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Profa. Ma. Ana Elisa Gazzola UNIDADE III Processos e Práticas em Relações Internacionais Um processo em que dois ou mais países iniciam um movimento de cooperação regional, buscam objetivos que, isoladamente, não atingiriam. Pressupõe: cooperação; Criação de estrutura burocrática; Possibilidade de aprofundamento; Estratégia de longo prazo. Intergovernamentalismo: presença de instrumentos decisórios pelos quais os Estados participantes atuam por meio de representantes. Não há instituições comuns que possuam poderes acima dos Estados nacionais. Supranacionalidade: a dinâmica decisória da instituição tem autonomia em relação aos Estados nacionais. Aprofundamento: é a evolução do processo nas suas etapas, com maior comprometimento com as disciplinas da integração. Alargamento ou expansão: é o aumento no número de Estados participantes. Integração regional Não confundir com o conceito de cooperação: conjuntural. A Cooperação internacional é um processo que envolve a coordenação entre os Estados para identificar interesses comuns e desenvolver políticas adequadas para atingi-los. A Cooperação Norte-Sul sugere a ideia de verticalidade porque é estabelecida entre um país desenvolvido (associado ao Norte), e um país subdesenvolvido ou em desenvolvimento (associado ao Sul). Trata-se, portanto, de uma relação assimétrica. A Cooperação Sul-Sul sugere a noção de horizontalidade porque é, supostamente, estabelecida entre os países com níveis mais próximos de desenvolvimento; mas não implica, necessariamente, uma simetria entre os países envolvidos. A ideia é de parceria. A Cooperação Trilateral, por fim, busca viabilizar projetos de cooperação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento em um terceiro país, também menos desenvolvido, resultando em um Norte-Sul-Sul que pode incluir, ou não, a participação de um organismo internacional. Cooperação internacional Estabelecimento de objetivos comuns. Alteração de estratégias nacionais. Transferência de funções do Estado. Diminuição da autonomia. Constituição de normas e estruturas para operacionalizar a integração. Possibilidade de expandir em direção a outros níveis previamente não integrados. Custos elevados para o país que queira deixar o processo de integração. Dificuldade em separar o que é doméstico do que é externo. Processo decisório entrelaçado. Integração Econômica Regional promovida pelos Estados: A integração regional envolve decisões específicas de políticas por parte dos governos, destinadas a reduzir ou remover as barreiras ao intercâmbio mútuo de bens, serviços, capital e pessoas. Resultados esperados do processo de integração As características a seguir se referem ao processo de integração regional, exceto: a) Criação de uma estrutura burocrática. b) Possibilidade de aprofundamento institucional. c) Tem objetivos que podem ser atingidos de maneira individual. d) Pressupõe o estabelecimento de estratégias de longo prazo. e) Inicia-se com um movimento de cooperação regional. Interatividade As características a seguir se referem ao processo de integração regional, exceto: a) Criação de uma estrutura burocrática. b) Possibilidade de aprofundamento institucional. c) Tem objetivos que podem ser atingidos de maneira individual. d) Pressupõe o estabelecimento de estratégias de longo prazo. e) Inicia-se com um movimento de cooperação regional. Comentário: integração regional é um processo em que dois ou mais países iniciam um movimento de cooperação regional, buscando objetivos que, isoladamente, não atingiriam. Resposta A categorização mais conhecida do processo de integração econômica foi feita pelo autor Bela Balassa (1966) e compreende quatro etapas, não necessariamente consecutivas: Zona de Livre-comércio; União Aduaneira; Mercado Comum; União Econômica e Monetária. Alguns autores de variadas literaturas trazem, também, a possibilidade de uma quinta etapa, conhecida como Integração Econômica Total; que, ao ser entendida como a fase final do processo ideal de integração, pressupõe a formação de um novo Estado no sistema anterior. Por ser uma etapa considerada idealizada e com baixíssima probabilidade de se tornar real no atual sistema de Estados, não trataremos de suas características. Integração Regional A Zona de Livre-comércio consiste em um acordo, entre um grupo de dois ou mais países, em que são reduzidas ou eliminadas as barreiras alfandegárias, ou seja, impostos, tarifas e taxas diversas de importação, de modo que as trocas comerciais entre os países envolvidos fluam de forma facilitada. Resumidamente, tem-se: Eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias; Mínimo