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Manipulação
Capítulo 5 - Manipulação
1. Processos de Manipulação
1.1. Introdução
Por se tratar de tarefa primordial e vital no universo de ati-
vidade da farmácia de manipulação, os processos de manipulação
devem ser efetuados por mão-de-obra especializada e acompanha-
dos de perto pelo farmacêutico responsável.
Além disso, o farmacêutico deverá analisar criticamente a
receita a ser aviada, para isso, é essencial seguir alguns critérios
técnicos, alguns destes relacionaremos a seguir.
1.1.1. Questões a serem consideradas antes da manipulação
de uma prescrição
A. Racionalidade da prescrição: ingredientes, intenção de uso, dose
e modo de administração
B. Propriedades físico-químicas, medicinais e usos farmacêuticos
das substâncias prescritas
C. Absorção e Via de administração adequadas: preparação do pro-
duto manipulado de acordo com o propósito da prescrição
D. Excipiente adequado: risco de alergia, irritação, toxicidade ou
resposta organoléptica indesejável do paciente.
E. pH ideal para maior estabilidade ou adequação ao uso
F. Ingredientes da formulação: identidade e pureza asseguradas.
G. Preparo da prescrição: treinamento adequado do manipulador
(cálculos matemáticos, controle de qualidade: peso médio, pH, ob-
servação visual)
H. Equipamentos e ingredientes disponíveis e em quantidade sufici-
ente.
I. Referências bibiiográficas: uso, preparação, estabilidade, admi-
nistração e embalagem do produto
J. Vaiidade: projeção razoável e racional da validade do produto.
K. Quantidade dispensada equivalente ao prazo de validade do pro-
duto.
L. Correto armazenamento do produto por parte do paciente.
110
Capítulo 5 - Manipulação
2. Processos de Manipulação
- Laboratório de Sólidos
Formas Farmacêuticas Sólidas de Interesse
na Farmácia Magistral: Pós, Granulados e Cápsulas
Introdução
As formas farmacêuticas sólidas representam, de modo ge-
ral, a maior porção das preparações aviadas na farmácia magistral,
de modo destacado a forma de cápsulas.
A seguir, estão algumas vantagens oferecidas pela forma só-
lida sobre a liquida que explicam o motivo desta preferência:
• As drogas e produtos químicos são mais estáveis na forma só-
lida.
• As drogas sólidas (e secas) podem ser dispensadas na forma
compactada de comprimidos, cápsulas, pós divididos, dentre
outros, podendo ser embalados, transportados, administra-
dos e armazenados mais facilmente que as formas líquidas.
• Paladares desagradáveis são mais evidenciados quando as
substâncias estão na forma de solução do que na forma sóli-
da. Sabores desagradáveis podem ser anulados totalmente
pela inclusão da droga sólida em cápsulas ou em comprimi-
dos revestidos.
• Doses precisas são mais facilmente obtidas com formas for-
necidas em doses individuais e unitárias, tais como, compri-
midos, cápsulas e pós divididos.
• Modificação da liberação das drogas (liberação lenta, contro-
lada, retardada, etc) podem ser obtidas muito mais facil-
mente em formas sólidas do que em preparações líquidas.
Todavia, a absorção de uma droga veiculada na forma sólida de-
pende de fatores diversos, tais como: a desintegração da forma só-
lida com a liberação de partículas contendo a droga e excipiente, a
posterior dissolução da droga, sendo esta influenciada por fatores
físicos e químicos diversos e por último, a absorção propriamente
dita ou permeação da droga através da membrana celular. Sabemos
que características como o tamanho das partículas sólidas, solubili-
dade da droga, propriedades do excipiente e adjuvantes influenciam
na velocidade de dissolução das drogas e portanto na sua biodispo-
nibilidade. Além de ter como objetivo a obtenção de uma forma
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Capítulo 5 - Manipulação
farmacêutica elegante e uniforme, o farmacêutico se depara com
um desafio farmacotécnico maior na farmacotécnica de formas sóli-
das, o de garantir a absorção dos fármacos veiculados.
1. Pós
1.2. Definição (USP-23)
Pós são misturas intimas e secas de fármacos e ou outras
substâncias finamente divididas que podem ser para uso interno
(Pós Orais) ou para uso externo (Pós Tópicos).
Os pós são constituídos de finas partículas que variam de
0,1 (.i a 10.000a, embora os tamanhos das partículas em preparações
farmacêuticas variem na faixa de 0,1 a 10u.
1.3. Vantagens
• Permite a prescrição precisa, requerida individualmente pelo
paciente em cada dose. Os pós são normalmente mais estáveis que
as preparações líquidas, devido a reações químicas de degradação
entre as drogas associadas e entre as drogas e as condições atmos-
féricas, ocorrem mais lentamente em pós do que em líquidos.
• 0 tamanho reduzido das partículas na forma de pós, permite
uma dissolução mais rápida nos fluidos orgânicos (meio aquoso gás-
trico e entérico) do que o obtido em formas sólidas compactadas,
como comprimidos, portanto, possuem maior biodisponibilidade.
• Menor incidência de irritação gástrica quando comparada à
formas sólidas compactadas, resultado da sua rápida dissolução.
• Maior facilidade de deglutição, podendo ser ingeridos em
maior quantidade, especialmente quando misturados com alimentos
e bebidas. Pós podem ser administrados em sondas gástricas, em
pacientes hospitalizados.
• Pós tópicos possuem efeito secativo por aumento da superfí-
cie de absorção
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Capitulo 5 - Manipulação
1.4. Desvantagens
• Drogas veiculadas nesta forma podem deteriorar quando ex-
postas a condições atmosféricas (partículas finamente divididas,
portanto há grande área de superfície exposta a atmosfera).
• Drogas com sabores desagradáveis, normalmente, não têm
suas características convenientemente mascaradas quando dispen-
sadas na forma de pó.
• Pós divididos demandam mais tempo para o seu preparo.
1.5. Características
• Particulas reduzidas facilitam a preparação de um pó mais
homogêneo e aumentam a capacidade adsortiva (ex.: antiácidos,
antidiarréicos e pós tópicos).
• Homogeneidade.
• Tenuidade homogênea das partículas.
1.6. Classificação dos pós
Pós simples: resultam da divisão de uma única droga.
Pós compostos: obtidos da mistura de dois ou mais pós simples.
1.7. Preparação
1.7.1. Redução do tamanho das partículas (cominuição):
Na farmácia com manipulação, normalmente o farmacêutico
reduz o tamanho das partículas das substâncias químicas utilizando
o gral com o pistilo por trituração. A trituração maior se obtém com
gral de superfície áspera (gral de porcelana) do que com o de super-
fície lisa (gral de vidro).
A leviqação é o processo empregado para a redução de partí-
culas, comumente em preparações semi-sólidas e líquidas. A leviga-
ção é um processo de redução do tamanho de partículas sólidas pela
trituração em um gral ou espatulação em uma placa com uma pe-
quena quantidade de líquido no qual o sólido não é solúvel.
113
Capítulo 5 - Manipulação
A pulverizoção por intervenção (recristalização) é emprega-
da para substâncias que não permitem a trituração direta, como é o
caso de algumas substâncias que se apresentam em estruturas cris-
talinas duras que não podem ser trituradas facilmente. Este proces-
so consiste em dissolver primeiramente o sólido em um mínimo de
solvente volátil adequado (composto interveniente), tais como o
álcool ou a acetona. Mistura-se então (triturando), o sólido com o
solvente até que este úttimo evapore (ex.: trituração da cânfora por
intermédio do álcool e do peróxido de benzoíla por intermédio da
acetona). 0 solvente pode também ser vaporizado diretamente na
superfície do gral durante o processo.
1.8.Tamisação
A tamisação é uma operação que tem por finalidade obter
pós cujas partículas tenham um determinado tamanho médio (mes-
ma tenuidade). É necessário que o produto que esteja sendo pulve-
rizado, seja tamisado por um tamis cuja abertura de malha corres-
ponda à tenuidade do pó a obter, voltando para o gral as partículas
maiores retidas.
1.8.1.Classificação dos Tamises:
0 tamis é o instrumento utilizado para fazer a tamisação.Ele
é constituído por um aro de diâmetro variável, apresentando uma
das extremidades fechada com uma tela aplicada de modo a ficar
bem esticada. Esta tela é a parte fundamental do tamis, pois é ela
que em função da abertura das respectivas malhas, permite a sepa-
ração das partículas submetidas à tamisação em função dos diâme-
tros das partículas. As telas utilizadas na fabricação de tamises são
de natureza variada: ferro galvanizado, latão, aço inoxidável (mais
empregada para fins farmacêuticos), seda ou fibras sintéticas.
A tabela 14 apresenta uma correlação entre aberturas dife-
rentes de malhas de tamises e a granulometria obtida bem com o
seu emprego em diversas formas farmacêuticas relacionadas.
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Capítulo 5 - Manipulação
Tabela 14 - Classificação dos tamises e tenuidade obtida dos pós
Tamis N°
(USP) - Mesh
2
8
10
20
30
40
50
60
80
120
200
325
Abertura
(mm)
9,52
2,38
2
0,84
0,59
0,42
0,297
0,250
0,177
0,125
0,074
0,044
Descrição
Muito grosso
Muito grosso
Muito grosso
Grosso
Grosso
Moderada-
mente grosso
Moderada-
mente grosso
Fino
Muito fino
Muito fino
Micronizados
Micronizados
Emprego
Sais granulados efervescentes e
para pós de comprimidos
Sais granulados efervescentes e
para pós de comprimidos
Sais granulados efervescentes e
para pós de comprimidos
Sais granulados efervescentes e
para pós de comprimidos
Sais granulados efervescentes e
para pós de comprimidos
Sais granulados efervescentes e
para pós de comprimidos
Pós efervescentes, pós dividi-
dos, pós para encapsulação
Sais granulados efervescentes,
para pós de comprimidos e para
encapsulação
Sais granulados efervescentes,
para pós de comprimidos e para
encapsulação
Sais granulados efervescentes,
para pós de comprimidos e para
encapsulação
Pós divididos para polvilhar,
adsorventes, inalantes, corti-
cóides, antibióticos.
Pós divididos para polvilhar,
adsorventes, inalantes, corti-
cóides, antibióticos.
Fonte: Dispensing of Medication, 1984.
Hota: A caracterização da tenuidade de um pó pode ser feita com a ajuda de um ou dois
tamises. Quando o pó é caracterizado por um tamis, o tamis correspondente deve deixar
passor pelo menos 97% deste pó;
Quando o pó é caracterizado por dois tamises, o número imediatamente maior corresponde
ao tamis que deixa passar pelo menos 95% deste pò e o menor corresponde ao tamis que
deixa passar no máximo 40%.
115
Capitulo 5 - Manipulação
1.9. Mistura (Homogeneização)
Antes de misturar duas ou mais substâncias é recomendável a
redução isolada do tamanho das partículas de cada pó. 0 trabalho
de mistura e homogeneização de pós é realizado após a pesagem e a
redução do tamanho das partículas.
Para quantidades reduzidas, tais como em preparações ma-
gistrais, a mistura é realizada por espatulação, trituração e penei-
ração (tamisação).
• Espatulação: é o método pelo qual pequenas quantidades de
pós são misturadas com a utilizaçáo de uma espátula farma-
cêutíca em uma placa para pomadas.
• Trituração: a trituração é utilizada tanto para a cominuição
(redução do tamanho das partículas) como também para a
mistura dos pós.
• Peneiração (tamisação): os pós também podem ser mistura-
dos passando-os por um tamis, o que resulta em um produto
leve e "fofo" facilitando a mistura.
Para quantidades maiores a mistura é realizada em misturadores
de pós, tal como o misturador em forma de V .
1.9.1. Misturas Eutéticas
Mistura eutética é definida como aquela que resulta da mis-
tura de componentes sólidos cuja proporção Ihe confira o ponto de
fusão inferior ao de qualquer dos componentes isolados, ou seja,
trata-se da mistura de sólidos que se liquefaz ou se torna pastosa
em temperatura ambiente.
Tabela 15: Algumas substâncias que quando misturadas formam
misturas eutéticas
Acetanilida
Ácido acetilsalicílico
Acido salicilico
Antipirina
Cânfora
Fenacetina
Fenol
Cloral hidratado
Prilocaína
Lidocaína
Mentol
p-naftol
Resorcina
Salicilatos
Salol
Timol
Benzocaina
aminopirina
116
Capítulo 5 - Manipulação
• Medida corretiva: A mistura eutética pode ser evitada, in-
terpondo entre os pós incompatíveis um pó absorvente.
• Relação de pós absorventes (substâncias que podem evitar a
formaçâo de misturas eutéticas)
• Carbonato de magnésio leve*
• Óxido de magnésio leve*
• Caulim
• Fosfato de cálcio
• Fosfato tricálcico
• Amido
• Talco
• Lactose
• Sílica gel (Aerosil®)
' Nota: Normalmente, o absorvente mais eficaz na prevenqâo de misturas eutéticas é aquele
que possui elevado ponto de fusão e grande superfície específica, como o óxido de zinco que
apresenta elevado ponto de fusão (2800°C) e o carbonato de maçnésio (decompõe-se a
350°C).
Esquema gráfico de uma mistura eutética
P.F. A
Ponto de
Fusâo
2
u
I
A
Crístais da substãncia
Pura A+ Mislura Llqulda
Substântía Sóiida
deA+E
Mistura Líquida
deA+B
^ ^ - v ^ ^ E / ^
Compo
Eutót
i ição
ca
^ Crisiais da substanoia
Pura B* Mislura Líquida
B RF.
Ponlo de
Fusào
Temperatura
Eutética
B
Composlção (Fração Molar)
117
Capitulo 5 - Manipulação
1.9.2. Misturas explosivas
Podem ocorrer quando um agente oxidante forte é triturado
(ex.: trituração em um gral) com um agente redutor forte.
