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1 Apresentação das Principais Estratégias de Modulação para o Inversor de Dois Nı́veis e Avaliação pelo Simulink/MatLab Ruan Carlos Marques Gomes, Ailton do Egito Dutra, Itaiara Felix Carvalho, Nayara Ingrid Lisboa Santos, Luı́s Gustavo Camelo Trovão, Marlius Hudson de Aguiar, José Djair Guedes da Silva, João André Soares de Oliveira, Paulo Vinı́cius Bezerra de Oliveira Abstract—A modulação por largura de pulso é uma das mais difundidas estratégias de modulação, e é caracterizada por gerar pulsos periódicos de amplitude constante e de largura que varia conforme um sinal de referência. Este trabalho consiste na apresentação das principais estratégias de modulação PWM (PWM - Pulse Width Modulation) para o inversor trifásico de dois nı́veis e análise dos seus requisitos, tais como a distorção harmônica total (THD - Total Harmonic Distortion) e a distorção harmônica ponderada total (WTHD - Weighted Total Harmonic Distortion). Serão apresentadas as seguintes técnicas de Modulação PWM: PWM Escalar, PWM Senoidal, e PWM Vetorial, as quais serão discutidas e implementadas no ambiente de simulação Simulink/Matlab de modo que os resultados de simulação obtidos venham a evidenciar a efetividade das técnicas de modulações propostas. I. INTRODUÇÃO Sinais modulados em largura de pulso, (PWM - Pulse Width Modulation), são amplamente utilizados em aplicações na eletrônica de potência. A filosofia deste tipo de modulação é gerar pulsos periódicos de amplitude constante e de largura variável. A largura dos pulsos em cada perı́odo varia de acordo com o valor instantâneo de um sinal de referência do PWM. Se o valor do sinal de referência for grande, o pulso gerado terá uma largura grande e, se o valor do sinal de referência for pequeno, o pulso gerado terá uma largura pequena. Portanto, o valor médio do sinal pulsado calculado em cada perı́odo depende do valor do sinal de referência. O perı́odo caracterı́stico do sinal de PWM é conhecido como perı́odo de chaveamento (ou Tch) e seu inverso conhecido como frequência de chaveamento (ou fch). Os sinais de PWM gerados servem como sinais de comando de abertura e fechamento das chaves. Como a chave inferior de um braço do inversor possui sempre estado contrário à chave superior, existe a necessidade apenas da geração de um sinal PWM. Para melhor compreender as técnicas de PWM, é importante definir o conceito de razão de trabalho. A razão de trabalho τ de uma determinada chave é a proporção do perı́odo de chaveamento na qual esta chave permanece fechada. τ = tTch Onde: t é o intervalo de tempo em que a chave permanece fechada durante Tch. Nas estratégia de PWM, o objetivo primário é mensurar o tempo em que a chave deve permanecer fechada para se ter a tensão ou corrente de saı́da desejadas. Neste trabalho serão abordados três estrategias de PWM: senoidal, escalar e vetorial. A modulação senoidal consistem da comparação entre duas formas de onda: senoidal e triangular, neste caso, a onda triangular é a portadora e a senoide o sinal modulante. A saı́da do comparadores destes dois sinais consiste de 0 e 1 lógicos que serão responsáveis pelo acionamento das chaves. Na modulação escalar, os tempos de operação das chaves são calculados diretamente com as tensões trifásicas. Por meio destes tempos de condução, pode-se impor um tensão média em cada uma das fases durante um perı́odo T . A modulação vetorial se baseia na teoria de vetores espaciais, e é especificada para aplicação no caso de conversores trifásicos. Ela toma como ponto de partida a definição de vetores de tensão associados a cada uma das oito configurações possı́veis das chaves do inversor. II. INVERSOR TRIFÁSICO DE DOIS N