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153_A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA JUSTIÇA RESTAURADA

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FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS- FACUNICAMPS 
 CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DANIELA FERNANDES DIAS 
 JORDANIA RAMOS AFONSO BARBOSA 
 WELLITOMAR SILVA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA JUSTIÇA 
RESTAURATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GOIÁS 
2019/2 
 
 
 
 DANIELA FERNANDES DIAS 
 JORDANIA RAMOS AFONSO BARBOSA 
WELLITOMAR SILVA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA JUSTIÇA 
RESTAURATIVA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito para a nota de 
disciplina de TCC, necessária para a graduação do curso de Serviço Social da 
Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. 
 
 Orientação da Profa. Dra. Rosângela Aparecida Cardoso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GOIÁS 
2019/2
2 
 
 
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA JUSTIÇA 
RESTAURATIVA 
 
THE ACTING OF SOCIAL ASSISTANT IN THE RESTORATIONAL 
JUSTICE 
 
 DANIELA FERNANDES DIAS¹ 
 JORDANIA RAMOS AFONSO BARBOSA² 
 WELLITOMAR SILVA COSTA³ 
 ROSÂNGELA APARECIDA CARDOSO4 
 
RESUMO 
A Justiça Restaurativa é considerada um conceito da Filosofia originado, a partir de meados das décadas de 
1970 e 1980, nos Estados Unidos e Canadá, em virtude das comunidades indígenas e em conjunto com o 
Programa de Reconciliação Vítima-Ofensor. Ela tinha intuito de promover a restauração dos indivíduos, por 
meio das equipes que compõem as comarcas criminais, tais como assistente social, psicólogo e musicoterapeuta. 
Adiante, este programa foi adaptado de várias formas como mecanismo da prática restaurativa reflexiva iniciada 
como método para tratar de assaltos e outros crimes patrimoniais caracterizados como ofensa de menor 
potencial. Atualmente, as abordagens restaurativas se encontram em comunidades com aplicabilidade às ações 
de maior potencial ofensivo como morte por negligência no trânsito, estupro e homicídio. Nesse sentido, as 
abordagens da Justiça Restaurativa estão sendo ampliadas nos espaços escolares, universidades, campo de 
trabalho e templos religiosos. Cumpre ressaltar que o presente trabalho procura esclarecer que o sistema de 
justiça criminal é retributivo, baseado na punição do ofensor; já a Justiça Restaurativa se preocupa com a 
restauração do ofensor e da vítima. 
 
Palavras-chave: Justiça Restaurativa. Âmbito Jurídico. Medidas Alternativas. Assistente Social. Justiça 
Retributiva. 
 
ABSTRACT 
Restorative justice is considered a concept of Philosophy originated from the mid-1970s and 1980s in the 
United States and Canada, by virtue of indigenous communities and in conjunction with the Victim-Offender 
Reconciliation Program. It was intended to promote the restoration individual through teams that make up the 
criminal counties such as social worker, psychologist and music therapist. Ahead of this, this program was 
adapted in various ways as a mechanism of reflexive restorative practice initiated as a method for dealing with 
robberies and other property crimes characterized as minor potential offense. Currently, restorative 
approaches are found in communities that are applicable to actions with the greatest offensive potential, such 
as death through traffic negligence, rape and homicide. In this sense, restorative justice approaches are being 
expanded in school spaces, universities, labor camps and religious temples. It should be noted that the criminal 
justice system is retributive based on the offender's punishment. Restorative justice is concerned with restoring 
the offender and the victim. 
Keywords: Restorative Justice. Legal Scope. Alternative Measures. Social Worker. Retributive Justice. 
_______________________ 
¹Graduanda do curso de Serviço Social, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: 
danielafernandesdias.1@gmail.com 
²Graduanda do curso de Serviço Social, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: 
Jordaniaramos1996@gmail.com 
³Graduando do curso de Serviço Social, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: 
wellitomar151@gmail.com 
4Professora Orientadora, Doutora em Letras e Linguística, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-
mail: rosangelaacardoso@gmail.com 
mailto:danielafernandesdias.1@gmail.com
mailto:Jordaniaramos1996@gmail.com
mailto:wellitomar151@gmail.com
mailto:rosangelaacardoso@gmail.com
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1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho busca elucidar as particularidades entre a Justiça Restaurativa e 
Justiça Retributiva, tendo em vista as suas principais diferenças e semelhanças no âmbito 
jurídico. Sendo assim, pode-se destacar que suas principais diferenças são identificadas a 
partir do pressuposto de que a Justiça Retributiva considera que a dor é um componente que 
estimula acertar as contas pelos danos sofridos pela vítima. Já a Justiça Restaurativa preza a 
restauração do ofensor e da vítima e o reconhecimento dos danos, analisando os prejuízos 
das partes envolvidas, para ser trabalhado o processo restaurativo. Neste caso, é necessário 
que o ofensor assuma a sua responsabilidade, para restaurar os danos morais e físicos, entre 
outros segmentos. 
Quanto às semelhanças, pode-se afirmar que ambas reconhecem que o 
comportamento social defensor desequilibra a balança; argumentam que o indivíduo que 
ofendeu deverá receber tratamento igual ao agente ético; sustentam que é necessário obter 
proporcionalidade entre uma ação lesiva e, posteriormente, a reação. Conforme Howard Zehr 
(2017), a redução da reincidência é uma vertente da Justiça Restaurativa, sendo que ela é 
praticada por ser eficaz o seu método restaurativo, visto que os indivíduos que sofreram os 
danos deverão identificar as suas necessidades e relatá-las a quem causou o dano. E é 
necessário estimular e assumir uma determinada responsabilidade em relação aos que foram 
negligenciados. 
A Justiça Restaurativa busca atender as necessidades das vítimas de atos praticados 
por infratores. O sistema de Justiça Criminal não atende as necessidades deste público-alvo 
de forma correta. Zehr (2017) esclarece que as vítimas não se sentem amparadas pelo 
processo penal e que os interesses do Estado se contrapõem em relação aos que foram 
negligenciados. Isso ocorre quando a vítima não é inserida no inquérito jurídico do crime. 
Neste sentido, o Estado é inserido no lugar da vítima no processo. 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
De acordo com Zehr (2017), a Justiça Restaurativa é determinada por meio de valores 
positivos, e é uma visão de como se pode viver em relacionamentos construídos com o 
objetivo de enriquecer a vida. Como foi afirmado, a Justiça Restaurativa é fundada em 
valores; em consonância com o autor, três vertentes se destacam: respeito, responsabilidade 
e relacionamento. O último valor é primordial, pois remete à realidade básica, sendo 
4 
 
 
compreendida por tradições culturais indígenas, africanas e de povos tradicionais. Nesse 
sentido, Zehr (2017) e Kay Pranis (2017) acreditam que os métodos de Justiça Restaurativa 
podem ser aplicados através dos processos circulares, que se originaram nas primeiras 
comunidades indígenas no Canadá, considerando-se que poderão ser usados no trabalho, para 
solucionarem conflitos em uma visão ampliada em vários segmentos distintos de áreas 
sociais. 
Sendo assim, cabe enfatizar a intervenção do Assistente Social no âmbito jurídico, 
uma vez que, conforme Eunice Teresinha Fávero, Magda Jorge Ribeiro Melão e Maria 
Rachel Tolosa Jorge (2015), o profissional inserido nessa área atua a partir da grande 
demanda social, a qual inclui expressões da “questão social”. Além disso, são trabalhadas 
situações de desigualdade social, pobreza, vulnerabilidade, baixa escolaridade, 
miserabilidade, negligência no trânsito, violência doméstica, envolvimento com substâncias 
psicoativas, entreoutras. 
Cumpre destacar que, nas Varas de Execuções Penais e Medidas Alternativas 
(VEPEMA) e nos Juizados Especiais Criminais, há profissionais qualificados: assistentes 
sociais, psicólogos e pedagogos que executam o trabalho inerente às medidas alternativas no 
âmbito jurídico. Estes atuam como facilitadores, promovendo ações que visam à restauração 
dos participantes. (CORREGEDORIA, 2015). 
 