Tabela 16: Alguns agentes oxidantes e redutores fortes que po-
dem formar misturas explosivas:
Agentes oxidantes fortes
Ácido clórico
Acido hipocloroso
Ácido nítrico
Acido nitroso
Bromo
Clorato de potássio
Cromatos
Dicromato de potássio
Hipocloritos
lodo
Nitrato de potássio
Nitrato de prata
Nitratos
Nitritos
Oxido de prata
Perboratos
Permanganato de potássio
Peróxidos
Sais de prata
Trinitrofenol
Agentes redutores fortes
Substâncias orgânicas em geral
Bissulfitos
Glicerina
Fósforo
Taninos
Ácido tânico
Oleos essenciais
Carvão
Alcool
Tiossulfatos
Enxofre
Açúcares
Brometos
lodetos
Sulfuretos
Açúcar (sacarose)
Hipofosfitos
Enxofre
Sulfitos
Acido sulfuroso
1.9.3.Problemas especiais, estabilidade e incompatibilidade
de pós ou mistura de pós
A.Pós Hisroscópicos e Deliqüescentes: Como regra geral, substâncias
químicas na forma de pós apresentam maior afinidade para água do
que aquelas não pulverizadas.
118
Capítulo 5 - Manipulação
B. Substâncias higroscópicas: são aquelas que absorvem umidade do
ar.
C. Substâncias deliquescentes: são substâncias higroscópicas que
absorvem a umidade do ar se liquefazendo parcialmente ou total-
mente.
Tabela 17: Relação de algumas substâncias higroscópicas e deli-
qüescentes
Acetato de potássio
Brometo de amôneo
Brometo de cálcio
Carbômeros (Carbopóis®)
Citrato de ferro amoniacal
Cloral hidratado
Cloreto de alumínio
Cloreto de amôneo
Cloreto de benzalcônio
Cloreto de cálcio
Cromoglicato dissódico
Dexpantenol
Fenitoína sódica
Fosfato sódico de betameta-
sona
Heparina sódica
Hioscinamina HBr
lodeto de amôneo
Pantotenato de cálcio*
Pepsina
Sulfato de Efedrina
Fosfato de clindamicina
Fenobarbital sódico
Citrato de potássio
Carboximetilcelulose (CMC)
Cloreto de sódio
Sais de colina
Amoxacilina
Pilocarpina
Cloreto de benzetônio
Brometo de sódio
Cianocobalamina (vit. B12)
Cloridrato de dietilpropiona
(cloridrato de anfepramona)
Cloridrato de Pilocarpina
Subnitrato de bismuto*
Cloridrato de oxitetraciclina
Nitrato de sódio
Acetato de potássio
Carbachol
Cloreto de magnésio
lodeto de sódio
Medidas corretivas
• A higroscopia e a deliquescência podem ser atenuadas com o
controle da umidade relativa do ar, através do uso de desu-
midificadores e ar condicionado. A umidade relativa na faixa
de 30 a 45% é a melhor para manipulação de pós.
• A granulação de pós reduz a superfície de exposição ao ar.
• Quando se trabalha com pós deliquescentes ou higroscópicos
119
Capítulo 5 - Manipulação
é aconselhável mantê-los vedados com papel alumínio ou
filme plástico durante o processo de manipulação, evitando-
se assim a exposição à atmosferaúmida.
A adição de substâncías absorventes (ex. óxido de magnésio
leve, dióxido de silicio coloidal) pode reduzir a tendência a
higroscopia de pós.
1.10. Pós e f lo rescentes
1.10.1. Substâncias eflorescentes:
São substâncias cristalinas ou hidratadas que ao serem pulve-
rizadas liberam água de cristalização ou de hidratação. Esta água
pode ser liberada durante a manipulação ou com a exposição a um
ambiente de alta umidade. A água libertada do pó pode torná-lo
pastoso ou chegar a liquefazê-lo. A eflorescência é aumentada tam-
bém com a pulverização, pelo aumento da superfície de evaporação
da água de cristalização.
Representação diagramática da estrutura
cristalina do cloreto de aluminio hexahidratado
120
Capítulo 5 - Manipulação
1.10.2. Medidas corretivas:
A eflorescência pode ser atenuada, substituindo o sal hidra-
tado pelo sal anidro ou na impossibilidade da substituição através da
exsicação.
Tabela 18: Relação de algumas substâncias eflorescentes
Acetato de sódio
Acido cítrico
Alúmen
Borato de sódio
Bromidrato de escopolamina
Bromidrato de quinino
Cafeina
Carbonato de sódio (decahidratado)
Ciclofosfamida
Cloridrato de quinino
Codeína
Fosfato de codeina
Fosfato de sódio
Lactato de cálcio
Sulfato de atropina
Sulfato de cobre
Sulfato de codeína
Sulfato de quinino
Sulfato ferroso
1.11. Dicas para manipulação de pós
A mistura de pós com características similares de tamanho
de partículas e densidade aparente, pode ser realizada em um saco
plástico, utilizando uma espátula ou um rolo que irá reduzir a quan-
tidade de pó em suspensão na área de manipulação.
Na área de manipulação de pós os manipuladores devem uti-
lizar máscara com filtro para pós.
Pós muito leves e "fofos" podem ser compactados para faci-
litar a mistura, com a adição de um pouco de álcool ou óleo mine-
ral.
Para aumentar a lubrificação e as características de escoa-
121
Capítulo 5 - Manipulação
mento e f luxo dos pós, pode se util izar o estearato de magnésio em
concentrações menores ou iguais a 1%.
0 lauril sulfato de sódio em concentrações de até 1% ou o
docusato sódico em torno de 0,5% podem ser utilizados para neutra-
lizar forças eletrostáticas em pós difíceis de manipular.
A incorporação de pequenas quantidades de líquidos em um
pó pode ser realizada, triturando-se o líquido com igual quantidade
de pó. 0 pó remanescente pode ser adicionado aos poucos em várias
porções com tr i turação. Pode se incorporar um absorvente (ex. dió-
xido de silício) para se produzir um pó seco.
Para se incorporar t inturas e extratos fluidos deve-se em
primeiro lugar reduzir o volume do liquido por evaporação em ba-
nho-maria até obter uma consistência xaroposa. Em seguida adicio-
na-se o excipiente inerte (ex. lactose) até a obtenção de um pó
seco (veja parágrafo anterior).
1.12.Formas farmacêuticas em Pó de Uso Oral de Inte-
resse Magistral
1.12.1. Pós a granel ("Bulk powders") de uso interno
São aqueles dispensados em frascos ou potes de "boca larga"
e destinados a serem administrados por colheres de medição.
A. Desvantagem
Devido a inexatidão do processo de medida, somente devem
ser dispensadas nesta forma, fármacos não-potentes (de fraca ativi-
dade farmacológica).
B. Vantagens
Podem ser diluídos em uma quantidade de água ou outro lí-
quido, facil itando a deglutição.
C. Fármacos de uso interno normalmente veiculados
Antiácidos
Laxantes
122
Capítulo 5 - Manipulação
D. Procedimento de preparo
Em pós a granel de uso interno a substância ativa é dispen-
sada em concentração peso do ativo I volume a ser in$erido ou ad-
ministrado (ex. x mg do ativo/colher de chá).
Passso 1: preparar o produto conforme a prescrição
meça o volume do pó a ser tomado com o utensílio de medida apro-
priado que será utilizado na administração do pó (ex.colher de chá)
Passso 2: pese o volume do pó medido
Passso 3: calcule o peso do(s) ingrediente(s) ativo(s) no volume a ser
administrado, a partir da concentração ou percentual do(s) ingredi-
ente(s) ativo(s) no peso total do pó e do peso do volume a ser admi-
nistrado
Passso 4: siga o método geral descrito anteriormente para mistura
de pós
Passso 5: embale e rotule
Exemplos de formulações
A. Pó para rehidratação oral (quantidade para ser diluída em 1 L de
água)
Dextrose anidra 25 g
Cloreto de sódio 2,5 g
Citrato de potássio .... 4,5 g
B. Pó laxativo
Sulfato de sódio anidro 20 g
Fosfato de sódio anidro 40 g
Bicarbonato de sódio 60 g
C. Pó antiácido
Carbonato de cálcio 32 g
Carbonato de magnésio.... 32 g
Carbonato de sódio 26 g
Caulim (leve) 10 g
Capítulo 5 - Manipulação
1.12.2. Pós divididos (papéis medicamentosos, sachês e fla-
conetes)
São formas farmacêuticas em pó que se destinam a adminis-
tração em doses individuais para se administrar de uma só vez.
A. Vantagens
Permite o acondicionamento de volumes de pós ativos, de-
masiados grandes, para serem veiculados na forma de cápsulas ou
comprimidos.
Os papéis medicamentosos permitem a administração de pe-
quenos volumes de pó susceptíveis de se administrarem em cápsulas
ou em comprimidos, especialmente, em pediatria, dada a dificulda-
de da criança deglutir aquelas formas farmacêuticas sólidas e duras.
B. Desvantagens
A aparência dos papéis é vulgar e desvaloriza o produto. De-
ve-se escolher preferencialmente envelopes impermeabilizados
(plastificados e aluminizados) ou flaconetes plásticos.
Substâncias higroscópicas ou deliquescentes estão mais ex-
postas à umidade, devendo-se optar pelo uso de papéis encerados
ou envelopes impermeabilizados.
C. Procedimento de preparo
Para se preparar doses individuais de pós na forma de pa-
péis, envelopes ou sachês deve-se colocar uma quantidade específi-
ca de pó em cada embalagem individualmente.
0 método mais preciso para o preparo desta forma farma-
cêutica é a pesagem individual da quantidade de pó a ser acondi-
cionada em cada dose unitária. É recomendável que se prepare uma
quantidade excedente de pó (em torno de 5%) para compensar pos-
síveis perdas durante o processo de preparação. Se a prescrição
contiver substância sujeita a controle especial, a perda durante o
processo de preparação deve ser mínima para não haver necessida-
de de compensação.
Passo 1: Calcular a quantidade a ser pesada de cada componente da
formulação, levando-se em conta a perda durante o processo de
preparação.
Passo 2: Pesar precisamente os componentes da formulação con-
forme o número de papéis, envelopes ou flaconetes solicitados pela
prescrição.
Passo 3: Completar com qs de excipiente flavorizado e edulcorado
124
Capitulo 5 - Manipulação
para 2,5g, 5§, 10g ou mais conforme a prescrição (vejasusestoesabaixo).
Passo 4: Preparar os pós conforme o procedimento geral de pós,
diluindo geometricamente os ativos no excipiente.
Passo 5: Pesar a quantidade unitária a ser acondicionada em cada
papel, envelope ou sachê, um a um, até completar o número de
unidades solicitadas.
Passo 6: Acondicione os envelopes em uma caixa.
Passo 7: Rotule.
Sugestões de excipientes para pós divididos
A. Excipiente edulcorado e flavorizado com lactose
Aspartame 0,5%
Acesulfame de K 0,5%
Aroma pó (hidrossolúvel).... 0,3%
Lactose* qsp 2,5 - 5 - 10g
'Para pacientes com intoleráncia à lactose ou em caso de incompatibilidade quimica com o
ativo, a lactose pode ser substituida pelo leite de soja sem açúcar.
B. Excipiente edulcorado e flavorizado com agente suspensor
Ativo(s) Xg
Celulose microcristalina e CMC - Na* .. 1,5 g (Avicel RC 591)
Ácido cítrico 0,5 g
Aspartame 0,1 g
Aroma pó 0,3 g
Lactose** qsp 10 g
'Utilize preferencialmente a celulose microchstalina de dissoluqão instantônea, comerciali-
zada com o nome de Avicel RC 591®.
" A lactose pode ser substituida por outro excipiente (ex. leite de soja sem açúcar) em caso
de incompatibilidade quimica com o ativo, pacientes diabéticos ou com intolerância ó lacto-
se.
Exemplo de formulação
Pó dividido com escopolamina
EscopolaminaHBr 5 mg
Lactose 2,495 mg
Mande papéis.
125
Capítulo 5 - Manipulação
2. Grânulos Efervescentes
Os sais efervescentes são usualmente misturas eflorescidas
de ácido cítrico / ou ácido tartárico (ácidos) com bifosfato sódico e
ou bicarbonato de sódio (bases) e outros ingredientes medicinais.
Estes sais também podem ser preparados a partir de sais não-
eflorescidos de ácido cítrico e ácido tartárico. Em presença de á-
gua, o ácido reage com a base e libera dióxido de carbono, produ-
zindo efervescência. Os sais e gânulos efervescentes podem ser pre-
parados na forma de misturas de pós a granel ou pós divididos.
2.1.Vantagens
2.1.1.Correção do paladar:
A solução carbonatada e a liberação de C02 mascaram sabo-
res salinos e amargos. Os grânulos apresentam vantagem sobre os
pós, pelo controle da velocidade da efervescência. 0 pó dissolve
mais rápido (maior superfície) do que os grânulos que se hidratam e
dissolvem lentamente.
2.2. Desvantagens
Baixa estabilidade, devido a alta reatividade (efervescência).
Dificuldade na manipulação (dificuldade de manter os ingre-
dientes secos durante o preparo e o armazenamento).
2.3. Procedimento de preparo de grânulos efervescen-
tes
Passo 1: Calcule a quantidade de cada ingrediente.
Passo 2: Pese precisamente cada componente.
Passo 3: Misture bem os pós.
Passo 4: Aqueça a mistura em uma estufa a 75° a 105°C, até a for-
mação de uma pasta (a liberação da água de cristalização ou hidra-
tação, forma uma massa úmida).
Passo 5: Passe a massa por um tamis n°10 e seque em um desseca-
dor.
126
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 6: Quebre os grânulos, embale e rotule.
Nota: os pós efervescentes podem ser preparados através da trituraçôo e mistura simples dos
pós em um grat ou passando o granulado preparado por um tamis malha 50 ou 60.
2.4. Exemplos de formulações
2.4.1. Envelopes com ascorbato de cálcio efervescente
(10 envelopes)
Ascorbato de cálcio 97,4 g
(1 g de cálcio em cada 9,74 g de ascorbato de cálcio)
Ácido cítrico anidro fino 19,2 g
Bicarbonato de sódio 18,8 g
Flavorizante pó qs
Procedimento:
Passo 1: Triturar todos os pós juntos até a obtenção de pó uniforme.
