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ENSINO A DISTÂNCIA BIOQUÍMICA BÁSICA Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do Centro Universitário Avantis - UNIAVAN Maria Helena Mafioletti Sampaio CRB 14 – 276 CDD 21ª ed. 572 – Bioquímica. Pena, Darlene. P397b Bioquímica básica./EAD/ [Caderno pedagógico]. Darlene Pena. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. 109 p. il. Inclui Índice ISBNe: 1. Bioquímica. 2. Metabolismo. 3. Integração metabólica. 4. Bioquímica – Ensino a Distância. I. Faculdade Avantis. II. Título. ENSINO A DISTÂNCIA BIOQUÍMICA BÁSICA Ementa Princípios da Regulação do Metabolismo, enzimologia, metabolismo de carboidratos, lipídios, aminoácidos, metabolismo de proteínas. Objetivos da disciplina Compreender os fundamentos bioquímicos que servirão de base para o entendimento das estruturas moleculares e reações metabólicas que ocorrem no corpo, assim como as adaptações metabólicas que ocorrem em diferentes tipos patologias, de exercício físico e dietas. Associar as bases bioquímicas com processos fisiológicos e patológicos de interesse para os cursos da área da saúde. O papel da disciplina para a formação do estudante Olá querido (a) aluno (a), é um prazer imenso compartilhar este espaço com você. A partir de agora, você está sendo convidado a se apaixonar pelo mundo instigante da Bioquímica. Nós sabemos que os organismos vivos, dos mais simples como as bactérias até os mais complexos, como nós seres humanos somos formados praticamente pelo mesmo conjunto de biomoléculas. A Bioquímica se preocupa em estudar justamente estas biomoléculas!!! PLANO DE ESTUDO Ao ler este caderno didático você perceberá que a Bioquímica está por trás de todos os processos biológicos que ocorrem nos organismos vivos. Neste espaço, o meu objetivo não é te obrigar a memorizar vias metabólicas ou nomes de enzimas. O meu desejo é que você possa compreender o funcionamento dos processos vitais, seja processos fisiológicos ou patológicos, a nível molecular, o que será muito importante para formar uma base sólida para disciplinas como Fisiologia, Farmacologia, Patologia e outras disciplinas que são estudadas por você. Para atingir esse objetivo, optei por adotar uma linguagem acessível com uso diálogos, questionamentos e reflexões, o que irá estimular o seu raciocínio sobre os mais diferentes temas dentro da Bioquímica. Espero que este seja um período de muito aprendizagem para todos nós. Vamos então começar? Abraços e bons estudos!!! SOBRE A AUTORA Professora: Darlene Pena E-mail: darlene.pena@avantis.edu.br Doutora em Bioquímica com período sanduíche no Mount Sinai Hospital de Nova York pela Universidade de São Paulo (USP – 2016), Mestre em Biotecnologia (UFSC - 2010), Bacharel em Bioquímica (UFV - 2007) e Licenciada em Ciências Biológicas (Faculdade Avantis – 2017). Possui experiência em Bioquímica, Biologia Molecular, vias de Sinalização em parasitas, células tronco, células tumorais e também na tolerância à opioides, como morfina. Atualmente é docente dos cursos da área da saúde da Faculdade Avantis. PROFESSORA UNIDADE 1 - AMINOÁCIDOS, PROTEÍNAS, ENZIMAS, CARBOIDRATOS E LIPÍDEOS ....................................................................................................................................................................................................11 INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA .................................................................................................................................12 1.2 AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS ..........................................................................................................................14 1.3 ENZIMAS ...................................................................................................................................................................23 1.4 CARBOIDRATOS .................................................................................................................................................... 29 1.5 LIPÍDEOS ....................................................................................................................................................................31 1.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................... 35 1.7 EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................ 36 1.8 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................ 39 UNIDADE 2 - VISÃO GERAL DO METABOLISMO, GLICÓLISE, CICLO DE KRE- BS E CADEIA RESPIRATÓRIA ........................................................................................................................................41 2.1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................................42 2.2 VISÃO GERAL DO METABOLISMO E PRINCÍPIOS DE BIOENERGÉTICA .................................42 2.2 GLICÓLISE OU VIA GLICOLÍTICA ..................................................................................................................47 2.3 CICLO DE KREBS ................................................................................................................................................. 50 2.4 CADEIA RESPIRATÓRIA ................................................................................................................................... 53 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................ 56 2.6 EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................57 2.7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 60 SUMÁRIO UNIDADE 3 - METABOLISMO DE CARBOIDRATOS, LIPÍDEOS E PROTEÍNAS .....61 3.1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................................62 3.2 METABOLISMO DE CARBOIDRATOS ..........................................................................................................62 3.2.1 Oxidação completa da glicose .........................................................................................................................63 3.2.2 Oxidação parcial da glicose – Fermentações .....................................................................................64 3.2.3 Metabolismo de Glicogênio ............................................................................................................................... 67 3.2.4 Gliconeogênese ..........................................................................................................................................................69 3.3 METABOLISMO DE LIPÍDEOS ........................................................................................................................72 3.4 METABOLISMO DE PROTEÍNAS ...................................................................................................................76 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................ 81 3.6 EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................82 3.7 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................84 UNIDADE 4 - REGULAÇÃO E INTEGRAÇÃO METABÓLICA .................................................85 4.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 86 4.2 ESTRATÉGIAS DE REGULAÇÃO DO METABOLISMO ....................................................................... 86 4.2.1 Alteração na concentração das enzimas.................................................................................................86 4.2.2 Alteração da atividade enzimática .............................................................................................................. 87 4.3 AÇÃO HORMONAL ............................................................................................................................................ 90 4.3.1 Glucagon ............................................................................................................................................................................92 4.3.2 Adrenalina e Noradrenalina ..............................................................................................................................93 4.3.3 Insulina ...............................................................................................................................................................................95 4.4 REGULAÇÃO INTEGRADA DO METABOLISMO .................................................................................... 98 4.4.1 Período Absortivo ........................................................................................................................................................99 4.4.2 Período Pós-absortivo ou jejum de curta duração ....................................................................... 101 4.4.3 Jejum Prolongado .................................................................................................................................................... 103 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................104 4.6 EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 106 4.7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................... 