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economia.indb 1 12/03/2012 12:30:53 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição economia.indb 2 12/03/2012 12:30:53 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição economia.indb 3 12/03/2012 12:30:54 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 978-85-02-13914-5 978-85-02-13914-5 AGRADECIMENTOS Nossos agradecimentos: • a nossas esposas, cujo apoio e compreensão foram fundamentais para a elaboração deste livro; • ao André, Andressa, Cláudia, Fábio, Karina e Paulo, nossos filhos, razão última de nossa existência; • ao Cláudio Roberto da Silva Carmo, mestre em Economia pela USP, pela revisão técnica dos capítulos deste livro; • ao Reinaldo Pinto Silva, cuja expertise garantiu a correção de todos os apêndices matemáticos deste livro; • aos diversos leitores que nos ajudaram a detectar incorreções no livro, em especial ao leitor José Marcos de Castro Martins e a nossa amiga Marly Job de Oliveira. ESTE LIVRO É DEDICADO AOS NOSSOS ALUNOS, CUJAS DEMONSTRAÇÕES DE APREÇO PELO TRABALHO DESENVOLVIDO NAS SALAS DE AULA CONSTITUÍ RAM A MOTIVAÇÃO PRIMEIRA PARA A SUA CONSECUÇÃO. São Paulo, fevereiro de 2012. Paulo Eduardo V. Viceconti Silvério das Neves economia.indb 5 12/03/2012 12:30:54 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição economia.indb 6 12/03/2012 12:30:54 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição PREFÁCIO À 1a EDIÇÃO Conheci Paulo Viceconti no final dos anos 60, quando, logo depois de formado, comecei a lecionar na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, onde recebi meu diploma de Economista em 1967. Paulinho, como o chamávamos, não só era o melhor aluno da classe, como, também, era muito instigante, sempre questionando os professores sobre o que estavam lecionando e, frequentemente, colocando-os em apuros, quando suas expli- cações não eram convincentes. Para alguns professores, inseguros, era considerado um terror. Para mim foi um estímulo importante no início da minha carreira, pois não só levava-me a preparar melhor as aulas, como também suas perguntas sempre me abriam a cabeça para novos conhecimentos. Trabalhei com ele, também, na assessoria conjunta Banco Central – Ministério da Fazenda, instalada em 1968 em São Paulo, pelo Ministro Delfim Neto, sob a chefia do economista Paulo Yokota. Nessa época, eu havia sido transferido do Banco do Brasil para o Banco Central e estava, também, em processo de integrar-me à USP. Nessa assessoria, Paulo Viceconti revelou-se também um excelente funcionário, sempre colaborando, com seu espírito crítico aguçado e, às vezes, irreverente. Essa sua característica de instigador às vezes incomodava superiores hie rárquicos inseguros que não percebem a importância desse tipo de colaboração. Posteriormente, fui estudar em Harvard, nos E.U.A., num programa de Doutorado e lá percebi que esse espírito crítico era incentivado e até recompensado. Lá, para se obter a nota máxima, nunca se podia apenas repetir o que foi ensinado em classe. Era preciso ir além disso e recordo-me que, numa das vezes em que consegui a nota máxima, foi porque consegui demonstrar que estava errada uma fórmula incluída num artigo de um professor. Por perceber em Paulo Viceconti um grande potencial, procurei incentivá-lo em direção à carreira acadêmica, onde poderia dedicar-se integralmente à docência e à análise científica de temas econômicos. Ele, porém, optou por seguir uma carreira no setor público, tendo passado por várias funções e cargos, o que fazia com grande facilidade, em face de sua enorme capacidade de passar em concursos públicos. Vez por outra, encontrava-me com ele e brincava dizendo que ele era “uma vocação científica a serviço da burocracia”. Não que eu tivesse nada contra a burocracia – inclusive passei por ela –, mas preferia vê-lo em atividades de docência e pesquisa, onde seu talento poderia ser melhor disseminado. Como em muito na vida, as coisas dão voltas, mas acabam fluindo para os caminhos mais adequados. Assim, foi com grande satisfação que vi Paulo Viceconti dedicar-se à atividades docentes, ainda que não em tempo integral, e à elaboração de textos didáticos, que são de enorme valia para os estudantes e o público em geral. Examinei alguns de seus livros e vi que são trabalhos compe- tentes e muito úteis. Ainda assim, entretanto, não me dava inteiro por contente, pois seus livros eram concentrados na área de Contabilidade e, também, do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, com a Economia ficando um pouco de lado. Agora, não tenho mais o que reclamar. Paulo Viceconti retornou à Economia e com este seu texto “Introdução à Economia”, escrito em conjunto com o Prof. Silvério das Neves, volta a colaborar mais precisamente na área em que começou e na qual revelou e continua a revelar seu enorme talento. Portanto, já é hora de também refrasear o que eu dizia dele anteriormente, completando que, além de uma vocação científica a serviço da burocracia, o é também da Economia, da docência e da muito útil, penosa, difícil e talvez pouco recompensadora tarefa de escrever livros didáticos. Se tenho dúvidas a respeito de esta última tarefa ser ou não uma que recompensa o autor, tenho, entre- tanto, toda a certeza de que será altamente proveitosa para o leitor que tiver o privilégio de debruçar-se sobre este novo texto de Paulo Viceconti e Silvério da Neves. São Paulo, novembro de 1995. Roberto Macedo economia.indb 7 12/03/2012 12:30:54 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição APRESENTAÇÃO Esta edição marca o início da parceria dos autores com a Editora Saraiva, amplamente conhecida do público leitor. Nesse momento, julgamos importante tecer alguns comentários sobre a elaboração de nossas obras. Os autores foram auditores fiscais da Receita Federal até o ano de 1998, quando se aposen- taram. Paralelamente à carreira pública, ambos se tornaram muito conhecidos como professores de cursos preparatórios para concursos públicos, notadamente na área fiscal. Quem já deu aula em qualquer desses cursos preparatórios, sabe a dificuldade de ministrar aulas para um público altamente heterogêneo, já que normalmente os concursos na área fiscal admitem pessoas formadas em qualquer tipo de graduação de nível superior. Por amarem o que fazem e considerar as aulas como uma espécie de missão que lhes foi confiada, os autores sempre deram o melhor de si na tentativa de levar ao público leigo os conhe- cimentos básicos de Contabilidade e Economia, que são matérias reconhecidamente áridas para aqueles que nela não são graduados. Nossos alunos sempre mostraram um grande apreço pelas nossas aulas, nos prestigiando sempre em nossas mudanças de cursos preparatórios. Esse apreço, aliado ao fato de querermos fazer um material adaptado ao nosso modo de dar aula, com muitos exemplos práticos para facilitar o entendimento, acabou nos levando a elaborar várias obras na área. Acreditamos, inclusive, ter iniciado o mercado altamente promissor de livros específicos para concursos, que hoje tem a presença maciça de outras editoras. Pouco a pouco, várias universidades também passaram a adotar os nossos livros, atraídas pelo que julgamos o nosso grande diferencial: didática na exposição da teoria, muitos exemplos e casos práticos, além de vários exercícios e testes de fixação. Não temos certeza do futuro que nos aguarda em nossa presente parceria com a Editora Saraiva. Mas, uma coisa podemos assegurar ao público leitor: a nossa permanente busca de melhoria constante no conteúdo técnico e didático de nossos livros, bem como a constante atualização dos mesmos. Isso é sobremodo importante, nesse momento em que a contabilidade brasileira está convergindo suas normas para asinternacionais. Nosso desejo sincero é que todos os leitores possam extrair ensinamentos úteis para sua vida profissional da leitura de nossas obras. Um abraço e até breve! . Os autores economia.indb 8 12/03/2012 12:30:54 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição Sumário Introdução à Economia 1. O prOblema ecOnômicO fundamental ............................................................................................ 1 1.1 DEFINIÇÃO DE ECONOMIA ........................................................................................................................... 1 1.2 PROBLEMA ECONÔMICO FUNDAMENTAL .................................................................................................. 2 1.3 A CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO ........................................................................................... 2 1.4 OS FATORES DE PRODUÇÃO ....................................................................................................................... 5 1.5 SISTEMA ECONÔMICO ................................................................................................................................. 5 1.6 FLUXOS ECONÔMICOS NUMA ECONOMIA DE MERCADO. OS MERCADOS DE FATORES E DE BENS.............5 1.7 MICRO E MACROECONOMIA ........................................................................................................................ 7 1.8 VARIÁVEIS-FLUXO E VARIÁVEIS-ESTOQUE ................................................................................................... 7 TESTE DE FIXAÇÃO ............................................................................................................................................. 8 2. a demanda e a Oferta ........................................................................................................................... 