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ENSINO MÉDIO EM TEMPO INTEGRAL PROFISSIONAL DE MINAS GERAIS

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1
ENSINO MÉDIO EM TEMPO
INTEGRAL PROFISSIONAL
DE MINAS GERAIS 
Construção de
política inovadora
com rede de parceiros1
EN
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IS
1
2
3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
E59
 Ensino médio em tempo integral profissional de Minas Gerais : construção de
 política inovadora com rede de parceiros / Secretaria de Estado da Educação
 de Minas Gerais. – Belo Horizonte, MG : SEEMG, 2021.
 124 p. : il, color
 Bibliografia: p. 114-119.
 1. Ensino Médio. 2. Ensino profissional - Planejamento. 3. Educação
 integral - Minas Gerais. 4. Inovações educacionais - Minas Gerais. 5.
 Currículos - Mudança. 6. Currículos - Planejamento. 7. Políticas públicas de
 educação. I. Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. II. Título.
CDD: 370.11
CDU: 37.035.3
Ficha catalográfica elaborada por Pollyanna Iara Miranda Lima - CRB 6/3320
5
COORDENAÇÃO GERAL
Governo do Estado de Minas Gerais
Secretaria de Estado de 
Educação de Minas Gerais
Secretária de Estado de Educação
Julia Figueiredo Goytacaz Sant’Anna 
Secretária de Estado 
Adjunta de Educação
Geniana Guimarães Faria
Subsecretaria de Desenvolvimento 
da Educação Básica
Izabella Cavalcante Martins
Superintendência 
de Políticas Pedagógicas
Esther Augusta Nunes Barbosa
Superintendência de 
Avaliação Educacional
Joyce Soares Rodrigues Petrus
Diretoria de Avaliação da 
Aprendizagem Escolar
Marcela Marques dos Reis
Coordenadora Geral de Ensino Médio 
Integral e Educação Profissional
Flávia Paola Félix Meira
Coordenadora do
Ensino Médio Integral
Cláudia Maria da Silva Lobo
Coordenadora da 
Educação Profissional
Amanda Aparecida 
Barboza da Silva Santos
COORDENAÇÃO
E ORGANIZAÇÃO
EDITORIAL
ICE (INSTITUTO DE 
CORRESPONSABILIDADE 
PELA EDUCAÇÃO)
Presidente
Marcos Antônio Magalhães
 
Diretora Pedagógica
Thereza Barreto
Supervisora de Projetos
Christiane Cruz
INSTITUTO NATURA
Diretor-presidente
David Saad
Gerente de 
Políticas Públicas 
de Ensino Médio
Carolina Faria
Analista de 
Projetos Sênior
Yuri Oliveira
EXPEDIENTE
6
INSTITUTO SONHO GRANDE
Diretora-executiva
Ana Paula Pereira
Coordenador 
de Implantação
Vinicius Hojo
Analista de Projetos
Pedro Távora
ITAÚ EDUCAÇÃO 
E TRABALHO
Superintendente
Ana Inoue
Gerente de Gestão 
do Conhecimento
Carla Chiamareli
Gerente de Implementação 
e Desenvolvimento
Cacau Lopes da Silva
Assessora em Educação
Beatriz Lomonaco
Especialista 
em Implementação 
e Desenvolvimento
Luis Fernando Lima 
SEBRAE-MG (SERVIÇO 
BRASILEIRO DE APOIO 
ÀS MICRO E PEQUENAS 
 EMPRESAS DE MINAS GERAIS)
Superintendente 
Afonso Maria Rocha
Diretor de Operações
Marden Márcio Magalhães
Diretor Técnico 
João Cruz Reis Filho
Gerente de Educação 
e Empreendedorismo
Fabiana Ribeiro de Pinho
Analista de Educação 
e Empreendedorismo
Cacilda Maria de Almeida
Texto e Edição
Fabiana Pereira e Solange A. Barreira 
Revisão
Ana Maria Barbosa
Projeto Gráfico
Popcorn Comunicação
Editoração Eletrônica
Olivia Binotto
7
Este livro é dedicado 
a todos os estudantes 
e professores de 
Minas Gerais, que 
são a razão de ser 
do trabalho diário da 
equipe da Secretaria 
de Estado de Educação 
e de seus parceiros 
em prol de um ensino 
público de qualidade 
e transformador.
8
9
APRESENTAÇÃO
PARTE 1
ESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA DE EMTI PROFISSIONAL
CAPÍTULO 1 
POLÍTICA DE EMTI PROFISSIONAL
Proposta da gestão
Racionalização de recursos
Modelo educacional e formações
Apoio da Sedese e escolha de cursos
Razões e justificativas da Educação Integral
Educação Profissional e Tecnológica
CAPÍTULO 2 
DESENHO E EXECUÇÃO DA POLÍTICA: 
ATUAÇÃO DE REDE DE PARCEIROS
Papel de cada parceiro
Fortalezas da rede coletiva
Importância da governança
Perfil de cada parceiro
11
15
16 
21
24
28
30
34
39
42 
 
44
52
55
58
SUMÁRIO
10
PARTE 2
APLICAÇÃO DA POLÍTICA DE 
EMTI PROFISSIONAL NA ESCOLA
CAPÍTULO 3 
CURRÍCULO ARTICULADO NO CENTRO DA POLÍTICA
Inovação curricular
Bases e fundamentos
Educação profissional emancipatória
Modelo de gestão
Formação e acompanhamento do professor
CAPÍTULO 4 
SÍNTESE GRÁFICA DA CONSTRUÇÃO COLETIVA
PERSPECTIVAS PARA O FUTURO E NOVOS DESAFIOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
65
 
