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Ensino religioso e legislação educacional

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Ensino religioso e legislação educacional
APRESENTAÇÃO
O ensino religioso está previsto na Constituição Federal de 1988 e nas Leis de Diretrizes e Bases 
da Educação de 1996 e 1997. É também uma disciplina que tem passado por diferentes embates 
discursivos quanto à possibilidade de oferta e permanência no sistema de ensino público, por 
conta de seu caráter facultativo e da laicidade do Estado. Por isso, é também uma disciplina 
permeada por complexidades e que passou por diferentes interpretações cognitivas e normativas 
ao longo da história do Brasil.
O tema é complexo, principalmente por envolver questionamentos como a laicidade do Estado e 
a oferta do ensino religioso em escolas públicas do Ensino Fundamental, ou seja, no quão laico é 
um Estado que oferta essa disciplina em escolas públicas e como isso repercute, por exemplo, na 
forma como ela é organizada, entendida e estruturada dentro dos currículos e projetos 
pedagógicos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender como o ensino religioso tem sido entendido 
em diferentes normativas constitucionais e também nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (Lei no 9.396/1996 e Lei no 9.475/1997).
Também vai refletir sobre os princípios das diretrizes educacionais sobre ensino religioso na 
BNCC de 2018, sua interface com princípios dos direitos humanos e como o processo histórico 
impactou a construção do ensino religioso como campo epistêmico próprio.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Investigar os principais aspectos legais do ensino religioso na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH) e na Constituição Federal de 1988.
•
Explicar a concepção de ensino religioso segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
e os atos normativos do Conselho Nacional de Ensino Religioso.
•
Descrever a prática do ensino religioso nas escolas brasileiras, tendo como base a Lei no 
9.394/1996 e os atos normativos.
•
DESAFIO
Ensino religioso é uma das disciplinas mais antigas do Brasil (senão a mais antiga), pois foi 
utilizada como instrumento de catequização dos povos indígenas logo após a chegada dos 
portugueses durante todo o período de colonização. Foi também uma disciplina que passou por 
diferentes normativas e modificações institucionais quanto ao que é indicado para aperfeiçoar o 
trabalho educativo.
Todas as alterações, construções e reconstruções normativas se atrelam ao contexto sócio-
histórico brasileiro.
Acompanhe:
Para isso, solicita-se a você elaborar um relatório técnico que apresente um posicionamento 
crítico acerca dos motivos que levaram às mudanças institucionais atuais apresentadas.
Destaque no relatório os fenômenos históricos que antecederam as mudanças institucionais.
INFOGRÁFICO
Ao longo do período sócio-histórico do Brasil, as normas que regem o ensino religioso nas 
escolas públicas passaram por alterações. São essas alterações que constituem o ensino religioso 
atual nas escolas públicas de Ensino Fundamental. Elas também estão diretamente relacionadas 
ao contexto político e social dos períodos em que se deu atenção a essa questão, bem como o 
ideal valorativo de educação proposto a partir delas.
Confira, neste Infográfico, a linha histórica de mudanças institucionais e os principais pontos de 
virada em que determinações específicas sobre ensino religioso foram incluídas e excluídas das 
LDBs elaboradas até o presente momento.
CONTEÚDO DO LIVRO
O ensino religioso, até se constituir como disciplina escolar e proposta na BNCC, passou por 
diferentes concepções normativas e institucionais, a exemplo das LDBs, em 1961 e, 
posteriormente, em 1971, 1996 e 1997, das Constituições Federais a partir de 1934 e, mais 
recentemente, com a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN) e, ainda mais recente, a própria BNCC.
Tais normativas e diretrizes, aos poucos, foram impactando a formação dos professores, os 
currículos escolares e, consequentemente, as práticas educacionais em sala de aula, organizando 
o que deve ser desenvolvido ao longo do processo educacional, de acordo com as mudanças 
históricas, sociais e culturais.
No capítulo Ensino religioso e legislação educacional, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem, confira o processo de institucionalização do ensino religioso como disciplina 
obrigatória no sistema de Ensino Fundamental e suas diretrizes conteudistas e de atuação 
profissional.
Boa leitura.
POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS E 
BASE NACIONAL 
COMUM 
CURRICULAR DE 
ENSINO RELIGIOSO 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Investigar os principais aspectos legais do ensino religioso na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos e na Constituição Federal de 1988.
 > Explicar a concepção do ensino religioso segundo a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação (LDB) e os atos normativos do Conselho Nacional de Ensino 
Religioso.
 > Descrever a prática do ensino religioso nas escolas brasileiras tendo como 
base a LDB no 9.394/1996 e os atos normativos.
Introdução
O ensino religioso faz parte da história da educação no Brasil. Atualmente, ele 
é caracterizado por aspectos de uma educação laica, mas isso nem sempre foi 
assim. Durante séculos, a Igreja Católica manteve o domínio político e educacional, 
desenvolvendo o seu proselitismo religioso também por meio da educação.
Com o desenvolvimento histórico e as contínuas deliberações normativas ins-
tituídas via constituições, o ensino religioso foi se fundamentando como disciplina 
obrigatória em escolas públicas de ensino fundamental — de forma facultativa, 
sem proselitismos e com determinações voltadas ao respeito à pluralidade cultural 
e religiosa, às liberdades e à dignidade humana. Nesse sentido, ele também está 
atrelado a fundamentos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Ensino religioso 
e legislação 
educacional
Ráisa L. Canfield
Neste capítulo, você vai ler sobre a relação entre os atuais princípios constitu-
tivos do ensino religioso e os direitos humanos. Você também vai verificar como 
essa disciplina foi se constituindo e sendo legitimada normativamente ao longo 
do tempo a partir das mudanças nas constituições federais e na LDB.
O ensino religioso na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos e na Constituição 
Federal de 1988
Para refletir sobre os direitos humanos, você precisa inicialmente conhecer 
os fatos históricos que promoveram o seu surgimento. Posteriormente, você 
vai ser capaz de entender como a Constituição Federal de 1988 incorporou 
alguns princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e como o 
ensino religioso pode ser compreendido de uma perspectiva secular e laica 
de Direito. O marco histórico determinante nesse contexto é a Modernidade, 
momento de transição no qual diferentes aspectos da vida social mudaram 
drasticamente. Nesse momento, também ocorreram diferentes fenômenos 
sociais, como o processo de secularização, racionalização e desenvolvimento 
científico.
A transição moderna ocorreu muito atrelada aos ideais iluministas da 
Revolução Francesa, sustentados pelos princípios de liberdade, igualdade e 
fraternidade. Esses ideais continham propósitos que deveriam ser implemen-
tados na prática do novo modelo político instituído após a queda da monarquia 
francesa, tais como tratamento igualitário a todos os cidadãos, liberdades 
individuais e respeito fraterno. Foram esses ideais que sustentaram a De-
claração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, que se tornou a base 
para a posterior elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Os ideais iluministas acompanharam também o progresso científico, 
projeto que tinha como proposta enfatizar o desenvolvimento educacional 
e científico, bem como universalizar o acesso à educação e à saúde, ou seja, 
ampliar o acesso a direitos de forma ampla e universal. No entanto, com o 
passar do tempo, percebeu-se que o ideal moderno não se concretizouna 
prática. Além de o acesso à educação saúde e as descobertas científicas não 
estarem disponíveis a todos, ainda hoje se percebe a manutenção de estrutu-
ras de dominação sustentadas por discursos discriminatórios e depreciativos 
em relação a diferentes sujeitos e grupos sociais.
Um exemplo trágico disso foram as experiências e práticas políticas im-
plementadas na Alemanha durante a Segunda Guerra (1939–1945). Durante o 
Ensino religioso e legislação educacional2
conflito, o desenvolvimento científico e tecnológico produziu instrumentos 
bélicos sustentados por técnicas de morte e destruição. Posteriormente, 
houve a produção das bombas atômicas nucleares lançadas em Hiroshima e 
Nagasaki em agosto de 1945. A partir desses fatos, ficou demonstrado que os 
ideais modernos e o consequente desenvolvimento científico e tecnológico 
também proporcionaram formas de ampliar a destruição humana.
Com isso, surgiu a necessidade de construir um modelo regulatório para 
que ações como aquelas não se repetissem. Essa foi a perspectiva que sus-
tentou a criação da concepção atual de direitos humanos, já que, até aquele 
momento, não existiam direitos que proibissem práticas como as que se 
desenvolveram ao longo da Segunda Guerra. Assim, em 1948, logo após a 
Segunda Guerra, cria-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 
que a dignidade humana é tida como princípio base. A partir disso, os direitos 
humanos passam a ser amplamente conhecidos como critério fundamental 
para as relações intersubjetivas e sociais, tornando-se também um paradigma 
fundamental para a educação (LIMA; ARAGÃO, 2019).
Os direitos humanos, portanto, são direitos universais. Eles são susten-
tados por 30 artigos e estão atrelados à concepção de construção social. 
Quando os países aderem aos princípios contidos na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, eles podem implementar cada princípio ou artigo 
de acordo com as suas especificidades culturais e normativas, desde que o 
princípio de respeito às diferenças seja mantido.
Assim, os direitos humanos se baseiam em princípios que visam à cons-
trução de relações sociais mais justas e democráticas, que respeitem as 
diferenças sociais. A ideia é que todas as pessoas, independentemente de 
classe social, etnia, raça, gênero, sexualidade, nacionalidade, posicionamento 
político, crença religiosa, etc., sejam respeitadas enquanto indivíduos ou 
grupos de indivíduos. Por isso, os direitos humanos também devem ser en-
tendidos como direitos que perpassam diferentes instituições e esferas da 
vida, não ficando restritos ao sistema de justiça e segurança pública.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), também conhecida 
como “Constituição Cidadã”, incorporou princípios da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (NAÇÕES UNIDAS, 1948). Entre eles, destacam-se: o 
princípio base de respeito à vida e à dignidade da pessoa humana; o direito 
à não discriminação, à liberdade de expressão, à igualdade, ao acesso à 
justiça e à educação; e o princípio contrário à tortura e à escravidão. Aqui, 
o foco são os aspectos que se referem à educação, mais especificamente o 
modo como os direitos humanos podem ser aplicados ao ensino religioso e à 
Ensino religioso e legislação educacional 3
liberdade religiosa (apesar de o Brasil ser um país constitucionalmente laico, 
constitucionalmente também é assegurado o respeito à diversidade religiosa).
Aspectos legais do ensino religioso: entre a laicidade 
do Estado, a Constituição Federal e os direitos 
humanos
No âmbito da Declaração Universal dos Direitos Humanos (NAÇÕES UNIDAS, 
1948), não se aborda diretamente o ensino religioso. Então, como entender o 
ensino religioso a partir dos direitos humanos? Para isso, deve-se partir de 
princípios como o direito à liberdade e o direito à educação, de forma sepa-
rada, mas também do art. 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Esse artigo afirma o seguinte:
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este 
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar 
essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, 
isolada ou coletivamente, em público ou em particular (NAÇÕES UNIDAS, 1948, 
documento on-line).
A educação é um direito humano fundamental, estabelecido no art. 6º 
da Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988). Já o art. 
5º, inciso VI, afirma que “[...] é inviolável a liberdade de consciência e de 
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, 
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias” (BRASIL, 
1988, documento on-line). Mas como aplicar esses fundamentos ao âmbito 
educacional religioso, levando em consideração que o Brasil é um país laico?
Segundo Casanova (2008), o princípio da laicidade do Estado corresponde 
à separação formal entre religião e Estado, mas também à garantia de culto e 
à isonomia no tratamento das religiões por parte do Estado. Ou seja, o Estado 
não pode ser portador de uma confissão religiosa, tampouco pode influenciar 
a liberdade de culto e manifestação religiosa, ou beneficiar determinada 
religião em detrimento das outras.
Além disso, na Constituição Federal (BRASIL, 1988), no art. 210, há a garantia 
do ensino religioso como disciplina — desde que a matrícula seja facultativa, 
pois deve-se respeitar o direito do aluno de escolher acessar ou não conteúdos 
sobre religião no âmbito escolar. Ademais, deve-se promover o respeito à 
diversidade de manifestações religiosas ou ateístas no espaço escolar. Nesse 
sentido, é coerente a oferta de ensino religioso em escolas públicas mesmo 
em um Estado que se propõe laico. Ou seja, a disciplina pode ser ofertada 
Ensino religioso e legislação educacional4
desde que não de forma obrigatória, respeitando as liberdades individuais e 
a isonomia entre as religiões — e, principalmente, sem proselitismo religioso.
Como você sabe, o Brasil é um país que possui uma pluralidade de mani-
festações religiosas, bem como de indivíduos que seguem diferentes religiões. 
De acordo com o último censo demográfico, 64,6% da população brasileira 
se declara católica, 22,2% evangélica, 2% espírita, 3% praticante de outras 
religiões e 8% sem religião (IBGE, 2010). Nesse sentido, a isonomia, como 
princípio constitucional, deve ser perpassada pela garantia de um ensino 
religioso não confessional, não proselitista e que seja construído a partir de 
abordagens educativas que deem conta de abordar imparcialmente conteúdos 
referentes a todas as religiões manifestadas e seguidas no Brasil (seus as-
pectos históricos, culturais, artísticos, etc.).
Nesse sentido, sustentado por um modelo de ensino comprometido com 
o respeito à pluralidade religiosa, o ensino religioso se aproxima de princí-
pios constitutivos dos direitos humanos. Entre tais princípios, destaca-se o 
respeito à diversidade cultural e religiosa, à liberdade (mesmo à liberdade de 
ateísmo) e à livre manifestação da fé no espaço público. Consequentemente, 
também está em jogo o respeito a cosmovisões produzidas a partir dessa 
diversidade. Veja o que afirmam Lima e Aragão (2019, p. 122):
O ensino religioso sob a perspectiva dos direitos humanos está em consonância 
com uma educação transformadora, capaz de provocar mudanças paradigmáticas 
e proporcionar uma convivência social em que o diferente seja respeitado e aceito 
como riqueza da diversidade. Nesse aspecto, o ensino religioso contribui defini-
tivamente para o pleno desenvolvimento da pessoa humana. A educação como 
direito humano fundamental deve formar homens e mulheres, responsáveis, críticos, 
autônomos e capazes de contribuir de forma significativa para uma sociedade 
justa, livre e solidária. O ensino religioso sob a perspectiva dos direitos humanos 
é um intransigente defensor da liberdade religiosa, do diálogo inter-religioso e 
da tolerância. Elementos fundamentais para a convivência numa sociedadeonde 
o pluralismo de ideias, de culturas e religiões é uma realidade.
Por isso, é importante que você reflita sobre a importância do ensino 
religioso e sobre o modo como ele se estabeleceu enquanto campo do co-
nhecimento educacional e epistêmico a partir da legislação educacional. Você 
vai estudar esses tópicos na próxima seção.
Ensino religioso e legislação educacional 5
A seguir, veja alguns conceitos-chave (DICIO, 2021).
 � Ensino confessional: é o ensino relacionado a determinada con-
fissão religiosa, ou seja, um ensino sustentado por valores correspondentes 
a determinada religião. Por exemplo, escolas com vínculo católico seguem a 
confissão católica em seus valores institucionais e apresentam conteúdos 
direcionados ao catolicismo na disciplina de religião. Por outro lado, escolas 
não confessionais são escolas que se propõem laicas, ou seja, que não têm 
vínculo religioso.
 � Proselitismo religioso: corresponde ao empenho de impor uma ideia, ou mesmo 
de tentar converter um indivíduo ou um grupo de indivíduos a uma ideia, 
causa, ideologia, religião, etc. O proselitismo religioso consiste em convencer, 
ou tentar convencer, sujeitos a seguirem determinada religião em detrimento 
de outras, ou mesmo em defender uma religião em detrimento das outras.
 � Princípio de isonomia entre as religiões: o princípio de isonomia refere-se 
à garantia de respeito à igualdade e à liberdade, asseguradas constitucio-
nalmente a todos os cidadãos. Nesse sentido, quanto às religiões, nenhuma 
religião e/ou seguidor de religião pode sofrer discriminações por sua crença 
(BRASIL, 1988).
O ensino religioso segundo a LDB e os 
atos normativos do Conselho Nacional de 
Educação (CNE)
O ensino religioso faz parte da história da educação no Brasil. Ele passou 
por diferentes concepções e normatizações ao longo da história brasileira, 
as quais estiveram diretamente relacionadas ao contexto político, social e 
educacional de cada época. Atualmente, o ensino religioso é caracterizado por 
aspectos de uma educação laica. Por isso, é uma disciplina que deve abordar 
aspectos históricos, culturais, simbólicos e valorativos das diferentes religiões. 
Mas isso nem sempre foi assim. Por muito tempo, o ensino religioso foi de 
cunho confessional e esteve atrelado à catequese católica, o que decorria 
da forte influência histórica do catolicismo no Brasil. Considere o seguinte:
O ensino religioso era parte do projeto de dominação e formação cultural no Brasil, 
uma vez que a educação era considerada um dos principais instrumentos utilizados 
na promoção do processo de ocidentalização e cristianização e esse processo de 
cristianização foi acompanhado de uma forte relação política e econômica entre 
Estado e Igreja. Com base nisso, considera-se que no período colonial o ensino 
religioso no Brasil teve um caráter doutrinário com o objetivo de estabelecer os 
interesses e controle da metrópole sobre a colônia (JUNQUEIRA; TEÓFILO, 2012, p. 92).
Ensino religioso e legislação educacional6
Desde a colonização até a proclamação da República, em 1889, todos os 
cidadãos brasileiros deveriam ser católicos, ou seja, só os católicos poderiam 
obter a cidadania brasileira. Foi somente com a proclamação da República 
que o Brasil assumiu a concepção de Estado laico e que a Igreja passou a 
perder seu poder político. Como consequência, as aulas de religião foram 
eliminadas das escolas públicas. Mais tarde, a partir da Constituição de 1934, 
no Estado Novo, surgiu uma proposta de ensino religioso para os currículos 
escolares com caráter facultativo para estudantes não católicos. O art. 153 da 
Constituição de 1934 dizia o seguinte: “O ensino religioso será de frequência 
facultativa e ministrada de acordo com os princípios de confissão religiosa 
do aluno manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria dos 
horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais” 
(BRASIL, 1934, documento on-line).
O ensino religioso, nesse caso, era ministrado por pessoas voluntárias 
ligadas a alguma religião e que se dispunham a lecionar nas escolas públicas. 
Essa orientação se manteve até meados de 1960. Ela se modificou apenas após 
o processo de redemocratização brasileira, que culminou na elaboração da 
Constituição Federal de 1988. Importantes considerações quanto ao ensino 
religioso foram incluídas na nova normativa. Nesta seção, será dada atenção 
à forma como o ensino religioso está garantido também na legislação educa-
cional, de modo a trazer mais especificações sobre o processo educacional.
A partir da Constituição Federal de 1988, além da manutenção do critério 
de facultatividade, têm-se definições acerca dos requisitos docentes para a 
disciplina e do respeito à liberdade de cultos religiosos. Seguindo praticamente 
as outras constituições federais e atendendo à pressão de grupos religiosos, 
o ensino religioso foi incluído como um dispositivo constitucional de caráter 
facultativo (BRASIL, 1988). A LDB seguiu o mesmo pressuposto:
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação 
básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas 
de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do 
Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição 
dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação 
e admissão dos professores.
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes 
denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso 
(BRASIL, 1996, documento on-line).
De acordo com essa lei, fica a cargo das Secretarias Estaduais de Educação 
e dos Conselhos de Educação a gestão da disciplina de ensino religioso nas 
Ensino religioso e legislação educacional 7
escolas públicas de nível fundamental, bem como os critérios para admissão 
e contratação ou direcionamento de professores de ensino religioso (BRASIL, 
1996). Além disso, o projeto político-pedagógico de cada unidade escolar pode 
ser adaptado à realidade institucional, desde que seja mantido o respeito 
à liberdade de crença, tal como previsto no art. 5º da Constituição Federal 
de 1988 (BRASIL, 1988). Sobre isso, há também o Parecer CNE nº 05/1997, que 
afirma:
[...] por ensino religioso se entende o espaço que a escola pública abre para que 
estudantes, facultativamente, se iniciem ou se aperfeiçoem numa determinada 
religião. Desse ponto de vista, somente as igrejas, individualmente ou associadas, 
poderão credenciar seus representantes para ocupar o espaço como resposta à 
demanda dos alunos de uma determinada escola (BRASIL, 1997b, documento on-line).
Por haver algumas divergências, a redação desse parecer foi alterada 
mediante a Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997, que dá nova redação ao art. 
33 da LDB (BRASIL, 1997a). Com isso, dada a obrigatoriedade da oferta da 
disciplina nas escolas públicas e o seu caráter facultativo, a lei destaca a 
importância do ensino religioso (desde que sustentada com base no respeito à 
diversidade e ao pluralismo religioso do Brasil), além de vedar qualquer forma 
de proselitismo religioso. Veja o que pontuam Lima e Aragão (2019, p. 111):
O proselitismo não é admitido em matéria de ensino religioso nas escolas públicas 
e privadas. Trata-se de uma prática que não deve, sob hipótese nenhuma, fazer 
parte da educação brasileira. O espaço da sala de aula não pode ser utilizado para 
convencer as pessoas a seguir uma determinada religião. Para isso, cada religião 
tem seus programas privados de evangelização. O docente abordará a religião 
enquanto fenômeno presente na história de algumas culturas e civilizações. Assim, 
nos termos da Legislação brasileira, a sala de aula não é espaço de catequese ou 
escola dominical. O ensino religioso na escola pública tem como premissa funda-
mental o absoluto respeito à diversidade cultural e religiosa noBrasil.
O critério de facultatividade é caracterizado pela não obrigatoriedade, na 
medida em que não diz respeito a um dever. Para que o caráter facultativo 
seja efetivo, é necessário que o aluno possa optar entre o ensino religioso 
e outra atividade pedagógica igualmente significativa. De acordo com Cury 
(2004), esse exercício de escolha é um momento importante para a família 
e os alunos exercerem conscientemente a dimensão da liberdade como ele-
mento constituinte da cidadania. Assim, os princípios constitucionais e legais 
obrigam os educadores a se pautarem pelo respeito às diferenças religiosas 
e à liberdade de crença, de expressão e de culto, reconhecendo a igualdade 
Ensino religioso e legislação educacional8
e a dignidade de toda pessoa humana. Nesse sentido, os conteúdos devem 
contemplar todas as religiões, de forma plural.
Como você pode perceber, o modelo de ensino religioso estabelecido a 
partir da Constituição Federal de 1988 e da LDB assumiu um caráter pluralista, 
não confessional, enfatizando os aspectos antropológicos das religiões, 
indicando estar desvinculado de qualquer confissão religiosa.
No entanto, a questão do ensino religioso, legalmente aceito como disci-
plina integrante dos currículos das escolas públicas de forma não confessional, 
voltou a aparecer no debate público em 2017. Nesse ano, o Supremo Tribunal 
Federal (STF), respondendo a questionamentos referentes a trechos da LDB e 
ao acordo firmado entre Brasil e Santa Fé (Decreto nº 7.107, de 11 de fevereiro 
de 2010), defendeu a constitucionalidade do ensino religioso confessional na 
rede pública de ensino. O princípio de laicidade, a coibição ao proselitismo, 
a liberdade de crença e a facultatividade ficaram mantidos; o que mudou é 
que o aluno que optar por cursar a disciplina poderá escolher uma crença 
preferida, e a escola deverá disponibilizar professores vinculados à religião 
escolhida para ministrar aulas direcionadas.
Todo esse processo representa a trajetória da disciplina de ensino reli-
gioso como área de conhecimento sustentada pela dimensão antropológica 
(diversidade cultural e religiosa), pela dimensão epistemológica (como campo 
específico do conhecimento) e, consequentemente, pela autonomia teórica 
e metodológica, com identidade pedagógica própria (CARNEIRO, 2015). Ainda 
está em jogo a discussão sobre a laicidade do Estado e a secularização da 
cultura, uma questão ao mesmo tempo complexa e polêmica, principalmente 
pelo fato de o Brasil ser um país constitucionalmente laico cuja identidade 
é construída com base no pluralismo religioso.
No livro Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos, o jurista 
e sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (2014) cons-
trói uma crítica à hegemonia incontestável dos direitos humanos. Ao mesmo 
tempo, ele discute o fato de que a maioria da população é apenas objeto de 
discursos de direitos humanos, em vez de sujeito ativo na busca e no acesso a 
direitos. Além disso, o autor enfatiza a atuação das teologias políticas, ou seja, 
as ações mobilizadas por movimentos sociais de cunho religioso com potencial 
de transformação.
Ensino religioso e legislação educacional 9
A prática do ensino religioso nas escolas 
brasileiras segundo a LDB nº 9.394/1996 e os 
atos normativos
Como você viu, o ensino religioso foi tema de diferentes normativas, como 
leis, decretos e deliberações que direcionam a prática educacional. No en-
tanto, foi somente em 2018 que a matriz curricular válida nacionalmente foi 
instituída. Antes disso, a definição das diretrizes curriculares ficava a cargo 
dos estados e municípios.
Considerando mais especificamente as Diretrizes Curriculares Nacionais 
(DCNs), que direcionam a prática educacional quanto ao ensino religioso, o 
art. 62 da LDB nº 9.394/1996 determina que “[...] a formação de docentes para 
atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, 
de graduação plena” (BRASIL, 1996, documento on-line). E a Lei nº 9.475/1997 
indica que “[...] os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para 
a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas 
para a habilitação e admissão dos professores” (BRASIL, 1997a, documento 
on-line). Ou seja, ficava a critério dos estados e municípios deliberar quanto 
à formação do professor de ensino religioso, mas as diretrizes curriculares 
a serem ministradas em sala de aula deviam levar em conta os princípios 
contidos na LDB.
As instituições de ensino continuam tendo autonomia para estabelecer os 
critérios de contratação de professores, desde que sejam resguardadas as 
condições legais para o exercício do magistério. Além disso, deve-se também 
estender a rede de apoio e escuta a entidades da sociedade civil vinculadas 
às diferentes denominações religiosas, a fim de construir a base de conteúdos 
a serem ministrados. Isso indica que o poder discricionário dos agentes no 
processo de contratação e delimitação de conteúdos e horários é amplo. 
Colocar essas diretrizes em prática depende da gestão da escola, o que se 
reflete diretamente na forma como o ensino religioso é ministrado em cada 
instituição. A seguir, veja as principais resoluções que normatizam a prática 
educacional com relação ao ensino religioso.
 � Resolução CEB nº 02, de 7 de abril de 1998: estabelece a base curricular 
comum do ensino fundamental e propõe um modelo de ensino inte-
grado com as outras disciplinas que dê conta de abranger aspectos 
da diversidade humana.
Ensino religioso e legislação educacional10
 � Parecer CNE nº 16, de 2 de junho de 1998: reforça a autonomia dos 
sistemas de ensino para organizar o currículo e a carga horária da 
disciplina de ensino religioso.
 � Parecer CP nº 97, de 6 de abril de 1999: aborda a formação dos profes-
sores que ministram a disciplina de ensino religioso. Historicamente, 
os professores foram pessoas vinculadas a determinadas religiões, 
principalmente à católica. Atualmente, espera-se que o professor 
possua diploma de habilitação para o magistério em nível fundamental 
e preparação pedagógica.
Seguindo na linha de propostas de modificações institucionais, a partir 
de 1998, diversas deliberações foram promovidas durante os Seminários 
Nacionais de Formação de Professores para o Ensino Religioso (Sefopers). 
Propostas passaram a ser formuladas e encaminhadas ao CNE no sentido de 
promover o desenvolvimento das DCNs para curso de graduação em ciências da 
religião/licenciatura em ensino religioso, até que, em 15 de dezembro de 2018, 
foi aprovada a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação 
básica, a partir da Resolução CNE/CP nº 02. Assim, o ensino religioso passou a 
fazer parte da base (BRASIL, 2017) e, consequentemente, possuir uma diretriz 
nacional com conteúdos e competências correspondentes.
Tendo em vista a trajetória do ensino religioso enquanto disciplina e área 
de conhecimento do ensino fundamental, a BNCC, homologada pela Portaria 
nº 1.570 do Ministério da Educação (MEC), de 20 de dezembro de 2017, definiu 
que os seguintes objetivos devem ser atingidos a partir da disciplina:
a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, 
a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos; b) 
Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de cren-
ça, no constante propósito de promoção dos direitos humanos; c) Desenvolver 
competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas 
religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções 
e o pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal; d) Contribuir para 
que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, 
princípios éticos e da cidadania (BRASIL, 2017, p. 434).
Assim, ao longo do tempo, as normativas constitutivas do ensino religioso 
foram sendo direcionadas a um modelo de ensino capaz de contribuir para o 
fortalecimento do respeito às diferenças,o desenvolvimento do conhecimento 
sobre a pluralidade religiosa e o respeito às diferentes cosmovisões. Essas 
questões fazem parte da cultura brasileira e são manifestadas no cotidiano 
das instituições escolares, muitas vezes gerando formas de discriminação, 
Ensino religioso e legislação educacional 11
preconceito e violência pelo desconhecimento das diversidades. O ensino 
religioso é, portanto, uma disciplina que pode fazer parte da construção 
de um pensamento empático no que se refere às relações de alteridade e à 
convivência em grupo. Por isso, é também um campo que tem se aproximado 
dos discursos em prol dos direitos humanos.
Resta, no entanto, entender como as ideias contidas nos atos normativos 
estão sendo implementadas na prática profissional e no respeito à isonomia 
entre as religiões. Manter um posicionamento imparcial em sala de aula deve 
ser um desafio constante e respeitado pelo educador.
Por fim, no Quadro 1, veja um panorama da história do ensino religioso 
no Brasil.
Quadro 1. Panorama dos períodos históricos do ensino religioso no Brasil: 
do período colonial à Constituição de 1988
Período histórico Descrição
Período colonial Educação alicerçada em três pilares fundamentais: 
escola, igreja e sociedade política/econômica. 
Oficialmente, o estabelecimento da “instrução 
religiosa” se deu com a publicação do Decreto nº 7.247, 
de 19 de abril de 1879. Essa foi uma instrução marcada 
pela imposição religiosa sobre os povos originários e 
africanos escravizados. E, para alguém ser considerado 
cidadão, precisava seguir o catolicismo.
Brasil Império A religião católica se manteve forte como religião 
oficial do Império. Também manteve-se impositiva, 
voltada para a prática proselitista da catequização. 
Mesmo sendo papel do Estado, quem ofertava 
a educação era a Igreja Católica, evangelizando, 
pregando ou impondo a doutrina católica romana por 
meio da educação.
Período republicano O ensino da religião católica romana passa por uma 
crise, pois há a separação entre Igreja e Estado, em 
1891. Consequentemente, o poder da Igreja cai, e é 
instituída a primeira constituição da então República, 
a partir da qual o ensino religioso só poderia 
ser ofertado em escolas privadas, não mais nas 
públicas. Surge uma linha de pensamento fortemente 
influenciada pelos ideais iluministas franceses e pelo 
princípio da laicidade do Estado.
Ensino religioso e legislação educacional12
Período histórico Descrição
Constituição de 1934 Instituiu caráter facultativo ao ensino religioso, muito 
por influência da Reforma Francisco Campos, de 1931. O 
art. 153 afirma: “O ensino religioso será de frequência 
facultativa e ministrado de acordo com os princípios 
da confissão religiosa do aluno manifestada pelos pais 
ou responsáveis e constituirá matéria dos horários nas 
escolas públicas primárias, secundárias, profissionais 
e normais” (BRASIL, 1934, documento on-line). O 
critério facultativo permanece até hoje enquanto ato 
normativo.
Constituição de 1937 “O ER poderá ser contemplado como matéria do 
curso ordinário das escolas primárias, normais e 
secundárias. Não poderá, porém, constituir objeto 
de obrigação dos mestres ou professores nem de 
frequência compulsória por parte dos alunos” (BRASIL, 
1937, documento on-line). 
Constituição de 
1946
“O ER constitui disciplina dos horários das 
escolas oficiais, e de matrícula facultativa e será 
ministrado de acordo com a confissão religiosa do 
aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo 
representante legal ou responsável” (BRASIL, 1946, 
documento on-line).
Constituição de 1967 “O ER, de matrícula facultativa, constituirá disciplina 
dos horários normais das escolas oficiais de grau 
primário e médio” (BRASIL, 1967, documento on-line).
Constituição de 
1988
“O ER, de matrícula facultativa, constituirá disciplina 
dos horários normais das escolas públicas de ensino 
fundamental” BRASIL, 1988, documento on-line).
Fonte: Adaptado de Costa (2009).
Em sua tese de doutorado em antropologia social, intitulada Religião 
e demanda: o fenômeno religioso em escolas públicas, o cientista 
social Milton Silva Santos analisa as tensões existentes no campo prático do 
ensino religioso. Essa tese está disponível on-line; para encontrá-la, utilize o 
seu site de buscas favorito.
Ensino religioso e legislação educacional 13
Referências
BRASIL. [Constituição (1934)]. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil 
(de 16 de Julho de 1934). Rio de Janeiro: Presidência da República, 1934. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm. Acesso em: 7 
jan. 2021.
BRASIL. [Constituição (1937)]. Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de No-
vembro de 1937. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1937. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm. Acesso em: 7 jan. 2021.
BRASIL. [Constituição (1946)]. Constituição dos Estados Unidos do Brasil (de 18 de Se-
tembro de 1946). Rio de Janeiro: Presidência da República, 1946. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm. Acesso em: 7 jan. 2021.
BRASIL. [Constituição (1967)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1967. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1967. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicao67.htm. Acesso em: 7 jan. 2021.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 28 dez. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997. Dá nova redação ao art. 33 da Lei n° 9.394, 
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1997a. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l9475.htm. Acesso em: 8 jan. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular: educar é a base. 
Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase. 
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BRASIL. Ministério da Educação. Parecer nº 5/97: Proposta de regulamentação da Lei 
9.394/96. Brasília: MEC, 1997b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/
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CARNEIRO, M. A. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva: artigo a artigo. 24. ed. Petró-
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CASANOVA, J. Reconsiderar la secularización: una perspectiva comparada mundial. 
Relaciones Internacionales, v. 7, p. 1-20, 2008. 
COSTA, A. M. F. da. Um breve histórico do ensino religioso na educação brasileira. In: 
SEMANA DE HUMANIDADES, 17., 2009, Natal. Anais [...]. Natal: UFRN, 2009. Disponível 
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CURY, C. R. J. Ensino religioso na escola pública: o retorno de uma polêmica recorrente. 
Revista Brasileira de Educação, v. 27, p. 183-191, 2004. Disponível em: https://www.
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DICIO: Dicionário on-line de português. Matosinhos: 7Graus, 2021. Disponível em: 
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Ensino religioso e legislação educacional14
IBGE. Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas 
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JUNQUEIRA, S. R. A.; TEÓFILO, D. N. Secularização e sua relação com o ensino religioso. 
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LIMA, A. S.; ARAGÃO, G. de S. Ensino religioso sob a perspectiva dos direitoshumanos. 
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NAÇÕES UNIDAS. Declaração universal dos direitos humanos. Paris: Nações Unidas, 
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-humanos. Acesso em: 10 dez. 2020.
SANTOS, B. de S. Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. São Paulo: Cortez, 2014.
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integralidade das informações referidas em tais links.
Ensino religioso e legislação educacional 15
DICA DO PROFESSOR
Um dos princípios que constituem o ensino religoso como disciplina escolar é o conhecimento e 
reconhecimento das diferenças culturais religiosas. O Brasil, por exemplo, é um país constituído 
por diferentes identidades religiosas, a partir das quais diferentes grupos populacionais 
constroem suas concepções de mundo, ou seja, suas cosmovisões, muito a partir dos imperativos 
religiosos que seguem.
Nesta Dica do Professor, confira um exemplo de como hábitos cotidianos e concepções de 
mundo se formam a partir da relação vivencial com a religião, e como as vivências práticas 
podem se 
tornar conteúdo de sala de aula. 
 
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EXERCÍCIOS
Atualmente, pode-se relacionar ensino religioso e direitos humanos, pois há 
princípios que se aproximam se entendermos os direitos humanos como princípios 
universais fundados sobre o respeito pela dignidade e pelo valor de cada pessoa.
Com isso, pode-se compreender o ensino religioso como ensino voltado aos direitos 
humanos da seguinte forma:
I. Os diálogos possíveis do ensino religioso com a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos (DUDH) perpassam principalmente por princípios correspondentes às 
liberdades e à educação.
II. O ensino religioso, sob a perspectiva dos direitos humanos, deve valorizar a 
diversidade de métodos pedagógicos, a fim de se correlacionar a temas vinculados 
ao pluralismo religioso.
III. Os princípios dos direitos humanos devem ser adequados às legislações estatais 
exatamente como constam na DUDH. Nesse sentido, por não haver artigo específico 
1) 
sobre ensino religioso, este não pode ser instruído com princípios dos direitos 
humanos.
Sobre as informações, pode-se dizer que:
A) apenas os itens I e II estão corretos.
B) somente o item I está correto.
C) somente o item II está correto.
D) apenas os itens I e III estão corretos.
E) somente o item III está correto.
2) O Brasil se tornou um Estado laico em 1890, o que significa que, desde aquele 
momento, há a separação formal entre religião e Estado. Ou seja, o Brasil não tem 
uma religião obrigatória para seus habitantes, e o princípio da laicidade do Estado 
corresponde ao respeito estatal às diversas manifestações religiosas, à liberdade de 
culto e a manifestações religiosas nos espaços públicos sem, no entanto, indicar 
preferência sobre nenhuma.
Como se entende o ensino religioso em escolas públicas num país que se propõe laico?
A) Por ser um Estado laico, o Brasil não pode ofertar ensino religioso como disciplina regular 
nas bases curriculares das escolas públicas. Por isso, é uma disciplina ofertada apenas em 
escolas confessionais particulares.
B) O ensino religioso é garantido constitucionalmente como disciplina escolar, desde que com 
matrícula não obrigatória, respeito à pluralidade religiosa, isonomia entre as religiões e 
coibição ao proselitismo religioso.
C) Por ser um país laico, o ensino religioso pode ser ofertado somente em escolas públicas 
confessionais que mantenham vínculo com entidades religiosas no âmbito da sociedade 
civil.
D) O princípio da laicidade de Estado se aplica somente no âmbito político. No âmbito 
educacional, não há interferência quanto à influência e à relação que as religiões possam 
ter ou sofrer pelas instituições de ensino.
E) O princípio de laicidade de Estado não se aplica ao Brasil, pois é um país marcado por 
diversas manifestações religiosas, e sua população é majoritariamente católica.
3) Em 2018 foi instituída a nova BNCC, cujo objeto de estudo da área de ensino 
religioso foi institucionalizado, constituindo-se como área do conhecimento.
Com isso, assinale a alternativa correta quanto aos principais princípios norteadores 
para as práticas educacionais no que se refere ao ensino religioso.
A) Por ser de cunho confessional, trata-se de uma educação pautada na paz e nos direitos 
humanos, sustentando valores religiosos do professor ministrante.
B) Deve-se respeitar a religião que melhor representa a totalidade da população brasileira. No 
caso, o Brasil é majoritariamente católico, portanto, devem prevalecer conteúdos do 
catolicismo durante as aulas de ensino religioso.
C) Deve-se promover a tolerância religiosa no espaço escolar pelo diálogo, pelo 
conhecimento da manifestação dos fenômenos culturais vinculados às diferentes religiões 
e à valorização dos direitos humanos.
D) Deve-se perpassar por princípios como proselitismo religioso, utilizar emblemas religiosos 
nos espaços públicos e, principalmente, respeitar as religiões com o maior número de 
adeptos.
E) Deve-se perpassar por princípios como liberdade, igualdade e fraternidade, como os 
princípios iluministas da Revolução Francesa, vigentes atualmente.
4) A LDB é a legislação que regulamenta o sistema educacional brasileiro, tanto 
público quanto privado. É, portanto, a principal referência normativa para as 
práticas de ensino no país.
Com relação ao ensino religioso, quais aspectos o caracterizam de acordo com a Lei 
no 9.394/1996?
A) O ensino religioso deve ser ministrado por professores efetivos de escolas públicas, desde 
que se respeitem princípios como não obrigatoriedade, respeito à pluralidade religiosa e 
coibiçao ao proselitismo.
B) A matrícula na disciplina de ensino religioso é obrigatória como qualquer outra disciplina 
da estrutura curricular e deve considerar aspectos como o respeito à pluralidade de 
religiões e o não proselitismo religioso.
C) O ensino religioso consta como disciplina obrigatória, ministrada por professor com 
vínculo efetivo com a escola, e o conteúdo deve estar de acordo com a confissão à qual a 
escola se vincula.
D) O ensino religioso consta nas bases curriculares escolares como disciplina facultativa, com 
conteúdos correspondentes à religião da confissão à qual a escola se vincula.
E) A matrícula no ensino religioso deve ser facultativa, ofertada em horários normais das 
escolas públicas de Ensino Fundamental, devendo-se respeitar a diversidade cultural e 
vedar formas de proselitismo.
Apesar de não poder ser considerado crime, tendo em vista o princípio constitucional 
de que as liberdades religiosas e de expressão devem ser respeitadas, no âmbito 
escolar, especificamente na disciplina de ensino religioso, tal conceito deve ser coibido 
a fim de manter o respeito à isonomia entre as religiões e uma abordagem imparcial 
5) 
na reprodução desse conteúdo.
Considerando o exposto, qual é o conceito que se pratica quando não se mantém o 
respeito citado?
A) Confissão religiosa. 
B) Laicidade. 
C) Secularização. 
D) Proselitismo religioso.
E) Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
NA PRÁTICA
Atualmente, um dos maiores desafios dos profissionais de ensino religioso em escolas públicas é 
ministrar esse conteúdo conforme os parâmetros instituídos pelos atos normativos. Por muito 
tempo não houve padronização nos parâmetros curriculares e normativas referentes 
especificamente ao ensino religioso, dificultando muito a prática profissional dos educadores na 
forma como abordar temas relacionados à diversidade religiosa, reduzir o preconceito religiosoperpassado por determinadas religiões, bem como parâmetros avaliativos sobre esse conteúdo.
Neste Na Prática, conheça um estudo de caso que mostra o exemplo de um modelo sucinto de 
como abordar temas sobre espiritismo de forma que não seja classificado como proselitista, com 
base no respeito às concepções de mundo permeadas por concepções espíritas.
SAIBA MAIS
Para ampliar seu conhecimento no assunto, veja a seguir as sugestões do professor:
Artigo 5o: ensino de religião nas escolas
Confira a entrevista com Denise Vasconcelos, pesquisadora no campo do Direito Educacional, e 
com o advogado Laerte Queiroz, que trabalha na área do Direito Religioso. Nesta entrevista, 
confira temas como ensino religioso, Constituição, LDB e como a norma pode ser aplicada na 
prática, com liberdade religiosa, direito a dias e horários alternativos a horários de provas e 
exames devido a normas e valores religiosos.
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Para evitar proselitismo, temas religiosos devem ser tratados com cautela na escola
Neste link, confira uma entrevista com Roseli Fischimann, doutora em história da educação, e 
Ascânio João Serez, mestre em ciências da religião, que debatem sobre como abordar temas 
religiosos sem proselitismo religioso, relação entre Estado e religião, além da influência do 
catolicismo na educação brasileira e laicidade.
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Trajetória dos direitos humanos
Neste vídeo, confira explicações sobre o que são direitos humanos e quais são os princípios que 
sustentam a proposta de educação com base no respeito à diversidade, à liberdade e na 
tolerância religiosa, ciência e respeito da pluralidade de religiões e cosmovisões decorrentes 
delas, bem como o respeito às tradições dos povos originários.
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STF – Ensino religioso nas escolas públicas – ADI 4.439/DF
Neste vídeo, Mila Gouveia comenta de forma sucinta sobre a decisão do STF (ADI 4.439/DF – 
Informativo 879/STF), que autoriza, na rede pública, em igualdade de condições, o oferecimento 
de ensino confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais de credenciamento.
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