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Pietro Valdo Rostagno O autor do caderno de estudos de Topografia I é o Professor Pietro Valdo Rostagno, bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) em 27 de novembro de 2002, casado com Adriana Trocilo Picanço Rostagno e pai de Gabriella e Pietra. É Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Redentor, em março de 2007 e Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade Integrada de Jacarepaguá, em outubro de 2009. Também atua como Engenheiro Civil da Prefeitura Municipal de São José de Ubá – RJ desde agosto de 2011. No campo da docência, atua ativamente desde novembro de 1999 ministrando aulas de matemática e física para o ensino médio, bem como no ensino superior em Engenharia Civil, qual tem larga experiência nas disciplinas de Cálculo 0, Probabilidade e Estatística, Topografia I e II, Hidrologia Aplicada, Estradas I e II, Obras Hidráulicas (Barragens), Portos, Aeroportos e Hidrovias, Tópicos de Planejamento em Engenharia Civil e Engenharia de Trânsito. No âmbito de ensino à distância atua como professor desde fevereiro de 2015, nos cursos de Engenharia Civil e Engenharia de Produção da Faculdade Redentor. Sobre o autor (a) Apresentação Olá querido (a) colega da disciplina Hidrologia Aplicada!!! Passado o ciclo básico do curso de Engenharia Civil, que corresponde aos 04 (quatro) primeiros períodos, bem como as disciplinas iniciais do ciclo profissionalizante, você está realizando a transição para a fase de formação final do curso. A partir de agora as disciplinas são de formação no campo da Engenharia Civil e requer atenção especial do aluno, pois são muitas informações ao mesmo tempo. No ciclo básico sua formação em Engenharia abordou conhecimentos importantes para sua vida profissional, como os cálculos, as físicas e os desenhos, quais são fundamentais para a formação do Engenheiro Civil. A disciplina HIDROLOGIA APLICADA abordará diversos conceitos aprendidos nestas disciplinas do ciclo básico, assim como a Sustentabilidade, quais você já cursou, por isso, é necessário o entendimento de todas elas, pois certos conceitos serão abordados no entendimento de que o aluno já sabe e domina o que foi ensinado até aqui. A disciplina de Hidrologia Aplicada será dividida em 16 (dezesseis) aulas, onde ao final de cada uma teremos exercícios para serem feitos, cujos mesmos são importantíssimos para a realização da avaliações e atividades práticas supervisionadas (APS’s), bem como as complementares. Procure sempre estar com seus estudos em dia, conforme já dito aqui são muitas informações e caso fique acumulada com outras disciplinas, ocorrerá um acumulo imenso de estudos, que irá requerer do aluno muito tempo para realizá-lo, pois este tempo é muito precioso na vida acadêmica do estudante de Engenharia Civil, bem como na correria do dia-a-dia deve-se organizar para tê-lo em dia. A disciplina irá tornar o aluno a entender, compreender e saber os conceitos do Ciclo Hidrológico, das Águas Superficiais, das Águas Subterrâneas, dos Períodos de ocorrência e Duração, dos Hidrogramas, dos Recursos Hídricos e das Bacias Hidrográficas. Quanto ao material de estudos é importantíssimo o aluno assistir aos vídeos aulas, ler a apostila do professor e o material complementar, conforme o plano de ensino da disciplina. E sempre lembrando do seguinte lema: “Aqui é Engenharia Colega…”. Bons estudos! Objetivos Este caderno de estudos tem como objetivo geral permitir ao aluno a aquisição de conhecimentos básicos de Hidrologia, visando a sua aplicação maior no campo da engenharia civil. Este caderno de estudos tem como objetivos: Proporcionar ao aluno noções adequadas sobre precipitações, Hidrogramas e Vazões de Enchentes, quais são elementos fundamentais para entendimento dos conteúdos propostos ao longo do curso. Sumário AULA 1 - O CICLO HIDROLÓGICO 1 INTRODUÇÃO – O CICLO HIDROLÓGICO ............................................................... 15 1.1 O Ciclo Hidrológico ........................................................................................ 16 1.2 Divisões do Ciclo Hidrológico ........................................................................ 18 1.3 Sistemas Hidrológicos ..................................................................................... 19 1.4 Componentes Fundamentais do Ciclo Hidrológico ..................................... 20 1.4.1 Precipitação ............................................................................................... 21 1.4.2 Escoamento Superficial (RUNOFF) .......................................................... 23 1.4.3 Armazenamento de Águas Superficiais e subterrâneas ..................... 24 1.4.4 Evaporação................................................................................................ 26 1.4.5 Condensação ............................................................................................ 27 AULA 2 - EXERCÍCIOS – O CICLO HIDROLÓGICO 2 EXERCÍCIOS – O CICLO HIDROLÓGICO .................................................................. 34 AULA 3 - ÁGUAS SUPERFICIAIS 3 INTRODUÇÃO – ÁGUAS SUPERFICIAIS ..................................................................... 43 3.1 Bacias Hidrográficas ....................................................................................... 43 3.1.1 Delimitando Bacias Hidrográficas ........................................................... 44 3.2 Rios ................................................................................................................... 45 3.2.1 Componentes de um Rio ......................................................................... 46 3.2.2 Morfologia de um Rio ................................................................................ 46 3.2.3 Tipos de Rios ............................................................................................... 49 3.3 Lagos ................................................................................................................ 51 3.3.1 Tipos de Lagos ............................................................................................ 51 3.4 Monitoramento das Águas Superficiais......................................................... 52 3.4.1 Escoamento Superficial ............................................................................ 52 3.4.2 Armazenamento de Águas em Lagos e Reservatórios ....................... 54 3.5 Evento de cheias ....................................................................................... 55 3.5.1 Precipitação Máxima Provável (PMP) .................................................... 55 3.5.2 Cheia ou Vazão Máxima Provável (VMP) ............................................. 56 3.5.3 Carga de Sedimentos ............................................................................... 57 AULA 4 - EXERCÍCIOS – ÁGUAS SUPERFICIAIS 4 EXERCÍCIOS – ÁGUAS SUPERFICIAIS ........................................................................ 65 AULA 5 - ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 5 INTRODUÇÃO – ÁGUAS SUBTERRÂNEAS .................................................................. 74 5.1 Distribuição das Águas Superficiais ............................................................... 74 5.2 Geologia e Águas subterrâneas .................................................................... 76 5.2.1 Rochas Sedimentares ............................................................................... 77 5.3 Recarga dos Sistemas de Águas Subterrâneas ............................................ 77 5.4 Aquíferos ..........................................................................................................79 5.4.1 Tipos de Aquíferos ...................................................................................... 80 5.4.2 Propriedades dos Aquíferos ..................................................................... 83 5.5 Escoamento das Águas Subterrâneas .......................................................... 86 AULA 6 - EXERCÍCIOS – ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 6 EXERCÍCIOS ............................................................................................................... 97 AULA 7 - CURVAS DE INTENSIDADE E DURAÇÃO 7 INTRODUÇÃO – CURVAS DE INTENSIDADE E DURAÇÃO ....................................... 107 7.1 Formas de Precipitação ............................................................................... 108 7.1.1 Chuva ........................................................................................................ 108 7.1.2 Neve .......................................................................................................... 108 7.1.3 Garoa ........................................................................................................ 108 7.1.4 Gelo Vítreo ................................................................................................ 109 7.1.5 Chuva com Neve .................................................................................... 109 7.1.6 Granizo ...................................................................................................... 