66 
78
83
90
93
99
106
 
116
120
11
A Secretaria de Estado de Educação 
de Minas Gerais, tendo como maior 
desafio melhorar a gestão educacio-
nal no estado, por meio de projetos 
que visam ao avanço dos indicadores 
de qualidade da educação e à qua-
lificação dos jovens mineiros, buscou 
trabalhar para oferecer um Ensino 
Médio moderno, com conteúdo apri-
morado e, principalmente, que possi-
bilite ao jovem planejar o seu futuro.
O modelo do nosso Ensino Médio em 
Tempo Integral dialoga não apenas 
com os conteúdos básicos, definidos 
no currículo, mas trabalha com uma 
metodologia de atenção à formação 
do jovem como protagonista de sua 
própria vida, bem como de sua in-
serção no mercado de trabalho atu-
al. Com esse novo formato que une o 
Ensino Médio em Tempo Integral e a 
Educação Profissional e Tecnológica 
de nível médio, a SEE/MG pretende 
potencializar as aprendizagens e au-
mentar as opções de escolha do estu-
dante para seu presente e futuro.
Desde o início desta gestão, uma série 
de medidas concretas vêm sendo to-
madas pela secretaria para tornar essa 
política pública uma realidade: pla-
nejamento, adequação de orçamen-
to, estratégias, melhoria de processos, 
ações táticas e cooperações, dentro 
e fora do governo. É um trabalho de 
muito diálogo e integração entre as 
SREs (Superintendências Regionais 
de Ensino), gestores escolares, es-
tudantes, equipes pedagógicas, co-
munidade escolar, além de nossos 
parceiros externos. Tal processo de-
manda esforço de toda equipe e exi-
ge foco e celeridade na correção de 
rotas, diante dos percalços que a me-
lhoria do Ensino Médio impõe, não só 
a Minas Gerais, mas a todo o país. 
Para elaborar e implementar uma 
política pública de forma eficien-
te, é essencial o envolvimento não 
apenas do gestor, mas de todos os 
atores compreendidos no processo. 
Na construção do Ensino Médio em 
Tempo Integral Profissional, foi funda-
mental uma visão sistêmica, que per-
mitiu realizar um amplo diagnóstico. 
Com isso, conseguiu-se desenhar e 
realizar ações que levaram em conta 
custos, recursos humanos, infraestru-
tura, logística, integração, metodolo-
gia, formação do professor, realidade 
de cada escola, entre outros pontos. 
Minas Gerais é um estado marcado 
por sua diversidade cultural e geográ-
fica e por sua potencialidade produ-
tiva, o que torna um desafio diário a 
APRESENTAÇÃO
12
garantia da formação adequada dos 
jovens mineiros, que, em breve, pode-
rão atuar para ajudar Minas a prosperar. 
A escolha dos cursos profissionalizan-
tes ofertados é determinada pela de-
manda de empregabilidade regional. 
Para que a oferta dos cursos técnicos 
atendesse às necessidades das dife-
rentes regiões, foram realizados estu-
dos abrangendo as 12 mesorregiões 
do estado, conforme divisão do IBGE 
(Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística). Também foram utilizadas 
informações do mercado de trabalho 
formal, na tentativa de captar as ten-
dências do emprego no nível local. 
O estudo resultou de uma parceria 
entre as Secretarias de Estado de De-
senvolvimento Social (Sedese), De-
senvolvimento Econômico (Sede) e 
de Educação (SEE). Partindo desse 
esforço, foi possível identificar ocu-
pações que apresentam maior po-
tencial de contratação e, a partir de-
las, direcionar a oferta dos cursos. O 
alinhamento às necessidades e di-
nâmicas de contratação dos setores 
empregadores contribuirá, inclusive, 
para a empregabilidade e a inserção 
do jovem no mundo do trabalho. 
O resultado dessa trajetória é uma 
política sólida, com uma arquiteturapedagógica bastante alinhada à rea-
lidade dos jovens e das unidades de 
ensino, na qual o estudante é o pro-
tagonista de seu processo de apren-
dizagem e desenvolvimento, a escola 
o acolhe e reconhece sua integrali-
dade como sujeito e, acima de tudo, 
oferece-lhe um ensino com sentido 
e significado. Formações específicas 
para os professores também vêm 
assegurando o apoio, a acolhida e o 
preparo necessários ao docente, fun-
damental para o sucesso da política.
O programa anterior de Educação em 
Tempo Integral foi remodelado, tanto 
do ponto de vista da matriz curricu-
lar, como em termos da sua susten-
tabilidade financeira e operacional. 
Hoje, o currículo integrado à Educa-
ção Profissional e Tecnológica, já em 
conformidade com o Novo Ensino 
Médio, traz para Minas Gerais quatro 
aspectos que se interligam de forma 
harmônica e com coerência: a Base 
Nacional Comum Curricular, a Base 
Técnica específica, a Formação Diver-
sificada e a Preparação Básica para o 
Trabalho e Empreendedorismo.
Ao todo, 19 novas matrizes curricu-
lares foram criadas com base em 
critérios como o potencial econô-
mico de cada região e de empre-
gabilidade, o que eleva as chances 
de inserção produtiva qualificada 
dos jovens. Desse modo, conciliar as
13
muitas possibilidades que a Educa-
ção Integral e a Profissional ofere-
cem significa dar um salto de qua-
lidade na formação de milhares de 
estudantes, com uma escola mais 
atraente e que os conecta às exigên-
cias do mundo produtivo. 
Nesse caminhar, as parcerias com 
organizações do terceiro setor foram 
importantes no processo porque 
trouxeram de fora um olhar técnico e 
analítico. Compondo uma rede ino-
vadora, diferentes parceiros com atu-
ação pelo Brasil, cada qual com seus 
saberes e preciosidades, ouviram as 
reais demandas do estado e, então, 
adaptaram, flexibilizaram e convergi-
ram suas metodologias e conteúdos, 
sem perder suas identidades, evitan-
do sempre sobreposição de ações e 
com o foco na união de esforços para 
alcançar os resultados propostos 
pela política, os quais têm impacto 
positivo na vida dos estudantes e na 
sociedade como um todo.
Assim, este livro mostra a construção 
de uma política em total sintonia com 
os reais desafios da educação. O ca-
pítulo 1 traz um panorama dos desa-
fios e detalha aquilo que foi realizado 
e o porquê dessa política. No capítu-
lo 2, encontram-se procedimentos, 
14
caminhos e soluções coletivas para 
o desenho e a implementação das 
ações, incluindo a rede de parceiros. O 
capítulo 3 apresenta a concepção de 
currículo com componentes articu-
lados e a convergência de modelos 
e métodos e traz um olhar especial 
para a formação docente. Por fim, o 
capítulo 4 mostra um resumo grá-
fico das ações executadas durante 
esse complexo processo de constru-
ção conjunta.
O objetivo de nossa gestão é conse-
guir expandir e consolidar o Ensino 
Médio em Tempo Integral Profissio-
nal, deixando um legado para a po-
pulação mineira. A caminhada tem 
sido intensa, e já há avanços que po-
dem ser ressaltados. O número de es-
colas de Educação Integral saltou de 
78, em 2019, para 391, em 2021. Dentre 
estas, as que ofertam o técnico profis-
sional subiram de 7 para 63.
Minas Gerais, terra vasta, fértil e po-
pulosa, forjada em minérios e la-
vouras, de importantes educadores, 
escritores e poetas, merece um En-
sino Médio em Tempo Integral Pro-
fissional de qualidade, que seja ve-
tor de prosperidade para os jovens 
e suas famílias. E, como nos lembra 
Guimarães Rosa, no clássico Grande 
Sertão: Veredas, “o real não está na 
saída nem na chegada: ele se dispõe 
para a gente é no meio da travessia”. 
Então, sigamos na caminhada pela 
melhoria da Educação.
Boa leitura!
Julia Figueiredo Goytacaz Sant'Anna
Secretária de Educação 
do Estado de Minas Gerais
15
PARTE 1
ESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA 
DE EMTI PROFISSIONAL
15
1616
CAPÍTULO 1
Política de
EMTI Profissional
17
Minas Gerais é um dos mais impor-
tantes estados do Brasil e apresenta 
muitos desafios e oportunidades de 
desenvolvimento em diferentes áreas, 
entre elas a educação. É o que apon-
ta o panorama de números e dados 
da breve radiografia a seguir, que ser-
ve de base para a discussão sobre o 
Programa de EMTI (Ensino Médio em 
Tempo Integral) Profissional mineiro 
detalhado neste livro. 
De forma resumida, o programa tem 
o compromisso de promover a for-
mação integral e a inclusão social 
dos adolescentes e jovens mineiros, 
propiciando-lhes oportunidades de 
desenvolvimento humano, exercício 
efetivo da cidadania e preparação 
técnica de nível médio para o mundo 
do trabalho (o detalhamento da pro-
posta consta nas próximas páginas).
• Ocupando um extenso território de 
mais de 586,5 mil quilômetros qua-
drados, o estado agrega o maior nú-
mero de municípios do país: 853. 
Neles vivem mais de 21 milhões de 
habitantes, número que o faz ocu-
par o segundo lugar de estado mais 
populoso, atrás apenas de São Paulo. 
Só na capital, Belo Horizonte, concen-
tram-se 2,5 milhões de pessoas (IBGE, 
Diretoria de Pesquisas, Coordenação 
de População e Indicadores Sociais, 
Estimativas da população residente 
com data de referência de 1º de julho 
de 2019).
• Com um PIB (Produto Interno Bru-
to) estadual de 2018 de R$ 614.876 
milhões (Fundação João Pinheiro; 
IBGE), Minas Gerais tem a terceira 
maior economia do Brasil, logo após 
Rio de Janeiro e São Paulo. O setor 
“Minha perspectiva de 
futuro é concluir o Ensino 
Médio integral, fazer o 
Enem e entrar em uma 
faculdade de engenharia 
elétrica. Com o ensino 
integral profissionalizante, 
estarei mais preparada 
e sairei na frente de 
muitas pessoas.”
Letícia Faria Pereira Prado, 
estudante do curso de eletroeletrônica 
na Escola Estadual Francisco Inácio 
Peixoto, em Cataguases
CAP. 1
Política de
EMTI Profissional
18
econômico mais produtivo é o de 
serviços (44,67% do PIB estadual), se-
guido pela indústria (23,23%), admi-
nistração e serviços públicos (15,17%) 
e, por fim, agropecuária (4,56%).
• Estima-se, para 2021, um total de 
mais de 858 mil jovens mineiros com 
idades entre 15 e 17 anos e mais de 2,26 
milhões entre 18 e 24 anos, segundo as 
projeções populacionais do IBGE. Jun-
tos, esses jovens totalizam 14,57% dos 
habitantes, ou cerca de 3,12 milhões 
de pessoas que têm direito constitu-
cional ao desenvolvimento pleno e 
cuja formação demanda a conjuga-
ção de políticas públicas de diferentes 
áreas e instâncias do governo.
• Quanto aos estudos e à ocupação 
formal, Minas Gerais apresenta pre-
ocupantes índices de jovens de 15 a 
29 anos que não estudam nem estão 
ocupados: em 2019, eram 17,62%, ou 
quase dois em cada dez, de acordo 
com a Síntese de Indicadores Sociais 
do IBGE, realidade esta que precisa 
ser superada. Desses jovens de 15 a 
29 anos, 16% estudam e estão ocupa-
dos, enquanto 26,04% só estudam e 
40,34% só estão ocupados.
• Segundo a PNAD contínua de 2019, 
o Índice de Gini do rendimento domi-
ciliar per capita do estado foi de 0,488 
(quanto mais próximo de 1, maior a 
concentração da riqueza). Em 2020, a 
taxa de desocupação ficou em 14,4% 
no estado, o que atinge elevada par-
cela de jovens. 
• Na área educacional, tanto os nú-
meros quanto os desafios são igual-
mente expressivos. Minas Gerais tem 
18
R
af
ae
l F
er
n
an
d
es
19
15.875 estabelecimentos de ensino 
que atendem 4.328.917 estudantes 
matriculados na Educação Básica, 
de acordo com a Sinopse Estatística 
do Censo Escolar 2020 do Inep, e a 
rede estadual de ensino é respon-
sável por cerca de 43% (42,84%) de 
toda essa demanda.
• Minas Gerais tem 3.570 escolas es-
taduais em funcionamento e, pela 
Sinopse Estatística do Censo Escolar 
2020 do Inep, 2.360 delas recebem 
614.083 matrículas do Ensino Médio 
parcial (88,90% do total de matrícu-
las no Ensino Médio de tempo par-
cial), 177 estabelecimentos de ensi-
no de curso técnico integrado (83) e 
do curso técnico concomitante (94), 
além de 8.794 matrículas no curso 
técnico integrado (6.314)e no curso 
técnico concomitante (2.490). Há ain-
da 107 estabelecimentos de ensino 
de curso técnico subsequente; 5.375 
matrículas no curso técnico subse-
quente, que correspondem a 22,95% 
das matrículas na educação profissio-
nal regular da rede estadual (total de 
23.418 matrículas).
• No que se refere ao contingente 
de profissionais da educação, entre 
efetivos e de contratação temporá-
ria, segundo o Censo da Educação 
Básica 2020 do Inep, havia cerca 
de 86 mil professores nas escolas 
estaduais, além de outros cerca de 
113 mil profissionais de apoio de fun-
ções variadas. Só o Ensino Médio nas 
escolas estaduais mineiras (exceto 
