Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS- FACUNICAMPS CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DANIELA FERNANDES DIAS JORDANIA RAMOS AFONSO BARBOSA WELLITOMAR SILVA COSTA A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA JUSTIÇA RESTAURATIVA GOIÂNIA - GOIÁS 2019/2 DANIELA FERNANDES DIAS JORDANIA RAMOS AFONSO BARBOSA WELLITOMAR SILVA COSTA A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA JUSTIÇA RESTAURATIVA Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito para a nota de disciplina de TCC, necessária para a graduação do curso de Serviço Social da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. Orientação da Profa. Dra. Rosângela Aparecida Cardoso GOIÂNIA - GOIÁS 2019/2 2 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA JUSTIÇA RESTAURATIVA THE ACTING OF SOCIAL ASSISTANT IN THE RESTORATIONAL JUSTICE DANIELA FERNANDES DIAS¹ JORDANIA RAMOS AFONSO BARBOSA² WELLITOMAR SILVA COSTA³ ROSÂNGELA APARECIDA CARDOSO4 RESUMO A Justiça Restaurativa é considerada um conceito da Filosofia originado, a partir de meados das décadas de 1970 e 1980, nos Estados Unidos e Canadá, em virtude das comunidades indígenas e em conjunto com o Programa de Reconciliação Vítima-Ofensor. Ela tinha intuito de promover a restauração dos indivíduos, por meio das equipes que compõem as comarcas criminais, tais como assistente social, psicólogo e musicoterapeuta. Adiante, este programa foi adaptado de várias formas como mecanismo da prática restaurativa reflexiva iniciada como método para tratar de assaltos e outros crimes patrimoniais caracterizados como ofensa de menor potencial. Atualmente, as abordagens restaurativas se encontram em comunidades com aplicabilidade às ações de maior potencial ofensivo como morte por negligência no trânsito, estupro e homicídio. Nesse sentido, as abordagens da Justiça Restaurativa estão sendo ampliadas nos espaços escolares, universidades, campo de trabalho e templos religiosos. Cumpre ressaltar que o presente trabalho procura esclarecer que o sistema de justiça criminal é retributivo, baseado na punição do ofensor; já a Justiça Restaurativa se preocupa com a restauração do ofensor e da vítima. Palavras-chave: Justiça Restaurativa. Âmbito Jurídico. Medidas Alternativas. Assistente Social. Justiça Retributiva. ABSTRACT Restorative justice is considered a concept of Philosophy originated from the mid-1970s and 1980s in the United States and Canada, by virtue of indigenous communities and in conjunction with the Victim-Offender Reconciliation Program. It was intended to promote the restoration individual through teams that make up the criminal counties such as social worker, psychologist and music therapist. Ahead of this, this program was adapted in various ways as a mechanism of reflexive restorative practice initiated as a method for dealing with robberies and other property crimes characterized as minor potential offense. Currently, restorative approaches are found in communities that are applicable to actions with the greatest offensive potential, such as death through traffic negligence, rape and homicide. In this sense, restorative justice approaches are being expanded in school spaces, universities, labor camps and religious temples. It should be noted that the criminal justice system is retributive based on the offender's punishment. Restorative justice is concerned with restoring the offender and the victim. Keywords: Restorative Justice. Legal Scope. Alternative Measures. Social Worker. Retributive Justice. _______________________ ¹Graduanda do curso de Serviço Social, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: danielafernandesdias.1@gmail.com ²Graduanda do curso de Serviço Social, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: Jordaniaramos1996@gmail.com ³Graduando do curso de Serviço Social, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: wellitomar151@gmail.com 4Professora Orientadora, Doutora em Letras e Linguística, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E- mail: rosangelaacardoso@gmail.com mailto:danielafernandesdias.1@gmail.com mailto:Jordaniaramos1996@gmail.com mailto:wellitomar151@gmail.com mailto:rosangelaacardoso@gmail.com 3 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho busca elucidar as particularidades entre a Justiça Restaurativa e Justiça Retributiva, tendo em vista as suas principais diferenças e semelhanças no âmbito jurídico. Sendo assim, pode-se destacar que suas principais diferenças são identificadas a partir do pressuposto de que a Justiça Retributiva considera que a dor é um componente que estimula acertar as contas pelos danos sofridos pela vítima. Já a Justiça Restaurativa preza a restauração do ofensor e da vítima e o reconhecimento dos danos, analisando os prejuízos das partes envolvidas, para ser trabalhado o processo restaurativo. Neste caso, é necessário que o ofensor assuma a sua responsabilidade, para restaurar os danos morais e físicos, entre outros segmentos. Quanto às semelhanças, pode-se afirmar que ambas reconhecem que o comportamento social defensor desequilibra a balança; argumentam que o indivíduo que ofendeu deverá receber tratamento igual ao agente ético; sustentam que é necessário obter proporcionalidade entre uma ação lesiva e, posteriormente, a reação. Conforme Howard Zehr (2017), a redução da reincidência é uma vertente da Justiça Restaurativa, sendo que ela é praticada por ser eficaz o seu método restaurativo, visto que os indivíduos que sofreram os danos deverão identificar as suas necessidades e relatá-las a quem causou o dano. E é necessário estimular e assumir uma determinada responsabilidade em relação aos que foram negligenciados. A Justiça Restaurativa busca atender as necessidades das vítimas de atos praticados por infratores. O sistema de Justiça Criminal não atende as necessidades deste público-alvo de forma correta. Zehr (2017) esclarece que as vítimas não se sentem amparadas pelo processo penal e que os interesses do Estado se contrapõem em relação aos que foram negligenciados. Isso ocorre quando a vítima não é inserida no inquérito jurídico do crime. Neste sentido, o Estado é inserido no lugar da vítima no processo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO De acordo com Zehr (2017), a Justiça Restaurativa é determinada por meio de valores positivos, e é uma visão de como se pode viver em relacionamentos construídos com o objetivo de enriquecer a vida. Como foi afirmado, a Justiça Restaurativa é fundada em valores; em consonância com o autor, três vertentes se destacam: respeito, responsabilidade e relacionamento. O último valor é primordial, pois remete à realidade básica, sendo 4 compreendida por tradições culturais indígenas, africanas e de povos tradicionais. Nesse sentido, Zehr (2017) e Kay Pranis (2017) acreditam que os métodos de Justiça Restaurativa podem ser aplicados através dos processos circulares, que se originaram nas primeiras comunidades indígenas no Canadá, considerando-se que poderão ser usados no trabalho, para solucionarem conflitos em uma visão ampliada em vários segmentos distintos de áreas sociais. Sendo assim, cabe enfatizar a intervenção do Assistente Social no âmbito jurídico, uma vez que, conforme Eunice Teresinha Fávero, Magda Jorge Ribeiro Melão e Maria Rachel Tolosa Jorge (2015), o profissional inserido nessa área atua a partir da grande demanda social, a qual inclui expressões da “questão social”. Além disso, são trabalhadas situações de desigualdade social, pobreza, vulnerabilidade, baixa escolaridade, miserabilidade, negligência no trânsito, violência doméstica, envolvimento com substâncias psicoativas, entreoutras. Cumpre destacar que, nas Varas de Execuções Penais e Medidas Alternativas (VEPEMA) e nos Juizados Especiais Criminais, há profissionais qualificados: assistentes sociais, psicólogos e pedagogos que executam o trabalho inerente às medidas alternativas no âmbito jurídico. Estes atuam como facilitadores, promovendo ações que visam à restauração dos participantes. (CORREGEDORIA, 2015). 