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Professores: Hugo Morais de Alcântara e Ilza Maria do Nascimento Brasileiro 1 AULA 01 – HIDROLOGIA E QUALIDADE DE ÁGUA 15 de agosto de 2019 Hidrologia é a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades químicas e físicas, e sua relação com o meio ambiente e com os seres vivos. Ven Te Chow(1959) Conceitos “A Hidrologia é a ciência natural que trata dos fenômenos relativos à água em todos os seus estados, de sua distribuição e ocorrência na atmosfera, na superfície terrestre e no solo, e da relação desses fenômenos com a vida e com as atividades do homem”. A. Mayer (1948) Ciclo Hidrológico ▪ Fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre. CICLO HIDROLÓGICO Generalidades: É a movimentação da água entre e nos sistemas terrestre (estado líquido) e atmosférico (circulação do vapor com os ventos); O ciclo hidrológico, se considerado de maneira global, pode ser visto como um sistema hidrológico fechado, uma vez que a quantidade total da água existente no planeta é constante. 4 Quem governa a movimentação da água: ➢ Energia Solar: através da radiação (provoca evaporação da água da terra para a atmosfera); ➢ Ventos: (gerados pela rotação e translação da terra) provocam a circulação do vapor na atmosfera; ➢ Gravidade: ➢ Causa a queda das gotas de chuva da atmosfera para o solo ➢ Causa a movimentação da água no estado líquido através dos rios até os oceanos ➢ Causa a movimentação da água infiltrada através da superfície do solo para o sub-solo CICLO HIDROLÓGICO 5 6 CICLO HIDROLÓGICO 7 8 Métodos de estudo Séries históricas – observação sistemática de fenômenos que ocorrem no decorrer do tempo Elementos de natureza histórica Precipitação e vazões de enchentes não podem ser repetidas por um experimentador Hidrologia estocástica Processamento de dados estatísticos coletados a partir de variáveis hidrológicas Hidrologia paramétrica Desenvolvimento e análises das relações entre os parâmetros físicos intervenientes nos eventos hidráulicos (dados meteorológicos e parâmetros físicos das bacias hidrográficas) 9 PRECIPITAÇÃO É toda água proveniente do meio atmosférico que atinge a superfície terrestre. Neblina, chuva, granizo, orvalho, geada e neve são formas diferentes de precipitações. Principais Características: • Quantidade e volume total – mm ou m³ • Duração – minutos ou hora; • Intensidade – quantidade/tempo – mm/h CICLO HIDROLÓGICO: PROCESSOS 10 11 MEDIDA DA PRECIPITAÇÃO 12 MEDIDA DA PRECIPITAÇÃO INTERCEPTAÇÃO É a parte da precipitação retida acima da superfície do solo. (Blake, 1975) devido principalmente á presença de vegetação. Depende: • Intensidade da Chuva; • Área Vegetada ou Urbanizada. CICLO HIDROLÓGICO: PROCESSOS 13 MEDIDA DA INTERCEPTAÇÃO 14 EVAPORAÇÃO É o processo pelo qual as moléculas de água na superfície líquida ou na umidade do solo, adquirem energia suficiente (através da radiação solar e outros fatores climáticos) e passam do estado líquido para o de vapor. Depende: • Temperatura; • Pressão Atmosférica; • Umidade Relativa; • Vento; • Radiação Solar. CICLO HIDROLÓGICO: PROCESSOS 15 MEDIDA DA EVAPORAÇÃO 16 Transpiração (T) – A transpiração é um processo biofísico pelo qual a água que passou pela planta, fazendo parte de seu metabolismo, é transferida para a atmosfera. TRANSPIRAÇÃO MEDIDA DA TRANSPIRAÇÃO 18 Medição da transpiração - potômetro À medida que a planta transpira, diminui a quantidade de água na garrafa. A formação de vácuo puxa o líquido azul do tubo de ensaio EVAPOTRANSPIRAÇÃO Processo de Transpiração no Sistema Solo Planta Atmosfera. Evapotranspiração (ET) Processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera através da evaporação (E) e da transpiração (T). • Normalmente os dois processos (Evaporação e transpiração) ocorrem juntos. • Em áreas relativamente grandes é difícil saber cada parcela em separado. • O fluxo total de calor latente para a atmosfera é a EVAPOTRANSPIRAÇÃO. EVAPOTRANSPIRAÇÃO Compreende: 1. Evaporação dos corpos de água; 