa autonomização. Sendo tênues, 
DV� IURQWHLUDV� GHL[DYDP� ÀOWUDU� PDLV� IDFLOPHQWH��
no interior de sua territorialidade, problemas em 
princípio externos à sua lógica. Por isso, quando 
ainda hoje, tradicionalmente nos referimos ao 
“pensamento brasileiro”, ou ao “pensamento 
latino-americano”, nos vem à mente um quadro 
QR� TXDO� D� UHÁH[mR� WHyULFD� YHP� PDUFDGD� SHOD�
política. Algo semelhante ocorre com o universo 
da arte. (ORTIZ, 2002 p.27).
Noções de Ciências Sociais 8
Um outro aspecto diz respeito à problemática do poder. 
Tradicionalmente, as Ciências Sociais tenderam a identificá-lo com 
a política. Não obstante, o movimento dominante no pensamento 
sociológico (no sentido amplo do termo) foi considerá-lo como 
algo preferencialmente vinculado ao universo da política. Por isso 
temas como Estado, governo, partidos, sindicatos e movimentos 
sociais tornaram-se hegemônicos entre os cientistas sociais.
O movimento de institucionalização das 
Ciências Sociais, incentivou a separação 
entre compreensão da realidade e atuação 
política. As transformações recentes deslocam 
ainda mais a centralidade do Estado-nação, 
UHGHÀ�QLQGR�D�VLWXDomR�QD�TXDO�VmR�SURGX]LGDV�
DV� &LrQFLDV� 6RFLDLV�� 0XLWR� GR� TXH� VH� GHÀ�QH�
por “crise política” associa-se às restrições 
impostas à sua atuação. Com o processo de 
globalização, ele se debilita cindindo o elo 
postulado entre identidade nacional e luta 
política. (ORTIZ, 2002 p. 28).
 O deslocamento do debate, da identidade nacional para as 
identidades particulares (étnicas, de gênero e regionais) reflete 
essa nova tendência. Quanto ao processo de globalização 
e de mundialização da cultura é importante entender que, 
no seu contexto, o que está em causa é a própria noção de 
espaço. Se o espaço é, como diziam Mauss e Durkheim, uma 
representação social, decorre que ela se modifica com as 
mudanças da própria sociedade. (ORTIZ 2002 p.29).
Segundo o autor, a consolidação da modernidade-
mundo, a presença dos meios tecnológicos de comunicação, 
a unificação dos mercados no seio de uma unidade integrada, 
global, altera radicalmente o substrato material no qual estão 
inseridas as culturas. O que requer uma outra perspectiva 
analítica em relação à sua compreensão. 
Portanto, noções como “território”, 
“fronteiras”, “local”, “nacional”, devem 
VHU� UHYLVWDV�� ,VVR� QmR� VLJQLÀ�FD� D� VXSHUDomR�
GR� HVSDoR�� R� VHX� À�P�� FRPR� jV� YH]HV�
apressadamente concluem alguns pensadores. 
Não é necessário imaginarmos a história 
como uma sucessão de desaparecimentos 
GHÀ�QLWLYRV�� ,PSRUWD� TXDOLÀ�FDUPRV� D� VLWXDomR�
presente e compreendê-la dentro de uma 
outra perspectiva. (ORTIZ 2002 p. 30)
As relações desiguais entre países não desapareceram 
, isso seria insensato afirmar, mas Ortiz (2002) afirma que 
tais categorias já não mais dão conta das próprias relações de 
poder num mundo globalizado. De alguma maneira, repensar 
seus próprios conceitos, definir problemáticas e objetos de 
estudo, essa é a tarefa das Ciências Sociais no século XXI. Seja 
na Europa, Estados Unidos, América Latina ou Japão. O que 
elas têm hoje em comum é que os “objetos globais” tornam-
se uma preocupação de todos nós. Um panorama distinto 
do final do XIX, quando a modernidade era propriedade de 
alguns lugares, sendo objeto de reflexão apenas de algumas 
mentes privilegiadas (Renato Ortiz 2002, pág 19-32).
2 - Desenvolvendo uma perspectiva 
sociológica
2.1 - A sociologia
A sociologia pode ser definido como o estudo sistemático 
das sociedades humanas, tem como objetos de estudo a 
sociedade, a sua organização social e os processos que interligam 
os indivíduos em grupo, prestando umaespecial atenção aos 
modernos sistemas industrializados, esta se concebeu como 
uma tentativa de entender as mudanças ocorridas nas sociedades 
humanas nos dois ou três últimos séculos.
O termo Sociologia foi criado em 1838 (séc. XIX) por 
Auguste Comte, que pretendia unificar todos os estudos 
relativos ao homem — como a História, a Psicologia e a 
Economia. Mas foi com Karl Marx, Émile Durkheim e Max 
Weber que a Sociologia tomou corpo e seus fundamentos 
como ciência foram institucionalizados.
Segundo seus fundadores, a sociologia é uma ciência 
porque implica métodos de investigação sistemática e a 
avaliação de teorias à luz dos dados e de um argumento lógico. 
No entanto, não pode seguir diretamente o padrão das ciências 
naturais, já que existem diferenças fundamentais entre o estudo 
do comportamento humano e o da natureza.
2.2 - Os primeiros teóricos
Entre os fundadores clássicos da sociologia há quatro 
figuras especialmente importantes: Auguste Comte, Karl Marx, 
Émile Durkheim, Max Weber. 