2.1 Conceito de Justiça Restaurativa 
 
De acordo com Zehr (2017), a Justiça Restaurativa é conceituada como uma 
abordagem que visa promover a restauração envolvendo a vítima, o ofensor e a sociedade. 
Considerando a Resolução n°125/2010 do CNJ e a Resolução n° 18/2011 da Corte Especial 
do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que instituíram a Política Judiciária de resolução 
de conflitos e meios adequados à sua natureza, estes preceitos estimulam os programas de 
mediação penal ou quaisquer outros procedimentos restaurativos. Conforme afirma o autor 
Zehr (2017), o procedimento restaurativo poderá ocasionar um maior respeito aos Direitos 
Humanos, visto que, ao promover oportunidades, as pessoas que se interessam em 
compreender melhor a razão, o contexto que levou a situações criminosas, podem reforçar o 
sentimento de solidariedade e respeito mútuo, gerando assim a cultura da paz. A Justiça 
Restaurativa poderá ser um instrumento que busca elucidar uma justiça mais efetiva, em 
busca da diminuição de danos e sofrimento, bem como poderá colaborar na diminuição do 
crescente número de encarceramentos em nosso país. 
5 
 
 
 A implementação da Justiça Restaurativa representa um método de empoderar as 
pessoas interessadas na busca de soluções de conflitos, para que possam estabelecer relações 
harmônicas com a sociedade. Diante disso, é possível gerar oportunidade para que seja 
possível alcançar um objetivo primordial, que é a reinserção do ofensor na sociedade, com 
um comportamento restaurativo. O objetivo desse procedimento restaurativo é promover as 
melhores condições para as partes envolvidas e a comunidade. Tal procedimento pode 
ocorrer de forma alternativa/convencional, sendo consideradas as suas implicações 
processuais determinadas. (ZEHR, 2017). 
As práticas restaurativas tem como foco a satisfação das necessidades de todos os 
envolvidos no delito, ou seja, tanto a vítima quanto o infrator são responsabilizados 
ativamente, bem como aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta no processo de 
ocorrência do fato danoso, sendo possível destacar a necessidade de reparação do dano e da 
recomposição do ser social rompido pelo conflito. (ZEHR, 2017). 
Conforme as disposições pleiteadas pela Resolução 225, de 31 de maio de 2016, em 
seu art. 1°, é enfatizado que a Justiça Restaurativa se constitui como um conjunto de 
princípios, métodos, técnicas e atividades próprias que visa à conscientização sobre os fatores 
relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência que geram dano 
físico ou psicológico. Estes são solucionados através de vários métodos, sendo necessária a 
participação do ofensor, da vítima (quando houver), das suas famílias e de um ou mais 
facilitadores. 
Com base no art. 2° (instituído pela Resolução 225, de 31 de maio de 2016), são 
princípios que orientam a Justiça Restaurativa: a corresponsabilidade, a reparação dos danos, 
o atendimento às necessidades de todos os envolvidos, a informalidade, a voluntariedade, a 
imparcialidade, a participação, o empoderamento, a concordância de opiniões, a 
confidencialidade, a celebridade da urbanidade. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, é 
destacada uma relação entre a vítima e o infrator, sendo considerada a Justiça Restaurativa 
um processo reflexivo, a fim de contribuir com a reparação de danos. 
 
2.2 Justiça Restaurativa no Âmbito Jurídico 
 
O Sistema Jurídico ocidental ou Justiça Criminal apresenta várias qualidades, entre 
elas se destaca o fomento aos Direitos Humanos. No entanto cresce o reconhecimento das 
diversas limitações e carências, com relação às vítimas, ofensores e membros da comunidade, 
no sentido de que o sistema não atende às necessidades, de forma adequada e efetiva. Os 
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profissionais do âmbito jurídico – juízes, advogados, promotores, oficiais de condicional, 
entre outros – manifestam frustração com o sistema tradicional. Zehr (2017) reforça que 
muitos acreditam que o sistema de processo judicial aprofunda os conflitos sociais, ao invés 
de saná-los. 
Cumpre ressaltar que o referido autor faz uma analogia entre Justiça Criminal e 
Justiça Restaurativa. Ele esclarece que a primeira vertente aborda culpabilidade, perseguição, 
imposição, castigo, verticalidade e coerção, haja vista que, na Justiça Retributiva, é 
enfatizado que o elemento central em questão é acertar as contas através da punição. Isso 
gera dor ao indivíduo, e não a responsabilização e restauração. Já a segunda vertente aponta 
responsabilidade, encontro, diálogo, reparação do dano, horizontalidade e coesão, sendo o 
intuito desta política trazer uma conscientização sobre os atos cometidos. (ZEHR, 2017). 
Desde os primórdios da década de 70, vêm surgindo programas e aplicação de 
práticas restaurativas de comunidades de vários países do mundo. A partir de 1989, na Nova 
Zelândia, foi implantada a Justiça Restaurativa nas varas da Infância e Juventude. Desde 
então, vem ampliando-se no sistema penal de outros países. Na atualidade, a Justiça 
Restaurativa é considerada um norte para um futuro que vise à esperança de uma justiça mais 
eficaz e que seja de fato realmente restaurativa. (ZEHR, 2017). 
O programa Justiça Terapêutica do Tribunal do Estado de Goiás inicialmente foi 
inspirado no programa homônimo do Tribunal do Estado do Rio de Janeiro e tinha como base 
na experiência adquirida uma proposta de trabalho específica. Em Goiás, o programa foi 
instituído por meio do Decreto Judicial de n° 2.587/2010, e incluía pessoas que cometeram 
delitos com um possível vínculo entre o fato cometido e o uso abusivo de álcool e outras 
drogas. A missão do programa era estar com as pessoas, mediante processos reflexivos e 
educativos, na construção de sua autonomia. 
 A Justiça Restaurativa é uma temática nova no Brasil, sendo considerada uma 
alternativa mais eficaz que o modelo tradicional punitivo, pelo fato de visar à restauração do 
indivíduo, em conjunto com as partes envolvidas e as comunidades, ou seja, vítima, infrator, 
comunidade e profissionais envolvidos. Em 2004, as experiências em Justiça Restaurativa 
tiveram a sua gênese por meio da implementação das práticas em restauração, a qual se 
efetivou no sistema de justiça brasileiro. 
Todavia, segundo Yolanda Catão (2014), o modelo foi implantado no país e 
conquistou o seu espaço a partir de 2005, visto que muitos países têm praticado esse método 
e as experiências adquiridas e culturas revelam que a Justiça Retributiva é menos eficaz que 
a Restaurativa, principalmente nos casos de crianças e adolescentes. 
7 
 
