Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Legislação urbanística e transporte APRESENTAÇÃO A mobilidade urbana contemporânea se apoia na ideia de que a mobilidade é a principal promotora de igualdade de possibilidades de deslocamentos das pessoas, permitindo o acesso a atividades variadas, sendo ainda responsável pela redução no nível de energia associada aos meios de transporte e, também, pela diminuição da poluição ambiental. Por meio desse conceito, estudiosos da área criaram legislações e um conjunto de indicadores tratando do uso do solo e do transporte, visando a contribuir na avaliação da mobilidade urbana sustentável. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a legislação de transportes, além de conhecer princípios que regem sobre as normas e as aplicações delas nas cidades, permitindo, ainda, que você consiga estabelecer critérios fundamentais para uma mobilidade urbana de qualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Enumerar os principais exemplos de legislação referentes ao transporte urbano.• Descrever os mecanismos existentes na elaboração e na aplicação da legislação.• Apontar diferenças e similaridades entre a legislação brasileira e a de outros países.• DESAFIO A Índia enfrenta sérios problemas de mobilidade urbana. O país é referência de um modelo a não ser seguido quando o assunto é infraestrutura de transporte. Existe uma deficiente infraestrutura urbana voltada para o trânsito (a falta de calçamento faz com que não se estabeleça um limite físico por onde os carros e as motos podem passar), assim como um grande volume de veículos que transitam pelas ruas, resultando em um sistema de trânsito aparentemente caótico e desordenado. Imagine que você faz parte de um grupo de pesquisadores especializados em criação de planos diretores de transportes urbanos e foi contratado pelo governo indiano para indicar possíveis ações que gerem uma melhoria na mobilidade urbana país. Sua parte no grupo de pesquisadores é redigir um breve relatório citando três objetivos, três diretrizes e três metas que estarão presentes no Plano Diretor de Transporte Indiano (PDTI). INFOGRÁFICO A Lei n.º 12.587/2012 utiliza três mecanismos fundamentais: os princípios, as diretrizes e os objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Esses mecanismos têm como meta facilitar a aplicabilidade nos casos concretos referentes ao assunto. No Infográfico a seguir, você vai ver quais são esses mecanismos e o que cada um deles estabelece em relação ao assunto da mobilidade urbana no Brasil. CONTEÚDO DO LIVRO Um momento de grande conquista para a mobilidade urbana do Brasil foi a criação da Lei da Mobilidade. Essa norma tem como objetivo criar uma política nacional de mobilidade urbana. Além disso, dispõe de diretrizes que dão suporte à priorização de modais de transporte ativo. No capítulo Legislação urbanística e transporte, da obra Planejamento de transportes urbanos, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, você vai ver conceitos da Lei da Mobilidade Urbana, assim como outras leis e outros decretos que abordam o assunto do transporte e do trânsito. Boa leitura. PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES URBANOS Carlla Portal Volpatto Legislação urbanística e transporte Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Enumerar os principais exemplos de legislação referentes a transporte urbano. Descrever os mecanismos existentes na elaboração e na aplicação da legislação. Apontar diferenças e similaridades entre a legislação brasileira e a de outros países. Introdução Os meios de transporte são de grande importância para o desenvolvi- mento urbano das cidades. A mobilidade urbana, quando planejada de forma organizada, com diretrizes sustentáveis e leis objetivas e claras, permite o crescimento urbano e uma melhor qualidade de vida para a população. Assim, o transporte urbano e o trânsito são temas que envolvem discussões nos governos de diferentes países. Essas discussões buscam meios de tornar o trânsito mais seguro, eficaz e melhor para a sociedade. Nesse contexto, no intuito de melhorar as atitudes dos usuários e obter uma melhoria nas condições de trânsito, foram criadas leis para regular o sistema de transporte brasileiro. Neste capítulo, você vai aprender a respeito das legislações dos trans- portes urbanos. Você vai compreender como ocorre o planejamento, a elaboração e a aplicação dessa legislação e, ainda, vai entender como isso ocorre em outros países, desenvolvendo uma visão mais crítica do que ocorre em nosso país nessas questões. Legislação brasileira No Brasil, existem três legislações fundamentais para o desenvolvimento urbano: o Estatuto da Cidade (Lei nº. 10.257, de 10 de julho de 2001), o plano diretor e a lei de uso e ocupação do solo, descritas abaixo. 