EJA – Educação de Jovens e Adultos) 
contava, no mesmo ano, com 23.340 
docentes efetivos da formação aca-
dêmica (propedêutica) e com 785 da 
Educação Profissional e Tecnológica 
de nível médio – a título de compa-
ração, no estado de São Paulo, esses 
números eram, respectivamente, 
54.670 e 1.441.
• Em termos de avanços educacio-
nais, essencialmente, Minas Gerais 
tem hoje de melhorar a aprendiza-
gem e, ao mesmo tempo, reduzir 
desigualdades, por meio do enfren-
tamento de gargalos limitantes no 
Ensino Médio da rede estadual, como 
distorção idade-série dos estudantes 
(26,2%), de acordo com o Censo da 
Educação Básica 2020 do Inep, taxa 
de reprovação (11,9%) e taxa de aban-
dono (5,3%), conforme dados de 2019 
do Inep. Significa, portanto, que um 
número importante de jovens se en-
contra atrasado em sua formação ou 
está fora da escola.
• Assim como em alguns outros es-
tados do país, o Ideb (Índice de De-
senvolvimento da Educação Básica) 
do Ensino Médio de escolas estadu-
ais de Minas Gerais, indicador calcu-
lado pela taxa de rendimento escolar 
(aprovação) e médias de desempe-
nho nas avaliações nacionais, situa-
va-se abaixo da meta e estagnado de 
2007 a 2017, bem como aquém das 
metas projetadas desde 2013, embo-
ra tenha alcançado o valor mais alto, 
4, pela primeira vez em 2019.
20
É importante destacar que, desde 
dezembro de 2018, Minas Gerais conta 
com um Plano Estadual de Educação 
(Lei n. 23.197/2018) de 18 metas que 
devem orientar as políticas educacio-
nais do estado até 2024. Alinhado aos 
preceitos do PNE (Plano Nacional de 
Educação) ou Lei n. 13.005/2014, o pla-
no mineiro prevê a universalização do 
atendimento escolar à população de 
15 a 17 anos, elevando a taxa líquida de 
matrícula para 85% no Ensino Médio.
O plano também indica a renovação 
dessa etapa de ensino, com equipa-
mentos, laboratórios e material didá-
tico adequados, formação continuada 
de profissionais da educação e articu-
lações com instituições acadêmicas, 
esportivas, culturais, entidades sindi-
cais, movimentos sociais e organiza-
ções da sociedade civil. O documento 
aponta ainda o desenvolvimento de 
currículos escolares que organizem, 
de maneira flexível e diversificada, 
3ª série EM - Rede Estadual
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
6 
4 
2 
0 
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
6 
4 
2 
0 
3.4
3.6 3.5 3.6
44
4.4
4.8
5
5.3
3.5 3.6 3.7
 Resultados em azul referem-se
ao Ideb que atingiu a meta.
Estado de Minas Gerais
 Ideb observado 
 Metas projetadas
Fonte: Portal do Ideb. 
Disponível em: http://ideb.inep.gov.
br/resultado/resultado/resultado.
seam?cid=3264320. 
Acesso em: 23 de nov. de 2020.
21
conteúdos obrigatórios e eletivos ar-
ticulados em dimensões como ciên-
cia, trabalho, linguagens, tecnologia, 
cultura, esporte e cidadania.
Em relação à Educação Profissional e 
Tecnológica no Ensino Médio, Minas 
Gerais se comprometeu a triplicar o 
número de matrículas, com expan-
são de, no mínimo, 50% desse aten-
dimento na escola pública, a ampliar 
a oferta de programas de reconheci-
mento de saberes para a certificação 
profissional em nível técnico, a ofere-
cer infraestrutura adequada e a ga-
rantir capacitação a professores e de-
mais profissionais das instituições de 
ensino. Há também o compromisso 
de elevar a taxa média de conclusão 
dos cursos técnicos de nível médio 
para 90%, assim como estimular a 
expansão do estágio na Educação 
Profissional e Tecnológica de nível 
médio e no Ensino Médio parcial.
Proposta da gestão
Em vista de todas essas questões já 
descritas que permeiam o Ensino 
Médio, a última etapa obrigatória da 
Educação Básica brasileira, o gover-
no estadual de Minas Gerais elegeu 
a Educação Integral como um proje-
to estratégico e prioritário. Levou em 
conta que assegurar o direito à edu-
cação de qualidade é essencial ao de-
senvolvimento do jovem autônomo, 
solidário e competente, de modo a 
prepará-lo para exercer a cidadania e 
qualificá-lo para o mundo do trabalho 
e considerando que a Educação Inte-
gral proporciona ganhos de formação 
para os estudantes e, consequente-
mente, para toda a sociedade, diante 
de um mundo globalizado com mu-
danças cada vez mais velozes.
Em uma unidade federativa com con-
siderável diversidade interna e varia-
das demandas locais nos territórios, 
encontrar novas saídas e soluções exi-
giu do governo estudos sobre a reali-
dade e tentativas para mudá-la por 
meio de medidas estruturantes que 
pavimentaram o caminho para a pos-
terior melhoria da oferta nas escolas. 
Esforços combinados e intencionais, 
de gestão e pedagógicos, fizeram com 
que Minas Gerais conte hoje com uma 
política inovadora e consistente de 
EMTI (Ensino Médio em Tempo Inte-
gral) e de EMTI Profissional, em franca 
e sustentada expansão, que se conso-
lida pouco a pouco.
A proposta do Programa de Ensino 
Médio em Tempo Integral está em 
conformidade com o Novo Ensino 
Médio (Lei n. 13.415/2017), que au-
menta a carga horária mínima das 
aulas e possibilita aos estudantes a 
escolha de itinerários ou caminhos 
formativos para aprofundar seus 
estudos, podendo optar por com-
ponentes curriculares eletivos que 
têm mais a ver com seus interesses, 
bem como com a BNCC (Base Na-
cional Comum Curricular), a qual 
estabelece o conjunto de apren-
dizagens essenciais que todos os 
estudantes devem desenvolver na 
etapa. A proposta educativa tem o 
jovem e seu Projeto de Vida como 
22
a centralidade do modelo educa-
cional das escolas EMTI, e todos os 
envolvidos no processo de ensino e 
aprendizagem dos estudantes pre-
cisam estar comprometidos com os 
Princípios Pedagógicos, Eixos For-
mativos, Práticas Educativas e Me-
todologias de Êxito (ler mais sobre 
a metodologia no capítulo 3).
Para a Secretaria de Estado de Edu-
cação, o Ensino Médio Integral Profis-
sional tem o objetivo geral de ofere-
cer aos estudantes formação integral 
que contemple todas as dimensões 
humanas, incluindo as vinculadas ao 
mundo do trabalho, compreendendo 
este último como princípio educativo 
capaz de proporcionar condições e 
ferramentas para que os sujeitos en-
tendam e transformem seus tempos 
e espaços de atuação, bem como sua 
realidade social e material.
Na prática, significa que, desde feve-
reiro de 2020, 274 unidades de ensi-
no da rede estadual oferecem o novo 
EMTI. Destas, 44 escolas incluem 
o Profissional. Esses números de-
monstram um grande avanço em 
relação ao cenário encontrado em 
2019, quando eram apenas 78 esco-
las com EMTI, sendo sete delas com 
o Profissional. Em 2021, foi alcança-
do um total de 391 estabelecimentos 
de ensino, em cidades de todas as 
regiões do estado, que oferecem 
quase 47 mil matrículas, dos quais 
63 contam com o Ensino Médio em 
Tempo Integral Profissional.
Isso quer dizer que, de 2019 a 2021, 
quintuplicou o número de escolas 
com Educação Integral no estado e au-
mentou em quase nove vezes o núme-
ro daquelas que ofertam a Educação 
Profissional e Tecnológica.
Expansão do EMTI e do EMTI Profissional 
(2019-2021)
Ano
Número 
de escolas 
com EMTI
Número de 
matrículas
Número de 
escolas com 
EMTI Profissional
Número de 
matrículas 
2019 78 12 mil 7 309
2020 274 28 mil 44 3.875
2021 391 47 mil 63 7.010
23
Municípios, em 2021, 
com ofertas de 
EMTI Propedêutico, 
EMTI Profissional 
e EMTIPropedêutico 
e Profissional
Variação do 
número de escolas, 
em 2021, com EMTI, 
por município 
1
2 a 4
Mais que 5
EMTI Profissional 
EMTI Propedêutico
EMTI Propedêutico e Profissional
23
24
O principal intuito da política de 
EMTI é que, ao longo de três anos, 
para além do desenvolvimento cog-
nitivo, o estudante alcance o ide-
al formativo: um jovem autônomo, 
solidário, competente e que seja 
capaz de ser fonte de iniciativa, li-
berdade e compromisso diante das 
situações apresentadas no seu dia a 
dia, exercitando seu protagonismo 
e sua autonomia em benefício da 
construção do seu Projeto de Vida e 
da sua comunidade.
É fundamental frisar que a extensão 
do tempo é estratégica para que tan-
to as Metodologias de Êxito quanto a 
BNCC possam ser utilizadas de forma 
intrínseca entre si, favorecendo a for-
mação integral do jovem, assim como 
a presença afirmativa do professor 
nas várias dimensões pedagógicas. 
Esse tempo contribui para uma pos-
tura mais afetiva, de olhar generoso e 
escuta atenta, estreitando de forma 
significativa as relações entre profes-
sores e estudantes.
A nova matriz curricular, construída 
com critério e coesão, une harmoni-
camente conhecimentos acadêmi-
cos aos do mundo do trabalho e da 
formação técnica, com componen-
tes curriculares das Atividades In-
tegradoras/Formação Diversificada 
que articulam o mundo acadêmico 
e as práticas sociais e produtivas, 
ampliando, enriquecendo e diversi-
ficando o repertório dos estudantes 
e da experiência escolar. Assim, quí-
mica ou física, por exemplo, não são 
nem mais nem menos importantes 
que as aulas de Projeto de Vida ou 
de empreendedorismo (ler mais so-
bre o currículo no capítulo 3).
A secretária estadual de Educação, Ju-
lia Sant'Anna, explica que o objetivo é 
aumentar as possibilidades de esco-
lha do jovem com um Ensino Médio 
mais moderno, interessante e atrati-
vo: “Nossa preocupação é formar bem 
para que ele tenha mais condições de 
fazer suas escolhas, seja a educação 
profissional, seja a universidade”.
Racionalização de recursos
Desta forma, logo no início de 2019, 
a equipe da Secretaria de Estado de 
Educação realizou um primeiro mer-
gulho para poder compreender o en-
tão cenário do Ensino Médio em Tem-
po Integral e avaliar recursos humanos, 
financeiros e físicos, bem como gestão 
e processos. Ou seja, foram analisadas 
as bases que permitiriam promover 
a expansão da modalidade na rede, 
com um aumento viável da oferta, 
em termos financeiros e de recursos 
humanos, e bem estruturado, levan-
do-se em conta também que Minas 
Gerais, assim como outros estados 
no Brasil, passa por um momento de 
déficit orçamentário.
Esse movimento exigiu um detalha-
do estudo das contas da secretaria 
para observar como os recursos es-
tavam sendo executados. Diante de 
um orçamento anual de cerca de 
R$ 12 bilhões, a pasta buscou alter-
nativas para otimizar e racionalizar o 
25
uso das verbas e, desse modo, investir 
uma parcela exclusivamente em Edu-
cação Integral, cujo custo da expan-
são é estimado em aproximadamente 
R$ 450 milhões.
Com o apoio técnico de organizações 
do terceiro setor experientes no cam-
po da educação no Brasil, ficou claro o 
quanto custaria para a pasta ampliar 
a Educação Integral, assegurando 
boa infraestrutura, logística, transpor-
te, alimentação, material permanen-
te, formação de professores, pessoal 
de apoio, entre outros. A nova política 
começou, portanto, pelo balanço do 
que havia e do que se poderia dispor 
para uma oferta com qualidade, o 
que movimentou e envolveu diferen-
tes áreas internas da secretaria.
Após o diagnóstico, foram pesqui-
sadas e detectadas nas despesas 
algumas alavancas de recursos que 
proporcionassem o financiamento 
dessa expansão. Boa parte delas situ-
ava-se na folha de pagamento, que 
foi racionalizada, liberando assim os 
montantes necessários. Ou seja, não 
houve cortes de custos, mas sim a 
criação de eficiências.
Um dos processos aperfeiçoados foi 
o do APA (Afastamento Preliminar de 
Aposentadoria), que permitiu acelerar 
a tramitação, a revisão e a finalização 
das solicitações, de modo que o pa-
gamento dos profissionais deixasse 
de ser realizado pela folha da Secre-
taria de Educação e migrasse para a 
da Previdência. Houve ainda redimen-
sionamento de quadros de apoio nas 
escolas e reavaliação dos contratos de 
terceirização de mão de obra (como 
os de vigilância nas unidades de ensi-
no) e de aluguéis.
Outra ação de destaque consistiu na 
melhoria do processo de “enturma-
ção” (distribuição de estudantes em 
turmas) e de organização do quadro 
de horários (distribuição dos profes-
sores de acordo com a demanda da 
“enturmação”), por meio de matrícu-
las on-line, e não mais de forma ma-
nual, pela escola. Isso permitiu alocar 
melhor os recursos humanos dispo-
níveis e liberar novos espaços físicos 
para o EMTI em cada escola.
