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Trabalho - Políticas Públicas e Psicologia

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
Políticas Públicas frente ao alcoolismo e o uso de drogas
Campus JUNDIAÍ 2021
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
Políticas Públicas frente ao alcoolismo e o uso de drogas
Trabalho apresentado como parte integrante da disciplina Políticas Públicas e Psicologia, ministrada pela professora 
Campus JUNDIAÍ 2021
SUMÁRIO
1.	OBJETIVO	4
2.	INTRODUÇÃO TEMÁTICA	6
3.	CONTEXTO BRASILEIRO SOBRE ALCOOL E GROGAS	7
4.	INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA	9
5.	POLÍTICAS PÚBLICAS	10
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………….
7. BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………….
8. ANEXOS ………………………………………………………………………………
1. Objetivo do trabalho
O trabalho a seguir tem como objetivo desenvolver nossas competências que possibilitam entender as diversas áreas de atuação do psicólogo em diferentes contextos, considerando as necessidades sociais e os direitos humanos, compreender a posição do psicólogo frente às demandas de usuários de álcool e drogas nos órgãos responsáveis, entender o processo de acolhimento e desenvolvimento do profissional para com os indivíduos e construir um olhar crítico sobre o tema. 
2. Introdução temática
Por muitos anos o Brasil esteve em atraso histórico no quesito Políticas Públicas para usuários de Álcool e Outras Drogas eficientes e supervisionadas por órgãos competentes para esse assunto. Os principais aspectos que levaram o país a decisões pouco humanas e acolhedoras foram as intervenções feitas, majoritariamente, pelo campo da Justiça e da Segurança Publica que desenvolviam políticas, abordagens e intervenções que efetuavam a exclusão e privação desses sujeitos na sociedade, além da grande dificuldade de entender as necessidades desse grupo e de enfrentar os problemas associados ao consumo de álcool e droga.
No início do século XX, o consumo de álcool e outras drogas a princípio, não era visto como um problema ou ameaça à saúde publica, primeiro porque o álcool, apesar de ser um consumo frequente na sociedade, os governantes não perdiam muito tempo pensando sobre futuros problemas com esse consumo, e segundo que o consumo de drogas ainda estava no início, logo, não apresentava tanto risco para a sociedade. Ainda nessa época, criou-se um aparato jurídico focado em controlar o comércio de drogas e para assegurar a saúde e segurança no Brasil. No entanto, esse aparato jurídico que foi criado teve seu enfoque maior nas questões relacionadas a venda e compra de drogas ilícitas, deixando de lado o consumo de bebidas alcoólicas. (MACHADO; MIRANDA, 2007)
Junto com o surgimento das leis que criminalizavam o uso e comércio das drogas ilícitas no país, surgiram também práticas que “auxiliavam” no combate ao comércio e uso de substâncias químicas. Os decretos determinavam a privação dos indivíduos que faziam o uso dessas substâncias do convívio social, colocando-os em locais como sanatórios, prisões e em hospitais psiquiátricos, que teve início na década de 1970, na qual eram submetidos a tratamentos de abstinência e internações intensivas que os retiravam da socialização com os demais, intensificando a ideia de que eram pessoas que não mereciam estar inseridos na sociedade. 