 
A Resolução n° 225/2016, do TJ/GO, do Conselho Nacional de Justiça, dispõe sobre 
a Política Nacional de Justiça Restaurativa; adiante, a Justiça Restaurativa foi implementada 
no Estado de Goiás, a partir do Decreto n° 1.346/2017, do Tribunal de Goiás. A sua 
implementação tem como estratégia lidar com questões de violência de forma restaurativa, 
promovendo, assim, a política judiciária de disseminação da paz. Diante disso, no âmbito da 
Justiça Estadual, é retratada a Lei nº. 17.961/2013, pois em suas prerrogativas são 
disseminadas as condições para se utilizarem como abordagem os métodos consensuais de 
soluções de conflitos. Sendo imprescindível serem desenvolvidas as políticas do Judiciário, 
para ser tratado cada conflito de forma coerente. 
 
2.3 Medidas Alternativas 
 
Os programas de medidas alternativas têm como objetivo redirecionar ou ofertar um 
meio alternativo para os infratores dos processoscriminais, ou na tramitação da sentença. Os 
profissionais que podem realizar os encaminhamentos à Justiça Restaurativa são: a polícia, 
os promotores ou o juiz. Os encontros restaurativos podem ocorrer em alguns casos em que 
o juiz poderá juntar a comunidade, para agregar elementos pertinentes ao círculo. De acordo 
com a Normativa n° 001, de 17/10/2018, em seu art. 20°, há várias áreas de aplicação de 
práticas restaurativas, dentre elas se destacam: Setor de Atuação Contra a Violência 
Doméstica (SAVID), Setor de Atendimento às Famílias (SAFAM) e Setor Interdisciplinar 
Penal (SIP). A equipe da Justiça Restaurativa deverá apresentar mensalmente, ao Núcleo 
Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (NUPEMEC), os números 
estatísticos dos atendimentos. Conforme o Decreto n° 1.346/2017, em seu art. 9º, as 
atribuições do NUPEMEC são o gerenciamento e a gestão do desenvolvimento das políticas 
de Justiça Restaurativa do Estado de Goiás. 
Conforme o autor Zehr (2017), as abordagens circulares entram na área da Justiça 
Restaurativa a princípio através das comunidades indígenas do Canadá. Neste contexto, o 
juiz Barry Stuart descreve o processo denominado Círculo de Construção da Paz. 
Atualmente, os círculos possuem inúmeras aplicações e estruturas. Também se destacam, no 
Canadá, os círculos de sentenciamento, com o enfoque em restabelecer círculos para lidar 
com conflitos no ambiente de trabalho, círculos de diálogo comunitários. 
Nesse contexto, podem-se destacar as conferências praticadas na Nova Zelândia, 
organizadas por facilitadores, ou seja, assistentes sociais pagos pelo Estado. Estes são 
denominados coordenadores de justiça do adolescente. A função destes profissionais é 
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determinar quem deve participar da abordagem, bem como criar o método mais adequado e 
eficaz de acordo com cada caso específico, para que, dessa maneira, seja possível tratar as 
necessidades de cada pessoa envolvida no processo. (ZEHR, 2017). 
Ainda para Zehr (2018), a Conferência Vítima Ofensor consiste em uma organização 
independente do sistema criminal, que realiza encontros presenciais entre vítima e ofensor, 
enfatizando três elementos: os fatos, os sentimentos e os acordos. Podem-se acrescentar, 
nesse processo de desenvolvimento, as conferências de grupos familiares (CGF), cuja origem 
se deu em meados da década de 1980 e cujo estilo se baseia nos princípios neozelandeses. 
Os encontros são realizados com o intuito de elencar oportunidades de expressar situações 
conflituosas e sentimentos. Sua base é desenvolver acordos de restituição de bens e reparação 
da moral. 
 
2.4 A Atuação do assistente social nas Medidas Alternativas 
 
Na concepção de Fávero, Melão e Jorge (2015), o Serviço Social iniciou a sua atuação 
em conjunto com o Juizado de Menores no final de 1940, quando ocorreu a 1ª Semana de 
Estudos do Problema de Menores, especialmente com a criação do Serviço de Colocação 
Familiar no Estado de São Paulo, em consonância com a Lei n° 560, de 27/12/1949. Cabe 
salientar que o desenvolvimento desse âmbito de trabalho foi delegado aos Assistentes 
Sociais, no Juizado, abrindo um amplo campo para serem consolidadas as suas atividades. 
 Convém enfatizar que a Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Goiás – 
Secretaria Geral, provimento n° 14 de 12/06/2015, no art. 13°, denota as atribuições do 
assistente social no âmbito jurídico, dentre elas: realizar visitas técnicas, perícias, pareceres; 
atender determinações judiciais; planejar, coordenar atividades técnicas das equipes 
interprofissionais; elaborar e coordenar planos, programas e projetos; assessorar; desenvolver 
atividades em conjunto com as varas da Infância e Juventude, o Centro de Educação de 
Jovens e Adultos (CEJA) e a Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (CEJAI); 
elaborar mensalmente relatório estatístico, quantitativo e qualitativo. Cumpre salientar que a 
atribuição privativa do assistente social é realizar estudos socioeconômicos para promover 
benefícios e serviços sociais. 
 É de suma importância fazer uma analogia entre o Código de Ética do/a Assistente 
Social/1993, Lei de regulamentação n° 8.662, com as atribuições dos profissionais e os 
pressupostos teóricos e metodológicos citados pelos autores Fávero, Melão e Jorge (2015). 
No primeiro segmento, são explanados os deveres do/a assistente social com a justiça, sendo 
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enfatizado o seguinte aspecto: apresentar à justiça, quando convocado, em qualidade de 
perito, ou testemunha, as conclusões de seus laudos/depoimentos, pautando-se nas 
competências profissionais, de modo que o procedimento seja realizado sem violar os 
princípios éticos contidos neste regulamento. 
 No segundo segmento, conforme os autores Fávero, Melão e Jorge (2015), as 
atribuições dos profissionais do Serviço Social contemplam: atender às determinações 
judiciais relativas à prática do Serviço Social, em conformidade com a legislação do Código 
de Ética do Profissional; proceder à avaliação dos casos, estudos e perícias sociais, com a 
finalidade de subsidiar ou assessorar a autoridade judiciária nos conhecimentos dos aspectos 
socioeconômicos, culturais, interpessoais, comunitários e familiares; participar de trabalhos 
no Judiciário; acompanhar visita de pais e crianças; fiscalizar programas que atendem a 
crianças e adolescentes; atuar em programas de treinamento de juízes e servidores; ministrar 
palestras, entre outras. 
 