1. O Estatuto da Cidade age em âmbito federal e cria normas de interesse público e social, tratando sobre o uso da propriedade, a segurança e a qualidade de vida da população e dispondo, ainda, sobre o equilíbrio ambiental. 2. O plano diretor tem aplicabilidade nos estados e municípios. Trata-se de uma ferramenta para aplicação da política urbana e do planejamento estratégico, que prevê como as cidades podem crescer e avalia os im- pactos de vizinhança e ambientais diante do crescimento urbano atual. 3. A lei de uso e ocupação do solo atende ao âmbito municipal. Ela estabe- lece critérios para a ocupação do solo da cidade, definindo o que pode ser construído e em quais locais, bem como as dimensões e alturas. Trata-se de uma forma de controlar o crescimento dos municípios. Essa lei precisa seguir os princípios estabelecidos no Estatuto da Cidade e, ainda, estar de acordo com o plano diretor. Ainda no contexto urbano, a Lei Federal nº. 12.587 (BRASIL, 2012), de 03 de janeiro de 2012, conhecida como Lei da Mobilidade Urbana, exige que municípios com mais de 20 mil habitantes elaborem seus planos de mo- bilidade. Essa ação tem como objetivo planejar o crescimento das cidades de forma ordenada. A Lei trata do planejamento e da execução da política de mobilidade urbana nos municípios e discute a respeito do planejamento urbano, uma diretriz do Estatuto da Cidade e um instrumento fundamental para o crescimento sustentável das cidades brasileiras. Nosso país conta com muitas regras para regulamentar o trânsito nas cida- des. O principal modo de regulamentação é o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), instituído na Lei nº. 9.503 (BRASIL, 1997), de 23 de setembro de 1997. Essa Lei tem como finalidade administrar a circulação de veículos de qualquer natureza nas vias terrestres do país, conforme estabelece seu art. 1º: “Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código” (BRASIL, 1997, documento on-line). O CTB (BRASIL, 1997) é composto por uma grande quantidade de regras aplicáveis aos condutores de veículos automotores e a ciclistas e pedestres. Legislação urbanística e transporte2 Além do CTB, existem leis complementares para tratar do transporte urbano, algumas delas descritas a seguir. Lei nº. 9.602, de 21 de janeiro de 1998 — dispõe sobre legislação de trânsito e outras providências (BRASIL, 1997). Lei nº. 11.705, de 19 de junho de 2008 — conhecida como Lei Seca, trata sobre as restrições ao uso e à propaganda de bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas. Tem como meta inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor e dá outras providências (BRASIL, 1997). Lei nº. 12.009, de 29 de julho de 2009 — regulamenta o exercício das atividades dos profissionais em transporte de passageiros, em entrega de mercadorias, em serviço comunitário de rua e motoboys, com o uso de motocicleta. Trata sobre regras de segurança dos serviços de transporte remunerado de mercadorias em motocicletas (moto frete),estabelece regras gerais para a regulação desse serviço e dá outras providências (BRASIL, 1997). Lei nº. 12.302, de 02 de agosto de 2010 — regulamenta o exercício da profissão de instrutor de trânsito (BRASIL, 1997). Lei nº. 13.103, de 02 de março de 2015 — conhecida como Lei do Caminhoneiro, ela se destina a motoristas de transporte rodoviário de passageiros e de transporte rodoviário de cargas (BRASIL, 1997). Além das leis, para um melhor controle da aplicação das regras do trânsito brasileiro, contamos com os decretos, atos administrativos do poder executivo que regulamentam as leis, conforme descritos abaixo. Decreto nº. 5.296, de 02 de dezembro de 2004 — trata de critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Decreto nº. 2.613, de 03 de junho de 1998 — trata do Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset) e dá outras providências (BRASIL, 1997). Decreto nº. 2.867, de 08 de dezembro de 1998 — dispõe sobre a reparti- ção de recursos provenientes do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (BRASIL, 1997). Decreto nº. 4.710, de 29 de maio de 2003 — dispõe sobre a implantação e o funcionamento da Câmara Interministerial de Trânsito (BRASIL, 1997). 