de 80% da pauta comercial liberalizada; Baixo nível de institucionalização. Exemplo: North American Free Trade Agreement (Nafta). Integração Econômica Regional A União Aduaneira, por sua vez, é uma categoria mais sofisticada de integração econômica já que, além da redução ou da eliminação das barreiras alfandegárias, os Estados-membros adotam uma política comercial comum em relação aos países de fora do bloco comercial. Resumidamente, tem-se: Política comercial comum; Tarifa Externa Comum (TEC), em relação a terceiros; 100% da pauta incluída no acordo; Instituições intergovernamentais. Exemplo: União Aduaneira da África Austral. A União Aduaneira implica em ceder certo grau de soberania estatal com o objetivo de facilitar ou viabilizar uma política comum entre os membros do bloco comercial. A liberdade de comércio gerada provoca a necessidade de harmonização das políticas nacionais em outras áreas, como: monetária; fiscal; de transportes. Integração Econômica Regional No Mercado Comum, os membros não somente reduzem ou eliminam as restrições tarifárias e não tarifárias ao comércio recíproco, e adotam a TEC, como, também, facilitam a mobilidade internacional dos fatores de produção. Resumidamente, tem-se: Livre circulação de capital (empréstimos internacionais e investimentos estrangeiros diretos); Livre circulação de trabalho (mão de obra); Livre circulação de bens (produtos tangíveis); Livre circulação de serviços (intangíveis). Exemplo: Mercado Comum do Sul (Mercosul). É importante lembrar que o Mercosul tem como objetivo atingir a etapa de Mercado Comum, porém, ainda se encontra no estágio de união aduaneira imperfeita. Integração Econômica Regional A União Econômica e Monetária pressupõe a redução ou a eliminação das barreiras alfandegárias, a adoção da TEC e a livre circulação dos fatores de produção, e requer a criação de uma moeda comum, uma consequência inevitável do aprofundamento da integração nos domínios comercial, produtivo e financeiro. Resumidamente, tem-se: Coordenação das políticas macroeconômicas, com a criação de uma moeda comum; Certa harmonização das políticas nacionais; Livre circulação de pessoas; Instituições supranacionais e intergovernamentais. O único bloco comercial que atingiu este nível de aprofundamento foi a União Europeia, cujos membros, hoje, não apenas compartilham a mesma moeda, mas também um banco central e outras instituições. Integração Econômica Regional No contexto da globalização, uma tendência crescente é a formação de blocos econômicos regionais que apresentam diferentes níveis de integração. Um desses níveis é a Zona de Livre- comércio, que se caracteriza por: a) Criação de uma moeda única a ser adotada pelos países-membros. b) Livre circulação de mercadorias provenientes dos países-membros. c) Unificação de políticas macroeconômicas entre os países-membros. d) Livre circulação de pessoas, serviços e capitais entre os países-membros. e) Criação de instituições supranacionais e intergovernamentais. Interatividade No contexto da globalização, uma tendência crescente é a formaçãode blocos econômicos regionais que apresentam diferentes níveis de integração. Um desses níveis é a Zona de Livre- comércio, que se caracteriza por: a) Criação de uma moeda única a ser adotada pelos países-membros. b) Livre circulação de mercadorias provenientes dos países-membros. c) Unificação de políticas macroeconômicas entre os países-membros. d) Livre circulação de pessoas, serviços e capitais entre os países-membros. e) Criação de instituições supranacionais e intergovernamentais. Comentário: a Zona de Livre-comércio é a etapa mais simples do processo de integração comercial, em que são reduzidas ou eliminadas as barreiras alfandegárias, de modo que as trocas comerciais entre os países envolvidos fluam de forma facilitada. Resposta A primeira etapa de integração europeia se deu com a criação do Benelux, em 1943, um bloco composto pela Bélgica, pelos Países Baixos e por Luxemburgo, com a intenção de estimular o comércio e de extinguir as barreiras alfandegárias entre eles. Em 1951, o Benelux evoluiu para a Comunidade Econômica do Carvão e do Aço (Ceca) ao incluir a França, a Alemanha e a Itália naquele processo. Em 1957, os membros da Ceca criaram, pelo Tratado de Roma, a Comunidade Econômica Europeia (CEE), também chamado de Mercado Comum Europeu, que instituiu uma política agrícola comum, contando com a livre circulação de produtos agrícolas entre os membros. No mesmo ano, houve a criação da Comunidade Econômica da Energia Atômica (Euratom). Em 1973, houve a expansão do bloco com a adesão da Inglaterra, da Dinamarca e da Irlanda. Na