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Teologia AEADEPAR - Associação Educacional das Assembléias dc Deus no Estado do Paraná il^ ~ j f~^ \ O L O G ' ^ IB A D E P - In s t i tu to B íb l ico das A ssem b lé ia s d e Deus no E s tado d o Paraná Av. B rasil . S/N° - V ila E le t ro su l - C x .P o s ta l 248 8 5 9 8 0 -0 0 0 - G u a íra - PR F o ne /F ax : (44 ) 642-2581 / 642-6961 / 642-5431 E-m ail: ibad ep @ ib ad ep .c o m S ite : w w w .ib adep .co m Digitalizado por A n j o s , H o m e m , P e c a d o e S a l v a ç ã o Pesquisado e adaptado pela Equipe Redatorial para Curso exclusivo do IBADEP - Instituto Bíblico das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus do Estado do Paraná. Com auxílio de adaptação e esboço de vários ensinadores 3a Edição - Setembro / 2004 Todos os direitos reservados ao IBADEP Diretorias CIEADEP Pr. José Pimentel de Carvalho - Presidente de Honra Pr. José Alves da Silva - Presidente Pr. Israel Sodré - I o Vice-Presidente Pr. Moisés Lacour - 2o Vice-Presidente Pr. Ival Theodoro da Silva - I o Secretário Pr. Carlos Soares - 2o Secretário Pr. Simão Bilek - I o Tesoureiro Pr. Mirislan Douglas Scheffel - 2o Tesoureiro AEADEPAR - Conselho Deliberativo Pr. José Alves da Silva - Presidente Pr. Ival Teodoro da Silva - Relator Pr. Israel Sodré - Membro Pr. Moisés Lacour - Membro Pr. Carlos Soares - Membro Pr. Simão Bilek - Membro Pr. Mirislan Douglas Scheffel - Membro Pr. Daniel Sales Acioli - Membro Pr. Jamerson Xavier de Souza - Membro AEADEPAR - Conselho de Administração Pr. Perci Fontoura - Presidente Pr. Robson José Brito - Vice-Presidente Ev. Gilmar Antonio de Andrade - I o Secretário Ev. Jessé da Silva dos Santos - 2o Secretário Pr. José Polini - I o Tesoureiro Ev. Darlan Nylton Scheffel - 2o Tesoureiro IBADEP Pr. Hércules Carvalho Denobi - Coord. Administrativo Pr. José Carlos Teodoro Delfino - Coord. Financeiro Pr. Walmir Antonio dos Reis - Coord. Pedagógico Cremos Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9). Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19). Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus (Jo 3.3-8). No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justi ficação das almas recebidas gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9). No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12). Na necessidade e na possibilidade que temos de viver em santidade mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14; IPe 1.15). No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade ( ICo 12.1-12). Na Segunda vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação. Segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos ( lT s 4.16,17; ICo 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). Que todos os cristãos comparecerão ante o tribunal de Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10). No juízo vindouro que recompensará os fiéis (Ap 20.11-15). E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46). Equipe Redatorial Metodologia de Estudo Para obter um bom aproveitamento, o aluno deve estar consciente do porquê da sua dedicação de tempo e esforço no afã de galgar um degrau a mais em sua formação. Lembre-se que você é o autor de sua história e que é necessário atualizar-se. Desenvolva sua capacidade de raciocínio e de solução de problemas, bem como se integre na problemática atual, para que possa vir a ser um elemento útil a si mesmo e à igreja em que está inserido. Consciente desta realidade, não apenas acumule conteúdos visando preparar-se para provas ou trabalhos por fazer. Tente seguir o roteiro sugerido abaixo e comprove os resultados: 1. Devocional: a) Faça uma oração de agradecimento a Deus pela sua salvação e por proporcionar-lhe a oportunidade de estudar a sua Palavra, para assim ganhar almas para o Reino de Deus; b) Com a sua humildade e oração, Deus irá i luminar e direcionar suas faculdades mentais através do Espírito Santo, desvendando mistérios contidos em sua Palavra; c) Para melhor aproveitamento do estudo, temos que ser organizados, ler com precisão as lições, meditar com atenção os conteúdos. 2. Local de Estudo: Você precisa dispor de um lugar próprio para estudar em casa. Ele deve ser: a) Bem arejado e com boa iluminação (de preferência, que a luz venha da esquerda); b) Isolado da circulação de pessoas; c) Longe de sons de rádio, televisão e conversas. 3. Disposição: Tudo o que fazemos por opção alcança bons resultados. Por isso adquira o hábito de estudar voluntariamente, sem imposições. Conscientize-se da importância dos itens abaixo: a) Estabelecer um horário de estudo extradasse, dividindo-se entre as disciplinas do currículo (dispense mais tempo às matérias em que tiver maior dificuldade); b) Reservar, diariamente, algum tempo para descanso e lazer. Assim, quando estudar, estará desligado de outras atividades; c) Concentrar-se no que está fazendo; d) Adotar uma correta postura (sentar-se à mesa, tronco ereto), para evitar o cansaço físico; e) Não passar para outra lição antes de dominar bem o que estiver estudando; f) Não abusar das capacidades físicas e mentais. Quando perceber que está cansado e o estudo não alcança mais um bom rendimento, faça uma pausa para descansar. 4. Aproveitamento das Aulas: Cada disciplina apresenta características próprias, envolvendo diferentes comportamentos: raciocínio, analogia, interpretação, aplicação ou simplesmente habilidades motoras. Todas, no entanto, exigem sua participação ativa. Para alcançar melhor aproveitamento, procure: a) Colaborar para a manutenção da disciplina na sala-de-aula; b) Participar ativamente das aulas, dando colaborações espontâneas e perguntando quando algo não lhe ficar bem claro; c) Anotar as observações complementares do monitor em caderno apropriado. d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos. 5. Estudo Extradasse: Observando as dicas dos itens 1 e 2, você deve: a) Fazer diariamente as tarefas propostas; b) Rever os conteúdos do dia; c) Preparar as aulas da semana seguinte (constatando alguma dúvida, anote-a para apresentá-la ao monitor na aula seguinte. Não deixe que suas dúvidasse acumulem). d) Materiais que poderão ajudá-lo: * Mais que uma versão ou tradução da Bíblia Sagrada; * Atlas Bíblico; * Dicionário Bíblico; * Enciclopédia Bíblica; * Livros de Histórias Gerais e Bíblicas; * Um bom dicionário de Português; * Livros e apostilas que tratem do mesmo assunto. e) Se o estudo for em grupo, tenha sempre em mente: * A necessidade de dar a sua colaboração pessoal; * O direito de todos os integrantes opinarem. 6. Como obter melhor aproveitamento em avaliações: a) Revise toda a matéria antes da avaliação; b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!); c) Concentre-se no que está fazendo; d) Não tenha pressa; e) Leia atentamente todas as questões; f) Resolva primeiro as questões mais acessíveis; g) Havendo tempo, revise tudo antes de entregar a prova. Bom Desempenho! Currículo de Matérias 1. Educação Geral 3 * História da Igreja c * Educação Cristã * Geografia Bíblica 2. Ministério da Igreja * Ética Cristã / Teologia do Obreiro o * Homilética / Hermenêutica * Família Cristã a * Administração Eclesiástica 3. Teologia * Bibliologia * * A Trindade c * Anjos, Homens, Pecado e Salvação. * Heresiologia * Eclesiologia / Missiologia 4. Bíblia * Pentateuco * Livros Históricos * Livros Poéticos * Profetas Maiores <s * Profetas Menores * * Os Evangelhos / Atos ? * Epístolas Paulinas / Gerais * Apocalipse / Escatologia Abreviaturas a.C. - antes de Cristo. ARA - Almeida Revista e Atualizada ARC - Almeida Revista e Corrida AT - Antigo Testamento BLH - Bíblia na Linguagem de Hoje c. - Cerca de, aproximadamente, cap. - capítulo; caps. - capítulos, cf. - confere, compare. d.C. - depois de Cristo. e.g. - por exemplo, gr. - grego hb. - hebraico i.e. - isto é. lit. - literal, li teralmente. LXX - Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) m - Símbolo de metro. MSS - manuscritos NT - Novo Testamento NVI - Nova Versão Internacional p. - página. ref. - referência; refs. - referências ss. - e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos de um capítulo até o seu final. Por exemplo: IPe 2.1ss, significa IPe 2.1-25). séc. - século (s). v. - versículo; vv. - versículos. ver - veja índice Lição 1 - A C r ia ç ã o ............................................................15 Lição 2 - A Doutrina dos Anjos: Angelologia....39 Lição 3 - A doutrina do Homem: Antropologia..63 Lição 4 - A Doutrina do Pecado: Hamartiologia .... 87 Lição 5 - A Doutrina da Salvação: Soteriologia.111 Referências Bibl iográficas .............................................. 