3Legislação urbanística e transporte Decreto nº. 4.711, de 29 de maio de 2003 — dispõe sobre a coordenação do Sistema Nacional de Trânsito (SNT) (BRASIL, 1997). Decreto nº. 6.488, de 19 de junho de 2008 — trata da margem de tole- rância de álcool no sangue e a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia para efeitos de crime de trânsito (BRASIL, 1997). Decreto nº. 6.489, de 19 de junho de 2008 — restringe a comercialização de bebidas alcoólicas em rodovias federais (BRASIL, 1997). O Brasil conta ainda com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), criada pela Lei nº. 10.233, de 5 de junho de 2001. Segundo o site da ANTT ([2019], documento on-line), ela consiste em uma autarquia de regime especial, que: Tem por finalidade regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços e de exploração da infraestrutura de transportes, exercidas por terceiros, visando garantir a movimentação de pessoas e bens, harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas concessionárias, permissionárias, autorizadas e arrendatárias, e de entidades delegadas, preservado o interesse público, arbitrar conflitos de interesses e impedir situações que configurem competição imperfeita ou infração contra a ordem econômica. Existe ainda a Lei nº. 13.640, de 26 de março de 2018, que ficou conhecida como “Lei do Uber”. Essa lei regulamenta o transporte remunerado privado individual de passageiros. Elaboração e aplicação da lei A Lei da Mobilidade Urbana apresenta três mecanismos fundamentais: os princípios, as diretrizes e os objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Esses mecanismos têm como meta facilitar a aplicabilidade nos casos concretos referentes ao assunto. Os princípios tratam de conceitos que visam a orientar a compreensão do texto da Lei e podem, ainda, servir como base para a elaboração de novas normas a respeito do assunto — ou seja, leis, decretos ou outros atos administrativos. Legislação urbanística e transporte4 A seguir, são listados os princípios da Lei da Mobilidade Urbana (BRASIL, 2012): acessibilidade universal; desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconô- micas e ambientais; equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano; gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da política nacional de mobilidade urbana; segurança nos deslocamentos das pessoas; justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços; equidade no uso do espaço público de circulação, das vias e dos lo- gradouros; e eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. Segunda a Lei da Mobilidade Urbana, as diretrizes “[...] são orientações sobre os caminhos a seguir para que sejam atingidos os objetivos desta Lei. As diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana destacam a necessidade de integração com as demais políticas urbanas e a priorização dos modos não motorizados e do transporte público coletivo” (BRASIL, 2012, documento on-line). Veja abaixo a lista de diretrizes: integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos; prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motori- zados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado; integração entre os modos e serviços de transporte urbano; mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos desloca- mentos de pessoas e cargas na cidade; incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes; priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado; 5Legislação urbanística e transporte integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros países sobre a linha divisória internacional. O último mecanismo apresentado pela Lei nº. 12.587/2012 são os objetivos. Eles trazem uma visão de futuro para o país. A Lei estabelece que “A partir do comprometimento dos governos e sociedade para a implementação desta política será possível reduzir as desigualdades sociais e melhorar as condições urbanas de mobilidade e acessibilidade” (BRASIL, 2012, documento on-line). Assim, os objetivos da Lei da Mobilidade Urbana são (BRASIL, 2012): reduzir as desigualdades e promover a inclusão social; promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais; proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade; promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades; e consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da cons- trução contínua do aprimoramento da mobilidade urbana. Ao longo da Lei da Mobilidade Urbana, podemos ver que a norma tem como prioridade os modos não motorizados e o transporte coletivo. Ainda, ela aponta que os projetos e investimentos nos municípios devem se adequar aos princípios, às diretrizes e aos