107 1 unidade AMINOÁCIDOS, PROTEÍNAS, ENZIMAS, CARBOIDRATOS E LIPÍDEOS 12 BIOQUÍMICA BÁSICA INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA Querido (a) aluno (a), bem-vindo (a) à primeira unidade da disciplina Bioquímica Básical! Neste espaço iremos iniciar o estudo da Bioquímica, onde aprenderemos os conceitos básicos e gerais para que você possa continuar a construir o seu aprendizado. Para começo de conversa, você precisa saber o que é esta tal de Bioquímica!!! A Bioquímica é a ciência responsável por estudar as reações químicas que ocorrem nos organismos vivos. Todos os organismos vivos que habitam o planeta Terra, dos mais simples como as bactérias aos mais complexos, como o ser humanos, são formados pelos mesmos tipos de biomoléculas e possuem rotas bioquímicas bastante semelhantes de utilização de energia, sendo que estas reações bioquímicas ocorrem na sua maioria em um ambiente aquoso. Por tal razão a Bioquímica é tão importante no nosso dia a dia, pois essa ciência irá servir de base para que você possa entender TODOS os processos biológicos e patológicos que ocorrem no interior de qualquer organismo vivo. Você acha que estou exagerando? Deixa-me adivinhar o que você está fazendo agora... Hummm você está lendo este material e tomando uma deliciosa xícara de café, né? Pois bem, a Bioquímica explica tudo, quer ver? Ao coar o café, você realiza a extração de vários compostos orgânicos polares (são compostos solúveis em água) do grão do café moído. Dentre esses compostos, destaca-se a cafeína que tem a capacidade de estimular a atividade neural e de te manter acordado. É justamente estes os efeitos que você está procurando agora, já que precisa ficar mais “ligado” aos assuntos que estamos aprendendo aqui na Bioquímica. A cafeína exerce seus efeitos devido à sua capacidade de se ligar aos receptores de adenosina. Os receptores são proteínas que estão presentes na superfície celular, inclusive dos neurônios. Pois bem, a cafeína ao bloquear estes receptores impede a ligação da adenosina que é o ligante natural dos receptores de adenosina. Com isto você fica mais em alerta. A cafeína também bloqueia a enzima fosfodiesterase que é responsável pela quebra do mensageiro da adrenalina chamado de AMP cíclico. Assim, os sinais excitatórios da adrenalina persistem por muito mais tempo. Por fim, a cafeína também aumenta a concentração de dopamina (molécula relacionada ao prazer) no Sistema Nervoso Central. Resumindo, a cafeína faz com que você se mantenha acordado, pois bloqueia a ligação da adenosina aos seus receptores, lhe dá mais “energia”, pois posterga os efeitos da adrenalina, e lhe faz sentir melhor, pois aumenta a quantidade de dopamina no cérebro. 13 BIOQUÍMICA BÁSICA SAIBA MAIS Se você ficou com dúvidas sobre o mecanismo de ação da cafeína, assista o vídeo “Como a cafeína nos mantém acordados?” do canal TED-Ed disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=foLf5Bi9qXs. O vídeo está em inglês, porém no lado direito inferior da tela do vídeo, você pode selecionar a legenda em português. Agora que você já sabe a Bioquímica que existe por trás da sua xícara de café, evite tomar muito café a noite, já que a meia vida da cafeína é de cerca de 6 horas, ou seja, se você tomar uma xícara de café (contém cerca de 40 mg de cafeína) às 18 horas, cerca de 20 mg ainda estará no seu corpo à meia noite, o que poderá interferir na qualidade do seu sono. Para se sentir melhor, no dia seguinte você irá tomar ainda mais café e este círculo vicioso continua dia após dia. Nesta unidade inicial da disciplina Bioquímica Básica iremos estudar os componentes orgânicos das células. Assim iniciaremos estudando as proteínas, pois estas são responsáveis por controlar praticamente todos os processos que ocorrem em uma célula, exibindo uma quase infinita diversidade de formas e funções. Após isto, focaremos em um grupo de proteínas que desempenham função catalítica, ou seja, falaremos das enzimas. Essas biomoléculas são catalisadoras de quase todas as reações celulares, sendo uma das chaves para compreensão da química da vida. Elas atuam aumentando a velocidade das reações do nosso metabolismo em até milhões de vezes, operando assim no controle das atividades metabólicas e fazendo com que as reações celulares ocorram numa velocidade que seja compatível com a vida. Na metade da unidade iremos estudar os carboidratos, os quais constituem as moléculas mais abundantes do nosso planeta, fazem parte da base dietética da maior parte do mundo e em nosso organismo são as principais substâncias fornecedoras de energia. Já os lipídeos constituem uma classe de compostos com estrutura bem variada que apresentam como característica em comum a baixa solubilidade em água e apresentam funções variadas, como fornecimento de energia, faz parte da composição de membranas biológicas, atuam como precursores de hormônios, sais biliares e vitamina D, dentre outras funções. Ao finalizar o estudo destas biomoléculas, espero que você seja capaz de: • Obter noções básicas sobre estrutura e função de aminoácidos, peptídeos, proteínas e importância biológica. • Entender o papel das enzimas e co-enzimas nos processos bioquímicos. • Compreender os aspectos estruturais e funcionais dos carboidratos e lipídios Vamos então começar? https://www.youtube.com/watch?v=foLf5Bi9qXs 14 BIOQUÍMICA BÁSICA 1.2 AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS Você já ouviu falar em aminoácidos? Estas moléculasestão mais presentes na sua vida do que você imagina, eles estão por exemplo presentes nos suplementos alimentares que são vendidos comercialmente, como você pode ver na figura abaixo: Figura 1. Rótulo de um suplemento alimentar contendo aminoácidos. Elaborado pela autora, 2019. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. Os aminoácidos possuem algumas funções no nosso organismo, mas a principal delas é a de serem as unidades formadoras das proteínas. As proteínas são as macromoléculas mais abundantes nas células vivas, sendo as moléculas mais diversas quanto às funções desempenhadas e a estrutura. As proteínas são responsáveis por controlar praticamente todos os processos que ocorrem em uma célula, exibindo uma quase infinita diversidade de formas e funções. Dentre as funções desempenhadas pelas proteínas, destaca-se o papel dessas biomoléculas como fontes de energia para o nosso corpo, formação de elementos estruturais (formam o citoesqueleto, além de formar os músculos, ossos, dentes, pelos, etc), são ainda responsáveis pelo transporte de substâncias no organismo e na célula (por exemplo, a proteína hemoglobina transporta oxigênio, albumina transporta ácidos graxos, permeases controlam a entrada e saída de substância da célula), atuam na defesa imunológica (anticorpos, interleucinas, dentre outros), também atuam regulando o metabolismo, visto que alguns hormônios são peptídicos, como é o caso da insulina e glucagon. Veremos também ao longo desta unidade que um grupo muito importante de proteínas desempenham função catalítica, ou seja, existe uma classe especial de proteínas que são chamadas de enzimas. Essas biomoléculas são catalisadoras de quase todas as reações celulares, sendo uma das chaves para compreensão da química da vida. Elas atuam aumentando a velocidade das 15 BIOQUÍMICA BÁSICA reações do nosso metabolismo em até milhões de vezes, operando assim no controle das atividades metabólicas e fazendo com que as reações celulares ocorram numa velocidade que seja compatível com a vida. A figura 2 apresenta as principais funções desempenhadas pelas proteínas. Além disso, é possível verificar pela análise da figura que a proteína em questão é formada por resíduos de aminoácidos, os quais tem sua estrutura geral representada. Figura 2. Funções desempenhadas pelas proteínas. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. Apesar das proteínas possuírem estruturas e funções tão variadas, todas as proteínas são formadas por 20 aminoácidos diferentes, que se conectam uns aos outros por meio de uma ligação peptídica formando os peptídeos e proteínas. Dentre esses 20 aminoácidos, existem aqueles chamados de essenciais, pois não são sintetizados pelos animais e os aminoácidos não-essenciais que são sintetizados endogenamente a partir de moléculas orgânicas. Os aminoácidos são compostos que apresentam um átomo de carbono central (Cα) que se encontra ligado à quatro grupos químicos: 1) um grupo amino (NH 3 +), 2) um grupo carboxila (COO-), 3) um átomo de H e 4) um grupo variável chamado de radical (cadeia lateral ou grupo R). Agora, observe atentamente a figura 3. Você perceberá que os aminoácidos se diferem um dos outros pelos seus grupos R, visto que estes possuem estrutura, tamanho e carga 16 BIOQUÍMICA BÁSICA elétrica diferentes. Por conta disto, os bioquímicos classificaram os 20 aminoácidos em cinco famílias baseadas em semelhanças nos seus grupos R, são elas: aminoácidos com grupo R apolar, aminoácidos com grupo R aromático, aminoácidos com grupo R polar sem carga, aminoácidos com grupo R com carga positiva e aminoácidos com grupo R com carga negativa. Os aminoácidos com grupo R apolar, não fazem interações químicas com a água, em função disto, estão geralmente no interior das proteínas. Já os aminoácidos com grupo R polar sem carga e os carregados, tanto positivamente quanto negativamente, fazem interações químicas com a água e por isto estão geralmente voltados para a face externa das proteínas. Figura 3. Estrutura molecular dos 20 aminoácidos que formam as proteínas. Fonte: Shutterstock, 2019. Agora que você já sabe de que as proteínas são formadas por aminoácidos, vale lembrar que estas moléculas têm outras funções biológicas como por exemplo atuam como neurotransmissores ou são precursores destes, como é o caso da glicina ou o GABA que é 17 BIOQUÍMICA BÁSICA derivado do glutamato e a serotonina, derivado do triptofano. Além disso, os aminoácidos são precursores de hormônios (a tiroxina é produzida a partir da tirosina), de ácidos nucléicos e do grupo heme que compõe a hemoglobina, atuando ainda como intermediários do metabolismo, como a ornitina e citrulina que atuam na produção de uréia. Nos organismos vivos, os ribossomos com a ajuda de outras moléculas irão unir um aminoácido ao outro, possibilitando assim a formação de peptídeos e proteínas. A ligação química formada entre um aminoácido e outro é chamada de ligação peptídica e envolve um grupo carboxila de um aminoácido e um grupo amino de um segundo. Quando temos a união de dois resíduos de aminoácidos chamamos de dipeptídeo, quando há união de três aminoácidos chamamos de tripeptídeo e assim por diante. Polímeros contendo até 30 resíduos de aminoácidos, são chamamos de peptídeos e se tiver mais do que isto, são chamados de proteínas. Em geral, os peptídeos que ocorrem biologicamente apresentam estruturas menos complexas que as moléculas de proteínas. Entretanto, estes exercem atividades biológicas significantes, atuando como hormônios (insulina, glucagon e oxitocina, vasopressina e encefalina), como antibióticos (gramicidina), na defesa antioxidante contra danos provocados por radicais livres, poluição, toxinas, infecções e exposição a raios ultravioleta (glutationa), dentre outras. VOCÊ SABIA Você sabia que o adoçante aspartame é um peptídeo? Quimicamente, o aspartame é um dipeptídeo sintético composto pelos aminoácidos aspartato e fenilalanina. A figura 4 mostra a estrutura química do adoçante aspartame. Observe que este é um dipeptídeo formado por aspartato e fenilalanina, sendo que este último possui um grupo metil adicional. 