década de 1980, a Grécia, a Espanha e Portugal, países que são, hoje, junto com a Itália, os elos fracos do bloco, também ingressaram na União Europeia. União Europeia Em 1985, os membros do bloco criaram o chamado Espaço Schengen que permite a livre circulação de pessoas dentro dos países-membros, sem a necessidade de apresentação de passaporte nas fronteiras. Todos os integrantes da União Europeia (exceto a Irlanda e o Reino Unido) e mais três países de fora do bloco (Islândia, Noruega e Suíça) assinaram o documento. Nos anos 1990, Finlândia, Suécia e Áustria entraram na União Europeia. Em 1992, o Tratado de Maastricht substituiu a CEE pela Comunidade Europeia (CE) e instituiu a União Europeia, ambas coexistindo até 2007, quando o Tratado de Lisboa fez com que restasse, apenas, a denominação de União Europeia. O Tratado de Maastricht criou metas de livre circulação de todos os fatores de produção, estabeleceu avanços relativos ao meio ambiente, instituiu o euro e a cidadania europeia. Grã-Bretanha, Suécia e Dinamarca não aderiram ao euro. Assim, o Tratado de Maastricht concretizou a União Econômica e Monetária. União Europeia Já o Tratado de Amsterdã, assinado em 1997, abarcou os âmbitos social e ambiental, reforçou o papel do Parlamento Europeu e agregou o Tratado de Schengen, ao quadro institucional e jurídico da União Europeia. O Tratado de Nice, assinado em 2001, foi responsável pela reforma institucional do bloco e por propor a polêmica Constituição Europeia, que foi reprovada por referendo na França e na Holanda, sendo, posteriormente, abandonada por todo o bloco. Por fim, o Tratado de Lisboa, assinado em 2007, estabeleceu a denominação União Europeia como a única e oficial, conforme já mencionado, e definiu a estrutura institucional do bloco: Parlamento Europeu, Conselho da União Europeia, Comissão Europeia, Conselho Europeu, Banco Central Europeu, Tribunal de Justiça da União Europeia e Tribunal de Contas Europeu; A saída do Reino Unido da União Europeia, processo iniciado em 2016 e conhecido como Brexit, gerou grande discussão sobre o futuro do processo de integração europeu. União Europeia Sobre a origem da União Europeia, assinale a alternativa incorreta: a) O primeiro nome do bloco econômico que, mais tarde, viria a se chamar União Europeia, foi o Benelux, resultado da união entre a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo. b) A Ceca (Comunidade Econômica do Carvão e do Aço) surgiu após o sucesso da criação do Benelux e tinha o objetivo de estabelecer um mercado comum no campo da siderurgia entre os seus seis países-membros. c) O Tratado de Maastricht, assinado em 1991, foi responsável pela criação da União Europeia, em substituição ao Mercado Comum Europeu. d) O Mercado Comum Europeu foi criado pelo Tratado de Londres, em 1980, para substituir a CEE (Comunidade dos Estados Europeus). e) Os diferentes nomes da União Europeia, em ordem cronológica, foram: Benelux, Ceca, Mercado Comum Europeu ou CEE, e União Europeia. Interatividade Sobre a origem da União Europeia, assinale a alternativa incorreta: a) O primeiro nome do bloco econômico que, mais tarde, viria a se chamar União Europeia, foi o Benelux, resultado da união entre a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo. b) A Ceca (Comunidade Econômica do Carvão e do Aço) surgiu após o sucesso da criação do Benelux e tinha o objetivo de estabelecer um mercado comum no campo da siderurgia entre os seus seis países-membros. c) O Tratado de Maastricht, assinado em 1991, foi responsável pela criação da União Europeia, em substituição ao Mercado Comum Europeu. d) O Mercado Comum Europeu foi criado pelo Tratado de Londres, em 1980, para substituir a CEE (Comunidade dos Estados Europeus). e) Os diferentes nomes da União Europeia, em ordem cronológica, foram: Benelux, Ceca, Mercado Comum Europeu ou CEE, e União Europeia. Comentário: o Mercado Comum Europeu foi criado em 1957, pelo Tratado de Roma, em substituição à Ceca. Resposta O Mercosul foi criado em 1991, pelo Tratado de Assunção, firmado entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, com a intenção de formalizar a etapa do mercado comum até 1994, o que não ocorreu plenamente. Mercosul como um projeto político: uma reação institucional a uma situação de diminuição das capacidades estatais para lidar com as transformações do cenário internacional do início dos anos 1990. Etapa intermediária para a liberalização multilateral. Aproximação com os países da América do Sul. 1992: Declaração de Las Leñas: criou um cronograma para a liberalização comercial, propondo uma data específica para múltiplas medidas de cada subgrupo de trabalho, durante o período de transição, que se encerraria em 31 de dezembro de 1994. Programa de Liberação Comercial: estabeleceu que o prazo para a eliminação das tarifas referentes às listas de exceções, apresentadas por Paraguai e Uruguai, seria estendido. Mercado Comum do Sul (Mercosul) Buscava-se uma integração de perfil comercialista que, junto às reformas econômicas domésticas, permitisse enfrentar um mercado internacional altamente competitivo, com barreiras tarifárias e não tarifárias; paralelamente à tentativa de atrair capitais estrangeiros para os investimentos. 