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1 ENSINO MÉDIO EM TEMPO INTEGRAL PROFISSIONAL DE MINAS GERAIS Construção de política inovadora com rede de parceiros1 EN SI N O M ÉD IO I N TE G R A L P R O FI SS IO N A L D E M IN A S G ER A IS 1 EN SI N O M ÉD IO I N TE G R A L P R O FI SS IO N A L D E M IN A S G ER A IS 1 2 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) E59 Ensino médio em tempo integral profissional de Minas Gerais : construção de política inovadora com rede de parceiros / Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. – Belo Horizonte, MG : SEEMG, 2021. 124 p. : il, color Bibliografia: p. 114-119. 1. Ensino Médio. 2. Ensino profissional - Planejamento. 3. Educação integral - Minas Gerais. 4. Inovações educacionais - Minas Gerais. 5. Currículos - Mudança. 6. Currículos - Planejamento. 7. Políticas públicas de educação. I. Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. II. Título. CDD: 370.11 CDU: 37.035.3 Ficha catalográfica elaborada por Pollyanna Iara Miranda Lima - CRB 6/3320 5 COORDENAÇÃO GERAL Governo do Estado de Minas Gerais Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais Secretária de Estado de Educação Julia Figueiredo Goytacaz Sant’Anna Secretária de Estado Adjunta de Educação Geniana Guimarães Faria Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica Izabella Cavalcante Martins Superintendência de Políticas Pedagógicas Esther Augusta Nunes Barbosa Superintendência de Avaliação Educacional Joyce Soares Rodrigues Petrus Diretoria de Avaliação da Aprendizagem Escolar Marcela Marques dos Reis Coordenadora Geral de Ensino Médio Integral e Educação Profissional Flávia Paola Félix Meira Coordenadora do Ensino Médio Integral Cláudia Maria da Silva Lobo Coordenadora da Educação Profissional Amanda Aparecida Barboza da Silva Santos COORDENAÇÃO E ORGANIZAÇÃO EDITORIAL ICE (INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO) Presidente Marcos Antônio Magalhães Diretora Pedagógica Thereza Barreto Supervisora de Projetos Christiane Cruz INSTITUTO NATURA Diretor-presidente David Saad Gerente de Políticas Públicas de Ensino Médio Carolina Faria Analista de Projetos Sênior Yuri Oliveira EXPEDIENTE 6 INSTITUTO SONHO GRANDE Diretora-executiva Ana Paula Pereira Coordenador de Implantação Vinicius Hojo Analista de Projetos Pedro Távora ITAÚ EDUCAÇÃO E TRABALHO Superintendente Ana Inoue Gerente de Gestão do Conhecimento Carla Chiamareli Gerente de Implementação e Desenvolvimento Cacau Lopes da Silva Assessora em Educação Beatriz Lomonaco Especialista em Implementação e Desenvolvimento Luis Fernando Lima SEBRAE-MG (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE MINAS GERAIS) Superintendente Afonso Maria Rocha Diretor de Operações Marden Márcio Magalhães Diretor Técnico João Cruz Reis Filho Gerente de Educação e Empreendedorismo Fabiana Ribeiro de Pinho Analista de Educação e Empreendedorismo Cacilda Maria de Almeida Texto e Edição Fabiana Pereira e Solange A. Barreira Revisão Ana Maria Barbosa Projeto Gráfico Popcorn Comunicação Editoração Eletrônica Olivia Binotto 7 Este livro é dedicado a todos os estudantes e professores de Minas Gerais, que são a razão de ser do trabalho diário da equipe da Secretaria de Estado de Educação e de seus parceiros em prol de um ensino público de qualidade e transformador. 8 9 APRESENTAÇÃO PARTE 1 ESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA DE EMTI PROFISSIONAL CAPÍTULO 1 POLÍTICA DE EMTI PROFISSIONAL Proposta da gestão Racionalização de recursos Modelo educacional e formações Apoio da Sedese e escolha de cursos Razões e justificativas da Educação Integral Educação Profissional e Tecnológica CAPÍTULO 2 DESENHO E EXECUÇÃO DA POLÍTICA: ATUAÇÃO DE REDE DE PARCEIROS Papel de cada parceiro Fortalezas da rede coletiva Importância da governança Perfil de cada parceiro 11 15 16 21 24 28 30 34 39 42 44 52 55 58 SUMÁRIO 10 PARTE 2 APLICAÇÃO DA POLÍTICA DE EMTI PROFISSIONAL NA ESCOLA CAPÍTULO 3 CURRÍCULO ARTICULADO NO CENTRO DA POLÍTICA Inovação curricular Bases e fundamentos Educação profissional emancipatória Modelo de gestão Formação e acompanhamento do professor CAPÍTULO 4 SÍNTESE GRÁFICA DA CONSTRUÇÃO COLETIVA PERSPECTIVAS PARA O FUTURO E NOVOS DESAFIOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 65 66 78 83 90 93 99 106 116 120 11 A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, tendo como maior desafio melhorar a gestão educacio- nal no estado, por meio de projetos que visam ao avanço dos indicadores de qualidade da educação e à qua- lificação dos jovens mineiros, buscou trabalhar para oferecer um Ensino Médio moderno, com conteúdo apri- morado e, principalmente, que possi- bilite ao jovem planejar o seu futuro. O modelo do nosso Ensino Médio em Tempo Integral dialoga não apenas com os conteúdos básicos, definidos no currículo, mas trabalha com uma metodologia de atenção à formação do jovem como protagonista de sua própria vida, bem como de sua in- serção no mercado de trabalho atu- al. Com esse novo formato que une o Ensino Médio em Tempo Integral e a Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, a SEE/MG pretende potencializar as aprendizagens e au- mentar as opções de escolha do estu- dante para seu presente e futuro. Desde o início desta gestão, uma série de medidas concretas vêm sendo to- madas pela secretaria para tornar essa política pública uma realidade: pla- nejamento, adequação de orçamen- to, estratégias, melhoria de processos, ações táticas e cooperações, dentro e fora do governo. É um trabalho de muito diálogo e integração entre as SREs (Superintendências Regionais de Ensino), gestores escolares, es- tudantes, equipes pedagógicas, co- munidade escolar, além de nossos parceiros externos. Tal processo de- manda esforço de toda equipe e exi- ge foco e celeridade na correção de rotas, diante dos percalços que a me- lhoria do Ensino Médio impõe, não só a Minas Gerais, mas a todo o país. Para elaborar e implementar uma política pública de forma eficien- te, é essencial o envolvimento não apenas do gestor, mas de todos os atores compreendidos no processo. Na construção do Ensino Médio em Tempo Integral Profissional, foi funda- mental uma visão sistêmica, que per- mitiu realizar um amplo diagnóstico. Com isso, conseguiu-se desenhar e realizar ações que levaram em conta custos, recursos humanos, infraestru- tura, logística, integração, metodolo- gia, formação do professor, realidade de cada escola, entre outros pontos. Minas Gerais é um estado marcado por sua diversidade cultural e geográ- fica e por sua potencialidade produ- tiva, o que torna um desafio diário a APRESENTAÇÃO 12 garantia da formação adequada dos jovens mineiros, que, em breve, pode- rão atuar para ajudar Minas a prosperar. A escolha dos cursos profissionalizan- tes ofertados é determinada pela de- manda de empregabilidade regional. Para que a oferta dos cursos técnicos atendesse às necessidades das dife- rentes regiões, foram realizados estu- dos abrangendo as 12 mesorregiões do estado, conforme divisão do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística). Também foram utilizadas informações do mercado de trabalho formal, na tentativa de captar as ten- dências do emprego no nível local. O estudo resultou de uma parceria entre as Secretarias de Estado de De- senvolvimento Social (Sedese), De- senvolvimento Econômico (Sede) e de Educação (SEE). Partindo desse esforço, foi possível identificar ocu- pações que apresentam maior po- tencial de contratação e, a partir de- las, direcionar a oferta dos cursos. O alinhamento às necessidades e di- nâmicas de contratação dos setores empregadores contribuirá, inclusive, para a empregabilidade e a inserção do jovem no mundo do trabalho. O resultado dessa trajetória é uma política sólida, com uma arquiteturapedagógica bastante alinhada à rea- lidade dos jovens e das unidades de ensino, na qual o estudante é o pro- tagonista de seu processo de apren- dizagem e desenvolvimento, a escola o acolhe e reconhece sua integrali- dade como sujeito e, acima de tudo, oferece-lhe um ensino com sentido e significado. Formações específicas para os professores também vêm assegurando o apoio, a acolhida e o preparo necessários ao docente, fun- damental para o sucesso da política. O programa anterior de Educação em Tempo Integral foi remodelado, tanto do ponto de vista da matriz curricu- lar, como em termos da sua susten- tabilidade financeira e operacional. Hoje, o currículo integrado à Educa- ção Profissional e Tecnológica, já em conformidade com o Novo Ensino Médio, traz para Minas Gerais quatro aspectos que se interligam de forma harmônica e com coerência: a Base Nacional Comum Curricular, a Base Técnica específica, a Formação Diver- sificada e a Preparação Básica para o Trabalho e Empreendedorismo. Ao todo, 19 novas matrizes curricu- lares foram criadas com base em critérios como o potencial econô- mico de cada região e de empre- gabilidade, o que eleva as chances de inserção produtiva qualificada dos jovens. Desse modo, conciliar as 13 muitas possibilidades que a Educa- ção Integral e a Profissional ofere- cem significa dar um salto de qua- lidade na formação de milhares de estudantes, com uma escola mais atraente e que os conecta às exigên- cias do mundo produtivo. Nesse caminhar, as parcerias com organizações do terceiro setor foram importantes no processo porque trouxeram de fora um olhar técnico e analítico. Compondo uma rede ino- vadora, diferentes parceiros com atu- ação pelo Brasil, cada qual com seus saberes e preciosidades, ouviram as reais demandas do estado e, então, adaptaram, flexibilizaram e convergi- ram suas metodologias e conteúdos, sem perder suas identidades, evitan- do sempre sobreposição de ações e com o foco na união de esforços para alcançar os resultados propostos