Augusto Comte ( 1798 – 1857)
Nenhum indivíduo único pode fundar um campo inteiro de 
estudo, havendo muitos colaboradores no pensamento sociológico 
inicial. Todavia, geralmente, atribui-se especial proeminência ao 
autor francês Augusto Comte (1798-1857), mesmo que apenas 
por ter inventado a palavra “sociologia”. Segundo Giddens ( 2005) 
Comte originalmente usara o termo “física social” para descrever 
o novo campo, mas alguns de seus rivais intelectuais da época 
também estavam usando esse termo. Comte queria distinguir as 
suas ideias das deles e, então, cunhou o termo “sociologia” para 
descrever a disciplina que desejava estabelecer.
O pensamento de Comte refletia os acontecimentos 
turbulentos da sua era. A Revolução Francesa de 1789 
mudou a sociedade francesa significativamente, enquanto a 
disseminação da industrialização estava alterando as vidas 
tradicionais da população. 
De acordo com Giddens ( 2005), Comte tentou criar uma 
ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do mundo 
social, assim como a ciência natural explicava o funcionamento 
9
do mundo físico. Ainda que Comte reconhecesse que cada 
disciplina científica tem o seu próprio objeto de estudo, ele 
argumentava que esse estudo poderia ser feito usando-se a 
mesma lógica comum e método científico adotados para revelar 
leis universais. Assim como a descoberta de leis no mundo 
natural nos permitira controlar e prever os acontecimentos ao 
nosso redor, descobrir as leis que governam a sociedade humana 
poderia nos ajudar a moldar o nosso destino e melhorar o bem-
estar da humanidade. Comte argumentava que a sociedade agia 
conforme leis invariáveis, da mesma forma que o mundo físico. 
A visão de Comte, segundo Giddens ( 2005), para a 
sociologia era de que ela se tornasse uma “ciência positiva”. Ele 
queria que a sociologia aplicasse os mesmos métodos científicos 
rigorosos ao estudo da sociedade que os físicos e químicos 
usam para estudar o mundo físico. O positivismo sustenta que 
a ciência deve se preocupar apenas com entidades observáveis 
que sejam conhecidas pela experiência direta. Com base em 
observações cuidadosas, pode-se inferir leis que expliquem a 
relação entre os fenômenos observados. Compreendendo as 
relações causais entre os fatos, os cientistas podem então prever 
como serão os acontecimentos futuros. Uma abordagem 
positivista à sociologia visa a produção de conhecimento sobre 
a sociedade com base em evidências empíricas obtidas com 
observação, comparação e experimentação.
A lei dos três estágios de Comte assinala que as tentativas 
humanas de entender o mundo passam por estágios teológicos, 
metafísicos e positivos. 
No estágio teológico, o pensamento era guiado por 
ideias religiosas e pela crença de que a sociedade era expressão 
da vontade divina. 
No estágio metafísico, que tomou frente por volta da 
época da Renascença, a sociedade passou a ser vista em termos 
naturais, e não sobrenaturais. 
O estágio positivo, anunciado pelas descobertas e 
realizações de Copérnico, Galileu e Newton, estimulou a 
aplicação de técnicas científicas ao mundo social. De acordo 
com essa visão, Comte considerava a sociologia como a última 
ciência a se desenvolver – com base na física, na química e na 
biologia – mas também como a mais significativa e complexa 
de todas as ciências.
No final da sua carreira, de acordo com Giddens ( 2005), 
Comte criou planos ambiciosos para a reconstrução da sociedade 
francesa em particular e para as sociedades humanas em geral, 
com base em seu ponto de vista sociológico. Ele clamava pelo 
estabelecimento de uma “religião de humanidade” que abandonaria 
a fé e o dogma, em favor de um embasamento científico. 
A sociologia estaria no centro da nova religião. Comte 
estava bastante ciente do estado da sociedade em que vivia, 
para Giddens (2005) ele se preocupava com as desigualdades 
produzidas pela industrialização e a ameaça que elas 
representavam para a coesão social. A solução de longo prazo, 
em sua visão, era a produção de um novo consenso moral, que 
ajudasse a regular, ou manter a integridade da sociedade, apesar 
dos novos padrões de desigualdade. 
Embora a visão de Comte para a reconstrução da 
sociedade nunca tenha se realizado, sua contribuição para 
a sistematização e unificação da ciência da sociedade foi 
importante para a profissionalização da sociologia como uma 
disciplina acadêmica.
Émile Durkheim
Os escritos de outro sociólogo francês, Emile Durkheim 
(1858-1917), tiveram um impacto mais duradouro na 
sociologia moderna do que os de Comte. Segundo Giddens 
(2005). Embora Durkheim tenha se baseado em certos 
aspectos da obra de Comte, ele pensava que muitas ideias 
de seu predecessor eram especulativas e vagas demais, e que 
Comte não havia conseguido implementar seu programa – 
estabelecer a sociologia com uma base científica. 
Durkheim, de acordo com Giddens(2005) considerava 
a sociologia uma nova ciência, que poderia ser usada para 
elucidar questões filosóficas tradicionais, mediante análise 
empírica. Como Comte antes dele, Durkheim argumentava 
que devemos estudar a vida social com a mesma objetividade 
que os cientistas estudam o mundo natural. Seu famoso 
primeiro princípio da sociologia era “estudar os fatos sociais 
como coisas”. Com isso, segundo Giddens ( 2005) ele queria 
dizer que a vida social pode ser analisada de forma tão rigorosa 
quanto os objetos ou fenômenos da natureza.
