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TFG - FIUZA, Jéssica 2018 2

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP 
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA 
ESCOLA DE ARQUITETURA, DESIGN E MODA 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
 
 
JÉSSICA FIGUEIRA FIUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANTEPROJETO DE CENTRO DE CULTURA POPULAR 
NORDESTINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2018 
 
 
JÉSSICA FIGUEIRA FIUZA 
 
 
 
 
 
 
ANTEPROJETO DE CENTRO DE CULTURA POPULAR 
NORDESTINA 
 
 
 
Pré-projeto de trabalho de conclusão 
de curso apresentado à Universidade 
Potiguar – UnP, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do 
título de Bacharel em Arquitetura e 
Urbanismo. 
 
ORIENTADOR: Profª. Rosanne 
Albuquerque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2018 
 
 
JÉSSICA FIGUEIRA FIUZA 
 
 
 
 
 
 
ANTEPROJETO DE CENTRO DE CULTURA POPULAR 
NORDESTINA 
 
 
 
Pré-projeto de trabalho de conclusão 
de curso apresentado à Universidade 
Potiguar – UnP, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do 
título de Bacharel em Arquitetura e 
Urbanismo. 
 
Aprovado em ___/___/___ 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
__________________________________________________ 
Prof.ª Rosanne Azevedo de Albuquerque 
Orientadora 
Universidade Potiguar - UnP 
 
 
__________________________________________________ 
Convidado(a) Interno 
Universidade Potiguar - UnP 
 
 
__________________________________________________ 
Convidado(a) Externo 
Arquiteto e Urbanista 
 
 
 
 
NATAL 
2018 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Após um ano inteiro do desenvolvimento desse trabalho, todo o esforço está 
sendo recompensado, e, eu não poderia deixa de reconhecer aqueles que me 
ajudaram a passar por esse período tão cansativo e ao mesmo tempo, tão gratificante 
que está me proporcionando uma incrível sensação de superação. 
Gostaria de agradecer à minha família, minha mãe, Kátia, meu pai, Arnaldo, 
meus irmãos Cauã, John Lennon e Luna, por todo amor e carinho. Agradeço também 
ao meu namorado, Vitor Rêgo, pelo apoio em todos os sentidos, me ajudou 
imensamente e me manteve sã no meio de tantas emoções e ansiedades ao longo do 
ano. 
A todas as arquitetas e arquitetos no qual tive contato em escritórios que tive o 
prazer de estagiar, sobretudo, aos meus colegas de trabalho, Clodoaldo Castro, 
Jainara Taiane, Nicolle Araujo, Maira Nascimento, e ao meu atual chefe, Matheus 
Duarte, por terem me acolhido tão bem no escritório e terem me ensinado tanto. 
Aos meus amigos da faculdade, que pude conviver nesses cinco anos de 
muitos trabalhos feitos e noites mal dormidas. Um agradecimento especial para 
Cecília Araújo, Maria dos Anjos, Sergio Henrique, Thaynara Borges, Marnia 
Damasceno, Weidnelle Flávia e Patrícia Araújo. 
E por fim, obrigada pelos professores super queridos que tanto se dedicaram 
para passar um pouco de seus conhecimentos. Agradeço especialmente ao professor 
Marcos Delgado, pelo seu jeito sempre alegre e brincalhão de ensinar e à minha 
orientadora Rosanne Albuquerque por toda sua paciência, calma, disposição e 
dedicação para comigo em todos os momentos. 
Gratidão. 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho apresenta como tema um Anteprojeto de um Centro Cultural com 
foco na cultura popular nordestina no bairro de Lagoa Nova na cidade de Natal-RN. O 
anteprojeto foi elaborado a partir de estudos de referenciais e o estudo de 
condicionantes projetuais levando em consideração, sobretudo, a localização do 
terreno escolhido para a implantação do Centro de Cultura Popular. 
A partir desses estudos iniciais foi elaborado o metaprojeto, que consiste no 
programa de necessidades, o pré-dimensionamento, o funcionograma e o 
zoneamento. 
Por fim, como resultado dessas etapas, foram elaboradas as plantas baixas 
dos 6 pavimentos, os cortes e as fachadas do anteprojeto, assim como a maquete 
eletrônica da proposta final. 
 
Palavras-chave: Centro cultural, vernacular, eventos, arquitetura regionalista, 
exposições. 
 
 
ABSTRACT 
This work has as theme a Preliminary Project of a Cultural Center focusing on 
the Northeastern popular culture in the neighborhood of Lagoa Nova in the city of 
Natal-RN. The preliminary project was elaborated from reference studies and the study 
of design constraints taking into account, above all, the location of the land chosen for 
the implantation of the Popular Culture Center. 
From these initial studies, the metaproject was elaborated, consisting of the 
needs program, the pre-dimensioning, the funcionograma and the zoning. 
Finally, as a result of these steps, the floor plan of the 6 floors, the cuts and 
facades of the preliminary project were elaborated, as well as the electronic model of 
the final proposal. 
 
Keywords: Cultural center, vernacular, events, regionalist architecture, 
exhibitions. 
 
 
RÉSUMÉ 
Ce travail présente comme thème un projet préliminaire d'un centre culturel axé 
sur la culture populaire du Nord-Est dans le quartier de Lagoa Nova, dans la ville de 
Natal-RN. Le projet préliminaire a été élaboré à partir d’études de référence et de 
l’étude des contraintes de conception, en prenant en compte, avant tout, 
l’emplacement du terrain choisi pour l’implantation du Centre de la culture populaire. 
À partir de ces études initiales, le métaprojet a été élaboré. Il comprend le 
programme des besoins, le pré-dimensionnement, le funcionograma et le zonage. 
Enfin, à la suite de ces étapes, les plan détaillé des 6 étages, les découpes et 
les façades du projet ont été élaborés, ainsi que le modèle électronique de la 
proposition finale. 
 
Mots-clés: centre culturel, vernaculaire, événements, architecture régionaliste, 
expositions. 
 
 
SUMÁRIO 
1. Introdução ............................................................................................................. 3 
2. Referencial Teórico ............................................................................................... 7 
2.1. Cultura ............................................................................................................ 7 
2.1.1. Importância da Cultura para a sociedade ................................................ 9 
2.1.2. Definições de Tipos de Cultura .............................................................. 11 
2.1.2.1. Cultura Erudita ................................................................................ 11 
2.1.2.2. Cultura de Massa ............................................................................ 11 
2.2. Centro Cultural ............................................................................................. 12 
2.2.1. Cultura Popular ...................................................................................... 12 
2.2.1.1. Arquitetura Popular/Vernacular ....................................................... 13 
2.2.2. Definição e História dos Centros Culturais ............................................ 15 
2.2.3. Legislação Pertinente ............................................................................ 18 
3. Estudos Referenciais .......................................................................................... 20 
3.1. Estudos de Refenciais Diretos ..................................................................... 20 
3.1.1. Espaço Cultura Casa da Ribeira............................................................ 20 
3.1.2. Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão ........................................ 23 
3.2. Estudo de Referenciais Indiretos ................................................................. 25 
3.2.1. Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura ............................................... 25 
3.2.2. Centro Cultura Max Reffer – Cultura e Sustentabilidade ....................... 30 
3.2.3. Museu Cais do Sertão ........................................................................... 34 
3.3. Estudos de Recerenciais Formais ................................................................ 38 
3.3.1. Sala de Aula Multifuncional Mazaronkiari ..............................................38 
3.3.2. Escola Primária Comunitária para Meninas Swawou ............................ 43 
3.3.3. Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui .......................................... 47 
3.3.4. Escola em Chuquibambilla .................................................................... 50 
4. Partido Arquitetônico........................................................................................... 55 
 
 
4.1. Arquitetura Vernacular ................................................................................. 55 
4.2. OCA ............................................................................................................. 57 
5. Condicionantes Projetuais .................................................................................. 61 
5.1. Escolha do Terreno ...................................................................................... 61 
5.1.1. Análise das Características do Terreno e da Viabilidade da Proposta .. 64 
5.2. Condicionantes Legais ................................................................................. 66 
5.2.1. Plano Diretor de Natal ........................................................................... 66 
5.2.2. Código de Obras de Natal ..................................................................... 69 
5.2.3. Lei da Acessibilidade ............................................................................. 71 
5.2.4. Código de Segurança e Prevenção Contra Incêncio e Pânico .............. 74 
5.3. Condicionantes Físicos ................................................................................ 76 
5.3.1. O Terreno .............................................................................................. 76 
5.3.2. Localização e entorno ............................................................................ 78 
5.3.3. Acessos ................................................................................................. 78 
5.4. Condicionantes Climáticos ........................................................................... 80 
5.4.1. Caracterização do Clima na Cidade de Natal/RN .................................. 80 
5.4.2. Estudos de ventilação e Insolação ........................................................ 82 
6. Metaprojeto ......................................................................................................... 91 
6.1. Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento .................................. 91 
6.2. Funcionograma ............................................................................................ 96 
6.3. Plano de massas e Zoneamento .................................................................. 97 
6.4. Evolução da Proposta .................................................................................. 99 
6.5. Memorial descritivo .................................................................................... 106 
6.6. Considerações Finais ................................................................................. 106 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 108 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Objeto de estudo deste trabalho é um Anteprojeto de Centro de Cultura Popular 
em Natal-RN que tem como objetivo a elaboração de um espaço cultural com o 
enfoque na cultura popular regional utilizando elementos da arquitetura vernacular 
nordestina, a fim de estabelecer parâmetros gerais que venham permitir uma melhor 
concepção do anteprojeto de modo a despertar um sentimento de pertencimento 
através do uso de materiais e técnicas da região. 
A proposta do Centro de Cultura Popular vem como resposta à falta de espaços 
culturais na cidade de Natal-RN, visando estimular a curiosidade sobre a cultura 
popular por meio de atividades recreativas resgatando elementos histórico-culturais e 
proporcionando ao mesmo tempo integração entre as pessoas e um maior vínculo 
com suas raízes culturais. 
A cultura, segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Michaelis (1998), é “um 
conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento, 
adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social”, desse 
modo, pode-se dizer que a cultura é um conjunto de manifestações populares 
passadas de geração em geração que criam a identidade do povo, porém, o que 
ocorre é que, atualmente, com a globalização, essa identidade está se perdendo em 
detrimento de uma cultura global “ditada”, principalmente, pelos países de maior poder 
econômico, fazendo com que a cultura local seja, muitas vezes, desvalorizada pela 
sua população. 
No bojo das transformações encontra-se a cultura, enquanto produto 
humano historicizado e por vezes submetido ao imperativo do que se 
convencionou designar nova ordem mundial. Se, por um lado, fica claro que 
as sociedades contemporâneas vêm sendo moldadas de acordo com as 
regras da sociedade global – aqui compreendida enquanto processos, 
estruturas de diversas ordens, que funcionam por vezes de modo desigual e 
contraditório –, por outro, urge tentar decifrar o papel do homem que se forma 
e ocupa o seu espaço enquanto cidadão, no mundo sacudido por tantas 
transformações. Haverá alguma possibilidade de inserção crítica desse 
homem, ou os fenômenos de tendência mundializante, que agora são 
percebidos com muita intensidade, sufocarão as possibilidades locais de 
manifestação da identidade social e mesmo de resistência cultural? 
(RODRIGUES, OLIVEIRA e FREITAS, 2000, p. 01) 
4 
 