13 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS ............................................................................................................ 13 2.2 A DEMANDA ................................................................................................................................................ 15 2.3 A OFERTA .................................................................................................................................................... 17 2.4 O EQUILÍBRIO DE MERCADO NA CONCORRÊNCIA PERFEITA .................................................................. 18 2.5 MUDANÇA NO PREÇO DE EQUILÍBRIO DE MERCADO EM VIRTUDE DE DESLOCAMENTO ..................... 20 2.6 DIFERENÇA ENTRE VARIAÇÃO NA DEMANDA E NA QUANTIDADE DEMANDADA .................................... 26 2.7 TRATAMENTO MATEMÁTICO DAS FUNÇÕES DEMANDA E OFERTA REVISITADO ..................................... 27 TESTE DE FIXAÇÃO ........................................................................................................................................... 30 3. el asticidades .......................................................................................................................................... 37 3.1 CONCEITO DE ELASTICIDADE .................................................................................................................... 37 3.2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA ....................................................................................................... 37 3.3 FATORES QUE INFLUENCIAM EPD ............................................................................................................. 39 3.4 RELAÇÕES ENTRE EPD E A RECEITA TOTAL DOS PRODUTORES (RT) ..................................................... 39 3.5 ASPECTOS MATEMÁTICOS DE EPD ........................................................................................................... 40 3.6 ELASTICIDADE-RENDA DA PROCURA ........................................................................................................ 45 3.7 ELASTICIDADE-CRUZADA DA PROCURA ................................................................................................... 47 3.8 ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA ........................................................................................................... 47 3.9 INCIDÊNCIA DE UM TRIBUTO SOBRE VENDAS NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA 48 APÊNDICE MATEMÁTICO .................................................................................................................................. 56 TESTE DE FIXAÇÃO ........................................................................................................................................... 63 economia.indb 9 12/03/2012 12:30:54 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 4. pOr trás da curva de demanda: ..................................................................................................... 71 4.1 PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR ............................................................................................................ 86 4.2 CURVAS DE INDIFERENÇA.......................................................................................................................... 72 4.3 LIMITAÇÃO ORÇAMENTÁRIA....................................................................................................................... 76 4.4 EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR ................................................................................................................... 79 4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS ....................................................................................................................... 84 4.6 EXCEDENTE DO CONSUMIDOR.................................................................................................................. 86 TESTE DE FIXAÇÃO ........................................................................................................................................... 88 5. teOria da firma ...................................................................................................................................... 91 5.1 A TEORIA DA PRODUÇÃO ........................................................................................................................... 91 5.2 OS CUSTOS DE PRODUÇÃO ...................................................................................................................... 96 5.3 EQUILÍBRIO DA FIRMA NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA .................................................. 104 5.4 EQUILÍBRIO NO MONOPÓLIO ................................................................................................................... 114 5.5 EXCEDENTE DOS PRODUTORES. CONCEITO ......................................................................................... 117 APÊNDICE MATEMÁTICO ................................................................................................................................ 118 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 121 6. a fixaçãO dOs preçOs em mercadOs ........................................................................................... 131 6.1 CRÍTICAS À ABORDAGEM DA MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS COM BASE NO CUSTO MARGINAL ............ 121 6.2 UMA TEORIA ALTERNATIVA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO: A CONSTÂNCIA DO CUSTO VARIÁVEL MÉDIO 121 6.3 O EQUILÍBRIO DA FIRMA NUM MERCADO COMPETITIVO. O BREAK-EVEN POINT ................................ 133 6.4 O EQUILÍBRIO DA FIRMA NUM MERCADO NÃO COMPETITIVO. A FIXAÇÃO DO PREÇO PELO CRITÉRIO DO MARK UP............................................................................................................................. 135 APÊNDICE MATEMÁTICO ................................................................................................................................ 135 TESTES DE FIXAÇÃO .......................................................................................................................................136 7. cOntabilidade naciOnal ................................................................................................................... 139 7.1 CONTABILIDADE NACIONAL E A MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA ......................................... 139 7.2 PRODUTO, RENDA E DESPESA ............................................................................................................... 140 7.3 DIFERENTES CONCEITOS DE PRODUTO .................................................................................................. 150 7.4 CARGA TRIBUTÁRIA BRUTA E LÍQUIDA ..................................................................................................... 158 7.5 PRODUTO REAL E PRODUTO NOMINAL ................................................................................................ 160 7.6 CONTAS NACIONAIS ................................................................................................................................ 162 APÊNDICE ........................................................................................................................................................ 184 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 186 8. O balançO de pagamentOs .............................................................................................................. 199 8.1 BALANÇO DE PAGAMENTOS .................................................................................................................... 199 8.2 ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS ........................................................................................ 199 8.3 FORMA ALTERNATIVA DE APRESENTAR O BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES ......................... 205 8.4 O SIGNIFICADO DO SALDO DO BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES. PASSIVO ......................... 206 EXTERNO LÍQUIDO .................................................................................................................................... 206 8.5 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................... 207 8.6 NOVO CRITÉRIO DE APRESENTAÇÃO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS DO BRASIL ............................ 212 8.7 A TAXA DE CÂMBIO ................................................................................................................................... 213 8.8 RELAÇÃO DE TROCA ................................................................................................................................ 221 8.9 A TAXA DE CÂMBIO REAL ......................................................................................................................... 221 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 222 9. a mOeda .................................................................................................................................................... 233 9.1 ORIGENS E FUNÇÃO DA MOEDA ............................................................................................................. 235 9.2 MEIOS DE PAGAMENTO. OFERTA MONETÁRIA. QUASE-MOEDA ............................................................ 233 9.3 CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA ...................................................................................................... 