Os escritos de Durkheim cobriam uma ampla variedade 
de temas. Três dos principais temas que ele abordou foram a 
importância da sociologia como ciência empírica, a ascensão 
do indivíduo e a formação de uma nova ordem social, e as 
fontes e o caráter da autoridade moral na sociedade. 
Para Durkheim, ainda de acordo com Giddens ( 2005) 
a principal preocupação intelectual da sociologia é o estudo 
de fatos sociais. Ao invés de aplicar métodos sociológicos ao 
estudo de indivíduos, os sociólogos devem analisar os fatos 
sociais – aspectos da vida social que moldam nossas ações como 
indivíduos, como o estado da economia ou a influência da religião. 
Durkheim argumentava que as sociedades têm uma 
realidade própria – que a sociedade é mais que simplesmente 
ações e interesses de seus membros individuais. 
Segundo Durkheim, os fatos sociais são 
modos de agir, pensar ou sentir que são 
externos aos indivíduos e têm sua própria 
realidade à margem da vida das percepções 
de pessoas individuais. Outro atributo dos 
fatos sociais é que eles exercem um poder 
coercitivo sobre os indivíduos. As pessoas não 
costumam reconhecer o caráter condicionante 
dos fatos sociais. Isso ocorre porque as 
pessoas geralmente obedecem livremente os 
fatos sociais, acreditando que estão agindo por 
escolha própria. ( Giddens, 2005, p. 29)
De fato, segundo Durkheim, as pessoas simplesmenteNoções de Ciências Sociais 10
seguem os padrões que são gerais à sua sociedade. Os fatos 
sociais podem condicionar a ação humana de várias formas, 
desde punição direta (no caso de um crime, por exemplo) à 
rejeição social (no caso de comportamentos inaceitáveis) e um 
simples mal-entendido (no caso de uso incorreto da língua).
De acordo com Giddens ( 2005) Durkheim acreditava 
que os fatos sociais são difíceis de estudar. Como são 
invisíveis e intangíveis, os fatos sociais não podem ser 
observados diretamente. Pelo contrário, suas propriedades 
devem ser reveladas indiretamente, analisando seus efeitos ou 
considerando suas tentativas de expressão, como leis, textos 
religiosos ou regras de conduta escritas. 
No estudo dos fatos sociais, Durkheim enfatizava a 
importância de abandonar preconceitos e ideologias. Uma 
postura científica exige uma mente que esteja aberta às 
evidências dos sentidos e livre de ideias preconcebidas vindas 
de fora. Durkheim sustentava que os conceitos científicos 
somente podem ser gerados por meio da prática científica. 
Ele desafiava os sociólogos a estudar as coisas como elas 
realmente são e a construir novos conceitos que refletissem a 
verdadeira natureza do social.
Como os outros fundadores da sociologia, Durkheim 
estava preocupado, segundo Giddens ( 2005) com as mudanças 
que em sua época estavam transformando a sociedade. Ele 
se interessava particularmente pela solidariedade social e 
moral – em outras palavras, aquilo que une a sociedade e a 
impede de cair no caos. A solidariedade é mantida quando 
os indivíduos conseguem se integrar aos grupos sociais 
e são regulados por um conjunto de valores e costumes 
compartilhados. Em sua primeira obra importante, A Divisão 
do Trabalho Social, Durkheim faz uma análise das mudanças 
sociais, argumentando que o advento da era industrial 
significou a emergência de um novo tipo de solidariedade 
(Durkheim 1984 [1893]). Com esse argumento, Durkheim 
contrastou dois tipos de solidariedade, mecânica e orgânica, 
e as relacionou com a divisão do trabalho – o crescimento de 
distinções entre as diferentes ocupações.
2.3 -Solidariedade mecânica
Segundo Durkheim, as culturas tradicionais com uma 
baixa divisão do trabalho se caracterizam pela solidariedade 
mecânica. Como a maioria das pessoas na sociedade tem 
ocupações semelhantes, elas são unidas pela experiência 
comum e crenças compartilhadas. Para Giddens (2005) 
o poder dessas crenças compartilhadas é repressivo – a 
comunidade rapidamente pune qualquer um que desafie os 
modos de vida convencionais. Dessa forma, existe pouco 
espaço para a dissensão individual. A solidariedade mecânica, 
portanto, baseia-se no consenso e na similaridade de crenças. 
As forças da industrialização e urbanização, contudo, levaram 
a uma divisão cada vez maior do trabalho, que contribuiu 
para o rompimento dessa forma de solidariedade. Durkheim 
argumentava que a especialização de tarefas e a crescente 
diferenciação social nas sociedades avançadas levaria a uma 
nova ordem, caracterizando a solidariedade orgânica. 
2.4 - Solidariedade orgânica
As sociedades caracterizadas pela solidariedade orgânica se 
Karl Marx – (1818-1883)
As ideias de Karl Marx (1818-1883) contrastam 
nitidamente com as de Comte e Durkheim, mas, como eles, 
Marx procurou explicar as mudanças que estavam ocorrendo 
na sociedade durante a época da Revolução Industrial. Quando 
jovem, as atividades políticas de Marx o colocaram em conflito 
com as autoridades alemãs; depois de uma breve estadia na 
França, ele se exilou permanentemente na Grã-Bretanha. 