 Este processo de perca de identidade cultural ocorre, sobretudo, na cidade 
Natal-RN que, antes mesmo da era da informática e da globalização moderna, sofreu 
uma forte influência da presença dos Estados Unidos, tornando-se o “Trampolim da 
Vitória” no período da Segunda Guerra Mundial, e teve o estilo de vida da população 
drasticamente mudado em um curto período, o que fez com que nossos costumes 
fossem modificados pela a cultura norte-americana. Desde então, percebe-se que 
houve uma tendência local a valorizar em demasiado a cultura estrangeira enquanto 
a cultura local é esquecida. 
A cidade de Natal, e o Rio Grande do Norte, são muito ricos culturalmente, 
contendo traços da cultura portuguesa, indígena e a negra, cheia de tradições, 
culinária vasta, celebrações religiosas, danças e literatura, com artistas renomados 
em todas essas áreas. Grandes nomes fazem parte desse acervo cultura como 
Câmara Cascudo, Auta de Souza e Newton Navarro. Essa diversidade cultural está 
presente até nos dias de hoje em eventos populares e no folclore do Rio Grande do 
Norte. No entanto, o conhecimento e o reconhecimento da cultura popular nordestina 
pela população local, é ainda muito insignificante, o anteprojeto proposto tem o 
objetivo de valorizar e estimular a prática da cultura, através da elaboração de um 
Centro de Cultura Popular Nordestina na cidade de Natal-RN que teria como missão 
resgatar nossas raízes e despertar na cidade o sentimento de pertencimento e o 
desejo de preservar a nossa cultura por meio, não só, das atividades desenvolvidas, 
exposições e eventos que ocorrerão no Centro, como através do próprio projeto 
arquitetônico que irá transpassar a cultura popular em si mesma com o uso de 
materiais e objetos locais que transmitam a cultura nordestina. 
A arquitetura vernacular, é um modo de construção que traduz as 
singularidades da região, levando em conta questão as tradições populares e 
culturais. Nesse modo de construir, existem técnica milenares que surgiram de forma 
intuitiva para melhor adequação ao meio utilizando materiais do local. Tais técnicas 
eram executadas por pessoas comuns e passadas a cada geração, e com o passar 
do tempo, foram aprimoradas. Tratando-se então de uma arquitetura nativa, feita da 
terra, em que o “saber fazer” a construção faz parte da cultura. 
“As técnicas construtivas, a arquitetura e o assentamento produzidos com basena experiência popular são, ao mesmo tempo, um recurso para o desenvolvimento 
5 
 
socioeconômico e também um patrimônio cultural da maior importância.” 
(SANT’ANNA, 2013). 
“Arquitetura vernacular pode ser dito àquela linguagem arquitetônica das 
pessoas, com seus ‘dialetos’ étnicos, regionais e locais.” (OLIVER, 1997) 
Dessa forma, o anteprojeto fará o resgate da arquitetura vernacular, embora, 
originalmente se tratar de uma arquitetura propriamente dita como uma arquitetura 
sem arquitetos, será utilizada no que diz respeito a sua característica mais marcante: 
de ser uma arquitetura da terra em que conta de maneira significante com as 
características do local e utilizando-se dos materiais produzidos na região, será 
apropriada também algumas, como a taipa de pilão e a pau a pique. 
De acordo com Arantes (1984), o patrimônio cultural de uma 
sociedade consiste nos bens históricos e artísticos, materiais ou não, que são 
preservados de muitas maneiras, visando à garantia da manutenção da 
memória de sua história e de sua cultura. Nestes termos, o estudo da 
arquitetura vernacular adquire ainda uma maior importância no contexto 
atual, pois representa testemunho vivo da tradição e reflete um determinado 
momento histórico da cidade, relacionando-a com a formação de ruas e 
bairros, contribuindo para a preservação da memória desta (BARDA, 2003). 
(PEREIRA, 2012, p. 33) 
Para a implantação do Centro de Cultura Popular Nordestina, o terreno 
escolhido para o anteprojeto está localizado no bairro de Lagoa Nova e tem fachadas 
voltadas para a Avenida Rui Barbosa, Rua da Saudade e a Rua Prof. Almeida Barreto. 
É possível identificar fortemente no bairro o uso residencial, assim como edificações 
de uso comercial e serviços, encontra-se escolas, faculdades, supermercados, 
restaurantes, o Centro Administrativo do Estado e o Arena das Dunas. Tendo em vista 
a diversidade de usos no Bairro de Lagoa Nova, o Centro Cultura agregaria neste 
nobre bairro lazer e cultura, por meio de atividades diversificadas como, espetáculos 
e apresentações de artistas locais e experiencias gastronômicas únicas da cultura 
potiguar, com a nossa famosa ginga com tapioca, no restaurante/cantina de comida 
típica que fará parte do complexo. Além disso, a edificação possuirá no seu programa 
de necessidade uma área de convivência, salas de aula, biblioteca, ateliês, salas de 
exposições fixas e temporárias, lanchonete, cafeteria, restaurante, auditório, salas de 
confecção de figurinos e adereços, sala sensorial, dentre outros ambientes 
6 
 
proporcionarão o bom funcionamento e qualidade do bem-estar de seus usuários. O 
novo edifício cultural se encontrará em uma localização de fácil acesso aos pedestres, 
contando com linhas de ônibus, e aos transportes particulares democratizando o 
acesso à população. 
Dessa forma, além de valorizar o Bairro onde será implantado, o centro cultural 
oferecerá uma integração entre o interior e o exterior da edificação possibilitando o 
contato visual com o seu usuário, o morador do bairro e o visitante, instigando a 
curiosidade para as atividades oferecidas pelo centro, formando uma teia de interação 
social e cultural nordestina. 
A metodologia utilizada no trabalho será dividida em partes, iniciando com a 
pesquisas bibliográficas para sustentação teórica por meio da internet, de livros, 
artigos, teses e revistas que abordem o tema e estudos de casos de projetos já 
existentes. 
Também, faz-se necessário a realização de pesquisas sobre a cultura popular 
nordestina e levantamento de informações por meio de questionários aplicados à 
população. Em seguida, a elaboração do referencial arquitetônico para a elaboração 
do programa de necessidades de um projeto de cunho cultural. 
Por fim, definir o metaprojeto, em que é imprescindível o estudo do código de 
obras e do plano diretos com ênfase na localização do terreno que será escolhido 
terreno e seu entorno, o estudo das condicionantes climáticas, estudos topográficos e 
acessos viários. Dessa maneira, o estudo de massas poderá ser realizado logo após 
o zoneamento e o pré-dimensionamento serem definidos. Partindo de todo o estudo 
realizado, será desenvolvido o anteprojeto de uma escola comunitária de cultura 
popular com plantas baixas, cortes, fachadas e volumetrias para um melhor 
entendimento da proposta.
7 
 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Neste capitulo será abordado a fundamentação conceitual do tema e enfoque 
sugeridos no objeto de estudo. Inicialmente, tem-se uma breve definição sobre a 
cultura e os tipos de cultura, para, então, enfatizar a cultura popular que será o foco 
do trabalho por se tratar de um projeto de cunho cultural que busca resgatar as raízes 
da população que ao longo dos anos foram sendo perdidas pela influência de uma 
cultura globalizada. A partir da definição da cultura, será explanado o surgimento dos 
centros culturais no Brasil e no mundo, que é o tema do projeto, e, então, será 
acometida a arquitetura vernacular, que estará presente como o principal partido 
arquitetônico do projeto. 
 