1994: fim do período de transição. Entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto: demonstrou a transição de um período político-econômico favorável para a instrumentalização, de fato, da união aduaneira. Ao tratar de sua estrutura institucional, este instrumento estabeleceu a sua natureza intergovernamental. Órgãos do Mercosul com capacidade decisória e natureza intergovernamental: o Conselho do Mercado Comum (CMC), o Grupo Mercado Comum (GMC) e a Comissão de Comércio do Mercosul (CCM). Outros órgãos auxiliares: a Comissão Parlamentar Conjunta (CPC), o Foro Consultivo Econômico-Social (FCES) e a Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM). Mercado Comum do Sul (Mercosul) Processo decisório: unanimidade e consenso. Confere a cada Estado o direito de veto em relação às decisões contrárias aos seus interesses; pareciam incompatíveis com o modelo institucional definitivo que se almejava para o Mercosul. Na ausência de uma instituição supranacional, é por meio da unanimidade que os países buscam exprimira vontade conjunta, que deve coincidir com a nacional, sendo submetida ao controle legislativo interno. Suposição de que os países do Mercosul adaptaram os baixos níveis de institucionalidade aos seus interesses, mantendo as assimetrias. Criação de instituições e o alargamento do bloco: As adaptações institucionais no período pós-Protocolo de Ouro Preto foram mais visíveis na segunda fase da integração regional do Mercosul, a partir dos anos 2000, concentrando- se, primordialmente, na criação de instituições, de caráter mais político-social, e no alargamento do bloco, a partir da aceitação de novos membros. Mercado Comum do Sul (Mercosul) Em relação à estrutura institucional do Mercosul, assinale a alternativa incorreta: a) Na primeira fase da integração, o Mercosul tinha como principais órgãos: Conselho do Mercado Comum; Grupo Mercado Comum e Comissão de Comércio do Mercosul. Como instâncias auxiliares: Foro Consultivo Econômico-Social, Comissão Parlamentar Conjunta e Secretaria Administrativa do Mercosul. b) O Mercosul não é uma organização supranacional; para ter eficácia, as suas normas devem ser incorporadas formalmente no ordenamento jurídico dos Estados-membros. c) O Protocolo de Ouro Preto demonstrou a transição de um período político-econômico favorável para a instrumentalização, de fato, da união aduaneira. d) Tal qual a União Europeia, o processo decisório no Mercosul é por maioria de dois terços dos votos dos Estados-membros. e) Mesmo possuindo natureza intergovernamental, o Mercosul possui personalidade jurídica de Direito Internacional, sendo uma instituição independente e um importante ator das relações internacionais sub-regionais. Interatividade Em relação à estrutura institucional do Mercosul, assinale a alternativa incorreta: a) Na primeira fase da integração, o Mercosul tinha como principais órgãos: Conselho do Mercado Comum; Grupo Mercado Comum e Comissão de Comércio do Mercosul. Como instâncias auxiliares: Foro Consultivo Econômico-Social, Comissão Parlamentar Conjunta e Secretaria Administrativa do Mercosul. b) O Mercosul não é uma organização supranacional; para ter eficácia, as suas normas devem ser incorporadas formalmente no ordenamento jurídico dos Estados-membros. c) O Protocolo de Ouro Preto demonstrou a transição de um período político-econômico favorável para a instrumentalização, de fato, da união aduaneira. d) Tal qual a União Europeia, o processo decisório no Mercosul é por maioria de dois terços dos votos dos Estados-membros. e) Mesmo possuindo natureza intergovernamental, o Mercosul possui personalidade jurídica de Direito Internacional, sendo uma instituição independente e um importante ator das relações internacionais sub-regionais. Comentário: unanimidade e consenso. Resposta BALASSA, Bela. À procura de uma teoria da integração econômica. In: WIONCZEK, Miguel (Org.). A integração econômica da América Latina. Rio de Janeiro: Edições de O Cruzeiro, 1966. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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