pela política, os quais têm impacto positivo na vida dos estudantes e na sociedade como um todo. Assim, este livro mostra a construção de uma política em total sintonia com os reais desafios da educação. O ca- pítulo 1 traz um panorama dos desa- fios e detalha aquilo que foi realizado e o porquê dessa política. No capítu- lo 2, encontram-se procedimentos, 14 caminhos e soluções coletivas para o desenho e a implementação das ações, incluindo a rede de parceiros. O capítulo 3 apresenta a concepção de currículo com componentes articu- lados e a convergência de modelos e métodos e traz um olhar especial para a formação docente. Por fim, o capítulo 4 mostra um resumo grá- fico das ações executadas durante esse complexo processo de constru- ção conjunta. O objetivo de nossa gestão é conse- guir expandir e consolidar o Ensino Médio em Tempo Integral Profissio- nal, deixando um legado para a po- pulação mineira. A caminhada tem sido intensa, e já há avanços que po- dem ser ressaltados. O número de es- colas de Educação Integral saltou de 78, em 2019, para 391, em 2021. Dentre estas, as que ofertam o técnico profis- sional subiram de 7 para 63. Minas Gerais, terra vasta, fértil e po- pulosa, forjada em minérios e la- vouras, de importantes educadores, escritores e poetas, merece um En- sino Médio em Tempo Integral Pro- fissional de qualidade, que seja ve- tor de prosperidade para os jovens e suas famílias. E, como nos lembra Guimarães Rosa, no clássico Grande Sertão: Veredas, “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. Então, sigamos na caminhada pela melhoria da Educação. Boa leitura! Julia Figueiredo Goytacaz Sant'Anna Secretária de Educação do Estado de Minas Gerais 15 PARTE 1 ESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA DE EMTI PROFISSIONAL 15 1616 CAPÍTULO 1 Política de EMTI Profissional 17 Minas Gerais é um dos mais impor- tantes estados do Brasil e apresenta muitos desafios e oportunidades de desenvolvimento em diferentes áreas, entre elas a educação. É o que apon- ta o panorama de números e dados da breve radiografia a seguir, que ser- ve de base para a discussão sobre o Programa de EMTI (Ensino Médio em Tempo Integral) Profissional mineiro detalhado neste livro. De forma resumida, o programa tem o compromisso de promover a for- mação integral e a inclusão social dos adolescentes e jovens mineiros, propiciando-lhes oportunidades de desenvolvimento humano, exercício efetivo da cidadania e preparação técnica de nível médio para o mundo do trabalho (o detalhamento da pro- posta consta nas próximas páginas). • Ocupando um extenso território de mais de 586,5 mil quilômetros qua- drados, o estado agrega o maior nú- mero de municípios do país: 853. Neles vivem mais de 21 milhões de habitantes, número que o faz ocu- par o segundo lugar de estado mais populoso, atrás apenas de São Paulo. Só na capital, Belo Horizonte, concen- tram-se 2,5 milhões de pessoas (IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estimativas da população residente com data de referência de 1º de julho de 2019). • Com um PIB (Produto Interno Bru- to) estadual de 2018 de R$ 614.876 milhões (Fundação João Pinheiro; IBGE), Minas Gerais tem a terceira maior economia do Brasil, logo após Rio de Janeiro e São Paulo. O setor “Minha perspectiva de futuro é concluir o Ensino Médio integral, fazer o Enem e entrar em uma faculdade de engenharia elétrica. Com o ensino integral profissionalizante, estarei mais preparada e sairei na frente de muitas pessoas.” Letícia Faria Pereira Prado, estudante do curso de eletroeletrônica na Escola Estadual Francisco Inácio Peixoto, em Cataguases CAP. 1 Política de EMTI Profissional 18 econômico mais produtivo é o de serviços (44,67% do PIB estadual), se- guido pela indústria (23,23%), admi- nistração e serviços públicos (15,17%) e, por fim, agropecuária (4,56%). • Estima-se, para 2021, um total de mais de 858 mil jovens mineiros com idades entre 15 e 17 anos e mais de 2,26 milhões entre 18 e 24 anos, segundo as projeções populacionais do IBGE. Jun- tos, esses jovens totalizam 14,57% dos habitantes, ou cerca de 3,12 milhões de pessoas que têm direito constitu- cional ao desenvolvimento pleno e cuja formação demanda a conjuga- ção de políticas públicas de diferentes áreas e instâncias do governo. • Quanto aos estudos e à ocupação formal, Minas Gerais apresenta pre- ocupantes índices de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem estão ocupados: em 2019, eram 17,62%, ou quase dois em cada dez, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, realidade esta que precisa ser superada. Desses jovens de 15 a 29 anos, 16% estudam e estão ocupa- dos, enquanto 26,04% só estudam e 40,34% só estão ocupados. • Segundo a PNAD contínua de 2019, o Índice de Gini do rendimento domi- ciliar per capita do estado foi de 0,488 (quanto mais próximo de 1, maior a concentração da riqueza). Em 2020, a taxa de desocupação ficou em 14,4% no estado, o que atinge elevada par- cela de jovens. • Na área educacional, tanto os nú- meros quanto os desafios são igual- mente expressivos. Minas Gerais tem 18 R af ae l F er n an d es 19 15.875 estabelecimentos de ensino que atendem 4.328.917 estudantes matriculados na Educação Básica, de acordo com a Sinopse Estatística do Censo Escolar 2020 do Inep, e a rede estadual de ensino é respon- sável por cerca de 43% (42,84%) de toda essa demanda. • Minas Gerais tem 3.570 escolas es- taduais em funcionamento e, pela Sinopse Estatística do Censo Escolar 2020 do Inep, 2.360 delas recebem 614.083 matrículas do Ensino Médio parcial (88,90% do total de matrícu- las no Ensino Médio de tempo par- cial), 177 estabelecimentos de ensi- no de curso técnico integrado (83) e do curso técnico concomitante (94), além de 8.794 matrículas no curso técnico integrado (6.314)e no curso técnico concomitante (2.490). Há ain- da 107 estabelecimentos de ensino de curso técnico subsequente; 5.375 matrículas no curso técnico subse- quente, que correspondem a 22,95% das matrículas na educação profissio- nal regular da rede estadual (total de 23.418 matrículas). • No que se refere ao contingente de profissionais da educação, entre efetivos e de contratação temporá- ria, segundo o Censo da Educação Básica 2020 do Inep, havia cerca de 86 mil professores nas escolas estaduais, além de outros cerca de 113 mil profissionais de apoio de fun- ções variadas. Só o Ensino Médio nas escolas estaduais mineiras (exceto EJA – Educação de Jovens e Adultos) contava, no mesmo ano, com 23.340 docentes efetivos da formação aca- dêmica (propedêutica) e com 785 da Educação Profissional e Tecnológica de nível médio – a título de compa- ração, no estado de São Paulo, esses números eram, respectivamente, 54.670 e 1.441. • Em termos de avanços educacio- nais, essencialmente, Minas Gerais tem hoje de melhorar a aprendiza- gem e, ao mesmo tempo, reduzir desigualdades, por meio do enfren- tamento de gargalos limitantes no Ensino Médio da rede estadual, como distorção idade-série dos estudantes (26,2%), de acordo com o Censo da Educação Básica 2020 do Inep, taxa de reprovação (11,9%) e taxa de aban- dono (5,3%), conforme dados de 2019 do Inep. Significa, portanto, que um número importante de jovens se en- contra atrasado em sua formação ou está fora da escola. • Assim como em alguns outros es- tados do país, o Ideb (Índice de De- senvolvimento da Educação Básica) do Ensino Médio de escolas estadu- ais de Minas Gerais, indicador calcu- lado pela taxa de rendimento escolar (aprovação) e médias de desempe- nho nas avaliações nacionais, situa- va-se abaixo da meta e estagnado de 2007 a 2017, bem como aquém das metas projetadas desde 2013, embo- ra tenha alcançado o valor mais alto, 4, pela primeira vez em 2019. 20 É importante destacar que, desde dezembro de 2018, Minas Gerais conta com um Plano Estadual de Educação (Lei n. 23.197/2018) de 18 metas que devem orientar as políticas educacio- nais do estado até 2024. Alinhado aos preceitos do PNE (Plano Nacional de Educação) ou Lei n. 13.005/2014, o pla- no mineiro prevê a universalização do atendimento escolar à população de 15 a 17 anos, elevando a taxa líquida de matrícula para 85% no Ensino Médio. O plano também indica a renovação dessa etapa de ensino, com equipa- mentos, laboratórios e material didá- tico adequados, formação continuada de profissionais da educação e articu- lações com instituições acadêmicas, esportivas, culturais, entidades sindi- cais, movimentos sociais e organiza- ções da sociedade civil. O documento aponta ainda o desenvolvimento de currículos escolares que organizem, de maneira flexível e diversificada, 3ª série EM - Rede Estadual 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 6 4 2 0 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 6 4 2 0 3.4 3.6 3.5 3.6 44 4.4 4.8 5 5.3 3.5 3.6 3.7 Resultados em azul referem-se ao Ideb que atingiu a meta. Estado de Minas Gerais Ideb observado Metas projetadas Fonte: Portal do Ideb. Disponível em: http://ideb.inep.gov. br/resultado/resultado/resultado. seam?cid=3264320. Acesso em: 23 de nov. de 2020. 