Além disso, o projeto de expansão foi 
desenhado e estruturado com a con-
dição de que a escola tivesse salas e 
espaços disponíveis em quantidade 
suficiente, tanto para aproveitar ao 
máximo a rede física que já existia, 
quanto para evitar um movimento de 
migrações de estudantes dos anos fi-
nais do Ensino Fundamental para es-
colas próximas, a fim de liberar espa-
ços para a oferta do EMTI.
Com a adoção desses processos es-
truturantes, transparentes e rastreá-
veis (de acompanhamento de custos, 
de “enturmação” etc.), começou-se a 
nutrir uma cultura de eficiência, de 
planejamento e de acompanhamen-
to. Ao mesmo tempo, o fato de obser-
var e já corrigir os processos melho-
rou a eficácia das ações. Desse modo, 
Minas Gerais tem mostrado ser pos-
sível realizar um projeto de expansão 
da Educação Integral por meio do 
26
saneamento dos custos, sem aumen-
tar o custeio e sem diminuir a presta-
ção do serviço, com um planejamento 
orçamentário capaz de proporcionar 
a execução orçamentária.
Uma estrutura eficiente como a cria-
da permitiu conceber os mecanismos 
de financiamento necessários. Tam-
bém foi e tem sido relevante, durante 
o processo de adequação de contas, 
o diálogo aberto e constante da se-
cretaria com o Poder Legislativo do 
estado, de modo a informá-lo sobre 
as decisões de gestão.
Para Renata Ferreira Leles Dias, sub-
secretária de administração, foi um 
grande aprendizado fazer a adminis-
tração pública repensar e perceber 
que ela pode, sim, gastar melhor: “A 
melhoria de processos faz você en-
contrar recursos dentro do seu pró-
prio orçamento”. Argumentou ainda 
que o planejamento bem detalhado, 
com a previsão do quanto será gasto 
com o quê, em quanto tempo e com 
base na realidade das escolas, é fun-
damental para qualquer estado que 
queira expandir a política de Educa-
ção Integral.
Com relação aos recursos humanos, 
as equipes das subsecretarias tam-
bém foram sendo montadas e ajus-
tadas paulatinamente, seguidas pe-
las das 47 SREs (Superintendências 
Regionais de Ensino), distribuídas 
em todo o estado e que realizam o 
acompanhamento das escolas in 
loco, bem como pelas das diretorias 
e coordenações.
Na etapa seguinte, de delegação de 
ações, começou-se a trabalhar mais 
a responsabilidade por áreas da se-
cretaria, aumentando-se assim a 
proximidade entre a gestão de orça-
mento e a gestão pedagógica. Para 
que isso ocorresse, foram realizadas 
várias conversas e reuniões em bus-
ca de entendimento e visão comuns, 
além de alinhamento das diferen-
tes equipes, o que redundou em 
melhoria da comunicação interna 
da secretaria.
27
A indicação das escolas para o início 
da expansão em Minas Gerais obede-
ceu a critérios como:
• quadro de vulnerabilidade dos ter-
ritórios;
• Inse (Indicador de Nível Socioeco-
nômico) das escolas;
• municípios ainda sem oferta da 
Educação Integral;
• infraestrutura mínima para o EMTI 
poder ser ofertado;
• disponibilidade de professores e 
gestores;
• transporte e alimentação (refeições 
e lanches);
• experiência prévia da escola com a 
Educação Profissional e Tecnológica.
Uma vez definidasas unidades de en-
sino que passariam a integrar a polí-
tica, seguiu-se a etapa de aquisição 
de equipamentos e mobiliário, bem 
como de realização de algumas obras, 
como construção de refeitórios, vestiá-
rios ou banheiros, quando necessário.
Essa estruturação do começo de 2019 
mostrou-se essencial. Isso porque, 
anteriormente, em 2018, a política do 
EMTI em Minas Gerais encontrava-se 
com dificuldades. Havia uma altís-
sima evasão de estudantes, acima 
de 60%, chegando até a 70%, de-
sistências das escolas participantes 
do programa, baixa credibilidade da 
iniciativa na rede, falta de infraestru-
tura nas unidades de ensino, matriz 
curricular organizada ainda na lógica 
de turnos e períodos, além de metas 
acordadas com o MEC (Ministério 
da Educação) quase impossíveis de 
serem cumpridas.
A política era subsidiada apenas pelo 
Programa de Fomento às Escolas de 
Ensino Médio em Tempo Integral, 
do governo federal (Portaria MEC 
n. 727/13/06/2017, regulamentada pelo 
Decreto Estadual n. 47.227/02/08/2017), 
com o repasse anual para cada estu-
dante de R$ 2 mil, por dez anos.
Diante desse cenário, foi promovida, 
a partir de 2019, uma repactuação 
com o MEC, com realinhamento de 
metas do programa, prestação de 
contas de fluxo financeiro, porque 
havia muitos recursos em caixa que 
não estavam sendo utilizados, além 
de ajustes no sistema de monito-
ramento da secretaria em que não 
constava a Educação Integral. Após 
esse esforço, em um único semestre, 
a secretaria reestabeleceu as matrí-
culas que haviam sido cortadas.
Como relata Geniana Guimarães Faria, 
ex-subsecretária de Desenvolvimento 
da Educação Básica e atual Secretária 
de Estado Adjunta de Educação, “hou-
ve todo um resgate da credibilidade 
do programa e todo um movimento 
de se mudar um cenário caótico para 
reaproximar a comunidade escolar e 
os estudantes e para recuperar o de-
sejo de eles estarem nessas escolas, 
por meio de uma metodologia mais 
estruturada e inovadora”.
Os estudos dos custos necessários 
para se realizar a expansão demons-
traram que o estado conseguiria ele-
var a oferta e cumprir a meta estra-
tégica do governo estadual de 20% 
de matrícula no EMTI até 2022. Para 
28
tanto, teria de ser promovida uma 
priorização de recursos financeiros, 
com um aumento gradual de escolas 
e de matrículas ano a ano, respeita-
das as questões de infraestrutura e de 
uso predial, bem como de contrata-
ção de professores.
Modelo educacional
e formações
A partir de então, passou-se para a 
construção propriamente dita do 
Modelo Pedagógico e de Gestão da 
política do EMTI, com a participação 
de parceiros externos do terceiro se-
tor, a partir de abril de 2019, em um 
acordo de cooperação técnica. Com-
promissados com a melhoria da edu-
cação, IET (Itaú Educação e Trabalho), 
ICE (Instituto de Corresponsabilida-
de pela Educação), Instituto Natura, 
Instituto Sonho Grande e Sebrae-MG 
(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e 
Pequenas Empresas de Minas Gerais) 
apoiaram a secretaria no desenho, 
implantação e expansão da política, 
já com recursos estaduais específicos, 
ou seja, não apenas com o apoio do 
programa federal de fomento, que 
funciona muito mais como um indu-
tor, auxiliando em obras e mobiliário.
De perfis complementares, os cinco 
parceiros levaram para Minas Gerais 
tecnologias sociais e metodologias 
já bem-sucedidas em outros estados 
brasileiros e compreenderam o con-
texto e as complexidades do estado. 
Um ponto de destaque é que, desde 
o início, tudo foi construído conjun-
tamente entre parceiros e a rede es-
tadual, a fim de ajustar as inovações 
em conteúdo, método e gestão à rea-
lidade e às reais necessidades da rede 
mineira, tanto no âmbito da secreta-
ria quanto no das escolas (ler mais so-
bre o papel detalhado de cada par-
ceiro no capítulo 2).
“Mais do que uma ação pedagógica, 
a política de EMTI é uma estrutura-
ção, é uma mudança de lógica e de 
concepção dentro das nossas escolas, 
que passam a operar de forma inte-
gral e interdisciplinar, e não mais na 
dinâmica fragmentada de turnos e 
de disciplinas. Significa uma mudan-
ça de cultura”, pontua Geniana.
Ao mesmo tempo em que o EMTI pre-
cisava ser resgatado e remodelado, 
havia outra constatação importante 
no estado: a política de Educação 
Profissional e Tecnológica também ti-
nha de ser aprimorada e consolidada 
para aumentar a ligação com o mun-
do do trabalho, por meio de um cur-
rículo diferenciado, aderente às de-
mandas produtivas e com uma sólida 
formação integral. Essa era uma preo-
cupação clara do governador Romeu 
Zema Neto.
Decidiu-se então alinhá-la à Edu-
cação Integral. Foi uma importante 
estratégia porque ampliou as opor-
tunidades de formação dos secunda-
ristas mineiros para o mundo produ-
tivo, pela obtenção de uma formação 
de técnico de nível médio ao final 
do terceiro ano do Ensino Médio em 
Tempo Integral, juntamente com a 
29
diplomação do Ensino Médio. Desse 
modo, ao finalizarem a última etapa 
da Educação Básica, os jovens tam-
bém obtêm uma habilitação profis-
sional técnica que os permite o exer-
cício de ocupações e profissões.
A expansão da Educação Profissional 
e Tecnológica e o desenvolvimento 
profissional, sobretudo dos jovens, 
a fim de gerar emprego e renda no 
estado, já estavam presentes antes, 
no plano de governo. Em 2018, por 
exemplo, representantes do setor de 
tecnologia salientaram a importân-
cia de se formular um currículo esta-
dual para o curso técnico de desen-
volvimento de sistemas, devido à alta 
demanda do mercado por profissio-
nais aptos a desenvolver programas 
e softwares.
Entre outras ações, foi elaborada 
uma importante programação de 
formações de sensibilização e acolhi-
mento para professores, técnicos da 
secretaria, gestores escolares, téc-
nicos das diretorias regionais de 
ensino, para que conhecessem e 
compreendessem o novo modelo 
educacional e conseguissem opera-
cionalizá-lo a posteriori. Houve tam-
bém, por parte das Superintendên-
cias Regionais de Ensino, todo um 
esforço de estruturação de pessoal, 
com a realização de várias conversas 
com os docentes para que eles ten-
tassem reordenar sua carga horária 
de modo a se dedicarem às escolas 
de EMTI.
“Fizemos várias reuniões de aproxi-
mação e suporte com os diretores 
das escolas e com a respectiva Supe-
rintendência Regional para que cada 
diretor se sentisse ouvido e acolhido, 
percebendo que a secretaria está 
pensando de fato na ponta, na esco-
la, no estudante e está aberta a adap-
tações nessa mudança”, conta Esther 
Augusta Nunes Barbosa, superinten-
dente de Políticas Pedagógicas.
30
Após a realização de formação inicial 
sobre Educação Integral para equipes 
escolares e professores em 2019, teve 
início em agosto a nova política, pri-
meiramente só de EMTI, em 71 esco-
las, num período ainda de transição, 
ou seja, sem a oferta do EMTI Profis-
sional. Este último só teria início no 
semestre seguinte, em fevereiro de 
2020, em 44 escolas, com matrizes 
curriculares já para todo o ano letivo 
(não semestrais), de acordo com o sis-
tema anual de contratação de profes-
sores do estado.
Foram realizadas novas formações 
de profissionais da rede estadual na 
capital mineira e em cidades-polo, 
as quais reuniram, numa imersão de 
alguns dias, parceiros, técnicos da se-
cretaria e centenas de educadores de 
diferentes municípios e que abrange-
ram também o tema da preparação 
do jovem para o mundo do trabalho e 
a formação técnica. A partir de março 
de 2020, com a suspensão das aulas 
presenciais, devido à pandemia mun-
dial da Covid-19, a secretaria passou 
a realizar webinários e formações re-
motas autoinstrucionais para os pro-
fessores sobre o currículo articulado, 
que une a formação geral e a forma-
ção técnica específica.
“Participei de formações em Belo Ho-
rizonte e Uberlândia, as quais foram 
muito importantes. Agora estamos 
com formação remota. O modelo 
funciona porque tem tudo muito di-
recionado, organizado e documen-
tado, com coordenações poráreas”, 
relata Patrícia Andrade de Faria Silva, 
diretora da Escola Estadual de Ensino 
Médio de Tupaciguara, no Triângulo 
Mineiro, que oferece o EMTI de forma 
integrada aos cursos técnicos de açú-
car e álcool e celulose e papel.
Apoio da Sedese 
e escolha de cursos
A fim de criar melhorias bem estrutu-
radas, a Secretaria de Estado de Edu-
cação contou então com o apoio e 
embasamento de técnicos da Sedese 
no mapeamento dos polos produti-
vos de Minas Gerais e suas demandas 
por qualificação profissional. O obje-
tivo era a criação e a oferta de cursos 
técnicos que fizessem sentido para 
cada região, em consonância com 
as necessidades e as potencialida-
des locais e com as reais possibilida-
des de empregabilidade dos jovens, 
que é uma grande preocupação no 
EMTI Profissional.
Iniciado em 2019 e englobando as 
12 mesorregiões do estado, o estudo 
identificou regionalmente, por meio 
de dados oficiais de vínculos empre-
gatícios, quais ocupações e setores 
econômicos tinham mais probabili-
dade de contratação de profissionais. 
O resultado foi um mapa de deman-