2.5 Justiça Retributiva 
 
 De acordo com Zehr (2018), a Justiça Retributiva é retratada como uma deusa 
vendada que segura uma balança; o seu foco está na equidade do processo, não 
necessariamente nas circunstâncias. O processo penal almeja tratar os desiguais igualmente, 
independente de desigualdades sociais e políticas permeadas na sociedade, que estão sendo 
ignoradas e mantidas pelo sistema, visto que o foco central dessa justiça é a punição, e não a 
restauração dos danos. 
 Em consonância com o pensamento do referido autor, o processo penal é denotado a 
partir de regras e há uma dependência em relação a procuradores e profissionais que 
representam o réu e o Estado. Ou seja, o processo de justiça afasta a vítima e as partes 
envolvidas que foram afetadas pelo delito; sendo assim, pode-se afirmar que a vítima, a 
comunidade e os demais envolvidos ficam omissos e sem saber questões do seu próprio 
processo, ficando à mercê do Estado, pois este decide qual a aplicabilidade das leis em 
relação a cada delito. 
 Conforme o filósofo do Direito Conrad Brunk apud Zehr (2017), a Justiça Retributiva 
considera que a dor é um componente que estimula o acerto de contas em função dos danos 
sofridos pela vítima. Já na Justiça Restaurativa, é tratado o reconhecimento dos danos 
sofridos pela vítima, percebendo as suas necessidades, com o foco em utilizar métodos para 
o ofensor assumir sua responsabilização, visando, assim, corrigir os males causados e tratar 
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de forma humanizada, tendo como objetivo transformar vidas. 
 
3 METODOLOGIA 
 
O método é uma forma pela qual o pesquisador alcança os seus objetivos. Este Trabalho de 
Conclusão de Curso (TCC) usou a metodologia de cunho qualitativo, procedendo a consultas 
bibliográficas que contêm teorias relevantes concernentes ao tema “A Atuação do Assistente 
Social na Justiça Restaurativa ”. Os métodos utilizados para a construção deste artigo tiveram 
como fundamento o projeto ético político, os instrumentos operativos, as formas de 
abordagem, entre outros segmentos. 
Na análise em grupo, foi levantada uma questão: qual é a contribuição do assistente 
social frente às medidas alternativas, especificamente na Justiça Restaurativa do Estado de 
Goiás, no Fórum Des. Fenelon Teodoro Reis? Tal reflexão ocorreu porque a Justiça 
Restaurativa contribui no processo de restauração, tanto da vítima como do ofensor. Com o 
propósito derelacionar a teoria com a prática, identificou-se a importância da execução da 
Justiça Restaurativa, especificamente no estado de Goiás. Seguindo essa perspectiva, o 
presente estudo se baseou nos seguintes autores: Barroco (2012), Catão (2014), Código de 
Ética do Assistente Social (1993), CNJ (2015, 2016), Decreto n° 2587 (2010), Fávero, Melão 
e Jorge (2015), Iamamoto (2015), Normativa n° 001 (2018), Passos (2014), Provimento n°14 
(2015), Resolução n°125 (2010) CNJ, Resolução 225 (2016), Rodrigues, Rosaura e Duarte 
(2014), Salmaso (2016), e Zehr (2017, 2018). 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 De acordo com Marcelo Nalesso Salmaso (2016), desde os primórdios, a Justiça 
Restaurativa desenvolveu séries de técnicas de solução de conflitos, visando à mudança de 
paradigma, a fim de reverter a aplicação de métodos punitivos tradicionais. Afinal, desde a 
Antiguidade, a Justiça Retributiva foi consolidada por métodos punitivos, cujo sistema 
desestimula a reconciliação, tendo em vista que o processo penal não oferece oportunidade 
de restauração do indivíduo. (ZEHR, 2018). 
Nesse sentido, Zehr (2017) aponta a redução da reincidência como uma vertente da 
Justiça Restaurativa, visto que são eficazes os seus métodos restaurativos baseados no 
princípio de que os indivíduos que sofreram os danos devem identificar suas necessidades e 
relatá-las a quem os causou. A Justiça Restaurativa busca atender às necessidades das vítimas 
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de atos infratores, já que o sistema de Justiça Criminal não atende a este público-alvo de 
forma correta. O autor Zehr (2017) elucida que as vítimas não se sentem amparadas pelo 
processo penal, haja vista que os interesses do Estado se contrapõem aos que foram 
negligenciados. 
Convém sublinhar que, dada a sua importância, escritores discorrem sobre a temática 
exposta. Zehr é um dos pioneiros da Justiça Restaurativa, e é destacado nos Estados Unidos 
como pensador e professor de Sociologia, além de ministrar cursos de graduação de 
Programas de Transformação de Conflitos (“Harrisonburg Virgínia”). A autora norte-
americana Pranis contribuiu com a performance dos processos circulares, atuando como 
facilitadora de círculos e participando de seminários e capacitação nos Estados Unidos, 
Canadá, Austrália e Japão. Os autores Favero, Jorge e Melão tratam sobre a intervenção do 
assistente social em conjunto com o campo de Psicologia no âmbito Jurídico, contribuindo 
no processo da Justiça Restaurativa e mediação de conflitos, envolvendo a área cível, a 
infância e a juventude e a vara da família. 
Cabe ressaltar que a atuação do Serviço Social no âmbito jurídico se iniciou no final 
de 1940, em conjunto com o Juizado de Menores, especificamente com a abertura da 1ª 
Semana de Estudos do Problema de Menores, em consonância com a criação do Serviço de 
Colocação Familiar no Estado de São Paulo, conforme a Lei n. 560, de 27/12/1949. O 
desenvolvimento do trabalho do profissional inserido nessa área abriu um vasto campo para 
a consolidação de suas atribuições nesse contexto. (FÁVERO; MELÃO; JORGE, 2015). 
Vale acrescentar que o Serviço Social é regulamentado e inclui profissional liberal, 
estatutos legais e éticos que atribuem a sua autonomia teórico-metodológica, ético-política e 
técnico-operativa em relação à execução do exercício profissional, conforme afirmam 
Fávero, Melão e Jorge (2015). Os referidos autores esclarecem que o assistente social 
trabalha a partir das necessidades sociais, ou seja, lida com as expressões da “questão social”, 
com enfoque nas dimensões coletivas, considerando a vida singular das famílias, indivíduos 
e sociedade civil. 
Nesse aspecto, podem-se destacar algumas mazelas presentes na sociedade: pobreza, 
desemprego, trabalho precário, alto índice de analfabetismo, precariedade da saúde física e 
mental, violência doméstica, negligência no trânsito, envolvimento com Substâncias 
Psicoativas (SPA), abandono de incapaz, entre outras. O profissional em questão luta pelos 
direitos de todos os indivíduos, subsidiando argumentos nas decisões judiciais através de 
estudo social, orientação e acompanhamento, visando a benefícios no acesso a serviços 
jurídicos, fornecidos por meio das políticas públicas. (FÁVERO; MELÃO; JORGE, 2015). 
12 
 
 
Conforme Marilda Villela Iamamoto (2015), a atuação adentra no fazer profissional 
do assistente social, sendo abrangente sua autonomia profissional, resguardada pela 
legislação profissional. No entanto, essa autonomia é dependente de forças econômicas, 
políticas e culturais, em diferentes espaços sócio-ocupacionais de atuação profissional do 
Serviço Social, envolvendo a esfera estatal e indivíduos sociais, Poder Executivo, Ministério 
Público, Judiciário e Legislativo, que devem ser considerados pelo profissional. 
 
