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Indaial – 2021 Fotointerpretação i Prof.ª Lilian Elizabeth Diesel 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.ª Lilian Elizabeth Diesel Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: D564f Diesel, Lilian Elizabeth Fotointerpretação I. / Lilian Elizabeth Diesel. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 231 p.; il. ISBN 978-65-5663-408-1 ISBN Digital 978-65-5663-404-3 1. Fotogrametria aérea. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 526.9823 apresentação A fotointerpretação é uma das principais técnicas de trabalho para um profissional da área de geoprocessamento. Esta técnica permite a comu- nicação entre o homem e a fotografia possibilitando, com isso, a identificação dos elementos que se encontram presentes em uma fotografia aérea. Portanto, na disciplina que estamos iniciando neste momento, Fo- tointerpretação I, teremos uma série de conteúdos que propiciarão a você um embasamento para que possa conhecer todos os aspectos da fotointer- pretação. Assim, iniciaremos com a abordagem dos fundamentos da fotoin- terpretação através de sua história e seus conceitos. Estudaremos também as noções básicas e os diferentes níveis de interpretação. E, não menos impor- tante, a introdução da inter-relação da fotointerpretação com a fotogrametria e as demais disciplinas, também a situação atual da fotointerpretação. Com os importantes avanços tecnológicos atuais não poderíamos deixar de trazer esta abordagem relacionada à fotointerpretação, portanto, na segunda unidade de livro, nós trataremos dos aspectos referentes à fo- tointerpretação e os diferentes recursos tecnológicos empregados. Estes re- cursos referem-se à qualidade, à geometria, aos processos de deslocamento e às projeções e coordenadas das fotografias aéreas. O sistema fotográfico é outro aspecto de suma importância quando falamos em recursos tecno- lógicos. Hoje são vários os equipamentos que permitem fotografias de alta qualidade para a fotointerpretação. Ainda o processo de estereoscopia, da geração dos mosaicos, dos índices das fotografias e da paralaxe é possível graças aos diversos recursos tecnológicos disponíveis no mercado. Uma questão de fundamental importância para o aprendizado da fotointerpretação são as aplicações práticas. Na Unidade 3, você conhecerá as etapas, os estágios, os aspectos, os elementos básicos, assim como a meto- dologia, enfim, o essencial para que se possa aplicar a fotointerpretação em seus estudos. Outros estudos que também são importantes no momento da aplicação da fotointerpretação e que você precisa saber referem-se aos tipos de fotografias aéreas, ao uso de outros tipos de sensores para a obtenção das fotografias, à restituição e ao georreferenciamento das fotografias aéreas. E, para finalizar os nossos estudos, abordaremos, a análise digital das fotogra- fias e a fotointerpretação aplicada. Temos a certeza de que será um momento proveitoso, e, desta maneira, convidamos você, acadêmico, a iniciar conosco este percurso incrível de aprendizagem da Fotointerpretação I. Bons estudos! Prof.ª Lilian Elizabeth Diesel Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ........................................................................................ 1 TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 HISTÓRIA DA FOTOINTERPRETAÇÃO ..................................................................................... 3 3 CONCEITOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO .............................................................................. 13 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19 TÓPICO 2 — NOÇÕES BÁSICAS DA FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO ................................................................................ 21 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21 2 NOÇÕES BÁSICAS DE FOTOINTERPRETAÇÃO ................................................................... 21 3 DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO .......................................................................... 27 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 36 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 37 TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA E AS DEMAIS DISCIPLINAS ........................................ 39 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39 2 INTER-RELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIAE AS DEMAIS DISCIPLINAS ................................................................................................................... 39 3 SITUAÇÃO ATUAL DO FOTOINTÉRPRETE ............................................................................ 47 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 53 RESUMO DO TÓPICO 3.....................................................................................................................59 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 60 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 62 UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS ..................................................................... 67 TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ........... 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 69 2 QUALIDADE DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS E OS FATORES QUE AFETAM SUA AQUISIÇÃO ...................................................................................................................................... 69 3 GEOMETRIA DA FOTOGRAFIA AÉREA ................................................................................... 71 4 DESLOCAMENTO DEVIDO AO RELEVO E INCLINAÇÃO DA CÂMERA ...................... 79 5 PROJEÇÃO E COORDENADAS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ........................................ 83 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 92 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS .................................................................................. 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 BREVE INTRODUÇÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO .......................................... 95 3 NÍVEIS DE AQUISIÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ....................................................... 99 4 CÂMERA AÉREA ............................................................................................................................ 103 5 VANTs– VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS .............................................................. 109 6 CONSTITUIÇÃO DOS FILMES .................................................................................................. 112 7 ESTEREOSCÓPIO ........................................................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 124 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 125 TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS E PARALAXE .............................. 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127 2 VISÃO ESTEREOSCÓPICA .......................................................................................................... 127 3 PROCESSOS ESTEREOSCÓPICOS USADOS NA FOTOINTERPRETAÇÃO DIGITAL ............................................................................................................................................ 133 4 OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS............................................................................ 134 4 MOSAICO E ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ........................................................... 140 5 PARALAXE ESTEREOSCÓPICA ................................................................................................. 143 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 146 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 150 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 152 UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS ................................................................................... 155 TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METODOLOGIA ....................................... 157 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157 2 A FOTOINTERPRETAÇÃO E O FATOR HUMANO ............................................................... 157 3 ETAPAS E ESTÁGIOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ............................................................. 158 3.1 DETECÇÃO ................................................................................................................................. 159 3.2 RECONHECIMENTO E IDENTIFICAÇÃO ........................................................................... 160 3.3 ANÁLISE E DELINEAÇÃO ...................................................................................................... 160 3.4 DEDUÇÃO .................................................................................................................................. 161 3.5 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................................... 