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5 
Manipulação 
Capítulo 5 - Manipulação 
1. Processos de Manipulação 
1.1. Introdução 
Por se tratar de tarefa primordial e vital no universo de ati-
vidade da farmácia de manipulação, os processos de manipulação 
devem ser efetuados por mão-de-obra especializada e acompanha-
dos de perto pelo farmacêutico responsável. 
Além disso, o farmacêutico deverá analisar criticamente a 
receita a ser aviada, para isso, é essencial seguir alguns critérios 
técnicos, alguns destes relacionaremos a seguir. 
1.1.1. Questões a serem consideradas antes da manipulação 
de uma prescrição 
A. Racionalidade da prescrição: ingredientes, intenção de uso, dose 
e modo de administração 
B. Propriedades físico-químicas, medicinais e usos farmacêuticos 
das substâncias prescritas 
C. Absorção e Via de administração adequadas: preparação do pro-
duto manipulado de acordo com o propósito da prescrição 
D. Excipiente adequado: risco de alergia, irritação, toxicidade ou 
resposta organoléptica indesejável do paciente. 
E. pH ideal para maior estabilidade ou adequação ao uso 
F. Ingredientes da formulação: identidade e pureza asseguradas. 
G. Preparo da prescrição: treinamento adequado do manipulador 
(cálculos matemáticos, controle de qualidade: peso médio, pH, ob-
servação visual) 
H. Equipamentos e ingredientes disponíveis e em quantidade sufici-
ente. 
I. Referências bibiiográficas: uso, preparação, estabilidade, admi-
nistração e embalagem do produto 
J. Vaiidade: projeção razoável e racional da validade do produto. 
K. Quantidade dispensada equivalente ao prazo de validade do pro-
duto. 
L. Correto armazenamento do produto por parte do paciente. 
110 
Capítulo 5 - Manipulação 
2. Processos de Manipulação 
- Laboratório de Sólidos 
Formas Farmacêuticas Sólidas de Interesse 
na Farmácia Magistral: Pós, Granulados e Cápsulas 
Introdução 
As formas farmacêuticas sólidas representam, de modo ge-
ral, a maior porção das preparações aviadas na farmácia magistral, 
de modo destacado a forma de cápsulas. 
A seguir, estão algumas vantagens oferecidas pela forma só-
lida sobre a liquida que explicam o motivo desta preferência: 
• As drogas e produtos químicos são mais estáveis na forma só-
lida. 
• As drogas sólidas (e secas) podem ser dispensadas na forma 
compactada de comprimidos, cápsulas, pós divididos, dentre 
outros, podendo ser embalados, transportados, administra-
dos e armazenados mais facilmente que as formas líquidas. 
• Paladares desagradáveis são mais evidenciados quando as 
substâncias estão na forma de solução do que na forma sóli-
da. Sabores desagradáveis podem ser anulados totalmente 
pela inclusão da droga sólida em cápsulas ou em comprimi-
dos revestidos. 
• Doses precisas são mais facilmente obtidas com formas for-
necidas em doses individuais e unitárias, tais como, compri-
midos, cápsulas e pós divididos. 
• Modificação da liberação das drogas (liberação lenta, contro-
lada, retardada, etc) podem ser obtidas muito mais facil-
mente em formas sólidas do que em preparações líquidas. 
Todavia, a absorção de uma droga veiculada na forma sólida de-
pende de fatores diversos, tais como: a desintegração da forma só-
lida com a liberação de partículas contendo a droga e excipiente, a 
posterior dissolução da droga, sendo esta influenciada por fatores 
físicos e químicos diversos e por último, a absorção propriamente 
dita ou permeação da droga através da membrana celular. Sabemos 
que características como o tamanho das partículas sólidas, solubili-
dade da droga, propriedades do excipiente e adjuvantes influenciam 
na velocidade de dissolução das drogas e portanto na sua biodispo-
nibilidade. Além de ter como objetivo a obtenção de uma forma 
111 
Capítulo 5 - Manipulação 
farmacêutica elegante e uniforme, o farmacêutico se depara com 
um desafio farmacotécnico maior na farmacotécnica de formas sóli-
das, o de garantir a absorção dos fármacos veiculados. 
1. Pós 
1.2. Definição (USP-23) 
Pós são misturas intimas e secas de fármacos e ou outras 
substâncias finamente divididas que podem ser para uso interno 
(Pós Orais) ou para uso externo (Pós Tópicos). 
Os pós são constituídos de finas partículas que variam de 
0,1 (.i a 10.000a, embora os tamanhos das partículas em preparações 
farmacêuticas variem na faixa de 0,1 a 10u. 
1.3. Vantagens 
• Permite a prescrição precisa, requerida individualmente pelo 
paciente em cada dose. Os pós são normalmente mais estáveis que 
as preparações líquidas, devido a reações químicas de degradação 
entre as drogas associadas e entre as drogas e as condições atmos-
féricas, ocorrem mais lentamente em pós do que em líquidos. 
• 0 tamanho reduzido das partículas na forma de pós, permite 
uma dissolução mais rápida nos fluidos orgânicos (meio aquoso gás-
trico e entérico) do que o obtido em formas sólidas compactadas, 
como comprimidos, portanto, possuem maior biodisponibilidade. 
• Menor incidência de irritação gástrica quando comparada à 
formas sólidas compactadas, resultado da sua rápida dissolução. 
• Maior facilidade de deglutição, podendo ser ingeridos em 
maior quantidade, especialmente quando misturados com alimentos 
e bebidas. Pós podem ser administrados em sondas gástricas, em 
pacientes hospitalizados. 
• Pós tópicos possuem efeito secativo por aumento da superfí-
cie de absorção 
112 
Capitulo 5 - Manipulação 
1.4. Desvantagens 
• Drogas veiculadas nesta forma podem deteriorar quando ex-
postas a condições atmosféricas (partículas finamente divididas, 
portanto há grande área de superfície exposta a atmosfera). 
• Drogas com sabores desagradáveis, normalmente, não têm 
suas características convenientemente mascaradas quando dispen-
sadas na forma de pó. 
• Pós divididos demandam mais tempo para o seu preparo. 
1.5. Características 
• Particulas reduzidas facilitam a preparação de um pó mais 
homogêneo e aumentam a capacidade adsortiva (ex.: antiácidos, 
antidiarréicos e pós tópicos). 
• Homogeneidade. 
• Tenuidade homogênea das partículas. 
1.6. Classificação dos pós 
Pós simples: resultam da divisão de uma única droga. 
Pós compostos: obtidos da mistura de dois ou mais pós simples. 
1.7. Preparação 
1.7.1. Redução do tamanho das partículas (cominuição): 
Na farmácia com manipulação, normalmente o farmacêutico 
reduz o tamanho das partículas das substâncias químicas utilizando 
o gral com o pistilo por trituração. A trituração maior se obtém com 
gral de superfície áspera (gral de porcelana) do que com o de super-
fície lisa (gral de vidro). 
A leviqação é o processo empregado para a redução de partí-
culas, comumente em preparações semi-sólidas e líquidas. A leviga-
ção é um processo de redução do tamanho de partículas sólidas pela 
trituração em um gral ou espatulação em uma placa com uma pe-
quena quantidade de líquido no qual o sólido não é solúvel. 
113 
Capítulo 5 - Manipulação 
A pulverizoção por intervenção (recristalização) é emprega-
da para substâncias que não permitem a trituração direta, como é o 
caso de algumas substâncias que se apresentam em estruturas cris-
talinas duras que não podem ser trituradas facilmente. Este proces-
so consiste em dissolver primeiramente o sólido em um mínimo de 
solvente volátil adequado (composto interveniente), tais como o 
álcool ou a acetona. Mistura-se então (triturando), o sólido com o 
solvente até que este úttimo evapore (ex.: trituração da cânfora por 
intermédio do álcool e do peróxido de benzoíla por intermédio da 
acetona). 0 solvente pode também ser vaporizado diretamente na 
superfície do gral durante o processo. 
1.8.Tamisação 
A tamisação é uma operação que tem por finalidade obter 
pós cujas partículas tenham um determinado tamanho médio (mes-
ma tenuidade). É necessário que o produto que esteja sendo pulve-
rizado, seja tamisado por um tamis cuja abertura de malha corres-
ponda à tenuidade do pó a obter, voltando para o gral as partículas 
maiores retidas. 
1.8.1.Classificação dos Tamises: 
0 tamis é o instrumento utilizado para fazer a tamisação.Ele 
é constituído por um aro de diâmetro variável, apresentando uma 
das extremidades fechada com uma tela aplicada de modo a ficar 
bem esticada. Esta tela é a parte fundamental do tamis, pois é ela 
que em função da abertura das respectivas malhas, permite a sepa-
ração das partículas submetidas à tamisação em função dos diâme-
tros das partículas. As telas utilizadas na fabricação de tamises são 
de natureza variada: ferro galvanizado, latão, aço inoxidável (mais 
empregada para fins farmacêuticos), seda ou fibras sintéticas. 
A tabela 14 apresenta uma correlação entre aberturas dife-
rentes de malhas de tamises e a granulometria obtida bem com o 
seu emprego em diversas formas farmacêuticas relacionadas. 
114 
Capítulo 5 - Manipulação 
Tabela 14 - Classificação dos tamises e tenuidade obtida dos pós 
Tamis N° 
(USP) - Mesh 
2 
8 
10 
20 
30 
40 
50 
60 
80 
120 
200 
325 
Abertura 
(mm) 
9,52 
2,38 
2 
0,84 
0,59 
0,42 
0,297 
0,250 
0,177 
0,125 
0,074 
0,044 
Descrição 
Muito grosso 
Muito grosso 
Muito grosso 
Grosso 
Grosso 
Moderada-
mente grosso 
Moderada-
mente grosso 
Fino 
Muito fino 
Muito fino 
Micronizados 
Micronizados 
Emprego 
Sais granulados efervescentes e 
para pós de comprimidos 
Sais granulados efervescentes e 
para pós de comprimidos 
Sais granulados efervescentes e 
para pós de comprimidos 
Sais granulados efervescentes e 
para pós de comprimidos 
Sais granulados efervescentes e 
para pós de comprimidos 
Sais granulados efervescentes e 
para pós de comprimidos 
Pós efervescentes, pós dividi-
dos, pós para encapsulação 
Sais granulados efervescentes, 
para pós de comprimidos e para 
encapsulação 
Sais granulados efervescentes, 
para pós de comprimidos e para 
encapsulação 
Sais granulados efervescentes, 
para pós de comprimidos e para 
encapsulação 
Pós divididos para polvilhar, 
adsorventes, inalantes, corti-
cóides, antibióticos. 
Pós divididos para polvilhar, 
adsorventes, inalantes, corti-
cóides, antibióticos. 
Fonte: Dispensing of Medication, 1984. 
Hota: A caracterização da tenuidade de um pó pode ser feita com a ajuda de um ou dois 
tamises. Quando o pó é caracterizado por um tamis, o tamis correspondente deve deixar 
passor pelo menos 97% deste pó; 
Quando o pó é caracterizado por dois tamises, o número imediatamente maior corresponde 
ao tamis que deixa passar pelo menos 95% deste pò e o menor corresponde ao tamis que 
deixa passar no máximo 40%. 
115 
Capitulo 5 - Manipulação 
1.9. Mistura (Homogeneização) 
Antes de misturar duas ou mais substâncias é recomendável a 
redução isolada do tamanho das partículas de cada pó. 0 trabalho 
de mistura e homogeneização de pós é realizado após a pesagem e a 
redução do tamanho das partículas. 
Para quantidades reduzidas, tais como em preparações ma-
gistrais, a mistura é realizada por espatulação, trituração e penei-
ração (tamisação). 
• Espatulação: é o método pelo qual pequenas quantidades de 
pós são misturadas com a utilizaçáo de uma espátula farma-
cêutíca em uma placa para pomadas. 
• Trituração: a trituração é utilizada tanto para a cominuição 
(redução do tamanho das partículas) como também para a 
mistura dos pós. 
• Peneiração (tamisação): os pós também podem ser mistura-
dos passando-os por um tamis, o que resulta em um produto 
leve e "fofo" facilitando a mistura. 
Para quantidades maiores a mistura é realizada em misturadores 
de pós, tal como o misturador em forma de V . 
1.9.1. Misturas Eutéticas 
Mistura eutética é definida como aquela que resulta da mis-
tura de componentes sólidos cuja proporção Ihe confira o ponto de 
fusão inferior ao de qualquer dos componentes isolados, ou seja, 
trata-se da mistura de sólidos que se liquefaz ou se torna pastosa 
em temperatura ambiente. 
Tabela 15: Algumas substâncias que quando misturadas formam 
misturas eutéticas 
Acetanilida 
Ácido acetilsalicílico 
Acido salicilico 
Antipirina 
Cânfora 
Fenacetina 
Fenol 
Cloral hidratado 
Prilocaína 
Lidocaína 
Mentol 
p-naftol 
Resorcina 
Salicilatos 
Salol 
Timol 
Benzocaina 
aminopirina 
116 
Capítulo 5 - Manipulação 
• Medida corretiva: A mistura eutética pode ser evitada, in-
terpondo entre os pós incompatíveis um pó absorvente. 
• Relação de pós absorventes (substâncias que podem evitar a 
formaçâo de misturas eutéticas) 
• Carbonato de magnésio leve* 
• Óxido de magnésio leve* 
• Caulim 
• Fosfato de cálcio 
• Fosfato tricálcico 
• Amido 
• Talco 
• Lactose 
• Sílica gel (Aerosil®) 
' Nota: Normalmente, o absorvente mais eficaz na prevenqâo de misturas eutéticas é aquele 
que possui elevado ponto de fusão e grande superfície específica, como o óxido de zinco que 
apresenta elevado ponto de fusão (2800°C) e o carbonato de maçnésio (decompõe-se a 
350°C). 
Esquema gráfico de uma mistura eutética 
P.F. A 
Ponto de 
Fusâo 
2 
u 
I 
A 
Crístais da substãncia 
Pura A+ Mislura Llqulda 
Substântía Sóiida 
deA+E 
Mistura Líquida 
deA+B 
^ ^ - v ^ ^ E / ^ 
Compo 
Eutót 
i ição 
ca 
^ Crisiais da substanoia 
Pura B* Mislura Líquida 
B RF. 
Ponlo de 
Fusào 
Temperatura 
Eutética 
B 
Composlção (Fração Molar) 
117 
Capitulo 5 - Manipulação 
1.9.2. Misturas explosivas 
Podem ocorrer quando um agente oxidante forte é triturado 
(ex.: trituração em um gral) com um agente redutor forte. 
Tabela 16: Alguns agentes oxidantes e redutores fortes que po-
dem formar misturas explosivas: 
Agentes oxidantes fortes 
Ácido clórico 
Acido hipocloroso 
Ácido nítrico 
Acido nitroso 
Bromo 
Clorato de potássio 
Cromatos 
Dicromato de potássio 
Hipocloritos 
lodo 
Nitrato de potássio 
Nitrato de prata 
Nitratos 
Nitritos 
Oxido de prata 
Perboratos 
Permanganato de potássio 
Peróxidos 
Sais de prata 
Trinitrofenol 
Agentes redutores fortes 
Substâncias orgânicas em geral 
Bissulfitos 
Glicerina 
Fósforo 
Taninos 
Ácido tânico 
Oleos essenciais 
Carvão 
Alcool 
Tiossulfatos 
Enxofre 
Açúcares 
Brometos 
lodetos 
Sulfuretos 
Açúcar (sacarose) 
Hipofosfitos 
Enxofre 
Sulfitos 
Acido sulfuroso 
1.9.3.Problemas especiais, estabilidade e incompatibilidade 
de pós ou mistura de pós 
A.Pós Hisroscópicos e Deliqüescentes: Como regra geral, substâncias 
químicas na forma de pós apresentam maior afinidade para água do 
que aquelas não pulverizadas. 
118 
Capítulo 5 - Manipulação 
B. Substâncias higroscópicas: são aquelas que absorvem umidade do 
ar. 
C. Substâncias deliquescentes: são substâncias higroscópicas que 
absorvem a umidade do ar se liquefazendo parcialmente ou total-
mente. 
Tabela 17: Relação de algumas substâncias higroscópicas e deli-
qüescentes 
Acetato de potássio 
Brometo de amôneo 
Brometo de cálcio 
Carbômeros (Carbopóis®) 
Citrato de ferro amoniacal 
Cloral hidratado 
Cloreto de alumínio 
Cloreto de amôneo 
Cloreto de benzalcônio 
Cloreto de cálcio 
Cromoglicato dissódico 
Dexpantenol 
Fenitoína sódica 
Fosfato sódico de betameta-
sona 
Heparina sódica 
Hioscinamina HBr 
lodeto de amôneo 
Pantotenato de cálcio* 
Pepsina 
Sulfato de Efedrina 
Fosfato de clindamicina 
Fenobarbital sódico 
Citrato de potássio 
Carboximetilcelulose (CMC) 
Cloreto de sódio 
Sais de colina 
Amoxacilina 
Pilocarpina 
Cloreto de benzetônio 
Brometo de sódio 
Cianocobalamina (vit. B12) 
Cloridrato de dietilpropiona 
(cloridrato de anfepramona) 
Cloridrato de Pilocarpina 
Subnitrato de bismuto* 
Cloridrato de oxitetraciclina 
Nitrato de sódio 
Acetato de potássio 
Carbachol 
Cloreto de magnésio 
lodeto de sódio 
Medidas corretivas 
• A higroscopia e a deliquescência podem ser atenuadas com o 
controle da umidade relativa do ar, através do uso de desu-
midificadores e ar condicionado. A umidade relativa na faixa 
de 30 a 45% é a melhor para manipulação de pós. 
• A granulação de pós reduz a superfície de exposição ao ar. 
• Quando se trabalha com pós deliquescentes ou higroscópicos 
119 
Capítulo 5 - Manipulação 
é aconselhável mantê-los vedados com papel alumínio ou 
filme plástico durante o processo de manipulação, evitando-
se assim a exposição à atmosferaúmida. 
A adição de substâncías absorventes (ex. óxido de magnésio 
leve, dióxido de silicio coloidal) pode reduzir a tendência a 
higroscopia de pós. 
1.10. Pós e f lo rescentes 
1.10.1. Substâncias eflorescentes: 
São substâncias cristalinas ou hidratadas que ao serem pulve-
rizadas liberam água de cristalização ou de hidratação. Esta água 
pode ser liberada durante a manipulação ou com a exposição a um 
ambiente de alta umidade. A água libertada do pó pode torná-lo 
pastoso ou chegar a liquefazê-lo. A eflorescência é aumentada tam-
bém com a pulverização, pelo aumento da superfície de evaporação 
da água de cristalização. 
Representação diagramática da estrutura 
cristalina do cloreto de aluminio hexahidratado 
120 
Capítulo 5 - Manipulação 
1.10.2. Medidas corretivas: 
A eflorescência pode ser atenuada, substituindo o sal hidra-
tado pelo sal anidro ou na impossibilidade da substituição através da 
exsicação. 
Tabela 18: Relação de algumas substâncias eflorescentes 
Acetato de sódio 
Acido cítrico 
Alúmen 
Borato de sódio 
Bromidrato de escopolamina 
Bromidrato de quinino 
Cafeina 
Carbonato de sódio (decahidratado) 
Ciclofosfamida 
Cloridrato de quinino 
Codeína 
Fosfato de codeina 
Fosfato de sódio 
Lactato de cálcio 
Sulfato de atropina 
Sulfato de cobre 
Sulfato de codeína 
Sulfato de quinino 
Sulfato ferroso 
1.11. Dicas para manipulação de pós 
A mistura de pós com características similares de tamanho 
de partículas e densidade aparente, pode ser realizada em um saco 
plástico, utilizando uma espátula ou um rolo que irá reduzir a quan-
tidade de pó em suspensão na área de manipulação. 
Na área de manipulação de pós os manipuladores devem uti-
lizar máscara com filtro para pós. 
Pós muito leves e "fofos" podem ser compactados para faci-
litar a mistura, com a adição de um pouco de álcool ou óleo mine-
ral. 
Para aumentar a lubrificação e as características de escoa-
121 
Capítulo 5 - Manipulação 
mento e f luxo dos pós, pode se util izar o estearato de magnésio em 
concentrações menores ou iguais a 1%. 
0 lauril sulfato de sódio em concentrações de até 1% ou o 
docusato sódico em torno de 0,5% podem ser utilizados para neutra-
lizar forças eletrostáticas em pós difíceis de manipular. 
A incorporação de pequenas quantidades de líquidos em um 
pó pode ser realizada, triturando-se o líquido com igual quantidade 
de pó. 0 pó remanescente pode ser adicionado aos poucos em várias 
porções com tr i turação. Pode se incorporar um absorvente (ex. dió-
xido de silício) para se produzir um pó seco. 
Para se incorporar t inturas e extratos fluidos deve-se em 
primeiro lugar reduzir o volume do liquido por evaporação em ba-
nho-maria até obter uma consistência xaroposa. Em seguida adicio-
na-se o excipiente inerte (ex. lactose) até a obtenção de um pó 
seco (veja parágrafo anterior). 
1.12.Formas farmacêuticas em Pó de Uso Oral de Inte-
resse Magistral 
1.12.1. Pós a granel ("Bulk powders") de uso interno 
São aqueles dispensados em frascos ou potes de "boca larga" 
e destinados a serem administrados por colheres de medição. 
A. Desvantagem 
Devido a inexatidão do processo de medida, somente devem 
ser dispensadas nesta forma, fármacos não-potentes (de fraca ativi-
dade farmacológica). 
B. Vantagens 
Podem ser diluídos em uma quantidade de água ou outro lí-
quido, facil itando a deglutição. 
C. Fármacos de uso interno normalmente veiculados 
Antiácidos 
Laxantes 
122 
Capítulo 5 - Manipulação 
D. Procedimento de preparo 
Em pós a granel de uso interno a substância ativa é dispen-
sada em concentração peso do ativo I volume a ser in$erido ou ad-
ministrado (ex. x mg do ativo/colher de chá). 
Passso 1: preparar o produto conforme a prescrição 
meça o volume do pó a ser tomado com o utensílio de medida apro-
priado que será utilizado na administração do pó (ex.colher de chá) 
Passso 2: pese o volume do pó medido 
Passso 3: calcule o peso do(s) ingrediente(s) ativo(s) no volume a ser 
administrado, a partir da concentração ou percentual do(s) ingredi-
ente(s) ativo(s) no peso total do pó e do peso do volume a ser admi-
nistrado 
Passso 4: siga o método geral descrito anteriormente para mistura 
de pós 
Passso 5: embale e rotule 
Exemplos de formulações 
A. Pó para rehidratação oral (quantidade para ser diluída em 1 L de 
água) 
Dextrose anidra 25 g 
Cloreto de sódio 2,5 g 
Citrato de potássio .... 4,5 g 
B. Pó laxativo 
Sulfato de sódio anidro 20 g 
Fosfato de sódio anidro 40 g 
Bicarbonato de sódio 60 g 
C. Pó antiácido 
Carbonato de cálcio 32 g 
Carbonato de magnésio.... 32 g 
Carbonato de sódio 26 g 
Caulim (leve) 10 g 
Capítulo 5 - Manipulação 
1.12.2. Pós divididos (papéis medicamentosos, sachês e fla-
conetes) 
São formas farmacêuticas em pó que se destinam a adminis-
tração em doses individuais para se administrar de uma só vez. 
A. Vantagens 
Permite o acondicionamento de volumes de pós ativos, de-
masiados grandes, para serem veiculados na forma de cápsulas ou 
comprimidos. 
Os papéis medicamentosos permitem a administração de pe-
quenos volumes de pó susceptíveis de se administrarem em cápsulas 
ou em comprimidos, especialmente, em pediatria, dada a dificulda-
de da criança deglutir aquelas formas farmacêuticas sólidas e duras. 
B. Desvantagens 
A aparência dos papéis é vulgar e desvaloriza o produto. De-
ve-se escolher preferencialmente envelopes impermeabilizados 
(plastificados e aluminizados) ou flaconetes plásticos. 
Substâncias higroscópicas ou deliquescentes estão mais ex-
postas à umidade, devendo-se optar pelo uso de papéis encerados 
ou envelopes impermeabilizados. 
C. Procedimento de preparo 
Para se preparar doses individuais de pós na forma de pa-
péis, envelopes ou sachês deve-se colocar uma quantidade específi-
ca de pó em cada embalagem individualmente. 
0 método mais preciso para o preparo desta forma farma-
cêutica é a pesagem individual da quantidade de pó a ser acondi-
cionada em cada dose unitária. É recomendável que se prepare uma 
quantidade excedente de pó (em torno de 5%) para compensar pos-
síveis perdas durante o processo de preparação. Se a prescrição 
contiver substância sujeita a controle especial, a perda durante o 
processo de preparação deve ser mínima para não haver necessida-
de de compensação. 
Passo 1: Calcular a quantidade a ser pesada de cada componente da 
formulação, levando-se em conta a perda durante o processo de 
preparação. 
Passo 2: Pesar precisamente os componentes da formulação con-
forme o número de papéis, envelopes ou flaconetes solicitados pela 
prescrição. 
Passo 3: Completar com qs de excipiente flavorizado e edulcorado 
124 
Capitulo 5 - Manipulação 
para 2,5g, 5§, 10g ou mais conforme a prescrição (vejasusestoesabaixo). 
Passo 4: Preparar os pós conforme o procedimento geral de pós, 
diluindo geometricamente os ativos no excipiente. 
Passo 5: Pesar a quantidade unitária a ser acondicionada em cada 
papel, envelope ou sachê, um a um, até completar o número de 
unidades solicitadas. 
Passo 6: Acondicione os envelopes em uma caixa. 
Passo 7: Rotule. 
Sugestões de excipientes para pós divididos 
A. Excipiente edulcorado e flavorizado com lactose 
Aspartame 0,5% 
Acesulfame de K 0,5% 
Aroma pó (hidrossolúvel).... 0,3% 
Lactose* qsp 2,5 - 5 - 10g 
'Para pacientes com intoleráncia à lactose ou em caso de incompatibilidade quimica com o 
ativo, a lactose pode ser substituida pelo leite de soja sem açúcar. 
B. Excipiente edulcorado e flavorizado com agente suspensor 
Ativo(s) Xg 
Celulose microcristalina e CMC - Na* .. 1,5 g (Avicel RC 591) 
Ácido cítrico 0,5 g 
Aspartame 0,1 g 
Aroma pó 0,3 g 
Lactose** qsp 10 g 
'Utilize preferencialmente a celulose microchstalina de dissoluqão instantônea, comerciali-
zada com o nome de Avicel RC 591®. 
" A lactose pode ser substituida por outro excipiente (ex. leite de soja sem açúcar) em caso 
de incompatibilidade quimica com o ativo, pacientes diabéticos ou com intolerância ó lacto-
se. 
Exemplo de formulação 
Pó dividido com escopolamina 
EscopolaminaHBr 5 mg 
Lactose 2,495 mg 
Mande papéis. 
125 
Capítulo 5 - Manipulação 
2. Grânulos Efervescentes 
Os sais efervescentes são usualmente misturas eflorescidas 
de ácido cítrico / ou ácido tartárico (ácidos) com bifosfato sódico e 
ou bicarbonato de sódio (bases) e outros ingredientes medicinais. 
Estes sais também podem ser preparados a partir de sais não-
eflorescidos de ácido cítrico e ácido tartárico. Em presença de á-
gua, o ácido reage com a base e libera dióxido de carbono, produ-
zindo efervescência. Os sais e gânulos efervescentes podem ser pre-
parados na forma de misturas de pós a granel ou pós divididos. 
2.1.Vantagens 
2.1.1.Correção do paladar: 
A solução carbonatada e a liberação de C02 mascaram sabo-
res salinos e amargos. Os grânulos apresentam vantagem sobre os 
pós, pelo controle da velocidade da efervescência. 0 pó dissolve 
mais rápido (maior superfície) do que os grânulos que se hidratam e 
dissolvem lentamente. 
2.2. Desvantagens 
Baixa estabilidade, devido a alta reatividade (efervescência). 
Dificuldade na manipulação (dificuldade de manter os ingre-
dientes secos durante o preparo e o armazenamento). 
2.3. Procedimento de preparo de grânulos efervescen-
tes 
Passo 1: Calcule a quantidade de cada ingrediente. 
Passo 2: Pese precisamente cada componente. 
Passo 3: Misture bem os pós. 
Passo 4: Aqueça a mistura em uma estufa a 75° a 105°C, até a for-
mação de uma pasta (a liberação da água de cristalização ou hidra-
tação, forma uma massa úmida). 
Passo 5: Passe a massa por um tamis n°10 e seque em um desseca-
dor. 
126 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 6: Quebre os grânulos, embale e rotule. 
Nota: os pós efervescentes podem ser preparados através da trituraçôo e mistura simples dos 
pós em um grat ou passando o granulado preparado por um tamis malha 50 ou 60. 
2.4. Exemplos de formulações 
2.4.1. Envelopes com ascorbato de cálcio efervescente 
(10 envelopes) 
Ascorbato de cálcio 97,4 g 
(1 g de cálcio em cada 9,74 g de ascorbato de cálcio) 
Ácido cítrico anidro fino 19,2 g 
Bicarbonato de sódio 18,8 g 
Flavorizante pó qs 
Procedimento: 
Passo 1: Triturar todos os pós juntos até a obtenção de pó uniforme. 
Passo 2: Pese cada dose separadamente (1 décimo do peso total) e 
embalar cada dose em um envelope. Cada envelope terá o equiva-
lente a 1g de cálcio elementar. 
Passo 3: Sele bem o envelope, não permitindo o acúmulo de ar no 
seu interior. 
Passo 4: Armazene em local seco. 
Estabilidade aproximada: 2 meses 
2.4.2. Citrocarbonato 
(10 envelopes) 
Lactato de cálcio 7,95 g 
Cloreto de sódio, USP 4,2 g 
Sulfato de magnésio anidro 3,72 g 
Fosfato de sódio dibásico anidro .. 5,1 g 
Ácido cítrico monohidratado 64,4 g 
Bicarbonato de sódio 56,6 g 
Procedimento: 
Passo 1: Pese e misture uniformemente os seis pós. 
Passo 2: Distribua o pó em bandeja tipo refratária. 
Passo 3: Inicie o aquecimento em um forno de microondas por 1 a 
1,5 minutos. 
Passo 4: Na temperatura de aproximadamente 75°C, o ácido cítrico 
127 
Capitulo 5 - Manipulação 
irá perder a água e formar uma massa. Agite e revire o pó para a-
quecimento. 
Passo 5: Continue o aquecimento até observar um vapor fumegante 
e formar uma massa contínua. 
Passo 6: Transferir para um papel alumínio e reduzir em pequenos 
grânulos. 
Passo 7: Assim que os srânulos esfriarem, embalar. 
Estabilidade aproximada: 3 meses. 
2.4.3. Pó analgésico efervescente 
Salicilato de sódio 15 g 
Ácido cítrico monohidratado 34 g 
Bicarbonato de sódio 30 g 
Lactato de cálcio 10 g 
Sulfato de magnésio anidro 10 g 
Procedimento de preparo :idem ao da fórmula anterior. 
Estabilidade aproximada: 3 meses. 
128 
Capitulo 5 - Manipulação 
3. Cápsulas 
3.1. Definição - USP- 23; Ph Eur-3rd 
Cápsulas são formas farmacêuticas sólidas, com invólucro du-
ro ou mole, de diversos formatos e tamanhos, normalmente conten-
do uma dose unitária de ingrediente ativo. Os invólucros são nor-
malmente formados de gelatina; entretanto, eles também podem 
ser constituídos de amido (hóstias) ou outras substâncias adequadas 
(Exemplo: A cápsula vegetal é constituída por um derivado da celu-
lose, a HPMC*). As cápsulas são destinadas à administração oral. 
' HPMC: hidroxipropilmetilcelulose 
3.2. Vantagens da forma farmacêutica cápsula 
• Fácil deglutição. 
• Fácil de ser identificável (cor ou impressão serigrafada). 
• Farmacêuticamente elegante. 
• Mascaram de forma eficaz as características organolépticas 
desagradáveis (sabores e ou odores desagradáveis) de fárma-
cos veiculados, uma vez que o invólucro da cápsula impede o 
contato sensorial direto com o(s) ativo(s) veiculado(s). 
• Fácil formulação. 
• Fabricação a seco. 
• Número de adjuvantes reduzidos. 
• Risco reduzido de contaminação cruzada. 
• Para crianças, podem ser abertas e o conteúdo dispersado 
facilmente na alimentação. 
• Limitado potencial de incompatibilidades. 
• Menos equipamentos para a fabricação. 
• Configurações únicas de cor e forma que realçam a identifi-
cação do produto. 
• Menos exigências de validação. 
• Menos etapas de produção. 
• Boa estabilidade. 
• Versatilidade para o preparo de fórmulas e doses individuali-
zadas (fórmulas magistrais). 
• Apresentam boas características de biodisponibilidade (ge-
ralmente o invólucro se dissolve rapidamente no estômago, 
em torno de 10 a 20 minutos, liberando seu conteúdo). 
129 
Capitulo 5 - Manipulação 
• Permite, mais facilmente que outras formas farmacêuticas, a 
elaboração de sistemas de liberação modificada (liberação 
prolongada e revestimento gastroresistente). 
• Protegem o fármaco de agentes externos (pós, ar, luz, etc). 
Esta proteção não existe em relação à umidade. 
• Boa resistência física que pode ser aumentada com o uso de 
blister. 
• Boa aceitação pelos pacientes. 
Embora os comprimidos representem cerca de 75% das for-
mas farmacêuticas sólidas comercializadas, somente 38% dos con-
sumidores os preferem em relação às cápsulas. Em contraposição, 
as cápsulas moles que representam somente 2% do mercado, são 
preferidas por 44% dos consumidores. As cápsulas duras representam 
cerca de 23% do mercado de formas sólidas e 19% dos consumidores 
as tem como opção de escolha. (King, 1984). 
Entre 1970 e 1975 as cápsulas apresentaram taxas de cresci-
mento de vendas que variaram de 8 a 21% nos quatro maiores mer-
cados europeus. Esta é uma tendência que permanece. As cápsulas 
duras de gelatina, cada vez mais têm sido escolhidas para novos 
medicamentos na forma de dosagem oral sólida. Em 1982, somente 
17,5% dos produtos recém licenciados eram apresentados como 
cápsulas duras de gelatina; em 1996, este número já havia chegado 
aos 34% (Fonte: Scrip,1999). 
3.3. Desvantagens da forma farmacêutica cápsula 
• Maior custo de produção. 
• Não é fracionável (não pode ser partida). 
• Dificuldade de se conseguir uniformidade de peso em cápsu-
las duras. 
• Se aderem mais facilmente à parede do esôfago, podendo 
levar a irritação deste, principalmente se o ativo for irritan-
te. Devem ser ingeridas com bastante água e com o paciente 
sentado. 
• Necessidade de garantir condições determinadas de tempe-
ratura e umidade, para manipulação e conservação, devido à 
sensibilidade a estes fatores. 
• Limitações de uso: dificuldade de serem utilizadas por de-
terminados pacientes com dificuldades de deglutição (crian-
ças e idosos). 
130 
Capítulo 5 - Manipulação 
• Incompatíveis com substâncias higroscópicas, deliquescen-
tes, eflorescentes que formem misturas eutéticas, exceto se 
estas substâncias forem previamente diluídas em excipientes 
adequados ou então forem revestidas. 
• Não são adequadas para drogas que são muito solúveis, como 
sais (Exemplo: cloreto de potássio, brometo de potássio, clo-
reto de amôneo). Nestas situações, os fluidos digestivos pe-
netram rapidamente na cápsula, dissolvendo o sal e criando 
uma solução altamente concentrada que pode causar náusea 
e vômito quando entrar em contato com a mucosa gástrica. 
3.4. Composição do invólucro da cápsula 
Gelatina ououtras substâncias* (ex.: amido, hidroxipropilme-
tilcelulose); 
• Agentes surfactantes 
• Opacificantes (ex.: dióxido de titânio) 
• Conservantes 
• Antioxidantes 
• Edulcorantes 
• Corantes e flavorizantes certificados 
0 invólucro da cápsula pode trazer impresso a marca do fa-
bricante. 
As cápsulas constituídas a partir de matéria-prima de origem 
vegetal satisfazem hábitos vegetarianos e peculiaridades. 
3.5. Conteúdo das cápsulas 
Pode ser: Sólido, líquido (não-aquoso) ou pastoso. 
• Ingrediente(s) ativo(s) 
• Solventes 
• Diluentes 
• Lubrificantes 
• Agentes desintegrantes 
0 conteúdo não deve causar a deterioração do invólucro da 
cápsula (ex.: água). Todavia, o invólucro ao ser atacado pelos f lu i -
dos digestivos deve liberar o conteúdo encapsulado. 
131 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.6. Classificação (categorias de cápsulas) 
• Cápsulas duras 
• Cápsulas moles ("softgel") 
• Cápsulas gastroresistentes (de liberação entérica) 
• Cápsulas de liberação modificada (liberação prolongada) 
3.6 .1 . Cápsulas duras (púlvulas): 
As cápsulas duras têm forma cilíndrica, arredondada nos ex-
tremos e são formadas por duas partes abertas numa extremidade, 
com diâmetros ligeiramente diferentes, devendo os seus extremos 
abertos encaixarem um ao outro. 
A cápsula gelatinosa dura consiste em duas partes: 
a. Corpo: porção longa e estreita (contém o ativo e o excipiente). 
b. Tampa: porção curta e mais larga. 
Esquema de 
sistema de 
fechamento de cápsulas 
Fonte: Pharmaceutical Practke,1998. 
Fechada 
Esquema de cápsula (Tampa, corpo) 
As cápsulas duras são comercializadas em diversos 
tamanhos, designados arbitrariamente por alga-
rismos. Quanto maior o algarismo designativo, 
menor a capacidade da cápsula. 
Fonte: Pharmaceutical Practice, 1998. 
Tampa 
Corpo 
Pós X J 
132 
Capítulo 5 - Manipulação 
Tabela 18: Tamanhos de cápsulas disponíveis para uso humano 
Número 
5 
4 
3 
2 
1 
0 
W~ 
00 
000 
Capacidade em volume (mL) 
0,12a0,13 
0,20 a 0,21 
0,27 a 0,30 
0,37 
0,48 a 0,50 
0,67 a 0,68 
0,85 
0,92 a 0,95 
1,36 a 1,37 
A. Especificações de qualidade para cápsulas gelatinosas duras 
Conteúdo de umidade (dessecação a 105o): 10 a 16% 
Dimensões: devem estar de acordo com a sua forma e tamanho. 
Soiubilidade: devem se manter no mínimo 15 minutos sem se dissol-
ver na água a 25°C. Devem se dissolver em 15 minutos quando em 
contato com uma solução de ácido clorídrico 0,5%p/v, a 36-38°C. 
Resistência à fratura: as cápsulas não devem quebrar ou rachar fa-
cilmente 
Odor: não devem apresentar odor estranho quando armazenado em 
um frasco hermeticamente fechado durante 24h a 30-40°C. 
Defeitos do invólucro: deve se observar a forma, a superfície, a es-
pessura da parede, a cor e a impressão (quando aplicável). 
B.Critérios para armazenamento, conservação e manipulação de 
cápsulas duras: A gelatina pode absorver até 10 vezes seu peso em 
água. Portanto, as cápsulas gelatinosas duras quando armazenadas 
em ambientes de alta umidade, absorvem a umidade amolecendo e 
se deformando. Em ambiente muito seco, as cápsulas ficam quebra-
diças. 
C. Condições recomendadas para armazenamento e manipulação: 
Umidade relativa do ar*: entre 30 a 45% (máx. 50%) 
Temperatura: entre 20 a 25°C. 
'Para manipulação de substâncias higroscópicas e detiquescentes è importante que a umidade 
retativa ambientat não seja maior que 40%. 
133 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.6.2. Cápsulas moles ("softgel"): 
A cápsula mole é constituída de uma única parte, estando o 
conteúdo hermeticamente selado em seu interior. Estão disponiveis 
em diversos formatos e tamanhos. Assim como as cápsulas duras são 
constituídas normalmente por gelatina e a sua maior flexibilidade 
está relacionada à presença de glicerina e ou sorbitol, que atuam 
como plastificantes. 0 invólucro das cápsulas gelatinosas moles é 
mais espesso do que o das cápsulas gelatinosas duras. 
As cápsulas moles se destinam preferencialmente a acondi-
cionar líquidos, podem apresentar variadas formas e tamanhos e 
conter substâncias medicamentosas em quantidades variáveis, des-
de 0,2 até 5g. 
A. Vantagens em relação às cápsulas duras 
• Fácil deglutição. 
• Maior preferência pelos pacientes. 
• Maior biodisponibilidade (princípio ativo líquido ou solubili-
zado em veículo líquido). 
• Ideal para incorporação de fármacos suceptíveis à hidrólise 
ou oxidação. 0 sistema selado proporciona proteção frente ao ar e 
outros agentes externos. 
• Possibilita a incorporação de fármacos empregados em altas 
doses e com baixa capacidade de compressão. 
• Precisão no encapsulamento (±1 a 3%). 
B. Desyantagens 
• Preparação complexa (não podem ser produzidas na farmácia 
magitral). 
• Inadequada para incorporar substâncias líquidas com teor de 
água maior que 5%, substâncias hidrossolúveis de baixo peso 
molecular e compostos orgânicos voláteis. 
134 
Capítulo 5 - Manipulação 
3.6.3. Cápsulas Gastro-resistentes BP-99: 
São cápsulas de liberação modificada destinadas a resistir ao 
fluido gástrico e liberar seus ingredientes ativos no fluido intestinal. 
Elas são preparadas, provendo cápsulas duras ou moles com um in-
vólucro gastro-resistente (cápsulas entéricas) ou pelo preenchimen-
to das cápsulas com grânulos ou partículas cobertas com um reves-
timento gastro-resistente. 
3.6.4.Cápsulas de Liberação Modificada BP-99: 
São cápsulas duras ou cápsulas moles nas quais o conteúdo, o 
invólucro ou ambos, contêm excipientes especiais ou são preparados 
por processo especial, destinado a modificar a velocidade ou o local 
no qual o(s) ingrediente(s) ativo(s) são liberados. 
3.7. Revestimento Entérico de Cápsulas Duras 
3.7.1. Introdução 
As cápsulas gastroresistentes são obtidas revestindo as cáp-
sulas duras com um filme gastroresistente ou preenchendo as cápsu-
las com granulados ou partículas já recobertas de um revestimento 
gastroresistente. Estas cápsulas devem resistir, sem alteração, à 
ação do suco gástrico. Entretanto, devem desagregar-se rapidamen-
te no suco intestinal, e por isso se diz que são gastroresistentes ou 
enterossolúveis. 
Para formação do filme gastroresistente são empregados po-
límeros gastroresistentes que apresentam grupos funcionais com 
natureza aniônica que em pH ácido do estômago os tornam insolú-
veis (ex.: acetoftalato de celulose, copolímero do ácido metacríli-
co/metacrilato de metila). Com a mudança do pH para valores su-
periores a 5,5 estes grupos ficam ionizados e tornam-se solúveis no 
meio, promovendo a liberação imediata dos fármacos. Para melhor 
compreensão do comportamento da solubilidade do revestimento 
nas diferentes regiões do aparelho digestivo, a tabela 19 apresenta 
os diferentes pHs encontrados no trato gastro-intestinal. 
135 
Capítulo 5 - Manipulação 
Tabela 19: Variação pH no aparelho digestivo 
Local 
Estômago 
Duodeno 
Jejuno 
lleo 
Cólon 
Reto 
PH 
1,0 a 3,5 
5,0 a 6,0 
6,3 a 7,3 
+/-8,0 
8,3 a 8,4 
6,8 a 7,2 
3.7.2. Situações em que se deve utilizar o revestimento 
gastroresistente: 
Para proteger fármacos instáveis em meio ácido da ação dos 
fluidos gástricos (exemplo: alguns antibióticos como a eritromicina 
base, enzimas, pantoprazol e etc). 
Quando o fármaco é irritante para a mucosa gástrica (exem-
plo: antiinflamatórios como naproxeno, fenilbutazona, oxifenilbuta-
zona, cloreto de potássio, indometacina, diclofenaco, etc). 
Quando o fármaco produz náuseas ou vômitos se liberado no 
estômago (exemplo: ácido nicotínico). 
Quando for importante que o princípio ativo não sofra dilui-
ções antes de atingir o intestino (exemplo: mesalazina, sulfassalazi-
na). 
Quando o fármaco só deverá produzir o seu efeito máximo no 
duodeno ou jejuno (exemplo: pancreatina). 
Quando se deseja fazer com que as substâncias ativas este-
jam disponíveis após um período de tempo (Liberação retardada, 
ex.: fluoreto de sódio, quinidina, efedrina, etc). 
136 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.7.3. Procedimento de revestimento entérico de cápsulas 
gelatinosas duras utilizando a máquina derevestimento en-
térico 
A. Objetivo: 
Revestimento externo 
de cápsulas 
gelatinosas duras, com 
filme gastroresistente 
em formulações 
contendo fármacos 
específicos, cuja 
estabilidade, bio-
disponibilidade e 
eficácia dependem da 
liberação exclusiva em 
meio entérico. 
Foto: Máquina de Revestimento Entérico 
B. Materiais: 
Máquina de revestimento entérico. 
Frasco spray com propelente. 
Secador com fluxo de ar quente para secagem do revesti-
mento. 
Solução de revestimento entérico com acetoftalato de celu-
lose (recém-preparada) ou a solução de revestimento com Eudragit 
L-100. 
Cápsulas gelatinosas duras contendo o(s) fármaco(s) + exci-
piente(s). 
Óculos de segurança para o manipulador. 
Máscara com filtro para proteção do manipulador. 
Luvas. 
C. Precauções: 
A inalação constante da solução de revestimento é potenci-
almente perigosa à saúde do manipulador, portanto, é de suma im-
portância a utilização de máscara protetora com filtro e que o pro-
cedimento seja realizado em local ventilado ou preferencialmente 
em capela com exaustão para gases. 
137 
Capítulo 5 - Manipulação 
D. Procedimento: 
Cálculo da quantidade da solução de revestimento a ser utüizada: 
A quantidade de revestimento a ser utilizada deve ser calcu-
lada em relação ao peso do lote de cápsulas vazias utilizadas no 
encapsulamento da fórmula que se deseja realizar o revestimento 
entérico, todavia é necessário deixar claro que o revestimento será 
realizado nas cápsulas "cheias". A quantidade de revestimento utili-
zado no processo deve ser em torno de 15% do peso das cápsulas 
vazias, correspondente a quantidade e ao tamanho das cápsulas 
utilizadas na encapsulação da formulação. Com objetivo de esclare-
cer melhor a efetuação deste cálculo, exemplificaremos a seguir: 
Utilizando cápsulas n°1 brancas, cujo peso médio é de 
76,2mg/cápsula, qual a quantidade em massa da solução de reves-
timento deverá ser utilizada para revestir 500 cápsulas, contendo 
um fármaco e seu excipiente cujo peso médio é de 380 mg? Como 
poderá ser evidenciado no processo a quantidade da solução de re-
vestimento a ser empregada nas cápsulas "cheias"? 
Cálcuios: 
Peso total das cápsulas vazias=> 76,2mg (peso médio da cáp-
sula vazia) x 500 (quantidade de cápsulas a serem revestidas) = 
38.100 mg ou 38,1g. 
Quantidade em peso de revestimento a ser empregado: 15% 
do peso das cápsulas vazias, portanto no exemplo: 15% de 38,1 g => 
5,715 g (quantidade de revestimento necessário para o processo de 
revestimento). Para sabermos o peso do revestimento nas cápsulas 
cheias, devemos realizar os seguintes cálculos: 
Peso Total das cápsulas cheias 
380 mg (peso médio da cápsula cheia) X 500 (n° de cápsulas) 
= 190000 mgou 190g 
O peso final das cápsulas cheias, com a quantidade correta 
de revestimento após o processo de spray e secagem é dada pela 
soma da quantidade necessária de revestimento calculado e o peso 
total das cápsulas cheias, portanto: 5,715 (quantidade de revesti-
mento calculado necessário ao processo) + 190 g (peso total das 
cápsulas cheias) = 195,715 g (peso final tecnicamente correto das 
cápsulas com o revestimento). 
138 
Capítulo 5 - Manipulação 
Passo 1: Acondicione as cápsulas a serem revestidas no tambor ou 
no copo da máquina de revestimento, ligue a máquina e faça os 
ajustes necessários para prevenir que as cápsulas se esvaiam do 
tambor durante o processo ou com a secagem pelo fluxo de ar 
quente do secador. 0 ajuste do ângulo ideal do tambor para o pro-
cesso, pode ser realizado através das "borboletas" rosqueadas em 
parafusos situados nas laterais da máquina. No processo de giro, as 
cápsulas contidas no tambor não devem escapar do mesmo. Portan-
to, teste a direção do fluxo de ar do secador no interior do tambor 
com a máquina ligada. 0 fluxo de ar quente pode ser inclinado para 
as laterais do tambor se a corrente de ar for muito forte e as cápsu-
las estiverem "voando" para fora do tambor. Para cápsulas de ta-
manho maior, o processo deve ser realizado com um menor número 
de cápsulas de cada vez. 
Passo 2: Encha o reservatório do frasco de spray, utilizando a solu-
ção de revestimento recém-preparada (é aconselhável a adição nes-
ta solução de revestimento de uma solução contendo um corante, 
como por exemplo, o azul de metileno, na proporção de 1 a 3 gotas 
da solução com corante para cada 100 ml da solução de revestimen-
to, este procedimento permitirá a evidenciação da aderência da 
solução de revestimento nas cápsulas). 
Passo 3: Ligue a máquina e jateie a solução de revestimento dire-
tamente no copo contendo as cápsulas por 10 segundos. Imediata-
mente em seguida, também por 10 segundos, direcione para o inte-
rior do copo o fluxo de ar morno (não quente) com o uso do secador 
em baixa velocidade. 
"Nunca jateie as cápsulas com a solução de revestimento se o 
tambor da máquina não estiver girando, pois esta conduta fará com 
que as cápsulas colem-se uma as outras, não formando um filme 
íntegro capaz de garantir o revestimento entérico". Caso ocorra 
aderência entre as cápsulas, elas devem ser separadas rapidamente, 
antes que a solução de revestimento seque, deixando-as no copo e 
continuando o processo. Se no final do processo algumas cápsulas 
permanecerem aderidas uma às outras, estas cápsulas deverão ser 
descartadas. Uma eventual perda deve ser levada em consideração 
no processo, portanto deve-se revestir uma quantidade maior de 
cápsulas do que a solicitada na prescrição, com o intuito de com-
pensar esta perda. Sugerimos 5% a mais. 
139 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 4: Uma vez realizado o passo 3 por várias vezes, remova as 
cápsulas e as deixe sobre um papel toalha estendido sobre uma 
bancada, para secagem ao ar por 5 a 10 minutos. Antes de jatear a 
solução de revestimento novamente (passo 4), pese, anotando o 
valor e certificando a quantidade de revestimento da cápsula com o 
valor calculado. 0 jateamento deve ser realizado até a proximidade 
do peso calculado das cápsulas cheias com o revestimento. 
Solução para Revestimento Entérico com acetoftalato de celulose 
(p/ 100mL) para utilização na máquina de revestimento 
Acetoftalato de celulose (CAP) 7,5 g 
Hidróxido de amônio NF 27% 2,63 mL 
Propilenoglicol 3,0 mL 
Álcool etílico 70% 95,5 ml 
Procedimento de preparo: 
Passo 1: No agitador, adicione o CAP ao álcool seguido pelo hidróxi-
do de amônio. (A dissolução do CAP depende do pH básico). 
Passo 2: Deixe agitar por 1 hora ou até dissolver. 
Passo 3: Então, acrescente o propilenoglicol 
Validade desta solução: 1 ano, conservada em frasco de vidro âmbar 
e hermeticamente fechado. 
Solução para Revestimento Entérico 
para utilização na máquina de revestimento 
Eudragit®L-100 7g 
Polietilenoglicol 400 4,0 mL 
Solução Acetona/álcool absoluto (1:1) qsp 100 mL 
Procedimento de preparo: 
Passo 1: Dissolva o Eudragit L-100 em cerca de 90 mL da solução de 
Álcool/Acetona (1:1) em um béquer de vidro coberto. 
Passo 2: Adicione o PEG 400 e complete o volume para 100 mL com 
a solução com álcool/acetona (1:1). 
Passo 3: Validade estimada desta solução: 6 meses, conservada em 
frasco de vidro. 
140 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.7.4. Procedimento de preparo de granulado gastroresis-
tente com o Eudragit L - 100® 
Uma alternativa farmacotécnica mais moderna e consistente 
é revestir o fármaco incluso em um granulado, com substâncias es-
táveis em meio ácido que se dissolvem no meio neutro ou ligeira-
mente alcalino, encontrado no duodeno e nos intestinos. A granula-
ção do fármaco com o copolímero do ácido metacrílico/metacrilato 
de metila (Eudragit L 100®) mostra-se eficiente e seguro para o re-
vestimento gastroresistente. 0 revestimento é insolúvel em ácidos 
diluidos e fluídos gástricos e solúvel em tampões e fluídos digestivos 
acima do pH 6,0; portanto, assegura tanto a não liberação do fár-
maco em meio gástrico, como a liberação deste em meio entérico, 
em conformidade com o desejo terapêutico. 
A. Soluçào de Eudragit L-100® para granulacão gastro-resistenteEudragit L 100 20,0% 
PEG400 5,0% 
ou Propilenoglicol 10,0% 
Água destilada 3,0% 
Álcool isopropílico qsp 100,0mL 
Preparo: 
Passo 1: 0 Eudragit L 100® deverá ser dissolvido no álcool isopropí-
lico 
Passo 2: Adicionar o restante dos componentes 
Passo 3: A solução poderá ser guardada em estoque, acondicionada 
em frasco de vidro âmbar herméticamente fechado. 
B. Preparo do granulado gastro-resistente 
Fármaco xg (quantidade a ser revestida) 
Solução de Eudragit L - 100® .. 50% do peso total da substância 
Passo 1: Umectar o fármaco ou o fármaco + excipiente, tamisados e 
pesados, com a solução de Eudragit L100®, até formar massa úmi-
da. 
Passo 2: Granular em tamis com abertura de malha de 1,4mm a 
2mm, forçando sua passagem com o uso de uma espátula e reco-
Ihendo o granulado em superfície forrada com papel impermeável 
(ex.: papel manteiga). Colocar para secar em temperatura ambiente 
ou em estufa aberta a 40°C. 
141 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 3: Determinar o Fator de correção para granulado: 
Fc = peso do granulado 
peso da susbstância 
Passo 4: Encapsular e envasar 
3.7.5. Alguns fármacos comercializados com revestimento 
gastro-resistente: 
Mesalazina, Sulfassalazina, Pantoprazol, Pancreatina, Diclo-
fenaco, Naproxeno, ácido acetilsalicílico (comercializado também 
na forma convencial), bisacodil, digitoxina, indometacina, lanzopra-
zol, tripsina, bromelaína, omeprazol, etc. 
3.7.6. Teste de Revestimento Entérico (USP23/NF18) 
A. Fiuido gástrico simulado (pH 1,2) 37°C - 1 a 2h 
Cloreto de sódio 2.0g 
Pepsina 3.2g 
HC137% 7.0ml 
Água destilada qsp 1000ml 
Não deve haver sinal de desintegraçâo após o periodo de 1 hora 
B. Fluido intestinal simutado (pH 7,5) 37°C 
Fosfato monobásico de potássio 6,8g 
NaOH0,2N 190,0ml 
Pancreatina 10,0g 
Água destilada qsp 10OOml 
Deve se desintegrar no prazo prescrito pela monografia farmacopéica. 
Nota: Para granulados e pellets é necessário realizar o teste de dissolução. 
142 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.8. Cápsulas de liberação lenta {Slow release) 
3.8.1. Introduçao 
Algumas formas farmacêuticas sólidas, como cápsulas e com-
primidos de liberação convencional são elaboradas para liberar o 
fármaco no organismo de modo a ocorrer absorção rápida e compte-
ta. Nesses sistemas, busca-se manter determinada concentração do 
fármaco no sangue, prescrevendo-se doses unitárias constantes ao 
paciente durante o período de 24 horas. No entanto, pode ser ob-
servada a ocorrência de picos e vales no perfil de biodisponibilidade 
do medicamento que devem estar situados dentro de uma faixa a-
ceitável, (janela terapêutica - acima da concentração mínima eficaz 
e abaixo da concentração mínima tóxica) para que não haja com-
prometimento da eficácia clínica do tratamento. Este perfil, deter-
mina a posologia do esquema terapêutico (Ansel, Popovich, Alen, 
2000; Helman, 1981; Lieberman, Lachman, 1982; Lieberman, Lach-
man, Schwartz, 1990; Ritschel, 1982; Veiga, 1988). 
Contudo, outras formulações vêm sendo estudadas, na tenta-
tiva de modular a liberação do fármaco, para que ocorra de modo 
lento e gradual propiciando ação terapêutica de longa duração (An-
sel, Popovich, Alen, 2000; Helman, 1981; Lieberman, Lachman, 
1982; Lieberman, Lachman, Schwartz, 1990; Lordi, 1986; Prista, 
Alves, Morgado, 1995; Ranade, 1991; Ritschel, 1982; Veiga, 1988). 
Nos sistemas de liberação controlada, a taxa de fármaco li-
berada iguala-se a quantidade de fármaco eliminado, mantendo 
desta forma, a concentração plasmática dentro da janela terapêuti-
ca (Uhrich et al., 1999). Tais preparações podem ser desenvolvidas 
para administração por diversas vias (cutânea, intravascular, intra-
muscular, linfática, ocular, nasal, dentre outras). Entretanto, a ad-
ministração pela via oral, continua sendo uma das mais desejáveis 
(Khan, 1995; Veiga, 1988). 
De acordo com a United States Pharmacopeia 24 ed. (2000), 
o termo liberação controlada é sinônimo de liberação sustentada, 
liberação prolongada ou ação prolongada. Tais termos são empre-
gados para descrever formulações que não liberam o fármaco pron-
tamente após administração, como os denominados medicamentos 
de liberação convencional e, que apresentam redução na freqüência 
de doses administradas. Formas de liberação controlada são ainda 
definidas, como aquelas nas quais há redução de pelo menos duas 
143 
Capítulo 5 - Manipulação 
vezes na freqüência de dosagem, com aumento na aquiescência do 
paciente ao esquema terapêutico que possui eficácia melhorada, 
quando comparado aos sistemas convencionais. Por outro lado, de-
signa-se como formas de Uberação retardada, aquelas que liberam o 
fármaco em tempo diferente do sistema convencional e em local 
bem determínado, sendo depois, a liberação praticamente imedia-
ta , o que acontece com as formas de liberação entérica (Costa, Lo-
bo, 1999; United States Pharmacopeia 24 ed. , 2000). 
Ambos os sistemas, liberação controlada e liberação retar-
dada são definidos pelo termo liberação modificada que possui sen-
tido mais amplo: são sistemas cuja característica de liberação do 
fármaco, em relação ao tempo e/ou local são determinados de a-
cordo com objetivos ou conveniências não oferecidas por sistemas 
convencionais de cedência do fármaco; como soluções, pomadas e 
demais formas de pronta dissolução (United States Pharmacopeia 24 
ed. , 2000). 
144 
Capítulo 5 - Manipulação 
Tabela 20: Terminologia mais recentemente empregada na área 
de tecnologia de l iberação modif icada de fármacos 
TIPO DE LIBERAÇÃO 
Controlada (liberação 
prolongada, ação prolon-
gada, liberação lenta, 
liberação sustentada) 
De ordem um 
Retardada 
Programada 
Ação repetida 
Modificada 
DEFINIÇÃO 
Sistema no qual a liberaçâo do fármaco 
ocorre lentamente e em quantidade 
constante por unidade de tempo, quan-
do comparado com sistema convencio-
nal. 
A quantidade de fármaco liberada por 
unidade de tempo é uma porcentagem 
fixa do total que permanece no sistema. 
A liberação do fármaco ocorre em peri-
odo de tempo bem definido após admi-
nistração do medicamento. 
A cedência do fármaco é programada 
por sistema eletrônico. 
Neste sistema, há liberação seqüencial 
de 2 doses completas do fármaco. Inici-
almente é liberada uma dose equivalen-
te à convencional, contida na parte 
externa. Posteriormente, é libertada a 
dose incorporada no núcleo. Esta man-
terá o nivel plasmático efetivo. Idêntico 
à tomada de doses consecutivas de um 
medicamento convencional. 
Sistema onde a liberação do fármaco é 
determinada de acordo com objetivos 
ou conveniências não oferecidas pelos 
sistemas de pronta liberação. Abrange 
todos os sistemas diferentes dos con-
vencionais. 
REFERÊNCIAS 
United States 
Pharmacopeia 24 
ed., 2000; Costa, 
Lobo, 1999 
Costa, Lobo, 1999 
United States 
harmacopeia 24 
ed., 2000; Costa, 
Lobo, 1999; 
Ranade, 1991 
Costa, Lobo, 1999 
Veiga, 1988 
United States 
Pharmacopeia 24 
ed., 2000; Rana-
de, 1991. 
Fonte: Tese de mestrado de Janaina Cecília Oliveira Villanova/Universidade de São Paulo: 
USP2001 
145 
Capítulo 5 - Manipuiação 
Advertência: Em relação à manipulaçào de formas farmacêuticas 
magistrais de liberação prolongada, deve ser mencionada a dif icul-
dade tecnológica de predizer o exato perf i l de liberação do fármaco 
necessário para obter resultados consistentes lote a lote. Além dis-
so, a determinação consistente e confiável dos níveis sanguíneos do 
fármaco e a duração da sua ação só podem ser comprovados através 
de estudos de bioequivalência. Portanto, a manipulação magistral 
de fórmulas de liberação controlada ou sustentada deve ser evitada, 
bem como, a de fármacos de baixo indice terapêutico dispensados 
nestas formas. As formas de liberação modificada passíveis de se-
rem manipuladas, pelas farmácias magistrais, com segurança são as 
cápsulas com revestimento entérico (liberação retardada) e as de 
liberação lenta ou slow release (conceito mais amplo e menos res-
t r i to do que liberação controlada ou sustentada), estasúltimas, 
obtidas com a utilização de excipientes formadores de matrizes co-
loidais. 
Nota: Vários destes termos criados para desiçnar formas farmacêuticas de tiberação modifi-
cada foram introduzidos pelas empresas farmacêuticas, visando refletir um design especial 
produzido para uma forma de liberacão protonçada ou utilizando-os como termos de marke-
ííng. 
146 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.9. Cápsulas de liberação prolongada 
3.9.1. Definição: 
As cápsulas, assim como os comprimidos, podem ser formu-
ladas para liberar o(s) principio(s) ativo(s) de maneira lenta e pro-
longada para que seja(m) absorvido(s) pelo trato gastrintestinal. 
3.9.2. Vantagens das formas farmacêuticas de liberação 
prolongada: 
Previne os efeitos adversos de algumas drogas, decorrentes 
de altas concentrações plasmáticas após a sua absorção em formas 
de liberação convencional (ex.: pentoxifilina, antihistamínicos, anti-
inflamatórios e e t c ) . 
Simplifica a posologia reduzindo a frequência de ingestão do 
medicamento (ex.: antihipertensivos: metoprolol, pindolol, propa-
nolol, diltiazem, nifedipina, verapamil, clonidina; hipocolesterêmi-
cos: benzafibrato e fenofibrato; analgésicos: codeína, morfina; etc). 
Permite a manutenção do nível plasmático do fármaco du-
rante o periodo noturno (ex.: antitussígenos, descongestionantes, 
secretolíticos e broncodilatadores). 
A formulação de liberação prolongada, compete com fárma-
cos que apresentam efeitos no organismo por períodos prolongados 
(ex. antidepressivos, antiepilépticos, etc). 
3.9.3. Desvantagens: 
Em pacientes que sofreram efeitos adversos do fármaco 
veiculado na forma de liberação prolongada, torna-se mais difícil a 
remoção do fármaco do aparelho digestivo do que nos produtos de 
rápida liberação. 
Dificuldade de deglutição, decorrente da frequente utiliza-
ção de altas doses do fármaco (> 500 mg), portanto, a forma farma-
cêutica pode ser de maior tamanho. 
Normalmente, as formas de liberação prolongada contêm 
duas ou mais vezes a dose da forma convencional, portanto, no caso 
de falha do sistema de liberação controlada, aumenta-se o risco de 
sobredose e de toxicidade iatrogênica é maior. 
147 
Capítulo 5 - Manipulação 
3.9.4. 0 Mito da Liberação em 24h (Aspectos fisiológicos envol-
vidos na absorção de fármacos): 
A. Fisiologia do sistema digestivo: 
• Estõmago: esvaziamento em 2 a 6 horas, responsável por até 
10% da absorção. 
• Intestino delgado: esvaziamento em 3 a 5 horas, responsável 
por até 90% da absorção. 
• Intestino grosso: esvaziamento em 3 a 10 horas, responsável 
por até 10% da absorção. 
• Tempo total para o esvaziamento do sistema digestivo: 8 a 
21 horas. Média: 14 a 15 horas. 
Portanto, um mecanismo de liberação prolongada por um pe-
ríodo maior que 14 a 15 horas é improvável. 
3.9.5. Características ideais de um sistema de liberação 
prolongada 
• Alta resistência na liberação do fármaco. 
• Facilidade de se formular. 
• Econômico. 
• Compatibilidade com fármacos hidrossolúveis e lipossolúveis. 
3.9.6. Alguns fármacos que podem ser manipulados em cáp-
sulas de liberação lenta 
• Progesterona 
• Codeína 
• Morfina 
• Propranolol 
• Anfepramona HCl 
• Diclofenaco 
• Diltiazem HCl 
• Teofilina 
• Nifedipina 
148 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.9.7. Sistema de matriz hidrofílica para liberação prolon-
gada de fármacos: 
0 sistema de matriz hidrofílica, utilizando polímeros, atende 
às características necessárias para a preparação de cápsulas de libe-
ração lenta na farmácia magistral. 
Um sistema de liberação controlada pela formação de matriz 
hidrofílica é um sistema dinâmico que envolve as seguintes etapas: 
• Molhagem do polímero. 
• Hidratação do polímero. 
• Dissolução do polímero. 
Ao mesmo tempo, outros excipientes solúveis ou drogas irão 
também molhar, dissolver e difundir fora da matriz, enquanto os 
materiais insolúveis irão ser segurados na matriz até que o comple-
xo polímero/excipiente/complexo de fármacos sofra erosão ou se 
dissolva. 
Para formar com sucesso um sistema de matriz hidrofílica, pri-
meiro é preciso selecionar o polímero que irá molhar e hidratar, 
para formar uma camada gelatinosa rápida o bastante para proteger 
o interior da cápsula ou comprimido, da desintegração e da dissolu-
ção durante a fase inicial de molhagem e hidratação. Se o polímero 
se hidratar muito lentamente o fluido gástrico pode penetrar no 
interior do comprimido ou da cápsula e permitir a difusão prematu-
ra do fármaco. Um outro resultado da velocidade inadequada de 
hidratação do polímero, pode ser a dissolução prematura do excipi-
ente na matriz, causando a desintegração precoce da forma farma-
cêutica. 
A capacidade de hidrataçâo rápida do polímero é fundamental 
na formulação de formas farmacêuticas de liberação prolongada, 
principalmente, quando a formulação contém fármacos e excipien-
tes hidrossolúveis. 
De maneira simplificada, podemos resumir que para o polímero 
produzir efeito prolongado na forma farmacêutica, sua hidratação 
deve ser mais rápida do que a dissolução do fármaco e ou excipien-
te, portanto, a escolha do polímero deve se basear neste critério. 
149 
Capítulo 5 - Manipulação 
A. Fatores que afetam a hidratação dos polímeros 
A.1. Tamanho da partícula: o tamanho das partículas sólidas podem 
afetar a velocidade de liberaçâo do fármaco. É recomendado que as 
partículas do fármaco mais as do excipiente sejam relativamente 
finas e com tamanhos similares. 
A.2. Viscosidade da solução do polímero: polímeros de alta viscosi-
dade produzem camadas de gel mais viscosas, fazendo com que a 
difusão do fármaco seja mais lenta. Por outro lado, polímeros de 
baixa viscosidade liberam o fármaco mais rapidamente. 
A.3. Solubilidade do fármaco: As matrizes hidrofílicas são utilizadas 
na formulação tanto de fármacos muito solúveis como de fármacos 
insolúveis. Entretanto, em formulações contendo fármacos e ou 
excipientes muito solúveis requerem que o polimero se hidrate ex-
tremamente rápido, antes da solubilização do fármaco ou excipien-
te. 
A.4. Concentração do polímero: aumentando-se a concentração do 
polímero do sistema matriz, aumenta-se a viscosidade do gel for-
mado. Portanto, um aumento da concentração do polímero irá ge-
ralmente produzir um decréscimo da difusão e liberação do fárma-
co. Por este motivo, polímeros que se hidratam lentamente devem 
ser utilizados em altas concentrações para produzir efeito prolonga-
do na formulação. 
A.5. Interações polimero, fármaco e excipiente: excipientes ou fár-
macos hidrossolúveis em uma matriz hidrofílica podem afetar a vis-
cosidade do gel formado. Substâncias solúveis competem com o po-
límero e com a água disponível, o que pode afetar a viscosidade do 
gel. Quando sais fortemente iônicos são veiculados em matriz hidro-
fílica, eles podem competir tão fortemente com o polímero pela 
água que este último terá pouca chance de se hidratar (ex.: cloreto 
de potássio). 
pH: na faixa de pH normal do TGI (Trato Gastrointestinal) não afeta 
significativamente a viscosidade do gel da matriz hidrofílica. 
150 
Capítulo 5 - Manipulação 
3.9.8. Matrizes hidrofílicas em cápsulas: 
Uma liberação lenta do fármaco pode ser obtida em cápsulas, 
com o uso de polimeros formadores de matriz hidrofílica. 
Quando a cápsula de gelatina é ingerida, a gelatina que a 
constitui permite a penetração da água, causando sua hidratação e 
dissolução em alguns minutos. 0 uso de polimero formador de ma-
triz coloidal no excipiente encapsulado, afetará assim como, nos 
comprimidos a dissolução da cápsula, promovendo uma liberação 
controlada. 
A concentração de polimero utilizada afetará a velocidade de 
liberação do fármaco, todavia o tamanho da cápsula utilizada pare-
ce não ter significante efeito na liberação. 
A. Sistema de polímero eficiente para formacão de matriz coloidal 
em cápsulas 
A.1. HPMC - Hidroxipropilmetilcelulose: polimero derivado da celu-
iose com alta capacidade de molhagem e alta velocidade de hidra-
tação. 
Tabela 21: Especificaçõesde HPMC e concentrações usuais para 
cápsulas de liberação lenta 
HPMC 
(Especificações comerciais 
para formaçao de matrizes 
hidrofílicas) 
Methocel® E4M - Premium 
(4000 mPas) 
Methocel® K100 
(100.000 mPas) 
Concentração usual do polimero 
volume da cápsula 
40% Correspondênc ia em peso ao v o l u m e d e 40% Cãpsula n° 1 = iOOmg HPMC * Ativos * Lactose ou Amido 
Cãpsula n° 0 = 140mg HPMC • Ativos ♦ Lactose ou Amido 
Cápsula n° 00 = 200mg HPMC * Ativos • Lactose ou 
Amido 
Cápsula n° 000 = 280mg HPMC * Ativos * Lactose ou 
Amido 
30% 
Methocel ê marca reçistrada da Dow Chemical Company 
É recomendado que no preparo de cápsulas de liberação len-
ta, a mistura do pó contendo o ativo, excipiente e polímero seja 
tamisada para obtenção de um pó muito fino (tamis 80 mesh). 
151 
Capítulo 5 - Manipulação 
3.9.9. Alguns fármacos que podem ser manipulados em cáp-
sulas de liberação lenta 
Progesterona 
Codeína 
Morfina 
Propanolol 
Anfepramona HCl 
Diclofenaco de sódio 
Diltiazen HCt 
Teofilina 
Nifedipina 
T3,T4 
Não manipular em cápsulas menores que a número 1. 
A. Exemplo de Formulação 
Progesterona em Cápsulas de Liberação Lenta 
Progesterona 100mg 
HPMC 140mg 
Lactose qsp 1 cápsula 
Nota: Encapsular em cápsulas número 0. 
152 
Capítulo 5 - Manipulação 
Tabela 22: Algumas Formulações Comercializadas com Liberação 
Modificada 
Referênàas: 
International Drug Directory 1990-1991 
Physicians' Desk Reference 50th edition 1996 
Red List: Drus Directory of German Pharmaceutical Industry 
Abreviações: C= cápsula, T=comprimido (do ingíès tabtet), E=revestimento entérico, XR= 
liberaçõo prolongada (do ing/ês extended release) 
Droga/companhia 
Acetaminofem/ Mc Neil 
Acetazolamida/ Lederle 
Ácido acetilsalicíl ico/ Bayer, Smith-
kline Beecham 
Allopurinol/ Siegfried 
Ambroxol/ Mack 
Amfepramona/ Marion Merrell Dow 
Amitriptilina/ Bayer, Wyeth 
Benzafibrato/ Boehringer Mannheim 
Biperideno/ Lundbeck 
Bisacodil/ Ciba, Thomae, Wellcome 
Buflomedil/ Abbot 
Carbamazepina/ Sanofi, Geigy 
Carbidopa/ Du Pont 
Cetoprofeno/ Rhone-Poulenc, Wyeth 
Clonidina/ Boehringer Ingelheim 
Codeína/ Zyma 
Dextropropoxifeno/ Goedecke 
Diclofenaco/ Ciba, Sanofi, Siegfried 
Digitoxina/ Beiersdorf, Lilly 
Diltiazem/ Lederle, Marion-Merrel-
Dow 
Etilefrina (et i ladrianol)/ Boehringer 
Ingelheim 
Felodipina/ Astra, Hoescht 
Fenilpropanolamina/ Smithkline Bee-
cham, Procter & Gamble 
Forma 
farmacêutica 
C 
c 
C,T 
T 
C 
T 
C T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
C, T 
C 
T 
C 
C,T 
T 
C,T 
C ,T 
T 
C 
Propriedades 
XR 
XR 
E, XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
E 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
E, XR 
E 
XR 
XR 
XR 
XR 
153 
Capítulo 5 - Manipulação 
Continuação Tabela 22 
Droga/companhia 
Fenofibrato/ Fournier 
Flufenazina/ Squibb 
Furosemida/ Hoechst 
Ibuprofeno/ Wander. Klinge 
Indometacina/ Merck 
Isossorbida dinitrato/ Boehringer 
Mannh., Wyeth 
Isossorbida mononitrato/ Synthela-
bo, Boehringer Mannh. 
Isoxsuprina/ Duphar 
Lanzoprazot/ Takeda 
Levotiroxina (T4)/ Henning 
Lítio/ Astra, Smithkline Beecham 
Mesalazina/ Procter & Gamble, 
Smithkline Beecham 
Metformina/ Boehringer Mannheim 
Metilprednisolona/ Hoechst 
Metoclopramida/ Kali-Chemie 
Metoprolol/ Astra, Ciba 
Morfina/ Rhone-Poulenc 
Naproxeno/ Roche, Syntex 
Nifedipina/ Bayer 
Nitrofurantoina/ Procter & Gamble 
Omeprazol/ Astra 
Orfenadrina/ 3M Media 
Pancreatina/ Mc Neil, Nordmark 
Pantoprazol/ Byk Gulden 
Pentoxifilina/ Promonta Lundbeck, 
Hoechst-Roussel 
Pindolol/ Sandoz 
Cloreto de Potássio/ Abbott 
Propranolol/ Wyeth 
Quinidina/ Astra, Boehringer Man-
nh. 
Salbutamol/ Glaxo 
Sulfassalazina/ Pharmacia 
Forma 
farmacêutica 
C 
T 
C 
C,T 
C,T 
C,T 
C,T 
C 
c 
T 
T 
T 
T 
T 
C 
T 
C T 
C,T 
C 
c 
c 
T 
C,T 
T 
T 
T 
T 
C 
T 
C T 
T 
Propriedades 
XR 
XR 
XR 
XR 
E, XR 
XR 
XR 
XR 
E 
XR 
E, XR 
E, XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
E 
XR 
XR* 
E 
XR 
E 
E 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
XR 
E 
154 
Capitulo 5 - Manipulação 
Continuação Tabela 21 
Droga/companhia 
Teofilina/ Byk Gulden, Hoechst, 
Key, Knoll, 3 M Medica 
Tioridazina/ Sandoz 
Trifluoperazina/ Smithkline 
Beecham 
Tripsina/ Mucos, Novo 
Ácido valpróico/ Abbott, Geigy 
Verapamil/ Knoll, Searle 
Vincamina/ Parke-Davis 
Forma 
farmacêutica 
C T 
T 
C 
T 
C,T 
C,T 
C 
Propriedades 
XR 
XR 
XR 
E 
E 
XR 
XR 
3.10. Procedimento para Manipulação de Formulações 
em Cápsulas duras: 
3.10.1. Pesagem 
As receitas devem ser ordenadas de acordo com o horário de 
entrega prometido ao cliente. 
0 manipulador seleciona a ordem de pesagem dos compo-
nentes das receitas a serem manipuladas. Confere se ficha de pro-
dução está de acordo com a receita e o rótulo, separa os potes dos 
componentes a serem utilizados (as matérias-primas deverão ser 
armazenadas em frascos de vidro âmbar, etiquetado com todas as 
especificações: nome, fator de equivalência, fomecedor, n° de lote, 
prazo de validade e colocados em ordem alfabética nas prateleiras). 
Procede-se a pesagem individual de cada componente (os 
potes com matérias-primas após terem sido utilizados deverão per-
manecer fechados (pois podem ocorrer alterações nos sais) e colo-
cados novamente em ordem nas prateleiras). 
0 manipulador anota em formulário próprio os dados refe-
rentes à fórmula manipulada: o número da requisição, o nome do 
cliente, o horário da pesagem, o número de fórmulas pesadas da 
receita, assina o rótulo de controle de processo e envia a formula-
ção pesada para Homogeneização/Tamisação. 
0 manipulador efetua a trituração, diluição e tamisação da 
fórmula, anota dados em formulário próprio e envia a mesma para 
a encapsulação. 
155 
Capítulo 5 - Manipulação 
0 encapsulador realiza o acondicionamento do pó nas cápsu-
las, anota dados da receita, assina rótulo de processo, anota tama-
nho e cor da cápsula no rótulo de controle de processo, envia para a 
conferência o pote com a fórmula encapsulada sem lacrá-lo. 
3.10.2. Materiais utilizados: 
Balança semi-analítica 
Espátulas (aço inox ou plástico) 
Papel manteiga 
Saco plástico 
Calculadora 
Papel higiênico 
Proveta graduada 
3.10.3. Procedimento: 
Passo 1: Processo em que o manipulador deverá pesar os sais, espe-
cificados na receita (ficha de pesagem), observando as respectivas 
quantidades. 
Passo 2: A pesagem deverá ser precisa e muito cuidadosa. 
Passo 3: Ao iniciar a pesagem, o manipulador deverá tarar a balança 
com papel manteiga sobre o prato. 
Passo 4: 0 manipulador deverá pesar os sais um a um (sempre ta-
rando a balança após cada sal), em papel manteiga sobre a balança 
de precisão, utilizando-se de uma espátula. Para pesagem de pellets 
deve utilizar sempre espátula de plástico ou de chifre, não utilizar 
espátulas de aço inox. 
Passo 5: Após o término da pesagem da fórmula, inclusive o excipi-
ente, os sais serão colocados em um saco plástico e encaminhados 
para o processo de trituração, diluição e tamisação da formulação. 
Passo 6: A ordem de manipulação deve conter orientação quanto ao 
tamanho e cor das cápsulas a serem utilizadas, bem como a indica-
ção da necessidade de revestimento entérico, se for necessário. 
156 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.10.4. Cálculo Manual para enchimento das Cápsulas 
Para pesar uma fórmula, mediante a receita (sem a ordem 
de manipulação), o manipulador terá que calcular a quantidade de 
cada sal manualmente. Para isso, terá que considerar a dosagem do 
sal e multiplicar pelo número de cápsulas que serão manipuladas. 
Deverá observar e considerar a diluição e ou fator de correção do 
sal que está sendo calculado e em que unidade de medida ele se 
encontra. 
Exemplo: 
Piridoxina 60,0 mg 
Cistina 200,0 mg 
VitaminaB12 100,0 mcg 
Biotina 0,2 mg 
VitaminaA 25.000 Ul 
100cápsulas. 
Cálculo: 
- Piridoxina = 60 mg x 100 caps. = 6,0g 
- Cistina = 200 mg x 100 caps. = 20,Og 
- Vitamina B12 = 100 mcg x 100 caps. = 10.000 mcg = 10mg 
Considerando-se que a vitamina B12 é diluída 1:100, faz-se 
então uma regra de três: 
1mg 100 mg 
10 mg x 
x = 1.000 mg = 1,0g 
Pesa-se então 1,0g da Vit. B12 diluída 1:100. 
- Biotina = 0,2 mgx 100 caps = 20 mg 
Considerando-se que a Biotina é diluída 1:10, faz-se outra regra de 
três. 
1mg 10 mg 
10 mg x 
x = 200 mg = 0,2g 
Pesa-se 0,2g de Biotina diluída 1:10. 
157 
Capítulo 5 - Manipulação 
- Vitamina A = 25.000 Ul 
Converte-se a unidade internacional em miligrama, considerando-se 
que 500.000 Ul de vitamina A correspondem a 1g da vitamina A ace-
tato pó, faz-se então a seguinte regra de três: 
500.000UI 1g 
25.000 Ul x 
x = 0,05g 
0,05gx 100caps = 5,0g. 
Pesa-se então 5g da vitamina A acetato pó. 
3.10.5. Cálculo do Tamanho da Cápsula 
É necessário completar com excipiente o volume do pó a 
encapsular, caso este seja inferior a 90% da capacidade da cápsula. 
Considera-se sempre o peso e a densidade aparente dos pós 
da formulação. 
Tabela 23: Capacidades médias das cápsulas gelatinosas duras 
Tamanho da cápsula 
000 
00 
0 
1 
2 
3 
4 
volume em ml 
1,37 
0,95 
0,68 
0,5 
0,37 
0,30 
0,21 
Capacidade média em mg 
0,6g/ml - 1,2g/ml 
822- 1644 mg (750mg) 
570- 1140mg(500mg) 
408 - 816 mg (400mg) 
300 - 600 mg (350 mg) 
222 - 444 mg (250mg) 
180- 360 mg (200mg) 
126-252mg(150mg) 
Existem diferencas de capacidade em peso relacionadas com a reologia do pò, tenuidade, 
densidade, etc. Exemplo: uma cápsula n° 0, pode conter cerca de 300 mg de cáscara sagrada 
pó ou 825 mg de cloreto de sódio. 
( ) : capacidade média para substâncias com densidade aparente próxima da lactose. 
Para fórmulas compostas e para matérias-primas com baixa 
ou alta densidade deveremos utilizar o método volumétrico (com 
proveta). 
Exemplo 1 
Cimetidina 200 mg 
Inositol 100 mg 
Alcachofra ext. seco 50 mg 
Peso total: 350 mg 
158 
Capítulo 5 - Manipulação 
Verifica-se um total de 350 mg de pó por cápsula, pela tabe-
la corresponde à cápsula n° 1, não sendo necessário acrescentar 
excipiente por cápsula, exceto se a mistura demonstrar sinais de 
higroscopia. 
Exemplo 2 . Cápsulas dobradas: 
Fórmulas que apresentam sais cujo peso total ultrapassa os 
750 mg deverão ser feitas em 2 cápsulas que conterão Vi dose em 
cada uma (Capacidade média da cápsula: veja tabela 23) 
Hidróxido de alumínio 300 mg 
Hidróxido de magnésio 300 mg 
Simeticone 100 mg (simeticone 50% x2) 
Metoclopramida 20 mg 
Peso total: 820 mg 
Dividindo o peso de 820 mg por 2, encontraremos 410 mg que 
corresponde à cápsula n° 0, portanto, deveremos fazer 2 cápsulas 
ao invés de 1 sem o acréscimo de excipiente, os sais desta formula-
ção apresentam densidade aparente baixa. 
As fórmulas poderão apresentar também outras variações, 
como cápsulas triplicadas e quadruplicadas que seguem o mesmo 
procedimento anterior. 
Exemplo 3 
Famotidina 25 mg 
Cisaprida 8 mg 
60 caps 
Peso total: 33 mg 
A menor cápsula disponível na farmácia é a cápsula n° 3 cuja capa-
cidade média é de 200 mg. 
200 mg - 33mg = 167 mg (quantidade de excipiente a ser completa-
da por cada cápsula). 
Para 60 cápsulas: 167 mg x 60 caps = 10020mg = 10,02g de excipi-
ente. 
Para esta formulação deverá pesar 10,02 g de excipiente. 
159 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.10.6. Método Volumétrico para Enchimento das Cápsuias 
A cápsula é uma das formas farmacêuticas orais mais difundidas 
em manipulação. No entanto, a prática envolvendo cápsulas é mui-
tas vezes imprecisa, pois os métodos geralmente utilizados para o 
enchimento, se baseiam na capacidade em termos de peso. Este 
parâmetro (peso) varia muito conforme a densidade do pó a ser en-
capsulado, o que pode gerar alguns inconvenientes no cálculo de 
excipiente e tamanho da cápsula a ser empregada. 0 "Método Vo-
lumétrico" de enchimento de cápsulas é muito mais preciso, já que 
as cápsulas têm a capacidade constante em termos de volume. 
A. Como utilizar o método volumétrico 
Pesar todos os componentes, lembrando das conversões (di-
luição, fator de correção e fator de equivalência) e do número de 
cápsulas (quantidade prescrita na receita). 
Medir o volume em proveta (10 - 1000 ml). 
Bater a proveta com cuidado na bancada (revestida com bor-
racha) para o assentamento do pó e leitura correta do volume. 
Uma vez obtido o volume, utilizar o gráfico (nomograma), 
selecionando o número da cápsula (tamanho) que se adeque ao vo-
lume do pó, bem como a adição de mais excipiente para completar 
o enchimento da cápsula. 
Exemplo: 
volume = 25 ml para 30 cápsulas. 
Veja o ponto "x" no gráfico. Segundo o gráfico, a cápsula a ser usa-
da é de número superior a 0, portanto 00. Para 30 cápsulas de nú-
mero 00. Qual o volume ocupado ? 
Veja ponto Y no gráfico = 29 ml. 
Sendo assim, o volume de excipiente será 29 - 25 = 4ml. 
160 
Capítulo 5 - Manipulação 
"E5 
1/1 o. 
<(C u 
0) 
TJ 
o 
l_ 
<D 
£ 
z 
Tabela de preenchimento das cápsulas duras 
000 
Número de cápsulas duras 
5 10 15 20 25 
10 15 20 25 30 35 40 45 50 
Volume de pó 
3.10.7. Homogeneização/ Tamisação 
0 trabalho de homogeneização e tamisação da fórmula é 
realizado após a pesagem da fórmula e antes da encapsulação da 
mesma.( 
É o processo em que os sais são misturados em gral de porce-
lana com o pistilo e tamisados, para uma homogeneização comple-
ta. 
A. Material utilizado: 
Tamis: malha de aço inox de 50 a 100 Mesh. 
Suporte para tamiz. 
Gral de porcelana. 
Pistilo. 
Espátula de plástico tipo "tigre®" . 
Papel manteiga. 
161 
Capítulo 5 - Manipulação 
B. Procedimento: 
Passo 1: Agitar o saquinho plástico, com os componentes da formu-
lação previamente pesados, 10 vezes ou mais, enchendo-o 
previamente com ar (não soprar). 
Passo 2: Verter o pó para um gral, triturando-o com o pistilo. 
Passo 3: Transferir completamente o conteúdo para o tamis de ma-
Iha de aço inox (de 50 a 100 Mesh) adaptado ao seu suporte previa-
mente guarnecido com papel manteiga limpo. 
Passo 4: Efetuar a tamisação do "pó" com uma espátula (limpa, 
sanitizada e seca), pressionando ligeiramente o pó contra o tamis 
em movimentos de "vai e vem", até o esgotamento do pó sobre o 
tamis. Substâncias naturais (fitoterápicos) poderão deixar alguns 
resíduos, como fragmentos de galhos e folhas que não passando pelo 
tamis serão desprezados. 
Nota: Os sais na forma de microgrânulos (peltets) não podem passar peto tamis e pelo proces-
so de trituração no gral, pois estes processos comprometeriam a integridade dos mesmos, 
bem como a eficàcia terapêutica posterior do fármaco. 
Passo 5: Transferir o pó depositado sobre o papel manteiga contido 
no suporte, para o gral de porcelana limpo, sanitizado (com álcool a 
70%) e seco. 
Passo 6: Misturar o "pó" no gral com pistilo: 10 movimentos no sen-
tido horário e 10 no sentido anti-horário. 
Passo 7: Revolva o pó no interior e laterais do pistilo e do gral com a 
espátula de plástico e repita a operação anterior. 
Passo 8: Transfira o pó do gral para o saquinho de plástico, enchen-
do-o com ar (não soprar), agitando-o por 10 vezes ou mais. 
Passo 9: Analise visualmente a homogeneização do pó, caso esteja 
homogêneo passe para o passo seguinte, caso seja constatado sinais 
de heterogeneidade (não misturou direito) repita a operação. 
Passo 10: Anexar o saquinho com o pó da formulação à ficha de pro-
dução e ou receita e enviá-los para a encapsulação. 
Passo 11: Após a homogeneização de cada fórmula, os materiais 
utilizados (gral, tamiz, pistilo, espátula) deverão ser limpos e sani-
tizados e o papel manteiga descartado e substituído por outro. 
Passo 12: O homogeneizador deverá registrar seu trabalho na ficha 
de produção, rubricando-a . 
Nota: Os sais em microgrânulos ou pellets (omeprazol, lanzoprazot, itraconazot e outros) não 
passarõo pelo processo normal de homogeneização e tamização. 
Normaimente estes sais são pesados cápsula por cápsula peto manipuiador ou em tabuleiro 
especialmente catibrado. 
O homogeneizador, deve estar ciente das Boas Prática de Manipulaçâo estando devidamente 
paramentado e catcando tuvas que após cada formutação deverão passar por assepsia com 
álcoot a 70% ou outra solução sanitizante sob fricçâo. 
162 
Capítulo 5 - Manipulação 
3.10.8. Encapsulação de Pós 
A encapsulação é o processoonde as matérias-primas pesa-
das e homogeneizadas são acondicionadas em cápsulas adequadas. 
A. Material utilizado 
Placas encapsuladeiras (000, 00, 0, 1, 2, 3, 4 ,5) ou máquina 
encapsuladeira com respectivos discos. 
Espátula plástica (patheta). 
Socadores. 
Papel manteiga. 
B. Encapsulação com placas 
As placas encapsuladeiras são constituídas por: 
• 1 base 
• 1 tampo para 180 ou 360 cápsulas em seus diversos tama-
nhos. 
• 3 hastes. 
C. Procedimento 
Passo 1: Selecionar a ptaca encapsutadeira correspondente ao tama-
nho de cápsuta necessário. 
Passo 2: Montar a placa. Deverá ser cotocada uma haste de cada 
lado da base e o tampo em cima. A terceira haste (a menor) é utiti-
zada para delimitar a área das cápsulas que serão utilizadas na en-
capsulação. Colocar uma fotha de papel manteiga sobre a bancada e 
sobre esta folha, a placa encapsuladeira. 0 encapsulador deverá 
observar na ficha de produção a cápsula que será utilizada (tama-
nho, cor, etc) conforme a orientação por escrito do maniputador e 
montar a placa adequada. 
Passo 3: Preencher os orifícios da placa encapsuladeira com as cáp-
sulas fechadas vazias, de acordo com a quantidade solicitada na 
fórmula, observando com atenção o tamanho e a cor da cápsula a 
ser utilizada. 
Passo 4: Remover manualmente a tampa da cápsula (parte menor da 
cápsula). Adicionar o pó, (fórmuta) previamente pesado e homoge-
neizado, vertendo-a gradualmente sobre a placa com as cápsutas 
vazias abertas. 
Passo 5: Espalhar cuidadosamente, com a ajuda da espátuta, o pó 
sobre a placa até que o conteúdo esteja uniformemente distribuido 
entre as cápsutas, bata a placa sobre a bancada de maneira ritmada 
para que os pós se acomodem facilmente, se necessário, use o so-
163 
Capitulo 5 - Manipulação 
cador para os pós que excedam minimamente a capacidade da cáp-
sula, empregando força equitativa para todas as cápsulas e em se-
guida distribua de maneira uniforme entre as cápsulas o restante do 
pó. 
Passo 6: Após o enchimento, deverão ser abaixadas as hastes e reco-
locadas as tampas (parte superior) das cápsulas. 
Passo 7: Em seguida o encapsulador deverá travar as cápsulas com 
as mãos, tomando cuidado com a pressão, pois se esta for excessiva 
poderá amassar o fundo das mesmas. 
Passo 8: Após travadas as cápsulas deverão ser retiradas da placa, 
limpas e acondicionadas na embalagem. Os potes de plástico (emba-
lagem) para acondiciona-las serão escolhidos em função da quanti-
dade e do tamanho das mesmas. 
Passo 9: A embalagem deve ser rotulada. 
Passo 10: Registrar a encapsulação em formulário do setor, rubricar 
a ficha de produção e o rótulo de controle de processo. 
Passo 11: Enviar a fórmula para a conferência. 
Nota: 0 encapsulador deverá seguir as Boas Práticas de Manipulacão e estar devidamente 
paramentado, catçando luvas e periodicamente fazer a assepsia das mãos. 
3.10.10. Encapsulação com máquina encapsuladeira (para 
fórmulas individuais) 
A utilização de máquina encapsuladeira reduz o tempo de 
encapsulação em até 60%. 
A. A máquina de encapsular é composta por: 
• discos para a colocação das cápsulas (cada tamanho de 
cápsula possui seu disco correspondente). 
• aro de alumínio para enchimento do disco. 
• encaixe do disco para enchimento e abertura das cápsulas 
por sucção. 
• "porco espinho" onde são lacradas as cápsulas (foi popu-
larmente chamado assim, por se parecer como tal). Ele é 
um disco do mesmo tamanho dos de cápsulas, tendo no lu-
gar dos orifícios, hastes de alumínio. 
Nota: Á máquina encapsuladeira para formas individuais não possui funil de distribuição de 
cápsulas e nem caneletas, pois na maioria das vezes, o número de cápsulas a ser manipulado 
é menor que a capacidade total do disco. Portanto, quase sempre trabalha-se com o disco 
incompleto, sendo necessário para isso o preenchimento manual. A vantagem da utilização 
desta máquina está no fato da mesma realizar a abertura e o fechamento automático das 
cápsulas, otimizando assim o processo de encapsulação. 
164 
Capitulo 5 - Manipulação 
B. Procedimento: 
Passo 1: Ao receber a fórmula homogeneizada, o encapsulador de-
verá verificar qual o tamanho da cápsula selecionado e o disco a-
propriado. Pode-se agilizar o processo, trabalhando-se com poucos 
tamanhos de cápsulas. 
Passo 2: As cápsulas vazias são colocadas em disco correspondente. 
De acordo com o número de cápsulas da fórmula será preenchido o 
disco (cada carreira do disco tem capacidade para 5 cápsulas, por-
tanto para encapsularmos 60 cápsulas devemos preencher 12 carrei-
ras). 
Passo 3: Após o enchimento do disco com as cápsulas vazias, ligar a 
sucçáo para a separação das cápsulas, ficando na parte inferior do 
disco os corpos das mesmas para preenchimento com o pó e na par-
te superior suas tampas. 
Passo 4: Colocar o aro de alumínio guia e distribuir o pó normalmen-
te com o auxílio da palheta. 0 disco pode ser batido para a melhor 
acomodação dos pós, podemos ainda utilizar o socador. 
Passo 5: Após a distribuição total do pó, rejuntar as duas partes do 
disco e lacrar as cápsulas no "porco espinho". 
Passo 6: As cápsulas são então embaladas e enviadas para conferên-
cia, após prévio registro e rubrica do encapsulador no rótulo de con-
trole de processo. 
3.10.11. Encapsulação com liquidos 
Drogas líquidas, soluções ou dispersões de fármacos podem 
ser encapsuladas em cápsulas duras, desde que o invólucro gelatino-
so da cápsula não seja solúvel no líquido. 
A. Líquidos que podem ser encapsulados em cápsulas duras: 
• Soluções alcoólicas 
• Óleos fixos (ex.: óleo de amêndoas, óleo de amendoim) 
• Óleos voláteis 
B. Material utilizado: 
Placa encapsuladeira. 
Pipeta, micropipeta ou gotejador calibrado. 
165 
Capitulo 5 - Manipulação 
C. Procedimento: 
Passo 1: Selecionar a placa encapsuladeira correspondente ao tama-
nho de cápsula necessário. 
Passo 2: Montar a placa. Deverá ser colocado uma haste de cada 
lado da base e o tampo em cima. A terceira haste (a menor) é utili-
zada para delimitar a área das cápsulas que serão utilizadas na en-
capsulação. Colocar uma folha de papel manteiga sobre a bancada e 
sobre esta folha a placa encapsuladeira. 0 encapsulador deverá ob-
servar na ficha de produção a cápsula que será utilizada, (tamanho, 
cor, etc) conforme a orientação por escrito do manipulador e mon-
tar a placa adequada. 
Passo 3: Preencher os orifícios da placa encapsuladeira com as cáp-
sulas fechadas vazias, de acordo com a quantidade solicitada na 
fórmula, observando com atenção o tamanho e a cor da cápsula a 
ser utilizada. 
Passo 4: Remover manualmente a tampa da cápsula (parte menor 
da cápsula). 
Passo 5: Medir em uma pipeta, micropipeta ou gotejador calibrado, 
a quantidade do líquido contendo a droga diluída por dose a ser en-
capsulada (a diluição deve ser realizada em um volume compatível 
com a capacidade da cápsula). Encher um a um, os corpos das cáp-
sulas com o líquido medido na pipeta. 
Passo 6: 0 vazamento do líquido pode ser minimizado, pelo sela-
mento da tampa ao corpo da cápsula. Isto pode ser realizado umi-
decendo a superfície interna da tampa, antes de reacoplá-la ao cor-
po da cápsula, com um cotonete umidecido com uma solução hidro-
alcoólica. 
Passo 7: Após selar e travar, as cápsulas deverão ser retiradas da 
placa, limpas e acondicionadas na embalagem. Os potes de plástico 
(embalagem) para acondicionar as cápsulas serão escolhidos em 
função da quantidade e do tamanho das cápsulas. A embalagem 
deve ser rotulada. 
Passo 8: Registrar a encapsulação em formulário do setor, rubricar a 
ficha de produção e o rótulo de controle de processo. 
Passo 9: Enviar a fórmula para a conferência. 
166 
Capítulo 5 - Manipulação 
D, Exemplo de cápsulas duras com preenchimento liquido: 
Progesterona 100 mg em cápsulas com óleo de amendoim 
Para se manipular 100 cápsulas contendo 100 mg de progesterona, 
faça a diluição a seguir: 
Progesterona micronizada 10 g 
Óleo de amendoim qsp 30 ml_ 
D.1. Procedimento: 
Passo 1: Calcule a quantidade de cada ingredienterequerido pela 
prescrição. 
Passo 2: Pese precisamente a progesterona. 
Passo 3: Misture a progesterona em cerca de 20 mL de óleo de a-
mendoim, em pequenas porções. 
Passo 4: Adicione o óleo de amendoim até completar 30 mL e mistu-
rebem. 
Passo 5: Preencha o tabuleiro com 100 cápsulas gelatinosas duras 
N°1 . 
Passo 6: Utilizando uma micropipeta, adicione 300 mcL (0,3mL) da 
diluição oleosa de progesterona em cada uma das 100 cápsulas. 
Passo 7: Selar e lacrar cada cápsula. 
Passo 8: Remova as cápsulas preenchidas do tabuleiro. 
Passo 9: Embale e rotule. 
3.10.12. Encapsulação de massa semi-sólida: 
Este método pode ser empregado para aumentar a biodispo-
nibilidade de drogas que são pouco solúveis e exibem problemas de 
biodisponibilidade. 
Procedimento: 
Passo 1: A droga é adicionada à base fundida (ex. base de polietile-
noglicol-PEG). 
Passo 2: A mistura é aquecida e agitada até que o pó (a droga) é 
também fundido, dissolvido ou completamente misturado na base 
PEG. 
Passo 3: Deixa-se esfriar um pouco, mantendo a temperatura acima 
do ponto de fusão do PEG. 
Passo 4: Com o auxílio de uma pipeta ou seringa, verter o volume 
com a quantidade desejada (conforme a dose calculada) individual-
mente em cada cápsula. 
167 
Capítulo 5 - Manipulação 
A. Exemplos de alguns excipientes que podem ser utilizados como 
matrizes semi-sólidas para cápsulas: 
• Óleos vegetais hidrogenados: óleo de algodão hidrogenado 
(Lubritab®), óleo de rícino hidrogenado, etc. 
• Gorduras vegetais: cera de carnaúba, manteiga de cacau. 
• Gorduras de origem animal: cera de abelha, lanolina. 
• Hidrocarbonetos: parafina. 
• Álcoois graxos: álcool cetílico, álcool láurico, álcool estearí-
lico, 
• Ácidos graxos: ácido esteárico, palmítico, mirístico e lauríli-
co 
• Polietilenoglicóis: PEG 1500, PEG 4000, etc. 
B. Exemplo de cápsulas com preenchimento semi-sólido: 
Cápsulas com estrogênios: (composição para 100 cápsulas) 
Estriol 200 mg 
Estrona 25 mg 
Estradiol 25 mg 
Polietilenoglicol 1500 .... 20 g 
Potietilenogticol 4000 .... 20 g 
cada cápsula deverá conter: 2mg de estriol / 0,25mg de estrona e 
0,25mg de estradiol. 
Procedimento: 
Passo 1: Calcule a quantidade requerida na prescrição de cada in-
grediente. 
Passo 2: Pese prescisamente cada componente. 
Passo 3: Utilizando dituição geométrica, misture os pós. 
Passo 4: Utilizando baixo calor em torno de 65°C, em uma placa de 
aquecimento, funda os polietilenoglicóis. 
Passo 5: Aos poucos acrescente os pós, misturando-os completamen-
te na massa fundida. Preencha o tabuleiro de com 100 cápsula N°1, 
removendo suas tampas. 
Passo 6: O volume total obtido da massa fundida + os pós deve ser 
divido por 100, este será o volume a ser preenchido individualmente 
em cada cápsula. 
Passo 7: Acrescente o volume requerido em cada cápsula. Permita 
que a mistura endureça e então recoloque a tampa sobre as cápsu-
las. 
168 
Capítulo 5 - Manipulação 
Passo 8: Verifique o peso de cerca de 10 cápsulas para constatar a 
uniformidade e precisão. Embale e rotule. 
3.10.13. Encapsulação de cápsula com cápsula: 
Este método pode ser empregado nas seguintes situações: 
• Quando um ingrediente precisa ser separado do restante da 
formulação (ex.: associação de fármaco na forma de pellets 
com outros fármacos na forma de pó). 
Neste caso, se preenche uma cápsula menor com o fármaco que 
necessita ser segregado e em uma cápsula maior os ingredientes 
remanescentes da formulação. Acondicionando a cápsula menor 
dentro da maior. 
• Por razões estéticas 
Para impedir a visualização da cápsula submetida a processos de 
revestimento, ou cápsulas que contenham produtos que tenham 
manchando seu invólucro ou ainda, cápsulas que causem uma apa-
rência estética indesejável (ex.: revestimento entérico). 
• Para vedar melhor cápsulas que tenham sido preenchidas 
com líquidos. 
3.10.14. Encapsulação de comprimidos: 
Pequenos comprimidos podem ser encapsulados. Isto pode 
ser necessário quando algum ingrediente da formulação só esteja 
disponível comercialmente na forma de um produto industrializado. 
Neste caso, o pó deve ser acondicionado antes do comprimido e o 
comprimido não deve ficar visível no interior da cápsula. 
3.10.15. Limpeza e polimento das cápsulas: 
As cápsulas podem apresentar pequenas quantidades da for-
mulação aderida às paredes externas. Este pó aderido pode conferir 
à cápsula, sabor e aparência desagradáveis, devendo ser removido 
antes de embalar ou dispensar o medicamento. 
A. Método de limpeza das cápsulas: 
Esfregando as cápsulas com uma gaze ou pano limpo, poden-
do acondiciona-las no pano disposto como um saco e sacudindo-as. 
Acondicionar as cápsulas em um recipiente contendo bicar-
bonato de sódio, açúcar ou sal e então, rolar suavemente as cápsu-
169 
Capitulo 5 - Manipulação 
las no recipiente. 0 conteúdo é passado por um tamis que permitirá 
a passagem do pó utilizado na limpeza e reterá as cápsulas na ma-
Iha. 
Os métodos de limpeza são efetivos somente se as cápsulas 
estiverem secas e o pó estiver apenas aderindo superficialmente ao 
seu invólucro. Caso as cápsulas estejam umedecidas e manchadas a 
limpeza não será efetiva. 
3 .11 . Incompatibil idades 
Dois tipos principais de incompatibilidades podem ser obser-
vadas na preparação de cápsulas: 
3 .11 .1 . Interação físico-química entre os ativos ou entre os 
ativos e o excipiente 
Exemplos: Deliquescência* e Misturas Eutéticas**. 
3.11.2. Interação físico-química entre os ativos e ou excipi-
entes com o invólucro de gelatina da cápsula 
Substâncias higroscópicas podem absorver a água residual do 
invólucro gelatinoso da cápsula que contém cerca de 10 a 15% de 
umidade, podendo ainda absorver até 10 vezes seu peso em água. 
'A utilização de pós absorvedores tais como, o óxido de zinco e o carbonato de magnésio 
reduzem a tendência de absorqão de águas de pós higroscópicos e sujeitos a deliquescència. 
"A formação de misturas eutêticas podem ser prevenidas pela mistura prévia e separada de 
cada componente com um pó inerte de aito ponto de fusão (ex. carbonato de masnésio, 
óxido de masnésio) e só então misturar os componentes entre si. 
170 
Capitulo 5 - Manipulação 
3.12. Aspectos físico-químicos de interesse prático no 
processo de preparação de cápsulas: 
A adição de Lauril sulfato de sódio, em concentrações até 1% 
na mistura dos pós é útil na neutralização de forças eletrostáticas 
que podem dificultar o processo de manipulação. 
0 estearato de magnésio é utilizado como lubrificante na 
preparação de cápsulas, aumentando o grau de escoamento do pó, 
facilitando assim o processo de encapsulação. 0 estearato de mag-
nésio é hidrofóbico, portanto pode afetar a biodisponibilidade dos 
fármacos, sendo recomendável utilizá-lo em baixas concentrações, 
até n. 
0 Lauril sulfato de sódio pode ser incorporado no excipiente 
de drogas pouco solúveis para aumentar a biodisponibilidade de 
drogas contidas nas cápsulas, normalmente em concentrações de 
1%. 
3.14. Cápsulas Amiláceas 
As cápsulas amiláceas são geralmente indicadas para pessoas 
que possuem problemas digestivos e não podem ingerir produtos de 
origem animal. Atualmente este tipo de cápsula está em desuso, 
podendo ser substituída por cápsulas vegetais (estas apresentam 
forma idêntica às cápsulas gelatinosas duras) disponíveis no merca-
do. 
3.14.1. Procedimento: 
Passo 1: Encapsular a fórmula nas cápsulas gelatinosas duras, con-
forme prescrição. 
Passo 2: Abrir as cápsulas amiláceas sobre o balcão e transferir o pó 
da cápsula gelatinosa para a cápsula amilácea uma a uma. 
Passo 3: Molhe a tampa das cápsulas amiláceas em algodão previa-
mente umedecido em água e coloque sobre a outra parte da cápsula 
com leve pressão. 
Passo 4: Descartar as cápsulas gelatinosas vazias. 
Passo 5: Embalar as cápsulas amiláceas em potes plásticos opacos. 
Nota: 0 processo de encapsulaçõo para cápsulas vegeíaís (substitutas das amiláceas) é idênti-
co ao das cápsulas selatinosas duras. 
171 
Capítulo 5 - ManipulaçãoPastilhas, Gomas, Soluções e Suspensões Congela-
das 
A forma de pastilhas medicamentosas tem sido utilizada, 
tradicionalmente, para administração de drogas de efeito local. 
Dentre elas, podem-se incluir anestésicos tópicos e demulcentes no 
tratamento do alívio da garganta irritada pela tosse e, como excipi-
ente (veículo) de agentes antibacterianos para o tratamento de a-
fecções orofaríngeas. 
Pastilhas e gomas com diversos excipientes edulcorados e fla-
vorizados à base de açúcares, gelatina, chocolates dentre outros, 
têm sido utilizados como excipientes para administração sistêmica 
de fármacos. A pastilha medicamentosa dissolve lentamente na bo-
ca, liberando o fármaco para absorção através da mucosa oral e 
sublingual evitando em parte, a primeira passagem hepática. Toda-
via, a porção do ativo dissolvido na saliva é ingerida e portanto, 
absorvida no trato gastrointestinal. Estas formas farmacêuticas são 
especialmente indicadas para pacientes com dificuldade de degluti-
ção de formas farmacêuticas sólidas. Também alguns pacientes pe-
diátricos e geriátricos com bloqueio gastrointestinal podem ser be-
neficiados. 0 fato de dissolverem lentamente na boca torna-as, as 
formas de escolha para a administração de substâncias que apresen-
tam máximo benefício quando permanecem em contato prolongado 
com o tecido local, como por exemplo, antifúngicos utilizados para 
o tratamento da candidíase oral (nistatina) e o fluoreto de sódio, na 
prevenção da cárie dental. Devido a aparência e sabor agradável, 
estas formas farmacêuticas aumentam a compliance (adesão) dos 
pacientes pediátricos ao tratamento. 
Atenção: Estas formas farmacêuticas devem ser mantidas longe 
do alcance das crianças. A aparência e o sabor agradável, seme-
Ihante à "doces", aumentam o risco de acidentes devido a inges-
tão inadvertida do medicamento por crianças. 
Vitaminas, minerais, anestésicos, antiinflamatórios, analgé-
sicos, antifúngicos (nistatina), agentes hipnóticos (hidrato de clo-
ral), corticosteróides, demulcentes, princípios ativos adstringentes, 
antibacterianos de ação local, descongestinantes, antitussígenos, 
antihistamínicos, princípios ativos utilizados no tratamento para a 
cessação do tabagismo, compostos aromáticos e outras combinações 
172 
Capitulo 5 - Manipulação 
de drogas são substâncias que podem ser veiculadas nestas formas 
farmacêuticas. 
4. Pastilhas 
4.1. Definição: 
São formas farmacêuticas sólidas que se destinam a dissolver 
ou desintegrar lentamente na boca. Podem conter um ou mais ati-
vos de ação local (cavidade oral) ou sistêmica, veiculado(s) em ba-
se, geralmente, flavorizada e edulcorada, moldada ou comprimida. 
4.2. Tipos: 
4.2.1. Pastilhas duras: 
Misturas de sacarose e outros açúcares e/ou carboidratos em 
estado amorfo. 
4.2.2. Pastilhas soft: 
Podem ser preparadas à base de PEG (polietilenoglicol), cho-
colate, pasta de amendoim, óleo vegetal hidrogenado ou base de 
açúcar-goma arábica. 
4.2.3. Pastilhas mastigáveis (balas gomas, gomas mastigá-
veis ou "jujubas"): 
Preparadas à base de gelatina glicerinada. 
173 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.3. Usos e Aplicações: 
4 . 3 . 1 . Uso tradicional: 
Excipiente para drogas de ação local na cavidade oral (anes-
tésicos, agentes antibacterianos e demulcentes). 
4.3.2. Excipiente para drogas de ação sistêmica: 
Estas formas se dissolvem lentamente na boca. A droga é li-
berada para a absorção sublingual e bucal, a droga que é deglutida 
pode ser absorvida pelo trato gastrointestinal. 
4.3.3. Forma farmacêutica especialmente utilizada para 
pacientes com dificuldade de deglutição: 
Pacientes pediátricos, geriátricos ou com bloqueio gastroin-
testinal. 
4.3.4. Como excipientes de drogas que apresentam máximo 
benefício quando em contato com o tecido local (Exemplos: 
Antifúngicos e Fluoreto de sódio). 
Para aumentar a adesão do paciente ao tratamento, especi-
almente pacientes pediátricos, devido ao sabor agradável. 
4.4. Desvantagens: 
Risco maior de acidentes por ingestão inadvertida pelas cri-
anças, decorrente da aparência e sabor parecidos com doces e ba-
las. Por este motivo, devem ser mantidos longe do alcance das cri-
anças. 
Formas como pirulitos e picolés não são precisas na dosifica-
ção, pois, muitas vezes, podem não ser consumidas completamente 
pelo paciente. Portanto, somente drogas não potentes que não ne-
cessitem de uma posologia precisa e que tenham ação predominan-
temente local devem ser veiculadas nesta forma. 
174 
Capitulo 5 - Manipulação 
4.5. Pastilhas duras e Pirulitos: 
4.5.1. Composição: 
Misturas de açúcar (sacarose) e outros carboidratos (sorbitol) 
em condições amorfas ou cristalinas. 
4.5.2. Características: 
• Teor de umidade: 0,5 a 1,5%. 
• Desintegração lenta e uniforme: 5 a 10 minutos (pastilhas). 
• Peso: variável. Pastilhas (1 a 4,5g) e Pirulitos (7 a 8g). 
• Sabor agradável, capaz de mascarar o ativo veiculado. 
• Requer alta temperatura para o preparo (analisar as caracteris-
ticas físico-químicas e a termolabilidade do fármaco a ser incor-
porado). 
• Excipientes à base de sorbitol e açúcar apresentam propriedades 
demulcentes. 
• Parte do ativo liberado pode ser absorvido pela mucosa bucal, 
escapando do metabolismo da primeira passagem que ocorre 
quando a forma farmacêutica é deglutida e absorvida pelo TGI. 
4.5.3. Preparação: 
A. Material utilizado: 
• Béquer 
• Bastão de vidro 
• Balança de precisão 
• Placa com aquecimento 
• Termômetro (para leitura acima de 150°C) 
• Molde 
• Óleo vegetal para untar o molde 
4.5.4. Sugestões de Fórmulas Base 
A. Fórmula base com acúcar para pastilhas duras e pirulitos (200g) 
Açúcar de confeiteiro 42g 
Xarope de milho (Karo®) 16mL 
Água destilada 24ml_ 
Aroma 1 a2mL (pode variar) 
Corante (sol. Alcoólica) qsp (opcional) 
175 
Capitulo 5 - Manipulação 
Procedimento: (veja gráfico a seguir) 
Passo 1: Dissolver o açúcar (refinado) em água destitada no béquer 
e verter o xarope de milho. 
Passo 2: Aquecer, até levantar fervura, em uma placa de aqueci-
mento. Deixar que a temperatura alcance 150 a 154°C, utilizando 
um termômetro para monitora-la (deixar ferver por 2 minutos) 
Passo 3: Remover do aquecimento assim que a temperatura atingir 
150 a 154°C. Não agitar a mistura até que a mesma esfrie até 125°C. 
Passo 4: Quando a temperatura atingir 125°C, adicionar os princípios 
ativos (pré-dissolvidos em q.s.p. de água ou álcool ou dispersados 
em q.s.p. de glicerina), o corante e o aroma. Agitar, uniformemen-
te, com bastão de vidro. 
Passo 5: Verter para o molde previamente lubrificado com óleo ve-
getal. Para pirulitos, inserir a haste antes da massa esfriar. Levar à 
geladeira, deixando esfriar. 
Passo 6: Embalar e rotular. 
Embalagem: bem vedada (por exemplo, zip-lock®, sachês, filme 
plástico). 
Armazenamento e conservação: sob refrigeração. 
Base de Açúcar 
150° - Descontinue 
o aquecimento 
125° C- Adicione os ingredientes ativos. 
(É necessârio adicionar nesta temperatura 
ou a base irá solidificar, antes de ser toda 
vertida para o molde). 
30 Minutos 
Tempo (Aproximado) 
Figura 1: Gráfico que demonstra a importância da descontinuação 
do aquecimento ao atingir 150°C, nas massas de pastilhas duras 
preparadas com sacarose. 
Fonte: PCCA ■ Primary traininç 
176 
Capitulo 5 - Manipulação 
B. Fórmula base com sorbitol para pastilhas duras e pirulitos (Base 
suçar free) - fórmula para 250g 
Ingredientes 
Sorbitol 70% 
Bitartarato de 
potássio 
(cremor de tártaro) 
Sacarina 
Flavorizante 
Corante 
Goma guar 
Quantidade 
255 mL 
625 mg 
375 mg 
2,5 ml_ 
q.s. 
2,5 g 
Função 
Veículo e edulcorante 
Acidulante 
Edulcorante 
Flavorizante 
Corante 
Agente suspensor e de 
consistência (opcional) 
Procedimento: 
Passo 1: Adicionar o sorbitol 70% em um béquer de 600mL. 
Passo 2: Aquecer a 150°C. Caso a droga não seja termolábil (estável 
a 155°C ou mais) ela poderá ser solubilizada nesta fase. Dissolver, 
também nesta fase, o cremor de tártaro e a sacarina, previamente 
triturados em um gral.Passo 3: Quando a solução alcançar a temperatura de 150°C, des-
continuar o aquecimento. Remover o béquer da placa de aqueci-
mento (deixar esfriar). 
Passo 4: Quando a temperatura alcançar 90°C, adicionar os ativos 
previamente diluídos em q.s. de álcool ou água ou disperso previa-
mente. Adicionar a solução de corante (utilizar somente solução 
alcoólica de corante). Manter a temperatura a 90°C e adicionar as 
soluções, lentamente em pequenas quantidades de aproximadamen-
te 5mL por minuto. Misturar uniformemente com bastão até a cor 
ficar uniforme. 
Passo 5: Quando a temperatura atingir 80°C, adicionar e dispersar a 
goma guar. 
Passo 6: Quando a temperatura atingir 70°C, adicionar e dispersar o 
flavorizante. 
Passo 7: Quando a temperatura alcançar 65°C, verter para o molde, 
previamente lubrificado com óleo vegetal. Deixar solidificar em 
temperatura ambiente. 
177 
Capitulo 5 - Manipulação 
Base de Sorbitol 
150° C - Descontinue o aquecimento 
90° C - Aditivação de Fármacos solúveis 
em álcool ( 0 álcool ebule a 78° C) 
70° C - Aditivação de fármacos dispersos 
por um agente molhante 
65° C - Solidificação da base 
30 Minutos 
Tempo (Aproximado) 
Figura 2: Importância da temperatura no preparo de pastilhas 
duras com sorbitol. 
Fonte: PCCA- Phmary rainning 
Substâncias veiculadas nesta forma: 
• princípios ativos hidrossolúveis ou suspendíveis, que se man-
tenham estáveis nesta forma. 
• Princípios ativos termoestáveis. 
Incorporação dos ativos: 
Antes de incorporar os ativos é necessário calibrar o molde, 
verificar o peso médio de cada pastilha ou pirulito para em seguida, 
correlacionar a dose do ativo com o peso da pastilha ou pirulito. 
Observar a temperatura de adição dos ativos. 
4.5.5. Cálculo da quantidade de sorbitol líquido a 70%, ne-
cessária para produzir uma determinada quantidade de 
massa dura (determinada experimentalmente): 
200mL da solução de sorbitol 70% = 192g de massa dura 
Exemplo: 
Fármaco 500mg 
Sacarina sódica 300mg 
Flavorizante 2mL 
Vanilina 0,5g 
Total de aditivos: 3,3g 
178 
Capitulo 5 - Manipulação 
Para preparar 200g de massa dura aditivada (massa dura + ingredi-
entes): 200g - 3,3g = 196,7s (quantidade de base necessária em g) 
Para calcular a quantidade da solução sorbitol 70% em ml_, faça a 
seguinte regra de três: 
200mL da solução de sorbitol 70% 192g de massa dura 
XmL 196,7g 
X = 204,9mL ou 205mL da sotução de sorbitol 70% serão necessárias 
para produzir 200g de massa dura aditivada. 
Nota: para reatização destes cálcuios, desconsiderar o volume de álcool possivetmente utiii-
zado na dituição de algum ingrediente, pois o mesmo se evapora completamente durante o 
preparo. 
Importante: Quando se utilizar a base de sorbitol pronta, disponível no mer-
cado com o nome Sorbitol amorfo, a mesma deve ser fundida somente a 90°C 
para incorporação dos ativos e adjuvantes. A quantidade da base de sorbitol 
amorfo a ser utilizada deve ser calculada pela subtração da quantidade dos 
aditivos empregados, após prévia calibração do molde. 
4.5.6. Embalagem: 
Bem vedada (zip-bag, sachês, filme plástico ou caixa molde 
para pastilhas). Pirulitos: papel alumínio, sachês, pote plástico 
"cristal" com furo na tampa. 
4.5.7. Armazenamento e conservação: 
Podem ser armazenados em temperatura ambiente ou no re-
frigerador, dependendo do fármaco incorporado e do excipiente 
empregado. Proteger da umidade e do calor excessivo. Para prepa-
rações à base de sacarose é recomendada para maior estabilidade, 
a conservação sob refrigeração. 
4.5.8. Rotulagem: 
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do 
alcance de crianças." 
4.5.9.Controle da qualidade: 
• Peso e uniformidade 
• Aparência 
• Dureza 
• Odor 
1 7 9 
Capítulo 5 - Manipulação 
• Teor e ponto de fusão 
4.5.10. Estabilidade: 
Pastilhas e pirulitos duros, apesar de possuírem baixo teor de 
água são higroscópicos, absorvendo a umidade ambiental. 
A estabilidade depende da natureza do ativo. De modo geral, 
pode ser definida entre 2 e 3 meses. 
Figura 3: molde contendo pirulitos. 
Foto: IJPC - International Journal of Pharmaceutical Compounding 
Figura 4: caixa molde para pastilhas. 
Foto: PCCA - Products Catalog 
Figura 5: preenchimento do molde de 
pirulito. 
Foto: IJPC - International Journal of 
Pharmaceutical Compounding 
180 
Capitulo 5 - Manipulação 
4.5.11. Sugestões de Formulações: 
A. Pirulitos anestésicos com cloridrato de tetracaina: 
Tetracaína HCl 20mg 
Base para pirulito de açúcar q.s.p. 1 unidade. 
Indicação: anestésico local para pré-procedimento cirúrgico ou para 
diagnóstico. 
Pirulitos com cloridrato de tetracaína são formas altamente eficien-
tes para anestesiar a mucosa oral ou uma porção da cavidade oral 
do paciente. Para anestesiar a laringe, traquéia e esôfago, a dose 
oral não deve exceder a 20mg. 
B. Pirulitos para cessação do hábito de fumar com nicotina 1mg: 
Salicilato de nicotina 1,939mg 
(equivalente a 1mg de nicotina) 
Base para pirulito com sorbitol q.s.p. 1 unidade 
Indicação: para cessação do hábito de fumar. 
Também utilizado na concentração de 2mg. 
C. Pastilhas de sorbitol com fluoreto de sódio: 
Fluoreto de sódio 2,21 mg 
Base de sorbitol para pastilha q.s.p.. 1 unidade 
Indicação: suplementação de flúor para crianças entre 3 a 9 anos. 
Posologia: chupar uma pastilha ao dia. 
5.3.12. Relação de algumas formulações na forma de piruli-
tos preparados com bases de sorbitol: 
• Paracetamol 160mg / pirulito 
• Paracetamol 240mg/ pirulito 
• Paracetamol 360mg/ pirulito 
• Anfotericina B 500mg e 750mg / pirulito 
• Benzocaína 2% pirulito 
• Benzocaína 2%/Ácido Ascórbico 0,5g /pirulito 
• Maleato de clorfeniramina 2mg/Pseudoefedrina HCl 
15mg/pirulito 
• Cimetidina 250mg e 500mg/ pirulito 
• Clotrimazol 1%/Lidocaína HCl 0,5% pirulito 
• Dextrometorfano 20mg/Mentol 15mg/ Ácido Ascórbico 
500mg / pirulito 
181 
Capitulo 5 - Manipulação 
Dietilpropiona HCl 25mg/pirulito 
Difenidramina HCl 25mg/ Lidocaína HCl 2%/Hidrocortisona 
1% 
Ibuprofeno 50mg e 100mg/pirulito 
Mentol 0,2% 
Nistatina 500.000 Ul/ Lidocaína HCl 0,5% / pirulito 
Pectina 19mg/pirulito: base sorbitol (demulcente). 
Cloridrato de Pilocarpina 5mg/pirulito 
Piroxicam 20mg/pirulito 
Prednisona 5mg/pirulito 
Tetracaína HCl 0,5% 
Xilitol 2g/pirulito 
Gluconato de zinco 5mg/vitamina C 100mg /pirulito 
Gluconato de zinco 5mg/ vitamina C 100mg/ Equinacea 30mg 
/pirulito 
4.6. Pastilhas "macias": 
4.6.1. Composição: 
Podem ser preparados com bases graxas (chocolate, pasta de 
amendoim, manteiga de cacau, óleo vegetal hidrogenado), polieti-
lenoglicol ou base de goma arábica-açúcar. 
4 .6 .2 . Caracteristicas: 
Podem ser facilmente preparadas e aplicadas para uma am-
pla variedade de fármacos. 
Podem ser coloridas e flavorizadas. 
Podem dissolver lentamente na boca ou serem chupadas, de-
pendendo do efeito desejado. 
As bases de PEG e as bases graxas são anidras (ideal para in-
corporar drogas hidrolisáveis). 
Combinações de PEG com diferentes PM, para obter varia-
ções no tempo de dissolução da pastilha na boca. 
As bases fundem normalmente em baixas temperaturas (< 
60°C). 
Peso variável: 1 a 4g (pastilhas) e pirulitos (7 a 8g). 
182 
Capitulo 5 - Manipulação 
4.6.3. Desvantagens: 
A base de PEG tem sabor menos doce que a base de sorbitol 
ou açúcar. 
Os pirulitos obtidos com base PEG não são farmacêuticamen-
te elegantes como os outros. 
São sensíveis a altas temperaturas, devendo ser conservados 
em local fresco ou sob refrigeração. 
4.6.4. Preparação: 
Material utilizado: 
• Béquer 
• Bastão de vidro. 
• Balança de precisão. 
• Placa com aquecimento. 
• Termômetro. 
• Molde. 
4.6.5. Sugestões de Bases: 
A. Fórmula base eduicorada e flavorizada com mistura de PEG de 
diferentes PM para pastilhas e piruiitos "macios" 
Ingredientes 
PEG 400 
PEG 4000 
PEG 6000 
Sacarina sódica 
Aspartame 
Acido cítrico 
Flavorizante 
Solucão aicoólica de corante 
% 
8,86 
24,87 
64,21 
0,06 
0,5 
0,5 a 1,0 
1,0 
q.s.p. 
Função 
Veículo 
Veículo 
VeículoEdulcorante 
Edulcorante 
Acidulante 
Flavorizante 
Corante 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar, com máxima exatidão, cada ingrediente da formuia-
ção. 
Passo 2: Misturar a sacarina, o aspartame e o ácido cítrico, trituran-
do em gral. 
183 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 3: Adicionar o PEG 400 e levigar até obtenção de massa uni-
forme. 
Passo 4: Fundir o PEG 4000 e o PEG 6000 em uma placa de aqueci-
mento ou banho-maria na temperatura aproximada de 60°C. 
Passo 5: Adicionar os pós levigados em PEG 400 no Passo 4 para 
fundir e em seguida adiocionar o flavorizante, misturar bem. 
Passo 6: Remover do aquecimento verter para o molde e resfriar. 
Passo 7: Determinar o peso médio de cada pastilha ou pirulito. 
B. Fórmuia base edulcorada com PEG 1500 para pastiíhas e pirulitos 
"macios" 
Ingredientes 
PEG 1500 
Sacarina sódica 
Aspartame 
Flavorizante 
Ácido cítrico 
Solução alcoólica de corante 
Goma arábica (acácia) 
Sílica gel 
% 
95,44 
0,06 
0,5 
1,0 
0,5 a 1,0 
q.s.p. 
1,5 
1,0 
Função 
Veículo 
Edulcorante 
Edulcorante 
Flavorizante 
Acidulante 
Corante 
Agente suspensor 
Agente suspensor 
Procedimento: 
Passo 1: Pese, precisamente, os ingredientes da preparação. 
Passo 2: Reduzir as substâncias cristalinas (sacrina, ácido cítrico e o 
aspartame) a pó. 
Passo 3: Fundir o PEG 1500 entre 50 a 55°C, sob agitação. 
Passo 4: Triturar todos os pós e adicionar sobre a base fundida, agi-
tando até dispersão completa. 
Passo 5: Verter a massa fundida para o molde. 
Passo 6: Determinar o peso médio de cada pastilha ou pirulito. 
4.6.6. Incorporação dos ativos: 
Antes de incorporar os ativos é necessário calibrar o molde e 
verificar o peso médio de cada pastilha ou pirulito para em seguida 
correlacionar a dose do ativo com o peso da pastilha ou pirulito. 
Fundir a base em torno de 55°C, dispersando os ativos e ver-
tendo, posteriormente, para o molde. 
Nota: Bases ideais para principios ativos hidrolisáveis. 
184 
Capitulo 5 - Manipulação 
4.6.7. Cálculo da quantidade de base a ser utilizada em 
uma formulação, levando em consideração, o peso de in-
gredientes aditivados : 
Massa da base deslocada pelos ativos = 
peso total dos ingredientes a serem aditivados x 70%* 
'ílator universal de deslocamento) 
Exemplo: 
Seja a seguinte formulação: Pirulitos de 500mg de paracetamol em 
base PEG (fórmula para 40 pirulitos com peso médio de 
6,45g/pirulito): 
Quantidade de base ■ 6,45g (peso médio) x 40 (n°unidades) = 258g 
Quantidade de ativo a ser aditivado = 500mg x 40 = 20g 
Peso da base deslocada pelo ativo = 20g x 70% = 14g 
Quantidade de base a ser utilizada = 258g - 14g = 244g 
Embalagem: 
Bem vedada (zip-bag, sachês, filme plástico) ou caixa-molde 
para pastilhas. 
Armazenamento e conservação: 
Podem ser armazenados em local fresco (8 a 15°C) ou no re-
frigerador, dependendo do fármaco incorporado e do excipiente 
empregado. 
Proteger da umidade e do calor excessivo. 
Rotulagem: 
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do alcance 
decrianças." 
Controle da qualidade: 
• Peso e uniformidade 
• Aparência 
• Odor 
• Dureza 
185 
Capítulo 5 - Manipulação 
• Teor e ponto de fusão 
Estabilidade: 
Estas formas farmacêuticas não contêm água, portanto, são 
mais estáveis. 
A estabilidade depende da natureza do ativo, de modo geral 
6 meses se armazenado em condições adequadas. 
Figura 6: pastilhas "macias" preparadas com base PEG. 
Foto: IJPC - Internacional Journal of Pharmaceutical Compoun-
ding 
4.6 .8 . Sugestões de Formulações: 
A. Pastiihas para estomatites 
Tetraciclina HCl 125mg 
Nistatina pó 11,25mg 
Difenidramina HCl 12,5mg 
Hidrocortisona 2mg 
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha. 
Mande 12 pastilhas. 
Indicação: aftas e estomatites. 
Posologia: 1 pastilha ao dia, ou a critério do médico ou dentista. 
Nota: Esta formutaçõo se dissolve tentamente na cavidade oral distribuindo, eficientemente, 
as drosas incorporadas. 
186 
Capitulo 5 - Manipulação 
B. Pastilhas para xerostomia com Cloridrato de Pilocarpina 
Cloridrato de pilocarpina 2mg 
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha. 
Mande pastilhas. 
Indicação: xerostomia e xeroftalmia associada à terapia com radia-
ção na região da cabeça e pescoço. 
Posologia: 1 pastilha até 4x ao dia. 
C. Pastilhas analgésicas com Sulfato de Morfina 
Sulfato de morfina 10mg 
Base PEG composta edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha 
Mande 24 pastilhas. 
Indicação: controle da dor moderada à severa. 
Posologia: administrar via bucal conforme orientação médica. 
Estabilidade aproximada: 1 ano. 
D. Pastilhas com Anfotericina B 
Amfotericina B 10Omg 
Base PEG 1500 composta edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha 
Mande pastilhas. 
Indicação: candidíase oral. 
Modo de usar: chupar uma pastilha 2x ao dia. 
E. Pastilhas com Xilitol 
Xilitol 1g 
Base de mistura de PEGs edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha. 
Mande pastilhas. 
Indicação: prevenção da otite média em crianças. 
Posologia: chupar 5 a 10 pastilhas / dia. 
F. Pastilha com Testosterona 
Testosterona (base) 10mg 
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha 
Mande pastilhas. 
Indicação: androgenioterapia. 
Posologia: chupar uma pastilha ao dia. 
187 
Capítulo 5 - Manipulação 
G. Pirulitos com Eletròlitos 
Cloreto de sódio 0,0405g 
Cloreto de potássio 0,0026g 
Lactato de cálcio 5H20 0,0054g 
Sulfato de magnésio anidro 0,0018g 
Bicarbonato de sódio 0,0175g 
Fosfato de sódio dibásico 0,0055g 
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pirul i to. 
Mande pirulitos. 
Indicação: substituto da saliva, rehidratação. 
Posologia: a critério médico. 
Estabilidade aproximada: 180dias. 
H. Piruiitos com Clotrimazol 
Clotrimazol 10mg 
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pirul i to. 
Mande pirulitos. 
Indicação: candidíase oral . 
Posologia: a critério médico. 
Estabilidade aproximada: 90 dias. 
I. Piruhtos com L-Glutamina para tratamento de Aftas 
L-Glutamina 250mg 
Base PEG 1500 flavorizada e edulcorada q.s.p. 1 pirul i to. 
Mande pirulitos 
Indicação: aftas e estomatites. 
Posologia: a critério médico. 
188 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.6.9. Sugestões de formulações com Pastilhas Macias 
Á. Pastilhas "macias" de Chocolate 
Chocolate base 
Ingredientes 
Chocolate em barra concentrado (boa qualidade) 
Oleo vegetal hidrogenado* 
Quantidade 
80 a 60g 
20 a 40g 
'Pode ser utilizado o Lubritab' (óleo de aisodão hidrosenado). 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar, precisamente, cada ingrediente. 
Passo 2: Adicionar o chocolate e o óleo vegetal hidrogenado em um 
béquer e aquecer agitando, até a mistura ficar totalmente liquida. 
Passo 3: Remover do aquecimento e guardar sob refrigeração até a 
utilizaçào. 
Estabilidade aproximada: 60 dias. 
Chocolate base para pastilhas com agente suspensor 
Ingredientes 
Goma arábica 
Sílica gel (aerosil®) 
Sacarina sódica 
Aspartame 
Flavorizante de chocolate 
Oleo de menta 
Chocolate base 
(fórmula acima) 
% Função 
1,60 agente suspensor 
1,0 agente suspensor 
0,4 edulcorante 
1,0 edulcorante 
0,5 flavorizante 
0,2 flavorizante 
95,5 excipiente 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar e medir, precisamente, cada ingrediente. 
Passo 2: Triturar a goma arábica, sílica gel, sacarina e o aspartame. 
Passo 3: Fundir o chocolate base anteriormente preparado, em uma 
placa de aquecimento. 
Passo 4: Lentamente, adicionar os pós do passo 2 e misturar na base 
fundida, dispersando-os. 
Passo 5: Verter para o molde e deixar esfriar. 
189 
Capítulo 5 - Manipulação 
Passo 6: Determinar o peso médio para calibrar o molde. 
B. Pastilhas "macias" de amendoim 
Base de amendoim 
Ingredientes 
Pasta de amendoim ("dura") 
Oleo vegetal hidrogenado (Lubritab )* 
Quantidade 
60g 
40g 
'Lubritab': óleo hidroçenado de alsodão. 
Procedimento: 
Passo 1: Adquirir a marca de pasta de amendoim mais dura que en-
contrar. 
Passo 2: Adicionar a pasta de amendoim e o óleo hidrogenado em 
um béquer e aquecer agitando até a mistura estar completamente 
fundida. 
Passo 3: Remover do aquecimentoe refrigerar até solidificar. 
Estabilidade aproximada: 90 dias. 
Base para pastilhas "macias" de amendoim (100g) 
Ingredientes 
Base de amendoim 
Aspartame 
Sílica gel micronizada 
Goma arabica 
Flavorizante (amendoim) 
Flavorizante*(lipossolúvel) 
Quantidade 
96g 
1g 
0,96g 
1,6B 
40 gotas 
16 gotas 
Função 
Excipiente 
Edulcorante 
Agente suspensor 
Agente suspensor 
Flavorizante 
Flavorizante 
'Flavorizante complementar ao flavorizante de amendoim. 
Procedimento: 
Passo 1: Colocar uma barra magnética para agitação em um béquer. 
Passo 2: Quebrar, manualmente, a base de amendoim em pequenos 
pedaços, colocando-os no béquer. 
Passo 3: Fundir a base a 50°C (na placa agitadora magnética), sob 
agitação. 
Passo 4: Triturar os pós (ativo, aspartame, goma arábica, sílica gel 
micronizada em gral) tamisando aos poucos, sobre a base fundida 
sob agitação. 
Passo 5: Desligar o aquecimento e adicionar os flavorizantes. 
Passo 6: Verter a massa ainda fluida para o molde 
Passo 7: Refrigerar até solidificação e então remover as pastilhas do 
molde. Estabilidade aproximada: 60 dias. 
190 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.6.10. Incorporação dos ativos: 
Antes de incorporar os ativos é preciso calibrar o molde e ve-
rificar o peso médio de cada pastilha, para em seguida, correlacio-
nara dose do ativo com o peso da pastilha ou pirulito. Fundir a base 
em banho-maria em temperatura até 55°C, dispersando os ativos e 
vertendo, posteriormente, para o molde. 
Os cálculos para determinar a quantidade de base deslocada 
pela adição de ativo(s), podem ser realizados conforme demonstra-
do anteriormente para pastilhas preparadas com PEG. 
4.6.11. Embalagem: 
Bem vedada (papel alumínio, sachês, filme plástico) ou cai-
xa-molde para pastilhas. 
4.6.12. Armazenamento e conservação: 
Podem ser armazenados em local fresco (8 a 15°C) ou no re-
frigerador, dependendo do ativo incorporado e do excipiente em-
pregado. 
Proteger da umidade e do calor excessivo. 
4.6.13. Rotulagem: 
Rótulo de advertència: "Manter este medicamento longe do 
alcance de crianças". 
4.6.14. Controle da qualidade: 
• Peso e uniformidade 
• Aparência 
• Odor 
• Dureza 
• Ponto de fusào 
• Teor 
4.6.15. Estabilidade: 
Estas formas farmacêuticas não contêm água sendo portanto, 
mais estáveis. 
Depende da natureza do ativo. De modo geral, 6 meses se 
armazenado em condições adequadas. 
191 
Capítulo 5 - Manipulação 
Figura 7: Pastilhas "macias" de chocolate. 
Foto: IJPC - Intemational Journal of Pharmaceutical Compounding 
4.6.16. Sugestões de Formulações para Pastilhas: 
A. Pastühas de chocolate com Progesterona 
Progesterona micronizada 10Omg 
Base de chocolate edulcorada com agentes suspensores q.s.p. 1 
pastilha. 
Mande 24 pastilhas. 
lndicação:terapia de reposição hormonal. 
Posologia: a critério médico. 
Estabilidade aproximada: 2 meses. 
B. Pastilhas com Triancinolona 
Triancinolona micronizada 5mg 
Base de chocolate edulcorada com agentes suspensores q.s.p. 1 
pastilha 
Mande 24 pastilhas. 
Indicação: corticoterapia. 
Posologia: a critério médico 
Estabilidade aproximada: 2 meses. 
192 
Capitulo 5 - Manipulação 
4.7. Pastilhas mastigáveis 
4.7.1 Composição: 
São formas farmacêuticas preparadas com gelatina e glicerina, 
sendo utilizadas para administração de medicações para absorção 
gastrintestinal e de uso sistêmico. 
4.7.2.Caracteristicas: 
São muito flavorizadas (mascara, eficientemente, o sabor de 
fármacos amargos). 
Sabor levemente ácido (usualmente, contém ácido cítrico). 
Preparo fácil. 
São preparadas em baixas temperaturas (no máximo 100 °C), em 
banho-maria. 
São menos irritantes para a mucosa oral do que outras bases. 
Apresentam uma consistência macia e agradável ao mastigar. 
4.7.3. Desvantagens: 
Não é um sistema anidro, pois contém água; é uma forma farma-
cêutica não recomendada para incorporação de fármacos hidrolisá-
veis. 
4.7.4. Preparação: 
A. Material utiiizado: 
• Béquer 
• Bastão de vidro 
• Balança de precisão 
• Banho-maria 
• Termômetro 
• Molde 
193 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.7.5. Sugestões de Base 
A. Goma-gel base 
Ingredientes 
Gelatina farmacêutica 
Glicerina 
Agua destilada 
Quantidade 
43,4g 
155mL 
21,6mL 
Função 
Excipiente 
Plastificante 
Solvente 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar e medir, exatamente, cada componente. 
Passo 2: Aquecer a glicerina em banho-maria, com água fervente, 
por 5 minutos. 
Passo 3: Adicionar a água destilada e continuar aquecendo por mais 
5 minutos, agitando. 
Passo 4: Lentamente, adicionar a gelatina aos poucos por um perí-
odo de 3 minutos, evitando a formação de grumos. 
Passo 5: Continuar o aquecimento por, somente, 45 minutos. 
Passo 6: Remover do aquecimento e resfriar. 
Passo 7: Embalar e rotular. 
Embalagem: bem vedada. 
Armazenamento: sob refrigeração. 
Figura 8: goma-gel base. 
Foto: IJPC - International Jour-
nal of Pharmaceutical Compoun-
ding 
194 
Capítulo 5 - Manipulação 
B. Base para pastilhas mastigáveis (jujubas) 
Ingredientes 
Goma-gel base 
(preparada anteriormente) 
Bentonita ou sílica gel 
Goma arábica 
Aspartame 
Acido cítrico monoidratado 
Flavorizante 
Corante 
% Função 
90,6 excipiente 
1,7 a1,0 agente suspensor 
1,7 agente suspensor 
1,9 edulcorante 
2,4 acidulante 
1,7 flavorizante 
q.s.p. corante 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar, exatamente, cada ingrediente da formulação. 
Passo 2: Misturar a bentonita (ou sílica gel), aspartame, goma arábi-
ca, o ácido cítrico e os ativos. 
Passo 3: Aquecer a goma-gel base em banho-maria até liquefazer. 
Passo 4: Adicionar os pós da mistura (passo 2) na goma-base fundi-
da, dispersando-os. 
Passo 5: Adicionar o corante e o aroma, misturando bem. 
Passo 6: Verter para o molde untado e deixar esfriar. 
Passo 7: Embalar e rotular. 
C. Fórmula base para pirulitos de gelatina (100g) 
Ingredientes 
*Ativo(s) 
"Alcool 
**Agua 
'"Propüenoglicol 
Sacarina sódica 
Aspartame 
Goma arábica 
Goma xantana 
Flavorizante 
Goma gel base q.s.p. 
Quantidade 
q.s.p. (concentração prescrita) 
q.s.p. (se necessário, para diluir o ativo) 
q.s.p. (se necessário, para diluir o ativo) 
q.s.p. (se necessário, para dispersar o ativo) 
0,1g 
1 § 
3,5g 
3,5g 
1 mL 
100g 
■ Fármacos muito potentes devem ser dituidos para permilir uma medida exata da mesma. 
' Fármacos susceptiveis ó hidrólise não devem ser veiculados em base de getatina. 
"Tanto o álcool quanto a á$ua podem ser utilizados como veiculos para solubilizar o(s) ati-
vo(s) antes da incorporaçào do(s) mesmo(s). A quantidade de água e álcool utilizada deve ser 
o minimo para solubilizar o ativo, não devendo ultrapassar a 10% do peso total da base. 
"'0 propilenoslicot pode ser utilizado como açente molhante e veiculo para fármacos em 
suspensão (fàrmacos que não são solúveis em ógua e/ou álcool). 
195 
Capítulo 5 - Manipulação 
Procedimento: 
Passo 1: Com auxílio de um banho-maria, fundir a goma gel base em 
um béquer de 400ml_. A base também pode ser liquefeita utilizando-
se microondas, aquecendo durante 20 segundos, aumentando o 
tempo, se necessário, até a liquefação da base. 
Passo 2: Transferir o ativo para um gral de vidro com pistilo (caso o 
ativo seja adicionado na forma de pó e não solubilizado em álcool 
ou água. Caso o ativo seja solúvel, ele deverá ser incorporado no 
passo 4). Adicionar o aspartame, a sacarina, a goma arábica e a 
goma xantana. Triturar os pós até distribuição uniforme dos mes-
mos. 
Passo 3: Levigar os pós com propilenoglicol até formar uma massa 
espessa e uniforme. 
Passo 4: Adicionar e dissolver o ingrediente ativo em uma quantida-
de mínima de água destilada ou álcool. Adicionar o corante nesta 
solução. 
Passo 5: Adicionar e dispersar a solução do passo 4 na base fundida 
de gelatina. A temperatura não deve exceder a 100°C. 0 corante 
dissolvido na solução serve como indicador para assegurar a comple-
ta dispersão do fármaco. Agitar a solução até o corante estar com-
pleto e uniformemente dispersado. 
Passo 6: Adicionar os pós levigados (no passo 3) sobre a base de ge-
latinafundida (no passo 1) sob contínua agitação. 
Passo 7: Uma vez que a mistura do passo 6 esteja distribuída de 
forma homogênea, adicionar o aspartame diluído e os flavorizantes, 
agitando bem. 
Passo 8: Verter a mistura morna e fundida nos moldes, previamente, 
untados com óleo vegetal insaturado. Caso a temperatura da mistu-
ra abaixe muito, pode haver dificuldades na execução deste proce-
dimento. Uma vez que isto ocorra, reaquecer a mistura no banho-
maria até fluidificar novamente. (0 reaquecimento nem sempre 
funciona. 0 melhor é trabalhar rapidamente, antes da massa esfri-
ar). 
Passo 9: Adicionar as hastes do pirulito à mistura fundida na forma. 
Passo 10: Permitir que os pirulitos esfriem e permaneçam pelo mí-
nimo de 3 horas no molde, antes de removè-los. 
196 
Capitulo 5 - Manipulação 
4.7.6. Aditivação: 
Quantidade de base = (peso médio da pastilha ou pirulito x número 
de unidades prescritas) - quantidade de ativo a ser aditivado.* 
• A quantidade de base utilizada deve ser subtraida da quantidade equivalente de ativos que 
será incorporada. Os edulcorantes, ageníes molhantes e outros adjuvantes deverão ser com-
putados como parte da base. 
Quantidade de ativo a ser aditivado = quantidade de ativo por uni-
dade x número de unidades prescritas 
Exemplo: 
0 peso médio de uma pastilha preparada com a base foi de 
1,5g. Sabendo-se que a prescrição solicitou 30 pastilhas contendo 
cada uma 50mg de determinado ativo, calcular a quantidade de 
ativo, bem como a quantidade de base a serem utilizados na prepa-
ração. 
Cálculos: 
Quantidade de ativo: 25mg x 30 unidades = 750mg (0,75g). 
Quantidade de base: (1,5g x 30) - 0,75g = 44,25g 
4.7.7. Embalagem: 
Bem vedada (zip-lock®, sachês, filme plástico) ou caixa-
molde para pastilhas. Para evitar aderência, as pastilhas podem ser 
roladas sobre açúcar de confeiteiro e embaladas em potes bem ve-
dados. 
4.7.8. Armazenamento e conservação: 
Em temperatura ambiente ou sob refrigeração, de acordo 
com a natureza dos ativos adicionados. 
4.7.9. Rotulagem: 
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do 
alcance de crianças." 
197 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.7.10. Controle da qualidade: 
• Peso e uniformidade 
• Aparência 
• Odor 
• Dureza 
• Teor 
4 .7 .11 . Estabilidade: 
Por conter água, apresentam menor estabilidade. 
A estabilidade depende da natureza do ativo, de modo geral 
entre 2 a 3meses. 
4.7.12. Sugestões de Formulações: 
A. Goma mastigável com Nitrofurantoina 
Nitrof urantoina 25mg 
Excipiente flavorizado *qsp 1 goma 
Mande gomas mastigáveis. 
Indicação: infecção urinária. 
Posologia: a critério médico. 
B. Goma mastigável com Coenzima Q10 
Coenzima Q10 10 a 300mg 
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma 
Mande gomas mastigáveis. 
Ação: antioxidante, cardiotônica, hipotensora, imunoestimulante, 
controle da glicemia em pacientes diabéticos. 
Posologia: 10 a 300 mg/dia. 
C. Goma mastigável com Ácido Lipóico 
Ácido lipóico 200mg 
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma 
Mande gomas mastigáveis. 
Ação: antioxidante, aumenta o metabolismo do açúcar. 
Indicações: coadjuvante no tratamento da diabetes tipo 1 e tipo 2. 
Reduz as complicações destas patologias, tais como degeneração 
macular, catarata e neuropatia. 
Posologia: 1 goma ao dia. 
198 
Capítulo 5 - Manipulação 
D. Goma mastigável com Xilitol 
Xilitot 1g 
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma 
Indicação: profilaxia da otite média em crianças. 
Posologia: 8 a 10 gomas ao dia. 
E. Goma mastigável com Fluoreto de Sódio 
Fluoreto de sódio 2,21 mg 
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma. 
Mande gomas. 
Indicação: suplementação de flúor para crianças entre 3 a 9 anos. 
Posologia: mastigar 1 goma 1x ao dia. 
F. Goma mastigável com Lorazepam 
Lorazepam 1 mg 
Excipiente flavorizado qsp 1 goma 
Mande gomas 
Indicações: ansiedade, insônia, pré-anestesia, epilepsia, antieméti-
co (em náuseas e vômito induzidos por antineoplásicos). 
Posologia: a critério médico. 
G. Goma mastigável com Etinil Estradiol 
Etinil estradiol 0,2mg 
Excipiente flavorizado qsp 1 goma 
Mande gomas 
Indicações: tratamento da sintomatologia do climatério, terapia de 
reposição hormonal. 
Posologia: a critério médico, a dose precisa ser individualizada de 
acordo com a tolerância e a resposta terapêutica do paciente. 
'Utilizar como excipiente a base para pastithas mastigáveis mencionada anteriormente. 
H. Pirulito de gelatina com Nistatina e Lidocaína 
Nistatina 500.000 Ul 
Lidocaína HCl 0,5% 
Base de gelatina para pirulitos qsp 1 pirulito 
Mande pirulitos. 
Indicação: candidíase oral. 
Modo de usar: chupar de 2 a 3 pirulitos ao dia, durante 5 a 7 dias. 
199 
Capitulo 5 - Manipulação 
I. Pirulito de gelatina com Clotrimazol 
Clotrimazol 1 % 
Base de gelatina para pirulitos qsp 1 pirulito. 
Mande pirulitos 
Indicação: candidíase oral. 
Modo de usar: chupar de 2 a 3 pirulitos ao dia, durante 5 a 7dias. 
J. Piruiito de gelatina com Sulfato de Morfina 
Sulfato de morfina 0,1% 
Base de gelatina para pirulitos qsp 1 pirulito 
Indicação: controle da dor no câncer em pacientes com dificuldade 
de deglutição decorrente da radioterapia. 
Posologia: chupar 1 pirulito de 6/6h, se necessário. 
200 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.8. Soluções e Suspensões Congeladas 
(Picolés Medicamentosos) 
4.8.1.Composição: 
Soluções e suspensões congeladas (picolés) podem eventu-
almente e em situações específicas constituírem uma forma farma-
cêutica para veicular fármacos com sabor desagradável. São nor-
malmente constituídas por água, edulcorantes e flavorizantes. A 
solução ou suspensão preparada é então congelada. 
4.8.2.Características e vantagens: 
É uma forma interessante para administração de fármacos 
que apresentam melhor eficácia quando permanecem por maior 
período de tempo na mucosa oral, como por exemplo, antimicóticos 
e anestésicos. 
A sensação de frio proporcionada pelo picolé, pode reduzir 
a percepção do sabor desagradável proveniente de alguns medica-
mentos. 
4.8.3. Preparação: 
Material Utilizado: 
• Cálices ou proveta 
• Balança de precisão 
• Gral de vidro e pistilo 
• Molde para picolés 
• Freezer ou congelador 
• Bastão de vidro 
4.8.4. Sugestão de Base 
Ingredientes 
Ativo 
Sorbitol 70% 
Xarope simples 
(xarope de framboesa) 
Aspartame 
Flavorizante 
Água destilada q.s.p. 
Concentração Função 
Xmg ativo 
6% edulcorante 
17% edulcorante 
0,1% edulcorante 
1,7% f lavorizante 
100ml_ veículo e diluente 
201 
Capitulo 5 - Manipulação 
Procedimento: 
Nota: Uma vez que as formas de picolé variam de tamanho, faz-se necessário calibrá-las, 
ajustando o volume empre$ado para encher cada forma à dosagem dos ativos. 
Passo 1: Medir e pesar, precisamente, os ingredientes da formula-
ção. 
Passo 2: Triturar o ativo em gral de vidro (caso este seja insolúvel 
em água), levigando-o com o sorbitol 70%. 
Passo 3: Adicionar o xarope simples e o flavorizante no passo 2. 
Passo 4: Dissolver, separadamente em um cálice, o aspartame e o 
ativo (caso este seja solúvel em água) em cerca da metade da água. 
Passo 5: Misturar 3 e 4, agitando bem. Rinsar o gral com o restante 
da água destilada, transferindo também para o cálice. Completar o 
volume final. 
Passo 6: Com auxílio de um cálice menor ou de uma seringa, encher 
os moldes com volumes equitativos da mistura preparada. 
Passo 7: Levar a forma para o congelador ou freezer. 
Passo 8: Após 2 horas, inserir o palito em cada picolé e retorna-los 
ao congelador, para que os mesmos se congelem completamente. 
Passo 9: Remover cada picolé da forma e embalar em plástico tipo 
zip-lock®. Rotular e acondiciona-los em caixa de isopor no momento 
da entrega ao paciente. Rotular também a caixa de isopor, indican-
do a composição de cada picolé e o número de unidades. 
4.8.5. Aditivação: 
Os ativos podem ser dispersados no sorbitol 70% ou no xarope 
(caso não sejam hidrossolúveis) ou ainda, solubilizados na água (ca-
so sejam solúveis em água). 
Cálculo da quantidade de ativo = 
dose por unidade x número de unidades 
4.8.6. Embalagem: 
• Saquinhostipo zip-lock® (embalagens unitárias). 
• Caixa de isopor. 
202 
Capítulo 5 - Manipulação 
Figura 9: formas de dispensação de picolés. 
Foto: IJPC-lnternational Journal of Pharmaceutical Compounding 
4.8.7.Armazenamento e conservação: 
No congelador ou freezer: -25°C a -10°C. 
4.8.8. Rotulagem: 
Rótulos de advertências: "Manter este medicamento longe 
do alcance de crianças" e "Manter o produto no congelador ou free-
zer". 
4.8.9.Controle da qualidade: 
• Peso e uniformidade 
• Aparência 
• Odor 
• Dureza (o picolé deve estar congelado) 
4.8.10.Estabilidade: 
Depende da natureza do ativo, de modo geral 2 meses. 
203 
Capítulo 5 - Manipulação 
4 .8 .11 . Sugestões de Formulações: 
A.Picolé com Nistatina 
Nistatina 250.000 Ul 
Veículo qsp 1 picolé. 
Mande picolés. 
Flavorizantes recomendados: banana, framboesa. 
Indicação: candidiase oral (vulgarmente conhecida como sapinho). 
Modo de usar: chupar 1 picolé de 8/8horas. 
B.Picolé com Nistatina e Cloridrato de Tetracaína 
Nistatina 250.000 Ul 
Cloridrato de Tetracaína 0,025% 
Veículo qsp 1 picolé 
Mande picolés 
Indicação: candidíase oral 
Ação: antimicótica e anestésica. 
Modo de usar: chupar um picolé de 8/8horas. 
204 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.9. Goma de mascar medicamentosa 
A goma de mascar é preparada a partir de exsudações resi-
nosas de algumas árvores da família das apocináceas, tais como, o 
chide, o tamarack ou outras árvores selecionadas. Historicamente, 
a goma de mascar tem sido utilizada no mundo inteiro, constituindo 
um hábito bastante peculiar nos países ocidentais. 
4.9.1. Vantagens: 
A goma de mascar pode constituir-se como um sistema de 
cedência de fármaco apropriado para ativos que apresentam índice 
de metabolismo de primeira passagem significante {clearence ele-
vado). 
As bases para gomas de mascar são encontradas facilmente 
no mercado, já flavorizadas e edulcoradas. 
Flavorizantes, edulcorantes e outros corretivos do sabor 
também podem ser adicionados. 
A liberação da droga é mais lenta, portanto, o tempo de con-
tato da droga com a mucosa oral é maior do que as pastilhas, juju-
bas e comprimidos sublinguais. 
Podem ser úteis no tratamento de pacientes que têm dificul-
dade de deglutição de comprimidos e cápsulas. 
4.9.2. Algumas drogas que podem ser veiculadas na forma 
de goma de mascar: 
• Fluoreto de sódio. 
• Xilitol. 
• Acetato de chlorexidina. 
• Bicarbonato de sódio. 
• Miconazol. 
• Nistatina. 
• Salicilamida. 
205 
Capitulo 5 - Manipulação 
4.9.3. Fórmula base: 
Fármaco q.s.p. 
Goma de mascar base q.s.p 1 goma. 
Procedimento: 
Passo 1: Remover a embalagem das gomas de mascar adquiridas no 
mercado comercial. 
Passo 2: Cortar a goma de mascar em pequenos pedaços. 
Passo 3: Aquecer em banho-maria ou no microondas (por cerca de 
10 a 15 segundos) até amolecer. Aquecer até uma temperatura a-
proximada de 38 a 55°C. 
Passo 4: Adicionar o fármaco e misturar bem. 
Passo 5: Remover do aquecimento e moldar a massa no formato de 
um cilindro alongado. 
Passo 6: Quando estiver suficientemente frio, cortar em pequenos 
pedaços e embalar. 
Passo 7: Embalar, até amolecer, em papel manteiga. 
4.9.4. Embalagem: 
As gomas de mascar devem ser embaladas em papel mantei-
ga e acondicionadas em caixas de cartolina ou potes plásticos. 
4.9.5. Armazenamento e conservação: 
Em temperatura ambiente ou sob refrigeração, dependendo 
da natureza dos ativos adicionados. 
4.9.6. Rotulagem: 
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do 
alcance de crianças." 
4.9.7. Controle da qualidade: 
• Aparência 
• Odor 
• Dureza 
4.9.8.Estabilidade: 
Estabilidade depende da natureza do ativo, de modo geral 
entre 2 a 3 meses. 
206 
Capítulo 5 - Manipulação 
4.10. Considerações físico-químicas sobre Pastilhas 
São capazes de aumentar o tempo de permanência do fár-
maco na cavidade oral, quando comparados a outras formas farma-
cêuticas. 
Alguns conservantes podem alterar o sabor da preparação, 
principalmente, o metilparabeno que confere aroma floral à prepa-
ração. 
0 ajuste de pH pode ser necessário para maior estabilidade 
do ativo veiculado. De modo geral, o pH nas formas farmacêuticas 
pastilhas duras e gomas (formas que contêm água) é ajustado para 
permanecer entre 5,0 e 6,0. 
Para ajustar o pH deve-se empregar acidulantes (Exemplos: 
ácido cítrico, ácido fumárico, ácido tartárico) e/ou alcalinizantes 
(Exemplos: carbonato de cálcio, bicarbonato de sódio, trissilicato de 
magnésio). 
4.11. Atenção Farmacêutica 
Estes medicamentos devem ser mantidos longe do alcance 
das crianças. 
0 paciente deve ser orientado, corretamente, sobre o real 
propósito das pastilhas duras e pirulitos: a promoção de uma libera-
ção lenta e contínua do fármaco na cavidade oral. Portanto, devem 
ser chupados e não mastigados. 
207 
Capítulo 5 - Manipulação 
5. Tabletes Moldados (tabletes triturados) 
5.1. Definição: 
Os tabletes moldados são obtidos pela pressão manual de 
uma massa úmida dos excipientes e ativos, contra um molde que 
posteriormente é seco completamente. São preparados, geralmen-
te, pela mistura do(s) ativo(s) com lactose, dextrose, sacarose, ma-
nitol, frutose ou outros diluentes apropriados que servem como ba-
se. Combinações de açúcares também podem ser utilizadas. Dife-
rentemente dos comprimidos que são comercializados em diversos 
tamanhos e formatos, os tabletes moldados têm forma de disco e 
peso varíável (geralmente de 0,06 a 2g). 
5.2.Vantagens: 
• Desintegração instantânea. 
• Fácil preparação e dispensação. 
• Permite ao prescritor variar a dosagem durante o tratamen-
to. 
5.3. Desvantagens: 
• Fragilidade (alta friabilidade). 
• Restrição de doses (devido ao pequeno tamanho é uma for-
ma farmacêutica indicada para veicular ativos utilizados em 
baixas doses). 
5.4. Composição básica: 
• Fármaco (princípio ativo). 
• Diluentes: lactose (mais utilizada), sacarose, dextrose, mani-
tol (promove sensação agradável de frescor e sabor), fruto-
se, combinações de açúcares, dentre outros. 
• Aglutinantes: amido, polivinilpirrolidona (PVP), goma arábi-
ca, gelatina, dentre outros; diluídos em álcool, água ou mis-
turas hidroalcoólicas. 
• Fiavorizantes. 
• Corantes. 
• Conservantes. 
• Edulcorantes, se necessário. 
208 
Capitulo 5 - Manipulação 
5.5. Preparação: 
Cálculo da quantidade requerida de base por tablete e do fa-
tor de deslocamento do ativo. 
Caso o ativo empregado, pese mais que alguns poucos mili-
gramas, o seu fator de densidade (fator de deslocamento) precisa 
serdeterminado conforme recomendação abaixo: 
5.5.1. Cálculo da porcetagem do tablete ocupado pelo ativo 
Passo 1: Umedecer uma porção do fármaco com uma solução de 
etanol 50%. 
Passo 2: Preencher algumas cavidades do molde. 
Passo 3: Secar os tabletes. 
Passo 4: Determinar o peso médio dos tabletes preparados com o 
ativo puro. 
Passo 5: Dividir a quantidade prescrita do fármaco pelo peso médio 
dos tabletes obtidos somente com os ativos (sem os diluentes) e 
multiplicar por 100. 0 resultado obtido deste cálculo será a porcen-
tagem que o ativo irá ocupar no tablete. 
Resumindo: 
% do tablete ocupado pelo ativo = peso ativo prescrito x 100 
peso médio do tabiete obtido com o ativo puro 
5.5.2.Cálculo da porcentagem do tablete ocupado pela base 
% do tablete ocupado pela base = 100% - % do tablete ocupado pelo ativo. 
5.5.3.Cálculo do peso da base por tablete 
Passo 1: Umedecer a base, na ausência do(s) ativo(s), com a solução 
diluente (Exemplo: etanol 50%). 
Passo 2: Preencher 20 cavidades do molde. 
Passo 3: Secar os tabletes. 
Passo 4: Determinar o peso médio dos tabletes preparados com a 
base, sem o ativo. 
Passo 5: Para calcular o peso da base por tablete, deve-se multipli-
car a porcentagem do tablete ocupada pela base, pelo peso médio 
dos tabletes preparados com a base sem o ativo. 
209 
Capitulo 5 - Manipulação 
Resumindo: 
Peso da base por tablete = % do tablete ocupado pela base x peso médio dos tabletes sem ativo 
5.5.4. Determinação do peso total do tableteConhecendo-se o que cada tablete irá conter de ativo juntamente 
com a base, pode-se determinar o peso total de cada tablete. 
Peso total do tablete = peso do ativo prescrito + peso da base por tablete 
5.5.6. Cálculo da quantidade de cada ingrediente da formu-
lação prescrita: 
Peso total de ativo = dose unitária do ativo x número de unidades prescritas 
Peso total de base = peso da base por tablete x número de unidades prescritas 
5.6. Exemplo de Cálculo: 
Uma prescrição solicitou 30 tabletes. 
Cada tablete contém 10mg de ativo. 
0 peso do tablete contendo só o ativo é 90mg. 
0 peso médio do tablete contendo só a base é de 70mg. 
Determinar a quantidade de base requerida para cada table-
te. 
Determinar a quantidade de ativo necessária para a prepara-
ção. 
Determinar o peso total do tablete. 
Solução: 
% do tablete ocupado pelo ativo: 10mg x 100 = 11,1% 
90mg 
% do tablete ocupado pela base = 100% - 11,1% = 88,9% 
Peso da base por tablete = 88,9% x 70 mg = 62,23mg 
Peso total do tablete = 10 mg + 62,23 mg = 72,23mg 
Peso total de ativo = 10 mg x 30 unidades = 300mg 
Peso total de base necessária para preparação = 62,23mg x 30 uni-
dades = 1866,9mg 
210 
Capítulo 5 - Manipulação 
5.7. Sugestão de Base 
5.7.1. Sugestão de base para Tabletes Moldados 
Lactose 60% 
Amido 29,8% 
Frutose .« 10% 
Benzoato de sódio 0,2% 
Flavorizante q.s.p. 
Material utilizado: 
• Gral e pistilo 
• Molde para tabletes (tableteiro) 
• Espátula. 
• Balança de precisão. 
• Tamis para obtenção de pó fino ou muito fino. 
• Papel manteiga. 
• Estufa. 
• Solução alcoólica de PVP K30 a 8%. 
• Solução aquosa de gelatina 0,25%. 
s% 
Figura 10: forma para o preparo de tabletes triturados. 
Foto: PCCA - Products Catalog 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar todos os componentes da formulação (após devidos 
cálculos demonstrados anteriormente). 
Passo 2: Tamisar os pós no tamis de malha acima de 50. 
Passo 3: Transferir os pós tamisados para o gral, triturando e homo-
geneizando bem (ver o método de diluição geométrica). 
Passo 4: Acrescentar q.s.p. da solução de PVP-K30 e um mínimo da 
solução de gelatina para obter uma massa com "liga". 
Passo 5: Espatular a massa sobre o tableteiro (parte perfurada) a-
■MaMl Pi^*^^ 
211 
Capítulo 5 - Manipulação 
poiando sobre uma superfície lisa e impermeável (placa de vidro, ou 
verso liso da placa com pinos), pressionando a massa para o comple-
to enchimento dos furos. 
Passo 6: Colocar na estufa a 50°C até secar. 
Passo 7: Retirar do tableteiro com auxílio da placa com hastes. 
Passo 8: Embalar e rotular. 
5.7.2. Sugestão de base para Tabletes Moldados (com mani-
tol) 
Manitol 9% 
Açúcar de confeiteiro 50% 
Açúcar refinado 27% 
Sacarina sódica 3% 
Goma xantana 1% 
Lactose monohidratada 10% 
*Para formação da massa se utiliza a solução alcoólica a seguir: 
Solução alcoólica para aglutinação 
Álcool95% 75% 
Água destilada 25% 
Ravorizante (3 a 10 gts /10ml_ da solução) 
Procedimento: 
ídem ao da fórmula anterior, utilizando a solução alcoólica sugerida 
acima para formação da massa. 
212 
Capitulo 5 - Manipulação 
5.8. Exemplos de formulações: 
5.8.1.Tabletes com Estrogênios para Terapia de Reposição Hor-
monal (TRH) 
Estriol 2mg 
Estrona 0,25mg 
Estradiol 0,25mg 
Excipiente q.s.p 1 tablete 
Mande tabletes. 
Indicação: sintomatologia do climatério, terapia de reposição hor-
monal feminina. 
Posologia: 1 tablete via sublingual ou bucal 1x ao dia. 
5.8.2. Tabletes com Progesterona Micronizada 100mg 
Progesterona 10Omg 
Excipiente q.s.p 1 tablete 
Mande tabletes 
Indicação: tratamento da sintomatologia do climatério, TRH, manu-
tenção da gravidez. 
Posologia: a critério médico. 
5.9.Controle da Qualidade: 
• Aparência 
• Peso 
• Variação de peso 
Desintegração - realizado em um béquer contendo 1 litro de 
água com agitador em velocidade moderada (15 a 30 minutos). 
213 
Capítulo 5 - Manipulação 
5.10. Armazenamento e rotulagem: 
Temperatura ambiente. Rotular o modo próprio de adminis-
tração: sublingual, bucal e mastigável. 
214 
Capitulo 5 - Manipulação 
6. Excipientes, Adjuvantes Farmacotécnicos e Di-
luentes 
6.1. Excipiente para Formas Farmacêuticas Sólidas: 
A escolha do excipiente adequado para determinada fórmu-
la, deve se basear nas características das substâncias contidas na 
fórmula, bem como, na possibilidade de interação destas substân-
cias com o excipiente. 0 farmacêutico deve escolher sempre o exci-
piente que não sofra qualquer tipo de interação. Devido à existência 
de diversos excipientes, constatou-se que princípios ativos idênti-
cos, quando manipulados com excipientes diferentes, têm velocida-
des de dissolução variáveis, dependendo dos excipientes utilizados 
ou da concentração destes. Em certos casos, vários estudos demons-
traram que diferentes formulações de cápsulas e comprimidos, oca-
sionaram diferenças na biodisponibilidade que podem impedir o 
efeito farmacológico. Devido a essas diferenças, é necessário estu-
dar e estabelecer um critério sobre a utilização de excipientes. 
6.1.1. Lactose: 
Dissacarídeo obtido do leite, a lactose pode ocorrer em três 
formas: alfa-monohidratada, alfa-anidra e beta-anidra. A lactose 
alfa-monohidratada é a mais amplamente utilizada. 
É um pó branco ou quase branco, ou de partículas cristalinas 
branco-cremosas, inodoro e de gosto adocicado. Absorve odores. 
É usado como diluente (excipiente) na farmácia, em concen-
traçòes de 65 a 85%. 
É contra-indicada para pessoas com intolerância à lactose 
(deficiência da enzima lactase), podendo gerar dores abdominais, 
diarréia e flatulência nestes pacientes. 
Incompatibilidades: Reage com compostos contendo grupo amino 
primário, (ex.: anfetaminas e aminoácidos) resultando em produtos 
de cor amarronzada, devido à condensação do tipo Maillard. Tam-
bém reage e produz escurecimento na presença de compostos con-
tendo arsênico e trinitrato de glicerila. A lactose é incompatível 
com aminoácidos e anfetaminas (mazindol, anfepramona, fempro-
porex, aminofilina, fluoxetina, sertralina, imipramina, amitriptilina, 
clomipramina, nortriptilina, hidroxitriptofano e compostos relacio-
nados). 
215 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.1.2. Talco: 
0 talco é um silicato de magnésio hidratado nativo, podendo 
conter uma pequena proporção de silicato de alumínio. 
É um pó cristalino muito fino, branco ou branco acinzentado, 
untuoso, adere facilmente à pele e é macio ao toque. 
Necessita ser de ótima qualidade, pois é vulnerável a conta-
minação microbiológica. Deve ser armazenado em recipiente bem 
fechado, apesar de ser um produto estável. 
Na indústria farmacêutica ou em farmácias magistrais é usa-
do como excipiente para cápsulas ou comprimidos, devido ao seu 
efeito secante e lubrificante, em concentrações de 5 a 30%. 
Incompatibilidades: Incompatível com quaternários de amônio. 
6.1.3. Amido: 
Pó fino, branco, sem sabor que deve ser estocado em lugar 
apropriado para evitar a absorção de umidade. Utilizado na indús-
tria farmacêutica e em farmácias magistrais como diluente (excipi-
ente) para ajuste de volume ou como agente desintegrante. 
Não há concentração limite para uso deste excipiente. 
Incompatibilidades: Não há descrição na bibliografia de interações 
de fármacos com o amido. 
6.1.4. Manitol: 
É um álcool hexanidril relacionado a manose e é isomérico 
com o sorbitol. 
Granuloso ou pó cristalino, possui boa fluidez, é branco e i-
nodoro. Possui a metade do poder adoçante da sucrose e é tão doce 
quanto a glucose. 
Nâo é recomendado para crianças abaixo de 12 anos de ida-
de. 
É usado como excipiente a uma concentração entre 10 a 90%. 
É indicado, especialmente, quando se quer encapsular drogas sensí-
veis à umidade, pois é um pó não higroscópico. Recomenda-se usá-
lo associado ao estearato de magnésio (1 a 2%). 
Incompatibilidades: Complexa-se com alguns metais, como o ferro, 
o alumínio e o cobre. Recomenda-se não utilizá-lo em formulações 
que contenham sais com estes metais. 
216 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.1.5. Celulose microcristalina:É comercializada principalmente com o nome de Avicel®. A 
celulose microcristalina é amplamente utilizada em produtos farma-
cêuticos como diluente de comprimidos (20 a 90%) e cápsulas (20 a 
90%). É utilizada como agente adsorvente (20 a 90%), agente antia-
derente ou lubrificante (5 a 20%) e desintegrante em comprimidos 
(5 a 15%). 
Incompatibilidades: A celulose microcristalina é um agente estável, 
porém higroscópica. É incompatível com agentes oxidantes fortes. 
6.1.6. Croscarmelose Sódica (Ac-Di-Sol ®): 
É um polímero cross-linked de carboximetilcelulose sódica. 
A croscarmelose sódica é empregada em formulações farma-
cêuticas como desintegrante para cápsulas (10 a 25%) e comprimi-
dos (0,5 a 5,0%) 
Incompatibilidades: sorbitol (redução da eficácia desintegrante). 
6.1.7. Povidona: 
É um polímero sintético empregado como diluente de com-
primidos, agente aglutinante e de revestimento em concentrações 
de 0,5 a 5%. 
6.1.8. Crospovidona: 
É um derivado cross-linked da povidona. 
É um desintegrante para comprimidos preparados por com-
pressão direta. É empregada em concentrações de 2 a 5%. 
6.1.9. Caulim: 
Pó branco a acinzentado, untuoso, com sabor argiloso. O 
caulim ocorre naturalmente no reino mineral, correspondendo quí-
micamente ao silicato de alumínio nativo hidratado. 
O caulim é utilizado como diluente (excipiente) em cápsulas 
ecomprimidos. 
Mesmo a despeito do baixo preço, o caulim deve ser utilizado 
com restrições. Caso o mesmo não seja esterilizado pode haver con-
taminação por agentes patogênicos, como Baciüus anthracis, Clos-
tridium tetani (bactéria causadora do tétano) e outros. 
Incompatibilidades: O caulim apresenta propriedades de absorção 
em concentrações a partir de 7,5%. Esta propriedade pode influen-
ciar a absorção de outras drogas administradas via oral. Já foi rela-
tado que o caulim afeta a absorção das seguintes drogas: amoxacili-
217 
Capítulo 5 - Manipulação 
na, ampicilina, cimetidina, lincomicina, fenitoína (difenilhidantoi-
na), clindamicina, tetraciclina, warfarina. Portanto, não deve ser 
utilizado como excipiente destas drogas. 
6.1.10. Aerosil® (Adjuvante Farmacotécnico): 
Químicamente conhecido como sílica coloidal ou dióxido de 
silício coloidal, é um produto submicroscópico, branco, sem odor ou 
sabor. Devido à sua higroscopia, deve ser armazenado em recipien-
tes muito bem fechados. 
0 aerosil é utilizado como dessecante e anti-aderente para 
pós higroscópicos na concentração de 0,1 a 1,0%. 
Incompatibilidades: É incompatível com preparações contendo dieti-
lestilbestrol. 
6 .1 .11 . Estearato de Magnésio (Adjuvante Farmacotécnico): 
Consiste principalmente de uma mistura de estearato de 
magnésio e palmitato de magnésio. 
É granuloso, untuoso e fino, de cor branca, inodoro ou com 
leve odor de ácido esteárico e gosto característico. São grânulos de 
baixa densidade que aderem facilmente à pele. 
Age como lubrificante e antiaderente nas formulações de ex-
cipiente, nas concentrações entre 0,25 a 2,0%. 
Devido à sua natureza hidrofóbica, o estearato de magnésio 
pode retardar a dissolução de drogas na forma sólida, por isso, deve 
usá-lo na menor concentração possível. 
Incompatibilidades: É incompatível com substâncias ácidas, alcali-
nas e sais de ferro; evitar associá-lo com materiais fortemente oxi-
dantes. Usar com precaução em drogas incompatíveis com álcalis. 
6.1.12. CMC-Na - Carboximetilcelulose Sódica: 
O CMC é um pó ou material granuloso, higroscópico, branco 
ou levemente amarelado, inodoro e com leve sabor de papel. Pode 
ser utilizado como excipiente na manipulação de pós, aumentando o 
tempo de desintegração de cápsulas e comprimidos, consequente-
mente retardando um pouco a absorção do fármaco. 
Incompatibilidade: Incompatível com goma xantana, ácidos fortes, 
sais de ferro e outros metais, como o alumínio, o mercúrio e o zin-
co. 
218 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.1.13. Carbonato de cálcio: 
Pó branco ou cristalino, inodoro e sem sabor. 0 Carbonato de 
cálcio é empregado como excipiente farmacêutico para cápsulas e 
comprimidos. 
0 Carbonato de cálcio deve ser estocado em recipiente fe-
chado e protegido da umidade. 
Incompatibilidades: 0 carbonato de cálcio é incompatível com áci-
dos e sais de amônio (ex. cloreto de amônio). 
6.1.14. Lauril Sulfato de Sódio (agente molhante): 
0 lauril sulfato de sódio é um pó cristalino branco, creme ou 
amarelo pálido, de sabor amargo e odor de substâncias gordurosas. 
É um agente surfactante, utilizado como agente lubrificante 
e molhante de cápsulas e comprimidos em concentrações entre 1 a 
2%. Sua utilização em formulações que contenham drogas lipossolú-
veis é útil, pois facilita a dissolução destas drogas. 
Incompatibilidades: 0 lauril sulfato de sódio é incompatível com 
alguns sais alcaloídicos (atropina, beladona, hiosciamina, escopola-
mina, quina, quinina, sulfato de quinidina, ipeca, codeina, ioimbi-
na, vinca, vincamina, reserpina, ergotamina, ergometrina, ergono-
vina, dihidroergotamina, dihidroergocristina, metisergida, pilocar-
pina, efedra ou mahuang, efedrina, pseudoefedrina, colchicina, 
cafeína, teofilina), sais de chumbo e sais de potássio (ex: cloreto de 
potássio, aspartato de potássio, orotato de potássio, potássio quela-
to, etc). 0 Lauril Sulfato de Sódio é um tensioativo aniônico, por-
tanto, tem carga negativa e pode interagir com fármacos com car-
gas positivas. 
6.1.15. Docusato sódico (Agente Molhante): 
Também conhecido como dioctil sulfosuccinato de sódio. É 
um surfactantante aniônico, utilizado na terapêutica como laxante 
amolecedor das fezes e na farmacotécnica como agente molhante, 
com o objetivo de otimizar a dissolução de fármacos. 
0 docusato sódio é branco ou quase branco, possui sabor 
amargo e odor caracteristico do octanol. É higroscópico e encontra-
do na forma peletizada e de flocos. 
Como agente molhante e desintegrante de formas farmacêu-
ticas sólidas é utilizado usualmente na concentração de 0,5%. 
Incompatibilidades: É incompatível com eletrólitos. 
219 
Capitulo 5 - Manipulação 
6.1.16. Polisorbatos 20, 60, 80 (Agente Molhante): 
Os produtos comerciais mais comuns à base de polisorbatos 
são os tweens. Os polisorbatos são surfactantes não iônicos empre-
gados como tensioativos, agentes emulsificantes, agentes solubili-
zantes e agentes molhantes. Podem ser empregados como agente 
solubilizante para uma variedade de substâncias, incluindo óleos e 
vitaminas lipossolúveis. 
Como agente solubilizante é utilizado na faixa de concentra-
ções entre 1 a 10% e como agente molhante na faixa de 0,1 a 3%. 
Incompatibilidades: Parabenos, fenóis, taninos e derivados do alca-
trão. 
6.1.17. Óleo vegetal hidrogenado (óleo hidrogenado de se-
mente de algodão) tipo I - Lubritab ®: 
Diluente para cápsulas e comprimidos, agente lubrificante 
(cápsulas e comprimidos) e agente aglutinante. 
Aplicação: 
• Diluente (excipiente): até 100% 
• Lubrificante: 1 a 6% p/p. 
Pode ser utilizado como agente formador de matriz lipofílica 
para formulações de liberação controlada. 
Incompatibilidades: incompatível com agentes oxidantes fortes. 
6.1.18. Bicarbonato de sódio: 
Agente alcalinizante (tampão): 10 a 40%, agente terapêutico 
e efervescente (25 a 50%) 
Incompatibilidades: ácidos, sais ácidos, sais alcalóidicos, salicilatos, 
ácido bórico, alúmen e sais de bismuto. 
6.1.19. Acetoftalato de celulose (CAP): 
Agente de revestimento entérico. 
Solúvel em pH maior que 6,0. 
Concentrações usuais para revestimento entérico: 3 a 9% do 
peso do núcleo (peso da massa a ser revestida) 
Para a formação de filme flexível e hidroresistente é neces-
sário a adição de plastificantes, em concentracões varíaveis de 1 a 
20%. 
Solubilidade em sistemas de solventes (para solução de re-
vestimento): Acetona, Acetona-Etanol (1:1) e Acetona-Água (97:3). 
Plastificantes compatíveis: glicerina, propilenoglicol e dibu-
tilftalato. 
220 
Capítulo 5 - Manipulação 
Incompatibilidades: sulfato ferroso, cloreto férrico, nitrato de pra-
ta,citrato de sódio, sulfato de alumínio, cloreto de cálcio, cloreto 
de mercúrio, nitrato de bário, acetato básico de chumbo e agentes 
oxidantes fortes. Potencialmente incompatível com fármacos ou 
excipientes que apresentam grupos funcionais ou natureza básica. 
6.1.20. Copolímero do ácido metacrílico/metacrilato de me-
tila 1:1 (Eudragit® L-100): 
Utilizado como formador de filme gastroresistente e enteros-
solúvel. 
Insotúvel em ácidos diluídos e fluidos gástricos, solúvel em 
soluções tamponadas e fluidos entéricos acima do pH 6,0. 
Concentração usual para filmes gastroresistentes : 3 a 9% do 
peso do núcleo (peso da massa a ser revestida). 
É necessário a adição de plastificante para melhorar a flexi-
bilidade do filme. 
Solubilidade em sistemas solventes (para solução de revesti-
mento): Acetona-Etanol (1:1), álcool isopropílico, acetona e etanol 
e também, em misturas com até 40% de água. 
Plastificantes compatíveis: polietilenoglicol (ex: PEG 400), 
triacetina e dibutilftalato. 
Incompatibilidades: estearato de magnésio, podem ocorrer intera-
ções em substâncias com grupos funcionais de natureza básica. 
6.1.21. Glicolato sódico de amido (Explotab®): 
Desintegrante para cápsulas e comprimidos, empregado 
normalmente em concentrações variadas (2 a 8%). 
Incompatibilidades: ácido ascórbico. 
6.1.22. Fosfato de cálcio dibásico (CaHP04 2 H20): 
Diluente de comprimidos e cápsulas (necessita uso concomi-
tante de lubrificante e desintegrante) 
Compressão direta e agente alcalizante 
Incompatibilidades: derivados da tetraciclina, indometacina, ativos 
sensíveis a pH igual ou superior a 7,3. 
221 
Capitulo 5 - Manipulação 
6.1.23. Óxido de magnésio (MgO): 
Diluente de comprimidos e cápsulas, antiácido e laxante os-
mótico. Ponto de fusão alto: 2800°C - diluente para misturas eutéti-
cas. 
Incompatibilidades: drogas alcalino-lábeis, ibuprofeno, antihistamí-
nicos, antibióticos e salicilatos. 
6.1.24. Carbonato de magnésio: 
Diluente de comprimidos e cápsulas ( <_45%), antiácido e ad-
sorvente de umidade (0,5 a 1,0%). Ponto de fusão alto. 
Incompatibilidades: ácidos (dissolve-os com liberação de C02) 
6.2. Excipientes: Conceito, Influências e Categorias 
Anteriormente, conceituava-se excipiente como simples ad-
juvante, nada mais que uma substância química e farmacológica-
mente inerte. Atualmente a escolha do excipiente adequado tornou-
se fator preponderante na obtenção do efeito terapêutico, interfe-
rindo na liberação e na estabilidade do fármaco. 
De acordo com a função, podemos classificar os excipientes 
como, diluentes: aqueles que fomecem peso, consistência e volu-
mes adequados à forma farmacêutica; e adjuvantes: aqueles que 
auxiliam o fármaco a cumprir o seu papel (estabilidade, velocidade 
de desintegração e dissolução). 
6 . 2 . 1 . Categorias de excipientes 
A. Excipientes que influenciam na estabilidade: antioxidantes, que-
lantes, conservantes e tampões, modificadores do pH. 
B. Excipientes que influenciam na absorção do fármaco: desinte-
grantes, plastificantes, modificadores da liberação, promotores da 
penetração, molhantes, formadores de filme, agentes bioadesivos e 
encapsuíantes. 
6.2.2. Excipientes que inf luenciam a biodisponibi l idade do 
fármaco em formas farmacêuticas sólidas: 
A. Diluentes: a solubilidade do diluente influencia a velocidade de 
liberação do fármaco. 
B. Desintegrantes: facilitam a desagregação, aumentam a área su-
perficial e promove a dissolução do fármaco. Depende da concen-
222 
Capítulo 5 - Manipulação 
tração. 
C. Tensioativos: aumentam a molhabilidade do fármaco, aumentam 
a velocidade de dissolução, aumentam o contato do fármaco com 
fluídos gastrintestinais. 
D. Lubrificantes: retardam a molhabilidade e a absorção de fárma-
cos. Sua concentração influencia a biodisponibilidade. 
6.3. Sugestões de Excipientes Especiais para Cápsulas: 
6 .3 .1 . Dilucap: Sugestão de Excipiente padrão para cápsulas 
Estearato de Magnésio 0,5% 
Aerosil 1,0% 
Lauril Sulfato de Sódio (LSS) 1,0 a 2,0% 
Talco Farmacêutico 3% 
Amido de Milho (AMISOL) qsp 100,0% 
Este excipiente deve ser utilizado para formulações em ge-
ral, exceto as que contiverem as seguintes substâncias: 
Pentoxifilina: usar como excipiente HPMC (30 a 40% do volume total 
da cápsula). 
DietilestiLbestrol: usar como veículo a lactose com 0,5% de LSS e 
0,5% de estearato de magnésio. Não usar aerosil. 
Anfepramona/dietilpropiona: usar talco ou caulim farmacêutico, 
com 1% de estearato de magnésio e 1% de aerosil. 
Sais aicaloidicos e plantas com alcalóides (atropina, beladona, hios-
cinamina, escopolamina, homatropina, quina, quinino, sulfato de 
quinidina, ipeca, codeína, ioimbina, vinca, vincamina, reserpina. 
ergotamina, dihidroergocristina, metisergida, pilocarpina, efedra ou 
mahuang, efedrina, pseudoefedrina, colchicina, cafeína, teofilina, 
sais de potássio, cioreto de potássio, aspartato de potássio, potás-
sio quelato): para estes fármacos usar lactose + aerosil 1% + estera-
to de magnésio 1%. 
Formulações de iiberação lenta: usar HPMC a 40% do volume total 
da cápsula. 
Formulações muito higroscópicas que demonstrem sinais de deli-
quescência: usar manitol 80% + talco 18% + aerosil 1% + estearato de 
magnésio 0,5% + LSS 0,5 a 1,0%. 
Nota: O aerosil pode ser adicionado à parte, ao Dilucap caso seja necessário. 
O manipulador deve ter amplo conhecimento sobre excipientes, para a escolha daquele que 
melhor se adeque à formuiação. 
223 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.3.2. Sugestão de Excipiente para Alprazolam 
Celulose Microcristalina 20% 
Amido 15% 
Docusato de Sódio 0,5% 
Aerosil 0,3% 
Benzoato de Sódio 2% 
Estearato de magnésio 0,25% 
Lactoseqsp 61,95% 
6.3.3. Sugestão de Excipiente para Meloxicam 
Citrato de sódio dihidratado 1,0% 
Celulose Microcristalina 20% 
Estearato de magnésio 0,5% 
Dióxido de silício (Aerosil) 0,2% 
Lactoseqsp 100% 
6.3.4. Sugestão de Excipiente Especial para Diclofenaco de 
Sódio e de Potássio 
Estearato de magnésio 1,0% 
Aerosil 0,5% 
Talco farmacêutico 3% 
Amido (Amisol) 18,5% 
Fosfato tricálcico qsp 100% 
Realizar revestimento entérico. 
6.3.5. Sugestão de Excipiente para Pentoxifilina 
Hidroxipropümetilcelulose 40% (do peso total do volume 
ocupado na cápsula do fármaco mais o excipiente). 
6.3.6. Sugestão de Excipiente para Finasterida 
Docusato sódico 0,5% 
Hidroxipropümetilcelulose (HPMC) 15,0% 
Talco farmacêutico 30,0% 
Amido de milho (Amisol®) qsp 100,0% 
6.3.7. Sugestão de Excipiente para Sertralina 
Lauril sulfato de sódio 1,5% 
Aerosil 1% 
Amido 30% 
Celulose microcristalina qsp 100 
224 
Capitulo 5 - Manipulação 
6.3.8. Sugestão de Excipiente para Metildopa (Fc3 = 1,18) 
Bissulfito de sódio 0,1% 
Ácido cítrico 1,0% 
EDTA-Na2 0,1% 
Aerosil 1,0% 
Explotab ® (glicolato sódico de amido) 1,5% 
Alfa-metildopa Sesquihidratada qsp 100% 
6.3.9. Sugestão de Excipiente para Amlodipina Besilato 
Fosfato de cálcio dibásico 40% 
Glicolato sódico de amido 2,0% 
Amido 30% 
Estearato de magnésio 1 % 
Celulose microcristalina qsp 100g 
6.3.10. Sugestão de Excipiente para Enalapril 
Estearato de magnésio 1% 
Dióxido de silício coloidal (Aerosil ®) 1% 
Lactose qsp 200mg 
6.3.11. Sugestão de Excipiente para Inibidores da ECA, ex-
ceto Enalapril 
Bissulfito de sódio 0,1% 
Fosfato de cálcio 30% 
Manitol 30% 
Estearato de magnésio 1 % 
Amidoqsp 100% 
6.3.12. Sugestão de Excipiente Venlafaxina 
Celulose microcristalina 20% 
Explomido (Glicolato sódico de amido) 3% 
Estearato de magnésio 1 % 
Lactose 100% 
Fc = Fator de correcão da diluição e do ativo 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.3.13. Sugestão de Excipiente Dietilestilbestrol 
Lauril sulfato de sódio 0,5% 
Estearato de magnésio 0,5% 
Lactoseqsp 100% 
6.3.14. Sugestão de Excipiente para Sais Alcalóidicos e Sais 
de Potássio 
Aerosil 1% 
Estearato de magnésio 1 % 
Lactoseqsp 100% 
6.3.15. Sugestão de Excipiente para Lovastatina, Pravasta-
tina e Sinvastatina 
Butil hidroxi anisol 0,02% 
Manitol 30% 
Estearato de magnésio 1 % 
Dilucap qsp 100% 
6.3.16. Sugestão de Excipientepara Estrógenos Conjugados 
Fosfato de cálcio tribásico 40% 
Sulfato de cálcio 2 H20 10% 
Estearato de magnésio 1% 
HPMC 20% 
Lauril sulfato de sódio 1% 
Lactoseqsp 100% 
6.3.17. Sugestão de excipiente para o Clorazepato de Po-
tássio 
Aerosil 1% 
Estearato de magnésio 1% 
Óxido de magnésio 10% 
HPMC 40% 
Talcoqsp 100% 
6.3.18. Sugestão de Excipiente para Genfibrozila 
Tratar com polisorbato 80 (tween®80) 1%. 
226 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.3.19. Sugestão de Excipiente para Cloridrato de Fluoxeti-
na 
Celulose microcristalina 20% 
Estearato de magnésio 0,5% 
Talco 3% 
Simeticone pó 2% 
Amidoqsp 100% 
6.3.20. Sugestão de Excipiente para Risperidona 
Lauril sulfato de sódio 1% 
Aerosil 1% 
HPMC 30% 
Estearato de magnésio 0,5% 
Celutose microcristalina 15% 
Amido 20% 
Lactoseqsp 100% 
6.3.21. Sugestão de Excipiente para Oxandrolona 
HPMC 40% 
Dilucapqsp 100% 
6.3.22. Sugestão de Excipiente e Diluente para T3 e T4 
Celulose microcristalina 3,6% 
CMC 3,6% 
Talco 3,6% 
Ácido cítrico 2% 
Estearato de magnésio 0,7% 
Amido de milho 12,6% 
Fosfato de cálcio dibásico qsp 100% 
6.3.23. Sugestão de Excipiente para Levofloxacina 
HPMC 30% 
Celulose microcristalina 20% 
Estearato de magnésio 0,5% 
Tween80 2% 
Talcoqsp 100% 
227 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.3.24. Sugestão de Excipiente para Tibolona 
Amido 10% 
Estearato de magnésio 0,5% 
Palmitato de ascorbila 0,2% 
Lactoseqsp 100% 
6.3.25. Sugestão de Excipiente para L-Carnitina 
L-Carnitina 250mg 
Óxido de Magnésio 100mg 
Aerosil 5mg 
Estearato de Magnésio 5mg 
Avicel PH 101 qsp 500mg 
6.3.26. Sugestão de Excipiente para cápsula (geral) 
Amido de milho 96 partes 
Talco farmacêutico 3 partes 
Estearato de magnésio 1 parte 
6.4. Excipientes que podem ser utilizados para aumen-
tar a estabilidade de misturas eutéticas 
6.4.1. Efetivos: 
Carbonato de magnésio, caolim e óxido de magnésio leve. 
6.4.2. Menos efetivos: 
Óxido de magnésio pesado, fosfato de cálcio tribásico e sílica 
gel. 
6.4.3. Relativamente inefetivos: 
Talco, lactosee amido 
228 
Capitulo 5 - Manipulação 
6.5. Agentes Molhantes (Surfactantes) utilizados em 
cápsulas e comprimidos: 
São adjuvantes farmacotécnicos, empregados em formula-
ções farmacêuticas sólidas, com objetivo de facilitar o contato com 
os fluidos gastrointestinais, facilitando a molhagem neste meio a-
quoso e conseqüentemente, favorecendo a dissolução e otimizando 
a absorção. Sua adição no excipiente de fármacos pouco solúveis e 
hidrofóbicos é importante para a biodisponibilidade destes. 
São empregados em formas sólidas, tensioativos aniônicos e 
não-iônicos: 
Tensioativos aniônicos: lauril sulfato de sódio, dioctilsulfo-
succinato de sódio (docusato sódico). 
Tensioativos não-iônicos: polisorbato 80, 20, 60; lecitina de 
soja. 
0 agente molhante não deve interagir com o fármaco. Tensi-
oativos aniônicos podem ser incompatíveis com fármacos catiônicos, 
devendo-se optar nestes casos pelo tensioativo não-iônico. 
6.6. Agentes Alcalinizantes: 
São utilizados em formas farmacêuticas sólidas de uso oral 
com o objetivo de: 
• Evitar a hidrólise ácida no estômago 
• Reduzir os efeitos gastroirritantes do fármaco 
• Aumentar a biodisponibilidade do fármaco, otimizando sua 
dissolução. 
6.6.1. Agentes alcalinizantes mais empregados: 
• Fosfatos alcalinos 
• Carbonato de cálcio 
• Citrato de sódio 
• Bicarbonato de sódio 
• Glicinato de alumínio 
229 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.7. Antioxidantes 
6.7.1. Oxidação: 
Processo que leva à decomposição de uma matéria-prima, 
com perda de sua função. A luz, o ar, o calor, os contaminantes do 
meio (catalisadores ->metais pesados) e o pH do meio são os inici-
antes deste tipo de reação. 0 mecanismo de oxidação inicia-se com 
a formação do que chamamos radicais livres. 
6.7.2 Antioxidantes: 
São substâncias que preservam a formulação de qualquer 
processo oxidativo. São capazes de inibir a deterioração oxidativa 
(destruição por ação do oxigênio) de produtos fármaco-cosméticos, 
com conseqüente desenvolvimento de ranço oxidativo em óleos e 
gorduras ou inativação de medicamentos. 
A. Antioxidantes que atuam interrompendo as cadeias de radicais 
livres formadas (antioxidantes verdadeiros): 
• BHA 
• BHT 
• Alfa-tocoferol (vit.E) 
• Propil galato 
B. Atuam sofrendo oxidacão (agentes redutores): 
• Metabissulfito de sódio 
• Bissulfito de sódio 
• Ácido ascórbico (vit.C) 
• Palmitato de ascorbila 
C. Antioxidantes que atuam por mecanismos preventivos (antioxi-
dantes sinerojstas): 
• Ácido cítrico 
• Ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) 
• Cisteína 
• Glutation 
• Metionina 
230 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.7.3. Uso adequado de antioxidantes: 
A. Antioxidantes para Sistemas Aquosos: 
• Ácido ascórbico 
• Metabissulfito de sódio 
• Tiossulfato de sódio 
• Cloridrato de cisteína 
B, Antioxidantes para Sistemas Oleosos: 
• BHT 
• BHA 
• Alfa-tocoferol 
• Ascorbil palmitato 
• Propilgalato 
6.7.4. Antioxidantes para Sistemas Aquosos: 
A. Ácido Ascórbico: Pó cristalino branco ou ligeiramente amarelado, 
inodoro. Escurece gradualmente quando exposto à luz. Razoavel-
mente estável no estado seco, mas oxida em solução. 
Solubilidade: 1g/3ml de água, 1g/30ml de álcool. 
Concentração antioxidante efetiva: 0,05 a 3,0% 
B. Bissulfito de Sódio (NaHS03): Pó ou cristais brancos ou branco-
amarelados. Com odor característico de dióxido sulfúrico, sabor 
desagradável, instável no ar, perdendo S02 e gradualmente oxidan-
do para sulfato. 
Solubilidade: 1g/4ml de água, 1g/70ml de álcool 
Concentrações efetivas: 0,1% 
C. Metabissulfito de sódio (Na gSgOgl: Pó branco ou cristais incolores 
com um odor sulfuroso, sabor ácído e salino. Oxida lentamente a 
sulfato quando exposto ao ar e à umidade. 
Concentrações efetivas: 0,02 a 1,0% 
Nota: Os sutfitos são conhecidos por causar alerçia. 
231 
Capitulo 5 - Manipulação 
D. Tiossulfato de sódio (Na?S?0j.5HzQ): Pó cristalino ou cristais inco-
lores grandes. E eflorescente no ar seco em temperaturas acima de 
33°C e levemente deliquescente em ar úmido. Soluções aquosas são 
neutras ou levemente alcalinas. 
Solubilidade: 1g/0,5ml de água, insolúvel em álcool. 
Concentração efetiva: 0,05% 
6.7.5. Antioxidantes para Sistemas Oleosos: 
A. Ascorbil Palmitato: Pó branco ou branco-amarelado com odor 
característico. 
Solubilidade: Muito levemente solúvel em água e em óleos 
vegetais; solúvel em álcool. 
Concentração efetiva: 0,01 a 0,2% 
B. Butilhidroxianisol (BHA): Cera sólida branca ou branca-
amarelada, com fraco odor. 
Solubilidade: Insolúvel em água, facilmente solúvel em álco-
ol e propilenoglicol. 
Concentrações efetivas: 0,005 a 0,01% 
C. Butilhidroxitoiueno (BHT): Sólido cristalino branco com um fraco 
odor. 
Solubilidade: Insolúvel em água e em propilenoglicol, facil-
mente solúvel em álcool. 
Concentração efetiva: 0,03 a 0,1% 
D. Propilqalato: Pó cristalino branco, com odor muito leve. 
Solubilidade: Levemente solúvel em água e levemente solú-
vel em álcool. 
Concentração efetiva: 0,005 a 0,15%. 
E. Aifa-tocoferol (VIT.E): Óleo viscoso, claro, amarelo ou amarelo-
esverdeado. Praticamente inodoro, instável à luz e ao ar. 
Solubilidade: Insolúvel em água, solúvel em álcool, miscível 
com acetona e óleos vegetais. 
Concentração efetiva: 0,05 a 2% 
232 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.8. Lubrificantes, Antiaderentes e Deslizantes 
Promovem o escoamento de pós e granulados por redução da 
fricção das partículas. 
• Estearato de magnésio. 
• Estearato de cálcio. 
• Ácido esteárico. 
• Talco (5%). 
• Amidodemüho (5 a 10%) 
• Sílica coloidal (Aerosil®). 
6.9. Diluições 
Alguns fármacos são muito potentes e são utilizados em pe-
quenas doses. Para maior segurança na pesagem destes fármacos 
deve-se dilui-los de tal forma que a dosagem seja de fácil pesagem 
e os riscos de sobredose sejam minimizados em caso de algum equí-
voco neste procedimento. 
6.9.1. Relação dos Fármacos que devem ser diluídos 
Tabela 24: Relação dos Fármacos que devem ser diluídos 
IFÁRMACO 
Ácido Fólico 
AlprazolamBendroflumetiazida 
Betametazona 
Biotina 
Biperideno 
Bromazepam 
Bumetamida 
Buspirona 
Cetotifeno 
Clonazepam 
Clonidina 
Cloxazolam 
DILUIÇÃO 
1:100 
1:10 
1:10 
1:100 
1:10 
1:10 
1:10 
1:100 
1:10 
1:10 
1:10 
1:100 
1:10 
DILUENTES 
(sugestões - opções) 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
233 
Capitulo 5 - Manipulação 
Continuação Tabela 24 
FARMACO 
Cobamamida 
(coenzima B12) 
Dextrotiroxina 
Diazepam 
Dietilestilbestrol 
Digitoxina 
Digoxina 
Dihidroergocristina 
Ergotamina tartarato 
Estanozolol 
Estriol 
Etinil estradiol 
Finasterida 
Fludrocortisona 
Flufenazina 
Hidrocortisona 
loimbina 
L-deprenil 
Loperamida 
Loratadina 
Lorazepam 
Mazindol 
Meloxicam 
Metil brometo de homa-
tropina 
Metilprednisolona 
Metotrexato 
Norestiterona 
Oxandrolona 
Prednisolona 
Reserpina 
Salbutamol 
Simeticone 
T3 
DILUIÇAO 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:100 
1:100 
1:10 
1:100 
1:10 
1:10 
1:100 
1:10 
1:100 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:100 
1:100 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:10 
1:100 
1:100 
1:2 (50%) 
1:1000 
DILUENTES 
(sugestões - opções) 
Talco, Amido ou Manitol 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Talco 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose ou Talco 
Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Talco ou Amido 
Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Hidróxido de aluminio + 
Carbonato magnésio 
Lactose, Talco ou Amido 
234 
Capitulo 5 - Manipulação 
Continuaçõo Tabela 24 
FARMACO 
T4 
Tizanidina 
Triac 
Trifluoperazina 
Vit. B12 
Vitamina K 
DILUIÇAO 
1:1000 
1:10 
1:100 
1:10 
1:100 
1:100 
DILUENTES 
(sugestões - opções) 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Lactose, Talco ou Amido 
Obs: Não constam nesta lista, matérías-primas diluídas "de fábrica" que no entanto, necessi-
tam de fatores de correçõo (ex: Betacaroteno 10%). 
6.9.2. Técnicas de Diluição 
Materiat Utilizado 
Tamis 
Gral(2) 
Pistilo (2) 
Papel manteiga 
Saco plástico 
Espátula de plástico 
Frasco âmbar (para armazenamento de matéria-prima). 
A. Diluicão Geométrica (1:100 OU 1%) 
1g do fármaco + 99 g de diluente (excipiente) 
Pesar 1g do fármaco, colocando-o em um gral de porcelana. 
Pesar entre 0,1 a 0,5% de corante alimentício sólido ou vita-
mina B2, em relação ao peso total da diluição, adicionando-o ao 
fármaco no gral. 
Tritura-se o corante (com algumas gotas de água), misturan-
do-o posteriormente também ao fármaco a ser diluído. 
Adicionar 1g do diluente no gral, misturá-lo bem com o fár-
maco e o corante. 
Adicionar 2g do diluente no gral; misturar bem, observando a 
homogeneização pelo corante. 
Adicionar 4g do diluente no gral misturando bem e assim su-
cessivamente, 8g - 16g - 32g até completar as 100g da diluição. 
235 
Capitulo 5 - Manipulação 
Efetuar a tamisação do "pó" com pistilo, pressionando o pó 
contra o tamis em movimentos circulares e de "vai e vem" até o 
esgotamento do pó sobre o tamis. 
Transferir o pó depositado no suporte para um novo gral lim-
po e sanitizado. 
Misturar o pó no gral com pistilo, revolvendo o pó no fundo e 
laterais do gral, bem como no pistilo com a espátula de plástico. 
Transferir o pó do gral para um saco plástico inerte, enchen-
do-o com ar (não soprar), agitando-o bem. 
Analisar visualmente a homogeneização do pó, caso não te-
nha pontos brancos, a diluição estará completa, caso contrário vol-
tar ao passo 8 repetindo as operações seguintes. 
Embalar e armazenar o produto em frasco de vidro âmbar 
(adequado para armazenamento de matérias-primas, protegido do 
calor, devidamente identificado com a especificação da diluição 
realizada, bem como o fator de correção a ser aplicado). 
B. Diluicão Geométrica (1:10 OU 10%) 
Segue o mesmo procedimento anterior, com a diferença que 
neste caso, considera-se 1g do fdrmaco + 9 g do diluente, descon-
tando-se a quantidade de corante utilizado do diluente. 
C. DiLuicão Geométrica (1:500) 
Segue o mesmo procedimento descrito anteriormente, com a 
diferença que neste caso, considera-se 1% do fármaco + 499% do 
diluente, descontando-se a quantidade de corante utilizado do dilu-
ente. 
E. Diluição Geométrica (1:1000) 
Segue o mesmo procedimento descrito anteriormente, com a 
diferença que neste caso, considera-se 7g do fármaco + 999% do 
diluente, descontando-se a quantidade de corante utilizado do diLu-
ente. 
236 
Capítulo 5 - Manipulação 
6.9.3. Diluições Especiais 
A, Diluição de Substância na Forma Oleosa 
Óleo de Simeticone 
1. Simeticone 100% DC*A Medical 
(não hidrossolúvel) 
2. Hidróxido de Alumínio 
3. Carbonato de Magnésio 
4. Aerosil 
1.000 G 
500 G 
500 G 
q.s. 
Procedimento 
Passo 1: Misturar o Hidróxido de Alumínio e o Carbonato de Magné-
sio em um gral. 
Passo 2: Adicionar o óleo de simeticone aos poucos, mexendo sem-
pre. 
Passo 3: Passar por um tamis a mistura, acrescentando o Aerosil na 
passagem. 
N0TA: Os simetkones utilizados para formulações liquidas são simeticones 30% (DCX Medical 
Emulsion, DCC 7-9245 Emulsion). Ambos são hidrossotúveis. 
B. Diluição da Anfepramona HCl (Dietilpropiona) 
-Tratamento Especial Fc = 1.13 
A anfepramona HCl é uma substância de natureza muito hi-
groscópica, necessitando de um tratamento prévio à sua pesagem e 
encapsulação, prevenindo assim futuros problemas com umidade 
nas cápsulas. Portanto, devemos realizar a seguinte diluição: 
ANFEPRAMONA HCl 
D.L. ACIDO TARTARICO 
AEROSIL 
100g 
3g 
10g 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar o DL-Ácido tartárico em um pedaço de papel mantei-
ga e verter para um gral de porcelana. Triturá-lo muito bem e re-
servar; 
Passo 2: Tarar um saco plástico na balança, pesar o aerosil e logo 
em seguida o cloridrato de anfepramona. 
237 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 3: Retirar o saco plástico da balança, encher de ar (não so-
prar), fechar e homogeneizar bem. 
Passo 4: Transferir aos poucos esta mistura do saco plástico (aerosil 
+ anfepramona) no gral de porcelana, onde está o DL ácido tartárico 
e misturar muito bem com o pistilo. 
Passo 5: Depois que todo o "pó" estiver no gral de porcelana e bem 
misturado, efetuar a tamisação do "pó" com pistilo, pressionando o 
pó contra o tamis em movimentos circulares e de "vai e vem" até o 
esgotamento do pó sobre o tamis. 
Passo 6: Transferir o pó depositado no suporte para o gral de porce-
lana. 
Passo 7: Misturar o pó no gral com pistilo, revolvendo o pó aderido 
no fundo e nas laterais do gral e no pistilo com a espátula de plásti-
co. 
Passo 8: Transferir o pó do gral para o mesmo saco plástico (previa-
mente tarado), onde estava o aerosil e anfepramona para a pesa-
gem final. 
Passo 9: Cada tratamento especial (diluição) feito com a anfepra-
mona HQ, deve seguir o relatório de diluição da anfepramona HCl, 
conforme modelo em anexo. 
Passo 10: Embalar a anfepramona diluída em frasco de vidro âmbar, 
protegido do calor, devidamente identificado com indicação do fa-
tor de correção 1,13. A anfepramona diluída pode também ser ar-
mazenada em saco plástico escuro. 
MODELO DO RELATÓRIO DE DILUIÇÃO DA ANFEPRAMONA HCI: 
Anfepramona HCl g 
D.L. Ácido Tartárico g 
Aerosil g 
Fornecedor: 
Lote: 
Validade: 
Fabricação: 
Peso final: 
Assinatura do responsável pela diluição: 
Assinatura do farmacêutico responsável: 
Data:....// 
238 
Capitulo 5 - Manipulação 
Processo de Manipulação - Líquidos e Semi-Sólidos 
Neste laboratório são manipuladas as seguintes formas far-
macêuticas: Líquidas (soluções, xaropes, elixires, suspensões, emul-
sões, tinturas e extratos fluidos), Pastosas (pomadas, cremes, pas-
tas, ceratos, Unimentos, unguentos, loções e gêis), Sólidas (suposi-
tórios e óvulos). 
7. Noções Básicas de Farmacotécnica 
7.1. Farmacotécnica (Definição) 
É a parte da ciência farmacêutica que trata da preparação 
de medicamentos, ou seja, da transformação de drogas (matérias-
primas) em medicamentos; estuda o preparo, a purificação, as in-
compatibilidades físicas e químicas e a escolha da forma farmacêu-
tica (xarope, solução, suspensão, cápsula, etc) mais adequada à 
finalidade pretendida. 
7.2. Bibliografia Básica 
• Farmacopéias: Brasileira, Européia, Americana e Britânica. 
• Tecnologia Farmacêutica 3 volumes (Prista). 
• Martindale. 
• Manual de Terapêutica Dermatológica e Cosmetologia (Pris-
ta). 
• Noções de Farmácia Galênica (A. Le Hir) 
• Incompatibilidades Medicamentosas (Virgilio Lucas). 
• Formulário Médico Farmacêutico (Virgílio Lucas). 
• Farmacotécnica (Helou). 
• Merck Index. 
• The Art, & Science and Technology of Pharmaceutical Com-
pounding (Loyd Allen Jr.) 
239 
Capítulo 5 - Manipulação 
7.3. Composição de uma Fórmula 
Princípio(s) ativo(s): responsável pela ação farmacológica. 
Coadjuvantes técnicos ou adjuvantes farmacotécnicos: substâncias 
em geral inertes, cuja função é estabilizar a fórmula em nível quí-
mico, físico ou microbiológico. 
Veículo (líquido) ou excipiente (sólido ou semi-sólido): parte da 
fórmula na qual são misturados os princípios ativos. 
7.4. Coadjuvantes Técnicos 
7.4.1. Agentes Acidificantes: 
Usados em preparações líquidas para acidificar o meio com o 
objetivo de fornecer estabilidade ao produto. 
Ex.: ácido acético, ácido cítrico, ácido fumárico, ácido clorídrico, 
etc. 
7.4.2. Agentes Alcalinizantes: 
Usados em preparações líquidas para alcalinizar o meio com 
o objetivo de fornecer estabilidade ao produto. 
Ex.: hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, solução de amônia, 
dietanolamina, monoetanolamina, borato de sódio (bórax), trietano-
lamina, carbonato de amônio, etc. 
7.4.3. Adsorvente: 
Agente capaz de adsorver outras moléculas em sua superfície 
por ação química ou física. 
Ex.: carvão ativado e celulose pó. 
7.4.4. Propelente (Aerosol): 
Agente responsável pelo desenvolvimento de pressão em um 
frasco aerosol, permitindo a expelição do produto quando a válvula 
é acionada. 
Ex.: dióxido de carbono (C02), diclorodifluorometano, diclorotetra-
fluoroetano e tricloromonofluorometano. 
240 
Capítulo 5 - Manipulação 
7.4.5. Desincorporante de Ar: 
Agente empregado para desincorporar ar em um recipiente 
fechado ou formulação com o objetivo de aumentar a estabilidade 
do produto. 
Ex.: Nitrogênio (N2). 
7.4.6. Conservantes Anti-Fúngicos: 
São usados em preparações líquidas e semi-sólidas (cremes, 
pomadas, etc) para prevenir o crescimento fúngico. A efetividade 
dos parabenos é normalmente aumentada quando eles são utilizados 
em combinação. 
Ex.: ácido benzóico, butilparabeno, etilparabeno, metilparabeno 
(nipagin), propilparabeno (nipazol) e propionato de sódio. 
7.4.7. Conservante Antimicrobiano: 
São usados em preparações líquidas e semi-sólidas para a 
prevenção de microorganismos (bactérias). 
Ex.: cloreto de benzalcônio, cloreto de benzetônio, álcool benzílico, 
clorobutanol, fenol, nitrato fenilmercúrico, timerosol, etc. 
7.4.8. Antioxidante: 
Agente que inibe a oxidação, sendo utilizados para prevenir 
a deterioração de preparações por processos oxidativos. 
Ex.: ácido ascórbico, ascorbil palmitato, BHA (butil hidroxianisol), 
BHT (butil hidroxitolueno), propitgalato, ascorbato de sódio, bissul-
fito de sódio e metabissulfito de sódio. 
7.4.9. Agente Tampão: 
Usado para fornecer à formulação, resistência contra mu-
danças de pH em casos de diluição ou adição de substância de cará-
ter ácido ou básico. 
Ex.: citrato de sódio anidro e dihidratado, metafosfato de potássio, 
fosfato de potássio, acetato de sódio monobásico, tampão citrato, 
tampão borato, tampão fosfato. 
7.4.10. Agente Quelante (Sequestrante): 
Substância que forma complexo estável (quelato) com me-
tais. Os agentes quelantes são utilizados em algumas preparações 
líquidas como estabilizantes para complexar metais pesados, os 
quais podem promover instabilidade em formulações. 
Ex.: EDTA dissódico, EDTA tetrassódico e ácido edético. 
241 
Capítulo 5 - Manipulação 
7.4.11. Corantes: 
Usados para dar cor às preparações farmacèuticas líquidas e 
sólidas. Deve-se consultar a lista de corantes permitidos, bem co-
mo, a adequação de corantes alimentícios ou não. Sabe-se que al-
guns corantes alimentícios permitidos como o amarelo de tartrazina 
e o vermelho, podem causar manifestações alérgicas e sintomas de 
intolerância gastrointestinal em pacientes sensíveis, isto acontece 
principalmente com a ingestão de cápsulas coloridas com algum 
destes corantes, neste caso, usar cápsulas incolores ou brancas. 
7.4.12. Agente Clari f icante: 
Usado como auxiliar na filtragem devido a suas propriedades 
adsorventes. 
Ex.: bentonita. 
7.4.13. Agente Emulsif icante: 
Usado para promover ou manter a dispersão finamente sub-
dividida em partículas de um líquido em um veículo no qual ele é 
imiscível. 0 produto final pode ser uma emulsão líquida ou emulsão 
semi-sólida (ex.: creme). 
Ex.: acácia, álcool cetílico, monoestearato de glicerila, monooleato 
de sorbitan, etc. 
7.4.14. Agente de Revestimento: 
Usado com o objetivo de formar uma fina camada com o 
propósito de revestir a substância ou a formulação para adequar a 
sua administração. 
Ex.: gelatina e acetoftalato de celulose. 
7.4.15. Flavorízantes: 
Usados para fomecer sabor agradável e, também odor para 
as preparações farmacêuticas. 
Ex.: vanilina, mentol, óleo de laranja, óleo de canela, óleo de anis, 
óleo de menta, cacau e etc. 
7.4.16. Umectantes: 
Usados para prevenir o ressecamento de preparações, princi-
palmente, pomadas e cremes, através de sua propriedade de reter 
água. 
Ex.: glicerina, propilenoglicol e sorbitol. 
242 
Capitulo 5 - Manipulação 
7.4.17. Agente Levigante: 
Um líquido usado como agente facilitador na redução das 
partículas de uma droga em pó com trituração concomitante com 
pistilo em um gral. Ex.: glicerina e óleo mineral. 
7.4.18. Base para Pomada: 
Excipiente semi-sólido no qual princípios ativos podem ser 
incorporados no preparo de pomadas farmacêuticas. 
Ex.: lanolina, pomada hidrofílica, pomada de polietinoglicol (PEG), 
vaselina e unigel. 
7.4.19. Solvente: 
Agente usado para dissolver outra substância farmacêutica 
ou droga na preparação de uma solução. 0 solvente pode ser aquoso 
ou não-aquoso como óleos. Co-solventes, tal como água e álcool 
(hidroalcoólico) e água e glicerina, podem ser utilizados quando 
necessário. Os solventes precisam ser estéreis quando utilizados em 
preparações estéreis (ex.: colírios). 
7.4.20. Agente de Consistência: 
Usados para aumentar a consistência e a dureza de prepara-
ções farmacêuticas, como cremes e pomadas. 
Ex.: álcool cetílico, parafina, álcool estearílico, cera branca e ama-
rela e ésteres cetilicos. 
7.4.21. Base para Supositórios: 
Usado como um excipiente para incorporação de substâncias 
medicamentosas na preparação de supositórios. 
Ex.: manteiga de cacau e polietilenoglicol (mistura). 
7.4.22. Surfactantes (Agentes Tensioativos): 
Substâncias que reduzem a tensão superficial. Podem ser u-
sadas como agentes molhantes, detergentes e emulsificantes. 
Ex.: cloreto de benzalcônio, polisorbato 80 (Tween 80), lauril sulfa-
to de sódio e etc. 
7.4.23. Agentes Suspensores: 
Agente doador de viscosidade, utilizado para reduzir a velo-
cidade de sedimentação de partículas (drogas) dispersadas em um 
veículo no qual elas não são solúveis. As suspensões podem ser for-
muladas para uso oral, oftálmico,tópico, parenteral ou outras vias 
243 
Capítulo 5 - Manipulação 
de administração. 
Ex.: ágar, bentonita, carbômero (carbopol), carboximeticelulose 
sódica (CMC-Na), hidroxietilcelulose (natrosol), hidroxipropil celulo-
se, hidroxipropil metilcelulose, caolim, metilcelulose, goma adra-
ganta, veegum, etc. 
7.4.24. Agente Edulcorante: 
Usado para adoçar (edulcorar) uma preparação farmacêuti-
ca. 
Ex.: aspartame, acesulfame, dextrose (glicose), glicerina, manitol, 
sorbitol, sacarina sódica, ciclamato sódico, açúcar. 
7.4.25. Agente Antiaderente (Lubrificante): 
Agentes que previnem a aderência do produto nas punções 
da máquina de comprimir durante a produção. Promove um desli-
zamento fácil da fórmula, otimizando o processo. 
Ex.: Estearato de magnésio e lauril sulfato de sódio. 
7.4.26. Agente Aglutinante: 
Substâncias utilizadas para produzir adesão de partículas de 
pó no processo de granulação. 
Ex.: acácia, ácido algínico, carboximetilcelulose, etilcelulose, gela-
tina, solução de glicose, metilcelulose, povidona e amido pré-
gelatinizado. 
7.4.27. Agentes de Tonicidade (Isotonizantes): 
Usados para formar uma solução com características osmóti-
cas semelhantes aos fluidos fisiológicos. Formulações de uso oftál-
mico, parenteral (injetável) e fluidos de irrigação são exemplos de 
preparações farmacêuticas nas quais a tonicidade deve ser conside-
rada. 
Ex.: cloreto de sódio (NaCl) e dextrose. 
7.4.28. Veículo: 
É um agente transportador para uma substância farmacêuti-
ca. É utilizado em uma variedade de formulações líquidas para uso 
oral, parenteral ou tópico. 
Ex.: Veiculos flavorizantes/edulcorantes: xarope de cereja, xarope 
de cacau, xarope simples e xarope de laranja; Veículos oleaginosos: 
óleo de milho, óleo mineral, óleo de amendoim e óleo de gergelim; 
Veiculos estéreis: solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%) e água bi-
244 
Capitulo 5 - Manipulação 
destilada para injeções. 
7.4.29. Agente de Viscosidade: 
Usado para mudar a consistência de uma preparação, forne-
cendo maior resistência ao escoamento. Utilizados em suspensões 
para deter a sedimentação, em soluções oftálmicas para aumentar o 
tempo de contato da droga com o local de ação (ex.: metilceluose), 
para tornar mais consistentes cremes, xampus, etc. 
Ex.: ácido atgínico, bentonita, carbômero (carbopol), CMC-Na, me-
tilcelulose, povidona, alginato de sódio e goma adraganta. 
7.4.30. Diluentes de Cápsulas e Comprimidos (Excipiente): 
Substâncias "inertes" utilizadas como agente de enchimento 
para criar um volume desejado, apresentando propriedades de fluxo 
e compressão, características necessárias no processo de prepara-
ção de comprimidos e cápsulas. 
Éx.: fosfato de cálcio dibásico, caolim, lactose, manitol, celulose 
microcristalina, celulose pulverizada, carbonato de cálcio, sorbitol, 
amido. 
7.4.31. Agente "Coating": 
Usado para revestir o comprimido com o propósito de prote-
gê-lo contra a decomposição pelo oxigênio atmosférico ou umidade, 
para liberação controlada da droga, para mascarar sabor ou odor 
desagradável da droga ou finalidades estéticas (aparência do com-
primido). 0 revestimento pode ser de vários tipos, incluindo o re-
vestimento com açúcar, o film coating, revestimento entérico. 
Ex.: Revestimento com açúcar: glicose líquida e açúcar; Film coa-
r/ng: hidroxietilcetulose, hidroxipropilcelutose, hidroxipropit metil-
celulose, metilcelulose (metocei) e etilcelulose (etocel); Revesti-
mento entérico: acetoftalato de celulose, shellac e copolímero de 
ácido metacrílico/metacrilato de metila (Eudragit® L 100). 
7.4.32. Excipiente para Compressão Direta de Comprimidos: 
Utilizados para compressão direta em formutações de com-
primidos. 
Ex.: Fosfato de cálcio dibásico (Ditab®). 
7.4.33. Desintegrante de Comprimidos: 
Utilizado em forma sótida para promover a ruptura da massa 
sólida que contêm no seu interior particulas menores as quais são 
245 
Capitulo 5 - Manipulação 
rapidamente dispersadas ou dissolvidas. 
Ex.: ácido algínico, celulose microcristalina (Avicel®), alginato sódi-
co, amido, glicolato sódico de amido e carboximetilcelulose cálcica. 
7.4.34. Agente Opacificante: 
Usado para tornar o revestimento de comprimidos opacos. 
Pode ser utilizado sozinho ou em combinação com um corante. 
Ex.: dióxido de titânio. 
7.4.35. Agente de Polimento: 
Usado para tornar atrativo (dar brilho) os comprimidos reves-
tidos. 
Ex.: cera de carnaúba e cera branca. 
7.4.36. Agentes de Levigação 
A. Levigação 
É o processo de redução do tamanho de partículas sólidas por 
trituração em um gral ou espatulação, utilizando uma pequena 
quantidade de um líquido ou de uma base fundida na qual o sólido 
não é solúvel. 
246 
Capitulo 5 - Manipulação 
Tabela 25. Agentes de Levigação 
Agente 
levigante 
Oleo mineral 
(vaselina 
líquida) 
Glicerina 
Propilenogli-
col 
PEG 400 
Densidade 
0,88 
1,26 
1,04 
1,13 
Miscibilidade 
miscível em óleos 
fixos (exceto óleo de 
rícino) 
imiscível com água, 
álcool, glicerina, 
propilenoglicol, PEG 
400 e óleo de rícino 
miscível com água, 
álcool, propilenogli-
col e PEG 400 
imiscível com óleo 
mineral e óleos fixos 
miscível com água, 
álcool, glicerina e 
PEG 400 
imiscível com óleo 
mineral e óleos fixos 
miscível em água, 
álcool, glicerina e 
propilenoglicol 
imiscível com óleo 
mineral e óleos fixos 
Usos 
bases oleo-
sas 
base de ab-
sorção 
emulsões 
água/óleo 
emulsões 
bases 
óleo /água 
bases solú-
veis em água 
e ictiol 
emulsões 
base 
óleo/água 
bases solú-
veis 
em água 
emulsões 
base 
óleo/água 
bases 
solúveis 
em água 
247 
Capítulo 5 - Manipulação 
Continuaqão Tabeia 25 
Agente 
levigante 
Oleo de 
algodão 
Óleo de ríci-
no 
Polisorbato 
80 
(Tween 80) 
Densidade 
0,92 
0,96 
1,06 a 1,09 
Miscibilidade 
miscivel com óleo 
mineral e outros ó-
leos fixos incluindo o 
óleo de rícino 
imiscível com água, 
álcool, glicerina, 
propilenoglicol e PEG 
400 
miscível com áicool e 
outros óleos fixos. 
Imiscível com água, 
glicerina, propileno-
glicol, PEG 400 e óleo 
mineral 
miscível com água, 
álcool, glicerina, 
propilenoglicol, PEG 
400, óleo mineral e 
óleos fixos. 
Usos 
o óleo de al-
godão ou al-
gum outro 
óleo vegetal 
pode ser usa-
do como subs-
tituto para o 
óleo mineral 
quando um 
óleo vegetal é 
preferido ou 
quando o só-
lido pode ser 
incorporado 
mais facil-
mente nestes 
óleos. 
ictiol ou bál-
samo do Peru, 
mesmos usos 
descritos para 
o óleo de al-
godão. 
Coaltar 
Circunstâncias 
em que um 
surfactante é 
desejado, 
pode ser 
incompatível 
com algumas 
emulsões á-
gua / óleo 
Capitulo 5 - Manipulação 
7.5. Antioxidantes 
7.5.1. Antioxidantes para Sistemas Aquosos: 
A. Ácido Ascórbico: Pó cristalino branco ou ligeiramente amarela-
do. Inodoro. Escurece gradualmente quando exposto à luz. Razoa-
velmente estável no estado seco, mas oxida em solução. 
Solubilidade: 1g/3ml de água, 1g/30ml de álcool. 
Concentração antioxidante efetiva: 0,05 a 3,0% 
B. Bissulfito de Sódio (NaHS03): Pó ou cristais brancos ou branco 
amarelados. Com odor característico de dióxido sulfúrico. Sabor 
desagradável. Instável no ar, perdendo S02 e gradualmente oxidan-
do para sulfato. 
Solubilidade: 1g/4ml de água, 1g/70ml de álcool 
Concentrações efetivas: 0,1% 
C. Metabissulfito de sódio (Na?S?05): Pó branco ou cristais incolores 
com um odor sulfuroso. Sabor ácido e salino. Oxida lentamente a 
sulfato quando exposto ao ar e à umidade. 
Concentrações efetivas: 0,02 a 1,0% 
Nota: Os sulfitos sõo conhecidos por causar alergia. 
D. Tiossulfato de Sódio (NayS^Oj.SHgO): Pó cristalino ou cristais inco-
lores grandes. É eflorescente no ar seco em temperaturas acima de 
33°C e levemente deliquescente em ar úmido. Soluções aquosas são 
neutras ou levemente alcalinas. 
Solubilidade: 1g/0,5ml de água, insolúvel em álcool. 
Concentração efetiva: 0,05% 
7.5.2. Antioxidantes para Sistemas Oleosos: 
A. Ascorbil Palmitato: Pó branco ou branco-amarelado com odor 
característico. 
Solubilidade:Muito levemente solúvel em água e em óleos vegetais; 
solúvel em álcool. 
Concentração efetiva: 0,01 a 0,2% 
249 
Capitulo 5 - Manipulação 
B. Butilhidroxianisol (BHA): Cera sólida branca ou branca amarela-
da. Com fraco odor. 
Solubilidade: Insolúvel em água; facilmente solúvel em álcool e pro-
pilenoglicol. 
Concentrações efetivas: 0,005 a 0,01% 
C. Butilhidroxitolueno(BHT): Sólido cristalino branco com um fraco 
odor. 
Solubilidade: Insolúvel em água e em propilenoglicol e facilmente 
solúvel em álcool. 
Concentração efetiva: 0,03 a 0,1% 
D. Propil Galato: Pó cristalino branco, com odor muito leve. 
Solubilidade: Levemente solúvel em água; levemente solúvel em 
álcool. 
Concentração efetiva: 0,005 a 0,15%. 
E. Alfa-Tocoferol (VIT.E): Óleo viscoso, claro, amarelo ou amarelo 
esverdeado. Praticamente inodoro. Instável à luz e ao ar. 
Solubilidade: Insolúvel em água, solúvel em álcool, miscivel com 
acetona e óleos vegetais. 
Concentração efetiva: 0,05 a 2% 
7.5.3. Sistemas Antioxidantes para algumas formulações 
Hidroquinona 
Hidroquinona 
associada ao 
Ácido Glicólico 
Acido Retinóico 
Nitrato de miconazol 
Cetoconazol creme 
Sulfadiazina de prata 
Resorcina 
Oleos fixos 
BHT/ metabissulfito de sódio (10% da 
quantidade de hidroquinona) ou bissul-
fito de sódio 
EDTA/metabissulfito de sódio ou bissul-
fito de sódio 
vitamina C + EDTA Na2 
BHT 
BHA 
EDTA/metabissulfito de sódio 
BHT 
Metabissulfito de sódio ou bissulfito de 
sódio 
BHT ou BHA 
250 
Capitulo 5 - Manipulação 
7.6. Agentes Quelantes 
7.6.1. EDTA-Disssódico: 
• Pó cristalino, branco. 
• Solubilidade: Solúvel em água. 
• Concentracão efetiva: 0,1% 
7.7. Agentes Acidificantes, Alcalinizantes e Tampões: 
7.7.1. Agentes utilizados para ajustar pH ou para tamponar 
• Ácido acético glacial 
• Ácido bórico 
• Ácido citrico 
• Ácido clorídrico 
• Ácido clorídrico diluído 
• Ácido láctico 
• Acetato de sódio 
• Bicarbonato de sódio 
• Carbonato de sódio 
• Citrato de sódio e potássio 
• Hidróxido de sódio e potássio 
• Fosfato sódico dibásico 
• Fosfato de potássio 
• Fosfato monobásico de sódio 
• Trietanolamina 
7.8. pH e Tampões 
7.8.1. pH 
Entende-se por pH a concentração de ions hidrogênio (H*) e-
xistentes num meio. Dependendo da quantidade de hidrogênio em 
relação a hidroxila (OH) têm-se um produto ácido, básico ou neu-
tro. 
A. Ácido: Prevalece no meio o íon hidrogênio (H*) pH ácido, valores 
inferior a 7. Ex.: gel com ácido glicólico. 
251 
Capitulo 5 - Manipulação 
B. Básico: Prevalece no meio o íon hidroxila (OH ) pH básico, valores 
superiores a 7. Ex.: Alisante de cabelo. 
C. Neutro: As quantidades de íons hidroxila e hidrogênio são iguais, 
pH neutro, valores iguais a 7. 
7.8.2. Acerto do pH nas Formulações Magistrais 
É necessário na prática diária em farmácia magistral, acertar 
o pH de formulações o que significa elevar, abaixar ou neutralizar o 
pH de um produto de acordo com as necessidades da formulação. 
Para abaixar o pH do meio deve-se proceder a neutralização 
de parte da hidroxila até o valor desejado, para isto, utiliza-se áci-
do. 
Para aumentar o pH do meio deve-se proceder à neutraliza-
ção de parte do "hidrogênio" até o valor desejado, para isto, utili-
za-se uma base. 
Tabela 26: pH em várias regiões do Corpo Humano 
Tornozelos 
Pés 
Coxas 
Seios 
Cabelo 
Rosto 
Vagina 
Costas 
5.9 
7.2 
6.1 
6.2 
4.1 
7.0 
3.5 a 4.5 
4.8 
Axilas 
Tronco 
Pregas mamas 
Perna e tornozelo 
Pregas interdigitais 
Saco conjuntival 
Mãos 
Nádegas 
6.5 
4.7 
6.0 
4.5 
7.0 
7.3 a 8.0 
4.5 
6.4 
7.8.3. Tampões 
Muitas vezes existe a necessidade de manter o pH de uma 
formulação em valores inalteráveis durante o período de armaze-
namento, não apenas satisfazendo um simples ajuste do mesmo a 
um valor desejado. Nestes casos, usa-se acrescentar uma solução 
tampào que tem um valor de pH definido e que consiste numa mis-
tura de um ácido fraco com o seu sal. 
Os valores de pH do tampão são alterados, a medida em que 
variam as quantidades de ácido e base na solução. 
A quantidade adicionada numa preparação farmacêutica, 
252 
Capitulo 5 - Manipulação 
pode ir de 1% até o uso do tampão puro. 
Quando o tampão a ser acrescentado tiver um valor de pH 
muito distante do valor em que se encontra a preparação farmacêu-
tica, o melhor a fazer é acertar o pH e depois acrescentar o tam-
pão. Se o valor do pH da preparação estiver próximo ao do tampão 
que será acrescido, basta acrescentar quantidade suficiente do tam-
pão. 
Tabela 27: Tampão Citrato 
PH 
2,5 
3,0 
4,0 
4,5 
5,0 
6,0 
6,5 
Acido cítrico 
monohidratado g/l 
64,4 
57,4 
40,6 
30,8 
19,6 
4,2 
1,8 
Citrato de sódio 
dihidratado g/i 
7,8 
17,6 
41,2 
54,9 
70,6 
92,1 
95,6 
Tabela 28: Tampão Fosfato 
PH 
4,5 
5,0 
5,5 
6,0 
6,5 
7,0 
8,0 
8,5 
Fosfato de Sódio 
Dibásico g/1 
Na2HP04 
0,9 
2,2 
4,4 
17,8 
37,4 
57,8 
83,7 
87,2 
Fosfato ácido de sódio 
g/l 
NaH2P04 
45,5 
44,8 
43,7 
36,8 
26,7 
7,4 
2,8 
0,9 
253 
Capítulo 5 - Manipulação 
7.8.4. Importância do ajuste de pH 
Influência na dissolução de substância medicamentosa na 
concentração pretendida. 
Importante na manutenção da estabilidade, tanto química 
como farmacodinâmica de preparações farmacêuticas. 
Redução e prevenção do desencadeamento de fenômenos ir-
ritativos provocados por certos fármacos (preparações tópicas) 
Garantia da obtenção de um efeito terapêutico adequado. 
254 
Capítulo 5 - Manipulação 
8. Conservantes empregados em Preparações Orais Lí-
quidas 
Tabela 29: Conservantes em Preparações Orais Líquidas 
Conservante 
Álcool etílico 
Acido ben-
zóico e seus 
sais (benzoa-
to de sódio) 
Ácido sórbico 
Sorbato de 
Potássio 
Metilparabe-
no (Nipa-
gin®) 
Propilpara-
beno (Nipa-
zol®) 
Concentração 
usual 
15 a20% 
0,1 a0,2% 
0,05 a0,2% 
0,1 a 0,2% 
0,015 a 0,2% 
0,01 a0,2% 
Espetro 
antimicro-
biano 
Bactérias e 
fungos 
Bactérias 
Gram positi-
vas, bolores 
e leveduras 
Bolores e 
leveduras 
Fungos e 
bactérias 
Bactérias 
Gram positi-
vas, bolores 
e leveduras 
Idem ao 
metil para-
beno 
PH 
estabi-
lidade 
Acido 
2,0 a 
5,0 
2,5 a 
6,0 
2,5 a 
6,0 
3,0 a 
9,5 
Idem 
ao 
metil 
para-
bono 
Solubilidade 
Miscível com 
água, 
acetona e 
glicerina 
Agua, etanol 
Agua, 
etanol, 
propileno-
glicol, 
glicerina, 
óleos 
Agua, eta-
nol, propile-
noglicol 
Etanot, 
propileno-
glicol, gli-
cerina, 
água tépida 
Idem ao 
metilpara-
beno 
Incompati-
bilidade 
Agentes 
não iônicos, 
gomas, 
cloretos e 
permanga-
nato 
Caolim, 
proteínas, 
glicerina, 
tensoativos 
não iònicos 
(Tween 80), 
compostos 
quaterná-
rios e geta-
tina 
Tensoativos 
não iônicos 
(Tween80) 
Tensioati-
vos não 
iônicos 
Tensioati-
vos não 
iônicos 
(tween 80), 
metilcelu-
lose, geta-
tina e pro-
teínas, sais 
de ferro e 
álcatis. 
Idem ao 
metilpara-
beno 
Fo/ite: Adaptado de Castro e Handbook of Pharmaceutical Excipients 
255 
Capitulo 5 - Manipulação 
8 .1 . Prinicipais Conservantes para Produtos de Uso Ex-
terno 
Tabela 30: Conservantes para produtos de uso externo 
Denominação 
quimica 
Ácido sórbico 
2-bromo-2-
nitropropano-
1,3 diol 
Bisguanida 
catiônica 
Imidazolidinil 
uréia 
Metilparabeno 
Propilparabeno 
Denomi-
nação 
comercial 
Acido 
sórbico 
Bronopol 
Clorexidi-
na 
Germall 
115 
Nipagin 
Nipazol 
Espectro de 
ação 
Fungos, leve-
duras, pouca 
atividade 
microbiana 
Gram +, 
Gram - (mais 
ativo) 
Fungos 
(menos ativo) 
Gram+, 
Gram-
Pseudomonas 
(menos ativo) 
Fungos (me-
nos ativo) 
Gram+ 
Gram-
Fungos e 
Leveduras 
Fungos e 
leveduras 
pHde 
estabili-
dade 
2,5 a 6,0 
5 a 7 
5 a 8 
3 a 9.0 
3 a 9,5 
3 a 9,5 
Incompati-
bilidades 
Tween 80 
Cisteina, 
tioglicola-
to, tiosul-
fato e 
metabissul-
fito 
Tensioati-
vos aniôni-
cos, algina-
tos de 
sódio, pode 
ser parci-
almente 
inativado 
por lecitina 
e tween 80 
Avobenzo-
na 
Gelatina, 
proteína, 
metilcelu-
lose, 
Tween 80 
Gelatina, 
proteina, 
metilcelu-
lose, 
Tween 80 
Concen-
tração 
Usual0,05 a 
0,2% 
0,01 a 
0,1% 
0,01% 
0,03 a 
0,5% 
0,02 a 
0,3% 
0,01 a 
0,6% 
256 
Capitulo 5 - Manipulação 
9. Corantes para Preparações de uso Interno 
Os corantes a serem adicionados em produtos farmacêuticos 
de uso sistêmico devem ser atóxicos e inativos farmacologicamente. 
Eles não devem ser empregados para mascarar produtos de baixa 
qualidade. Só deve ser utilizado corantes certificados para adminis-
tração em alimentos, drogas e cosméticos (FD&C - Food, Drug and 
Cosmetics administration). 
Tabela 31: Estabilidade de corantes certificados FD&C para vários 
fatores os quais podem influenciar suas colorações em prepara-
ções farmacêuticas: 
Corantes FD&C 
(hidrossolúveis) 
FDC azul #1 
(azul brilhante) 
FOC azul #3 
(indigo carmim) 
FDC verde #3 
FDC vermelho #3 
(eritrosina) 
FDC vermelho #4 
(Ponceau SX) 
FDC amarelo #5 " 
(tartrazina) 
FDC amarelo ;;6 
FDC vermelho #40 
Acido 
moderada 
Boa 
Boa 
Pobre 
Pobre 
Boa 
Boa 
Boa 
Alcali 
Moderada 
Moderada 
Pobre 
Boa 
Boa 
Boa 
Boa 
Boa 
Luz 
Boa 
Pobre 
Boa 
Razoável 
Razoável 
Boa 
Boa 
Boa 
Agentes 
redutores 
Boa 
Moderada 
Boa 
Moderada 
Moderada 
Pobre 
Pobre 
Pobre 
Agentes 
oxidantes 
Pobre 
Pobre 
Pobre 
Razoável 
Razoável 
Razoável 
Razoável 
Moderada 
Valor 
pH* 
4.9 a 
5,6 
8,5 
4,2a 
5,8 
7.7 
6,4 
6,8 
6,6 
7,3 
'valor de pH de uma solução a 1% do corante. 
" 0 amarelo de tartrazina está retacionado com manifestações do tipo alérgicas em pessoas 
sensiveis (incluindo pacientes com bronquite asmática). Apresenta reacão cruzada em paci-
entes sensíveis ao ácido acetilsalicílico. 
Fonte: KINC R. E. 
9.1. Corantes naturais: 
Amarelo: curcuma e vitamina B2. 
Vermelho: carmim, colchonilha. 
Verde: clorofila. 
Alaranjado: betacaroteno. 
257 
Capítulo 5 - Manipulação 
9 .2 . Diluição de Corantes 
9 . 2 . 1 . Solução Base para Diluição de Corantes 
Corante 0,1 a 10% (concentração variável) 
Propilenoglicol 3,0% 
Metilparabeno 0,15% 
Propilparabeno 0,05% 
Álcool etílico 10,0% 
Água desmineralizada qsp 100,0 ml 
A quantidade de corante utilizada em uma formulação oral pode 
variar de 0,0005 a 0,005% de corante. 
Nota: Os corantes, se necessário, podem ser diiuídos exclusivamente em álcool. 
9.3. Corantes e Pigmentos de uso externo 
9.3.1. Conceito: 
São substâncias que desenvolvem seu poder tintorial dissol-
vidas no meio em que são utilizadas. 
9.3.2. Alguns Corantes Permitidos para Uso Externo 
Tabela 32: Corantes para uso Externo 
Color Index 
10006 
11920 
75470 
13015 
15510 
15800 
42051 
42080 
42520 
61565 
72260 
Cor 
Verde 
Laranja 
Vermelho 
Amarelo 
Laranja 
Vermelho 
Azul 
Azul 
Violeta 
Verde 
Verde 
Campo de Aplicação* 
4 
1 
1 
1 
2 
3 
1 
4 
4 
1 
3 
* Campo de aplicacão 
1 - corantes permitidos para todos os tipos de pele 
2 - corantes permitidos para todos os tipos de produtos "exceto" 
258 
Capitulo 5 - Manipulação 
àqueles que são aplicados na área dos olhos 
3 - Corantes permitidos exclusivamente em produtos que não en-
tram em contato com mucosas. 
4 - corantes permitidos em produtos que tenham breve tempo de 
contato com a pele e o cabelo 
9.3.3. Pigmentos: 
São substâncias insolúveis que desenvolvem seu poder tinto-
rial quando dispersas no meio em que são utilizadas. 
Nota: "Antes de utilizar um corante em uma formulaçõo, observar a lista permitida de co-
rontes e sua aplicação (para uso externo ou uso interno)." 
10. Essências 
10.1. Concentrações Tradicionais de Uso 
Antiperspirante 0,5 a 1% 
Sabonete comum 1,0 a 1,5% 
Sabonete transparente 1,5 a 3,0% 
Sabonete líquido 1,0 a 1,5% 
Talco 0,5 a 1,0% 
Espuma de banho 1,0 a 3,0% 
Creme de barbear 1% 
Baton 0,5a 1% 
Shampoo 0,2 a 0,5% 
Cremes 0,2 a 0,5% 
Loções 0,2 a 0,5% 
Condicionadores 0,2 a 0,5% 
Bronzeadores 0,2 a 0,5% 
259 
Capítulo 5 - Manipulação 
11. Solventes mais utilizados em Farmacotécnica 
de Preparações Orais 
0 conhecimento dos principais solventes utilizados na farma-
cotécnica é importante, pois sua utilização na pré-solubilização dos 
princípios ativos é fundamental para garantir a homogeneização e a 
aparência final da formulação. 
11.1 . Água 
A água é o solvente mais utilizado na farmacotécnica, fazen-
do parte da composição de várias preparações. A água deve satisfa-
zer as exigências legais em relação às suas caracteristicas físicas, 
químicas e microbiológicas (Portaria 36 - Ministério da Saúde). 
A água potável é utilizada como matéria-prima para obten-
ção de água purificada. A água potável deverá apresentar as seguin-
tes especificações conforme a Portaria 36 do Ministério da Saúde. 
Tabela 33: Parâmetros para Água Potável 
(conforme Portaria 36 do Ministério da Saúde) 
Parâmetro 
Sabor / odor 
Cor aparente (mg Pt/L e UH) 
Turbidez (UT) 
Cloretos (mg C17L) 
Nitratos (mg N/L) 
Ferro solúvel (mg Fe/L) 
Manganês (mg Mn/L) 
Sólidos dissoluídos (mg/L) 
Dureza (mg CaC03/L) 
Sulfatos (mg S04 "7L) 
Cloro residual (mg Cl2/L) 
Coliformes Totais (UFC/100mL) 
Coliformes Fecais (UFC/100mL) 
Bactérias heterotróficas 
Portaria 36 Ministério da Saúde 
Não objetável 
5 
1 
250 
10 
0,3 
0,1 
1000 
500 
400 
>0,2 
Ausência 
Ausência 
<a 100UFC/ml 
A água purificada é obtida por diferentes processos, tais co-
mo, a destilação, a deionização (troca iônica) ou a osmose reversa. 
Pode ser empregada na preparação de formas farmacêuticas não 
estéreis, para preparações estéreis deve ser empregada a água puri-
ficada estéril. 
260 
Capítulo 5 - Manipulação 
11.1.1. Processos de Purificação da Água Potável 
(para emprego em Preparações Farmacêuticas) 
A. Água Destüada: é a água que passou por um processo de destila-
ção, envolvendo mudanças do estado físico da água; do estado lí-
quido para vapor e após deste, a condensação para o estado líquido 
novamente. 0 equipamento utilizado é o destilador. 0 método é 
eficiente na remoção de contaminantes biológicos (microorganis-
mos), porém não há remoção de íons sólidos dissolvidos. 
B. Água Deionizada: água obtida através de resinas iônicas, são reti-
rados os íons, mas não é eliminada a matéria orgânica. Quando 
comparada à qualidade microbiológica entre a água deionizada e a 
destilada, verifica-se que a água destilada possui uma qualidade 
melhor. Sabe-se que a água deionizada se contamina facilmente 
após o seu preparo, não devendo ser armazenada. 0 equipamento 
utitizado para obtenção da água deionizada é o deionizador, com-
posto por resinas catiônicas e aniônicas. Os deionizadores que em-
pregam as resinas catiônicas e aniônicas em cartuchos separados 
podem ser regenerados. Neste caso, as resinas catiônicas podem ser 
regeneradas com ácido clorídrico ou sulfúrico (2 a 4%). As resinas 
aniônicas são regeneradas com a solucão de hidróxido de sódio de 2 
a 10%. 
A eficiência do processo é avaliada pela capacidade de reti-
rar ions da água, envidenciada através da medida da condutividade. 
Nota: A ásua purificada (destilada, deionizada ou purificada por osmose-reversa) para fins 
farmacêuticos, deve apresentar contasem de microorsanismos aeróbicos totais < 100 
UFC/mL A condutividade recomendada para uma cjgua purificada è que seja < 1,3 nS/cm a 
25°C. 
C. Água purificada por osmose reversa: água de alta pureza química 
e microbiológica. A água é pressionada para passar por uma mem-
brana semi-permeável 0 processo remove com eficiência, material 
particulado, microorganismos, materiais orgânicos, material inorgâ-
nico dissolvido e material insolúvel. 
D. Água purificada estéril: é a água purificada esterilizada, confor-
me sua aplicação deve atender a determinadas especificações far-
macopeicas: água purificada estéril, água estéril para injeção, água 
estéril para inalação e água estéril para irrigação. 
2 6 1 
Capítulo 5 - Manipulação 
11.2. Álcool Etílico (etanol) 
Segundo solvente mais utilizado, diminui a possibilidade de 
hidrólise, tem conservação indefinida e pode ser misturado com 
água. É usado em soluções hidroalcoólicas extrativas de princípios 
ativos (de 45 a 90%), em soluçõesanti-sépticas (ex.: álcool iodado) 
e em soluções desinfetantes (70%). Constitui um bom solvente para 
essências, alcalóides e glicosídeos, sendo porém, fraco para gomas 
e proteínas. Soluções tópicas de etanol são usadas como facilitado-
ras da penetração cutânea. 
uso 
Preservativo antimicrobiano 
Desinfetante 
Solvente extrativo em produtos galê-
nicos 
Solvente em preparações líquidas de 
uso oral 
Solvente em soluções injetáveis 
Solvente em produtos tópicos 
Sotvente em film coating 
CONCENTRAÇAO USUAL % 
> 10 
60 a 90 
Até 85 
variável 
variável 
60 a 90 
variável 
Incompatibilidades: 
Em condições ácidas, soluções etanólicas podem reagir vio-
lentamente com substâncias oxidantes. 
Misturas com álcalis (bases) podem escurecer, devido a rea-
ções com quantidades residuais de aldeidos. 
Substâncias orgânicas e gomas podem precípitar. 
11 .3 . Glicerina 
A glicerina é utilizada em uma grande variedade de formula-
ções farmacêuticas, incluindo as preparações de uso oral, ótico (au-
ricular), oftálmico, tópico e parenteral. É também utilizada em 
cosméticos. 
Em formulações tópicas e cosméticas, a glicerina é utilizada 
por suas propriedades umectantes e emolientes. Em formulações 
parenterais (injetáveis) é principalmente utilizada como solvente. 
Em formulações de uso oral a glicerina é utilizada como agente e-
262 
Capítulo 5 - Manipulação 
dulcorante, antimicrobiano e doador de viscosidade. 
uso 
Conservante (antimicrobiano) 
Emoliente 
Umectante 
Formulações oftálmicas 
Solvente para preparações 
parenterais 
Agente edulcorante em preparações 
orais 
CONCENTRAÇAO USUAL % 
>20 
Até máx. 30 
Até máx. 30 
0,5 a 3,0 
Até máx. 50 
Até max. 20 
Incompatibilidades: 
A glicerina pode explodir se misturada com agentes oxidan-
tes fortes, tais como, o trióxido de cromo, clorato de potássio ou 
permanganato de potássio. 
Pode ocorrer escurecimento na presença de luz, contato com 
óxido de zinco ou nitrato básico de bismuto. 
Contaminantes de ferro na glicerina são responsáveis pelo 
escurecimento de misturas contendo fenóis, salicilatos e taninos. 
11.4. Propilenoglicol 
0 propilenoglicol tem sido amplamente utilizado como sol-
vente, extrator e conservante em uma grande variedade de formu-
lações farmacêuticas de uso parenteral ou não-parenteral. Ele é 
melhor solvente que a glicerina e dissolvem uma variedade de subs-
tâncias, tais como, corticóides, fenóis, derivados de sulfa, barbitu-
ratos, vitamina A e D, a maioria dos alcalóides e vários anestésicos 
locais. É utilizado como doador de viscosidade e para aumentar o 
tempo de permanência da droga na superfície cutânea. 
Apresenta ação antisséptica similar ao etanol, porém um 
pouco menos efetiva. O propilenoglicol é também utilizado em cos-
méticos como umectante, como veiculo de emulsificantes e flavori-
zantes. 
263 
Capitulo 5 - Manipulação 
uso 
Umectante 
Conservante 
Solvente ou co-
solvente 
FORMA 
FARMACEUTICA 
tópica 
soluções, semi-sólidos 
aerosol 
soluções orais 
parenterais 
tópicos 
CONCENTRAÇAO 
USUAL % 
= 15 
15 a 30 
10 a 30 
10 a 25 
10 a 60 
5 a 80 
Incompatibilidades: 
O propilenoglicol é incompatível com reagentes oxidantes, 
tais como o permanganato de potássio. 
11.5. Polietilenoglicol 400 (CARBOWAX 400)®: 
Os polietilenoglicóis são amplamente utilizados em uma vari-
edade de formulações farmacêuticas, incluindo: parenterais, tópi-
cas, oftálmicas, orais e retais. Os polietilenoglicóis são estáveis, de 
característica hidrofílica e essencialmente náo irritantes à pele. 
Embora eles não penetrem rapidamente na pele, os polietilenogli-
cóis são solúveis em água e, como tais, são removidos facilmente da 
pele com lavagem. 
Em soluções aquosas pode ser usado como agente suspensor 
ou para ajustar a viscosidade e a consistência de suspensões. Quan-
do utilizado em conjunto com outros emulsificantes, pode atuar 
como estabilizantes de emulsões. 
Os polietilenoglicóis podem ser usados para aumentar a solu-
bilidade ou a dissolução em água de substâncias pouco solúveis. 
Incompatibilidades: 
Pode ser incompatível com alguns corantes. 
A atividade antibacteriana de certos antibióticos, particu-
larmente a penicilina e a bacitracina é reduzida em bases com poli-
etilenoglicóis. 
A eficácia conservante dos parabenos pode ser reduzida a-
través de ligações com polietilenoglicóis. 
Descolorações de ditranol (antralina) e sulfonamidas podem 
ocorrer e o sorbitol pode precipitar de misturas. 
264 
Capitulo 5 - Manipulação 
11.6. Éter Sulfúrico 
0 éter sulfúrico é um líquido limpido, incolor, de cheiro ca-
racterístico, inflamável, muito volátil, produzindo na pele conside-
rável resfriamento. É solúvel com o álcool, óleos e essências; dissol-
vegorduras, resinas, enxofre, etc. 
É utilizado em soluções extrativas de drogas vegetais e ani-
mais. 
[ncompatibilidades: 
Ácido sulfúrico: formação lenta de ácido sulfovínico ou sulfa-
tode óxido de etila, com novas propriedades. 
Ácido crômico, permanganatos solúveis: forte oxidação po-
dendo resultar em mistura explosiva. 
Sais em geral: os sais em geral são insolúveis no éter. 
Água e líquidos aquosos: não se misturam com o éter senão 
em minima proporção. 
Oxidantes em geral: as substâncias oxidantes em geral rea-
gem com o éter sulfúrico, transformando-o em peróxidos de etila e 
de hidrogênio, embora o façam lentamente. 
Giicerina: não miscível (incompatibilidade física). 
Albumina e gelatina: são insolúveis no éter (incompatibilida-
defísica). 
Álcalis e carbonatos alcalinos: insolúveis neste veículo. 
11.7. Óleo Mineral (Vaselina Liquida): 
0 óleo mineral é utilizado principalmente como excipiente 
em formulações tópicas, onde exerce ação emoliente. É utilizado 
também como solvente. 
uso 
Pomadas oftálmicas 
Preparações óticas 
Emulsões tópicas 
Loções tópicas 
Pomadas tópicas 
CONCENTRAÇÃO USUAL % 
3,0 a 60,0 
0,5 a 3,0 
1,0 a 32,0 
1,0 a 20,0 
0,1 a95,0 
265 
Capitulo 5 - Manipulação 
Incompatibilidades: 
Incompatível com agentes oxidantes fortes. 
11.8. Óleos Vegetais: 
Têm grande aplicação em preparações injetáveis oleosas, co-
lírios oleosos (ex.: colírio com miconazol, progesterona em óleo de 
amendoim) e como solventes. 
11.9. Dimetilsulfóxido (DMSO): 
0 DMSO passa rapidamente pelo estrato córneo da pele, de-
vido a esta propriedade, tem sido utilizado em preparações comer-
ciais como otimizador de penetração cutânea. É empregado com 
esta finalidade em uma variedade de produtos contendo água, co-
rantes, barbituratos, antifúngicos (griseofulvina, ftuconazol, etc), 
fenilbutazona, minoxidil, ácido salicílico, anestésicos locais, antibi-
óticos, quaternários de amônio, etc. 
11.10. Acetona (2-propanona): 
É utilizado com solvente e adjuvante farmacêutico. A aceto-
na é miscível com água, álcool, clorofórmio, éter, a maioria das 
substàncias voláteis e óleos fixos. A acetona é utilizada como sol-
vente na farmacotécnica (exemplo: micronização do peróxido de 
benzoíla) e desengordurante em soluções nas concentrações de 2 a 
50%. A Acetona é inflamável. A inalação excessiva pode causar cefa-
léia, irritação brônquica e outros sintomas, tais como, a narcose. 0 
uso tópico pode produzir ressecamento da pele. 
266 
Capítulo 5 - Manipulação 
Manipulação de Formas Farmacêuticas Üquidas e 
Semi-sólidas 
12. Soluções (definição): 
Soluções são preparações líquidas que contêm uma ou mais 
"substâncias quimicas dissolvidas", ou seja, molecularmente disper-
sada em um solvente adequado ou em uma mistura miscível de sol-
ventes. USP 23 
12.1. Soluções Orais 
São soluções para a administração oral. 
12.1.1. Características: 
Podem conter um ou mais ingredientes ativos dissolvidos em 
água ou em um sistema água-cosolvente. 
Podem conter adjuvantes farmacotécnicos, para prover mai-
or estabilidade (ex.: antioxidante, tampões, agentes sequestrantes 
e conservantes), palatabilidade (ex.: edulcorante e aromatizantes) 
e viscosidade. 
12.1.2. Tipos de soluções orais: 
• Xaropes 
• Elixires 
• Linctus• Misturas (soluções orais + suspensões) 
• Gotas orais 
12.1.3. Vantagens das soluções orais: 
Os princípios ativos veiculados nesta forma são mais rapida-
mente absorvidos pelo trato gastrointestinal do que os mesmos 
quando veiculados em cápsulas ou comprimidos. 
São de mais fácil deglutição que é uma condição importante 
para pacientes pediátricos ou geriátricos ou ainda, para aqueles 
com condições crônicas, tais como, a doença de Parkinson, que difi-
culta a deglutição de formas farmacêuticas sólidas. 
Homogeneidade na dosificação, independente da agitação 
267 
Capitulo 5 - Manipulação 
quando comparada à forma de suspensão. 
Possibilidade de adição de co-solventes para princípios ativos 
pouco solúveis no veículo principal. 
12.1.4. Desvantagens das soluções orais: 
Para o paciente, as formas farmacêuticas líquidas são mais 
difíceis de transportar do que as formas sólidas. 
Apresentam menor estabilidade físico-química e microbioló-
gica, do que as formas sólidas (ex.: são mais vulneráveis a reações 
de hidrólise). 
A solubilização realça o sabor dos fármacos, portanto, para 
princípios ativos com sabor desagradável, esta forma farmacêutica 
pode ser inadequada. 
0 paciente, muitas vezes, não tem acesso a acurados siste-
mas de medida de volume uniforme, ou seja, o volume administrado 
de uma dose pode variar em relação à outra e em relação ao reco-
mendado. 0 sistema de medida caseira não é preciso, as colheres 
de um mesmo tipo podem possuir diferentes tamanhos. 
12.1.5. Considerações físico-químicas sobre solubilidade 
Para se obter uma solução farmacêutica, o fármaco deve so-
lubilizar-se completamente no veículo escolhido; para que isto ocor-
ra o fármaco deve ter comportamento semelhante ao do solvente. 
Deve-se pesquisar antes do preparo de uma solução, as característi-
cas físico-químicas dos fármacos e veículos a serem utilizados, veri-
ficando a solubilidade, a possibilidade de alterações com o decorrer 
do tempo, a necessidade de adjuvante, a necessidade de aqueci-
mento (muitas vezes temos que aquecer o solvente para acelerar ou 
possibilitar a solubilização do soluto), a faixa de pH de maior solubi-
lidade, o conhecimento do pKa* da droga e das suas características 
ácido-base (ex.: se é um ácido fraco ou base fraca). 
pka: é o pH no qual as formas ionizadas e não ionizadas de 
uma substância estão em proporção igual. 
0 estado de ionização da molécula é um fator determinante 
para a solubilização da mesma, uma vez que quanto maior for a 
fração molar da droga ionizada, maior será sua solubilidade em á-
gua. 
A relação das formas ionizadas e não ionizadas dependem do 
pH do meio e do pka do composto. 
0 grau de ionização de uma droga em uma solução pode ser 
268 
Capitulo 5 - Manipulação 
alculado à partir da Equação de Henderson-Hasselbach, caso o va-
or do pKa da droga e o pH do meio forem conhecidos. 
Equação de Henderson-Hasselbach 
pka = pH + log Çj 
Cu 
Onde: 
Cj = concentração de espécies ionizadas 
Cu= concentração de espécies não ionizadas 
As tabelas a seguir relacionam o efeito do pH e do pka na so-
lubilidade de drogas de caráter ácido fraco e drogas de caráter 
básico fraco: 
Tabela 33: Efeito do pH e pKa na solubilidade em água de drogas 
de caráter ácido fraco 
pH -pKa 
<-2.0 
-1 
0 
1 
>2.0 
Fração molar de droga 
ionizada 
<0.01 
0.09 
0.5 
0.91 
>0.99 
Solubilidade em água 
Insolúvel 
Insolúvel 
Solúvel, em baixas 
concentrações 
Solúvel, exceto em altas 
concentracões 
Solúvel 
Tabela 34: Efeito do pH e pKa na solubilidade em água de drogas 
de caráter base fraca 
pH -pKa 
< -2.0 
-1 
0 
1 
>2 
Fração molar de droga 
ionizada 
> 0.99 
0.91 
0.5 
0.09 
<0.01 
Solubilidade em água 
Solúvel 
Solúvel 
Solúvel, exceto em altas 
concentracões 
Soluvel, em baixas 
concentrações 
Insolúvel 
269 
Capitulo 5 - Manipulação 
Tabela 35: Tabela de pka's de algumas drogas 
Droga 
Ácido Ascórbico (vitamina C) 
Ácido Fumárico 
Ácido Gticólico 
Ácido Glutâmico 
Acido Láctico 
Acido Mandélico 
Ácido Nicotinico 
Ácido Salicílico 
Acetanilida 
Acetazolamida 
Acido acético 
Ácido acetilsalicílico 
Acido benzóico 
Acido cítrico 
Ácido dehidrocólico 
Ácido Nalidíxico 
Ácido Paraminobenzóico (PABA) 
Ácido Pirúvico 
Ácido tartárico 
Ácido tioglicólico 
Alopurinol 
Amantadina 
Amfotericina-B 
Amilorida 
Aminofilina 
Amitriptilina 
Amônia 
Amoxacilina 
Ampicilina 
Antipirina 
Atropina 
Bendroflumetiazida 
Benzocaína 
Bromazepam 
Cafeína 
pKa 
4,2 / 11,6 
3,0 (1 o ) /4 ,4 (2o) 
3,8 
4,3 
3,9 
3,8 / 3,4 
4,8 
3,0 / 13,4 (fenol) 
0,5 
8,8 / 7,2 
4,8 
3,5 
4,2 
3,1(1°) / 4 , 8 (2o) / 6,4(3°) 
5,0 
6,0 (amina) / 1,0 
2,4 (amina) / 4,9 
2,5 
3,0(1°), 4,3 (2°) 
3,6 
9,4 
10,8 
5,7 (carboxüa) / 10,0 (amina) 
8,7 
5,0 
9,4 
9,3 
2,4 (carboxila) / 7,4 (amina) 
/ 9,6 (fenol) 
2,7 / 7,3 (amina) 
2 , 2 / 1 , 4 
9,7 
8,5 
2,8 
11,0/ 2,9 
14,0 / 0,6 (amina) 
270 
Continuoção Tabela 35 
I Droga 
Carbachol 
Cefalexina 
Clindamicina 
Clofibrato 
Clonazepam 
Clonidina 
Cloral Hidratado 
Clordiazepóxido 
Clorfeniramina 
Cloroquina 
Clorpromamida 
Clorpromazina 
Clortaiidona 
Codeína 
Colchicina 
Cromoglicato sódico 
Dapsona 
Desipramina 
Dextrometorfano 
Dextrose 
Diazepam 
Diazóxido 
Difenidramina 
Dihidroergocristina 
Dipiridamol 
Doxepina 
Doxiciclina 
Efedrina 
Epinefrina 
Ergometrina 
Ergotamina 
Eritromicina 
Escopolamina 
Estolato de Eritromicina 
Estriol 
Fenacetina 
Fenformina 
Capitulo 5 - Manipulação 
pKa 
4,8 
3,6 / 5,25 
A5 
3,0 (ácido) 
10,5 / 1,5 
8 ^ 
1^0 
4J 
%2 
8,1 / 9,9 
5^0 
?^2 
9A 
TA 
LZ 
2^0 
1,3/2,5 
10^ 
8̂ 3 
12J 
3 ^ 
8^5 
9^0 
6^9 
M 
8.0 
3 , 4 / 7 , 7 / 9,3 
M 
8,7 (fenol) / 9,9 (amina) 
7^3 
6 ,3 /7 ,3 
M 
A6 
6̂ 9 
10^4 
2^2 
11,8 / 3,1 
271 
Capítulo 5 - Manipulação 
Continuaçào Tabela 35 
Droga 
Fenilbutazona 
Fenilefrina 
Fenilpropanolamina 
Fenitoína 
Fenobarbital 
Fenol 
Fenolftaleína 
Fentermina 
Fentolamina 
Flufenazina 
Flunitrazepam 
Fluorouracil 
Furosemida 
Gentamicina 
Glibenclamida 
Glicina 
Guanetidina 
Haloperidol 
Hexaclorofeno 
Hidantoina 
Hidralazina 
Hidroclorotiazida 
Hidrocortisona 
Hidroxizine 
Hioscinamina 
Homatropina 
Ibuprofeno 
Idoxuridina 
Imipramina 
Indometacina 
Isoniazida 
Isoxsuprina 
Leucovorin (ácido Folínico) 
Levodopa 
pKa 
4,4 
9,8 (amina) / 8,8 (fenol) 
9,4 
8,3 
7,5 
9,9 
9,7 
10,1 
7,7 
8,1 (1 o ) /9 ,9 (2°) 
1,8 
8,0 
4 , 7 / 3 , 9 
8,2 
6,5 
2,4 / 9,8(amina) 
11,9 
8,3 
5,7 
9,1 
0,5 (anel N) / 6,9 (hidrazina) 
7 ,0 / 9,2 
5,1 
1,8 / 2,1 / 7,1 
9,3 
9,7 
5,2 
8,3 
9,5 
4,5 
10,8 (piridina)/ 11,2 (hidrazi-
da) 
9,8 / 8,0 
3,1 / 4,8 / 10,4 (fenol) 
2,3 (carboxila) / 8,7 (amina) 
/ 9,7 (1°fenol) / 13,4 
(2°fenol) 
272 
Capítulo 5 - Manipulação 
Continuação Tabela 35 
Droga 
Levomepromazina 
Levotiroxina (T4) 
Lidocaína 
Liotironina (T3) 
L-metionina 
Lorazepam 
Medazepam 
Meperidina 
Mercaptopurina 
Metildopa 
Metilparabeno 
Metilprednisolona 21- fosfato 
Metoprolol 
Metotrexato 
Metronidazol 
Miconazol 
Minociclina 
Morfina 
Nafazolina 
Naproxeno 
Nicotinamida 
Nitrazepam 
Nitrofurantoína 
Nitrofurazona 
Nortriptilina 
Orfenadrina 
Oxazepam 
Oxifenilbutazona 
Oxitetraciclina 
Papaverina 
Penicilamina 
Penicilina G 
Penicilina V 
Pindolol 
Piperazina 
pKa 
9,2 
2,2 (COOH) / 6,7 (OH) / 10,1 
7,9 
8,4 (fenot) 
2 ,3 /9 ,2 
11,5 / 1,3 
6,2 / 4,4 
8,7 
7,8 
2,2 / 10,6 (amina) / 9,2 
(Tfenol) / 12,0 (2°fenol) 
8,4 
2,6 / 6,0 
9,7 
4 , 8 / 5 , 5 
2,6 
6,9 
2,8 / 5 , 0 / 7 , 8 / 9,5 
8,0 / 9,6 (fenol) 
3,9 / 10,1 
4,2 
0,5 / 3,4 
10,8/ 3,2 
7,2 
10,0 
9,7 
8,4 
1,8/ 11,1 
4,5 / 10,0(fenol) 
3,3 / 7,3 / 9 , 1 
5,9 
1,8 (carboxil) / 7,9 (amino) / 
10,5 (tiol) 
2,8 
2,7 
8,8 
5,7 
273 
Capítulo 5 - Manipulação 
Continuação Tabela 35 
Droga 
Piridoxina 
Pirimetamina 
Polimixina B 
Prazosina 
Prilocaína 
Procaína 
Procainamida 
Propilparabeno 
Propiltiouracil 
Propranolol 
Quinacrina 
Quinidina 
Quinino 
Reserpina 
Resorcinol 
Riboflavina 
SacarinaSalicilamida 
Sotalol 
Sulfacetamida 
Sulfadiazina 
Sulfaguanidina 
Sulfametoxazol 
Sulfassalazina 
Teofilina 
Tetracaína 
Tetraciclina 
Tiamina 
Tioridazina 
Tolbutamida 
Tranilcipromina 
Triamtereno 
Trifluoperazina 
pKa 
2,7 / 5,0 (amina) / 9,0 (fe-
nol) 
7,2 
8,9 
6,5 
7,9 
9,0 
9,2 
8,4 
7,8 
9,5 
8 ,0 / 10,2 
4 , 2 / 8 , 3 
4,2 / 8,8 
6,6 
6,2 
1,7/ 10,2 
1,6 
8,1 
9,8 (amina), 8,3 (sulfonami-
da) 
5 ,4 / 1,8 
6,5 / 2,0 
2,8 / 12,1 
5,6 
0,6 (amina) / 2,4 (carboxil) / 
9,7(sulfonamida) / 
11,8(fenol) 
8,8 / 0,7(amina) / 3,5 
8,5 
3,3 / 7 ,7 / 9,5 
4,8 / 9,0 
9,5 
5,3 
8,2 
6,2 
4,1 / 8,4 
274 
Capítulo 5 - Manipulação 
íonünuaqâo Tabela 35 
Droga 
Trimetoprim 
Trometamina 
Uréia 
Warfarina 
Xipamida 
pKa 
7,2 
8,1 
0,2 
5,1 
4,8 (fenol) / 10,0 (sulfonami-
da) 
12.1.6. pH ótimo para solubilidade de fármacos 
Seja os seguintes exemplos: 
A. Ácido Fólico: caráter ácido, pKa = 6,8 
Em meio ácido, por exemplo pH 4,0: pH 
(insolúvel) 
Em meio básico, por exemplo pH 8,5: pH 
(solúvel) 
1.1. Xarope com Ácido Fólico (mg/ml) 
Ácido fólico 10Omg 
NaOH0,1NqspH8a9 
ou 
Bicarbonato de sódio 1g 
Água destilada 65ml 
Sorbitol 70% 35ml 
Estabilidade: 30 dias (temperatura ambiente) 
B. Furosemida: caráter ácido, pKa = 3,9 
Em meio ácido, por exemplo pH 4,0: pH ■ pKa = 4,0 - 3,9 ■■ 
0,1(pouco solúvel) 
Em meio básico, por exemplo pH 8,5: pH - pKa = 8,5 - 3,9 = + 4,6 
(solúvel) 
pKa = 420 - 6,8 = -2,8 
- pKa = 8,5 - 6,8 = + 1,7 
275 
Capítulo 5 - Manipulação 
B.1. Solução de Furosemida 10mg/ml 
Furosemida 1,0g 
Etanol 10%v/v 
Glicerina 10% v/v 
NaOH 20% pH 8a9,5 
EDTA-Na2 0,1% p/v 
Sulfito de sódio 0,1% p/v 
Metilparabeno 0,005% p/v 
Propilparabeno 0,002% p/v 
Sorbitol70% qsp 100mL 
Estabilidade: 6 meses (temperatura ambiente) 
12.1.7. Dicas e Técnicas para Solubilização de Fármacos 
O uso do agitador magnético, do agitador de hélice e do ba-
nho de ultra-som pode economizar tempo na solubilização. A agita-
ção aumenta a velocidade de dissolução. 
Partículas pequenas de uma mesma substância dissolvem 
mais rapidamente do que as partículas maiores, portanto, triture e 
micronize a substância com líquido viscoso (ex.: propilenoglicol, 
glicerina, PEG 400) miscível com o veículo final, esse processo é 
denominado levigação. 
Quanto mais solúvel for a substância, mais rápida será a sua 
dissolução. 
Os sais (princípios ativos) devem ser dissolvidos em uma pe-
quena quantidade de um solvente (ex.: água) antes de serem adi-
cionados a um veículo viscoso (ex.: xarope). 
Quando trabalha-se com um líquido viscoso, a velocidade de 
dissolução é diminuída. Um aumento da temperatura geralmente 
induz a um aumento na solubilidade e na velocidade de dissolução 
de uma substância. A solubilidade de uma substância não-
eletrolítica pode ser aumentada ou diminuída pela adição de um 
eletrólito. 
Bases alcaloídicas (alcalóide) ou bases nitrogenadas de alto 
peso molecular são geralmente pouco solúveis, exceto se o pH do 
meio é diminuído, aumentando sua solubilidade (conversão para 
sal). 
A solubilidade de substâncias ácidas pouco solúveiVé aumen-
tada se o pH do meio é aumentado (conversão para um sal). Hidro-
colóides devem ser hidratados lentamente, antes da dissolução. 
276 
Capítulo 5 - Manipulação 
Quando se prepara um elixir ou uma solução hidroalcoólica é 
aconselhável dissolver os constituintes solúveis no álcool, antes de 
misturá-lo ao restante do veículo e os constituintes hidrossolúveis 
devem ser previamente solubilizados na água. 
A adição de PEG 400 a uma substância pouco solúvel, pode 
aumentar sua solubilidade em água. 0 PEG 400 apresenta caráter 
anfifílico, favorecendo a solubilização, em meio aquoso, de subs-
tâncias lipossolúveis. 
0 talco farmacêutico pode ser usado para remover o excesso 
ou gotículas de óleos flavorizantes de soluções. Deve-se adicionar 
de 1 a 2 g de talco para cada 100 ml de solução e em seguida filtrar. 
12.1.8. Procedimento Geral para o Preparo de uma Solução 
Material utilizado: 
• Cálice 
• Bastão 
• Papel manteiga 
• Balança de precisão 
Procedimento: 
Passo 1: Calcular a quantidade de princípio(s) ativo(s) (soluto). 
Passo 2: Pesar ou medir o(s) princípio(s) ativo(s). 
Passo 3: Escolher o solvente ou o sistema de solventes para solubili-
zar o(s) princípio(s) ativo(s). Para conhecer a solubilidade do fár-
maco, deve-se consultar literaturas especializadas tais como, far-
macopéias e certificados de análise enviados pelo fornecedor. 
Passo 4: Identificar a possibilidade de interação fármaco-fármaco e 
fármaco-solvente. 
Passo 5: Verificar a necessidade de adjuvantes, tais como, antioxi-
dantes, tampão, corretivos de sabor, co-solventes (ex. glicerina, 
PEG 400, álcool), etc. 
Passo 6: Verificar a ordem de adição de cada ativo da fórmula. 
Passo 7: Determinar uma técnica para a manipulação: necessidade 
de aquecimento e qual temperatura; qual e em que proporção cons-
tará cada componente do veículo, bem como a ordem de adição de 
cada componente. 
Passo 8: Se possível filtrar, observando se não houve retenção no 
filtro, do princípio ativo ou dos componentes do veículo. Embalar e 
rotular. 
277 
Capítulo 5 - Manipulação 
12.1.9. Sugestões de Soluções Orais 
A. Solucão Oral de Captopril (mg/ml) 
Captopril 100mg 
Ascobato de sódio 0,5g 
EDTA-Na2 0,1g 
Tampão citrato qs pH 4,0 
Xarope simples qsp 100ml 
Estabilidade aproximada: 56 dias. 
B. Solução de Ranitidina (75mg/5ml) 
Ranitidina HCl 1,68g 
Fosfato sódico dibásico anidro 0,14g 
Sacarina sódica 0,25g 
Benzoato de sódio 0,2g 
Flavorizante de cereja concentrado .. 2ml 
Flavorizante creme demethe 0,5ml 
Água destilada 25ml 
Sorbitol 70% qsp 100ml 
Estabilidade: 6 meses ( 2 a 25°C) 
278 
Capítulo 5 - Manipulação 
12.2. Xaropes 
São formas farmacêuticas preparadas à base de açúcar e á-
gua, onde o açúcar está próximo à saturação, formando uma solu-
ção hipertônica. A proximidade da saturação, evita a precipitação 
do açúcar utilizado. 
12.2.1.Vantagens dos Xaropes: 
Boa conservação: por serem hipertônicos, desidratam os mi-
croorganismos que sofrem plasmólise. 
São apropriados para fármacos hidrossolúveis. 
Possibilitam a correção de sabor da formulação (efeito edul-
corante). 
12.2.2. Desvantagem: 
0 xarope oficinal (à base de sacarose) e as formulações ma-
gistrais preparadas com o mèsmo, são contra-indicadas para pacien-
tes diabéticos (para estes pacientes deve ser utilizado o xarope die-
tético). 
12.2.3. Preparação: 
A. Xarope Simples (1 litro) 
Sacarose (açúcar refinado) 850g 
Meti Iparabeno 1, 5g 
Propilparabeno 0,5g 
Água destilada qsp 1000 ml 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar precisamente os ingredientes sólidos, sem no entanto 
misturá-los. 
Passo 2: Dissolver os parabenos em qs de álcool. 
Passo 3: Adicionar água destilada ao açúcar, adicionar e os conser-
vantes pré-solubilizados e completar o volume com água destilada. 
Passo 4: Misturar todos componentes e aquecer até a dissolução, 
completando ao volume final. 
Nota: Não levantar fervura, pois, poderá haver formação de açúcar invertido. 
Embalagem: frasco de vidro âmbar, bem fechado. 
Armazenamento: temperatura ambiente (15 a 30°C). 
Estabilidade: 1 ano. 
279 
Capitulo 5 - Manipulação 
B. Sugestão de Xarope Dietético (Sugar Free) 
CMC-Na 2,0% 
Metilparabeno 0,15% 
Sacarina 0,1% 
Ciclamato sódico 0,05% 
Água destilada qsp 100ml 
Procedimento: 
Passo 1: Dissolver o metilparabeno em um pouco da água quente. 
Passo 2: Adicionar, aos poucos, o CMC na água dissolvendo-o . 
Passo 3: Adicionar o restante e agitar até a dissolução. 
Embatagem: frasco de vidro âmbar, bem fechado. 
Armazenamento: temperatura ambiente. 
Estabilidade: 3 meses. 
12.2.4. Aditivação de Princípios Ativos em Xaropes 
Nas farmácias magistrais é rotina um xarope simples estoca-
do, aditivando-o de acordo com a prescrição médica. 
A. Material utilizado: 
• Cálice 
• Papel manteiga 
• Espátula 
• Bastão 
• Balança de precisão 
B. Procedimento: 
Passo 1: Pesar ou medir o(s) ativo(s), diluindo-o(s) em solvente ade-
quadocompatível ou, se possível no próprio xarope simples. Se o 
ativo não for facilmente solúvel é necessário micronizá-lo antes com 
propilenoglicol ou outro solvente (ex.: PEG 400), em um gral com 
auxílio de um pistilo, facilitando assim sua dissolução ou otimizando 
sua suspensão. 
Passo 2: Adicionar o ativo em pequena quantidade do xarope sim-
ples, homogeneizar com o auxílio do bastão de vidro. 
Passo 3: Completar aos poucos, sob agitação constante. Antes do 
volume final da formulação, adeque o pH compatível com a maior 
estabilidade do princípio ativo e adicione aroma. 
Passo 4: Completar o volume final. 
Passo 5: Embalar e rotular. 
280 
Capítulo 5 - Manipulação 
C. Considerações técnicas sobre aditivação de xaropes 
C.1. Aditivação de Tinturas e Extratos Fluidos: Acrescentar a quan-
tidade de tintura ou extrato fluido prescrito e em seguida a quanti-
dade suficiente de xarope. Os xaropes contendo fitoterápicos for-
mam precipitados, porque os extratos fluidos e tinturas contêm ál-
cool com substâncias resinosas e oleosas dissolvidas, causando pre-
cipitação dos mesmos quando misturados ao xarope (veículo aquo-
so). 0 precipitado pode ser retirado por filtração quando não tiver 
interesse medicinal. 
C.2. Aditivacão de ativos sólidos (pós) hidrossolúveis: para os ativos 
solúveis em água, basta dissolvê-los em qs de água e acrescentar 
qsp de xarope ou então, dissolvê-lo no próprio xarope. Ex.: xarope 
com Hidroxizine, Salbutamol, Piridoxina, Sulfato de Zinco. 
C.3. Associação de ativos: nestes casos, após verificar a compatibi-
lidade dos ativos a serem acrescentados, deve-se também verificar 
as propriedades físico-químicas de cada fármaco individualmente, a 
melhor faixa de pH de estabilidade para cada fármaco (onde se ob-
tém a faixa de pH que atenderá a todos os componentes da fórmu-
la). Verificar também, a necessidade de adicionar adjuvantes far-
macotécnicos para aumento da estabilidade e a melhor forma de 
solubilizar cada ativo adicionando, se necessário, co-solventes. 
281 
Capitulo 5 - Manipulação 
12.3. Elixires 
São formas farmacêuticas de uso oral que contêm álcool e 
açúcar. Os elixires são claros, adocicados e aromatizados. 
Veículo adequado para fármacos insolúveis em água, mas so-
lúveis em misturas hidroalcoólicas. 0 elixir é menos doce e viscoso 
do que os xaropes e menos efetivo no mascaramento do sabor do 
fármaco. Podem conter diferentes sistemas solventes e co-
solventes, como por exemplo, a glicerina, o propilenoglicol e o poli-
etilenoglicol 400. A graduação alcoólica varia entre 15 a 50°GL. 
12 .3 .1 . Vantagem dos Elixires: 
Permite a dissolução tanto de princípios ativos hidrossolúveis 
como também, daqueles solúveis em álcool. 
12.3.2. Desvantagem: 
Devido ao seu teor alcólico, não são indicados para crianças 
e adultos que devem evitar o uso de álcool. 
12.3.3. Preparação de el ix i res: 
Material utilizado: 
• Cálice 
• Espátula 
• Bastão 
• Papel manteiga 
• Balança de precisão. 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar, separadamente, os princípios ativos hidrossolúveis e 
álcool solúveis. Dissolver, separadamente, os componentes hidrosso-
lúveis na água ou no xarope simples e os componentes álcool solú-
veis no álcool, já na quantidade que será empregada na formulação 
(geralmente substâncias na forma de sal são mais solúveis em água 
e substâncias ácido ou base livres são mais solúveis em álcool). 
Passo 2: Adicione a fase aquosa sobre a alcoólica e misture. 
Passo 3: Se a formulação ficar turva, adicionar talco farmacêutico 
(1g/100ml) e filtrar. 
Passo 4: Embalar em frasco de vidro âmbar e rotular. 
282 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 5: Armazenar em temperatura ambiente ou no refrigerador, 
deacordo com as caracteristicas das drogas ativas. 
Hota: Sistemas co-solventes podem ser utilizados nõo só para solubilizar a droga ativa, mas 
tombém, os adjuvantes farmacotêcnicos. Adoçantes artificiais podem ser necessários para 
edulcoror a formulação (ex:. sacarina, ciclamato de sódio e aspartame). 
12.3.4. Exemplo de Formulação de Elixir: 
Fenobarbital 0,4g 
Óleo de laranja 0,025 ml 
Propilenoglicol 10,0 ml 
Álcool 20,0 ml 
Sorbitol 70% 60,0 ml 
Corante qs 
Água destilada qsp 100,0 ml 
12.5. Linctus 
São líquidos viscosos para administração oral no tratamento 
de tosses. Eles devem ser bebidos e deglutidos lentamente, com 
adição ou não de água e geralmente, contêm uma alta concentração 
de sacarose, outros açúcares ou um adequado álcool polihidrico ou 
álcoois. 
283 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 5: Armazenar em temperatura ambiente ou no refrigerador, 
deacordo com as características das drogas ativas. 
HoU: Sistemas co-sotventes podem ser utitizados nõo só para solubilizar a drosa ativa, mas 
tombém, os adjuvantes farmacotécnicos. Adoçantes artificiais podem ser necessários para 
edukorar a formulação (ex:. sacarina, cictamato de sódio e aspartame). 
12.3.4. Exemplo de Formulação de Elixir: 
Fenobarbital 0,4g 
Óleo de laranja 0,025 ml 
Propilenoglicol 10,0 ml 
Álcool 20,0 ml 
Sorbitot 70% 60,0 ml 
Corante qs 
Água destilada qsp 100,0 ml 
12.5. Linctus 
São líquidos viscosos para administração oral no tratamento 
de tosses. Eles devem ser bebidos e deglutidos lentamente, com 
adição ou não de água e geralmente, contêm uma alta concentração 
de sacarose, outros açúcares ou um adequado álcool polihidrico ou 
álcoois. 
283 
Capitulo 5 - Manipulação 
13. Misturas 
Termo freqüentemente aplicado para soluções e suspensões 
farmacêuticas orais. 
14. Gotas Orais 
São soluções ou suspensões orais, destinadas a administração 
em pequenos volumes, utilizando um adequado utensílio de medida 
(ex.: conta-gotas e frasco gotejador). 
15. Suspensões Orais 
São formas farmacêuticas compostas por duas fases: líquida 
(contínua) e sólida (interna, descontínua e dispersa). As partículas 
sólidas são insolúveis na fase líquida, mas, através de agitação po-
dem ser facilmente suspensas. A fase interna (sólida) não atravessa 
o papel de fi ltro, por este motivo, as suspensões não devem ser fil-
tradas. As suspensões são utilizadas para formulações de uso oral 
(suspensão oral), uso tópico na pele e em mucosas e uso parenteral. 
Algumas suspensões orais já vêm prontas para o uso, ou seja, 
já estão devidamente dispersas num veiculo líquido com ou sem 
estabilizantes e outros aditivos farmacêuticos. Outras preparações 
estão disponíveis para uso na forma de pó seco, destinado a ser mis-
turado com veículos líquidos. Este tipo de produto geralmente é 
uma mistura de pós que contém fármacos, agentes suspensores e de 
dispersão; essa mistura, ao ser diluída e agitada com uma quantida-
de especificada do veículo (geralmente água purificada), forma uma 
suspensão apropriada à administração, chamada suspensão extem-
porânea. Esta forma em pó é ideal para veicular fármacos instáveis 
em meio líquido (ex.: antibiótico betalactâmicos). 
15.1. Vantagens das Suspensões Orais: 
Forma farmacêutica ideal para veicular princípios ativos in-
solúveis em veículos, normalmente utilizada em formulações líqui-
das. 
284 
Capítulo 5 - Manipulação 
Forma farmacêutica ideal para dispersar formas farmacêuti-
cassólidas, (ex.: comprimidos) devidamente pulverizados, na forma 
líquida para pessoas com dificuldade de deglutição. 
Òpção de forma farmacêutica para veicular fármacos de sa-
bor desagradável, pois a forma de suspensão realça menos o pala-
dar dos mesmos, quando comparada à forma de solução. Esta forma 
farmacêutica pode ser flavorizada e edulcorada, adaptando-se às 
preferências de paladar do paciente. 
Em suspensões, o fármaco se encontra finamente dividido, 
portanto, sua dissolução ocorre rapidamente nos fluidos do TGI (tra-
to gastrointestinal). A velocidade de absorção de uma droga veicu-
lada na forma de suspensão é geralmente mais rápida, quando com-
parada a forma sólida oral e mais lenta, quando comparada à forma 
de solução. A velocidade de absorção de uma droga em uma suspen-
são depende da viscosidade (produtos mais viscosos liberammais 
lentamente a droga). 
Apresenta maior estabilidade quando comparada às soluções. 
Por estar dispersa e não solubilizada, a droga está mais protegida da 
rápida degradação ocasionada pela presença de água. 
Drogas instáveis quando em contato com o veículo, podem 
ser preparadas na forma de suspensão extemporânea (forma de pó 
para reconstituição caseira). 
Drogas que se degradam em soluções aquosas podem ser sus-
pendidas em fase não aquosa, por exemplo, em óleos. 
15.3. Características de uma Boa Suspensão: 
15.3.1. Tamanho das partículas 
Devem ser reduzidas (micronizadas) a um tamanho que resul-
te em homogeneidade, geralmente entre 0,5 a 3 microns de diâme-
tro. 0 tamanho reduzido das partículas sólidas é uma característica 
muito importante, pois evita que as mesmas se sedimentem facil-
mente, facilitando também sua redispersão e prevenindo ainda, a 
formação de cristais. 0 tamanho das partículas dispersas deve per-
manecer constante por longo periodos de repouso. 
Uma boa suspensão deve sedimentar lentamente e voltar a 
dispersar-se facilmente com a agitação suave do recipiente. 
285 
Capítulo 5 - Manipulação 
1 5 . 3 . 2 . F lu idez 
Quanto mais viscosas, mais estáveis serão as suspensões . Po-
rém, o excesso de viscosidade compromete o aspecto e a retirada 
do medicamento do frasco. A suspensão deve escoar com rapidez e 
uniformidade do recipiente. Uma boa suspensão deve apresentar 
estabilidade química, física e microbiológica. 
A Lei de Stoke fornece informações sobre quais parâmetros 
influenciam na sedimentação de partículas em uma suspensão, in-
formações estas úteis, na farmacotécnica para controlar e retardar 
a velocidade de sedimentação . 
V = 2 r2 (p< - p.) g 
9n 
Onde: 
v = velocidade de sedimentação 
g = aceleração da gravidade 
ps = densidade das partículas sólidas 
pi = densidade da fase líquida 
r = raio das partículas 
il = viscosidade da fase líquida 
As conseqüências básicas desta equação são que a velocidade 
de sedimentação das partículas suspendidas em um veículo, de uma 
dada densidade, será maior para partículas maiores do que para 
partículas menores. Além disso, quanto maior for a densidade das 
partículas, maior será a velocidade de sedimentação. Aumentando-
se a viscosidade do meio, dentro de certos l imites, para que a sus-
pensão permaneça fluida e escoável, se reduz a velocidade de se-
dimentação das partículas sólidas da droga. Portanto, o decréscimo 
da sedimentação das partículas sólidas em uma suspensão, pode ser 
obtido pela redução do tamanho das partículas a serem dispersadas 
e pelo aumento da densidade e da viscosidade da fase contínua (lí-
quida). 
286 
Capitulo 5 - Manipulação 
15.4. Composição Básica de uma Suspensão 
15.4.1. Fármaco sólido a ser disperso: 
Devem ser micronizados em um gral com auxílio de um pisti-
lo, por levigação, com o veículo viscoso ou com agentes de leviga-
ção (ex.: glicerina, propilenoglicol e veículo com o agente suspen-
sor). 
15.4.2. Agente Suspensor: 
É usado para aumentar a viscosidade e retardar a sedimenta-
ção. 
Tabela 37: Agentes Suspensores 
Agente suspensor 
Alginato sódico 
Bentonita 
Carbômero 
(Carbopol®) 
Celulose microcristalina 
CMC-Na 
CMC-Na 
Dióxido de silício coloidal 
(Aerosil®) 
Goma adraganta 
Goma arábica 
(goma acácia) 
Goma Xantana 
Hidroxietilcelulose 
(Natrosol®) 
Hidroxipropilmetilcelulose 
(HPMC) 
Metilcelulose 
Pectina 
Povidona 
Silicato de Alumíno e 
Magnésio 
(Veegun®) 
Concentração 
usual 
1,0 a 5,0% 
0,5 a 5,0% 
0,5 a 1,0% 
0,5 a 2,0% 
0,5 a 2,0% 
2,0 a 10,0% 
0,5 a 2,0% 
5,0 a 10,0% 
0,3 a 0,5% 
0,1 a2,0% 
0,3 a 2,0% 
0,5 a 5,0% 
1,0 a 3,0% 
Até 5,0% 
0,5 a 2,5% 
pH aplicável 
4,0a10,0 
3,0 a 10,0 dispersões 
melhores em pH neutro 
5,0a 11,0 
3,5 a 11 
2,0 a 10,0 
Até10,7 
1,9 a 8,5 
3a 12 
2,0 a 12,0 
3,0a 11,0 
3,0a11,0 
2,0 a 9,0 
Não é afetado pelo pH, 
exceto por pH extrema-
mente cáustico 
3,5 a 11,0 
Adaptado: Lieberman e Handbook of Pharmaceutical Excipients 
287 
Capítulo 5 - Manipulação 
15.4.3. Agentes floculantes 
São utilizados com o objetivo de evitar a formação de agre-
gados ou flocos. Esses agentes são divididos em surfactantes, polí-
meros hidrofílicos, argilas e eletrólitos. 
Alguns agentes floculantes: 
• Lauril sulfato de sódio (0,5 a 1,0%) 
• Docusato sódico (0,01 a 1,0%) 
• Polisorbato 80 (tween®80) - (0,1 a 3%) 
• Monooleato de sorbitano (span 80) - (0,1 a 3,0%) 
• Polietilenoglicol 400 - (até 10%) 
• Colóides hidrofóbicos (ex. goma xantana, Veegun®, CMC, 
etc) 
• Argilas (ex.bentonita) 
• Cloreto de sódio (até 1%) 
• Fosfato diácido de potássio. 
A floculação é um processo no qual as partículas se agrupam 
formando aglomerados frouxos. A defloculação é o oposto, ou seja, 
a quebra dos aglomerados em particulas individuais. 
Tabela 38: Propriedades de Suspensões Floculadas e Defloculadas 
Propriedades 
Velocidade de sedimentação 
Sobrenadante 
Sedimento 
Redispersabilidade 
Floculadas 
Rápida 
Límpido 
Volumoso 
Fácil 
Defloculadas 
Lenta 
Turvo 
Compacto 
Difícil 
15.4.6. Agentes umectantes 
São acrescidos nas formulações de suspensões, com o objeti-
vo de auxiliar a dispersão da droga. São eles: surfactantes, gliceri-
na, propilenoglicol, polietilenoglicol 400, sorbitol, álcool, dentre 
outros. 
15.4.7. Outros adjuvantes farmacotécnicos utilizados 
Edulcorantes, flavorizantes, corantes, corretores de pH, 
tampões e conservantes. 
15.4.8. Veículos 
Podem ser edulcorados e conter agentes suspensores. 
288 
Capítulo 5 - Manipulação 
15.5. Veiculos utilizados em Suspensões 
Tabela 40: Veiculos utilizados em Suspensões 
Veiculos 
Glicerina 
Polietileno 400 
Propilenoglicol 
Sorbitol 70% 
Suspendoral* (veículo suspensor) 
Xarope de cacau 
Xarope simples 
Xaropes aromatizados (cereja, 
framboesa, limão,etc) 
Concentrações Usuais 
2 a 20% 
2 a 30% 
10 a 25% 
5 a 100% 
20 a 100% 
50 a 100% 
50 a 100% 
50 a 100% 
Fonte: Adaptado pelo autor e Handbook of Pharmaceutical Excipients 
'Suspendoral: nome dado pelo autor a um veiculo suspensor base que poderá ser pré-
formulado na farmácia. Veja a fórmula e o seu preparo a segu/r. 
289 
Capítulo 5 - Manipulação 
15.5.1. Sugestão de Veículo Suspensor Oral - Suspendoral* 
Ingredientes 
Ácido Benzóico 
Ácido cítrico 
Agua destilada 
Agua destilada 
Álcool etílico a 96°GL 
Alginato de sódio 
Aspartame 
BHA (butilhidroxianisol) 
Bissulfito de sódio 
Citrato de sódio 
CMC 
Dióxido de silício coloidal 
EDTA-Na2 
Glicerina 
Metilparabeno 
PEG 400 
Propilenoglicol 
Propilparabeno 
Sorbitol 70% 
Xarope simples qsp 
Conc.% 
0,05 
1,5 
3 
15 
0,3 
0,034 
0,5 
0,05 
0,15 
1,5 
0,3 
0,15 
0,1 
20 
0,1 
2 
10 
0,035 
20 
100,0 
Função na 
farmacotécnica 
Conservante 
Tampão 
Solvente 
Veículo, solvente 
Co-solvente 
Agente suspensor 
Edulcorante 
Antioxidante 
Antioxidante 
Tampão 
Agente suspensor 
Agente suspensor 
Sequestrante 
Veículo doador de 
viscosidade 
Conservante 
Veículo doador de 
viscosidade 
Veículo doador de 
viscosidade 
Conservante 
Veículo doador de 
viscosidade 
Veículo, edulcorante 
Procedimento: 
Equipamento requerido: moinho coloidal (de preferência) ou 
agitador com hélices e balança de precisão. 
Passo 1 - Pesagem e medidas: Todos os componentes da formulação 
devem ser previamente pesados, medidos e solubilizados antes de 
iniciar o processo de preparo. O moinho coloidal deverá ser previa-
mente limpo, sanitizado e montado com a saída para produtos de 
uso interno. 
Passo 2 - Preparo do gel de CMC: Aquecer a água destilada (os 15%) 
290 
Capitulo 5 - Manipulação 
a aproximadamente 40°C para preparar o gel de CMC. Verter a água 
no moinho coloidal e acrescentar o CMC. Esgotar o gel e l impar o 
funil do moinho com uma espátula t ipo "pão-duro". 
Passo 3 - Adição do sorbitol e outros componentes: Depois de prepa-
rar o gel de CMC, incorporar no moinho coloidal, nesta ordem, os 
seguintes componentes: sorbitol, glicerina, propilenoglicol, PEG 400 
e o xarope simples. 
Passo4 - Adição de alginato de sódio e outros: Incorporar à mistura 
anterior (no moinho) o alginato de sódio, o aerosil, o BHA, o bissul-
fito de sódio, o EDTA e o aspartame (previamente pesados num saco 
plástico). Insuflar na mistura nitrogênio, para a desincorporação do 
ar na formulação . 
Passo 5 - Adição dos conservantes: Dissolver o meti lparabeno, o 
propilparabeno e o ácido benzóico no álcool e incorporá-los ao bulk 
no moinho coloidal. 
Passo 6 - Adição dos agentes tampões: Dissolver o ácido cítrico e o 
citrato de sódio na água destilada, usando o agitador magnético, 
incorporar à mistura no moinho coloidal. 
Passo 7 -Volume f inal : Depois de passar todo o produto no moinho 
coloidal medir o volume usando um balde graduado, rinsar o 
moinho com xarope simples. 
Passo 8 Acerto do pH: pH = 4 a 5 
Embalagem: galão previamente limpo e sanitizado. 
Armazenamento: em local fresco. 
Validade: 1 ano. 
15.5.2. Veículo Suspensor com Meti lcelulose 1 % 
Gel de metilcelulose 2% (1500cp) 50ml 
Glicerina 3ml 
Benzoato de sódio ou sorbato de potássio 200mg 
Xarope simples flavorizado qsp 100ml 
15.5.3. Veículo Suspensor com Goma Xantana 
Goma xantana 500mg 
Sacarina sódica 100mg 
Aspartame 200mg 
Propilenoglicol 5ml 
Xarope simples flavorizado qsp 100ml 
Estabilidade: em pH de 3 a 12 e na presença de enzimas, sais, áci-
dos e bases. 
291 
Capítulo 5 - Manipulação 
15.5.4. Sugestão de Excipiente para Suspensão Extemporâ-
nea de Antibióticos 
Fármaco X g (princípio ativo) 
Aroma pó (hidrossolúvel) 0,5 g (flavorizante) 
Benzoato de sódio 0,15 g (conservante) 
Aspartame 0,3g (edulcorante) 
Celulose microcristalina CMC Na * 1,5g (Avicel RC 591) 
Açúcar refinado 40g (edulcorante) 
'Avkel 591 é marca registrada da FMC. 
Os componentes desta formulação estão presentes em quan-
tidade suficiente para formar uma suspensão em um volume total 
de 100 ml (o líquido para a formação deve ser água purificada, a ser 
adicionada pelo cliente). 
Procedimento 
Homogeneizar, misturando intimamente os pós em um gral. 
Passar em seguida por um tamis de malha 50 a 60. Acondicionar a 
mistura dos pós em um frasco de vidro âmbar, com um marco indi-
cativo para completar o volume de 100 ml. 
292 
Capítulo 5 - Manipulação 
15.6. Procedimento geral para o preparo de Suspen-
sões 
Esquematicamente, temos os seguintes métodos para o pre-
paro de suspensões: 
01 
02 
03 
04 
05 
Sólido + líquido 
Sólido + suspensor + líquido 
Sólido + molhante + líquido + suspensor *** 
Sólido + molhante + suspenso + líquido 
Solido -> floculante + suspensor + líquido 
' " Procedimento de preparo mais comum. 
15.6.1. Descrição do Procedimento de Preparo de Suspen-
sões (método n°3): 
Passo 1: Dispersar o agente suspensor em quantidade suficiente de 
água. 
Passo 2: Tamisar os ativos sólidos insolúveis. 
Passo 3: Micronizar o(s) fármaco(s) sólido com um agente molhante 
(ex.: glicerina) e um pouco de água, em um gral com auxílio de um 
pistilo, este processo é denominado de levigação. 
Passo4: Adicionar 1 em 3, aos poucos, agitando levemente. 
Passo 5: Transferir para um cálice e conferir o volume. 
Passo 6: Adicionar o flavorizante, o conservante (se necessário), o 
edulcorante e o corante. 
Passo 7: Embalar e rotular. 
15.6.2. Procedimento de preparo de suspensões utilizando 
oveiculo suspensor pré-formulado (Suspendoral): 
0 suspendoral é um veículo base pré-formulado, edulcorado 
e tamponado; com sistemas conservantes, antioxidantes, agentes 
suspensores e molhantes, ideais para manipulação de suspensões 
estáveis. Este veículo tem estabilidade na faixa de pH compreendi-
doentre4,0 a 11,5. 
A manipulação de suspensões com este veículo torna-se ágil 
e simples, sendo necessário apenas a adição do agente flavorizante 
(aroma) indicado pela prescrição e que mais se adeque à formula-
ção. 
293 
Capitulo 5 - Manipulação 
Este veículo suspensor pode ser utilizado na concentração 
entre a 20 a 100%, em combinação com xarope simples. 
0 pH do Suspendoral está tamponado no pH compreendido 
entre 4,0 a 5,0. O suspendoral contém açúcar, portanto é contra-
indicado para diabéticos. 
Material utilizado: 
• Cálice 
• Bastão 
• Espátula e espátula tipo "pão duro" 
• Gral 
• Pistilo 
• Papel manteiga 
• Balança de precisão 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar a quantidade de ativos indicados na prescrição. 
Passo 2: Tamisar e triturar os pós (ativos) em um gral com auxílio de 
um pistilo. 
Passo 3: Micronizar (levigar), molhando o pó com quantidade sufici-
ente de Suspendoral. 
Passo 4: Adicione mais Suspendoral, cerca da metade do requerido 
na formulação e misture bem. O Suspendoral pode ser utilizado na 
porcentagem entre 20 e 100% da formulação, sendo o usual cerca de 
30%. 
Passo 5: Transfira o conteúdo do gral para um cálice com auxílio de 
uma espátula tipo "pão duro". 
Passo 6: Adicione o restante do Suspendoral, misturando bem com o 
bastão. 
Passo 7: Dilua o aroma em um pouco de xarope simples ou em quan-
tidade suficiente de solvente adequado (ex.: álcool). 
Passo 8: Complete o volume com Suspendoral ou xarope simples. 
Passo 9: Checar o pH final da formulação, ajustá-lo adequando-o à 
formulação, caso seja necessário. 
Passo 10: Embalar em frasco de vidro âmbar e rotular. 
294 
Capitulo 5 - Manipulação 
15.7. Sugestões de Suspensões 
15.7.1. Suspensão de Carbamazepina 
Carbamazepina 100mg/5ml 
Glicerina 5% v/v 
Propilenoglicol 5% v/v 
Sorbitol 70% 10%v/v 
Sacarina sódica 0,05% p/v 
Metilparabeno 0,1% p/v 
Solução metilcelulose 1 % 50% v/v 
Aroma qs 
Xarope simples qsp 100ml 
Estabilidade aproximada: 90 dias 
15.7.2. Suspensão de Nitrofurantoina 50mg/5ml 
Nitrof urantoína 600mg 
Aspartame 600mg 
Suspendoral 18ml 
Aroma tutti-frutt i 2ml 
Xarope simples qsp 60ml 
Estabilidade aproximada: 60 dias 
15.7.3. Suspensão de Tiabendazol 500mg/5ml 
Tiabendazol 10g 
Ácido sórbico 0,2g 
Simeticone USP 1 ml 
Metilcelulose 2% 50ml 
Polisorbato 20 ou 60 1ml 
Flavorizante de fambroesa 3ml 
Flavorizante creme dementhe ... 0,5ml 
Glicerina qs 
Xarope simples qsp 100ml 
Estabilidade aproximada: 6 meses 
295 
Capítulo 5 - Manipulação 
15.7.4. Suspensão de Omeprazol 20mg/5ml 
Omeprazol 400 mg 
Glicerina qs 
Bicarbonato de sódio 16,8 § 
Sílica gel micronizada 3 g 
Steviosídeo 0,3g 
Acesulfame de potássio 0,5 g 
Flavorizante chocolate 3mL 
Creme dementhe 1 mL 
Nipagim 0,15g 
Metabissulfito de sódio 0,1 g 
EDTANa2 0,1g 
Xarope simples 40mL 
Água destilada preservada qsp 100mL 
Estabilidade aproximada: 14 dias sob refrigeração 
Procedimento de Preparo para Suspensão de Omeprazol 
Passo 1: Triture em um gral os pellets com qs de álcool, deixe em 
repouso por 5 minutos. A seguir triture os pellets reduzindo-os a um 
pó fino até completa evaporação do álcool. Misture a sílica gel, o 
steviosídeo (pode ser substituído por 0,5g de aspartame), o bicarbo-
nato de sódio, o acesulfame de potássio, o metabissulfito de sódio e 
o EDTA Na2. Triture e misture bem. 
Passo 2: Levigue a mistura dos pós com a glicerina para formar uma 
pasta. 
Passo 3: Adicione um pouco do xarope simples na pasta até que haja 
uma quantidade suficiente para ser vertida (escoada) 
Passo 4: Adicione os flavorizantes misturando ao passo 3 e verter 
para o recipiente de dispensação. 
Passo 5: Rinse o grat 2 a 3 vezes com o resto do xarope simples 
transferindo para recipiente de dispensação após cada rinsagem. 
Passo 6: Ajuste o pH entre 9,0 a 9,5 com uma solução de NaOH a 
40%. 
Passo 7: Depois de terminado o preparo deixe a suspensão em re-
pouso com a tampa do frasco aberta para permitir a liberação do 
gás C02 desprendido. 
Passo 8: Adicione quantidade suficiente da água destilada e comple-
te para o volume final de 100mL. 
296 
Capítulo 5 - Manipulação 
16. Preparações Orais Oleosas (Soiuções ou Suspensões) 
São preparações farmacêuticas para administração oral (uso 
sistêmico) em que o(s) princípio(s) ativo(s) se encontra(m) dissolvi-
do(s) ou suspenso(s) em um óleo fixo flavorizado. 
16.1.Vantagens das Preparações Orais Oleosas 
Estabilidade: 0 veículo oleosoprevine a degradação de dro-
gas susceptíveis a processo de degradação por hidrólise (veículo 
anidro). 
Possibilidade de solubilização de drogas lipossolúveis e de 
suspensão de drogas hidrossolúveis. 
Permite a flavorizacão tomando-se mais palatável. 
16.2. Composição básica de uma Preparação Oral Oleo-
sa 
Princípio(s) ativo(s). 
Óleo fixo (veículo): ex.: óleo de amêndoas doces. 
Antioxidante: ex. BHA, BHT. 
Agente suspensor (em caso de suspensão): ex. sílica gel mi-
cronizada (2 a 6%), estearato de magnésio (2%). 
Ravorizante (lipossolúvel): ex.: óleo essencial de canela, ó-
leo essencial de laranja, óleo essencial de menta. 
16.3. Formulação Base para Preparações Orais Oleosas 
A. BHT (butil hidroxi totueno) 100 mg 
Sacarina 100 mg 
Óleo essencial de tangerina ou laranja.. 3 mL ou Óleo essencial de 
canela 0,5 mL 
Óleo de amêndoas doces qsp 100 mL 
Nota: Para o preparo de suspensões, deve-se utilizar um agente suspensor compatível (ex.: 
sílka gel micronizada ou o estearato de magnésio) 
Preparo: 
Passo 1: Aquecer o óleo fixo, misturar a sacarina e o BHT, previa-
mente triturados, com agitação. A sacarina não irá dissolver com-
pletamente. 
297 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 2: Adicione o flavorizante. 
Passo 3: Adicione a sílica gel micronizada (aerosil®) na etapa 2 e 
então misture bem. 0 óleo fixo irá ficar mais viscoso, caso seja ne-
cessário, ajuste a concentração do agente suspensor. 
Nota: 
Esta base poderá ser preparada antes para ser utilizada corno base oleosa para suspensão. 
0 óteo de fí$ado de bacalhau é um óleo fixo e pode ser utilizado em preparacões para uso 
veterinário. 
16.4. Alguns fármacos que podem ser veiculados 
Ácido acetilsalicílico 
Alendronato de sódio 
Amlodipina 
Atorvastatina 
Bupropiona 
Carbenecilina 
Ciclofosfamida 
Cloramucil 
Fluvoxamina 
Fosinopril 
Glimepirida 
Isradipina 
Paroxetina 
Piroxican 
Quinapril HCl 
Sinvastina 
Warfarina 
Ref.: Stability table Reference PCCA 
298 
Capitulo 5 - Manipulação 
17. Emulsões Orais 
Emulsões Orais são normalmente dispersões do tipo çV 
leo/água estabilizadas por um agente emulsionante, onde uma ou 
ambas as fases podem conter sólidos dissolvidos. Podem conter um 
ou mais princípios ativos. Os ativos sólidos podem também estar 
suspensos nas emulsões orais. Em emulsões do tipo o/a, a fase oleo-
sa (fase interna, dispersa, descontínua) está dispersa como gotículas 
em uma solução aquosa (fase externa ou contínua). 
17.1. Vantagens das Emulsões Orais: 
As emulsões permitem a administração de fármacos líquidos 
oleosos e de fármacos lipofílicos dissolvidos em óleo. 
As emulsões orais não possuem, convenientemente, a fase 
externa aquosa, por isto mascaram de maneira efetiva o sabor pou-
co agradável de alguns fármacos, tais como, vitaminas lipossolúveis, 
óleo de rícino, óleo mineral e o óleo de fígado de bacalhau. A fase 
externa aquosa (miscivel com água) apresenta maior palatabilidade 
e portanto, maior aceitação pelo paciente. Podem ser flavorizadas. 
A suspensão de fármacos insolúveis em um veículo emulsio-
nado, permite obter formas de ação sustentada (suspensão-
emulsão), programando a liberação e a absorção dos mesmos. 
17.2. Desvantagens: 
Emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis, cujas 
fases tendem a separar-se com o decorrer do tempo. 
17.3. Características de uma boa Emulsão: 
Peguenas potículas: normalmente o tamanho das gotículas 
dispersas está compreendido entre 0,1 e 10u , embora algumas po-
dem ser tão pequenas quanto 0,01 u ou tão grandes quanto 100JJ.. O 
tamanho das gotículas dispersas é influenciado por fatores mecâni-
cos (método e equipamento utilizado para a mistura e cisilhamento 
das duas fases), pela técnica e pelos agentes emulsificantes. 
299 
Capítulo 5 - Manipulação 
Lenta aqreqação (coalescência) das gotículas dispersas, lenta 
cremaqem (formação de nata) caracterizada pela aglomeração das 
gotículas dispersas na superfície (líquido disperso mais leve que o 
dispersante da preparação) ou lenta sedimentação no fundo (líquido 
dispersado mais pesado que o dispersante). 
Se houver coalescência, ocorre uma ruptura completa e irre-
versível da emulsão com a separação completa das fases. 
Se houver apenas cremaqem ou sedimentação, a homoge-
neidade pode ser facilmente restabelecida por simples agitação. 
A velocidade de cremagem e sedimentação seguem a Lei de 
Stokes, citada e explicada no ítem Suspensões. 
Facilidade de redispersão com agitação. 
17.4. Composição básica de uma Emulsão 
17.4.1. Fase aquosa: 
A água utilizada no preparo de emulsões deve ser deioniza-
da, pois a presença de íons, como por exemplo, íons de cálcio e do 
magnésio desestabilizam a emulsão. 
Nesta fase devem ser solubilizados todos os ingredientes hi-
drosolúveis da formulação. 
17.4.2. Fase oleosa: 
Constituida por óleos (óleo fixo, mineral, volátil ou óleo-
resina) ou ceras, nos quais serão acrescentados e solubilizados os 
ingredientes liposolúveis. 
17.4.3. Agente emulsificante: 
0 agente emulsificante dá estabilidade à emulsão, reduzindo 
a tensão superficial entre o óleo e a água e retardando a separação 
das fases. 
17.4.5. Antioxidantes: 
Previnem os processos de degradação por oxidação dos óleos 
e gorduras. Eles devem ser, preferencialmente, solúveis na fase 
oleosa (ex.: BHT, BHA, Palmitato de Ascorbila, Vitamina E), entre-
tanto, pode-se utilizar antioxidantes na fase aquosa (ex.: Acido As-
córbico, Metabissulfito de Sódio e Bissulfito de Sódio). 
300 
Capitulo 5 - Manipulação 
17.4.6. Conservantes: 
Os conservantes previnem o crescimento de fungos e bacté-
rias na preparação. Preferencialmente, devem ser adicionados na 
fase aquosa, uma vez que esta é mais susceptível à contaminação 
microbiana. Outvos corrvpooentes da emulsão, além da áe,ua, podem 
favorecer o crescimento de microorganismos, tais como, agentes 
emulsificantes naturais (ex.: goma arábica, goma adraganta, etc), 
óleos como o de amendoim (podem conter espécies de Aspergillus) 
e parafinas líquidas (podem conter espécies de Peniciíiium). É bom 
lembrar que alguns agentes emulsionantes podem diminuir ou até 
mesmo, neutralizar o efeito de determinados conservantes 
(ex.:tween 80 e parabenos). Contaminantes podem ser introduzidos 
em uma emulsão pelos ingredientes, equipamentos (não adequada-
mente sanificados) ou recipientes (não devidamente sanificado ou 
vedado). 
17.4.7. Flavorizantes e Corantes: 
Emulsões Orais normalmente contêm agentes flavorizantes e 
raramente são utilizados corantes. Deve se utilizar somente coran-
tes permitidos para uso sistêmico. Em emulsões orais os flavorizan-
tes e corantes devem ser hidrossolúveis, a fase externa é aquosa. 
17.5. Agentes Emulsificantes 
Os agentes emulsificantes auxiliam na produção de uma dis-
persão estável, pela redução da tensão interfacial e consequente 
manutenção da separação das gotículas dispersas, através da forma-
ção de uma barreira interfacial. Agentes emulsificantes eficientes 
são agentes tensioativos. 
Os agentes emulsificantes (tensioativos) têm grupamento po-
lar (hidrofílico) que é orientado em direção a água e grupamento 
apolar (lipofílico) que está direcionado ao óleo. 
0 tipo de emulsão é determinado pela solubilidade do agente 
emulsificante: 
Se o agente emulsificante é mais solúvel em áqua (hidrofíU-
co), então a água será a fase contínua, consequentemente se forma-
rá uma emulsão do tipo o/a . 
Se o agente emulsificante é mais solúvel em óleo (Upofili-
co), então o óleo será a fase contínua, consequentemente se forma-
rá uma emulsão do tipo a/o. 
301 
Capítulo 5 - Manipulação 
Se uma substância é adicionada na formulação de uma emul-
são e altera a solubilidade do agente emulsificante, o equilíbrio 
pode ser alterado e a emulsão poderá mudar de tipo. A esta altera-
ção denominamos inversão de fase. 
17.5 .1 . Escolha do Agente Emulsificante: 
A escolha do agente emulsificante é determinada pelos in-
gredientes ativos e pela utilização do produto. Agentes emulsifican-
tes para preparaçõesde uso interno não devem ser tóxicos ou irri-
tantes. Normalmente para emulsões orais são utilizados polissacarí-
deos naturais (ex. goma arábica, goma adraganta, goma karaya, 
gelatina, lecitina) e surfactantes não-iônicos. 
É importante levarmos em consideração que os emulsifican-
tes podem influenciar no sabor da preparação. Polisorbatos têm o 
sabor desagradável, portanto, podem tornar a preparação menos 
palatável. 
17.5.2. Agentes emulsificantes de ocorrência natural: 
A.Polissacarídeos: goma arábica (melhor emulsificante para emul-
sões orais o/a), goma adraganta (aumenta a viscosidade da emul-
são, prevenindo a cremagem) e outros como o amido, a pectina e a 
carragena são utilizados para estabilizar a emulsão. 
B. Polissacarídeos semi-sintéticos: carboximetilcelulose e metilcelu-
lose de baixo grau de viscosidade formam emulsões o/a. 
C. Substâncias contendo esteróis: atuam como agentes emulsifican-
tes a/o (ex.: cera de abelha, lanolina e álcoois de lanolina). 
302 
Capítulo 5 - Manipulação 
17.6. Surfactantes: 
Contêm regiões hidrofílicas e lipofílicas na molécula. 
17.6.1. Surfactantes Aniônicos: 
São sais orgânicos que em água, possuem ação tensioativa 
aniônica. São amplamente empregados em emutsões para uso ex-
terno como emulsificante o/a. São incompatíveis com alguns cátions 
inorgânicos e com um amplo número de cátions orgânicos, como a 
cetrimida. Eles precisam estar na forma ionizada para serem efeti-
vos; as emulsões preparadas com tensioativos aniônicos são geral-
mente estáveis em pH atcalino. 
Exemplos: Estearato de Sódio (o/a), Oleato de Cálcio (a/o), Trieta-
nolamina (o/a), Lauril Sulfato de Sódio (o/a). 
17.6.2. Surfactantes Catiônicos: 
São normalmente quaternários de amônio, têm um cátion 
tensioativo. São utilizados na preparação de emulsões o/a para uso 
externo e precisam estar ionizados para serem efetivos. As emul-
sões formadas por surfactantes catiônicos são geralmente estáveis 
em pH ácido. Os surfactantes catiônicos apresentam também ação 
antimicrobiana. 
Exemplos: Cetrimida, cloreto de Benzalcôneo. 
17.6.3. Surfactantes não-iônicos: 
São substâncias sintéticas e representam o mais numeroso 
grupo entre os surfactantes. São empregados para preparação tanto 
de emulsões o/a como de emulsões a/o para uso externo e interno. 
Os surfactantes não-iônicos são compatíveis com substâncias aniôni-
cas e catiônicas são muito resistentes a mudanças de pH. 0 tipo de 
emulsão formada depende do equilibrio entre os grupos hidrofílicos 
e lipofílicos, o HLB {hydrophitic-tipophitic balance). 
Exemplos: Glicóis, Ésteres de Glicerol, Polisorbatos (tweens®), És-
teres de Sorbitano, Éteres e Ésteres de PEG, Álcoois Graxos Superio-
res e Álcoois Polivinilicos. 
303 
Capitulo 5 - Manipulação 
17.7. Sólidos finamente divididos: 
Sólidos finamente divididos podem ser adsorvidos na interfa-
ce óleo-água, formando um filme que previne a coalescência das 
gotículas dispersadas. Se as partículas são preferencialmente mo-
Ihadas por óleo, uma emulsão a/o é formada. De maneira oposta, se 
as partículas são preferencialmente molhadas pela água, uma emul-
são o/a é formada. Eles formam emulsões com boa estabilidade e 
menos susceptíveis a contaminação microbiana. 
Exemplos: Bentonita, Silicato de Alumínio e Magnésio (Veegun®), 
Aluminio Coloidal, Hidróxido de Magnésio. 
1 7 . 8 . Flavorizando uma Emulsão Oral 
A escolha dos agentes corretivos do sabor (edulcorantes e 
aromatizantes) deve incidir sobre aqueles hidrossolúveis, pois a efi-
ciência destes é maior se estiverem concentrados na fase externa 
da emulsão; uma vez que só deste modo poderão disfarçar o gosto 
da droga que se pretende corrigir. Emulsões orais edulcoradas des-
tinadas a serem administradas em colheres são chamadas looques 
(do inglês looks ou loochs). 
17.9. Preparo de Emulsões Orais 
As Emulsões Orais são normalmente emulsões primárias do 
tipo óleo/água. Utiliza-se com freqüência no preparo destas formu-
lações as gomas ou surfactantes não-iônicos como agentes emulsifi-
cantes. De modo geral não é necessário o emprego do calor para o 
preparo da Emulsão Oral. 
17 .9 .1 . Métodos de preparo 
Os métodos mais empregados são o da "goma seca" e o da 
"goma úmida". Estes métodos se aplicam, adequadamente, para a 
produção de preparações extemporâneas em pequena escala na 
farmácia magistral, utilizando simplesmente o gral, o pistilo ou mis-
turadores elétricos como equipamentos. 
A proporção dos ingredientes para o preparo de emulsões 
304 
Capitulo 5 - Manipulação 
primárias pelo método das gomas, deve seguir proporções definidas, 
conforme a tabela a seguir: 
Tabela 41: Proporção dos ingredientes para o preparo de emul-
sões pelo Método das Gomas 
Tipo de Óleo 
Fixo 
Mineral 
(hidrocarbonetos) 
Volátil 
(óleos essenciais) 
Oleo resina 
Oleo de linhaça 
Exemplos 
Óleo de amêndoas, 
óleo de amendoim, 
óleo de rícino, óleo de 
fígado de bacalhau, 
etc. 
Parafina líquida, 
óleo mineral, etc. 
Oleo essencial de ca-
nela, óleo essencial de 
menta, etc. 
Óleo de copaíba 
Oleo de linhaça 
Oleo 
4 
3 
2 
1 
2 
Agua 
2 
2 
2 
2 
2 
goma 
1 
1 
1 
1 
1 
Adaptado: Winfield e K/ng. 
A. Método da Goma Seca ou Método Continental (adição da fase 
externa à fase interna contendo o agente emulsivo) 
Material utilizado: 
• Balança de precisão 
• Papel manteiga 
• Cálice ou proveta 
• Gral de porcelana e pistilo 
Preparo: 
Passo 1: Meça precisamente o óleo em um recipiente limpo e seco. 
Passo 2: Verta completamente o óleo medido para um gral de por-
celana limpo e seco. 
Passo 3: Pese a goma (normalmente se utiliza a goma arábica). 
Passo 4: Meça a água em um recipiente limpo e sanitizado. 
Passo 5: Adicione a goma ao óleo e misture aos poucos até a com-
pleta dispersão. 
Passo 6: Imediatamente, adicione toda a água e agite de modo vigo-
roso e continuo até a mistura ficar espessa e a emulsão primária se 
305 
Capitulo 5 - Manipulação 
formar. 
Passo 7: Continue triturando por 2 a 3 minutos para produzir uma 
emulsão estável e contínua. 
Passo 8: Gradualmente a emulsão primária pode ser diluída com 
pequenos volumes do veículo e adicionada de outros ingredientes, 
assegurando a completa mistura entre as adições de maneira a 
completar o volume final da preparação. 
B. Método da Goma Úmida ou Método inqlês (adição da fase interna 
à fase externa contendo o agente emulsivo) 
Este método difere do anterior porque se emprega a mucila-
gem de goma (a goma diluída previamente na água), em vez da go-
ma seca. Para obter uma emulsão primária por este método, utili-
zam-se as proporções de água, óleo e goma citadas na tabela ante-
rior. 
Material utilizado: 
• Balança de precisão 
• Papel manteiga 
• Cálice ou proveta 
• Gral de porcela e pistilo 
Preparo: 
Passo 1: Pesar precisamente a goma. 
Passo 2: Meça a água. 
Passo 3: Verta a goma para o gral e aos poucos adicione a água, 
triturando a goma até formar uma mucilagem. 
Passo 4: Meça o óleo. 
Passo 5: Verta o óleo sobre a mucilagem aos poucos, triturando até 
obter uma emulsão primária espessa. 
Passo 6: Para estabilizar a emulsão, continue misturando durante 
alguns minutos. 
306 
Capítulo 5 - Manipulação 
17.10. Exemplos de Formulações: 
17.10.1. Emulsão com Vitamina D (Calciferol) 
Emulsão com Vitamina D 
(Calciferol) 
Calciferol diluído em óleo 1,5mL 
Oleo de amendoim 8,5mL 
Agua 5mL 
Goma arábica 2,5g 
Proporção 
4 
(1,5+8,5=10) 
2 
1 
óleo 
Agua 
Goma 
17.10.2. Emulsão com Óleo de Fígado de Bacalhau 
Emulsão com Oleo de Fígado 
de Bacalhau 
Òleo de Fígado de Bacalhau 30mL 
Agua 15mL 
Goma Arábica 7,5g 
Proporção 
4 
2 
1 
Oleo 
Agua 
Goma 
17.10.3. Suspensão Oral preparada com Agente Tensioativo 
não-iônico 
A. Método geral de preparo: Misture a fase oleosa com o emulsifi-
cante não-iônico e em seguida aos poucos, adicione a água agitando 
de maneira vigorosa e contínua, até a completa homogeneização. 
B. Exemplo 1: 
Emuisão Purgativa com Óleo de Ricino (o/a) 
Óleo de rícino 50 g 
Polisorbato 20 3gÁgua destilada qsp 100 
307 
Capitulo 5 - Manipulação 
C. Exemplo 2: 
Emulsão de Óieo Mineral 
Oleo mineral 60ml 
Polisorbato 60 6g 
Água destilada 30ml 
Xarope de chocolate 24ml 
Estabilidade aproximada: 30 dias 
308 
Capitulo 5 - Manipulação 
18. Aplicação de Flavorizantes em Formas Farma-
cêuticas Orais 
Flavorizar, edulcorar e colorir uma preparação farmacêutica 
para administração oral é fator preponderante à adesão terapêutica 
pelo paciente, especialmente o pediátrico. Portanto, o farmacêuti-
co tem como desafio, desenvolver técnicas e recursos para realizar 
a combinação harmônica dos aditivos, flavorizantes (aromas), edul-
corantes e corantes. 
A percepção de um determinado sabor envotve os receptores 
dos paladares, proteínas localizadas na superfície das células das 
papilas gustativas que reconhecem certas estruturas químicas e ini-
ciando a emissão de sinais para que o cérebro os traduza e reconhe-
ça como doce, amargo, salgado ou azedo (ácido). Possuimos cerca 
de 10.000 papilas gustativas, sendo que nas crianças elas estão em 
número maior. Isto explica o porquê das crianças serem mais sensí-
veis a sabores desagradáveis. Para isto, torna-se importante a com-
preensão dos aspectos psicofisiológicos envolvidos na percepção dos 
sabores. 
Os receptores para os paladares primários: doce, amarso, sal-
§ado e azedo (ácido), estão distribuídos e agrupados em regiões 
diferentes da superfície da língua. 0 paladar doce é detectado, 
principalmente, na ponta da língua, enquanto que o amargo é mais 
evidenciado na região posterior, o salgado nas laterais anteriores e 
o azedo nas laterais medianas (veja a figura a seguir): 
Percepção regional dos 
paladares primários na língua 
humana. 
Leçenda: 
Bitter:amargo 
Sour: azedo fácido) 
Satty: salsado 
Sweet: doce. 
Fonte: Roy, 1997. 
309 
Capítulo 5 - Manipulação 
A sensação final de um sabor, extrapola a percepção dos palada-
res primários e suas combinações. Outros sentidos, tais como, o 
olfato, a visão, o tato, a audição e até mesmo os aspectos subjeti-
vos como os fatores psicológicos influenciam no reconhecimento do 
sabor. 
18.1. Relação Química com os Quatro Paladares Primá-
rios 
Existe uma relação estreita entre a estrutura química de uma 
substância e o sabor. A solubilidade, o grau de ionização e o tipo de 
íons produzidos na saliva influenciam de maneira decisiva na sensa-
ção interpretada pelo cérebro (Remington, 2000). 
18.1 .1 . Sabores Ácidos (azedo): 
São proporcionais à concentração de íons H* e a solubilidade 
lipídica da substância. Característicos de ácidos, taninos, fenóis e 
lactonas. 
18.1.2. Sabores salgados: 
Estão associados com compostos inorgânicos ou de baixo pe-
so molecular. Correlacionados também, com a presença simultânea 
de ânions e cátions. 
Exemplos: Cloreto de Sódio, Brometo de Potássio, Cloreto de Amô-
neo e Salicilato de Sódio. 
18.1.3. Sabores Amargos: 
Compostos polihidroxilados de alto peso molecular(>300 dal-
tons). As bases livres, os alcalóides, as amidas e as anfetaminas pos-
suem sabor amargo; bem como substâncias polihalogenadas, tiocar-
bamidas e compostos tioalifáticos. 
Exemplo: Cafeína, Cloridrato de Difenidramina, Sulfato de Quinino, 
Cloridrato de Prometazina e Codeína. 
18.1.4. Sabores adocicados (doces): 
Estão freqüentemente associados a compostos polihidroxila-
dos de baixo peso molecular, tais como, a sacarose, o sorbitol e o 
manitol; mas vários outros grupos podem dar um sabor intensamen-
te doce à composição. Compostos alifáticos polihalogenados, alfa-
aminoácidos, imidas, tais como, (sacarina), sulfamatos (ciclamatos) 
310 
Capitulo 5 - Manipulação 
e combinações de aminoácidos (aspartame) são muito doces. As 
relaçòes estrutura-atividade são imprevisíveis, de fato estes com-
postos amplamente utilizados como edulcorantes, foram descober-
tos ao acaso. 
18.2. Critérios para Preparação de Forma Farmacêutica 
Palatável 
A seleção de um flavorizante apropriado para o paciente en-
volverá aspectos como: 
• a imediata identidade do sabor. 
• o desenvolvimento rápido da completa sensação de sabor. 
• a sensação bucal aceitável. 
• uma curta sensação "aftertaste". 
• a não existência de sensações desagradáveis. 
18.3. Metodologia de flavorização 
Cada problema de flavorização é único e requer uma sotução 
específica. A flavorização de uma preparação farmacêutica é com-
plexa, pois a percepção do paladar agradável ou desagradável de-
pende de preferências individuais. 
0 sabor doce é geralmente considerado desejável, enquanto 
que o amargo é usualmente (mas não sempre) indesejável. A prefe-
rência por determinado sabor pode também estar relacionada com 
a idade da pessoa. Crianças, geralmente, preferem sabores doces e 
não respondem bem ao amargo. Elas gostam de sabores, tais como 
frutais, melado, frutas vermelhas (exemplo: morango, framboesa e 
cereja) e baunilha. Os adultos por outro lado, aceitam razoavelmen-
te determinados níveis de amargo em medicamentos, mas normal-
mente preferem sabores relacionados com o cítrico, o chocolate, o 
café, o alcaçuz e o maple. É importante ressaltar que alguns paci-
entes associam o sabor amargo com a potência e a efetividade do 
medicamento. 
0 sabor agradável também pode ser uma questão individual, 
como por exemplo, alguns pacientes adoram o sabor de chocolate, 
enquanto outros podem até mesmo detestá-lo. 
Apesar da existência de inúmeros estudos sobre a flavoriza-
311 
Capitulo 5 - Manipulação 
ção de preparações farmacêuticas, a seleção dos flavorizantes con-
tinua se baseando em critérios empíricos, utilizando muitas vezes a 
estratégia da tentativa e o erro. 
18.4. Técnicas de flavorização 
18.4.1.Combinação: 
Para selecionar um flavorizante adequado ou um "blend" de 
flavorizantes, não é necessário utilizar somente os tradicionalmente 
empregados. 
A seleção do flavorizante para uma preparação deve ser feita 
de acordo com a preferência do paciente. 
A cor, o odor, a viscosidade e os efeitos locais na mucosa o-
ral também influenciam na aceitabilidade de uma preparação far-
macêutica pelo paciente. 
É necessário checar com o paciente uma possível sensibilida-
de alérgica a um flavorizante. 
Selecionar um conservante sem sabor, parabenos podem 
transferir para a formulação um aroma floral indesejável (metilpa-
rabeno) ou uma sensaçâo de dormência na língua (propilparabeno). 
Utilizar, de maneira adequada e racional os edulcorantes. 
Utilizar ácidos, tais como, o ácido tartárico (0,1 a 0,3%), o 
ácido cítrico (0,3 a 2%), o ácido málico (<420 ppm) ou o ácido fumá-
rico (<3600 ppm) para realçar o sabor de frutas. 
Drogas de paladar ácido podem ser melhor flavorizadas com 
flavorizantes cítricos ou de frutas, associando um edulcorante. 
Formulações antiácidas líquidas são frequentemente associa-
das com o sabor de menta, portanto, este flavorizante é uma boa 
escolha para este tipo de formulação. 0 paladar deste tipo de for-
mulação pode ser otimizado pela adição de edulcorante. 
Sabores amargos podem ser corrigidos pela adição de flavori-
zantes salgados, doces ou ácidos. 
A adição de Cloreto de Sódio em pequenas concentrações, 
pode melhorar a palatabilidade de algumas preparações. 
Compostos como a Vanilina (0,01 a 0,02%) e o Monoglutama-
to Sódico (contra-indicado para crianças) podem ser utilizados na 
combinação. 
312 
Capitulo 5 - Manipulação 
18.4.2. Mascaramento: 
Utilização de um flavorizante cuja intensidade é mais forte e 
prolongada do que o sabor objetável. 
Exemplo: Salicilato de Metila, Alcaçuz e Oleoresinas. 
Nota: Preparações para tratamento por periodos prolongados, requerem a utiiização de 
flavorizantes suaves, menos prováveis de causar a fadiga do sabor. 
18.4.3. Física: 
Trocar ou ajustar o veículo se o mesmo for inadequado. 
Liquidos viscosos podem ser utilizados para reduzir o contato 
da droga com as papilas gustativas. 
Exemplo: Xaropes com mucilagens. 
Mucilagens e xaropes podem tornar alguns sabores menos ob-
jetáveis. 
Óleos podem ser emulsificados(ex.: Emulsão de Óleo de Fí-
gado de Bacalhau). 
0 fármaco solubilizado tem o seu sabor realçado. Um paladar 
desagradável de um fármaco pode ser reduzido com a utilização de 
um veículo no qual ele seja insolúvel, pela precipitação do fármaco 
na solução, pela alteração do pH da mesma e a preparação subse-
quente de uma suspensão. 
A preparação pode ser armazenada na geladeira. 0 frio e o 
calor reduzem a sensibilidade das papilas gustativas. 
0 paciente pode ser instruido para ingerir a medicação com 
bebidas efervescentes. 0 Dióxido de Carbono anestesia as papilas 
gustativas ou então o uso de pós efervescentes. 
18.4.4. Química: 
Absorção da droga em um substrato ou a formação de um 
complexo da droga com resinas de troca iônica ou com agentes 
complexantes. 
Exemplo: revestimento da droga. 
18.4.5. Fisiológica: 
Usar, se necessário, agentes dessensibilizantes do paladar, 
como por exemplo, o mentol (0,003 a 0,02%), o óleo essencial de 
menta, o óleo essencial de anis (anetol), o fenolato de sódio, a cap-
saicina, temperos e evidenciadores dos flavorizantes (acidulantes). 
313 
Capitulo 5 - Manipulação 
18.5. Considerações importantes sobre os fatores que 
afetam a percepção do sabor amargo 
A correção do sabor amargo é especialmente problemática; o 
número de compostos que promovem o sabor amargo excede aos 
compostos que evideciam o sabor doce (Bartoshuck e Beauchamp, 
1994) e a relação entre estrutura-atividade é na maior parte, pouco 
compreendida (Shallenberger and Acree, 1971). 
São vários os fatores que afetam a percepção do amargo. 
Uma melhor compreensão destes é de grande importância para um 
trabalho efetivo no mascaramento deste sabor indesejável. Dentre 
os fatores que afetam a percepção do amargo podemos citar: 
18.5 .1 . Interações entre sabores: 
Uma comum ocorrência na psicofisiologia do paladar é o masca-
ramento da intensidade da percepção do sabor, em misturas con-
tendo dois ou mais componentes. A evidenciação do sabor é tam-
bém ocasionalmente observada, embora menos comum e normal-
mente observada em associações com baixas concentrações dos 
componentes (Pfaffman et. al., 1971). Como exemplo, podemos 
citar a supressão da magnitude do amargo, diretamente relacionada 
com a intensidade do doce (uma maior concentração do edulcoran-
te). 0 salgado também tem sido relatado como fator de mascara-
mento do amargo; Pangbom (1960) relatou que concentrações limi-
ares de Cloreto de Sódio diminuem o amargo em preparações con-
tendo Cafeína. A evidenciação do sabor doce através de concentra-
ções limiares de Cloreto de Sódio tem sido atribuída ao sabor doce 
que o NaCl possue em baixas concentrações, mas isto é especulati-
vo. Lawless and Stevens (1984) afirmam que a natureza da supres-
são se dá através de mecanismos diversos, tais como, mudanças no 
fluxo salivar, efeitos inibitórios neurais, interações químicas ou re-
crutamento de canais gustatórios para carrear sinais competitivos. 
Acidulantes em concentrações baixas, também têm sido relatados 
como redutores do amargo; Pangborn (1960) relatou que níveis limi-
ares de Ácido Cítrico diminuem o amargo da Cafeína. Embora possa 
parecer um contrasenso, sabemos que sabores intensamente amar-
gos podem ser melhorados com a adição de uma outra susbstância 
menos amarga. Compostos moderadamente amargos atuam como 
agonistas parciais, ocupando o receptor, induzindo a uma resposta 
de amargo menos intensa e prevenindo que o composto mais amargo 
acesse o receptor. 
314 
Capítulo 5 - Manipulação 
18.5.2. Veículo: 
A percepção do sabor não depende apenas do composto pre-
sente na formulação, depende também das propriedades físicas e 
químicas do veícuío. Mackey (1985) relatou que o amargo da Cafeí-
na e do Quinino foi reduzido quando os compostos foram dispersos 
em Óleo de Amendoim, em vez de água. A natureza hidrofóbica do 
solvente pode ter alterado a velocidade de distribuição, reduzindo a 
concentração salivar ou então a viscosidade do óleo pode ter influ-
enciado na resposta perceptiva. 
18.5.3. Viscosidade: 
0 aumento da viscosidade do veículo diminui a percepção do 
sabor amargo. 
18.5.4. Temperatura: 
A percepção do amargo pode ser diminuída com o aumento 
ou com a redução da temperatura da preparação. 
18.5.5. Irritantes químicos orais: 
A adição de agentes químicos irritantes orais tem sido pro-
posta como agentes de mascaramento da percepção. Lawless et al. 
(1985) observaram que a percepção do amargo de uma solução de 
Quinino foi, moderadamente, suprimida com a utilização prévia de 
um rinse com solução de Capsaicina. A Capsaicina tem sido utilizada 
em soluções dessensibilizantes do paladar em rinses em concentra-
ções de 100ppm. 
18.5.6. Etanol: 
0 Etanol devido a sua propriedade solubilizante, potencializa 
o sabor amargo. 
18.5.7. Modificadores do sabor: 
Alguns compostos modificam o paladar, aparentemente, de-
vido à interação com receptores celulares do paladar (Kurihara, 
1971). Ex.: Extrato de Gymnema Sylvestre e Dodecil sulfato de Só-
dio. 
18.5.8. Status salivar: 
Para uma substância ter acesso à célula receptora do pala-
dar, ela precisa estar solubilizada em um meio aquoso, no organis-
315 
Capítulo 5 - Manipulação 
mo, este meio é provido pela saliva. As relações entre a saliva e a 
percepção do sabor têm sido estudadas. Sabe-se que sabores primá-
rios ácidos são efetivos na estimulação do fluxo salivar. Estas evi-
dências sugerem que os efeitos de diluição da saliva, devido ao au-
mento do seu fluxo, podem reduzir a percepção do amargo. Algumas 
substâncias amargas também podem aumentar o fluxo salivar, em-
bora fracamente quando comparadas com substâncias ácidas. 
18.5.9. Idade: 
A sensibilidade para o paladar diminui com o envelhecimento 
(Murphy, 1986). 
18.6. Flavorizantes 
Substância que confere ou intensifica o sabor e o aroma dos 
alimentos (Decreto n°55.871 25/03/1965) 
18.6 .1 . Flavorizantes utilizados para mascarar alguns sabo-
res primários: 
Doce: baunilha, vanilina, tutt i-frutt i , uva, morango, framboesa, 
amora e hortelã-pimenta. 
Ácido/azedo: cítrico, limão, laranja, cereja, framboesa, xaropes 
mucilaginosos (goma arábica). 
Salgado: amêndoas, xarope de canela, xarope de ácido cítrico, xa-
rope de maple, xarope de laranja, xarope de alcaçuz, framboesa, 
butterscotch, xarope de cereja e xarope de chocolate. 
Amargo: anis, café, chocolate, chocolate-menta, menta, limão, 
laranja, pêssego, cereja, framboesa, lima, xarope de ácido cítrico, 
xarope de cacau, xarope de alcaçuz e cravo. 
Salino + amargo: xarope de canela, xarope de laranja e xarope de 
ácido cítrico. 
Oleoso: menta, anis, canela, hortelã (ex.: correção do sabor de 
preparações com óleo mineral). 
Metálico: morango, framboesa, cereja e uva. 
Insipido: associar edulcorante e flavorizante, xarope de limão ou 
xarope simples com tintura ou essência de limão. 
316 
Capitulo 5 - Manipulação 
18.6.2. Sugestões de Flavorizantes por Classes de Drogas 
Antibióticos: cereja, abacaxi, laranja, framboesa, banana + abaca-
xi, banana + baunilha, côco + creme, morango + baunilha, limão-
creme, cereja + creme, tutti-frutti-canela e maple. 
Antihistaminicos: cereja, canela, creme, uva, mel, pêssego + laran-
ja, framboesa, baunilha, cacau. 
Barbituratos: banana + abacaxi, banana + baunilha, canela + men-
ta, groselha + morango, pêssego + laranja, lima e laranja. 
Descongestionantes e expectorantes: anis, cereja, côco + creme, 
creme + menta + morango, groselha + pêssego, morango, limão, 
laranja, laranja + limão, abacaxi, laranja + pêssego, morango, 
framboesa e tangerina. 
Eletrólitos: cereja, uva, framboesa e lima + limão. 
Fonte: adaptado de Thompson 
0 corante a ser utilizado em uma formulação deve ser sele-
cionado harmonicamente com o flavorizante (exemplo: verde para 
menta, vermelho para cereja, etc.) 
18.6.3. Sugestões de Flavorizantes para Produtos Veteriná-
rios 
Pássaros: uva, laranja e tutt i- frutt i . 
Gatos: carne, galinha, fígado, amendoim, peixe e queijo. 
Cães: carne, queijo, galinha,fígado, marshmallow, amendoim, 
framboesa e morango. 
Equinos: maçã, cereja, cravo, caramelo e alfafa. 
Bovinos: anis, maple, cravo, alfafa e anis-alcaçuz. 
Cabras: maçã e caramelo. 
Frangos: milho, melancia e leite. 
Furões: peixe e frutal. 
Iguanas: kiwi e melancia. 
Coelhos: banana-creme e alface. 
Porquinho-da-india: laranja e tutt i - frutt i . 
Primatas: banana, chocolate e framboesa. 
Répteis (exceto cobras): banana-creme e limão-creme. 
Adaptado: IJPC - Internationat Journal of Pharmaceutical Compoundins July/August 1997. 
317 
Capitulo 5 - Manipulação 
18.7. Monografias de alguns flavorizantes especiais e 
corretivos de sabores 
18.7 .1 . Óleo deanis: 
Óleo volátil destilado, obtido da Pimpineüa anisum, Linné 
(Fam. UmbelUferae). 
Composição: anetol (80 a 90%), metil chavicol (isômero do 
anetol) e acetona anísica. 
Descrição: óleo amarelado ou incolor com odor e sabor ca-
racterístico do anis. 
Solubilidade: solúvel em 3 volumes de álcool a 90%. 
Uso e aplicação: agente flavorizante (mascara o amargo), 
flavorizante ideal para preparações oleosas, carminativo (0,1%). 
18.7.2. Óleo essencial de canela: 
Óleo volátil destilado, obtido da Cinnamonum cassia (Nees) 
Nees ex Blume (Fam Lauraceae). 
Composição: 80% de aldeídos totais (principal cinamaldeído). 
Solubilidade: solúvel em igual volume de álcooi. 
Descrição: óleo amarelado com odor e sabor característicos 
de canela, 
Uso e aplicação: agente flavorizante com bons resultados em 
preparações oleosas, salinas e amargas, agente carminativo (0,05 a 
0,2%). 
18.7.3. Óleo essencial de cravo: 
Óleo essencial destilado, obtido dos botões floridos da Euge-
nia caryophyllus (Fam. Myrtaceae). 
Composição: 85 a 90% v/v de eugenol. 
Descrição: óleo incolor ou amarelo pálido, com odor e sabor 
característicos do cravo-da-índia. 
Soiubilidade: miscível em álcool. 
Uso e apiicação: agente flavorizante (1 a 3%) em preparações 
odontológicas. 
318 
Capitulo 5 - Manipulação 
18.7.4. Óleo essencial de menta: 
Óleo volátil destilado, obtido da Mentha piperita. 
Composição: mentol (na forma rotatória levógira), acetato 
de mentila (éster do mentol) entre outros componentes voláteis. 
Descrição: liquido incolor ou levemente amarelado. 
Solubilidade: solúvel em álcool. 
Usos e aplicações: agente flavorizante, anestésico, carmina-
tivo, antiséptico. Utilizado como flavorizante de antiácidos, pasti-
Ihas e gomas mastigáveis. 0 óleo essencial de menta apresenta um 
efeito dessensibilizante do paladar, útil no mascaramento do sabor 
amargo. 
18.7.5. Óleo de Eucalipto: 
Óleo volátil destilado, obtido de folhas frescas do Eucalyptus 
çlobulus e outras espécies (Fam. Myrtaceae). 
Composição: eucaliptol ou cineol (não menos que 70%) e ou-
tros compostos, incluindo o d-a-pineno, globulol, pinocarveol, pino-
carvona e vários aldeídos. 
Descrição: liquido incolor ou amarelo pálido com uma carac-
terística aromática, odor camforáceo, sabor picante, pungente e 
refrescante. 
Soiubüidade: solúvel em 5 volumes de álcool 70%. 
Uso e aplicação: agente flavorizante e expectorante. 
18.7.6. Extrato fluido de Alcaçuz: 
Extrato fluido preparado a partir de rizomas e raízes da 
Glycyrrhiza glabra, Linné (Fam. Leguminosae) 
Composição: 5 a 7% de glicirrizina ou Ácido Glicirrízico, o 
qual é 50 vezes mais doce que o açúcar. 
Uso e aplicação: no preparo do xarope de alcaçuz, flavori-
zante doce e muito eficiente no mascaramento de sabores amargos 
(ex.: Quinino). 
18.7.7. Glicirrizinato de amôneo (Magnasweet®) 
Descrição: pó higroscópico ou forma pré-solubilizada em gli-
cerina ou propüenoglicol. 
Aplicação e uso: é um evidenciador e potencializador do sa-
bor doce. Tem sido utilizado em sistemas adoçantes artificiais, xa-
319 
Capítulo 5 - Manipulação 
ropes (para gripe e para resfriado, antissépticos orais e antibióti-
cos), pastilhas mastigáveis (ex.: antiácidos) e vitaminas. Apresenta 
efeito sinérgico com adoçantes naturais. Agente de mascaramento 
para o after-taste amargo, o tempo de permanência do seu sabor é 
maior. Deve ser utilizado em associação com edulcorantes. 
Concentração usual: 0,1 a 0,5%. 
18.7.8. Óieode Limão 
Óleo volátil, obtido da expressão da pele fresca do fruto do 
Citrus limon (Linné) Burmann filius (Fam. Rutaceae). 
Composição: aldeído citral (4%), d-limoneno (cerca 90%) den-
tre outros componentes voláteis e não-voláteis. 
Descrição: líquido amarelo, levemente amarelo ou amarelo 
esverdeado, com odor e sabor característicos da pele do limão. 
Solubilidade: miscível em álcool. 
Aplicação e uso: agente flavorizante. 
18.7.9. Óleo essencial de laranja 
Óleo volátil, obtido por expressão da pele fresca do fruto do 
Citrus sinensis (Linné) Osbeck (Fam. Rutaceae). 
Composição: d-limoneno (90%) e 5 a 10% de outros constitu-
intes voláteis. 
Descrição: líquido intensamente alaranjado, com odor e sa-
bor característicos da casca da laranja. 
Solubilidade: miscível em álcool anidro. 
Aplicação e uso: agente flavorizante em elixires e outras 
preparações. 
18.7.10. Salicilato de metila 
Óleo obtido sinteticamente ou das folhas da Gaultheria pro-
cumbens (Ericaceae) e da casca da Betula lenta (Betulaceae). 
Descrição: líquido incolor ou levemente amarelado com odor 
aromático e sabor doce aromático. 
Solubilidade: solúvel em álcool, em óleos e levemente solú-
vel em água. 
Aplicação e uso: analgésico local, agente flavorizante (em pe-
quenas concentrações). A ingestão aceitável é de 500mcg/kg/dia. 
Utilizado em pastilha e na flavorização de óleos (ex.: óleo de fígado 
de bacalhau). 
320 
Capítulo 5 - Manipulação 
18.7.11. Glutamato monossódico 
Obtido da fermentação do açúcar de beterraba ou pela hi-
drólise de proteinas vegetais. 
Descrição: pó cristalino branco e eflorescente. 
Solubilidade: muito solúvel em água e levemente solúvel em 
álcool. 
Usos e aplicações: realça os aromas naturais. Muito eficiente 
na redução do sabor metálico de preparações contendo ferro, po-
rém não pode ser utilizado em pediatria. A dose diária de ingestão 
máxima recomendada é 120mg para adultos ou crianças maiores de 
12 anos. 
18.7.12. Mentol 
Descrição: Pó branco cristalino ou cristais, com um forte o-
dor e sabor característicos. 0 mentol é uma mistura racêmica. 
Solubilidade: muito solúvel em etanol, muito pouco solúvel 
em glicerina e praticamente insolúvel em água. 
Usos e aplicações: agente flavorizante, evidenciador do odor e 
terapêutico. 0 mentol atua como dessensibilizante do paladar, em-
pregado muitas vezes para o mascaramento do sabor amargo de 
determinadas substâncias. 
Concentrações usuais: 
• Suspensões orais: 0,003% 
• Xaropes: 0,005 a 0,015% 
• Comprimidos e pastilhas: 0,2 a 0,4% 
• Pasta dental: 0,4% 
• Enxaguatórios bucais: 0,1 a 2,0% 
• Spray oral: 0,3% 
18.7.13. Vanilina: 
Obtida da baunilha. 
Descrição: cristais finos brancos ou ligeiramente amarelados. 
Solubüidade: 1g dissolve em 100 mL de água, cerca de 20 mL 
de glicerina, facilmente solúvel em álcool. 
Incompatibilidade: combina com a glicerina formando um 
composto quase insolúvel em álcool. É decomposta por álcalis e é 
oxidada lentamente pelo ar. 
Aplicações e usos: como flavorizante de fundo para mascarar 
sabores desagradáveis. 
Concentração usual: 0,01 a 0,02% p/v. 
321 
Capitulo 5 - Manipulação 
18.8. Flavorizantes Especiais para Preparações Farma-
cêuticas: Soluções para a correção de sabores em For-
mas Farmacêuticas 
18.8.1. Banana creme anidro 
(flavorizante composto banana/creme): 
Composicão: acetato de amila, álcool amílico, formato de 
butila, acetato de butila, vanilina, propionato de amila, corante 
certificado FDC amarelo # 5 e propilenoglicol. 
Características: flavorizante anidro; hidromiscível; pH em so-
lução aquosa 1% : 6,71, sol.2% : 6,62 e sol. 3% 6,53 a 6,82. 
Empregos: indicado para preparações anidras, tais como, 
pastilhas à base de polietilenoglicóis e também para formulações 
aquosas. Flavorizante especialmente interessante para corrigir o 
sabor da nistatina, alguns antibióticos e barbitúricos.18.8.2. Chlorexidine 
(flavorizante especial para preparações contendo clorexidina): 
Composição: propilenoglicol, álcool, mentol, eugenol, óleo 
essencial de hortelã, óleo essencial de Mentha Piperita, salicilato de 
metila, polisorbato 20, corante artificial certificado FDC azul # 1. 
Caracteristicas: flavorizante hidrosolúvel. 
Empregos: flavorizante ideal para mascarar o sabor adstrin-
gente da clorexidina. Pode ser utilizado nas formulações de enxa-
guatórios bucais e géis dentais contendo este ativo. 
18.8.3. Chocolate anidro: 
Composicão: extrato de cacau, etil vanilina, valinina, ligni-
na, cinamato de amila, acetato de fenil butila, isovalerato de buti-
la, cinamato de isobutila, acetato de fenil amila, cinamato de fenil-
propila, furfural, álcool furfuril, linalol, propenilguaetol, isovaleral-
deído, diacetil, dimetilpiranina, óleo de orégano, dimetilsulfito, 
propilenoglicol e álcool benzílico. 
Características: flavorizante anidro lipossolúvel. 
Emprego: flavorizante concentrado e compatível bases ani-
dras tais como base de chocolate, base de polietilenoglicol para 
pastilhas medicamentosas. 
322 
Capitulo 5 - Manipulação 
18.8.4. Coffee anidro (Café): 
Composição: propilenoglicol, extratos de café, formato de 
etila, metilciclopentenolona, diacetil, fenilacetato de amila metil-
mercaptano. 
Características: flavorizante anidro lipossolúvel e hidromiscí-
vel; pH em solução aquosa 1%: 6,71, solução aquosa 2%: 6,62, solu-
ção aquosa 3%: 6,62 a 7,2. 
Emprego: flavorizante preferencial de adultos e com aplica-
ção no mascaramento de preparações contendo fármacos de sabor 
amargo. Pode ser incorporado em preparações anidras e aquosas. 
18.8.5. Creme de Menthe anidro 
(Creme de Menta: flavorizante composto para fármacos amargos): 
Composição: propilenoglicol, álcool etílico, óleos essenciais 
de Mentha piperita e limão, corante artificial certificado FDC azul # 
1 e amarelo # 5. 
Caracteristicas: flavorizante anidro lipo e hidrossolúvel; pH 
em solução aquosa 1%: 6,82, solução aquosa 2%: 6,73, solução aquo-
sa 3%: 6,64. 
Empregos: flavorizante preferencial para mascaramento do 
sabor amargo de preparações farmacêuticas, apresenta boa perfor-
mance na flavorização de preparações com antibióticos betalactâ-
micos. Pode ser utilizado em preparações anidras e aquosas. 
18.8.6. Honey anidro (Mel): 
Composição: álcool, propilenoglicol, mel, aldeídos e cetonas. 
Caracteristicas: flavorizante anidro lipo e hidrossolúvel; pH 
em solução aquosa 1%: 6,71, sol. 2%: 6,80, sol. 3%: 6,62. 
Empregos: flavorizante preferencial para preparações com 
antibióticos. Empregado em preparações anidras, tais como, solu-
ções oleosas de uso oral e também em preparações aquosasb como, 
suspensões e xaropes. 
18.8.7. Maple: 
Composição: propilenoglicol, água, feno-grego, café, bauni-
Iha, farinha de São João, açúcar de maple e glicerina. 
Características: flavorizante hidratado; hidrossolúvel; pH em 
solução aquosa 3%: 6,73. 
323 
Capitulo 5 - Maniputação 
Empregos: flavorizante preferencial para adultos e para mas-
caramento de sabores salgados. Pode ser utilizado em preparações 
aquosas como xaropes, elixires e suspensões orais de uso humano e 
também veterinário (gado). 
18.8.8. Marshmallow: 
Composição: água, propilenoglicol, vanilina, benzodihidropi-
rona, heliotropina, oxihidrato de etila, óleo de limão, óleo de laran-
ja e óleo de noz-moscada. 
Características: flavorizante hidratado; hidrossolúvel; pH so-
lução aquosa 3%: 4,38. 
Empregos: sabor atrativo para crianças e adultos. Flavorizan-
te de fundo (ideal para combinação com outros flavorizantes) com 
ótimos resultados no mascaramento de preparações contendo fár-
macos amargos. Pode ser empregado em preparações líquidas, sóli-
das ou semi-sólidas de uso oral que contenham água. 
18.8.9. Raspberry anidro 
(Flavorizante de Framboesa anidro): 
Composição: acetato de etila, butirato de etila e outros és-
teres, alfa-ionona e outras cetonas, vanilina e outros aldeídos, mal-
tol, óleo de laranja e outros óleos cítricos, propilenoglicol, suco de 
framboesa negra, corante certificado FDC Vermelho #40 e Azul #1. 
Características: flavorizante anidro lipo e hidrossolúvel; pH 
em solução aquosa 1%: 6,29, solução aquosa 2%: 5,86 e solução a-
quosa 3%: 5,34. 
Empregos: flavorizante ideal para mascarar sabores excessi-
vamente doces, salinos e metálicos. Flavorizante de escolha em 
preparações contendo antibióticos, antihistamínicos, descongestio-
nantes, expectorantes e eletrólitos. Pode ser utilizado em prepara-
ções anidras e aquosas de uso humano e também de uso veterinário 
(cães e primatas). 
18.8.10. Óleo de Tangerina: 
Composição: tangerina natural e óleos essenciais de laranja. 
Caracteristicas: flavorizante anidro solúvel em álcool e ó-
leos. Miscível em preparações aquosas com utilização de polisorbato 
20. pH em solução aquosa 1%: 6,87, solução aquosa 2%: 6,68 e solu-
324 
Capitulo 5 - Manipulação 
çãoaquosa 3%: 6,28 (utilizando polisorbato 20 para dispersão 1:1). 
Empregos: ideal para flavorização de preparações oleosas de 
uso oral e preparações aquosas com fármacos de sabor amargo, 
principalmente em preparações contendo expectorantes e descon-
gestionantes. Pode ser utilizado em preparaçòes anidras e aquosas 
(com uso de tensioativo). 
18.8.11. Peanut Butter anidro 
(Flavorizante com sabor de pasta de amendoim): 
Composicão: propilenoglicol, álcool benzílico, metilpirazina, 
acetil pirazina, benzaldeído, metilciclopentenolona e decalactona. 
Caracteristicas: flavorizante anidro lipossolúvel e hidromiscí-
vel; pH em solução aquosa 1%: 6,99, solução aquosa 2%: 6,71, solu-
ção 3%: 6,46. 
Empregos: Flavorizante para uso humano, principalmente em 
preparações anidras, tais como, preparações oleosas de uso oral, 
pastilhas a base de gorduras vegetais hidrogenadas, pasta de amen-
doim e em preparações de uso veterinário (contituindo um sabor 
preferencial de gatos e cachorros). Pode ser utilizado em prepara-
ções anidras e aquosas. 
325 
Capítulo 5 - Manipulação 
18,9. Microrevestimento de fármacos - Alternativa para 
mascaramento 
0 microrevestimento de fármacos com polímeros representa 
uma alternativa para o mascaramento do sabor de fármacos com 
paladar desagradável. 
18 .9 .1 . Sugestões de Formulações 
A. Solução para Microrevestimento com acetoftalato de celulose: 
Fármaco 10 g 
Monoestearato de glicerila 5 g 
Solução Acetoftalato de celulose 15% .. 100 ml_ 
B. Solução de Acetoftalato de celulose 15% p/v: 
Acetoftalato de ceiulose 15 g 
Acetona qsp 100 ml_ 
Procedimento: 
Passo 1: Adicione o MEG à solução de acetoftalato de celulose. 
Aqueça a 50°C (placa aquecedora ou BM), agitando até a obtenção 
de uma soluçào límpida. 
Passo 2: Adicione o fármaco tamisado ao passo 1. 
Passo 3: Agite vigorosamente, em uma capela com exaustão por 1 a 
2 horas a 50°C, para deixar que a reação se complete. 
Passo 4: Espalhe o passo 3 em uma placa para espatulação, utilizan-
do uma espátula de borracha. 
Passo 5: Deixe o passo 4 secar sob a capela. Uma crosta irá se for-
mar na placa. Deixe secar até que desapareça todo o odor de ace-
tona. 
Passo 6: Raspe a crosta, triture o pó em um gral e deixe secar. 
Passo 7: Determine um fator de correção. 
C. Solução para Microresvestimento com Eudragit L-100: 
Fármaco 10 g 
Eudragit L-100 3 g 
Óleo vegetal hidrogenado* 2 g 
Acetona 200 mL 
"Lubritab® 
326 
Capitulo 5 - Manipulação 
Procedimento de preparo: 
Passo 1: Em um gral triture o óleo vegetal hidrogenado. 
Passo 2: Em um béquer, disperse o passo 1 em acetona. Tamise den-
trodo mesmo Eudragit L-100 para dispersá-lo bem. 
Passo 3: Tamise também, dentro do béquer o fármaco. Agite vigoro-
samente para assegurar uma mistura uniforme. Se houver formação 
degrumos, agite vigorosamente até completa dispersão. 
Passo 4: Mantenha agitando até a completa evaporação da acetona. 
Para obter um melhor revestimento do fármaco, cubra o béquer 
com um vidro relógio para permitir mais tempo para a reação com-
pletar. 
Nota: Observea preparaçõo de tempo em tempo. Levará cerca de 5 a 6 horas para a acetona 
evaporar. Se a acetona evaporar antes deste tempo, adicione um pouco mais de acetona, 
para estender a reação em 5 a 6 horas. Uma crosta dura irá se formar no béquer (complexo 
comofármaco). 
Passo 5: Raspe a crosta dura do béquer e coloque em um prato para 
aevaporação. 
Passo 6: Coloque o passo 5 em uma estufa na temperatura de 50°C 
para secar. Neste passo, a acetona residual irá se evaporar. Cheque 
o peso do prato de evaporação. Quando o pó estiver completamente 
seco, não haverá mais mudanças no peso. Este passo levará várias 
horas. 
Passo 7: Retire o passo 6 da estufa e triture a crosta até formar um 
pó fino. 
Nota: 
| Proteger o produto da tuz. 
2. )5g do produto revestido equivale a cerca de 10 g do fàrmaco puro. 
3. Este pó revestido poderá ser suspendido (suspensõo). Porém, a estabilidade da suspensão 
serà somente por 2 semanas, pois, o microrevestimento pode ser quebrado e então o sabor 
desagradàvel do fármaco poderá ficar evidente novamente. 
Estabilidade do pó revestido: cerca de 180 dias. 
327 
Capítulo 5 - Manipulação 
19. Edulcorantes (adoçantes) 
Existe um adágio antigo que diz: "Uma colher de açúcar ajuda 
o remédio descer melhor". Isto nos faz lembrar que o sabor doce, 
tem sido utilizado para mascarar o amargo já há muito tempo. 
Por ser mais desejável, o sabor doce é utilizado para cobrir ou 
balancear o amargo. Na verdade, o doce e o amargo podem intera-
gir de várias maneiras. Através do efeito de mascaramento, no qual 
o sabor doce é utilizado para cobrir, balancear ou sobrepor ao sabor 
amargo. Ou então, como alguns adoçantes atuam, inibindo a per-
cepção de algumas substâncias amargas. 
Estudos experimentais demonstram uma relação entre os re^ 
ceptores para paladar doce e os receptores para paladar amargo. É 
bem conhecido que em uma mistura contendo uma susbstância doce 
e outra amarga, a percepção de ambos paladares (doce e amargo) é 
reduzida. Não há um consenso se esta supressão ocorre nas papilas 
gustativas (Lawless, 1982) ou no cérebro (Kroeze and Bartoshuk, 
1985). Parece haver uma reatividade cruzada entre os receptores 
para amargo e doce. 
Um aspecto muito curioso da percepção de um adoçante, é o 
fenômeno do perfil temporal - o tempo para o início da percepção 
do sabor e a duração da percepção deste (Carr et al., 1993). A saca-
rose, considerada ideal, tem o início e a duração da percepção do 
seu sabor, razoavelmente rápido. Adoçantes como o acesulfame e a 
sacarina têm um início da percepção mais rápido do que a sacarose, 
com uma curta duração da sensação. Já a glicirrizina, tem a per-
cepção do seu sabor doce inicial muito lenta e permanecendo por 
um período prolongado (veja figura a seguir). Isto indica que os di-
ferentes edulcorantes podem atuar por diferentes mecanismos. Em-
bora o sabor amargo não tenha sido tão bem estudado sobre este 
aspecto, sabe-se que qualitativamente o amargo tem seu início de 
percepção lenta e seu tempo de permanência da percepção maior. 
Podemos concluir que em virtude deste fator de percepção tempo-
ral, os edulcorantes com perfil de permanência mais longo são me-
Ihores para mascarar o amargo. A sacarina e acesulfame apresentam 
curta duração, por isto são menos utilizados do que o aspartame. 
328 
Capitulo 5 - Manipulação 
10 O 
■o -o 
<D O . 
■8 a - 9 
<" } ; "> 
£o i 
Representaçáo esquemática de perfil temporai da percepção do sabor 
Um grande número de agentes é utilizado como edulcorante, 
incluindo a sacarose, a glicose, o xarope de milho, o sorbitol, o ma-
nitol e outros açúcares. Normalmente, estes açúcares são emprega-
dos em grandes concentrações, influenciando na viscosidade do veí-
culo e podendo retardar a velocidade de dissolução de algumas dro-
gas. Edulcorantes não-calóricos (ex.: sacarina e aspartame) também 
podem ser empregados, com a vantagem de apresentar poder 
adoçante muito maior do que os açúcares. 
Algumas misturas de diferentes edulcorantes (ex.: aspartame 
+ acesulfame) produz sinergia e um alto nível de dulçor na mistura, 
maior do que seria previsível com o uso isolado dos edulcorantes 
(Roy, 1997). Outras misturas (ex.: sacarina + acesulfame) são estri-
tamente aditivas e provavelmente competem por receptores co-
muns (Caret. al., 1993). 
329 
Capitulo 5 - Manipulação 
19.1. Principais Edulcorantes empregados em 
Formulações Orais Líquidas 
Tabela 42 : Principais Edulcorantes para Formulações Orais 
Líquidas 
Edulcorante 
Sacarose 
Sorbitol 
Manitol 
Sacarina 
sódica 
Esteviosidio 
Aspartame" 
Ciclamato 
sódio 
Acesulfame 
de K"* 
Frutose 
Concen-
tração 
usual 
Até 85% 
20 a 70% 
7% 
0,04 a 
0,6% 
0,1 a0,5% 
0,1 a0,5% 
Até0,17% 
0,3 a 
0,5% 
45 a 99,5% 
Solubi-
lidade 
Agua, 
álcool 
Agua 
Agua 
Agua 
(1:1,2) 
Muito 
solúvel 
em 
água 
Agua 
(1:100) 
Agua 
(1:5) 
Agua 
(1:3,7) 
Agua 
(1:0,3) 
Poder 
adoçante* 
0,5 a 0,7 X 
0,7 X 
300 X 
300 X 
180 X 
30 X 
180 a 200 X 
1.17X 
pH 
estabilidade 
>2,0 
2,0 a 5.0 
(pH ácido) 
máx. 3,0 a 
3,5 
máx. 3,0 a 
4,0 
incompatibil idades 
e 
comentários 
Metais pesados po-
dem conduzir a 
incompatibilidades 
com ativos (ex.vit.C) 
ions metálicos di e 
trivalentes em condi-
ções extremamente 
ácidas ou alcalinas 
Forma complexos 
com alguns metais 
(Fe, Al, Cu) 
Soluções conc. > 20% 
podem se precipitar 
com NaCl, KCi e com 
contato com plástico 
Altas temperaturas 
(>125°C) 
Altas temperaturas 
boa estabilidade ao 
calor 
Sinergismo edulco-
rante com ciclamato 
sódico e aspartame. 
Àcidos e bases for-
tes, na forma aldei-
dica reage com 
aminas, aminoácidos, 
péptides e proteínas 
(coloração marrom) 
Estabilidade ao calor 
até 70-C. 
Propriedade eviden-
ciadora do sabor. 
Limitaçào de dose 
para diabéticos até o 
lü.ix. de 25/d ia . 
330 
Capitulo 5 - Manipulação 
Tabela 42: Principais Edulcorantes para Formulações Orais 
Liquidas 
Fonte: adaptado Thompson e Handbook of Pharmaceuticat excipients 
'Poder adocante comparado à sacarose. 
" 0 aspartame è uma combinação de dois aminoácidos, o Ácido L-aspártico e a L-fenilalanina 
em sua forma de metil éster. Devido ao fato de conter a fenilalanina, o aspartame não deve 
ser utilizada por fenilcetonúricos linabilidade de metabolizar a fenilalanina). 
"* 0 acesulfame de K é sintetizado a partir do éster Terci-butil do Ácido Acetoacético e o 
Isocianato Fluorosulfonil. Apresenta efeito edulcorante sinérgico com Aspartame e o Cicla-
moto Sódico. 
19.2. Fórmulas Edulcoradas e Flavorizadas 
19.2.1. Xarope Simples (1 litro) 
Sacarose (açúcar refinado) 850g 
Benzoato de sódio 2 g 
Água destilada qsp 1000 ml 
Nota: Nâo levantar fervura, pois poderá haver formação de açúcar invertido. 
Procedimento: 
Pesar precisamente os ingredientes sólidos misturando-os. 
Adicionar água destilada ao açúcar e o conservante, completar o 
volume com água destilada. 
Misturar todos componentes e aquecer até a dissolução, completan-
do ao volume final. 
Embalagem: frasco de vidro âmbar, bem fechados. 
Armazenamento: temperatura ambiente (15 a 30°C). 
Estabilidade: 1 ano. 
19.2.2. Xarope de Chocolate ou Cacau 
(veículo edulcorado) - Remington 
Chocolate em pó 18,0% (flavorizante) 
Açúcar refinado 60,0% (edulcorante) 
GÍicose liquida * 18,0% (edulcorante) 
Glicerina 5,0%(diluente e edulcorante) 
Cloreto de sódio 0,2% (adjuvante) 
Benzoato de sódio 0,1% (conservante) 
Vanilina 0,02% (flavorizante) 
Água destilada qsp 100 ml (veículo) 
• Xarope de milho (utilizar o produto comercial Karo') 
331 
Capítulo 5 - Manipulação 
Procedimento de preparo: 
Passo 1: Pesar e medir separadamente os componentes da formula-
ção. 
Passo 2: Dissolver o Cloreto de Sódio e o Benzoato de Sódio em 32,5 
ml_ de água aquecida a 85°C). 
Passo 3: Quando a água do ítem anterior atingir 85°C, desligar, a-
crescentar o açúcar mais a glicose líquida e a glicerina. Ligar o a-
quecimento novamente e homogeneizar utilizando um misturador 
de hélice, acrescentando aos poucos o chocolate em pó. Desligar oaquecimento, deixando a temperatura baixar para 40°C e então, 
adicionar a vanilina solubilizada em qs de álcool. 
Passo 4: Aguardar 12 horas e insuflar nitrogênio no xarope e no fras-
co. 
Embalagem: vidro âmbar 
Conservação: em local fresco, em vidros previamente purgados com 
nitrogênio. 
Estabilidade: 1 ano. 
19.2.3. Xaropes flavorizados (480 mL) 
Flavorizante concentrado* 15 mL 
Ácido Cítrico 0,1% 
Xarope simples qsp 480 mL 
* Cereja, moran%o, uva, framboesa ou laranja. 
19.2.4. Xarope de Acácia (1000 mL) 
Goma arábica (acácia) 100g 
Benzoato de Sódio 2 g 
Extrato de Baunilha puro 5 mL 
ou flavorizante de Marshmallow 30 mL 
Sacarose 800 g 
Água purificada qsp 1000 mL 
Preparo: 
Passo 1: Misture a Goma Arábica, o Benzoato de Sódio e a Sacarose. 
Passo 2: Adicione 425 mL de água purificada (ex.: água destilada) e 
misture bem. 
Passo 3: Aqueça a mistura em banho-maria até completa dissolução. 
Passo 4: Quando esfriar, remova a espuma formada acima do xaro-
pe. 
Passo 5: Adicione o flavorizante, misturando-o bem. 
Passo 6: Complete o volume com a água. 
332 
Capítulo 5 - Manipulação 
Embalagem: vidro âmbar. 
Conservação: Temperatura ambiente protegido do calor excessivo. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
19.2.5. Veículo para Suspensões Orais com Fármacos Amar-
gos 
Fármaco amargo X g 
Esteviosídeo 0,1% 
Sacarina sódica 0,05% 
Goma xantana 0,2% 
Benzoato de sódio 0,2% 
Glicerina qs para levigar 
Xarope de chocolate ou 
Xarope simples flavorizado * qsp 100 ml_ 
'Fiavorizantes: chocolate, framboesa, creme de menta, tutti-frutti • 1mL/30mL. 
'Óleo essencial de menta - 2 $otas/30 mL. 
Preparo: 
Passo 1: Triture o ativo em um gral com o pistilo, misture a goma 
xantana, o benzoato de sódio (caso o xarope base não contenha 
conservante), a sacarina sódica e o esteviosídeo. 
Passo 2: Adicione qs de glicerina e triture até formação de pasta 
homogênea e sem grumos. 
Passo 3: Incorpore o flavorizante escolhido à pasta. Adicione o óleo 
essencial de menta. 
Passo 4: Adicione quantidade suficiente de xarope de chocolate ou 
do xarope simples até completar o volume desejado. 
19.2.6. Veículo para Suspensões Orais para Fármacos Ex-
tremamente Amargos 
Fármaco extremamente amargo x g 
Esteviosideo 0,8 % 
Sacarina sódica 0,1% 
Acesulfame de potássio 0,5% 
Goma xantana 0,5% 
Benzoato de sódio 0,5% 
*Aspartame 1,0% 
Glicerina qs para levigar 
333 
Capítulo 5 - Manipulação 
Flavorizantes: Chocolate 5%, Creme de menta 2,5%, Tangerina 2%, 
MarshmaUow 2%: total de 11,5%. 
Óleo essencial de menta 1 a 2 gotas/30 ml_. 
Xarope de chocolate ou xarope simples qsp 100 ml_ 
"Opcional (depende da situaçâo) 
Preparo: 
Passo 1: Triture o ingrediente ativo em um gral com o pistilo, mis-
ture a Goma Xantana, o Benzoato de Sódio, a Sacarina Sódica e o 
Esteviosídeo (e o aspartame). 
Passo 2: Adicione qs de glicerina e triture até formação de pasta 
homogênea e sem grumos. 
Passo 3: Incorpore o flavorizante escolhido à pasta. Adicione o óleo 
essencial de menta. 
Passo 4: Adicione quantidade suficiente de xarope de chocolate ou 
do xarope simples até completar o volume desejado. 
19.2.7. Xarope de Alcaçuz 
Óleo essencial de funcho 0,05 ml_ 
Óleo de anis 0,5 ml_ 
Extrato fluido de alcaçuz 250 mL 
Xarope simples qsp 1000 mL 
Veículo bom para fármacos amargos. 
Incompatível com ácido (causa precipitação da glicirrizina e perda 
da ação flavorizante) 
19.2.8. Xarope de Ácido Cítrico ou Xarope de Limão (USP) 
Ácido cítrico (hidratado) 10g 
Tintura de limão 10 mL 
Água destilada 10 mL 
Xarope simples qsp 1000 mL 
Veiculo bom para fármacos amargos ou salgados. 
Não é adequado para componentes alcalinos. 
19.2.9. Solução Edulcorante com Frutose (100mL) 
Sacarina sódica 2g 
Ciclamato sódico 10g 
Frutose 60g 
Água destilada +/- 51 ml 
334 
Capítulo 5 - Manipulação 
Procedimento de preparo: 
Passo 1: Dissolver os pós na água aquecida a 60/65° C. 
Passo 2: Ajustar o volume f inal. 
Passo 3: A solução deverá ficar límpida e transparente. 
Passo 4: Aguardar 12h em respouso.. 
Passo 5: Filtrar em malha para xarope. 
335 
Capitulo 5 - Manipulação 
20. Xampus 
São produtos destinados primariamente à limpeza dos cabe-
los e do couro cabeludo, porém podem ser acrescidos de princípios 
ativos com ação terapêutica. 
20.1. Componentes Básicos de um Xampu: 
20.1.1. Água: 
Responsável pela diluição dos tensioativos ("agentes espu-
mantes" responsáveis pela remoção das sujidades). E a matéria-
prima de maior concentração na formulação, devendo possuir boa 
qualidade microbiológica e quimica, ser purificada e recém deioni-
zada. 
20.1.2. Detergente (tensioativo): 
Substância que por possuir em sua estrutura molecular gru-
pos hidrofílicos (que ligam à água) e lipofílicos (liga à gordura, su-
jeiras dos cabelos), tem a capacidade de alterar a força de ligação 
entre a sujeira e o cabelo, removendo-a . 
20.1.3. Principais Tensioativos: 
A. Aniônicos: em contato com água adquirem uma carga negativa. 
B. Catiônicos: em contato com a água adquirem carga positiva. 
C. Anfóteros: dependendo do pH do meio, adquirem carga positiva 
ou negativa, pH ácido (+) ou pH básico (-) 
D. Não iônicos: Não formam carga ao entrar em contato com a água. 
20.1.4. Espessantes: 
São adicionados para aumentar a viscosidade do xampu, 
permitindo que ao ser despejado do frasco possa ser aparado pelas 
mãos, não escorrendo por entre os dedos. 
Exemplo: Cloreto de Sódio (melhor espessante, aumenta a viscosi-
dade do xampu até um valor máximo, a partir do qual qualquer 
quantidade a mais adicionada, leva a uma diminuição da viscosida-
de, sem possibilidade de correção), hidroxietilcelulose (Natrosol), 
Carbopol 2020, PEG 6000, PEG DOE 120, Glutamate. 
336 
Capitulo 5 - Manipulação 
Tabela 43: Tensioativos usados em xampus 
Nome quimico 
Base Perolada 
Coco betaína 
Cocoamido propil 
betaína 
Cocoanfocarboxi-
glicinato 
Decil poliglicosideo 
Dietanolamida de 
ácidos graxos de 
coco 
Lauril éter sulfato 
de sódio 
Lauril éter sulfato 
de sódio/lauril 
éter sulfosuccinato 
de sódio 
Lauril éter sulfato 
de trietanolamina 
Lauril poliglicosi-
deo 
Lauril sulfato de 
amônio 
Laurii sulfato de 
amônio/Lauril éter 
sulfato de amônio 
Nome 
Comercial 
Dehykont PK 771 
Betaion CAB 
Dehyton KB, 
Betaion CAPB 
Betaion AC 50 
Dehyton G 
Plantarem 2000 
Comperlan KD e 
KDB 
Texapon 70. 
Laurion N, Ge-
napol LRO-B 
Fongrapol LES, 
Texapon SBN. 
Texapon TB, 
Plantarem 1200 
Texapon A 400 B, 
Frongrapol LSA 
Texapon AM, 
Empicol CJ. 
Propriedades 
Tensioativo com propriedade nacarante para 
xampus perolados 
Tensioativo anfótero, estabilizador de espu-
ma, agente condicionante; associado a aniô-
nicos aumenta a viscosidade dos xampus. 
Tensioativo anfótero, estabilizador de espu-
ma, agente condicionante; associado a aniô-
nicos aumenta a viscosidade dos xampus 
Tensioativo anfotérico, estabilizador de 
espuma, agente condicionante; associado a 
aniônicos aumenta a viscosidade dos xampus. 
É o menos irritante dos 3 anfóteros e tem pior 
efeito sobre a viscosídade. 
Tensioativos não-iônicos, poder espumante 
muito bom, baixa reserva de viscosidade, 
baixo poder irritante 
Tensoativo não-iônico, espessante, sobreen-
gordurante, estabilizador de espuma, ótimo 
espumante e doador de viscosidade. 
Tensioativo aniônico, ótimo poder espuman-
te, boa detergência, média irritabilidade aos 
olhos, baixa agressividade aos cabelos e boa 
reserva de viscosidade 
Tensioativo aniõnico, bom poder espumante, 
boa detergência, baixa irritabilidade aos 
olhos, ótima solubilidade em água, baixa 
agressividade aos cabelos e boa reserva de 
viscosidade 
Tensioativo aniônico, ótimo podei espuman-
te, ótima detergência, reguiar irritabilidade 
aos olhos, ótima solubiiidade em água, baixa 
agressividade aos cabelos e baixa reserva de 
viscosidade. 
Tensioativo não-iônico, poder espumante 
muito bom, boa reserva de viscosidade quan-
do associado a tensoativos aniônicos e baixo 
poder irritante aos olhos. 
Tensioativo aniônico, ótimo poder espuman-
te, ótimadetergência, regular irritabilidade 
aos olhos, boa solubitidade em água, agressi-
vidade aos cabelos regular e ótima reserva de 
viscosidade 
Tensioativo aniônico, ótimo poder espuman-
te, ótima detergência, regular irritabilidade 
aos olhos, boa solubilidade em água, agressi-
vidade aos cabelos regular e reserva de visco-
sidade boa. 
Capítulo 5 - Manipulação 
20.1.5. Conservantes: 
São indicados conservantes de amplo espectro e solúveis em 
água. 
20.1.6. Composição Aromática (essência): 
A essência destinada ao xampu deve ser própria para este t i-
po de produto e a concentração utilizada deve estar entre 0,2 e 
0,5%. Deve deixar um cheiro refrescante e suave no ambiente e nos 
cabelos. 
20.1.7. Corretivo de pH: 
O pH ideal para um xampu está na faixa de 5,5 a 6,5. Ex: A-
cidular com solução de ácido cítrico. 
20.1.8. Agentes Sequestrantes: 
Formam complexos com íons metálicos. Exercem efeito si-
nérgico com os agentes conservantes, além de prevenir a descolora-
ção do produto. Ex.: EDTA - Na2 
20.1.9. Opacif icante: 
Confere aos xampus efeito perolado. 
20.1.10. Adit ivos: 
A. Cosmiátricos: silicones, hidrolisados de proteínas, trigo, querati-
na, colágeno. 
B. Fitoterápicos: extrato glicólico de jaborandi, hamamellis, camo-
mila, algas, etc. 
C. Ativos terapêuticos: anticaspa, seborréia, antiqueda, anti-
psoríase, pediculicida, etc. 
D. Filtros solares: solúveis em água. 
E. Condicionantes: poliquaternários. 
NOTA: Um xampu, para ser bem aceito pelo consumidor, deve formar espuma abundante e 
consistente, Limpar, ter viscosidade adequada, ter perfume e cor agradáveí. 
338 
Capitulo 5 - Manipulação 
20.2. Aditivação de Princípios Ativos em Xampus 
(xampus bases): 
Material utilizado: 
• Cálice (volume adequado à formulação) 
• Bastão 
• Balança 
• Papel manteiga 
Preparo: 
Passo 1: Pesquisar a solubilidade(s) ou a miscibilidade(s) do(s) prin-
cipio(s) ativo(s). 
Passo 2: Pré-solubilizar ou micronizar o PA com o mínimo de solven-
te que afete o menos possível a viscosidade do xampu, como a á-
gua, o propilenoglicol, a glicerina, o próprio xampu e a dietanola-
mina (princípios ativos lipossolúveis) em um cálice com o auxílio de 
um bastão (solubilização) ou em um gral (levigação). 
Passo 3: Verter uma pequena quantidade do xampu base sobre o 
Princípio Ativo homogeneizando-o completamente, em seguida adi-
cionar o restante do xampu base para completar o volume final. 
Passo 4: Embalar e rotular. 
339 
Capitulo 5 - Manipulação 
2 1 . Emulsões (Cremes e Loções Cremosas) 
veja também pág: 299. 
Mistura de dois líquidos imiscíveis, na qual um deles está dis-
perso no outro, em forma de goticulas líquidas. 
21.1. Aditivação de Princípios Ativos em Emulsões 
21.1.1. 0/A - Óleo / Água: 
Fase interna óleo e externa água. Sensação menos oleosa, 
refrescância e absorção rápida. A água é a fase externa e está em 
contato com a pele. 
21.1.2. A/O - Água / Óleo: 
Fase externa óleo e interna água. Sensação mais oleosa. 0 
óleo é a fase externa em contato com a pele. 
Nota: Para saber se a emutsõo é 01A ou AIO, acrescentar óguo e corante. Se homogeneizar 
com a coloracão da cor da preparação, a fórmula é aquosa; se nõo, é óleosa. As emutsões são 
formas farmacêuticas liquidas ou pastosas, de aspecto leitoso ou cremoso, resultantes da 
dispersão de um líquido no seio de outro, no qual é imiscível à custa de um agente emulsifi-
cante. 
21.2. Componentes de Emulsões 
21.2.1. Fase aquosa: 
Água deionizada, pois o cálcio e o magnésio desestabilizam 
a emulsão. Depois são acrescentados os componentes solúveis, os 
conservantes, os edulcorantes e os aromatizantes. 
21.2.2. Faseoleosa: 
Óleos ou ceras nos quais são acrescentados os componentes 
solúveis, as essências, os conservantes e os antioxidantes. 
21.2.3. Agente emulsificante: 
Dá estabilidade à emulsão, reduzindo a tensão superficial 
entre o óíeo e a água e retardando a separação das fases. 
340 
Capitulo 5 - Manipulação 
21.2.4 Conservantes: 
Os conservantes protegem o produto contra fungos e bacté-
rias. De preferência devem ser adicionados na fase aquosa, uma vez 
que esta é mais susceptível a contaminação. É bom lembrar que 
alguns agentes emulsionantes podem diminuir ou até mesmo neutra-
lizar o efeito de determinados conservantes (ex.: tween 80 e para-
benos). 
21.2.5 Essências e ou corantes: 
21.2.6 Antioxidantes: 
Previnem processos auto-oxidativos de óleos e gorduras (ex.: 
metabissulfito de sódio e BHT) 
21.2.7 EHL (equilíbrio hidrófilo-lipófilo): 
É o equilíbrio entre as fases aquosa e oleosa. 
21.2.8. Sequestrantes: 
Substâncias que complexam íons metálicos, inativando-os em 
sua estrutura, impedindo deste modo sua ação danosa sobre os ou-
tros componentes da formulação. Age em sinergismo com os conser-
vantes. 
21.3. Preparo de Emulsões (Procedimento Geral) 
passo 1: Aquecer todos os componentes óleo solúveis à cerca de 70 
a 75°C. 
Passo 2: Aquecer todos os componentes hidrossolúveis, à cerca de 
70 a 75°C. 
Passo 3: Adicionar uma fase à outra, lentamente, agitando (a fase 
com maior quantidade sobre a de menor quantidade). 
Passo 4: Adicionar corantes, essências, hormônios, vitaminas, bioa-
tivos, (matéria prima de natureza orgânica em geral) quando esfriar 
a cerca de 30°C. 
341 
Capitulo 5 - Manipulação 
22.Cremes 
2 2 . 1 . Aditivação de Principios Ativos e m Cremes 
Material uti l izado: 
• Papel manteiga 
• Placa de vidro ou gral 
• Espátula ou pistilo 
• Balança de precisão 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar o(s) princípio ativo(s), pré-solubilizados ou microni-
zados (Levigar) com solvente adequado (ex.: propilenoglicol) e 
compatível com a emulsão. 
Passo 2: Pesar o creme, descontando-se o peso do(s) Princípio(s) 
Ativos(s); adicioná-lo aos poucos ao princípio ativo micronizado ou 
solubilizado, espatulando na placa ou homogeneizando com o pistilo 
no gral. 
Passo 3: Embalar em pote ou bisnaga e rotular. 
342 
Capítulo 5 - Manipulação 
23.Loções Cremosas 
23.1. Aditivação de Loções Cremosas 
Material utilizado: 
• Cálice 
• Bastão 
• Papel manteiga 
• Balança de precisão 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar ou medir o(s) Princípios (s) Ativos(s), pré-solubiliza-
dos ou micronizados (Levigar) com solvente adequado e compatível 
com a emulsão, em cálice de volume adequado à formulação com 
auxilio do bastão. 
Passo 2: Adicionar a loção cremosa, aos poucos e misturando sem-
pre, sobre os principios ativos solubilizados ou micronizados no calí-
ce até o volume solicitado. 
Passo 3: Homogeneizar bem com o bastão. 
Passo 4: Embalar e rotular. 
343 
Capitulo 5 - Manipulação 
24. Pomadas 
São preparações farmacêuticas semi-sólidas de consistência 
mole e, destinadas ao uso externo (para aplicação na pele e muco-
sas). As pomadas devem ser plásticas para que modifique sua forma 
com pequenos esforços mecânicos (fricção, extensão), adaptando-se 
às superfícies da pele ou às paredes das cavidades (mucosas). A 
farmácia magistral pode preparar a Pomada Base que será armaze-
nada para, posteriormente, os ativos serem incorporados, conforme 
a prescrição. 
2 4 . 1 . Excipientes para Pomadas 
24 .1 .1 . Vaselina (Petrolato Branco) 
A vaselina é constituída por uma mistura de hidrocarbonetos 
da série parafínica e oleofínica. A vaselina é untuosa e destituída de 
cheiro ou sabor. Funde-se entre 38 a 60°C. 
Concentração usual: até 100%. 
Incompatibilidades: A vaselina é um excipiente inerte com poucas 
incompatibilidades, exceção se faz com o bálsamo do peru que for-
ma 2 camadas quando adicionado à vaselina. 
24.1.2. Lanolina: 
A lanolina, o segundo componente de uma pomada simples é 
extraída da lã de carneiro. Quando adicionada em pomadas, facilita 
a penetração cutânea. A lanolina mais utilizada é a lanolina anidra 
que contêm 1% de umidade. A lanolina possui propriedades emul-
gentes A/O, incorporando apreciável quantidade de água (cerca de 
2 vezes o seu peso). Os inconvenientes do uso de lanolina estão na 
sua cor, no cheiro desagradável, persistente e difícil de mascarar,além da possibilidade de provocar alergias e ser pouco manejável, 
dada sua elevada viscosidade. 
A alergia atribuída ao uso de lanolina, pode ser causada pela 
presença de álcoois graxos livres. Entretanto, a hipersensibilidade é 
relativamente incomum, estimada em torno de 5 por milhão. 
A lanolina é miscível com vaselina, sempre é recomendada 
quando se deseja incorporar produtos hidrófilos em vaselina ou na 
preparação de pomada não oclusiva. 
344 
Capítulo 5 - Manipulação 
Na pomada simples, a lanolina é empregada na concentração 
de 30%. 
Incompatibilidades: A lanolina pode conter alguns pró-oxidantes que 
podem afetar a estabilidade de determinados fármacos. 
É interessante a adição do BHT (antioxidante) na concentra-
ção de 0,02% na pomada de lanovaselina. 
A. Pomada de Lanovaselina 
Lanolina 30% 
BHT 0,02% 
Vaselina sólida qsp 100% 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar os componentes. 
Passo 2: Solubilizar o BHT em qs de vaselina líquida. 
Passo 3: Misturar os componentes, num gral com um pistilo ou em 
uma placa de vidro com uma espátula. 
24.1.3. Polieti lenoglicóis: 
Polietilenoglicóis são substâncias que apresentam caracterís-
ticas tipicamente hidrófilas. São excelentes emulsivos de óleo em 
água, pois apresentam atividade sobre a tensão superficial. 
As bases dermatológicas preparadas com os polietilenoglicóis 
têm em regra, pH 6 a 7, fato que advoga o valor de sua tolerabili-
dade local. 
A pomada PEG pode causar ardência, principalmente quando 
aplicada em mucosas. Reações de hipersensibilidade a polietileno-
giicóis já foram relatadas. É contra-indicado o uso de pomadas a 
base de polietilenoglicóis em pacientes com queimaduras extensas, 
pois os mesmos são hiperosmóticos. 
Incompatibilidades: Mostram-se incompatíveis com numerosas subs-
tâncias que freqüentemente reagem com eles pelas funções alcoóli-
cas primárias (penicilinas, bacitracina e cloranfenicol são destruídas 
pelo PEG). O ácido salicílico, o fenol, o resorcinol, os barbitúricos e 
os taninos são incompatíveis com os PEG. 
345 
Capítulo 5 - Manipulação 
A. Pomada PEG4: 
PEG 400 (carbowax 400) 33,33% 
PEG 4000 (carbowax 4000) 33,33% 
Propilenoglicol 33,33% 
Procedimento: Passo 1: Dissolver os componentes em banho-maria 
ou em placa com aquecimento. 
24.1.4.Gel de Petrolato-Polietileno Plastibase (Unigel®) 
É uma base para pomadas e géis oleosos translúcidos, na 
qual deseja-se incorporar princípios ativos lipossolúveis e hidrosso-
lúveis. 
Não possui o odor e o aspecto indesejável das pomadas feitas 
à base de lanovaselina. 
Possui facilidade de incorporação (viabilizando a adição de 
princípios ativos, tanto na forma sólida como na forma líquida). 
Pode ser utilizado como único excipiente da fórmula ou co-
mo aditivo em pomadas oleosas (lanovaselina, por exemplo). 
O gel de petrolato proporcionará à pomada maior brilho e 
melhor espalhamento, minimizando o odor original e proporcionan-
do menor probabilidade de irritação cutânea. 
Em testes realizados de irritação ocular e dérmica, o gel de 
petrolato provou não ser irritante, sendo ideal para aplicação em 
produtos infantis, em produtos para peles sensíveis e em pomadas 
oftálmicas. 
A. Relação de aiguns Principios Ativos que podem ser incorporados 
no Gei de Petrolato-polietileno: 
• Alantoína 
• Bacitracina 
• Cetoconazol 
• Cloranfenicol 
• Econazol 
• Heparina 
• Nistatina 
• Nitratos 
• Nitrofurazona 
• Óxido de zinco 
• Sulfato de Gentamicina 
4 PEG - polictilenolenoglicóis 
346 
Capitulo 5 - Manipulação 
• Sulfato de Neomicina 
• Tetraciclina 
• Triancinolona 
24.2. Incorporação de Ativos em pomadas: 
24.2.1. Material Utilizado: 
• Balança 
• Papel manteiga 
• Espátula ou pistilo 
• Placa de vidro ou gral 
24.2.2. Procedimento: 
Passo 1: Selecionar a pomada base que melhor se adeque ao princí-
pio ativo e à função terapêutica desejada (a pomada hidrofóbica 
tem efeito oclusivo e a pomada hidrofílica proporciona maior pene-
tração cutânea do princípio ativo). 
Passo 2: Quando a incorporação for apenas de ativos na forma de 
pó, estes podem ser suspendidos num líquido (Exemplo: vaselina 
líquida, PEG 400 e propilenoglicol). Nesse caso os ativos são micro-
nizados em gral com o pistilo, para que suas partícutas não encon-
trem dificuldade de dispersão, em seguida são dispersados no líqui-
do de escolha e por último acrescidos à pomada (o peso dos ativos e 
do líquido adjuvante devem ser descontados na pomada base). 
Passo 3: A incorporação de ativos líquidos e pastosos na pomada 
base, pode ser feita acrescentando-os diretamente sobre quantida-
de suficiente da pomada e em seguida misturando-os com espátula 
na placa ou com o pistilo no gral. 
Passo 4: Pode também ser necessário misturar ativos líquidos e em 
pós numa mesma formulação de pomada. Neste caso, se os líquidos 
forem suficientes para dispersar os pós, basta triturá-los e dispersá-
los nos líquidos acrescentando no final o qs. de pomada base. Se a 
quantidade de líquidos não for suficiente para a dispersão, então 
acrescenta-se a estes qs de um líquido inerte para completar a dis-
persão e por fim qs de pomada. 
Passo 5: Embalar as pomadas, preferencialmente, em bisnagas plás-
ticas ou de alumínio. 
Passo 6: Rotular. 
347 
Capitulo 5 - Manipulação 
24.3. Sugestões de Formulações 
0 gel de petrolato-polietileno é também utilizado para o 
preparo de orobases, conforme as sugestões de fórmulas a seguir. 
24.3 .1 . Sugestão de Orobase Pomada 
Fase aquosa 60% 
UNIGEL® 40% 
Nota: Principios ativos de acordo com a indicaçào médica; se forem solúveis misturá-tos na 
fase aquosa para depois adicionar o Uniget®; caso sejam sotúveis ou misciveis em óteo, mis-
turà-tos nà Uniget® pora depois adicionar a fase aquosa. 
Fase Aquosa 
Pectina 10% 
CMC 0,5% 
Gelatina 0,5% 
Metilparabeno 0,15% 
Água destilada qsp 100% 
Procedimento: 
Aqueça a água à fervura, dissolva o metilparabeno, pulverize o CMC 
sobre a solução, misturando e conservando o aquecimento, misture 
a gelatina e por último adicione a pectina aos poucos, deixe esfriar. 
Conserve em geladeira. 
348 
Capítulo 5 - Manipulação 
25. Pastas 
São preparações farmacêuticas que contêm uma proporção 
de pó igual ou superior a 20%. Em geral são menos gordurosas que as 
pomadas. 
2 5 . 1 . Classificação 
25.1 .1 . Pastas preparadas com excipientes gordurosos: 
Vaselina sólida, vaselina líquida, lanolina, ceras, silicones, 
etc. 
25.1.2. Pastas preparadas com excipientes hidrófilos: 
Géis de pectina (orobase), de gelatina-glicerinada (bota de 
UNNA). 
25.2. Manipulação de Pastas 
Material utilizado 
• Gral ou placa de vidro 
• Pistilo 
• Espátula 
• Papel manteiga 
• Balança 
• Bequer 
Procedimento Geral 
Passo 1: Pesar os componentes da formulação. 
Passo 2: Os pós utilizados na preparação das pastas devem ser fina-
mente tamizados, pois é difícil a homogeneização de partículas 
grosseiras. 
Passo 3: Realizar a levigação dos pós com líquidos como vaselina 
líquida ou óleos, em seguida incorporá-los no excipiente por espatu-
lação ou então fundir o excipiente e incorporar os pós em um gral, 
misturando vigorosamente, evitando a formação de grumos. 
Passo 4: As pastas fundidas devem ser vertidas na embalagem final 
antes de solidificar, pois após solidificadas fica bastante difícil seu 
envasamento. 
Passo 5: Rotular. 
349 
Capitulo 5 - Manipulação 
25.3. Exemplos de Formulações 
25.3.1. Pastadágua: 
Óxido de Zinco 25,Og 
Talco 25, Og 
Glicerina 25, Og 
Água de Cal 25,Og 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar os componentes da formulação 
Passo 2: Tamisar em malha fina o Óxido de Zinco e o Talco 
Passo 3: Verter o Óxido de Zinco e o Talco Tamisados para um gral, 
misturando-os com um pistilo. 
Passo 4: Adicionar a Glicerina (agente de levigação), aos poucos e 
misturar micronizando os pós. 
Passo 5: Adicionar a água de cal, aos poucos, misturando bem. 
Passo 6: Embalar e rotular. 
25.3.2. Pasta de Lassar 
Óxido de zinco 25% 
Amido 25% 
Vaselina sólida 50% 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar os componentes da formulação.Passo 2: Tamisar o Óxido de Zinco e o Amido. 
Passo 3: Misturar, em um gral, o Óxido de Zinco com o Amido e tr i-
turar a mistura com uma pequena parte da Vaselina que se funde. 
Passo 4: Incorporar o restante da Vaselina. 
Passo 5: Embalar e rotular. 
25.3.3.Pasta de Unna 
Óxido de zinco 15% 
Gelatina 15% 
Glicerina 35% 
Metilparabeno 0,1% 
Água destilada 34,9% 
350 
Capitulo 5 - Manipulação 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar os componentes da formulação. 
Passo 2: Tamisar o Óxido de Zinco. 
Passo 3: Misturar a Gelatina e o Nipagin na água fria, adicionar a 
Glicerina e aquecer em banho-maria, até dissolução. 
Passo 4: Se necessário, completa-se o peso com água. 
Passo 5: Verta (3) para um gral e adicione o Óxido de Zinco, mistu-
rando-o vigorosamente com um pistilo. 
Passo 6: Embalar antes de esfriar. 
Passo 7: Rotular. 
25.3.4. Pasta de Alumínio 
Alumínio pó 10% 
Parafina líquida 5% 
Vaselina sólida 85% 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar os componentes da formulação. 
Passo 2: Micronizar o alumínio em pó com a parafina líquida. 
Passo 3: Incorporar a vaselina, aos poucos, misturando até ficar ho-
mogêneo. 
351 
Capítulo 5 - Manipulação 
26. Géis 
Consistem na dispersão de um sólido (resina, polímero e de-
rivados de celulose) num líquido (água ou álcool/água) formando um 
excipiente transparente ou translúcido. Os géis são veículos desti-
nados às peles oleosas e acnéicas. 
26.1. Espessantes derivados da Celulose 
26.1.1. Carboximetilcelulose sódica (CMC): 
Polímero aniônico, quase nunca usado para obtenção de gel 
para veiculação de ativos dermatológicos. É mais freqüentemente 
usado para obtenção de gel oral e agente suspensor em produtos 
para uso interno. 
Incompatibilidades: 0 gel de CMC é incompatível com ativos forte-
mente ácidos, com sais solúveis de ferro e alguns outros metais, tais 
como o alumínio e o zinco. É também incompatível com goma xan-
tana. A precipitação pode ocorrer em pH < 2 e quando misturado 
com álcool (etanol). A CMC forma complexos coacervados com gela-
tina e pectina. Forma complexos com colágeno e é capaz de preci-
pitar proteínas. 
26.1.2. Hidroxietilcelulose (Natrosol®, Cellosize®): 
Este é o gel à base de celulose, de maior interesse para a ve-
iculação de ativos em dermatologia. Possui caráter não iônico, solú-
vel em água fria ou quente. Tolera bem pH ácido, sendo indicado 
para a incorporação de ativos que levam a um abaixamento do pH 
final da formulação, como, por exemplo, o Ácido Glicólico. pHs ex-
tremos, embora bem tolerados, podem causar alterações na viscosi-
dade. Estabilidade entre 2,0 - 12,0. 
26.1.3 . Metilcelulose: 
0 gel com metilcelulose é preparado para formulações tópi-
cas (1-5%) e oftálmicas (0,5-2,0%). 
IncompatibiUdades: 0 gel de metilcelulose é incompatível com clo-
ridrato de aminacrina, clorocresol, cloreto de mercúrio, fenol, re-
sorcinol, ácido tânico, nitrato de prata, cloreto de cetilpiridíneo, 
ácido parahidroxibenzóico, ácido paraminobenzóico, metilparabeno, 
propilparabeno e butilparabeno. Sais de ácidos minerais e, particu-
352 
Capitulo 5 - Manipulação 
larmente de ácidos polibásicos, fenóis e taninos coagulam soluções 
de metilcelulose. Pode ocorrer complexação da metilcelulose com 
compostos tensioativos, tais como, a tetracaína e o sulfato de 
dibutolina. Em altas concentrações de eletrólitos, a metilcelulose 
pode estar completamente precipitada ou continuar gel. 