da que apoiou tecnicamente as de-
cisões gerenciais na escolha e na im-
plantação dos cursos técnicos.
O estudo minucioso da Sedese pas-
sou por apreciação e debate de par-
ceiros e representantes do mercado. 
Além disso, algumas escolas que já 
31
possuíam tradição em cursos técni-
cos foram ouvidas a respeito das mu-
danças, assim como profissionais das 
Superintendências Regionais de En-
sino, que têm capilaridade nas esco-
las, e estudantes egressos, estes com 
a finalidade de verificar se o curso téc-
nico fez sentido na sua formação, se 
estavam empregados na área ou não 
e que críticas tinham em relação ao 
que aprenderam.
O mapa dos polos produtivos agre-
gou uma inteligência para que a 
construção dos cursos ocorresse de 
forma atrelada à realidade concreta 
e específica de cada região e interli-
gada ao desenvolvimento econômico 
do estado. Afinal, um curso técnico 
que atenda às necessidades, à voca-
ção produtiva e às possibilidades de 
oferta da região de Uberaba pode 
não ser o mais adequado para o perfil 
de Poços de Caldas ou Diamantina, 
por exemplo.
“Demos um lastro técnico, 
um ponto de partida 
com evidências atuais, e 
conseguimos qualificar 
o debate da escolha de 
cursos técnicos de forma 
mais objetiva e estruturada 
porque levamos em conta o 
retrato de cada mesorregião 
e as reais demandas 
do mercado formal por 
ocupações técnicas.”
Gilmar Álvares Cota Junior,
diretor de Articulação e Planejamento 
da Educação Profissional da 
Superintendência de Educação 
Profissionalizante da Subsecretaria de 
Trabalho e Emprego da Sedese.
O diretor relata ainda que a metodo-
logia do mapeamento foi aplicada 
depois aos outros estados do país, 
no portal Novos Caminhos do MEC 
(portal.mec.gov.br/novoscaminhos), 
por meio de parceria com a Setec 
(Secretaria de Educação Profissio-
nal e Tecnológica) em Brasília (DF). 
No Painel de Demandas do portal, 
é possível ver a demanda por cursos 
técnicos por unidade federativa e 
respectivas mesorregiões.
http://novoscaminhos.mec.gov.br/
32
Mesorregiões e municípios-polo de Minas Gerais
1 Noroeste de Minas (Paracatu, Unaí, João Pinheiro)
2 Norte de Minas (Montes Claros, Janaúba, Januária)
3 Jequitinhonha (Diamantina, Almenara, Capelinha)
4 Vale do Mucuri (Teófilo Otoni, Nanuque, Águas Formosas)
5 Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas)
6 Central Mineira (Curvelo, Lagoa da Prata, Bom Despacho)
7 Metropolitana de Belo Horizonte (Belo Horizonte, Contagem, Betim)
8 Vale do Rio Doce (Governador Valadares, Ipatinga, Coronel Fabriciano)
9 Oeste de Minas (Divinópolis, Nova Serrana, Itaúna)
10 Sul e Sudoeste de Minas (Poços de Caldas, Pouso Alegre, Varginha)
11 Campo das Vertentes (Barbacena, Lavras, São João Del-Rei)
12 Zona da Mata (Juiz de Fora, Ubá, Muriaé)
Como apontam estudiosos da área 
educacional, essa intersetorialidade 
entre as próprias secretarias de gover-
no é algo essencial para fortalecer e 
solidificar a política de Educação Pro-
fissional e Tecnológica. Tais secreta-
rias, sejam elas de Planejamento, de 
Desenvolvimento ou de Juventude, se 
houver, devem estar articuladas com 
a Secretaria de Educação e contribuir 
com suas respectivas competências, 
conhecimentos e dados.
Na sequência do mapeamento das 
demandas por ocupações em Minas 
Gerais, aconteceu a escolha dos cur-
sos técnicos a ser oferecidos e ini-
ciou-se a construção de suas matri-
zes curriculares, já com a lógica e as 
inovações em conteúdo, método e 
gestão do novo modelo da Educação 
Integral. Em cada uma das ofertas, fo-
ram considerados o potencial econô-
mico, os cenários possíveis de geração 
de emprego, as condições estruturais 
e de pessoal das escolas e as ofertas 
de cursos já existentes. 
Levou-se em conta também o con-
texto das novas profissões e do perfil 
1
5
9
10
11 12
2
6
7
3
4
8
33
do profissional exigido pelo mercado 
de trabalho neste milênio, que cada 
vez mais precisa combinar diferentes 
habilidades e competências (socioe-
mocionais, cognitivas e técnicas) para 
tomar decisões, relacionar-se, realizar 
tarefas e resolver problemas. Ou seja, 
foi feito todo um trabalho de revisão, 
revisitação e reconstrução de ma-
trizes dos cursos técnicos, que eram 
muito antigas, estavam defasadas e, 
portanto, já não atendiam às deman-
das do mercado atual.
Ao final do processo, 19 cursos técni-
cos foram definidos, a saber: açúcar 
e álcool, agroecologia, agronegócio, 
agropecuária, alimentos, análises quí-
micas, celulose e papel, desenvolvi-
mento cultural regional, desenvolvi-
mento de sistemas, eletroeletrônica, 
eletromecânica, eletrônica, eletrotéc-
nica, informática, logística, mecânica, 
química, transações imobiliárias e se-
gurança do trabalho.
No que se refere à oferta da Educação 
Profissional e Tecnológica, tradicio-
nalmente, o estado de Minas Gerais 
adotava até então uma política de 
subsidiar diversas instituições técnicas 
do estado, e não de operar de forma 
direta. A incidência nesses contratos 
era alta na modalidade subsequente, 
que é o pós-Médio, e muito baixa na 
concomitante e integrada ao Ensino 
Médio, e registravam-se também ta-
xas de abandono bastante significa-
tivas, com turmas que chegavam ao 
final do curso com pouquíssimos es-
tudantes, a um custo elevado. Ao levar 
as aprendizagens técnicas específicas, 
bem como as do mundo do trabalho 
para dentro do Ensino Médio de forma 
alinhada aos polos produtivos, a nova 
política do EMTI contribuiu para redu-
zir as formações tardias, que para mui-
tos estudantes só começavam após a 
conclusão da etapa.
Todo o trabalho de conceber uma 
educação muito mais aplicada à reali-
dade dos jovens e ao desenvolvimen-
to do estado culminou em um evento 
público, em novembro de 2019, no Pa-
lácio da Liberdade, momento em que 
a nova política de Educação Integral 
foi efetivamente lançada em Minas 
Gerais. Na ocasião, aproximadamente 
220 estudantes do nono ano do En-
sino Fundamental da rede estadual, 
de escolas de Belo Horizonte e região 
metropolitana, foram apresentados 
ao modelo educacional recém-criado 
e puderam conhecer melhor como 
funcionam os itinerários formativos 
do Ensino Médio Integral e discutir 
sobre o mundo do trabalho e seu fu-
turo, por meio de stands interativos e 
de palestras de especialistas.
“Existem muitas oportunidades de 
trabalho. O que precisamos é formar 
pessoas capacitadas. Hoje, vejo em-
presas querendo contratar, mas que 
não encontram o profissional ade-
quado. E vejo pessoas querendo tra-
balhar e não possuindo as capacida-
des de que a empresa ou o prestador 
de serviço precisa. Então, vocês estão 
no momento certo, no momento de 
se qualificar. Não percam essa jane-
la única”, disse o governador Romeu 
Zema Neto aos estudantes.
34
Razões e justificativas 
da Educação Integral
A política de Ensino em Tempo Inte-
gral acadêmica e técnica foi constru-
ída dessa maneira em MinasGerais, 
ou seja, olhando-se o Ensino Médio 
Integral como um todo, de forma sis-
têmica, com os conteúdos acadêmi-
cos articulados aos conteúdos técni-
cos e do mundo do trabalho, tendo 
as Atividades Integradoras/Formação 
Diversificada compostas por Metodo-
logias de Êxito que interligam todos 
esses conhecimentos às práticas so-
ciais, aumentando e desenvolvendo 
o repertório de conhecimentos e ex-
periências dos estudantes, no sentido 
de elevar as chances de aprendiza-
gem e de escolha do jovem, com foco 
no seu Projeto de Vida.
O objetivo é ampliar o leque de op-
ções de formações possíveis, ofere-
cendo-lhe mais horizontes e orienta-
ções para que faça suas escolhas com 
mais segurança.
A concepção de Educação Integral, 
que tem despontado no Brasil com 
mais amplitude desde 2008, por 
meio do fomento federal, vai muito 
“Minas Gerais quer formar 
um jovem mais crítico, 
autônomo, preparado 
para o mundo do trabalho, 
que está cada vez mais 
seletivo e competitivo, 
multipreparado para 
poder atuar em várias 
áreas e que não fique 
preso necessariamente só 
àquele curso técnico inicial, 
podendo pensar também 
em outras possibilidades, 
como a universidade”
Flávia Paola Félix Meira,
Coordenadora Geral de Ensino Médio
Integral e Educação Profissional
35
além da mera ampliação do tempo 
que os estudantes passam na esco-
la. Seu diferencial está na oferta de 
práticas educativas diversas que pro-
movem o desenvolvimento pleno dos 
estudantes em suas múltiplas dimen-
sões: intelectual, física, emocional, so-
cial, cultural e política. Essa oferta é 
feita de diferentes formas por todo 
o Brasil, algumas vezes em parceria 
com outras instituições, ou somen-
te na escola. Trata-se de lidar com o 
estudante em sua integralidade.
“O estudante precisa ser provocado o 
tempo todo, até para desconstruir a 
ideia de que a Educação Integral sig-
nifica só ficar mais tempo na escola. 
A escola tem que fazer sentido. Tem 
que ter um porquê de se estar ali. 
Caso contrário, torna-se chata, e nin-
guém quer ficar”, salienta Flávia. Uma 
Educação Integral de qualidade tem 
o potencial de mobilizar os jovens, 
permitindo que vejam sentido em 
estar na escola e que tenham cada 
vez mais interesse em aprender. Ou 
seja, quanto mais “integral” for a esco-
la, maior tenderá a ser o aprendizado 
dos seus estudantes.
A Educação Integral é especial-
mente desafiadora para o Ensino 
Médio, que em todo o Brasil apre-
senta entraves de permanência do 
estudante, conclusão e proficiência. 
Para que ela de fato aconteça, é fun-
damental que educadores propo-
nham experiências educativas que 
abranjam múltiplas linguagens, re-
cursos, espaços, saberes e agentes e 
que possam envolver os integrantes 
da comunidade na qual a escola 
está inserida. Pressupõe assumir 
que o conhecimento é construído 
ao longo da vida e em diferentes 
espaços e situações, e não apenas 
dentro da sala de aula, e que a di-
mensão cognitiva não é suficiente 
numa perspectiva de integralidade 
da ação educativa, desafiando a es-
cola a responder às necessidades de 
formação humana do século XXI.
Implementar na prática uma política 
de Educação Integral requer diferen-
tes tipos de ações, como a oferta de 
formação continuada específica aos 
professores e gestores escolares, a 
adoção de um currículo inter e mul-
tidisciplinar e a melhoria da infraes-
trutura das escolas (refeitórios, ba-
nheiros, vestiários, quadras cobertas, 
laboratórios, materiais, equipamen-
tos, computadores, biblioteca etc.). 
Aos educadores, cabe compreender 
que a implementação do modelo 
educacional é algo coletivo e que, 
portanto, todos que compõem o con-
texto educacional são primordiais 
para a construção do Projeto de Vida 
dos estudantes.
Para o estudante, a escola faz senti-
do quando aquilo que lhe é ensina-
do está conectado aos seus interes-
ses e quando ela também é capaz 
de fomentar o desejo por novos co-
nhecimentos e tem propósito e sig-
nificado para sua vida. Um currículo 
articulado é aquele que permite ao 
estudante desenvolver competências 
e habilidades de diferentes áreas do 
conhecimento, pois é o elo da relação
36
entre teoria e prática dos diferentes 
componentes e bases curriculares 
e considera o conhecimento a servi-
ço da vida nos processos de ensino 
e aprendizagem, ampliando, diver-
sificando e enriquecendo os saberes 
e a experiência do estudante. A arti-
culação curricular supera, portanto, 
a fragmentação do conhecimento 
por componentes curriculares sepa-
rados. O núcleo comum, composto 
pelos conteúdos ditos obrigatórios, 
deve “conversar” claramente com 
as Atividades Integradoras/Forma-
ção Diversificada do currículo. Nessa 
concepção, cai por terra a antiga cisão 
entre turno e contraturno e períodos 
matutino e vespertino.
O currículo integrado promove o de-
senvolvimento completo do estudante, 
por meio de diferentes atividades (es-
portivas, culturais, artísticas, lúdicas) in-
tercaladas e unidas aos conteúdos do 
núcleo comum, em situações significa-
tivas de aprendizagem promovidas o 
tempo todo. Por essa lógica, são a esco-
la e seus profissionais que se unem para 
atender à integralidade do estudante, 
grande protagonista do processo.
Currículo do EMTI Profissional de Minas Gerais
Formação 
Técnica 
Específica
Base 
Nacional 
Comum
Atividades 
Integradoras/
Formação 
Diversificada
 