18 BIOQUÍMICA BÁSICA Figura 4. Estrutura química do adoçante aspartame. Fonte: A autora, 2019. Como o aspartame possui fenilalanina na sua composição, a ingestão deste adoçante deve ser evitada por indivíduos portadores da doença fenilcetonúria. EXERCÍCIO Após analisar a figura, você foi capaz de identificar os grupos amino e carboxila dos dois aminoácidos que compõe o aspartame? E o grupo metil ligado a fenilalanina? Agora que você já aprendeu que os aminoácidos podem se conectar uns aos outros por meio de uma ligação peptídica e também viu algumas funções desempenhadas pelos peptídeos, podemos finalmente começar a falar das proteínas. Estas incríveis macromoléculas podem ser formadas por uma ou várias cadeias polipeptídicas, tendo geralmente mais que 50 resíduos de aminoácidos de extensão. Além disso, as proteínas são muito diversas do ponto de vista estrutural. Essa diversidade é resultado da existência de milhares de proteínas com sequências diversas, isso significa que cada proteína possui um número de aminoácidos e uma sequência de aminoácidos específica. Isto será determinante para definir a estrutura tridimensional e a função da proteína. Pegue mais uma xícara de café e volte aqui para continuarmos, pois agora você precisa vir comigo para entender como ocorre o dobramento das proteínas. A organização tridimensional de uma proteína, desde a sequência de aminoácidos, passando pelo enrolamento das cadeias polipeptídicas até a associação de várias cadeias, pode ser descrita em níveis 19 BIOQUÍMICA BÁSICA estruturais de complexidade crescente. Humm...ficou difícil? Calma que você já vai entender. O que quero dizer é que o dobramento das proteínas pode ser descrito em quatro níveis. Assim temos:a) A estrutura primária que é definida como a sequência de aminoácidos ao longo da cadeia polipeptídica. A estrutura primária é determinada pela sequência de DNA. SAIBA MAIS Se você não se recorda dos processos de replicação, transcrição e tradução, sugiro que faça uma pausa nesta unidade e assista o vídeo “Do DNA à Proteína” disponível em: • https://www.youtube.com/watch?v=6nxRxoGME_I Por convenção, a sequência primária é apresentada da extremidade aminoterminal para a extremidade carboxiterminal. As diferenças na estrutura primária das proteínas podem ser especialmente informativas. Cada proteína possui um número e uma sequência distintos de resíduos de aminoácidos. A estrutura primária de uma proteína determina como ela se dobra em uma estrutura tridimensional característica e como isso, por sua vez, determina a função da proteína. Se ocorrer uma única alteração na sequência de aminoácidos, a estrutura primária se altera e a função da proteína também pode se alterar. Nem sempre a sequência de aminoácidos de uma proteína particular é fixa, alguma flexibilidade é possível. Estima-se que 20% a 30% das proteínas em humanos sejam polimórficas, possuindo variantes em suas sequencias de aminoácidos na população humana. Muitas dessas variações nas sequencias possuem pouco ou nenhum efeito na função da proteína. As proteínas frequentemente apresentam regiões em sua sequência de aminoácidos que são essenciais para suas funções biológicas. A sequência de aminoácidos em outras regiões pode variar consideravelmente, sem afetar essas funções. b) A estrutura secundária descreve as estruturas regulares tridimensionais formadas por segmentos das cadeias polipeptídicas. Dentre as estruturas secundárias existentes, destaca-se a estrutura secundária do tipo α-hélice e folha α. A α-hélice é decorrente de interações à curta distância entre os grupos R de aminoácidos que estão próximos, se caracterizando pelo enrolamento da cadeia ao redor de um eixo, enquanto a folha α por interações laterais entre segmentos de uma cadeia polipeptídica ou entre cadeias https://www.youtube.com/watch?v=6nxRxoGME_I 20 BIOQUÍMICA BÁSICA diferentes. Essas estruturas são estabilizadas pelo grande número de ligações de H que ocorrem entre os grupos -C=O e -NH dos resíduos de aminoácidos. A folha α pregueada ocorre quando segmentos de uma mesma cadeia polipeptídica e de cadeias polipeptídicas diferentes realizam ligações de hidrogênio. Essa estrutura apresenta uma conformação mais distendida que a α-hélice e dispõem-se lado a lado, dando à estrutura um aspecto de uma folha de papel pregueada. Nessa estrutura, as cadeias laterais dos aminoácidos estão projetadas para cima e para baixo do plano da folha. c) A estrutura terciária descreve o dobramento final de uma cadeia polipeptídica por interações fracas entre as regiões contendo estruturas secundárias e regiões sem estrutura definida. Nesse nível de dobramento, resíduos de aminoácidos que se encontram distantes na estrutura primária podem se aproximar e interagir. Como já descrito para a estrutura secundária, é frequente o número de ligações de hidrogênio. Além disso, novas ligações de hidrogênio passam a ocorrer na estrutura terciária. Um outro tipo de interação química de grande importância para o dobramento das proteínas, são as interações hidrofóbicas, as quais não decorrem de qualquer força de atração entre os resíduos de aminoácidos, mas sim do ambiente aquoso em que as proteínas estão inseridas. Nesse caso, os esses aminoácidos irão diminuir o seu contato com o ambiente aquoso polar, passando a se agregar e a fazer parte da face interna das proteínas. Tais interações ocorrem em grande número e são as mais importantes na determinação da estrutura tridimensional das proteínas. d) Por fim, a estrutura quaternária descreve o dobramento das proteínas que possuem duas ou mais cadeias polipeptídicas. Este é o caso de várias proteínas como a hemoglobina, DNA polimerase, RNA polimerase, etc. Nem todas as proteínas se enovelam espontaneamente à medida que são sintetizadas pela célula. O enovelamento de muitas delas é facilitado pela ação de proteínas especializadas, chamadas de chaperonas ou proteínas “assistentes moleculares”. As chaperonas interagem com polipeptídeos parcialmente enovelados ou inadequadamente enovelados, facilitando as vias corretas de enovelamento ou fornecendo microambientes nos quais o enovelamento possa ocorrer. Se você ficou com dúvidas sobre o assunto dobramento de proteínas, observe atentamente a figura 5. 21 BIOQUÍMICA BÁSICA Figura 5. Níveis de dobramento proteico. A estrutura primária consiste em uma sequência de aminoá- cidos unidos por ligações peptídicas. A seguir, temos a estrutura secundária que pode ser composta por a-hélice, como mostrado. Na estrutura terciária observamos interações entre as diferentes estruturas secundárias e na estrutura quaternária, as diferentes subunidades se interagem, sendo este nível de dobramento existente apenas em proteínas com múltiplas subunidades. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. SAIBA MAIS Se ainda houver dúvidas, assista este vídeo do youtube https://www.youtube. com/watch?v=yZ2aY5lxEGE, que mostra como as estruturas descritas na Figura 6 são formadas durante o dobramento das proteínas. Diagramador, inserir o texto acima em caixa de texto com ícone. Eu sei que este assunto é bem complexo, mas você precisa entender como as proteínas se dobram, pois isto irá ajudá-lo (a) a compreender a fisiopatologia de várias doenças que acometem o ser humano. O que quero dizer é que se houver alteração no dobramento das proteínas, a nossa saúde pode ser afetada. Quer um exemplo? Veja o caso da Doença de Alzheimer abaixo. A Doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a principal forma de demência. O sintoma inicial mais comum é a perda de memória a curto prazo, com dificuldades em recordar eventos recentes. Apesar das causas de maior parte dos casos de Alzheimer serem desconhecidas, acredita-se que a doença seja ocasionada pela agregação de proteínas mal dobradas no interior de neurônios, causando a morte destas células!!! A primeira região a ser afetada com a morte dos neurônios é o hipocampo, que é muito importante para a formação das memórias, por isso que a perda da memória recente é o primeiro https://www.youtube.com/watch?v=yZ2aY5lxEGE https://www.youtube.com/watch?v=yZ2aY5lxEGE 22 BIOQUÍMICA BÁSICA sintoma da Doença de Alzheimer. Recentemente, um grupo de pesquisadores divulgaram que descobriram o momento em que a proteína Tau passa a ter sua estrutura alterada e a formar os emaranhados que são tóxicos para os neurônios (KELLY, 2018). PARA REFLETIR Os pesquisadores estão tentando entender os mistérios que regem o dobramento das proteínas, pois se tivermos uma maior compreensão do processo de enovelamento proteico poderemos criar novas terapias para tratar muitas doenças. As proteínas sofrem perda da estrutura tridimensional quando são submetidas ao aquecimento ou alterações de pH. Quando isto ocorre dizemos que a proteína está desnaturada, veja a figura 6. Proteínas desnaturadas perdem suas propriedades e suas funções biológicas. Portanto, os sistemas biológicos devem ser mantidos em temperaturas e pHs constantes para evitar alteração no seu metabolismo. Figura 6. O aquecimento ou alteração de pH podem levar à perda da estrutura tridimensional de uma proteína, processo chamado de desnaturação. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. Na culinária, o aquecimento de alimentos contendo proteínas leva à desnaturação destas. É justamente isto que ocorre quando estamos cozinhando uma carne ou fritando um ovo!!! A mudança de coloração destes alimentos mostra justamente que houve perda da estrutura tridimensional das proteínas, ou seja, ocorreu a sua desnaturação!!! (Figura7). 23 BIOQUÍMICA BÁSICA Figura 7. Comparação entre a coloração da clara de um ovo cru e um frito. As proteínas da clara do ovo da direita mudaram de cor porque sofreram desnaturação. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. E sim, o processo de desnaturação por aquecimento também pode ocorrer com as proteínas que compõe as nossas células. É justamente isto que acontece quando estamos com febre. Se tivermos febre de 40°C ou mais por períodos longos poderá ocorrer a desnaturação parcial de algumas proteínas e isto pode inclusive ser fatal, pois uma vez que as proteínas perdem sua estrutura elas deixam de funcionar. Então, fique bem atento caso você ou seu filho esteja febril! 1.3 ENZIMAS De acordo com Marzzoco e Torres (2010) a manutenção da vida celular depende da contínua ocorrência de um conjunto de reações químicas, que devem atender duas exigências fundamentais: (1) devem ocorrer em velocidades adequadas à fisiologia celular — a insuficiência na produção ou na remoção de metabólitos pode levar a condições patológicas, e (2) precisam ser altamente específicas, de modo a gerar produtos definidos. A existência de proteínas com função catalítica, as chamadas enzimas, torna a vida possível, justamente por atender as duas exigências apresentadas. PARA REFLETIR Se ficou complicado, tenha em mente o seguinte: praticamente todos os processos essenciais à vida são dependentes da atividade das enzimas!... 24 BIOQUÍMICA BÁSICA Vamos entender isso melhor... As enzimas são em sua maioria proteína com função catalítica, ou seja, são capazes de acelerar reações que seriam muito lentas para permitir a vida. Essas moléculas podem aumentar a velocidade das reações químicas em milhões de vezes! Quando comparamos uma reação catalisada por enzimas e na ausência de enzimas, verificamos que a primeira reação tem sua velocidade aumentada em várias ordens de grandeza, devido a presença da enzima. É o que se verifica quando mantemos um frasco de sacarose aberto em contato com oxigênio. Apesar da oxidação do açúcar ocorrer, a velocidade com que esta transformação ocorre, em tempo mensurável, é praticamente zero. Porém sabemos que a oxidação de açúcar dentro das nossas células ocorre muito rapidamente. Sabemos disso, pois ao comermos um pedaço de chocolate contendo açúcar, ele liberará energia para o nosso corpo em minutos!!! A grande maioria das enzimas são proteínas, temos como exceção um pequeno grupo de RNAs que apresentam propriedades catalíticas. Assim, como enzimas tem natureza proteíca, a atividade enzimática depende da integridade da conformação tridimensional da enzima. Dessa forma, qualquer comprometimento da estrutura da enzima irá comprometer a sua atividade enzimática. PARA REFLETIR Você sabe por que precisamos sempre ingerir sais minerais e vitaminas? A culpa é das enzimas!!! Sem os sais minerais e vitaminas, as enzimas não funcionam corretamente e com eficiência. Algumas enzimas necessitam da ligação com um co-fator (íons inorgânicos como Fe2+, Mg2+, Mn2+, dentre outros) ou com uma coenzima (geralmente uma vitamina) para exercer a sua função catalítica. Ainda, algumas enzimas requerem tanto o co-fator quanto a coenzima. Este é o caso de muitas enzimas que atuam na produção de ATP, que necessitam de estar ligadas ao Mg2+ e também de se ligar a vitaminas do complexo B, como a riboflavina, tiamina e nicotinamida. Por isso que, se você está se sentindo fraco e desanimado, você pode estar tendo deficiência em alguma vitamina ou sal mineral que atua ajudando as suas enzimas a funcionarem melhor. 25 BIOQUÍMICA BÁSICA Com relação à nomenclatura, em geral, as enzimas são nomeadas pela adição do sufixo “ase” ao nome de seu substrato, que é a molécula que sofre a ação da enzima. Por exemplo, temos a lactase (enzima que quebra a lactose), protease (enzima que quebra proteínas), lipase (enzima que quebram os lipídeos) e assim por diante. A característica que distingue uma reação catalisada enzimaticamente é que ela ocorre no interior dos limites de uma cavidade na enzima chamada sítio ativo. A molécula que se liga ao sítio ativo e sofre ação da enzima (E) é chamada substrato (S). Após isso ocorre a formação do complexo enzima-substrato (ES) e por fim a formação do produto (P), podendo então escrever a reação da seguinte forma: E+S↔ ES → E+P As enzimas são extremamente fiéis aos seus substratos, ou seja, apresentam alta especificidade. Por exemplo, a lactose só se encaixa no sítio ativo da lactase e não se encaixará no sítio ativo de nenhuma outra enzima. Atualmente o modelo mais aceito para explicar a especificidade das enzimas é o modelo do Ajuste-Induzido. Portanto, esquema o modelo chave-fechadura que talvez você tenha aprendido no Ensino Médio. O modelo do Ajuste-Induzido propõe que inicialmente a interação entre a enzima e o substrato é fraco e estas moléculas não se encaixam perfeitamente. Somente após a ligação do substrato à enzima é que ambos se ajustam um ao outro, determinando assim o encaixe perfeito entre ambos e fortalecendo as interações entre o substrato e a enzima. Assim, após ocorrer o encaixe do substrato com o sítio ativo, o substrato sofrerá uma reação química e perderá a afinidade pelo sítio ativo, sendo assim liberado na forma de um produto. É justamente a forma (conformação) do sítio ativo que irá definir a especificidade das enzimas, visto que o substrato precisa ter grupos químicos capazes de estabelecer ligações químicas precisas com o sítio ativo da enzima. Ficou com alguma dúvida? Veja a figura abaixo (Figura 8) e você entenderá melhor como isto funciona. 26 BIOQUÍMICA BÁSICA Figura 8. Esquema ilustrando o mecanismo de ação de uma enzima segundo o modelo do Ajuste In- duzido. Observe que inicialmente o sítio ativo apresenta pouca complementariedade com o substrato e que após a ligação do substrato à enzima, ambos se ajustam até atingir a máxima complementariedade conformacional como é observado no complexo ES. Fonte: A autora, 2019. Como você acha que as enzimas conseguem a proeza de aumentar a velocidade das reações químicas em até 100 milhões de vezes? Na verdade, quando há uma reação catalisada por enzimas, estas são capazes de encontrar um atalho, permitindo assim que ocorra uma taxa maior de conversão de substrato em produto. Como assim? Eu sei que isto pode parecer bem complicado, então, observe a figura abaixo: Figura 9. As enzimas criam um “novo” caminho para a ocorrência da reação química. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. Ao observar a figura 9, você percebeu que uma reação que ocorre sem enzimas é muito mais demorada, pois existe uma barreira (representada pelas inúmeras curvas e desvios) que dificulta a ocorrência da reação. Por outro lado, na presença da enzima, a reação se 27 BIOQUÍMICA BÁSICA processa mais rapidamente pois é encontrado um caminho mais fácil de ser realizado. Uma reação química para se processar precisa vencer uma barreira energética que separa os regentes da reação dos produtos desta reação. Esta barreira é chamada de Energia de Ativação. As enzimas evoluíram para diminuir a energia de ativação das reações químicas que são necessárias para a vida. Essas barreiras são cruciais para a existência da própria vida. A estabilidade de uma molécula aumenta com o aumento de sua barreira de ativação. Sem tais barreiras energéticas, as macromoléculas complexas como as proteínas, poderiam reverter espontaneamente para as formas moleculares mais simples, e as estruturas complexas altamente ordenadas, bem como os processos metabólicos das células, poderiam não existir. Lembra que discutimos que alteração de pH e temperatura pode afetar a conformação das proteínas? Então, tais aprendizados podem ser aplicados para as enzimas, visto que o pH e temperatura podem afetar a estrutura e por consequência a função das enzimas. Para cada enzima existe umdeterminado valor de pH em que sua atividade é máxima e à medida que estes valores de pH se afastam do valor ótimo, a atividade enzimática diminui. Essas mudanças de pH podem causar desnaturação das enzimas. É justamente isto que ocorre quando uma pessoa entra em acidose ou alcalose. Além do pH, a temperatura também pode afetar a atividade enzimática. Em geral, o aumento da temperatura até certo ponto aumenta a velocidade da reação, pois favorece os choques moleculares entre o substrato e a enzima. Isso ocorre até atingir a temperatura ótima de atuação da enzima. Ao ultrapassar a temperatura ótima, verifica-se que ocorre uma diminuição progressiva na atividade enzimática, pois temperaturas elevadas