2.1. CULTURA 
 
De todos os animais, os seres humanos são os únicos que tem a habilidade de 
pensar, criar, planejar ações futuras e poder passar todas suas experiências para a 
prosperidade. Estão sempre se relacionando entre si e com o meio em que habitam 
em prol de se manterem vivos. Todo esse conhecimento adquirido, práticas e criações 
que foram transpassados através gerações são denominados de “cultura”. Pode-se, 
então, também, definir cultura como resultado das ações e interações humanas, uma 
construção histórica, uma dimensão do processo social, dinâmica e que varia de 
sociedade em sociedade. 
[...] cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a 
cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Quando se 
considera as culturas particulares que existem ou existiram, logo se constata 
a grande variação delas. (BRANDÃO e DUARTE, 2011) 
Cada local possui uma cultura diferente e as vezes em um mesmo local existe 
mais de um tipo de cultura. Diversos fatores determinam as diferentes manifestações 
culturais, tais como o sexo, a educação, faixa etária e as condições socioeconômicas, 
e influenciam na cultura. Entretanto, independentemente do tipo de manifestação 
8 
 
 
cultural, seja ela inserida na cultura de massa, na cultura erudita ou popular, não 
podemos, nem mesmo devemos, fazer comparações de modo a definir algum tipo de 
hierarquia concluindo que alguma cultura é superior a outra, pois cada tipo de cultura 
possui características e origens diferentes representando a identidade e 
representatividade de um grupo ou uma sociedade. 
O conceito da identidade social está intrinsecamente relacionado com a cultura, 
visto que a identidade social provém da necessidade humana de interação e 
convivência em torno de um espaço comum. A partir do momento que tais 
experiências se tornam parte do cotidiano das pessoas, elas geram uma memória 
coletiva. Então, essas interações e experiências seriam a cultura, e a identidade social 
é o resultado dela, pois tratam-se de características que marcam as pessoas que 
habitam em um determinado local. 
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, como consequência da crescente 
globalização, de um conjunto de transformações de ordem econômica, tecnológica e 
política e dos grandes avanços dos meios de comunicação e da tecnologia, a 
identidade social local está sendo perdida em detrimento de uma identidade social 
global com forte influência dos países política e economicamente mais fortes. 
No Brasil, por ser um país de grandes dimensões e pela sua formação étnica, 
existe uma diversidade cultural incomensurável, e dependendo do desenvolvimento 
tecnológico da cidade, a relação com a cultura local tende a variar. Cidades pequenas 
com os meios de comunicação e tecnologia poucos desenvolvidos não tem tanto o 
contato com o mundo externoe podem ter uma relação mais forte com a cultura local, 
já as grandes cidades, como São Paulo, por exemplo, por ter um maior contato com 
as informações e tendências, propendem a ter uma cultural mais cosmopolita, sem 
muitas vezes a população conhecer a própria cultura. Mas, ao mesmo tempo, também 
existem cidades grandes que conhecem e valorizam muito bem sua cultura por ter um 
certo apelo turístico e um grande valor econômico, por exemplo, Salvador e Recife. A 
relação da população com a cultura local depende muito da educação que as pessoas 
recebem, não só a educação em escolas, que, diga-se de passagem, não são todos 
que tem acesso, e quando tem, muitas vezes é de modo precário, mas como também 
a educação recebida em casa. 
9 
 
 
Segundo (BELING, 2005), em um país com tantas desigualdades sociais, a 
cultura pode construir um país mais justo e moderno, ou seja, a cultura é vista como 
uma possibilidade transformadora de um ambiente. Além disso, ele afirma que não só 
na esfera social, como em outras áreas, a cultura pode ser utilizada, é citado como 
exemplos o turismo, a economia, o comércio, educação, capacitação, criação de 
emprego, ferramenta de contenção à violência e entretenimento. 
 
2.1.1. IMPORTÂNCIA DA CULTURA PARA A SOCIEDADE 
 
A história da sociedade explica as particularidades da cultura (os costumes, 
produtos, formas, ideias, técnicas, etc.), e, do mesmo modo, a sociedade é explicada 
pela sua cultura, o homem é o produto e o produtor da cultura no meio em que vive. 
Assim, ao preservar a cultura estamos preservando nossa história, e a história da 
sociedade é o que nos caracteriza. É a partir dela que podemos nos identificar como 
seres inseridos em uma determinada cultura de uma tal nação, civilização ou grupo. 
Ao conhecer mais profundamente nossa história e nossas origens, seremos 
capazes de nos desenvolvermos melhor como sociedade, respeitando as 
características do local e nos tornaremos aptos a ter um olhar mais crítico sobre o que 
é de fato relevante. A consciência da importância de preservar a nossa cultura poderá 
nos proporcionar um melhor vínculo com as pessoas criando o senso de coletividade, 
identidade e um sentimento de orgulho, e como consequência, uma melhor qualidade 
de vida e bem-estar para a população. E, a partir do momento em que estamos cientes 
de tantos benefícios, tornar-nos-emos menos suscetíveis a aceitar conscientemente 
a cultura massificada e globalizada que tem sido ditada, através dos diversos meios 
de comunicação, em nossa sociedade. 
A identidade cultural, como foi anteriormente falado, trata-se de um conjunto de 
ações que ocorrem em algum local que faz com que as pessoas que estão nesse meio 
criem laços e se sintam pertencentes de um grupo em comum, e tais ações fazem 
parte de uma cultura e a partir do momento em que criamos um vínculo com tal cultura 
criamos uma identidade cultural. As práticas artísticas e culturais, quando é criado 
esse vínculo, pode promover uma grande interação social entre pessoas de várias 
idades e classes sociais que tenham se identificado e se interessado por elas. No Rio 
10 
 
 
Grande do Norte, por exemplo, uma prática muito popularizada em que muitas 
pessoas, sobretudo no interior do estado, se interessam é a vaquejada, um evento 
que já faz parte da cultura e que muitas pessoas participam. 
Por isso, para podermos criar ligações maiores entre as pessoas, as 
manifestações culturais são excelentes ferramentas, logo, faz-se necessário a criação 
de melhores espaços nas cidades, para que possamos nos sentir mais à vontade de 
expressarmo-nos culturalmente. 
 [...] a arte teria um grande papel na educação. Inicialmente, pode ser 
compreendida como um dos mais válidos recursos para expressar ideias e 
sentimentos em determinados momentos da vida humana. Outro aspecto 
importante estaria na oportunidade de experiência vicária que a arte oferece, 
projetando vivência, sensações íntimas e enfoques estéticos da realidade. As 
expressões comportamentais colocadas pela arte estariam em íntima união 
com a fantasia, conhecimento e afetividade do ser humano. Daí a relevância 
essencial em que o processo artístico toma sentido de autêntica 
manifestação. Em um plano mais amplo, a arte apareceria como um veículo 
de comunicação social e coletiva, colocando os defeitos e as virtudes da 
sociedade através das representações que adota. (EDUARDO e 
CASTELNOU, 2007) 
Além da questão social em si, de criação de vínculos, há também a importância 
da cultura em vários outros aspectos, como já foi anteriormente comentado, a cultura 
como ferramenta educadora, tirando muitas vezes as pessoas da criminalidade, 
capacitando-as, e quando bem explorada através do turismo pode promover uma boa 
economia gerando empregos e entretenimento para aqueles que vivem na cidade 
como para os turistas. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
2.1.2. DEFINIÇÕES DE TIPOS DE CULTURA 
 
Por se tratar de um projeto essencialmente cultural, neste capitulo será 
abordado brevemente alguns tipos de cultura. 
 
2.1.2.1. CULTURA ERUDITA 
 
Originada no período do Renascimento com a burguesia, que ao conquistar 
novos espaços sociais e econômicos por meio do lucro obtido com o comercio de 
especiarias, procurou resgatar conhecimentos da cultura greco-romana. Essa classe 
social assimilou tais conhecimentos e agregou outros, expandindo seu universo 
cultural. Desde sua origem, a burguesia preocupou-se com a transmissão do 
conhecimento, com esse processo de escolarização e difusão intelectual, a cultura da 
elite burguesa enriqueceu se desenvolvendo com bases científicas e técnicas 
racionalizadas. Desse modo, a cultura erudita passou a se caracterizar por ser uma 
cultura mais elaborada, academica, produzida por intelectuais como artistas, 
cientistas, escritores, tecnólogos. É uma cultura que se adquire de maneira 
organizada em escolas, livros, instituições do Estado e Igreja, por exemplo. 
 
2.1.2.2. CULTURA DE MASSA 
 
A cultura de massa é aquela cultura que é difundida em larga escala para um 
público generalizado, de diferentes camadas sociais, através dos meios de 
comunicação como a televisão, o rádio e a internet. Segundo Waldenyr Caldas, a 
cultura de massa consiste na: 
[...] produção industrial de um universo muito grande de produtos que 
abrange setores como a moda, o lazer no sentido mais amplo incluindo os 
esportes, o cinema, a imprensa escrita, falada e televisionada, os espetáculos 
públicos, a literatura, a música, enfim, um número muito grande de eventos e 
produtos que influenciam e caracterizam o atual estilo de vida do homem 
contemporâneo no meio urbano-industrial. (CALDAS, 1986, p. 16) 
12 
 
 
Diferente da cultura erudita, que é restrita a uma pequena parcela da 
população, a cultura de massa é acessível a todos, sem restrição alguma. Porém, 
contrariamente à cultura popular, que será melhor explicada a seguir, não se trata de 
uma cultura feita pela população, e sim, uma cultura produzida para a população de 
maneira industrializada e generalizada, o que difere da cultura popular, que tem em 
suas especificidades que variam de acordo com a região. 
 
2.2. CENTRO CULTURAL 
 
Neste tópico, será abordado a definição dos centros culturais, seu surgimento 
e, também, será explanado um pouco sobre a cultura popular, já que o tema do projeto 
se trata de um centro cultural que tem como foco a cultura popular. 
 
2.2.1. CULTURA POPULAR 
 
Ainda sobre os tipos de cultura, a cultura popular, em contrapartida da cultura 
erudita, anteriormente explicada, é uma cultura produzida e consumida pela própria 
população sem a utilização de técnicas racionalizadas e científicas, mais próxima do 
senso comum, normalmente transmitida oralmente, registrando as tradições e o 
costumes de um certo grupo social. 
Também conhecida como cultura folclórica, tem como essência o anonimato, 
diferenciando da cultura erudita,por seguir a convenções fixas pela população e por 
não sofrer a ação de modismo, perpetua-se, portanto, sem sofrer mudanças por 
gerações, traduzindo sua maneira de agir, pensar e agir. Um exemplo de 
manifestação cultural popular no nosso estado do Rio Grande do Norte é o Coco de 
Zambê (Figura 1) dançado, brincado e cantado por pescadores, em sua maioria 
homens, em Tibau do Sul, inicialmente repudiado com o argumento de ser uma 
manifestação barulhenta e que ameaça a segurança pública, hoje há um resgate 
dessa manifestação cultural de modo a mantê-la viva. 
13 
 
 
Figura 1. Coco de Zambê 
 
Fonte: Sesc Nacional. 
 