2.1 Conceito de Justiça Restaurativa De acordo com Zehr (2017), a Justiça Restaurativa é conceituada como uma abordagem que visa promover a restauração envolvendo a vítima, o ofensor e a sociedade. Considerando a Resolução n°125/2010 do CNJ e a Resolução n° 18/2011 da Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que instituíram a Política Judiciária de resolução de conflitos e meios adequados à sua natureza, estes preceitos estimulam os programas de mediação penal ou quaisquer outros procedimentos restaurativos. Conforme afirma o autor Zehr (2017), o procedimento restaurativo poderá ocasionar um maior respeito aos Direitos Humanos, visto que, ao promover oportunidades, as pessoas que se interessam em compreender melhor a razão, o contexto que levou a situações criminosas, podem reforçar o sentimento de solidariedade e respeito mútuo, gerando assim a cultura da paz. A Justiça Restaurativa poderá ser um instrumento que busca elucidar uma justiça mais efetiva, em busca da diminuição de danos e sofrimento, bem como poderá colaborar na diminuição do crescente número de encarceramentos em nosso país. 5 A implementação da Justiça Restaurativa representa um método de empoderar as pessoas interessadas na busca de soluções de conflitos, para que possam estabelecer relações harmônicas com a sociedade. Diante disso, é possível gerar oportunidade para que seja possível alcançar um objetivo primordial, que é a reinserção do ofensor na sociedade, com um comportamento restaurativo. O objetivo desse procedimento restaurativo é promover as melhores condições para as partes envolvidas e a comunidade. Tal procedimento pode ocorrer de forma alternativa/convencional, sendo consideradas as suas implicações processuais determinadas. (ZEHR, 2017). As práticas restaurativas tem como foco a satisfação das necessidades de todos os envolvidos no delito, ou seja, tanto a vítima quanto o infrator são responsabilizados ativamente, bem como aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta no processo de ocorrência do fato danoso, sendo possível destacar a necessidade de reparação do dano e da recomposição do ser social rompido pelo conflito. (ZEHR, 2017). Conforme as disposições pleiteadas pela Resolução 225, de 31 de maio de 2016, em seu art. 1°, é enfatizado que a Justiça Restaurativa se constitui como um conjunto de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias que visa à conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência que geram dano físico ou psicológico. Estes são solucionados através de vários métodos, sendo necessária a participação do ofensor, da vítima (quando houver), das suas famílias e de um ou mais facilitadores. Com base no art. 2° (instituído pela Resolução 225, de 31 de maio de 2016), são princípios que orientam a Justiça Restaurativa: a corresponsabilidade, a reparação dos danos, o atendimento às necessidades de todos os envolvidos, a informalidade, a voluntariedade, a imparcialidade, a participação, o empoderamento, a concordância de opiniões, a confidencialidade, a celebridade da urbanidade. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, é destacada uma relação entre a vítima e o infrator, sendo considerada a Justiça Restaurativa um processo reflexivo, a fim de contribuir com a reparação de danos. 2.2 Justiça Restaurativa no Âmbito Jurídico O Sistema Jurídico ocidental ou Justiça Criminal apresenta várias qualidades, entre elas se destaca o fomento aos Direitos Humanos. No entanto cresce o reconhecimento das diversas limitações e carências, com relação às vítimas, ofensores e membros da comunidade, no sentido de que o sistema não atende às necessidades, de forma adequada e efetiva. Os 6 profissionais do âmbito jurídico – juízes, advogados, promotores, oficiais de condicional, entre outros – manifestam frustração com o sistema tradicional. Zehr (2017) reforça que muitos acreditam que o sistema de processo judicial aprofunda os conflitos sociais, ao invés de saná-los. Cumpre ressaltar que o referido autor faz uma analogia entre Justiça Criminal e Justiça Restaurativa. Ele esclarece que a primeira vertente aborda culpabilidade, perseguição, imposição, castigo, verticalidade e coerção, haja vista que, na Justiça Retributiva, é enfatizado que o elemento central em questão é acertar as contas através da punição. Isso gera dor ao indivíduo, e não a responsabilização e restauração. Já a segunda vertente aponta responsabilidade, encontro, diálogo, reparação do dano, horizontalidade e coesão, sendo o intuito desta política trazer uma conscientização sobre os atos cometidos. (ZEHR, 2017). Desde os primórdios da década de 70, vêm surgindo programas e aplicação de práticas restaurativas de comunidades de vários países do mundo. A partir de 1989, na Nova Zelândia, foi implantada a Justiça Restaurativa nas varas da Infância e Juventude. Desde então, vem ampliando-se no sistema penal de outros países. Na atualidade, a Justiça Restaurativa é considerada um norte para um futuro que vise à esperança de uma justiça mais eficaz e que seja de fato realmente restaurativa. (ZEHR, 2017). O programa Justiça Terapêutica do Tribunal do Estado de Goiás inicialmente foi inspirado no programa homônimo do Tribunal do Estado do Rio de Janeiro e tinha como base na experiência adquirida uma proposta de trabalho específica. Em Goiás, o programa foi instituído por meio do Decreto Judicial de n° 2.587/2010, e incluía pessoas que cometeram delitos com um possível vínculo entre o fato cometido e o uso abusivo de álcool e outras drogas. A missão do programa era estar com as pessoas, mediante processos reflexivos e educativos, na construção de sua autonomia. A Justiça Restaurativa é uma temática nova no Brasil, sendo considerada uma alternativa mais eficaz que o modelo tradicional punitivo, pelo fato de visar à restauração do indivíduo, em conjunto com as partes envolvidas e as comunidades, ou seja, vítima, infrator, comunidade e profissionais envolvidos. Em 2004, as experiências em Justiça Restaurativa tiveram a sua gênese por meio da implementação das práticas em restauração, a qual se efetivou no sistema de justiça brasileiro. Todavia, segundo Yolanda Catão (2014), o modelo foi implantado no país e conquistou o seu espaço a partir de 2005, visto que muitos países têm praticado esse método e as experiências adquiridas e culturas revelam que a Justiça Retributiva é menos eficaz que a Restaurativa, principalmente nos casos de crianças e adolescentes. 