Além desses locais de tratamentos para usuários de drogas, o decreto 14.969 criou o Sanatório para Toxicômanos com o intuito de punir aqueles que provocassem “riscos a si mesmo, ao próximo ou à ordem pública”. Esses locais abrigavam usuários de substâncias psicoativas, no entanto, contava com um número expressivo de alcoolistas. (BITTENCOURT, 1986)
Em 1970 a medicina passou a contribuir com mudanças significativas para a criação de mecanismos de controle e repressão ao uso de substâncias lícitas e ilícitas, essa influência da medicina tornou-se um grande marco para época, pois esse assunto era tratado, exclusivamente, pelo campo da justiça. Foram propostas medidas assistenciais que tinham como objetivo tratar, recuperar e punir os usuários a princípio, em hospitais psiquiátricos e mais tarde em centros de tratamentos especializados. A lei 6.368 que reafirmou a abordagem do uso e dependência de drogas no campo da medicina e psiquiatria foi aprovado no ano de 1976, dentro da lei aprovada, os artigos propunham mudança no uso do termo “viciado” para “usuários de drogas”, tratamentos em hospitais e centros especializados e não mais com tratamentos baseados na internação intensiva e de abstinência, entre outros. (MACHADO; MIRANDA, 2007)
A lei aprovada em 1976 ocasionou o surgimento em 1980 da assistência à saúde para usuários de drogas ligados diretamente ao poder público. As políticas públicas passaram a lidar com consumo de álcool e drogas de uma forma mais integrada e dando prioridade as pesquisas sobre o assunto, tornando os centros de tratamentos e pesquisas meios de referência para as políticas de álcool e outras drogas. Dentre os centros de tratamentos criados no ano de 1980, temos o Conselho Federal de Entorpecentes (Confen) regulamentado no período da Ditadura Militar. O Confen tinha como função
Propor a política nacional de entorpecentes, elaborar planos, exercer orientação normativa, coordenação geral, supervisão, controle e fiscalização das atividades relacionadas com o tráfico e uso de entorpecentes e substâncias que determinem dependência física ou psíquica” (Brasil, Ministério da Justiça, 1992, p.19). 
No início, o Conselho Federal de Entorpecentes lidava somente com questões relacionadas ao consumo e venda de drogas ilícitas, mas devido ao grande consumo de álcool na época, passou a abordar também o consumo de drogas lícitas.
Em 1988 criou-se o documento “Política Nacional na Questão das Drogas”, na qual propunha a criação de centros de referência focados na prevenção e tratamento ao uso de álcool e drogas. 8 anos depois, em 1996, surgiu o “Programa de Ação Nacional Antidrogas” que desenvolveu ações de prevenção, repressão e tratamentos, substituindo os modelos de tratamentos assistenciais por tratamentos mais específicos para a demanda, apoio especializado e técnico com intuito de promover a capacitação desses grupos.
Em 2003, o Ministério da Saúde comprometeu-se em lidar com os problemas relacionados ao consumo de álcool e drogas, foi publicado o documento “A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas”, nele o Ministério da Saúde afirmou “assumir de modo integral e articulado o desafio de prevenir, tratar e reabilitar os usuários de álcool e outras drogas como um problema de saúde pública” (Brasil, Ministério da Saúde, 2004a, p.9). 
No documento, foram definidos diretrizes que acompanhavam as orientações do SUS, junto com a reforma psiquiátrica e a redução de danos. O projeto propôs criar dispositivos especializados integrado com SUS para ações de prevenção, promoção e proteção a saúde, e a partir disso, foram criados os Centros de Atenção Psicossocial álcool e drogas (CAPSad) que é uma unidade de saúde especializada em atender dependentes de álcool e drogas com base em tratamentos que possibilitam a liberdade do paciente, buscando sua reinserção social. 
O SUAS também faz parte desse escopo de ajuda á população vulnerável, ele organiza as ações da assistência social em dois tipos de proteção social. A primeira é a Proteção Social Básica, destinada à prevenção de riscos sociais e pessoais, por meio da oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social. Articulando-se com outras iniciativas de política pública, e, sobretudo buscando integrar serviços e benefícios como PAIF, PETI, Programa Bolsa Família, BPC e BPC na escola e as ações de Segurança alimentar e inclusão produtiva, consagra uma nova modalidade de fazer valer o direito do cidadão.
Desse modo, as diretrizes propostas no documento do Ministério da Saúde foi uma ação que trouxe mudanças significativas na garantiados direitos humanos desse grupo, que antes eram submetidos a tratamentos intensivos, de abstinência e eram reduzidos a criminosos ou delinquentes e que hoje, devido ao avanço e criação de novas políticas públicas estão sendo vistos como seres humanos que precisam de uma atenção especializada e que acima de tudo, merecem estar inseridos na sociedade. No entanto, o processo de integração e inserção social desses usuários em processo de reabilitação torna-se um desafio para os profissionais, pois de acordo com a lei, temos meios que asseguram a teoria da integração desses indivíduos no meio, contudo, na prática ainda vivemos em uma sociedade que reduz esses usuários e os colocam em situações de discriminação e preconceito que resultam na exclusão desses do restante da sociedade.