objetivos trazidos na lei expressa — caso contrário, podem ser contestados judicialmente. Já o SNT consiste em um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Esse conjunto de órgãos dispõe sobre o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos. Além disso, trata de aspectos como: formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenha- ria e operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades (BRASIL, 1997). O SNT tem três objetivos básicos. O primeiro deles trata de estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, abordando a segurança, a fluidez, o conforto, a defesa ambiental e a educação para o trânsito. Já a segunda meta fixa a padronização de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito. Por fim, o terceiro objetivo estabelece a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos Legislação urbanística e transporte6 órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do sistema (BRASIL, 1997). O SNT é composto pelos seguintes órgãos e entidades: Conselho Nacional de Trânsito (Contran), coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; Conselhos Estaduais de Trânsito (Cetran) e Conselho de Trânsito do Distrito Federal (Contrandife), órgãos normativos, consultivos e coordenadores; órgãos e entidades executivos de trânsito da União (Departamento Nacional de Trânsito — Denatran), dos estados (Departamento Estadual de Trânsito — Detran), do Distrito Federal e dos municípios; órgãos e entidades executivos rodoviários da União (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes — DNIT), dos estados (De- partamento de Estradas e Rodagem — DER), do Distrito Federal e dos municípios; Polícia Rodoviária Federal (PRF); polícias militares (PMs) dos estados e do Distrito Federal; Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (Jari). No Quadro 1 a seguir, esses órgãos estão divididos de acordo com suas esferas e competências. Fonte: Adaptado de Brasil (1997). Federal Estadual Municipal Normativos Contran Cetran Contrandife Conselho municipal Executivos Denatran Detran Departamento municipal Executivos rodoviários DNIT/ANTT DER Prefeitura municipal Fiscalizadores PRF PM Agente municipal de trânsito Recursais Jari Jari Jari Quadro 1. Órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito 7Legislação urbanística e transporte Cabe destacar as atividades dos principais órgãos do SNT: o Contran estabelece as normas, cria resoluções, coordena o SNT e estabelece as Câmaras Temáticas; o Denatran é responsável pelo registro da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e pelo registro de veículos; o Detran trata da formação dos condutores e da expedição da CNH e da Licença de Aprendizagem de Direção Veicular; a Jari julga os recursos de infrações. A legislação em outros países A seguir, são descritas as legislações de trânsito de três outros países, com o objetivo de analisar as diferenças e semelhanças com as legislações de transporte urbano brasileiras. Alemanha O Road Traffi c Act é uma espécie de código de trânsito alemão, que contém inúmeras regras para o tráfego rodoviário, atendendo aos usuários do trânsito, como condutores, pedestres e ciclistas, conforme leciona Neubauer (2019). As regras de trânsito, na Alemanha, são severas e complexas, mas muito justas. O processo de formação de motoristas é mais rigoroso do que no Brasil. Na Alemanha, o motorista não pode ultrapassar oito pontos na habilitação (que é chamada de Führeschein). Ao ultrapassar esse limite, é necessário passar por um curso de reciclagem, assim como ocorre no Brasil. Porém, na Alemanha, quebrar as regras não é bem visto e não se trata de um fato comum. Assim como em outros países europeus, a Alemanha tem um limite de velocidade de 50 km/h em áreas construídas e 100 km/h fora de áreas cons- truídas. Não existe um limite de velocidade nas autoestradas (chamadas de autobahn, conforme mostra a Figura 1); nelas, os motoristas contam apenas com uma velocidade recomendada de 130 km/h. Os motoristas dirigem de acordo com as condições meteorológicas; em situações de gelo e neve, por exemplo, diminuem a velocidade. Legislação urbanística e transporte8 Figura 1. Autobahn na Alemanha. Fonte: Eight... (2016, documento on-line). Desde que você não fique mais de um ano na Alemanha, é possível obter uma permissão especial para dirigir no país. Para obter uma carteira perma- nente, o processo depende do país de origem que emitiu sua carteira original. Assim, é necessário consultar os regulamentos de acordo com o seu país. Portugal Em Portugal, utilizam-se