7 A Resolução n° 225/2016, do TJ/GO, do Conselho Nacional de Justiça, dispõe sobre a Política Nacional de Justiça Restaurativa; adiante, a Justiça Restaurativa foi implementada no Estado de Goiás, a partir do Decreto n° 1.346/2017, do Tribunal de Goiás. A sua implementação tem como estratégia lidar com questões de violência de forma restaurativa, promovendo, assim, a política judiciária de disseminação da paz. Diante disso, no âmbito da Justiça Estadual, é retratada a Lei nº. 17.961/2013, pois em suas prerrogativas são disseminadas as condições para se utilizarem como abordagem os métodos consensuais de soluções de conflitos. Sendo imprescindível serem desenvolvidas as políticas do Judiciário, para ser tratado cada conflito de forma coerente. 2.3 Medidas Alternativas Os programas de medidas alternativas têm como objetivo redirecionar ou ofertar um meio alternativo para os infratores dos processoscriminais, ou na tramitação da sentença. Os profissionais que podem realizar os encaminhamentos à Justiça Restaurativa são: a polícia, os promotores ou o juiz. Os encontros restaurativos podem ocorrer em alguns casos em que o juiz poderá juntar a comunidade, para agregar elementos pertinentes ao círculo. De acordo com a Normativa n° 001, de 17/10/2018, em seu art. 20°, há várias áreas de aplicação de práticas restaurativas, dentre elas se destacam: Setor de Atuação Contra a Violência Doméstica (SAVID), Setor de Atendimento às Famílias (SAFAM) e Setor Interdisciplinar Penal (SIP). A equipe da Justiça Restaurativa deverá apresentar mensalmente, ao Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (NUPEMEC), os números estatísticos dos atendimentos. Conforme o Decreto n° 1.346/2017, em seu art. 9º, as atribuições do NUPEMEC são o gerenciamento e a gestão do desenvolvimento das políticas de Justiça Restaurativa do Estado de Goiás. Conforme o autor Zehr (2017), as abordagens circulares entram na área da Justiça Restaurativa a princípio através das comunidades indígenas do Canadá. Neste contexto, o juiz Barry Stuart descreve o processo denominado Círculo de Construção da Paz. Atualmente, os círculos possuem inúmeras aplicações e estruturas. Também se destacam, no Canadá, os círculos de sentenciamento, com o enfoque em restabelecer círculos para lidar com conflitos no ambiente de trabalho, círculos de diálogo comunitários. Nesse contexto, podem-se destacar as conferências praticadas na Nova Zelândia, organizadas por facilitadores, ou seja, assistentes sociais pagos pelo Estado. Estes são denominados coordenadores de justiça do adolescente. A função destes profissionais é 8 determinar quem deve participar da abordagem, bem como criar o método mais adequado e eficaz de acordo com cada caso específico, para que, dessa maneira, seja possível tratar as necessidades de cada pessoa envolvida no processo. (ZEHR, 2017). Ainda para Zehr (2018), a Conferência Vítima Ofensor consiste em uma organização independente do sistema criminal, que realiza encontros presenciais entre vítima e ofensor, enfatizando três elementos: os fatos, os sentimentos e os acordos. Podem-se acrescentar, nesse processo de desenvolvimento, as conferências de grupos familiares (CGF), cuja origem se deu em meados da década de 1980 e cujo estilo se baseia nos princípios neozelandeses. Os encontros são realizados com o intuito de elencar oportunidades de expressar situações conflituosas e sentimentos. Sua base é desenvolver acordos de restituição de bens e reparação da moral. 2.4 A Atuação do assistente social nas Medidas Alternativas Na concepção de Fávero, Melão e Jorge (2015), o Serviço Social iniciou a sua atuação em conjunto com o Juizado de Menores no final de 1940, quando ocorreu a 1ª Semana de Estudos do Problema de Menores, especialmente com a criação do Serviço de Colocação Familiar no Estado de São Paulo, em consonância com a Lei n° 560, de 27/12/1949. Cabe salientar que o desenvolvimento desse âmbito de trabalho foi delegado aos Assistentes Sociais, no Juizado, abrindo um amplo campo para serem consolidadas as suas atividades. Convém enfatizar que a Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Goiás – Secretaria Geral, provimento n° 14 de 12/06/2015, no art. 13°, denota as atribuições do assistente social no âmbito jurídico, dentre elas: realizar visitas técnicas, perícias, pareceres; atender determinações judiciais; planejar, coordenar atividades técnicas das equipes interprofissionais; elaborar e coordenar planos, programas e projetos; assessorar; desenvolver atividades em conjunto com as varas da Infância e Juventude, o Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) e a Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (CEJAI); elaborar mensalmente relatório estatístico, quantitativo e qualitativo. Cumpre salientar que a atribuição privativa do assistente social é realizar estudos socioeconômicos para promover benefícios e serviços sociais. É de suma importância fazer uma analogia entre o Código de Ética do/a Assistente Social/1993, Lei de regulamentação n° 8.662, com as atribuições dos profissionais e os pressupostos teóricos e metodológicos citados pelos autores Fávero, Melão e Jorge (2015). No primeiro segmento, são explanados os deveres do/a assistente social com a justiça, sendo 9 enfatizado o seguinte aspecto: apresentar à justiça, quando convocado, em qualidade de perito, ou testemunha, as conclusões de seus laudos/depoimentos, pautando-se nas competências profissionais, de modo que o procedimento seja realizado sem violar os princípios éticos contidos neste regulamento. No segundo segmento, conforme os autores Fávero, Melão e Jorge (2015), as atribuições dos profissionais do Serviço Social contemplam: atender às determinações judiciais relativas à prática do Serviço Social, em conformidade com a legislação do Código de Ética do Profissional; proceder à avaliação dos casos, estudos e perícias sociais, com a finalidade de subsidiar ou assessorar a autoridade judiciária nos conhecimentos dos aspectos socioeconômicos, culturais, interpessoais, comunitários e familiares; participar de trabalhos no Judiciário; acompanhar visita de pais e crianças; fiscalizar programas que atendem a crianças e adolescentes; atuar em programas de treinamento de juízes e servidores; ministrar palestras, entre outras. 