109 7.2 Tipos de Precipitação ................................................................................... 109 7.2.1 Introdução ................................................................................................ 109 7.2.2 Chuva Frontal ........................................................................................... 110 7.2.3 Ciclone ...................................................................................................... 110 7.2.4 Anticiclones .............................................................................................. 111 7.2.5 Chuva Convectiva .................................................................................. 112 7.2.6 Chuva Orográfica ................................................................................... 112 7.2.7 Aumento da Precipitação ..................................................................... 113 7.3 Medição de Chuva ....................................................................................... 115 7.3.1 Introdução ................................................................................................ 115 7.3.2 Pluviômetros.............................................................................................. 115 7.3.3 Pluviógrafos .............................................................................................. 116 7.3.4 Pluviógrafo de Báscula ........................................................................... 116 7.4 Intensidade de Chuva .................................................................................. 119 AULA 8 - EXERCÍCIOS – CURVAS DE INTENSIDADE E DURAÇÃO 8 EXERCÍCIOS - CURVAS DE INTENSIDADE E DURAÇÃO .......................................... 128 AULA 9 - HIDROGRAMAS 9 INTRODUÇÃO – HIDROGRAMAS ............................................................................ 138 9.1 Características do Hidrograma ................................................................... 138 9.2 Separação dos Hidrogramas ....................................................................... 141 9.3 Conceito de Hidrograma Unitário ................................................................ 141 9.3.1 Montagem dos Hidrogramas ................................................................. 142 9.3.2 Duração da Precipitação ...................................................................... 143 9.3.3 Distribuição do Escoamento na Área .................................................. 143 9.3.4 Quantidade de Escoamento ................................................................ 144 9.3.5 Leitura de Dados ..................................................................................... 145 9.3.6 Cálculo do Hidrograma .......................................................................... 146 9.3.7 Análise de Dados ..................................................................................... 148 9.3.8 Separação dos Hidrogramas Unitários a Partir de Hidrogramas Simples ................................................................................................................ 148 9.3.9 Hidrograma Unitário para Várias Durações......................................... 150 9.3.10 Hidrogramas Unitários Sintéticos .......................................................... 153 9.3.11 O Hidrograma e a Vazão de Base ...................................................... 153 9.3.12 Limitaçãoes do Hidrograma Unitário .................................................. 154 AULA 10 - EXERCÍCIOS – HIDROGRAMAS 10 EXERCÍCIOS – HIDROGRAMAS ............................................................................... 161 AULA 11 - RECURSOS HÍDRICOS 11 INTRODUÇÃO – RECURSOS HÍDRICOS ................................................................... 170 11.1 Poluição das Águas ...................................................................................... 170 11.2 Gestão em Qualidade das Águas ............................................................... 171 11.2.1 Transporte e Destino dos Poluentes .................................................... 171 11.2.2 Transporte e Destino associados às Águas Superficiais ................... 172 11.2.3 Transporte e Destino associados às Águas Subterrâneas ................ 172 11.3 Amostragem da Água .................................................................................. 175 11.4 Medição da Vazão de um Curso D’água ................................................... 176 11.5 Água e Recursos hídricos ............................................................................. 177 11.6 A Ciência da Hidrologia ............................................................................... 177 11.7 Bacia Hidrográfica ........................................................................................ 178 11.8 Hidrometria .................................................................................................... 179 11.9 Qualidade da Água em Rios e Reservatórios ............................................. 179 AULA 12 - EXERCÍCIOS – RECURSOS HÍDRICOS 12 EXERCÍCIO – RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................ 187 AULA 13 - BACIAS HIDROGRÁFICAS 13 INTRODUÇÃO – BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................ 197 13.1 Características de Uma Bacia Hidrográfica ............................................... 198 13.2 Fatores que Afetam o Escoamento em Uma Bacia Hidrográfica ............. 200 13.3 Características Geométricas da Bacia ....................................................... 201 13.3.1 Área de Drenagem da Bacia .............................................................. 201 13.3.2 Forma da Bacia ...................................................................................... 201 13.3.3 Características de Drenagem da Bacia ............................................ 201 13.3.4 Densidade de Drenagem da Bacia ................................................... 202 13.3.5 Rede de Drenagem .............................................................................. 202 13.3.6 Bacias com Baixa Densidade de Drenagem .................................... 202 13.3.7 Bacias com Alta Densidade de Drenagem ...................................... 203 13.4 Características de Micro-Bacia Sem Manejo Ambiental .......................... 203 13.5 Característicasde Micro-Bacia Com Manejo Ambiental ......................... 203 AULA 14 - EXERCÍCIOS – BACIAS HIDROGRÁFICAS 14 EXERCÍCIOS – BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................... 211 AULA 15 - EXERCÍCIOS DE REVISÃO DO CONTEÚDO 15 EXERCÍCIOS DE REVISÃO DE CONTEÚDO .............................................................. 220 AULA 16 - TÓPICOS ESPECIAIS EM HIDROLOGIA 16 INTRODUÇÃO – TÓPICOS ESPECIAIS EM HIDROLOGIA ......................................... 232 16.1 Futuras Questões na Gestão Global dos Recursos Hídricos ...................... 233 16.1.1 População .............................................................................................. 233 16.1.2 Ausência de Tratamento de Efluentes ............................................... 234 16.1.3 Degradação Ambiental ....................................................................... 235 16.2 Soluções para futuras questões na Gestão Global dos Recursos Hídricos .... ........................................................................................................................ 236 16.2.1 Recarga para o Sistema de Águas Subterrâneas ............................ 237 16.2.2 Conservação da Água ......................................................................... 238 16.2.3 Construção de Barragens .................................................................... 239 16.3 A Necessidade de Cooperação ................................................................. 239 16.3.1O Fator Humano ...................................................................................... 239 16.3.2 Ética ......................................................................................................... 241 Iconografia O Ciclo Hidrológico Aula 1 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula o aluno irá aprender sobre o Ciclo Hidrológico, suas divisões e a sua importância para a sobrevivência de inúmeras espécies inclusive a nossa, os humanos. O Ciclo Hidrológico é fundamental para conhecermos mais sobre as águas superficiais, subterrâneas, as ocorrências na Terra (gás, líquido e gelo), bem como as vazões de escoamento para o cálculo de sistemas de drenagem, os recursos hídricos e sua utilização e as bacias hidrográficas. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Os conceitos de Ciclo Hidrológico; As divisões do Ciclo Hidrológico; Os estados de ocorrência da água; A importância do Ciclo Hidrológico na vida humana; As formas de ocorrência da água e suas características. 