rodovias de quatro pistas, conhecidas como auto- estradas. Existem, ainda, as rodovias de duas pistas, que conectam o interior do país. As estradas são bem sinalizadas e as vias apresentam bom estado de conservação. As leis de trânsito portuguesas são bem semelhantes às do Brasil. Veja a seguir os limites de velocidade no país: zonas urbanas: 50 km/h; estradas nacionais: 70 km/h; vias reservadas: 100 km/h; autoestradas: 120 km/h. Diferentemente do Brasil, em Portugal, o seguro do automóvel é obrigatório. O proprietário do veículo deve contratar uma empresa privada; depois de fazer 9Legislação urbanística e transporte o pagamento, a companhia de seguros envia um adesivo, que deve ser fixado no vidro dianteiro do carro. Em situações de acidente, é obrigatório que o motorista coloque um colete reflexivo. Todo veículo deve ter esse colete em um lugar acessível. Além disso, existe a Declaração Amigável de Acidente Automóvel: ela representa a participação no acidente e é composta por dois exemplares. Cada condutor deve ficar com um exemplar e entregá-lo para suas seguradoras. Índia A Índia é conhecida pelo caos que enfrenta na mobilidade urbana (Figura 2). Existe uma grande defi ciência na infraestrutura das vias e falta planejamento de trânsito. As estradas indianas, em geral, são bem estreitas, com diversos buracos e pouca sinalização. Devido à pavimentação precária, a demarcação das vias e calçadas praticamente não existe. Animais e pedestres disputam um lugar na rua com os ônibus, os carros e as bicicletas. Os limites de velocidade na Índia variam de acordo com o veículo e a região do país. As motocicletas podem trafegar até a velocidade de 50 km/h nas estradas. Já os caminhões e ônibus podem transitar com o limite de 65 km/h. No estado de Maharashtra, os carros podem dirigir com o limite de 65 km/h, enquanto em Uttar Pradesh não existe um limite estipulado. O país conta com projetos para aumentar o limite de velocidade nacional para 100 km/h para a maioria dos veículos. Para dirigir na Índia, você pode ter a habilitação local ou, ainda, a habi- litação internacional. Tendo a habilitação internacional emitida em seu país, não se encontra grandes dificuldades para obter a habilitação local da Índia. Já na questão de multas, se o motorista estiver dirigindo sob influência de álcool ou drogas, detectada por meio do bafômetro, será penalizado com até seis meses de prisão ou uma multa, ou ambos. Legislação urbanística e transporte10 Figura 2. Calcutá, Índia. Fonte: Where... ([2014], documento on-line). Na Índia, existem ainda os tuk tuks (Figura 3), espécies de triciclos mo- torizados com cabine. Trata-se de um transporte muito comum no país, que causa bastante tumulto no trânsito, especialmente em função de sua buzina. Figura 3. Tuk tuks na Índia. Fonte: Agra... (2019, documento on-line). 11Legislação urbanística e transporte AGRA fort rouge tuk tuk – Índia. Voyage Virtuel, 2019. Disponível em: https://www.voya- gevirtuel.com/inde/rajasthan/agra-fort-rouge-tuk-tuk-162.php. Acesso em: 16 set. 2019. ANTT. Institucional. [2019]. Disponível em: http://www.antt.gov.br/institucional/index. html. Acesso em: 16 set. 2019. BRASIL. Lei no. 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis no. 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e das Leis nos. 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro de 1975; e dá outras providên- cias. Diário Oficial da União, 4 jan. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12587.htm. Acesso em: 16 set. 2019. BRASIL. Lei no. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, 24 set. 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/L9503.htm. Acesso em: 16 set. 2019. EIGHT things you never knew about the German Autobahn. The Local Germany, 2016. Disponível em: https://www.thelocal.de/20160406/eight-things-you-never-knew- -about-the-german-autobahn. Acesso em: 16 set. 2019. WHERE on the world is Kolkata? Wonderpolis, [2014]. Disponível em: https://www. wonderopolis.org/wonder/where-in-the-world-is-kolkata. Acesso em: 16 set. 2019. Legislaçãourbanística e transporte12 DICA DO PROFESSOR Os patinetes estão virando "febre" em muitas capitais brasileiras. Com uso desse meio de transporte se tornando cada dia mais comum pelas ruas e praça, a criação de regras sobre a utilização segura e eficiente do patinete se torna necessário. Na Dica do Professor, você vai conhecer um pouco sobre as regras de uso dos patinetes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) É um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Dispõe