Devido à dominação da cultura de massa, a cultura popular, seus costumes, 
danças e vivencias, muitas vezes acaba se perdendo, sobretudo para pessoas mais 
novas, que nasceu nessa era mais tecnológica, em detrimento a essa cultura que está 
presente no dia a dia de todos por meio dos meios de comunicação. 
 
2.2.1.1. ARQUITETURA POPULAR/VERNACULAR 
 
A arquitetura popular, também conhecida como arquitetura vernacular, não 
poderia ser deixada de fora, pode-se dizer que é um modo de expressão cultural 
construída. Tal modo de construir nada mais é do que um abrigo feito utilizando as 
práticas que eram conhecidas pela população, sem conhecimentos técnicos e 
científicos, apenas conhecimentos práticos. 
Quando falamos de arquitetura vernácula, percebemos que ela varia de acordo 
com o local. No Brasil notamos diferentes tipos de arquitetura vernácula. Vemos, por 
exemplo, no norte do país as chamadas casas flutuantes (Figura 2), também 
existentes no nordeste, nas margens do Rio São Francisco; temos também as casas 
dos coqueirais ou mocambos (Figura 3), existentes em grande parte da orla do país, 
são casas típicas de pescadores que tem grande influência de nossas raízes 
africanas, muito similares com as casas bantas, dos ajáuas, do centro de Angola ou 
do norte de Moçambique; e outra tipologia de arquitetura vernácula são as favelas 
urbanas, presentes em todo o país, como consequência de uma grande migração da 
14 
 
 
população de origem urbana para as cidades que tiveram que se instalar nas 
periferias. 
 
Figura 2. Casas Flutuantes no Rio Solimões no Estado do Amazonas 
 
Fonte: Acervo da Autora, 2017. 
 
Figura 3. Mocambos no Bairro da Torre - Recife 1907 
 
Fonte: Foto de Francisco Du Bocage 
15 
 
 
Algumas vezes a arquitetura vernácula pode ser confundida com pobreza por 
muitas pessoas, pois não tem um valor tecnológico ou não são consideradas 
devidamente por sua importância histórica, como no caso dos grandes palácios 
coloniais, mas, na verdade é uma construção muito rica, trata-se de um resultado da 
adaptação do ser humano no meio em que se insere com os materiais ali presentes, 
sejam eles provenientes diretamente da natureza ou então de restos de materiais de 
construção encontrados em lixões ou entulhos. Inclusive, o próprio termo Vernacular 
é muito criticado por vários autores, podendo ser considerado um termo pejorativo e 
vulgar, pois, do latim, esta palavra era utilizada para designar o escravo que nascia 
na casa de seu patrão, portanto ele pertencia a uma região específica, como 
consequência, este termo acabou muitas vezes sendo substituído pelo termo 
arquitetura popular. Porém, ao se referir ao à palavra vernáculo, temos também o 
significado de algo que é nativo, puro, próprio do local, é desse significado que nos 
apropriaremos deste trabalho. 
Este tipo de arquitetura, tanto pelo próprio termo, vernacular ou popular, como 
pelo fato de normalmente não ser uma arquitetura monumental ou tecnológica, é 
confundido como sinônimo de pobreza. Porém, por trás dessa simplicidade, 
construções dessa vertente são riquíssimas culturalmente e devemos levá-las como 
lição, pois elas podem ser um dos melhores modos de se adaptar ao meio com o uso 
de materiais disponíveis e técnicas desenvolvidas ao longo do tempo pelas pessoas 
que habitam o local e se apropriam do espaço da maneira instintiva criando abrigos 
que se adequam ao ambiente. O princípio básico de tal arquitetura é a adaptação. 
Infelizmente ainda é pouco estudada nas escolas de arquitetura, somos educados a 
acreditar que a arquitetura deve ser obrigatoriamente monumental, rica e grandiosa. 
 
2.2.2. DEFINIÇÃO E HISTÓRIA DOS CENTROS CULTURAIS 
 
Os Centros Culturais, se pegarmos as definições de cada uma das palavras no 
sentido literal, a palavra Centro, segundo o dicionário online Michaelis, pode significar 
“Ponto de convergência de pessoas ou coisas”, “Local onde se realizam certos 
negócios ou determinadas atividades específicas”, “Instituição que congrega pessoas 
de atividades e objetivos comuns; associação, sociedade”; e a palavra Cultural, ainda 
16 
 
 
de acordo com o Michaelis Online, é um adjetivo que pode remeter a algo “relativo a 
ou característico de cultura”, “Relativo ao conjunto de conhecimentos, informações e 
valores adquiridos, que instruem o indivíduo, o grupo ou a sociedade, conforme uma 
perspectiva do processo de evolução.”, “Relativo a eventos que contribuem para o 
aprimoramento da cultura.” e “Que difunde ou propaga cultura.”. Então, temos os 
centros culturais como um local de encontro, ponto de convergência de pessoas ou 
coisas onde se realizam certas atividades específicas relativas à cultura e a 
propagação de manifestações culturais. 
O princípio desses pontos de encontro para atividades culturais, intelectuais e 
lazer é muito mais antiga do que os atuais modelos de centros culturais. Na época 
não eram intitulados como Centros Culturais, mas aconteciam práticas muitos 
similares dos Centros de Cultura que encontramos hoje em dia. Pesquisas mostram 
que o início desses espaços que trabalham as manifestações culturais foi no Egito 
Antigo com a Biblioteca de Alexandria (Figura 4), era um local que integrava lazer e 
conhecimento, a construção contava, além da biblioteca, com anfiteatro, área de 
exposições de obras de arte e conhecimentos científicos, zoológico refeitório, 
observatório e jardim botânico. 
Figura 4 Ilustração da Biblioteca de Alexandria 
 
Fonte: Oak Knoll Press, 2001. 
17 
 
 
Posteriormente, com a proposta de democratizar a cultura, na metade do 
século XX, países como a Inglaterra e a França passaram a criar e incitar a 
implantação de espaços culturais. A construção do Centre National d’Art et Culture 
Georges Pompidou (Figura 5), inaugurado no ano de 1975, uma iniciativa pioneira da 
França que serviu como modelo de centro cultural para o resto do mundo. 
 
Figura 5 Fachada Principal do Centro Nacional de Arte e Cultura Georges Pompidou 
 
Fonte: Acervo da Autora, 2015. 
 
Os primeiros centros culturais no Brasil surgiram apenas na década de 80 em 
São Paulo com o Centro Cultural de São Paulo e o Centro Cultural de Jabaquara, 
embora, antes mesmo de ser construído algum Centro cultural, durante o governo 
Médici, no Programa de Ação Cultural do MEC, já tinha sido demonstrado interesses 
nesse tipo de construção, foi apenas com o pontapé inicial desses dois centros 
culturais em São Paulo que os centros proliferaram pelas cidades do país. 
18 
 
 
Embora os Centros Culturais, assim como teatros e museus por exemplo, 
estejam mais presentes no país, ainda são muito restritos às capitais, e mesmo nas 
capitais, esses equipamentos ainda atendem a uma minoria das classes sociais que 
normalmente procuram ter contato maior com a cultura erudita. Em contraproposta a 
essa realidade, o anteprojeto que se desenvolve neste trabalho tem como o intuito 
trazer um Centro Cultural mais inclusivo, que atenda a todas as classes, e quem tem 
o enfoque, não na cultura erudita, como é muito comum de se ver em outros centros 
culturais, e sim, a cultura popular, uma cultura do povo. 
 
2.2.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 
 
Na década de 80 surgiu uma discussão a respeito das leis de incentivoà cultura 
em nosso país, essas leis, hoje em dia, trabalham como instrumentos para financiar 
as atividades culturais. No ano 1986 foi sancionada e regulamentada a Lei Sarney (Lei 
n°7505), sendo a primeira lei que tem como foco o abatimento do incentivo fiscal à 
cultura, era gerenciada diretamente pelo Ministério da Cultura até 1990, quando foi 
revogada no governo Collor. No entanto, no ano seguido, seguindo os mesmos 
princípios das Lei Sarney, foi criada a Lei Rouanet. 
A Lei Sarney determinava uma integração entre poder público e setor privado, 
onde o primeiro abria mão de parte dos impostos devidos pelo segundo, porém, em 
compensação, o setor privado investiria na cultura. A ideia não era apenas estabelecer 
incentivos à cultura, mas, principalmente, incentivar aumento de produção nessa área 
para criar um mercado nacional de cultura, inserindo novos atores no setor e abriu 
portas para uma nova etapa para a política cultural no Brasil. 
A Lei Rouanet (Lei n°8313), criada em 1991, instaurou o PRONAC, o Programa 
Nacional de Apoio à Cultura, que é formado por três mecanismos, o Mecenato 
(renúncia fiscal do Imposto de Rendam custeando projetos culturais através de 
doação ou patrocínio), o FNC (Fundo Nacional de Cultura) e o Ficart (Fundo de 
Investimento Cultural e Artístico). Segundo Paulo Pélico, este tripé tem objetivo 
sustentar uma política no país capaz de, no curto prazo, financiar a produção artística, 
abordando toda cultura brasileira e, a médio e longo prazo, criar bases e concretizar 
19 
 
 
a indústria da cultura, fazendo com que ela possa se tornar competitiva coma indústria 
estrangeira. 
Em 2006, a Lei Rouanet avançou mais um passo com a moção da Comissão 
Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) para inclusão de projetos de arquitetura e 
urbanismo no PRONAC. Isto foi resultado da constatação do Ministério da Cultura de 
que a considerar a arquitetura e o urbanismo são considerados como manifestações 
culturais, porém, o incentivo fiscal está restrito a projetos voltados à preservação do 
patrimônio e os projetos no formato de produtos artísticos. Para que o projeto seja 
contemplado com o benefício da Lei Rouanet, o projeto deverá passar pelo processe 
de um concurso e deve propor garantir a qualificação do espaço público a eles 
relativos, além disso, o profissional de ser registrado no Conselho de Arquitetura e 
Urbanismo (CAU). Desse modo, além de incentivar e favorecer as manifestações 
artísticas em si, como a dança, teatro e a música, por exemplo, a Lei passa a servir 
como meio de desenvolver locais apropriados para que as pessoas possam ter a 
liberdade de expressa sua cultura e, também preservando o patrimônio arquitetônico 
existente que resistiu ao longo dos anos, de modo a reforçar a identidade cultural do 
seu povo e da cidade. 
20 
 
 
3. ESTUDOS REFERENCIAIS 
 
Os estudos referenciais terão a função de auxiliar no processo de elaboração 
da proposta do anteprojeto do centro de cultura popular, para isso, estudos diretos e 
indiretos foram realizados em diferentes espaços e projetos, sempre se baseando na 
temática do projeto, seja relacionada ao programa de necessidades ou características 
formais que interessem para a elaboração do anteprojeto. 
 