161 3.6 IDEALIZAÇÃO ........................................................................................................................... 162 4 ASPETOS E ELEMENTOS BÁSICOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ................................. 163 5 METODOLOGIA PARA A FOTOINTERPRETAÇÃO............................................................. 171 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 173 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 174 TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ...................................................................................................................... 177 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 177 2 TIPOS DE FOTOGRAFIAS AÉREAS .......................................................................................... 177 3 RESTITUIÇÃO OU COMPILAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ............................................................................................................................................ 180 4 USO DOS OUTROS SENSORES NA FOTOINTERPRETAÇÃO .......................................... 183 4.1 LANDSAT .................................................................................................................................... 184 4.2 SPOT ............................................................................................................................................. 185 4.3 RADAR ......................................................................................................................................... 186 4.4 CBERS ........................................................................................................................................... 187 5 GEORREFERENCIAMENTO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ............................................. 189 RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................198 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 199 TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA ........................ 201 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 201 2 ASPECTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL .............................. 201 3 ANÁLISE DIGITAL ......................................................................................................................... 206 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 219 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 226 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 227 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 229 1 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a história da fotointerpretação; • conhecer os conceitos da fotointerpretação; • entender as noções básicas da fotointerpretação; • identificar os diferentes níveis de interpretação; • explicar a inter-relação da fotointerpretação com a fotogrametria e as demais disciplinas. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO TÓPICO 2 – NOÇÕES BÁSICAS DA FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO DA INTER-RELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA E AS DEMAIS DISCIPLINAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos, inicialmente, os aspectos relativos às questões históricas da fotointerpretação, os quais, desde os primórdios da humanidade, o homem vem realizando suas observações e desenvolvendo teorias que funda- mentam a fotointerpretação, com sua base voltada, principalmente, às fotografias. O processo da evolução da fotointerpretação ocorreu pelos estudos e apli- cações tecnológicas que envolveram tanto as áreas militares quanto as áreas cien- tíficas através de pesquisadores. Portanto, para contextualizar o desenvolvimento da fotointerpretação nos estudos deste tópico, apresentaremos a você a história da fotointerpretação, dos conceitos e com base na evolução tecnológica empregada na fotointerpretação, também sofreram modificações ao longo do tempo, conforme os pesquisadores iam descobrindo novas possibilidades de aplicações. Bons estudos! 2 HISTÓRIA DA FOTOINTERPRETAÇÃO Assim que você leu o título desta disciplina, certamente, imaginou em algo novo, descoberto recentemente, porém, a partir do momento em que come- çamos a buscar um pouco mais do assunto, conseguimos observar que a fotoin- terpretação não é tão nova assim. Anderson (1982), descreve que a história da fotointerpretação relata o perí- odo de Aristóteles, Grécia, há 300 anos a.C. Ele realizou observações e desenvolveu importantes teorias que fundamentam o desenvolvimento da fotografia, sendo que estes permaneceram sem qualquer tipo de aplicação por um período de 2000 anos. A fotografia como invenção foi finalmente oficializada durante o período que compreende os anos de 1833 a 1839. Nesse período, já existiam diversos processos tecnológicos disponíveis, o problema, na época, estava relacionado diretamente em ter um profissional que colocasse essa tecnologia em funcionamento (JENSEN, 2011). Além de se ter um profissional para colocar isso em funcionamento era ainda necessário observar duas importantes teorias segundo Jensen (2011): UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 4 • a existência de uma correta teoria que tratasse da luz e das cores; • a existência de um instrumento que fosse suficiente para que pudesse realizar a captação da cena. Observamos que nesse período, conforme descreveu Jensen (2011), também houve a necessidade da invenção de uma emulsão sensível a luz que ela pudesse ser fixada e daí a sua função principal seria a de gravar a cena de forma permanente. Emulsão fotográfica “É a camada de gelatina depositada no papel ou filme fotográfico na qual são encontrados os halogenetos de prata, constituindo uma superfície impressionável pela luz; designa aparte do documento fotográfico em que está situada a imagem, em oposição ao seu verso” (LACERDA, 2012, p. 301). NOTA Avançando um pouco mais na história da fotointerpretação temos a com- binação do desenvolvimento das tecnologias nas mais distintas áreas das ciências, em especial naquelas mais específicas dos materiais fotográficos, das câmeras fo- tográficas, dos aviões e dos sistemas computacionais (ANDERSON, 1982). Esses avanços ocorreram basicamente pelas fundamentações militares e científicas que possibilitaram que as diversas áreas do conhecimento pudessem ser atendidas. Foi no início do século XIX que os franceses Niepce e D'Aguerre, através dos seus estudos, elaboraram o primeiro método fotográfico. Neste método, as len- tes que seriam utilizadas nas primeiras câmeras tinham a necessidade de passar por um processo de aperfeiçoamento e somente depois disso é que elas estariam aptas para produzir as imagens com emulsões fotográficas (ANDERSON, 1982). As evoluções no campo da fotografia não paravam e houve inclusive ex- perimentos realizados a bordo de balões. Um dos experimentos em balões foi realizado pelo famoso fotógrafo francês Félix De Tournachon, conhecido também como Nadar. Ele, a bordo de um balão, fotografou uma área próxima a Paris, na Figura 1, você pode verificar uma pintura do referido fotógrafo. Infelizmente, o registro da primeira fotografia aérea foi perdido (JENSEN, 2011). Em 1860 foi registra a primeira fotografia realizada a bordo de um balão, isso ocorreu nos Estados Unidos da América. Tal fato foi um acontecimento na época gerando inúmeras especulações de curiosos. TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 5 FIGURA 1 – FAMOSO FOTÓGRAFO PARISIENSE FÉLIX DE TOURNACHON CONHECIDO COMO NADAR FONTE: Jensen (2011, p. 69) Félix De Tournachon tinha a certeza de que a fotografia aérea contribuiria para a realização do mapeamento de superfície através da sobreposição de fotografias aéreas. Segundo descreveu Jensen (2011), foi no ano de 1903, que Julius Neubronner patenteou a câmera fotográfica que possibilitava ser acoplada ao peito de um pombo correio. Com a decolagem desses pombos, era possível obter uma série de visadas de distintos pontos de uma região específica. Eles realizam um voo em linha reta com velocidade constante sendo que o percurso fotografado era definido anteriormente. Na Figura 2, você consegue observar pombos correio com câmera acoplada ao peito. FIGURA 2 – POMBOS CORREIO QUE REALIZAVAM FOTOGRAFIAS AÉREAS COM UMA CÂMARA ACOPLADA EM SEU PEITO FONTE: Jensen (2011, p. 74) UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 6 As fotografias aéreas obtidas pelas câmeras acopladas ao peito dos pom- bos eram capturadas de forma automática através de exposição com intervalos que ocorriam a cada 30 segundos. Várias foram às razões para que os pombos não fossem considerados como plataformas ideais para a captura das fotografias aéreas para a fotointerpretação (JENSEN, 2011). O uso da fotografia aérea de forma efetiva teve seu registro em três fatos históricosde grande importância, o primeiro uso foi na Guerra Civil dos Estados Unidos da América, o segundo uso na Primeira Guerra Mundial e o terceiro na Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Civil dos Estados Unidos da América, o exército execu- tou a tomada das fotografias aéreas de onde estavam localizadas efetivamente as instalações de defesa do