237 9.4 O PROCESSO DE EXPANSÃO DA MOEDA ESCRITURAL ......................................................................... 238 9.5 AS CONTAS DO SISTEMA MONETÁRIO .................................................................................................... 240 9.6 O MULTIPLICADOR DOS MEIOS DE PAGAMENTO ................................................................................... 243 9.7 POLÍTICA MONETÁRIA. MECANISMOS DE CONTROLE MONETÁRIO ...................................................... 245 9.8 A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA ...................................................................................................... 246 9.9 A DEMANDA DE MOEDA ........................................................................................................................... 248 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 250 economia.indb 10 12/03/2012 12:30:55 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 10. O mOdelO keynesianO simples ..................................................................................................... 255 10.1 CLÁSSICOS X KEyNES ........................................................................................................................... 255 10.2 AS HIPÓTESES DO MODELO .................................................................................................................. 257 10.3 CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO DO MODELO .............................................................................................. 258 10.4 COMPOSIÇÃO DA DEMANDA AGREGADA ............................................................................................. 259 10.5 DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE RENDA DE EQUILÍBRIO ......................................................................... 262 10.6 MUDANÇAS NA DEMANDA AGREGADA E VARIAÇÕES NA RENDA DE EQUILÍBRIO OS MULTIPLICADORES ........................................................................................................................... 271 10.7 INJEÇÕES X VAZAMENTOS .................................................................................................................... 269 10.8 A IGUALDADE ENTRE A POUPANÇA E O INVESTIMENTO ...................................................................... 272 APÊNDICE MATEMÁTICO ................................................................................................................................ 275 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 281 11. O mOdelO keynesianO ..................................................................................................................... 289 11.1 O MODELO EM UMA ECONOMIA FECHADA .......................................................................................... 289 11.2 O MERCADO DE PRODUTOS E A FUNÇÃO IS ........................................................................................ 290 11.3 O MERCADO MONETÁRIO E A FUNÇÃO LM .......................................................................................... 294 11.4 O EQUILÍBRIO DA ECONOMIA................................................................................................................. 296 11.5 AS POLÍTICAS FISCAL E MONETÁRIA E O DESEMPREGO ..................................................................... 297 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 306 12. mOdelO is-lm para uma ecOnOmia aberta .............................................................................. 311 12.1 HIPÓTESES BÁSICAS DO MODELO ........................................................................................................ 311 12.2 A CURVA BP ............................................................................................................................................ 312 12.3 AS POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL NUMA ECONOMIA ABERTA ........................................................ 315 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 329 13. inflaçãO ...............................................................................................................................................333 13.1 CONCE ITO ............................................................................................................................................... 333 13.3 TIPOS DE INFLAÇÃO .............................................................................................................................. 335 13.4 A CURVA DE PHILLIPS ........................................................................................................................... 339 13.5 A INFLAÇÃO INERCIAL ........................................................................................................................... 339 13.6 O IMPOSTO INFLACIONÁRIO ................................................................................................................. 340 APÊNDICE MATEMÁTICO ................................................................................................................................ 340 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 343 14. finaças p úblicas ............................................................................................................................... 347 14.1 OBJETIVOS DA POLÍTICA ORÇAMENTÁRIA. BENS PÚBLICOS E A AÇÃO GOVERNAMENTAL 347 14.2 DISPÊNDIO PÚBLICO. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................ 350 14.3 PRINCÍPIOS DA TRIBUTAÇÃO ................................................................................................................. 353 14.4 TRIBUTOS DIRETOS E INDIRETOS .......................................................................................................... 354 14.5 TRIBUTOS PROGRESSIVOS, REGRESSIVOS E PROPORCIONAIS ......................................................... 365 14.6 OS EFEITOS DA INFLAÇÃO SOBRE A ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA ..................................................... 369 14.7 ELASTICIDADE-RENDA DOS IMPOSTOS E DO SISTEMA TRIBUTÁRIO .................................................. 372 14.8 A CURVA DE LAFFER ............................................................................................................................. 372 14.9 DÉFICIT E SUPERÁVIT PÚBLICO. CONCEITOS E FONTES DE FINANCIAMENTO ................................... 374 APÊNDICE ....................................................................................................................................................... 378 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 380 15. O mOdelO de cOnsumO cOm restriçãO Orçamentária intertempOral e a equivalência ricardiana ...................................................................................................................... 385 15.1 AS PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR E A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL 385 15.2 O ÓTIMO DO CONSUMIDOR .................................................................................................................. 390 15.3 VARIAÇÕES NA RENDA ........................................................................................................................... 390 15.4 VARIAÇÕES NA TAXA REAL DE JUROS .................................................................................................. 391 15.5 RESTRIÇÃO DE CRÉDITO ....................................................................................................................... 393 15.6 EQUIVALÊNCIA RICARDIANA .................................................................................................................. 394 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 399 economia.indb 11 12/03/2012 12:30:55 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 16. crescimentO ecOnômicO. .............................................................................................................. 403 16.1 A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO MACROECONÔMICA .................................................................................. 403 16.2 MODELO DE CRESCIMENTO DE SOLOW SEM CRESCIMENTO POPULACIONAL E ............................. 405 16.3 MODELO DE SOLOW COM CRESCIMENTO POPULACIONAL ................................................................ 411 16.4 MODELO DE SOLOW COM CRESCIMENTO POPULACIONAL E PROGRESSO TECNOLÓGICO 414 16.5 - APÊNDICE MATEMÁTICO ...................................................................................................................... 416 TESTE DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 417 17. prOvas resOlvidas de cOncursOs ............................................................................................. 421 AFTN - 2005 - PROVA DE ECONOMIA E FINANÇAS PÚBLICAS ....................................................................... 421 RESOLUÇÃO ................................................................................................................................................... 424 PROVA ICMS 2006 - ECONOMIA E FINANÇAS PÚBLICAS ............................................................................. 427 RESOLUÇÃO ................................................................................................................................................... 432 18. resOluçãO dOs testes de fixaçãO ............................................................................................. 435 CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................................................... 