3.1. ESTUDOS DE REFENCIAIS DIRETOS 
 
Os referenciais diretos foram os estudos que tiveram visitas in loco, em lugares 
escolhidos de antemão, a fim de realizar uma avaliação do ambiente construído. Para 
isto, fotos e conversas com os profissionais que trabalham no local foram pautados 
neste capitulo para um melhor entendimento do funcionamento do local de modo a 
agregar conhecimentos para proposta arquitetônica, analisando-se as características 
do espaço, os usos e fluxo, ocupação de área e o partido projetual. Os 
empreendimentos visitados foram o Espaço Cultural Casa da Ribeira e o Museu de 
Cultura Popular Djalma Maranhão, sendo os dois da cidade de Natal-RN. 
 
3.1.1. ESPAÇO CULTURA CASA DA RIBEIRA 
 
Inaugurado em 2001, a Casa da Ribeira (Figura 6) é um espaço cultural 
independente idealizado pelo Grupo de Teatro Clown de Shakespeare e administrado 
por artistas e produtores. Encontra-se em um casarão construído no ano 1911, 
originalmente servindo como uma hospedaria, no bairro da Ribeira em Natal-RN, 
localização tombada pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Brasileiro. A Casa da 
Ribeira comporta em seu prédio um Teatro (Figura 7) com 164 lugares, um laboratório 
de ideias-LABi (Figura 8), um Café Cultural (Figura 9), uma sala de exposições (Figura 
10) e um Acervo Literário (com mais de 1400 títulos). 
Foi erguida com o suporte de iniciativas privadas que acreditaram na proposta 
a apoiaram com investimento direto no restauro e através das leis de incentivo à 
21 
 
 
cultura como a Lei Rouanet e a Câmara Cascudo. É uma Organização Privada que 
promove a cultura sem fins lucrativos. 
Figura 6. Fachada frontal da Casa da Ribeira. 
 
 
Figura 7. Teatro da Casa da Ribeira 
 
Fonte: Foto de Canindé Soares. 
Fonte: Casa da Ribeira. 
22 
 
 
Figura 8. Foto do LABi (Laboratório de Idéias) 
 
Figura 9. Café 1911 (Café Cultural e Ponto de Leitura) 
 
Figura 10. Sala de Arte Contemporânea 
 
Fonte: Casa da Ribeira. 
Fonte: Casa da Ribeira. 
Fonte: Casa da Ribeira. 
23 
 
 
A Casa da Ribeira, como importante agregador cultural na cidade, será utilizado 
como referência do anteprojeto do Centro Cultural considerando, sobretudo, sua 
funcionalidade (expor, estudar, gastronomia, lazer, cultura, etc.) e seus ambientes 
(teatro, café, sala de exposições) para servir de apoio para a elaboração do programa 
de necessidades. 
 
3.1.2. MUSEU DE CULTURA POPULAR DJALMA MARANHÃO 
 
O Museu de Cultura Popular (Figura 11) localiza-se na Praça Augusto Severo 
no Bairro da Ribeira na cidade de Natal. Foi inaugurado em 2008 foi inaugurado 
utilizando as instalações da rodoviária antiga da cidade. Possui 350 m² e tem mais de 
1500 obras de arte, peças do próprio acervo, fotografias, esculturas e pinturas, e 
recebe exposições, apresentações (Figura 12) de música e danças populares e 
eventos variados. As peças expostas são categorizadas como saberes e ofícios, 
danças tradicionais e religiosidade do povo potiguar. O museu também tem um acervo 
multimídia com produções audiovisuais que mostram a vida do artista da região. 
 
Figura 11. Visão externa do museu 
 
 
Fonte: Apartamento 702 
24 
 
 
Figura 12. Apresentação de Boi de Reis em frente ao Museu 
 
 
O Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, apesar de se tratar de um 
museu, comporta-se, de certo modo, como um centro cultural, pois, não só expõe 
obras de arte e fotografias como, também, recebe apresentações e manifestações da 
cultura popular, tanto no ambiente interno como nas área externa da construção. 
Aspectos tais como esses, espaço de exposições que promove a cultura, com ênfase 
na cultura popular, que serão aproveitados para a elaboração do Centro de Cultura 
Popular Nordestina. 
 
Fonte: Cultura Viva, 2009. 
25 
 
 
3.2. ESTUDO DE REFERENCIAIS INDIRETOS 
 
No estudo dos referenciais indiretos foram analisados projetos com o uso igual 
ou similar ao tema do trabalho para servir como base conceitual de um edifício cultural. 
Foram feitas pesquisas com informações sobre projetos arquitetônicos, técnicas, 
métodos construtivos, materiais utilizados e outras mais informações de modo a 
auxiliar no desenvolvimento do anteprojeto do Centro Cultural. Os projetos escolhidos 
como referenciais indiretos foram o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em 
Fortaleza-CE, o Centro Max Feffer Cultura e Sustentabilidade, em Pardinho-SP e o 
Museu Cais do Sertão, na cidade de Recife-PE. 
 
3.2.1. CENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURA 
 
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, foi idealizado em 1993 por Paulo 
Linhares, então Secretário da Cultura do Ceará e Ciro Gomes, Governador do Estado 
do Ceará na época, e inauguradoem abril de 1999 a partir do projeto feito pelos 
arquitetos Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo. Situado em um dos bairros mais 
boêmios da cidade de Forteleza-Ce, a Praia de Iracema, é um dos pontos turísticos 
mais importantes do estado e é um dos Centros Culturais brasileiros mais relevantes, 
sua inauguração levou a uma revitalização de seu entorno (Figura 13), trouxe 
movimento devido sua programação incentivando o restauro de antigas construções, 
o surgimento lojas de artesanato, restaurantes, bares, teatros e outros centros de 
cultura. 
 
Fonte: Foto de Camille Panzera. 
Figura 13. Vida noturna próximo ao Dragão do Mar. 
26 
 
 
 Gerenciado pela primeira Organização Social na área da cultura criada no 
Brasil, o Instituto Dragão do Mar, o espaço conta com mais de quatorze mil metros 
quadrados de área construída destinados à atividades culturais, abrigando o Museu 
de Arte Contemporânea, com exposições temporárias, o Museus da Cultura 
Cearense, com uma exposição permanente sobre a cultura dos vaqueiros, salas de 
teatro e cinema, planetário (Figura 14), anfiteatro, auditório, salas de aula, biblioteca 
e espaço para espetáculos ao ar livre. 
 
 
 
No projeto, segundo o Arquiteto Fausto Nilo em uma entrevista concedida para 
a UNE (União Nacional dos Estudantes), o edifício foi desenhado de maneira a compor 
com o espaço público, utilizando características da arquitetura popular para construir 
o centro cultural. Alguns elementos de típicos engenhos de rapadura, muito presentes 
no interior do estado, foram utilizados no projeto articulando a base cultural herdada 
e, ao mesmo tempo, pensando-se no bom aproveitamento dos estudos insolação e 
dos ventos predominantes, de modo a gerar uma economia energética, para então, 
pode-se investir numa iluminação artificial que destacasse o complexo cultural no 
período noturno. 
Figura 14. Vista do Planetário 
Figura 15. Passarela do Dragão do Mar. 
Fonte: Camille Panzera. Fonte: Camille Panzera. 
27 
 
 
 O Centro Cultural (Figura 16) se estende por dois quarteirões, sendo o espaço 
dividido pela rua José Avelino, porém interligados por uma passarela (Figura 15) 
própria do projeto. No mapa seguinte (Figura 21), poderemos notar a como foi 
setorizado o projeto, no setor vermelho temos a entrada principal, lojas, livraria, ateliê 
de artes, café, a diretoria dos museus e o Museu da Cultura Cearense (Figura 17, 18 
e 19), que tem foco na cultura popular, sobretudo a do vaqueiro, seus costumes, 
roupas e moradia. Próximo ao setor vermelho, temos o setor cinza e o verde, no 
primeiro encontra-se a biblioteca, a arena, o espaço multiuso e uma praça, o ultimo, 
uma outra praça e um espaço livre para apresentações. Seguindo a passarela saindo 
do setor vermelho existe um bloco do setor azul, nele está o Museu de arte 
contemporânea (Figura 20), as docas, uma biblioteca de artes visuais e a ouvidoria. 
No setor laranja está a parte administrativa, o planetário, cinemas, teatro, anfiteatro e 
espaço mix. Trata-se de um espaço cultural com uma arquitetura arrojada, 
contemporânea e com características da arquitetura popular remetendo aos 
engenhos, em contraste com os casarões do início do século XX, que possui uma 
grande variedade de opções que proporcionam lazer, entretenimento e educação de 
maneira bastante acessível por todos, sendo utilizada tanto por quem mora são de 
fortaleza, quanto por aqueles que visitam a cidade, possuindo programação gratuita 
ou de preços simbólicos, de modo a democratizar o uso do centro cultural e 
estimulando a produção artística local. 
Fonte: Foto de Fabio Lima, 2013. 
Figura 16. Vista geral do Centro Cultural 
28 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17. Museu da Cultura Cearense. Figura 18. Outra visão do Museu de Cultura 
Cearense. 
Figura 19. Entrada do Museu de Cultura Cearense 
Fonte: Museu Brasil. Fonte: Museu Brasil. 
Fonte: Conhecendo Museus.. 
Fonte: David Moraes, 2016. 
Figura 20. Parte externa do Museu de Arte Contemporânea 
29 
 
 
Figura 21. Mapa do Dragão do Mar 
 
Fonte: Dragão do Mar. 
30 
 
 
O Dragão do Mar, importante incentivador de artistas locais, com grande 
espaço destinado às mais diversas atividades culturais e de lazer, responsável pela 
revitalização do seu entorno tornando, não só tornando a região mais atrativa para os 
turistas, como para os próprios moradores locais com o surgimento de outros 
estabelecimentos em antigas construções do centro de Fortaleza, agora restauradas. 
O impacto positivo causado por esse espaço cultural na cidade devido a variedade de 
possibilidades de cultura e lazer proporcionado por esse grande programa de 
necessidade é o principal aspecto a ser agregado na elaboração do anteprojeto do 
centro cultural em Natal. Tornando-se, assim como o Dragão do Mar, uma referência 
na cidade que atraia a todos, turistas ou locais, independentemente da idade, a 
aproveitarem o dia no Centro de Cultura Popular Nordestina, seja assistindo algum 
espetáculo, vendo alguma exposição, participando de alguma oficina, ou apenas 
conversando com amigos e comendo algo no Café do espaço cultural proposto. 
 