4.1 Processo Restaurativo 
 
De acordo com Salmaso (2016), há várias aplicabilidades do processo restaurativo, 
de forma alternativa ou concorrente com o processo convencional, sendo que os 
procedimentos restaurativos estão relacionados a sessões ordenadas e sistêmicas, em 
conjunto com a participação dos voluntários, das famílias, da comunidade e da rede de 
garantia de direito local. Os facilitadores buscam incluir todas as partes envolvidas. 
O autor Salmaso (2016) aponta que, no procedimento restaurativo, são incluídos 
valores e princípios, sendo imprescindível a fala dos participantes e a escuta qualificada em 
uma conexão entre os envolvidos, a fim de restaurar as relações sociais. Esse processo visa 
construir a cultura da paz na sociedade, tendo como objetivo sanar a reincidência dos 
infratores na comunidade onde vivem. 
Conforme cita o autor Zehr (2017), a diminuição da recidiva é uma vertente da Justiça 
Restaurativa. Nesse viés, há que se considerar que a reintegração de prisioneiros recém-
libertados é ainda muito recente na atualidade. Nas casas de transição ou nas prisões são 
desenvolvidos programas e ações relacionados aos danos sofridos por vítimas. Também há 
responsabilização de infratores, com o propósito de reparar danos e evitar recaída quando 
eles voltarem para a sua comunidade. Vale mencionar que os dados estatísticos apontam que 
a Justiça Restaurativa colaborou e colabora para que cerca de 80% dos infratores não 
reincidam. (ZEHR, 2017, 2018). 
Os processos restaurativos incluem a mediação de conflitos e o fortalecimento dos 
vínculos por meio das sessões familiares com a comunidade, a vítima e o ofensor. Esses 
indivíduos participam diretamente na resolução dos conflitos que envolvem o crime, com a 
ajuda constante de um ou mais facilitadores em todo o percurso do procedimento 
restaurativo, para ser possível acompanhar de perto a realidade do indivíduo, proporcionando 
as práticas restaurativas. (CATÃO, 2014). 
O método da Justiça Restaurativa promove uma proposta de adaptação do sistema 
13 
 
 
criminal, uma visão mais acolhedora à vítima, através de apoio e atenção no decorrer do 
processo. A partir da grande demanda das vítimas, surgiram novas políticas que defendem 
esse público-alvo, assim como a Justiça Restaurativa, que atende às necessidades tanto da 
vítima quanto do ofensor. Com isso, a mencionada Justiça idealiza um novo comportamento 
dos infratores, a fim de prevenir novas reincidências de crimes na sociedade contemporânea. 
Seguindo essa linha de raciocínio, o autor Catão (2014) assegura que as prisões não alcançam 
os resultados almejados; pelo contrário, na grande maioria dos casos, aumenta a cultura da 
violência. 
 
 
4.2 Processo Circular 
 
De acordo com Pranis (2010), os processos circulares são sustentados por meio de 
um diálogo, tem sua gênese baseada em rituais indígenas e culturas ancestrais. Na atualidade, 
os procedimentos circulares passaram por inúmeras modificações, a fim de contribuir no 
processo restaurativo do indivíduo, com técnicas testadas e comprovadas por meios de 
experiências e métodosde comunicação não violenta, escuta qualificada e construção de bom 
senso. 
O procedimento circular, segundo Pranis (2010), se inicia através de uma cerimônia 
de abertura. Nesse procedimento, é realizada a interação entre os indivíduos em um espaço 
adaptado, conforme cada caso das partes envolvidas. O objetivo desse método é aprofundar 
a conexão entre as pessoas e solucionar conflitos. A autora supracitada afirma que, no 
decorrer do processo circular, é realizada a cerimônia de fechamento, com o propósito de 
reforçar as temáticas abordadas no círculo. Nesse sentido, as cerimônias de abertura e 
fechamento promoveram a reflexão de todas as partes envolvidas, a fim de ajustar os 
encontros à demanda de cada grupo. 
Além disso, a autora Pranis (2010) alega que o procedimento circular promoveu o 
rompimento do medo e isolamento das vítimas. Com isso, foi possível ofertar a esperança 
aos indivíduos, tendo em vista a ampliação da visão do futuro dos participantes na 
comunidade, entre outros aspectos. Sendo assim, cabe enfatizar que, através do método 
circular, podem-se obter resultados positivos, visto que, nesse procedimento, é oferecido um 
método reflexivo. Pranis (2010) elucida que as práticas circulares vêm sendo trabalhadas há 
mais de 30 anos na sociedade. Inicialmente, esse método foi praticado por grupos em pequena 
quantidade. Depois, ampliaram-se os grupos para as mulheres, sendo trabalhada, neste 
14 
 
 
âmbito, a troca de experiências, com o apoio da comunidade civil. Além disso, alguns grupos 
levaram a metodologia do círculo para os ambientes públicos, com o intuito de promover 
uma sistematização, como, por exemplo, na Justiça Criminal. 
Esse procedimento restaurativo é novo e se iniciou com o trabalho realizado em 
Yukon, Canadá, em meados da década de 1990. Ademais, o círculo se tornou um mecanismo 
indispensável para promover e despertar o conhecimento, pois, por meio da interação social, 
são estimulados o processo reflexivo e as soluções de conflitos. Os procedimentos reflexivos 
são contínuos, visto que são tratados pelos profissionais: assistentes sociais, psicólogos, e 
outros campos de áreas distintas. (PRANIS, 2010). 
 Em consonância com Pranis (2010), os processos circulares são uma forma de 
estabelecer uma junção profunda entre os indivíduos, explorando as diferenças, ao invés de 
extingui-las, ofertando a todas as partes envolvidas igualdade e oportunidade de falar e ser 
ouvido, sem interrupção, preconceito ou intolerância. Quem estiver com o bastão da fala tem 
o poder de falar, e os demais deverão respeitar o seu momento de interlocução, até que seja 
repassado o objeto adiante. Porém, é importante frisar que não é obrigatório falar quando o 
bastão está nas mãos do participante. Desse modo, fica a critério do participante decidir se 
vai interagir ou só participar como ouvinte dos outros depoimentos. 
 A autora enfatiza que, nos primórdios, os ancestrais das comunidades indígenas se 
reuniam em torno do fogo com o intuito de resolver os seus problemas, apoiando uns aos 
outros e estabelecendo vínculos mútuos. Com base nas comunidades indígenas, foram 
desenvolvidas as práticas circulares atuais em diversos âmbitos. Com isso, surgiram vários 
mecanismos de círculos, sendo eles: Círculos de Diálogo – o intuito é aplicar uma roda de 
conversa e trabalhar, através de um espaço, o poder da fala; Círculos de Compreensão – o 
foco é a compreensão dos conflitos; Círculo de Restabelecimento – busca partilhar a dor de 
um pessoa com o grupo, para ajudá-la; Círculo de Sentenciamento – promove a participação 
da comunidade junto ao sistema da Justiça Criminal, para serem reparados todos os danos; 
Círculo de apoio – reúne pessoas para colaborar no processo restaurativo de todas as partes 
afetadas; Círculo de Construção do Senso Comunitário – seu propósito é criar vínculos e 
construir relacionamentos dentro do grupo; Círculo de Resolução de Conflitos – reúne as 
partes em uma disputa, para resolverem os seus problemas; Círculo de Reintegração – insere 
um indivíduo em um grupo ou em uma comunidade da qual foi afastado; Círculo de 
Celebração – insere um grupo de pessoas, a fim de prestar conhecimento, para partilhar 
alegrias e senso de realização. (PRANIS, 2010). 
 De acordo com Zehr (2017), no processo criminal, além de círculos de 
15 
 