2.5 Justiça Retributiva De acordo com Zehr (2018), a Justiça Retributiva é retratada como uma deusa vendada que segura uma balança; o seu foco está na equidade do processo, não necessariamente nas circunstâncias. O processo penal almeja tratar os desiguais igualmente, independente de desigualdades sociais e políticas permeadas na sociedade, que estão sendo ignoradas e mantidas pelo sistema, visto que o foco central dessa justiça é a punição, e não a restauração dos danos. Em consonância com o pensamento do referido autor, o processo penal é denotado a partir de regras e há uma dependência em relação a procuradores e profissionais que representam o réu e o Estado. Ou seja, o processo de justiça afasta a vítima e as partes envolvidas que foram afetadas pelo delito; sendo assim, pode-se afirmar que a vítima, a comunidade e os demais envolvidos ficam omissos e sem saber questões do seu próprio processo, ficando à mercê do Estado, pois este decide qual a aplicabilidade das leis em relação a cada delito. Conforme o filósofo do Direito Conrad Brunk apud Zehr (2017), a Justiça Retributiva considera que a dor é um componente que estimula o acerto de contas em função dos danos sofridos pela vítima. Já na Justiça Restaurativa, é tratado o reconhecimento dos danos sofridos pela vítima, percebendo as suas necessidades, com o foco em utilizar métodos para o ofensor assumir sua responsabilização, visando, assim, corrigir os males causados e tratar 10 de forma humanizada, tendo como objetivo transformar vidas. 3 METODOLOGIA O método é uma forma pela qual o pesquisador alcança os seus objetivos. Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) usou a metodologia de cunho qualitativo, procedendo a consultas bibliográficas que contêm teorias relevantes concernentes ao tema “A Atuação do Assistente Social na Justiça Restaurativa ”. Os métodos utilizados para a construção deste artigo tiveram como fundamento o projeto ético político, os instrumentos operativos, as formas de abordagem, entre outros segmentos. Na análise em grupo, foi levantada uma questão: qual é a contribuição do assistente social frente às medidas alternativas, especificamente na Justiça Restaurativa do Estado de Goiás, no Fórum Des. Fenelon Teodoro Reis? Tal reflexão ocorreu porque a Justiça Restaurativa contribui no processo de restauração, tanto da vítima como do ofensor. Com o propósito derelacionar a teoria com a prática, identificou-se a importância da execução da Justiça Restaurativa, especificamente no estado de Goiás. Seguindo essa perspectiva, o presente estudo se baseou nos seguintes autores: Barroco (2012), Catão (2014), Código de Ética do Assistente Social (1993), CNJ (2015, 2016), Decreto n° 2587 (2010), Fávero, Melão e Jorge (2015), Iamamoto (2015), Normativa n° 001 (2018), Passos (2014), Provimento n°14 (2015), Resolução n°125 (2010) CNJ, Resolução 225 (2016), Rodrigues, Rosaura e Duarte (2014), Salmaso (2016), e Zehr (2017, 2018). 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com Marcelo Nalesso Salmaso (2016), desde os primórdios, a Justiça Restaurativa desenvolveu séries de técnicas de solução de conflitos, visando à mudança de paradigma, a fim de reverter a aplicação de métodos punitivos tradicionais. Afinal, desde a Antiguidade, a Justiça Retributiva foi consolidada por métodos punitivos, cujo sistema desestimula a reconciliação, tendo em vista que o processo penal não oferece oportunidade de restauração do indivíduo. (ZEHR, 2018). Nesse sentido, Zehr (2017) aponta a redução da reincidência como uma vertente da Justiça Restaurativa, visto que são eficazes os seus métodos restaurativos baseados no princípio de que os indivíduos que sofreram os danos devem identificar suas necessidades e relatá-las a quem os causou. A Justiça Restaurativa busca atender às necessidades das vítimas 11 de atos infratores, já que o sistema de Justiça Criminal não atende a este público-alvo de forma correta. O autor Zehr (2017) elucida que as vítimas não se sentem amparadas pelo processo penal, haja vista que os interesses do Estado se contrapõem aos que foram negligenciados. Convém sublinhar que, dada a sua importância, escritores discorrem sobre a temática exposta. Zehr é um dos pioneiros da Justiça Restaurativa, e é destacado nos Estados Unidos como pensador e professor de Sociologia, além de ministrar cursos de graduação de Programas de Transformação de Conflitos (“Harrisonburg Virgínia”). A autora norte- americana Pranis contribuiu com a performance dos processos circulares, atuando como facilitadora de círculos e participando de seminários e capacitação nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. Os autores Favero, Jorge e Melão tratam sobre a intervenção do assistente social em conjunto com o campo de Psicologia no âmbito Jurídico, contribuindo no processo da Justiça Restaurativa e mediação de conflitos, envolvendo a área cível, a infância e a juventude e a vara da família. Cabe ressaltar que a atuação do Serviço Social no âmbito jurídico se iniciou no final de 1940, em conjunto com o Juizado de Menores, especificamente com a abertura da 1ª Semana de Estudos do Problema de Menores, em consonância com a criação do Serviço de Colocação Familiar no Estado de São Paulo, conforme a Lei n. 560, de 27/12/1949. O desenvolvimento do trabalho do profissional inserido nessa área abriu um vasto campo para a consolidação de suas atribuições nesse contexto. (FÁVERO; MELÃO; JORGE, 2015). Vale acrescentar que o Serviço Social é regulamentado e inclui profissional liberal, estatutos legais e éticos que atribuem a sua autonomia teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa em relação à execução do exercício profissional, conforme afirmam Fávero, Melão e Jorge (2015). Os referidos autores esclarecem que o assistente social trabalha a partir das necessidades sociais, ou seja, lida com as expressões da “questão social”, com enfoque nas dimensões coletivas, considerando a vida singular das famílias, indivíduos e sociedade civil. Nesse aspecto, podem-se destacar algumas mazelas presentes na sociedade: pobreza, desemprego, trabalho precário, alto índice de analfabetismo, precariedade da saúde física e mental, violência doméstica, negligência no trânsito, envolvimento com Substâncias Psicoativas (SPA), abandono de incapaz, entre outras. O profissional em questão luta pelos direitos de todos os indivíduos, subsidiando argumentos nas decisões judiciais através de estudo social, orientação e acompanhamento, visando a benefícios no acesso a serviços jurídicos, fornecidos por meio das políticas públicas. (FÁVERO; MELÃO; JORGE, 2015). 12 Conforme Marilda Villela Iamamoto (2015), a atuação adentra no fazer profissional do assistente social, sendo abrangente sua autonomia profissional, resguardada pela legislação profissional. No entanto, essa autonomia é dependente de forças econômicas, políticas e culturais, em diferentes espaços sócio-ocupacionais de atuação profissional do Serviço Social, envolvendo a esfera estatal e indivíduos sociais, Poder Executivo, Ministério Público, Judiciário e Legislativo, que devem ser considerados pelo profissional. 