3.2.2. CENTRO CULTURA MAX REFFER – CULTURA E 
SUSTENTABILIDADE 
 
O Centro Cultural Max Feffer (Figuras 23 e 24), idealizado pelo Instituto Jatobás 
e projetado pela arquiteta Leiko Motomura do escritório Anima Arquitetura, como o 
próprio nome já diz, é um edifício de cunho cultural que preza pela sustentabilidade, 
é uma das iniciativas do Projeto Pardinho, criado em conjunto com o Instituto 
EcoAmima, que tem como objetivo desenvolver de maneira sustentável o município 
de Pardinho, no oeste paulista. A cidade tem 5,5 mil habitantes, encontra-se em uma 
área de nascentes que fazem parte do aquífero Guarani, grande reserva mundial de 
água potável e é considerada nela que originou a música de raiz. Com isso podemos 
notar a importância cultural e ambiental que essa cidade apresenta e a necessidade 
da implantação de um modelo sustentável. 
31 
 
 
Para a implantação do Centro Cultural (Figura 22), a prefeitura cedeu a praça 
Ademir Rocha da Silva entre a Estrada Boiadeira e a Rua Augusto Cesar. Construído 
em 2008 em um terreno de 7130 metros quadrados e com um desnível no sentido 
noroeste/sudeste, o edifício foi construído seguindo um formato delgado, onde as 
fachadas de maiores dimensões ficaram voltadas para as duas maiores frentes do 
terreno, a sudeste e nordeste, garantindo a melhor insolação possível no edifício. 
 
O Centro Max Feffer tem múltiplos equipamentos, divididos nos seus dois 
pavimentos (Figuras 27, 28 e 29), e programas para estimula o desenvolvimento social 
da cidade. Em sua proposta principal, tirou-se partido do bambu como um dos itens 
sustentáveis do projeto. Teve a preocupação de atingir índices de conforto ambiental 
com soluções de baixa tecnologia e estratégias de sustentabilidade como o uso de 
materiais locais, materiais de demolição, fibras vegetais, reuso de resíduos industriais, 
pisos externos drenantes, iluminação zenital, implantação em posição favorável ao 
vento com boa localização das aberturas, fazendo com que não haja a necessidade 
do uso de aparelhos de ar condicionado, cobertura em bambu cultivado a própria 
cidade (material leve, de baixo custo e resistente), dentre outras soluções. 
Figura 22. Implantação do Centro Cultural na Praça Ademir Rocha da Silva. 
Fonte: Amima Arquitetura, 2008. 
32 
 
 
 
No que diz respeito às atividades culturais do espaço, existem as atividades 
fixas e as rotativas. A primeira diz respeito a atividades que o centro cultural já 
proporciona normalmente, como a exibição de filmes, apresentações musicais, peças 
teatrais, oficinas, atividades na sala de computadores (Figura 25) e outras atividades. 
A última trata-se de atividades extras que ampliam o leque de atuação do Centro em 
conjunto com o público geral, através de cursos e atividades de formação e 
capacitação.Figura 23. Vista externa. 
Fonte: Foto de Roger Sassaki. Fonte: Foto de Roger Sassaki. 
Figura 24. Frente da fachada principal. 
Figura 25. Sala de computadores. 
Fonte: Centro Max Feffer 
Figura 26. Exibição de filmes no Centro Cultural. 
Fonte: Centro Max Feffer 
33 
 
 
 
 
 
Figura 27. Planta Baixa do pavimento térreo. 
Fonte: Amima Arquitetura, 2008. 
Figura 28. Planta Baixa do pavimento superior. 
Fonte: Amima Arquitetura, 2008. 
34 
 
 
 
 
Figura 29. Corte do Centro Cultural 
 
 
O Centro Cultural Max Feffer é uma das referencias por se tratar de uma 
construção que visa não só a cultura e educação como também a sustentabilidade, 
princípio intrínseco a arquitetura vernacular, de modo geral, estilo arquitetônico que 
será utilizado como partido arquitetônico do anteprojeto, como foi brevemente 
comentado na introdução. Possui importantes estratégias sustentáveis que podem ser 
aproveitadas para o Centro de Cultura vernacular, assim como o próprio programa de 
necessidades, espaços para exibição de filmes, apresentações, oficinas e cursos 
estarão presentes no anteprojeto, 
 
3.2.3. MUSEU CAIS DO SERTÃO 
 
O Museu Cais do Sertão, composto por duas edificações, teve seu Módulo 1 
inaugurado em abril de 2014, encontra-se em Recife localizado no antigo Armazém 
10 do Porto Recife, próximo ao Marco Zero e ao Centro de Artesanato, faz parte do 
projeto de revitalização do centro antigo da cidade que tem como intuito promover 
serviços, lazer e entretenimento na região e criar um novo polo de turismo. No museu 
com área de 7500 m² assinado pelos arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, 
Fonte: Amima Arquitetura, 2008. 
35 
 
 
do escritório Brasil Arquitetura, também responsáveis pelo Museu Rodin (BA), foi 
utilizado recursos tecnológicos de automação e interatividade, o cais mescla tradição 
e tecnologia e proporciona uma imersão no universo daqueles que viviam nos sertões 
nordestinos, utilizando-se da obra do grande músico pernambucano e Rei do Baião, 
Luiz Gonzaga, como base. 
A concepção e desenvolvimento de Museu é de Antônio Risério, antropólogo e 
poeta, e Isa Gruinspum Ferraz, responsável pela curadoria e direção de criação. 
Ferraz, trouxe o conceito dinâmico para o espaço de convivência, conhecimento e 
diversão. Houve a participação também de toda uma equipe de criação, artistas, 
cineastas, xilogravuristas e cordelistas para a produção do acervo e elaborar a 
exposição. O edifício possui auditório, salas pra oficinas, restaurante, café, loja e o 
espaço de exposições. 
No pavimento térreo (Figura 31), as águas com os peixes remetendo o Rio São 
Francisco atravessando vários ambientes no museu dando ao visitante a oportunidade 
de seguir o fluxo do rio e andar pelo museu interagindo diretamente com os espaços. 
Cada ambiente corresponde a algum aspecto da vida do sertaneja, sendo o museu 
dividido em sete temáticas: Ocupar, Viver, Trabalhar, Cantar, Crer e Migrar (Figura 
30). 
 
Figura 30. Exposição no módulo 1 do Cais. 
 
Fonte: Luci Correia. 
36 
 
 
 
 
 
No projeto foi utilizado a técnica do concreto aparente colorido como 
acabamento final, a cor do pigmento escolhido para o concreto remete a uma pedra 
presente no Sertão do Piaui. Na construção existe uma marquise em concreto 
protendido com um vão livre de, em torno, 25 metros e em sua parte central há uma 
abertura circular que viabiliza o plantio do Juazeiro, como podemos ver na Figura 32. 
O Modulo 1 do museu é onde está exposta a exposição de longa duração, mantem-
se semelhante ao antigo armazém que existia no local por causa da estrutura em 
concreto armado e da cobertura metálica. 
Figura 32. Entrada do módulo 1. 
 
 
Figura 31. Planta Baixa do módulo 1. 
Fonte: Cais do Sertão. 
Fonte: Foto de Arnaldo Carvalho/JC imagem. 
37 
 
 
Com previsão inicial de término da obra para o ano de 2017, a construção do 
Módulo 2 (Figuras 33 e 34) está atrasada. Nele, existirá auditório, salas de exposições 
temporárias e outros espaços que irão compor esse prédio de 56 metros de extensão 
de vão livre. A fachada desse módulo será recoberta cobogós brancos pensado 
especialmente para o projeto e feitas artesanalmente na própria obra, seu desenho 
faz alusão à renda e à terra seca e trincada. 
Figura 33. Render do projeto do módulo 2. 
 
Figura 34. Obra quase finalizada do Módulo 2. 
 
 
 
Fonte: Cais do Sertão. 
Fonte: Foto de Hesíodo Góes, 2018. 
38 
 
 
Desse museu na capital de Pernambuco, responsável por promover lazer, 
serviços e entretenimento no porto revitalizado para a cidade, trazendo uma temática 
muito pertinente ao local abrangendo a vida dos sertanejos no Nordeste e um grande 
ícone da nossa cultura, o Rei do Baião, Luís Gonzaga, será retirado como referência 
a interatividade do modo de exposição presente no módulo I do projeto contendo um 
espaço livre de elementos divisórios com elementos que remeta de fato a cultura 
nordestina, trazendo um sentimento de curiosidade, vontade de interagir com os 
elementos expostos e despertar a vontade das pessoas em conhecer mais dessa 
cultura e história contada no local, e, também, fomentar a sensação de pertencimento, 
para aqueles que fazem parte dessa realidade e vivem essa cultura. 
 