435 CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................................................... 440 CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................................................... 448 CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................................................... 459 CAPÍTULO 5 ..................................................................................................................................................... 463 CAPÍTULO 6 ..................................................................................................................................................... 476 CAPÍTULO 7 ..................................................................................................................................................... 477 CAPÍTULO 8 ..................................................................................................................................................... 493 CAPÍTULO 9 ..................................................................................................................................................... 508 CAPÍTULO 10 ................................................................................................................................................... 513 CAPÍTULO 11 ................................................................................................................................................... 526 CAPÍTULO 12 ................................................................................................................................................... 535 CAPÍTULO 13 ................................................................................................................................................... 539 CAPÍTULO 14 ................................................................................................................................................... 541CAPÍTULO 15 ................................................................................................................................................... 545 CAPÍTULO 16 ................................................................................................................................................... 547 Índice al fabéticO-remissivO ............................................................................................................... 551 economia.indb 12 12/03/2012 12:30:55 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição O pr oblema econômico fundamental 1.1 DEFINIÇÃO DE ECONOMIA Economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas. A Economia não é uma ciência exata cujas leis ou proposições sejam passíveis de verificação ou de experimentação em laboratórios. Por essa razão, embora os economistas estejam de acordo entre si sobre muitos fatos relativos à ciência1 também discordam sobre muitos outros, conforme se perceberá no decorrer deste livro. 1.2 PROBLEMA ECONÔMICO FUNDAMENTAL A Economia estuda, pois, a relação que os homens têm entre si na produção dos bens e serviços necessários à satisfação dos desejos e aspirações da sociedade. Ocorre que as necessidades humanas são infinitas ou ilimitadas. Isto porque o ser humano, pela sua própria natureza, nunca está satisfeito com o que possui e sempre deseja mais coisas. Por outro lado, os recursos produtivos (ou fatores de produção) que a sociedade conta para efetuar a fabricação de bens e serviços (a extensão de terra agriculturável e demais recursos naturais, o volume de mão de obra disponível para o trabalho e a quantidade de máquinas e equipamentos que a sociedade possui) têm caráter finito ou limitado. Há, portanto, uma contradição. Os desejos e necessidades da sociedade são ilimitados e os recursos para efetivar-se a produção dos bens e serviços que devem atendê-los são limitados. 1 Por exemplo, é amplamente aceito que um aumento da procura por um bem no mercado normalmente tem como consequência a elevação do seu preço (ver Capítulo 2). Capítulo 1 A curva de possibilidades de produção. Tarefas do sistema econômico. O funcionamento de uma economia de mercado. 1 Introdução à Economia economia.indb 1 12/03/2012 12:30:55 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição Capítulo 01 2 Isto nos leva à seguinte proposição: por mais rica que a sociedade seja (por mais recursos produtivos de que disponha), os fatores de produção serão sempre escassos para efetivar a fabri- cação de todos os bens e serviços que essa mesma sociedade deseja. Ou seja, ela terá que efetuar escolhas sobre quais os bens e serviços deverão ser produzidos, da mesma forma que o cidadão comum, contando com um salário de determinado valor, não pode naturalmente consumir todos os bens e serviços que deseja, devendo escolher entre eles quais poderá adquirir e que estejam ao alcance de sua renda. Por este fato, a Economia muitas vezes também é definida como a ciência que estuda a escassez ou a ciência que estuda o uso dos recursos escassos na produção dos múltiplos bens que a sociedade deseja. 1.3 A CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO A Curva de Possibilidades de Produção (CPP) é um recurso utilizado pelos economistas para ilustrar o problema da escassez. Por ser um conceito abstrato, vamos fazer uma aproximação do que seria a CPP numa situação mais próxima da realidade: suponhamos que uma empresa tenha 10 máquinas e 40 trabalhadores e que tenha apenas dois produtos na sua linha de fabricação: parafuso tipo A e parafuso tipo B. Adi- cionalmente, suponhamos também que, por um determinado prazo de tempo, a empresa não possa comprar mais máquinas e nem contratar trabalhadores adicionais e que não haja nenhuma inovação tecnológica no processo de fabricação do produto. Assim, os pressupostos são: a) os recursos produtivos são fixos ou constantes; b) o conhecimento tecnológico é constante; c) somente dois produtos são passíveis de fabricação. O diretor da empresa encomenda ao engenheiro responsável pelo Departamento de Produção um levantamento de quais são as possibilidades de produção da empresa utilizando-se plena- mente e da forma mais eficiente possível todos os fatores de produção da empresa (ou seja, os 40 trabalhadores e as 10 máquinas - todos os trabalhadores e máquinas plenamente utilizados e efetuandose a produção da forma mais eficiente possível). O engenheiro, obedecendo tais ordens, faz o seguinte levantamento de produção: PARAFUSO A PARAFUSO B 20 0 18 1 15 2 11 3 6 4 0 5 Se todos os recursos produtivos da fábrica fossem utilizados somente para a produção do parafu- so A, obter-se-iam 20 unidades do mesmo. Caso se desejasse produzir uma unidade de B, recursos produtivos alocados na fabricação do parafuso A deveriam ser deslocados para B e haveria uma perda de 2 unidades de A. Aumentos sucessivos na produção de B levariam a reduções também sucessivas na fabricação de A até atingir-se um outro ponto-limite: caso todos os fatores fossem utilizados na produção de B, obter-se-iam 5 unidades deste tipo de parafuso. O seguinte gráfico poderia ser montado para ilustrar as possibilidades de produção contidas no mapa levantado pelo engenheiro, colocando-se no eixo das abscissas (horizontal) a produção de A e no das ordenadas (vertical), a de B: O problema econômico fundamental economia.indb 2 12/03/2012 12:30:55 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 3 Introdução à Economia No gráfi co, os pontos de produção são unidos por uma curva (a CPP) no pressuposto de que a fabricação possa ser contínua (ou seja, possam produzir-se quantidades fracionadas dos parafusos, tais como 2 1/4, 3 1/2 etc). Algumas constatações podem ser tiradas da análise do gráfi co da CPP da empresa: 1) A produção do parafuso B é mais difícil de ser feita do que a do parafuso A; de fato, a produção máxima possível de B é de 5 unidades enquanto a de A é de 20 unidades; 2) Os pontos da Curva de Possibilidade de Produção expressam a quantidade máxima possível da produção de um dos bens, dada a produção do outro. Por exemplo, se a empresa desejar produzir 11 unidades do bem A, ela poderá fabricar, no máximo, utilizando todos os fatores de produção da forma mais efi ciente possível, 3 unidades do bem B. 3) Um ponto dentro da curva signifi ca uma produção abaixo ou aquém das possibilidades da empresa; se ela resolver produzir, digamos, 6 unidades de A e 3 unidades de B, alguns dos recursos produtivos fi carão ociosos ou não serão utilizados da forma mais efi ciente, já que a empresa poderia perfeitamente aumentar a produção de A para 11 unidades sem ter que diminuir a produção de B. 4) Um ponto fora da curva signifi ca uma produção acima ou além das possibilidades da empresa; por exemplo, não é possível que ela produza 11 unidades de A e 4 de B, já que o máximo possível de B, quando se fabrica 11 de A, é de 3 unidades. Este ponto de produção só poderia ser atingido se houvesse um aumento na quantidade dos fatores de produção ou uma inovação tecnológica, fatos que aumentariam as possibilidades de produção da empresa; lembremo-nos, entretanto, que ambas as variáveis foram supostas constantes para traçarmos a curva. 