15 1 INTRODUÇÃO – O CICLO HIDROLÓGICO Hidrologia é a ciência que trata do estudo da água na natureza. É a parte da geografia física que abrange, em especial, propriedades, fenômenos e distribuição da água na atmosfera, na superfície da Terra e no subsolo. Sua importância é facilmente compreensível quando se considera o papel da água na vida humana. Ainda que os fenômenos hidrológicos mais comuns, como as chuvas e escoamento dos rios, possam parecer suficientemente conhecidos, devido à regularidade com que se verificam, basta lembrar os efeitos catastróficos das grandes cheias e estiagens para constatar o inadequado domínio do homem sobre as leis naturais que regem aqueles fenômenos e a necessidade de se aprofundar o seu conhecimento. A correlação entre o progresso e o grau de utilização dos recursos hidráulicos evidencia também o importante papel da hidrologia na complementação dos conhecimentos necessários ao seu melhor aproveitamento. A água pode ser encontrada em estado sólido, líquido ou gasoso; na atmosfera, na superfície da Terra, no subsolo ou nas grandes massas constituídas pelos oceanos, mares e lagos. Em sua constante movimentação, configura o que convencionou chamar de Ciclo Hidrológico; muda de estado ou de posição em relação à Terra, seguindo as linhas principais desse ciclo (precipitação, escoamento superficial ou subterrâneo, evaporação), mantendo no decorrer do tempo uma distribuição equilibrada, do que é uma boa evidência a constância do nível médio dos mares. 16 A hidrologia de superfície trata especialmente do escoamento superficial, ou seja, da água em movimento sobre o solo. Sua finalidade primeira é o estudo dos processos físicos que tem lugar entre a precipitação e o escoamento superficial e o seu desenvolvimento ao longo dos rios. A hidrologia é uma ciência recente. Apesar de certas noções básicas terem sido conhecidas e aplicadas pelo homem há muito tempo, como o atestam os registros egípcios sobre as enchentes do Nilo datados de 3.000 a.C. e as evidências de medidas de precipitação pluvial na Índia feitas em 350 a. C.; a concepção geral do Ciclo Hidrológico só começo a tomar forma na Renascença com Leonardo Da Vinci e outros. O progresso desse ramo da ciência não fugiu à regra geral, constatada para os demais setores do conhecimento humano. Ocorreu lenta e progressivamente, só começando a constituir uma disciplina específica em fins do século passado, com o enunciado dos primeiros princípios de ordem quantitativa. Atualmente, o progresso se verifica em ritmo acelerado, quase impossível de ser acompanhado pelo não especialista.1 1.1 O Ciclo Hidrológico Pode-se considerar que toda a água utilizável pelo homem provenha da atmosfera, ainda que este conceito tenha apenas o mérito de definir um ponto inicial de um ciclo que, na realidade, é fechado. A água pode ser encontrada na atmosfera sob a forma de vapor ou de partículas líquidas, ou como gelo ou neve. Quando as gotículas de água, formadas por condensação, atingem determinada dimensão, precipitam-se em forma de chuva. Se na sua queda atravessam zonas de temperatura abaixo de zero, pode haver a formação de partículas de gelo, dando origem ao granizo. No caso de a condensação ocorrer sob temperaturas abaixo do ponto de congelamento, haverá a formação de neve. 1 SOUZA, Nelson L. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Blucher, 1976, p. 1 e 2. 17 Quando a condensação se verifica diretamente sobre a superfície sólida, ocorrem os fenômenos de orvalho ou geada, conforme se dê a condensação em temperaturas superiores ou inferiores a zero grau centígrado. Parte da precipitação não atinge o solo, seja devido a evaporação durante a própria queda, seja porque fica retida pela vegetação. A essa última perda (com relação ao volume que atinge o solo) dá-se a denominação de interceptação. Do volume que atinge o solo, parte nele se infiltra, parte se escoa sobre a superfície e parte se evapora, quer diretamente, quer através de plantas, no fenômeno conhecido como transpiração. A infiltração é o processo de penetração da água no solo. Quando a intensidade da precipitação excede a capacidade de infiltração do solo, a água se escoa superficialmente. Inicialmente são preenchidas as depressões do terreno e em seguida inicia-se o escoamento propriamente dito, procurando, naturalmente, a água os canais naturais, que vão se concentrando nos vales principais, formando os cursos dos rios, para finalmente dirigirem-se aos grandes volumes de água constituídos pelos mares, lagos e oceanos. Nesse processo pode ocorrer a infiltração ou evaporação, conforme características do terreno e da umidade ambiente da zona atravessada. A água retida nas depressões ou como umidade superficial do solo pode ainda evaporar-se ou infiltrar-se. A água em estado líquido, pela energia recebida do Sol ou de outras fontes, pode retornar ao estado gasoso, fenômeno que se denomina evaporação. É pela evaporação que se mantem o equilíbrio do Ciclo Hidrológico. É interessante registrar os valores aproximados, referentesàs proporções das principais fases do movimento da água. Do volume total que atinge o solo, cerca de 25% alcançam os oceanos na forma de escoamento superficial, enquanto que 75% retornam à atmosfera por evaporação. Destes, 40% irão precipitar-se diretamente sobre os oceanos, e 35% novamente sobre o continente, somando-se à contribuição de 65% resultantes da evaporação das grandes massas líquidas, para completar o ciclo. Para viver, as plantas retiram umidade do solo, utilizam-na em seu crescimento e a eliminam na atmosfera sob a forma de vapor. A esse processo dá- se o nome de transpiração. Em muitos estudos, a evaporação do solo e das plantas são consideradas em conjunto sob a denominação de evapotranspiração. 18 A água que infiltra no solo movimenta-se através dos vazios existentes, por percolação, e, eventualmente, atinge uma zona totalmente saturada, formando o lençol subterrâneo. O lençol poderá interceptar uma vertente, retornado à água à superfície, alimentando rios ou mesmo os próprios oceanos, ou poderá se formar entre camadas impermeáveis em lençóis artesianos.2 O Ciclo Hidrológico é representado esquematicamente conforme a figura 01. 1.2 Divisões do Ciclo Hidrológico O ciclo hidrológico possui duas divisões principais: o ramo terrestre e o ramo atmosférico. O ramo terrestre consiste de entradas (precipitação, degelo, deposição), saídas (evapotranspiração e Runoff) e estoque de água em várias formas nos continentes e oceanos; enquanto o ramo atmosférico consiste de transporte atmosférico de água, principalmente na forma de vapor. As duas divisões do ciclo hidrológico se unem na interface entre as superfícies atmosférica e terrestre (nesta superfície incluindo o oceano).3 2 SOUZA, Nelson L. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Blucher, 1976, p. 2 e 3. 3 CARRIELLO, F. Estimativa da Resposta Hidrológica das Sub-bacias Brasileiras. São José dos Campos: INPE, 2004, p. 30 e 31. 19 Figura 1: Representação do Ciclo Hidrológico. Fonte: SOLIMAN (2013) 1.3 Sistemas Hidrológicos Chow et al. (1988) definiram o sistema hidrológico como um domínio de um volume no espaço, circulando por uma fronteira que aceita água e outros insumos, processando-os internamente e produzindo resultados. O domínio (no escoamento superficial ou subsuperficial) ou volume no espaço (no escoamento da umidade atmosférica) é a totalidade dos caminhos de escoamento pelos quais a água pode passar do ponto em que ela entra no sistema até o ponto em que ela sai. A fronteira é uma superfície contínua definida em três dimensões que delimitam o volume. Um meio de trabalho entra no sistema como insumo, interage com o domínio e outros meios, e sai como resultado. Os processos físicos, químicos e biológicos atuam sobre o meio de trabalho dentro do sistema; os meios de trabalho mais comuns envolvidos na análise hidrológica são a água, o ar e a energia térmica.4 4 SOLIMAN, Mosafa M. Engenharia Hidrológica nas Regiões Áridas e Semiáridas. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 10. 20 Figura 2: Diagrama de blocos mostrando o sistema hidrológico. Fonte: SOLIMAN (2013) O Ciclo Hidrológico global pode ser representado como um sistema contendo três subsistemas: o sistema hídrico atmosférico, o sistema hídrico superficial e o sistema hídrico subsuperficial, conforme figura 02. Outro exemplo é o processo de tempestade-precipitação-escoamento em uma bacia hidrográfica, que pode ser representado como um sistema hidrológico. O insumo é a precipitação distribuída no tempo e espaço sobre a bacia hidrográfica e o resultado é a vazão do curso d’água na foz da bacia hidrográfica (exultório). A fronteira é definida pela divisão das bacias hidrográficas e se estende verticalmente para cima e para baixo dos planos horizontais. A ciência que lida com o sistema hídrico atmosférico é a meteorologia, mais especificamente a hidrometeorologia. 1.4 Componentes Fundamentais do Ciclo Hidrológico O Ciclo Hidrológico contém cinco componentes fundamentais, quais são: - Precipitação; 21 - Escoamento Superficial (Runoff); - Armazenamento de Águas Superficiais e Subterrâneas; - Evaporação/Transpiração; - Condensação. 