21 conteúdos obrigatórios e eletivos ar- ticulados em dimensões como ciên- cia, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura, esporte e cidadania. Em relação à Educação Profissional e Tecnológica no Ensino Médio, Minas Gerais se comprometeu a triplicar o número de matrículas, com expan- são de, no mínimo, 50% desse aten- dimento na escola pública, a ampliar a oferta de programas de reconheci- mento de saberes para a certificação profissional em nível técnico, a ofere- cer infraestrutura adequada e a ga- rantir capacitação a professores e de- mais profissionais das instituições de ensino. Há também o compromisso de elevar a taxa média de conclusão dos cursos técnicos de nível médio para 90%, assim como estimular a expansão do estágio na Educação Profissional e Tecnológica de nível médio e no Ensino Médio parcial. Proposta da gestão Em vista de todas essas questões já descritas que permeiam o Ensino Médio, a última etapa obrigatória da Educação Básica brasileira, o gover- no estadual de Minas Gerais elegeu a Educação Integral como um proje- to estratégico e prioritário. Levou em conta que assegurar o direito à edu- cação de qualidade é essencial ao de- senvolvimento do jovem autônomo, solidário e competente, de modo a prepará-lo para exercer a cidadania e qualificá-lo para o mundo do trabalho e considerando que a Educação Inte- gral proporciona ganhos de formação para os estudantes e, consequente- mente, para toda a sociedade, diante de um mundo globalizado com mu- danças cada vez mais velozes. Em uma unidade federativa com con- siderável diversidade interna e varia- das demandas locais nos territórios, encontrar novas saídas e soluções exi- giu do governo estudos sobre a reali- dade e tentativas para mudá-la por meio de medidas estruturantes que pavimentaram o caminho para a pos- terior melhoria da oferta nas escolas. Esforços combinados e intencionais, de gestão e pedagógicos, fizeram com que Minas Gerais conte hoje com uma política inovadora e consistente de EMTI (Ensino Médio em Tempo Inte- gral) e de EMTI Profissional, em franca e sustentada expansão, que se conso- lida pouco a pouco. A proposta do Programa de Ensino Médio em Tempo Integral está em conformidade com o Novo Ensino Médio (Lei n. 13.415/2017), que au- menta a carga horária mínima das aulas e possibilita aos estudantes a escolha de itinerários ou caminhos formativos para aprofundar seus estudos, podendo optar por com- ponentes curriculares eletivos que têm mais a ver com seus interesses, bem como com a BNCC (Base Na- cional Comum Curricular), a qual estabelece o conjunto de apren- dizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver na etapa. A proposta educativa tem o jovem e seu Projeto de Vida como 22 a centralidade do modelo educa- cional das escolas EMTI, e todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes pre- cisam estar comprometidos com os Princípios Pedagógicos, Eixos For- mativos, Práticas Educativas e Me- todologias de Êxito (ler mais sobre a metodologia no capítulo 3). Para a Secretaria de Estado de Edu- cação, o Ensino Médio Integral Profis- sional tem o objetivo geral de ofere- cer aos estudantes formação integral que contemple todas as dimensões humanas, incluindo as vinculadas ao mundo do trabalho, compreendendo este último como princípio educativo capaz de proporcionar condições e ferramentas para que os sujeitos en- tendam e transformem seus tempos e espaços de atuação, bem como sua realidade social e material. Na prática, significa que, desde feve- reiro de 2020, 274 unidades de ensi- no da rede estadual oferecem o novo EMTI. Destas, 44 escolas incluem o Profissional. Esses números de- monstram um grande avanço em relação ao cenário encontrado em 2019, quando eram apenas 78 esco- las com EMTI, sendo sete delas com o Profissional. Em 2021, foi alcança- do um total de 391 estabelecimentos de ensino, em cidades de todas as regiões do estado, que oferecem quase 47 mil matrículas, dos quais 63 contam com o Ensino Médio em Tempo Integral Profissional. Isso quer dizer que, de 2019 a 2021, quintuplicou o número de escolas com Educação Integral no estado e au- mentou em quase nove vezes o núme- ro daquelas que ofertam a Educação Profissional e Tecnológica. Expansão do EMTI e do EMTI Profissional (2019-2021) Ano Número de escolas com EMTI Número de matrículas Número de escolas com EMTI Profissional Número de matrículas 2019 78 12 mil 7 309 2020 274 28 mil 44 3.875 2021 391 47 mil 63 7.010 23 Municípios, em 2021, com ofertas de EMTI Propedêutico, EMTI Profissional e EMTIPropedêutico e Profissional Variação do número de escolas, em 2021, com EMTI, por município 1 2 a 4 Mais que 5 EMTI Profissional EMTI Propedêutico EMTI Propedêutico e Profissional 23 24 O principal intuito da política de EMTI é que, ao longo de três anos, para além do desenvolvimento cog- nitivo, o estudante alcance o ide- al formativo: um jovem autônomo, solidário, competente e que seja capaz de ser fonte de iniciativa, li- berdade e compromisso diante das situações apresentadas no seu dia a dia, exercitando seu protagonismo e sua autonomia em benefício da construção do seu Projeto de Vida e da sua comunidade. É fundamental frisar que a extensão do tempo é estratégica para que tan- to as Metodologias de Êxito quanto a BNCC possam ser utilizadas de forma intrínseca entre si, favorecendo a for- mação integral do jovem, assim como a presença afirmativa do professor nas várias dimensões pedagógicas. Esse tempo contribui para uma pos- tura mais afetiva, de olhar generoso e escuta atenta, estreitando de forma significativa as relações entre profes- sores e estudantes. A nova matriz curricular, construída com critério e coesão, une harmoni- camente conhecimentos acadêmi- cos aos do mundo do trabalho e da formação técnica, com componen- tes curriculares das Atividades In- tegradoras/Formação Diversificada que articulam o mundo acadêmico e as práticas sociais e produtivas, ampliando, enriquecendo e diversi- ficando o repertório dos estudantes e da experiência escolar. Assim, quí- mica ou física, por exemplo, não são nem mais nem menos importantes que as aulas de Projeto de Vida ou de empreendedorismo (ler mais so- bre o currículo no capítulo 3). A secretária estadual de Educação, Ju- lia Sant'Anna, explica que o objetivo é aumentar as possibilidades de esco- lha do jovem com um Ensino Médio mais moderno, interessante e atrati- vo: “Nossa preocupação é formar bem para que ele tenha mais condições de fazer suas escolhas, seja a educação profissional, seja a universidade”. Racionalização de recursos Desta forma, logo no início de 2019, a equipe da Secretaria de Estado de Educação realizou um primeiro mer- gulho para poder compreender o en- tão cenário do Ensino Médio em Tem- po Integral e avaliar recursos humanos, financeiros e físicos, bem como gestão e processos. Ou seja, foram analisadas as bases que permitiriam promover a expansão da modalidade na rede, com um aumento viável da oferta, em termos financeiros e de recursos humanos, e bem estruturado, levan- do-se em conta também que Minas Gerais, assim como outros estados no Brasil, passa por um momento de déficit orçamentário. Esse movimento exigiu um detalha- do estudo das contas da secretaria para observar como os recursos es- tavam sendo executados. Diante de um orçamento anual de cerca de R$ 12 bilhões, a pasta buscou alter- nativas para otimizar e racionalizar o 25 uso das verbas e, desse modo, investir uma parcela exclusivamente em Edu- cação Integral, cujo custo da expan- são é estimado em aproximadamente R$ 450 milhões. Com o apoio técnico de organizações do terceiro setor experientes no cam- po da educação no Brasil, ficou claro o quanto custaria para a pasta ampliar a Educação Integral, assegurando boa infraestrutura, logística, transpor- te, alimentação, material permanen- te, formação de professores, pessoal de apoio, entre outros. A nova política começou, portanto, pelo balanço do que havia e do que se poderia dispor para uma oferta com qualidade, o que movimentou e envolveu diferen- tes áreas internas da secretaria. Após o diagnóstico, foram pesqui- sadas e detectadas nas despesas algumas alavancas de recursos que proporcionassem o financiamento dessa expansão. Boa parte delas situ- ava-se na folha de pagamento, que foi racionalizada, liberando assim os montantes necessários. Ou seja, não houve cortes de custos, mas sim a criação de eficiências. Um dos processos aperfeiçoados foi o do APA (Afastamento Preliminar de Aposentadoria), que permitiu acelerar a tramitação, a revisão e a finalização das solicitações, de modo que o pa- gamento dos profissionais deixasse de ser realizado pela folha da Secre- taria de Educação e migrasse para a da Previdência. Houve ainda redimen- sionamento de quadros de apoio nas escolas e reavaliação dos contratos de terceirização de mão de obra (como os de vigilância nas unidades de ensi- no) e de aluguéis. Outra ação de destaque consistiu na melhoria do processo de “enturma- ção” (distribuição de estudantes em turmas) e de organização do quadro de horários (distribuição dos profes- sores de acordo com a demanda da “enturmação”), por meio de matrícu- las on-line, e não mais de forma ma- nual, pela escola. Isso permitiu alocar melhor os recursos humanos dispo- níveis e liberar novos espaços físicos para o EMTI em cada escola. Além disso, o projeto de expansão foi desenhado e estruturado com a con- dição de que a escola tivesse salas e espaços disponíveis em quantidade suficiente, tanto para aproveitar ao máximo a rede física que já existia, quanto para evitar um movimento de migrações de estudantes dos anos fi- nais do Ensino Fundamental para es- colas próximas, a fim de liberar espa- ços para a oferta do EMTI. Com a adoção desses processos es- truturantes, transparentes e rastreá- veis (de acompanhamento de custos, de “enturmação” etc.), começou-se a nutrir uma cultura de eficiência, de planejamento e de acompanhamen- to. Ao mesmo tempo, o fato de obser- var e já corrigir os processos melho- rou a eficácia das ações. Desse modo, Minas Gerais tem mostrado ser pos- sível realizar um projeto de expansão da Educação Integral por meio do 26 saneamento dos custos, sem aumen- tar o custeio e sem diminuir a presta- ção do serviço, com um planejamento orçamentário capaz de proporcionar a execução orçamentária. Uma estrutura eficiente como a cria- da permitiu conceber os mecanismos de financiamento necessários. Tam- bém foi e tem sido relevante, durante o processo de adequação de contas, o diálogo aberto e constante da se- cretaria com o Poder Legislativo do estado, de modo a informá-lo sobre as decisões de gestão. Para Renata Ferreira Leles Dias, sub- secretária de administração, foi um grande aprendizado fazer a adminis- tração pública repensar e perceber que ela pode, sim, gastar melhor: “A melhoria de processos faz você en- contrar recursos dentro do seu pró- prio orçamento”. Argumentou ainda que o planejamento bem detalhado, com a previsão do quanto será gasto com o quê, em quanto tempo e com base na realidade das escolas, é fun- damental para qualquer estado que queira expandir a política de Educa- ção Integral. Com relação aos recursos humanos, as equipes das subsecretarias tam- bém foram sendo montadas e ajus- tadas paulatinamente, seguidas pe- las das 47 SREs (Superintendências Regionais de Ensino), distribuídas em todo o estado e que realizam o acompanhamento das escolas in loco, bem como pelas das diretorias e coordenações. Na etapa seguinte, de delegação de ações, começou-se a trabalhar mais a responsabilidade por áreas da se- cretaria, aumentando-se assim a proximidade entre a gestão de orça- mento e a gestão pedagógica. Para que isso ocorresse, foram realizadas várias conversas e reuniões em bus- ca de entendimento e visão comuns, além de alinhamento das diferen- tes equipes, o que redundou em melhoria da comunicação interna da secretaria. 