4.1 Processo Restaurativo De acordo com Salmaso (2016), há várias aplicabilidades do processo restaurativo, de forma alternativa ou concorrente com o processo convencional, sendo que os procedimentos restaurativos estão relacionados a sessões ordenadas e sistêmicas, em conjunto com a participação dos voluntários, das famílias, da comunidade e da rede de garantia de direito local. Os facilitadores buscam incluir todas as partes envolvidas. O autor Salmaso (2016) aponta que, no procedimento restaurativo, são incluídos valores e princípios, sendo imprescindível a fala dos participantes e a escuta qualificada em uma conexão entre os envolvidos, a fim de restaurar as relações sociais. Esse processo visa construir a cultura da paz na sociedade, tendo como objetivo sanar a reincidência dos infratores na comunidade onde vivem. Conforme cita o autor Zehr (2017), a diminuição da recidiva é uma vertente da Justiça Restaurativa. Nesse viés, há que se considerar que a reintegração de prisioneiros recém- libertados é ainda muito recente na atualidade. Nas casas de transição ou nas prisões são desenvolvidos programas e ações relacionados aos danos sofridos por vítimas. Também há responsabilização de infratores, com o propósito de reparar danos e evitar recaída quando eles voltarem para a sua comunidade. Vale mencionar que os dados estatísticos apontam que a Justiça Restaurativa colaborou e colabora para que cerca de 80% dos infratores não reincidam. (ZEHR, 2017, 2018). Os processos restaurativos incluem a mediação de conflitos e o fortalecimento dos vínculos por meio das sessões familiares com a comunidade, a vítima e o ofensor. Esses indivíduos participam diretamente na resolução dos conflitos que envolvem o crime, com a ajuda constante de um ou mais facilitadores em todo o percurso do procedimento restaurativo, para ser possível acompanhar de perto a realidade do indivíduo, proporcionando as práticas restaurativas. (CATÃO, 2014). O método da Justiça Restaurativa promove uma proposta de adaptação do sistema 13 criminal, uma visão mais acolhedora à vítima, através de apoio e atenção no decorrer do processo. A partir da grande demanda das vítimas, surgiram novas políticas que defendem esse público-alvo, assim como a Justiça Restaurativa, que atende às necessidades tanto da vítima quanto do ofensor. Com isso, a mencionada Justiça idealiza um novo comportamento dos infratores, a fim de prevenir novas reincidências de crimes na sociedade contemporânea. Seguindo essa linha de raciocínio, o autor Catão (2014) assegura que as prisões não alcançam os resultados almejados; pelo contrário, na grande maioria dos casos, aumenta a cultura da violência. 4.2 Processo Circular De acordo com Pranis (2010), os processos circulares são sustentados por meio de um diálogo, tem sua gênese baseada em rituais indígenas e culturas ancestrais. Na atualidade, os procedimentos circulares passaram por inúmeras modificações, a fim de contribuir no processo restaurativo do indivíduo, com técnicas testadas e comprovadas por meios de experiências e métodosde comunicação não violenta, escuta qualificada e construção de bom senso. O procedimento circular, segundo Pranis (2010), se inicia através de uma cerimônia de abertura. Nesse procedimento, é realizada a interação entre os indivíduos em um espaço adaptado, conforme cada caso das partes envolvidas. O objetivo desse método é aprofundar a conexão entre as pessoas e solucionar conflitos. A autora supracitada afirma que, no decorrer do processo circular, é realizada a cerimônia de fechamento, com o propósito de reforçar as temáticas abordadas no círculo. Nesse sentido, as cerimônias de abertura e fechamento promoveram a reflexão de todas as partes envolvidas, a fim de ajustar os encontros à demanda de cada grupo. Além disso, a autora Pranis (2010) alega que o procedimento circular promoveu o rompimento do medo e isolamento das vítimas. Com isso, foi possível ofertar a esperança aos indivíduos, tendo em vista a ampliação da visão do futuro dos participantes na comunidade, entre outros aspectos. Sendo assim, cabe enfatizar que, através do método circular, podem-se obter resultados positivos, visto que, nesse procedimento, é oferecido um método reflexivo. Pranis (2010) elucida que as práticas circulares vêm sendo trabalhadas há mais de 30 anos na sociedade. Inicialmente, esse método foi praticado por grupos em pequena quantidade. Depois, ampliaram-se os grupos para as mulheres, sendo trabalhada, neste 14 âmbito, a troca de experiências, com o apoio da comunidade civil. Além disso, alguns grupos levaram a metodologia do círculo para os ambientes públicos, com o intuito de promover uma sistematização, como, por exemplo, na Justiça Criminal. Esse procedimento restaurativo é novo e se iniciou com o trabalho realizado em Yukon, Canadá, em meados da década de 1990. Ademais, o círculo se tornou um mecanismo indispensável para promover e despertar o conhecimento, pois, por meio da interação social, são estimulados o processo reflexivo e as soluções de conflitos. Os procedimentos reflexivos são contínuos, visto que são tratados pelos profissionais: assistentes sociais, psicólogos, e outros campos de áreas distintas. (PRANIS, 2010). Em consonância com Pranis (2010), os processos circulares são uma forma de estabelecer uma junção profunda entre os indivíduos, explorando as diferenças, ao invés de extingui-las, ofertando a todas as partes envolvidas igualdade e oportunidade de falar e ser ouvido, sem interrupção, preconceito ou intolerância. Quem estiver com o bastão da fala tem o poder de falar, e os demais deverão respeitar o seu momento de interlocução, até que seja repassado o objeto adiante. Porém, é importante frisar que não é obrigatório falar quando o bastão está nas mãos do participante. Desse modo, fica a critério do participante decidir se vai interagir ou só participar como ouvinte dos outros depoimentos. A autora enfatiza que, nos primórdios, os ancestrais das comunidades indígenas se reuniam em torno do fogo com o intuito de resolver os seus problemas, apoiando uns aos outros e estabelecendo vínculos mútuos. Com base nas comunidades indígenas, foram desenvolvidas as práticas circulares atuais em diversos âmbitos. Com isso, surgiram vários mecanismos de círculos, sendo eles: Círculos de Diálogo – o intuito é aplicar uma roda de conversa e trabalhar, através de um espaço, o poder da fala; Círculos de Compreensão – o foco é a compreensão dos conflitos; Círculo de Restabelecimento – busca partilhar a dor de um pessoa com o grupo, para ajudá-la; Círculo de Sentenciamento – promove a participação da comunidade junto ao sistema da Justiça Criminal, para serem reparados todos os danos; Círculo de apoio – reúne pessoas para colaborar no processo restaurativo de todas as partes afetadas; Círculo de Construção do Senso Comunitário – seu propósito é criar vínculos e construir relacionamentos dentro do grupo; Círculo de Resolução de Conflitos – reúne as partes em uma disputa, para resolverem os seus problemas; Círculo de Reintegração – insere um indivíduo em um grupo ou em uma comunidade da qual foi afastado; Círculo de Celebração – insere um grupo de pessoas, a fim de prestar conhecimento, para partilhar alegrias e senso de realização. (PRANIS, 2010). De acordo com Zehr (2017), no processo criminal, além de círculos de 15 sentenciamento, há de restabelecimento, para lidar com conflitos de trabalho. Através dessa etapa, os participantes se condicionam em um círculo e é passado um objeto denominado bastão da fala, na mão de cada pessoa, para que tenham a oportunidade de fazer, de forma organizada, de acordo com a sequência em que estão sentados. Uma ou duas pessoas são os facilitadores; no início do círculo, são explicados valores: o respeito, os valores de cada indivíduo presente, a sinceridade, entre outros