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Aula 16
PC-RJ (Delegado) Direito Processual
Penal - 2021 (Pós-Edital)
Autor:
Leonardo Ribas Tavares, Equipe
Materiais Carreiras Jurídicas
01 de Outubro de 2021
22400681830 - EDUARDO ALVES DE CASTRO
 
 
Sumário 
1. Nulidades ........................................................................................................................................................ 3 
1.1 Noções gerais ........................................................................................................................................... 3 
1.2 Formas e tipicidade processual ................................................................................................................ 3 
1.3 Nulidade – significados e conceitos ......................................................................................................... 5 
1.4 Sistemas ................................................................................................................................................... 7 
1.5 Vícios dos atos processuais ...................................................................................................................... 8 
1.5.1 Inexistência ...............................................................................................................................................................8 
1.5.2 Irregularidade ...........................................................................................................................................................9 
1.5.3 Nulidade....................................................................................................................................................................9 
1.5.4 Anulabilidade ......................................................................................................................................................... 13 
1.6 Princípios informadores ......................................................................................................................... 13 
1.6.1 Princípio da tipicidade das formas ......................................................................................................................... 13 
1.6.2 Princípio do prejuízo – pas de nullité sans grief .................................................................................................... 13 
1.6.3 Princípio da instrumentalidade das formas ........................................................................................................... 14 
1.6.4 Princípio do interesse ............................................................................................................................................ 15 
1.6.5 Princípio da lealdade (boa-fé)................................................................................................................................ 17 
1.6.6 Princípio da convalidação ...................................................................................................................................... 17 
1.6.7 Princípio da causalidade/contaminação/consequencialidade/extensão: ............................................................. 19 
1.6.8 Princípio da conservação ....................................................................................................................................... 21 
1.6.9 Princípio da eficácia ............................................................................................................................................... 21 
1.6.10 Princípio da restrição processual à decretação da ineficácia .............................................................................. 22 
1.7 Hipóteses de nulidades absolutas .......................................................................................................... 23 
1.8 Hipóteses de nulidades relativas ............................................................................................................ 24 
1.9 Momento para arguição das nulidades relativas .................................................................................. 25 
1.10 Reconhecimento das nulidades ............................................................................................................ 27 
1.11 Nulidades em espécie/cominadas ........................................................................................................ 27 
1.11.1 Incompetência ..................................................................................................................................................... 27 
1.11.2 Suspeição ............................................................................................................................................................. 28 
1.11.3 Suborno ............................................................................................................................................................... 30 
1.11.4 Ilegitimidade de parte ......................................................................................................................................... 30 
1.11.5 Falta de denúncia, queixa ou representação....................................................................................................... 31 
1.11.6 Falta de exame de corpo de delito ...................................................................................................................... 32 
1.11.7 Falta de nomeação de defensor .......................................................................................................................... 32 
1.11.8 Falta de intervenção do Ministério Público ......................................................................................................... 33 
1.11.9 Falta de citação, interrogatório ou prazos........................................................................................................... 34 
1.11.10 Falta de pronúncia ............................................................................................................................................. 35 
1.11.11 Falta de intimação do réu para a sessão ........................................................................................................... 35 
1.11.12 Falta de intimação das testemunhas ................................................................................................................. 36 
1.11.13 Falta de número mínimo de jurados ................................................................................................................. 36 
1.11.14 Falta de sorteio dos jurados e incomunicabilidade ........................................................................................... 37 
1.11.15 Formulação de quesitos .................................................................................................................................... 37 
1.11.16 Falta de acusação e defesa na sessão................................................................................................................ 38 
1.11.17 Falta de sentença ............................................................................................................................................... 38 
1.11.18 Falta de recurso se ofício ................................................................................................................................... 39 
1.11.19 Falta de intimação de sentenças e decisões recorríveis .................................................................................... 39 
1.11.20 Falta de quórum para julgamento nos tribunais ............................................................................................... 40 
1.11.21 Omissão de formalidade essencial .................................................................................................................... 40 
1.11.22 Carência de fundamentação .............................................................................................................................. 41 
1.12 Nulidadesno inquérito policial ............................................................................................................. 41 
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2. Questões ...................................................................................................................................................... 42 
2.1 Questões sem comentários .................................................................................................................... 42 
2.2 Gabarito ................................................................................................................................................. 49 
2.3 Questões com comentários .................................................................................................................... 49 
3. Resumo ......................................................................................................................................................... 70 
3.1 Princípios informadores ............................................................................................................................................ 71 
3.2 Hipóteses de nulidades absolutas ............................................................................................................................ 73 
3.3 Hipóteses de nulidades relativas .............................................................................................................................. 74 
3.4 Momento para arguição das nulidades relativas ..................................................................................................... 74 
3.5 Reconhecimento das nulidades ................................................................................................................................ 74 
3.6 Nulidades em espécie/cominadas ............................................................................................................................ 74 
3.7 Nulidades no inquérito policial ................................................................................................................................. 77 
4. Referências bibliográficas ............................................................................................................................ 78 
 
 
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1. NULIDADES 
1.1 NOÇÕES GERAIS 
Iniciamos agora um dos temas mais delicados em processo penal. Não se trata de tema que tenha uma ampla 
construção teórica – não é isso! Aliás, constitui uma matéria que não é muito extensa. A complexidade se 
estabelece em relação às controvérsias (que são muitas), à confusão terminológica e à falta de sistematização 
e coerência científica, com muitas resoluções embasadas no casuísmo. 
O objeto de estudo das nulidades passa pela análise da forma dos atos processuais e, mais precisamente, 
pela consequência que o desrespeito a essa forma acarreta. Em última instância e diante de um determinado 
vício que se apresenta, o que se quer saber é se o ato praticado daquela maneira é válido ou não; se pode 
ser aproveitado ou não; se for invalidado, o que acontece com o processo ou com os demais atos do processo 
– dentre outras questões. 
Os atos processuais, evidentemente, são praticados de muitas formas; inúmeras são as possibilidades de 
incorrerem em vícios ou imperfeições. Seria impraticável querer estudar as nulidades somente a partir de 
casos concretos – inclusive porque a jurisprudência é vacilante e inconsistente. Assim, a melhor metodologia 
de aprendizado passa, antes de mais nada, pelo conhecimento dos sistemas, das regras gerais, dos princípios. 
1.2 FORMAS E TIPICIDADE PROCESSUAL 
A missão constitucional do processo penal é por demais importante. Ele é instrumento de aplicação do 
direito penal material, que não pode olvidar os direitos e garantias individuais. 
Já imaginaram um processo penal cujos atos e procedimentos fossem totalmente discricionários? No qual a 
lei não prescrevesse formas, prazos, condições? No qual as partes pudessem agir com total liberdade no que 
diz respeitos à produção das provas e intervenções processuais? No qual os recursos não fossem nominados 
e disciplinados? 
Bom, não é preciso dizer mais para que percebamos a importância de toda a regulamentação que se 
estabelece em relação aos procedimentos e atos processuais; há uma necessidade lógica nisso. Essa 
disciplina muitas vezes é extensa e complexa, mas em boa medida necessária para que se tenha segurança 
jurídica e equivalência de oportunidades pelas partes, e se aplique o direito material com algum grau de 
cientificidade e respeito aos direitos e garantias individuais. 
“A tarefa de aplicar o direito às situações concretas não é realizada aleatoriamente pelos órgãos estatais; ao 
contrário, a atividade processual também é regulada pelo ordenamento jurídico, através de formas que 
devem ser obedecidas pelos que nela intervêm” (Grinover, et al., 2001). 
[...] o processo penal cumpre as suas missões constitucionais também por meio de 
procedimentos, nos quais os atos processuais praticados pelas partes e pelo juiz (e por terceiros 
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que houverem de participar da relação processual) desdobram-se sequencialmente rumo à 
decisão judicial final. 
Os ritos processuais ou procedimentais seguem um itinerário definido previamente, com o 
objetivo de organizar a participação dos sujeitos do processo na construção do provimento 
jurisdicional final, de modo a permitir uma contribuição efetiva e em igualdade de condições na 
tutela dos respectivos interesses. 
As formas processuais existem e atuam, portanto, na medida de sua finalidade específica (Pacelli, 
2018). 
Formas processuais, portanto, são as prescrições legais que disciplinam os procedimentos e atos 
processuais. Haverá tipicidade processual quando determinado ato é realizado de acordo com o que 
prescreve a lei – é a subsunção do ato ao ‘tipo’ processual. 
“Nesse sentido, afirma-se que o processo exige uma atividade típica, composta de atos cujos traços 
essenciais são definidos pelo legislador. Assim, os participantes da relação processual devem pautar o seu 
comportamento segundo o modelo legal, sem o que essa atividade correria o risco de perder-se em 
providências inúteis ou desviadas do objetivo maior, que é a preparação de um provimento final justo”. 
“Por conclusão, o ato processual é espécie do ato jurídico e, portanto, deve obedecer a todas as formalidades 
exigidas em lei para sua realização, sob pena de haver a chamada atipicidade processual, ou seja, a 
desconformidade na prática do ato e à lei” (Rangel, 2018). 
Assim, uma boa noção da teoria dos atos jurídicos em geral, lá do Código Civil (arts. 104, 166, 185, 186, 187 
etc.), nos auxilia na compreensão. Lembremos, ao menos de algumas passagens do Código Civil: 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: [...] 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; [...] 
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, 
as disposições do Título anterior. 
Três são os requisitos: sujeito com capacidade, objetolícito e forma prescrita ou não defesa em 
lei. Portanto, se o ato processual for praticado por agente que não tem o atributo previsto em lei 
para praticá-lo, o ato será atípico e deverá sofrer uma sanção para que possa adequar-se à lei. 
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Exemplo: juiz incompetente proferindo julgamento em uma causa. Nesse caso, há afronta ao 
disposto no art. 5º, LIII, da CRFB. O ato está em desconformidade com o que diz a lei. 
A Lei diz, ainda (art. 41 do CPP), quais requisitos deve ter a denúncia, sendo um deles a exposição 
do fato criminoso, ou seja, a causa de pedir. Não havendo a causa de pedir, a denúncia é atípica, 
não encontrando perfeita harmonia com o que diz a lei. [...] 
Carnelutti, em sua preciosa obra, deixa consignado que: Quando o ato jurídico, em particular o 
ato processual, está provido de todos os seus requisitos, é dito que é perfeito. À perfeição do 
ato, na qual se expressa a presença de todos os seus requisitos, opõe-se sua imperfeição, a qual 
se resolve, reciprocamente, na ausência de algum de seus requisitos, isto é, na presença de algum 
vício. Da perfeição do ato deriva sua eficácia. Da imperfeição do ato pode derivar sua ineficácia. 
A perfeição é conceito estático; a eficácia é conceito dinâmico; a primeira refere-se ao ser do ato, 
a segunda a seu operar. O ato é eficaz ou ineficaz segundo produza ou não efeitos jurídicos 
(Instituições de Processo Civil. Editora Servanda, 1999, v. I, p. 582) (Rangel, 2018). 
Dissecando essa interessante passagem de CARNELUTTI, teríamos: 
o Ato processual provido dos seus requisitos = perfeito; 
o Ato processual sem algum dos seus requisitos = imperfeito; 
o Da perfeição (conceito estático, refere-se ao ‘ser’ do ato) = deriva eficácia (conceito dinâmico, refere-
se a seu ‘operar’); 
o Da imperfeição = pode derivar invalidade/ineficácia; 
o O ato é eficaz ou ineficaz segundo produza ou não efeitos jurídicos. 
Normalmente, atos processuais viciados são considerados válidos até que tenham a ineficácia declarada por 
órgão jurisdicional. 
Pois bem. Não há dúvida de que o ordenamento jurídico, como um todo, estabelece formas/tipos 
processuais. Ok. Mas de nada adiantaria o Estado prescrever essas formas sem se preocupar com o efetivo 
cumprimento delas. Nessa condição – para outorgar caráter cogente às formas estabelecidas, como uma 
espécie de sanção, impondo coercibilidade aos tipos processuais –, é que surgem as nulidades. 
1.3 NULIDADE – SIGNIFICADOS E CONCEITOS 
Afinal de contas, o que é nulidade❓ Qual o exato significado dessa palavra❓ A doutrina diverge. Para uns a 
nulidade é o vício, a falha, o defeito ou a imperfeição que atinge o ato processual; para outros é a sanção ou 
a consequência desse vício ou defeito. 
[...] nulidade não é o vício que inquina o ato, mas, sim, a sanção que se aplica ao ato viciado, em 
desconformidade com a lei. A nulidade é a consequência da prática do ato em desconformidade 
com a lei e não a desconformidade em si (Rangel, 2018). 
modelo legal
observância da 
prescrição
tipicidade processual
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A nulidade é uma sanção que, no processo penal, atinge a instância ou o ato processual que não 
estejam de acordo com as condições de validade impostas pelo Direito objetivo. A nulidade é a 
sanctio juris porque o processo ou o ato processual, que não se ajustam às regras que lhe são 
impostas nos textos legais, devem ser considerados como contrários ao Direito (Marques, 1997). 
São os vícios que contaminam determinados atos processuais, praticados sem a observância da 
forma prevista em lei, podendo levar à sua inutilidade e consequente renovação (Nucci, 2018). 
Nulidade é um vício processual decorrente da inobservância de exigências legais capaz de 
invalidar o processo no todo ou em parte (Capez, 2018). 
A doutrina faz referência a esses dois significados distintos da locução nulidade: 
a) sanção processual de ineficácia: uma primeira corrente (majoritária) compreende a nulidade 
como espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, privando-o de seus efeitos 
regulares. Tendo em conta que a forma prescrita em lei não foi observada, aplica-se a sanção de 
nulidade a este ato viciado, daí por que se fala em "declaração da nulidade", no sentido de privar 
o ato de seus efeitos regulares. Exemplificando, se o interrogatório do acusado em juízo foi 
realizado sem a presença de defensor, caberá à defesa impugnar eventual decreto condenatório 
por meio de apelação, sem prejuízo da utilização do habeas corpus, objetivando o 
reconhecimento da nulidade absoluta do referido ato processual (Lima, 2018); 
A primeira posição (majoritária na doutrina) entende que caso haja desconformidade entre o ato 
processual praticado e o modelo legal, a sanção prevista pelo sistema é a sanção de nulidade 
(posição defendida por Ada Pellegrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho, Antonio 
Scarance Fernandes, Eugênio Pacelli, entre outros) (Dezem, 2018). 
b) defeito do ato processual: uma segunda corrente (minoritária) refere-se à nulidade como 
espécie de qualidade ou característica do ato processual ou do processo. A palavra nulidade seria 
utilizada, portanto, como expressão sinônima de defeito, vício, imperfeição, inobservância da 
forma legal. Logo, valendo-se do exemplo acima citado, na hipótese de o interrogatório judicial 
ser realizado sem a presença de advogado, este ato seria considerado nulo. Nesse caso, uma vez 
reconhecida a inobservância da forma prescrita em lei (CPP, art. 185, caput), ou seja, a nulidade 
do ato processual, a sanção a ser aplicada seria o reconhecimento de sua ineficácia (Lima, 2018). 
Segunda posição sustenta que a nulidade é o defeito ou a falta do ato processual previsto no 
processo, e a sanção para este defeito é a ineficácia. É a posição defendida por Denilson Feitoza 
e Paulo Sérgio Fernandes Leite (Dezem, 2018). 
Não é à toa essa discrepância de entendimento doutrinário. Na verdade, a indefinição parte da lei . O 
próprio Código de Processo Penal usa a locução ora com um, ora com outro significado. Vamos trazer apenas 
dois artigos para exemplificar, reparem: 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade [= defeito] não resultar prejuízo para 
a acusação ou para a defesa. 
Art. 566. Não será declarada a nulidade [= sanção] de ato processual que não houver influído na 
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. 
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No art. 563 a palavra nulidade está sendo usada com o significado de vício/defeito; no art. 566 a mesma 
locução é tida como a consequência/sanção de eventual imperfeição do ato processual. 
JULIO FABBRINI MIRABETE identifica essa dualidade de entendimentos 
e define. Para o mestre, que tem uma posição eclética, a nulidade 
tem um duplo significado ou dois aspectos: “um para indicar o 
motivo que torna o ato imperfeito, outro para exprimir a 
consequência que deriva da imperfeição. A nulidade, portanto, é, 
sob um aspecto, vício, sob outro, sanção, podendo ser definida 
como a inobservância de exigências legais ou uma falha ou 
imperfeição jurídica que invalida ou pode invalidar o ato processual 
ou todo o processo” (Mirabete, 2005). 
 
1.4 SISTEMAS 
No Direito comparado e também diante da necessidade de se fixar critérios para apreciação das nulidades, 
podemos identificar, essencialmente, dois sistemas: 
Formalista, da legalidade/indeclinabilidadedas formas, certeza legal – como o próprio nome sugere, nesse 
sistema “há a predominância do meio sobre o fim. [...] toda vez que o ato não 
for praticado da forma determinada em lei, estará irremediavelmente viciado, 
não importando se alcançou ou não seu objetivo” (Avena, 2017). Nulos seriam 
os atos que assim considerasse a lei, independentemente de considerações 
outras “(forma dat esse rei: a forma dá existência à coisa), toda violação às 
prescrições legais acarreta a inviabilidade dos atos processuais” (Mirabete, 
2005). 
Instrumental, teleológico ou da instrumentalidade das formas – “o ato 
processual é válido se atingiu seu objetivo, ainda que realizado sem a forma 
legal” (Mirabete, 2005). “O fim do ato deve prevalecer sobre a forma como 
ele é praticado. Destarte, se o ato, ainda que desobediente à forma legal, alcançar seu objetivo, poderá ser 
validado” (Avena, 2017). 
Questão que se coloca é a seguinte: qual o sistema adotado pelo processo penal brasileiro❓ 
O legislador é quem mais tem legitimidade para responder a essa indagação. Nesse sentido, vamos trazer 
alguns artigos do Código de Processo Penal: 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação 
ou para a defesa. 
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração 
da verdade substancial ou na decisão da causa. 
NULIDADE
defeito ou vício
falha ou 
imperfeição
NULIDADE
consequência 
do vício
resultado ou 
sanção
S
IS
TE
M
A
S
formalista
instrumentalidade 
das formas
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O Código de Processo Civil vai no mesmo sentido: 
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado 
de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam 
ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as 
prescrições legais. 
Evidente, por essas disposições, que tanto no processo civil quanto no processo penal há propensão 
normativa para o sistema da instrumentalidade das formas✔. Ou seja: existem formas prescritas em lei 
que devem ser observas; a inobservância delas, todavia, devem ser encaradas pelo seu viés teleológico, de 
acordo com a instrumentalidade que é própria do processo. 
1.5 VÍCIOS DOS ATOS PROCESSUAIS 
Eventual “desconformidade do ato com a forma prevista em lei implica, por primeiro, a sua irregularidade. 
O ato irregular, porém, não é nulo em si mesmo! A nulidade, como consequência do vício, constitui 
verdadeira sanção jurídica, a fim de retirar os efeitos do ato nulo ou de limitar-lhe a eficácia. A rigor, não se 
pode falar em ato nulo em processo. A nulidade não integra o ato. Ela deve ser imposta em razão do defeito, 
mas não como elemento intrínseco e automático do ato, e sim, repita-se, como sanção ao vício”. 
Depois de esclarecida a questão conceitual, vamos analisar as principais classificações utilizadas na doutrina 
com relação às nulidades (enquanto vícios e consequências que podem atingir o ato processual). 
Pontue-se, inicialmente, que atos perfeitos são os atos processuais que na sua realização concreta 
observaram integralmente as prescrições legais ou a forma estabelecida em lei (modelo legal); portanto, não 
carregam qualquer vício ou defeito. São “aqueles praticados em fiel observância ao modelo típico. Por isso, 
são válidos e eficazes, aptos a produzir os efeitos legais que lhe são próprios” (Lima, 2018). É o que se espera 
pelo menos da maioria dos atos processuais: que sejam praticados nos ditames da lei. 
1.5.1 Inexistência 
Ocorre nas situações em que o ato processual é absolutamente contaminado por defeitos em seus elementos 
essenciais ou constitutivos. O vício é de tal gravidade que não vai se falar em nulidade, propriamente; o ato 
processual simplesmente é tido/considerado como inexistente. 
O ato inexistente é um não ato, vale dizer, algo que não existe. É claro que se pode pensar em 
um contrassenso: como se fala em inexistência se o ato foi praticado? Como falar em não ato se 
houve, sim, um ato praticado? Esta crítica leva muitos a rejeitar a categoria dos atos inexistentes 
(Dezem, 2018). 
Mas compreenda: essa inexistência não é de fato, mas sim de direito❗ De fato e empiricamente todo ato 
processual praticado existe. Juridicamente é que, nessas situações, é como se ele não existisse. A inexistência 
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é uma ficção jurídica. Independe de pronunciamento judicial, o ato é simplesmente desconsiderado, sem 
que haja uma invalidação formal. 
1.5.2 Irregularidade 
No outro extremo dos vícios dos atos processuais temos a mera irregularidade, o menor dos defeitos que 
pode atingir um ato processual, situação que não lhe retira existência, validade e eficácia. Aqui estamos 
diante de um ato imperfeito cuja imperfeição não importa em nenhuma sanção. 
Situação em que existe um modelo legal e esse modelo, em alguma medida – normalmente em relação a 
elementos secundários –, não foi seguido, revelando incompatibilidade entre aquilo que prescrevia a lei e a 
forma que tomou o ato processual quando foi praticado. 
Vamos aos exemplos: 
É o que ocorre, a título de exemplo, com a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, 
embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia, 
considerada pelos Tribunais Superiores como mera irregularidade, incapaz de autorizar o 
reconhecimento de nulidade (súmula nº 366 do STF). Outros exemplos de atos meramente 
irregulares podem ser lembrados: a) falta de outorga do recibo de entrega do preso ao condutor 
do flagrante, notadamente quando todas as garantias constitucionais lhe foram preservadas; b) 
deferimento de compromisso a pessoa impedida de prestá-lo; 160 c) ausência, no laudo do 
exame cadavérico, da qualificação dos peritos também caracteriza mera irregularidade, que não 
justifica a anulação do feito, por não haver prejuízo ao acusado (Lima, 2018). 
Denúncia sem rol de testemunhas; falta de pedido de citação ou de condenação na inicial 
acusatória; falta do recibo de entrega do preso ao condutor do flagrante; deferimento de 
compromisso à testemunha impedida de prestá-lo; ausência de qualificação dos peritos no laudo 
de exame cadavérico (Avena, 2017). 
Os exemplos podem ser os mais variados e neles normalmente se encontra alguma dessas condições: o 
defeito é superficial; a regra não observada diz respeito a questões secundárias, 
periféricas e sem reflexos para o processo e para os direitos e garantias 
individuais; a repetição do ato sem a irregularidade aparentemente não mudaria 
em nada o seu conteúdo; os princípios processuais não são atingidos, nem 
mesmo indiretamente. 
Dentro da famosa tríade , entre a inexistência e a mera irregularidade é que 
se situa o vício da nulidade, que passaremos a analisar. 
1.5.3 Nulidade 
Segundo a doutrina majoritária, a nulidade se subdivide em relativa e absoluta. Tanto uma quanto outra, 
exigem pronunciamento judicial para serem reconhecidas. Podem produzir efeitos até que isso ocorra. 
Nulidade absoluta 
inexistência
nulidade
irregularidade
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A concepção do que seja uma nulidade absoluta comporta divergências. A grosso modo, podemos destacar 
algumas características que normalmentenela estariam presentes: 
O vício do ato atinge o próprio interesse público. Ou seja: o defeito está relacionado ao interesse que o 
Estado tem na regularidade daquele específico ato para o devido processo legal; não é uma falha que atinge 
somente a pretensão das partes ou algum direito disponível, ao contrário. O modelo legal para aquela 
situação foi pensado em prol do interesse de todos e revela uma garantia indeclinável. 
A nulidade absoluta pode ser reconhecida a qualquer momento, em qualquer tempo e grau de jurisdição, 
não há preclusão. Dessa forma, a sentença condenatória (com a absolutória é diferente) não é acobertada 
pela coisa julgada – cabe revisão criminal e até habeas corpus para desconstituí-la. 
Nulidade relativa 
Na contramão da absoluta, a nulidade relativa teria as seguintes características: 
A forma violada visa à proteção de um interesse privado, particular ou disponível; ou seja: um interesse que 
não é do Estado, mas sim das partes. 
Está sujeita à preclusão ou prazo e devem ser arguidas em tempo oportuno (art. 572, I, CPP). 
No que se refere à possibilidade de reconhecimento de ofício, há divergência na doutrina. Parcela da doutrina 
entende não ser possível ao juiz reconhecer a nulidade relativa de ofício, parcela entende ser possível 
(Dezem, 2018). 
Pode convalescer (recuperar-se do vício sanável), diante de determinadas circunstâncias. 
Mudando um pouco de raciocínio, repare nos artigos 571 e 572 do Código de Processo Penal: 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão 
sanadas: 
Na medida em que admite que sejam sanadas, seriam relativas, então, de acordo com a lei, as seguintes 
nulidades indicadas no art. 564. 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: [...] 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da 
intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos 
concedidos à acusação e à defesa; [?] 
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir 
o julgamento à revelia; 
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h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos 
estabelecidos pela lei; 
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. 
O art. 572, portanto, é o “principal artigo capaz de indicar, embora não com muita técnica, quais seriam os 
casos de nulidades relativas existentes no sistema do CPP” (Gomes Filho, et al., 2018); na transcrição de lei 
acima eles ficaram em destaque (negrito), havendo alguma divergência quanto à alínea ‘e’: uns entendendo 
que a falta do interrogatório seria motivo de nulidade relativa e outros que seria a falta de prazos para as 
partes. 
A partir dessas quatro categorias mais conhecidas, para consolidar o aprendizado (ressalvadas pequenas 
divergências), trazemos quadro-resumo de NORBERTO AVENA: 
ATO 
IRREGULAR 
NULIDADE RELATIVA NULIDADE ABSOLUTA INEXISTÊNCIA 
Vício sem nenhuma 
gravidade, sendo 
incapaz, por si, de 
gerar prejuízo. 
Destarte, o 
refazimento do ato 
irregular poderá ser 
procedido pelo juiz 
segundo seu livre-
arbítrio, vale dizer, 
com absoluta 
discricionariedade. 
 