 
sentenciamento, há de restabelecimento, para lidar com conflitos de trabalho. Através dessa 
etapa, os participantes se condicionam em um círculo e é passado um objeto denominado 
bastão da fala, na mão de cada pessoa, para que tenham a oportunidade de fazer, de forma 
organizada, de acordo com a sequência em que estão sentados. Uma ou duas pessoas são os 
facilitadores; no início do círculo, são explicados valores: o respeito, os valores de cada 
indivíduo presente, a sinceridade, entre outros aspectos. Pode-se apoiar as necessidades de 
quem sofreu, bem como de quem causou o dano, e reforçar a responsabilidade da 
comunidade, dentre outros procedimentos. 
 Os círculos são realizados democraticamente, segundo Pranis (2010), sendo a regra 
básica a participação ativa de todos os envolvidos no conflito. Ainda conforme a autora, as 
práticas circulares constituem um método que estimula uma interação entre os indivíduos, 
levando-os a conhecer novos saberes e divergências, promovendo a igualdade, 
voluntariedade, participação e inclusão social. Visto que, no Brasil, os processos circulares 
são um mecanismo importante para estabelecer a restauração dos indivíduos/vítimas/ofensor 
e comunidade, esse método contribui com a união das pessoas, com o enfoque na 
disseminação da cultura da paz. 
 Portanto, no campo jurídico, as práticas circulares remetem à resolução de várias 
instâncias de naturezas distintas. Através desse procedimento, é possível resolver conflitos 
nas vertentes familiares e penais, visto que, diante da carga emocional agravada, é promovida 
a melhoria da qualidade das relações sociais e das soluções de conflitos. Ademais, nesse 
contexto, podem ser inseridos os Círculos de Paz, em que, no âmbito da assistência social, 
sãos desenvolvidos mecanismos de apoio orgânico, que viabilizam direcionar pessoas, para 
que, por meio de direitos, venham a reconstruir as suas vidas. (PRANIS, 2010). 
 
4.3 O Assistente Social como Facilitador no Processo Restaurativo no Âmbito Jurídico 
 
 Salmaso (2016) aponta que o facilitador é fundamental no procedimento restaurativo, 
pois é ele quem coordena os trabalhos, compartilhando as responsabilidades de modo que os 
participantes tenham o seu espaço de fala e possam ser ouvidos de forma respeitosa, 
resguardados pelo sigilo profissional e social do profissional da área de Assistência Social, 
dentre outros campos. Diante disso, o papel do assistente social como facilitador adentra os 
princípios fundamentais do Código de Ética de 1993, dentre os quais se destacam: a defesa 
intransigente dos Direitos Humanos; a defesa da democracia; o posicionamento em favor da 
equidade e justiça social, assegurando a universalidade de acesso aos bens e serviços relativos 
16 
 
 
aos programas e políticas sociais; eliminação de todas as formas de preconceitos, respeitando 
a diversidade. Compete destacar a consonância com o sigilo profissional, preestabelecido no 
artigo 15º do Código de Ética do Assistente Social. 
 A Instrução Normativa nº 001, de 17 de outubro de 2018, enfatiza que o facilitador 
restaurativo condiciona os trabalhos de escuta e comunicação entre a vítima, o ofensor e as 
demais pessoas que estão inseridas no processo. Com isso, deve-se ressaltar que, por meio 
de métodos consensuais, a Justiça Restaurativa promove a restauração e a resolução de 
conflitos, através de ações que envolvem a confidencialidade, demonstrando o valor social 
da lei violada pelo conflito. 
Conforme a Corregedoria da Justiça do Estado de Goiás, Provimento nº 14 de 2015, 
são estabelecidasas competências técnicas do assistente social no âmbito jurídico, em 
consonância com o Código de Ética em sua Resolução nº 273, de 13 de março de 1993, do 
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). A autora Maria Lucia Silva Barroco (2012) 
destaca as atribuições do profissional, que podem ser consideradas primordiais no processo 
facilitador do acesso à política da Justiça Restaurativa, sendo uma base norteadora as 
atribuições do profissional supracitado. Desse modo, pode-se destacar que as principais bases 
do fazer profissional do assistente social no Poder Judiciário são: realizar estudos sociais, 
perícias, pareceres, laudos periciais e mediação de conflitos; mensalmente é elaborado um 
relatório estatístico para o NUPEMEC. Além disso, é atribuição privativa do assistente social 
realizar estudos socioeconômicos. 
No processo restaurativo dos indivíduos, as conferências são fundamentais, sendo um 
mecanismo facilitado por assistentes sociais pagos pelo Estado, denominados coordenadores 
de justiça. Sua função é direcionar as pessoas que deverão estar presentes no encontro e no 
processo circular mais adequado para o grupo específico. Com isso, as Conferências de 
Grupos Familiares (CGF) do perfil neozelandês implementaram acordos de restituições de 
bens ou reparos de danos morais. (ZEHR, 2017). 
Conforme afirma Zehr (2017), entende-se por Conferências de Grupos Familiares um 
procedimento de normas para as diversas formas de ofensas, especialmente nas Varas da 
Infância e da Juventude. Essas conferências se originaram na cidade de Nova Zelândia e 
foram sendo adaptadas também na Austrália na década de 1980, sendo adotadas por 
facilitadores, autoridades, policiais, e outros segmentos. Nesta etapa, é realizado um círculo 
que inclui famílias, sociedade, comunidade e partes envolvidas no processo. É sustentado um 
apoio a pessoas que cometeram a ofensa, bem como se estima que o infrator assuma a sua 
responsabilidade e mude de comportamento. 
17 
 