Preparação Básica 
para o Trabalho e 
Empreendedorismo
Estudante e 
seu Projeto 
de Vida
37
Um exemplo concreto ilustra essa ló-
gica. Ao estudar poluição, espera-se 
que o estudante desenvolva compe-
tências relacionadas às ciências natu-
rais (conteúdos de física e química) e 
às ciências humanas (geografia e his-
tória: industrialização, urbanização, 
condições de trabalho etc.) e que ar-
ticule esses conhecimentos próprios 
das ciências com a exploração de vi-
vências culturais, científicas, artísticas, 
estéticas e linguísticas presentes em 
componentes curriculares das Ativi-
dades Integradoras/Formação Diver-
sificada do currículo.
Na Educação Profissional e Tecno-
lógica, além dos conteúdos da Base 
Comum nas diferentes áreas do co-
nhecimento, há integração com os 
saberes específicos da área profissio-
nal, o que desenvolve e aprimora o 
repertório e a vivência dos estudan-
tes, por meio das aulas das Atividades 
Integradoras/Formação Diversificada, 
que favorecem a experimentação de 
atividades contextualizadas, dinâmi-
cas e significativas relacionadas com 
práticas sociais e produtivas reais, 
possibilitando aos estudantes a inves-
tigação e a intervenção na realidade. 
Ou seja, trata-se de colocar o conhe-
cimento a serviço da vida dos jovens.
Em um curso técnico de segurança 
no trabalho, por exemplo, são estuda-
dos os parâmetros e as normas para 
a segurança do trabalho, assim como 
a preservação do meio ambiente e os 
cuidados com a saúde. Já nas Ativi-
dades Integradoras/Formação Diver-
sificada, o estudante tem a oportuni-
dade de gerir seu tempo, desenvolver 
competências como autodidatismo, 
resiliência, empatia, ética, solidarie-
dade e aumento de repertório, por 
meio dos componentes curriculares 
de Estudos Orientados, Projeto de 
Vida, Eletivas da BNCC, Eletivas Técni-
cas, Tutoria e Pós-Médio. E o mesmo 
ocorre nas demais formações técni-
cas de nível médio.
Essa concepção mais holística e inte-
grada da educação não é algo recen-
te. No Brasil, Anísio Teixeira (1900-71) 
– considerado o criador da escola pú-
blica no país – foi um dos precurso-
res da Educação Integral, por meio da 
criação, na década de 1950, da Escola 
Parque, ou Centro Educacional Car-
neiro Ribeiro, em Salvador (BA), em 
que os estudantes participavam de 
variadas atividades que proporcio-
navam diferentes aprendizagens: so-
ciais, artísticas, esportivas, de práticas 
industriais e políticas.
Outra experiência bastante conhe-
cida desde os anos 1980 residiu nos 
Cieps (Centros Integrados de Edu-
cação Pública), no estado do Rio de 
Janeiro. Idealizados pelo mineiro 
Darcy Ribeiro (1922-97), integravamo ensino de conteúdos tradicional-
mente escolares com outras ativi-
dades, sobretudo ligadas à cultura 
e ao esporte, e ampliavam o tempo 
do estudante nesse ambiente de 
aprendizagem, alguns deles com 
piscinas e atendimento médico e 
odontológico, com bastante foco em 
adolescentes de famílias de baixo 
nível socioeconômico.
38
Mais recentemente, em 2007, o MEC 
criou o Programa Mais Educação. Seu 
objetivo foi induzir a construção da 
agenda de Educação Integral nas re-
des estaduais e municipais de ensino. 
Isso ocorreu por meio da ampliação 
da jornada escolar para no mínimo 
sete horas diárias, com atividades op-
tativas de acompanhamento peda-
gógico, educação ambiental, esporte 
e lazer, direitos humanos em edu-
cação, cultura e artes, cultura digital, 
promoção da saúde, comunicação e 
uso de mídias, investigação no cam-
po das ciências da natureza e edu-
cação econômica. Em 2011, quase 15 
mil escolas do país haviam aderido ao 
programa, impactando positivamen-
te mais de 3 milhões de estudantes.
Ao longo dos últimos quinze anos, 
Pernambuco tornou-se exemplo de 
avanço nos resultados do Ensino Mé-
dio, alcançados em parte pela ado-
ção de um programa de Educação 
Integral, cujo modelo educacional 
(Modelo Escola da Escolha) foi con-
cebido, implantado e gerido pelo 
ICE. Em 2005, o estado nordestino 
apresentava uma das classificações 
mais baixas do país, com Ideb de 
2,7 nas escolas da rede estadual. Em 
2015, esse indicador chegou a 3,9 e, 
em 2019, atingiu 4,4, o terceiro me-
lhor do país, atrás apenas de Espírito 
Santo (4,6) e Goiás (4,7), superando a 
meta de 4,3 estabelecida pelo MEC 
para o ano.
Atualmente, Pernambuco conta com 
uma extensa rede de Educação In-
tegral de Ensino Médio em seus 184 
municípios. Segundo a Secretaria de 
Estado de Educação, são 469 unida-
des, das quais 49 ofertam Educação 
Profissional e Tecnológica. A rede es-
tadual tem cerca de 62% das matrí-
culas em regime integral (em 2019 
eram 57%), antecipando e superando 
a meta de 50% do Plano Nacional de 
Educação para 2024 e inspirando ou-
tros estados do país.
39
Educação Profissional 
e Tecnológica
Educação e trabalho são direitos cons-
titucionais do jovem brasileiro e bases 
para seu exercício pleno da cidadania 
e sua inserção produtiva, os quais lhe 
permitem ter dignidade agora e na 
vida adulta. Assim, a EPT (Educação 
Profissional e Tecnológica) integrada 
ao Ensino Médio é, por muitas razões, 
uma possibilidade importante de for-
mação para o jovem.
Em primeiro lugar, o jovem conclui 
sua Educação Básica já com uma 
diplomação de técnico, o que au-
menta suas possibilidades de atuar 
profissionalmente. O acesso a co-
nhecimentos do mundo do trabalho 
também forma melhor o jovem para 
qualquer profissão que ele venha a 
exercer ao longo de sua trajetória, 
dado que a atividade laboral perpas-
sa inexoravelmente a vida de todas 
as pessoas.
O trabalho como princípio educati-
vo também colabora para o jovem 
interagir melhor e sobreviver em 
um mundo em constante transfor-
mação, cada vez mais dinâmico e 
exigente, e para que tenha e exer-
ça o protagonismo profissional e 
social. A EPT também está em sin-
tonia com a nova realidade do pla-
neta e do trabalho do futuro, em 
que inovações tecnológicas como 
inteligência artificial, big data (con-
junto grande e complexo de da-
dos), internet das coisas, robótica, 
nanotecnologia e machine learning 
(aprendizado de máquina) coexis-
tem cada vez mais com a atuação e 
a produção humanas.
Além disso, diferentes estudos ates-
tam que o jovem com curso técnico 
tem mais chances de ingressar no 
mundo do trabalho e de desenvolver 
uma trajetória profissional, quando 
comparado àquele que cursou só o 
Ensino Médio padrão. E, em relação 
aos rendimentos, os postos técnicos 
tendem a proporcionar melhor re-
muneração e prestígio do que ocu-
pações de nível médio que não são 
técnicas, sobretudo no início da car-
reira. Com essas constatações, países 
como Alemanha, Áustria, Finlândia, 
Holanda e Suíça já apostam há anos 
na formação técnica e profissional 
de seus milhares de jovens durante o 
Ensino Médio.
40
O interesse dos próprios jovens em 
EPT e no preparo para a vida laboral 
é algo bem evidente no Brasil, como 
mostrou a pesquisa “Repensar o ensi-
no médio”, do movimento Todos Pela 
Educação, realizada pela Multifocus e 
apoiada pelo Itaú BBA e BID (Banco 
Interamericano de Desenvolvimento). 
Do total de 1.551 estudantes brasileiros 
de 15 a 19 anos entrevistados em 2016, 
aproximadamente 78% deles deram 
um grau de importância 9 ou 10 para 
Ideias para inspirar:
• Diagnóstico, planejamento, 
escuta e parceria foram 
essenciais para a criação e 
a execução da política do 
Ensino Médio em Tempo 
Integral Profissional de Minas 
Gerais desde o início de 2019.
• Educação Integral 
e Profissional juntas 
melhoram a formação e 
aumentam as chances 
de inserção qualificada do 
jovem no mundo produtivo.
• Na nova proposta 
educacional, o estudante 
é o grande protagonista 
da escola, que se 
reorganiza para formá-lo 
integralmente para a vida 
e para o trabalho.
matérias de formação profissional, 
técnica e de aconselhamento para o 
futuro (escolha da profissão, como se 
portar no trabalho etc.). Além disso, a 
maioria deles demonstrou interesse 
em ter formação técnica profissional 
na escola: em torno de 77% aceita-
riam trocar um terço das matérias do 
ensino médio por disciplinas técnicas 
eletivas e 95% disseram querer saber 
mais sobre a Educação Profissional 
e Tecnológica.
41
4242
Desenho e execução 
da política: atuação 
de rede de parceiros
42
CAPÍTULO 2
43
“Meu sonho é me tornar 
uma profissional excelente 
na área do direito. Por 
mais que pareça distante 
do meu curso atual, que é 
logística, sei que a formação 
que estou recebendo 
me prepara para a vida 
e para o mercado. São 
conhecimentos que vão 
além do que uma escola 
‘normal’ pode nos dar, e isso 
me ajudará a concretizar 
meu objetivo.” 
Eduarda de Oliveira Dias, 
estudante do curso de logística na 
Escola Estadual Professor Arlindo 
Pereira, em Poços de Caldas
Um antigo ditado diz que se alguém 
quiser andar rápido, deve ir sozinho, 
mas, se quiser ir longe, deve seguir 
em boa companhia. A equipe da 
Secretaria de Estado de Educação 
de Minas Gerais escolheu a segun-
da alternativa ao estruturar e imple-
mentar sua nova política de EMTI e 
de EMTI Profissional. Para isso, teceu 
uma potente rede com parceiros ex-
perientes para sua intensa jornada 
de ampliar com qualidade a oferta 
de um ensino integral e integrado, 
junto com o preparo para o mundo 
do trabalho, em benefício de milha-
res de jovens mineiros.
As organizações parceiras do terceiro 
setor desempenharam o importante 
papel de fornecer suporte e de auxi-
liar tecnicamente a equipe a estrutu-
rar e a executar a política e sua expan-
são, trazendo seus conhecimentos e 
resultados já comprovados em outros 
estados brasileiros, bem como seus 
modelos, visões e metodologias, que 
foram adaptados, flexibilizados e in-
dividualizados para a realidade de 
Minas Gerais, num fértil intercâmbio 
de saberes e também com um contí-
nuo aprimoramento e adaptação na 
forma de atuarem em grupo.
Em outras palavras, cada organização 
contribuiu com o que já tem de me-
lhor em suas iniciativas, sem perder 
suas identidades, concebendo e exe-
cutando com sensibilidade, ao lado 
CAP. 2
44
da Secretaria de Estado de Educação, 
as estratégias, os direcionamentos e 
as ações táticas. Os parceiros com-
puseram uma rede inédita para a 
atuação conjunta no estado e a cria-
ção de soluções combinadas, em um 
processo que demandou adaptações 
de todas as partes, fossem nas meto-
dologias ou nas formações docentes. 
Foi criado um Plano de Trabalho, com 
objetivos e ações para os aspectos pe-
dagógicos, de formação e de gestão 
escolar, administrativos e financeiros, 
que passou por várias alterações e 
ajustes a cada necessidade.
Participaram da rede cinco organiza-
ções, aqui listadas emordem alfabéti-
ca: ICE (Instituto de Corresponsabilida-
de pela Educação); IET (Itaú Educação 
e Trabalho); Instituto Natura; Instituto 
Sonho Grande; e Sebrae-MG (Serviço 
Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-
nas Empresas de Minas Gerais).
“Contamos com todos esses parceiros 
num acordo de cooperação técnica 
porque temos a compreensão de que 
cada um deles é muito competente 
no que faz e tem trajetórias já reco-
nhecidas na área. Colocamos então 
nossa visão sistêmica para garantir 
a sustentabilidade dessa integração 
de parceiros e evitar sobreposição de 
ações”, explica a secretária de Educa-
ção, Julia Sant'Anna.
Para ela, os parceiros foram gene-
rosos e corajosos ao levarem a Mi-
nas Gerais movimento, dinamização 
e experiência de outros lugares e 
modos de fazer que já deram certo. 
Enquanto ocorria o trabalho no ter-
ritório mineiro, eles também esta-
vam operando em outros estados e 
trazendo novas contribuições desses 
locais, o que é algo bastante enri-
quecedor. A parceria de inovações 
em conteúdo, método e gestão para 
o EMTI Profissional criou, portanto, 
um novo paradigma de institucio-