ÍVEIS Os inversores trifásicos convencionais, ou de dois nı́veis, são assim denominados porque, em sua configuração, pode-se obter apenas dois nı́veis de tensão de pólo, isto é, a tensão vista entre os pontos 1,2 ou 3 com relação ao ponto 0 como pode ser observado na Figura 1. Utilizando-se tensão de valor Vi 2 sobre cada um dos capacitores, é possı́vel obter tensões de pólo que variam entre Vi2 e −Vi 2 . Este será o inversor utilizado para realizar a comparação entre as diferentes estratégias de PWM neste trabalho. A Figura 2 ilustra os possı́veis estados do inversor em questão. A. Análise das Tensões de Pólo e de Fase Em um sistema trifásico de tensões equilibradas, pode-se ter as seguintes relações das tensões de pólo: V10 = (2q1 − 1) Vi 2 (1) V20 = (2q2 − 1) Vi 2 (2) V30 = (2q3 − 1) Vi 2 (3) 2 Fig. 1. Topologia do inversor trifásico de dois nı́veis. 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n Fig. 2. Visualização dos estágios de chaveamento. 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (a) 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (b) 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (c) 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (d) 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (e) 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (f) 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (g) 1Q 1Q 2Q 2Q 3Q 3Q2 iV 2 iV 0 1Z 2Z 3Z 1 2 3 n (h) em que q1, q2 e q3 são os estados das chaves Q1, Q2 e Q3, podendo variar entre 0 ou 1. A tensão do neutro com relação ao ponto 0 é dada por: Vn0 = 1 3 (V10 + V20 + V30) (4) Para o inversor em questão, tem-se que as tensões do neutro aos pontos 1, 2 e 3 são dadas por: V1n = V10 − Vn0 (5) V2n = V20 − Vn0 (6) V3n = V30 − Vn0 (7) V1n = 2 3 V10 − 1 3 V20 − 1 3 V30 (8) V2n = 2 3 V20 − 1 3 V10 − 1 3 V30 (9) V3n = 2 3 V30 − 1 3 V10 − 1 3 V20 (10) V1n = 2 3 (2q1 − q2 − q3) Vi 2 (11) V2n = 2 3 (2q2 − q1 − q3) Vi 2 (12) V3n = 2 3 (2q3 − q1 − q2) Vi 2 (13) Nesta topologia pode-se ter 8 possibilidades diferentes de estados. A Tabela I mostra as tensões de saı́da para cada um desses estados (combinações de trios q1, q2, q3). A Figura 3 mostra as tensões de pólo e de fase possı́veis no inversor discutido. B. Estágio de Roda Livre A roda livre é uma técnica utilizada em circuitos chaveados para disponibilizar um caminho de circulação da corrente da carga, principalmente quando se trata de cargas fortemente indutivas, as quais não permitem variação brusca da corrente em seus terminais. A utilização do estágio de roda livre evita que ocorram sobretensões ao longo do circuito ou conexões entre fonte e carga durante intervalos de tempo indesejáveis. Nos conversores CC-CA, a roda livre também desempenha papel importante na redução da distorção harmônica da tensão nos terminais da carga, pois com ela é possı́vel acrescentar o nı́vel zero na tensão de saı́da, o que, aliado à uma modulação de pulsos adequada, reduz o conteúdo harmônico de baixa frequência. A roda livre nos inversores trifásicos pode ser associada à um estágio programado (acionamento simultâneo de todas as chaves superiores ou inferiores) ou ainda por meio da condução forçada dos diodos anti-paralelos usados nestas aplicações, os quais normalmente já estão encapsulados junta- mente com a chave semicondutora de potência (MOSFET ou IGBT). III. ESTRATÉGIAS DE MODULAÇÃO As estratégias de modulação consistem em técnicas de chaveamento de modo a obter-se na saı́da do conversor o par tensão-corrente desejado. Uma das mais utilizadas é a modulação por largura de pulso (PulseWidthModulation), que consiste em um sinal com pulsos periódicos com objetivo de manter as chaves ligadas pelo tempo necessário à obtenção 3 TABLE I TENSÕES