 
Esse sistema foi adotado em 1989, mediante casos envolvendo jovens que cometeram 
pequenos delitos, sem extensão de alto grau de violência. Neste caso, os envolvidos são 
retirados da polícia e dos tribunais e levados para as Conferências de Grupo familiar. Em 
análise, o resultado obtido foi positivo, pois, com esse método, os processos diminuíram em 
torno de 80%. O juiz neozelandês Fred McElrea relatou que essa foi a primeira abordagem 
restaurativa institucionalizada na estrutura jurídica ocidental. (ZEHR, 2018). 
Zehr (2018) destaca o conceito da Conferência Vítima - Ofensor, retratada em sua 
obra intitulada Trocando as Lentes, afirmando que a VOC se baseia em uma instituição 
independente do sistema criminal, porém ambas as partes trabalham com a cooperação uma 
com a outra. Esse procedimento dá-se através da presença de vítimas e ofensores, quando o 
caso é iniciado no processo penal. O facilitador faz a mediação nos encontros entre todos os 
envolvidos. De acordo com investigações realizadas por pesquisadores sociais, é retratado 
que nem todos os casos são encaminhados para as conferências; no entanto, quando elas 
ocorrem, na maioria das vezes são realizados acordos entre os membros. Os dados estatísticos 
presumem que cerca de 80% a 90% dos casos demonstraram que houve a redução da 
reincidência dos crimes provocados por infratores. Em grande maioria, os acordos são 
cumpridos de forma satisfatória e com êxito. 
No âmbito jurídico, o Decreto nº 1.346/2017 elenca que o Núcleo Permanente de 
Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (NUPEMEC) define os parâmetros 
curriculares de cursos de capacitação e aprimoramento dos facilitadores, conforme a 
resolução nº 225/2016. Sendo assim, é abordada, no art. 5º da mencionada resolução, a 
atribuição do NUPEMEC, viabilizada através de gerência, gestão e aperfeiçoamento das 
políticas de Justiça Restaurativa no Judiciário do Estado de Goiás: a reparação de danos e 
conflitos dos indivíduos. 
 
Organograma da Justiça Restaurativa do Estado de Goiás 
 
 
Coordenador Geral (Magistrado) 
(Atribuições definidas no Art. 15 do Decreto Judiciário n° 1.346/2017 
 
1. Coordenar e orientar as atividades que serão desenvolvidas; 
18 
 
 
2. Administrar, supervisionar e orientar os facilitadores restaurativos, especialmente 
quanto à sua postura na conduta dos procedimentos restaurativos e na formalização 
de acordo, eventualmente alcançado; 
3. Designar facilitadores restaurativos, escala e organização de espaços adequados para 
o atendimento restaurativo; 
4. Efetuar o controle e a disponibilização das pautas dos procedimentos restaurativos 
às unidades judiciais; 
5. Orientar as atividades dos facilitadores para a formalização do acordo restaurativo, 
quando alcançado. 
 
Coordenação de Equipe 
Responsável: Mônica Vieira da Silva Borges (assistente social) 
 
1. Gerir as atividades de Justiça Restaurativa; 
2. Entrevistar novos profissionais para admissão no setor; 
3. Planejar as atividades futuras do setor em conjunto com os núcleos; 
4. Realizar e conduzir as reuniões de equipe, incluindo a montagem da pauta; 
5. Servir de elo entre o setor, os juízes coordenadores e as demais unidades do TJ; 
6. Gerenciar os ofícios enviados no setor; 
7. Cuidar do arquivo; 
8. Solicitar insumos para o setor; 
9. Gestão de pessoas da equipe; 
10. Desenvolver ações e políticas de divulgação dos serviços e adesão dos autores do 
Direito; 
11. Elaborar relatório estatístico mensal. 
 
Responsabilidade solidária de todos os eixos 
 
 
1. Manter a documentação do setor (prontuários, arquivos, pastas, etc.) organizada; 
2. Atender a recepção e telefone; 
19 
 
 
3. Recepcionar e apresentar o setor aos novos profissionais que aqui ingressarem; 
4. Solicitar treinamentos para os servidores, inclusive diárias e passagens, quando for o caso; 
5. Gerenciar as estatísticas do Eixo; 
6. Elaborar as informações, relatórios e documentos necessários para a realização dos 
procedimentos restaurativos; 
7. Gerenciar a frequência dos servidores; 
8. Realizar estudos, discussão de casos; 
9. Propor plano de ação e encaminhamento que visem à não recidiva do fato danoso. 
Eixo de Acolhimento, Triagem e 
Atendimentos 
Responsável: Kátia Abdala T. Mendonça 
Eixo de Métodos, Serviços e Projetos 
Restaurativos 
Responsável: Érica Fernanda Teixeira 
Santos 
Equipe Profissional: 02 psicólogas Equipe Profissional: 01 psicóloga, 01 
musicoterapeuta 
 1. Realizar o Acolhimento e Triagem dos 
participantes, avaliando a visibilidade de 
procedimento restaurativo e qual método 
mais adequado; 
 2. Realizar Atendimentos Individuais de 
acordo com a demanda da triagem. 
 3. Gerenciar a agenda de atendimentos 
programados e não programados. 
 4. Gerenciar os prontuários e distribuí-los 
de forma equitativa entre os técnicos 
responsáveis; 
 5. Identificar e encaminhar participantes 
ao NADS quando identificada a 
possibilidade. 
 
 
 1. Gerenciar os métodos e serviços 
restaurativos do setor; 
 2. Manter contato com Equipes dos 
Juizados Especiais Criminais e Varas 
Criminais; 
 3. Organizar e realizar sessões 
restaurativas; 
 4. Elaborar termos de acordo, quando 
houver, e plano de ação e encaminhá-los ao 
magistrado responsável para homologação; 
 5. Realizar procedimentos restaurativos 
necessários para a conscientização da 
proposta sugerida pelo eixo do acolhimento; 
 6. Realizar atendimentos individuais ou 
em grupo de acordo com a demanda do 
procedimento restaurativo; 
 7. Realizar atendimentos para 
20 
 
 
encerramento da participação nos serviços; 
 8. Identificar e encaminhar participantes 
ao NADS, quando identificada a 
possibilidade; 
 9. Gerenciar os projetos temáticos de 
cunho restaurativo (Justiça Restaurativa, 
Violência doméstica, amparando filhos) e 
avaliar sua adequação aos parâmetrosde 
Justiça Restaurativa. 
 