Passo 2: Pese cada dose separadamente (1 décimo do peso total) e
embalar cada dose em um envelope. Cada envelope terá o equiva-
lente a 1g de cálcio elementar.
Passo 3: Sele bem o envelope, não permitindo o acúmulo de ar no
seu interior.
Passo 4: Armazene em local seco.
Estabilidade aproximada: 2 meses
2.4.2. Citrocarbonato
(10 envelopes)
Lactato de cálcio 7,95 g
Cloreto de sódio, USP 4,2 g
Sulfato de magnésio anidro 3,72 g
Fosfato de sódio dibásico anidro .. 5,1 g
Ácido cítrico monohidratado 64,4 g
Bicarbonato de sódio 56,6 g
Procedimento:
Passo 1: Pese e misture uniformemente os seis pós.
Passo 2: Distribua o pó em bandeja tipo refratária.
Passo 3: Inicie o aquecimento em um forno de microondas por 1 a
1,5 minutos.
Passo 4: Na temperatura de aproximadamente 75°C, o ácido cítrico
127
Capitulo 5 - Manipulação
irá perder a água e formar uma massa. Agite e revire o pó para a-
quecimento.
Passo 5: Continue o aquecimento até observar um vapor fumegante
e formar uma massa contínua.
Passo 6: Transferir para um papel alumínio e reduzir em pequenos
grânulos.
Passo 7: Assim que os srânulos esfriarem, embalar.
Estabilidade aproximada: 3 meses.
2.4.3. Pó analgésico efervescente
Salicilato de sódio 15 g
Ácido cítrico monohidratado 34 g
Bicarbonato de sódio 30 g
Lactato de cálcio 10 g
Sulfato de magnésio anidro 10 g
Procedimento de preparo :idem ao da fórmula anterior.
Estabilidade aproximada: 3 meses.
128
Capitulo 5 - Manipulação
3. Cápsulas
3.1. Definição - USP- 23; Ph Eur-3rd
Cápsulas são formas farmacêuticas sólidas, com invólucro du-
ro ou mole, de diversos formatos e tamanhos, normalmente conten-
do uma dose unitária de ingrediente ativo. Os invólucros são nor-
malmente formados de gelatina; entretanto, eles também podem
ser constituídos de amido (hóstias) ou outras substâncias adequadas
(Exemplo: A cápsula vegetal é constituída por um derivado da celu-
lose, a HPMC*). As cápsulas são destinadas à administração oral.
' HPMC: hidroxipropilmetilcelulose
3.2. Vantagens da forma farmacêutica cápsula
• Fácil deglutição.
• Fácil de ser identificável (cor ou impressão serigrafada).
• Farmacêuticamente elegante.
• Mascaram de forma eficaz as características organolépticas
desagradáveis (sabores e ou odores desagradáveis) de fárma-
cos veiculados, uma vez que o invólucro da cápsula impede o
contato sensorial direto com o(s) ativo(s) veiculado(s).
• Fácil formulação.
• Fabricação a seco.
• Número de adjuvantes reduzidos.
• Risco reduzido de contaminação cruzada.
• Para crianças, podem ser abertas e o conteúdo dispersado
facilmente na alimentação.
• Limitado potencial de incompatibilidades.
• Menos equipamentos para a fabricação.
• Configurações únicas de cor e forma que realçam a identifi-
cação do produto.
• Menos exigências de validação.
• Menos etapas de produção.
• Boa estabilidade.
• Versatilidade para o preparo de fórmulas e doses individuali-
zadas (fórmulas magistrais).
• Apresentam boas características de biodisponibilidade (ge-
ralmente o invólucro se dissolve rapidamente no estômago,
em torno de 10 a 20 minutos, liberando seu conteúdo).
129
Capitulo 5 - Manipulação
• Permite, mais facilmente que outras formas farmacêuticas, a
elaboração de sistemas de liberação modificada (liberação
prolongada e revestimento gastroresistente).
• Protegem o fármaco de agentes externos (pós, ar, luz, etc).
Esta proteção não existe em relação à umidade.
• Boa resistência física que pode ser aumentada com o uso de
blister.
• Boa aceitação pelos pacientes.
Embora os comprimidos representem cerca de 75% das for-
mas farmacêuticas sólidas comercializadas, somente 38% dos con-
sumidores os preferem em relação às cápsulas. Em contraposição,
as cápsulas moles que representam somente 2% do mercado, são
preferidas por 44% dos consumidores. As cápsulas duras representam
cerca de 23% do mercado de formas sólidas e 19% dos consumidores
as tem como opção de escolha. (King, 1984).
Entre 1970 e 1975 as cápsulas apresentaram taxas de cresci-
mento de vendas que variaram de 8 a 21% nos quatro maiores mer-
cados europeus. Esta é uma tendência que permanece. As cápsulas
duras de gelatina, cada vez mais têm sido escolhidas para novos
medicamentos na forma de dosagem oral sólida. Em 1982, somente
17,5% dos produtos recém licenciados eram apresentados como
cápsulas duras de gelatina; em 1996, este número já havia chegado
aos 34% (Fonte: Scrip,1999).
3.3. Desvantagens da forma farmacêutica cápsula
• Maior custo de produção.
• Não é fracionável (não pode ser partida).
• Dificuldade de se conseguir uniformidade de peso em cápsu-
las duras.
• Se aderem mais facilmente à parede do esôfago, podendo
levar a irritação deste, principalmente se o ativo for irritan-
te. Devem ser ingeridas com bastante água e com o paciente
sentado.
• Necessidade de garantir condições determinadas de tempe-
ratura e umidade, para manipulação e conservação, devido à
sensibilidade a estes fatores.
• Limitações de uso: dificuldade de serem utilizadas por de-
terminados pacientes com dificuldades de deglutição (crian-
ças e idosos).
130
Capítulo 5 - Manipulação
• Incompatíveis com substâncias higroscópicas, deliquescen-
tes, eflorescentes que formem misturas eutéticas, exceto se
estas substâncias forem previamente diluídas em excipientes
adequados ou então forem revestidas.
• Não são adequadas para drogas que são muito solúveis, como
sais (Exemplo: cloreto de potássio, brometo de potássio, clo-
reto de amôneo). Nestas situações, os fluidos digestivos pe-
netram rapidamente na cápsula, dissolvendo o sal e criando
uma solução altamente concentrada que pode causar náusea
e vômito quando entrar em contato com a mucosa gástrica.
3.4. Composição do invólucro da cápsula
Gelatina ououtras substâncias* (ex.: amido, hidroxipropilme-
tilcelulose);
• Agentes surfactantes
• Opacificantes (ex.: dióxido de titânio)
• Conservantes
• Antioxidantes
• Edulcorantes
• Corantes e flavorizantes certificados
0 invólucro da cápsula pode trazer impresso a marca do fa-
bricante.
As cápsulas constituídas a partir de matéria-prima de origem
vegetal satisfazem hábitos vegetarianos e peculiaridades.
3.5. Conteúdo das cápsulas
Pode ser: Sólido, líquido (não-aquoso) ou pastoso.
• Ingrediente(s) ativo(s)
• Solventes
• Diluentes
• Lubrificantes
• Agentes desintegrantes
0 conteúdo não deve causar a deterioração do invólucro da
cápsula (ex.: água). Todavia, o invólucro ao ser atacado pelos f lu i -
dos digestivos deve liberar o conteúdo encapsulado.
131
Capitulo 5 - Manipulação
3.6. Classificação (categorias de cápsulas)
• Cápsulas duras
• Cápsulas moles ("softgel")
• Cápsulas gastroresistentes (de liberação entérica)
• Cápsulas de liberação modificada (liberação prolongada)
3.6 .1 . Cápsulas duras (púlvulas):
As cápsulas duras têm forma cilíndrica, arredondada nos ex-
tremos e são formadas por duas partes abertas numa extremidade,
com diâmetros ligeiramente diferentes, devendo os seus extremos
abertos encaixarem um ao outro.
A cápsula gelatinosa dura consiste em duas partes:
a. Corpo: porção longa e estreita (contém o ativo e o excipiente).
b. Tampa: porção curta e mais larga.
Esquema de
sistema de
fechamento de cápsulas
Fonte: Pharmaceutical Practke,1998.
Fechada
Esquema de cápsula (Tampa, corpo)
As cápsulas duras são comercializadas em diversos
tamanhos, designados arbitrariamente por alga-
rismos. Quanto maior o algarismo designativo,
menor a capacidade da cápsula.
Fonte: Pharmaceutical Practice, 1998.
Tampa
Corpo
Pós X J
132
Capítulo 5 - Manipulação
Tabela 18: Tamanhos de cápsulas disponíveis para uso humano
Número
5
4
3
2
1
0
W~
00
000
Capacidade em volume (mL)
0,12a0,13
0,20 a 0,21
0,27 a 0,30
0,37
0,48 a 0,50
0,67 a 0,68
0,85
0,92 a 0,95
1,36 a 1,37
A. Especificações de qualidade para cápsulas gelatinosas duras
Conteúdo de umidade (dessecação a 105o): 10 a 16%
Dimensões: devem estar de acordo com a sua forma e tamanho.
Soiubilidade: devem se manter no mínimo 15 minutos sem se dissol-
ver na água a 25°C. Devem se dissolver em 15 minutos quando em
contato com uma solução de ácido clorídrico 0,5%p/v, a 36-38°C.
Resistência à fratura: as cápsulas não devem quebrar ou rachar fa-
cilmente
Odor: não devem apresentar odor estranho quando armazenado em
um frasco hermeticamente fechado durante 24h a 30-40°C.
Defeitos do invólucro: deve se observar a forma, a superfície, a es-
pessura da parede, a cor e a impressão (quando aplicável).
B.Critérios para armazenamento, conservação e manipulação de
cápsulas duras: A gelatina pode absorver até 10 vezes seu peso em
água. Portanto, as cápsulas gelatinosas duras quando armazenadas
em ambientes de alta umidade, absorvem a umidade amolecendo e
se deformando. Em ambiente muito seco, as cápsulas ficam quebra-
diças.
C. Condições recomendadas para armazenamento e manipulação:
Umidade relativa do ar*: entre 30 a 45% (máx. 50%)
Temperatura: entre 20 a 25°C.
'Para manipulação de substâncias higroscópicas e detiquescentes è importante que a umidade
retativa ambientat não seja maior que 40%.
133
Capitulo 5 - Manipulação
3.6.2. Cápsulas moles ("softgel"):
A cápsula mole é constituída de uma única parte, estando o
conteúdo hermeticamente selado em seu interior. Estão disponiveis
em diversos formatos e tamanhos. Assim como as cápsulas duras são
constituídas normalmente por gelatina e a sua maior flexibilidade
está relacionada à presença de glicerina e ou sorbitol, que atuam
como plastificantes. 0 invólucro das cápsulas gelatinosas moles é
mais espesso do que o das cápsulas gelatinosas duras.
As cápsulas moles se destinam preferencialmente a acondi-
cionar líquidos, podem apresentar variadas formas e tamanhos e
conter substâncias medicamentosas em quantidades variáveis, des-
de 0,2 até 5g.
A. Vantagens em relação às cápsulas duras
• Fácil deglutição.
• Maior preferência pelos pacientes.
• Maior biodisponibilidade (princípio ativo líquido ou solubili-
zado em veículo líquido).
• Ideal para incorporação de fármacos suceptíveis à hidrólise
ou oxidação. 0 sistema selado proporciona proteção frente ao ar e
outros agentes externos.
• Possibilita a incorporação de fármacos empregados em altas
doses e com baixa capacidade de compressão.
• Precisão no encapsulamento (±1 a 3%).
B. Desyantagens
• Preparação complexa (não podem ser produzidas na farmácia
magitral).
• Inadequada para incorporar substâncias líquidas com teor de
água maior que 5%, substâncias hidrossolúveis de baixo peso
molecular e compostos orgânicos voláteis.
134
Capítulo 5 - Manipulação
3.6.3. Cápsulas Gastro-resistentes BP-99:
São cápsulas de liberação modificada destinadas a resistir ao
fluido gástrico e liberar seus ingredientes ativos no fluido intestinal.
Elas são preparadas, provendo cápsulas duras ou moles com um in-
vólucro gastro-resistente (cápsulas entéricas) ou pelo preenchimen-
to das cápsulas com grânulos ou partículas cobertas com um reves-
timento gastro-resistente.
3.6.4.Cápsulas de Liberação Modificada BP-99:
São cápsulas duras ou cápsulas moles nas quais o conteúdo, o
invólucro ou ambos, contêm excipientes especiais ou são preparados
por processo especial, destinado a modificar a velocidade ou o local
no qual o(s) ingrediente(s) ativo(s) são liberados.
3.7. Revestimento Entérico de Cápsulas Duras
3.7.1. Introdução
As cápsulas gastroresistentes são obtidas revestindo as cáp-
sulas duras com um filme gastroresistente ou preenchendo as cápsu-
las com granulados ou partículas já recobertas de um revestimento
gastroresistente. Estas cápsulas devem resistir, sem alteração, à
ação do suco gástrico. Entretanto, devem desagregar-se rapidamen-
te no suco intestinal, e por isso se diz que são gastroresistentes ou
enterossolúveis.
Para formação do filme gastroresistente são empregados po-
límeros gastroresistentes que apresentam grupos funcionais com
natureza aniônica que em pH ácido do estômago os tornam insolú-
veis (ex.: acetoftalato de celulose, copolímero do ácido metacríli-
co/metacrilato de metila). Com a mudança do pH para valores su-
periores a 5,5 estes grupos ficam ionizados e tornam-se solúveis no
meio, promovendo a liberação imediata dos fármacos. Para melhor
compreensão do comportamento da solubilidade do revestimento
nas diferentes regiões do aparelho digestivo, a tabela 19 apresenta
os diferentes pHs encontrados no trato gastro-intestinal.