3. Contexto Brasileiro sobre álcool e drogas
Com frequência, considera-se que drogas são apenas produtos ilegais, como a maconha, a cocaína e o crack; porém, do ponto de vista da saúde, muitas substâncias legalizadas podem ser igualmente perigosas, como o álcool, que é considerado uma droga como as demais. O álcool está presente em uma série de bebidas legais, na maioria dos países, na maior parte do tempo. Tal característica implica em maior disponibilidade, e em menor estigmatização das pessoas que bebem. 
O levantamento domiciliar levado a cabo pelo CEBRID no ano de 2005 apontou que 74,6% dos entrevistados já haviam feito consumo de álcool em algum momento de suas vidas, subindo para 83,5% entre os homens, e caindo para 68,3% entre as mulheres. A mesma pesquisa aponta que 12,3% dos entrevistados apresentavam características que permitiam sua caracterização como “dependentes”, sendo que entre os homens a taxa é de 19,5%, contra 6,9% para as mulheres. A faixa de idade com maior incidência foi situada entre 18 e 24 anos (19,2%). Quando isolados apenas os homens nesta faixa etária, o índice sobe para incríveis 27,4%, e entre as mulheres, cai para 12,1% (CARLINI, 2006, p. 41). Ainda segundo a mesma pesquisa, para cada seis homens que experimentam álcool, um desenvolve dependência; entre as mulheres, esta taxa é de uma para cada dez (idem, p. 389). 
O uso prejudicial de álcool, por sua magnitude, pode ser considerado como um dos mais graves problemas sociais e de saúde, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Os problemas relacionados ao consumo de álcool e às suas consequências vão além da saúde individual de quem usa, envolvendo acidentes de trânsito, atos de violência (especialmente doméstica) e problemas relacionados ao mundo do trabalho. Para o usuário de álcool existem ainda os efeitos do preconceito: perda da confiança, fragilização dos vínculos familiares, descrédito e dificuldade para o acolhimento na escola, no trabalho, rebaixamento da autoestima, falta de perspectivas, entre outros. É importante salientar a complexidade do tema, de modo a evitar abordagens simplistas, fincadas única e exclusivamente na busca pela abstinência.
A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (SENAD) financiou, em 2010, a maior pesquisa realizada entre estudantes brasileiros sobre uso de drogas. Foram entrevistados mais de 50 mil crianças e jovens entre 10 e 19 anos em escolas públicas e privadas das 27 capitais brasileiras. Entre escolares, o álcool é, de longe, a droga mais consumida: 59% dos entrevistados afirmaram que já experimentaram. O tabaco, segunda mais consumida, foi citado por 17,9%. Apesar de alto, o uso de álcool entre escolares brasileiros é comparável ao de países da Europa e Américas. Na comparação com outros países, o Brasil apresenta baixos índices de uso na vida de maconha e cocaína e crack, 8,6% e 3,4%, respectivamente. Já o uso de inalantes no Brasil é um dos mais altos do mundo – na faixa de 15-15 anos, 10,8% dos entrevistados já tinham experimentado. A título de comparação, esse percentual é de 6,1% no Chile e 3,7% na Bolívia. A idade de início do uso de drogas é um fator importante para o desenho de políticas de prevenção. Estudos demonstram que, quanto mais cedo o uso, maior a probabilidade de desenvolver dependência. No Brasil, o primeiro uso de álcool, inalantes, tabaco e medicamentos psicotrópicos (calmantes, por exemplo) acontece, em média, aos 13 anos. Cocaína e crack são experimentados entre os 14 e 15 anos. Houve diminuição do uso de drogas recente (no ano anterior à pesquisa) de drogas entre os estudantes na comparação com a pesquisa realizada em 2004. Essa diminuição (de 19,6% para 9,9% excluindo álcool e tabaco) inverte uma tendência de aumento crescente que vinha sendo observada em todos os levantamentos realizados desde a década de 90. A exceção é a cocaína, cujo consumo aumentou (1,7% em 2004 para 1,9% em 2010) mas ainda é minoritário em relação a outras drogas como álcool, tabaco, inalantes e maconha. No caso do crack, também houve diminuição do uso (de 0,7% em 2004 para 0,4% em 2010), mas o número de estudantes usuários é tão pequeno que não possibilita fazer afirmações seguras.