exército do sul. Com isso eles conseguiram apresentar as potencialidades da fotointerpre- tação também para os fins bélicos (ANDERSON, 1982). “Outro aspecto importante registrado para a fotointerpretação foi o desenvol- vimento do avião no começo do século XX” (ANDERSON, 1982, p. 4). IMPORTANT E Foi durante o período da Primeira Guerra Mundial que a fotointerpreta- ção contou com um avanço tecnológico de grande importância – o uso dos aviões. Os exércitos que fizeram parte dessa guerra utilizaram os aviões para a tomada das fotografias aéreas. Mesmo com todas as atividades militares da Pri- meira Guerra, os exércitos que dela participaram conseguiram realizar o proces- samento de mais de 10 mil fotografias aéreas ao dia, segundo Anderson (1982). Ainda durante o período da Primeira Guerra Mundial, a obtenção das fo- tografias aéreas era considerada uma tarefa perigosa e o fotógrafo deveria ser bas- tante hábil, pois era necessário que ele, além de segurar a câmera com a mão para o lado de fora do avião, conforme demonstrado nas Figuras 3 e 4, ele precisava, também, cuidar de sua segurança ao mesmo tempo em que realizava a troca da placa fotográfica para que somente após isso pudesse obter a próxima fotografia. No início do processo de obtenção das fotografias aéreas realizadas a bor- do de aviões, as câmeras deveriam ficar presas no peito dos fotógrafos ou, então, eram fixadas de alguma forma na lateral do avião (ANDERSON, 1982). TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 7 FIGURA 3 – FOTÓGRAFO AÉREO E PILOTO NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL FONTE: Jensen (2011, p. 76) FIGURA 4 – FOTOGRAFIA AÉREA TIRADA NA I GUERRA MUNDIAL FONTE: Jensen (2011, p. 76) A obtenção das fotografias aéreas com o uso de aviões teve seu reconheci- mento no período da Primeira Guerra Mundial, pois foi através delas que se pôde reconhecer as táticas militares utilizadas na guerra. Foram, portanto, construí- dos mapas com maiores precisões que objetivavam a realização do planejamento estratégico militar, fato este que fez toda a diferença, uma vez que detinham o conhecimento de estradas, barreiras, movimentos de tropas e de materiais (AN- DERSON, 1982). Este conhecimento era de fundamental importância para que as forças militares pudessem evitar determinados ataques. Jensen (2011, p. 77) apresenta em sua obra que “a Primeira Guerra Mun- dial ficou conhecida pelos intensos combates baseados em trincheiras, estas que eram cavadas nos campos de batalhas”. Na Figura 5, você pode observar uma fotografia aérea vertical que demonstra as trincheiras. UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 8 FIGURA 5 – FOTOGRAFIA VERTICAL DAS TRINCHEIRAS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUN- DIAL NA EUROPA FONTE: Jensen (2011, p. 77) Jensen (2011) destaca que no processo das análises de esteroscopia era possível observar que as fotografias demonstravam a localização dos homens, das armas e os abrigos das munições. No período que compreende os anos de 1920 a 1930, inúmeros foram os estudos realizados e publicados que relacionaram a fotointerpretação com diver- sas áreas do conhecimento como a Geologia, a Engenharia Civil, a Geografia, a Ecologia, a Arqueologia e a Engenharia Florestal. Estes estudos consideravam, principalmente, as regiões da América do Norte e da Europa, e, ainda, as pessoas que estavam envolvidas neles eram prin- cipalmente as que, de alguma forma, tiveram experiência com as guerras; indife- rentes do grau de experiência (ANDERSON, 1982). Houve um fato importante que ocorreu após a Guerra Civil dos Estados Unidos da América, da Primeira Guerra Mundial, das publicações realizadas no período de 1920 a 1930, dos avanços relacionados às novas tecnologias das câme- ras fotográficas, dos aviões e da invenção dos outros instrumentos para a obten- ção de fotografias aéreas com melhor qualidade e precisão, a definição e criação de uma nova disciplina que passaria a se chamar Fotogrametria (ANDERSON, 1982). Esta disciplina auxiliaria tanto os militares quanto os pesquisadores na obtenção de dados quantitativos de maior precisão. TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 9 Prezado acadêmico, você estudará Fotogrametria de forma mais aprofundada no Tópico 3 desta unidade. ESTUDOS FU TUROS O funcionamento da fotointerpretação utilizada pelos militares na Segun- da Guerra Mundial era praticamente o mesmo daquele usado hoje: a aplicação no planejamento das atividades que deveriam ser executadas durante o período da guerra – fato que contribuiu para o desenvolvimento da técnica. Geralmente são as áreas militares que investem mais financeiramente no desenvolvimento de siste- mas fotográficos, sensores remotos, aviões e foguetes cada vez mais potentes tanto para a obtenção das fotografias aéreas e imagens de radar ou satélite, bem como para o transporte das câmeras fotográficas e os sensores (ANDERSON, 1982). Na Figura 6 você pode observar uma fotografia aérea de uma base de lançamento de foguete da Alemanha e que foi destruída ao final da Guerra, segundo Jensen (2011). FIGURA 6 – FOTOGRAFIA AÉREA VERTICAL DA BASE DE LANÇAMENTO DE FOGUETE NA SE- GUNDA GUERRA MUNDIAL FONTE: Jensen (2011, p. 77) Os avanços tecnológicos ocorridos durante a década de 1990 permitiram que as fotografias em três dimensões – em anáglifos –fossem consideradas como de baixo custo, porém, produziam cansaço visual no fotointérprete caso ele ne- cessitasse realizar um trabalho mais prolongado. As fotografias aéreas em três dimensões produzidas na década de 1990 eram possíveis de serem trabalhadas no monitor do computador (DISAPARTTI; OLIVEIRA FILHO, 2005). UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 10 “O anáglifo pode ser definido com a figura resultante da impressão ou projeção, em superposição, de um par de fotografias estereoscópicas (ou mesmo desenhos) em cores complementares (verde e vermelho), de tal forma que a imagem vista em relevo ou em 3D é obtida pela observação do anáglifo através de óculos com filtros nas usadas cores complementares” (GARCIA; PIEDADE, 1981 apud DISAPARTTI; OLIVEIRA FILHO, 2005, p. 4). IMPORTANT E A fotointerpretação, conforme você estudará no Tópico 3 desta unidade, em conceito, é subdividida em analógica e digital. A analógica, historicamente, foi marca- da pela invenção do aparelho chamado estéreo comparador, que permite a agilidade do trabalho do fotointérprete. No ano de 1911, o famoso austríaco, Scheimpfug, criou o método de retificação de fotografias aéreas. Este método foi considerado como um passo importante para a utilização das fotografias aéreas para o mapeamento das grandes superfícies terrestres (BRITO; COELHO, 2002; COELHO; BRITO, 2007). Estes aparelhos, os retificadores, foram usados pelos profissionais da fo- tointerpretação das diversas aéreas do conhecimento, e mais tarde foram substi- tuídos pelos restituidores analógicos. Os restituidores são os equipamentos que possibilitam que o fotointérprete tenha uma visão estereoscópica através do uso de um par de estereoscópios (BRITO; COELHO, 2002; COELHO; BRITO, 2007). Prezado acadêmico, você estudará visão estereoscópica e estereoscópio de forma mais aprofundada na Unidade 2 deste livro didático. Sobre restituidores, você terá a oportunidade de conhecê-los melhor na Unidade 3. ESTUDOS FU TUROS Houve um período em que a realização dos trabalhos de campo na fotointerpretação analógica foi considerada como de mais fácil execução pela inserção da fototriangulação analógica. A fototriangulação possibilitava a inserção dos pontos coletados em campo nas fotografias aéreas. TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO11 Fototriangulação, conforme Brito et al. (2002 apud BASTOS, 2007, p. 39) é “um conjunto de resseções espaciais realizadas simultaneamente com um conjunto de interseções espaciais para um conjunto de imagens (bloco)”. Bastos (2007) destaca, também, que o nome fototriangulação ou aerotriangulação se origina da formação de triângulos no espaço obtidos devido à interseção espacial. NOTA Surgiram, também, para auxiliar nos trabalhos de fotointerpretação as câ- meras métricas. Essas câmeras apresentam uma tecnologia inovadora que auxilia o fotointérprete, pois possuem um dispositivo que ao imprimir a fotografia aérea, as informações importantes como os sistemas de coordenadas da imagem sejam im- pressas junto. Com este dispositivo é possível melhorar a confiabilidade, bem como a precisão das medidas efetuadas nos trabalhos de campo (BRITO; COELHO, 2002). Você conheceu um pouco da história da fotointerpretação analógica, ago- ra, conheceremos mais da história recente da fotointerpretação digital. O relato de seu surgimento data os anos 1980. Neste período, a grande inovação foi des- crita com muita euforia através do uso das fotografias aéreas digitais e imagens digitais, sendo que elas são a fonte primária dos dados. A aquisição de uma ima- gem digital é possível através do uso de uma câmera digital, ou então pela digita- lização matricial de uma imagem analógica, com o uso de scanner. Por exemplo, em estudos de séries históricas de determinadas áreas é comum nos dias atuais realizar a digitalização de fotografias aéreas para as análises comparativas (BRI- TO; COELHO, 2002; COELHO; BRITO, 2007). Foi na década de 1990, segundo Brito e Coelho (2002), que a fotointerpre- tação digital passou a ser utilizada por vários pesquisadores, devido aos compu- tadores com capacidade de processamento de dados cada vez maiores, permitin- do o processamento de imagens digitais em trabalhos cada vez mais apurados, elevando ao extremo o uso da capacidade computacional para lidar com o volu- me enorme de dados. A fotointerpretação contou ainda com o avanço da tecno- logia através do uso de sensores para a obtenção de fotografias aéreas e imagens. Loch (2008) e Florenzano (2002) destacam alguns sensores a serem utilizados, como exemplo o LANDSAT, o SPOT e o CBERS. O sensor LANDSAT teve seu primeiro lançamento em 1972, com o objetivo principal de adquirir de forma repetitiva e de alta resolução dados da superfície da Terra. No Brasil, as imagens do sensor LANDSAT ficam armazenadas no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e podem ser obtidas de forma gratuita. UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 12 Para que você tenha as imagens de satélite de forma gratuita é necessário acessar o endereço a seguir e realizar seu cadastro: http://www.dgi.inpe.br/CDSR/ DICAS O sensor SPOT teve seu lançamento no início do ano de 1986, através do programa FrenchNational Space Program, uma associação entre os franceses, suecos e os belgas. Os sensores SPOT se apresentam nos modos pancromático e multiespectral (LOCH, 2008, p. 79). O sensor CBERS faz parte de uma parceria entre China e Brasil. CBERSem português significa satélite sino-brasileiro de recursos terrestres e suas imagens estão armazenadas no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e, da mesma forma como ocorre com as imagens LANDSAT, elas podem ser obtidas gratui- tamente. O lançamento do primeiro CBERS, chamado de CBERS-1, ocorreu em 1999. Na Figura 7, selecionamos uma imagem do CBERS, observe. FIGURA 7 – IMAGEM CBERS VISTA AÉREA DE BRASÍLIA FONTE: <https://bit.ly/3pzX4dh>. Acesso em: 4 fev. 2021. Outro fato importante e atual, que faz parte da história da fotointerpreta- ção, refere-se aos veículos aéreos não tripulados, os quais você estudará de forma mais detalhada na Unidade 2 deste livro. TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 13 Os veículos aéreos não tripulados são controlados por um operador que deve permanecer em uma base principal. Este tipo de veículo tem a localização exata sendo monitorada durante todo o tempo de seu percurso pelo Sistema de Posicionamento Global, popularmente conhecido como GPS. Na Figura8, como forma de ilustração, você pode observar um dos modelos aéreos não tripulados que podem ser utilizados para a obtenção das fotografias aéreas ou imagens para uso na fotointerpretação (JENSEN, 2011). FIGURA 8 – VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO FONTE: <https://bit.ly/3pEMGAN>. Acesso em: 4 fev. 2021. Os veículos aéreos não tripulados possuem tecnologia de ponta para a obtenção, armazenamento e transferência das imagens obtidas. Até aqui, você acompanhou a descrição da história da fotointerpretação, conheceu alguns fatos importantes que permitiram o avanço científico e tecnoló- gico que se refletem nas possibilidades de obtenção de dados com grande preci- são e acurácia. Agora, convidamos você para acompanhar o subtópico a seguir, no qual estudaremos os conceitos da fotointerpretação. 3 CONCEITOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO Ao longo da história da fotointerpretação, diversos foram os pesquisadores que conceituaram a técnica da fotointerpretação, portanto, convidamos você a conhe- cer alguns destes conceitos, bem como algumas discussões geradas em torno deles. Inicialmente, destacamos que a conceituação de fotointerpretação de Wolf (1974 apud LOCH, 2008, p. 11) – também estabelecida pela Sociedade Americana de Fotogrametria – dizia que “o ato de examinar e identificar objetos (ou situa- ções) em fotografias aéreas (ou outros sensores) e determinar o seu significado”. UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 14 Em uma linha muito próxima ao conceito de Wolf (1974), temos Anderson (1982, p. 1), o qual afirma que “a fotointerpretação é o ato de examinar imagens com o fim de identificar objetos e determinar seus significados”. Anderson (1982) também defende que a conceituação é extremamente simples, uma vez que não leva em con- sideração questões importantes que ocorrem no processo da fotointerpretação. Se ob- servarmos esse conceito, em nenhum momento faz referência às mais variadas técnicas existentes e que podem ser aplicadas durante o processo da fotointerpretação, porém, este conceito, como o próprio Anderson (1982) destaca, é capaz, o suficiente, de atender às necessidades dos estudiosos que estão iniciando a técnica da fotointerpretação. Ainda sobre o conceito de Anderson (1982), o autor o defende como sendo um conceito valioso, porque ele permite que, assim que o fotointérprete chega ao final do processo da fotointerpretação em cada objeto que ele examinou, ele tenha condições de nomear esses objetos. Acompanhe um exemplo: em uma fotografia aérea de uma determinada região, foram traçados polígonos que se referem à plantação de soja, a atribuição deste significado ao referido polígono ocorre pelo fato de que o objeto considerado possui elementos de reconhecimento no processo da fotointerpretação. Loch (2008, p. 11), em sua obra, apresenta outro conceito: “a previsão do que pode ser visto na imagem”. Observando o conceito apresentado pelo autor, é possível notar que ele se refere à possibilidade de deduzir os dados que se encon- tram na fotografia aérea, quando lhe falta o conhecimento. Fitz (2008, p. 118), por sua vez, traz um conceito de fotointerpretação que trata da técnica em que se realizam os estudos das imagens fotográficas com o ob- jetivo de se identificar, interpretar e de se obter informações dos fenômenos que nela estão contidos. O autor descreve, ainda, que a fotointerpretação se encontra estritamente vinculada com a aerofotogrametria, uma vez que elas podem ser utilizar tanto as imagens tanto de satélite quanto às de radar. Outro importante conceito de fotointerpretação foi apresentado por Teng (1997, p. 49), no qual a fotointerpretação é “a inferência da informação a partir de dados obtidos através da observação de um meio fotográfico com ou sem a ajuda de equipamentos”. Aqui temos umconceito mais completo em que o autor traz a discussão de detalhes importantes para auxiliar na compreensão da fotointerpre- tação. Observando atentamente o conceito, é possível destacar quatro palavras básicas e que fazem parte do dia a dia de um fotointérprete. Estas palavras que compõem o glossário da fotointerpretação são: o meio fotográfico, a observação, a inferência e o equipamento. Disperati, Santos e Zerda (2007) realizaram uma discussão sobre estas palavras. Os conceitos de observação e inferência foram trabalhados juntos. Vamos observar a descrição dos autores. • Meio fotográfico: considerado como filme ou as suas cópias fotográficas. Po- dem estar tanto em meio analógico quanto em meio digital. Elas registram a energia refletida dos objetos, tanto no visível quanto no infravermelho. TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 15 • Observação e inferência: são as partes que compreendem ao fator humano. A ob- servação é crítica uma vez que fornece dados brutos e a inferência trata do proces- so lógico no qual a observação e a interpretação são realizadas. Elas precisam de treinamentos, experiências, da visão natural e das habilidades do fotointérprete. • Equipamento: facilita o processo de interpretação de observação, o processo de efetuar as medições necessárias na fotografia. Por meio de equipamentos é possível realizar a transferência de resultados obtidos pela fotointerpretação para uma base cartográfica que esteja disponível. Com as ponderações de Disperati, Santos e Zerda (2007) acercado concei- to de fotointerpretação por Teng (1997), fica evidente que esta técnica se utiliza tanto do raciocínio lógico quanto dos raciocínios indutivo e dedutivo para com- preender os objetos que se encontram presentes em uma fotografia aérea. Em relação aos conceitos mais atuais de fotointerpretação, destacamos Rosenfeldt (2016) e Câmara (2017). Por Rosenfeldt (2016) a fotointerpretação tem como objetivo o exame das imagens possibilitando a identificação de objetos e definir o seu significado. Com este breve conceito, salientamos que os objetos que se encontram nas fotografias aéreas são importantes, uma vez que eles permitem que sejam obtidas as reconstruções das geometrias dos objetos identificados. Des- ta forma, o resultado gerado no processo da fotointerpretação permite que seja realizada a classificação dos objetos por inúmeros recursos. O conceito apresentado por Câmara (2017) refere-se à fotointerpretação como o ato de identificar e examinar os objetos em uma imagem, e, desta forma, o fotointérprete consegue determinar o seu significado. A autora destaca que este conceito nos leva a uma visão mais empírica, embora haja duas formas distintas de interpretar as imagens, sendo que uma delas é considerada como o método direto e a outra