levam à desnaturação enzimática, devido ao rompimento das ligações fracas que mantem a estrutura da enzima (Figura 10). Figura 10. Fatores que afetam a atividade enzimática. Os gráficos em forma de sino mostram que cada enzima possui um valor ótimo de pH (A) e de temperatura (B). À medida que o pH e a temperatura se afastam do ideal, as enzimas tem a sua estrutura e função biológica afetada. Fonte: A autora, 2019. Outro fator que altera a atividade das enzimas é a presença de inibidores. Estas 28 BIOQUÍMICA BÁSICA moléculas podem diminuir ou interromper as reações enzimáticas. Existem duas grandes classes de inibidores enzimáticos: irreversíveis e reversíveis. Os inibidores irreversíveis promovem a inativação permanente da enzima. Este é o caso do medicamento ácido acetilsalicílico, o qual modifica permanentemente a enzima Ciclo Oxidase, inativando-a. Assim, esta enzima não irá sintetizar prostaglandinas, que são compostos que causam dor e febre, levando assim à melhora destes sintomas. Já os inibidores reversíveis são divididos em inibidores competitivos e não competitivos. Os inibidores competitivos apresentam estrutura química semelhante ao do substrato e por isto competem com a ligação do substrato ao sítio ativo da enzima. A inibição competitiva é emprega terapeuticamente para tratar pacientes que ingeriram metanol, um solvente encontrado em misturas anticongelantes para veículos automotivos. No fígado da pessoa intoxicada, o metanol é convertido em formaldeído pela enzima álcool desidrogenase, que é muito tóxico para as células podendo inclusive causar cegueira. O etanol compete efetivamente com o metanol como substrato para álcool desidrogenase e, consequentemente, há diminuição da velocidade de formação do formaldeído, o suficiente para que a maior parte do metanol possa ser excretado pela urina sem maiores danos. Os inibidores competitivos são utilizados para tratar pacientes aidéticos por meio do uso do AZT e também na quimioterapia de diversos tipos de câncer. Os inibidores não competitivos não apresentam nenhuma semelhança estrutural ao substrato e seu efeito é decorrente da sua ligação à outra região da enzima que não seja o sítio ativo, esta ligação afeta a estrutura e por consequência a atividade enzimática. Como exemplo deste inibidor, temos os metais pesados, como o mercúrio que é utilizado na extração de ouro e apresenta elevada toxicidade. SAIBA MAIS Saiba mais sobre os inibidores enzimáticos lendo o artigo “Inibidores enzimáticos em intoxicações” disponível em: https://www.ufrgs.br/lacvet/site/ wp-content/uploads/2014/08/inibid_enzim_intox.pdf. Acesso em: 11 jun. 2019. Você também pode encontrar o arquivo para leitura acessando o ambiente virtual. 29 BIOQUÍMICA BÁSICA 1.4 CARBOIDRATOS A partir de agora vamos entrar no mundo doce e delicioso dos carboidratos. Carboidratos, hidratos de carbono ou glicídios, popularmente conhecidos como açúcares, são as macromoléculas responsáveis primariamente pelo fornecimento de energia aos sistemas bioquímicos e constitui as biomoléculas mais abundantes na face da terra. Os carboidratos são a base da dieta na maior parte do mundo, além disso alguns carboidratos atuam como reservatórios de energia e também como elementos estruturais e de proteção nas paredes celulares bacterianas e de vegetais. Os carboidratos são, predominantemente, poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas cíclicos, ou substâncias que liberam esses compostos por hidrólise. A unidade básica que forma os carboidratos são os monossacarídeos, sendo que moléculas resultantes da união de dois a dez monossacarídios são chamados oligossacarídeos e quando há a união de centenas de unidades de monossacarídeos chamamos de polissacarídeos. Vamos conhecer mais sobre cada um deles. a) Monossacarídeos Monossacarídeos são os tipos mais simples de carboidratos, e recebem nomes de acordo com o número de átomos de carbono. Assim, monossacarídeos com quatro, cinco, seis e sete átomos de carbono em seus esqueletos moleculares são chamados, respectivamente, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses. Os monossacarídeos mais abundantes nos seres vivos são os com cinco carbonos, como a ribose, xilulose e ribulose e os monossacarídeos de seis átomos de carbonos como a glicose, galactose, manose e frutose (Figura 11). Figura 11. Estrutura dos monossacarídeos mais comuns. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. 30 BIOQUÍMICA BÁSICA b) Oligossacarídeos Os dissacarídeos, como a maltose, a lactose e a sacarose, são os oligossacarídeos mais comuns, sendo constituídos por dois monossacarídeos unidos covalentemente entre si por uma ligação O-glicosídica. Os dissacarídeos fisiologicamente mais importantes são a sacarose, que é formada por glicose e frutose (encontrada na beterraba, na cana-de-açúcar e em outros vegetais) e a lactose, a qual é formada por glicose e galactose (encontrada no leite e derivados), conforme ilustrado na (Figura 12). Figura 12. Estrutura dos dissacarídeos mais comuns. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. FORUM A intolerância à lactose atinge milhões de pessoal no Brasil. Existem vários tipos de intolerância à lactose, como a primária, secundária e a congênita. Que tal discutimos um pouco mais este assunto? Para isto, utilize a plataforma online da sua disciplina e socialize com os seus colegas. c) Polissacarídeos Apesar da grande importância dos monossacarídeos e dissacarídeos, a maioria dos carboidratos encontrados na natureza ocorre como polissacarídeos, que são polímeros de média a alta massa molecular formados centenas ou milhares de resíduos de monossacarídeos, mais comumente a glicose. Podem formar cadeias lineares como a celulose ou cadeias ramificadas como o glicogênio. Dentre os polissacarídeos mais importante, encontra-se o amido e o glicogênio. Esses carboidratos são fundamentais para o armazenamento de energia, sendo o amido exclusivo de células vegetais e o glicogênio das células animais. Esses dois polissacarídeos 31 BIOQUÍMICA BÁSICA ocorrem intracelularmente como grandes agregrados ou grânulos. As moléculas de amido e glicogênio são altamente hidratadas, porque elas têm muitos grupos hidroxilas expostos e capazes de formar pontes de hidrogênio com a água. O amido contém dois tipos de polímeros da glicose, a amilose e a amilopectina. O primeiro consiste de cadeias longas, não-ramificadas de unidades de glicose conectadas por ligações (α1s4). A amilopectina difere da amilose por ser altamente ramificada. As ligações glicosídicas encontradas entre a unidades de glicose nas cadeias da amilopectina são (α 1s4), mas os pontos de ramificação são (α1s6). O amido é especialmente abundante nos tubérculos, como as batatas, e nas sementes, como o grão de milho. O glicogênio é um polímero de subunidades de glicose unidas por meio de ligações (α1s4), com ligações (α1s6) nas ramificações. O glicogênio é especialmente abundante no fígado e no músculo esquelético, sendo armazenado na forma de grânulos no interior das células. Além dos polissacarídeos já descritos, existe ainda a celulose, pectina e quitina. A celulose é formada por resíduos de glicose, sendo uma substância fibrosa, resistentee insolúvel em água, é encontrada na parede celular dos vegetais, particularmente em troncos, galhos e em todas as partes lenhosas. Já a pectina é um polissacarídeo formado por monômeros de ácido galacturônico unidos entre si por ligações glicosídicas. Suas moléculas compõem a parede celular de vegetais produtores de sementes. Juntas, a celulose e a pectina compõem as fibras alimentares. Por fim, temos a quitina que é um polissacarídeo que irá compor o exoesqueleto duro de vários artrópodes, como insetos, lagostas e caranguejos. SAIBA MAIS Que tal revisar os pontos mais importantes deste tópico? Então assista o vídeo “Como os carboidratos afetam a nossa saúde” do canal TED-Ed disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wxzc_2c6GMg. 1.5 LIPÍDEOS Vamos falar sobre estas gordurinhas que insistem em atrapalhar a nossa silhueta? Pois bem, a partir de agora iremos aprender um pouco mais sobre os lipídeos, os quais https://www.youtube.com/watch?v=wxzc_2c6GMg 32 BIOQUÍMICA BÁSICA constituem uma classe de compostos com estrutura bastante variada, mas que possuem como característica em comum a alta solubilidade em solvente orgânicos e por serem praticamente insolúveis em água. Em geral, são compostos anfipáticos, ou seja, apresenta uma porção hidrofílica e outra hidrofóbica. Os lipídeos exercem várias funções biológicas como: a. fazem parte da composição química de membranas biológicas, b. atuam como fonte de energia e como reserva energética, c. são precursores de hormônios, d. atuam como mensageiros intracelulares, e. Agem como isolantes térmicos, dentre outras funções. Existem vários tipos de lipídeos, são eles: a) Ácidos Graxos São ácidos monocarboxílicos com cadeia carbônica não ramificada, podendo apresentar apenas ligações simples entre seus átomos de carbono (saturada) ou apresentar uma ou mais duplas ligações entre seus átomos de carbono (insaturada). Os ácidos graxos mais comuns possuem número par de carbonos, geralmente com 16 a 18 carbonos. Os ácidos graxos são compostos anfipáticos, onde o grupo carboxila constitui o grupo polar e a cadeia carbônica o grupo apolar (Figura 13). Figura 13. Estrutura de dois ácidos graxos com 16 carbonos. A presença de uma dupla ligação resulta em uma curvatura na molécula. À esquerda temos as fórmulas estruturais e à direita as suas representa- ções tridimensionais. Fonte: A autora, 2019. 