nalidade entre poder público e or-
ganizações do terceiro setor em tor-
no da causa da educação pública: 
a corresponsabilidade como motor 
da mudança. Juntos, somaram es-
forços, competências, tecnologias e 
se corresponsabilizaram pelo alcan-
ce dos objetivos sociopolíticos da 
política pública.
Papel de cada parceiro
O Instituto Natura contribuiu com 
a gestão da secretaria em ações que 
prepararam os caminhos para a poste-
rior implantação concreta da política. 
Entre elas constam: planejamento de 
custeio, com identificação de econo-
mias de custo na secretaria que garan-
tem a sustentabilidade da política de 
EMTI; reestruturação e aprimoramen-
to dos sistemas estaduais de matrícu-
la e de “enturmação” de estudantes; 
apoio à rede mineira na melhoria do 
uso dos recursos da política de fomen-
to federal para o EMTI; e apoio técnico 
à equipe da secretaria, o que a ajudou 
na tomada de decisões.
45
Ao mesmo tempo, o Instituto Natura, 
em parceria com o Instituto Sonho 
Grande, apoiou em Minas Gerais a 
implantação, desde meados de 2019, 
do modelo educacional da Escola da 
Escolha, do ICE. As Diretrizes Pedagó-
gicas e Operacionais do Programa do 
Ensino Médio em Tempo Integral nas 
dimensões pedagógica e de gestão 
foram incorporadas em convergência 
e à luz da conceituação e da expertise 
do ICE, com o qual a secretaria firmou 
uma parceria na implementação do 
Modelo da Escola da Escolha. Tal mo-
delo considera o estudante em suas 
múltiplas dimensões: afetiva, emo-
cional, social, física, cultural e ética, 
localizando-o em diversos contextos 
da vida pessoal, social e produtiva, e 
ultrapassa a ideia de educação priori-
tariamente focada na dimensão cog-
nitiva. Proporciona, ao mesmo tem-
po, três eixos formativos: a Formação 
Acadêmica de Excelência, a Forma-
ção de Competências para o Século 
XXI e a Formação para a Vida.
A Escola da Escolha permite as condi-
ções para que os estudantes constru-
am uma visão de si próprios no futuro 
e executem-na, valendo-se do prota-
gonismo como mobilizador de forças, 
talentos e potencialidades para essa 
construção, que se materializa no Pro-
jeto de Vida, solução central do mode-
lo. Os estudantes são levados a refletir 
sobre seus sonhos, desejos, ambições 
e aquilo que desejam para suas vidas. 
A operacionalização do modelo se dá 
pela ampliação do tempo de perma-
nência dos estudantes na escola, na 
perspectiva da “Pedagogia da Presen-
ça”, com o estímulo contínuo de uma 
cultura mais colaborativa e contribu-
tiva entre todos (equipes de gestão, 
professores, corpo técnico-adminis-
trativo e estudantes), que são os cor-
responsáveis por gerar o trabalho que 
transforma a intenção educativa de 
formação de um estudante autôno-
mo, solidário e competente em uma 
ação efetiva (mais detalhamento no 
capítulo 3).
Projeto escolar
Concepção dos 
princípios e 
metodologias
Currículo
Concepção 
da prática 
pedagógica
Tempo integral
Indicação de 
estratégias para 
operar o currículo
46
Carolina Ilidia Faria, gerente de Ensino 
Médio do Instituto Natura, avalia que 
a política de EMTI garante o desenvol-
vimento pleno dos estudantes, como 
alguns estados já têm mostrado: “Ela 
coloca o estudante no centro, cons-
truindo toda a abordagem e a metodo-
logia a partir de quem ele é e de quem 
sonha ser. É uma política de sucesso, 
com bons indicadores, que melhora 
o aprendizado e é potente também 
como uma ferramenta de combate às 
desigualdades sociais no nosso país”.
A participação do ICE em Minas Ge-
rais se deu em dois âmbitos e em dois 
momentos. O primeiro consistiu no de-
senho do projeto educacional com a 
Secretaria de Educação e com os par-
ceiros; o segundo focou a implantação 
do modelo educacional do EMTI com 
as equipes escolares, com acompanha-
mento formativo e apoio local e pre-
sencial nas instituições de ensino, com 
recomendações para ações corretivas, 
por meio de atuação pedagógica e de 
gestão, que prevê o desenvolvimento 
de plano de ação (estratégico), pro-
gramas de ação (operacional) e oferta 
de processos formativos. No início, em 
meados de 2019, uma parte dos com-
ponentes do modelo não foi posta em 
prática em virtude das condições desfa-
voráveis encontradas na rede estadual 
em 2018, bem como pela necessidade 
de se fazer uma transição mais suave 
entre a política de Educação Integral 
que já havia nas escolas e aquela que 
passou a existir.
Para o desenho da proposta curricu-
lar junto com a secretaria e parcei-
ros, a equipe do ICE levou em conta 
inovações em conteúdo, método e 
gestão, fundamentos e conceitos dos 
parceiros das áreas de formação téc-
nica e profissional, identificou e reco-
nheceu convergências de atuação e 
flexibilizou a carga horária de algu-
mas Metodologias de Êxito para, en-
tão, desenhar de forma coletiva um 
currículo que de fato se articulasse 
e que não tivesse sobreposições de 
componentes e conteúdo.
O ICE também apoiou os parceiros 
no acompanhamento e na coleta dos 
seus próprios indicadores e colaborou 
com a análise de viabilidade futura da 
inclusão da Lei da Aprendizagem (Lei 
n. 10.097/2000) como uma das alter-
nativas possíveis da Prática Profissio-
nal dos cursos técnicos (detalhamento 
no capítulo 3).
“A atuação com diferentes parceiros, 
com suas tecnologias próprias, trou-
xe desafios e janelas de oportunida-
des para aperfeiçoarmos nossa atu-
ação. Além disso, a implantação da 
política exigiu um forte trabalho de 
sensibilização e de diálogo com as 
equipes escolares, quase um muti-
rão, para a adesão a um novo mode-
lo que faz bem mais sentido para o 
estudante e que contribui, entre ou-
tros, para diminuir a evasão escolar”, 
conta Thereza Paes Barreto, diretora 
pedagógica do ICE.
47
“Os 22 componentes 
curriculares no primeiro 
ano do Ensino Médio 
são intercalados e 
direcionados. Temos 
Eletivas com quatro 
conteúdos para os 132 
jovens escolherem 
quais delas querem 
aprender. Eles fazem 
várias atividades aqui 
na escola, contam com 
Estudos Orientados, 
têm avaliação semanal, 
exercem o protagonismo 
em seus grupos, como 
os Clubes de leitura, 
dança, pingue-pongue, 
e participam de 
reuniões comigo para 
apresentarem suas 
reivindicações para 
a escola.”
Patrícia Andrade de Faria Silva,
diretora da Escola Estadual de 
Ensino Médio de Tupaciguara.
47
O Instituto Sonho Grande, por sua 
vez, deu suporte à secretaria por meio 
do uso de ferramentas que facilitam o 
planejamento da logística, infraestru-
tura e expansão das escolas integrais. 
Realizou também avaliações sobre o 
impacto do programa, com foco na 
aprendizagem e nos efeitos socioeco-
nômicos, com base em uma amostra 
de escolas, para analisar o andamen-
to da política e prover a secretaria 
de informações.
O Sonho Grande estabeleceu, ainda, 
uma agenda pública para a divulgação 
de informações sobre o Ensino Médio 
Integral e auxiliou no engajamento das 
comunidades locaisdo estado com o 
apoio em comunicação. “O processo 
foi rico e deixou muitos aprendizados 
para os parceiros, a secretaria e a rede”, 
pondera Vinicius Hojo, coordenador de 
implantação do instituto.
O Itaú Educação e Trabalho prestou 
apoio técnico à secretaria para a im-
plantação na rede estadual do Itinerá-
rio de Formação Técnica e Profissional 
48
Desenvolveu também um percurso 
formativo para educadores para a im-
plementação de uma metodologia 
de articulação curricular que conta 
com a participação de diversos pro-
fissionais da rede, de forma a, jun-
tos, definirem quais competências e 
habilidades preparam melhor os es-
tudantes para o mundo do trabalho, 
de acordo com o perfil de egresso de 
cada curso, assegurando-se os princí-
pios da interdisciplinaridade, contex-
tualização dos saberes e relação entre 
teoria e prática, visando a uma efetiva 
integração curricular entre a forma-
ção geral e a Educação Profissional e 
Tecnológica, aliada ao Projeto de Vida 
do estudante.
Com o auxílio de especialistas, o Itaú 
Educação e Trabalho criou as emen-
tas dos três anos de cada um dos 19 
cursos técnicos escolhidos pelo es-
tado, as quais foram adaptadas de 
semestrais para anuais, em confor-
midade com as regras de contrata-
ção de docentes, e depois validadas 
pela rede, conforme as suas deman-
das. Realizou ainda ações de apoio 
técnico (presenciais e a distância) 
para técnicos e/ou professores da 
rede e de auxílio no levantamento 
de especificações para os laborató-
rios destinados aos cursos técnicos. 
“Além do contexto da pandemia, a 
equipe gestora de Minas Gerais lidou 
com questões desafiadoras, como a 
contratação de professores técnicos 
e a equação entre a implantação e 
a expansão do programa ao mesmo 
do Ensino Médio, com o propósito de 
melhorar a qualidade da Educação 
Profissional e Tecnológica no estado 
e ampliar o seu acesso. Ao lado dos 
parceiros, promoveu reuniões de su-
porte técnico para servidores da rede 
para apresentação e desenvolvimen-
to de conceitos, estratégias e meto-
dologias, objetivando a Educação 
Profissional e Tecnológica integrada 
ao Ensino Médio.
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tempo. Ainda assim, esteve muito 
aberta para rever a jornada forma-
tiva e fazer adaptações necessárias 
no planejamento de forma bastante 
colaborativa”, analisa Cacau Lopes da 
Silva, gerente de Implementação e 
Desenvolvimento do Itaú Educação 
e Trabalho.
O Sebrae-MG, que já oferece Educa-
ção Empreendedora em centenas 
de escolas públicas de Minas Ge-
rais por meio de solução própria – o 
PNEE (Programa Nacional de Edu-
cação Empreendedora), de adesão 
espontânea pelas unidades de ensi-
no –, ingressou na rede de parceiros 
após ICE e Itaú Educação e Trabalho. 
Realizou a construção e a inserção, 
nas matrizes do EMTI Profissional, do 
módulo de Preparação Básica para 
o Trabalho e Empreendedorismo, 
estruturado em quatro componen-
tes curriculares, cujo objetivo é pro-
mover a Educação Empreendedora 
transversal ao processo de formação 
do estudante ao longo de sua jor-
nada de aprendizado e desenvolver 
nele competências e atitudes em-
preendedoras para a vida.
Cuidou também dos conteúdos do 
módulo, da abordagem metodoló-
gica, dos objetos de aprendizagem 
e da estruturação da proposta me-
todológica da formação dos edu-
cadores sobre o assunto, utilizan-
do sua experiência na execução de 
programa de Educação Empreen-
dedora, de modo a assegurar que 
os estudantes possam concretizar 
seus projetos empreendedores, ao 
se perceberem como capazes de 
mudar suas vidas e de impactar o 
ambiente em que estão inseridos. 
Ao lado dos parceiros, o Sebrae-MG 
contribuiu com a revisão e a estrutu-
ração das matrizes curriculares, com 
diálogos com empresas, a partir do 
estudo de polos produtivos da Se-
dese, que ajudou na identificação e 
na escolha dos cursos profissionais. 
Diante da necessidade de ofertar 
conteúdo que pudesse favorecer o 
processo de ensino e aprendizagem 
dos estudantes, bem como sua pre-
paração inicial para a estruturação 
dos projetos empreendedores, tam-
bém desenvolveu, com a equipe da 
secretaria, um PET (Plano de Estu-
dos Tutorado) sobre Educação Em-
preendedora, como formação com-
plementar para os estudantes.
“O Sebrae fez uma construção custo-
mizada para a secretaria a partir da 
sua experiência. Para cada deman-
da, criamos uma construção espe-
cífica para trabalhar as competên-
cias e atitudes empreendedoras no 
jovem. Não trouxemos nossos pro-
gramas prontos para serem execu-
tados. Nos encontros com professo-
res, usamos metodologias ativas de 
cocriação, pautadas, por exemplo, 
no design thinking, com os próprios 
participantes retroalimentando a 
formação”, conta Fabiana Pinho, ge-
rente de Educação e Empreendedo-
rismo do Sebrae-MG.
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Papel resumido de cada parceiro
 