1.4.1 Precipitação A precipitação ocorre quando a umidade da atmosfera se torna muito grande para que ela permaneça em suspensão nas nuvens. Dadas as condições necessárias, pequenas moléculas de água fragilmente associadas formam gotículas. Estas por sua vez, são submetidas ao processo de aglutinação, ou de associação e caem sob a forma de chuva, neve, granizo ou virga (a chuva que evapora antes de chegar à superfície). A precipitação ao atingir a superfície da Terra pode ser tornar água de escoamento superficial, água superficial armazenada, gelo glacial, água absorvida pelas plantas, água subterrânea ou água nos oceanos, ou pode evaporar e retornar imediatamente à atmosfera. Os oceanos no mundo contem 97,5% de toda a água existente no Ciclo Hidrológico da Terra. Os 2,5% remanescentes são encontrados ou nas calotas polares congeladas, ou nas águas subterrâneas, em rios, lagos, ou mesmo em lagoas, conforme a figura 03.5 1.4.1.1 Monitoramento a Precipitação O monitoramento da precipitação é uma ferramenta muito importante para o conhecimento do volume da água disponível para uso humano e das plantas. Existem disponíveis uma variedade de métodos para a obtenção de dados sobre a quantidade, localização e intensidade dos eventos de precipitação. Esta informação permite que agricultores, fornecedores municipais de água, cientistas agrônomos, 5 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 22 e 23. 22 gestores florestais e outros, ajustem os padrões de consumo da água, conforme a Figura 03 abaixo: Figura 3: Distribuição do total de água existente no mundo. Fonte: CECH (2013) Medidores simples de chuva são usados há mais de mil anos na Índia, China e Coréia. Em 300 a. C. a Índia já usava medidores de chuva para determinar a arrecadação de impostos. Períodos de chuva intensas significavam boas colheitas e impostos elevados, enquanto períodos de estiagem representavam colheitas menores e redução dos impostos arrecadados pelo governo. O recipientes e tubos para acumulação e medição das precipitações usados na antiguidade não eram muito diferentes de alguns dos instrumentos utilizados atualmente. Recursos 23 modernos para monitoramento variam desde tubos/recipientes simples em plástico ou vidro, até os mais sofisticados, qual veremos mais adiante no capítulo 07. O monitoramento preciso da precipitação exige que os medidores sejam alocados afastados de árvores, prédios e outras barreiras que possam interferir na precipitação. Uma rede de medidores de chuva ou pluviômetros pode ser distribuída em área bem ampla a fim de determinar as quantidades de chuvas precipitadas sobre grandes regiões geográficas.6 1.4.1.2 Radares Meteorológicos Os radares meteorológicos proporcionam um método sofisticado e preciso de monitoramento da precipitação, baseados no efeito Doppler, que foi matematicamente descrito em 1842, por Cristian Doppler (1803 – 1853), físico austríaco. Doppler estudou as mudanças perceptíveis nas frequências do som quando emitidas por um objeto, como o apito de um trem, ao se aproximar e se afastar de uma pessoa que estivesse parada. O conceito de frequência e transmissão do som que ele desenvolveu é usado no radar de efeito Doppler para estimar as quantidades de chuva, com base na intensidade dos ecos do radar. Essa tecnologia moderna envia ondas eletromagnéticas contínuas que são refletidas pelas gotículas de água em suspensão no ar e queretornam como uma “assinatura ou sinal eletrônico” ao computador. A distribuição das gotículas de água fornece dados sobre a intensidade da tempestade e as quantidades de precipitação. Atualmente, cientistas estão usando dados referentes a tempestades anteriores, fornecidos pelos radares de efeito Doppler, para estimar volumes históricos de precipitações. Esta informação propicia estimativas de distribuição espacial, em “nós de malhas” ou “grades” de precipitações históricas que não podem ser obtidas usando rede de medidores de chuva ou pluviômetros.7 1.4.2 Escoamento Superficial (RUNOFF) 6 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 24. 7 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 24 e 25. 24 Runoff, ou escoamento superficial, é a quantidade de água que escoa na superfície terrestre após a ocorrência de um temporal. O clima, os terrenos, a intensidade e volume da precipitação desempenham papel significativo nas vazões de escoamento superficial. A bacia do Rio Amazonas, na América do Sul, tem grandes volumes de Runoff devido às elevadas taxas de precipitação, à alta umidade e massivas áreas de drenagem. A ocupação do uso do solo tem impacto significativo sobre as vazões de águas superficiais. Superfícies desprovidas de vegetação prejudicam a infiltração da água no solo e contribuem para que o Runoff avance rapidamente para jusante. Áreas com densa cobertura de vegetação reduzem o escoamento das águas superficiais e permitem o aumento da infiltração. Áreas urbanas com ruas e estacionamentos pavimentados, calçadas e coberturas impedem a infiltração e aumentam o Runoff. Áreas a jusante de centros urbanos experimentam com frequência aumento dos escoamentos dos cursos d’água, após a ocorrência de eventos significativos de chuva e temporais. 1.4.3 Armazenamento de Águas Superficiais e subterrâneas 1.4.3.1 Lagos e Reservatórios Lagos e reservatórios são componentes importantes do Ciclo Hidrológico. Os lagos são grandes corpos hídricos interiores formados a partir da atividade glacial ou pela vazão de águas superficiais, enquanto reservatórios são tanto corpos hídricos naturais quanto artificiais usados para armazenar, regular e controlar a água. Ambos, lagos e reservatórios, servem de pontos de captação para armazenamento das vazões de águas superficiais e subterrâneas infiltradas, perdem pela evaporação, e podem reabastecer os cursos de água. 25 Lagos e reservatórios podem ser formados a partir de deslizamento de Terra, de movimentos tectônicos (de formação geológica), de glaciação, da ação de um rio, das atividades de animais (castores), do impacto de um meteorito, vulcanismo e da atividade humana (construção de represas). Lagos e reservatórios dependem das precipitações, do derretimento de neve, e, em alguns casos da infiltração das águas subterrâneas e do degelo glacial como fontes de suprimento de água. A água armazenada nos lagos sofre perdas por evaporação, pela recarga das águas subterrâneas e pelo escoamento que deixa o corpo hídrico. Muitos lagos e reservatórios são monitorados regularmente por gestores de recursos hídricos para determinar os volumes de água armazenados. 1.4.3.2 Águas Subterrâneas O armazenamento das águas subterrâneas é outro componente importante do Ciclo Hidrológico. Solos porosos permitem que as águas superficiais penetrem no subsolo e nas camadas de material geológico, por meio da força da gravidade. A precipitação é a principal forma de reabastecimento das águas subterrâneas. Parte da ação de absorção realizada abaixo da superfície da terra é controlada pela pressão capilar e pela condutividade hidráulica. Águas subterrâneas podem ser encontradas abaixo da superfície da terra em material arenoso, de cascalho, rochoso, de argila fina e em fendas de grandes rochas. Águas superficiais também podem se tornar águas subterrâneas através da infiltração de água de rios, lagos, zonas úmidas e do mar. Águas subterrâneas se movimentam por meio da força da gravidade e da pressão capilar através de camadas de material geológico em direção ao subsolo até encontrarem uma rocha ou material argiloso como barreira. Podem em algum momento atingir a superfície da terra em 26 um ponto mais baixo sob a forma de fonte, ou se infiltrar em rios, lagos, zonas úmidas, ou no oceano.8 1.4.4 Evaporação É o processo pelo qual a água se transforma do estado líquido para vapor, por meio da ação do vento e da radiação solar, retornando a atmosfera. A evaporação ocorre de corpos hídricos, tais como lagos, rios e oceanos, e de superfícies da terra. As taxas de evaporação são extremamente importantes para determinar a disponibilidade ou a perda de água de uma região. Estas taxas podem ser medidas pelo enchimento com água de tanques especiais e então registro das taxas de perdas diárias. O astrônomo e matemático inglês Sir Edmond Halley (1656 – 1742) realizou, por volta de 1701, experiências para estimar a evaporação do Mar Mediterrâneo. Ele dispôs vários tanques com água, durante alguns dias de verão bem intenso, e calculou o volume de água do Mar Mediterrâneo que evaporou por dia. Em seguida ele estimou o fluxo diário de água doce que os rios lançavam no mar e determinou um valor “líquido” de perda de água de água do sistema. Segundo Halley, a evaporação tornaria a água do Mediterrâneo mais salina, já que o volume de água perdido excedia o influxo de água doce.9 Pesquisas realizadas posteriormente provaram que a teoria de Halley estava correta e que as águas mais profundas do Mediterrâneo eram mais salgadas que as do Oceano Atlântico adjacente. Halley prosseguiu seus estudos sobre o Ciclo Hidrológico e a evaporação; ele também, mais tarde, descobriu o cometa que leva o seu nome.10 8 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 30 e 31. 9 E. Halley, An Account of the Water”, Philophical Transactions of the Royal Society (London) 18, (1694): 183-90. 10 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 31. 