33 BIOQUÍMICA BÁSICA Ácidos graxos livres são pouco comuns na natureza e em geral, estão associados a um álcool como o glicerol, formando o triacilglicerol e os glicerofosfolipídeos, e a enfingosina, formando assim os esfigolipídeos (esfingomielinas e glicolipídeos). Veja a figura 14: Figura 14. Esquema geral dos principais lipídeos que contêm ácidos graxos. Fonte: A autora, 2019. b) Triacilgliceróis Os triacilgliceróis são lipídios de armazenamento, formados por três moléculas de ácidos graxos esterificados a uma molécula de glicerol. Nos animais, os adipócitos armazenam grande quantidade de triacilgliceróis e em muitos tipos de plantas, triacilgliceróis são armazenados como óleos nas sementes fornecendo energia e precursores biossintéticos durante a germinação das sementes. Os adipócitos possuem lipases, que são enzimas que catalisam a hidrólise de triacilgliceróis armazenados liberando ácidos graxos para serem transportados a sítios onde são necessários como combustível. As gorduras e óleos são definidos como misturas de triacilgliceróis, sendo que as gorduras apresentam triacilgliceróis ricos em ácidos graxos saturados e são por isto, sólidas à temperatura ambiente. Já os óleos também são misturas de triacilgliceróis, porém estes são em ricos em ácidos graxos insaturados e são líquidos à temperatura ambiente. SAIBA MAIS O tipo de lipídeos que você ingere irá impactar sua saúde mais do que a quantidade de lipídeos que você ingere. Se interessou pelo assunto? Então 34 BIOQUÍMICA BÁSICA assista o vídeo “O que é gordura?” do canal TED-Ed e que está disponível no link https://www. ted.com/talks/george_zaidan_what_is_fat?language=pt-br. Só não esqueça de selecionar a legenda em português. PARA REFLETIR Olha só, os lipídeos não são só importantes na dieta, eles são bem importante no isolamento térmico. Em alguns animais, como focas e leões-marinhos, os triacilgliceróis armazenados sobre a pele servem não só como reservas de energia, mas também como isolantes térmicos. Em animais em hibernação, como os ursos, as enormes reservas de gordura acumuladas antes da hibernação servem para insulação e armazenamento de energia. Para os cachalotes, o armazenamento de triacilgliceróis e de ceras permite aos animais ajustar a densidade de seus corpos àquela do meio ambiente, quando mergulham em águas frias profundos, isso é possível graças a baixa densidade desses lipídios. c) Lipídeos de membranas Vamos aprender agora o último grupo dos lipídeos, que são aqueles que tem papel estrutural, sobretudo nas membranas biológicas. A característica central na arquitetura de membranas biológicas é a camada dupla de lipídios, a qual age como uma barreira impedindo a passagem de moléculas polares e íons. Existem três tipos gerais de lipídios de membrana: glicerofosfolipídios, esfingolipídios e esteróis. Esses lipídios são também anfipáticos e quando em meio aquoso, realizam interações hidrofóbicas entre suas regiões apolares e interações hidrofílicas com a água, direcionando assim a organização das bicamadas de membrana quando formam lâminas bidimensionais. Os glicerofosfolípidios são lipídeos compostos de dois ácidos graxos ligadas a um glicerol, e um grupo fosfato ligação ao C3. Associado ao fosfato, pode haver outros grupos polares variáveis. Os esfingolipídios possuem estrutura semelhante aos glicerofosfolipídios, porém, os esfigolipídeos não possuem o glicerol, mas sim a enfigosina como grupo polar por onde estão ligados os ácidos graxos. Associado ao C1 da esfigosina pode haver outros grupos polares como a fosforilcolina (forma a esfingomielina, comum nas bainhas de mielina dos neurônios), glicose ou galactose (forma os cerebrosídeos) e também grupos 35 BIOQUÍMICA BÁSICA complexos de carboidratos (forma os gangliosídeos, comuns na membrana plasmática das hemácias e cérebro). Além dos lipídeos citados acima, nas membranas biológicas existe o colesterol, sendo este lipídeo exclusivo das células animais, sendo muito importante por regular a fluidez das membranas. Além disso, o colesterol é precursor de outras moléculas biologicamente importantes como hormônios sexuais e do córtex da adrenal, vitamina D e sais biliares, que atuam como detergentes no intestino, emulsificando as gorduras da dieta para que se tornem mais acessíveis às lipases digestivas. SAIBA MAIS Se você quer saber mais sobre o colesterol, assista o vídeo “Colesterol Bom, Colesterol Ruim... O Que Isso Quer Dizer” disponível no link: https://www.youtube. com/watch?v=A_46uvUc00c e também assista o vídeo do Drauzio Varella disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=FpKPVsilepw SUGESTÃO DE LEITURA: COX, Michael M.; NELSON, David Lee. Princípios de bioquímica de Lehninger. 5. ed. Porto Alegre: Artmed , 2011. Este é o livro mais clássico de Bioquímica, sendo utilizado em todas as instituições de ensino do mundo. O livro combina conceitos teórico e práticos, o que facilita a aprendizagem da Bioquímica. 1.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta unidade aprendemos que as proteínas são formadas por 20 aminoácidos diferentes que estão conectados entre si por meio de ligações peptídicas. Vimos que além de formar as proteínas, os aminoácidos são muito importantes para o funcionamento https://www.youtube.com/watch?v=A_46uvUc00c https://www.youtube.com/watch?v=A_46uvUc00c https://www.youtube.com/watch?v=FpKPVsilepw 36 BIOQUÍMICA BÁSICA correto do nosso organismo. Por exemplo, existem aminoácidos que atuam como neurotransmissores, outrosque são precursores de hormônios e alguns aminoácidos que irão atuar nas reações do metabolismo intermediário. Estudamos também alguns peptídeos como a insulina e o glucagon, os quais são hormônios fundamentais para regular todo o nosso metabolismo. Após isto focamos nossas energias em estudar as proteínas e seus dobramentos. Importantemente, aprendemos juntos que se houver alteração em um único aminoácido na sequência da proteína, possivelmente haverá alteração na estrutura da proteína e por consequência no funcionamento desta. Isto pode inclusive nos causar doenças, como o câncer. Estudamos também as enzimas, um grupo fascinante de proteínas que tem por função aumentar a velocidade das reações químicas que ocorrem no nosso organismo. Sem as enzimas, não haveria vida, pois as reações químicas seriam muito lentas o que seria incompatível com a existência de qualquer forma de vida na Terra. Estudamos também os lipídeos e carboidratos, que são muito importantes como fonte e reserva de energia. Além disso, vimos que alguns carboidratos, como a celulose e a pectina, possuem função estrutural e são muito importantes para a nossa saúde, pois eles compõem as fibras alimentares. Em relação aos lipídeos, aprendemos que estes desempenham funções bem variadas, dentre elas, os lipídeos fazem parte da estrutura das membranas biológicas, além de serem precursores de hormônios, sais biliares e vitamina D. Os lipídios são essencialmente insolúveis em água, porém devido as funções importantes que desempenham precisam ser transportados do tecido de origem para os tecidos nos quais eles serão armazenados ou consumidos. Assim, os lipídeos são transportados no plasma sanguíneo na forma de lipoproteínas plasmáticas, como LDL e HDL, as quais estão associadas às doenças cardiovasculares. Não foi fácil chegar até aqui né? Mas olhe para trás e veja o quanto aprendemos ao longo desta unidade. Nos vemos em breve...até lá!!! 1.7 EXERCÍCIOS 1. [CONHECIMENTO] Os carboidratos (ou hidratos de carbono) são poli- hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, ou substâncias que, hidrolisadas, originam estes compostos. Apresentam, em geral, a fórmula empírica (CH2O)n, da qual deriva a sua nomenclatura, que, todavia, é inadequada: muitos carboidratos não apresentam esta fórmula geral (como a glicosamina, que contém um grupo amino) e existem compostos com esta fórmula que não são carboidratos (ácido lático, por exemplo). Carboidratos 37 BIOQUÍMICA BÁSICA com sabor doce, como sacarose, glicose e frutose, comuns na alimentação humana, são chamados açúcares. Os carboidratos são classificados segundo o número de unidades componentes em monossacarídios, oligossacarídios e polissacarídios (Marzzoco e Torres, 2010). Como exemplos de monossacarídeo, dissacarídeo e polissacarídeo podemos citar, respectivamente: (A) Glicose, lactose e celulose (B) Celulose, glicose e lactose (C) Lactose, glicose e celulose (D) Glicose, celulose e lactose (E) Celulose, lactose e glicose 2. [COMPREENSÃO] Durante muito tempo acreditou-se que os carboidratos tinham funções apenas energéticas para os organismos. O avanço do estudo desses compostos, porém, permitiu descobrir outros eventos biológicos relacionados aos carboidratos. Baseado em seus conhecimentos, avalie as seguintes afirmativas: I. Os carboidratos são fundamentais no processo de transcrição e replicação, pois participam da estrutura dos ácidos nucléicos. II. Os carboidratos são importantes no reconhecimento celular, pois estão presentes externamente na membrana plasmática, onde eles formam o glicocálix. III. A quitina, que forma o exoesqueleto dos artrópodes, e a celulose, que participa da formação da parede celular, são tipos de polissacarídeos. IV. O glicogênio é um carboidrato de reserva encontrado no fígado dos animais e nos plastídeos dos vegetais. Assinale a alternativa correta: (A) Apenas as alternativas I e III estão corretas (B) Apenas as alternativas II e IV estão corretas (C) Apenas as alternativas III e IV estão corretas (D) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas (E) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas. 3. [ANÁLISE] O colesterol é um importante constituinte das membranas celulares, estando relacionado à síntese dos hormônios esteróides e sais biliares. No plasma ele é encontrado ligado a agregados lipídeos, chamados lipoproteínas, sendo