2. Evaporação da água do solo; 3. Evaporação da água interceptada das plantas; 4. Transpiração das plantas. Depende da: 1. Disponibilidade de água → se não existir água para o processo se desenvolver , não haverá uma evaporação e nem transpiração; 2. Presença da vegetação → se não existir vegetação não ocorrerá a transpiração; 3. Radiação solar e ação dos ventos → definem o poder de evaporação da atmosfera que é condicionada a absorver vapor dependendo da pressão reinante EVAPOTRANSPIRAÇÃO 22 EVAPOTRANSPIRAÇÃO LISÍMETROS DE PESAGEM MECÂNICA 23 EVAPOTRANSPIRAÇÃO 24 Infiltração é a passagem de água da superfície para o interior do solo. Pode-se definir também como sendo o fenômeno de penetração da água nas camadas de solo próximas à superfície do terreno, movendo-se para baixo, através de vazios, sob a ação da gravidade, até atingir uma camada suporte que a retém, formando então a água do solo. Importante para: crescimento da vegetação; abastecimento dos aquíferos; (mantém vazão dos rios durante as estiagens) reduzir escoamento superficial, cheias, erosão. CICLO HIDROLÓGICO: PROCESSOS INFILTRAÇÃO INFILTRAÇÃO É o processo pelo qual a água penetra nas camadas superficiais do solo e se move para baixo, em direção ao lençol d’água. CICLO HIDROLÓGICO: PROCESSOS Depende: • Da água disponível para infiltrar; • Da constituição e declividade do solo; • Da cobertura vegetal; • Das quantidades de água e ar, inicialmente presentes no interior do solo (teor de umidade). 25 MEDIDA DA INFILTRAÇÃO 26Permeâmetro de Guelph ESCOAMENTO Define-se como o movimento das águas na superfície do solo, na interface entre a superfície e o interior do solo e no lençol subterrâneo; Depende: • Área e forma da bacia; • Conformação topográfica da bacia (declividade, depressões acumuladoras e represamentos naturais); • Tipo de Solo; • Cobertura Vegetal; • Áreas Impermeáveis(pavimentos urbanos). CICLO HIDROLÓGICO: PROCESSOS 27 Escoamento Define-se como o movimento das águas na superfície do solo, na interface entre a superfície e o interior do solo e no lençol subterrâneo; Os escoamentos são governados fundamentalmente pela ação da gravidade; O escoamento é caracterizado quantitativamente por variáveis como a velocidade, a vazão ou lâmina equivalente; A estimativa do escoamento é feita por equações de conservação de massa, energia e quantidade de movimento. FASES DO CICLO DE ESCOAMENTO ▪ 1ª Fase ✓ Período de estiagem → vegetação e solo com pouca umidade; ✓ Início da precipitação → boa parte da água é interceptada pela vegetação e a chuva que chega ao chão é infiltrada no solo; ✓ Vegetação → parte de água que fica retida é evaporada. ▪ 2ª Fase ✓ Continuidade da precipitação → a capacidade de retenção da vegetação é esgotada, e a água cai sobre o solo; ✓ Capacidade de infiltração → uma parte da água infiltra no solo e inicia-se o processo de esc. superficial após a precipitação superar a capacidade de infiltração; ✓ Água infiltrada no solo → começa a percolar na direção do aqüífero. ▪ 3ª Fase ✓ Precipitação acaba → o escoamento superficial diminui podendo chegar a cessar, a evaporação e a infiltração continuam a retirar água da vegetação e das poças na superfície do solo; Qs Qss Qb Seção do rio Seção AA Seção do Riacho Q = Qs + Qss + Qb Qs = escoamento superficial, Qss = escoamento sub-superficial Qb = escoamento de base (ou subterrâneo) Tipos de escoamento: A A Seção AA Rede de Drenagem 33 Medição do escoamento superficial 34 Medição do escoamento superficial Unidade de estudo Bacia Hidrográfica: É uma área de captação natural da água da precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exultórioCICLO HIDROLÓGICO NA FASE TERRESTRE 35 Segundo Viessman, Harbaugh e Knapp (1972), bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso d'água ou um sistema conectado de cursos d'água, dispondo de uma simples saída para que toda vazão efluente seja descarregada. Bacia Hidrográfica São 3 os divisores de uma bacia hidrográfica: – Geológico (delimita as formações geológicas na bacia) – Freático (delimita os limites do lençol d'água na bacia) – Topográfico (delimita a bacia em plano) Na prática limita-se a bacia a partir de curvas de nível, tomando pontos de cotas mais elevadas para comporem a linha da divisão topográfica. Divisores da Bacia Corte transversal de uma bacia (Fonte: VILLELA, 1975) Os passos a serem seguidos na determinação de uma bacia são: ➢ A localização da seção de saída no sistema de drenagem ou cursos d'água; ➢ Delimitação de seu contorno, ou seja, a linha de separação que divide as precipitações que caem na bacia delimitada e nas bacias vizinhas Delimitação da Bacia 250 300 350 400 50 100 150 200 250 250 300 350 400 50 100 150 200 250 Identificação do Divisor de Águas 250 300 350 400 50 100 150 200 250 250 300 350 400 50 100 150 200 250 Identificação do “Talweg” 413000 414000 415000 416000 417000 418000 6614000 6615000 6616000 6617000 6618000 6619000 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 413000 414000 415000 416000 417000 418000 6614000 6615000 6616000 6617000 6618000 6619000 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 413000 414000 415000 416000 417000 418000 6614000 6615000 6616000 6617000 6618000 6619000 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 413000 414000 415000 416000 417000 418000 6614000 6615000 6616000 6617000 6618000 6619000 413000 414000 415000 416000 417000 418000 6614000 6615000 6616000 6617000 6618000 6619000 • Uma vez definidos os contornos (divisor), a área pode ser calculada por uma integral numérica (SIG) ou por métodos manuais (planímetro, contagem, pesagem). Área da Bacia Hidrográfica Bacia hidrográfica (esquema) Algumas convenções importantes em hidrologia: Características físicas da bacia Planímetro É um instrumento para desenho técnico usado para medir a área de uma superfície plana arbitrária. Características físicas da bacia “Bacias com mesma área podem responder de maneiras distintas” Bacia Local Área (km 2 ) Qmax (m 3 /s) Qmax (ls/km 2 ) Rio Souris Minot, ND 26.600 340 12,8 Rio Deschutes Moody, OR 27.185 1.235 46,8 Rio Gila Coolige Dam, AR 33.370 3.680 110,8 Rio Cumberland Carthage, Tenn 27.700 5.270 190,9 Rio Susquehanna Wilkes-Barre, Pa 25.785 6.570 225,6 Rio Potomac Point of Rocks, Md 24.980 13.595 545,2 Rio Little Cameron, Texas 18.200 18.320 1009,2 Como isso é possível? ▪ Comprimento da bacia ▪ Comprimento do rio principal Comprimento da Bacia Hidrográfica • Os comprimentos da bacia e do rio principal são importantes para a estimativa do tempo que a água leva para percorrer a bacia. L Medição do comprimento de um rio CAD SIG – Sistema de Informação Geográfica Curvímetro • Tem relação com a velocidade com a qual ocorre o escoamento. • Diferença de altitude entre o início e o fim da drenagem dividida pelo comprimento da drenagem. • Equação de Manning: V proporcional a S0.5 Declividade da Bacia Hidrográfica Perfil típico: alto médio baixo Distância ao longo do rio principal A lt it u d e d o l e it o Valores típicos: Baixa declividade: alguns cm por km Alta declividade: alguns m por km Perfil Longitudinal • Descrição da relação entre área de contribuição e altitude. Altitude (m) 350 890 Fração da área 0 1,00,25 0,750,5 Curva Hipsométrica Características morfométricas Densidade de rios – Relação existente entre o número de rios ou cursos de água (N) e a área da bacia hidrográfica (A). Dr = N / A Densidade de drenagem – Correlaciona o comprimento total dos canais de escoamento (Lt) com a área da bacia hidrográfica (A) Dd = Lt / A Tempo de viagem = 2 minutos Tempo de viagem = 15 minutos Tempo de escoamento 15 minutos Q P tempo Chuva de curta duração 15 minutos Q P tempo Chuva de curta duração • Tempo necessário para que a água precipitada no ponto mais distante da bacia escoe até o ponto de controle, exutório ou local de medição. • Relação com: ▪ Comprimento da bacia (área da bacia) ▪ Forma da bacia ▪ Declividade da bacia ▪ Alterações antrópicas ▪ Vazão (para simplificar não se considera) Tempo de concentração • Fórmulas empíricas para tempo de concentração tc = tempo de concentração em minutos L = comprimento do talvegue (km) h = diferença de altitude ao longo do talvegue (m) • Kirpich 385,0 3 h L 57tc = Tempo de concentração Tempo de concentração Estimativa do tempo de concentração para bacias maiores; Equação de Watt e Chow, publicada em 1985 (DINGMAN, 2002) onde tc é o tempo de concentração em minutos; L é o comprimento do curso d’água principal em Km; e S é a declividade do rio curso d’água principal (adimensional). Esta equação foi desenvolvida com base em dados de bacias de até 5840 Km2. 