De acordo com o novo Relatório Mundial sobre Drogas de 2021, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) durante a pandemia de COVID 19, cerca de 5,5% da população entre 15 e 64 anos durante a pandemia usou drogas pelo menos uma vez no ano de 2020, enquanto 13% sofreram de transtornos causados pelo uso de drogas. De acordo com as projeções atuais, estima-se um aumento mundial de 11% no número de pessoas que usam drogas até 2030.
Com foco no Brasil durante o isolamento social no ano de 2020, ocorreu um grande aumento nos atendimentos de usuários de álcool e drogas. Dados do Ministério da Saúde mostram que cresceu 54% o número de ocorrências por uso de alucinógenos nas redes credenciadas do Sistema Único de Saúde (SUS). Referente ao uso excessivo de sedativos o número foi de 50%, enquanto os casos de intoxicação por drogas ou álcool subiu cerca de 35%. 
Esses números expressivos nos fazem refletir sobre o quanto a ideia de descontar problemas pessoais ou sociais no álcool ou droga é algo muito enraizado na nossa história, pois durante a pandemia não só no Brasil mas também no mundo, as pessoas passaram por diversos problemas como a obrigação em ficar recluso de tudo e todos por períodos longos, o medo de ficar desempregado e passar fome, o medo de contrair a doença e morrer ou infectar algum parente, todos esses problemas levaram muitas pessoas ao desespero e como podemos ver os números, grande parte dos indivíduos usaram do álcool ou da droga para esquecem ou para aliviarem o sofrimento. Desse modo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde as elevadas taxas de stress devido aos acontecimentos pandêmicos, faz com que o uso abusivo de álcool e droga cresça cada vez mais.
4. Intervenção Psicológica
A Política para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas está organizada a partir do estabelecimento de uma rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas, pois não se pode pensar neste atendimento de forma fragmentada e sim de forma integral e intersetorial. Esses dois princípios reforçam a importância de garantir a oferta dos serviços e benefícios socioassistenciais no cuidado integral aos usuários, de acordo com suas necessidades e problemas, especialmente aos que se encontram em situação de exclusão social.
Com relação às políticas públicas de saúde, a psicologia atua com foco na atenção, promoção, prevenção de saúde, não apenas nos casos de doença, mas nas ações que visam a melhoria da qualidade de vida da população.
As políticas e condutas dos CAPS AD são formuladas a nível federal e de maneira geral aos profissionais que fazem parte das equipes, contudo as diretrizes gerais de trabalho devem ser adaptadas de acordo com a realidade daquela população que receberá os serviços dos CAPS. Logo, é preciso entender o contexto familiar, social, geográfico daquelas pessoas, por isso não se pode generalizar os trabalhos a serem realizados, no entanto, não pode desconsiderar e ir contra a reforma psiquiátrica. 
Os Centros de Assistência Psicossocial de álcool e drogas são formadospor equipes multidisciplinares de no mínimo 13 profissionais, sendo eles médicos, enfermeiros, psiquiatras, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, entre outros. Em relação a atuação dos psicólogos, na teoria são destinados diversas atividades e intervenções para que o atendimento aos usuários seja feito de forma eficiente e efetiva. (Ministério da Saúde, 2005)
Dentre as atividades podemos citar os grupos terapêuticos com alcoolistas, usuários de drogas, família, adolescentes, atendimentos individuais, visitas domiciliares, dentre outros, e em relação às intervenções temos os atendimentos clínicos, grupos terapêuticos e avaliações psicológicas. Além dessas ações, são indicadas algumas abordagens como a Psicanálise, Cognitivo-comportamental, Histórico cultural e Psicossocial, e alguns instrumentos dentre eles os testes psicológicos, escuta clínica, brinquedos em geral e jogos didáticos.