DE SAÍDA PARA O INVERSOR TRIFÁSICO DE DOIS NÍVEIS. Configuração Estados V10 V20 V30 V1n V2n V3n Vd Vq 0 000 −Vi/2 −Vi/2 −Vi/2 0 0 0 0 0 1 100 Vi/2 −Vi/2 −Vi/2 2Vi/3 −Vi/3 −Vi/3 √ 6Vi/3 0 2 110 Vi/2 Vi/2 −Vi/2 Vi/3 Vi/3 −2Vi/3 √ 6Vi/6 √ 2Vi/2 3 010 −Vi/2 Vi/2 −Vi/2 −Vi/3 2Vi/3 −Vi/3 - √ 6Vi/6 √ 2Vi/24 011 −Vi/2 Vi/2 Vi/2 −2Vi/3 Vi/3 Vi/3 - √ 6Vi/3 0 5 001 −Vi/2 −Vi/2 Vi/2 −Vi/3 −Vi/3 2Vi/3 - √ 6Vi/6 - √ 2Vi/2 6 101 Vi/2 −Vi/2 Vi/2 Vi/3 −2Vi/3 Vi/3 √ 6Vi/6 - √ 2Vi/2 7 111 Vi/2 Vi/2 Vi/2 0 0 0 0 0 Fig. 3. Tensões de pólo e fase no inversor trifásico de dois nı́veis. 10V 2iV- 2iV 2iV- 2iV 2iV- 2iV T T 20V 30V 0V 1V 2V 7V 7V 2V 1V 0V oit 1t 2t oft ' oft ' 2t ' 1t ' oit T T 0V 1V 2V 7V 7V 2V 1V 0V oit 1t 2t oft ' oft ' 2t ' 1t ' oit nV1 nV 2 nV3 32 iV 3iV 3iV- 32 iV- 3iV- 3iV (a) 10V 2iV- 2iV 2iV- 2iV 2iV- 2iV 20V 30V T T 0V 3V 2V 7V 7V 2V 3V 0V oit 3t 2t oft ' oft ' 2t ' 3t ' oit nV1 nV 2 nV3 32 iV 3iV 3iV- 32 iV- 0V 3V 2V 7V 7V 2V 3V 0V T T oit 3t 2t oft ' oft ' 2t ' oit ' 3t ' 3t ' 3t 3iV- 3iV (b) da saı́da desejada no conversor. Nesse trabalho, serão vistos diferentes tipos de modulação por largura de pulso a fim de comparar-se o desempenho de cada uma deles aplicados ao inversor em questão. A. Comparação Seno-Triângulo Este tipo de modulação é obtida a partir da comparação entre uma senoide com frequência igual a do sinal desejado na saı́da do inversor (modulante) e uma onda triangular com frequência de no mı́nimo 21 vezes dessa mesma frequência. É desejável que o ı́ndice de modulação, definido como a razão entre a amplitude do sinal da modulante e a amplitude do sinal da onda triangular (ma = VmodulanteVtriangular ), seja menor ou igual a 1, de modo que não ocorra sobremodulação. Desse modo, fazendo-se a comparação da modulante com a onda triangular, é possı́vel observar um sinal de largura de pulso com frequência igual a da onda triangular, denominada frequência de chaveamento. Em geral, quanto maior essa frequência, maiores as perdas por chaveamento. A Figura 4 ilustra a técnica descrita. Fig. 4. Modulação por largura de pulso utilizando comparação seno-triângulo. B. PWM Escalar Uma tensão média correspondente a uma referência de fase durante o intervalo de amostragem é imposta como tensão de polo em cada braço do inversor. As tensões de referência modificadas V ∗ ′ s1 , V ∗′ s2 e V ∗′ s3 , podem ser definidas das referências senoidais V ∗s1, V ∗ s1 e V ∗ s1 como seguem: V ∗ ′ s1 = V ∗ s1 + Vh (14) V ∗ ′ s2 = V ∗ s2 + Vh (15) V ∗ ′ s3 = V ∗ s3 + Vh (16) 4 Nessa situação, vh é a componente de sequência zero. Vale ressaltar que as tensões de referência modificadas são consideradas constantes para o intervalo τ . Como primeiro passo, faz-se os valores médios das três tensões iguais aos valores médios dos pontos médios das tensões Vs10, Vs20 e Vs30 (Figuras 1 e ??). Dessa forma, pode-se obter a equação que segue. V s∗ ′ s1 = [ E 2 τ1 − E 2 (τ − τ1) ] 1 τ (17) V s∗ ′ s2 = [ E 2 τ2 − E 2 (τ − τ2) ] 1 τ (18) V s∗ ′ s3 = [ E 2 τ3 − E 2 (τ − τ3) ] 1 τ (19) Estas equações são deduzidas para os valores de referência constantes sobre um mesmo τ . Desta expressão, calcula-se os intervalos de tempo, com j = 1, 2 ou 3. (Figura ??) τj = ( V s∗ ′ sj E + 1 2 ) τ (20) Para compreensão geral do modelo, pode-se implementar digitalmente o PWM Escalar utilizando um contador em comparação com uma dente de serra configurada para um mesmo perı́odo de contagem. C. PWM Vetorial Com o desenvolvimento dos microprocessadores, a es- tratégia de modulação Space Vector PWM (SV-PWM), pro- posta por PFAFF, WESCHTA e WICK (1984) e mais adi- ante desenvolvida por VAN DER BROECK, SKUDELNY e STANKE (1988), tornou-se a técnica de processamento de potência mais utilizada em conversores