aspectos. Pode-se apoiar as necessidades de quem sofreu, bem como de quem causou o dano, e reforçar a responsabilidade da comunidade, dentre outros procedimentos. Os círculos são realizados democraticamente, segundo Pranis (2010), sendo a regra básica a participação ativa de todos os envolvidos no conflito. Ainda conforme a autora, as práticas circulares constituem um método que estimula uma interação entre os indivíduos, levando-os a conhecer novos saberes e divergências, promovendo a igualdade, voluntariedade, participação e inclusão social. Visto que, no Brasil, os processos circulares são um mecanismo importante para estabelecer a restauração dos indivíduos/vítimas/ofensor e comunidade, esse método contribui com a união das pessoas, com o enfoque na disseminação da cultura da paz. Portanto, no campo jurídico, as práticas circulares remetem à resolução de várias instâncias de naturezas distintas. Através desse procedimento, é possível resolver conflitos nas vertentes familiares e penais, visto que, diante da carga emocional agravada, é promovida a melhoria da qualidade das relações sociais e das soluções de conflitos. Ademais, nesse contexto, podem ser inseridos os Círculos de Paz, em que, no âmbito da assistência social, sãos desenvolvidos mecanismos de apoio orgânico, que viabilizam direcionar pessoas, para que, por meio de direitos, venham a reconstruir as suas vidas. (PRANIS, 2010). 4.3 O Assistente Social como Facilitador no Processo Restaurativo no Âmbito Jurídico Salmaso (2016) aponta que o facilitador é fundamental no procedimento restaurativo, pois é ele quem coordena os trabalhos, compartilhando as responsabilidades de modo que os participantes tenham o seu espaço de fala e possam ser ouvidos de forma respeitosa, resguardados pelo sigilo profissional e social do profissional da área de Assistência Social, dentre outros campos. Diante disso, o papel do assistente social como facilitador adentra os princípios fundamentais do Código de Ética de 1993, dentre os quais se destacam: a defesa intransigente dos Direitos Humanos; a defesa da democracia; o posicionamento em favor da equidade e justiça social, assegurando a universalidade de acesso aos bens e serviços relativos 16 aos programas e políticas sociais; eliminação de todas as formas de preconceitos, respeitando a diversidade. Compete destacar a consonância com o sigilo profissional, preestabelecido no artigo 15º do Código de Ética do Assistente Social. A Instrução Normativa nº 001, de 17 de outubro de 2018, enfatiza que o facilitador restaurativo condiciona os trabalhos de escuta e comunicação entre a vítima, o ofensor e as demais pessoas que estão inseridas no processo. Com isso, deve-se ressaltar que, por meio de métodos consensuais, a Justiça Restaurativa promove a restauração e a resolução de conflitos, através de ações que envolvem a confidencialidade, demonstrando o valor social da lei violada pelo conflito. Conforme a Corregedoria da Justiça do Estado de Goiás, Provimento nº 14 de 2015, são estabelecidasas competências técnicas do assistente social no âmbito jurídico, em consonância com o Código de Ética em sua Resolução nº 273, de 13 de março de 1993, do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). A autora Maria Lucia Silva Barroco (2012) destaca as atribuições do profissional, que podem ser consideradas primordiais no processo facilitador do acesso à política da Justiça Restaurativa, sendo uma base norteadora as atribuições do profissional supracitado. Desse modo, pode-se destacar que as principais bases do fazer profissional do assistente social no Poder Judiciário são: realizar estudos sociais, perícias, pareceres, laudos periciais e mediação de conflitos; mensalmente é elaborado um relatório estatístico para o NUPEMEC. Além disso, é atribuição privativa do assistente social realizar estudos socioeconômicos. No processo restaurativo dos indivíduos, as conferências são fundamentais, sendo um mecanismo facilitado por assistentes sociais pagos pelo Estado, denominados coordenadores de justiça. Sua função é direcionar as pessoas que deverão estar presentes no encontro e no processo circular mais adequado para o grupo específico. Com isso, as Conferências de Grupos Familiares (CGF) do perfil neozelandês implementaram acordos de restituições de bens ou reparos de danos morais. (ZEHR, 2017). Conforme afirma Zehr (2017), entende-se por Conferências de Grupos Familiares um procedimento de normas para as diversas formas de ofensas, especialmente nas Varas da Infância e da Juventude. Essas conferências se originaram na cidade de Nova Zelândia e foram sendo adaptadas também na Austrália na década de 1980, sendo adotadas por facilitadores, autoridades, policiais, e outros segmentos. Nesta etapa, é realizado um círculo que inclui famílias, sociedade, comunidade e partes envolvidas no processo. É sustentado um apoio a pessoas que cometeram a ofensa, bem como se estima que o infrator assuma a sua responsabilidade e mude de comportamento. 17 Esse sistema foi adotado em 1989, mediante casos envolvendo jovens que cometeram pequenos delitos, sem extensão de alto grau de violência. Neste caso, os envolvidos são retirados da polícia e dos tribunais e levados para as Conferências de Grupo familiar. Em análise, o resultado obtido foi positivo, pois, com esse método, os processos diminuíram em torno de 80%. O juiz neozelandês Fred McElrea relatou que essa foi a primeira abordagem restaurativa institucionalizada na estrutura jurídica ocidental. (ZEHR, 2018). Zehr (2018) destaca o conceito da Conferência Vítima - Ofensor, retratada em sua obra intitulada Trocando as Lentes, afirmando que a VOC se baseia em uma instituição independente do sistema criminal, porém ambas as partes trabalham com a cooperação uma com a outra. Esse procedimento dá-se através da presença de vítimas e ofensores, quando o caso é iniciado no processo penal. O facilitador faz a mediação nos encontros entre todos os envolvidos. De acordo com investigações realizadas por pesquisadores sociais, é retratado que nem todos os casos são encaminhados para as conferências; no entanto, quando elas ocorrem, na maioria das vezes são realizados acordos entre os membros. Os dados estatísticos presumem que cerca de 80% a 90% dos casos demonstraram que houve a redução da reincidência dos crimes provocados por infratores. Em grande maioria, os acordos são cumpridos de forma satisfatória e com êxito. No âmbito jurídico, o Decreto nº 1.346/2017 elenca que o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (NUPEMEC) define os parâmetros curriculares de cursos de capacitação e aprimoramento dos facilitadores, conforme a resolução nº 225/2016. Sendo assim, é abordada, no art. 5º da mencionada resolução, a atribuição do NUPEMEC, viabilizada através de gerência, gestão e aperfeiçoamento das políticas de Justiça Restaurativa no Judiciário do Estado de Goiás: a reparação de danos e conflitos dos indivíduos. Organograma da Justiça Restaurativa do Estado de Goiás Coordenador Geral (Magistrado) (Atribuições definidas no Art. 15 do Decreto Judiciário n° 1.346/2017 1. Coordenar e orientar as atividades que serão desenvolvidas; 18 