De acordo com a legislação em saúde mental os psicólogos devem priorizar os atendimentos individuais, grupais, realizar o suporte social às famílias dos indivíduos e criar intervenções que adequadas para cada usuário. Contudo, na prática o trabalho realizado pelo psicólogo dentro dos CAPS AD são, majoritariamente, os atendimentos no modelo da clínica tradicional. Assim, as práticas que visam promover a inserção dos usuários de álcool e drogas encontram-se pouco desenvolvidas, e quando são feitas ou ocorrem em escala reduzida, ou não são desenvolvidas efetivamente as intervenções comunitárias. (Figueiredo; Rodrigues, 2004)
Historicamente, a psicologia teve uma atuação política voltada para o não coletivo e os seus serviços, por serem privados, atendiam apenas determinados grupos sociais. Apesar dessa visão da atuação do psicólogo ainda ser muito forte, vemos hoje a psicologia mais próxima da realidade social, atuando junto ao cidadão e estando presente nas políticas públicas.  Essa inserção dos psicólogos nas políticas públicas demonstra maior compromisso com a população. Contudo, o desenvolvimento da psicologia nas políticas públicas mesmo sendo de extrema importância, ainda é um campo pouco desenvolvido e explorado, o que dificulta cada vez mais o trabalho eficaz com os indivíduos. 
 
5. Políticas Publicas
No ano de 2002 surgem os Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas para suprir a demanda de pacientes cujo principal problema é o uso excessivo e prejudicial de álcool e outras drogas. 
Os CAPS ad devem oferecer atendimento diário a pacientes que fazem um uso prejudicial de álcool e outras drogas, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. Possibilita ainda intervenções precoces, limitando o estigma associado ao tratamento. Assim, a rede proposta se baseia nesses serviços comunitários, apoiados por leitos psiquiátricos em hospital geral e outras práticas de atuação comunitária (ex.: internação domiciliar, inserção comunitária de serviços), de acordo com as necessidades da população-alvo dos trabalhos. Os CAPS ad desenvolvem uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros) até atendimentos em grupo ou oficinas terapêuticas e visitas domiciliares. Também devem oferecer condições para repouso, bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem desse tipo de cuidados e que não demandem por atenção clínica hospitalar. (Brasil, 2004, sp).
Os CAPS ad tem como principal responsabilidade organizar a rede de serviços de atenção aos usuários, dando ênfase na reabilitação e reinserção social. Logo, atuam de maneira conjunta com outros meios assistenciais da rede básica de saúde como UBS, ESF, PACS e com ambulatórios e hospitais. Em 2010 foram instituídos os CAPS AD III com a intenção de ampliar os cuidados já existentes 	no SUS voltados para usuários de álcool e drogas, visando abranger cada vez mais pessoas que precisam de tratamentos especializados.
Dentro dos Centros de Assistência Psicossocial de Álcool e Drogas e Política de Atenção aos Usuários de álcool e outras drogas, temos mais duas extensões que também são responsáveis por atender as necessidades desse grupo. Em primeiro temos as Casas de Acolhimento do SUS que funcionam como abrigos para aqueles sujeitos que se encontram em extrema vulnerabilidade, nessas casas de acolhimento os usuários recebem o amparo e atenção que precisam. Em segundo temos o Consultório de Rua que é um projeto que foi criado visando o acolhimento e acesso para os usuários de álcool e outras drogas, ele consiste em uma equipe multidisciplinar que realiza diversas atividades e intervenções psicossociais.
No Brasil, a atual política pública de saúde mental garante que a maior parte dos recursos financeiros seja destinada à estruturação de programas e serviços alinhados às propostas de desconstrução do modelo manicomial, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), as Residências Terapêuticas, dentre outros (Brasil, 2007). Essa realidade se deve às conquistas da Reforma Psiquiátrica (RP) brasileira, cuja continuidade e, sobretudo, consistência, requer permanente atenção para grande quantidade de fatores, entre os quais se destacam seu caráter complexo e a exigência da consideração às dimensões epistemológica, social, cultural, jurídica (Amarante, 2007) e clínica que o envolvem, assim como sua função instituinte, a qual deve impor constantes questionamentos acerca do lugar social designado ao louco (Furtado & Onocko Campos, 2005).