trifásicos com modulação por largura de pulso. Ao longo destes anos, diversas técnicas de modulação vetorial foram desenvolvidas para gerar diferentes sinais de entrada e de saı́da do inversor com o objetivo de modificar as caracterı́sticas da modulação (ver revisão bibliográfica). Utilizando a transformada odq, considerando a conservação de energia, obtêm-se os vetores das tensões no referencial estatórico (Vd e Vq), em função das tensões de fase. VdVq Vo = Vi√2 3 1 −1/2 1/20 √3/2 −√3/2 1/ √ 2 1/ √ 2 1/ √ 2 V1nV2n V3n (21) O surgimento da SV-PWM possibilitou a representação dos estados de configuração dos interruptores do inversor (0 = bloqueio, 1 = condução) por vetores espaciais de tensão Tab. I. O conjunto de três vetores adjacentes forma os vértices de um triângulo, o conjunto de todos os triângulos forma o hexágono dos vetores de tensão no plano das variáveis dq (diagrama vetorial). A utilização de um conjunto de vetores especı́ficos forma o padrão de comutação para um perı́odo da modulação como m ostra a Figura 5. Fig. 5. Vetores e setores para a modulação vetorial. (1 0 0) (1 1 0)(0 1 0) (1 0 1)(0 0 1) (0 1 1) d 1 q 2 3 I II III IV V VI 0 VII 1V4V 3V 2V 6V5V TtV 11 TtV 22 V θ Os vetores são espaçados de 60 graus e são definidos como I, II, III, IV, V e VI, na Figura 6(a) é mostrada os setores em função das senoides de referência e na Figura 6(b) a como é feita a modulação PWM vetorial trifásica . Fig. 6. Geração do PWM vetorial trifásico. V VI I II III IV V νa � νa � νT νh τh p1 tp1 t01 t02t1 Ts t2 tp2 tp3 p2 p3 νb � νb � νc � νc � p1′ tp1′ t01′ t02′ tp2′ tp3′ p2′ p3′ τ3′ τ2′ τ1′ τ2 τ1 τ3 (a) Assumindo que o vetor de referência V pode ser escrito como vs∗s = v s∗ sd + jv s∗ sq , e que esse vetor é a soma de dois ve- 5 tores adjacentes V ssl = v s sdl+jV sql s e V ssk = v s sdk+jvV sqk s, onde l = 1,..,6 e k = l+1, obteve-se: vs∗s = V s sl tl τ + V ssk tk τ . (22) Dessa forma, os vetores τl e τk podem ser determinados a partir das equações 23 e 24. τl = V ssqlv s∗ sd − V ssdlvs∗sq V ssdkV s sql − V ssdlV ssqk , (23) τk = V ssdkv s∗ sq − V ssqkvs∗sd V ssdkV s sql − V ssdlV ssqk , (24) Acrescentando o estágio de roda livre, do qual distribui os tempos onde as tensões são nulas, e dessa forma o tempo inicial e final deverão ser distribuı́das de forma que quando o tempo inicial (toi) é incrementado, o tempo final (tof ) é decrementado na mesa proporção, e vice-versa como mostra a equação 25. (1− µ)toi = µtof , 0 ≤ µ ≤ 1. (25) Sabendo que o perı́odo total de chaveamento é t = toi+tl+ tk + tof , e utilizando a equação 25, obtêm-se as expressões para toi e tof . toi = µ(T − tl − tk), (26) tof = (1− µ)(T − tl − tk). (27) D. PWM Escalar com o estágio de roda livre Também é possı́vel implementar a o estágio de roda livre no PWM escalar, seguindo o mesmo principio do vetorial. O objetivo é obter novos tempos de chaveamento (τ1, τ2 e τ3) e assim um novo sinal de senoide modulante que satisfaça a equação 25 de modo a ajustar o perı́odo que as chaves ficam todas abertas ou fechadas. Para isso é necessário encontrar o valor de um novo t ′ oi que seja em função do µ. Esse novo valor é subtraı́do do tempo mı́nimo de chaveamento entre as três chaves inferiores (∆τ = τmin − τ ′ min)conforme mostram as equações 28 e 29. µ = t ′ oi toi + tof = τ ′ min τmin + τmax , (28) ∆τ = τmin(1− µ)− (t− τmax)µ. (29) O valor de ∆τ é subtraı́do dos (τ1, τ2 e τ3), para obter a nova senoide modulante a ser utilizada como referência para o chaveamento. τ ′ 1 = τ1 −∆τ, (30) τ ′ 2 = τ2 −∆τ, (31) τ ′ 3 = τ3 −∆τ. (32) IV. RESULTADOS A. Simulação Para implementar as estratégias de modulação do inversor de dois nı́veis utilizou-se o software de análise e visualização de dados Matlab/Simulink, desenvolvido