135
Capítulo 5 - Manipulação
Tabela 19: Variação pH no aparelho digestivo
Local
Estômago
Duodeno
Jejuno
lleo
Cólon
Reto
PH
1,0 a 3,5
5,0 a 6,0
6,3 a 7,3
+/-8,0
8,3 a 8,4
6,8 a 7,2
3.7.2. Situações em que se deve utilizar o revestimento
gastroresistente:
Para proteger fármacos instáveis em meio ácido da ação dos
fluidos gástricos (exemplo: alguns antibióticos como a eritromicina
base, enzimas, pantoprazol e etc).
Quando o fármaco é irritante para a mucosa gástrica (exem-
plo: antiinflamatórios como naproxeno, fenilbutazona, oxifenilbuta-
zona, cloreto de potássio, indometacina, diclofenaco, etc).
Quando o fármaco produz náuseas ou vômitos se liberado no
estômago (exemplo: ácido nicotínico).
Quando for importante que o princípio ativo não sofra dilui-
ções antes de atingir o intestino (exemplo: mesalazina, sulfassalazi-
na).
Quando o fármaco só deverá produzir o seu efeito máximo no
duodeno ou jejuno (exemplo: pancreatina).
Quando se deseja fazer com que as substâncias ativas este-
jam disponíveis após um período de tempo (Liberação retardada,
ex.: fluoreto de sódio, quinidina, efedrina, etc).
136
Capitulo 5 - Manipulação
3.7.3. Procedimento de revestimento entérico de cápsulas
gelatinosas duras utilizando a máquina derevestimento en-
térico
A. Objetivo:
Revestimento externo
de cápsulas
gelatinosas duras, com
filme gastroresistente
em formulações
contendo fármacos
específicos, cuja
estabilidade, bio-
disponibilidade e
eficácia dependem da
liberação exclusiva em
meio entérico.
Foto: Máquina de Revestimento Entérico
B. Materiais:
Máquina de revestimento entérico.
Frasco spray com propelente.
Secador com fluxo de ar quente para secagem do revesti-
mento.
Solução de revestimento entérico com acetoftalato de celu-
lose (recém-preparada) ou a solução de revestimento com Eudragit
L-100.
Cápsulas gelatinosas duras contendo o(s) fármaco(s) + exci-
piente(s).
Óculos de segurança para o manipulador.
Máscara com filtro para proteção do manipulador.
Luvas.
C. Precauções:
A inalação constante da solução de revestimento é potenci-
almente perigosa à saúde do manipulador, portanto, é de suma im-
portância a utilização de máscara protetora com filtro e que o pro-
cedimento seja realizado em local ventilado ou preferencialmente
em capela com exaustão para gases.
137
Capítulo 5 - Manipulação
D. Procedimento:
Cálculo da quantidade da solução de revestimento a ser utüizada:
A quantidade de revestimento a ser utilizada deve ser calcu-
lada em relação ao peso do lote de cápsulas vazias utilizadas no
encapsulamento da fórmula que se deseja realizar o revestimento
entérico, todavia é necessário deixar claro que o revestimento será
realizado nas cápsulas "cheias". A quantidade de revestimento utili-
zado no processo deve ser em torno de 15% do peso das cápsulas
vazias, correspondente a quantidade e ao tamanho das cápsulas
utilizadas na encapsulação da formulação. Com objetivo de esclare-
cer melhor a efetuação deste cálculo, exemplificaremos a seguir:
Utilizando cápsulas n°1 brancas, cujo peso médio é de
76,2mg/cápsula, qual a quantidade em massa da solução de reves-
timento deverá ser utilizada para revestir 500 cápsulas, contendo
um fármaco e seu excipiente cujo peso médio é de 380 mg? Como
poderá ser evidenciado no processo a quantidade da solução de re-
vestimento a ser empregada nas cápsulas "cheias"?
Cálcuios:
Peso total das cápsulas vazias=> 76,2mg (peso médio da cáp-
sula vazia) x 500 (quantidade de cápsulas a serem revestidas) =
38.100 mg ou 38,1g.
Quantidade em peso de revestimento a ser empregado: 15%
do peso das cápsulas vazias, portanto no exemplo: 15% de 38,1 g =>
5,715 g (quantidade de revestimento necessário para o processo de
revestimento). Para sabermos o peso do revestimento nas cápsulas
cheias, devemos realizar os seguintes cálculos:
Peso Total das cápsulas cheias
380 mg (peso médio da cápsula cheia) X 500 (n° de cápsulas)
= 190000 mgou 190g
O peso final das cápsulas cheias, com a quantidade correta
de revestimento após o processo de spray e secagem é dada pela
soma da quantidade necessária de revestimento calculado e o peso
total das cápsulas cheias, portanto: 5,715 (quantidade de revesti-
mento calculado necessário ao processo) + 190 g (peso total das
cápsulas cheias) = 195,715 g (peso final tecnicamente correto das
cápsulas com o revestimento).
138
Capítulo 5 - Manipulação
Passo 1: Acondicione as cápsulas a serem revestidas no tambor ou
no copo da máquina de revestimento, ligue a máquina e faça os
ajustes necessários para prevenir que as cápsulas se esvaiam do
tambor durante o processo ou com a secagem pelo fluxo de ar
quente do secador. 0 ajuste do ângulo ideal do tambor para o pro-
cesso, pode ser realizado através das "borboletas" rosqueadas em
parafusos situados nas laterais da máquina. No processo de giro, as
cápsulas contidas no tambor não devem escapar do mesmo. Portan-
to, teste a direção do fluxo de ar do secador no interior do tambor
com a máquina ligada. 0 fluxo de ar quente pode ser inclinado para
as laterais do tambor se a corrente de ar for muito forte e as cápsu-
las estiverem "voando" para fora do tambor. Para cápsulas de ta-
manho maior, o processo deve ser realizado com um menor número
de cápsulas de cada vez.
Passo 2: Encha o reservatório do frasco de spray, utilizando a solu-
ção de revestimento recém-preparada (é aconselhável a adição nes-
ta solução de revestimento de uma solução contendo um corante,
como por exemplo, o azul de metileno, na proporção de 1 a 3 gotas
da solução com corante para cada 100 ml da solução de revestimen-
to, este procedimento permitirá a evidenciação da aderência da
solução de revestimento nas cápsulas).
Passo 3: Ligue a máquina e jateie a solução de revestimento dire-
tamente no copo contendo as cápsulas por 10 segundos. Imediata-
mente em seguida, também por 10 segundos, direcione para o inte-
rior do copo o fluxo de ar morno (não quente) com o uso do secador
em baixa velocidade.
"Nunca jateie as cápsulas com a solução de revestimento se o
tambor da máquina não estiver girando, pois esta conduta fará com
que as cápsulas colem-se uma as outras, não formando um filme
íntegro capaz de garantir o revestimento entérico". Caso ocorra
aderência entre as cápsulas, elas devem ser separadas rapidamente,
antes que a solução de revestimento seque, deixando-as no copo e
continuando o processo. Se no final do processo algumas cápsulas
permanecerem aderidas uma às outras, estas cápsulas deverão ser
descartadas. Uma eventual perda deve ser levada em consideração
no processo, portanto deve-se revestir uma quantidade maior de
cápsulas do que a solicitada na prescrição, com o intuito de com-
pensar esta perda. Sugerimos 5% a mais.
139
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 4: Uma vez realizado o passo 3 por várias vezes, remova as
cápsulas e as deixe sobre um papel toalha estendido sobre uma
bancada, para secagem ao ar por 5 a 10 minutos. Antes de jatear a
solução de revestimento novamente (passo 4), pese, anotando o
valor e certificando a quantidade de revestimento da cápsula com o
valor calculado. 0 jateamento deve ser realizado até a proximidade
do peso calculado das cápsulas cheias com o revestimento.
Solução para Revestimento Entérico com acetoftalato de celulose
(p/ 100mL) para utilização na máquina de revestimento
Acetoftalato de celulose (CAP) 7,5 g
Hidróxido de amônio NF 27% 2,63 mL
Propilenoglicol 3,0 mL
Álcool etílico 70% 95,5 ml
Procedimento de preparo:
Passo 1: No agitador, adicione o CAP ao álcool seguido pelo hidróxi-
do de amônio. (A dissolução do CAP depende do pH básico).
Passo 2: Deixe agitar por 1 hora ou até dissolver.
Passo 3: Então, acrescente o propilenoglicol
Validade desta solução: 1 ano, conservada em frasco de vidro âmbar
e hermeticamente fechado.
Solução para Revestimento Entérico
para utilização na máquina de revestimento
Eudragit®L-100 7g
Polietilenoglicol 400 4,0 mL
Solução Acetona/álcool absoluto (1:1) qsp 100 mL
Procedimento de preparo:
Passo 1: Dissolva o Eudragit L-100 em cerca de 90 mL da solução de
Álcool/Acetona (1:1) em um béquer de vidro coberto.
Passo 2: Adicione o PEG 400 e complete o volume para 100 mL com
a solução com álcool/acetona (1:1).
Passo 3: Validade estimada desta solução: 6 meses, conservada em
frasco de vidro.
140
Capitulo 5 - Manipulação
3.7.4. Procedimento de preparo de granulado gastroresis-
tente com o Eudragit L - 100®
Uma alternativa farmacotécnica mais moderna e consistente
é revestir o fármaco incluso em um granulado, com substâncias es-
táveis em meio ácido que se dissolvem no meio neutro ou ligeira-
mente alcalino, encontrado no duodeno e nos intestinos. A granula-
ção do fármaco com o copolímero do ácido metacrílico/metacrilato
de metila (Eudragit L 100®) mostra-se eficiente e seguro para o re-
vestimento gastroresistente. 0 revestimento é insolúvel em ácidos
diluidos e fluídos gástricos e solúvel em tampões e fluídos digestivos
acima do pH 6,0; portanto, assegura tanto a não liberação do fár-
maco em meio gástrico, como a liberação deste em meio entérico,
em conformidade com o desejo terapêutico.
A. Soluçào de Eudragit L-100® para granulacão gastro-resistenteEudragit L 100 20,0%
PEG400 5,0%
ou Propilenoglicol 10,0%
Água destilada 3,0%
Álcool isopropílico qsp 100,0mL
Preparo:
Passo 1: 0 Eudragit L 100® deverá ser dissolvido no álcool isopropí-
lico
Passo 2: Adicionar o restante dos componentes
Passo 3: A solução poderá ser guardada em estoque, acondicionada
em frasco de vidro âmbar herméticamente fechado.
B. Preparo do granulado gastro-resistente
Fármaco xg (quantidade a ser revestida)
Solução de Eudragit L - 100® .. 50% do peso total da substância
Passo 1: Umectar o fármaco ou o fármaco + excipiente, tamisados e
pesados, com a solução de Eudragit L100®, até formar massa úmi-
da.
Passo 2: Granular em tamis com abertura de malha de 1,4mm a
2mm, forçando sua passagem com o uso de uma espátula e reco-
Ihendo o granulado em superfície forrada com papel impermeável
(ex.: papel manteiga). Colocar para secar em temperatura ambiente
ou em estufa aberta a 40°C.
141
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 3: Determinar o Fator de correção para granulado:
Fc = peso do granulado
peso da susbstância
Passo 4: Encapsular e envasar
3.7.5. Alguns fármacos comercializados com revestimento
gastro-resistente:
Mesalazina, Sulfassalazina, Pantoprazol, Pancreatina, Diclo-
fenaco, Naproxeno, ácido acetilsalicílico (comercializado também
na forma convencial), bisacodil, digitoxina, indometacina, lanzopra-
zol, tripsina, bromelaína, omeprazol, etc.
3.7.6. Teste de Revestimento Entérico (USP23/NF18)
A. Fiuido gástrico simulado (pH 1,2) 37°C - 1 a 2h
Cloreto de sódio 2.0g
Pepsina 3.2g
HC137% 7.0ml
Água destilada qsp 1000ml
Não deve haver sinal de desintegraçâo após o periodo de 1 hora
B. Fluido intestinal simutado (pH 7,5) 37°C
Fosfato monobásico de potássio 6,8g
NaOH0,2N 190,0ml
Pancreatina 10,0g
Água destilada qsp 10OOml
Deve se desintegrar no prazo prescrito pela monografia farmacopéica.
Nota: Para granulados e pellets é necessário realizar o teste de dissolução.
142
Capitulo 5 - Manipulação
3.8. Cápsulas de liberação lenta {Slow release)
3.8.1. Introduçao
Algumas formas farmacêuticas sólidas, como cápsulas e com-
primidos de liberação convencional são elaboradas para liberar o
fármaco no organismo de modo a ocorrer absorção rápida e compte-
ta. Nesses sistemas, busca-se manter determinada concentração do
fármaco no sangue, prescrevendo-se doses unitárias constantes ao
paciente durante o período de 24 horas. No entanto, pode ser ob-
servada a ocorrência de picos e vales no perfil de biodisponibilidade
do medicamento que devem estar situados dentro de uma faixa a-
ceitável, (janela terapêutica - acima da concentração mínima eficaz
e abaixo da concentração mínima tóxica) para que não haja com-
prometimento da eficácia clínica do tratamento. Este perfil, deter-
mina a posologia do esquema terapêutico (Ansel, Popovich, Alen,
2000; Helman, 1981; Lieberman, Lachman, 1982; Lieberman, Lach-
man, Schwartz, 1990; Ritschel, 1982; Veiga, 1988).
Contudo, outras formulações vêm sendo estudadas, na tenta-
tiva de modular a liberação do fármaco, para que ocorra de modo
lento e gradual propiciando ação terapêutica de longa duração (An-
sel, Popovich, Alen, 2000; Helman, 1981; Lieberman, Lachman,
1982; Lieberman, Lachman, Schwartz, 1990; Lordi, 1986; Prista,
Alves, Morgado, 1995; Ranade, 1991; Ritschel, 1982; Veiga, 1988).
Nos sistemas de liberação controlada, a taxa de fármaco li-
berada iguala-se a quantidade de fármaco eliminado, mantendo
desta forma, a concentração plasmática dentro da janela terapêuti-
ca (Uhrich et al., 1999). Tais preparações podem ser desenvolvidas
para administração por diversas vias (cutânea, intravascular, intra-
muscular, linfática, ocular, nasal, dentre outras). Entretanto, a ad-
ministração pela via oral, continua sendo uma das mais desejáveis
(Khan, 1995; Veiga, 1988).
De acordo com a United States Pharmacopeia 24 ed. (2000),
o termo liberação controlada é sinônimo de liberação sustentada,
liberação prolongada ou ação prolongada. Tais termos são empre-
gados para descrever formulações que não liberam o fármaco pron-
tamente após administração, como os denominados medicamentos
de liberação convencional e, que apresentam redução na freqüência
de doses administradas. Formas de liberação controlada são ainda
definidas, como aquelas nas quais há redução de pelo menos duas
143
Capítulo 5 - Manipulação
vezes na freqüência de dosagem, com aumento na aquiescência do
paciente ao esquema terapêutico que possui eficácia melhorada,
quando comparado aos sistemas convencionais. Por outro lado, de-
signa-se como formas de Uberação retardada, aquelas que liberam o
fármaco em tempo diferente do sistema convencional e em local
bem determínado, sendo depois, a liberação praticamente imedia-
ta , o que acontece com as formas de liberação entérica (Costa, Lo-
bo, 1999; United States Pharmacopeia 24 ed. , 2000).
Ambos os sistemas, liberação controlada e liberação retar-
dada são definidos pelo termo liberação modificada que possui sen-
tido mais amplo: são sistemas cuja característica de liberação do
fármaco, em relação ao tempo e/ou local são determinados de a-
cordo com objetivos ou conveniências não oferecidas por sistemas
convencionais de cedência do fármaco; como soluções, pomadas e
demais formas de pronta dissolução (United States Pharmacopeia 24
ed. , 2000).
144
Capítulo 5 - Manipulação
Tabela 20: Terminologia mais recentemente empregada na área
de tecnologia de l iberação modif icada de fármacos
TIPO DE LIBERAÇÃO
Controlada (liberação
prolongada, ação prolon-
gada, liberação lenta,
liberação sustentada)
De ordem um
Retardada
Programada
Ação repetida
Modificada
DEFINIÇÃO
Sistema no qual a liberaçâo do fármaco
ocorre lentamente e em quantidade
constante por unidade de tempo, quan-
do comparado com sistema convencio-
nal.
A quantidade de fármaco liberada por
unidade de tempo é uma porcentagem
fixa do total que permanece no sistema.
A liberação do fármaco ocorre em peri-
odo de tempo bem definido após admi-
nistração do medicamento.
A cedência do fármaco é programada
por sistema eletrônico.
Neste sistema, há liberação seqüencial
de 2 doses completas do fármaco. Inici-
almente é liberada uma dose equivalen-
te à convencional, contida na parte
externa. Posteriormente, é libertada a
dose incorporada no núcleo. Esta man-
terá o nivel plasmático efetivo. Idêntico
à tomada de doses consecutivas de um
medicamento convencional.
Sistema onde a liberação do fármaco é
determinada de acordo com objetivos
ou conveniências não oferecidas pelos
sistemas de pronta liberação. Abrange
todos os sistemas diferentes dos con-
vencionais.
REFERÊNCIAS
United States
Pharmacopeia 24
ed., 2000; Costa,
Lobo, 1999
Costa, Lobo, 1999
United States
harmacopeia 24
ed., 2000; Costa,
Lobo, 1999;
Ranade, 1991
Costa, Lobo, 1999
Veiga, 1988
United States
Pharmacopeia 24
ed., 2000; Rana-
de, 1991.
Fonte: Tese de mestrado de Janaina Cecília Oliveira Villanova/Universidade de São Paulo:
USP2001
145
Capítulo 5 - Manipuiação
Advertência: Em relação à manipulaçào de formas farmacêuticas
magistrais de liberação prolongada, deve ser mencionada a dif icul-
dade tecnológica de predizer o exato perf i l de liberação do fármaco
necessário para obter resultados consistentes lote a lote. Além dis-
so, a determinação consistente e confiável dos níveis sanguíneos do
fármaco e a duração da sua ação só podem ser comprovados através
de estudos de bioequivalência. Portanto, a manipulação magistral
de fórmulas de liberação controlada ou sustentada deve ser evitada,
bem como, a de fármacos de baixo indice terapêutico dispensados
nestas formas. As formas de liberação modificada passíveis de se-
rem manipuladas, pelas farmácias magistrais, com segurança são as
cápsulas com revestimento entérico (liberação retardada) e as de
liberação lenta ou slow release (conceito mais amplo e menos res-
t r i to do que liberação controlada ou sustentada), estasúltimas,
obtidas com a utilização de excipientes formadores de matrizes co-
loidais.
Nota: Vários destes termos criados para desiçnar formas farmacêuticas de tiberação modifi-
cada foram introduzidos pelas empresas farmacêuticas, visando refletir um design especial
produzido para uma forma de liberacão protonçada ou utilizando-os como termos de marke-
ííng.
146
Capitulo 5 - Manipulação
3.9. Cápsulas de liberação prolongada
3.9.1. Definição:
As cápsulas, assim como os comprimidos, podem ser formu-
ladas para liberar o(s) principio(s) ativo(s) de maneira lenta e pro-
longada para que seja(m) absorvido(s) pelo trato gastrintestinal.
3.9.2. Vantagens das formas farmacêuticas de liberação
prolongada:
Previne os efeitos adversos de algumas drogas, decorrentes
de altas concentrações plasmáticas após a sua absorção em formas
de liberação convencional (ex.: pentoxifilina, antihistamínicos, anti-
inflamatórios e e t c ) .
Simplifica a posologia reduzindo a frequência de ingestão do
medicamento (ex.: antihipertensivos: metoprolol, pindolol, propa-
nolol, diltiazem, nifedipina, verapamil, clonidina; hipocolesterêmi-
cos: benzafibrato e fenofibrato; analgésicos: codeína, morfina; etc).
Permite a manutenção do nível plasmático do fármaco du-
rante o periodo noturno (ex.: antitussígenos, descongestionantes,
secretolíticos e broncodilatadores).
A formulação de liberação prolongada, compete com fárma-
cos que apresentam efeitos no organismo por períodos prolongados
(ex. antidepressivos, antiepilépticos, etc).
3.9.3. Desvantagens:
Em pacientes que sofreram efeitos adversos do fármaco
veiculado na forma de liberação prolongada, torna-se mais difícil a
remoção do fármaco do aparelho digestivo do que nos produtos de
rápida liberação.
Dificuldade de deglutição, decorrente da frequente utiliza-
ção de altas doses do fármaco (> 500 mg), portanto, a forma farma-
cêutica pode ser de maior tamanho.
Normalmente, as formas de liberação prolongada contêm
duas ou mais vezes a dose da forma convencional, portanto, no caso
de falha do sistema de liberação controlada, aumenta-se o risco de
sobredose e de toxicidade iatrogênica é maior.
147
Capítulo 5 - Manipulação
3.9.4. 0 Mito da Liberação em 24h (Aspectos fisiológicos envol-
vidos na absorção de fármacos):
A. Fisiologia do sistema digestivo:
• Estõmago: esvaziamento em 2 a 6 horas, responsável por até
10% da absorção.
• Intestino delgado: esvaziamento em 3 a 5 horas, responsável
por até 90% da absorção.
• Intestino grosso: esvaziamento em 3 a 10 horas, responsável
por até 10% da absorção.
• Tempo total para o esvaziamento do sistema digestivo: 8 a
21 horas. Média: 14 a 15 horas.
Portanto, um mecanismo de liberação prolongada por um pe-
ríodo maior que 14 a 15 horas é improvável.
3.9.5. Características ideais de um sistema de liberação
prolongada
• Alta resistência na liberação do fármaco.
• Facilidade de se formular.
• Econômico.
• Compatibilidade com fármacos hidrossolúveis e lipossolúveis.
3.9.6. Alguns fármacos que podem ser manipulados em cáp-
sulas de liberação lenta
• Progesterona
• Codeína
• Morfina
• Propranolol
• Anfepramona HCl
• Diclofenaco
• Diltiazem HCl
• Teofilina
• Nifedipina
148
Capitulo 5 - Manipulação
3.9.7. Sistema de matriz hidrofílica para liberação prolon-
gada de fármacos:
0 sistema de matriz hidrofílica, utilizando polímeros, atende
às características necessárias para a preparação de cápsulas de libe-
ração lenta na farmácia magistral.
Um sistema de liberação controlada pela formação de matriz
hidrofílica é um sistema dinâmico que envolve as seguintes etapas:
• Molhagem do polímero.
• Hidratação do polímero.
• Dissolução do polímero.
Ao mesmo tempo, outros excipientes solúveis ou drogas irão
também molhar, dissolver e difundir fora da matriz, enquanto os
materiais insolúveis irão ser segurados na matriz até que o comple-
xo polímero/excipiente/complexo de fármacos sofra erosão ou se
dissolva.
Para formar com sucesso um sistema de matriz hidrofílica, pri-
meiro é preciso selecionar o polímero que irá molhar e hidratar,
para formar uma camada gelatinosa rápida o bastante para proteger
o interior da cápsula ou comprimido, da desintegração e da dissolu-
ção durante a fase inicial de molhagem e hidratação. Se o polímero
se hidratar muito lentamente o fluido gástrico pode penetrar no
interior do comprimido ou da cápsula e permitir a difusão prematu-
ra do fármaco. Um outro resultado da velocidade inadequada de
hidratação do polímero, pode ser a dissolução prematura do excipi-
ente na matriz, causando a desintegração precoce da forma farma-
cêutica.
A capacidade de hidrataçâo rápida do polímero é fundamental
na formulação de formas farmacêuticas de liberação prolongada,
principalmente, quando a formulação contém fármacos e excipien-
tes hidrossolúveis.
De maneira simplificada, podemos resumir que para o polímero
produzir efeito prolongado na forma farmacêutica, sua hidratação
deve ser mais rápida do que a dissolução do fármaco e ou excipien-
te, portanto, a escolha do polímero deve se basear neste critério.
149
Capítulo 5 - Manipulação
A. Fatores que afetam a hidratação dos polímeros
A.1. Tamanho da partícula: o tamanho das partículas sólidas podem
afetar a velocidade de liberaçâo do fármaco. É recomendado que as
partículas do fármaco mais as do excipiente sejam relativamente
finas e com tamanhos similares.
A.2. Viscosidade da solução do polímero: polímeros de alta viscosi-
dade produzem camadas de gel mais viscosas, fazendo com que a
difusão do fármaco seja mais lenta. Por outro lado, polímeros de
baixa viscosidade liberam o fármaco mais rapidamente.
A.3. Solubilidade do fármaco: As matrizes hidrofílicas são utilizadas
na formulação tanto de fármacos muito solúveis como de fármacos
insolúveis. Entretanto, em formulações contendo fármacos e ou
excipientes muito solúveis requerem que o polimero se hidrate ex-
tremamente rápido, antes da solubilização do fármaco ou excipien-
te.
A.4. Concentração do polímero: aumentando-se a concentração do
polímero do sistema matriz, aumenta-se a viscosidade do gel for-
mado. Portanto, um aumento da concentração do polímero irá ge-
ralmente produzir um decréscimo da difusão e liberação do fárma-
co. Por este motivo, polímeros que se hidratam lentamente devem
ser utilizados em altas concentrações para produzir efeito prolonga-
do na formulação.
A.5. Interações polimero, fármaco e excipiente: excipientes ou fár-
macos hidrossolúveis em uma matriz hidrofílica podem afetar a vis-
cosidade do gel formado. Substâncias solúveis competem com o po-
límero e com a água disponível, o que pode afetar a viscosidade do
gel. Quando sais fortemente iônicos são veiculados em matriz hidro-
fílica, eles podem competir tão fortemente com o polímero pela
água que este último terá pouca chance de se hidratar (ex.: cloreto
de potássio).
pH: na faixa de pH normal do TGI (Trato Gastrointestinal) não afeta
significativamente a viscosidade do gel da matriz hidrofílica.
150
Capítulo 5 - Manipulação
3.9.8. Matrizes hidrofílicas em cápsulas:
Uma liberação lenta do fármaco pode ser obtida em cápsulas,
com o uso de polimeros formadores de matriz hidrofílica.
Quando a cápsula de gelatina é ingerida, a gelatina que a
constitui permite a penetração da água, causando sua hidratação e
dissolução em alguns minutos. 0 uso de polimero formador de ma-
triz coloidal no excipiente encapsulado, afetará assim como, nos
comprimidos a dissolução da cápsula, promovendo uma liberação
controlada.
A concentração de polimero utilizada afetará a velocidade de
liberação do fármaco, todavia o tamanho da cápsula utilizada pare-
ce não ter significante efeito na liberação.
A. Sistema de polímero eficiente para formacão de matriz coloidal
em cápsulas
A.1. HPMC - Hidroxipropilmetilcelulose: polimero derivado da celu-
iose com alta capacidade de molhagem e alta velocidade de hidra-
tação.
Tabela 21: Especificaçõesde HPMC e concentrações usuais para
cápsulas de liberação lenta
HPMC
(Especificações comerciais
para formaçao de matrizes
hidrofílicas)
Methocel® E4M - Premium
(4000 mPas)
Methocel® K100
(100.000 mPas)
Concentração usual do polimero
volume da cápsula
40% Correspondênc ia em peso ao v o l u m e d e 40% Cãpsula n° 1 = iOOmg HPMC * Ativos * Lactose ou Amido
Cãpsula n° 0 = 140mg HPMC • Ativos ♦ Lactose ou Amido
Cápsula n° 00 = 200mg HPMC * Ativos • Lactose ou
Amido
Cápsula n° 000 = 280mg HPMC * Ativos * Lactose ou
Amido
30%
Methocel ê marca reçistrada da Dow Chemical Company
É recomendado que no preparo de cápsulas de liberação len-
ta, a mistura do pó contendo o ativo, excipiente e polímero seja
tamisada para obtenção de um pó muito fino (tamis 80 mesh).
151
Capítulo 5 - Manipulação
3.9.9. Alguns fármacos que podem ser manipulados em cáp-
sulas de liberação lenta
Progesterona
Codeína
Morfina
Propanolol
Anfepramona HCl
Diclofenaco de sódio
Diltiazen HCt
Teofilina
Nifedipina
T3,T4
Não manipular em cápsulas menores que a número 1.
A. Exemplo de Formulação
Progesterona em Cápsulas de Liberação Lenta
Progesterona 100mg
HPMC 140mg
Lactose qsp 1 cápsula
Nota: Encapsular em cápsulas número 0.
152
Capítulo 5 - Manipulação
Tabela 22: Algumas Formulações Comercializadas com Liberação
Modificada
Referênàas:
International Drug Directory 1990-1991
Physicians' Desk Reference 50th edition 1996
Red List: Drus Directory of German Pharmaceutical Industry
Abreviações: C= cápsula, T=comprimido (do ingíès tabtet), E=revestimento entérico, XR=
liberaçõo prolongada (do ing/ês extended release)
Droga/companhia
Acetaminofem/ Mc Neil
Acetazolamida/ Lederle
Ácido acetilsalicíl ico/ Bayer, Smith-
kline Beecham
Allopurinol/ Siegfried
Ambroxol/ Mack
Amfepramona/ Marion Merrell Dow
Amitriptilina/ Bayer, Wyeth
Benzafibrato/ Boehringer Mannheim
Biperideno/ Lundbeck
Bisacodil/ Ciba, Thomae, Wellcome
Buflomedil/ Abbot
Carbamazepina/ Sanofi, Geigy
Carbidopa/ Du Pont
Cetoprofeno/ Rhone-Poulenc, Wyeth
Clonidina/ Boehringer Ingelheim
Codeína/ Zyma
Dextropropoxifeno/ Goedecke
Diclofenaco/ Ciba, Sanofi, Siegfried
Digitoxina/ Beiersdorf, Lilly
Diltiazem/ Lederle, Marion-Merrel-
Dow
Etilefrina (et i ladrianol)/ Boehringer
Ingelheim
Felodipina/ Astra, Hoescht
Fenilpropanolamina/ Smithkline Bee-
cham, Procter & Gamble
Forma
farmacêutica
C
c
C,T
T
C
T
C T
T
T
T
T
T
T
C, T
C
T
C
C,T
T
C,T
C ,T
T
C
Propriedades
XR
XR
E, XR
XR
XR
XR
XR
XR
XR
E
XR
XR
XR
XR
XR
XR
XR
E, XR
E
XR
XR
XR
XR
153
Capítulo 5 - Manipulação
Continuação Tabela 22
Droga/companhia
Fenofibrato/ Fournier
Flufenazina/ Squibb
Furosemida/ Hoechst
Ibuprofeno/ Wander. Klinge
Indometacina/ Merck
Isossorbida dinitrato/ Boehringer
Mannh., Wyeth
Isossorbida mononitrato/ Synthela-
bo, Boehringer Mannh.
Isoxsuprina/ Duphar
Lanzoprazot/ Takeda
Levotiroxina (T4)/ Henning
Lítio/ Astra, Smithkline Beecham
Mesalazina/ Procter & Gamble,
Smithkline Beecham
Metformina/ Boehringer Mannheim
Metilprednisolona/ Hoechst
Metoclopramida/ Kali-Chemie
Metoprolol/ Astra, Ciba
Morfina/ Rhone-Poulenc
Naproxeno/ Roche, Syntex
Nifedipina/ Bayer
Nitrofurantoina/ Procter & Gamble
Omeprazol/ Astra
Orfenadrina/ 3M Media
Pancreatina/ Mc Neil, Nordmark
Pantoprazol/ Byk Gulden
Pentoxifilina/ Promonta Lundbeck,
Hoechst-Roussel
Pindolol/ Sandoz
Cloreto de Potássio/ Abbott
Propranolol/ Wyeth
Quinidina/ Astra, Boehringer Man-
nh.
Salbutamol/ Glaxo
Sulfassalazina/ Pharmacia
Forma
farmacêutica
C
T
C
C,T
C,T
C,T
C,T
C
c
T
T
T
T
T
C
T
C T
C,T
C
c
c
T
C,T
T
T
T
T
C
T
C T
T
Propriedades
XR
XR
XR
XR
E, XR
XR
XR
XR
E
XR
E, XR
E, XR
XR
XR
XR
XR
XR
E
XR
XR*
E
XR
E
E
XR
XR
XR
XR
XR
XR
E
154
Capitulo 5 - Manipulação
Continuação Tabela 21
Droga/companhia
Teofilina/ Byk Gulden, Hoechst,
Key, Knoll, 3 M Medica
Tioridazina/ Sandoz
Trifluoperazina/ Smithkline
Beecham
Tripsina/ Mucos, Novo
Ácido valpróico/ Abbott, Geigy
Verapamil/ Knoll, Searle
Vincamina/ Parke-Davis
Forma
farmacêutica
C T
T
C
T
C,T
C,T
C
Propriedades
XR
XR
XR
E
E
XR
XR
3.10. Procedimento para Manipulação de Formulações
em Cápsulas duras:
3.10.1. Pesagem
As receitas devem ser ordenadas de acordo com o horário de
entrega prometido ao cliente.
0 manipulador seleciona a ordem de pesagem dos compo-
nentes das receitas a serem manipuladas. Confere se ficha de pro-
dução está de acordo com a receita e o rótulo, separa os potes dos
componentes a serem utilizados (as matérias-primas deverão ser
armazenadas em frascos de vidro âmbar, etiquetado com todas as
especificações: nome, fator de equivalência, fomecedor, n° de lote,
prazo de validade e colocados em ordem alfabética nas prateleiras).
Procede-se a pesagem individual de cada componente (os
potes com matérias-primas após terem sido utilizados deverão per-
manecer fechados (pois podem ocorrer alterações nos sais) e colo-
cados novamente em ordem nas prateleiras).
0 manipulador anota em formulário próprio os dados refe-
rentes à fórmula manipulada: o número da requisição, o nome do
cliente, o horário da pesagem, o número de fórmulas pesadas da
receita, assina o rótulo de controle de processo e envia a formula-
ção pesada para Homogeneização/Tamisação.
0 manipulador efetua a trituração, diluição e tamisação da
fórmula, anota dados em formulário próprio e envia a mesma para
a encapsulação.
155
Capítulo 5 - Manipulação
0 encapsulador realiza o acondicionamento do pó nas cápsu-
las, anota dados da receita, assina rótulo de processo, anota tama-
nho e cor da cápsula no rótulo de controle de processo, envia para a
conferência o pote com a fórmula encapsulada sem lacrá-lo.
3.10.2. Materiais utilizados:
Balança semi-analítica
Espátulas (aço inox ou plástico)
Papel manteiga
Saco plástico
Calculadora
Papel higiênico
Proveta graduada
3.10.3. Procedimento:
Passo 1: Processo em que o manipulador deverá pesar os sais, espe-
cificados na receita (ficha de pesagem), observando as respectivas
quantidades.
Passo 2: A pesagem deverá ser precisa e muito cuidadosa.
Passo 3: Ao iniciar a pesagem, o manipulador deverá tarar a balança
com papel manteiga sobre o prato.
Passo 4: 0 manipulador deverá pesar os sais um a um (sempre ta-
rando a balança após cada sal), em papel manteiga sobre a balança
de precisão, utilizando-se de uma espátula. Para pesagem de pellets
deve utilizar sempre espátula de plástico ou de chifre, não utilizar
espátulas de aço inox.
Passo 5: Após o término da pesagem da fórmula, inclusive o excipi-
ente, os sais serão colocados em um saco plástico e encaminhados
para o processo de trituração, diluição e tamisação da formulação.
Passo 6: A ordem de manipulação deve conter orientação quanto ao
tamanho e cor das cápsulas a serem utilizadas, bem como a indica-
ção da necessidade de revestimento entérico, se for necessário.
156
Capitulo 5 - Manipulação
3.10.4. Cálculo Manual para enchimento das Cápsulas
Para pesar uma fórmula, mediante a receita (sem a ordem
de manipulação), o manipulador terá que calcular a quantidade de
cada sal manualmente. Para isso, terá que considerar a dosagem do
sal e multiplicar pelo número de cápsulas que serão manipuladas.
Deverá observar e considerar a diluição e ou fator de correção do
sal que está sendo calculado e em que unidade de medida ele se
encontra.
Exemplo:
Piridoxina 60,0 mg
Cistina 200,0 mg
VitaminaB12 100,0 mcg
Biotina 0,2 mg
VitaminaA 25.000 Ul
100cápsulas.
Cálculo:
- Piridoxina = 60 mg x 100 caps. = 6,0g
- Cistina = 200 mg x 100 caps. = 20,Og
- Vitamina B12 = 100 mcg x 100 caps. = 10.000 mcg = 10mg
Considerando-se que a vitamina B12 é diluída 1:100, faz-se
então uma regra de três:
1mg 100 mg
10 mg x
x = 1.000 mg = 1,0g
Pesa-se então 1,0g da Vit. B12 diluída 1:100.
- Biotina = 0,2 mgx 100 caps = 20 mg
Considerando-se que a Biotina é diluída 1:10, faz-se outra regra de
três.
1mg 10 mg
10 mg x
x = 200 mg = 0,2g
Pesa-se 0,2g de Biotina diluída 1:10.
157
Capítulo 5 - Manipulação
- Vitamina A = 25.000 Ul
Converte-se a unidade internacional em miligrama, considerando-se
que 500.000 Ul de vitamina A correspondem a 1g da vitamina A ace-
tato pó, faz-se então a seguinte regra de três:
500.000UI 1g
25.000 Ul x
x = 0,05g
0,05gx 100caps = 5,0g.
Pesa-se então 5g da vitamina A acetato pó.
3.10.5. Cálculo do Tamanho da Cápsula
É necessário completar com excipiente o volume do pó a
encapsular, caso este seja inferior a 90% da capacidade da cápsula.
Considera-se sempre o peso e a densidade aparente dos pós
da formulação.
Tabela 23: Capacidades médias das cápsulas gelatinosas duras
Tamanho da cápsula
000
00
0
1
2
3
4
volume em ml
1,37
0,95
0,68
0,5
0,37
0,30
0,21
Capacidade média em mg
0,6g/ml - 1,2g/ml
822- 1644 mg (750mg)
570- 1140mg(500mg)
408 - 816 mg (400mg)
300 - 600 mg (350 mg)
222 - 444 mg (250mg)
180- 360 mg (200mg)
126-252mg(150mg)
Existem diferencas de capacidade em peso relacionadas com a reologia do pò, tenuidade,
densidade, etc. Exemplo: uma cápsula n° 0, pode conter cerca de 300 mg de cáscara sagrada
pó ou 825 mg de cloreto de sódio.
( ) : capacidade média para substâncias com densidade aparente próxima da lactose.
Para fórmulas compostas e para matérias-primas com baixa
ou alta densidade deveremos utilizar o método volumétrico (com
proveta).
Exemplo 1
Cimetidina 200 mg
Inositol 100 mg
Alcachofra ext. seco 50 mg
Peso total: 350 mg
158
Capítulo 5 - Manipulação
Verifica-se um total de 350 mg de pó por cápsula, pela tabe-
la corresponde à cápsula n° 1, não sendo necessário acrescentar
excipiente por cápsula, exceto se a mistura demonstrar sinais de
higroscopia.
Exemplo 2 . Cápsulas dobradas:
Fórmulas que apresentam sais cujo peso total ultrapassa os
750 mg deverão ser feitas em 2 cápsulas que conterão Vi dose em
cada uma (Capacidade média da cápsula: veja tabela 23)
Hidróxido de alumínio 300 mg
Hidróxido de magnésio 300 mg
Simeticone 100 mg (simeticone 50% x2)
Metoclopramida 20 mg
Peso total: 820 mg
Dividindo o peso de 820 mg por 2, encontraremos 410 mg que
corresponde à cápsula n° 0, portanto, deveremos fazer 2 cápsulas
ao invés de 1 sem o acréscimo de excipiente, os sais desta formula-
ção apresentam densidade aparente baixa.
As fórmulas poderão apresentar também outras variações,
como cápsulas triplicadas e quadruplicadas que seguem o mesmo
procedimento anterior.
Exemplo 3
Famotidina 25 mg
Cisaprida 8 mg
60 caps
Peso total: 33 mg
A menor cápsula disponível na farmácia é a cápsula n° 3 cuja capa-
cidade média é de 200 mg.
200 mg - 33mg = 167 mg (quantidade de excipiente a ser completa-
da por cada cápsula).
Para 60 cápsulas: 167 mg x 60 caps = 10020mg = 10,02g de excipi-
ente.
Para esta formulação deverá pesar 10,02 g de excipiente.
159
Capitulo 5 - Manipulação
3.10.6. Método Volumétrico para Enchimento das Cápsuias
A cápsula é uma das formas farmacêuticas orais mais difundidas
em manipulação. No entanto, a prática envolvendo cápsulas é mui-
tas vezes imprecisa, pois os métodos geralmente utilizados para o
enchimento, se baseiam na capacidade em termos de peso. Este
parâmetro (peso) varia muito conforme a densidade do pó a ser en-
capsulado, o que pode gerar alguns inconvenientes no cálculo de
excipiente e tamanho da cápsula a ser empregada. 0 "Método Vo-
lumétrico" de enchimento de cápsulas é muito mais preciso, já que
as cápsulas têm a capacidade constante em termos de volume.
A. Como utilizar o método volumétrico
Pesar todos os componentes, lembrando das conversões (di-
luição, fator de correção e fator de equivalência) e do número de
cápsulas (quantidade prescrita na receita).
Medir o volume em proveta (10 - 1000 ml).
Bater a proveta com cuidado na bancada (revestida com bor-
racha) para o assentamento do pó e leitura correta do volume.
Uma vez obtido o volume, utilizar o gráfico (nomograma),
selecionando o número da cápsula (tamanho) que se adeque ao vo-
lume do pó, bem como a adição de mais excipiente para completar
o enchimento da cápsula.
Exemplo:
volume = 25 ml para 30 cápsulas.
Veja o ponto "x" no gráfico. Segundo o gráfico, a cápsula a ser usa-
da é de número superior a 0, portanto 00. Para 30 cápsulas de nú-
mero 00. Qual o volume ocupado ?
Veja ponto Y no gráfico = 29 ml.