Pesquisas mostram que um dos maiores desafios dos CAPS hoje se situa na sua articulação com outros serviços e setores (Onocko Campos et al., 2009). Ele deve ser um lugar de referência e acolhida, onde os sujeitos encontrem sustentação para criar uma existência pessoal, situada em uma comunidade com a qual se relacionam de modo singular (Ribeiro, 2005), mas ao substituir o manicômio, não pode se colocar no lugar dele, assumindo o mandato social pela loucura ou pela totalidade da vida de cada paciente (Dias, 2011). Para tanto, o CAPS precisa contar com parcerias com outros equipamentos capazes de compreender as múltiplas facetas que compõem as demandas dos usuários, caracterizadas por aspectos (Inter) subjetivas, psíquicos, sociais, culturais, educacionais, dentre outros, e dispostos a colaborar com o enfrentamento da complexa problemática que se impõe nesse cenário (Jimenez, 2011).
6. Considerações finais
A realidade estudada apresenta problemas bastante complexos e vastos. De modo geral, podemos afirmar que o imaginário institucional, sobretudo no que diz respeito ao CAPS, está dominado pelo símbolo da precariedade. Este parece fortalecer o imaginário enganoso, que impera no funcionamento do serviço, amortecendo a capacidade criativa dos profissionais e perpetuando a sensação de imobilização e cronificação entre todos os sujeitos envolvidos.
Entretanto, não podemos nos deixar dominar por tal imperativo simbólico. Acreditamos que processos de capacitação acerca de sofrimento psíquico e tudo o que o envolve, necessariamente, levariam os profissionais a pesquisarem sobre o território de vida de seus pacientes, bem como sobre as limitações e potencialidades inerentes às estratégias que adotam para lidar com as dificuldades da vida. Voltar a atenção para os sujeitos e os territórios pode ressuscitar o desejo de sonhar, aparentemente adormecido, e, por consequência, deve despertar práticas de promoção de saúde destinadas a toda a comunidade e não apenas aos ditos "Pacientes CAPS".
É que se espera na aproximação do CAPS ou da saúde mental com a AB: mobilização de processos de ressignificação acerca do sofrimento psíquico e da loucura, mas uma ressignificação que traga para o centro da cena o sujeito e todo o arcabouço social no qual se sustenta, uma mobilização que produza possibilidades de aumento da capacidade normativa das pessoas e, de algum modo, cause impacto sobre a própria organização comunitária. Acreditamos que a loucura, desde que vista em sua complexidade, tem o efeito do encanto, da fertilização,podendo gerar desvios em trajetórias marcadas pela inércia e a impotência, vividas por pacientes e pelos profissionais.
Seja no CAPS, nas equipes de ESF ou entre esses serviços, não é possível supor que tais processos de ressignificação e aproximação da complexidade que envolve o sofrimento humano se desenvolva por "geração espontânea". Há que se ter dispositivos que se construam na base da confiabilidade, podendo facilitar, estimular e sustentar possibilidades de encontros entre profissionais e destes com os pacientes. Isso requer um esforço de contínua criação e recriação, a ser protagonizado por profissionais, gestores, educadores e sociedade civil em geral.
 Queremos citar Bader Sawaia na conclusão desse trabalho que se encaixa tão bem nesse tema e no que falamos nos parágrafos à cima. Ela fala que a concepção marxista de compreensão da sociedade é constitutiva do mesmo, concepção que a autora sintetiza na categoria dialética exclusão/inclusão para reforçar a ideia de que o sofrimento ético-político se situa em uma sociedade conflituosa, especificamente na vivência dos sujeitos no processo de luta de classes. A maneira de o sistema capitalista incluir faz parte dos mesmos mecanismos de reproduzir e sustentar a servidão, a passividade, a miséria e, principalmente, a alienação do trabalhador. A essa máscara da inclusão, Sawaia denomina inclusão perversa, que provém da produção de ideias imaginativas, feitas pelo próprio sistema nos indivíduos. Eles passam a perceber que as apropriações materiais ou simbólicas os levam a “fazer parte” do todo, finalmente correspondendo adequadamente ao que a sociedade cria a cada instante. Esse sistema inclui para excluir, ou seja, para manter os homens na dependência de um estado de coisas que não diz respeito à sua própria liberdade e potência, e são levados a nunca alcançarem a satisfação mercadológica, pois o mercado protela a noção de perfeição - amanhã sempre terá outro produto mais moderno sendo criado para ser consumido.