5) O fato mais importante a ser constatado é de que aumentos na produção de um bem, se a empresa estiver trabalhando em pontos situados na CPP, só poderão ser efetuados à custa de decréscimos na produção do outro. Tudo o que foi falado até agora a respeito desta hipotética empresa poderia ser aplicado a uma sociedade em que apenas dois tipos de bens pudessem ser produzidos e para a qual a quantidade de fatores de produção e o nível tecnológico fossem dados (constantes). Desse modo, a CPP ilustra o problema da escassez:os recursos produtivos são limitados e não podem atender à produção de todos os bens e serviços que seriam precisos para satisfazer as necessidades humanas. A sociedade, para obter mais do bem A, precisaria sacrifi car a produção do bem B e vice-versa. A quantidade perdida do bem A que a sociedade precisa incorrer para aumentar a produção de B é denominada de custo de oportunidade (ou de transformação). Observamos, no exemplo numérico, que a quantidade de A que a empresa (ou a sociedade) deve abandonar para obter uma unidade adicional de B é crescente. O problema econômico fundamental economia.indb 3 12/03/2012 12:30:55 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição Capítulo 01 4 UNIDADE ADICIONAL DE B 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª PERDA DE A (CUSTO DE OPORTUNIDADE) 2 (20-18) 3 (18-15) 4 (15-11) 5 (11-6) 6 (6-0) O fato de o custo de oportunidade ser crescente faz com que a Curva de Possibilidades de Pro- dução tenha sua concavidade (curvatura) voltada para baixo ou para a origem: Repare, por exemplo, que se a perda de A para obter-se uma unidade adicional de B fosse sempre igual (constante), tal como na tabela a seguir, a CPP seria representada por uma linha reta: A B 20 0 16 1 12 2 8 3 4 4 0 5 Os economistas são de opinião que a CPP apresenta a concavidade voltada para baixo, porque o custo de oportunidade de produzir B em termos de A é crescente. A razão do custo de oportunidade ser crescente é de que, à medida que se deslocam fatores de produção que são adequados à produção de A para a fabricação de B ou vice-versa, estes fatores serão cada vez menos efi cientes. Assim, trabalhadores especializados na produção de A ao serem transferidos para a de B serão bem menos produtivos. Da mesma forma, a terra que é utilizada no cultivo de um produto agrícola não necessariamente se presta, com a mesma efi ciência, à cultura de outro. Ou seja, a produção adi- cional de B que se obtém diminuindo a produção de A é decrescente ou cada vez menor. Esta última proposição corresponde à famosa lei da Produtividade Marginal decrescente ou lei dos rendimentos decrescentes que será analisada no Capítulo 4. O problema econômico fundamental economia.indb 4 12/03/2012 12:30:56 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 5 Introdução à Economia 1.4 OS FATORES DE PRODUÇÃO A maioria dos economistas2 classifica os fatores de produção da sociedade em três categorias: 1) Recursos naturais ou terra; 2) Mão de obra ou trabalho; 3) Capital. São considerados recursos naturais somente os elementos da natureza suscetíveis de se- rem incorporados às atividades econômicas. O volume desses recursos depende, entre outros fatores, da evolução tecnológica (que determina a possibilidade de aproveitamento de matérias-pri- mas e fontes de energia, do avanço da ocupação territorial, das facilidades de transporte e do levan- tamento de existências)3. Assim, um recurso mineral numa grande floresta cuja exploração é inviável por não existir um meio de transporte adequado para levá-lo aos grandes centros consumidores não faz parte do estoque de recursos naturais (não é fator de produção) da economia. É considerada, como fator de produção Trabalho, a População Economicamente Ativa (PEA) da sociedade. A população de um país é constituída pelos seus habitantes. Se da população subtrairmos as pessoas que não estão em idade de trabalhar (os muitos jovens ou os muito idosos), chegaremos ao conceito de População Ativa. Se da população ativa computarmos apenas as pessoas que estão procurando emprego no mercado formal de trabalho (excluindo, por exemplo, estudantes e donas de casa), obteremos a População Economicamente Ativa (PEA). A PEA é constituída por empregados e desempregados. A parcela da PEA que está empregada é denominada População Ocupada. O quociente entre a parcela desempregada da PEA e o seu total é denominada de taxa de desemprego da economia. O fator de produção Capital corresponde ao conjunto dos edifícios, máquinas, equipamentos e instalações que a sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto é denominado de esto- que de capital da economia. Quanto mais bens de capital4 dispuser a economia, mais produtiva ela será (ou seja, mais bens e serviços poderá produzir). Observe que o conceito de capital como fator de produção é um pouco diferente da palavra Capital usada na linguagem comum, quando é utilizada para designar uma quantia em dinheiro (ou outro ativo financeiro) que determinada pessoa possui para iniciar um determinado negócio. 1.5 SISTEMA ECONÔMICO Sistema Econômico é a forma como a sociedade está organizada para desenvolver as atividades econômicas que, conforme visto no item 1.1, são as atividades de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Tendo em vista que as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos produtivos são limita- dos, qualquer sistema econômico terá que enfrentar três problemas básicos: a) o que produzir - ou seja, a sociedade terá que fazer uma escolha, dentro do leque de possibi lidades de produção que tenha, quais os produtos e respectivas quantidades que serão fabricados. b) como produzir - a sociedade terá que escolher também quais os recursos produtivos que serão utilizados para a fabricação dos produtos elegidos, dado o nível tecnológico nela existente; como esses recursos são escassos, é sempre conveniente que sejam utilizados da forma mais eficiente para que o Custo de Produção seja o menor possível. c) para quem produzir - a sociedade terá também que decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção, ou seja, se todos participarão igualmente desses resultados ou, em caso contrário, quais deles serão os mais ou menos beneficiados. A maneira como esses problemas são resolvidos numa economia capitalista de mercado, que é a forma de sistema econômico predominante no mundo contemporâneo, é apresentada a seguir. 2 Alguns como ROSSETTI, incluem ainda como fatores de produção a capacidade tecnológica e a capacidade gerencial 3 Conforme Antonio Castro e Carlos Lessa, Introdução à Economia, Editora Forense Universitária, Capítulo I. 4 Sobre a classificação dos bens utilizada pelos economistas, veja a resposta ao exercício resolvido n. 1. O problema econômico fundamental economia.indb 5 12/03/2012 12:30:56 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição Capítulo 01 6 1.6 FLUXOS ECONÔMICOS NUMA ECONOMIA DE MERCADO. OS MERCADOS DE FATORES E DE BENS. Numa versão simplifi cada do funcionamento de uma economia de mercado, há que se distinguir dois agentes econômicos fundamentais: as unidades produtivas ou empresas e as unidades consumidoras ou proprietários dos fatores de produção (ou famílias). As unidades produtivas, como próprio nome indica, são as unidades produtoras de bens e serviços. Numa economia de mercado, tal produção é efetuada por pessoas jurídicas denominadas empresas, utilizando os fatores de produção (recursos naturais, trabalho e capital) que são cedidos a elas pelos proprietários dos mesmos em troca de uma remuneração, que é denominada renda. Os proprietários dos fatores de produção (os capitalistas que detêm a propriedade do capital, os assalariados e demais trabalhadores que possuem o fator de produção trabalho e as pessoas que são donas dos recursos naturais) utilizam a renda originária da cessão de seu uso para as empresas para comprar os bens e serviços que estas produzem e que satisfaçam às suas necessidades. O valor total destas compras é denominado dispêndio. Observe que a empresa é um agente econômico distinto do capitalista, seu proprietário, que faz parte das famílias5. O diagrama a seguir resume o que foi exposto:O diagrama a seguir resume o que foi exposto: A renda, a remuneração paga pelas empresas pelo uso dos fatores de produção, é classifi cada pelos economistas em quatro grandes categorias: • os salários,que são a remuneração do fator de produção trabalho; nesta categoria são incluídas também as comissões, os honorários de profi ssionais liberais, os ordenados dos executivos, enfi m todas as remunerações relativas ao trabalho, mesmo que não-assalariado. • os juros e lucros, que são a remuneração do fator de produção capital: observe que o lucro das empresas, mesmo que não distribuído, é considerado renda dos sócios ou acionistas da empresa pois, em última análise, pertence a eles6. • os aluguéis, que são a remuneração dos proprietários dos recursos naturais e de bens de capital arrendados a terceiros. A distribuição dos benefícios resultantes da produção (para quem produzir) dependerá da quantidade de cada fator de produção utilizado e da contribuição de cada um deles para a efeti- vação da produção, ou seja, de sua produtividade. Assim, por exemplo, países em que o trabalho não-qualifi cado seja abundante e o capital escasso, tendem a pagar salários bastante baixos, embora os juros e os lucros sejam mais elevados. Os trabalhadores qualifi cados, por sua vez, por serem menos abundantes e mais produtivos, tendem a receber remunerações mais altas. 5 Os proprietários de empresas individuais e os profi ssionais liberais participam simultaneamente dos dois grupos: enquanto unidades produtoras são considerados integrantes do agente econômico empresas e, enquanto proprietária de fatores de produção, das famílias. 