27 1.4.5 Condensação É o processo de resfriamento do vapor de água até que ele se transforme em líquido. O processo se inicia quando o vapor de água na atmosfera atinge camadas superiores e se resfria. Neste processo, o vapor de água é submetido à mudança de estado passando a líquido ou gelo. Se outras condições atmosféricas estiverem presentes, este processo pode acarretar a formação de nuvens, em altitudes elevadas, ou neblina e nevoeiro, se próximo a superfície terrestre. Quando as gotículas entram em colisão fundem-se formando gotas maiores. Este processo pode ser observado tanto nas plantas, quando interceptam o orvalho pela manhã, assim como quando se retira uma lata de refrigerante do congelador. Resumo Nesta aula, abordamos: O Ciclo Hidrológico; As divisões do Ciclo Hidrológico; Os sistemas hidrológicos; Os componentes fundamentais do ciclo hidrológico; A precipitação; O monitoramento da precipitação; Os radares meteorológicos; O escoamento superficial (Runoff); O armazenamento de águas superficiais e subterrâneas; A evaporação; A condensação. Complementar Para enriquecer seu conhecimento é importante que você: Revise a aula através do material complementar sugerido pelo professor; Execute a APS para os assuntos abordados nesta aula; Assista por completo os vídeos apresentados peloprofessor, quais estão inseridos em “Aulas” na Plataforma Blackboard na página da disciplina. Lei a e estude a aula pela apostila do professor disponível na plataforma Blackboard. Fique atento! Assista aos vídeos da disciplina, são fundamentais para a sua aprendizagem! Fique atento aos horários de atendimento disponíveis na Secretaria Virtual da Blackboard! Não acumule dúvidas! Procure o professor da disciplina ou o tutor para esclarecer suas dúvidas. Referências Bibliográficas Bibliografia Básica da aula 01: 1 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013. CARRIELLO, F. Estimativa da Resposta Hidrológica das Sub-bacias Brasileiras. São José dos Campos: INPE, 2004. E. Halley, “An Account of the Water”, Philophical Transactions of the Royal Society (London) 18, (1694): 183-90. SOLIMAN, Mosafa M. Engenharia Hidrológica nas Regiões Áridas e Semiáridas. Rio de Janeiro: LTC, 2013. SOUZA, Nelson L. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Blucher, 1976. AULA 1 Exercícios 1. Nomeie os cinco principais componentes do Ciclo Hidrológico. 2. Discuta o papel de áreas úmidas no Ciclo Hidrológico. 3. Qual a importância do Runoff no Ciclo Hidrológico. 4. O que é a evapotranspiração? 5. O que a água subterrânea interfere no Ciclo Hidrológico? Exercícios – O Ciclo Hidrológico Aula 2 APRESENTAÇÃO DA AULA Os exercícios aqui apresentados são mais elaborados, bem como podem estar na prova ou na APS, portanto, é de fundamental importância o aluno estar focado nos mesmos, pois são descritos para que o aluno faça uma análise muito técnica dos mesmos a partir do aprendizado adquirido através dos vídeos, bem como da leitura do material complementar. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Realizar os exercícios sobre o Ciclo Hidrológico; Realizar exercícios do conteúdo abordado referentes ao ENADE; Realizar exercícios do conteúdo abordado referentes a Concursos Públicos; Saber questionar e solucionar os problemas com rapidez abordando o conhecimento adquirido. 34 2 EXERCÍCIOS – O CICLO HIDROLÓGICO 1) Adaptada INFRAERO 2011 – “É sabido que ação humana altera o ciclo hidrológico, especialmente no ambiente urbano, no qual as alterações ambientais são mais intensas. O aumento das inundações urbanas é uma das consequências mensuráveis das alterações do ciclo hidrológico decorrentes da urbanização”. Explique, com suas próprias palavras, o trecho acima, abordando sobre a cidade de Itaperuna-RJ. 2) Adaptada Concurso UFOPA – 2012 - Os fenômenos que juntos compõem o Ciclo Hidrológico são: (a) condensação do vapor d’água; precipitação pluviométrica; escoamento superficial; evapotranspiração, além dos fenômenos complementares de interceptação da precipitação pela cobertura vegetal e infiltração da água no solo. (b) condensação do vapor d’água; precipitação pluviométrica; escoamento superficial; evapotranspiração; sublimação, precipitação e infiltração da água no subsolo. (c) condensação do vapor d’água; precipitação pluviométrica; escoamento superficial; evapotranspiração e infiltração da água no subsolo. (d) condensação do vapor d’água; precipitação pluviométrica; escoamento superficial; evapotranspiração; e mais os fenômenos complementares de sublimação da precipitação pela cobertura vegetal e infiltração da água no solo. (e) condensação do vapor d’água; precipitação pluviométrica; escoamento superficial; evapotranspiração; sublimação e interceptação da precipitação pela cobertura vegetal. 35 3) As geleiras representam grande parcela da reserva de água doce mundial. Em uma situação hipotética, quais todas estas geleiras derretessem ao mesmo tempo, qual seria o impacto hidrológico no Planeta Terra? Justifique a sua resposta com suas próprias palavras. 4) Com os seus conhecimentos de Hidrologia, descreva um breve texto, com suas próprias palavras, como é definido o ciclo hidrológico em Itaperuna-RJ e região, abordando os conceitos aprendidos em sala de aula (ciclo hidrológico, águas superficiais e águas subterrâneas). 5) Adaptada da prova da disciplina Hidrologia Aplicada da UFRJ – 2006 - Como se pode explicar o fato de que uma região que não houve aumento populacional, os recursos hídricos se tornaram escassos; mesmo havendo a renovação de água por meio do Ciclo Hidrológico. 6) De acordo com os itens abaixo, justifique com suas próprias palavras os itens que julgar falsos. I – Em florestas equatoriais ocorre intensa evapotranspiração. II – A evaporação ocorre de modo proporcional a umidade relativa do ar. III – A radiação solar, a umidade relativa, a temperatura do ar e o vento são os principais fatores intervenientes da evaporação. 7) Adaptada UFLA - 2013 – Alterações de uso e de ocupação do solo de uma bacia hidrográfica alteram o comportamento direto de alguns componentes do ciclo hidrológico, entre os quais é correto citar, exceto: (a) Infiltração (b) Precipitação (c) Transpiração (d) Interceptação 1) As constantes obras e a evolução urbana em Itaperuna-RJ e região tem trazido consequências enormes para a população em geral. As faltas de infraestrutura urbana adequada como redes de drenagem, por exemplo, trazem grandes inundações, bem como o crescimento desordenado dos bairros e da cidade como um todo, cujas consequências de agressão ao meio ambiente faz com que ocorra pequenas alterações no Ciclo Hidrológico local. Mesmo sendo pequenas estas consequências trazem grandes prejuízo para a cidade. 2) A resposta está ao final da apostila no apêndice A. 3) Se todas as geleiras derretessem ao mesmo tempo, dos polos e das montanhas haveriam inundações de gigantescas proporções nas áreas litorâneas, bem como haveria alteração no Ciclo Hidrológico como um todo, constituído de novos cursos d’água, novo clima e tipos de vegetação existentes. 4) Na região de Itaperuna-RJ nos meses de outubro a março ocorrem chuvas intensas e o clima é quente, enquanto no inverno estas ocorrências pluviométricas são bem menores, o que faz as águas superficiais e subterrâneas terem maior abundância no verão, enquanto que no inverno estes mananciais são explorados de forma que seus volumes sempre tendem a diminuir. 5) Com a enorme exploração industrial local, qual trouxe grande poluição aos cursos d’água, quais não puderam mais ser explorados. 6) I-Verdadeiro II-Falso, quanto maior a umidade relativa do ar menor a evaporação. III-Verdadeiro. 7) A resposta está ao final da apostila no apêndice A. Resumo Nesta aula, abordamos: Exercício referente aos fenômenos do Ciclo Hidrológico; Exercício referente ao comportamento e mudança do Ciclo Hidrológico; Exercício referente a exploração de mananciais e seus efeitos no Ciclo Hidrológico; Exercício referente ao comportamento da bacia hidrográfica no Ciclo Hidrológico. Complementar Para enriquecer seu conhecimento é importante que você: Revise a aula através do material complementar sugerido pelo professor; Execute a APS para os assuntos abordados nesta aula, pois é uma APS prática; Assista por completo os vídeos apresentados pelo professor, quais estão inseridos em “Aulas” na Plataforma Blackboard na página da disciplina. Fique atento! Assista aos vídeos da disciplina,são fundamentais para a sua aprendizagem! Fique atento aos horários de atendimento disponíveis na Secretaria Virtual da Blackboard! Não acumule dúvidas! Procure o professor da disciplina ou o tutor para esclarecer suas dúvidas. Referências Bibliográficas Bibliografia Básica da aula 02: Apostila de Hidrologia Aplicada da Faculdade Redentor, 2011. CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Exercícios propostos pelo professor. SOUZA, Nelson L. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Blucher, 1976. AULA 2 Exercícios 1. Qual a importância das bacias hidrográficas no Ciclo Hidrológico? 2. Faça uma comparação do Ciclo Hidrológico da Região Sudeste brasileiro com a Região Nordeste brasileiro. 3. Qual a importância da reserva das águas em épocas de inverno, principalmente me pequenas comunidades. 4. O que a evaporação e a condensação têm a ver com o Ciclo Hidrológico? 