para a resolução de cálculo. O Matlab tem como caracterı́stica a resolução de muitos problemas em um curto intervalo de tempo, devido a esse fato e a sua praticidade, o Matlab vem sendo cada vez usado no meio cientı́fico e tecnológico. O Simulink é uma ferramenta integrada ao Matlab, do qual possui um ambiente gráfico para modelagem e permite a construção de modelos na forma de diagrama de blocos. O procedimento utilizado para a implementaçãodas es- tratégia de modulação, constitui em quatro simulações, a primeira com o PWM seno-triângulo, a segunda com o PWM escalar, a terceira com o PWM vetorial e por ultimo o PWM escalar com estágio de roda livre. Para todos os casos desenhou-se o circuito do inversor de três braços que opera com uma frequência de 10k Hz, com IGBTs e uma carga RL de (5Ω e 10−3 H), como mostra a Figura 7. Fig. 7. Implementação do Inversor. B. PWM seno-triângulo O PWM seno-triângulo, é a modulação mais simples de ser implementada, consiste basicamente da comparação de senoides de referência defasadas de 2π/3 com uma triangular de frequência 103 HZ, conforme a Figura 8. C. PWM escalar Com base na seção III.B, realizou-se o seguinte procedi- mento para implementação da simulação do PWM escalar. 1) Cálculo dos τ1, τ2 e τ3, utilizando como referência da tensão de fase senoides defasadas de 2π/3 com amplitude de 200 V e frequência 60 Hz. Discretizou-se essa tensão de referência para a obtenção do valor médio por perı́odo (1/10k)s. De acordo com a equação 20, é obtido os valores τ1, τ2 e τ3, o resultado final é divido pelo passo de cálculo (1−7), como mostra a Figura 9. 2) Comparação dos τ1, τ2 e τ3, com um contador com limite igual ao valor máximo do τ obtido e passo de cálculo como o espaço entre as amostras (Sample Time), Figura 10. 6 Fig. 8. Implementação do PWM seno-triângulo. Fig. 9. Cálculo dos τ1, τ2 e τ3. Fig. 10. Geração do PWM escalar. D. PWM vetorial Com base na seção III.C, realizou-se o seguinte procedi- mento para implementação da simulação do PWM vetorial. 1) Cálculo das tensões d e q de referência (vs∗sd e v s∗ sq ), discretizando as tensões de fase de referência (Figura 11). Fig. 11. Obtenção das tensões vs∗sd e v s∗ sq . 2) Cálculo dosτ1, τ2 e τ3, análogo ao PWM escalar. 3) Determinação da seção do qual está o vetor de referência (Figura 12), comparando as senoides como mostra a Figura 6. Fig. 12. Obtenção Seções. 4) Obtenção das tensões vssdl, v s sql e v s sdk, v s sqk, de acordo com a equação 21, Figura 13. 5) Cálculo do τl e do τk, seguindo as expressões encontradas em 23 e 24, como mostra a Figura 14. 6) Determinação dos tempos de roda livre inicial e final (toi e tof ), equações 26 e 27, Figura 15. 7) Por fim, após cálculo todos os tempos de chaveamento (toi, τl, τketof ), determinou-se a nova senoide modulante necessária para a comparação com o contador, e implementou- se o PWM vetorial, Figuras 16 e 17. 7 Fig. 13. Cálculo das tensões vssdl, v s sql e v s sdk, v s sqk . Fig. 14. Cálculo do τl e do τk . Fig. 15. Determinação dos tempos de roda livre inicial e final. E. PWM escalar com estágio de roda livre Agora, alterando a forma de geração do PWM, utilizando o tempo de roda livre, que é quando todas as chaves do inversor de cima ou todas de baixo estão fechadas ao mesmo tempo, conforme Seção III.D, o procedimento o utilizado consiste em: 1) Cálculo dosτ1, τ2 e τ3, análogo ao PWM escalar. 