6 Mesmo os lucros não-distribuídos pelas empresas pertencem a seus sócios e acionistas; se a companhia, por exemplo, vier a se extinguir, a importância correspondente a estes lucros será paga a eles. O problema econômico fundamental economia.indb 6 12/03/2012 12:30:56 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 7 Introdução à Economia A decisão de quais produtos deverão ser produzidos pela economia é tomada em conjunto pelas unidades consumidoras (que constituirão a demanda por bens e serviços) e pelas unidades produto- ras (que farão a oferta de bens e serviços). O mecanismo de equilíbrio entre essas duas forças se dá no mercado, onde são determinados os preços e quantidades transacionados dos diversos bens e serviços. A resposta à questão de como produzir será dada pela concorrência entre os produtores, que deverão adotar a combinação de fatores de produção que proporcione o menor custo da produção. 1.7 MICRO E MACROECONOMIA Microeconomia* é o ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos, ou seja, o comportamento dos compradores e vendedores de tais bens, tais como o mercado de automóveis, de produtos agrícolas etc. Macroeconomia** é o ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo, procurando identificar e medir as variáveis que determinam o volume da produção total, o nível de emprego e o nível geral de preços do sistema econômico, bem como a inserção do mesmo na economia mundial. * micro, em grego, significa pequeno. ** macro, em grego, significa grande. Nos Capítulos 2 a 6 deste livro, os temas tratados pertencem ao domínio da Microeconomia. Nos demais (7 a 13), ao da Macroeconomia. 1.8 VARIÁVEIS-FLUXO E VARIÁVEIS-ESTOQUE As variáveis econômicas podem ser divididas em dois tipos: variáveis-fluxo e variáveis-estoque. As variáveis-fluxo são aquelas que são medidas em determinada unidade de tempo (ano, semes- tre, trimestre, mês, semana, dia etc.). São exemplos de variáveis-fluxo: • consumo de bens e serviços • salários pagos • lucro das empresas • compras de matérias-primas • renda paga aos fatores de produção • exportações e importações • nascimentos e óbitos • empréstimos e respectivas amortizações • a taxa de variação dos preços de um país As variáveis-estoque são aquelas medidas em determinada data. São exemplos: • estoque de mercadorias • estoque de matérias-primas • capital nominal investido numa empresa • a população de um país • a População Economicamente Ativa • estoque de capital de um país • dívida interna e externa de um país • a quantidade de moeda em circulação no país • os preços dos bens e serviços • a taxa de câmbio A inter-relação entre as variáveis-fluxo e estoque pode ser retirada da Hidráulica (ramo da Física): conhecendo-se a vazão de água de uma torneira aberta, pode-se calcular o tempo em que um O problema econômico fundamental economia.indb 7 12/03/2012 12:30:56 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição Capítulo 01 8 reservatório, que receba essa vazão, fica cheio, bastando dividir-se a capacidade do reservatório em litros pela vazão, medida em litros por unidade de tempo. Assim, se uma torneira despeja 50 litros de água por hora (variável-fluxo), o reservatório, cuja capacidade é de 500 litros por hipótese, ficará cheio em 10 horas. Observe que o volume de água no reservatório é uma variável-estoque contínua. A cada momento do tempo, o nível do reservatório se altera em função da vazão de água da torneira no interregno entre eles. A variável-estoque, portanto, é influenciada pelo valor da variável-fluxo. Em Economia, há também vários exemplos de inter-relação entre essas variáveis. Veja-se o caso da dívida externa de um país. Trata-se de uma variável-estoque (é medida numa determinada data) e seu valor é influenciado pelos fluxos dos empréstimos e amortizações dos mesmos (que são medidos em intervalos de tempo). Outro exemplo é a relação entre a produção de bens de capital (investimento) e o estoque de bens de capital de um país (veja, a respeito, o Capítulo 7 deste livro). TESTES DE FIXAÇÃO 01. Constitui um bem de capital: a) os bens e serviços que se destinam ao atendimento direto das necessidades humanas; b) os bens que aumentam a eficiência do trabalho humano; c) os bens e serviços que entram na produção de outros bens e serviços; d) ações, letras de câmbio e certificados de depósito bancário a prazo; e) nenhuma das alternativas anteriores. 02. A Curva de Possibilidade de Produção é utilizada nos manuais de economia para ilustrar um dos problemas fundamentais do sistema econômico: por um lado, os recursos são limitados (escassez) e não podem satisfazer todas as necessidades ou desejos, por outro é necessário realizar escolhas. Essa curva, quando construída para dois bens, mostra: a) os desejos dos indivíduos perante a produção total desses dois bens; b) a quantidade total produzida desses dois bens em função do emprego total de mão de obra; c) a quantidade disponível desses dois bens em função das necessidades dos indivíduos dessa sociedade; d) quanto se pode produzir dos bens com as quantidades de trabalho, capital e terra existentes e com determinada tecnologia; e) a impossibilidade de atender às necessidades dessa sociedade visto que os recursos são escassos. 03. Os pontos de uma Curva de Possibilidade de Produção expressam: a) as combinações de máxima produção obtenível de dois bens correspondentes a um deter- minado Custo de Produção, dada a tecnologia; b) as combinações de mínima produção obtenível de dois bens, quando a dotação disponível dos fatores é plenamente utilizada, dada a tecnologia; c) as combinações de máxima produção obtenível de dois bens, quando a dotação disponível dos fatores é plenamente utilizada, dada a tecnologia; d) as combinações de níveis de produção obteníveis de dois bens correspondentes ao máximo lucro, dada a tecnologia; e) as combinações de produção obtenível de dois bens correspondentes à máxima utilidade alcançada pelos consumidores, dada a tecnologia e o preço das mercadorias. 04. Uma Curva de Possibilidade de Produção com a concavidade voltada para origem implica: a) custos crescentes de transformação de um produto em outro; b) custos decrescentes de transformação de um produto em outro; c) custos constantes de transformação de um produto em outro; d) rendimentos crescentes de escala; e) rendimentos constantes de escala. O problema econômico fundamentaleconomia.indb 8 12/03/2012 12:30:56 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 9 Introdução à Economia 05. Em relação à Curva de Possibilidades de Produção, é correto afi rmar que: a) trata-se de um conceito dinâmico, pois mostra como a sociedade pode aumentar a produção de bens e serviços à medida que aumentem a disponibilidade de fatores de produção e/ou o conhecimento tecnológico; b) se ela é côncava em relação à origem, isto implica que o custo de transformação de um produto em outro (custo de oportunidade) é decrescente; c) se a produção da sociedade é representada por um ponto dentro da curva, isto signifi ca que está se utilizando todos os fatores de produção disponíveis com a máxima efi ciência possível; d) ela mostra que mesmo uma sociedade muito desenvolvida tem que efetuar escolhas em relação à produção de bens e serviços; e) é possível aumentar-se simultaneamente a produção de vários bens e serviços na sociedade, mesmo que os fatores de produção da mesma estejam sendo plenamente utilizados com a melhor tecnologia disponível. 06. Em relação à Curva de Possibilidades de Produção abaixo, uma das afi rmações é falsa. Identifi que-a. a) a Curva de Possibilidades de Produção só se desloca a longo prazo, em função do aumento do número de ofertantes; b) cada combinação de X e Y signifi ca uma possibilidade de utilização ótima dos fatores produ- tivos; c) a produtividade física marginal de cada recurso produtivo decresce com a maior utilização de cada um deles; d) as combinações de X e Y que formam a curva esgotam a utilização de recursos produtivos da economia; e) os fatores de produção são escassos. 07. No gráfi co abaixo, a Curva de Possibilidades de Produção de produção de uma economia é representada pela linha cheia ligando os pontos A e B. O problema econômico fundamental economia.indb 9 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição Capítulo 01 10 O deslocamento da curva para a posição ocupada pela linha interrompida que liga os pontos A e C é compatível com a causa seguinte: a) progresso tecnológico aplicável à produção de cada um dos dois bens, mantidas constantes as dotações dos demais recursos produtivos; b) redução da dotação de um dos recursos aplicáveis à produção do bem Y, mantidas constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y; c) progresso tecnológico aplicável exclusivamente à produção do bem Y, mantidas constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y; d) redução da dotação de um dos recursos aplicáveis à produção do bem X, mantidas constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y; e) progresso tecnológico aplicável exclusivamente à produção do bem X, mantidas constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y. 08. O problema econômico fundamental de qualquer sociedade é: a) o que produzir; b) para quem produzir; c) como produzir; d) todas as assertivas anteriores; e) nenhuma das assertivas anteriores. 09. As famílias fazem parte dos mercados de bens e de fatores de produção, do seguinte modo: a) constituem a demanda em ambos os mercados; b) constituem a demanda no mercado de bens e a oferta no mercado de fatores; c) constituem a demanda no mercado de fatores e a oferta no mercado de bens; d) constituem a oferta em ambos os mercados; e) somente fazem parte do mercado de bens. 10. Define-se como Acumulação: a) o processo de expansão ou de melhoria qualitativa dos recursos de produção preexistentes. b) a redução da taxa de ociosidade; c) a melhoria de qualidade dos bens e serviços produzidos; d) entesouramento de moeda; e) a geração de poupanças governamentais. 