sobre o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos. O parágrafo anterior descreve qual conjunto de órgãos? A) CTB. B) JARI. C) SNT. D) CONTRAN. E) CETRAN. A Lei da Mobilidade Urbana apresenta objetivos que trazem uma visão de futuro para o país. A Lei traz expressa que “a partir do comprometimento dos governos e 2) sociedade para a implementação desta política será possível reduzir as desigualdades sociais e melhorar as condições urbanas de mobilidade e acessibilidade". Qual alternativa representa um objetivo da Lei da Mobilidade Urbana? A) Promover o acesso aos serviços e equipamentos privados. B) Proporcionar melhoria nas condições urbanas da população quanto à acessibilidade somente nas áreas centrais das cidades. C) Consolidar a gestão autocrática como instrumento e garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana. D) Proporcionar melhoria nas condições rurais da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade. E) Promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades. 3) Qual lei age no âmbito federal, criando normas de interesse público e social, tratando do uso de propriedade, segurança e qualidade de vida da população? A) Lei de Uso e Ocupação do Solo. B) Plano Diretor. C) Lei da Mobilidade Urbana. D) Estatuto da Cidade. E) Código de Trânsito. 4) A Lei n.o 12.587/12, conhecida popularmente como Lei da Mobilidade Urbana, determina aos municípios a tarefa de planejar e executar a política de mobilidade urbana. Qual dos itens a seguir é um princípio estabelecido por essa Lei? A) Desenvolvimento administrativo das cidades. B) Segurança nos deslocamentos das pessoas. C) Distribuição dos benefícios para os transportes individuais e privados. D) Incompatibilidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros. E) Acessibilidade nas grandes cidades. 5) Segundo a Lei da Mobilidade Urbana, “as diretrizes, por sua vez, são orientações sobre os caminhos a seguir para que sejam atingidos os objetivos desta Lei. As diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana destacam a necessidade de integração com as demais políticas urbanas e a priorização dos modos não motorizados e do transporte público coletivo”. Qual alternativa representa uma das diretrizes expressas nessa Lei? A) Prioridade dos modos de transportes motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado. B) Distinção entre os modos e serviços de transporte urbano. C) Integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros países sobre a linha divisória internacional. D) Priorização de projetos de transporte individuais estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado. E) Desintegração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos. NA PRÁTICA Uma das dificuldades enfrentadas na rotina de urbanistas é a utilização da legislação vigente. É importante saber quais legislações atendem no âmbito federal, estadual e municipal, tendo que se atentar, ainda, para a vigência da norma, para não utilizar uma lei em desuso. Acompanhe uma situação problema enfrentada pelo estagiário Rafael na busca pelo entendimento da legislação urbanística. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Mobilidade e indicadores de infraestrutura Artigo que analisa a metodologia empregada no Plano de Mobilidade de São Paulo. Discute a estrutura do documento a partir do que se estabeleceu na Política Nacional de Mobilidade Urbana quanto às infraestruturas urbanas que devem integrar os diferentes modais de transporte, permitindo melhor mobilidade e acessibilidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade O documento, criado para auxiliar as cidades na elaboração de seus planos de mobilidade,aborda o processo de planejamento da mobilidade urbana, bem como instrumentos e fatores condicionantes para o desenvolvimento de um plano de mobilidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Problemas e soluções em mobilidade na maior cidade do país Reportagem sobre mobilidade de transporte e entrevista com especialistas no assunto, discutindo sobre questões de engarrafamento, diminuição do uso do transporte coletivo e eliminação de vagas para estacionamento. Trata, ainda, de medidas que induzam as pessoas a uma mudança de comportamento. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Mobilidade urbana Conversa sobre mobilidade urbana no Brasil, propondo melhorias para o trânsito.O programa retoma o passado para entender como ocorreu a escolha pelo automóvel nas décadas de 40 e 50. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar