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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCH Licenciatura em História - EAD UNIRIO/CEDERJ APX2 2021.2 DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL IV COORDENAÇÃO: VIVIAN ZAMPA NOME: JORGE LUIZ DE OLIVEIRA GUERREIRO MATRÍCULA: 18216090218 POLO: RESENDE Caro(a) aluno(a): Essa é a sua segunda avaliação (APX2). Leia os enunciados com atenção e procure ser claro e objetivo na elaboração de suas respostas, revisando-as e verificando se as ideias estão claras. Boa prova! Parâmetros para a elaboração das respostas 1. Desenvolva as questões 1 e 2 utilizando, obrigatoriamente, o material de didático da disciplina e pelo menos um texto complementar. 2. Siga as regras da ABNT, indicando referências, quando necessário, e a Bibliografia consultada ao final das respostas. 3. Cada uma das respostas deverá ter o mínimo de 2000 e o máximo de 4000 caracteres. 4. Os critérios de correção levarão em conta a qualidade da argumentação, o desenvolvimento das ideias, o debate historiográfico, a coerência textual, a capacidade de síntese e a redação. Questão I “A construção do “mito” começou, provavelmente, durante a atuação de Jânio como deputado estadual em 1951 e 1952. [...] O levantamento de suas intervenções nos Anais da Assembleia Legislativa revela sempre um veemente defensor dos trabalhadores, inclusive para exercerem “o sagrado direito da greve” [...]. Jânio é sempre o mais frequente crítico da “plutocracia danosa” [...] e da “volúpia dos ricos”, denunciando os “salários humilhantes dos trabalhadores”. (BENEVIDES, Maria Victoria de Mesquita. O PTB e o trabalhismo: partido e sindicato em São Paulo (1945-1964). São Paulo: Brasiliense, 1989, p. 58-59) De modo geral, a historiografia aponta para a atuação política ambígua de Jânio Quadros, especialmente após a sua chegada à presidência da República. Comente essa proposição, indicando dois exemplos que a reforcem. Figura carismática, Jânio Quadros foi um político excêntrico para os padrões de sua época, pois apresentava um ponto de vista político diferenciado, defendendo durante sua atuação como legislador, de forma contínua, melhores condições de vida para os trabalhadores. Essa ambiguidade, apontava que Jânio Quadros representava uma possibilidade de renovação, indo ao encontro das aspirações populares. A realidade é que a proposta de Jânio se distinguia das ideias de seus opositores. Jânio foi um candidato emancipado das entidades partidárias mais amplas e com um discurso calcado na defesa da moralidade política e de enfrentamento à corrupção exprimido através doa figura de uma vassoura. Seu atrativo político lhe trouxe apoio popular e o projetou como uma figura de “salvador da pátria”, coletando apoio de várias esferas da classe média e da classe operária, disseminando o conceito de superioridade partidária, proporcionando uma luz no final do túnel no que tange resultados positivos em relação aos contratempos que o país enfrentava. Jacob Gorender, em seu artigo: “A sociedade cindida” enfatiza uma das ambiguidades de Jânio Quadros, salientando que Jânio buscou lograr do Congresso poderes excepcionais. Visto que, esses poderes não lhe foram facultados, julgou que a renúncia desencadearia uma pressão popular que curvaria o Congresso. Mas o tiro saiu pela culatra, pois defronte a ausência da aguardada pressão popular, “ao invés de retornar a Brasília, Jânio acabou tomando um navio em Santos para passear na Europa”. A política externa independente foi outra ambiguidade de Jânio Quadros sua política de austeridade econômica e o aumento da carestia motivaram resistências da classe empresarial, das autoridades sindicais e representantes dos movimentos populares, forçando o governo a voltar atrás em algumas de suas medidas anunciadas. A política externa janista independente do posicionamento natural do Brasil aos interesses norte-americanos e a manifestação contrária às ações das Forças Armadas americanas em Cuba, o apoio a ONU no que tange a participação da China comunista nesse sistema, e seu objetivo de viabilizar o restabelecimento das relações diplomáticas do Brasil com a União Soviética, quebradas desde 1947 também foram ambiguidades janistas, assim como a defesa de uma proximidade do Brasil com outros países do Terceiro Mundo, que serviria como um caminho interposto aos polos contraditórios exigidos pela Guerra Fria. Referências: GORENDER, Jacob. A sociedade cindida. Estudos avançados. v. 28, n. 80, jan./abr. 2014 LETÍCIA, Corrêa, Maria; ALMEIDA, Mônica Piccolo – História do Brasil IV. v. 2 / Aula 11 – Legitimidade e coação no pós-1964: institucionalidade partidária e repressão – Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012. LETÍCIA, Corrêa, Maria; ALMEIDA, Mônica Piccolo – História do Brasil IV. v. 2 /Aula 10 – Os governos de Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961- 1964) e a crise política – Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012. Questão II “Fruto da conjuntura de sua época, marcada pelo fim da Segunda Guerra, início da Guerra Fria e consolidação de acordos e alianças políticas, econômicas e militares no cenário internacional, a ESG, criada através da lei n. 785, de 20 de agosto de 1949 foi definida como “um instituto nacional de altos estudos destinados a desenvolver e consolidar conhecimentos relativos ao exercício de funções de direção ou planejamento da segurança