11. Aponte a afirmativa falsa. a) recursos produtivos, bens e serviços são ditos econômicos quando são relativamente escassos; b) o conjunto dos elementos da natureza não necessariamente se identifica com o de recursos naturais da economia; c) empresas que se dedicam unicamente ao transporte de mercadorias são unidades produtivas do setor terciário da economia; d) automóveis podem ser bens de consumo durável ou bens de produção; e) há pleno-emprego quando toda a população em idade de trabalhar está empregada. O problema econômico fundamental economia.indb 10 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 11 Introdução à Economia 12. Assinale a afirmação falsa. a) um modelo simplificado da economia classifica as unidades econômicas em famílias e empresas, que interagem em dois tipos de mercados: mercados de bens de consumo e serviços e mercados de fatores de produção; b) os serviços dos fatores de produção fluem das famílias para as empresas, enquanto o fluxo contrário, de moeda, destina-se ao pagamento de salários, aluguéis, dividendos e juros; c) os mercados desempenham cinco funções principais: - I. estabelecem valores ou preços; II. organizam a produção; III. distribuem a produção; IV. racionam os bens, limitando o consumo à produção; e V. prognosticam o futuro, indicando como manter e expandir a capacidade produtiva; d) a Curva de Possibilidades de Produção dos bens X e Y mostra a quantidade mínima de X que deve ser produzida, para um dado nível de produção de Y, utilizando-se plenamente os recursos existentes; e) a inclinação da Curva de Possibilidades de Produção dos bens X e Y mostra quantas unidades do bem X podem ser produzidas a mais, mediante uma redução na produção do bem Y. 13. A População Economicamente Ativa de uma economia é o total das pessoas a) em condições de trabalhar e que demandam serviços do fator trabalho no mercado de fatores; b) em idade de trabalhar e que ofertam serviços do fator trabalho no mercado de fatores, estejam ou não empregadas; c) em idade de trabalhar, que ofertam força de trabalho no mercado de fatores e estão efetiva- mente empregadas; d) em idade de trabalhar, que demandam força de trabalho no mercado de fatores e estão efetivamente empregadas; e) que conseguem emprego, quando a economia se encontra abaixo do pleno-emprego. 14. Quanto ao funcionamento de uma economia fechada e sem governo, constituída, exclusiva- mente, de dois bens, X e Y, é incorreto afirmar que: a) reduções em quantidades constantes na produção do bem X, mantida fixa a dotação dos recursos, inclusive tecnológicos, aplicáveis à produção dos bens, causam acréscimos decrescentes na produção do bem Y, devido à lei dos custos sociais crescentes; b) o aumento da dotação de determinados recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y, mantida constante a dotação de, pelo menos, um desses recursos, desloca para fora a Curva de Possibilidades de Produção da economia, com deslocamentos sucessivamente menos expressivos em virtude da lei dos rendimentos decrescentes; c) o fluxo real de recursos produtivos, no sentido das unidades familiares para as de produção, tem como contrapartida monetária o fluxo dos pagamentos pela aquisição dos bens e serviços produzidos com o emprego daqueles recursos produtivos; d) um ponto externo à Curva de Possibilidades de Produção é inacessível à economia, desde que se mantenham constantes as dotações dos recursos produtivos, inclusive os tecnológicos; e) o fluxo monetário de pagamento pela utilização dos recursos produtivos constitui a renda das unidades familiares. GABARITO 1. B 2. D 3. C 4. A 5. D 6. A 7. E 8. D 9. B 10. A 11. E 12. D 13. B 14. C O problema econômico fundamental economia.indb 11 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição economia.indb 12 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição A demanda e a oferta 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinadosbens ou serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação geográfica que hoje não mais subsiste, uma vez que os avanços tecnológicos nas comunicações permitem que haja transações econômicas até sem contato físico entre o comprador e o vendedor, tais como nas vendas por telefone. Os economistas classificam os mercados da seguinte forma: • Concorrência perfeita - Trata-se de um mercado caracterizado pelos seguintes fatores: a) existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores, de tal forma que cada vendedor e cada comprador, individualmente, representam muito pouco no total do mercado (mercado atomizado); b) o produto transacionado é homogêneo, ou seja, todas as empresas participantes do mercado fabricam produtos rigorosamente iguais que não se distinguem um dos outros por qualidade, marca, rótulo e quaisquer outras características (produto padronizado); c) há livre entrada e saída de empresas no mercado; qualquer empresa pode entrar ou sair do mercado a qualquer momento, sem quaisquer restrições das demais concorrentes, tais como práticas desleais de preços, associações de produtores visando impedir a entrada de empresas novas etc. d) perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento, pelos compradores e vendedores, de tudo o que ocorre no mercado; assim, por exemplo, se uma empresa obtiver uma inovação tecnológica no processo produtivo, as outras saberão deste fato imediatamente. e) perfeita mobilidade dos recursos produtivos; isto significa que a mão de obra e os outros insumos utilizados na produção podem ser facilmente deslocados da fabricação de uma mercadoria para outra; além disso, no mercado dos fatores de produção vigora também a concorrência perfeita, de tal forma que cada empresa poderá adquirir a quantidade desejada do fator por um preço que será fixado concorrencialmente. Como se percebe por suas características, o mercado de concorrência perfeita não é facil- mente encontrado na prática, embora possa se afirmar que os mercados que mais se aproximam dela são os mercados de produtos agrícolas. Capítulo 2 Estruturas de mercado. Função demanda. Função oferta. Preço de equilíbrio no mercado de concorrência perfeita. Escassez e excedente. Tabelamento.Deslocamentos das curvas de demanda e de oferta. 13 Introdução à Economia economia.indb 13 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 14 Capítulo 02 O mercado de concorrência perfeita é estudado pelos economistas para servir como um pa- radigma (referencial de perfeição) para análise dos outros mercados. Ou seja, o mercado de concorrência perfeita é o mercado ideal, ao qual serão referenciados os mercados de concorrên- cia imperfeita (existentes no mundo real e listados a seguir) para se verificar no que diferem do modelo idealizado. • Monopólio - é o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. O mo- nopólio pode ser legal ou técnico. Monopólio legal ocorre quando uma lei assegura ao vendedor a primazia no mercado. Exem- plo: até 1995, no Brasil, a empresa Petróleo Brasileiro S/A (Petrobrás) possuía, por lei, o monopólio das atividades de extração e refino do petróleo. Ocorre o Monopólio técnico quando a produção através de única empresa é a forma mais barata de fabricação do produto. Ou seja, quanto maior o tamanho da empresa (escala), menor o Custo Médio de fabricação do produto. As atividades de geração e distribuição de energia elétri- ca são apontadas na literatura especializada como exemplo deste tipo de monopólio. • Oligopólio - é o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domi- na a maior parte do mercado. São exemplos de oligopólios a indústria automobilística e a indústria de bebidas, entre muitas outras. Embora não haja barreiras explícitas, o poderio das grandes firmas que dominam o mercado é um fator desestimulante à entrada de novas empresas no oligopólio. • Monopsônio - é um mercado em que há apenas um único comprador. Imaginemos, por exemplo, uma região em que há um número expressivo de pequenos produtores de leite e apenas uma grande usina onde este leite pode ser pasteurizado. A usina será a única opção de venda para os produtores, de modo que ela terá condições de impor preços para a com- pra do leite. • Oligopsônio - é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de com- pradores ou ainda em que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras ocorridas no mercado. A indústria automobilística, por exemplo, constituída por um pequeno número de empresas, tem um poder oligopsonista em relação à indústria de autopeças, uma vez que é responsável por um grande volume das compras da produção desta última. As grandes empresas beneficiadoras de produtos agrícolas também formam um oligopsônio em relação aos agricultores, já que compram uma parcela expressiva da produção destes. • Concorrência Monopolística - trata-se de um mercado em que, apesar de haver um gran- de número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um deles é como se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos demais. A diferenciação do produto se dá por meio de características do mesmo, tais como, quali- dade, marca (griffe), padrão de acabamento, existência ou não de assistência técnica etc. Exemplos de mercados de concorrência monopolística são as lojas de confecções e os restaurantes. Nestes últimos, por exemplo, o produto (a comida) é diferenciada pela natu- reza (pode ser comida chinesa, japonesa, alemã, italiana, brasileira típica etc), qualidade (boa, regular, ruim etc), pelas instalações (luxuosas, simples, médias) e por variados outros fatores. Esta não é a única classificação possível dos mercados, embora seja a mais utilizada. Na res- posta à questão n. 1 dos exercícios resolvidos, é exposta a classificação de Stakelberg. Uma importante diferenciação