135 Lição 1 A Criação O ponto de partida de nossa fé é exatamente o tipo de crença esposado1 quanto à Pessoa de Deus (Hb 11.6). A Bíblia identifica como louca a pessoa que nega a existência de Deus (SI 14.1), muito embora em nenhum dos seus 66 livros o Espírito Santo jamais estabeleceu qualquer argumento, de natureza filosófica ou racional tentando provar a existência de Deus. Aqueles que se dão ao estudo comparativo das religiões, são unânimes em afirmar que a crença na existência de Deus é de natureza praticamente universal. Essa crença acha-se arraigada até entre as nações e tribos mais remotas da terra. Contudo, isto não quer dizer que não existam aqui e ali indivíduos que negam completamente a existência de Deus, como revela a Escritura: um Ser supremo e pessoal, existente por si, consciente e de infinita perfeição, que faz todas as coisas de acordo com um plano predeterminado. Declaramos que Deus trouxe à existência tudo o que há, sem o uso de nenhuma matéria preexistente. Tanto o primeiro versículo da Bíblia como a frase que abre o Credo Apostólico confessa Deus como Criador. O tema de Deus como Criador dos céus e da terra é 1 D e s p o s a d o , c as ad o . 15 claramente ensinado nas Escrituras do princípio ao fim (Gn 1.1; Is 40.28; Mc 13.19; Ap 10.6). A Bíblia afirma que Deus é o Criador do homem e da mulher sem mediação (Gn 1.26-27; Mc 10.6), de Israel, povo da sua aliança (Is 43.15) e de todas as coisas (Cl 1.16; Ap 4.11). Com as Escrituras sustentamos que a criação ocorreu pela Palavra de Deus (Gn 1.3; SI 33.6-9; 1 4 8 . 5 ) . ^ palavra que trouxe a criação à existência está relacionada de modo vital com o Verbo (Palavra) eterno que estava com Deus e que era Deus (Jo 1.1). De acordo com o Evangelho de João (Jo 1.3), todas as coisas foram feitas pelo Verbo e sem ele nada do que foi feito se fez. Esse Verbo era Jesus. A criação é obra do Deus trinitário (Gn 1; Hb 11.3). Deus, o Pai, é a fonte da criação ( ICo 8.6), o Filho é o agente da criação (Cl 1.16), e o Espírito de Deus pairava com amor sobre a obra da criação (Gn 1.2). A criação deu-se pela sabedoria de Deus (Jr 10.12), pela vontade de Deus (Ap 4.11), e, conforme já observado, pela Palavra (Verbo) de Deus (SI 33.6-9). A criação revela Deus (SI 19.1) e traz-lhe glória (Is 43.7). Tudo na criação era originalmente bom (Gn 1.4,31), mas agora encontra-se imperfeito por causa da entrada e dos efeitos do pecado na criação (Gn 3.16-19). Todavia, essa imperfeição é apenas temporária (Rm 8.19-22), pois ela será redimida na obra final de Deus, a nova criação (Is 65; Ap 21.1-5). A doutrina bíblica da criação afirma Deus como Criador, Redentor e Soberano. O Deus Criador não é distinto do Deus que efetua nossa salvação em Jesus Cristo através do seu Espírito Santo. Deus é a fonte de todas coisas. Isso significa que Deus trouxe o mundo à existência a partir do nada através de um ato intencional de sua livre vontade. Assim afirmamos que 16 Deus é o soberano e onipotente Senhor de toda a existência. Tal afirmação rejeita toda forma de dualismo, que afirma que a matéria existe eternamente, sendo, portanto, má, visto que é o princípio oposto a Deus, fonte de todo o bem. A doutrina da criação também afirma que Deus é distinto de sua criação e que todas as suas criaturas dele dependem e são boas. Sustenta também que Deus é um Deus que possui propósitos e que cria livremente. Na criação, e na provisão e preservação de Deus em favor da criação, ele efetua seus propósitos finais em favor da humanidade e do mundo. Portanto, a vida possui sentido, significado, inteligência e propósito. Isso afirma a plena unidade e inteligibilidade do universo. Nisso vemos a grandeza, a bondade e a sabedoria de Deus. O relato da criação encontra sua plena explicação em Jesus como Deus-homem, luz e vida do mundo que trará a criação sob seu domínio na consumação do mundo, para o louvor e a glória final do Deus Criador. Preservação e Providência Preservação. A obra de Deus de preservação inclui sua intervenção nas questões da história. Tal afirmação bíblica sobre a preservação deve ser distinguida da visão deísta de um Deus distante e que não intervém. Todavia, a obra de Deus de sustentar e de proteger a existência do universo criado é realizada através da natureza de sua obra criadora e pelo seu cuidado providencial e por sua intervenção permanentes. Em Colossenses 1.16-17 a forma do verbo (perfeito) enfatiza o resultado permanente do fato de que em Deus “tudo subsiste” (veja Hb 1.3). 17 Providência. Intimamente relacionada, e até mais abrangente em seu escopo1 é a obra divina da providência. A providência envolve a obra contínua do Deus trino e uno por meio da qual todas as coisas no universo são dirigidas e controladas, levando a efeito seguramente seu plano repleto de sabedoria (Rm 8.28). Isso ocorre, geralmente, pelo estabelecimento e pela execução de leis e princípios naturais que fazem parte da boa e sábia criação divina. Pode, no entanto, incluir também a intervenção singular, planejada e especial de Deus no processo natural de cumprir a sua vontade, o que chamamosde milagre. O milagre, enquanto aspecto da providência divina, deve ser visto em função de sua singularidade. 1. A providência divina às vezes transcende os planos humanos. Ao agir assim, Deus pode usar atos intencionalmente maus para o bem (Gn 50.20). Tal atitude divina só pode provocar uma reação de louvor pela grandeza de Deus por parte dos crentes. Ao mesmo tempo, isso levanta uma das perguntas mais difíceis para a teologia cristã: por que o mal e o sofrimento persistem neste mundo? Alguns propuseram que ou Deus não existe ou ele não é poderoso o suficiente para fazer alguma coisa com o mal ou ainda ele não é amoroso o suficiente para preocupar-se com o sofrimento. Em contraste com tal sugestão, queremos não somente confessar que Deus existe, mas também que ele é de fato infinitamente poderoso e plenamente amoroso. Todavia, não pretendemos negar nem o mal nem o sofrimento, pois são uma realidade obviamente presente à nossa volta. 1 Alvo , mira, intui to; in tenção . Por fim, queremos responder a essa pergunta confessando que Deus tem um plano e um propósito e reúne todas as coisas em perspectiva (Ec 9.11). À luz disso, afirmamos que o mal ainda existe porque Satanás, uma criatura inteiramente má, ainda existe e opõe-se continuamente aos desígnios1 de Deus e procura frustrá-los. Também afirmamos que o mal existe para aprofundar e ampliar a revelação de Deus (SI 107.28). Sem o pecado, o mal e o sofrimento, e o amor, a misericórdia e a graça de Deus não são plenamente compreendidos. E possível que Deus use o sofrimento para exercer disciplina e punição de suas criaturas. Podemos afirmar que o mal existe no presente, mas esse é um período de provação. Deus, embora permita temporariamente o mal, redimirá todas as coisas em seu plano final. Concluindo, devemos confessar nosso conhecimento limitado e dizer que o problema do mal permanece um mistério. Podemos, com base bíblica, estar certos de que Deus pode usar e usa o pecado, o mal, o fracasso e o sofrimento para o seu bem eterno. O exemplo máximo é a crucificação de Cristo, que mostra Cristo em estado de sofrimento por causa dos delitos e dos pecados da humanidade. Apesar disso, por meio do triunfo da ressurreição, o maior ato do mal (a crucificação do Deus-homem, Jesus Cristo) tornou-se o maior bem, a provisão do perdão do pecado e da salvação da humanidade. Tudo isso aponta para os desígnios sábios e maravilhosos de Deus para este mundo, parte dos quais nos foi revelado mas que, no final, são incompreensíveis em sua totalidade para as criaturas de Deus. 1 In ten to , i n t enção , p lano , p ro j e to , p rop ós i t o . 19 O Deus da Criação Deus se revela na Bíblia como um ser infinito, eterno, auto-existente e como a causa primária de tudo o que existe. Nunca houve um momento em que Deus não existisse. Conforme afirma Moisés: “antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (SI 90.2). Noutras palavras, Deus existiu eterna e infinitamente antes de criar o universo finito. Ele é anterior a toda criação, no céu e na terra, está acima e independe dela ( lT m 6.16; Cl 1.16). Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e Eva “à sua imagem” (Gn 1.26,27). Porque Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, podiam comunicar-se com Ele, e também com Ele ter comunhão de modo amoroso e pessoal. Deus também se revela como um ser moral que criou todas as coisas boas e, portanto, sem pecado. Ao terminar Deus a obra da criação, contemplou tudo o que fizera e observou que era “muito bom” (Gn 1.31). Posto que Adão e Eva foram criados à imagem e semelhança de Deus, eles também não tinham pecado (Gn 1.26). O pecado entrou na existência humana quando Eva foi tentada pela serpente, ou Satanás (Gn 3; Rm 5.12; Ap 12.9). A Pessoa do Criador Existem diferentes fontes de revelação da Pessoa de Deus. As principais são: a Bíblia Sagrada e a Natureza (SI 19.1-4). A criação toda revela o Criador, Gênesis 1 e Salmo 104, mostram detalhadamente que Deus fez cada coisa para um fim determinado, colocando-a também no local ou espaço que convém. A 20 natureza torna-se assim o espelho do Deus uno e soberano. Por isso, toda a natureza se constitui num hino de louvor a Deus (SI 104). Devemos louvar a Deus como Criador: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram cr iadas” (Ap 4.11). O método bíblico da revelação de Deus é tão claro, intuitivo e conducente1 que todos os escritores simplesmente declaram os atos soberanos de Deus. Deus é o Criador. Todos os seres vivos existentes no Universo, além do universo de elementos inanimados, têm sua criação atribuída a Deus (Mc 13.19). Deus criou todas as coisas (At 17.24). A fé da Igreja em relação à criação do mundo se expressa no primeiro artigo do o Credo dos Apóstolos, ou Confissão de fé Apostólica, que diz “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra” . De acordo com esta declaração de fé, Deus, por meio do seu todo-suficiente poder, criou o Universo do nada. Em sentido estrito da palavra, “cr iação” pode ser definida como aquele ato livre de Deus, por meio do qual, segundo o conselho de Sua soberana vontade e para Sua própria glória, no princípio produziu todo o Universo visível e invisível, sem o uso de matéria preexistente e assim lhe deu existência distinta da sua própria existência. Deus é Onipotente. Os remidos no céu celebrarão permanente e eternamente o fato de que o Deus Onipotente reina (Ap 19.6) Esse cântico ilustra e lembra dois dos mais 1 Qu e c o n d u z (a um f im) . Que tende (para um fim) ; t endente . 