3.3. ESTUDOS DE RECERENCIAIS FORMAIS 
 
Nos estudos dos referenciais formais foram pesquisados projetos que seguem 
as características, sobretudo, estéticas que podem ser empregadas no anteprojeto 
tanto no que diz respeito às cores e texturas dos materiais utilizados, como o formato 
da construção, a relação de cheios e vazios, proporção, ritmo e outros fatores. Os 
referenciais formais serão analisados e adaptados levando em consideração o 
entorno do terreno em que o Centro Cultural será implantado e a legislação pertinente. 
Para tais estudos, os projetos escolhidos foram a Sala de Aula Multifuncional 
Mazaronkiari dos arquitetos Marta Maccaglia e Paulo Afonso, a Escola Primária 
Comunitária para Meninas do escritório Orkidstudio, o Centri de Capacitação Indígena 
Käpäcläjui do Entre Nós Atelier, o Projeto Chacras, da Natura Futura Arquitectura e o 
Colectivo Cronopior e a Escola em Chuquibambilla da AMA e Bosch Arquitectos. 
 
3.3.1. SALA DE AULA MULTIFUNCIONAL MAZARONKIARI 
 
A sala de aula multifuncional Mazaronkiari (Figura 35) foi um projeto do ano de 
2014 dos arquitetos Marta Maccaglia e Paulo Afonso desenvolvido para atender as 
necessidades de uma escola primária em Mazaronkiari, uma comunidade nativa 
Nomatsiguenga localizada no distrito de Pangoa, no Peru. Em 2013, inicialmente, o 
projeto foi pensado para ser um refeitório escolar para trinta alunos, porém, em uma 
39 
 
 
visita ao local no ano seguinte, após receber o financiamento, mais de cem crianças 
se matricularam na escola com a esperança da construção do refeitório, com essa 
mudança drástica da quantidade de usuários para aquele ambiente, uma outra 
proposta foi elaborada utilizando uma arquitetura versátil que cumprisse com os novos 
requisitos. 
A nova proposta foi de um edifício de 124m² com a estrutura em madeira 
(Figura 40), piso em concreto e cobertura com grandes beirais protegendo a estrutura 
de madeira da chuva. Nela consta uma sala multifuncional e uma cozinha (Figura 36) 
em tijolos artesanais voltado para o norte. 
 
 
Figura 35. Vista externa do projeto. 
Fonte: Marta Maccaglia, Paulo Afonso, Piers Blake e Miguel Gómez Petti 
40 
 
 
 
As paredes laterais do edifício são compostas por persianas e painéis móveis 
em cores diversas, esses painéis (Figuras 37, 38 e 39) transformam-se em mesas, 
criando várias possibilidades de trabalho no ambiente (Figura 41), podendo ser um 
refeitório, sala de reuniões, auditório, sala de aula extra ou um centro de encontro para 
a comunidade, e além disso, ao montas as mesas, onde ficaria o painel, passa a ser 
uma abertura, tendo visibilidade e contato direto do interior com o exterior, criandouma maior interatividade. Nas fachadas norte e sul do edifício existem painéis 
persianas corrediços de acesso que permite, além de circulação, a ventilação contínua 
do ar e iluminação direta e indireta. 
 
Figura 36. Vista para a cozinha. 
Fonte: Marta Maccaglia, Paulo Afonso, Piers Blake e Miguel Gómez Petti 
Figura 37. Vista externa dos paineis móvel e das persianas 
Figura 38. Crianças utilizando o painel mesa. 
41 
 
 
Figura 38. Imagem mostrando crianças utilizando o painel móvel. 
 
 
 
Figura 39. Imagem esquemática do painel móvel 
 
 
Fonte: Marta Maccaglia, Paulo Afonso, Piers Blake e Miguel Gómez Petti 
Fonte: ArchDaily 
42 
 
 
Figura 40. Esquema da estrutura da sala. 
 
 
Figura 41. Possibilidades de layout da sala. 
 
 
Assim como na proposta do anteprojeto, esse referencial de amplo espaço 
apresenta características como a funcionalidade combinado com materiais locais (no 
caso, a madeira), elementos vazados favorecendo a ventilação natural, e sistemas 
construtivos modernos, que serão todos utilizados no Centro Cultural proposto por 
esse trabalho, além disso, da mesma maneira que a Sala de Aula Multifuncional, a 
proposta é que haja a participação ativa da comunidade para que esse espaço cultural 
seja muito bem aceito pela população e se encaixe perfeitamente no seu entorno. 
Fonte: ArchDaily 
Fonte: ArchDaily 
43 
 
 
3.3.2. ESCOLA PRIMÁRIA COMUNITÁRIA PARA MENINAS SWAWOU 
 
O projeto feito pela Orkidstudio (Figuras 42 e 43) ofereceu esperança e 
inspiração para jovens mulheres depois de anos de guerra civil, desafios econômicos 
e sociais e do forte surto de ebola na região. A iniciativa da construção da escola foi 
da Fundação Swawou, iniciando a construção em 2014 na cidade de Kenema, antes 
mesmo de possuir telhados a escola foi eleita como a melhor de Serra Leoa, mas, 
infelizmente, pouco antes de concluir o projeto, teve de ser fechada devido os casos 
de Ebola. No início de 2016 a construção foi retomada e finalizada no mesmo ano, 
tornando-se um local propício para as jovens estudante e oferecendo novos empregos 
à comunidade local. 
 
 
 
No edifício de mil metros quadrados foi construída em tijolo e concreto (Figura 
44), com o forro de palha de árvore trançado (Figura 46), esquadrias em madeira 
(Figura 44) e também em palha de árvore trançado e cobertura elevada (Figura 48). 
Foi dividido em cinco blocos (Figura 47) interligados e um pátio no meio (Figura 45). 
No todo existem seis salas de aula (Figura 46), uma sala de informática, o hall de 
entrada, o escritório, a cozinha e por último os banheiros isolados em um bloco menor. 
 
Figura 42. Vista externa. Figura 43. Outro ângulo externo da escola. 
Fonte: Foto de Peter Didbin. Fonte: Foto de Peter Didbin. 
44 
 
 
Figura 44. Visão da estrutura, cobertura e esquadrias. 
 
 
 
 
Figura 45. Pátio da escola. 
Fonte: Foto de Peter Didbin. 
Fonte: Foto de Peter Didbin. 
45 
 
 
Figura 46. Sala de aula. 
 
 
 
Figura 47. Planta Baixa. 
 
 
Fonte: Peter Didbin. 
Fonte: Orkidstudio. 
46 
 
 
Figura 48. Corte da escola. 
 
 
 
Projeto apresenta alternativas baratas e acessíveis com utilização de materiais 
brutos, cumprindo todas as expectativas e necessidades para o local com um 
zoneamento muito bem resolvido criando pátios cobertos entre os blocos utilizando 
uma cobertura elevada da edificação proporcionando conforto térmico no complexo 
ao diminuir a incidência solar direta e garantir a ventilação cruzada. 
Para a proposta do Centro Cultural, características como elementos e materiais 
empregados em seu estado mais puro, os pátios e a cobertura elevada serão 
utilizados no anteprojeto para agregar conforto térmico e passar a sensação de ser 
uma construção vernacular, com a utilização de materiais brutos, sem, ao mesmo 
tempo, perder o apelo estético. 
 
Fonte: Orkidstudio. 
47 
 
 
3.3.3. CENTRO DE CAPACITAÇÃO INDÍGENA KÄPÄCLÄJUI 
 
Projeto do ano de 2014 do Entre Nos Atelier, localizado numa reserva indígena 
em Grano de Oro na Costa Rica, tem área de 470 m² e compreende um alojamento e 
um centro de capacitação que age para proporcionar interação entre pessoas locais, 
visitante e, também, para estimular o desenvolvimento de projetos sustentáveis no 
local. A ideia surge a partir de uma série de oficinas de projetos participativos, esses 
trabalhos foram fundamentais para impulsionar um sentimento de pertencimento na 
comunidade na hora de tomar decisões, então, foram criados espaços que tem 
relação direta com o entorno e que atendesse todas as necessidades dos usuários. 
Construção elevada toda em madeira com escada e rampa de acesso (Figuras 
49 e 50), cobertura com telhas metálicas, possuindo um longo eixo longitudinal e um 
pé direito duplo na frente e um mezanino (Figura 50). Nele tem a área administrativa 
(Figura 49), salas de multiuso, banheiros, cozinhas, refeitórios, sala de informática, 
biblioteca e em seu mezanino fica o albergue para servir de refúgio temporário. 
 
 
Figura 49. Planta baixa do pavimento térreo. 
 
 
 
Fonte: ArchDaily. 
48 
 
 
Figura 50. Planta baixa do mezanino. 
 
 
 
O espaço é todo permeável, ventilado, tem contato direto com o entorno, 
contando com área verdes e hortas e tem transições sutis entre os ambientes. O 
destaque da construção é o Efeito Moiré causado pela sobreposição reticulada das 
“grades” (petatillos) (Figuras 51, 52 e 53) dando a sensação visual de movimento. 
 
Figura 51. Vista externa. 
 
 
Fonte: ArchDaily. 
Fonte: ArchDaily. 
49 
 
 
Figura 52. Outro ângulo externo. 
 
Figura 53. Vista interna. 
 
 
A utilização de elementos vazados que garantem a permeabilidade visual do 
externo para o interno e vice-versa, e favorecem a ventilação cruzada presente nesse 
projeto de caráter sustentável serão os elementos utilizados como referência para a 
Fonte: ArchDaily. 
Fonte: ArchDaily. 
50 
 
 
elaboração do anteprojeto do Centro de Cultura Popular Nordestina, que, por ter o 
terreno escolhido para sua implantação na cidade de Natal, um local com altas 
temperaturas, mas favorecido pelos ventos alísios, garantir uma boa ventilação interna 
através dessas aberturas são necessários para assegurar o conforto térmico e a 
eficiência energética da edificação. 
 