2) Utilizando a equação 29, calculou-se o ∆τ a ser subtraı́do dos valores de τ1, τ2 e τ3, dessa forma pode-se obter os novos valores de τ ′ 1, τ ′ 2 e τ ′ 3, a ser comparado com o contador para o acionamento das chaves. Essa estratégia de PWM é mostrada Fig. 16. Determinação das larguras de pulso. Fig. 17. Geração do sinal PWM. na Figura 18 Fig. 18. Geração do PWM escalar com estágio de roda livre. F. Análise da Distorção Harmônica Para fins comparativos, a Figura 19 mostra as correntes para cada tipo de modulação, em relação à senoide ideal obtida matematicamente pelos parâmetros da carga. Na Figura 20 é feita uma aproximação, possibilitando a visualização do comportamento de cada modulação. Percebe- se que a modulação vetorial e a simulação com roda livre distorcem menos a forma de onda desejada, em relação à escalar. A análise da distorção harmônica total (THD) das correntes na carga, para cada uma das modulações, bem como a análise da WTHD (Weighted Total Harmonic Distortion) das tensões chaveadas na carga foi calculada, servindo como instrumento 8 Fig. 19. Correntes na carga para as modulações realizadas Fig. 20. Aproximação das correntes na carga para as modulações realizadas numérico para determinação da distorção resultante de cada PWM. O valor adotado de µ foi de 0, 5. Os resultados podem ser vistos na Tabela II. TABLE II VALORES DE THD E WTHD PWM THD da Corrente[%] WTHD da tensão [%] Seno-Triângulo 0,4786 0,0836 Escalar 0,8637 0,5147 Escalar com Roda livre 0,7385 0,3422 Vetorial 0,6105 0,2256 Nota-se, portanto, a eficiência da técnica de modulação vetorial no que diz respeito à redução dos harmônicos, uma vez que esta teve baixos ı́ndices de distorção. Após a centralização dos pulsos com a utilização da técnica da roda livre, a modulação escalar também apresentou melhora nos ı́ndices. Numa análise de espectros, o espectro de frequência para a simulação do conversor utilizando o PWM escalar é apre- sentado na Figura 21, para isso, utilizou-se a ferramenta FFT Analysis presente no bloco powergui do Simulink. Também pode ser observado o valor do THD (Total Harmonic Distor- tion). Nota-se, para este caso a preponderância do harmônico de segunda ordem. Posteriormente, para o mesmo inversor, foi utilizado o PWM escalar com etapa de roda livre com a variável µ assumindo três valores diferentes (0; 0,5 e 1). Analisando as Figuras 22, 23 e 24 é possı́vel observar que houve redução na distorção harmônica que se deu devido à redistribuição das harmônicas de baixas frequências. O valor do THD para essa modulação foi próximo de 0, 74% para os três valores de µ. Fig. 21. Espectro de frequência do conversor utilizando PWM escalar. Fig. 22. Espectro com etapa de roda livre, µ = 0. Fig. 23. Espectro com etapa de roda livre, µ = 0,5. Fig. 24. Espectro com etapa de roda livre, µ = 1. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo propôs realizar um estudo sobre as principais estratégias de modulação PWM para o inversor trifásico convencional apresentado. Foram implementadas três tipos de modulação PWM básicas, a modulação seno-triângulo, o PWM escalar o PWM vetorial, utilizando para tal, o software Matlab e sua ferramenta integrada o Simulink. 9 Em relação as distorções harmônicas totais, pôde-se con- statar ao analisar o PWM escalar com etapa de roda livre, que ao considerar a variável µ assumindo três valores distintos, ocorreu uma redução na distorção harmônica ocasionada pela redistribuição da harmônicas de baixas frequências. De modo geral, com a análise das técnicas de modulação apresentadas e os resultados obtidos com as simulações, foi possı́vel constatar a efetividade das modulações estudadas. Introdução Inversor Trifásico de Dois Níveis Análise das Tensões de Pólo e de Fase Estágio de Roda Livre Estratégias de Modulação Comparação Seno-Triângulo PWM Escalar PWM Vetorial PWM Escalar com o estágio de roda livre Resultados Simulação PWM seno-triângulo PWM escalar PWM vetorial PWM escalar com estágio de roda livre Análise da Distorção Harmônica Considerações Finais