Sendo assim, o volume de excipiente será 29 - 25 = 4ml.
160
Capítulo 5 - Manipulação
"E5
1/1 o.
<(C u
0)
TJ
o
l_
<D
£
z
Tabela de preenchimento das cápsulas duras
000
Número de cápsulas duras
5 10 15 20 25
10 15 20 25 30 35 40 45 50
Volume de pó
3.10.7. Homogeneização/ Tamisação
0 trabalho de homogeneização e tamisação da fórmula é
realizado após a pesagem da fórmula e antes da encapsulação da
mesma.(
É o processo em que os sais são misturados em gral de porce-
lana com o pistilo e tamisados, para uma homogeneização comple-
ta.
A. Material utilizado:
Tamis: malha de aço inox de 50 a 100 Mesh.
Suporte para tamiz.
Gral de porcelana.
Pistilo.
Espátula de plástico tipo "tigre®" .
Papel manteiga.
161
Capítulo 5 - Manipulação
B. Procedimento:
Passo 1: Agitar o saquinho plástico, com os componentes da formu-
lação previamente pesados, 10 vezes ou mais, enchendo-o
previamente com ar (não soprar).
Passo 2: Verter o pó para um gral, triturando-o com o pistilo.
Passo 3: Transferir completamente o conteúdo para o tamis de ma-
Iha de aço inox (de 50 a 100 Mesh) adaptado ao seu suporte previa-
mente guarnecido com papel manteiga limpo.
Passo 4: Efetuar a tamisação do "pó" com uma espátula (limpa,
sanitizada e seca), pressionando ligeiramente o pó contra o tamis
em movimentos de "vai e vem", até o esgotamento do pó sobre o
tamis. Substâncias naturais (fitoterápicos) poderão deixar alguns
resíduos, como fragmentos de galhos e folhas que não passando pelo
tamis serão desprezados.
Nota: Os sais na forma de microgrânulos (peltets) não podem passar peto tamis e pelo proces-
so de trituração no gral, pois estes processos comprometeriam a integridade dos mesmos,
bem como a eficàcia terapêutica posterior do fármaco.
Passo 5: Transferir o pó depositado sobre o papel manteiga contido
no suporte, para o gral de porcelana limpo, sanitizado (com álcool a
70%) e seco.
Passo 6: Misturar o "pó" no gral com pistilo: 10 movimentos no sen-
tido horário e 10 no sentido anti-horário.
Passo 7: Revolva o pó no interior e laterais do pistilo e do gral com a
espátula de plástico e repita a operação anterior.
Passo 8: Transfira o pó do gral para o saquinho de plástico, enchen-
do-o com ar (não soprar), agitando-o por 10 vezes ou mais.
Passo 9: Analise visualmente a homogeneização do pó, caso esteja
homogêneo passe para o passo seguinte, caso seja constatado sinais
de heterogeneidade (não misturou direito) repita a operação.
Passo 10: Anexar o saquinho com o pó da formulação à ficha de pro-
dução e ou receita e enviá-los para a encapsulação.
Passo 11: Após a homogeneização de cada fórmula, os materiais
utilizados (gral, tamiz, pistilo, espátula) deverão ser limpos e sani-
tizados e o papel manteiga descartado e substituído por outro.
Passo 12: O homogeneizador deverá registrar seu trabalho na ficha
de produção, rubricando-a .
Nota: Os sais em microgrânulos ou pellets (omeprazol, lanzoprazot, itraconazot e outros) não
passarõo pelo processo normal de homogeneização e tamização.
Normaimente estes sais são pesados cápsula por cápsula peto manipuiador ou em tabuleiro
especialmente catibrado.
O homogeneizador, deve estar ciente das Boas Prática de Manipulaçâo estando devidamente
paramentado e catcando tuvas que após cada formutação deverão passar por assepsia com
álcoot a 70% ou outra solução sanitizante sob fricçâo.
162
Capítulo 5 - Manipulação
3.10.8. Encapsulação de Pós
A encapsulação é o processoonde as matérias-primas pesa-
das e homogeneizadas são acondicionadas em cápsulas adequadas.
A. Material utilizado
Placas encapsuladeiras (000, 00, 0, 1, 2, 3, 4 ,5) ou máquina
encapsuladeira com respectivos discos.
Espátula plástica (patheta).
Socadores.
Papel manteiga.
B. Encapsulação com placas
As placas encapsuladeiras são constituídas por:
• 1 base
• 1 tampo para 180 ou 360 cápsulas em seus diversos tama-
nhos.
• 3 hastes.
C. Procedimento
Passo 1: Selecionar a ptaca encapsutadeira correspondente ao tama-
nho de cápsuta necessário.
Passo 2: Montar a placa. Deverá ser cotocada uma haste de cada
lado da base e o tampo em cima. A terceira haste (a menor) é utiti-
zada para delimitar a área das cápsulas que serão utilizadas na en-
capsulação. Colocar uma fotha de papel manteiga sobre a bancada e
sobre esta folha, a placa encapsuladeira. 0 encapsulador deverá
observar na ficha de produção a cápsula que será utilizada (tama-
nho, cor, etc) conforme a orientação por escrito do maniputador e
montar a placa adequada.
Passo 3: Preencher os orifícios da placa encapsuladeira com as cáp-
sulas fechadas vazias, de acordo com a quantidade solicitada na
fórmula, observando com atenção o tamanho e a cor da cápsula a
ser utilizada.
Passo 4: Remover manualmente a tampa da cápsula (parte menor da
cápsula). Adicionar o pó, (fórmuta) previamente pesado e homoge-
neizado, vertendo-a gradualmente sobre a placa com as cápsutas
vazias abertas.
Passo 5: Espalhar cuidadosamente, com a ajuda da espátuta, o pó
sobre a placa até que o conteúdo esteja uniformemente distribuido
entre as cápsutas, bata a placa sobre a bancada de maneira ritmada
para que os pós se acomodem facilmente, se necessário, use o so-
163
Capitulo 5 - Manipulação
cador para os pós que excedam minimamente a capacidade da cáp-
sula, empregando força equitativa para todas as cápsulas e em se-
guida distribua de maneira uniforme entre as cápsulas o restante do
pó.
Passo 6: Após o enchimento, deverão ser abaixadas as hastes e reco-
locadas as tampas (parte superior) das cápsulas.
Passo 7: Em seguida o encapsulador deverá travar as cápsulas com
as mãos, tomando cuidado com a pressão, pois se esta for excessiva
poderá amassar o fundo das mesmas.
Passo 8: Após travadas as cápsulas deverão ser retiradas da placa,
limpas e acondicionadas na embalagem. Os potes de plástico (emba-
lagem) para acondiciona-las serão escolhidos em função da quanti-
dade e do tamanho das mesmas.
Passo 9: A embalagem deve ser rotulada.
Passo 10: Registrar a encapsulação em formulário do setor, rubricar
a ficha de produção e o rótulo de controle de processo.
Passo 11: Enviar a fórmula para a conferência.
Nota: 0 encapsulador deverá seguir as Boas Práticas de Manipulacão e estar devidamente
paramentado, catçando luvas e periodicamente fazer a assepsia das mãos.
3.10.10. Encapsulação com máquina encapsuladeira (para
fórmulas individuais)
A utilização de máquina encapsuladeira reduz o tempo de
encapsulação em até 60%.
A. A máquina de encapsular é composta por:
• discos para a colocação das cápsulas (cada tamanho de
cápsula possui seu disco correspondente).
• aro de alumínio para enchimento do disco.
• encaixe do disco para enchimento e abertura das cápsulas
por sucção.
• "porco espinho" onde são lacradas as cápsulas (foi popu-
larmente chamado assim, por se parecer como tal). Ele é
um disco do mesmo tamanho dos de cápsulas, tendo no lu-
gar dos orifícios, hastes de alumínio.
Nota: Á máquina encapsuladeira para formas individuais não possui funil de distribuição de
cápsulas e nem caneletas, pois na maioria das vezes, o número de cápsulas a ser manipulado
é menor que a capacidade total do disco. Portanto, quase sempre trabalha-se com o disco
incompleto, sendo necessário para isso o preenchimento manual. A vantagem da utilização
desta máquina está no fato da mesma realizar a abertura e o fechamento automático das
cápsulas, otimizando assim o processo de encapsulação.
164
Capitulo 5 - Manipulação
B. Procedimento:
Passo 1: Ao receber a fórmula homogeneizada, o encapsulador de-
verá verificar qual o tamanho da cápsula selecionado e o disco a-
propriado. Pode-se agilizar o processo, trabalhando-se com poucos
tamanhos de cápsulas.
Passo 2: As cápsulas vazias são colocadas em disco correspondente.
De acordo com o número de cápsulas da fórmula será preenchido o
disco (cada carreira do disco tem capacidade para 5 cápsulas, por-
tanto para encapsularmos 60 cápsulas devemos preencher 12 carrei-
ras).
Passo 3: Após o enchimento do disco com as cápsulas vazias, ligar a
sucçáo para a separação das cápsulas, ficando na parte inferior do
disco os corpos das mesmas para preenchimento com o pó e na par-
te superior suas tampas.
Passo 4: Colocar o aro de alumínio guia e distribuir o pó normalmen-
te com o auxílio da palheta. 0 disco pode ser batido para a melhor
acomodação dos pós, podemos ainda utilizar o socador.
Passo 5: Após a distribuição total do pó, rejuntar as duas partes do
disco e lacrar as cápsulas no "porco espinho".
Passo 6: As cápsulas são então embaladas e enviadas para conferên-
cia, após prévio registro e rubrica do encapsulador no rótulo de con-
trole de processo.
3.10.11. Encapsulação com liquidos
Drogas líquidas, soluções ou dispersões de fármacos podem
ser encapsuladas em cápsulas duras, desde que o invólucro gelatino-
so da cápsula não seja solúvel no líquido.
A. Líquidos que podem ser encapsulados em cápsulas duras:
• Soluções alcoólicas
• Óleos fixos (ex.: óleo de amêndoas, óleo de amendoim)
• Óleos voláteis
B. Material utilizado:
Placa encapsuladeira.
Pipeta, micropipeta ou gotejador calibrado.
165
Capitulo 5 - Manipulação
C. Procedimento:
Passo 1: Selecionar a placa encapsuladeira correspondente ao tama-
nho de cápsula necessário.
Passo 2: Montar a placa. Deverá ser colocado uma haste de cada
lado da base e o tampo em cima. A terceira haste (a menor) é utili-
zada para delimitar a área das cápsulas que serão utilizadas na en-
capsulação. Colocar uma folha de papel manteiga sobre a bancada e
sobre esta folha a placa encapsuladeira. 0 encapsulador deverá ob-
servar na ficha de produção a cápsula que será utilizada, (tamanho,
cor, etc) conforme a orientação por escrito do manipulador e mon-
tar a placa adequada.
Passo 3: Preencher os orifícios da placa encapsuladeira com as cáp-
sulas fechadas vazias, de acordo com a quantidade solicitada na
fórmula, observando com atenção o tamanho e a cor da cápsula a
ser utilizada.
Passo 4: Remover manualmente a tampa da cápsula (parte menor
da cápsula).
Passo 5: Medir em uma pipeta, micropipeta ou gotejador calibrado,
a quantidade do líquido contendo a droga diluída por dose a ser en-
capsulada (a diluição deve ser realizada em um volume compatível
com a capacidade da cápsula). Encher um a um, os corpos das cáp-
sulas com o líquido medido na pipeta.
Passo 6: 0 vazamento do líquido pode ser minimizado, pelo sela-
mento da tampa ao corpo da cápsula. Isto pode ser realizado umi-
decendo a superfície interna da tampa, antes de reacoplá-la ao cor-
po da cápsula, com um cotonete umidecido com uma solução hidro-
alcoólica.
Passo 7: Após selar e travar, as cápsulas deverão ser retiradas da
placa, limpas e acondicionadas na embalagem. Os potes de plástico
(embalagem) para acondicionar as cápsulas serão escolhidos em
função da quantidade e do tamanho das cápsulas. A embalagem
deve ser rotulada.
Passo 8: Registrar a encapsulação em formulário do setor, rubricar a
ficha de produção e o rótulo de controle de processo.
Passo 9: Enviar a fórmula para a conferência.
166
Capítulo 5 - Manipulação
D, Exemplo de cápsulas duras com preenchimento liquido:
Progesterona 100 mg em cápsulas com óleo de amendoim
Para se manipular 100 cápsulas contendo 100 mg de progesterona,
faça a diluição a seguir:
Progesterona micronizada 10 g
Óleo de amendoim qsp 30 ml_
D.1. Procedimento:
Passo 1: Calcule a quantidade de cada ingredienterequerido pela
prescrição.
Passo 2: Pese precisamente a progesterona.
Passo 3: Misture a progesterona em cerca de 20 mL de óleo de a-
mendoim, em pequenas porções.
Passo 4: Adicione o óleo de amendoim até completar 30 mL e mistu-
rebem.
Passo 5: Preencha o tabuleiro com 100 cápsulas gelatinosas duras
N°1 .
Passo 6: Utilizando uma micropipeta, adicione 300 mcL (0,3mL) da
diluição oleosa de progesterona em cada uma das 100 cápsulas.
Passo 7: Selar e lacrar cada cápsula.
Passo 8: Remova as cápsulas preenchidas do tabuleiro.
Passo 9: Embale e rotule.
3.10.12. Encapsulação de massa semi-sólida:
Este método pode ser empregado para aumentar a biodispo-
nibilidade de drogas que são pouco solúveis e exibem problemas de
biodisponibilidade.
Procedimento:
Passo 1: A droga é adicionada à base fundida (ex. base de polietile-
noglicol-PEG).
Passo 2: A mistura é aquecida e agitada até que o pó (a droga) é
também fundido, dissolvido ou completamente misturado na base
PEG.
Passo 3: Deixa-se esfriar um pouco, mantendo a temperatura acima
do ponto de fusão do PEG.
Passo 4: Com o auxílio de uma pipeta ou seringa, verter o volume
com a quantidade desejada (conforme a dose calculada) individual-
mente em cada cápsula.