Marx testemunhou o crescimento de fábricas e da produção 
industrial, bem como as desigualdades resultantes. De acordo 
com Giddens ( 2005) seu interesse no movimento operário 
europeu e nas ideias socialistas refletia em seus escritos, que 
cobriam uma diversidade de temas. Grande parte do seu 
trabalho se concentrava em questões econômicas, mas, como 
sempre se preocupou em conectar os problemas econômicos 
com instituições sociais, sua obra era, e ainda é, rica em visões 
sociológicas. Mesmo seus críticos mais severos consideram seu 
mantêm pela interdependência econômica das pessoas e por seu 
reconhecimento da importância da contribuição dos outros. Para 
Giddens ( 2005) à medida que a divisão do trabalho se amplia, as 
pessoas se tornam cada vez mais dependentes umas das outras, 
pois cada pessoa precisa de bens e serviços, fornecidos por 
indivíduos em outras ocupações. As relações de reciprocidade 
econômica e dependência mútua passam a substituir as crenças 
compartilhadas para criar o consenso social.
Ainda assim, os processos de mudança no mundo 
moderno são tão rápidos e intensos que dão vazão a grandes 
dificuldades sociais. Eles podem ter efeitos perturbadores 
sobre estilos de vida tradicionais, costumes, crenças religiosas 
e padrões cotidianos sem proporcionar novos valores claros. 
Durkheim, segundo Giddens ( 2005), relacionou essas 
condições perturbadoras com a anomia: sentimentos de falta 
de propósito, medo e desespero provocados pela vida social 
moderna. Os controles e padrões morais tradicionais, que 
antes eram supridos pela religião, são totalmente desfeitos pelo 
desenvolvimento social moderno, e isso deixa muitos indivíduos 
sentindo que suas vidas cotidianas carecem de sentido.
Um dos estudos mais famosos de Durkheim dizia respeito 
à análise do suicídio. O suicídio parece ser um ato puramente 
pessoal, resultado da infelicidade pessoal extrema. Todavia, 
Durkheim mostrou que fatores sociais exercem uma influência 
fundamental sobre o comportamento suicida, sendo a anomia 
uma dessas influências. As taxas de suicídio apresentam padrões 
regulares a cada ano, e esses padrões devem ser explicados 
sociologicamente. Para quem deseja conhecer mais sobre o 
pensamento de Durkheim sobre tema pode ler o texto “ O 
estudo de Durkheim sobre o suicídio”. 
11
trabalho importante para o desenvolvimento da sociologia.
2.5 - Capitalismo e luta de classe
Para Giddens ( 2005), embora tenha escrito sobre 
várias fases da história, Marx concentrou-se principalmente 
nas mudanças nos tempos modernos. Para ele, as mudanças 
mais importantes estavam ligadas ao desenvolvimento do 
capitalismo. O capitalismo é um sistema de produção que 
se diferencia radicalmente de todos os sistemas econômicos 
anteriores, envolvendo a produção de bens e serviços vendidos 
a uma ampla variedade de consumidores. Marx identificou dois 
elementos básicos nas empresas capitalistas. 
O primeiro é o capital – qualquer recurso, incluindo 
dinheiro, máquinas ou mesmo fábricas, que possa ser usado ou 
investido para criar recursos futuros. 
A acumulação do capital acompanha um segundo 
elemento, a mão de obra assalariada. 
A mão de obra assalariada refere- -se ao conjunto 
de trabalhadores que não possuem os meios para sua 
sobrevivência, mas que devem buscar emprego proporcionado 
pelos donos do capital. De acordo com Giddens ( 2005) Marx 
argumentava que aqueles que possuem o capital – capitalistas 
– formam uma classe dominante, ao passo que a massa da 
população forma uma classe de trabalhadores assalariados – 
uma classe trabalhadora. 
À medida que a industrialização avançava, grandes 
quantidades de camponeses que se sustentavam trabalhando 
na terra se mudaram para as cidades em processo de expansão 
ajudaram a formar uma classe trabalhadora industrial urbana. 
Essa classe trabalhadora também costuma ser chamada de 
proletariado.
De acordo com Giddens ( 2005) Marx acreditava que o 
capitalismo era um sistema inerentemente classista, no qual 
as relações de classe se caracterizam pelo conflito. Embora os 
donos do capital e trabalhadores dependam uns dos outros 
– os capitalistas precisam da mão de obra e os trabalhadores 
precisam do salário – a dependência é muito desequilibrada. A 
relaçãoentre as classes é de exploração, pois os trabalhadores 
têm pouco ou nenhum controle sobre o seu trabalho, e os 
empregadores podem obter lucro apropriando-se do produto 
da mão de obra dos trabalhadores. Marx enxergou que o 
conflito de classe quanto aos recursos econômicos se tornaria 
mais agudo com o passar do tempo.
2.6 - Mudança social: a concepção 
materialista da história
Para Giddens ( 2005) o ponto de vista de Marx baseia-
se naquilo que chamou de concepção materialista da história. 
Segundo essa visão, não são as ideias ou os valores que os seres 
humanos detêm que são as principais fontes de mudanças 
sociais; ao invés disso, as mudanças sociais são primordialmente 
induzidas por influências econômicas. 
Os conflitos entre as classes proporcionam a motivação para 
o desenvolvimento histórico – eles são o “motor da história”. 
Conforme escreveu Marx no começo do Manifesto Comunista, 
“a história de todas a sociedades que existiram até nossos dias 
tem sido a história da luta de classe” (Marx e Engels 2001 [1848]). 
Embora Marx tenha concentrado sua atenção mais no 
capitalismo e na sociedade moderna, ele também analisou 
como as sociedades se desenvolveram no decorrer da história. 
Segundo ele, os sistemas sociais fazem uma transição de um 
modo de produção para outro – às vezes gradualmente, às 
vezes por uma revolução – como resultado de contradições 
em suas economias. 
De acordo com Giddens ( 2005) ele propôs uma 
progressão de estágios históricos que começa com as 
sociedades comunistas primitivas de caçadores e coletores e 
passa pelos antigos sistemas escravagistas e sistemas feudais 
baseados na divisão entre proprietários de terras e servos. O 
surgimento de mercadores e artesãos marcou o começo de 
uma classe comercial ou capitalista, que deslocou a nobreza 
proprietária de terra. De acordo com essa visão da história, 
Marx argumentava que, assim como haviam se unido para 
derrubar a ordem feudal, os capitalistas também seriam 
suplantados por uma nova ordem instalada: o comunismo.
O trabalho de Marx , segundo Giddens (2005) teve uma 
profunda influência no mundo do século X. Até apenas uma 
geração atrás, mais de um terço da população da terra vivia 
em sociedades, como a União Soviética e os países do Leste 
Europeu, cujos governos afirmavam derivar sua inspiração 
das ideias de Marx.
Marx teorizou a inevitabilidade de uma revolução de 
trabalhadores que derrubaria o sistema capitalista e anunciaria 
uma nova sociedade, na qual não haveria classes – nenhuma 
divisão de grande escala entre ricos e pobres. 
Ele não quis dizer que todas as desigualdades entre os 
indivíduos desapareceriam, pelo contrário, a sociedade não seria 
mais dividida em uma pequena classe que monopoliza o poder 
econômico e político e a grande massa de pessoas que recebem 
poucos benefícios pela riqueza que seu trabalho gera. O sistema 
econômico passaria a ser de propriedade comum, e se estabeleceria 
uma sociedade mais humana do que a que conhecemos.
Max Weber ( 1864- 1920)
Como Marx, Max Weber (1864-1920) não pode ser 
simplesmente rotulado como sociólogo; seus interesses e 
preocupações cobriam muitas áreas. Nascido na Alemanha, 
onde passou a maior parte da sua carreira acadêmica, Weber 
foi um indivíduo muito estudioso. Seus escritos cobriam os 
campos da economia, do direito, da filosofia e da história 
comparativa, além da sociologia. Segundo Giddens ( 2005) 
grande parte do seu trabalho também estava relacionada com 
o desenvolvimento do capitalismo moderno e as maneiras em 
que a sociedade moderna era diferente de formas anteriores de 
organização social. Por uma série de estudos empíricos, Weber 
propôs algumas das características básicas das sociedades 
industriais modernas e identificou debates sociológicos cruciais 
que permanecem centrais para os sociólogos atualmente.
Noções de Ciências Sociais 12
Em comum com outros pensadores da sua época, Weber 
buscou entender a natureza e as causas das mudanças sociais. 
Ele foi influenciado por Marx, mas também foi bastante 
crítico de algumas das principais visões de Marx. Ele rejeitava 
a concepção materialista da história e considerava os conflitos 
de classe menos significativos do que Marx. Segundo a visão 
de Weber, os fatores econômicos são importantes, mas 
as ideias e os valores também têm um grande impacto nas 
mudanças sociais. A elogiada e discutida obra de Weber, A 
ética protestante e o espírito do capitalismo (1992 [1904-
195]), propõe que os valores religiosos – especialmente 
aqueles associados ao puritanismo – tinham importância 
fundamental para criar uma perspectiva capitalista. 
Para Giddens ( 2005) ao contrário de outros pensadores 
sociológicos, Weber argumentava que a sociologia devia se 
concentrar na ação social, e não em estruturas sociais. Ele 
argumentava que a motivação e as ideias humanas eram as 
forças por trás da mudança – ideias, valores e opiniões tinham 
o poder de causar transformações. 
Segundo Weber, os indivíduos têm a capacidade de 
agir livremente e de moldar o futuro. Ele não considerava, 
como Durkheim e Marx, que as estruturas existiam fora 
ou independentemente dos indivíduos. Pelo contrário, as 
estruturas da sociedade eram formadas por uma complexa 
inter-relação de ações. E era trabalho da sociologia entender 
os significados por trás dessas ações.
Para Giddens ( 2005) alguns dos textos mais influentes 
de Weber refletem sua preocupação com a ação social, ao 
analisar a peculiaridade da sociedade Ocidental em relação 
a outras civilizações importantes. Ele estudou as religiões 
da China, Índia e do Oriente Próximo e, no decorrer dessas 
pesquisas, fez grandes contribuições para a sociologia da 
religião. Comparando os principais sistemas religiosos da 
China e da Índia com os do Ocidente, Weber concluiu que 
certos aspectos das crenças cristãs tiveram grande influência 
na ascensão do capitalismo. Ele argumentava que a perspectiva 
capitalista nas sociedades Ocidentais não emergiu, conforme 
supunha Marx, apenas de mudanças econômicas. Na visão 
de Weber, as ideias e os valores culturais ajudaram a moldar a 
sociedade e nossos atos individuais.
Um elemento importante na perspectiva sociológica de 
Weber, segundo Giddens (2005), foi a ideia do tipo ideal. 
Os tipos ideais são modelos conceituais ou analíticos que 
podem ser usados para se entender o mundo. No mundo real, 
os tipos ideias raramente, ou nunca, existem – muitas vezes, 
apenas alguns dos seus atributos estão presentes. Todavia, 
essas construções hipotéticas podem ser muito proveitosas, 
pois é possível entender qualquer situação do mundo real 
comparando-a com um tipo ideal. Dessa forma, os tipos ideais 
servem como um ponto de referência fixo. É importante 
mostrar que, com o tipo “ideal”, Weber não queria dizer que 
a concepção era um objetivo perfeito ou desejável. Ao invés 
disso, Weber queria dizer que era uma forma “pura” de um 
certo fenômeno. Weber usou os tipos ideais em seus escritos 
sobre formas de burocracia e mercados econômicos.
2.7 - Racionalização
Para Giddens (2005) na visão de Weber, a emergência 
da sociedade moderna foi acompanhada por importantes 
mudanças em padrões de ação social. Ele acreditava que 
as pessoas estavam se afastando de crenças tradicionais 
fundamentadas em superstição, religião, costumes e hábitos 
antigos. Pelo contrário, os indivíduos estavam cada vez mais 
envolvidos em cálculos racionais e instrumentais, que levavam 
em conta a eficiência e as consequências futuras dos seus atos. 
Na sociedade industrial, havia pouco espaço 
para o sentimento e para fazer as coisas 
simplesmente porque vinham sendo feitas 
daquele modo há gerações. Weber descreveu 
o desenvolvimento da ciência, da tecnologia 
moderna e da burocracia coletivamente 
como racionalização – a organização da vida 
social e econômica segundo os princípiosda 
HÀ�FLrQFLD�H�FRP�EDVH�QR�FRQKHFLPHQWR�WpFQLFR��
(GIDDENS, 2005 p. 30) 
Se, nas sociedades tradicionais, a religião e os costumes 
antigos definiam as posturas e valores das pessoas, a sociedade 
moderna foi marcada pela racionalização de um número cada 
vez maior de áreas da vida, da política à religião e à atividade 
econômica.
Segundo Weber, a Revolução Industrial e a ascensão do 
capitalismo foram evidências da tendência mais ampla para a 
racionalização. O capitalismo não é dominado pelo conflito de 
classe, como argumentava Marx, mas pela ascensão da ciência 
e da burocracia: organizações de grande escala. 
Para Giddens(2005) Weber considerava o caráter científico 
do Ocidente como um de seus aspectos mais característicos. 
A burocracia, o único modo de organizar grandes quantidades 
de pessoas efetivamente, expande-se com o crescimento 
econômico e político. Weber usou o termo “desencantamento” 
para descrever a maneira em que o pensamento científico no 
mundo moderno havia varrido as forças do sentimentalismo 
do passado.
Todavia, Weber não era totalmente otimista quanto ao 
resultado da racionalização. Ele temia que a disseminação 
da burocracia moderna para todas as áreas da vida nos 
aprisionasse em uma “jaula de ferro”, da qual haveria pouca 
chance de escapar. 
A dominação burocrática, de acordo com Giddens ( 2005) 
ainda que baseada em princípios racionais, poderia esmagar o 
espírito humano, tentando regular todas as esferas da vida social. 
Ele se preocupava particularmente com os efeitos sufocantes 
e desumanizantes da burocracia e suas implicações para o 
destino da democracia. A agenda aparentemente progressista 
da Era do Iluminismo do século XVIII, de progresso científico, 
aumentando a riqueza e a felicidade produzida enquanto 
rejeitava costumes tradicionais e superstições, também tinha 
um lado obscuro e com novos perigos.
De acordo com Giddens ( 2005) 0s primeiros sociólogos 
estavam unidos em seu desejo de compreender as mudanças 
nas sociedades em que viviam. Porém, eles queriam fazer 
mais que apenas representar e interpretar os acontecimentos 
momentâneos do seu tempo. Todos tentaram desenvolver 
3 - Abordagens teóricas modernas
13
maneiras de estudar o mundo social que pudessem explicar 
como as sociedades funcionavam e quais eram as causas das 
mudanças sociais. 
Ainda assim, como já vimos, Durkheim, Marx e Weber 
empregaram abordagens bastante diferentes em seus estudos. 
Por exemplo, onde Durkheim e Marx se concentram na 
intensidade de forças externas ao indivíduo, Weber usa, como 
ponto de partida, a capacidade de os indivíduos agirem de 
maneiras criativas sobre o mundo externo. Onde Marx aponta 
para a predominância de questões econômicas, Weber considera 
significativa uma variedade muito mais ampla de fatores. Essas 
diferenças de abordagem persistiram através da história
3.1 - Sociologia como ciência social
A Sociologia surgiu como disciplina no século XVIII, 
como resposta acadêmica para um desafio que estava 
surgindo: o início da sociedade moderna. Se o mundo está 
ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo 
é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só 
esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também 
desenvolver um “antídoto” para a desintegração social. Com 
a Revolução Industrial e posteriormente com a Revolução 
Francesa (1789), iniciou-se uma nova era no mundo, com as 
quedas das monarquias e a constituição dos Estados nacionais 
no Ocidente. A Sociologia surge então para compreender as 
novas formas das sociedades, suas estruturas e organizações.
A sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações 
do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular 
generalizações teóricas; e também se interessa por eventos únicos 
sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento 
do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando 
explicá-los no seu significado e importância singulares).
Além de suas aplicações no planejamento social, na 
condução de programas de intervenção social e no planejamento 
de programas sociais e governamentais, o conhecimento 
sociológico é também um meio possível de aperfeiçoamento do 
conhecimento social, na medida em que auxilia os interessados 
a compreender mais claramente o comportamento dos grupos 
sociais, assim como a sociedade com um todo. Sendo uma 
disciplina humanística, a Sociologia é uma forma significativa de 
consciência social e de formação de espírito crítico.
Hoje os sociólogos pesquisam macroestruturas inerentes 
à organização da sociedade, como raça ou etnicidade, classe e 
gênero, além de instituições como a família; processos sociais 
que representam divergência, ou desarranjos, nestas estruturas, 
inclusive crime e divórcio; e microprocessos como relações 
interpessoais.
Sociólogos fazem uso frequente de técnicas quantitativas 
de pesquisa social (como a estatística) para descrever padrões 
generalizados nas relações sociais. Isto ajuda a desenvolver 
modelos que possam entender mudanças sociais e como 
os indivíduos responderão a essas mudanças. Em alguns 
campos de estudo da sociologia, as técnicas qualitativas — 
como entrevistas dirigidas, discussões em grupo e métodos 
etnográficos — permitem um melhor entendimento dos 
processos sociais de acordo com o objetivo explicativo.
Os cursos de técnicas quantitativas/qualitativas 
servem, normalmente, a objetivos explicativos distintos ou 
dependem da natureza do objeto explicado por certa pesquisa 
sociológica: o uso das técnicas quantitativas é associado às 
pesquisas macrossociológicas; as qualitativas, às pesquisas 
microssociológicas. Entretanto, o uso de ambas as técnicas de 
coleta de dados pode ser complementar, uma vez que os estudos 
microssociológicos podem estar associados ou ajudarem no 
melhor entendimento de problemas macrossociológicos.
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse 
apenas de sociólogos(as). Cobrindo todas as áreas do convívio 
humano — desde as relações na família até a organização 
das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o 
comportamento religioso —, a sociologia pode vir a interessar, 
em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas 
do saber. Entretanto, os maiores interessados na produção e 
sistematização do conhecimento sociológico atualmente são 
o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa 
desta disciplina científica, e a sociedade civil organizada 
(movimentos sociais por exemplo).
Assim como toda ciência, a sociologia pretende explicar a 
totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não 
seja objetivamente alcançável, é tarefa da sociologia transformar 
as malhas da rede com a qual ela capta a realidade social cada 
vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, 
através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir 
para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das 
situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas 
múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas 
como seres inevitavelmente sociais.
A Sociologia nasce da própria sociedade, e por isso mesmo 
essa disciplina pode refletir interesses de alguma categoria 
social ou ser usado como função ideológica, contrariando o 
ideal de objetividade e neutralidade da ciência. Nesse sentido, 
se expõe o paradoxo das Ciências Sociais, que ao contrário das 
ciências da natureza (como a biologia, física, química etc.), as 
ciências da sociedade estão dentro do seu próprio objeto de 
estudo, pois todo conhecimento é um produto social. Se isso 
a priori é uma desvantagem para a Sociologia, num segundo 
momento percebemos que a Sociologia é a única ciência que 
pode ter a si mesma como objeto de indagação crítica.
3.2 - Sociologia e o conhecimento 
da realidade social
3.2.1 - Objetoda Sociologia
 
As preocupações com as questões sociais decorrentes da 
nova sociedade resultante da industrialização do século XIX. 
É com a intenção de compreender os novos problemas sociais 
que os novos investigadores, utilizando o método científico, 
deram origem á Sociologia. Sendo uma ciência nova é natural 
que os primeiros investigadores se preocupassem com a 
definição do seu objeto e método. Emile Durkheim identifica 
os fatos sociais como o objeto da Sociologia e defende o 
método explicativo para os estudar; Marx Weber (1864-1920) 
refere a ação social resultante da estrutura social como objeto 
de estudo e preconiza o método compreensivo para o estudo 
da ação social, embora não exclua o recurso à explicação para 
uma abordagem completa.
Durkheim considera os fatos sociais exteriores 
aos indivíduos como objeto da Sociologia porque estes 
condicionam o comportamento social (impõem-se do 
Noções de Ciências Sociais 14
exterior),atribuindo-lhes, assim, as características da 
exterioridade e coercitividade). 
Os fatos sociais têm, igualmente, a característica da 
relatividade, na medida em que, para serem entendidos, têm 
de ser analisados dentro do contexto em que ocorrem, não 
tendo significado serem estudados em abstrato. Sendo um 
produto da sociedade, estudar os fatos sociais é encontrar o 
objeto da Sociologia. 
Max Weber considera que a ação social desenvolvida 
pelos indivíduos resulta da estrutura da sociedade em questão. 
Estudar a ação social é entender os valores, os modelos, as 
características dessa sociedade. A ação social é, então, o 
objeto de estudo da Sociologia. A compreensão, método 
de análise que consiste em o cientista se colocar no lugar de 
quem estuda, é a proposta de Weber que a defende pelo fato 
de todos sermos seres sociais, mas não exclui a necessidade 
de completarmos as nossas instituições com a validação da 
explicação dada pelo método científico.
3.2.2 - Investigação científica e 
obstáculos epistemológicos
 Para fazermos uma investigação científica e produzirmos 
conhecimento científico temos de respeitar alguns preceitos. 
O primeiro é fazer uma ruptura com alguns elementos que nos 
impedem de ser objetivos. Esses elementos são os obstáculos 
epistemológicos e entre eles estão o senso comum, a ilusão 
da transparência do social, a familiaridade com o social, 
o naturalismo (tudo o que é social é criado pelo homem, 
não é natural), o individualismo (a Sociologia estuda a ação 
social em que o comportamento individual é um produto) e 
o etnocentrismo cultural (quando o investigador faz da sua 
cultura a referência para avaliar outras).
Uma vez feita a ruptura com o senso comum, afastados 
os preconceitos e as explicações simplistas da realidade social, 
o cientista terá de definir um percurso para a sua investigação, 
isto é, terá de adotar um método ou estratégia de investigação 
e escolher as técnicas para recolher a informação necessária. 
Por método podemos entender o processo de seleção de 
técnicas de pesquisa adequadas, o controle de sua utilização e a 
integração dos resultados obtidos, tudo em função do tipo de 
trabalho a realizar. (....) Por sua vez, técnicas são os instrumentos 
de que o investigador se serve para recolher a informação 
(questionários, entrevistas, etc.)O cientista terá, também, de 
recorrer a teorias que são enunciados sobre a realidade social 
que o ajudarão a compreender os fenômenos a estudar.
3.2.3 - Realidade Social
Segundo Oliveira (2008) quando falamos em “realidade 
social” estamos pensando nos seres humanos e nas relações 
se estabelecem entre eles e aquilo que os rodeia. Os indivíduos 
organizam-se em grupos de dimensão variada, onde há uma 
influência recíproca moldando comportamentos e interesses. 
Estabelecem um conjunto de normas e regras que orientam 
sua atuação e colaboram para manutenção e sobrevivência do 
indivíduo e do grupo. Os indivíduos não vivem isolados e a sua 
sobrevivência depende da cooperação entre eles no processo 
de produção e distribuição de bens. Sua sobrevivência 
depende, então, do cumprimento deste conjunto de regras, 
que condicionam suas ações, que denominamos como 
práticas sociais. Práticas que são demarcadas espacialmente e 
temporalmente. 
Qualquer sociedade, para o mesmo autor (2008) tem 
existência real num dado lugar geográfico e num certo 
momento histórico, apresentando características próprias 
que as diferenciam. Logo as práticas sociais devem ser 
compreendidas como procedimentos aceitos e compartilhados 
pelos indivíduos, como respostas a algumas de suas 
necessidades Assim, a vida dos indivíduos e as suas práticas 
sociais representam formas diversas de integração destes com 
o meio natural, o que nos permite observar diferentes formas 
de organização social. Fruto de uma interação recíproca entre 
o homem e o meio, a realidade social, isto é, o conjunto de 
interações que os indivíduos estabelecem entre si e aquilo que 
os cerca, apresenta-se complexa. Esta realidade social complexa 
é o objeto de estudo da Sociologia.
Retomando a aula
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa 
aula, vamos recordar:
1 – Conhecendo as Ciências Sociais
 Na primeira seção da aula um, entendemos que as 
Ciências Sociais Ciências sociais incluem toda a ciência que 
lida com o estudo do aspecto social do homem, como seu 
comportamento e seu desempenho como um indivíduo dentro 
da sociedade nas diversas realidades humanas.
2 – Desenvolvendo uma perspectiva sociológica
Na segunda seção da aula um compreendemos que a 
sociologia pode ser definido como o estudo sistemático das 
sociedades humanas, tem como objetos de estudo a sociedade, 
a sua organização social e os processos que interligam 
os indivíduos em grupo, prestando uma especial atenção 
aos modernos sistemas industrializados, esta se concebeu 
como uma tentativa de entender as mudanças ocorridas nas 
sociedades humanas nos dois ou três últimos séculos.
O termo Sociologia foi criado em 1838 (séc. XIX) por 
Auguste Comte, que pretendia unificar todos os estudos 
relativos ao homem como a História, a Psicologia e a Economia. 
Mas foi com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber que 
a Sociologia tomou corpo e seus fundamentos como ciência 
foram institucionalizados.
3 – Abordagens teóricas modernas
Na terceira seção da aula um estudamos que a sociologia 
ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo 
nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; 
e também se interessa por eventos únicos sujeitos à inferência 
sociológica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo 
ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no 
seu significado e importância singulares).
Além de suas aplicações no planejamento social, na 
condução de programas de intervenção social e no planejamento 
15
de programas sociais e governamentais, o conhecimento 
sociológico é também um meio possível de aperfeiçoamento do 
conhecimento social, na medida em que auxilia os interessados 
a compreender mais claramente o comportamento dos grupos 
sociais, assim como a sociedade com um todo. Sendo uma 
disciplina humanística, a Sociologia é uma forma significativa de 
consciência social e de formação de espírito crítico.
Hoje os sociólogos pesquisam macroestruturas inerentes 
à organização da sociedade, como raça ou etnicidade, classe e 
gênero, além de instituições como a família; processos sociais 
que representam divergência, ou desarranjos, nestas estruturas, 
inclusive crime e divórcio; e microprocessos como relações 
interpessoais.
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