Eixo de Assistência e Desenvolvimento Social 
Responsável: Mônica Vieira da Silva Borges 
 
Equipe Profissional: 02 assistentes sociais 
1. Gerenciar a lista de equipamentos sociais e parceiros, mantendo-a atualizada e 
disponível para os participantes, bem como fomentar o fortalecimento dessa rede 
com visitas e parcerias; 
2. Elaborar termos de cooperação com a rede externa; 
3. Orientar o encaminhamento dos participantes para a rede externa e para os 
parceiros/equipamentos sociais disponíveis; 
4. Gerenciar os participantes em conjunto com os demais núcleos, quando necessário; 
21 
 
 
5. Gerenciar os participantes que forem encaminhados para a rede externa; 
6. Realizar eventos voltados para a atenção dos eixos de empregabilidade, cultura e 
autocuidado. 
Fonte: Decreto Judiciário nº 1.346/2017 
 . 
4.4 A Contribuição da Justiça Restaurativa nas Medidas Alternativas em Goiás 
 
 Em sua obra Justiça Restaurativa, Zehr (2017) esclarece que o procedimento 
restaurativo é um método de medida alternativa que visa impulsionar a justiça, bem como 
acrescentar no processo a vítima, o infrator e a comunidade. Na situação de ofensa ou 
prejuízos ocasionados pelo infrator, através da Justiça Restaurativa é possível restaurar os 
danos e as necessidades, pois a função da referida Justiça é reparar o mal causado à vítima, 
com o intuito de restituir todas as partes envolvidas. 
 O autor Zehr (2017) salienta que a Justiça Restaurativa é uma abordagem social, em 
que os profissionais assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, entre outros que compõem a 
equipe interdisciplinar nos locais em que são ministrados os círculos, têm o seu papel 
valorizado e respeitado, sendo incluído neste âmbito o Estado. Desse modo, é enfatizada a 
importância da participação de todos os interessados e prejudicados através do ato ilícito, 
assim como foi citado anteriormente. 
 Zehr (2017) pontua que o princípio da Justiça Restaurativa é ofertar a oportunidade 
aos que foram negligenciados, incluindo a comunidade, para participarem de forma efetiva 
no procedimento judicial. Desse modo, todos os segmentos recebem as informações cabíveis 
de todos os envolvidos no processo decisório, para que, assim, sejam alcançadas e atendidas 
as necessidades das partes. Na maioria das vezes, pode ser usado como mecanismo o diálogo 
diretamente entre os indivíduos. Isso ocorre por meio da realização de encontros entre a 
vítima e o ofensor. 
No momento das interações, são compartilhados entre os participantes vários 
depoimentos para que, desse modo, possam chegar a um acordo. Se o grupo chegar a um 
consenso, são trabalhados vários valores imprescindíveis com a finalidade de que seja 
possível alcançar os objetivos. Os valores são escolhidos por cada participante e, durante os 
encontros, é ratificada a importância de cada diretriz colocada como fundamental, como, por 
exemplo, a empatia, o respeito e a harmonia. Esse princípio envolve um círculo adaptado de 
várias formas, para ser trabalhada cada necessidade e situação específica, conforme o seu 
22 
 
 
grau de extensão. (ZEHR, 2017). 
Segundo dados ratificados pela Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Goiás 
(2015), em consonância com o Decreto Judiciário nº 2.830 de 19 de dezembro de 2014, é 
enfatizada a necessidade da reestruturação das unidades do Tribunal de Justiça. Sendo assim, 
criou-se, na Corregedoria Geral da Justiça (CGJ), os alicerces de cargos e funções da 
Secretaria Interprofissional Forense, a fim de qualificar a equipe multidisciplinar de 
Psicologia, Assistência Social e Pedagógica para atendimento nas Varas de Família, 
Violência Doméstica, Infância e Juventude, Execução Criminal, Execução de Penas e 
Medidas Alternativas e Juizado Especial Criminal. 
Célia Passos (2014) afirma que a Justiça Restaurativa é uma estratégia de redução do 
índice de violência, que aborda várias propostas a serem atingidas por meio de objetivos, 
tendo como base o desenvolvimento de habilidades e práticas que visam à proteção, à 
autorresponsabilização e ao processo restaurativo. Esse método é um instrumento de 
aperfeiçoamento da Justiça Restaurativa, tendo em vista diferentes abordagens para a 
promoção das mudanças sociais com o objetivo de alcançar a justiça pela paz justa. Esse 
conceito considera que a paz conquistada através da violência colabora para ocorrerem mais 
injustiças e violação de Direitos Humanos. A verdadeira paz com justiça é alcançada sem o 
uso de violência. 
A autora enfatiza que a construção da paz é uma vertente da Justiça Restaurativa. É 
reconhecida a importância dos trabalhos realizados para a redução da violência, visto que são 
métodos eficazes para modificar as estruturas, as culturas e os valores, associando a sua 
aplicação na Justiça Restaurativa na área penal. O conceito da paz justa é compreendido 
diante dos elevados índices de reincidências dos dados de estatísticas presentes no sistema 
penal. (SCHIRCH, 2006 apud PASSOS, 2014). 
 
 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A implementação da Justiça Restaurativa representa o método de empoderar as 
pessoas interessadas na busca de soluções de conflitos, para que possam estabelecer relações 
harmônicas com a sociedade. Diante disso, é possível gerar oportunidade de reflexão dos 
infratores através dos procedimentos restaurativos aplicados por profissionais qualificados, 
com capacidade de mediar conflitos. Esse preceito é estabelecido com o intuito de alcançar 
um objetivo primordial nessa ramificação, que é a reinserção do infrator na sociedade, com 
um comportamento restaurativo. 
23 
 
 
Pode-se afirmar que a sessão restaurativa é consolidada através de um encontro ou 
acompanhamento entre as pessoas que estão envolvidas em algum processo. Tendo em vista 
o enfoque restaurativo, há que se reconhecer elementos fundamentais relacionados à 
participação dos envolvidos: atenção às necessidades da vítima e do ofensor; reparação dos 
danos sofridos; compartilhamento de obrigações e responsabilidades entre o ofensor e a 
vítima, se houver; participação da sociedade civil, para que possa ser trabalhada a superação 
das causas e consequências do ocorrido. 
O objetivo desse procedimento restaurativo é promover as melhores condições para 
as partes envolvidas e a comunidade. Cumpre reiterar que tal procedimento pode ocorrer de 
forma alternativa/convencional, sendo consideradas as suas implicações processuais 
determinadas. Considerando a Resolução n°125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
e a Resolução da Corte Especial do Tribunal de Justiça, que instituíram a Política Judiciária 
de resolução de conflitos e meios adequados à sua natureza, estes preceitos estimulam os 
programas de mediação penal ou quaisquer outros procedimentos restaurativos. 
Conforme afirma o autor Howard Zehr, o procedimento restaurativo poderá ocasionar 
um maior respeito aos Direitos Humanos (DH), visto que, ao promover oportunidades, as 
pessoas que se interessam em compreender melhor a razão, o contexto que levou a situações 
criminosas, podem reforçar o sentimento de solidariedade e respeito mútuo, gerando, assim, 
a cultura da paz. A Justiça Restaurativa poderá ser um instrumento que busca elucidar uma 
justiça mais efetiva, em busca da diminuição de danos e sofrimentos, bem como pode 
colaborar na diminuiçãodo crescente número de encarceramento no Brasil. 
Portanto, cabe enfatizar a importância do trabalho do assistente social na política da 
Justiça Restaurativa do Estado de Goiás. De acordo com o Decreto Judiciário n° 1.346/2017, 
são apontadas as atribuições profissionais do assistente social, sendo fundamentais para a 
reinserção dos indivíduos na sociedade. Dentro do Eixo da Assistência e Desenvolvimento 
Social, destacam-se o gerenciamento de equipamentos sociais, a elaboração de termos de 
cooperação com redes externas, a orientação sobre encaminhamento dos participantes em 
conjunto com os demais núcleos, bem como realizar eventos de empregabilidade, cultura e 
autocuidado. 
 
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24 
 
 
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