27 A indicação das escolas para o início da expansão em Minas Gerais obede- ceu a critérios como: • quadro de vulnerabilidade dos ter- ritórios; • Inse (Indicador de Nível Socioeco- nômico) das escolas; • municípios ainda sem oferta da Educação Integral; • infraestrutura mínima para o EMTI poder ser ofertado; • disponibilidade de professores e gestores; • transporte e alimentação (refeições e lanches); • experiência prévia da escola com a Educação Profissional e Tecnológica. Uma vez definidasas unidades de en- sino que passariam a integrar a polí- tica, seguiu-se a etapa de aquisição de equipamentos e mobiliário, bem como de realização de algumas obras, como construção de refeitórios, vestiá- rios ou banheiros, quando necessário. Essa estruturação do começo de 2019 mostrou-se essencial. Isso porque, anteriormente, em 2018, a política do EMTI em Minas Gerais encontrava-se com dificuldades. Havia uma altís- sima evasão de estudantes, acima de 60%, chegando até a 70%, de- sistências das escolas participantes do programa, baixa credibilidade da iniciativa na rede, falta de infraestru- tura nas unidades de ensino, matriz curricular organizada ainda na lógica de turnos e períodos, além de metas acordadas com o MEC (Ministério da Educação) quase impossíveis de serem cumpridas. A política era subsidiada apenas pelo Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, do governo federal (Portaria MEC n. 727/13/06/2017, regulamentada pelo Decreto Estadual n. 47.227/02/08/2017), com o repasse anual para cada estu- dante de R$ 2 mil, por dez anos. Diante desse cenário, foi promovida, a partir de 2019, uma repactuação com o MEC, com realinhamento de metas do programa, prestação de contas de fluxo financeiro, porque havia muitos recursos em caixa que não estavam sendo utilizados, além de ajustes no sistema de monito- ramento da secretaria em que não constava a Educação Integral. Após esse esforço, em um único semestre, a secretaria reestabeleceu as matrí- culas que haviam sido cortadas. Como relata Geniana Guimarães Faria, ex-subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica e atual Secretária de Estado Adjunta de Educação, “hou- ve todo um resgate da credibilidade do programa e todo um movimento de se mudar um cenário caótico para reaproximar a comunidade escolar e os estudantes e para recuperar o de- sejo de eles estarem nessas escolas, por meio de uma metodologia mais estruturada e inovadora”. Os estudos dos custos necessários para se realizar a expansão demons- traram que o estado conseguiria ele- var a oferta e cumprir a meta estra- tégica do governo estadual de 20% de matrícula no EMTI até 2022. Para 28 tanto, teria de ser promovida uma priorização de recursos financeiros, com um aumento gradual de escolas e de matrículas ano a ano, respeita- das as questões de infraestrutura e de uso predial, bem como de contrata- ção de professores. Modelo educacional e formações A partir de então, passou-se para a construção propriamente dita do Modelo Pedagógico e de Gestão da política do EMTI, com a participação de parceiros externos do terceiro se- tor, a partir de abril de 2019, em um acordo de cooperação técnica. Com- promissados com a melhoria da edu- cação, IET (Itaú Educação e Trabalho), ICE (Instituto de Corresponsabilida- de pela Educação), Instituto Natura, Instituto Sonho Grande e Sebrae-MG (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais) apoiaram a secretaria no desenho, implantação e expansão da política, já com recursos estaduais específicos, ou seja, não apenas com o apoio do programa federal de fomento, que funciona muito mais como um indu- tor, auxiliando em obras e mobiliário. De perfis complementares, os cinco parceiros levaram para Minas Gerais tecnologias sociais e metodologias já bem-sucedidas em outros estados brasileiros e compreenderam o con- texto e as complexidades do estado. Um ponto de destaque é que, desde o início, tudo foi construído conjun- tamente entre parceiros e a rede es- tadual, a fim de ajustar as inovações em conteúdo, método e gestão à rea- lidade e às reais necessidades da rede mineira, tanto no âmbito da secreta- ria quanto no das escolas (ler mais so- bre o papel detalhado de cada par- ceiro no capítulo 2). “Mais do que uma ação pedagógica, a política de EMTI é uma estrutura- ção, é uma mudança de lógica e de concepção dentro das nossas escolas, que passam a operar de forma inte- gral e interdisciplinar, e não mais na dinâmica fragmentada de turnos e de disciplinas. Significa uma mudan- ça de cultura”, pontua Geniana. Ao mesmo tempo em que o EMTI pre- cisava ser resgatado e remodelado, havia outra constatação importante no estado: a política de Educação Profissional e Tecnológica também ti- nha de ser aprimorada e consolidada para aumentar a ligação com o mun- do do trabalho, por meio de um cur- rículo diferenciado, aderente às de- mandas produtivas e com uma sólida formação integral. Essa era uma preo- cupação clara do governador Romeu Zema Neto. Decidiu-se então alinhá-la à Edu- cação Integral. Foi uma importante estratégia porque ampliou as opor- tunidades de formação dos secunda- ristas mineiros para o mundo produ- tivo, pela obtenção de uma formação de técnico de nível médio ao final do terceiro ano do Ensino Médio em Tempo Integral, juntamente com a 29 diplomação do Ensino Médio. Desse modo, ao finalizarem a última etapa da Educação Básica, os jovens tam- bém obtêm uma habilitação profis- sional técnica que os permite o exer- cício de ocupações e profissões. A expansão da Educação Profissional e Tecnológica e o desenvolvimento profissional, sobretudo dos jovens, a fim de gerar emprego e renda no estado, já estavam presentes antes, no plano de governo. Em 2018, por exemplo, representantes do setor de tecnologia salientaram a importân- cia de se formular um currículo esta- dual para o curso técnico de desen- volvimento de sistemas, devido à alta demanda do mercado por profissio- nais aptos a desenvolver programas e softwares. Entre outras ações, foi elaborada uma importante programação de formações de sensibilização e acolhi- mento para professores, técnicos da secretaria, gestores escolares, téc- nicos das diretorias regionais de ensino, para que conhecessem e compreendessem o novo modelo educacional e conseguissem opera- cionalizá-lo a posteriori. Houve tam- bém, por parte das Superintendên- cias Regionais de Ensino, todo um esforço de estruturação de pessoal, com a realização de várias conversas com os docentes para que eles ten- tassem reordenar sua carga horária de modo a se dedicarem às escolas de EMTI. “Fizemos várias reuniões de aproxi- mação e suporte com os diretores das escolas e com a respectiva Supe- rintendência Regional para que cada diretor se sentisse ouvido e acolhido, percebendo que a secretaria está pensando de fato na ponta, na esco- la, no estudante e está aberta a adap- tações nessa mudança”, conta Esther Augusta Nunes Barbosa, superinten- dente de Políticas Pedagógicas. 