26.1.4. Polímeros de Carboxivinil e Derivados 
(Carbopois®, Carbômeros): 
As resinas de carbopol são os agentes gelificantes mais co-
mumente utilizados. Existem vários tipos de resinas de carbopol, 
sendo importante a escolha correta para alcançar o atributo dese-
jado. 
Incompatibilidades: Os carbopóis são incompatíveis com resorcinol, 
fenol, polímeros catiônicos, ácidos fortes e altas concentrações de 
eletrólitos. Traços de ferro e outros metais de transição podem ca-
taliticamente degradar as dispersões de carbopol. 
26.1.5. Carbopol934: 
Fraca tolerância iônica, produz géis turvos, porém oferece 
boa estabilidade e viscosidade alta em emulsões e suspensões (uso 
oral). Produz géis de alta viscosidade. 
26.1.6. Carbopol940: 
É o preferido por produzir géis cristalinos, brilhantes aquosos 
ou hidroalcoólicos. É o de maior efeito espessante, dentre as resinas 
de carbopol. Possui fraca tolerância a eletrólitos. Somente pode ser 
empregado em preparações tópicas. 
26.1.7. Carbopol 2020: 
Resina de fácil dispersão, indicada para espessar xampus. 
Pode ser utilizada para obtenção de gel base. 
26.1.8. Carbopol ULTREZ®: 
Polímero de fácil dispersão. Empregado no prepro de formu-
lações tópicas (ex.: gel) 
Nota: A resina de carbopol, quando dispersa em água, umecta e forma uma dispersóo aquosa 
(resina/ásua) com vator de pH na faixa de 2,8 a 3,2. Neste estado pré-dissolvido a motécula 
de carbopol está extremamente enrolada e sua capacidade espessante é timitada. Para obter 
o espessamento é necessário a neutralizaçõo com bases inorsânicas, como o hidróxido de 
sódio ou aminas de baixo peso motecular (ex.: trietanolamina). 
Ao acrescentar thetanotamina ou hidróxido de sódio, o polimero (carbopol) "estica", devido 
a neutralização dos $rupos carboxitas presentes no polimero. (continua....) 
353 
Capitulo 5 - Manipulação 
0 máximo de viscosidade e transparência no çet de carbopol ê conseguido com o pH 7, mais 
aceitável viscosidade e transparência começa no pH 4,5 a 5 e se estende ao pH 11. 
Quantidade de base a ser acrescentada em um gel de carbopol: 
• Trietanolamina: a mesma quantidade do carbopol 
• Hidróxido de sódio: a terça parte da quantidade de carbopol adicionada. 
26.2. Aditivação de Princípios Ativos em Gel 
26.2.1. Material utilizado: 
• Gral ou placa de vidro 
• Pistilo 
• Espátula 
• Papel manteiga 
• Balança de precisão 
26.1.2. Procedimento: 
Passo 1: Pesar ou medir os princípios ativos da fórmula. 
Passo 2: Se o ativo for sólido, pré-solubilizá-lo ou micronizá-lo com 
um adjuvante líquido adequado. 
Passo 3: Pesar o gel base adequado à formulação, levando-se em 
conta as características físico-químicas dos ativos e possíveis incom-
patibilidades com o gel, descontando-se o peso dos ativos e possí-
veis adjuvantes. 
Passo 4: Incorporar o princípio ativo líquido no gel ou o gel no prin-
cípio ativo solubilizado ou micronizado, aos pouco homogeneizando. 
Passo 5: Embalar 
Passo 6: Rotular. 
354 
Capitulo 5 - Manipulação 
26.3. Sugestões de Formulações de Géis 
2 6 . 3 . 1 . Gel de Carboximeti lcelulose sódica 
Carboximetilcelulose sódica 5,0% 
Metilparabeno 0,15% 
Glicerina 10% 
Água destilada qsp 100g 
26.3.2. Gel de Carbopol ® 940 - 2% 
Carbopol®940 2,0% 
EDTA-Na2 0,10% 
NaOH sol. 10% qs 
Dipropilenoglicol 3,0% 
Metilparabeno 0,1% 
Imidazolidiniluréia 0,3% 
Água desmineralizada qsp 100g 
355 
Capítulo 5 - Manipulação 
27. Gel creme 
São emulsões com alta porcentagem de água e baixa porcen-
tagem de óleo. São constituídas por um estabilizador coloidal hidró-
filo e agente de consistência. 
27.1. Sugestões de Formulações 
27.1.1. Sugestão de Gel-creme Base 
NET-FS (microemulsão de silicone) 2,0% 
Gel base de carbopol qsp 100,0% 
Preparo: Incorporar homogeneizando o NET-FS no gel base de car-
bopol. 
27.1.2. Sugestão de gel-creme Base não-iônico para formulações 
com pH extremos (ácido glicólico) ou com carga de eletrólitos 
incompativeis com o Carbopol 
NETFS 2% 
Gel de hidroxietilcelulose (Natrosol) qsp 100% 
Preparo: Incorporar o NET-FS no gel base de natrosol. 
27.2. Aditivação de Princípios Ativos em Gel-Creme Ba-
se 
Deve-se seguir as mesmas orientações descritas para géis. 
356 
Capítulo 5 - Manipulação 
28. L in imentos 
São preparações líquidas ou semi-sólidas cujos princípios ati-
vos são dissolvidos em óleo ou outro veículo. Podem também ser 
emulsionadas ou suspensas para aplicação na pele. 
28.1. Sugestões de Formulações 
28.1.1. Linimento de Óleo Calcáreo 
Água de cal 50 ml 
Óleo de linhaça 50 ml 
Preparo: Meça 50ml de água de cal límpida e em um cálice e mistu-
re 50ml deóleo de linhaça, sob forte agitação. 
357 
Capítulo 5 - Manipulação 
29. Ceratos 
São preparações que contêm grande quantidade de ceras a-
nimais ou vegetais (superior a 20%), óleo e porventura, também 
água. 
29.1. Procedimento geral: 
Passo 1: Pesar os componentes da formulação. 
Passo 2: Fundir as ceras no óleo, em banho-maria, mexendo bem a 
mistura para evitar a formação de grumos. 
Passo 3: Deixar esfriar, quando estiver quase arrefecido, juntar á-
gua ou ativos solubilizados em água, pouco a pouco, agitando sem-
pre. 
Passo 4: Embalar antes de solidificar. 
Passo 5: Rotular. 
358 
Capitulo 5 - Manipulação 
30. Ungüentos 
Os ungüentos são um tipo de pomada que contém substân-
cias resinosas 
30.1. Preparo: 
Idem ao de pomadas 
359 
Capitulo 5 - Manipulação 
3 1 . Preparações Otológicas (óticas) ou Auriculares 
Preparações óticas podem ser líquidas, pastosas (pomadas) e 
em pó. 
Tanto as soluções quanto as suspensões óticas são formas lí-
quidas, destinadas à instilação no canal auditivo. 
Pomadas óticas são preparações semi-sólidas que são aplica-
das no exterior do ouvido. 
31.1. Características de preparações óticas 
• produtos semi-estéreis 
• veículo viscoso, para aderir às paredes do canal auditivo 
(como a glicerina, o propilenoglicol, óleos e até mesmo a 
água). 
• pH de 5 a 7,8. 
31.2. Procedimento para preparo de Soluções Otológi-
cas: 
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente da formula-
ção. 
Passo 2: Dissolva os ingredientes em cerca de 3A da quantidade de 
veículo e misture bem. 
Passo 3: Adicione o veiculo em qsp para o volume final e misture 
bem. 
Passo 4: Tome uma amostra da solução, determine o pH, a transpa-
rência e outros fatores de controle da qualidade. 
Passo 5: Embale e rotule. 
31.3. Procedimento para preparo de Suspensões Otoló-
gicas: 
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada um dos ingredientes. 
Passo 2: Dissolver ou misturar os ingredientes em cerca de 3A da 
quantidade de veículo e misturar bem. 
Passo 3: Adicione o veículo qsp para o volume final e misture bem. 
360 
Capitulo 5 - Manipulação 
Passo 4: Tome uma amostra da suspensão, determine o pH e outros 
fatores de controle da qualidade. 
Passo 5: Embale em frasco adequado. 
Passo 6: Rotule. 
31.4. Procedimento de preparo de Pomadas Otológicas: 
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente da formula-
ção. 
Passo 2: Misture os ingredientes com o veículo (conforme procedi-
mento para preparo de pomadas). 
Passo 3: Tome uma amostra da pomada e determine os fatores de 
controle da qualidade. 
Passo 4: Embale e rotule. 
31.5. Procedimento para preparo de Pós Otológicos: 
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada um dos ingredientes. 
Passo 2: Misture geometricamente (ver procedimento de diluição 
geométrica), iniciando com os pós presentes em menor quantidade. 
Passo 3: Tome uma amostra do pó e determine os fatores de contro-
le da qualidade. 
Passo 4: Embale e rotule. 
361 
Capitulo 5 - Manipulação 
32. Preparações Nasais (errinos) 
São formas farmacêuticas de uso nasal, com ação local ou 
sistêmica. 
As soluções nasais são soluções preparadas para administra-
ção nasal na forma de gotas ou sprays. 
As suspensões nasais são preparações líquidas contendo prin-
cipios ativos insolúveis para administração nasal. 
Géis nasais e Pomadas nasais são preparações semi-sólidas 
para aplicação nasal que podem ser destinadas para uso sistêmico 
ou local. 
32.1. Características farmacotécnicas de uma Prepara-
ção Nasal: 
A preparação nasal deve possuir um pH situado entre 5,5 a 7,5 
podendo variar dentro do limite de 4 a 8. 
Ter uma tonicidade que não interfira com a motilidade dos 
cílios (isotonia). 
Não modificar a viscosidade normal do muco nasal. 
Ter uma certa capacidade tampão (em preparações nasais é 
utilizado normalmente o Tampão Fosfato). 
Ser compatível com a atividade dos cílios e com os constitu-
intes iônicos da secreção nasal. 
Ser compatíveí com os medicamentos que devem ser dissol-
vidos nele. 
Possuir uma estabilidade que se mantenha por largo tempo. 
Conter antimicrobianos em quantidade suficiente para inibir 
o crescimento de bactérias que nele sejam introduzidas pelo conta-
gotas utilizado para aplicação do medicamento ao paciente (nor-
malmente o conservante de escolha para preparações nasais é o 
Clorobutanol a 0,5% ou o Cloreto de Benzalcônio 0,01%). 
Ser estéril (Característica Ideal, porém não obrigatória). 
32.2. Procedimento de preparo de Soluções Nasais 
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada um dos ingredientes. 
Passo 2: Dissolver os ingredientes incluindo o conservante em cerca 
de VA da quantidade de água estéril para injeção ou solução tampão 
fosfato ou veículo geral para soluções nasais e misture bem. 
362 
Capítulo 5 - Manipulação 
Passo 3: Se possível isotonize com NaCl a solução (veja cálculos para 
isotonização). 
Passo 4: Adicione qsp de água estéril para injeção, para o volume 
final e misture bem. 
Passo 5: Tome uma amostra da solução e determine o pH, a transpa-
rência e outros fatores de controle da qualidade. 
Passo 6: Filtre a solução em um filtro millipore 0,2u em um frasco 
estéril. 
Passo 7: Embale e rotule. 
Se um grande número de soluções forem preparadas, sele-
cionar aleatoriamente uma amostra para ser checada a esterilidade 
e demais caracteristicas. 
Nota: Ern situações em que se prepara maior quantidade de uma [ormulação poderà ser 
utilizado o autoclave como mêtodo de esterilização, se os princípios ativos forem termoestá-
veis. 
32.3. Procedimento de preparo de Suspensões Nasais 
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada ingrediente da formula-
ção. 
Passo 2: Dissolver/misturar os ingredientes, incluindo o conservante 
em cerca de VA de água estéril para injeção ou solução tampão fos-
fato ou veiculo geral para soluções nasais e misture bem. 
Passo 3: Se necessário isotonize com NaCl a solução (veja cálculos 
para isotonização). 
Passo 4: Adicione o veículo qsp, o volume final e misture bem. 
Passo 5: Tome uma amostra da suspensão e determine o pH e outros 
fatores de controle da qualidade. 
Passo 6: Embale em recipiente adequado para autoclavaçào. 
Passo 7: Autoclave, esfrie e rotule ("agite antes de usar"). 
363 
Capitulo 5 - Manipulação 
32.4. Sugestão de veículo geral para Soluções Nasais 
Fosfato monossódico dihidratado.... 0,65% 
Fosfato dissódico heptahidratado.... 0,54% 
NaCl 0,45% 
Cloreto de benzalcônio 0,01% 
Água destilada 100% 
32.4 .1 . Procedimento: 
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada um dos ingredientes. 
Passo 2: Dissolver os componentes na água destilada e filtrar em 
papel de filtro. 
Passo 3: Embalar em frascos de vidro (30 ml) limpos e sanitizados. 
Passo 4: Autoclavar. 
Passo 5: Rotular provisoriamente. 
Utilizar esta solução para aditivação dos princípios ativos em 
recipientes de preparo limpos e sanitizados, conforme o procedi-
mento de preparo descrito anteriormente. 
Nota: Esta solucão pode ser preparada para uso em suspensões nasais adicionando metilcelu-
lose (Methocet ® A - Dow Quimica) a 0,5% com açente suspensor. 
364 
Capitulo 5 - Manipulação 
33. Preparações Oftálmicas 
São formas farmacêuticas, em geral líquidas ou pastosas, 
destinadas ao tratamento dos olhos e das pálpebras. 
33.1. Caracterísitcas necessárias a uma Preparação Of-
tálmica: 
33.1.1. Isotonia: 
A isotonia é um dos requisitos que as soluções de uso oftál-
mico deverão obedecer, pois assim, tomam-se menos irritantes. 
33.1.2. Isobatmia: 
pH igual ao da lágrima, entre 7,2 e 7,4. Colírios com pH a-
baixo de 5,8 e acima de 11,4 causam irritação em 99% dos pacien-
tes. Para corrigir o pH pode-se utilizar soluções-tampão. 
33.1.3. Limpidez: 
As soluções oftálmicas devem ser límpidas (não se aplica a 
suspensões) e não devem conter partículas visíveis a olho nu, para 
tanto devem ser convenientemente filtradas. 
33.1.4. Precisão de composição: 
Os componentes de uma formulação oftálmica devem ser 
precisamente pesados ou medidos, tendo em vista que SoluçõesOftálmicas são prescritas em quantidades diminutas. 
33.1.5. Esterilidade: 
As Soluções Oftálmicas devem ser estéreis. A esterilidade 
pode ser obtida por filtração em membrana millipore de 0,45 a 0,2 
H, por calor seco ou por autoclavação de acordo com as caracterís-
ticas dos Princípios Ativos. 
365 
Capitulo 5 - Manipulação 
33.2. Aditivos usados em Preparações Oftálmicas (Ad-
juvantes Farmacotécnicos): 
33.2.1. Conservantes: 
Tabela 44: Conservantes utilizac 
CONSERVANTE 
Cloreto de 
Benzalcônio 
Clorobutanol 
Clorexidina 
Metilparabeno 
(assoc. Propil-
parabeno) 
Propilparabe-
nol 
(assoc. Metil-
parabeno) 
CONCENTRAÇAO 
USUAL 
1:10.000 a 0,01% 
0,5% 
0,02 a 0,05% 
0,18% 
0,02% 
os em Produtos Oftálmicos 
INCOMPATIBILIDADES 
compostos aniônicos 
nitratos 
é inativado em meio alcalino 
é decomposto pelo calor (não auto-
clavável) 
nitrato de prata 
sais sódicos de sulfamidas 
nitrato de prata 
cloranfenicol 
alginato sódio 
CMC 
sulfamidas sódicas 
penicilina 
ions cloreto, fosfato e sulfato. 
tween 80 
pH> 8 
tween 80 
pH > 8 
33.2.2. Agentes Molhantes, Clarificantes e Emulsionantes 
usados em Preparações Oftálmicas: 
AGENTE 
Polisorbato 20 (tween 20) 
Polisorbato 80 (tween 80) 
CONC. USUAL 
1% 
1% 
366 
Capítulo 5 - Manipulação 
33.2.3. Antioxidantes usados em Preparações Oftálmicas: 
ANTIOXIDANTE/ 
SEQUESTRANTE 
EDTA - Na 2 
Bissulfito de sódio 
Metabissulfito de sódio 
CONC. 
USUAL 
0,1% 
0,1% 
0,1% 
33.2.3.Agentes doadores de Viscosidade usados em Prepa-
rações Oftálmicas: 
AGENTE 
Hidroxietilcelulose 
Hidroxipropil metilcelulose 
(Hipromelose) 
Metilcelulose 
Álcool polivinílico 
Polivinilpirrolidona (PVP) 
CONC. 
USUAL 
0,8% 
0,5 A 2,5% 
0,5 a 2,0% 
1,4% 
1,7% 
33.2.4. Sugestões de Soluções Tampões para uso em Colí-
rios 
A. Sugestão de Solução Tampão Fosfato para uso em Colirios: 
Fosfato monossódico anidro 0,40g 
Fosfato dissódico anidro 0,47g 
Cloreto de sódio 0,48g 
Cloreto de benzalcônio 0,01 g 
Água estéril para injeção qsp 100 ml 
Este tampão tem pH de 6,8 e está isotonizado é indicado pa-
ra preparação de certos colirios, como: Atropina, Efedrina, Homa-
tropina, Penicilina, Pilocarpina e Escopolamina. 
367 
Capítulo 5 - Manipulação 
B. Sugestão de Solução (A) de Ácido Bórico para Colírios: 
Ácido bórico 1,9g 
Cloreto de benzalcônio 0,01% 
Água estéril para injeção qsp 100ml 
Esta solução tem um pH de cerca de 5 e está indicada para a 
preparação de colírios com os seguintes fármacos: Procaína, Tetra-
caina e Sulfato de Zinco. 
C. Sugestão de Solução (B) de Ácido Bórico para Colírios: 
Ácido bórico 1,9g 
Sulfito de sódio, anidro 0,1g 
Nitrato de fenilmercúrio 1:50.000 
Água estéril para injeção qsp 100ml 
Esta solução, igualmente com pH vizinho a 5, contém um re-
dutor destinado a retardar a oxidação dos fármacos nela manipula-
dos, sendo indicada para os seguintes fármacos: Epinefrina (adrena-
lina), Fenilefrina e Fisostigmina 
D. Sugestão de Tampão Borato (pH 7,2 a 7,4): 
Ácido bórico 1,05% 
Bórax 0,286% 
Nipagin 0,05% 
Nipazol 0,01% 
Água estéril para injeção qsp 100,0% 
Procedimento: 
Passo 1: Pesar precisamente os componentes da formulação. 
Passo 2: Dissolva, a quente, em um bécker com 50% do volume de 
água estéri l , o Nipagin e o Nipazol. 
Passo 3: Acrescente o Ácido Bórico e o Bórax, agitando até completa 
dissolução. 
Passo 4: Acerte o volume com água estéri l f r ia, corri ja o pH para 
faixa de 7,2 a 7,4, se necessário. 
Passo 5: Fi l tre. 
Passo 6: Embale em frasco de vidro de 100 ml . 
Passo 7: Autoclave a 121°C, 15 psi por 30 minutos. 
Passo 8: Conservar em geladeira. 
368 
Capitulo 5 - Manipulação 
33.3. Procedimento Geral para Formulações Oftálmicas 
Os produtos oftálmicos devem ser manipulados no fluxo la-
minar devidamente validado, utilizando técnicas de manipulação 
asséptica (veja procedimento de trabalho em Capela com Fluxo La-
minar). 
33.3.1. Procedimento para Soluções Oftálmicas: 
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente, faça sempre 
a fórmula dobrada, para posteriormente checar os parâmetros da 
qualidade em uma amostra, sem correr o risco de contaminar o me-
dicamento que irá ser entregue ao cliente. 
Passo 2: Dissolver os ingredientes em cerca de 3A da quantidade a 
ser utilizada do veículo (água estéril ou solução tampão) e misture 
bem. 
Passo 3: Adicione o veículo qsp, o volume final e misture bem. 
Passo 4: Tome uma amostra da solução e determine o pH, a limpi-
dez e os outros fatores de controle da qualidade. 
Passo 5: Filtre a solução em filtro millipore 0,2(.i dentro do recipi-
ente estéril que irá conter o colírio. 
Passo 6: Embale e rotule. 
Passo 7: Se um grande número de soluções forem preparadas sele-
cionar aleatoriamente uma amostra e checar sua esterilidade. 
33.3.2. Suspensões Oftálmicas (para Principios Ativos auto-
claváveis): 
Passo 1: Pese ou meça precisamete cada ingrediente da formulação, 
faça a formulação dobrada para possibilitar análise posterior pelo 
Controle da Qualidade. 
Passo 2: Dissolva ou misture os ingrediente no veiculo estéril (com 
ou sem agente suspensor como metilcelulose 0,5% ou agente mo-
Ihante como tween 80 máx.1%) e misture bem. 
Passo 3: Adicione o veículo qsp o volume final e misture bem. 
Passo 4: Tome uma amostra da suspensão e determine o pH e outros 
fatores de controle de qualidade. 
Passo 5: Embale em recipiente (frasco de vidro conta-gotas p/ colí-
369 
Capítulo 5 - Manipulação 
rios) adequado para autoclavação. 
Passo 6: Autoclave a 121°C a 15psi por 20 a 30 minutos. 
Passo 7: Esfrie e rotule. 
Se um grande número de suspensões forem preparadas, sele-
cione aleatoriamente uma amostra para ensaios e checagem da es-
terilidade. 
Nota: Para PA termolábeis (não autoctaváveis) ao invés da autoclavação em um vidro relóçio, 
os componentes sólidos podem ser previamente misturados com álcool e este evaporado no 
ambiente de fluxo laminar, podendo a suspensão ser embalada em frasco conta-gotas esteri-
lizado de plástico. 
33.4. Pomadas Oftálmicas 
São preparações farmacêuticas semi-sólidas que se destinam 
a aplicações nas conjuntivas e devem ser estéreis. 
São preparadas assépticamente, no ambiente do fluxo lami-
nar, com excipientes não aquosos, de baixo ponto de fusão ou de 
fácil difusão, previamente esterilizados. 
As substâncias incorporadas no excipiente devem ser fina-
mente divididas (tamizadas e micronizadas com algum agente levi-
gante ou solução fisiológica), de modo a assegurar uma perfeita 
homogeneidade do produto, que não poderá irritar a conjuntiva ou 
a córnea ocular. 
33.4.1. Excipientes para Pomadas Oftálmicas: 
• Vaselina 
• Parafina liquida com vaselina 
• Lanolina com parafina líquida e vaselina. 
33.4.2. Preparo dos excipientes para Pomadas Oftálmicas: 
• Misturar os ingredientes 
• Fundir 
• Filtrar 
• Esterilizar a 150°C, durante 1 hora 
• Embalar em recipiente de vidro âmbar estéril de 100g 
• Tampar e lacrar 
Nota: 0 recipiente com a pomada oftálmica base deve ser aberto somente no ambiente do 
fluxo laminar, após prévia desinfecqão do frasco e da tampa com álcool a 70% e clorexidina. 
370 
Capitulo 5 - Manipulação 
33.4.3. Processos de preparo de Pomada oftálmica: 
A preparação de Pomadas Oftálmicas pode ser conduzida por 
dois processos fundamentais: 
• Se o fármaco é hidrossolúvel, deve dissolver-se em água es-
téri l, incorporando-se a solução no excipiente fundido e a-
gitando até solidificação. 0 volume de água empregado de-
ve ser o menor possível; 
• Se o fármaco é insolúvel ou dificilmente solúvel em água é 
aconselhável porfirizá-lo, recorrendo a uma pequena quan-
tidade de excipiente, naturalmente liquido (ex.: vaselina 
líquida) ou fundido no momento do emprego. 
33.4.4. Sugestões de base para Pomadas Oftálmicas 
A. Sugestão de Pomada Oftálmica Base (Fórmula 1): 
Lanolina purificada *(Corona® PNL) 10g 
Vaselina puríssima 80g 
Vaselina líquida puríssima 10g 
B. Sugestão de Pomada Oftálmica Base (Fórmula 2): 
Oculentum simplex - Farmacopéia Dinamarquesa 
Vaselina puríssima65,5g 
Álcool cetilico 0,4g 
Lanolina purificada (Corona® PNL)... 4,6g 
Vaselina iíquida puríssima 30g 
Nota: esta formulação tem a vantagem de poder incorporar maior quantidade de áçua do que 
aanterior (+/- 30%). 
33.4.5. Procedimento geral de aditivação de princípios ati-
vos em pomadas oftálmicas: 
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente da formula-
ção, faça a formulação em quantidade dobrada, para posterior a-
mostragem no o controle da qualidade. 
Passo 2: Esterilize cada ingrediente por um método adequado. 
Passo 3: Solubilize ou micronize anteriormente os princípios ativos 
em veículo adequado. 
Passo 4: Misture os componentes dissolvidos ou micronizados com a 
pomada base estéril. 
Passo 5: Tome uma amostra da pomada e determine os fatores de 
371 
Capítulo 5 - Manipulação 
controle de qualidade (pH, consistência, homogenidade, esterilida-
de, etc). 
Passo 6: Embale e rotule. 
Se um grande número de pomadas forem preparadas, sele-
cione aleatoriamente uma amostra para ser ensaiada e checada a 
sua esterilidade. 
33.5. Procedimento de trabalho em Capela com Fluxo 
Laminar: 
O propósito deste procedimento é estabelecer diretrizes pa-
ra o trabalho na bancada de fluxo laminar. 
33 .5 .1 . Equipamento: 
• Fluxo laminar horizontal 
33.5.2. Acessórios: 
• gases esterilizadas 
• solução sanitizante (Álcool isopropílico 70%, Álcool 70% com 
clorexidina 0,5%) 
• materiais para manipulação. 
33.5.3. Sugestão de Procedimento: 
Antes de iniciar o trabalho, o manipulador deve verificar se a 
área de trabalho está limpa, devendo o mesmo realizar a assepsia 
da área, apropriadamente com álcool isopropílico a 70% (não use a 
solução de álcool isopropílico na grade do filtro absoluto). 
0 manipulador deve estar devidamente paramentado (gorro, 
máscara, óculos protetores, jaleco de mangas comprimidas e luvas 
descartáveis estéreis). 
0 fluxo laminar deve ser ligado de 30 a 60 minutos antes de 
iniciar o trabalho. 
Não use spray de soluções desinfetantes no filtro ou na grade 
do fi ltro. 
Se algum derramamento ocorrer na área de trabalho, assegu-
re que o mesmo será imediatamente absorvido, lavado com água 
estéril e sanitizado com gaze umedecida em solução desinfetante. 
Planeje o trabalho para um determinado período (Ex.: 2x ao 
372 
Capítulo 5 - Manipulação 
dia, pela manhã e à tarde) para minimizar movimentos na área de 
fluxo laminar. 
Remova todos os materiais a serem utilizados das embala-
gens ou caixas, antes de entrar na sala limpa. 
Limpe a superficie de cada material (ampolas, vidros, etc) 
que será colocado na bancada do fluxo, com gaze umedecida em 
desinfetante adequado (como o álcool isopropílico a 70%). 
Remova imediatamente da bancada do fluxo laminar, após o 
uso, todos os acessórios, tais como seringas, vidrarias, etc. 
Coloque na bancada do fluxo laminar somente os materiais 
que serão utilizados na preparação. Não use a bancada para estocar 
materiais. 
Organize todos os materiais de modo a aumentar a eficiência 
do trabalho e manter a integridade dos locais críticos de acordo 
com o fluxo do ar evitando o bloqueio ou desvio do mesmo. 
0 manipulador deve trabalhar a pelo menos 15cm da banca-
da do fluxo laminar. 
Tome cuidado, não toque em locais críticos ou em materiais 
não estéreis com as luvas durante o trabalho, pois poderão conta-
minar-se. 
Periodicamente, use álcool a 70% nas luvas e friccione as 
mãos. 
Imediatamente antes de abrir frascos, ampolas ou outros ma-
teriais, limpe e desinfete o pescoço das ampolas ou frascos com 
uma gase estéril umedecida com a solução de álcool 70%. 
Desinfetar as borrachas de frasco/ampola com gaze umede-
cida em álcool a 70%, antes de perfurá-la com a agulha. 
Filtre todas as soluções removidas de ampolas de vidro para 
remover possíveis particulas de vidro. 
Durante a adição de ativos na solução, agitar levemente o 
frasco de preparo com a finalidade de minimizar a ocorrência de 
incompatibilidades. 
Durante a preparação observe se não há formação de preci-
pitado, turvação ou desprendimento de gás. 
Use como filtro esterilizante o fi ltro millipore 0,22|i em reci-
pientes estéreis. 
Após a maniputação, observe o produto final, visualmente 
para verificar a evidência de incompatibilidades e partículas estra-
nhas. 
Tampe e sele o produto. 
Remova da bancada do fluxo todos os materiais utilizados na 
373 
Capítulo 5 - Manipulação 
manipulacão, limpe e sanitize a bancada com desinfetante adequa-
do. 
Nota: É recomendóvel a alternància sazonal dos agentes sanificantes, com o objetivo de 
prevenir possiveis resistèncias de microorganismos. 
33.6. Esterilização 
A esterilização é o processo de eliminação ou destruição de 
microorganismos em um objeto ou em uma preparação. 
Produtos parenterais (injetáveis) e oftálmicos requerem es-
terilidade. 
33.6 .1 . Esterilização por Calor úmido (autoclavação): 
A esterilização por calor úmido envolve o uso de autoclave 
que produz um ambiente de vapor saturado, típicamente a 121°C a 
15psi. Isto pode variar conforme a maneira como o autoclave for 
usado. 
Após o alcance da correta temperatura e pressão, o processo 
de esterilização deve continuar por pelo menos 20 minutos, neste 
ponto a pressão e a temperatura devem ser abaixadas para retornar 
às condições ambientais. 
33.6.2. Esterilização por Calor Seco (estufa) 
A esterilização por calor seco envolve o uso de estufa em al-
tas temperaturas operada nas seguintes condições: 
Temperatura 
160°C 
170°C 
180°C 
Tempo 
120 a 180minutos 
90 a 120minutos 
45 a 60 minutos 
Os itens para serem esterilizados por calor seco podem ser 
colocados em uma bandeja de aço inoxidável e cobertos por uma 
folha de papel laminado. Esta embalagem protege o transporte do 
item esterilizado ao local de trabalho evitando a re-contaminação. 
374 
Capitulo 5 - Manipulação 
33.6.3. Esterilização por Ultra Filtração (microfiltração): 
A filtração envolve a remoção de partículas de um líquido, 
retidas por uma matriz com poros microscópicos capazes de reter os 
microorganismos. 
Este processo irá remover, mas não destruir os microorga-
nismos. 
Este método é o mais recomendado para uso na farmácia 
magistral, pois não há alteração térmica do fármaco e o mesmo, 
elimina os pirogênios. 
Normalmente é utilizado o filtro millipore 0,22|i . 
375 
Capítulo 5 - Manipulação 
34. Marripulação Magistral de Supositórios e Óvulos 
Sâo formas farmacêuticas de consistência firme, de forma 
cônica ou ogival, destinadas a aplicação retal, vaginal ou uretral. 
São obtidas por solidificação ou compressão, em moldes, de 
massa adequada, encerrando substâncias medicamentosas. 
34.1.Excipientes utilizados para manipulação de Supo-
sitórios 
34.1.1. Manteiga de Cacau: 
São poucos os excipientes que possuem características físicas 
iguais ou melhores que as da Manteiga de cacau. 
0 produto é bem tolerado pela mucosa retal e é sólido à 
temperatura ambiente. Funde-se entre 29 e 34°C, sendo fluido a 
temperatura do corpo humano. 0 seu ponto de solidificação pode 
situar-se entre 22 e 26°C. Em regra, o tempo necessário para solidi-
ficação é de 6 minutos. 
Não é recomendada em regiões de clima muito quente, uma 
vez que é bastante baixo seu ponto de fusão. 
Quando aquecida à temperatura superior a seu ponto de fu-
são sofre transformação alotrópica dos glicerídeos constituintes, 
com diminuição substancial do ponto de solidificação e do ponto de 
fusão da massa que solidificou. 
A presença de formas metastáveis, resultante do superaque-
cimento altera profundamente as suas características, não só nos 
pontos de solidificação-fusão, como também no tempo necessário 
para que a massa solidifique. 
34.1.2. Novata®: 
A Novata é um produto da Henkel, constituído por misturas 
de mono/di e triglicerídeos de ácidos graxos saturados de origem 
animal (C12aC18). 
As vantagens da sua utilização são a rapidez de produção dos 
supositórios e óvulos e a obtenção de produtos com uma melhor 
apresentação. 
A Novata é fundidaisoladamente sem a necessidade de adi-
ção de outros componentes, acrescentando-se somente o(s) ati-
vo(s). 
376 
Capitulo 5 - Manipulação 
34.1.3. Gelatina Glicerinada: 
Mistura de gelatina, glicerina e água. Esta mistura destina-se 
apenas a produção de óvulos para ativos hidrossolúveis e não suposi-
tórios para uso retal e uretral. 
Sugestão de formulação: Óvulo (gelatina/glicerina) 
Gelatina pó 20g 
Água 10g 
Glicerina 70g 
34.1.4. Polietilenoglicóis (PEG): 
São polímeros de óxido de etileno, com cadeias alcoólicas 
primárias. Não são tóxicos e possuem a desvantagem de apresentar 
maior probabilidade de incompatibilidades com fármacos, quando 
comparados aos outros excipientes. 
As fórmulas de supositórios ou óvulos que utüizam estes ex-
cipientes consistem em mistura de polietilenoglicóis com PM dife-
rentes, em proporções que obtenham um produto final com ponto 
de fusâo por volta de 37°C. 
Sugestão - Massa para Supositórios e Óvulos com PEG: 
PEG 1500 70% 
PEG4000 10% 
PEG400 20% 
Preparo: Fundir os componentes. Adicionar os princípios ativos no 
excipiente fundido ou em parte do PEG 400 micronizando- os. 
377 
Capitulo 5 - Manipulação 
34.2.Preparação de Supostitórios (Procedimento Geral) 
Os supositórios podem ser preparados por dois métodos: por 
compressão a frio (nào usado em farmácia magistral) e por fusão. 
0 método mais usado, rápido e fácil é por fusão, onde o 
princípio medicamentoso é misturado ou dissolvido no excipiente 
fundido, vertendo a massa líquida em moldes adequados. 
0 primeiro passo no preparo de um supositório é o cálculo da 
quantidade de ativo e excipiente que será utilizado. 
Feito os cálculos, o passo seguinte é a fusão do excipiente 
que deve ser feita à temperatura mais baixa possível, a fim de evi-
tar alterações por decomposição e o aparecimento de formas me-
tastáveis, difíceis de solidificar. 
Ao aviar uma receita de supositórios devem ser tomadas 
quantidades superiores às prescritas, para prevenir inevitáveis per-
das de massa, por aderência ao recipiente utilizado para fusão (à 
espátula), além da quantidade em excesso sobre o molde, posteri-
ormente removida. Até 4 supositórios: aumenta 1 unidade. Acima 
de 5 supositórios: aumentam 2 unidades. 
Adição de pós insolúveis ao excipiente: é conveniente incor-
porar os pós em partes do excipiente fundido, misturando depois o 
restante do excipiente fundido. 
A lubrificação do molde sempre se faz necessária, podendo 
usar glicerina ou vaselina líquida. 
A massa deve ser vertida no molde quando se der início à so-
lidificação (formação de uma película sobre a massa liquefeita). 
Após resfriamento, abrir os moldes e retirar os supositórios, 
exceto quando o molde for a própria embalagem, neste caso basta 
selar. 
Envolver cada supositório (aqueles que não foram preparados 
em moldes/embalagem) em papel alumínio, acondicioná-los em 
recipiente fechado e rotular ("conservar em geladeira"). 
378 
Capitulo 5 - Manipulação 
34.3. Regularidade de peso: 
Pesar 20 unidades, fazer a média e em seguida considerar o 
desvio de 5% para mais ou para menos em relação ao valor da mé-
dia. 
Pesar cada unidade dos supositórios ou óvulos e anotar o pe-
so. 
Requisito: não mais que 10% das unidades ensaiadas pode a-
fastar da média ± o desvio de 5%. 
34.4. Supositório Especial para Tra tamento de Hemor-
róidas: "Rectal Rocket" 
0 formato diferenciado do supositório Rectal Rocket, "fogue-
te", assegura que o mesmo permaneça em contato direto com as 
hemorróidas, tanto intemas quanto externas, liberando o ativo. 
Este formato, garante uma maior eficiência no tratamento das he-
morróidas externas e mistas, quando comparado com o supositório 
convencional, pois, enquanto neste último o ativo é liberado somen-
te no interior do lúmen retal, o supositório em formato de foguete 
permite o contato e a liberação do ativo, tanto no interior do lúmen 
retal, como também na hemorróida externa. 
Figura 12: molde com supositórios Rectal Rocket. 
Foto: PCCA - Products Catalog 
379 
Capitulo 5 - Manipulação 
34.4 .1 . Fórmula base para Rectal Rocket com ácidos graxos 
e parafina: 
Novata® 90 a 95% 
Parafina sólida 5 a 10% 
Sílica gel micronizada**q.s.p. (se necessário 1%) 
Procedimento: 
Passo 1: Em uma placa de aquecimento fundir os ingredientes, res-
friar e estocar. 
Passo 2: Não permita que a temperatura exceda a 55°C. Não utilize 
microondas. 
Nota: 'Sílica gel micronizada: ê utilizada como açente suspensor para ativos insoiúveis na 
base, na concentraçõo usuai de 1%. 
Material necessário: 
• Béquer 
• Bastão de vidro 
• Molde 
• Placa de aquecimento ou banho-maria 
• Faca 
• Balança de precisão 
• Papel manteiga 
• Papel laminado 
Procedimento de preparo: 
Passo 1: Catibrar, previamente, o molde de supositório, caso não 
tenha sido utilizado, anteriormente, com a base utilizada. Verificar 
se o molde encontra-se limpo e seco antes do uso. Lubrificar antes 
de utilizar o molde. 
Passo 2: Calcular a quantidade necessária de cada ingrediente, adi-
cionando-se cerca de 10% extra, para compensar perdas e permitir o 
preenchimento do molde com excesso. Pesar ou medir, precisamen-
te, cada ingrediente. 
Passo 3: Ligar e ajustar o aquecimento do banho-maria. Adicionar a 
base preparada anteriormente (fórmula base de ácidos graxos e 
parafina) em um béquer, aquecendo aos poucos até a fusão da base. 
Deve ser evitado o superaquecimento, pois o mesmo altera as pro-
priedades de fusão do supositório (não aquecer acima de 55°C). 
Passo 4: Adicionar os ativos. Misturar bem com bastão de vidro. Os 
ingredientes sólidos (ativos) devem ser misturados diretamente na 
380 
Capitulo 5 - Manipulação 
base ou, previamente levigados, antes da incorporação. 0 agitador 
magnético também pode ser utilizado para realizar a mistura. 
Passo 5: Deixar esfriar um pouco. Verter a mistura ainda fluida para 
o molde montado com as placas formadoras de sulcos, preenchendo 
o mesmo, com excesso da massa para prevenir a retração durante a 
solidificação. 
Passo 6: Deixar resfriar na temperatura ambiente por 15 a 30 minu-
tos e refrigerar por mais 30 minutos. 
Passo 7: Com uma espátula, retirar o excesso de massa sobre o mol-
de. Remover, cuidadosamente, os supositórios. Embalar, um a um, 
em papel laminado ou sachês de alumínio. Acondicionar os supositó-
rios embalados em um pote de vidro ou plástico. 
Passo 8: Rotular e validar. 
34.4.2. Aditivação (Cálculo da quantidade de Ativo e de Ba-
se): 
A droga ativa deve ser reduzida a partículas de tamanho uni-
forme assegurando assim, uma perfeita distribuição na base. A me-
Ihor fonte de ingredientes para a manipulação de supositórios é o 
fármaco em pó. Em geral, o máximo de ingredientes que podem ser 
incorporados deve corresponder a aproximadamente 30% do peso do 
supositório. 
Quantidade de base deslocada por supositório = 
dose unitária x 0,7(fator de deslocamento universal ou outro específico) 
Quantidade de base por supositório = 
peso médio do supositório sem ativo (branco) - quantidade de base deslocada por supositório. 
Quantidade total da base = 
(quantidade de base por supositório x número de supositórios) x 10% (excesso) 
Cálculo da quantidade de ativo = 
(dose unitária x número de unidades) x 10% (excesso) 
381 
Capítulo 5 - Manipulação 
Exemplo: 
Calcular a quantidade de base para supositório necessária 
para a manipulação de 6 supositórios de Ibuprofeno 800mg. Calcu-
lar, também, a quantidade de ativo necessária levando em conta a 
perda durante o procedimento de preparo. 0 peso médio dos suposi-
tórios preparados somente com a base é de 6g. 
Quantidade de base deslocada pelo ativo para supositório = 0,81 g 
(ibuprofeno)x70% = 0,56 
Quantidade de base por supositório = 6g - 0,56g = 5,44g 
Quantidade total de base necessária = 5,44 x 6 = 32,64 x 10% = 
25,90g 
Quantidade total de ativo necessário = 0,8g x 6 = 4,8g x 10% = 5,28g 
34.4.3. Exemplos de formulações: 
A. Supositórios Rocket Analoésicos (composição por supositório) 
Benzocaina 130mg 
Bálsamodo Peru 65mg 
Óleo de rícino 65mg 
Monooleato de sorbitano* 65mg 
Mentol 9mg 
Sulf. Monoid. Hidroxiquinolina** 16mg 
Óxido de zinco 196mg 
Base para supositório*** q.s.p.1 supositório rocket 
Mande 6 supositórios. 
Indicação: hemorróidas extemas e mistas. 
Ação: anestésico, protetor, adstringente e antipruriginoso. 
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar, 
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e 
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket 
permanece externa ao ânus. 
Nota: 
'Span® 80 
"Viofórmio 
"" Base de ácidos groxos e parafina. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
382 
Capítuio 5 - Manipulação 
B. Supositório Rocket com Hidrocortisona e Tetracaina 
Hidrocortisona micronizada 25mg 
Cloridrato de tetracaína 10mg 
Subcarbonato de bismuto 10Omg 
Cloridrato de Fenilefrina 10mg 
Bálsamo do Peru 65mg 
Óleo de rícino 65mg 
Polisorbato 80* 65mg 
Base para supositório** q.s.p.1 supositório rocket 
Mande 6 supositórios. 
Indicação: hemorróidas externas e mistas. 
Ação: antipruriginoso, anestésico, protetor e vasoconstritor. 
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar, 
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas removendo e 
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket 
permanece externa ao ânus. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
C.Supositório Rocket com Ibuprofeno/lndometacina 
Ibuprofeno 800mg 
Indometacina 50mg 
Sílica gel micronizada 35mg 
Lecitina de soja granular 600mg 
Base para supositório*q.s.p. 1 supositório rocket. 
Mande 6 supositórios. 
Ação: antiinflamatório 
Modo de usar: a critério médico. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
D. Supositório Rocket com Aloe Vera e Vitamina E 
Aloe vera pó (freeze dried) 200:1 ...200mg 
Alantoína 50mg 
Silica gel micronizada 30mg 
Vitamina E acetato (1UI/mg) 100mg 
Óxido de zinco .' 195mg 
Mentol cristal 9mg 
Base para supositório* q.s.p. 1 supositório rocket. 
Mande 6 supositórios. 
Indicação: hemorróidas externas e mistas. 
Ação: protetor e cicatrizante. 
Modo de usar: inserir, via intraretal, 1 supositório à noite ao deitar, 
383 
Capitulo 5 - Maniputação 
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e 
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket 
permanece externa ao ânus. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
E. Supositório Rocket com Lidocaína 2% e Hidrocortisona 1% 
Hidrocortisona micronizada 1% 
Lidocaína base 2% 
Sílica gel micronizada 20mg 
Base para supositório* q.s.p. 1 supositório rocket 
Mande 6 supositórios 
Indicação: hemorróidas externas e mistas. 
Ação: antipruriginoso, anestésico. 
Modo de usar: inserir, via intraretal , 1 supositório à noite ao deitar, 
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e 
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket 
permanece externa ao ânus. 
Estabilidade: 6 meses. 
F. Supositório Rocket com Cetoprofeno/Lidocaína 
Cetoprofeno 10Omg 
Lidocaína base 2% 
Silíca gel micronizada 37mg 
Lecitina de soja granular 600mg 
Palmitato de isopropila 0,33mL 
Base para supositório q.s.p. 1 supositório rocket 
Mande 6 supositórios 
Indicação: hemorróidas extemas e mistas. 
Ação: anti inflamatório, anestésico e antipruriginoso. 
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar, 
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e 
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket 
permanece externa ao ânus. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
384 
Capítulo 5 - Manipulação 
G. Supositório Rocket com Acetato de Hidrocortisona 2%, Lidocaína 
1% e Sucratfato 15,6% 
Acetato de hidrocortisona 2% 
Lidocaína base 1 % 
Sucralfato 15,6% 
Base para supositório q.s.p. 1 supositório rocket 
Mande 6 supositórios 
Indicação: hemorróidas internas e mistas. 
Ação: antipruriginoso, protetor e anestésico. 
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar, 
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas removendo e 
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket 
permanece externa ao ânus. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
H. Supositório Rocket Lidocaína 2% e Hidrocortisona 1% 
Hidrocortisona 1 % 
Lidocaína base 2% 
Silica gel micronizada 20mg 
Base para supositório q.s.p 1 supositório rocket. 
Mande 6 supositórios. 
Indicação: hemorróidas intemas e mistas. 
Ação: antipruriginoso e anestésico. 
Modo de usar: inserir, via intraretal , 1 supositório à noite ao deitar, 
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e 
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket 
permanece externa ao ânus. 
Estabilidade aproximada: 6 meses. 
34 .4 .4 . Controle da qual idade: 
Aparência: amolecimento, ressecamento, excessiva dureza e 
rachaduras são sinais de instabitidade. 
Peso. 
Ponto de fusão: o supositório deve fundir a 37°C (para checar 
o ponto de fusão o supositório pode ser colocado em um béquer e 
este em banho-maria que deve ser aquecido a 37°C). 
34 .4 .5 . Embalagem: 
Os supositórios deverão ser embalados individualmente em 
papel laminado ou sachês aluminizados e acondicionados adequa-
damente, em potes ou caixas de cartolina. 
385 
Capitulo 5 - Manipulação 
34.4.6. Armazenamento e rotulagem: 
Os supositórios devem ser protegidos do calor, podendo ser 
armazenados sob refrigeração, mas não congelados. 
34.4.7. Estabilidade: 
Os supositórios Rocket são preparados com base anidra e 
hidrofóbica, sendo, portanto, uma forma estável, desde que prote-
gida do calor e da umidade. 0 prazo de validade recomendado é 
geralmente, 6 meses. Para supositórios preparados a partir de pro-
dutos industrializados recomenda-se 25% do tempo remanescente da 
validade do produto ou 6 meses, o que for menor. Para fármacos 
reconhecidamente suscetíveis a processos de degradação química, o 
prazo de validade recomendado não deverá ser maior que 2 a 3 me-
ses. 
34.4.8. Atenção Farmacêutica (orientação ao paciente): 
Este supositório foi desenhado de modo que uma parte sua 
permaneça inserido no reto, para tratar as hemorróidas internas, 
enquanto que a parte larga (final) do supositório permaneça externa 
para tratar as hemorróidas externas. 0 supositório deve ser usado 
quando o paciente tiver disponibilidade de permanecer deitado (de 
lado ou de bruços) por pelo menos 4 a 6 horas, de preferência à 
noite ao deitar. 0 supositório deve estar na temperatura ambiente 
quando colocado no reto e deve ser umedecido com água morna, 
poucos segundos antes da sua aplicação. As figuras a seguir ilustram 
a forma de aplicação adequada do Rectal Rocket, demonstrando o 
contato do mesmo com as hemorróidas internas e externas. 
Retornar ao médico caso continue um sangramento excessivo, 
proveniente da hemorróida. 
386 
Capítulo 5 - Manipulação 
35. Formulações Transdérmicas 
Embora antigos pesquisadores preconizassem que a pele fos-
se totalmente impermeável, sabe-se hoje que algumas susbstâncias 
superam, facilmente, a resistência da epiderme. A maioria destas 
substâncias permeia de forma lenta e contínua através da pele. 
Dentre os produtos que podem ser administrados pela pele, 
podemos caracterizar os de uso dermatológico que modificam a fun-
ção da pele; os cosméticos que apresentam função de limpeza e 
beleza; e os transdérmicos que se destinam a tratar afecções sistê-
micas, em alguns órgãos distantes. 
A pele é considerada o maior órgão do organismo. Constitui-
se como um complexo tecido com capacidade metabólica, imunoló-
gica e sensorial. Entretanto, a maioria dos pesquisadores concorda 
que a pele possui a função primária de proteção, incluindo a manu-
tenção de fluidos biológicos e do balanço eletrolítico em ambientes 
secos e hostis. Previne a perda de água transepidérmica, bem como 
protege o organismo da invasão microbiana, física e química, além 
dos danos causados pela radiação ultravioleta. A despeito deste tipo 
de proteção, os estudiosos têm conhecimento, há pelo menos dois 
séculos, da capacidade de certos compostosem atravessarem as 
camadas da peie e atingirem os vasos sangüíneos e a circulação ge-
ral. Novas formas farmacêuticas têm sido desenvolvidas com o obje-
tivo de liberar o fármaco via transcutânea, (através da pele) como 
uma alternativa às vias tradicionais de administração de fármacos, 
tais como, a oral, a intravascular, a intramuscular, a subcutânea e a 
sublingual. Formas farmacêuticas transcutâneas apresentam uma 
série de vantagens e desvantagens, teóricas e práticas, em relação 
às formas convencionais. 
35.1. Estrutura da Pele 
Para compreendermos melhor como os fármacos atravessam 
a pele, faz-se necessário um conhecimento básico da sua estrutura. 
A pele é composta, basicamente pela epiderme, pela derme e por 
uma camada inferior de tecido subdérmico. As células da epiderme 
permitem um processo contínuo de renovação e migram do estrato 
germinativo para o estrato córneo. 
A epiderme e a derme são separadas por uma membrana ba-
sal, onde a derme permanece contínua aos tecidos subcutâneos e 
387 
Capitulo 5 - Manipulação 
adiposos. A epiderme é composta por 5 camadas de diferentes tipos 
de células. Iniciando-se da parte exterior: stratum corneum, stra-
tum lucidum, stratum granulosum, stratum spinosum e stratum 
basaíe. Na camada dérmica, existe um número variável de folículos 
pilosos e glândulas sebáceas, juntamente com glândulas sudoríparas 
apócrinas e écrinas, nutrido com uma rica rede vascular. A camada 
córnea representa a maior e a primeira barreira que o fármaco pre-
cisa atravessar. A resistência ao transporte através da camada cór-
nea depende das propriedades e do arranjo alternado de camadas 
hidrofílicas e hidrofóbicas, bem como da sua espessura, variando de 
espécie para espécie e entre as regiões do corpo no mesmo indiví-
duo. Variáveis adicionais são as regiões de concentração de folículos 
pilosos e glândulas sudoríparas que constituem as vias altemativas 
para difusão de fármacos. 
Experimentalmente, grandes diferenças de permeação têm 
sido evidenciadas de acordo com as regiões da pele. A seguir, en-
contram-se relacionadas diferentes regiões do corpo em ordem de-
crescente de permeabilidade cutânea: 
Folículos pilosos 
genitais > áreas da cabeça > tronco > membros 
388 
Capítulo 5 - Manipulação 
Rede 
Capilar 
Epiderme 
Derme 
Camada 
Subcutãnea 
Stralum granulosum —— 
Stratum spinosum 
Stralum germtnalium— 
Junção C 
Eplderme-Derme 
Epiderme 
Estrutura da pele 
389 
Capítulo 5 - Manipulação 
35.2. Absorção Transcutânea 
A teoria geralmente aceita é que a absorção transcutânea 
ocorre principalmente, através do cimento intercelular e não atra-
vés da parede celular. Os fatores que controlam a absorção de fár-
macos através da pele, estão relacionados aos princípios clássicos 
de difusão através de membranas semi-permeáveis, envolvendo ca-
da componente da pele. 0 fluxo de substâncias através do stratum 
corneum é diretamente proporcional ao gradiente de concentração 
e portanto, pode ser considerado como difusão passiva. Compostos 
altamente lipofílicos e com baixo peso molecular demonstram gran-
de velocidade de fluxo através do stratum corneum. Além disto, 
quanto maior a área da superfície exposta, maior será o fluxo do 
fármaco. A espessura aumentada da epiderme reduz a velocidade 
do fluxo transdérmico do ativo. Para compostos utilizados exclusi-
vamente no tratamento de condições específicas da pele, a difusão 
passiva na epiderme superficial pode ser suficiente. Todavia, para o 
fármaco ser disponibilizado na circulação geral precisa não só di-
fundir-se através da matriz lipídica do stratum corneum mas tam-
bém, atravessar o ambiente aquoso que permanece abaixo da ca-
mada epidérmica e a derme. Substâncias altamente lipofílicas se 
difundem rapidamente através da matriz lipídica do stratum cor-
neum. Contudo, difundem-se lentamente quando alcançam as ca-
madas aquosas da epiderme. 0 oposto também é verdadeiro para 
substâncias hidrofílicas polares: a primeira barreira é de fato a ca-
mada lipídica externa do stratum corneum. Portanto, o fármaco 
precisa apresentar afinidade tanto por ambientes lipídicos como por 
ambientes aquosos para que a absorção seja efetiva. Esta afinidade 
está relacionada, dentre outros fatores, ao coeficiente de partição 
óleo-água que pode ser entendido como a solubilidade relativa de 
uma substância em óleo versus sua solubilidade em água, isto é, a 
capacidade que a substância possui de distribuir-se em diferentes 
fases. Portanto, a polaridade do fármaco precisa ser considerada. 
Para o desenvolvimento de uma forma farmacêutica trans-
dérmica adequada, o profissional farmacêutíco necessita ter o co-
nhecimento de alguns conceitos importantes, além das propriedades 
físico-químicas do fármaco, tais como, a solubilidade e o coeficien-
te de partição. Alguns fatores relacionados à preparação farmacêu-
tica podem influenciar na efetividade do transporte transcutâneo, 
incluindo, a estabilidade e a volatilidade do fármaco, o uso de sol-
390 
Capítulo 5 - Manipulação 
vente carreador ou veículo adequado, o emprego de promotores ou 
facilitadores da penetração cutânea ou a utilização de determina-
dos artifícios (como a iontoforese) que podem otimizar a permeabi-
lidade cutânea. 0 fármaco deve permanecer na pele sem evaporar-
se ou inativar-se através de degradação química. Facilitadores da 
penetração incluem uma série de compostos que são adicionados 
aos veículos na tentativa de alterar o ambiente molecular da epi-
derme, mais freqüentemente a parede lipídica do stratum corneum 
facilitando assim, a absorção do fármaco. 
35.3. Fatores que afetam a absorção dos fármacos: 
35.3.1.Fatores biológicos (relacionados à pele): 
• Espessura da epiderme 
• Idade 
• Irrigação sangüínea 
• Metabolismo 
• Hidratação 
• Região da pele* 
Nota: '0 local de aplicação pode alterar a efetividade do fármaco. Sabe-se que a vetocidade 
de absorção da hidrocortisona é maior nas áreas da cabeça, pescoco, axilas e regiõo escrotal 
e, menor, na planta dos pés. Embora nem todas as droças possuam o mesmo %rau de absor-
ção, a retativa velocidade de absorção nas várias regiões da pele é similar e està corretacio-
nada com a espessura e o conteúdo lipídico do stratum corneum. 
35.3.2. Fatores relacionados ao fármaco: 
• Peso molecular (>PM < absorção - até 800 daltons) 
• Coeficiente de partição 
• Solubilidade 
• Estado de dissociação 
• Afinidade por ambientes lipídicos e aquosos 
• Gradiente de concentração: permite a difusão passiva 
• Área da superfície de aplicação (>área de superfície > quan-
tidade absorvida) 
391 
Capítulo 5 - Manipulação 
35.3.3.Fatores relacionados à forma farmacêutica, nomea-
damente do veiculo: 
• Propriedades de penetração 
• Oclusividade 
• Presença de surfactantes 
• Liberação do ativo 
• Atividade termodinâmica 
• pH 
• Facilitadores da penetração cutânea 
35.3.4. Fatores físicos (extrínsecos): 
• Temperatura 
• Clima 
35.3.5. Fatores relacionados ao paciente: 
• Trauma mecânico da pele 
• Patologias da pele 
• Traumas químicos 
35 .4 . Adequação de Preparações Cosméticas e Farma-
cêuticas para aplicação na pele: 
Quando um produto ou outro tipo de tratamento é aplicado 
na superfície da pele, espera-se que algum resultado específico seja 
alcançado. Dependendo do objetivo e do mecanismo de ação do 
fármaco, será necessário que o ingrediente ativo alcance o sítio alvo 
na pele, ou seja, uma camada específica da pele (ação tópica) ou a 
corrente sanguínea (ação sistêmica). Em alguns casos, o benefício 
produzido dependerá do produto como um todo e não só do ingredi-
ente ativo. 
Preparações que se destinam a atuar na superfície da pele 
funcionam melhor se a absorção for mínima, como por exemplo, 
agentes de limpeza (tensioativos), agentes protetores (repelentes 
de insetos, filtros solares) e veículos, como o petrolato que utiliza a 
oclusão para aumentar a retenção da umidade pela camada córnea. 
392 
Capitulo 5 - Manipulação 
35.4.1. Regiões da pele correlacionadas com

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