5. Por que as águas superficiais têm importância sobre o Ciclo Hidrológico? Águas superficiais Aula 3 APRESENTAÇÃO DA AULA As águas superficiais são importantíssimas para a hidrologia em geral. Sua formação e seu uso são necessários para a sobrevivência das comunidades, bem como sua manutenção e preservação, pois sem um bom curso d’água, mesmo com a renovação do Ciclo Hidrológico é impossível a sua exploração para consumo humano. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Os conceitos de águas superficiais; O que é a hidrologia de águas superficiais; Sobre as bacias hidrográficas; Monitoramento de águas superficiais. 43 3 INTRODUÇÃO – ÁGUAS SUPERFICIAIS A hidrologia das águas superficiais é o estudo do escoamento das águas encontradas em rios, canais com superfície livre e o escoamento que flui sobre a superfície terrestre. Muitas culturas antigas usavam a ciência da hidrologia para desenvolver práticas sofisticadas de controle e captação de água a partir do escoamento superficial. Isto foi especialmente verdadeiro para as culturas em ambientes áridos, como nos desertos dos Estados Unidos, no Oriente Médio e no Egito Antigo. Um curso d’água é um “fluxo de água corrente, grande ou pequeno”, ao passo que um rio é um “grande curso d’água”. A maioria das pessoas usa estes termos alternadamente para denotar um corpo de água corrente de qualquer tamanho. Entretanto, um curso d’água é geralmente considerado como sendo menor do que um rio, um ribeirão menor do que um curso d’água, um riacho ou córrego é ainda menor. Durante eventos de precipitação formam-se sulcos, lâminas de água, que se juntam morro abaixo e formam os riachos e córregos, que, se crescem, se transformam em ribeirão.11 3.1 Bacias Hidrográficas O total de terra que drena as águas superficiais a um ponto comum (ou corpo hídrico comum) é denominado bacia hidrográfica (também chamada de bacia fluvial, área de drenagem e/ou bacia vertente). As bacias hidrográficas podem ser tão pequenas quanto uma porção de terra que drena para uma lagoa ou tão grande quanto a 6,16 milhões de Km² na América do Sul que drenam para o Rio Amazonas e seus tributários. O Rio Amazonas deságua no Oceano Atlântico, e, embora contenha apenas 2% da área total em termos de superfície do planeta, a Bacia do Rio Amazonas fornece quase 20% da descarga fluvial global para o Oceano Atlântico. 11 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 59 e 60. 44 A Tabela 1 listam as 10 maiores bacias hidrográficas do mundo. Os valores associados à “descarga média” da coluna estão em unidades de pés cúbicos por segundo (ft/s) e metros cúbicos por segundo (m³/s). Estas são as taxas de fluxo e as unidades de medida comuns utilizadas para vazões. Observe que a vazão média do Rio Amazonas é de quase 10 vezes do que a do Rio Mississipi. A Tabela 01 também mostra as áreas de drenagem do Rio Zaire, na África Central, e do Rio Mississipi, nos Estados Unidos, são quase idênticas. Contudo, a descarga média é mais do que o dobro na bacia do Rio Zaire. Quais os fatores climáticos explicariam essa diferença? 12 Tabela 1: Maiores áreas de drenagem (bacias) no mundo. Área de Drenagem Descarga Média Bacia do Rio (1.000 mi2 ) (1.000 km2 ) cfsa cmsb Amazonas, América do Sul 2.380 6.160 6.183.750 175.100 Congo, África 1.480 3.830 1.413.430 40.000 Mississipi, Estados Unidos 1.260 3.260 649.820 18.400 Paraná, La Plata, América do Sul 1.090 2.820 526.500 14.910 Yenisei, Rússia 1.000 2.590 627.560 17.770 Lena, Rússia 970 2.510 568.900 16.110 Yangtze (Chang Jiang), China 750 1.940 1.008.480 28.560 Ganges- Brahmaputra, Índia 570 1.480 1.087.990 30.810 Orinoco, América do Sul 380 980 1.232.510 34.900 Danúbio, Europa 315 817 231.311 6.550 Fonte: CECH (2013) 3.1.1 Delimitando Bacias Hidrográficas A bacia hidrográfica é delimitada pela linha de cumeada ou divisor de águas que demarca os limites da área de drenagem, podendo ser facilmente identificada em mapas topográficos (plani-altimétricos). As águas ou escoamentos superficiais abaixo da linha de cumeada convergem na bacia hidrográfica. A inclinação do 12 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 60. 45 terreno costuma ser em direção ao rio principal. Os limites de uma bacia hidrográfica podem ser identificados localizando primeiro o ponto mais baixo, ou exultório da bacia hidrográfica, em mapa topográfico. Então, as altitudes mais elevadas podem ser seguidas pela linha de cumeada e/ou pontos cotados. Uma vez determinados os limites de uma bacia hidrográfica, podem ser calculados vários parâmetros de bacias hidrográficas, tais como tamanho, elevações máximas e mínimas, forma, declividade e padrões de drenagem. Os escoamentos superficiais também podem ser previstos com base em vários potenciais eventos de precipitação. Os hidrólogos – profissionais que estudam e monitoram a água em movimento – também estão preocupados com o aspecto e a orientação de uma bacia hidrográfica. O aspecto ou mapeamento do aspecto de uma bacia hidrográfica é a direção de exposição de suas vertentes, ao passo que a orientação é a direção principal da maior parte de um rio à medida que o mesmo escoa para jusante na bacia hidrográfica. Um rio com uma orientação Leste-Oeste provavelmente tem vertentes dispostas norte-sul no aspecto.13 3.2 Rios Os rios contem menos de 0,01% da água da Terra, mas se originam em várias fontes possíveis. Alguns são alimentados por nascentes ou pequenos cursos d’água que se juntam para criar rios maiores. Quando pensamos que no Rio Amazonas, por exemplo, tem muita água, ou mesmo na bacia do Rio Amazonas, cuja área contém o maior volume e água doce superficial da Terra, pensamos que em nenhum outro lugar existe mais água. Isto não é verdade! Os lençóis subterrâneos de água doce, por exemplo, têm inúmeras mais vezes de água do que a bacia do Rio Amazonas inteira. Com isso podemos dizer que as águas superficiais são apenas pequena fração da água doce total da Terra.14 13 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 62. 14 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 63. 46 3.2.1 Componentes de um Rio Um rio consiste em um canal principal e todos os tributáriosque deságuam nele. O início de um rio é chamado de cabeceira do rio ou nascente. Os tributários são cursos d’água menores (formadores) que se combinam para formar cursos d’água maiores e, por fim, rios. Quando vistos de cima ou em uma foto aérea ou de satélite, os tributários parecem muitas vezes como galhos de uma árvore. O local em que um tributário se aglutina no canal do rio principal é chamado de confluência de um rio. “A montante” denota um local em direção à cabeceira de um rio ou tributário, ao passo que “a jusante” está na direção de uma confluência com um curso d’água maior, uma foz ou outro ponto da extremidade de um rio. A linha imaginária que liga os pontos mais profundos do leito do rio é chamada de talvegue. Os escoamentos, superficial e subsuperficial, são importantes fontes de água para muitos rios. Depois de um temporal, os níveis d’água muitas vezes se elevam e fazem com que a água se infiltre nas regiões marginais (os lados) de um rio (chamado armazenamento de água nas regiões ripárias). Ao aproximar-se a estiagem, a umidade local vai diminuindo e a água armazenada nas regiões ripárias é drenada em direção ao leito principal ao mesmo tempo em que a vazão vai diminuindo. As margens porosas do rio permitem que quantidades significativas de escoamento direto sejam retidas temporariamente como armazenamento ripário, podendo reduzir o risco de inundações a jusante. A zona por baixo do rio, abaixo da interface água-sedimento, é chamada de zona hiporrêica (do grego que significa “fluir por baixo) e varia de profundidade dependendo da composição e do tamanho do material de leito do rio. A zona hiporrêica pode se estender abaixo do leito fluvial até a profundidade de vários metros, dependendo do caso. 15 3.2.2 Morfologia de um Rio A geomorfologia é o estudo das forças que modelam a forma da superfície da Terra. A maior força que atua na alteração da Terra é a água em movimento, e seus efeitos podem ser facilmente observados ao longo dos rios. Os rios 15 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 63. 47 desenvolvem muitas características depois de terem percorrido o mesmo curso por anos. Um rio “jovem” tem um vale em forma de “V”, com alguns rios tendo “paredes” quase verticais e águas que fluem com rapidez (figura 04). À medida que um rio continua em direção a sua foz e busca um nível básico, a declividade do leito fluvial geralmente diminui. Com o tempo, o vale do rio se alarga e se aproxima da forma de “U”, onde o silte e a areia já criaram uma grande planície causada por inundações anteriores. A largura e a profundidade de um rio aumentam conforme aumenta a jusante. Isso ocorre devido ao aumento de volumes de água e erosão. Alguns rios percorrem trajetórias relativamente diretas para seus destinos, enquanto outros desenvolvem meandros. Os meandros são largos, curvas em espiral em um rio produzido pelo comportamento natural de água corrente (figura 05). Um perfil de um curso d’água sinuoso mostra uma série de lagos e águas rasas com seções mais profundas encontradas a jusante de uma curva no rio em espiral. Figura 4: Calha de um rio ao longo de seu comprimento. Fonte: CECH (2013) Os lados internos de meandros ou curvas se transformam em áreas, nas quais o material geológico é depositado, ao passo que as bordas externas de meandros geralmente passam por erosão. 48 Figura 5: Rio Teles Pires, MT. Fonte: OECO (2010) Essa combinação de deposição geológica e erosão cria uma seção transversal assimétrica do leito fluvial em um sistema sinuoso. Os alargamentos que se formam nas bordas externas das curvas provocarão desgaste (erosão) durante as cheias (águas altas), mas receberão depósitos de materiais geológicos e orgânicos durante períodos de estiagem (águas baixas). As chamadas travessias de rios ou cruzamentos são locais onde o fluxo do lado interior do meandro se dá em direção às bordas externas. Estes cruzamentos sofrerão desgaste (erosão) durante a estiagem (níveis d’água baixos), mas serão recobertos com depósitos durante os períodos de cheia (níveis d’água altos).16 Os meandros tendem a migrar para jusante, como resultado da erosão e deposição em lados opostos das curvas sinuosas. Um rio irá frequentemente desenvolver meandros, se o material que constitui as margens for suscetível à erosão. Os lagos em forma de ferradura e áreas alagadiças muitas vezes se formam calhas fluviais de meandros isolados. Os meandros podem ficar isolados da calha principal, se o curso d’água se tornar tão sinuoso que a língua estreita de terra que separa os meandros adjacentes se romper durante eventos de cheia. Os rios de padrão ramificado, compostos de canais ramificados separados por pequenas ilhas temporárias, se formam quando os excessos de materiais geológicos 16 Marie Morisawa, Streams: Their Dynamics and Morphology (New York: McGraw Hill, 1968), 137-39. 49 não podem ser removidos pelo fluxo de um rio e a calha simplesmente se move para um local de menor resistência. Estes rios tendem a ser muito largos e relativamente raso, com material de leito, grosso. As ilhas são, por vezes, áridas ou podem ter árvores e comunidades de arbustos, como, por exemplo, salgueiros, algodoeiros ou outra vegetação comum da área. Inundações podem, por vezes, impedir esse crescimento, mas durante a estiagem, as plantas crescem, alterando o habitat natural local. Rios de padrão ramificado são comuns nas regiões glaciais onde há disponível uma grande quantidade de areia e cascalho e carreados para planícies largas, inundadas. Alguns rios múltiplos de padrões ramificados se espalham a uma largura de 800,0 metros e tem uma profundidade de apenas 1,0 metro. Os rios de padrão ramificado raramente contem organismos vivos, porque as areias e os cascalhos do leito fluvial oferecem pouca cobertura. Além disso, a constante mudança do leito fluvial reduz o habitat adequado para invertebrados da zona hiporrêica.17 3.2.3 Tipos de Rios Os rios localizados em climas mais áridos são frequentemente cursos d’água efêmeros, que são alimentadas por fonte d’água continua e apresentam escoamento somente após eventos pluviométricos intensos. Um curso d’água que é intermitente apresentam escoamento tanto após eventos pluviométricos intensos quanto durante as estações chuvosas, quando alimentado por águas subterrâneas. 17 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 63, 64 e 65. 50 Figura 6: Exemplo de rio efluente, que galha. Fonte: CECH (2013) Os canais fluviais que estão localizados acima dos sistemas de águas subterrâneas, muitas vezes, liberam um pouco de água através da percolação em direção à região saturada dos solos. Estes são chamados de rios influentes em relação a região saturada dos solos, já que as águas superficiais se movem a partir do leito fluvial para áreas de armazenamento de águas subterrâneas. Um rio efluente é aquele que recebe contribuição de fluxo de base a partir da região saturada e aumenta a descarga, conforme a figura 06 e 07. Um rio efluente é normalmente encontrado em climas úmidos ou mais chuvosos. Um rio pode ser efluente durante partes do ano e influente durante outros meses.18 18 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 65 e 66. 51 Figura 7: Exemplo de rio influente, que perde. Fonte: CECH (2013) 3.3 Lagos Um lago é um corpo hídrico interior qualquer, diferente de oceano, de tamanho razoável, que represaa água e tem algum ou nenhum escoamento lateral (horizontal). Os lagos podem ser criados por atividade glacial, explosões vulcânicas, isolamento dos escoamentos fluviais, movimentos de terra e atividade humana. O termo “lago” pode abranger corpos hídricos rasos com apenas alguns metros de profundidade ou “lagoas” que podem ter mais de 60 metros de profundidade.19 3.3.1 Tipos de Lagos Muitos lagos naturais foram criados por atividade glacial. O processo de desgaste, cinzelamento e raspagem em regiões glaciares, criaram depressões que retêm as águas superficiais. A maioria dos lagos naturais é abastecida por águas pluviais ou neve derretida, embora alguns sejam abastecidos por águas de degelo glacial. Se os detritos glaciais bloqueassem as extensões superiores de um vale 19 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 67. 52 montanhoso, seria ciado um lago de circo20. Estes tipos de lagos são comuns nos Estados Unidos e no Canadá. Os lagos pluviais foram criados em climas secos, quando ocorreram mudanças favoráveis de precipitação e evaporação durante as mudanças climáticas do período quaternário. Esses lagos há muito tempo encolheram ou desapareceram completamente por evaporação. Os lagos de erosão são depressões criadas por blocos de gelo glacial encalhado, enterrado (ou parcialmente enterrado) que derretem aos poucos durante a época pleistocena21. Quando a depressão é profunda o suficiente para chegar à região saturada dos solos, o lago é criado.22 3.4 Monitoramento das Águas Superficiais O monitoramento das águas superficiais pode ser bastante simples em algumas situações e muito complexo em outras. A profundidade do escoamento, características do terreno e velocidades são importantes na determinação de volumes e vazões.23 3.4.1 Escoamento Superficial O escoamento superficial, também denominado fluxo laminar, é o escoamento superficial da água que está se deslocando no interior de uma bacia hidrográfica em direção a um rio. O escoamento superficial geralmente não continua por mais do que uma distância curta, porque ele se combina com outras águas em movimento para se acumular em canais naturais ou artificiais. O escoamento superficial pode ser matematicamente calculado em pequenas bacias hidrográficas, utilizando a fórmula racional. Q = K x i x A (1) 20 O lago de circo é uma depressão funda em forma de anfiteatro localizada no topo das montanhas. O lado a jusante apresenta-se cortado e é normalmente a zona de origem de um glaciar de montanha. Quando o gelo desaparece pode ocorrer nesses locais a formação de um lago. 21 Época compreendida entre 2,5 milhões e 11,7 mil anos atrás. 22 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 67 e 68. 23 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 69 e 70. 53 Em que: Q = vazão de pico em m³/s. K = coeficiente de escoamento (ver tabela 02). i = intensidade pluviométrica em mm/h. A = Área da bacia em Km². A fórmula do método racional foi proposta por Emil Kuichling e continua a ser amplamente utilizada em todo o mundo. É usada para projetar bueiros, galerias e outras estruturas que controlam o escoamento, sobretudo em áreas urbanas. Tabela 2: Coeficientes de escoamento. Coeficientes de Escoamento para a Fórmula Racional Área de Escoamento Valor de K Comercial Central 0,70-0,95 Periferias, bairros 0,50-0,70 Residencial Unifamiliar 0,30-0,50 Apartamentos 0,50-0,70 Industrial Leve 0,50-0,80 Pesada 0,60-0,90 Parques, cemitérios 0,10-0,25 Playgrounds 0,20-0,35 Fonte: CECH (2013) As vazões de um rio podem ser calculadas, primeiramente, a partir da determinação da profundidade do mesmo em uma determinada seção transversal. Em seguida, medem-se a velocidade da água em vários pontos e profundidades ao longo da mesma seção transversal do rio. A fórmula de cálculo é: (2) Q = A x V Onde: Q = Descarga ou vazão em m³/s. A = Área transversal da seção de escoamento em Km². V = Velocidade média do escoamento em m/s. 54 Essa equação fornece a média da descarga ou vazão de água corrente em determinada seção de um curso d’água. No caso da seção retangular de um canal, a área da seção transversal é determinada pela largura vezes a profundidade do canal. Determina-se a largura com uma fita métrica ou dispositivo a laser. A profundidade de um canal fluvial pode ser medida com uma sonda batimétrica, caso seja raso, ou cabos graduados (fios com pesos fixados à extremidade) se a travessia a pé for impossível. Alguns canais fluviais possuem leitos continuamente inconstantes (em geral, compostos de areia e cascalho), devido às cargas sólidas de fundo (por arrasto) com mudança rápida. Esses locais são muitas vezes medidos semanalmente para fornecimento de dados mais precisos sobre as medidas do leito do canal. A areia e o cascalho móveis podem mudar drasticamente a área da seção transversal da calha fluvial em curto espaço de tempo, sobretudo durante os períodos de cheias.24 3.4.2 Armazenamento de Águas em Lagos e Reservatórios O armazenamento dos reservatórios inclui o corpo estático da água no lago atrás de uma barragem, bem como a água retida como armazenamento de margens nas laterais do reservatório. A quantidade de armazenamento nas margens depende da geologia do local do reservatório e pode ser grande ou pequena. Parte dessa água retornará ao reservatório, caso os níveis de água decaiam, enquanto sob a força da gravidade, parte do armazenamento nas margens irá percolar verticalmente, para baixo, em direção ao reservatório de águas subterrâneas. A determinação de mudanças no armazenamento do reservatório deve levar em conta a evaporação, as taxas de recarga de águas subterrâneas, as perdas por infiltração através do leito ou “fundo” (“vazamentos”) do reservatório e entrada e saída de águas superficiais. A seguinte equação é geralmente utilizada: (3) Armazenamento do Reservatório = Qi + G1 – S – E – Qo Onde: 24 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 70 e 71. 55 Qi = fluxo de entrada de águas superficiais Gi = recarga de águas subterrâneas S = perdas por infiltração E = evaporação Qo = fluxo de saída de águas superficiais25 3.5 Evento de cheias As cheias e inundações ocorrem quando a precipitação e o escoamento decorrente excedem a capacidade da calha fluvial de manter na mesma seção o aumento da vazão. A natureza fornece calhas fluviais e planícies de inundação para transportar a água de escoamentos superficiais terrestres para os oceanos. A planície de inundação é simplesmente uma extensão da calha fluvial que transporta grandes volumes de água. O volume de água transportada por um rio muda diariamente, mas muitas vezes recebe pouca atenção em regiões úmidas, a menos que haja transbordamento das margens. As inundações são um componente inevitável de qualquer sistema fluvial, já que os volumes de escoamento variam com o tempo.26 3.5.1 Precipitação Máxima Provável (PMP) As quantidades de precipitação foram registradas por milhares de anos. Como foram desenvolvidos métodos melhores de observação, tais como “radar Doppler”, os registros de precipitação crítica são constantemente quebrados, superados. Suscita então a pergunta: os valores extremos de precipitação continuam a ser superados, “quebrando recordes”, ou existe algum limite finito sobre a capacidadeda atmosfera em produzir precipitação pluviométrica em qualquer local devido aos limites impostos pelo clima, topografia e umidade atmosférica? A resposta é sim, há um limite. O conceito de um limite finito para a precipitação pluviométrica de um evento único de tempestade é chamado de precipitação máxima provável (PMP). A precipitação máxima provável consiste na 25 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 73 e 74. 26 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 74. 56 altura máxima (quantidade) de precipitação que é razoavelmente possível durante um único evento de tempestade e se baseia nos registros anteriores de tempestade, no conhecimento meteorológico aceito, na probabilidade e na estatística. Como esperado, as estimativas de precipitação máxima provável são mais elevadas em regiões equatoriais úmidas, quentes e, muito mais baixas nos climas mais frios, das latitudes médias, nas quais a atmosfera não consegue reter tanta umidade.27 3.5.2 Cheia ou Vazão Máxima Provável (VMP) As vazões de cheia também têm extremos máximos e são chamadas de cheia ou vazão máxima provável. A cheia ou vazão máxima provável consiste no fluxo máximo de águas superficiais que seria esperado em uma área de drenagem sujeita a um evento de precipitação máxima provável. O conceito de VMP é útil para fins de engenharia, pois permite o cálculo do fluxo de entrada de água máximo para estruturas, tais como barragens, galerias e outras estruturas hidráulicas. É necessária a construção de barragens atribuídas como de alto risco (barragens, cujas falhas poderiam resultar em perda de vidas e danos generalizados à propriedade), pelos padrões modernos, para conter 100% da VMP sem que a água transborde (se derrame) ou ultrapasse a barragem. A barragem transbordada sofreria erosão rapidamente e com o tempo romperia (falharia). As taxas de precipitação máxima provável podem ser estimadas por meio de análises estatísticas ou de estimativas de eventos meteorológicos passados em uma região.28 Nem todas as áreas de bacias hidrográficas com a mesma precipitação máxima provável tem a mesma magnitude de uma cheia máxima provável, sobretudo porque as áreas de drenagem podem diferir em declividade, vegetação, tamanho e forma. As chuvas escoarão muito mais rapidamente em uma encosta íngreme do que em uma área plana, em nível. Em solos arenosos, uma maior parte da precipitação infiltrará no solo do que em uma área urbana coberta com asfalto, 27 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 75. 28 Elizabeth M. Shaw, Hydrology in Practice, 3rd ed. (London: Chapman & Hall, 1994), 235-37. 57 concreto ou telhados. Todos estes fatores afetarão os padrões de escoamento e a vazão de cheia em uma bacia hidrográfica.29 3.5.3 Carga de Sedimentos Um rio transporta a maior parte de sua carga de sedimentos em suspensão, a chamada carga sólida em suspensão. Estes materiais em suspensão consistem principalmente em silte, argila, um pouco de areia fina, embora partículas maiores possam ser carregadas durante eventos de cheias, quando são maiores os volumes e a velocidade observada. Caso seja abundante, a descarga sólida em suspensão dá aspecto marrom à água, enlameada. Um rio pode transportar materiais em suspensão por centenas ou milhares de quilômetros. Como a velocidade do escoamento diminui em direção ao fundo, os sedimentos se depositam nos leitos dos rios, e formam “diques naturais” adjacentes, ou próximo da foz dos rios, formando os deltas. Todos os rios carreiam uma carga sólida dissolvida, constituída de materiais dissolvidos, que permanecem em solução. Os fluxos adicionais de água diluirão essas soluções, mas podem não eliminar totalmente tais materiais dissolvidos a menos que os padrões químicos das águas se alterem. Os rios que recebem contribuições a partir das águas subterrâneas geralmente têm cargas dissolvidas maiores do que os rios cujo componente principal sejam escoamentos superficiais. Isso se deve aos minerais dissolvidos disponíveis nas formações geológicas subterrâneas. O material geológico de granulometria mais grossa, chama-se de carga sólida do leito ou de arrasto, é empurrado ao longo do fundo dos rios pelas águas em movimento. Estas partículas maiores de areia e cascalho podem ser responsáveis por menos de 10% da descarga sólida total, mas são importantes para a preservação dos ecossistemas fluviais. Estas partículas rolam e deslizam ao longo do leito ou podem se mover por saltação. O processo de saltação ocorre quando uma partícula é empurrada para cima devido a uma queda na pressão acima do grão de areia. É semelhante aos processos que afetam as asas de um avião. 29 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 75. 58 As correntes mais rápidas acima do grão causam uma queda de pressão acima. A pressão relativamente maior abaixo do grão o eleva até a corrente, momento em que a corrente de água a empurra para baixo. Muitas vezes, a partícula de assentamento colide com outro material no fundo do rio e é atirada para cima de novo pela corrente da água. A Produção de Sedimentos é a quantidade total de material de erosão carreado de uma bacia de drenagem e é geralmente medido em termos de peso (em toneladas) por dia ou por ano. Um dispositivo de amostragem pode ser usado para reunir uma unidade de volume conhecida de água corrente. A amostra de água pode, então, ser evaporada, de modo que apenas a matéria sólida seca permaneça. A diferença entre o peso da água e o peso do sedimento fornece a proporção de sedimentos na água por unidade de volume. A multiplicação da concentração de sedimentos pela descarga fornecerá a carga sólida em termos de peso de sedimentos por metro cúbico.30 30 CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC, 2013, p. 80 e 81. Resumo Nesta aula, abordamos: As bacias hidrográficas; A delimitação de uma bacia hidrográfica; O que é um rio; Componentes de um rio; Morfologia de um rio; Tipos de rios; O que é um lago; Tipos de lagos; Monitoramento das águas superficiais; Escoamento Superficial; Armazenamento de águas em lagos e reservatórios; Eventos de cheias; Precipitação máxima provável; Cheia máxima provável; Carga de sedimentos. Complementar Para enriquecer seu conhecimento é importante que você: Revise a aula através do material complementar sugerido pelo professor; Assista por completo os vídeos apresentados pelo professor, quais estão inseridos em “Aulas” na Plataforma Blackboard na página da disciplina. Consulte a bibliografia da disciplina, pois boa parte do conteúdo aqui apresentado também estão disponíveis nas mesmas. Fique atento! Assista aos vídeos da disciplina, são fundamentais para a sua aprendizagem! Fique atento aos horários de atendimento disponíveis na Secretaria Virtual da Blackboard! Não acumule dúvidas! Procure o professor da disciplina ou o tutor para esclarecer suas dúvidas. Referências Bibliográficas Bibliografia Básica da aula 03: Apostila de Hidrologia Aplicada da Faculdade Redentor, 2011. CECH, Tomas V. Recursos Hídricos: história, desenvolvimento, política e gestão. Rio de Janeiro: LTC,
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