30 Após a realização de formação inicial sobre Educação Integral para equipes escolares e professores em 2019, teve início em agosto a nova política, pri- meiramente só de EMTI, em 71 esco- las, num período ainda de transição, ou seja, sem a oferta do EMTI Profis- sional. Este último só teria início no semestre seguinte, em fevereiro de 2020, em 44 escolas, com matrizes curriculares já para todo o ano letivo (não semestrais), de acordo com o sis- tema anual de contratação de profes- sores do estado. Foram realizadas novas formações de profissionais da rede estadual na capital mineira e em cidades-polo, as quais reuniram, numa imersão de alguns dias, parceiros, técnicos da se- cretaria e centenas de educadores de diferentes municípios e que abrange- ram também o tema da preparação do jovem para o mundo do trabalho e a formação técnica. A partir de março de 2020, com a suspensão das aulas presenciais, devido à pandemia mun- dial da Covid-19, a secretaria passou a realizar webinários e formações re- motas autoinstrucionais para os pro- fessores sobre o currículo articulado, que une a formação geral e a forma- ção técnica específica. “Participei de formações em Belo Ho- rizonte e Uberlândia, as quais foram muito importantes. Agora estamos com formação remota. O modelo funciona porque tem tudo muito di- recionado, organizado e documen- tado, com coordenações poráreas”, relata Patrícia Andrade de Faria Silva, diretora da Escola Estadual de Ensino Médio de Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, que oferece o EMTI de forma integrada aos cursos técnicos de açú- car e álcool e celulose e papel. Apoio da Sedese e escolha de cursos A fim de criar melhorias bem estrutu- radas, a Secretaria de Estado de Edu- cação contou então com o apoio e embasamento de técnicos da Sedese no mapeamento dos polos produti- vos de Minas Gerais e suas demandas por qualificação profissional. O obje- tivo era a criação e a oferta de cursos técnicos que fizessem sentido para cada região, em consonância com as necessidades e as potencialida- des locais e com as reais possibilida- des de empregabilidade dos jovens, que é uma grande preocupação no EMTI Profissional. Iniciado em 2019 e englobando as 12 mesorregiões do estado, o estudo identificou regionalmente, por meio de dados oficiais de vínculos empre- gatícios, quais ocupações e setores econômicos tinham mais probabili- dade de contratação de profissionais. O resultado foi um mapa de deman- da que apoiou tecnicamente as de- cisões gerenciais na escolha e na im- plantação dos cursos técnicos. O estudo minucioso da Sedese pas- sou por apreciação e debate de par- ceiros e representantes do mercado. Além disso, algumas escolas que já 31 possuíam tradição em cursos técni- cos foram ouvidas a respeito das mu- danças, assim como profissionais das Superintendências Regionais de En- sino, que têm capilaridade nas esco- las, e estudantes egressos, estes com a finalidade de verificar se o curso téc- nico fez sentido na sua formação, se estavam empregados na área ou não e que críticas tinham em relação ao que aprenderam. O mapa dos polos produtivos agre- gou uma inteligência para que a construção dos cursos ocorresse de forma atrelada à realidade concreta e específica de cada região e interli- gada ao desenvolvimento econômico do estado. Afinal, um curso técnico que atenda às necessidades, à voca- ção produtiva e às possibilidades de oferta da região de Uberaba pode não ser o mais adequado para o perfil de Poços de Caldas ou Diamantina, por exemplo. “Demos um lastro técnico, um ponto de partida com evidências atuais, e conseguimos qualificar o debate da escolha de cursos técnicos de forma mais objetiva e estruturada porque levamos em conta o retrato de cada mesorregião e as reais demandas do mercado formal por ocupações técnicas.” Gilmar Álvares Cota Junior, diretor de Articulação e Planejamento da Educação Profissional da Superintendência de Educação Profissionalizante da Subsecretaria de Trabalho e Emprego da Sedese. O diretor relata ainda que a metodo- logia do mapeamento foi aplicada depois aos outros estados do país, no portal Novos Caminhos do MEC (portal.mec.gov.br/novoscaminhos), por meio de parceria com a Setec (Secretaria de Educação Profissio- nal e Tecnológica) em Brasília (DF). No Painel de Demandas do portal, é possível ver a demanda por cursos técnicos por unidade federativa e respectivas mesorregiões. http://novoscaminhos.mec.gov.br/ 32 Mesorregiões e municípios-polo de Minas Gerais 1 Noroeste de Minas (Paracatu, Unaí, João Pinheiro) 2 Norte de Minas (Montes Claros, Janaúba, Januária) 3 Jequitinhonha (Diamantina, Almenara, Capelinha) 4 Vale do Mucuri (Teófilo Otoni, Nanuque, Águas Formosas) 5 Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas) 6 Central Mineira (Curvelo, Lagoa da Prata, Bom Despacho) 7 Metropolitana de Belo Horizonte (Belo Horizonte, Contagem, Betim) 8 Vale do Rio Doce (Governador Valadares, Ipatinga, Coronel Fabriciano) 9 Oeste de Minas (Divinópolis, Nova Serrana, Itaúna) 10 Sul e Sudoeste de Minas (Poços de Caldas, Pouso Alegre, Varginha) 11 Campo das Vertentes (Barbacena, Lavras, São João Del-Rei) 12 Zona da Mata (Juiz de Fora, Ubá, Muriaé) Como apontam estudiosos da área educacional, essa intersetorialidade entre as próprias secretarias de gover- no é algo essencial para fortalecer e solidificar a política de Educação Pro- fissional e Tecnológica. Tais secreta- rias, sejam elas de Planejamento, de Desenvolvimento ou de Juventude, se houver, devem estar articuladas com a Secretaria de Educação e contribuir com suas respectivas competências, conhecimentos e dados. Na sequência do mapeamento das demandas por ocupações em Minas Gerais, aconteceu a escolha dos cur- sos técnicos a ser oferecidos e ini- ciou-se a construção de suas matri- zes curriculares, já com a lógica e as inovações em conteúdo, método e gestão do novo modelo da Educação Integral. Em cada uma das ofertas, fo- ram considerados o potencial econô- mico, os cenários possíveis de geração de emprego, as condições estruturais e de pessoal das escolas e as ofertas de cursos já existentes. Levou-se em conta também o con- texto das novas profissões e do perfil 1 5 9 10 11 12 2 6 7 3 4 8 33 do profissional exigido pelo mercado de trabalho neste milênio, que cada vez mais precisa combinar diferentes habilidades e competências (socioe- mocionais, cognitivas e técnicas) para tomar decisões, relacionar-se, realizar tarefas e resolver problemas. Ou seja, foi feito todo um trabalho de revisão, revisitação e reconstrução de ma- trizes dos cursos técnicos, que eram muito antigas, estavam defasadas e, portanto, já não atendiam às deman- das do mercado atual. Ao final do processo, 19 cursos técni- cos foram definidos, a saber: açúcar e álcool, agroecologia, agronegócio, agropecuária, alimentos, análises quí- micas, celulose e papel, desenvolvi- mento cultural regional, desenvolvi- mento de sistemas, eletroeletrônica, eletromecânica, eletrônica, eletrotéc- nica, informática, logística, mecânica, química, transações imobiliárias e se- gurança do trabalho. No que se refere à oferta da Educação Profissional e Tecnológica, tradicio- nalmente, o estado de Minas Gerais adotava até então uma política de subsidiar diversas instituições técnicas do estado, e não de operar de forma direta. A incidência nesses contratos era alta na modalidade subsequente, que é o pós-Médio, e muito baixa na concomitante e integrada ao Ensino Médio, e registravam-se também ta- xas de abandono bastante significa- tivas, com turmas que chegavam ao final do curso com pouquíssimos es- tudantes, a um custo elevado. Ao levar as aprendizagens técnicas específicas, bem como as do mundo do trabalho para dentro do Ensino Médio de forma alinhada aos polos produtivos, a nova política do EMTI contribuiu para redu- zir as formações tardias, que para mui- tos estudantes só começavam após a conclusão da etapa. Todo o trabalho de conceber uma educação muito mais aplicada à reali- dade dos jovens e ao desenvolvimen- to do estado culminou em um evento público, em novembro de 2019, no Pa- lácio da Liberdade, momento em que a nova política de Educação Integral foi efetivamente lançada em Minas Gerais. Na ocasião, aproximadamente 220 estudantes do nono ano do En- sino Fundamental da rede estadual, de escolas de Belo Horizonte e região metropolitana, foram apresentados ao modelo educacional recém-criado e puderam conhecer melhor como funcionam os itinerários formativos do Ensino Médio Integral e discutir sobre o mundo do trabalho e seu fu- turo, por meio de stands interativos e de palestras de especialistas. “Existem muitas oportunidades de trabalho. O que precisamos é formar pessoas capacitadas. Hoje, vejo em- presas querendo contratar, mas que não encontram o profissional ade- quado. E vejo pessoas querendo tra- balhar e não possuindo as capacida- des de que a empresa ou o prestador de serviço precisa. Então, vocês estão no momento certo, no momento de se qualificar. Não percam essa jane- la única”, disse o governador Romeu Zema Neto aos estudantes. 34 Razões e justificativas da Educação Integral A política de Ensino em Tempo Inte- gral acadêmica e técnica foi constru- ída dessa maneira em MinasGerais, ou seja, olhando-se o Ensino Médio Integral como um todo, de forma sis- têmica, com os conteúdos acadêmi- cos articulados aos conteúdos técni- cos e do mundo do trabalho, tendo as Atividades Integradoras/Formação Diversificada compostas por Metodo- logias de Êxito que interligam todos esses conhecimentos às práticas so- ciais, aumentando e desenvolvendo o repertório de conhecimentos e ex- periências dos estudantes, no sentido de elevar as chances de aprendiza- gem e de escolha do jovem, com foco no seu Projeto de Vida. O objetivo é ampliar o leque de op- ções de formações possíveis, ofere- cendo-lhe mais horizontes e orienta- ções para que faça suas escolhas com mais segurança. A concepção de Educação Integral, que tem despontado no Brasil com mais amplitude desde 2008, por meio do fomento federal, vai muito “Minas Gerais quer formar um jovem mais crítico, autônomo, preparado para o mundo do trabalho, que está cada vez mais seletivo e competitivo, multipreparado para poder atuar em várias áreas e que não fique preso necessariamente só àquele curso técnico inicial, podendo pensar também em outras possibilidades, como a universidade” Flávia Paola Félix Meira, Coordenadora Geral de Ensino Médio Integral e Educação Profissional 35 além da mera ampliação do tempo que os estudantes passam na esco- la. Seu diferencial está na oferta de práticas educativas diversas que pro- movem o desenvolvimento pleno dos estudantes em suas múltiplas dimen- sões: intelectual, física, emocional, so- cial, cultural e política. Essa oferta é feita de diferentes formas por todo o Brasil, algumas vezes em parceria com outras instituições, ou somen- te na escola. Trata-se de lidar com o estudante em sua integralidade. “O estudante precisa ser provocado o tempo todo, até para desconstruir a ideia de que a Educação Integral sig- nifica só ficar mais tempo na escola. A escola tem que fazer sentido. Tem que ter um porquê de se estar ali. Caso contrário, torna-se chata, e nin- guém quer