- Modelo da Escola 
da Escolha.
- Análise de convergên-
cias de metodologias 
dos parceiros.
- Acompanhamento 
da gestão e do 
trabalho pedagógico 
nas escolas.
 
- Articulação curricular 
entre acadêmico e 
técnico.
- Criação de ementas 
de cursos técnicos.
- Levantamento 
de requisitos para 
laboratórios.
 
- Melhorias em 
sistema de matrículas 
e “enturmação”.
- Apoio técnico 
em gestão e 
racionalização 
de custos.
 
 
"Educação é tarefa 
coletiva, realizada 
pela sociedade, 
família e comunidade 
escolar. O ICE e seus 
parceiros trabalham 
para formar cidadãos 
plenos, protagonistas 
e responsáveis para 
atuar nos diversos 
contextos da vida. 
Esse é o foco da 
Escola da Escolha.”
 
Marcos Antônio 
Magalhães,
presidente
 
 
“Temos um princípio 
no IET de tentar 
atuar sempre 
em parceria com 
outras instituições e 
empresas, porque 
pensar, dialogar e 
construir em conjunto, 
flexibilizar e adaptar, 
tudo isso tende a 
gerar resultados 
melhores e mais 
duradouros para 
a formação do jovem.”
 
Ana Inoue,
superintendente
 
 
“A Política de Ensino 
Médio em Tempo Integral 
garante o desenvolvimento 
pleno dos estudantes. 
Ela coloca o aluno no 
centro, construindo toda a 
abordagem e metodologia 
a partir de quem ele é e de 
quem ele sonha ser. Essa 
construção de saber inclui, 
também, as expectativas de 
aprendizagem do Ensino 
Médio e o desenvolvimento 
acadêmico dos alunos. 
Os resultados apresentados 
no IDEB confirmam o 
sucesso dessa política para 
as redes.” 
 
David Saad, 
diretor-presidente
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Papel resumido de cada parceiro
 
- Planejamento de logística, 
infraestrutura e expansão 
das escolas.
- Avaliações sobre o 
impacto do modelo.
- Divulgações sobre ensino 
médio integral para engajar 
comunidades.
 
- Componente curricular 
Preparação Básica para o 
Trabalho e Empreendedorismo.
- Plano de Estudos Tutorado 
sobre Educação Empreendedora.
- Diálogos com empresas na revisão 
das matrizes curriculares.
- Estruturação de formações para 
professores em Educação Empreendedora.
 
 
"Acreditamos no modelo 
integral como política 
pública de sucesso para 
a formação dos jovens. 
Evidências de estudos 
demonstram os bons 
impactos do Ensino 
Médio em Tempo Integral 
na aprendizagem e 
no desenvolvimento 
de habilidades 
socioemocionais.”
Ana Paula Pereira,
CEO
 
 
“A parceria do Sebrae Minas 
com a SEE/MG e os parceiros, 
para a estruturação do Ensino 
Médio Integral, é de extrema 
relevância para construirmos um 
ensino público de qualidade e 
transformador. O Sebrae Minas 
entende a importância de levar 
conteúdos de empreendedorismo 
para os currículos escolares, que 
estimulem a formação de jovens 
estudantes protagonistas de suas 
vidas, capazes de transformar a 
sua própria realidade e o mundo 
ao seu redor.”
João Cruz Reis Filho, 
diretor técnico
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Fortalezas da rede coletiva
A criação e a execução da política exi-
giram dezenas de reuniões técnicas 
de trabalho, presenciais e remotas, 
bem como esforços de adaptação dos 
parceiros para a criação de soluções 
específicas para Minas Gerais. A rede 
de parceiros é inovadora e singular 
por diferentes motivos. Ela reuniu or-
ganizações do terceiro

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