Vício que, embora grave, 
decorre da violação de 
normas de interesse privado 
e sem nenhuma repercussão 
em nível constitucional. 
Seu reconhecimento 
depende de provocação do 
prejudicado, com 
demonstração do efetivo 
prejuízo. 
Quanto à terminologia a ser 
utilizada pelo juiz ao 
reconhecer a nulidade 
relativa, deve ser no sentido 
de decretar o vício. 
Tecnicamente, não se deve 
utilizar, portanto, o verbo 
declarar, que é próprio do 
reconhecimento das 
nulidades absolutas. 
 
Vício com muita gravidade, pois 
decorre da violação de normas 
de ordem pública, ou seja, 
normas que de forma direta ou 
indireta afetam garantias 
tuteladas pela CF. 
Também aqui, na atual 
concepção, é necessária a 
comprovação do prejuízo como 
condição para o 
reconhecimento da nulidade. 
Quanto à terminologia a ser 
utilizada pelo juiz ao reconhecer 
a nulidade absoluta, deve ser no 
sentido de declarar o vício. 
Tecnicamente, não se deve 
utilizar, portanto, o verbo 
decretar, que é próprio do 
reconhecimento das nulidades 
relativas. 
Vício gravíssimo, 
decorrente da violação 
de elementos 
constitutivos do ato 
jurídico processual. 
Tem-se um não ato, 
uma aparência de ato. 
 
O ato existe, é válido 
e eficaz. 
 
O ato existe, mas tem sua 
validade e eficácia 
condicionada a uma 
condição suspensiva, qual 
seja o saneamento (ou 
convalidação). Neste caso, a 
condição (o saneamento) 
suspenderá o óbice à 
validade e eficácia. 
O ato existe, porém, uma vez 
declarado o vício, jamais poderá 
ser válido ou eficaz. 
 
O ato não existe. Ora, 
não existindo, não 
pode ser válido nem 
eficaz. 
 
 
 
Não há o que sanar. 
O vício pode 
persistir, sem que 
isso importe em 
A nulidade relativa é sanável 
mediante a prática de certos 
atos. 
É insanável. O vício continuará a 
macular o ato, não sendo 
possível o saneamento. 
Não há falar em 
saneamento daquilo 
que não existe. 
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comprometimento 
da validade do ato. 
 
 
 
 
 
 
 
O vício decorre da 
violação de normas 
infraconstitucionais. 
 
O vício decorre da violação 
de normas 
infraconstitucionais. 
 
O vício decorre da violação 
direta ou indireta de normas 
constitucionais. 
 
O vício pode surgir 
tanto em razão da 
violação de normas 
constitucionais como 
infraconstitucionais. 
Não há, portanto, uma 
relação direta a 
respeito. 
 
A irregularidade 
afeta elementos 
meramente 
acidentais do ato 
jurídico. 
 
A nulidade relativa afeta 
elementos que, embora 
sejam importantes à 
validade e eficácia do ato, 
possuem conteúdo 
eminentemente processual. 
Não se trata, enfim, de 
normas assecuratórias de 
direito, nas quais se poderia 
reconhecer um conteúdo 
material. 
A nulidade absoluta afeta 
elementos importantes do ato. 
Não fica atingido, contudo, o 
plano da existência. 
 
Trata-se de vício que 
atinge elementos 
essenciais do ato 
jurídico, impedindo 
que subsista no plano 
da existência. 
 
Dispensa arguição 
ou declaração pelo 
juiz, dada a 
irrelevância da 
mácula. 
 
A nulidade relativa exige 
provocação dos 
interessados. 
 
A nulidade absoluta pode ser 
reconhecida ex officio ou 
mediante arguição das partes. 
 
O juiz, simplesmente, 
desconsidera o ato, 
não se exigindo, para 
tanto, provocação das 
partes. 
Sendo o vício 
irrelevante, não 
precisa ser 
declarado, pois não 
gera prejuízo. 
 
Necessita de declaração 
judicial. O juiz deverá 
reconhecer a nulidade. 
 
Exige pronunciamento judicial 
reconhecendo a nulidade 
absoluta. 
 
Dispensa uma 
declaração de 
inexistência. Basta que 
o ato seja desprezado. 
Trata-se de um não 
ato, uma aparência de 
ato. 
O vício, como se 
disse, é 
desconsiderado, 
não havendo falar, 
então, em tempo 
para sua arguição. 
Pretendendo a 
parte, apenas por 
cautela, argui-lo, 
isto deverá ocorrer 
antes da sentença 
ou do julgamento 
do recurso, 
conforme a fase 
processual em que 
tenha ocorrido. 
 
Possui tempo certo, previsto 
em lei, para sua arguição. 
Não arguida nos intervalos 
legais, a nulidade relativa 
preclui. Como regra, o lapso 
de arguição é o estipulado 
no art. 571 do CPP. Não 
obstante, há situações em 
que a lei estabelece 
momentos próprios,como é 
o caso do art. 108 do CPP, 
aplicável apenas à 
incompetência territorial. 
 
Não possui tempo certo para 
arguição, até porque, sendo 
vício insanável, jamais estará 
sujeita à preclusão. 
 