ficar”, salienta Flávia. Uma Educação Integral de qualidade tem o potencial de mobilizar os jovens, permitindo que vejam sentido em estar na escola e que tenham cada vez mais interesse em aprender. Ou seja, quanto mais “integral” for a esco- la, maior tenderá a ser o aprendizado dos seus estudantes. A Educação Integral é especial- mente desafiadora para o Ensino Médio, que em todo o Brasil apre- senta entraves de permanência do estudante, conclusão e proficiência. Para que ela de fato aconteça, é fun- damental que educadores propo- nham experiências educativas que abranjam múltiplas linguagens, re- cursos, espaços, saberes e agentes e que possam envolver os integrantes da comunidade na qual a escola está inserida. Pressupõe assumir que o conhecimento é construído ao longo da vida e em diferentes espaços e situações, e não apenas dentro da sala de aula, e que a di- mensão cognitiva não é suficiente numa perspectiva de integralidade da ação educativa, desafiando a es- cola a responder às necessidades de formação humana do século XXI. Implementar na prática uma política de Educação Integral requer diferen- tes tipos de ações, como a oferta de formação continuada específica aos professores e gestores escolares, a adoção de um currículo inter e mul- tidisciplinar e a melhoria da infraes- trutura das escolas (refeitórios, ba- nheiros, vestiários, quadras cobertas, laboratórios, materiais, equipamen- tos, computadores, biblioteca etc.). Aos educadores, cabe compreender que a implementação do modelo educacional é algo coletivo e que, portanto, todos que compõem o con- texto educacional são primordiais para a construção do Projeto de Vida dos estudantes. Para o estudante, a escola faz senti- do quando aquilo que lhe é ensina- do está conectado aos seus interes- ses e quando ela também é capaz de fomentar o desejo por novos co- nhecimentos e tem propósito e sig- nificado para sua vida. Um currículo articulado é aquele que permite ao estudante desenvolver competências e habilidades de diferentes áreas do conhecimento, pois é o elo da relação 36 entre teoria e prática dos diferentes componentes e bases curriculares e considera o conhecimento a servi- ço da vida nos processos de ensino e aprendizagem, ampliando, diver- sificando e enriquecendo os saberes e a experiência do estudante. A arti- culação curricular supera, portanto, a fragmentação do conhecimento por componentes curriculares sepa- rados. O núcleo comum, composto pelos conteúdos ditos obrigatórios, deve “conversar” claramente com as Atividades Integradoras/Forma- ção Diversificada do currículo. Nessa concepção, cai por terra a antiga cisão entre turno e contraturno e períodos matutino e vespertino. O currículo integrado promove o de- senvolvimento completo do estudante, por meio de diferentes atividades (es- portivas, culturais, artísticas, lúdicas) in- tercaladas e unidas aos conteúdos do núcleo comum, em situações significa- tivas de aprendizagem promovidas o tempo todo. Por essa lógica, são a esco- la e seus profissionais que se unem para atender à integralidade do estudante, grande protagonista do processo. Currículo do EMTI Profissional de Minas Gerais Formação Técnica Específica Base Nacional Comum Atividades Integradoras/ Formação Diversificada Preparação Básica para o Trabalho e Empreendedorismo Estudante e seu Projeto de Vida 37 Um exemplo concreto ilustra essa ló- gica. Ao estudar poluição, espera-se que o estudante desenvolva compe- tências relacionadas às ciências natu- rais (conteúdos de física e química) e às ciências humanas (geografia e his- tória: industrialização, urbanização, condições de trabalho etc.) e que ar- ticule esses conhecimentos próprios das ciências com a exploração de vi- vências culturais, científicas, artísticas, estéticas e linguísticas presentes em componentes curriculares das Ativi- dades Integradoras/Formação Diver- sificada do currículo. Na Educação Profissional e Tecno- lógica, além dos conteúdos da Base Comum nas diferentes áreas do co- nhecimento, há integração com os saberes específicos da área profissio- nal, o que desenvolve e aprimora o repertório e a vivência dos estudan- tes, por meio das aulas das Atividades Integradoras/Formação Diversificada, que favorecem a experimentação de atividades contextualizadas, dinâmi- cas e significativas relacionadas com práticas sociais e produtivas reais, possibilitando aos estudantes a inves- tigação e a intervenção na realidade. Ou seja, trata-se de colocar o conhe- cimento a serviço da vida dos jovens. Em um curso técnico de segurança no trabalho, por exemplo, são estuda- dos os parâmetros e as normas para a segurança do trabalho, assim como a preservação do meio ambiente e os cuidados com a saúde. Já nas Ativi- dades Integradoras/Formação Diver- sificada, o estudante tem a oportuni- dade de gerir seu tempo, desenvolver competências como autodidatismo, resiliência, empatia, ética, solidarie- dade e aumento de repertório, por meio dos componentes curriculares de Estudos Orientados, Projeto de Vida, Eletivas da BNCC, Eletivas Técni- cas, Tutoria e Pós-Médio. E o mesmo ocorre nas demais formações técni- cas de nível médio. Essa concepção mais holística e inte- grada da educação não é algo recen- te. No Brasil, Anísio Teixeira (1900-71) – considerado o criador da escola pú- blica no país – foi um dos precurso- res da Educação Integral, por meio da criação, na década de 1950, da Escola Parque, ou Centro Educacional Car- neiro Ribeiro, em Salvador (BA), em que os estudantes participavam de variadas atividades que proporcio- navam diferentes aprendizagens: so- ciais, artísticas, esportivas, de práticas industriais e políticas. Outra experiência bastante conhe- cida desde os anos 1980 residiu nos Cieps (Centros Integrados de Edu- cação Pública), no estado do Rio de Janeiro. Idealizados pelo mineiro Darcy Ribeiro (1922-97), integravamo ensino de conteúdos tradicional- mente escolares com outras ativi- dades, sobretudo ligadas à cultura e ao esporte, e ampliavam o tempo do estudante nesse ambiente de aprendizagem, alguns deles com piscinas e atendimento médico e odontológico, com bastante foco em adolescentes de famílias de baixo nível socioeconômico. 38 Mais recentemente, em 2007, o MEC criou o Programa Mais Educação. Seu objetivo foi induzir a construção da agenda de Educação Integral nas re- des estaduais e municipais de ensino. Isso ocorreu por meio da ampliação da jornada escolar para no mínimo sete horas diárias, com atividades op- tativas de acompanhamento peda- gógico, educação ambiental, esporte e lazer, direitos humanos em edu- cação, cultura e artes, cultura digital, promoção da saúde, comunicação e uso de mídias, investigação no cam- po das ciências da natureza e edu- cação econômica. Em 2011, quase 15 mil escolas do país haviam aderido ao programa, impactando positivamen- te mais de 3 milhões de estudantes. Ao longo dos últimos quinze anos, Pernambuco tornou-se exemplo de avanço nos resultados do Ensino Mé- dio, alcançados em parte pela ado- ção de um programa de Educação Integral, cujo modelo educacional (Modelo Escola da Escolha) foi con- cebido, implantado e gerido pelo ICE. Em 2005, o estado nordestino apresentava uma das classificações mais baixas do país, com Ideb de 2,7 nas escolas da rede estadual. Em 2015, esse indicador chegou a 3,9 e, em 2019, atingiu 4,4, o terceiro me- lhor do país, atrás apenas de Espírito Santo (4,6) e Goiás (4,7), superando a meta de 4,3 estabelecida pelo MEC para o ano. Atualmente, Pernambuco conta com uma extensa rede de Educação In- tegral de Ensino Médio em seus 184 municípios. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, são 469 unida- des, das quais 49 ofertam Educação Profissional e Tecnológica. A rede es- tadual tem cerca de 62% das matrí- culas em regime integral (em 2019 eram 57%), antecipando e superando a meta de 50% do Plano Nacional de Educação para 2024 e inspirando ou- tros estados do país. 39 Educação Profissional e Tecnológica Educação e trabalho são direitos cons- titucionais do jovem brasileiro e bases para seu exercício pleno da cidadania e sua inserção produtiva, os quais lhe permitem ter dignidade agora e na vida adulta. Assim, a EPT (Educação Profissional e Tecnológica) integrada ao Ensino Médio é, por muitas razões, uma possibilidade importante de for- mação para o jovem. Em primeiro lugar, o jovem conclui sua Educação Básica já com uma diplomação de técnico, o que au- menta suas possibilidades de atuar profissionalmente. O acesso a co- nhecimentos do mundo do trabalho também forma melhor o jovem para qualquer profissão que ele venha a exercer ao longo de sua trajetória, dado que a atividade laboral perpas- sa inexoravelmente a vida de todas as pessoas. O trabalho como princípio educati- vo também colabora para o jovem interagir melhor e sobreviver em um mundo em constante transfor- mação, cada vez mais dinâmico e exigente, e para que tenha e exer- ça o protagonismo profissional e social. A EPT também está em sin- tonia com a nova realidade do pla- neta e do trabalho do futuro, em que inovações tecnológicas como inteligência artificial, big data (con- junto grande e complexo de da- dos), internet das coisas, robótica, nanotecnologia e machine learning (aprendizado de máquina) coexis- tem cada vez mais com a atuação e a produção humanas. Além disso, diferentes estudos ates- tam que o jovem com curso técnico tem mais chances de ingressar no mundo do trabalho e de desenvolver uma trajetória profissional, quando comparado àquele que cursou só o Ensino Médio padrão. E, em relação aos rendimentos, os postos técnicos tendem a proporcionar melhor re- muneração e prestígio do que ocu- pações de nível médio que não são técnicas, sobretudo no início da car- reira. Com essas constatações, países como Alemanha, Áustria, Finlândia, Holanda e Suíça já apostam há anos na formação técnica e profissional de seus milhares de jovens durante o Ensino Médio. 