como o método correlativo. Em relação ao método direto, trata-se somente dos objetos visíveis e o método correlativo dos objetos não visíveis. Para o método correlativo é necessário a realização do conhecimento do local, ou então, que se faça uma visita em campo para o reconhecimento de determinados objetos. Ainda no que se refere às subdivisões da fotointerpretação em direito e correlati- va Disperati, Santos e Zerda (2007) deixam clara a necessidade de classificá-las. Portanto, para os autores, a classificação é bem objetiva e segue o descrito por Câmara (2017), ou seja, quando falamos em fotointerpretação direta estamos falando da interpretação dos objetos visíveis na imagem, e quando falamos em fotointerpretação correlativa estamos nos referindo à interpretação dos objetos que não são visíveis na imagem. Pois bem, Disperati, Santos e Zerda (2007) descrevem que a fotointerpretação direta é um reconhecimento direto dos objetos presentes em uma fotografia aérea, e estes objetos podem ser os que foram construídos pelo homem ou podem ser os objetos naturais como os rios, as florestas, as montanhas e outros. Então, no caso da fotointerpretação direta é muito comum que o fotointérprete opte pelo não uso de aparelhos durante o processo de observação e de análise das fotografias aéreas. No caso da fotointerpretação correlativa, considerada como sendo a mais complexa das UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 16 técnicas interpretativas, Disperati, Santos e Zerda (2007) pontuam que neste tipo de fotointerpretação são incluídas as técnicas da fotointerpretação direta e outros exa- mes com maior grau de detalhamento, como é o caso do estudo tridimensional da imagem e, também, as deduções relativas aos elementos que se encontram ocultos em uma fotografia aérea, como exemplo as análises de levantamento de solo e geoló- gicos obtidas através das redes de drenagem e do aspecto topográfico. A fotointerpretação, além de direta e correlativa, é também subdividida conforme a tecnologia e equipamentos utilizados durante os processos de fotointer- pretação, por isso ela basicamente pode ser classificada como analógica ou digital. No Quadro 1 você acompanhará uma adaptação das diferenças existentes entre a fotointerpretação analógica e digital para os processos de interpretação de fotografias aéreas e imagens. Observe: QUADRO 1 – DIFERENÇA ENTRE FOTOINTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL Analógica Digital Formato: analógico Formato: digital Interpretação visual Tratamento digital Testes iniciais Pré-processamento Trabalho de campo preliminar Realce Confecção da chave de interpretação Trabalho de campo Interpretação Classificação de padrões Mapa preliminar Pós-processamento Trabalho de campo Trabalho de campo Exatidão do mapa Exatidão do mapa FONTE: Machado e Kawakubo (2019, p. 26) Como você pôde observar no quadro, as diferenças existentes entre a fo- tointerpretação analógica e digital estão basicamente no formato da fotografia e/ ou imagem e a forma como ela é analisada, examinada, porém as diferenças nos levam a um único objetivo, a identificação dos objetos na fotografia aérea ou ima- gem com a devida exatidão e acurácia. Caro acadêmico, você estudará fotointerpretação analógica e digital com mais detalhes na Unidade 3, Tópico 3, deste livro didático. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 17 Baseando-se nos conceitos apresentados, algumas dificuldades relaciona- das ao fotointérprete devem ser levadas em consideração. Essas dificuldades são dos mais variados tipos e interferem no resultado do trabalho final, elas podem estar relacionadas aos aspectos geométricos, físicos, fisiológicos, psicológicos e outros. Vamos observar algumas delas: • Dificuldade devido à forma e ao tamanho dos objetos. • Dificuldade devido à propagação da luz nos diversos meios. • Dificuldade devido à visão binocular do observador. • Dificuldade relativa à percepção do observador pelo objeto analisado de for- ma ordenada e lógica. • Dificuldade pela ausência de conhecimento da área. • Dificuldade pelo fato de as fotografias aéreas estarem em escalas distintas da- quelas em que os profissionais estão acostumados a trabalhar em seu dia a dia. Como você pôde observar, são vários os autores que conceituam o tema fotointerpretação, todos os conceitos estão certos, cabe a nós, enquanto estudio- sos e profissionais da área, analisarmos e optarmos por aquele que for mais ade- quado dentro do que conhecemos e defendemos como técnica fotointerpretativa. 18 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • A fotografia como invenção foi oficializada no período de 1833 a 1839. Para que entrasse em funcionamento eram necessárias duas teorias principais: 1) que tivesse a existência correta de uma teoria de luz e cores; e 2) um instru- mento que fosse capaz de realizar a captação da cena. • No início do século XIX, dois franceses elaboraram o primeiro método de fotografias. • Primeira fotografia aérea a bordo de um balão foi realizada pelo fotografo francês Félix de Tournachon. • Em 1903 foi patenteada a primeira câmera fotográfica que permitia o acopla- mento ao peito dopombo correio. • O uso da fotografia aérea, de forma efetiva, ocorreu na Guerra Civil dos Esta- dos Unidos da América, Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial. • As intensas atividades militares da Primeira Guerra Mundial permitiram que os militares processassem mais de 10 mil fotografias aéreas por dia. • Na década de 1990, foi possível realizar a geração de fotografias aéreas em três dimensões. • Definição do método de fotointerpretação direta e correlativa. • A fotointerpretação pode ser subdividida em analógica e digital. • Sensores como LANDSAT, SPOT e CBERS eram utilizados para a obtenção de fotografias aéreas e imagens. • Os veículos aéreos não tripulados são, hoje, outros métodos para a obtenção das fotografias aéreas. 19 1 A fotografia, como invenção, foi oficializada entre os anos de 1833 a 1839, e diversos processos tecnológicos já estavam disponíveis, porém existia o problema relacionado ao fato de se ter um profissional que soubesse traba- lhar com essas tecnologias. E, além da questão profissional, existiam, tam- bém, teorias que deveriam ser consideradas. Sobre essas teorias, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas. ( ) A existência de uma correta teoria que tratasse a luz e as cores. ( ) A existência de uma correta teoria que tratasse a luz e as formas. ( ) A existência de um instrumento suficiente para a captação da cena. ( ) A existência de um instrumento insuficiente para a captação da cena. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – V – F. b) ( ) V – V – F – F. c) ( ) F – V – V – F. d) ( ) F – V – F – V. 2 “O anáglifo é definido como a figura resultante da impressão ou da pro- jeção, em superposição, de um par de fotografias estereoscópica em cores complementares – verde e vermelho. Essas fotografias aéreas em 3D eram muito produzidas na década de 1990 e consideradas de baixo custo” (GAR- CIA; PIEDADE, 1981 apud DISAPARTTI; OLIVEIRA FILHO, 2005, p. 4). Diante deste contexto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A imagem vista em relevo ou em 3D é obtida pela observação do aná- glifo somente com o uso de estereoscópico sem a necessidade dos ócu- los com filtros b) ( ) A imagem vista em relevo é obtida pela observação do anáglifo sem a necessidade dos óculos com filtros usados em cores complementares. c) ( ) A imagem vista em relevo ou em 3D é obtida pela observação do aná- glifo através dos óculos com filtros usados nas cores complementares. d) ( ) A imagem vista em 3D é obtida pela observação do anáglifo sem a ne- cessidade dos óculos com filtros usados em cores complementares. 3 Observamos que, ao longo da história da fotointerpretação, vários pesqui- sadores realizaram suas publicações e nelas continham conceitos de fotoin- terpretação. Um dos conceitos é considerado simplista, porém, é suficiente- mente capaz de atender às necessidades de quem está iniciando na técnica da fotointerpretação. Sobre este conceito, assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE 20 a) ( ) É o ato de examinar as imagens sem identificar os objetos e tampouco determinar os significados. b) ( ) É o ato de examinar as imagens com o fim de identificar objetos e deter- minar seus significados. c) ( ) É o ato de se prever o que está contido nas imagens sem a necessidade de determinar seus significados. d) ( ) É o ato de examinar e prever o que consta nas imagens sem a necessida- de de determinar seus significados. 4 A fotointerpretação analógica foi marcada pela invenção do aparelho es- téreo comparador que permitia ao fotointérprete uma maior agilidade na execução de seu trabalho. Posteriormente, houve a criação do método de retificação das fotografias aéreas considerado como sendo um passo impor- tante no que se refere à utilização das fotografias aéreas para a realização de mapeamentos de grandes áreas terrestres. Portanto, com esse breve relato da história da fotointerpretação analógica e nos conhecimentos obtidos du- rante os seus estudos, disserte sobre a o uso das fotografias digitais e das imagens digitais como fonte primária de dados para a fotointerpretação. 