as mais comuns o LDL (Low Density Lipoprotein ou lipoproteína de baixa densidade) e HDL - (High Density Lipoprotein ou lipoproteína de alta densidade). Considerando a relação existente entre 38 BIOQUÍMICA BÁSICA taxas de colesterol no sangue e incidência de ateromas, tromboses e infartos, assinale a alternativa correta: (A) Concentrações de HDL e LDL não possuem importância na avaliação da predisposição para o infarto. (B) Alta concentração de HDL e baixa de LDL significam pequeno risco de infarto. (C) Alta concentração de LDL e baixa de HDL significam menor risco de infarto. (D) O aumento das taxas de colesterol depende da alimentação, fatores genéticos, estresse e fumo, sendo que a frequência de atividade física não apresenta influência nas taxas de colesterol. (E) A ingestão de gorduras saturadas não altera as taxas de LDL e HDL 4. [ANÁLISE] Ácidos graxos livres são pouco encontrados na natureza, sendo mais frequentemente presente ligados à uma molécula de glicerol ou esfingosina. Os lipídeos resultantes do primeiro caso, são os triacilgliceróis e os glicerofosfolipídios; no segundo caso, são os esfingolipídios. Baseado em seus conhecimentos sobre lipídeos, observe cuidadosamente a estrutura do ácido graxo abaixo e julgue as seguintes afirmativas: I. Trata-se de um ácido graxo monoinsaturado, comumente encontrado no azeite de oliva. III. A molécula representada é um ácido graxo do tipo ômega 3 III. A grande ingestão deste ácido graxo está correlacionada com o aumento dos níveis de LDL e HDL no organismo IV. A ingestão deste ácido graxo traz uma série de benefícios para a saúde, diminuição da pressão sanguínea, evitam a formação de coágulos sanguíneos na parede arterial, aumenta os níveis de HDL e reduz os de LDL. Assinale a alternativa correta: (A) Apenas as alternativas I e III estão corretas (B) Apenas as alternativas II e IV estão corretas (C) Apenas as alternativas III e IV estão corretas (D) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas (E) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas. 5. [COMPREENSÃO]. Em relação às proteínas é correto afirmar que: I- São biomoléculas formadas por 20 aminoácidos que se combinam em sequências e em números variados. II- São biomoléculas formadas sempre por 20 aminoácidos de extensão. III- Os aminoácidos podem doar e receber prótons, funcionando assim como ácidos 39 BIOQUÍMICA BÁSICA fracos e bases, respectivamente. IV- são formadas por aminoácidos, os quais possuem pelo menos dois grupos ionizáveis: grupo amino e carbonila. Assinale a alternativa correta: (A) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas (B) Apenas as alternativas III e IV estão corretas (C) Apenas as alternativas III e II estão corretas (D) Apenas as alternativas I e II estão corretas (E) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas 1.8 REFERÊNCIAS COX, Michael M.; NELSON, David Lee. Princípios de bioquímica de Lehninger. 5. ed. Porto Alegre: Artmed , 2011. KELLY, J.W. The two shapes of the Tau protein. eLIFE, 2018. MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica Básica . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan , 2010. VOET, Donald. Fundamentos de Bioquímica: a vida em nível molecular. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 40 BIOQUÍMICA BÁSICA 41 BIOQUÍMICA BÁSICA 2 unidade VISÃO GERAL DO METABOLISMO, GLICÓLISE, CICLO DE KREBS E CADEIA RESPIRATÓRIA 42 BIOQUÍMICA BÁSICA 2.1 INTRODUÇÃO Olá aluno (a), seja bem-vindo (a) mais uma vez ao mundo da Bioquímica, mais especificamente ao mundo do metabolismo.A partir de agora iremos focar os nossos estudos nas principais reações químicas que ocorrem no nosso corpo. Aperte os cintos que já vamos começar! Nesta unidade iremos estudar as vias centrais do metabolismo: Glicólise, Ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória. Focaremos inicialmente em compreender como a molécula de glicose é metabolizada. Você já viu que a glicose da dieta é absorvida no intestino e se deriva do amido, sacarose ou da lactose. Após isto, a glicose presente na corrente sanguínea é absorvida pelas células dos diferentes tecidos. No interior das células, a nível de citoplasma, a glicose é metabolizada pela glicólise, levando assim a produção de 2 moléculas de piruvatos, duas moléculas de ATP e duas moléculas de NADH (são transportadores de elétrons e posteriormente serão convertidos em ATP). Após isto, os piruvatos resultados serão transportados até o interior da mitocôndria, sendo convertidos em duas moléculas de acetil-CoA. Estas irão participar do Ciclo de Krebs, uma via composta por oito reações químicas que ocorrem na matriz mitocondrial. Esta via é fundamental para a produção de inúmeras moléculas de NADH e também de FADH 2 . Em seguida, todas as coenzimas reduzidas produzidas (NADH e FADH 2 ) irão para as cristas mitocondriais e serão convertidas em ATP, por meio de um processo conhecido como Cadeia Respiratória. Ao finalizar o estudo destas biomoléculas, espero que você seja capaz de: • Compreender as bases energéticas que regulam o metabolismo e os princípios básicos do metabolismo, • Entender os destinos metabólicos da glicose em condições aeróbicas, • Compreender a importância do Ciclo de Krebs como via metabólica central, • Discutir como ocorre a síntese de ATP na presença de oxigênio. A seguir veremos com detalhes estas vidas metabólicas. Aperte os cintos que já vamos começar! 2.2 VISÃO GERAL DO METABOLISMO E PRINCÍPIOS DE BIOENERGÉTICA O que você acha que está acontecendo com o seu corpo neste exato momento? Você 43 BIOQUÍMICA BÁSICA pode dizer que está com sono, com preguiça, cansado, com fome ou mesmo que está ansioso para aprender bioquímica. Mas, e se você tivesse uma lente de aumento nos olhos que o permitisse de ver o que está acontecendo dentro das suas células? Certamente veria reações químicas acontecendo que mais pareceria com avenidas e ruas bem movimentadas, com carros e pessoas andando para todos os lados, 24 horas por dia. É exatamente assim que funciona o nosso metabolismo, esteja você cochilando no sofá ou correndo na beira da praia, as suas células estão constantemente trabalhando e fornecendo energia para manter seu corpo funcionando. Para desempenhar as mais diversas funções biológicas, os organismos vivos precisam produzir energia e também produzir algumas moléculas. Para isto, as células precisam continuamente realizar transformações químicas, processo este chamado de metabolismo. SAIBA MAIS Para você ter uma ideia de como o metabolismo é complexo, acesse o link https://www.sigmaaldrich.com/content/dam/sigma-aldrich/docs/Sigma/ General_Information/metabolic_pathways_poster.pdf e observe atentamente ao mapa metabólico. O arquivo “Mapa Metabólico” também se encontra disponível na plataforma on-line da disciplina. Não se preocupe com os detalhes do mapa metabólico. Quero apenas que você perceba que a bagunça de linhas que existe neste mapa se assemelha muito com um mapa de um metrô ou de uma cidade, onde você terá vias de mão única ou de mão dupla. Em uma grande cidade, para que o metrô funcione é necessário a utilização de combustível. A mesma coisa acontece dentro das suas células. Você precisa se alimentar, pois os alimentos fornecerão energia para garantir o funcionamento das reações químicas que ocorre no interior das células. Os seres humanos obtêm energia a partir da oxidação (quebra de molécula com perda de elétrons e prótons) dos macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídeos) que são obtidos através da dieta e também da oxidação de carboidratos e lipídeos que são armazenados no nosso corpo. Observação: As proteínas musculares também podem ser quebradas para liberar energia, porém estas não são consideradas reservas energéticas). https://www.sigmaaldrich.com/content/dam/sigma-aldrich/docs/Sigma/General_Information/metabolic_pathways_poster.pdf https://www.sigmaaldrich.com/content/dam/sigma-aldrich/docs/Sigma/General_Information/metabolic_pathways_poster.pdf 44 BIOQUÍMICA BÁSICA A glicose é, quantitativamente, o principal substrato oxidável para a maioria dos organismos, quase todas as células são potencialmente capazes de atender suas demandas energéticas apenas a partir deste açúcar. Além disso, existem tecidos e células de mamíferos como cérebro, hemácias, glândulas suprarrenais, testículos e tecidos embrionários que basicamente só usam a glicose. A maior parte das transformações químicas que visam a produção de ATP ocorre no interior das mitocôndrias. A figura 15 apresenta a anatomia desta organela. Observe que a mitocôndria possui uma membrana externa e uma membrana interna, a qual forma várias dobras no interior desta organela. A membrana mitocondrial interna é também chamada de cristas mitocondriais. Mais internamente, encontra-se a matriz mitocondrial, que é o local onde ocorre o Ciclo de Krebs e outras vias catabólicas. Figura 15. As mitocôndrias são organelas composta por duas membranas: a membrana mitocondrial externa (em amarelo) e a membrana mitocondrial interna que se invagina para o interior da mitocôndria formando cristas (bordas em azul escuro). Além disso, pode-se observar na figura a matriz mitocondrial (azul claro). Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019 Em geral, as vias metabólicas que liberam energia, funcionam da seguinte forma: os macronutrientes são oxidados, sendo os seus elétrons (e-) e prótons (H+) transferidos para moléculas carreadoras (transportadoras), chamadas de coenzimas. Existem dois principais carreadores de elétrons e prótons nas nossas células, o NAD+ (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo) e FAD (Flavina Adenina Dinucleotídeo), os quais são derivados das vitaminas B3 e B2, respectivamente. O NAD+ ao receber os e- e H+ é transformado em NADH + H+. Já o FAD ao receber os e- e H+ é transformado em FADH 2 , como pode se ver abaixo: 45 BIOQUÍMICA BÁSICA FAD + e - + H+ ↔ FADH2 NAD+ + e- + H+ ↔ NADH + H+ Quando NAD+ + FAD (formas oxidadas) recebem e- e H+, dizemos que elas estão reduzidas, pois encontram-se na forma NADH e FADH 2 . As coenzimas reduzidas serão utilizadas pelas nossas células para a produção de ATP (adenosina trifosfato), processo este que ocorre em sua maioria nas mitocôndrias. Além disso, os átomos de carbono dos nutrientes são convertidos em CO 2 conforme mostra a figura 16. Figura 16. Visão geral do processo de obtenção de energia. Observe que os nutrientes são oxidados e os elétrons e prótons resultantes são transferidos para as coenzimas, que se tornam reduzidas, conforme explicado no texto. Neste processo ocorre a produção de ATP, O2 e CO2. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. Além de oxidar nutrientes, as vias metabólicas realizam a produção de moléculas, processo este que envolve reações de redução (envolve ganho de e- e H+). Neste contexto, o metabolismo pode ser dividido em catabolismo e anabolismo. As reações catabólicas são reações de oxidação, como já dito, são reações que envolvem a perda de e- e H+ e além disso, levam à quebra de moléculas e à produção ATP. Por outro lado, as reações catabólicas envolvem redução e formação de moléculas e gasto de ATP (Figura 17). 46 BIOQUÍMICA BÁSICA Figura 17. Resumo dos principais eventos que ocorre durante o catabolismo e anabolismo. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. Existem três formas de obtenção de energia pelos organismos vivos: a. a respiração celular, que é realizada pela grande maioria dos seres vivos, incluindo os seres humanos;b. a fermentação, que é realizada por alguns microrganismos, como os lactobacilos do iogurte e algumas células animais sob condições específicas; c. e a fotossíntese que é realizada pelas plantas e foge do objetivo deste material. Para estudar as vias metabólicas iremos utilizar a glicose como nutriente “modelo”, pois este carboidrato é o principal combustível oxidável da maioria dos organismos. Na dieta humana, consumimos pouca glicose livre, porém, proporções consideráveis deste açúcar são ingeridas sob a forma de amido, sacarose e lactose. Se ficou com dúvidas sobre estes carboidratos, revise a unidade 1 antes de prosseguir! Todas as células são capazes de obter ATP a partir de glicose. Nos organismos anaeróbicos e também em algumas células de mamíferos, como as hemácias, a glicose é oxidada parcialmente até piruvato. Neste caso, a conversão de glicose a piruvato permite aproveitar apenas uma parcela da energia total da glicose. Entretanto, nas células aeróbicas a glicose é totalmente oxidada, trazendo, naturalmente, um enorme ganho na produção de ATP. Nas células aeróbicas, a oxidação da molécula de glicose ocorre em três etapas: 47 BIOQUÍMICA BÁSICA glicólise, ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória. A glicólise ocorre no citoplasma, e consiste na conversão da glicose que tem seis carbonos em duas moléculas de piruvato, que possui 3 carbonos cada. Os piruvatos são transportados para a mitocôndria e após sofrer uma transformação química, entram no Ciclo de Krebs, uma via que ocorre na matriz mitocondrial. O Ciclo de Krebs leva a produção de várias coenzimas reduzidas (NADH e FADH 2 ) que são encaminhadas para as cristas mitocondriais, onde serão convertidas em ATP através da cadeia Respiratória (Figura 18). Em conjunto, estas vias metabólicas são chamadas de Respiração Celular e será vista com mais detalhes nos próximos tópicos desta unidade. Figura 18. Visão geral do metabolismo aeróbico. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019. 2.2 GLICÓLISE OU VIA GLICOLÍTICA Neste tópico, iremos focar no estudo na Glicólise ou Via Glicolítica que consiste na quebra da molécula de glicose que possui seis carbonos (hexose, 6C) e produção de duas moléculas de piruvato (possui três carbonos, 3C). Para que a glicose seja então quebrada ao meio, são necessárias várias reações químicas que são catalisadas por enzimas presentes 48 BIOQUÍMICA BÁSICA no citoplasma. A glicólise pode ser dividida em duas fases: fase preparatória (reação 1 a 5), em que há o investimento de 2 ATPs e fase de pagamento (reações 6 a 10), em que há a produção de 4 ATPs. Assim, temos que o saldo líquido da glicólise são 2 ATPs. As reações que compõe a glicólise estão representadas na figura 19. Figura 19. Reações químicas que compõe a glicólise. Observe que durante a reações 1 e 3 ocorre o gasto de 2 ATPs e que durante as reações 7 e 10 são produzidos 4 ATPs por molécula de glicose. Além disso, na reação 6 ocorre a produção de 2NADH + 2H+ por molécula de glicose. Fonte: Adaptado de shutterstock, 2019 49 BIOQUÍMICA BÁSICA Sei que você pode estar achando tudo isto muito complicado. Mas calma, você não precisa decorar nenhuma reação química. Tenha em mente o seguinte: ao longo dessas reações complicadas da glicólise (glico= glicose e lise =quebra), a molécula de glicose (hexose que é um açúcar composto por seis carbonos) sofre duas fosforizações (reações 1 e 3), à custa de 2 ATP, originando uma hexose com dois grupos fosfato. Tais eventos são importantes, pois impedem a saída da glicose da célula, comprometendo-a para o fornecimento de energia. Além disso, durante a glicólise, a hexose é clivada, produzindo duas trioses (açúcar composto por três carbonos) fosforiladas (4ª reação). Estas trioses sofrem mais uma fosforilação (fosforilação à nível do substrato), formando assim 2 trioses com 2 grupos fosfatos cada (6ª reação). Ao final, os grupos fosfatos destes intermediários são transferidos para o ADP, formando 4 ATP (reações 7 e 10) e 2 piruvatos (10ª reação). Em resumo, ao final da glicólise, temos como saldo líquido 2 piruvatos, 2 ATP, 2 NADH e 2H+. Nas células que possuem mitocôndria, o piruvato é transportado para o interior desta organela, por meio de uma translocase (representada em vermelho na figura 7). Dentro da mitocôndria, cada piruvato sofre uma descarboxilação (perda de um carbono), com produção de uma molécula de CO 2 . Esta etapa é irreversível e é catalisada pelo Complexo da Piruvato Desidrogenase e é responsável por transformar o piruvato em um composto com dois carbonos e por conjugar este composto à Coenzima A, formando assim a molécula Acetil-Coenzima A (Acetil-CoA). Além disso, nesta etapa ocorre a produção de 1 NADH + 1H+. A visão resumida da glicólise assim como a descarboxilação oxidativa da molécula do piruvato pode ser vista na Figura 20. 50 BIOQUÍMICA BÁSICA Figura 20. Visão geral da glicólise, descarboxilação oxidativa do piruvato e Ciclo de Krebs. Observe que o saldo de moléculas produzidas na descarboxilação do piruvato e Ciclo de Krebs encontra-se dupli- cados, pois estamos considerando as transformações químicas ocorridas a partir de uma molécula de glicose com produção de 2 piruvatos. Fonte: A autora, 2019. SAIBA MAIS Se você ficou com dúvida, sugiro que assista a vídeo aula do prof. Dorival Filho disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=fOUjDY7gIWw. Assim você estará mais preparado para seguir para o próximo tópico. 2.3 CICLO DE KREBS Na etapa anterior, vimos que a molécula de glicose é convertida em duas moléculas de piruvato e estão são transformados em duas moléculas de acetil-CoA. A partir de https://www.youtube.com/watch?v=fOUjDY7gIWw 51 BIOQUÍMICA BÁSICA agora veremos que o acetil-CoA será encaminhado para o ciclo de Krebs que é uma via metabólica muito importante para nós, isto porque: a. O Ciclo de Krebs é uma rota central no metabolismo energético, b. Durante as suas reações, ocorre a produção de grande quantidade de NADH e FADH2, c. Alguns dos seus intermediários atuam como percussores biossintéticos de várias moléculas importante para nós, como glicose, aminoácidos, ácidos nucléicos, etc. O Ciclo de Krebs ocorre no interior das mitocôndrias (matriz mitocondrial). Retorne à figura 15 para relembrar a localização da matriz. O Ciclo de Krebs é composto por uma sequência cíclica de oito reações químicas principais que se inicia com a condensação do acetil-CoA (2C) com uma molécula de oxaloacetato (4C). Esta reação leva à formação de uma molécula de citrato (6C) (Figura 21). Após isso, o citrato sofre várias transformações, como: i) duas descarboxilações oxidativas que levam à produção de duas moléculas de CO 2 ; ii) quatro desidrogenações que levam à produção de 3 NADH, 3H+ e 1 FADH 2 . Ainda, ao longo do ciclo ocorre uma fosforilação ao nível de substrato que propicia a produção de um GTP (análogo de ATP) e ao final do ciclo, ocorre a regeneração do oxaloacetato. Assim, este composto pode novamente ser utilizado para iniciar o ciclo de Krebs ou ser utilizado em outras rotas metabólicas, como por exemplo, servir de precursor para a produção de glicose e aminoácidos (Figura 21). Ao analisar a figura 21, atente-se para o seguinte: o saldo de moléculas produzidas na descarboxilação do piruvato e Ciclo de Krebs encontra-se duplicados, pois estamos considerando as transformações químicas ocorridas a partir de uma molécula de glicose com produção de dois piruvatos. Por isso, a figura 21 mostra a produção de 6 NADH, 6H+, 2 FADH 2, 4 CO 2 e 2 GTP, pois considera-se duas voltas no Ciclo de Krebs. As reações do Ciclo de Krebs podem ser vistas na imagem a seguir: 52 BIOQUÍMICA BÁSICA Figura 21. Transformações químicas que ocorrem ao longo do Ciclo de Krebs. Fonte: Shutterstock, 2019. Podemos assim concluir que o piruvato é totalmente oxidado a CO 2 , com a concomitante produção de grande quantidade
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