40 O interesse dos próprios jovens em EPT e no preparo para a vida laboral é algo bem evidente no Brasil, como mostrou a pesquisa “Repensar o ensi- no médio”, do movimento Todos Pela Educação, realizada pela Multifocus e apoiada pelo Itaú BBA e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Do total de 1.551 estudantes brasileiros de 15 a 19 anos entrevistados em 2016, aproximadamente 78% deles deram um grau de importância 9 ou 10 para Ideias para inspirar: • Diagnóstico, planejamento, escuta e parceria foram essenciais para a criação e a execução da política do Ensino Médio em Tempo Integral Profissional de Minas Gerais desde o início de 2019. • Educação Integral e Profissional juntas melhoram a formação e aumentam as chances de inserção qualificada do jovem no mundo produtivo. • Na nova proposta educacional, o estudante é o grande protagonista da escola, que se reorganiza para formá-lo integralmente para a vida e para o trabalho. matérias de formação profissional, técnica e de aconselhamento para o futuro (escolha da profissão, como se portar no trabalho etc.). Além disso, a maioria deles demonstrou interesse em ter formação técnica profissional na escola: em torno de 77% aceita- riam trocar um terço das matérias do ensino médio por disciplinas técnicas eletivas e 95% disseram querer saber mais sobre a Educação Profissional e Tecnológica. 41 4242 Desenho e execução da política: atuação de rede de parceiros 42 CAPÍTULO 2 43 “Meu sonho é me tornar uma profissional excelente na área do direito. Por mais que pareça distante do meu curso atual, que é logística, sei que a formação que estou recebendo me prepara para a vida e para o mercado. São conhecimentos que vão além do que uma escola ‘normal’ pode nos dar, e isso me ajudará a concretizar meu objetivo.” Eduarda de Oliveira Dias, estudante do curso de logística na Escola Estadual Professor Arlindo Pereira, em Poços de Caldas Um antigo ditado diz que se alguém quiser andar rápido, deve ir sozinho, mas, se quiser ir longe, deve seguir em boa companhia. A equipe da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais escolheu a segun- da alternativa ao estruturar e imple- mentar sua nova política de EMTI e de EMTI Profissional. Para isso, teceu uma potente rede com parceiros ex- perientes para sua intensa jornada de ampliar com qualidade a oferta de um ensino integral e integrado, junto com o preparo para o mundo do trabalho, em benefício de milha- res de jovens mineiros. As organizações parceiras do terceiro setor desempenharam o importante papel de fornecer suporte e de auxi- liar tecnicamente a equipe a estrutu- rar e a executar a política e sua expan- são, trazendo seus conhecimentos e resultados já comprovados em outros estados brasileiros, bem como seus modelos, visões e metodologias, que foram adaptados, flexibilizados e in- dividualizados para a realidade de Minas Gerais, num fértil intercâmbio de saberes e também com um contí- nuo aprimoramento e adaptação na forma de atuarem em grupo. Em outras palavras, cada organização contribuiu com o que já tem de me- lhor em suas iniciativas, sem perder suas identidades, concebendo e exe- cutando com sensibilidade, ao lado CAP. 2 44 da Secretaria de Estado de Educação, as estratégias, os direcionamentos e as ações táticas. Os parceiros com- puseram uma rede inédita para a atuação conjunta no estado e a cria- ção de soluções combinadas, em um processo que demandou adaptações de todas as partes, fossem nas meto- dologias ou nas formações docentes. Foi criado um Plano de Trabalho, com objetivos e ações para os aspectos pe- dagógicos, de formação e de gestão escolar, administrativos e financeiros, que passou por várias alterações e ajustes a cada necessidade. Participaram da rede cinco organiza- ções, aqui listadas emordem alfabéti- ca: ICE (Instituto de Corresponsabilida- de pela Educação); IET (Itaú Educação e Trabalho); Instituto Natura; Instituto Sonho Grande; e Sebrae-MG (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque- nas Empresas de Minas Gerais). “Contamos com todos esses parceiros num acordo de cooperação técnica porque temos a compreensão de que cada um deles é muito competente no que faz e tem trajetórias já reco- nhecidas na área. Colocamos então nossa visão sistêmica para garantir a sustentabilidade dessa integração de parceiros e evitar sobreposição de ações”, explica a secretária de Educa- ção, Julia Sant'Anna. Para ela, os parceiros foram gene- rosos e corajosos ao levarem a Mi- nas Gerais movimento, dinamização e experiência de outros lugares e modos de fazer que já deram certo. Enquanto ocorria o trabalho no ter- ritório mineiro, eles também esta- vam operando em outros estados e trazendo novas contribuições desses locais, o que é algo bastante enri- quecedor. A parceria de inovações em conteúdo, método e gestão para o EMTI Profissional criou, portanto, um novo paradigma de institucio- nalidade entre poder público e or- ganizações do terceiro setor em tor- no da causa da educação pública: a corresponsabilidade como motor da mudança. Juntos, somaram es- forços, competências, tecnologias e se corresponsabilizaram pelo alcan- ce dos objetivos sociopolíticos da política pública. Papel de cada parceiro O Instituto Natura contribuiu com a gestão da secretaria em ações que prepararam os caminhos para a poste- rior implantação concreta da política. Entre elas constam: planejamento de custeio, com identificação de econo- mias de custo na secretaria que garan- tem a sustentabilidade da política de EMTI; reestruturação e aprimoramen- to dos sistemas estaduais de matrícu- la e de “enturmação” de estudantes; apoio à rede mineira na melhoria do uso dos recursos da política de fomen- to federal para o EMTI; e apoio técnico à equipe da secretaria, o que a ajudou na tomada de decisões. 45 Ao mesmo tempo, o Instituto Natura, em parceria com o Instituto Sonho Grande, apoiou em Minas Gerais a implantação, desde meados de 2019, do modelo educacional da Escola da Escolha, do ICE. As Diretrizes Pedagó- gicas e Operacionais do Programa do Ensino Médio em Tempo Integral nas dimensões pedagógica e de gestão foram incorporadas em convergência e à luz da conceituação e da expertise do ICE, com o qual a secretaria firmou uma parceria na implementação do Modelo da Escola da Escolha. Tal mo- delo considera o estudante em suas múltiplas dimensões: afetiva, emo- cional, social, física, cultural e ética, localizando-o em diversos contextos da vida pessoal, social e produtiva, e ultrapassa a ideia de educação priori- tariamente focada na dimensão cog- nitiva. Proporciona, ao mesmo tem- po, três eixos formativos: a Formação Acadêmica de Excelência, a Forma- ção de Competências para o Século XXI e a Formação para a Vida. A Escola da Escolha permite as condi- ções para que os estudantes constru- am uma visão de si próprios no futuro e executem-na, valendo-se do prota- gonismo como mobilizador de forças, talentos e potencialidades para essa construção, que se materializa no Pro- jeto de Vida, solução central do mode- lo. Os estudantes são levados a refletir sobre seus sonhos, desejos, ambições e aquilo que desejam para suas vidas. A operacionalização do modelo se dá pela ampliação do tempo de perma- nência dos estudantes na escola, na perspectiva da “Pedagogia da Presen- ça”, com o estímulo contínuo de uma cultura mais colaborativa e contribu- tiva entre todos (equipes de gestão, professores, corpo técnico-adminis- trativo e estudantes), que são os cor- responsáveis por gerar o trabalho que transforma a intenção educativa de formação de um estudante autôno- mo, solidário e competente em uma ação efetiva (mais detalhamento no capítulo 3). Projeto escolar Concepção dos princípios e metodologias Currículo Concepção da prática pedagógica Tempo integral Indicação de estratégias para operar o currículo 46 Carolina Ilidia Faria, gerente de Ensino Médio do Instituto Natura, avalia que a política de EMTI garante o desenvol- vimento pleno dos estudantes, como alguns estados já têm mostrado: “Ela coloca o estudante no centro, cons- truindo toda a abordagem e a metodo- logia a partir de quem ele é e de quem sonha ser. É uma política de sucesso, com bons indicadores, que melhora o aprendizado e é potente também como uma ferramenta de combate às desigualdades sociais no nosso país”. A participação do ICE em Minas Ge- rais se deu em dois âmbitos e em dois momentos. O primeiro consistiu no de- senho do projeto educacional com a Secretaria de Educação e com os par- ceiros; o segundo focou a implantação do modelo educacional do EMTI com as equipes escolares, com acompanha- mento formativo e apoio local e pre- sencial nas instituições de ensino, com recomendações para ações corretivas, por meio de atuação pedagógica e de gestão, que prevê o desenvolvimento de plano de ação (estratégico), pro- gramas de ação (operacional) e oferta de processos formativos. No início, em meados de 2019, uma parte dos com- ponentes do modelo não foi posta em prática em virtude das condições desfa- voráveis encontradas na rede estadual em 2018, bem como pela necessidade de se fazer uma transição mais suave entre a política de Educação Integral que já havia nas escolas e aquela que passou a existir. Para o desenho da proposta curricu- lar junto com a secretaria e parcei- ros, a equipe do ICE levou em conta inovações em conteúdo, método e gestão, fundamentos e conceitos dos parceiros das áreas de formação téc- nica e profissional, identificou e reco- nheceu convergências de atuação e flexibilizou a carga horária de algu- mas Metodologias de Êxito para, en- tão, desenhar de forma coletiva um currículo que de fato se articulasse e que não tivesse sobreposições de componentes e conteúdo. O ICE também apoiou os parceiros no acompanhamento e na coleta dos seus próprios indicadores e colaborou com a análise de viabilidade futura da inclusão da Lei da Aprendizagem (Lei n. 10.097/2000) como uma das alter- nativas possíveis da Prática Profissio- nal dos cursos técnicos (detalhamento no capítulo 3). “A atuação com diferentes parceiros, com suas tecnologias próprias, trou- xe desafios e janelas de oportunida- des para aperfeiçoarmos nossa atu- ação. Além disso, a implantação da política exigiu um forte trabalho de sensibilização e de diálogo com as equipes escolares, quase um muti- rão, para a adesão a um novo mode- lo que faz bem mais sentido para o estudante e que contribui, entre ou- tros, para diminuir a evasão escolar”, conta Thereza Paes Barreto, diretora pedagógica do ICE. 47 “Os 22 componentes curriculares no primeiro ano do Ensino Médio são intercalados e direcionados. Temos Eletivas com quatro conteúdos para os 132 jovens escolherem quais delas querem aprender. Eles fazem várias atividades aqui na escola, contam com Estudos Orientados, têm avaliação semanal, exercem o protagonismo em seus grupos, como os Clubes de leitura, dança, pingue-pongue, e participam de reuniões comigo para apresentarem suas reivindicações para a escola.” Patrícia Andrade de Faria Silva, diretora da Escola Estadual de Ensino Médio de Tupaciguara. 