Não há falar em tempo 
certo, podendo o vício 
ser detectado em 
qualquer tempo. 
(Avena, 2017) 
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1.5.4 Anulabilidade 
VICENTE GRECO FILHO, representando posição minoritária na doutrina, traz a anulabilidade. Veja o regime de 
invalidades representado na obra do mestre: 
Natureza do defeito Denominação Regime de decretação 
Violação de norma tutelar 
de interesse público 
Nulidade 
absoluta 
Pode ser decretada de ofício se houver instrumento. Não 
convalesce. Não depende de prova do prejuízo. Não se aplicam 
as exclusões de falta de interesse ou de quem tenha dado causa. 
Violação de norma cogente 
de interesse da parte 
Nulidade relativa Pode ser decretada de ofício. A parte pode abrir mão da 
formalidade. Se a invalidade não for decretada no momento 
ordinário, depois só se decreta se houver prejuízo. Aplicam-se as 
exclusões de ausência de prejuízo, falta de interesse e de 
lealdade. Não convalesce por falta de alegação. 
Violação de norma 
dispositiva de interesse da 
parte 
Anulabilidade Somente se decreta a requerimento da parte e se houver 
prejuízo. Convalesce se não for alegada no momento oportuno. 
Aplicam-se as exclusões de ausência de prejuízo, de interesse e 
de lealdade (Filho, 2012). 
1.6 PRINCÍPIOS INFORMADORES 
1.6.1 Princípio da tipicidade das formas 
Os atos processuais, regra geral, devem observância às prescrições legais, ao modelo legal estabelecido para 
a sua realização. Nem toda imperfeição, como vimos, vai gerar nulidade. De qualquer modo, sabe-se que, 
regra geral, os procedimentos e os atos processuais não são aleatórios, eles têm uma forma tipificada que 
delimita todo o desenrolar do processo. É disso que estamos tratando. 
1.6.2 Princípio do prejuízo – pas de nullité sans grief 
Trata-se do principal princípio norteador em relação às nulidades, de amplo espectro de aplicação. Também 
conhecido como princípio da transcendência. Provém da fórmula francesa: pas de nullité sans grief. 
Tem base normativa no art. 563 do Código de Processo Penal: 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação 
ou para a defesa. 
Atualmente, prevalece o entendimento (diferente de outrora) de que esse princípio é aplicável tanto para as 
nulidades absolutas quanto para as relativas. Em ambos os casos a demonstração do prejuízo pela parte 
interessada é essencial para o reconhecimento. 
Exemplo: suponha que o réu não seja citado num determinado processo (este é o vício grave); não obstante, 
acaba sendo absolvido pelo motivo da inexistência material do fato (art. 386, I do CPP, que vincula a esfera 
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cível) – seria caso de nulidade absoluta (falta de citação) passível de não declaração porque não houve 
prejuízo algum. 
Outro exemplo: suponha que um réu seja julgado em sessão do júri em que compareceram apenas 12 
jurados; eis um vício grave, na medida em que o art. 463 exige, pelo menos, 15 para instalar os trabalhos. 
Imperfeição que, segundo a lei (art. 564, III, ‘i’, CPP), é de nulidade absoluta. Todavia, esse mesmo réu acaba 
sendo absolvido a pedido de ambas as partes. A ausência de prejuízo autorizaria a não invalidação da sessão 
de julgamento. 
A jurisprudência acolhe de modo pacífico o princípio do prejuízo. 
Embora a questionada manifestação do Ministério Público tenha sido posterior à apresentação 
da defesa preliminar, o agravante não demonstrou qualquer ato ou fato sobre o qual a defesa 
não teve possibilidade de se manifestar. Sem a demonstração de efetivo prejuízo causado à 
parte, em atenção ao disposto no art. 563 do CPP, não se reconhece nulidade no processo penal 
(pas de nullité sans grief). [HC 144.018 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, 1ª T, j. 7-11-2017, DJE 
261 de 17-11-2017.] 
1. Não se nega que o Juízo da Vara Única da Comarca de Boqueirão/PB não andou na melhor 
trilha processual quando intimou o Parquet estadual para ratificar a denúncia apresentada em 
grau superior e não fez o mesmo em relação à defesa do acusado por força do par conditio, 
desprestigiando, assim, o postulado constitucional do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 
5º, inciso LV). 2. Todavia, além da arguição opportune tempore da suposta nulidade, seja ela 
relativa ou absoluta, a demonstração de prejuízo concreto é igualmente essencial para seu 
reconhecimento, de acordo com o princípio do pas de nullité sans grief, presente no art. 563 do 
Código de Processo Penal (v.g. AP 481 EI-ED/PA, Tribunal Pleno, de minha relatoria, DJe de 
12/8/14), o que não ocorreu na espécie. [RHC 138.752, rel. min. Dias Toffoli, 2ª T, j. 4-4-2017, DJE 
143 de 27-4-2017.] 
Aliás, é nesse sentido a súmula 523 do STF, que refere expressamente ao prejuízo: 
No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo 
para o réu. 
1.6.3 Princípio da instrumentalidade das formas 
Para muitos não seria propriamente um princípio, mas sim um ‘sistema jurídico de validade do ato 
processual’. Falou em instrumentalidade das formas relacione com finalidade. 
O processo não é um fim em si mesmo, ele é instrumento da jurisdição; as formas (prescrições legais 
processuais), nesse contexto, também não podem ser consideradas um fim em si mesmas e devem ser 
avaliadas de acordo com a sua finalidade (com aquilo que pretendem tutelar). “O que deve ser preservado 
é o conteúdo, e não a forma do ato processual”. 
 