entre as estruturas de mercados reside no grau de controle que vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é transacionado no mercado. Na concorrência perfeita, nenhum vendedor ou comprador, considerado isoladamente, tem influência (ou seja, poder de determinação) sobre o preço de mercado. De fato, nenhum vende- dor conseguirá vender o produto por um preço superior ao preço de mercado, já que, existindo um grande número de outros vendedores e o produto sendo homogêneo, o comprador sim- plesmente fará a aquisição numa outra empresa concorrente. Similarmente, nenhum comprador conseguirá comprar o produto a um preço abaixo do de mercado, já que existindo um grande número de consumidores, o vendedor sabe que, se não vender para ele, venderá para outro. Neste mercado, portanto, é somente a influência conjunta de todos os vendedores (representa- da pela oferta do produto no mercado) e de todos os compradores (representada pela demanda do produto no mercado) quem determina o preço de mercado, conforme será exposto no decorrer deste Capítulo. Nas demais estruturas de mercado, ou o vendedor ou o comprador, isoladamente, pode impor um preço ao mercado. No monopólio, por exemplo, o único vendedor tem poder quase que A demanda e a oferta economia.indb 14 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 15 Introdução à Economia absoluto1 para fixar o preço para o produto que lhe for mais conveniente. No oligopólio, os poucos vendedores existentes podem se unir para evitar a concorrência entre eles e impor um preço ao mercado. Na concorrência monopolística - embora o poder do vendedor em fixar preços seja menor que no monopólio e no oligopólio, uma vez que existe um grande número de concorrentes - o fato de seu produto ser diferenciado dos demais lhe dá uma certa autonomia para determinar o seu preço. Da mesma forma,no oligopsônio e no monopsônio, o comprador tem o poder de impor seu preço aos vendedores, já que é responsável por uma parcela significativa da demanda do mercado. 2 2.2 A DEMANDA2 2.2.1 CONCEITO A demanda de um determinado bem (doravante, denominado de bem X) é dada pela quan- tidade deste bem que os compradores (doravante, denominados de consumidores) desejam adquirir num determinado período de tempo3. Ela será representada pelo símbolo DX. A demanda do bem X depende de uma série de fatores. Os economistas consideram como mais relevantes os seguintes fatores: • o preço do bem X (PX) - de fato, esta é a variável mais importante para que o consumidor decida o quanto vai comprar do bem; se o preço for considerado barato, provavelmente ele adquirirá maiores quantidades do que se for considerado caro; • a renda do consumidor (Y) - embora muitas vezes o consumidor considere atrativo o preço do bem X, ele pode não ter renda suficiente para comprálo como, por exemplo, se o bem X for um carro de luxo; por outro lado, se a renda do consumidor aumentar num período de tempo, provavelmente ele adquirirá maiores quantidades do bem X a um determinado nível de preço do que antes e menores, se a renda diminuir, de forma que esta é uma variável que condiciona a decisão de consumo; • o preço de outros bens (PZ) - se o consumidor deseja adquirir manteiga, por exemplo, ele não olhará somente o preço desta mas também o preço de bens substitutos4 tais como a margarina ou o requeijão cremoso; da mesma forma, se ele desejar adquirir arroz, considerará não somente o preço do arroz, mas também o do feijão já que, em nosso país, o consumo destes bens está frequentemente associado um ao outro5. • os hábitos e gostos dos consumidores (H) - esta é uma das variáveis das mais importan- tes porque, embora o preço do bem X esteja adequado, inclusive comparado ao de bens substitutos e o consumidor possua renda para adquiri-lo, muitas vezes deixa de fazê-lo por não estar habituado ou condicionado ao seu consumo6. Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bem X através da seguinte expressão: DX = f (PX, Y, PZ, H etc.) onde a letra f significa que DX é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis variáveis que influenciam o consumo do bem X, mas que não serão considerados em nossa análise. A demanda do bem X é, portanto, a resultante da ação conjunta ou combinada de todas essas variáveis. Entretanto, para que se possa analisar o efeito na demanda de uma mudança no valor de uma variável considerada isoladamente, os economistas recorrem à hipótese do coete- ris paribus, expressão latina que significa tudo mais permanecendo constante. Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda do bem X se o preço do mesmo aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a deman- da permaneçam com o mesmo valor7, de modo que a variação da demanda seja atribuível exclusivamente à variação do preço. Nesse caso, podemos reescrever a demanda do bem X como sendo apenas a função do preço de X, já que as demais variáveis ficam com seu valor inalterado: 1 É claro que mesmo o monopolista tem de respeitar as condições da demanda para fixar seus preços. Se a Petrobras estabelecer o preço da gasolina em $ 100,00 o litro, praticamente nada venderá pois tornará o custo do transporte absurdamente elevado. 2 Demanda e Procura são expressões sinônimas. Da mesma forma, quantidade procurada e quantidade demandada também são sinônimos. 3 Assim, a demanda pode ser semanal, quinzenal, mensal, anual etc. 4 Bens substitutos são bens em que o consumo de um substitui o consumo de outro, tais como manteiga e margarina, chá e café, carne de vaca e carne de porco etc. São também denominados bens sucedâneos. 5 Bens cujo consumo está associado são denominados bens complementares. 6 Por exemplo, há uma crença de que não se deve consumir leite com manga; uma campanha publicitária bem feita que demonstre que esta crença não tem validade científica e que a combinação destes dois bens é saborosa poderá induzir ao aumento do consumo de ambos. 7 Observe que a suposição não é de que as outras variáveis não existam, mas apenas de que o seu valor permanece inalterado durante a análise. A demanda e a oferta economia.indb 15 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 16 Capítulo 02 __ DX = f (PX), sendo que Y = Y (constante) __ PZ = PZ (constante) __ H = H (constante). A esta relação denominaremos de função da demanda do bem X e à sua representação gráfi ca será chamada de curva de demanda do bem X. Supondo-se que o bem X seja perfeitamente divisível, ou seja, possa ser consumido em quantidades tão pequenas quanto se deseje8, sua curva de demanda provavelmente assumirá o formato a seguir: ou seja, é uma curva descendente da esquerda para a direita, evidenciando o seguinte fato, também chamado de lei da procura: a quantidade procurada do bem X varia inversamente ao comportamento do seu preço, ou seja, se o preço do bem X aumentar, a sua quantidade deman- dada diminuirá e se o preço de X diminuir, a quantidade procurada do bem aumentará. Matematicamente, pode-se dizer que a Demanda (ou Procura) do bem X é uma função inversa ou decrescente do seu preço. Embora seja perfeitamente aceitável ao bom senso comum que a quantidade procurada do bem X varie inversamente ao seu preço, os economistas justifi cam tal comportamento da deman- da em função de dois efeitos: a) efeito-renda - quando o preço do bem X aumenta, o consumidor fi ca, em termos reais, mais pobre9 e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o preço do bem X diminuir. b) efeito-substituição - se o preço do bem X aumenta e o de outros bens fi ca constante, o con- sumidor procurará substituir o seu consumo pelo de outro bem similar; se o preço diminuir, o consumidor aumentará o consumo do bem X às expensas da diminuição do consumo dos bens sucedâneos. 2.2.2 EXCEÇÕES À LEI DA PROCURA Há duas exceções à lei da procura: os chamados bens de giffen e bens de Veblen. Os bens de Giffen são bens de pequeno valor, porém de grande importância no orçamento dos consumidores de baixa renda. Caso haja uma elevação em seus preços, seu consumo parado- xalmente tende a aumentar, uma vez que, embora seu preço tenha sido majorado, são ainda mais baratos que os demais bens; como ao consumidor após o aumento, sobra menos renda, ele não poderá adquirir outros bens (por serem mais caros) e acabará consumindo maiores quantidades do bem de Giffen10. 8 Desse modo, a função demanda será uma função contínua. 9 Como foi suposto que a renda do consumidor é constante, o aumento do preço do bem reduz a quantidade máxima possível de compra, ou seja, o consumidor está mais pobre. 10 Um economista e estatístico inglês chamado Robert Giffen deu origem ao nome de bens de Giffen: no século XIX, ele observou que o consumo de pão nas classes mais pobres de Londres paradoxalmente aumentava quando seu preço subia; a explicação era de que, antes do aumento do preço do pão, os consumidores pobres ainda podiam comprar alguns outros bens que eram mais caros do que o pão; após a elevação do preço do pão não sobrava renda sufi ciente aos pobres para adquirir os outros produtos mais caros e, consequentemente, acabavam consu- mindo maiores quantidades do pão, que ainda era o bem mais barato que podiam comprar. A demanda e a oferta economia.indb 16 12/03/2012 12:30:57 EDITORA SARAIVA - Introdução à Economia - Silvério das Neves - 11ª Edição 17 Introdução à Economia Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, joias, tapeçarias e automóveis de luxo. Como o objetivo de seu consumidor é mostrar aos outros que é possuidor de grande renda (e não o consumo do bem em si), quanto mais caros, mais são procurados. Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação
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