47 O Instituto Sonho Grande, por sua vez, deu suporte à secretaria por meio do uso de ferramentas que facilitam o planejamento da logística, infraestru- tura e expansão das escolas integrais. Realizou também avaliações sobre o impacto do programa, com foco na aprendizagem e nos efeitos socioeco- nômicos, com base em uma amostra de escolas, para analisar o andamen- to da política e prover a secretaria de informações. O Sonho Grande estabeleceu, ainda, uma agenda pública para a divulgação de informações sobre o Ensino Médio Integral e auxiliou no engajamento das comunidades locaisdo estado com o apoio em comunicação. “O processo foi rico e deixou muitos aprendizados para os parceiros, a secretaria e a rede”, pondera Vinicius Hojo, coordenador de implantação do instituto. O Itaú Educação e Trabalho prestou apoio técnico à secretaria para a im- plantação na rede estadual do Itinerá- rio de Formação Técnica e Profissional 48 Desenvolveu também um percurso formativo para educadores para a im- plementação de uma metodologia de articulação curricular que conta com a participação de diversos pro- fissionais da rede, de forma a, jun- tos, definirem quais competências e habilidades preparam melhor os es- tudantes para o mundo do trabalho, de acordo com o perfil de egresso de cada curso, assegurando-se os princí- pios da interdisciplinaridade, contex- tualização dos saberes e relação entre teoria e prática, visando a uma efetiva integração curricular entre a forma- ção geral e a Educação Profissional e Tecnológica, aliada ao Projeto de Vida do estudante. Com o auxílio de especialistas, o Itaú Educação e Trabalho criou as emen- tas dos três anos de cada um dos 19 cursos técnicos escolhidos pelo es- tado, as quais foram adaptadas de semestrais para anuais, em confor- midade com as regras de contrata- ção de docentes, e depois validadas pela rede, conforme as suas deman- das. Realizou ainda ações de apoio técnico (presenciais e a distância) para técnicos e/ou professores da rede e de auxílio no levantamento de especificações para os laborató- rios destinados aos cursos técnicos. “Além do contexto da pandemia, a equipe gestora de Minas Gerais lidou com questões desafiadoras, como a contratação de professores técnicos e a equação entre a implantação e a expansão do programa ao mesmo do Ensino Médio, com o propósito de melhorar a qualidade da Educação Profissional e Tecnológica no estado e ampliar o seu acesso. Ao lado dos parceiros, promoveu reuniões de su- porte técnico para servidores da rede para apresentação e desenvolvimen- to de conceitos, estratégias e meto- dologias, objetivando a Educação Profissional e Tecnológica integrada ao Ensino Médio. 49 tempo. Ainda assim, esteve muito aberta para rever a jornada forma- tiva e fazer adaptações necessárias no planejamento de forma bastante colaborativa”, analisa Cacau Lopes da Silva, gerente de Implementação e Desenvolvimento do Itaú Educação e Trabalho. O Sebrae-MG, que já oferece Educa- ção Empreendedora em centenas de escolas públicas de Minas Ge- rais por meio de solução própria – o PNEE (Programa Nacional de Edu- cação Empreendedora), de adesão espontânea pelas unidades de ensi- no –, ingressou na rede de parceiros após ICE e Itaú Educação e Trabalho. Realizou a construção e a inserção, nas matrizes do EMTI Profissional, do módulo de Preparação Básica para o Trabalho e Empreendedorismo, estruturado em quatro componen- tes curriculares, cujo objetivo é pro- mover a Educação Empreendedora transversal ao processo de formação do estudante ao longo de sua jor- nada de aprendizado e desenvolver nele competências e atitudes em- preendedoras para a vida. Cuidou também dos conteúdos do módulo, da abordagem metodoló- gica, dos objetos de aprendizagem e da estruturação da proposta me- todológica da formação dos edu- cadores sobre o assunto, utilizan- do sua experiência na execução de programa de Educação Empreen- dedora, de modo a assegurar que os estudantes possam concretizar seus projetos empreendedores, ao se perceberem como capazes de mudar suas vidas e de impactar o ambiente em que estão inseridos. Ao lado dos parceiros, o Sebrae-MG contribuiu com a revisão e a estrutu- ração das matrizes curriculares, com diálogos com empresas, a partir do estudo de polos produtivos da Se- dese, que ajudou na identificação e na escolha dos cursos profissionais. Diante da necessidade de ofertar conteúdo que pudesse favorecer o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes, bem como sua pre- paração inicial para a estruturação dos projetos empreendedores, tam- bém desenvolveu, com a equipe da secretaria, um PET (Plano de Estu- dos Tutorado) sobre Educação Em- preendedora, como formação com- plementar para os estudantes. “O Sebrae fez uma construção custo- mizada para a secretaria a partir da sua experiência. Para cada deman- da, criamos uma construção espe- cífica para trabalhar as competên- cias e atitudes empreendedoras no jovem. Não trouxemos nossos pro- gramas prontos para serem execu- tados. Nos encontros com professo- res, usamos metodologias ativas de cocriação, pautadas, por exemplo, no design thinking, com os próprios participantes retroalimentando a formação”, conta Fabiana Pinho, ge- rente de Educação e Empreendedo- rismo do Sebrae-MG. 50 Papel resumido de cada parceiro - Modelo da Escola da Escolha. - Análise de convergên- cias de metodologias dos parceiros. - Acompanhamento da gestão e do trabalho pedagógico nas escolas. - Articulação curricular entre acadêmico e técnico. - Criação de ementas de cursos técnicos. - Levantamento de requisitos para laboratórios. - Melhorias em sistema de matrículas e “enturmação”. - Apoio técnico em gestão e racionalização de custos. "Educação é tarefa coletiva, realizada pela sociedade, família e comunidade escolar. O ICE e seus parceiros trabalham para formar cidadãos plenos, protagonistas e responsáveis para atuar nos diversos contextos da vida. Esse é o foco da Escola da Escolha.” Marcos Antônio Magalhães, presidente “Temos um princípio no IET de tentar atuar sempre em parceria com outras instituições e empresas, porque pensar, dialogar e construir em conjunto, flexibilizar e adaptar, tudo isso tende a gerar resultados melhores e mais duradouros para a formação do jovem.” Ana Inoue, superintendente “A Política de Ensino Médio em Tempo Integral garante o desenvolvimento pleno dos estudantes. Ela coloca o aluno no centro, construindo toda a abordagem e metodologia a partir de quem ele é e de quem ele sonha ser. Essa construção de saber inclui, também, as expectativas de aprendizagem do Ensino Médio e o desenvolvimento acadêmico dos alunos. Os resultados apresentados no IDEB confirmam o sucesso dessa política para as redes.” David Saad, diretor-presidente 51 Papel resumido de cada parceiro - Planejamento de logística, infraestrutura e expansão das escolas. - Avaliações sobre o impacto do modelo. - Divulgações sobre ensino médio integral para engajar comunidades. - Componente curricular Preparação Básica para o Trabalho e Empreendedorismo. - Plano de Estudos Tutorado sobre Educação Empreendedora. - Diálogos com empresas na revisão das matrizes curriculares. - Estruturação de formações para professores em Educação Empreendedora. "Acreditamos no modelo integral como política pública de sucesso para a formação dos jovens. Evidências de estudos demonstram os bons impactos do Ensino Médio em Tempo Integral na aprendizagem e no desenvolvimento de habilidades socioemocionais.” Ana Paula Pereira, CEO “A parceria do Sebrae Minas com a SEE/MG e os parceiros, para a estruturação do Ensino Médio Integral, é de extrema relevância para construirmos um ensino público de qualidade e transformador. O Sebrae Minas entende a importância de levar conteúdos de empreendedorismo para os currículos escolares, que estimulem a formação de jovens estudantes protagonistas de suas vidas, capazes de transformar a sua própria realidade e o mundo ao seu redor.” João Cruz Reis Filho, diretor técnico 52 Fortalezas da rede coletiva A criação e a execução da política exi- giram dezenas de reuniões técnicas de trabalho, presenciais e remotas, bem como esforços de adaptação dos parceiros para a criação de soluções específicas para Minas Gerais. A rede de parceiros é inovadora e singular por diferentes motivos. Ela reuniu or- ganizações do terceiro
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