Uma inclusão que perverte, de fato, a imagem do sujeito no coletivo e a compreensão da imagem do coletivo na vivência dos indivíduos. Bader denomina esse processo de dialética inclusão/exclusão social.
O sofrimento demarcado não é um sofrimento de ordem individual, proveniente de desajustamentos e desadaptações, mas um tipo de sofrimento determinado exclusivamente pela situação social da pessoa, impedindo-a de lutar contra os cerceamentos sociais. Dessa maneira, o sofrimento ético-político constitui uma categoria de análise da dialética inclusão/ exclusão social. Em síntese, é a “a vivência particular das questões sociais dominantes em cada época histórica. Sofrimento que surge da situação de ser tratado como inferior, subalterno, sem valor, apêndice inútil da sociedade” (Sawaia, 1999, p. 56).
Bader cita o conceito de sofrimento ético-político para subsidiar o que denomina sofrimento social. Ela relaciona humilhação, vergonha e falta de reconhecimento como dimensões desse sofrimento, e sustenta que ele é vivido por classes subalternas. Sua hipótese central é a de que o sofrimento social “não tem visibilidade; ele se inscreve no interior das subjetividades sem, no entanto, ser compartilhado coletivamente” (pp. 59- 60). A partir da concepção de Sawaia, corrobora com a ideia de que o sofrimento ético-político é a dor advinda das injustiças sociais. Aponta, ainda, que os sujeitos sociais se confrontam com essa dor, já que todos estamos submetidos a injustiças, sendo a humilhação, a vergonha e a depreciação que são vividas de forma mais intensa pelas classes subalternas.
7. Bibliografia
Bertini, F. M. A. (2014). Sofrimento ético-político: uma análise do estado da arte.
Brasil. Ministério da Saúde. (2008). Portaria No154, de 24/01/2008, Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Brasília, D.F: Autor.
Alberti, S., Palombini, A. (2012). Supervisão em Caps: uma abordagem psicanalítica. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(3), 716-729. doi: 10.1590/S1414-98932012000300015
Jimenez, L. (2011). Psicologia na Atenção Básica à Saúde: demanda, território e integralidade. Psicologia & Sociedade.23(Spe), 129-139
Onocko Campos, R., Campos, G. W. S. (2006). Co-construção de autonomia: o sujeito em questão. In C. W. S. Campos, M. C. S. Minayo, M. Akerman, M. Drumond Jr., & Y. M. Carvalho (Orgs), Tratado de Saúde Coletiva (pp. 669-688). São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz.
Jucá, V. Nunes, M. O., & Barreto, S. G. (2009). Programa de Saúde da Família e Saúde Mental: impasses e desafios na construção da rede. Ciência & Saúde Coletiva, 14(1), 
Bittencourt, M. L. Do discurso jurídico à ordem médica: os descaminhos do uso de drogas no 1986 Brasil. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Brasil, Ministério da Justiça. Conselho Federal de Entorpecentes. Legislação sobre 1992 entorpecentes no Brasil. Brasília: Ministério da Justiça.
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 2004 Ações Programáticas estratégicas. Área de Saúde Mental. Levantamento das Comunidades Terapêuticas. Brasília. Brasília: Ministério da Saúde
Figueiredo, V. V. de, & Rodrigues, M. M. P. (2004). Atuação do psicólogo nos CAPS do estado do Espírito Santo. Psicologia em Estudo, 9(2), 173-181.
Ministério da Saúde. (2005). Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. Brasília: OPAS. 
8. Anexos
https://doi.org/10.1590/S0102-718220
http://www.psicopatologiafundamental.org/uplo ads/files/revistas/volume08/n1/a_transposicao_da s_politicas_de_saude_mental_no_brasil_para_a_ pratica_nos_novos_servicos.pdf
https://brasil.un.org/pt-br/133058-relatorio-mundial-sobre-drogas-2021-avalia-que-pandemia-potencializou-riscos-de-dependencia
https://veja.abril.com.br/saude/o-consumo-de-drogas-explode-na-quarentena/

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