79,0 5,0 68,7 = S L tc Efeito do tempo de concentração Mesma área, tempo de concentração diferente Q P tempo bacia com alto tempo de concentração bacia com baixo tempo de concentração Forma da bacia hidrográfica Avaliação qualitativa Avaliação quantitativa índice de compacidade índice de conformação ou fator de forma São Francisco Outras: Tietê; Paranapanema; Tocantins. Exemplos: Alongadas Taquari Antas - RS Rio Itajaí - SC Exemplos: Circular Efeito da forma da bacia Mesma área, forma diferente Q P tempo bacia alongada bacia circular ▪ I alto: cheias mais rápidas ▪ I baixo: cheias mais lentas 2 LAI = L Índice de conformação ou fator de forma: ▪ Relação entre o perímetro da bacia e o perímetro que a bacia teria se fosse circular. K = 0,28 P / A0.5 mede mais ou menos a mesma coisa que o fator de forma Índice de compacidade Ordem do curso d’água principal Horton propôs, e Strahler modificou um critério para hierarquizar cursos d’água. Passou a ser conhecido como ordem do curso d’água Ordem de Strahler 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 22 22 3 3 3 3 3 3 1 11 1 Um curso d’água a partir da nascente é de ordem 1 Quando dois cursos de ordem 1 se encontram formam um curso de ordem 2 Quando dois cursos de ordem 2 se encontram formam um curso de ordem 3 e assim por diante… ▪ Maior profundidade de raízes = água consumida pela evapotranspiração pode ser retirada de maiores profundidades do solo. ▪ Florestas: maior interceptação; maior profundidade de raízes. ▪ Maior interceptação = escoamento demora mais a ocorrer. Cobertura Vegetal ▪ Substituição de florestas por lavoura/pastagens ▪ Urbanização: telhados, ruas, passeios, estacionamentos e até pátios de casas ▪ Modificação dos caminhos da água • Aumento da velocidade do escoamento (leito natural rugoso x leito artificial com revestimento liso) • Encurtamento das distâncias até a rede de drenagem (exemplo: telhado com calha) Uso do solo ▪ Agricultura = compactação do solo • Redução da quantidade de matéria orgânica no solo • Porosidade diminui • Capacidade de infiltração diminui • Raízes mais superficiais: Consumo de água das plantas diminui Uso do solo Uso do solo e vegetação Solo nú Solo vegetado ▪ Solos arenosos = menor escoamento superficial ▪ Solos argilosos = maior escoamento superficial ▪ Solos rasos = maior escoamento superficial ▪ Solos profundos = menor escoamento superficial Tipos de solos Característicasfísicas da bacia Tipo de solo: Rochoso Solo residual (maduro) ▪ Rochas do sub-solo afetam o comportamento da bacia hidrográfica. ▪ Rochas porosas tem a propriedade de armazenar grandes quantidades de água (rochas sedimentares – arenito). ▪ Rochas magmáticas tem pouca porosidade e armazenam pouca água, exceto quando são muito fraturadas. ▪ Bacias com depósitos calcáreos tem grandes cavidades no sub-solo onde a água é armazenada. Geologia ▪ Vertentes: ▪ Rede de drenagem: • Escoamento superficial difuso • Não há canais definidos • Escoamento sub-superficial e subterrâneo • Escoamento superficial • Canais bem definidos Partes da Bacia ▪ Densidade da Rede de Drenagem: ▪ Forma da Rede de Drenagem: • Controlada pela Geologia e pelo Clima • Controlada pela Geologia Rede de Drenagem Forma da rede de Drenagem Forma da rede de Drenagem Forma da rede de Drenagem Forma da rede de Drenagem OBRIGADO POR SUA ATENÇÃO ! (83) 9 9104-6883 hugo.ma@ufcg.edu.br hugodabacia@yahoo.com.br 89
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