2. Administrar, supervisionar e orientar os facilitadores restaurativos, especialmente quanto à sua postura na conduta dos procedimentos restaurativos e na formalização de acordo, eventualmente alcançado; 3. Designar facilitadores restaurativos, escala e organização de espaços adequados para o atendimento restaurativo; 4. Efetuar o controle e a disponibilização das pautas dos procedimentos restaurativos às unidades judiciais; 5. Orientar as atividades dos facilitadores para a formalização do acordo restaurativo, quando alcançado. Coordenação de Equipe Responsável: Mônica Vieira da Silva Borges (assistente social) 1. Gerir as atividades de Justiça Restaurativa; 2. Entrevistar novos profissionais para admissão no setor; 3. Planejar as atividades futuras do setor em conjunto com os núcleos; 4. Realizar e conduzir as reuniões de equipe, incluindo a montagem da pauta; 5. Servir de elo entre o setor, os juízes coordenadores e as demais unidades do TJ; 6. Gerenciar os ofícios enviados no setor; 7. Cuidar do arquivo; 8. Solicitar insumos para o setor; 9. Gestão de pessoas da equipe; 10. Desenvolver ações e políticas de divulgação dos serviços e adesão dos autores do Direito; 11. Elaborar relatório estatístico mensal. Responsabilidade solidária de todos os eixos 1. Manter a documentação do setor (prontuários, arquivos, pastas, etc.) organizada; 2. Atender a recepção e telefone; 19 3. Recepcionar e apresentar o setor aos novos profissionais que aqui ingressarem; 4. Solicitar treinamentos para os servidores, inclusive diárias e passagens, quando for o caso; 5. Gerenciar as estatísticas do Eixo; 6. Elaborar as informações, relatórios e documentos necessários para a realização dos procedimentos restaurativos; 7. Gerenciar a frequência dos servidores; 8. Realizar estudos, discussão de casos; 9. Propor plano de ação e encaminhamento que visem à não recidiva do fato danoso. Eixo de Acolhimento, Triagem e Atendimentos Responsável: Kátia Abdala T. Mendonça Eixo de Métodos, Serviços e Projetos Restaurativos Responsável: Érica Fernanda Teixeira Santos Equipe Profissional: 02 psicólogas Equipe Profissional: 01 psicóloga, 01 musicoterapeuta 1. Realizar o Acolhimento e Triagem dos participantes, avaliando a visibilidade de procedimento restaurativo e qual método mais adequado; 2. Realizar Atendimentos Individuais de acordo com a demanda da triagem. 3. Gerenciar a agenda de atendimentos programados e não programados. 4. Gerenciar os prontuários e distribuí-los de forma equitativa entre os técnicos responsáveis; 5. Identificar e encaminhar participantes ao NADS quando identificada a possibilidade. 1. Gerenciar os métodos e serviços restaurativos do setor; 2. Manter contato com Equipes dos Juizados Especiais Criminais e Varas Criminais; 3. Organizar e realizar sessões restaurativas; 4. Elaborar termos de acordo, quando houver, e plano de ação e encaminhá-los ao magistrado responsável para homologação; 5. Realizar procedimentos restaurativos necessários para a conscientização da proposta sugerida pelo eixo do acolhimento; 6. Realizar atendimentos individuais ou em grupo de acordo com a demanda do procedimento restaurativo; 7. Realizar atendimentos para 20 encerramento da participação nos serviços; 8. Identificar e encaminhar participantes ao NADS, quando identificada a possibilidade; 9. Gerenciar os projetos temáticos de cunho restaurativo (Justiça Restaurativa, Violência doméstica, amparando filhos) e avaliar sua adequação aos parâmetrosde Justiça Restaurativa. Eixo de Assistência e Desenvolvimento Social Responsável: Mônica Vieira da Silva Borges Equipe Profissional: 02 assistentes sociais 1. Gerenciar a lista de equipamentos sociais e parceiros, mantendo-a atualizada e disponível para os participantes, bem como fomentar o fortalecimento dessa rede com visitas e parcerias; 2. Elaborar termos de cooperação com a rede externa; 3. Orientar o encaminhamento dos participantes para a rede externa e para os parceiros/equipamentos sociais disponíveis; 4. Gerenciar os participantes em conjunto com os demais núcleos, quando necessário; 21 5. Gerenciar os participantes que forem encaminhados para a rede externa; 6. Realizar eventos voltados para a atenção dos eixos de empregabilidade, cultura e autocuidado. Fonte: Decreto Judiciário nº 1.346/2017 . 4.4 A Contribuição da Justiça Restaurativa nas Medidas Alternativas em Goiás Em sua obra Justiça Restaurativa, Zehr (2017) esclarece que o procedimento restaurativo é um método de medida alternativa que visa impulsionar a justiça, bem como acrescentar no processo a vítima, o infrator e a comunidade. Na situação de ofensa ou prejuízos ocasionados pelo infrator, através da Justiça Restaurativa é possível restaurar os danos e as necessidades, pois a função da referida Justiça é reparar o mal causado à vítima, com o intuito de restituir todas as partes envolvidas. O autor Zehr (2017) salienta que a Justiça Restaurativa é uma abordagem social, em que os profissionais assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, entre outros que compõem a equipe interdisciplinar nos locais em que são ministrados os círculos, têm o seu papel valorizado e respeitado, sendo incluído neste âmbito o Estado. Desse modo, é enfatizada a importância da participação de todos os interessados e prejudicados através do ato ilícito, assim como foi citado anteriormente. Zehr (2017) pontua que o princípio da Justiça Restaurativa é ofertar a oportunidade aos que foram negligenciados, incluindo a comunidade, para participarem de forma efetiva no procedimento judicial. Desse modo, todos os segmentos recebem as informações cabíveis de todos os envolvidos no processo decisório, para que, assim, sejam alcançadas e atendidas as necessidades das partes. Na maioria das vezes, pode ser usado como mecanismo o diálogo diretamente entre os indivíduos. Isso ocorre por meio da realização de encontros entre a vítima e o ofensor. No momento das interações, são compartilhados entre os participantes vários depoimentos para que, desse modo, possam chegar a um acordo. Se o grupo chegar a um consenso, são trabalhados vários valores imprescindíveis com a finalidade de que seja possível alcançar os objetivos. Os valores são escolhidos por cada participante e, durante os encontros, é ratificada a importância de cada diretriz colocada como fundamental, como, por exemplo, a empatia, o respeito e a harmonia. Esse princípio envolve um círculo adaptado de várias formas, para ser trabalhada cada necessidade e situação específica, conforme o seu 22 grau de extensão. (ZEHR, 2017). Segundo dados ratificados pela Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Goiás (2015), em consonância com o Decreto Judiciário nº 2.830 de 19 de dezembro de 2014, é enfatizada a necessidade da reestruturação das unidades do Tribunal de Justiça. Sendo assim, criou-se, na Corregedoria Geral da Justiça (CGJ), os alicerces de cargos e funções da Secretaria Interprofissional Forense, a fim de qualificar a equipe multidisciplinar de Psicologia, Assistência Social e Pedagógica para atendimento nas Varas de Família, Violência Doméstica, Infância e Juventude, Execução Criminal, Execução de Penas e Medidas Alternativas e Juizado Especial Criminal. Célia Passos (2014) afirma que a Justiça Restaurativa é uma estratégia de redução do índice de violência, que aborda várias propostas a serem atingidas por meio de objetivos, tendo como base o desenvolvimento de habilidades e práticas que visam à proteção, à autorresponsabilização e ao processo restaurativo. Esse método é um instrumento de aperfeiçoamento da Justiça Restaurativa, tendo em vista diferentes abordagens para a promoção das mudanças sociais com o objetivo de alcançar a justiça pela paz justa. Esse conceito considera que a paz conquistada através da violência colabora para ocorrerem mais injustiças e violação de Direitos Humanos. A verdadeira paz com justiça é alcançada sem o uso de violência. A autora enfatiza que a construção da paz é uma vertente da Justiça Restaurativa. É reconhecida a importância dos trabalhos realizados para a redução da violência, visto que são métodos eficazes para modificar as estruturas, as culturas e os valores, associando a sua aplicação na Justiça Restaurativa na área penal. O conceito da paz justa é compreendido diante dos elevados índices de reincidências dos dados de estatísticas presentes no sistema penal. (SCHIRCH, 2006 apud PASSOS, 2014). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A implementação da Justiça Restaurativa representa o método de empoderar as pessoas interessadas na busca de soluções de conflitos, para que possam estabelecer relações harmônicas com a sociedade. Diante disso, é possível gerar oportunidade de reflexão dos infratores através dos procedimentos restaurativos aplicados por profissionais qualificados, com capacidade de mediar conflitos. Esse preceito é estabelecido com o intuito de alcançar um objetivo primordial nessa ramificação, que é a reinserção do infrator na sociedade, com um comportamento restaurativo. 23 Pode-se afirmar que a sessão restaurativa é consolidada através de um encontro ou acompanhamento entre as pessoas que estão envolvidas em algum processo. Tendo em vista o enfoque restaurativo, há que se reconhecer elementos fundamentais relacionados à participação dos envolvidos: atenção às necessidades da vítima e do ofensor; reparação dos danos sofridos; compartilhamento de obrigações e responsabilidades entre o ofensor e a vítima, se houver; participação da sociedade civil, para que possa ser trabalhada a superação das causas e consequências do ocorrido. O objetivo desse procedimento restaurativo é promover as melhores condições para as partes envolvidas e a comunidade. Cumpre reiterar que tal procedimento pode ocorrer de forma alternativa/convencional, sendo consideradas as suas implicações processuais determinadas. Considerando a Resolução n°125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Resolução da Corte Especial do Tribunal de Justiça, que instituíram a Política Judiciária de resolução de conflitos e meios adequados à sua natureza, estes preceitos estimulam os programas de mediação penal ou quaisquer outros procedimentos restaurativos. Conforme afirma o autor Howard Zehr, o procedimento restaurativo poderá ocasionar um maior respeito aos Direitos Humanos (DH), visto que, ao promover oportunidades, as pessoas que se interessam em compreender melhor a razão, o contexto que levou a situações criminosas, podem reforçar o sentimento de solidariedade e respeito mútuo, gerando, assim, a cultura da paz. A Justiça Restaurativa poderá ser um instrumento que busca elucidar uma justiça mais efetiva, em busca da diminuição de danos e sofrimentos, bem como pode colaborar na diminuiçãodo crescente número de encarceramento no Brasil. Portanto, cabe enfatizar a importância do trabalho do assistente social na política da Justiça Restaurativa do Estado de Goiás. De acordo com o Decreto Judiciário n° 1.346/2017, são apontadas as atribuições profissionais do assistente social, sendo fundamentais para a reinserção dos indivíduos na sociedade. Dentro do Eixo da Assistência e Desenvolvimento Social, destacam-se o gerenciamento de equipamentos sociais, a elaboração de termos de cooperação com redes externas, a orientação sobre encaminhamento dos participantes em conjunto com os demais núcleos, bem como realizar eventos de empregabilidade, cultura e autocuidado. 6 REFERÊNCIAS BARROCOS, Maria L. S.; TERRA, Sylvia H. Código de Ética do/a Assistente Social Comentado. São Paulo: Cortez, 2012. 24 BRASIL. Código de Ética do/a Assistente Social da Lei n. 8662/93 de Regulamentação. Brasília, Conselho Federal de Serviço Social, 2012. CATÃO, Yolanda. Justiça Restaurativa em Caso de Abuso Sexual Intrafamiliar de Criança e Adolescente: Cenário Internacional. In: PASSOS, Célia (Coord). Justiça Restaurativa em Caso de Abuso Sexual de Criança e Adolescente. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2012. p.13. CORREGEDORIA Geral da Justiça do Estado de Goiás- Secretaria-Geral, Provimento n. 14, de 12 de junho de 2015. FÁVERO, Eunice T.; MELÃO, Magda J. R.; JORGE, Maria R. T. O Serviço Social e a Psicologia no Judiciário. Construindo Saberes, Conquistando Direitos. São Paulo: Cortez, 2015. IAMAMOTO, Marilda Vilella. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. Ensaios Críticos. 13. ed., 2013. ______. Serviço Social Tempo de Capital e Serviço. Capital Financeiro Trabalho e Questão Social. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2015. JUDICIÁRIO, Poder. Conselho Nacional de Justiça. Resolução 225, de 31 de maio de 2016. ______. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Gerência de Cidadania. Instrução Normativa N° 001, de 17 de outubro de 2018. ______. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Disponível em: < https: // www.tjgo.jus. br/index.php/projetos-e-acoes-juizado-infancia/justica-restaurativa>Acesso em: 08 jun. 2019. PASSOS, Celia. Justiça Restaurativa como Instrumental de Aprimoramento do Sistema Vigente. In: PASSOS, Célia (Coord). Justiça Restaurativa em Caso de Abuso Sexual de Criança e Adolescente. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2012. p. 174-182. PRANIS, Kay. Processos Circulares de Construção da Paz. 2. ed. São Paulo: Palas Athenas, 2017. RODRIGUES, Marina R.; ALMEIDA, Mercejane D. Os Serviços Prestados pelas Equipes Multidisciplinares do Fórum Des. Fenelon Teodoro Reis. Goiânia: TJGO, 2014. SALMASO, Marcelo N. Uma Mudança de Paradigma e o Ideal Voltado à Construção de uma Cultura de Paz. In: CRUZ, Fabrício B. (Coord.). Justiça Restaurativa Horizonte a Partir da Resolução CNS 225. Brasília: CNJ, 2016. SECCO, M.; LIMA, Elivânia P. D. Justiça Restaurativa - Problemas e Perspectivas. Revista Direito e Práxis, n.1, p.446, 27. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdp/v9n1/2179-89 6 6- rdp-9-1-443.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2019. TRIBUNAL de Justiça do Estado de Goiás. Justiça Terapêutica. Decreto Judiciário nº 25 2587/2010. BIÊNIO, 2013/2015. ______. Gabinete da Presidência. Decreto Judiciário n° 1346/2017. ZEHR, Howard. Justiça Restaurativa. 2. ed. São Paulo: Palas Athenas, 2017. ______. Trocando as Lentes. Justiça Restaurativa para o Nosso Tempo. 3 ed. São Paulo: Palas Athena, 2018.
Compartilhar