nacional” (BRASIL, 1949, art. 1).” (VASCONCELOS, Cláudio Beserra de. “A Escola Superior de Guerra e as raízes da repressão política aplicada a militares após o golpe de 1964”. Antíteses, Londrina, v.13, n. 25, p. 278-308, jan-jun. 2020, p. 281) Faça uma análise do projeto político formulado pela Escola Superior de Guerra (ESG) para o Brasil, na segunda metade do século XX, relacionando-o ao processo que depôs o presidente João Goulart em 1964. Na participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, as atuações das Forças Armadas e a logística do planejamento militar brasileiro foram demasiadamente frágeis, corroborando na necessidade de normatizar tanto um Estado-Maior de Serviço Conjunto quanto um Conselho de Segurança Nacional. Deste modo, ao término da Segunda Guerra, os organizadores primários da Força Expedicionária Brasileira (FEB), passaram a defender amplamente a fundação de uma escola especial que elaborasse uma nova doutrina de segurança e crescimento nacional. O projeto político da ESG foi formulado por oficiais militares vinculados a essa Escola, correspondendo à Doutrina de Segurança Nacional, baseada no binômio segurança e desenvolvimento. Foi um centro misto de estudos militares e civis, onde se elaboravam alternativas aos obstáculos do desenvolvimento nacional no contexto político do pós-guerra. Com efeito, a ruptura institucional de 1964 reservou à ESG um importante papel, pois, a partir de suas formulações doutrinárias, foi possível a um grupo de militares e civis não somente elaborar um projeto político para o país, que articulasse de forma coerente segurança com desenvolvimento econômico, como também catapultar muitos dos seus quadros à estrutura estatal “pós-revolução”, o que ficou cristalizado na ascendência do general Castelo Branco à Presidência da República. Esse binômio “segurança e desenvolvimento” foi bem frisado por Longui (2009) ao afirmar que ESG, gerada através da Norma nº 785/49, é uma Entidade de Altos Estudos de Política, Estratégia e Defesa, componente da organização do Ministério da Defesa, reservada a fortalecer e estabelecer os conhecimentos fundamentais ao desempenho de atribuições de direção e assistência superior para a elaboração da Defesa Nacional, nela “incluídos os aspectos fundamentais da Segurança e do Desenvolvimento”. Para os membros da ESG, o presidente Goulart estaria tolerando a anarquia e a subversão e que o país, assim, necessitava de uma nova política de desenvolvimento e segurança. Destarte,a ESG tornou-se um centro importante de conspiração defensiva contra o governo Goulart e seus membros mais ativos encontravam-se entre os principais organizadores do golpe que depôs o presidente. Nesse sentido, a elaboração da Doutrina de Segurança Nacional (DSN) pelos integrantes da ESG foi de fundamental importância para que pudesse ser viabilizado um consenso, dentro das Forças Armadas, capaz de legitimar diretrizes gerais para a formulação de políticas substantivas para o Brasil. Logo, a criação da Escola Superior de Guerra e a elaboração da Doutrina de Segurança Nacional foram fundamentais para garantir a efetiva tomada de poder pelas Forças Armadas em 1964 e de acordo com Oliveira (2010), harmoniza com duas conjunturas que se descreveram como mecanismos de relação vinculada entre setores militares e grupos das classes elitizadas, entre grupos militares e “magistrados, políticos, educadores e embaixadores”, numa extensão política e burocrático-administrativa, com o propósito de viabilizar determinado tipo de crescimento econômico do tipo capitalista, gerido por um grupo elitizado e composto da ideologia da Segurança Nacional e a opção pelo Mundo Ocidental, sob a supremacia dos Estados Unidos. (apud ASSUNÇÃO, 1999, p.38). Dentre as ideias presentes na DSN, aquelas que mais contribuíram para a organização do movimento militar que depôs João Goulart foram a politização das Forças Armadas; o diagnóstico da ameaça comunista e da “incapacidade” dos civis para reagir diante da mesma; a caracterização dos militares como os únicos capazes de implementar um projeto que pudesse efetivamente promover a implementação do binômio “segurança nacional e desenvolvimento econômico” e a defesa da necessidade de um Estado forte e centralizador. A tentativa de adoção da agenda das “reformas de base”, por Goulart, despertou forte reação entre setores conservadores, organizados no Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e no Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), que conduziram a campanha de desestabilização, preparando o terreno para o golpe de março de 1964. Referências: LETÍCIA, Corrêa, Maria; ALMEIDA, Mônica Piccolo – História do Brasil IV. v. 2 / Aula 09 – Forças Armadas e política: a Escola Superior de Guerra e a Doutrina de Segurança Nacional – Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012. LETÍCIA, Corrêa, Maria; ALMEIDA, Mônica Piccolo – História do Brasil IV. v. 2 /Aula 10 – Os governos de Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961- 1964) e a crise política – Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012. LONGHI, Carla Reis. O Aparato Repressivo Brasileiro: Dinâmicas da violência e confrontos pelo poder. Projeto História, São Paulo, n.38, p. 119-140, 2009. OLIVEIRA, Nilo Dias de. Os Primórdios da Doutrina de Segurança Nacional: A Escola Superior de Guerra – São Paulo, 2010
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