5 A fotointerpretação também é compreendida como sendo a inferência da informação com base em dados obtidos por meio do processo de observa- ção fotográfica, com o uso ou não de equipamentos, como o estereoscópico, que traz detalhes considerados importantes para a compreensão do proces- so fotointerpretativo e que fazem parte do dia a dia da fotointerpretação – o meio fotográfico, a observação, a inferência e o equipamento. Portanto, com base neste relato e nos conhecimentos que você obteve em seus estudos, disserte sobre o equipamento, a observação e a inferência. 21 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 NOÇÕES BÁSICAS DA FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO 1 INTRODUÇÃO No tópico anterior, você estudou a história da fotointerpretação, seus con- ceitos, bem como algumas ponderações. Essa primeira parte foi importante e nos forneceu subsídios para que possamos avançar ainda mais em nossos estudos. No segundo tópico, você estudará as noções básicas e os diferentes níveis de fo- tointerpretação. Estes temas permitirão que você tenha uma visão mais crítica, principal- mente, em relação aos níveis de fotointerpretação e quando eles deverão ser utilizá-los. Os assuntos que serão abordados neste tópico formam a base do conhecimento necessário para as próximas etapas de aprendizado em fotointerpretação. Acompanhe! 2 NOÇÕES BÁSICAS DE FOTOINTERPRETAÇÃO As noções básicas da fotointerpretação abordam basicamente as fotografias aéreas e os elevados cuidados e especificações técnicas e tecnológicas que os profissionais devem considerar. Então, sobre estes cuidados e especificações, destacamos alguns que irão nortear nossos estudos de forma introdutória neste momento, pois, eles serão tratados de forma mais completa no decorrer de seu livro didático. Portanto, os aspectos a serem destacados são: • o avião e voo; • a câmera; • o filme; • as condições atmosféricas; • fotografias aéreas e imagens; • Interpretação. O avião, para que possa realizar a captura das fotografias aéreas, deve manter durante todo o percurso de seu voo a mesma altura e velocidade constante. Geralmente, os voos são realizados por solicitações contratuais de instituições governamentais municipais, estaduais e federais, ou, ainda, por instituições privadas. As empresas que têm permissão de realizarem estes voos pertencem a organizações particulares e devem possuir especializações em mapeamentos aéreos (LOCH; ERDA, 2007; CAZETTA, 2009; LOCH, 2008). 22 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO Para que possamos obter fotografias aéreas, com o uso de um avião, por exemplo, é necessário que ele percorra faixas estabelecidas e que cada uma delas tenha entre 50 e 60% de sobreposição longitudinal e deverá, também, ter entre 10 a 30% de sobreposição lateral, é, portanto, desta forma, que teremos o recobrimento total da área fotografada e obteremos a estereoscopia (CAZETTA, 2009; LOCH, 2008).Basicamente, para a obtenção de uma fotografia aérea, é necessário que se tenha uma câmera aerofotogramétrica, uma vez que ela possui todos os princípios de uma câmera fotográfica comum, a principal diferença entre essas câmeras está relacionada ao seu tamanho e aos materiais técnicos que acompanham. Porém, para que possam ser obtidas as fotografias da superfície terrestre ela precisa conter certas especificidades como alta resolução, maior capacidade de filme e também de fotografia, elas necessitam de um ativamento automático ou semiau- tomático para que funcione nos intervalos determinados segundo a velocidade de voo, deve ainda haver um nível de nave e um esférico que permita a realização dos registros de todas as variações sofridas pelo avião durante o voo, precisa ter um es- tatoscópico, ou seja, um altímetro diferencial, este aparelho tem a função de realizaro registro das variações do voo; deve possuir um giroscópio, este aparelho possui a finalidade de evitar que as oscilações – as quais, por ventura, possam ocorrer duran- te o voo –interfiram, de alguma forma, na câmera (SOUZA et al., 2003). As fotografias aéreas devem ser classificadas considerando critérios como o eixo ótico da câmera aérea e o sistema ótico. Sobre o eixo ótico câmera, sua origem pode estar relacionada tanto com uma fotografia aérea oblíqua quanto com uma fo- tografia aérea vertical. O sistema ótico, por sua vez, pode ser simples ou múltiplo (FLORENZANO, 2002). Outro fato importante a ser considerado refere-se aos tipos de filmes utilizados para a obtenção das fotografias aéreas. Estes filmes geralmente apresentam uma grande sensibilidade às diferentes faixas do espectro eletromagné- tico, responsável por dar origem às fotografias. As fotografias aéreas podem ser do tipo pancromáticas conhecidas popularmente como branco e preto, e, também as ob- tidas em preto e branco infravermelho e as coloridas, conhecidas como normais e/ou naturais infravermelhas, também chamadas de falsa cor (CAZETTA, 2009). “A falsa cor neste caso refere-se ao fato de que a paisagem é captada por este tipo de filme não é produzida nas cores comumente vistas pelo olho humano” (CAZETTA, 2009, p. 79). ATENCAO Os voos são planejados com uma devida antecedência, e como não é pos- sível realizar uma previsão das condições atmosféricas em longo prazo, alguns fa- tores atmosféricos podem, de alguma forma, comprometer a nitidez das imagens. TÓPICO 2 — 23 Questões como presença de nuvens, nebulosidade e fumaça tendem a re- duzir a nitidez dos objetos constantes em uma fotografia aérea. Estes fatores po- dem ocasionar alterações da tonalidade, principalmente do cinza. As condições atmosféricas são fatores que afetam a qualidade da imagem, porém não interfe- rem na geometria das fotografias aéreas, conforme descreve Loch (2008). Quando falamos em fotointerpretação, nos referimos sempre às fotogra- fias aéreas, mas, como já vimos, é possível usarmos imagens obtidas por outros sensores e os cuidados, por exemplo, como os fatores atmosféricos, também de- vem ser considerados. Além disso, destacaremos algumas comparações pertinentes entre foto- grafias aéreas e o sensor LANDSAT e RADAR para que possamos conhecer as características, observe o Quadro 2. QUADRO 2 – COMPARAÇÃO ENTRE FOTOGRAFIAS AÉREAS E O SENSOR LANDSAT E RADAR Fotos aéreas Imagens de satélite Imagens de radar Existem fotografias aé- reas de todo o território nacional O satélite CBERS 4A – Câ- mera WFI faz sua revisita a cada cinco dias, portan- to temos imagens sempre atualizadas. Existe um voo RADAR de todo o território nacional. A escala não é uniforme Existe recobrimento uni- forme de todo o território nacional. O RADAMBRASIL é que detém o material de RA- DAR no Brasil, o que fa- cilita a sua aquisição pelo usuário, uma vez que o órgão pode informar ima- gens de qualquer região do país. As escalas das fotogra- fias aéreas convencionais sendo maiores nos dão condições de uma análise mais detalhada da região. É fácil obter a imagem de interesse, pois o INPE de- tém o controle de todas as imagens; para isso basta informar o local e a épo- ca desejados. Existe ficha de pedido do material, na qual o cliente indica as ca- racterísticas exigidas do produto. Estão disponíveis no RA- DAR, papel fotográfico OFF-SET e cartas imagens e manuais com a análise do material. Cada manual abrange uma área de 4° em latitude e 6° em longitude. 24 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO Obter uma foto de uma re- gião de interesse é mais difí- cil, pois são várias as firmas de aerolevantamento, em todo o território nacional. Existem 12 canais espec- trais. É necessário que o usu- ário vá ao órgão de pla- nejamento de cada esta- do para investigar o que existe de aerolevanta- mento na região de inte- resse. Além disso, exis- tem voos isolados para as prefeituras que, even- tualmente, podem passar despercebidos pelo órgão do estado. FONTE: Adaptado de LOCH (2008, p. 82) Conforme observado no Quadro 2, temos tanto fotografias aéreas quanto imagens de todo o território nacional. A diferença é que a imagem de satélite, a exemplo do CBERS 4A, tem o seu recobrimento a cada cindo dias de maneira uniforme e sua obtenção é através da página do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Visto isso, podemos dizer que as formas de obtenção das foto- grafias aéreas e as imagens são distintas, porém, elas são possíveis de serem uti- lizadas para a realização da interpretação técnica e visual em estudos do espaço. As fotografias aéreas, no caso da fotointerpretação permitem que, enquan- to indivíduos que somos, temos condições de identificar, através dos diversos tipos de linguagens, o território e as suas paisagens. É possível, ainda, identificar cada problemática a ser resolvida através de uma percepção da realidade que até o momento não tínhamos (CAZETTA, 2009). As fotografias aéreas e as imagens orbitais possibilitam que o fotointérprete tenha dois níveis de análise conhecidos como cognoscibilidade e inteligibilidade. A cognoscibilidade trata da “aquisição dos dados e independe da interpretação, limita-se somente à apreensão da infor- mação sobre a superfície terrestre” (CAZETTA, 2009, p. 78). A inteligibilidade, por sua vez, é a fase que trata da análise e da interpre- tação, alguns autores descrevem como sendo o tratamento e a interpretação dos dados, mas para Castilho (1999, p. 75-76 apud CAZETTA, 2009) ela “transcende a uma questão somente técnica, mas ela não impõe um conhecimento racional, uma interpretação da que se oferece aos sentidos, partindo-se dos dados para criar a informação, atendendo a um objetivo em específico”. Para que o fotoin- térprete possa ter uma boa interpretação dos dados através da inteligibilidade, é preciso que as fotografias aéreas ofereçam ao fotointérprete condições de visibi- lidade dos objetos presentes nas imagens (CAZETTA, 2009).Portanto, nas foto- TÓPICO 2 — 25 grafias aéreas, a visibilidade é um fator fundamental, e esta visibilidade se deve a aspectos como propriedade dos objetos, tipos dos objetos, escala, qualidade dos equipamentos utilizados e aspectos relacionados à acuidade da visão estereoscó- pica do fotointérprete. Estes fatores auxiliam no momento da realização da inter- pretação das fotografias aéreas exigindo mais ou menos conhecimentos técnicos e/ou tecnológicos do fotointérprete. De forma básica, a estereoscopia é conhecida como a ciência e a arte que consentem a visão estereoscópica chamada por muitos de método da terceira dimensão (CAZETTA, 2009). Sobre a visão estereoscópica é importante que você acompanhe a citação a seguir: Quando uma câmera aérea vai fotografando o terreno em espaços uni- formes, ao longo do voo do avião, cada fotografia é tirada de um ângu- lo diferente do ângulo pelo qual é obtida a fotografia seguinte. Então a área comum entre as duas fotografias, que é a superposição, repete a visão binocular humana. A fim de reproduzir artificialmente a visão estereoscópica, tornam-se duas fotografias consecutivas e, mediante um instrumento ótico binocular, chamado estereoscópico, consegue- -se ver os objetos representados em ambas, em terceira direção. Como a visão normal, com os dois olhos (OLIVEIRA, 1988, p. 104). Aproveitando o ensejo, é através da estereoscopia que conseguimos confec- cionar também as cartas topográficas, por meio da restituição. Para este processo, é primordial o uso de duas fotografias aéreas, para que seja possível visualizar a ima- gem de uma área selecionada de um terreno em três dimensões, e, portanto, o técnico consegue executar o desenho pelo que ele vê no aparelho restituidor. Atualmente, as imagens orbitais permitem a realização desta atividade (CAZETTA, 2009). Nós, enquanto seres humanos, temos condições de realizar a interpretação das imagens, atravésde elementos considerados básicos como a escala de tons de cin- za, a cor, os aspectos relacionados à profundidade, ao tamanho, à textura, à localiza- ção, bem como à associação e ao arranjo, como defendem Jensen (2011) e Loch (2008). A mente humana possui condições excepcionais que permitem tanto o reco- nhecimento quanto a associação dos elementos considerados complexos em uma dada fotografia aérea, e até em uma imagem, isto porque estamos habituados a processar estas informações como as das feições da Terra, através das imagens que visualizamos diariamente nos mais diversos meios de comunicação, como bem ponderam Jensen (2011) e Cazetta (2009), observe um exemplo na Figura 9, que demonstra a parte do Litoral Norte de São Paulo –Caraguatatuba, São Sebastião e parte de Ilhabela. 26 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO FIGURA 9 – IMAGEM WPM DO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO - CARAGUATATUBA, SÃO SE- BASTIÃO E PARTE DE ILHABELA FONTE: <https://bit.ly/3ueAdaJ>. Acesso em: 4 fev. 2021. De acordo com Jensen (2011), o que conseguimos visualizar na figura apresentada é o que conseguimos processar de informações das quais já temos algum conhecimento prévio, e, com isso, o processo de interpretação a partir do reconhecimento dos elementos acaba por se tornar menos complexo. Com base nos descritos, é possível destacar que as propriedades técnicas uti- lizadas para capturar as informações são compostas de elementos de linguagens que de alguma forma permitem a realização da interpretação das imagens que foram ob- tidas, e então podemos dizer que a técnica faz parte da linguagem (CAZETTA, 2009). Visto isso, ponderamos que as formas para a obtenção das fotografias aéreas e as imagens são distintas, porém, elas são possíveis de serem utilizadas para a realização da interpretação técnica e visual para a realização de estudos do espaço (CAZETTA, 2009). A qualidade dos resultados obtidos no processo de fotointerpretação pode não ser igual a todos os profissionais envolvidos, já que existem inúmeras diferenças entre o processo de interpretação e estes dependem das características próprias dos obje- tos considerados pelos próprios fotointérpretes, ou, também, pela existência de outras características. Quando o fotointérprete possui mais experiência, ele consegue extrair informações necessárias para a realização dos objetivos previstos em seus estudos e a partir disso elaborar o mapa temático (DISPERAT; SANTOS; ZERDA, 2007). Quando abordamos os casos relativos à investigação cientifica geográfica, a exemplo, teríamos imagens das quais poderíamos considerar mais legitimas, princi- palmente se formos colocá-los em uma dada realidade do que realmente venha a ser TÓPICO 2 — 27 o espaço geográfico. Conforme o apontamento, vamos considerar as colocações de Cazetta (2009) quando diz que os mapas, as cartas topográficas, as fotografias aéreas e as imagens aéreas orbitais garantem o status do que é real ou do que é a realidade geográfica de acordo com as técnicas e as tecnologias que produziram tais imagens. Desta forma, quando pensamos em espaço geográfico, no mesmo instante imaginamos que este possa ser de uma grande ou pequena escala, mas, indiferente disso, esse espaço será sempre cartografado, fotografado, imageado e pesquisado, conforme defende Cazetta (2009). Permitirá, ainda, que a sua realidade seja reco- nhecida e apresentada de diversas formas como exemplo as físicas e as simbólicas. Continuando a explorar a colocação de Cazetta (2009) sobre a forma de como o espaço pode ser representado, não devemos esquecer que fatores como a linguagem e realidade estão inter-relacionadas e, desta forma, é possível visuali- zar um determinado local através de uma carta topográfica, ou então, de outras formas, como as fotografias aéreas e as imagens orbitais. Até aqui você estudou as noções básicas da fotointerpretação, agora, con- vido você a estudar os diferentes níveis de interpretação. 3 DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO Inicialmente, você não necessita ser um profissional da fotointerpretação para identificar em uma fotografia aérea uma zona urbana ou uma zona rural. Uma zona urbana, por exemplo, pode ser interpretada através de linhas distribu- ídas na forma de malhas, nas quais identificamos, muitas vezes, os traçados das quadras, observe a Figura 10. Já na zona rural, o que a distingue da zona urbana são os diversos tons e as texturas, estas possibilitam identificar os mais variados tipos de cultivares agrícolas, conforme demonstrado na Figura 11 (LOCH, 2008). FIGURA 10 – FOTOGRAFIA AÉREA ZONA URBANA FONTE:<https://bit.ly/37Mg5Dp>. Acesso em: 4 fev. 2021. 28 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO FIGURA 11 – FOTOGRAFIA AÉREA ZONA RURAL FONTE: Câmara (2017, p. 38) Observando rapidamente estas fotografias, você deve ter imaginado que a fotointerpretação é algo extremamente simples e quase se assemelha aos jogos de passa tempo, porém esta é só uma impressão. Devido aos instrumentos técnicos, conhecimentos e processos que necessariamente são aplicados na fotointerpreta- ção, ela foi dividida em níveis (ANDERSON, 1982). Estes níveis são chamados de: • nível básico; • nível técnico; • nível profissional; • nível especializado. O nível básico trata de interpretações mais evidentes, uma vez que fazem uso do conhecimento que o indivíduo traz consigo, e, ao mesmo tempo, cobra dele um pouco do conhecimento básico de análise de imagens. O fotointérprete, quando dedicado às técnicas básicas que porventura venham a empregar durante o processo de interpretação das imagens, pode obter um expressivo número de informações em uma mesma foto, possibilitando que a fotointerpretação, que es- teja sendo realizada no momento, seja quase exata (ANDERSON, 1982). O conhecimento no nível básico deve estar relacionado aos aspectos que in- fluenciaram no reconhecimento como a forma, sombra, tamanho, tonalidade, den- sidade, declividade, textura, posição, adjacências. Na Figura 12, você, certamente, consegue, de forma visual, identificar alguns dos aspectos de reconhecimento. TÓPICO 2 — 29 FIGURA 12 – IMAGEM CBERS 4A FONTE: <https://bit.ly/3saBVYI>. Acesso em: 4 fev. 2021. O nível técnico, segundo Anderson (1982), refere-se ao trabalho com uma exigência de maior habilidade do que se espera de uma interpretação no nível bá- sico, ou seja, no nível técnico o fotointérprete necessitará realizar procedimentos como as medições e as identificações em diversos objetos, além de manusear as fotografias. Porém, neste nível, não se espera do fotointérprete que ele tenha um profundo conhecimento das disciplinas ou das áreas de pesquisa que estará ana- lisando no devido momento. Observe a Figura 13, referente ao porto de Beirute no Líbano, certamente, você, como nível técnico em interpretação, terá condições, por exemplo, de realizar medições dos objetos presentes na imagem como as dis- tâncias entre os berços de atracações dos navios. FIGURA 13 – IMAGEM CBERS 4A – BEIRUTE – LÍBANO FONTE: <https://bit.ly/3pJhqRz>. Acesso em: 4 fev. 2021. 30 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO O nível profissional é o nível mais completo quando comparado com os níveis básico e técnico. Este nível, segundo Anderson (1982), é aplicado a uma de- terminada área ou campo de atividade. Nele, o fotointérprete tem a possibilidade de atuar em diversas áreas do conhecimento, como: Engenharia de Minas, Enge- nharia Florestal, Engenharia Civil, Geologia, Geografia, Arqueologia, Cartogra- fia, Agronomia, Ecologia, Geomorfologia, Pedologia, Arquitetura, entre outras. Veremos o exemplo do nível profissional da implementação de uma es- trada, conforme Loch (2008). Para a fase de elaboração do projeto de estradas é necessário que o profissional faça uso da interpretação de imagens através de fotografias aéreas ou de imagens obtidas por meio de outros sensores. Segundo Loch (2008), as fotografias aéreas, ou as imagens,permitirão ao pro- fissional a realização de estudos que possam determinar as diversas diretrizes de uma estrada, e, então, o profissional terá condições de optar por aquilo que for mais conveniente em diversos aspectos, principalmente, os ambientais e econômicos. Nesse caso, a fotointerpretação permite que o profissional identifique as ca- racterísticas da região como no caso os terrenos montanhosos. Para esta situação, é necessário que o profissional realize o levantamento planimétrico utilizando como base as fotografias aéreas ou imagens (LOCH, 2008). Observe que, neste momento, o nível profissional, conforme visto anteriormente, necessita ter os conhecimentos de outras áreas como a engenharia civil, a geomorfologia e a topografia basicamente. Levantamento planimétrico é o “levantamento dos limites e confrontações de uma propriedade, pela determinação do seu perímetro, bem como a sua orientação e a sua amarração a pontos materializados no terreno de uma rede de referência cadastral, inexistên- cia, ou, no caso de sua a pontos notáveis e estáveis nas suas imediações” (ABNT, 1994, p. 3). NOTA Dando continuidade ao nosso exemplo, o intérprete do nível profissional para realizar o estudo da implementação de uma estrada em uma determinada área deverá além do que já apresentamos realizar o mosaico de fotografias aéreas. Para a construção do mosaico costuma-se utilizar tanto fotografias aéreas quanto imagens. O mosaico permite que o intérprete tenha uma visão geral da aérea, facili- tando um estudo minucioso e, com isso, ele pode identificar as diversas alternativas possíveis para realizar a escolha da diretriz ou linha a ser seguida (LOCH, 2008). TÓPICO 2 — 31 Caro acadêmico, você estudará Mosaico na Unidade 2, Tópico 3, deste livro didático. ESTUDOS FU TUROS Com a realização do mosaico, o intérprete profissional pode realizar a análise do relevo e ainda tem a possibilidade de realizar as estimativas de proble- mas econômicos que possam ocorrer devido a algum procedimento que precise realizar por fatores que identifique durante a análise do relevo. Concomitante ao mosaico, uma análise das fotografias aérea sem maior esca- la deve ser realizada. Estas devem ser realizadas par a par com o uso de estereoscó- pios e o profissional deverá ser rigoroso, analisando todos os pontos de interesse que por algum motivo possam elevar o custo da obra, assim, o profissional fotointérprete vai construindo o esboço de todos os pontos de sua diretriz ou linha (LOCH, 2008). Com as etapas concluídas o intérprete de nível profissional deve fazer a restituição de uma faixa de cada fotografia aérea que faça parte do traçado da estrada. Nesta restituição, é importante que sejam marcados os pontos conside- rados como de passagem obrigatória, assim, devem marcar outros pontos que se- jam relevantes para a estrada. A restituição deverá ter um mínimo de três pontos de apoio tanto vertical quanto horizontal como as coordenadas do terreno e eles devem estar identificados nas fotografias aéreas (LOCH, 2008). Você, caro acadêmico, estudará Restituição na Unidade 3, Tópico 2, deste livro didático. ESTUDOS FU TUROS Você acabou de acompanhar uma breve descrição de como funciona o tra- balho de um fotointérprete de nível profissional, vamos agora para outro exem- plo, também descrito por Loch (2008, p. 71) para o controle de uma barragem, esta que exige um conhecimento avançado de algumas áreas, como exemplo: • Declividade do rio. • Tipos de solo. • Topografia local. • Estrutura rochosa. 32 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO • Densidade demográfica. • Avaliação da área em que a barragem ou o lago de inundação vai atingir. Neste caso deve-se realizar a porcentagem das áreas que poderão ser inundadas. Observe que diante do pontuado anteriormente, o trabalho para se imple- mentar uma barragem demanda de uma série de aplicações de fotointerpretação no nível profissional. Acompanhe alguns detalhes das aplicações de fotointerpretação. • construção de uma barragem com padrões rígidos de precisão é necessário o trabalho integrado entre a geodésia, fotointerpreta- ção e a fotogrametria. • redes de pontos de controle geodésicos para subsídios de acom- panhamento da área de toda barragem, todo esse trabalho é re- alizado pela fotointerpretação. Tais pontos de controle terrestre servem de sustentação para a cartografia da barragem. • a implementação da rede de pontos de controle geodésico é reali- zada antes do voo fotogramétrico. • quando da execução do voo os pontos devem estar sinalizados para que sejam mais fáceis de serem identificados nas fotografias aéreas (LOCH, 2008, p. 71-72). Com base no que lhe foi apresentado podemos dizer que a realização de uma pesquisa que visa à construção de uma barragem exige inúmeras atividades de fo- tointerpretação que devem ser realizadas. Portanto, para este profissional, é impor- tante que ele tenha conhecimento em várias aéreas para que possa atuar neste estudo. Para que possa exemplificar a descrição do controle de uma barragem com o uso de fotointerpretação no nível profissional, apresentamos a você uma imagem CBERS 4A com resolução de 2 m que você poderá utilizar. FIGURA 14 – IMAGEM DE UMA BARRAGEM – CBERS 4A COM RESOLUÇÃO DE 2M FONTE: <https://bit.ly/3bnLuwQ>. Acesso em: 4 fev. 2021. TÓPICO 2 — 33 Sobre os pontos de controle para o acompanhamento de uma barragem, Loch (2008) destaca que é necessário um trabalho intenso e integrado entre geo- désia e a fotointerpretação. Esta rede de pontos de controle geodésico é o que for- nece os principais subsídios para a realização do acompanhamento da barragem, sendo que este trabalho é realizado por meio da fotointerpretação. Os pontos de controle terrestre servem de base para a cartografia da barra- gem. A implementação desta rede de pontos de controle geodésico é realizada no local e ocorre antes do voo fotogramétrico. Para a realização deste voo os pontos devem estar pré-visualizados a fim de facilitar a sua identificação nas fotografias aéreas. É de extrema importância que estas fotografias aéreas estejam adequadas à maior resolução possível para o projeto (LOCH, 2008). Estas descrições que se referem ao nível profissional vão mais além em suas áreas, aqui, foram descritas de forma básica e dando destaque ao que se refere à fotointerpretação. Após estudarmos o nível profissional, vamos acompanhar o nosso último nível – o especializado –, que trata do nível em que o interprete é pesquisador e se utiliza de um embasamento teórico da fotointerpretação e associa a ele as outras áreas de pesquisa, como é caso do sensoriamento remoto – do qual ele poderá obter outros sensores de informações de forma concomitante, possibilitando a criação do sistema por algoritmos que permitam extração de informações de for- ma automática das fotografias aéreas (ANDERSON, 1982). Sensoriamento remoto é a arte e a ciência de obter informações de um objeto sem estar em contato direto com ele (JENSEN, 2011). NOTA Para uma melhor compreensão do nível de interpretação especializado, va- mos acompanhar a descrição do artigo elaborado por Nepumoceno e Luchiari (2014) intitulado Mapeamento morfológico de detalhe: experiência para a integração técnica da fo- tointerpretação e sistemas de informações geográficas no município de Salesópolis – SP. Trata-se de uma aplicação de fotointerpretação em nível especializado, pois os autores se utilizaram de um embasamento teórico associado da fotointerpreta- ção com outras áreas do conhecimento como é a geomorfologia, topografia, bem como a associação de outras tecnologias como o sistema de informações geográfi- cas (SIG), ou seja, neste caso, os autores realizaram a integração de técnicas para a realização do estudo geomorfológicos que resultem em maior objetividade e preci- são na identificação dos objetos de interesse (NEPUMOCENO; LUCHIARI, 2014). 34 UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO
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