2 E x p o s i ç ã o re sum id a dos a r t ig os de fé ace i tos por uma re l ig ião , ou de no m in a ç ã o . 21 maravilhosos expressivos atributos de Deus: Sua Onipotência e Sua Soberania. Veja também Gênesis 17.1; 35.11; Apocalipse 21.22; Êxodo 15.18; lCrônicas 29.11,12; Salmos 93.1,2; Isaías 66.1. A Onipotência divina nos atos da criação. Os dois primeiros capítulos da Bíblia mencionam os detalhes da criação do mundo. Os profetas, por sua vez, declaram que Deus fez a terra por seu próprio poder (Is 40.21-28; 42.5; 45.12-18; Jr 10.12; 27.5; 51.15). A Declaração Bíblica da Criação O ponto de partida está na declaração de que todas as coisas criadas foram feitas “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11b). Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesis se constitui como o princípio e a base de toda a revelação divina e, conseqüentemente, a base da relação do homem com Deus. Quatro grandes verdades estabelecem os fundamentos da obra da criação. 1 A obra da criação é autoria única do Deus Trino. A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo Paulo destaca a segunda Pessoa da Trindade, Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que “todas as coisas são de Deus, o Pai” (ICo 8.6; Jo 1.3; Cl 1.15- 17). A terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, participa da obra da criação em harmonia perfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gênesis 1.2; Jó 26.13; 33.4; Salmo 104.30; Isaías 40.12,13. Não 22 há na Trindade Divina qualquer resquício1 de competição. As três Pessoas são distintas mas formam uma só essência divina indivisível. 2. A obra da Criação foi feita por um ato livre da parte do Criador. A Bíblia deixa claro que Deus é auto- suficiente e não tem qualquer relação de dependência de nada e de ninguém (Jó 22.3,13; At 17.25). Ao realizar a obra da criação, Ele o fez não por necessidade, mas por sua soberana e livre vontade defazer o que quer e o que lhe apraz. Ora, a única dependência divina é a de sua própria e soberana vontade. A Bíblia Sagrada refuta essa idéia e fortalece o fato de que “Deus fez todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11; Ap 4.11). 3. A obra da Criação teve um começo. A criação teve um princípio, um começo para tudo, nas coisas visíveis e invisíveis. A prova irrefutável do ponto de vista bíblico está no primeiro livro da Bíblia: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” no hebraico é bereshith, que li teralmente significa “começo” . O sentido da palavra é indefinido e sugere que a criação teve um início, um começo (SI 90.2; 102.25). Por essas escrituras, entende-se que num momento específico, conforme sua soberana vontade, Deus criou a matéria e a substância que antes nunca existiram. Quanto à existência do mundo espiritual, o princípio é o mesmo estabelecido para a criação da matéria, pois Deus criou tudo do nada. 1 R e s í d u o , ves t ígio . 2 Q u e não se pode re futa r ; ev id en te , i r r ec us áve l , inc on te s t áve l . 23 'l^0/Yn/O ^ OS" A* A obra da criação foi produzida do “nada” . "V- ^ ? Ô Esta é uma doutrina que se choca frontalmente com as teorias materialistas que acreditam na eternidade da matéria. Os que rejeitam essa verdade, dizem que é impossível “criar alguma coisa do nada” , mesmo para o Deus Onipotente, porque não tem elemento causante. Porém, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas pela Palavra do seu Poder (SI 33.6,9; 148.5). A Escritura mais forte para aceitar a idéia de que a criação foi feita do nada está em Hebreus 11.3 que diz: “Pela fé entendemos que os mundos, pela Palavra dé Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” . Ora, podemos entender de modo claro que pertence à natureza divina a capacidade de trazer à existência aquilo que não existe. Ele, somente Ele, pode criar qualquer coisa do nada, segundo o seu arbítrio. O Processo da Obra da Criação A criação dos anjos só será entendida plenamente depois de conhecermos os fundamentos da doutrina da criação. Há um processo ordenado na história da criação que se apresenta em três fases distintas como se segue: A criação das coisas espirituais. Ao responder aos questionamentos do patriarca Jó, o Criador disse-lhe, de modo enfát ico1 e poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem o mundo material havia sido criado, os seus anjos, que são espíritos criados por Ele, já estavam presentes na 1 Que tem, ou em que há ênfase . 24 criação do mundo material (Jó 38.1-7). Nesta escritura, Deus procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador da terra e a rege com justiça e que, ao criar o mundo material, “as estrelas da alva alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam”' (Jó 38.7). Na linguagem figurada da Bíblia, tanto “as estrelas da alva” quanto “os filhos de Deus” são figuras dos seres espirituais criados pelo Senhor. A criação das coisas materiais. A base dessa declaração está na narrativa bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis. Entretanto, a criação material é imensa e abrange todo o sistema solar e outros sistemas existentes e descobertos pelo homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no espaço sideral, fazendo parte da Via Láctea, com muitos sóis, planetas e satélites, nos dá uma visão limitada de toda a grandeza da criação material (Ne 9.6). A criação da vida sobre a terra. Na criação da terra, o Criador formou a vida física numa combinação do imaterial com o material (Gn 1.11,20-22). Nesta ordem da criação, são incluídos os homens, os animais nas mais variadas espécies, além da vida vegetal. Há uma certa reciprocidade entre anjos e homens como seres espirituais. Porém, é preciso distinguir ambas as criações, porque os anjos são apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais e materiais. A vida dos anjos é apenas espiritual. A vida dos homens é espiritual e física. A vida física foi criada para propagar-se, por isso, os homens procriam e geram outros homens. A vida dos anjos é única e eterna; não pode propagar-se, isto é, os anjos não procriam. 25 Questionário • Assinale com “X ” as alternativas corretas 1. A palavra que trouxe a criação à existência está relacionada de modo vital com o a)l I Evangelho b)[y~l Verbo escrito em João 1.1 c)l I Homem d)l I Livro Sagrado 2. Quanto à doutrina bíblica da criação é errado dizer que a)l I Afirma Deus como Criador, Redentor e Soberano b)l I Deus trouxe o mundo à existência a partir do nada c ) H Afirma que a matéria existe eternamente, visto que é o princípio de Deus d)l I Deus é um Deus que possui propósitos e que cria l ivremente 3. Uma das grandes verdades que estabelecem os fundamentos da obra da criação a)| I A obra da criação é autoria única do Deus Pai b)l I A obra da Criação foi feita por um ato reservado da parte do Criador c)l | A obra da Criação não teve um começo d)f>~1 A obra da criação foi produzida do “n ada” • Marque “C” para Certo e “E” para Errado 4. C Deus existiu eterna e infinitamente antes de criar o universo finito 5.|4: | Os anjos são apenas seres espirituais e materiais 26 O Método da Criação A mente humana tem sido atingida por inúmeras teorias do aparecimento do Universo. Os evolucionistas, por exemplo, estão tentando ganhar terreno impondo suas especulações. No entanto, teorias, especulações e opiniões humanas têm qualquer valor diante das afirmações irrefutáveis1 da Bíblia Sagrada. A Bíblia Sagrada não é fruto de especulação. Ela é a revelação de Deus (2Pe 1.21; Jr 1.12). Deus criou. Em Gênesis 1 e 2 são originalmente usados três vocábulos para descrever os atos criativos de Deus, a saber: x. • a Bara, que significa criar do nada, formar algo sem l dispor de matéria prima (Gn 1.1,21,27, etc.); • Asah, que significa fazer; • Yatzar, que significa formar. Estes dois últimos vocábulos significam construir algo a partir de matérias pré-existentes. {^}Deus criou por sua Palavra. O relato insuspeito de Gênesis 1 nos afirma que os atos criativos foram, via de regra precedida de sua palavra. A expressão textual é: “E disse Deus” (Gn 1.3,6,9,11,14,20,24 e etc). Na Escritura está demonstrado o grande poder de que se reveste a Palavra de Deus, sem esquecermos a relação que existe entre ela e o próprio Jesus, chamado de Verbo (logos), Palavra de Deus (Jo 1.1-3). 1 Que não se po de re fu ta r ; ev id ent e , i r r ecusáve l , i n cont e s t áve l . 27 Q) Deus criou por sua vontade (Ap 4.11). Estas palavras do Apocalipse reafirmam a soberania de Deus. À vontade de Deus, ao contrário da humana, não está •sujeita a qualquer l imitação. Daí a importância da oração dominical: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus” (Mt 6.10). ) Deus criou por sua mão (Is 66.2). A mão sempre foi sírsempre foi símbolo de trabalho, atividade, força, domínio, autoridade, proteção, etc. A expressão “mão de Deus” , tantas vezes encontrada na Bíblia, incorpora essa conotação. Nesse sentido está escrito que foi a mão de Deus (Seu poder, força e autoridade) que fez todas as coisas e sobre tudo exerce autoridade e domínio (Jo 10.29; IPe 5.6). ^1/ Deus sustenta o que criou (Hb 1.3). A Bíblia não apenas registra que Deus criou todos os astros e planetas que povoam os céus; diz ainda que Deus os chama pelos seus nomes, não permitindo que nenhum deles venha a faltar (Is 40.26). O Propósito e o Alvo da Criação Deus tinha razões específicas para criar o mundo. As escrituras revelam algumas razões porque Deus consumou o processo da criação, dentre as quais destacam-se as seguintes: Deus criou oscéus e a terra como manifestação da sua glória, majestade e poder. Davi diz: “Os céus manifestam a glória de Deus e os firmamentos anunciam a obra de suas mãos” (Is 43.7; 60.21; 61.3; Lc 2.14; SI 19.1). Ao olharmos a 28 totalidade dos cosmos1 criados - desde a imensa expansão do universo, à beleza e a ordem da natureza - ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do Senhor Deus, nosso criador. Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a honra que lhe são devidas. Todos os elementos da natureza - o sol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e neve, os rios e os córregos2, as colinas e as montanhas, os animais e as aves - rendem louvores ao Deus que os criou (SI 98.7,8; 148.1-10; Is 55.12). Quanto mais Deus espera receber glória e louvor dos seres humanos! Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu propósito e alvos para a humanidade fossem cumpridos: 1. Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem, para comunhão amorável e pessoal como o ser por toda a eternidade. Deus projetou o ser humano como um ser trino e uno (corpo, alma e espírito), que possui mente, emoção e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão (Gn 2.7- 9; 3.8,9; ICo 1.9). O texto clássico e tradicional da criação (Gn 1.1), não menciona a criação do inferno. Os céus e a terra ali mencionados envolvem apenas as áreas onde se manifesta a comunhão do Criador com a criatura. Desde o princípio de sua criação, o homem dispôs de condições muito especiais para uma relação de comunhão com o Criador (Gn 2.7- 9; 3.8,9; ICo 1.9). 1 Mundo, un iverso . 2 Ribe i ro de peq u en o cauda l ; r i acho. 29 2. Deus desejou de tal maneira esse relacionamento com a raça humana que, quando satanás conseguiu tentar Adão e Eva a ponto de se rebelarem contra Deus e desobedecer ao seu mandamento, Ele prometeu enviar um Salvador para redimir a humanidade das conseqüências do pecado (Gn 3.15). Daí Deus teria um povo para a sua própria possessão, cujo prazer estaria nele, que o glorificaria, e viveria em retidão e santidade diante dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef 1.11,12; IPe 2.9). 3. A culminação do propósito de Deus na criação está no livro do Apocalipse, onde João descreve o fim da história com estas palavras: “ ...com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). 4. Para Sua vontade, como encontramos em Efésios 1.5, 6,9; Apocalipse 4.11). 5. Para ser habitada, de acordo com Isaías 45.18. Tudo nos leva a pensar que Satanás (o querubim ungido), desfrutava da harmonia e beleza original da Terra, isto em período bem anterior à criação do homem, ocasião em que o mundo então existente fora atingido pelo juízo aplicado ao anjo rebelde, vindo a terra a tornar-se caótica1 (Is 14.12-14; Ez 28.12-15). 6. Para a honra pessoal de Jesus Cristo, conforme lemos em Hebreus 2.10; Colossenses 1.16. “O supremo propósito de Deus, na criação, em nada está fora de si mesmo, mas é sua própria glória, na revelação e através das criaturas da infinita perfeição do seu Ser” . 1 Que es tá em caos; c o nf uso , d e so rd e n a d o . 30 A Atividade da Criação Deus criou todas as coisas em “os céus e a terra” (Gn 1.1; Is 40.28; 42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6). O verbo “cr iar” (Hebraico “bara”) é usado exclusivamente em referência a uma atividade que somente Deus pode realizar. Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e a substância, que antes nunca existiram (Gn 1.3). A Bíblia diz que no princípio da criação a terra estava informe, vazia e coberta de trevas (Gn 1.2). Naquele tempo o universo não tinha forma ordenada que tem agora. O mundo estava vazio, sem nenhum vivente e destituído do mínimo vestígio de luz. Passada essa etapa inicial, Deus criou a luz para dissipar as trevas (Gn 1.3-5), deu forma ao universo (Gn 1.6-13) e encheu a terra de seres viventes (Gn I.20-28). O método que Deus usou na criação foi o poder da sua Palavra. Repetidas vezes está declarado: “E disse Deus.. .” (Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26). Noutras palavras, Deus falou e os céus e a terra passaram a existir. Antes das palavras criadora de Deus, eles não existiam (SI 33.6,9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17; Hb II.3). Toda a trindade, e não apenas o pai, desempenhou sua parte na criação. O próprio filho é a Palavra (“verbo”) poderosa, através de quem Deus criou todas as coisas. No prólogo do evangelho segundo João, Cristo é revelado como a eterna Palavra de Deus (Jo 1.1). “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). semelhantemente, o apóstolo Paulo afirma que por Cristo “foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e 31 invisíveis.. . tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1.16). Finalmente, o autor do livro de Hebreus afirma enfaticamente que Deus fez o universo por meio de seu filho (Hb 1.2). Semelhantemente, o Espírito Santo desempenhou um papel ativo na criação. Ele é descrito como “pairando” (“se movia”) sobre a criação, preservando-a e preparando-a para as atividades criadoras e adicionais de Deus. A palavra hebraica traduzida por “Espíri to” (ruah) também pode ser traduzida por “vento” e “fôlego” . Por isso, o salmista testifica do papel do Espírito, ao declarar: “pela a Palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo os exércitos deles, pelo Espírito (ruah) da sua boca” (SI 33.6). Além disso, o Espírito Santo continua a manter e sustentar a criação (Jó 33.4; SI 104.30). A Ordem dos Eventos da Criação Natural No Livro de Gênesis, Moisés passa a descrever as diferentes fases da ação divina que se estendeu por seis dias, dos quais, três para a formação dos espaços habitáveis e outros três para a obra do povoamento. A ilustração dada a seguir mostra a disposição da semana da recriação e respectivos atos criadores de Deus. Primeiro Dia. Criação da luz cósmica (Gn 1.3). Como bom artista, Deus começou por i luminar o seu campo de ação. Não se trabalha no escuro porque, sem luz - condição fundamental de toda a obra (cientificamente provado) - tudo é confuso. No plano natural das coisas, a luz procede da vibração. O versículo 2 revela a 32 relação entre o movimento do Espírito sobre a matéria iner te1 e a conversão operada no pecador por este mesmo Espírito. Segundo Dia. Criação do Firmamento (Gn 1.6-8). Firmamento ou expansão foi como Deus denominou o segundo elemento criado; foi a separação da matéria gasosa da qual surgira a luz. O que Deus chama de “expansão” ou “céus”, não significa simplesmente a atmosfera à volta da terra, mas a “grande câmara” universal onde o Sol, a Lua e as estrelas se localizam. Terceiro Dia. Aparecimento da terra firme e da vegetação (Gn 1.9-13). Neste, o movimento está ligado à gravitação, envolvendo tudo e todas as demais forças que começaram a concentrar a matéria debaixo do firmamento à volta dos inúmeros centros ou planetas, uns dos quais passa a ser o nosso globo. Para que a terra pudesse receber seus habitantes com suas inúmeras finalidades. Quarto Dia Organização do sistema solar (Gn 1.14-19). Neste dia surgem o Sol, a Lua e as estrelas. A função dos dois astros reis - respectivamente. O Sol indica dias e anos; a Lua, semanas e meses; e as estrelas, as estações. Quinto Dia. Surgimento da fauna marinha (Gn 1.20-23). Neste dia surgem os pequenos e grandes peixes, com 1 Que tem inércia ; sem a t iv idade . 33 também todas as variedades de aves. Os animais da água em geral, e do ar, têm muita semelhança. Há aves que vivem também nas águas. Sexto Dia. *• Criação dos animais terrestres (Gn 1.24-31). À semelhançados demais animais, estes também foram criados por Deus. Esses animais nascem da terra e nela vivem. Dividem-se em três grupos distintos: 1. Gado ou animais domésticos; 2. Feras ou animais selvagens; 3. Répteis, que se arrastam pelo solo. Concluída toda a obra da Criação no sexto dia, Deus abençoou o dia sétimo, e o santificou (Gn 2,3). Foi este um dia mui diferente dos demais descritos durante a obra da Criação. Foi um dia santificado. E os outros seis, não teriam também sido santificados? Claro que sim! Apenas o sétimo foi em especial, porque nele, o Senhor descansou, ou repousou de suas obras. Lições Finais da Criação O relato bíblico da criação é uma arma contra as terríveis heresias que atualmente enchem a terra. A criação do Universo por Deus: Nega a eternidade da matéria, visto que afirma um princípio no qual todas as coisas foram efetivamente criadas. A harmonia da criação está a dizer-nos que antes dela houve um poder dinâmico que a gerou, e, portanto, esta coisa - o mundo - teve um princípio. O ser que a gerou, é o eterno Deus. Então Deus foi o princípio, a causa primária de tudo o que existe. Somente Deus é eterno (Gn 21.33; Ex 3.15; Dt 33.27; lCr 16.36; Ne 9.5; Jó 36.26; SI 90.1-4). 34 Nega o Ateísmo, pois afirma categoricamente que Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há. Tudo o que existe dentre de nós, em volta de nós em cima de nós, revela a maravilhosa existência de um Ser Criador. Nega o Panteísmo. O panteísmo ensina que Deus e a natureza são o mesmo e estão inseparavelmente ligados. A Bíblia afirma, porém, que Deus não é parte do Universo, posto que este é obra das Suas mãos (SI 8). Criação e Evolução A evolução é o ponto de vista predominante, proposto pela comunidade científica e educacional do mundo atual, em se tratando da origem da vida e do universo. Quem crê, de fato, na Bíblia deve atentar para estas quatro observações a respeito da evolução. 1.*A evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o desenvolvimento do universo. Tal intento começa com a pressuposição de que não existe nenhum criador pessoal e divino que criou e formou o mundo; pelo contrário, tudo veio a existir mediante uma série de acontecimento que decorreram por acaso, ao longo de bilhões de anos. Os postulantes da evolução alegam possuir dados científicos que apóiam a sua hipótese. 2. O ensino evolucionista não é realmente científico. Segundo o método científico, toda a conclusão deve basear-se em evidências incontestáveis, or iundas1 de experiências que podem ser reproduzidas 1 O r i g in á r io , p rov eni en t e , p ro c e d e n te ; na tura l . em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma experiência foi idealizada, nem poderá sê-lo, para testar e comprovar teorias em torno da origem da matéria a partir de um hipotético “grande estrondo” , ou do desenvolvimento gradual dos seres vivos, a partir das formas mais simples às mais complexas. Por conseguinte, a evolução é uma hipótese sem “evidência” científica, e somente quem crê em teorias humanas é que pode aceitá-la. A fé do povo de Deus, pelo contrário, firma-se no Senhor e na sua revelação inspirada, a qual declara que Ele é quem criou do nada todas as coisas (Hb 11.3). 3. É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem em várias espécies de seres viventes. Por exemplo: algumas variedades dentro de várias espécies estão se extinguindo1; por outro lado, ocasionalmente vemos novas raças surgindo dentre algumas das espécies. Não há, porém, nenhuma evidência, nem se quer registro geológico, a apoiar a teoria de um tipo de ser vivente que já evoluiu doutro tipo. Pelo contrário, as evidências existentes apóiam a declaração da Bíblia, que Deus criou cada criatura vivente “conforme a sua espécie” (Gn 1.21,24,25). 4. Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a teoria da chamada evolução teísta. Essa teoria aceita a maioria das conclusões da evolução naturalista; apenas acrescenta que Deus deu início ao processo evolutivo. Essa teoria nega a revelação bíblica que atribui a Deus um papel ativo em todos os aspectos da criação. Por exemplo, todos os verbos principais em Gênesis 1 têm Deus como seu 1 Fa ze r d e sa p a rece r . 36 sujeito, a não ser em Gênesis 1.12 (que cumpre o mandamento de Deus no v .11) e a frase repetida “E foi à tarde e a manhã” . Deus não é um supervisor indiferente, de um processo evolutivo; pelo contrário, é o Criador ativo de todas as coisas (Cl 1.16). 37 Questionário • Assinale com “X” as alternativas corretas 6. Vocábulo hebraico que significa criar do nada, formar algo sem dispor de matéria prima a ) 0 Bara b)l I Yatzar c)| I Ruah d)l I Asah 7. Dia em que Deus criou os animais terrestres a)l I Primeiro dia b ) D Terceiro dia c)| | Sétimo dia d ) H Sexto dia 8. Ensina que Deus e a natureza são o mesmo e estão inseparavelmente ligados a)[g| Panteísmo b)l I Ateísmo c)| | Eternidade da matéria d)l I Evolucionismo • Marque “C” para Certo e “E” para Errado 9.KJ O método que Deus usou na criação foi o poder da sua Palavra 10.[Ç] A evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o desenvolvimento do universo 38 Lição 2 A Doutrina dos Anjos: Angelologia A criação de Deus vai muito além do que aquilo que conseguimos enxergar. O apóstolo Paulo, em Colossenses 1.16, nos diz que em Cristo, “foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis . . .” . Dentre as coisas invisíveis, estão certamente os Santos Anjos de Deus e também os Demônios, que são anjos caídos e que pertencem, agora, aos exércitos de Satanás. A sociedade tem se tornado cada vez mais racionalista, acreditando somente no que pode ser lógico e cientificamente comprovado. Isso tem trazido conseqüências até mesmo para a Igreja de Cristo, onde muitas pessoas colocam sérias dúvidas em tudo que se apresente como “sobrenatural” , esquecendo-se que inúmeras vezes, Deus agiu sobrenaturalmente, na Bíblia. Por todas as Escrituras, encontramos várias referências, tanto a Anjos como a Demônios. Assim sendo, aos que crêem que a Bíblia é a Palavra de Deus, não há o que questionar sobre a sua existência. Há sim, muito que aprender com o seu estudo. Efésios 6.12, revela uma luta sendo travada entre os servos do Reino de Deus e os agentes do Reino das Trevas, que não são de “carne e sangue” , mas são forças espirituais da malignidade. 39 A Realidade da Criação Espiritual A experiência humana testemunha a existência de seres espirituais aos quais são dados os mais variados nomes: espíritos, deuses e semideuses, gênios, heróis, demônios e tantos outros nomes. Porém, J , > é a Bíblia Sagrada que revela a verdade sobre o mundo espiritual. Independentemente das idéias e fantasias mitológicas das religiões do mundo, a revelação aceitável no mundo religioso se encontra na Bíblia. Os anjos são reais. > O A palavra anjo no hebraico é malakh e no grego é angelos que significam a mesma coisa: mensageiro, enviado. O termo anjo aplica-se a todas as ordens dos espíritos criados por Deus (Hb 1.14). Eles exercem atividades importantes no mundo espiritual, mas não são independentes nessas atividades, pois as fazem dentro dos limites a que foram criados. A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra da criação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); no nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt 4.11); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascensão de Cristo (At 1.10); etc. Sua manifestação é incorpórea1; eles são seres espirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjosse comprova mediante os atributos de personalidade que eles demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo. Muitas das suas manifestações são feitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto, os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, 1 Que não tem corpo; imater ia l , im pa lp áv e l ; inc orpora i . tomam para se incorporarem corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais se manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos. rj • , • ,Existem anjos bons e maus. Na criação original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça bondade e santidade (2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados como seres morais com livre-arbí trio, e daí, a l iberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16; Ez 28.12-19 '). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21). Aos anjos que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição celestial e para sempre estarão na sua presença ( lTm 5.21; Mt 18.10). A habitação dos anjos. Ao estudarmos as várias classes angelicais, entendemos que estas são distintas por várias atividades e se manifestam no vastíssimo espaço das “regiões celest iais” . A Bíblia declara ainda que os anjos de Deus são organizados em mil íc ias* espirituais que povoam os céus e são distribuídos em distintas ordens e graus (Lc 2.13; Mt 26.53). Trata-se, portanto, de uma habitação numa dimensão celestial. 1 Tr op as a ux i l i a r e s . 0 41 O número de anjos. A Bíblia não nos dá informação sobre o número total dos anjos, mas diz claramente que eles formam um exército numeroso e poderoso. A quantidade existente de anjos é única e incontável, porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia utiliza expressões variadas para designar: “milhares de milhares” ; “multidão dos exércitos celestiais” ; “muitos milhares de anjos” ; “mir íades1 de anjos” ; “legiões de anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10; 'Dt 33.2; Hb 12.22; Mt 26.53; Lc 2.13). A Natureza dos Anjos Antes da criação do homem, Deus criou os anjos dando-lhes personalidade, inteligência e responsabilidade moral. Porém, a despeito da similaridade moral e espiritual com o homem, os anjos possuem algumas características peculiares. Ao estudarmos a natureza dos anjos, poderemos entender suas atividades. Nem sempre, nos vários livros da Bíblia, os anjos foram chamados explicitamente de “Anjos” , mas também de “Santos” , “Poderosos”, “Heróis” , “Vigilantes” , “Filhos de Deus” , “Seres Celestiais” , “Estrelas”, etc. Há por volta de 300 passagens bíblicas envolvendo Anjos. Anjos são seres criados por Deus. : No princípio de todas as coisas, antes da criação do mundo físico, Deus criou os anjos (SI 148.2, 1 U m a mir í ade é igua l a 10 .000 anjos . 42 5; Cl 1.16). Quando foi esta criação dos Anjos, a Bíblia não deixou claro. E impossível fixar o tempo em que foram criados os anjos, mas uma citação de Jó 38.4-7, parece indicar que os Anjos, aqui chamados, presenciaram ao' menos parte da Criação da terra. Anjos são seres espirituais e incorpóreos (Ef 6.12). Os anjos são descritos espíritos, porque diferentes dos homens, eles não estão limitados às condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem, e movimentam-se com uma rapidez imperceptível sem usar meios naturais. Os corpos espirituais não possuem limitações físicas, por isso a “lei da gravidade” não exerce qualquer influência ou poder sobre coisas espirituais. Pela falta de gravidade de seus corpos espirituais, os anjos podem locomover-se de um lugar para outro com extrema rapidez. Por serem superiores à matéria, os anjos podem tomar formas humanas para se fazerem perceptíveis aos sentidos físicos do homem, se houver necessidade. Várias aparições de anjos feitas a Abraão, Ló, Jacó, Josué, Pedro e Paulo são exemplos indiscutíveis da Bíblia (Gn 18.1-10; 28.10-22; etc). Ainda em nosso tempo, os anjos aparecem aos servos de Deus na terra. O autor de Hebreus nos diz que os anjos são “espíritos ministradores” (Hb 1.14), e os demônios, que são anjos caídos, também são constantemente chamados de “espír itos” (Mt 8.16; Mt 12.45; Lc 7.21; Lc 8.2). Jesus nos detalha que um espírito não tem carne nem osso (Lc 24.39). Através de suas passagens, sabemos que os anjos não se casam nem se dão em casamento (Mt 22.30; Mc 12.25). Estas passagens inviabilizam uma antiga interpretação de Gênesis 6.2, onde os “filhos de Deus” ali mencionados, seriam anjos que possuíram sexualmente mulheres. Uma interpretação mais viável é a de que “os filhos de 43 Deus” eram descendentes de Sete, que até aquele acontecimento, t inham um bom conceito da parte de Deus. Em que os anjos diferem dos homens. \ $ A Bíblia nos diz que Deus fez o homem “um pouco abaixo dos anjos” (Hb 2.5-7). Entretanto, fala que os anjos são “espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.13-14). É uma situação interessante: O homem é inferior aos anjos, mas através da redenção, os anjos nos servem. Chegaremos 'a té mesmo a ju lgar os anjos; evidentemente, aos que acompanharam a Satanás ( ICo 6.3). Embora a superioridade dos anjos em relação aos homens seja notória de muitas maneiras, a Bíblia nos mostra que eles têm também suas limitações. Não são herdeiros de Deus. Aqueles que têm a Jesus como Senhor de suas vidas, experimentaram a redenção, devido à fé nEle. Por isso, são chamados “herdeiros de Deus” - “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, para que também com Ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Os anjos que permaneceram fiéis, não compartilharam de nosso estado de pecado, nem da nossa necessidade de redenção. Os anjos, que não são co-herdeiros, deverão pôr-se de lado, quando os crentes receberem as suas recompensas eternas. Entretanto, os anjos de Deus jamais perderão sua magnif icência1 original, bem como manterão uma privilegiada posição na criação divina. 1 Q ua l i dade de m agn i f ic en t e ; g r a nd io s id ade , su n t uos i da de , pom pa, e s p l end or . 44 Não podem atestar a salvação. Os anjos não podem atestar a salvação pela graça, através da fé. Justamente por não terem pecado, a salvação redentora não tem sentido para eles mesmos, embora eles se alegrem pela salvação dos homens (Lc 15.10). Os anjos anseiam por compreender mais das coisas do Evangelho ( IPe 1.12). Eles não têm uma compreensão total, por não terem experimentado pessoalmente a salvação. Seria o mesmo que alguém falar sobre casamento não tendo experimentado pessoalmente a vida de casado. Nada indica que o Espírito Santo habite em anjos. Quando alguém se converte pelo Evangelho de Cristo, a Bíblia nos diz que ele é selado com a presença do Espírito Santo (Ef 1.13-14). Assim, uma vez que Deus os tenha declarado justos, Ele se empenha num processo de santificação, para que o testemunho do Evangelho naquela vida, seja cada vez mais eficaz. O Espírito Santo não apenas guia e orienta aos crentes, mas faz uma obra em seus corações, para que se tornem santos como Cristo. Os anjos não necessitam do auxílio do Espírito Santo, para tornarem-se santos, pois têm uma relação de obediência contínua a Ele, e, se não fossem santos, não conseguiriam conviverna presença de Deus. Conhecimento, Poder e Tempo de Vida. Os anjos são seres pessoais, dotados de inteligência e vontade. Em 2Samuel 14.20 é mencionada a “sabedoria de um anjo” e no v. 17 que o “anjo de Deus discerne1 entre o bem e o mal” . O conhecimento que eles têm é obviamente maior do que 1 E s ta b e le c e r d i f e re nça ; sepa rar , d i s t i ngu i r . 45 1 o dos homens, pois convivem com o próprio Deus, armazenando conhecimento de centenas de anos, não só da terra, mas de todo o universo. Por mais vasto que seja o conhecimento, podemos estar certos de que não são oniscientes (o que é uma característica possuída apenas por Deus). Jesus, referindo-se à sua segunda vinda, disse que nem os anjos sabem (Mc 13.32). Pedro diz que o Evangelho e a Salvação são assuntos que os anjos “anelam perscrutar1” ( IPe 1.12). Entretanto, os anjos, provavelmente, sabem coisas a nosso respeito que não imaginaríamos que soubessem. Isso, devido à capacidade de não serem vistos, e de lutarem a nosso favor, contra o reino das trevas, nas regiões celestes. Os anjos desfrutam de um poder muito maior do que o dos homens, entretanto não são onipotentes. Paulo em 2Tessalonicenses 1.7, refere-se aos “poderosos anjos de Deus” . Em Pedro lemos: “Os anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra elas (autoridades), juízo infame, na presença do Senhor” (2Pe 2.11). Nos Salmos, são chamados “valorosos em poder” (SI 103.20). João nos diz em Apocalipse 20.1-3 que um anjo virá do céu com uma grande corrente na mão, amarrará a Satanás e o lançará no abismo. Qual ser humano teria tanta força e poder? Lucas nos diz que os anjos não morrem (Lc 20.36). Isto determina uma existência milenar, mas não eterna. O eterno, não tem princípio, nem fim; os anjos tiveram princípio, pois foram criados. Visíveis ou Invisíveis. A Bíblia assinala que os anjos, mais comumente, são invisíveis aos homens, pelo fato de serem espíritos (Hb 1.13-14). Entretanto, em muitas partes das 1 In v e s t i g a r m in u c io sam en te ; in d ag a r com esc rú pu lo ; perqui r i r . 46 Escrituras, encontramos anjos que se tornaram visíveis. Quando ocorre esta visibilidade, podem ter a aparência humana, por exemplo: anjos em Sodoma, foram confundidos com homens (Gn 19.1-5); os anjos são chamados de “varões vestidos de branco” (At 1.10-11) - as vestes brancas são características de anjos, conforme João 20.12. Mas, quando os anjos estão visíveis, o normal é vermos que os homens ficam assombrados e aturdidos1 com a magnitude de suas feições angelicais, por vezes brilhantes como relâmpago (Mt 28.2-3). Daniel e João descrevem o esplendor dos anjos em passagens como Daniel 10.5-11 e Apocalipse 10.1. Nem sempre os anjos são descritos como portadores de asas, principalmente quando util izam uma aparência humana. Entretanto, tanto Serafins quanto Querubins são descritos com muitas asas (Is 6.2,6; Ez 10.20-21). Os anjos podem até mesmo comer (Gn 18.2,8; Gn 19.1-3). É um exército e não uma raça. As Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem ou do plano de Deus para os anjos, portanto não se caracteriza uma raça. No Velho Testamento por cinco vezes os anjos são chamados de “filhos de Deus” , mas nunca lemos a respeito dos “filhos dos anjos” . Os anjos sempre são descritos como varões, porém na realidade não tem sexo, não propagam sua espécie. Várias passagens das Escrituras indicam que há um número muito grande de anjos, e são repetidamente mencionados como exércitos do céu ou de Deus. No Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que queria defendê-los dos que vieram prendê-lo: “Acaso pensas que não posso rogar ao meu pai, e ele me mandaria 1 Es t o n te ad o , p e r tu rbado , a to rd oa do . Atô ni to , pasm ado. 47 neste momento mais de doze legiões de anjos” ? Portanto, seu criador e mestre é descrito como “Senhor dos Exércitos” . É evidente que eles são criaturas e portanto limitados e finitos. Apesar de terem mais livre <3 relação com o espaço e o tempó do que os homens, não podem estar em dois ou mais lugares simultaneamente. São seres racionais morais e imortais. Aos anjos são atribuídas características pessoais; são inteligentes dotados de vontade e atividade. O fato de que são seres inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato dé que são espíritos. Embora não sejam oniscientes, são superiores aos homens em conhecimento e por ter natureza moral estão sob obrigação moral; são recompensados pela obediência e punidos pela desobediência. A Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais como “santos anjos” , e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores. Os homens podem morrer, mas os anjos são espíritos imortais (Lc 20.34-36). Significa que eles não estão sujeitos à dissolução, ou putrefação1 orgânica, visto que seus corpos são imateriais. A imortalidade deriva da pura espiritualidade. A imortalidade dos anjos está l igada ao sentido de que os anjos bons não estão sujeitos a morte, além de serem dotados de poder formando o exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor mandar, enquanto que os anjos maus formam os exércitos de Satanás empenhados em destruir a obra do Senhor. Ilustrações do poder de um anjo são encontradas na libertação dos apóstolos da prisão (At 12.7) e no rolar da pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo. 1 Es ta d o de pu t re fa to ; apo dre c im e n to . Os anjos são seres poderosos. O salmista os descreveu como “valorosos em poder” que executam as ordens de Deus e Lhe obedecem (SI 103.20). Quando os pais de Sansão levantaram um altar ao Senhor, um anjo desceu sobre as chamas do altar sem sofrer qualquer dano (Jz 13.19,20). Um só anjo matou 185 mil soldados do exército assírio (Is 37.36). Um só anjo destruiu com fogo as cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 19.1-29). Um só anjo removeu a pedra do sepulcro onde Jesus foi sepultado, quando se exigia vários homens para remover aquela enorme pedra (Mt 28.2) Embora os anjos tenham poderes, eles são limitados (2Sm 24.16; Ap 18.1,21; Gn 19.13). Os anjos são seres pessoais. Na experiência com os homens, os anjos falam, orientam, ouvem e determinam. A Bíblia dá a entender que os anjos possuem uma inteligência superior à dos homens, mas não igual ou superior à de Deus (2Sm 14.20; IPe 1.12). Dotados de sentimentos, anjos podem experimentar emoções quando rendem cultos a Deus (SI 148.2). Eles conhecem suas limitações e se contentam com tudo o que fazem (Mt 24.36). 49 Questionário • Assinale com “X ” as alternativas corretas 1. A palavra anjo no hebraico é malakh e no grego é angelos que têm o mesmo significado a)[ I Príncipe da paz, conselheiro b)| I Servo, pacificador c ) 0 Mensageiro, enviado d)| I Guerreiro, soberano 2. Revela a verdade sobre o mundo espiritual a ) 0 A Bíblia Sagrada b)l I A experiência humana c)l I A mitologia d)l I As religiões 3. Quanto aos Anjos é errado dizer que a ) D São seres espirituais e incorpóreos b ) Q Foram criados por Deus após a criação do homem c)| | Aparecem e desaparecem; movimentam-se com rapidez imperceptível sem usar meios naturais d)l I Por serem superiores à matéria, os anjos podem tomar formas humanas • Marque “C” para Certo e “E” para Errado 4.KrI A Bíblia nos diz que Deus fez os anjos “um pouco abaixo dos homens” 5-ífel Os Anjos têm relações com o espaço e o tempo, e podem estar em dois ou mais lugares simultaneamente 50 Característ icas Distintas dos Anjos O Senhor deu aos anjos conhecimento, poder e mobilidade mais elevada do que aos homens. Por esses elementos descobrimos algumas características especiais capazes de fazer-nos compreender alguns aspectos da revelaçãobíblica e das relações pessoais com os homens. Santidade. São identificados como santos. Isto implica em que eles foram colocados em estados eternos de santidade (Ap 14.10). Outros textos das Escrituras os identificam como “santos” (Mt 25.31; Mc 8.38; At 10.22) para os distinguir dos anjos caídos (Jo 8.44 e lJo 3.8-10). Reverência. Uma das características principais das atividades angelicais é o louvor e a adoração (SI 29.1,2; 89.7; 103.20; 148.2). Jesus declarou que os anjos de Deus sempre estão na presença do Pai e vêem a sua face (Mt 18.10). De modo geral, todos os anjos de Deus o louvam e o adoram, mas há uma classe específica das hostes angelicais cuja função principal é louvar e adorar a Deus; são os serafins. Reverência é respeito e veneração marcados pelo temor. Esse temor não é medo, mas significa reconhecimento do poder superior de Deus. Serviço. São “espíritos ministradores” (Hb 1.14), indicando que eles exercem serviços especiais aos interesses do Reino de Deus. Exemplos: 1. Os anjos executam a vontade de Deus. O autor de Hebreus indica essa função angelical de serviço quando diz: “Ainda quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos e a seus ministros labaredas de fogo” (Hb 1.7). Os escritores sagrados os destacam como “ministros” para identificar o serviço que prestam a Deus em favor dos santos em Cristo. 2. Os anjos cuidam e protegem os fiéis (SI 34.7; lRs 19.5-7). 3. Os anjos punem os inimigos de Deus (2Rs 19.35; Mt 13.49,50). A Classificação dos Anjos A Bíblia dá a entender que os anjos de Deus se acham organizados de forma hierárquica, isto é, numa forma de graduação, de autoridade. A organização angelical abrange as várias categorias ou classes de anjos. Uma hierarquia especial de anjos. 1. Anjos. São exércitos como seres a lados1 para nos favorecer. Desde a entrada do pecado no mundo, eles são enviados para dar assistência aos herdeiros da salvação. Eles se regozijam com a conversão de um pecador, exercem vigilância protetora sobre os crentes (SI 91.11), protegem os pequeninos, estão presentes na igreja, recebem aprendizagem das multiformes riquezas da graça de Deus e encaminham os crentes ao seio de Abraão. A idéia de que alguns deles servem de anjos da guarda de crentes individuais não tem apoio nas 1 Fig. Leve , aéreo, de l icado . G rac ios o , e legan te , a i roso . 52 Escrituras. Embora os anjos não constituam um organismo, evidentemente são organizados de algum modo. Isto ocorre do fato de que ao lado do nome geral “anjo” , a Bíblia emprega certos nomes específicos para indicar classe de anjos. O termo grego “angelos” (mensageiros) também e freqüentemente aplicado a homens. Não há nas Escrituras um nome geral, especificamente distintivo, para todos os seres espirituais. Eles são chamados filhos de Deus, espíritos, santos, vigilantes. Contudo, há nomes específicos que indicam diferentes classes de anjos. Ao que parece, a palavra “anjo” determina um termo geral, relativo aos seres celestiais. Entretanto, além deste termo geral, percebemos uma categoria chamada “anjos” , que em sua forma difere de outras categorias, como a dos Serafins e a dos Querubins (feição de rosto, asas, etc). O único anjo mencionado pelo nome é Gabriel (“homem de Deus” ou “Deus mostrou-se forte”). É um “Anjo Mensageiro” , destacado por Deus para “Assuntos Especiais” , em Daniel 8.15-17 revela o futuro ao interpretar uma visão (544 a.C.), em Daniel 9.21-22 dá entendimento e instrução a Daniel (523 a.C.), em Lucas 1.13 e 19 anuncia o nascimento de João Batista e em Lucas 1.26-27 anuncia o nascimento de Jesus. 2. Querubins. Essa classe de anjos criados por Deus se destaca pela l igação que eles têm com o trono de Deus. A palavra querubim, no original hebraico “querub”, tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 3.24 no Jardim do Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse acesso ao caminho da árvore da vida. O que 53 aprendemos acerca dos querubins, que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente ligados ao trono de Deus ( ISm 4.4; 2Rs 19.15; SI 80.1; 99.1; Is 37.16). As ligações dos querubins com o trono de Deus nos ensina que eles guardam o acesso à presença de Deus. Só nos é possível entrar no Santo dos Santos ou “Lugar Santíss imo” com o sangue da aliança em nossas vidas (Hb 10.19-22). Como demonstração dos seus poderes de majestade, em Ezequiel 1 e Apocalipse 4 são representados simbolicamente como seres vivos em várias formas. Mais do qué outras criaturas, eles foram destinados a revelar o poder, a majestade e a glória de Deus, e a defender a santidade de Deus no jardim do Éden, no tabernáculo, no templo e na descida de Deus a terra. São protetores do trono de Deus (SI 80.1; SI 99.1; Is 37.16). São tão velozes como o vento (2Sm 22.11; Gn 3.24). Duas réplicas de querubins esculpidas em madeira foram colocadas na cobertura da Arca (Nm 7.89). Também adornavam o Tabernáculo (Êx 26.1). E tinham grande destaque no Templo de Salomão, com asas que se estendiam pela largura do santuário ( IRe 6.23-28). Estes “ornamentos” em forma de querubins, foram orientados por Deus e certamente indicam a importância destes anjos na proteção do Trono de Deus. A descrição de Ezequiel era de seres com vários rostos, cheias de olhos e várias asas e o trono de Deus está acima deles (Ez 1.5-14; 10.19-22). 3. Serafins. A palavra no hebraico, tem uma raiz (,saraph) que quer dizer consumir com fogo, e significa ardente, refulgente1 ou brilhante, nobres ou 1 Que r e fu lg e ou r e sp la nde ce ; r e s p l and ecen te , re fu lg ido . 54 afogueados1. Portanto, os Serafins são agentes de purificação pelo fogo. São zelosos pela santidade (Is 6.1-7). Localizam-se acima do Trono de Deus (Is 6.1- 2). Parecem ter um ministério de adoração constante ao Senhor (Is 6.3), que abalava o lugar e o enchia de fumaça (Is 6.4). Diante da atitude de humilhação de Isaías (considerando-se impuro, Is 6.5), um dos Serafins o purifica com uma brasa do altar, retirando dele a iniqüidade e informando que o seu pecado estava perdoado (Is6.6-7). Esta classe de anjos aparece uma só vez na Bíblia em Isaías 6.1-7. Nesta escritura, os serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus. Na visão de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada Serafim tinham funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas, eles voavam. Essa visão de seres alados não significa que todos os anjos, obrigatoriamente, têm de ter asas. As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus. E uma forma materializada que os seres espirituais usam para serem compreendidos, porque, de fato, os anjos são incorpóreos. 4. Arcanjos. A palavra “arcanjo” representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. O prefixo “a r c ” , do grego “arch”, sugere tratar-se de um chefe, 1 S u b m e t id o a mui to fogo ou a mu i to calor . M ui to quen te ; ab ra sa do , a rdente . 55 um príncipe, um primeiro-ministro. Na Bíblia, o único mencionado é Miguel (Jd 9). Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece nos livros canônicos da Bíbliaque usamos é o do arcanjo Miguel (Jd 9). Não é impossível que existem ouTros arcanjos, e que Gabriel seja um deles. Do que é declarado a respeito de Miguel, deduzimos que os arcanjos são principais príncipes do exército de Deus (Dn 10.13). Miguel (quem é como Deus)? É um “Anjo Guerreiro”, um campeão .dos exércitos de Deus (Dn 10.13,20-21), lutando contra os demônios da Pérsia e Grécia (Ap 12.7-8), lutando contra o dragão (Satanás) Judas 9, lutou com o diabo, pelo corpo de Moisés. O arcanjo Miguel se destaca biblicamente como uma espécie de administrador e protetor dos interesses divinos em relação a Israel (Jd 9; Dn 12.1). Ele é denominado “príncipe dos filhos de Israel” porque é o guardião dessa nação. Na visão apocalíptica e escatológica (futura) que João teve na Ilha de Patmos, o arcanjo Miguel surgirá como o grande comandante dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas, representadas pelo dragão, símbolo de Satanás (Ap 12.7-12). Na vinda pessoal de Jesus Cristo, na primeira fase de convocação dos remidos do Senhor, a Escritura não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do arcanjo será ouvida pelos mortos santos, os quais ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para ir ao encontro do Senhor nos ares ( lTs 4.16). A Queda dos Anjos Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado, e como o homem dotado de livre escolha. Sob 56 a direção de Satanás, muitos pecaram e foram lançados fora do céu (Jd 6). O pecado, no qual eles e seu chefe caíram foi o orgulho. Segundo as Escrituras, os anjos maus passam o tempo no inferno e no mundo, especialmente nos ares que nos rodeiam. Enganando os homens por meio do pecado, exercem grande poder sobre eles, este poder está aniquilado1 para aqueles que são fiéis a Cristo, pela redenção que ele consumou. Os anjos não são contemplados no plano da redenção, mas no inferno foi preparado o eterno castigo dos anjos maus. Os anjos maus são empregados na execução dos propósitos de Satanás, que são opostos aos propósitos de Deus, e estão envolvidos nos obstáculos e danos contra a vida espiritual e o bem estar do povo de Deus. A época de sua queda. Nas Escrituras não há referência de quando ocorreu a queda dos anjos, mas deixa claro que se deu antes da queda do homem, já que Satanás entrou no jardim na forma de serpente e induziu Eva a pecar (Gn 3). A causa de sua queda. A queda dos anjos se deu devido a sua revolta del iberada2 e autodeterminada contra Deus. Grande prosperidade e beleza parecem ser apontadas como possíveis causas. Ambição desmedida e o desejo de ser mais que Deus parecem ser outra causa (Is 14.13-14). 0 resultado de sua queda. • Todos eles perderam a sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta; 1 A r ru i nado , de s t r u íd o . Aba t id o , p ros t rado . 2 Reso lv e r - se c o n s id e r a d a m en te ; dec id i r - s e , de te rm in a r - se . 57 • Alguns deles foram lançados no inferno e estão acorrentados até o dia do julgamento; • Alguns deles permanecem em liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons (Jd 9); • Eles serão, no futuro, atirados para a terra, e após seu julgamento, no lago de fogo e enxofre (Jd 6). Os Demônios As Escrituras não descrevem a origem dos demônios. Essa questão parece ser parte do mistério que rodeia a origem do mal. Porém, as Escrituras dão claro testemunho da sua existência real e de sua posição. Nos Evangelhos aparecem os espíritos maus desprovidos de corpos, que entram nas pessoas, das quais se diz que têm demônios. Os efeitos desta possessão conforme os exemplos dos textos bíblicos se evidenciam por loucura (Mc 5.1-20), epilepsia (Mt 17.14-23) e outras enfermidades, associadas principalmente com o sistema mental e nervoso. O indivíduo sob a influência de um demônio não é senhor de si mesmo; o espírito fala através de seus lábios ou emudece a sua vontade; leva-o aonde quer e geralmente o usa como instrumento, revestindo-o às vezes de uma força sobrenatural. Quando examinam as Escrituras, algumas pessoas ficam em dúvida se os demônios devem ser classificados juntamente com os anjos ou não; mas não há dúvida de que na Bíblia, há ensino positivo concernente a cada um dos dois grupos. Ainda que alguns falem em “diabos” , como se houvesse muitos de sua espécie, tal expressão é incorreta. Há muitos “demônios”, mas existe um único “diabo” . Diabo é a transliteração do vocábulo grego 58 “diabolos”, nome que significa “acusador” e é aplicado nas Escrituras exclusivamente a Satanás. “Demônio” é a transliteração de “daimon” ou “daimonion” . A natureza dos demônios. • São seres inteligentes, possuem características de ações pessoais o que demonstra que possuem personalidade; • São seres espirituais; • São reputados idênticos aos espíritos imundos no Novo Testamento; • São seres numerosos de tal modo que tornam Satanás praticamente ubíquo1 por meio desses seus representantes; • São seres vis e perversos - baixos em conduta; • São servis e obsequiosos2. São seres de baixa ordem moral, degenerados em sua condição, ignóbeis3 em suas ações, e sujeitos a Satanás. As atividades dos demônios. • Apossam-se dos corpos dos seres humanos e dos irracionais; • Afligem aos homens mentais e fisicamente; • Produzem impureza moral. Satanás Satanás aparece nas Escrituras como reconhecido chefe dos anjos decaídos. Ele era originalmente um dos poderosos príncipes do mundo angélico, e veio a ser o líder dos que se revoltaram Que está ao m esm o t em po em toda a par te. ' Que p re s ta obs éq u io s ; se rv iça l . Que não tem n ob reza ; ba ixo , de sp re z ív e l , vil , abjeto. contra Deus e caíram. De acordo com as Escrituras, Satanás era originalmente Lucifer (“o que leva a luz”), o mais glorioso dos anjos. Mas ele orgulhosamente aspirou a ser “como o Altíss imo” e caiu “na condenação” . O nome “Satanás” revela-o como “o adversário”, não do homem em primeiro lugar, mas de Deus. Ele investe contra Adão como a coroa da criação de Deus, forja1 a destruição, razão pela qual é chamado Apolion (destruidor), e ataca Jesus, quando Este empreende a obra de restauração. Depois da entrada do pecado no mundo ele se tornou “diabolos” (acusador), acusando continuamente o povo de Deus. Ele é apresentado nas Escrituras como o originador do pecado e aparece como reconhecido chefe dos que caíram. Ele continua sendo o líder das hostes angelicais que arrastou consigo em sua queda, e as emprega numa desesperada resistência a Cristo ao seu reino. E também chamado “príncipe deste mundo” e até mesmo “deus deste século” . Não significa que ele detém o controle do mundo, pois Deus é quem o detém, e Ele deu toda autoridade a Cristo, mas o sentido é que Satanás tem sob controle este mundo mau, o mundo naquilo em que está separado de Deus. Ele é mais que humano, mas não é divino; tem poder, mas não é onipotente; exerce influência em grande escala, mas restrita e está destinado a ser lançado no abismo. Seu caráter. Presunçoso; orgulhoso; poderoso; maligno; astuto; enganador; feroz e cruel. 1 In venta r , maqui na r , p lanear , ima gi na r , fo r j icar . Suas atividades. 1. A natureza das atividades. Perturbar a obra de Deus; opor-se ao evangelho; dominar, cegar, enganar e laçar os ímpios; afligir e tentar os santos de Deus. 2. O motivo de suas atividades. Ele odeia até a natureza humana com a qual se revestiu o Filho de Deus. Intenta destruir a igreja porque ele sabe que uma vez perdendo o sal da terra o seu sabor, o homem torna-se vítima nas suas mãos inescrupulosas. Sua atuação. Não limita suas operações aos ímpios e depravados. Muitas vezes age nos círculos mais elevados como “um anjo
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