Pelo menos um artigo do Código de Processo Penal é representativo desse princípio: 
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Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-
ão sanadas: [...] 
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; 
Mas é no Código de Processo Civil que encontramos um artigo que se ‘encaixa como uma luva’: 
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado 
de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
BRASILEIRO vê um bom exemplo de aplicação do princípio no Código de Processo Penal, no que se refere à 
comunicação de atos processuais: 
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que 
o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único 
fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer 
que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte. 
Com razão! Afinal o comparecimento do interessado demonstra que ele tomou conhecimento do ato ou do 
processo, justamente a finalidade que se buscava com as diligências de comunicação processual. 
1.6.4 Princípio do interesse 
Perceba, antes de falarmos do interesse, a estreita relação entre os princípios informadores das nulidades – 
é como se um completasse a ideia do outro! Tanto isso é verdade que existe, inclusive, alguma divergência 
no que diz respeito ao desdobramento desses princípios e suas bases normativas. Para alguns autores, por 
exemplo, o princípio do interesse seria mais abrangente; para outros, menos, porquanto desdobrado com 
os princípios da boa-fé e do prejuízo.Uma mesma ideia, portanto, para uns está consolidada no princípio do 
interesse, para outros, por exemplo, no da boa-fé. 
Até por isso (dada a divergência), o melhor raciocínio é aquele que considera que vivemos em um sistema 
de instrumentalidade das formas; sistema que é regido por princípios informadores que se inter-relacionam 
e se complementam reciprocamente. 
De qualquer modo, o princípio do interesse tem uma previsão normativa reconhecida no art. 565 do Código 
de Processo Penal: 
Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha 
concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse. 
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração 
da verdade substancial ou na decisão da causa. 
Veja, de acordo com algumas importantes passagens (item XVII) da Exposição de Motivos do CPP, o que 
prega o princípio do interesse : 
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XVII – [...] É igualmente firmado o princípio de que não pode arguir a nulidade quem [...] não 
tenha interesse na sua declaração. Não se compreende que [...], no silêncio da parte prejudicada, 
se permita à outra parte investir‑se no direito de pleitear a nulidade. 
Encontramos correspondência, também, no art. 282 do Código de Processo Civil: 
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, 
o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. 
Aliás, exatamente aqui (com base nesse dispositivo do Código de Processo Civil, aplicável analogicamente), 
alguns autores vão consignar sobre a existência de um outro princípio: o da preferência de julgamento pelo 
mérito da causa em detrimento da declaração de nulidade. Insistimos: independente da nomenclatura ou 
autonomia, o mais importante é a elaboração intelectual, a compreensão da ideia. 
A ideia do princípio do interesse, portanto , relaciona-se com a legitimidade de a parte invocar a nulidade 
e de ter algum proveito com o seu reconhecimento. A parte só pode arguir nulidade se puder ter alguma 
vantagem com o seu reconhecimento e em relação a prescrições legais que lhe digam respeito. Verificamos, 
no princípio do interesse, o binômio legitimidade+proveito. 
O próprio nome nos dá a noção do que representa o princípio – interesse. Ou seja: a parte que alega deve 
ser aquela que foi atingida pelo vício no ato processual e, mais que isso, deve ter algum benefício com a 
decretação da nulidade. Não se pode especular com o prejuízo alheio. 
Teoricamente aplicável a ambas as partes, acusação e defesa, esse princípio seria mitigado (ou não aplicável) 
em relação ao Ministério Público, segundo a doutrina. Isso porque no processo penal o papel do parquet não 
é somente o de parte – vai mais longe e é mais abrangente, segundo os ditames da Constituição Federal: 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do 
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses 
sociais e individuais indisponíveis. 
Esse princípio se aplica indistintamente para as nulidades absolutas e relativas❓ Segundo MADEIRA há 
divergência. “GUSTAVO BADARÓ afirma que este princípio não pode ser aplicado às nulidades absolutas, 
somente às nulidades relativas. Isto porque a nulidade absoluta é estipulada no interesse público e, como o 
juiz pode dela conhecer de ofício, afastaria a incidência do art. 565 do CPP. Também defende DENILSON FEITOZA 
esta posição” (Dezem, 2018). 
Segundo nos parece, prevalece o entendimento pela aplicação do princípio somente em relação às nulidades 
relativas✔. 
Esse princípio é aplicável apenas às nulidades relativas. Isso porque, em se tratando de nulidade 
absoluta, como há, em regra, violação de norma protetiva de interesse público com status 
constitucional (v.g., devido processo legal, ampla defesa, contraditório), qualquer parte pode 
fazer a arguição. [...] Portanto, considerando que o princípio do interesse não se aplica às 
nulidades absolutas, nem tampouco ao Ministério Público, conclui-se que, na verdade, referido 
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princípio tem aplicação restrita às nulidades relativas, impedindo que a defesa se insurja contra 
ato processual defeituoso cuja observância interesse apenas à acusação (Lima, 2018). 
1.6.5 Princípio da lealdade (boa-fé) 
Boa parte da doutrina trabalha a ideia da lealdade/boa-fé como uma vertente do princípio do interesse. De 
qualquer modo, numa roupagem ou noutra, com ou sem autonomia, o importante é compreender a 
elaboração intelectual no sistema das nulidades. 
A concepção normativa está na primeira parte do art. 565 do CPP: 
Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha 
concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse. 
Tem correspondência com o art. 276 do Código de Processo Civil: 
Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta 
não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa. 
As seguintes passagens da Exposição de Motivos elucidam: 
XVII – [...] É igualmente firmado o princípio de que não pode arguir a nulidade quem lhe tenha dado causa [...]. Não se compreende 
que alguém provoque a irregularidade e seja admitido em seguida, a especular com ela; [...] 
A ideia está dentro do princípio geral de que a ninguém é lícito se beneficiar da sua própria torpeza. 
[...] trata-se de norma claramente inspirada em postulados civilistas, oriundos da noção geral de 
que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza (Recurso Ordinário em HC 119.882-RR, de 
2015). Sempre que a parte contribuir para a prática inválida do ato processual, não haverá 
interesse em obter-se a declaração de nulidade. Dessa forma, a prática defeituosa ou precária de 
um recurso, não enseja a declaração de nulidade por lesão à ampla defesa (Gomes Filho, et al., 
2018). 
Enfim, se o defeito na prática do ato se deve ao comportamento da própria parte que o alega (seja por dolo 
ou culpa), não há se declarar nulo o ato, pois significaria ‘premiar’ aquele que agiu contrário à lei. 
BRASILEIRO sustenta que “o princípio da lealdade também não se aplica às nulidades absolutas. Como o 
interesse tutelado pela norma violada é de natureza pública, qualquer parte pode arguir o vício, ainda que 
tenha concorrido para a sua produção” (Lima, 2018). 
1.6.6 Princípio da convalidação 
Com a ideia central muito relacionada com a instrumentalidade das formas, alguns autores o estudam com 
o mesmo conteúdo do princípio da conservação dos atos processuais ou do confinamento da nulidade. 
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A base normativa indireta do princípio é encontrada no art. 572 do CPP: 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-
ão sanadas: 
I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior; 
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; 
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. 
Também conhecido como princípio do aproveitamento ou da proteção, ele prega que não se decrete a 
nulidade quando for possível suprir o defeito do ato processual (Lima, 2018). 
Na Exposição de Motivos doCPP, são elucidativas as seguintes passagens: 
XVII - Somente em casos excepcionais é declarada insanável a nulidade. Fora desses casos, 
ninguém pode invocar direito à irredutível subsistência da nulidade. Sempre que o juiz deparar 
com uma causa de nulidade, deve prover imediatamente à sua eliminação, renovando ou 
retificando o ato irregular, se possível; mas, ainda que o não faça, a nulidade considera‑se sanada: 
a) pelo silêncio das partes; b) pela efetiva consecução do escopo visado pelo ato não obstante 
sua irregularidade; c) pela aceitação, ainda que tácita, dos efeitos do ato irregular. Se a parte 
interessada não argui a irregularidade ou com esta implicitamente se conforma, aceitando‑lhe 
os efeitos, nada mais natural que se entenda haver renunciado ao direito de argui‑la. 
Convalidar significa restabelecer a validade; “tem o significado de remover o defeito, remediar a falha, sanear 
o vício, a fim de que um ato processual inicialmente imperfeito possa ser considerado válido, apto a produzir 
os efeitos legais inerentes ao ato perfeito” (Lima, 2018). 
De um modo geral, portanto, o princípio recomenda o aproveitamento do ato processual atípico, sempre 
que possível – através de vários mecanismos –, deixando a declaração de nulidade somente para casos 
excepcionais. 
Esse princípio – que está em harmonia com os axiomas da celeridade e economia processuais – é expressão 
maior das nulidades relativas, embora já se reconheça sua incidência nas nulidades absolutas. 
Outro ponto a atentar é o de que, embora seja a convalidação um atributo específico das 
nulidades relativas, alguns doutrinadores sustentam que pode atingir as nulidades absolutas em 
uma situação específica: na hipótese de trânsito em julgado, para a acusação, da sentença 
absolutória. Para os adeptos dessa corrente, levando em conta que revisão criminal é cabível 
apenas em face da sentença condenatória passada em julgado e considerando que a Súmula 160 
do STF proíbe aos tribunais reconhecer contra o réu nulidades não arguidas no recurso da 
acusação, o trânsito em julgado da sentença absolutória importa em convalidar nulidades 
absolutas ocorridas no curso do processo, em razão da impossibilidade de seu reconhecimento 
posterior. Discordamos, porém, desse entendimento. Isso porque é característica das nulidades 
absolutas a insanabilidade, em face da natureza pública das normas violadas. Assim, o ato 
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absolutamente nulo jamais poderá ser convalidado. No tocante à impossibilidade de ser 
reconhecida a mácula após o trânsito em julgado da decisão absolutória, isto não ocorre em face 
de eventual saneamento da nulidade absoluta. Pelo contrário, esta continua existindo, apenas 
não sendo viável um pronunciamento judicial declaratório a respeito em face da ausência de 
instrumento jurídico capaz de permitir a desconstituição dessa ordem de decisão (Avena, 2017). 
1.6.7 Princípio da causalidade/contaminação/consequencialidade/extensão: 
Alguns chamam também de efeito expansivo. A base normativa está no art. 573 do Código de Processo Penal: 
§ 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente 
dependam ou sejam consequência. 
§ 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. 
Tem correspondência no Código de Processo Civil: 
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele 
dependam [...]. 
Partindo da premissa de que o processo se desenvolve num conjunto sequencial de atos encadeados para a 
solução do caso penal, o princípio reconhece a possibilidade de o defeito na prática de um determinado ato 
se estender (e contaminar) a outros atos subsequentes e que dele dependam ou resultem. 
Nesse sentido, inclusive, fala-se em nulidade originária e 
nulidade derivada (derivação das nulidades) e se 
estabelece uma espécie de ‘ineficácia contagiosa’. 
A nulidade derivada não vai ocorrer pelo simples fato de 
o ato ser subsequente; não, é necessário que haja uma 
espécie de ‘relação de causalidade’. O ato posterior tem de ser dependente ou sofrer influência do ato 
inválido anterior. 
O princípio se aplica tanto para as nulidades absolutas quanto para as relativas. 
Das premissas que utilizamos em matéria de nulidades, é preciso não confundir nulidade do ato 
com nulidade do processo. Se se estiver diante de ato absolutamente nulo, significa que, 
tecnicamente, não há como sanar aquele ato. Entretanto, não necessariamente haverá a 
nulidade do processo. Se não for possível praticar outro ato (em substituição, mesmo que 
posterior, ao ato anulado), não deverá ser decretada, automaticamente, a nulidade do processo 
a partir daquele ato com a eiva da nulidade. O dispositivo é bastante claro no sentido de que 
somente deverão ser anulados os atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência. 
Todos os demais que não se enquadrem nessa relação de causalidade não deverão ser anulados 
(Pacelli, et al., 2018). 
ato 
processual
ato viciado 
nulidade 
originária
ato 
contaminado 
nulidade 
derivada
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Uma denúncia inepta, por exemplo, normalmente redunda na nulidade de todos os atos subsequentes – é 
ela que delimita toda a atuação das partes, especialmente da defesa. 
Exemplo: denúncia sem a causa de pedir, atípica, ou seja, em desconformidade com o que diz o 
art. 41 da Lei Processual Penal. Se o processo encontra-se na fase das alegações finais e for 
reconhecida a nulidade, todos os atos subsequentes à denúncia serão eivados de nulidade, 
porque dela dependem. A isso chamamos de “contaminação, contagiosidade ou causalidade”. 
Em nossa vida forense de promotor de justiça, tivemos acesso a uma denúncia pelo crime de 
furto que apenas disse, depois de qualificar o réu: 
No dia 15 de janeiro do ano de 1993 o réu subtraiu para si coisa móvel alheia. Isto posto, requer 
o Ministério Público a citação do réu, sob pena de revelia e sua condenação no art. 155 do CP. 
Não tivemos dúvida, ao nos manifestarmos em alegações finais, momento em que tivemos 
acesso aos autos, de requerer a decretação de nulidade de todo o processo, por manifesta 
ilegalidade na formulação da denúncia. Pois, além de não descrever, minuciosamente, a conduta 
do réu, a denúncia não mencionou o local do crime, horário em que foi perpetrado e demais 
circunstâncias do delito, bem como qual a res furtiva subtraída. Nesse caso, a nulidade da peça 
exordial acarretou a nulidade de todos os demais atos processuais, inclusive, levando tal fato à 
prescrição do direito de punir. Portanto, por força do art. 573, § 1º, do CPP, há a nulidade 
originária (a do ato em si) e a nulidade derivada (dos atos que são subsequentes e que dependem 
do anterior) (Rangel, 2018). 
Mais exemplos da doutrina (eles são importantes nesse tema): 
Exemplificando, reconhecida a nulidade do processo a partir da citação, revela-se inviável o 
reaproveitamento da prova testemunhal colhida, visto que o acusado foi privado não só do seu 
direito de autodefesa, como também não teve a possibilidade de constituir defensor de sua 
confiança. Não por outro motivo, em caso concreto em que foi declarada a nulidade do processo 
a partir da citação editalícia, concluiu o STJ que tal mácula acarretaria a nulidade, por derivação, 
de todos os atos processuais subsequentes. [...] 
Caso não haja qualquer relação de causalidade entre o ato anulado e os demais atos processuais, 
a eficácia destes deve ser preservada (princípio da conservação dos atos processuais). Por isso, 
em caso concreto no qual foi anulada a sentençacondenatória em virtude da inversão da ordem 
de apresentação das alegações finais pelas partes, concluiu o STJ que tal vício não teria o condão 
de contaminar os atos instrutórios anteriormente praticados (Lima, 2018). 
“Outro exemplo de contaminação da nulidade ocorreria nas hipóteses de provas obtidas a partir de outras 
cuja ilicitude seja reconhecida, tal como se dá na aplicação da conhecida teoria dos frutos da árvore venenosa 
ou fruits of the poisonous tree , acolhida, expressamente, no art. 157, § 1º, CPP (Lei nº 11.690/08)”. 
Acerca da nulidade como consequência de nulidade anterior, poder-se-ia citar o exemplo de 
decisão de segundo grau concedendo habeas corpus impetrado contra o recebimento de 
denúncia por ausência de justa causa. Todos os atos processuais posteriores ao recebimento da 
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peça acusatória seriam reputados igualmente nulos, como consequência da rejeição da denúncia 
(Pacelli, 2018). 
Diante da dificuldade de se estabelecer a relação de dependência de um ato para outro, a doutrina traz uma 
espécie de regra geral (repleta de exceções): geralmente a nulidade de atos postulatórios se propaga, ao 
contrário dos atos instrutórios. 
[...] é preciso que se sistematizem as nulidades a partir do momento das fases do processo 
(postulatória, instrutória e decisória). Desta forma, temos: 
a) nulidades da fase postulatória – afetam todos os atos que dela decorram; 
b) nulidades da fase instrutória – em geral, não afetam os demais atos, apenas o ato que fora 
anulado e, evidentemente, a sentença, que é o momento em que o magistrado analisa o conjunto 
probatório produzido; 
c) nulidades da fase decisória – em geral afeta a sentença e os atos que lhe são subsequentes 
(Dezem, 2018). 
1.6.8 Princípio da conservação 
Esse princípio não tem base normativa no CPP, mas encontra previsão no Código de Processo Civil: 
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele 
dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam 
independentes. 
Como destaca VICENTE GRECO FILHO, referido por MADEIRA, o “princípio da conservação dos atos processuais é 
a interpretação, a contrario sensu, do princípio da causalidade: todos os atos não afetados pelo ato nulo são 
considerados válidos” (Dezem, 2018). 
É o ‘reverso da moeda’ em relação à 
contaminação; se não há relação de dependência, 
se os demais atos do processo são independentes 
devem ser conservados – como se a nulidade 
originária ficasse ‘confinada’ (daí alguns referirem 
a princípio do confinamento da nulidade). 
1.6.9 Princípio da eficácia 
Retrata a ideia de que o ato processual defeituoso é eficaz, produz efeitos até que sua nulidade seja 
declarada – diferente do que ocorre no âmbito do Direito Civil. 
“No âmbito do direito civil, o ato nulo não produz efeitos, não havendo necessidade de declaração judicial 
para o reconhecimento da nulidade. Já no âmbito do Direito Processual Penal, enquanto não for declarada 
a nulidade, o ato processual continua a produzir efeitos. Vale dizer, o reconhecimento da nulidade depende 
da declaração do Poder Judiciário” (Dezem, 2018). 
ato viciado
nulidade 
confinada
sem relação de 
dependência
um não é 
consequência 
do outro
ato 
conservado
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Isso significa dizer que, no âmbito processual, não existe a figura do ato jurídico nulo de pleno 
direito, que, desde o momento de sua prática, não gera efeitos. Na verdade, todos os atos 
viciados são meramente passíveis de anulação, já que sempre dependem de decisão judicial a 
reconhecer o vício, somente deixando de produzir efeitos após a prolação da decisão. Destarte, 
por força do princípio da eficácia dos atos processuais, os atos nulos continuam a produzir seus 
efeitos regulares enquanto não houver uma decisão judicial expressamente declarando a 
invalidação do ato, privando-o de sua eficácia para produzir efeitos no mundo jurídico. 
Exemplificando, se um acusado for processado, julgado e condenado sem a assistência de 
defensor, enquanto não for reconhecida expressamente a nulidade absoluta da sentença 
condenatória, esta continuará a produzir seus efeitos regulares, dentre eles o possível 
recolhimento do acusado à prisão (Lima, 2018). 
1.6.10 Princípio da restrição processual à decretação da ineficácia 
A “invalidade dos atos processuais somente pode ser declarada se o sistema processual previr instrumento 
para decretá-la, e somente poderá ser decretada no momento em que a lei admitir. [...] O processo é um 
continente fechado, diferentemente dos atos da vida civil, de modo que somente no processo e no momento 
adequado é que se pode declarar a invalidade dos atos” (Filho, 2012). 
Quando se fala que apenas ‘no processo’ é que se irá declarar, não significa que será unicamente 
no processo em que ocorreu a nulidade, uma vez que o habeas corpus também pode ser utilizado 
para o reconhecimento da nulidade. Vale dizer, uma vez que o habeas corpus é um processo 
autônomo, também poderá haver aí a declaração da nulidade (Dezem, 2018). 
Esse princípio, portanto, trabalha com o binômio instrumento + oportunidade. GRECO FILHO diz que a 
“impossibilidade da decretação da invalidade não significa sanação. Sanar é curar o que estava mal. [...] Os 
defeitos dos atos podem não ficar sanados, ainda que a sua ocorrência não possa ser declarada” (Filho, 2012). 
Analisados os princípios informadores das nulidades e de maneira a facilitar a assimilação, trazemos uma 
tabela com os princípios e suas ideias centrais (simplificadas): 
PRINCÍPIO IDEIA CENTRAL SIMPLIFICADA 
Tipicidade Não dá pra fazer de qualquer jeito. Existem formas na lei. 
Prejuízo O vício lhe causou algum dano? Se não, segue a vida. 
Instrumentalidade Afinal, o que interessa: o conteúdo ou a forma? Olhe a finalidade. 
Interesse Legitimidade ➕ proveito. Você foi o prejudicado? O que você ganha? 
Lealdade/boa-fé Fez ou contribuiu? Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. 
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Convalidação Tem remédio? Se sim, vamos usar e curar. 
Causalidade Estarão contaminados❌ os atos dependentes ou consequentes. 
Conservação Estarão preservados✔ os atos sem dependência. 
Eficácia Ato processual defeituoso vale e tem efeitos até que juiz diga o 
contrário. 
Restrição Só se invalida ato processual diante de instrumento ➕ oportunidade. 
1.7 HIPÓTESES DE NULIDADES ABSOLUTAS 
É possível fixar um rol ou se estabelecer algum critério rígido e inflexível que abarque todas as nulidades 
absolutas❓ Com a sistemática vigente NÃO, isso é impraticável. Aliás, como já dissemos, a definição das 
nulidades absolutas e relativas encontra muita divergência na doutrina e na jurisprudência e sempre são 
contextualizadas com os princípios informadores. 
Todavia, de acordo com a mesma sistemática, é possível trazer algumas situações que, ordinariamente 
(comportando exceções), dão ensejo à nulidade absoluta. Isso acontece através de um simples raciocínio: o 
art. 572 faz remissão expressa a algumas nulidades que, em determinadas situações, podem ser sanadas. 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-
ão sanadas: [...] 
Se podem ser sanadas (inclusive pelo decurso do tempo, como estabelece o inc. I do art. 572 do CPP), essas 
especificadasconstituiriam, então, nulidades relativas (como já dissemos em outra oportunidade). As demais 
hipóteses previstas no art. 564, residualmente, seriam de nulidades absolutas. “Portanto, por meio de 
interpretação a contrario sensu do referido dispositivo, conclui-se que as nulidades cominadas do art. 564 
do CPP não ressalvadas pelo art. 572 do CPP têm natureza absoluta” (Lima, 2018). 
BRASILEIRO traz, ainda, outras duas situações em que haveria, de regra, nulidade absoluta: 
b) quando houver violação de normas constantes da Constituição Federal ou de Tratados 
Internacionais sobre Direitos Humanos (v.g., Pacto de São José da Costa Rica), ainda que essa 
nulidade não esteja expressamente prevista no art. 564 do CPP (nulidade não cominada). Mais 
que meros direitos subjetivos das partes, princípios e regras constitucionais e convencionais 
como o contraditório, a ampla defesa, o juiz natural, a publicidade, o duplo grau de jurisdição, 
etc., constituem características de um processo penal justo e legal, regularmente instaurado não 
apenas em benefício das partes, mas em prol de toda a coletividade, que tem evidente interesse 
no exercício da função jurisdicional consoante as regras do devido processo legal. Logo, não há 
espaço para meras irregularidades. 
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c) quando, a despeito da ausência de previsão legal expressa de nulidade (nulidades não 
cominadas), verificar-se que houve a violação de forma prescrita 
em lei que visa à proteção de interesse de natureza pública 
(Lima, 2018). 
Basicamente, então, em 3 situações provavelmente (mas com muitas 
exceções) teremos nulidades absolutas: 
 
 
 
1.8 HIPÓTESES DE NULIDADES RELATIVAS 
Da mesma forma, é impossível fixar um rol taxativo ou estabelecer critérios inflexíveis para definir as 
nulidades relativas. 
De qualquer modo, normalmente traduzirão nulidades relativas aquelas hipóteses fixadas no art. 572 (já 
falamos sobre isso): 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-
ão sanadas: [...] 
b) quando, a despeito da ausência de previsão legal expressa de nulidade (nulidades não 
cominadas), verificar-se que houve a violação de forma prescrita em lei que visa à proteção de 
interesse preponderante das partes. É o que ocorre, por exemplo, com a ausência de intimação 
das partes acerca da expedição de carta precatória. Considerando que recai sobre as partes o 
ônus de provar a veracidade das afirmações por elas firmadas ao longo do processo, na hipótese 
de o juiz não intimar as partes acerca da expedição de carta precatória, subentende-se que houve 
violação à norma protetiva de interesse preponderante das partes, do que deriva a possibilidade 
de reconhecimento de nulidade relativa do ato processual. 
Acerca do assunto, eis o teor da súmula n° 155 do STF: "É 
relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação 
da expedição de precatória para inquirição de testemunha". 
Sem nenhuma pretensão de esgotar a questão, basicamente, em 2 
situações provavelmente (mas com muitas exceções) teremos 
nulidades relativas: 
 
 
n
u
lid
ad
e
s 
ab
so
lu
ta
s
nulidades do art. 564 não 
ressalvadas no art. 572
violação de normas 
constitucionais ou de tratados 
de direitos humanos
violação de formas que 
protegem interesse público
n
u
lid
ad
es
 r
el
at
iv
as
situações especificadas no 
art. 572
violação de formas que 
protegem interesse das 
partes
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1.9 MOMENTO PARA ARGUIÇÃO DAS NULIDADES RELATIVAS 
As nulidades relativas estão sujeitas à preclusão (convalescem, de regra, se não forem alegadas ‘em tempo 
oportuno’); elas têm um prazo ou momento máximo, fixado em lei, 
para que sejam reclamadas. São dois os critérios usados pela lei para 
estabelecer os marcos: 
Com a recomendação de que as nulidades devem ser alegadas na 
primeira oportunidade em que a parte se manifestar nos autos, vamos analisar cada uma das situações, é 
importante. 
[...] É ônus da parte, na primeira oportunidade que lhe couber falar nos autos, impugnar a nulidade de 
ato processual, sob pena de preclusão temporal e convalidação do ato. [...] (HC 156616 AgR, 
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 17/09/2018, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 20-09-2018 PUBLIC 21-09-2018) 
Lembre-se de que o art. 572 do CPP determina que as nulidades relativas considerar-se-ão sanadas [...] se 
não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o que estabelece, justamente, o art. 571. Na prática, 
portanto, a parte que deixa passar o prazo ou o momento para reclamar pela nulidade poderá 
suportar o ônus de sua desídia: convalidação do ato viciado. 
Não é bem assim. É preciso cuidar para não gerar situações de perplexidade a afirmação – 
simples e genérica – de que nulidades havidas e não alegadas oportunamente restarão preclusas. 
Como regra, é assim mesmo, não há a nulidade. Insistimos que é preciso sempre ver o caso 
concreto. Assim, não deverá ser declarada a nulidade do ato (ou então do processo) se: (a) não 
houver prejuízo efetivo para as partes; (b) o ato, malgrado nulo, tiver atingido a finalidade por 
outra forma; (c) não influenciar na apuração da verdade ou decisão da causa (Pacelli, et al., 2018). 
Pois bem. 
Art. 571. As nulidades deverão ser arguidas: 
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o 
art. 406; 
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos processos 
especiais, salvo os dos Capítulos V e VII do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 
500; 
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois desse 
prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes; 
natureza do procedimento
fase em que ocorra o vício
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Tanto o artigo 406 (referido no inc. I) quanto o art. 500 (mencionado no inc. II) foram revogados; quando 
vigentes, falavam das alegações finais. Instrução criminal traduz a fase de produção de provas em juízo, 
mediante contraditório. O processo sumário (indicado no inc. III) foi revogado. “O CPP ainda mantém o rito 
[não processo] sumário, muito diverso daquele que faz menção esse dispositivo. Dessa maneira, esse 
dispositivo se tornou imprestável” (Gomes Filho, et al., 2018). 
 Diante disso, podemos concluir, então, que eventuais vícios que ocorram durante a fase de produção de 
provas (sumário da culpa no rito do júri – 1ª fase) deverão ser reclamados pela parte, no máximo, até os 
debates ou memoriais, sob pena de convalescimento. Isso no procedimento comum ordinário, sumário e 
sumaríssimo e, regra geral, também nos especiais e processos de competência originária dos tribunais. 
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de aberta a 
audiência; 
A referência, aqui, era ao procedimento de aplicação de medida de segurança por fato não criminoso (artigos 
549 a 555). Segundo entendimento pacificado, seja pela Constituição Federal, seja pela reforma da parte 
geral do Código Penal, isso não existe mais. 
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e 
apregoadas as partes (art. 447); 
Apesar de fazer referência a um dispositivo revogado (art. 447), “pode-se

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