3.3.4. ESCOLA EM CHUQUIBAMBILLA 
 
Projeto com forte carga social de uma escola na comunidade de 
Chuquibambilla, na selva peruana, a área produtora de café mais importante do 
oriente de Pangoa, o núcleo de cultura da região, desenhado por Paulo Afonso, Marta 
Maccaglia e Bosch Arquitectos para atender as necessidades da população infantil de 
entorno 250 crianças que estudam em péssimas condições, com pouco acesso 
educação, e por serem parte de uma comunidade nativa indígena, vivem os seus 
costumes e cultura sem contar com sistema de esgoto, eletricidade nem água potável 
na região. 
A construção é dividida em três módulos escolares e um módulo residencial ao 
redor do pátio central (figura 54) e um amplo espaço externo com pátios cobertos e 
ao ar livre de diferentes tamanhos servindo para várias atividades. Nos módulos, 
encontram-se a área de administração e professores, as salas de aula, uma sala de 
informática, residência para os alunos e uma sala multifuncional, com biblioteca e 
pode ser usada para oficinas e outras funções (Figuras 55). 
 
51 
 
 
Figura 54. Visão geral dos módulos 
 
 
 
Figura 55. Planta Baixa. 
 
 
Fonte: ArchDaily 
Fonte: ArchDaily 
52 
 
 
O conforto climático (Figura 55) foi pensado com o uso de sistemas passivos, 
com ênfase no controle de insolação, ventilação e iluminação natural, restringindo ao 
mínimo a necessidade de energia elétrica. A sala de computadores é alimentada com 
painéis solares. As águas são tratadas e reutilizadas para irrigação das áreas verdes. 
 
 
Figura 55. Corte Bioclimático. 
 
 
 
O projeto combina materiais vernaculares e modernosfoi executado com a mão 
de obra local (Figura 56) permitindo, assim, a troca de conhecimento por meio da 
experiência in loco, a ideia é criar laços, e o sentimento de pertencimento das pessoas 
com a escola. O projeto foi desenvolvido com o contato direto da comunidade através 
de Workshops com os estudantes, oficinas com os professores e trabalhos voluntários 
com a população para melhor entender as especificidades contextuais e locais. 
 
Fonte: ArchDaily 
53 
 
 
Figura 56. Instalação das persianas com a mão de obra loca. 
 
 
A escola, além de ser um lugar de ensino, também tem um papel se servir como 
um local sempre vivo que procura desenvolvimento e intercâmbio para a comunidade 
com um todo, em que os pais, alunos e professores possam se divertir, interagir e, 
também, estudar (Figura 57). 
 
Figura 57. A comunidade utilizando a escola. 
 
Fonte: ArchDaily 
Fonte: ArchDaily 
54 
 
 
A escola apresenta técnicas sustentáveis ao utilizar materiais sem muito 
acabamento e pelo uso de métodos que favorecem a ventilação cruzada por meio de 
elementos vazados, como as venezianas e os brises e uma cobertura projetada para 
que ocorra o efeito chaminé, garantir a saída da massa de ar quente, assegurando, 
dessa forma, o conforto térmico e por consequência, também a eficiência energética. 
Esses principais aspectos enfatizados neste parágrafo serão utilizados como base 
para elaboração da proposta do espaço cultura, juntamente como o uso de cores de 
maneira sutil, mas ao mesmo tempo, enfatizando alguns elementos na proposta do 
anteprojeto. 
 
55 
 
 
4. PARTIDO ARQUITETÔNICO 
 
O partido arquitetônico é a ideia preliminar do edifício. Nele, será tomado 
partido de uma ideia ou um conjunto de ideias a partir de uma síntese criativa no 
processo de elaboração do anteprojeto, e, ao longo do desenvolvimento surgirão 
decisões secundárias que poderão complementar o conceito principal. O partido 
arquitetônico da proposta será embasado na arquitetura vernacular ou popular, e, 
também, nos projetos da OCA Arquitectura como linha projetual, servindo para 
formular o conceito próprio do projeto e estabelecer parâmetros formais e funcionais. 
 
4.1. ARQUITETURA VERNACULAR 
 
O partido arquitetônicos do anteprojeto contará com características da 
arquitetura vernacular, ou popular, considerando algumas técnicas e materiais 
presentes no estado, o projeto não será, de fato, vernacular, pois, como já foi 
comentado anteriormente, a arquitetura vernacular se trata de construções elaboradas 
sem a presença de arquitetos, será, no entanto, utilizado esse tipo de arquitetura como 
embasamento dos conhecimentos práticos utilizados pela população que constrói 
seus próprios abrigos de acordo com suas necessidades e materiais disponíveis por 
perto. 
Levando em conta esses aspectos, o uso de técnicas como a taipa de pilão, 
estará presente no anteprojeto, técnica que hoje é utilizada de forma mais elaborada 
como podemos observar na figura 58, assim como o uso dos alpendres (Figura 59), 
comum no interior do estado do Rio Grande do Norte e que ainda faz parte da nossa 
arquitetura atualmente. 
56 
 
 
Figura 58. Casa contemporânea feita em taipa de pilão pela Edra Arquitectura. 
 
 
Figura 59. Casa do sítio Juazeiro, zona rural do município de Marcelino Vieira, Rio Grande do Norte. 
 
 
 
Fonte: Xavier d’Arquer (Doblestudio) 
Fonte: Tok de História, 2011. 
57 
 
 
A escolha do uso da arquitetura vernacular vem do conceito principal por trás 
da ideia do Centro Cultural, que é a criação de um vínculo maior das pessoas com a 
cultura popular, de forma a criar uma forte identidade cultural local, utilizando-se de 
materiais produzidos na região, afetando menos o meio ambiente e favorecendo 
trabalhadores locais, além de usar também conhecimentos manuais práticos das 
construções da região que foram transmitidas pelas próprias pessoas que constroem 
suas habitações de maneira muito simples, porém, muito rica por se tratar de técnicas 
desenvolvidas ao longo dos anos apenas com conhecimentos obtidos pela 
capacidade do ser humano de habituar-se e adaptar-se a diversas situações utilizando 
os materiais disponíveis, para então, essa sabedoria popular ser atrelada a 
conhecimentos acadêmicos testados e utilizados atualmente no ramo da construção 
civil resultando no Centro de Cultura Popular Nordestina. 
 
 
4.2. OCA 
 
 A OCA (Oficina Comunitaria de Arquitectura) é um estúdio de arquitetura do 
Paraguai que trabalha com a arquitetura social, sempre prezam o melhor 
aproveitamento do meio ambiente e do clima do entorno e reduzindo ao máximo a 
emissão de carbono nos processos e materiais usados. Levam o material ao máximo 
conseguindo que cada espaço e elemento construído possa ter o maior número de 
funções, reduzindo despesas e tempo. Trabalham considerando tanto a escala 
humana, a escala de vizinhança e a cidade, com obras que traduzem as reais 
necessidades do cliente de acordo com as atividades que serão desenvolvidas no 
local. 
A OCA, de modo geral, por trabalhar com a arquitetura social, trabalha 
diretamente com o cliente, desde a concepção do projeto até na construção em si, 
utilizando materiais mais baratos (Figuras 60, 61 e 62) e disponíveis na região, 
fazendo partido da aparência dos próprios materiais em seu estado bruto, sem 
acabamentos. Esse escritório, pode-se dizer, que trabalha em um meio termo entre a 
arquitetura popular, vernacular, e a arquitetura “erudita”, utilizando técnicas populares 
da comunidade que será beneficiada pela obra e que estão envolvidos diretamente 
58 
 
 
na construção, aplicando materiais de fácil acesso e, ao mesmo tempo empregando 
os conhecimentos acadêmicos dos arquitetos. 
 
Figura 60. Projeto (Vivienda Lui) de uma casa utilizando materiais de fácil acesso. 
 
 
 
 
Figura 61. Vivienda Lui, vista externa. 
 
 
Fonte: Federico Cairoli. 
Fonte: Federico Cairoli. 
59 
 
 
Figura 62. Centro de Desarrollo Comunitario 
 
 
Fonte: Federico Cairoli. 
60 
 
 
 
 
Como partido arquitetônico será utilizado da OCA referências de estilo e a linha 
de pensamento do estúdio por trabalharem com materiais da região e os utilizar em 
seu estado bruto conferindo a algo barato uma estética agradável, com características 
locais e estratégias bem pensadas de conforto térmico com a utilização de elementos 
vazados e cobertura suspensa, grandes beirais e o uso de alpendres, sempre 
garantindo as necessidades dos usuário nos aspectos funcionais, formais e até 
mesmo emocional devido à participação direta dos usuários nos processos projetuais 
e na própria construção criando vínculos dos usuários com a edificação. 
61 
 
 
5. CONDICIONANTES PROJETUAIS 
 
O ato de projetar é uma síntese criativa em que o arquiteto analisa 
informações e resolve a problemática através de uma solução criativa chegando em 
uma solução final que resume as condições em que o projeto está inserido. Segundo 
Neves (1989), o planejamento arquitetônico passa por três etapas: primeiramente, a 
análise e coleta de dados para poder estabelecer regras e parâmetros, que podem 
ser de natureza conceitual (variáveis teóricas, de conceito) ou natureza físico-
ambiental (condicionantes referentes ao terreno escolhido para a implantação da 
futura edificação), tais dados podem ser recolhidos de diversas maneiras, em uma 
conversa com o cliente, em livros ou através de discursões com especialistas; a 
segunda etapa seria a etapa do planejamento e do ato criador, em que o arquiteto, a 
partir das informações e das condicionantes chega a uma solução arquitetônica, uma 
ideia básica e preliminar do edificio por meio de desenhos e plantas, esta estapa é a 
formulação conceitual do projeto; a ultima etapa é a solução final, consolidação das 
ideias e das diversas variantes ou condicionantes, produzindo por fim o projeto 
executivo levando em consideração a funcionalidade

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