167
Capítulo 5 - Manipulação
A. Exemplos de alguns excipientes que podem ser utilizados como
matrizes semi-sólidas para cápsulas:
• Óleos vegetais hidrogenados: óleo de algodão hidrogenado
(Lubritab®), óleo de rícino hidrogenado, etc.
• Gorduras vegetais: cera de carnaúba, manteiga de cacau.
• Gorduras de origem animal: cera de abelha, lanolina.
• Hidrocarbonetos: parafina.
• Álcoois graxos: álcool cetílico, álcool láurico, álcool estearí-
lico,
• Ácidos graxos: ácido esteárico, palmítico, mirístico e lauríli-
co
• Polietilenoglicóis: PEG 1500, PEG 4000, etc.
B. Exemplo de cápsulas com preenchimento semi-sólido:
Cápsulas com estrogênios: (composição para 100 cápsulas)
Estriol 200 mg
Estrona 25 mg
Estradiol 25 mg
Polietilenoglicol 1500 .... 20 g
Potietilenogticol 4000 .... 20 g
cada cápsula deverá conter: 2mg de estriol / 0,25mg de estrona e
0,25mg de estradiol.
Procedimento:
Passo 1: Calcule a quantidade requerida na prescrição de cada in-
grediente.
Passo 2: Pese prescisamente cada componente.
Passo 3: Utilizando dituição geométrica, misture os pós.
Passo 4: Utilizando baixo calor em torno de 65°C, em uma placa de
aquecimento, funda os polietilenoglicóis.
Passo 5: Aos poucos acrescente os pós, misturando-os completamen-
te na massa fundida. Preencha o tabuleiro de com 100 cápsula N°1,
removendo suas tampas.
Passo 6: O volume total obtido da massa fundida + os pós deve ser
divido por 100, este será o volume a ser preenchido individualmente
em cada cápsula.
Passo 7: Acrescente o volume requerido em cada cápsula. Permita
que a mistura endureça e então recoloque a tampa sobre as cápsu-
las.
168
Capítulo 5 - Manipulação
Passo 8: Verifique o peso de cerca de 10 cápsulas para constatar a
uniformidade e precisão. Embale e rotule.
3.10.13. Encapsulação de cápsula com cápsula:
Este método pode ser empregado nas seguintes situações:
• Quando um ingrediente precisa ser separado do restante da
formulação (ex.: associação de fármaco na forma de pellets
com outros fármacos na forma de pó).
Neste caso, se preenche uma cápsula menor com o fármaco que
necessita ser segregado e em uma cápsula maior os ingredientes
remanescentes da formulação. Acondicionando a cápsula menor
dentro da maior.
• Por razões estéticas
Para impedir a visualização da cápsula submetida a processos de
revestimento, ou cápsulas que contenham produtos que tenham
manchando seu invólucro ou ainda, cápsulas que causem uma apa-
rência estética indesejável (ex.: revestimento entérico).
• Para vedar melhor cápsulas que tenham sido preenchidas
com líquidos.
3.10.14. Encapsulação de comprimidos:
Pequenos comprimidos podem ser encapsulados. Isto pode
ser necessário quando algum ingrediente da formulação só esteja
disponível comercialmente na forma de um produto industrializado.
Neste caso, o pó deve ser acondicionado antes do comprimido e o
comprimido não deve ficar visível no interior da cápsula.
3.10.15. Limpeza e polimento das cápsulas:
As cápsulas podem apresentar pequenas quantidades da for-
mulação aderida às paredes externas. Este pó aderido pode conferir
à cápsula, sabor e aparência desagradáveis, devendo ser removido
antes de embalar ou dispensar o medicamento.
A. Método de limpeza das cápsulas:
Esfregando as cápsulas com uma gaze ou pano limpo, poden-
do acondiciona-las no pano disposto como um saco e sacudindo-as.
Acondicionar as cápsulas em um recipiente contendo bicar-
bonato de sódio, açúcar ou sal e então, rolar suavemente as cápsu-
169
Capitulo 5 - Manipulação
las no recipiente. 0 conteúdo é passado por um tamis que permitirá
a passagem do pó utilizado na limpeza e reterá as cápsulas na ma-
Iha.
Os métodos de limpeza são efetivos somente se as cápsulas
estiverem secas e o pó estiver apenas aderindo superficialmente ao
seu invólucro. Caso as cápsulas estejam umedecidas e manchadas a
limpeza não será efetiva.
3 .11 . Incompatibil idades
Dois tipos principais de incompatibilidades podem ser obser-
vadas na preparação de cápsulas:
3 .11 .1 . Interação físico-química entre os ativos ou entre os
ativos e o excipiente
Exemplos: Deliquescência* e Misturas Eutéticas**.
3.11.2. Interação físico-química entre os ativos e ou excipi-
entes com o invólucro de gelatina da cápsula
Substâncias higroscópicas podem absorver a água residual do
invólucro gelatinoso da cápsula que contém cerca de 10 a 15% de
umidade, podendo ainda absorver até 10 vezes seu peso em água.
'A utilização de pós absorvedores tais como, o óxido de zinco e o carbonato de magnésio
reduzem a tendência de absorqão de águas de pós higroscópicos e sujeitos a deliquescència.
"A formação de misturas eutêticas podem ser prevenidas pela mistura prévia e separada de
cada componente com um pó inerte de aito ponto de fusão (ex. carbonato de masnésio,
óxido de masnésio) e só então misturar os componentes entre si.
170
Capitulo 5 - Manipulação
3.12. Aspectos físico-químicos de interesse prático no
processo de preparação de cápsulas:
A adição de Lauril sulfato de sódio, em concentrações até 1%
na mistura dos pós é útil na neutralização de forças eletrostáticas
que podem dificultar o processo de manipulação.
0 estearato de magnésio é utilizado como lubrificante na
preparação de cápsulas, aumentando o grau de escoamento do pó,
facilitando assim o processo de encapsulação. 0 estearato de mag-
nésio é hidrofóbico, portanto pode afetar a biodisponibilidade dos
fármacos, sendo recomendável utilizá-lo em baixas concentrações,
até n.
0 Lauril sulfato de sódio pode ser incorporado no excipiente
de drogas pouco solúveis para aumentar a biodisponibilidade de
drogas contidas nas cápsulas, normalmente em concentrações de
1%.
3.14. Cápsulas Amiláceas
As cápsulas amiláceas são geralmente indicadas para pessoas
que possuem problemas digestivos e não podem ingerir produtos de
origem animal. Atualmente este tipo de cápsula está em desuso,
podendo ser substituída por cápsulas vegetais (estas apresentam
forma idêntica às cápsulas gelatinosas duras) disponíveis no merca-
do.
3.14.1. Procedimento:
Passo 1: Encapsular a fórmula nas cápsulas gelatinosas duras, con-
forme prescrição.
Passo 2: Abrir as cápsulas amiláceas sobre o balcão e transferir o pó
da cápsula gelatinosa para a cápsula amilácea uma a uma.
Passo 3: Molhe a tampa das cápsulas amiláceas em algodão previa-
mente umedecido em água e coloque sobre a outra parte da cápsula
com leve pressão.
Passo 4: Descartar as cápsulas gelatinosas vazias.
Passo 5: Embalar as cápsulas amiláceas em potes plásticos opacos.
Nota: 0 processo de encapsulaçõo para cápsulas vegeíaís (substitutas das amiláceas) é idênti-
co ao das cápsulas selatinosas duras.
171
Capítulo 5 - ManipulaçãoPastilhas, Gomas, Soluções e Suspensões Congela-
das
A forma de pastilhas medicamentosas tem sido utilizada,
tradicionalmente, para administração de drogas de efeito local.
Dentre elas, podem-se incluir anestésicos tópicos e demulcentes no
tratamento do alívio da garganta irritada pela tosse e, como excipi-
ente (veículo) de agentes antibacterianos para o tratamento de a-
fecções orofaríngeas.
Pastilhas e gomas com diversos excipientes edulcorados e fla-
vorizados à base de açúcares, gelatina, chocolates dentre outros,
têm sido utilizados como excipientes para administração sistêmica
de fármacos. A pastilha medicamentosa dissolve lentamente na bo-
ca, liberando o fármaco para absorção através da mucosa oral e
sublingual evitando em parte, a primeira passagem hepática. Toda-
via, a porção do ativo dissolvido na saliva é ingerida e portanto,
absorvida no trato gastrointestinal. Estas formas farmacêuticas são
especialmente indicadas para pacientes com dificuldade de degluti-
ção de formas farmacêuticas sólidas. Também alguns pacientes pe-
diátricos e geriátricos com bloqueio gastrointestinal podem ser be-
neficiados. 0 fato de dissolverem lentamente na boca torna-as, as
formas de escolha para a administração de substâncias que apresen-
tam máximo benefício quando permanecem em contato prolongado
com o tecido local, como por exemplo, antifúngicos utilizados para
o tratamento da candidíase oral (nistatina) e o fluoreto de sódio, na
prevenção da cárie dental. Devido a aparência e sabor agradável,
estas formas farmacêuticas aumentam a compliance (adesão) dos
pacientes pediátricos ao tratamento.
Atenção: Estas formas farmacêuticas devem ser mantidas longe
do alcance das crianças. A aparência e o sabor agradável, seme-
Ihante à "doces", aumentam o risco de acidentes devido a inges-
tão inadvertida do medicamento por crianças.
Vitaminas, minerais, anestésicos, antiinflamatórios, analgé-
sicos, antifúngicos (nistatina), agentes hipnóticos (hidrato de clo-
ral), corticosteróides, demulcentes, princípios ativos adstringentes,
antibacterianos de ação local, descongestinantes, antitussígenos,
antihistamínicos, princípios ativos utilizados no tratamento para a
cessação do tabagismo, compostos aromáticos e outras combinações
172
Capitulo 5 - Manipulação
de drogas são substâncias que podem ser veiculadas nestas formas
farmacêuticas.
4. Pastilhas
4.1. Definição:
São formas farmacêuticas sólidas que se destinam a dissolver
ou desintegrar lentamente na boca. Podem conter um ou mais ati-
vos de ação local (cavidade oral) ou sistêmica, veiculado(s) em ba-
se, geralmente, flavorizada e edulcorada, moldada ou comprimida.
4.2. Tipos:
4.2.1. Pastilhas duras:
Misturas de sacarose e outros açúcares e/ou carboidratos em
estado amorfo.
4.2.2. Pastilhas soft:
Podem ser preparadas à base de PEG (polietilenoglicol), cho-
colate, pasta de amendoim, óleo vegetal hidrogenado ou base de
açúcar-goma arábica.
4.2.3. Pastilhas mastigáveis (balas gomas, gomas mastigá-
veis ou "jujubas"):
Preparadas à base de gelatina glicerinada.
173
Capítulo 5 - Manipulação
4.3. Usos e Aplicações:
4 . 3 . 1 . Uso tradicional:
Excipiente para drogas de ação local na cavidade oral (anes-
tésicos, agentes antibacterianos e demulcentes).
4.3.2. Excipiente para drogas de ação sistêmica:
Estas formas se dissolvem lentamente na boca. A droga é li-
berada para a absorção sublingual e bucal, a droga que é deglutida
pode ser absorvida pelo trato gastrointestinal.
4.3.3. Forma farmacêutica especialmente utilizada para
pacientes com dificuldade de deglutição:
Pacientes pediátricos, geriátricos ou com bloqueio gastroin-
testinal.
4.3.4. Como excipientes de drogas que apresentam máximo
benefício quando em contato com o tecido local (Exemplos:
Antifúngicos e Fluoreto de sódio).
Para aumentar a adesão do paciente ao tratamento, especi-
almente pacientes pediátricos, devido ao sabor agradável.
4.4. Desvantagens:
Risco maior de acidentes por ingestão inadvertida pelas cri-
anças, decorrente da aparência e sabor parecidos com doces e ba-
las. Por este motivo, devem ser mantidos longe do alcance das cri-
anças.
Formas como pirulitos e picolés não são precisas na dosifica-
ção, pois, muitas vezes, podem não ser consumidas completamente
pelo paciente. Portanto, somente drogas não potentes que não ne-
cessitem de uma posologia precisa e que tenham ação predominan-
temente local devem ser veiculadas nesta forma.
174
Capitulo 5 - Manipulação
4.5. Pastilhas duras e Pirulitos:
4.5.1. Composição:
Misturas de açúcar (sacarose) e outros carboidratos (sorbitol)
em condições amorfas ou cristalinas.
4.5.2. Características:
• Teor de umidade: 0,5 a 1,5%.
• Desintegração lenta e uniforme: 5 a 10 minutos (pastilhas).
• Peso: variável. Pastilhas (1 a 4,5g) e Pirulitos (7 a 8g).
• Sabor agradável, capaz de mascarar o ativo veiculado.
• Requer alta temperatura para o preparo (analisar as caracteris-
ticas físico-químicas e a termolabilidade do fármaco a ser incor-
porado).
• Excipientes à base de sorbitol e açúcar apresentam propriedades
demulcentes.
• Parte do ativo liberado pode ser absorvido pela mucosa bucal,
escapando do metabolismo da primeira passagem que ocorre
quando a forma farmacêutica é deglutida e absorvida pelo TGI.
4.5.3. Preparação:
A. Material utilizado:
• Béquer
• Bastão de vidro
• Balança de precisão
• Placa com aquecimento
• Termômetro (para leitura acima de 150°C)
• Molde
• Óleo vegetal para untar o molde
4.5.4. Sugestões de Fórmulas Base
A. Fórmula base com acúcar para pastilhas duras e pirulitos (200g)
Açúcar de confeiteiro 42g
Xarope de milho (Karo®) 16mL
Água destilada 24ml_
Aroma 1 a2mL (pode variar)
Corante (sol. Alcoólica) qsp (opcional)
175
Capitulo 5 - Manipulação
Procedimento: (veja gráfico a seguir)
Passo 1: Dissolver o açúcar (refinado) em água destitada no béquer
e verter o xarope de milho.
Passo 2: Aquecer, até levantar fervura, em uma placa de aqueci-
mento. Deixar que a temperatura alcance 150 a 154°C, utilizando
um termômetro para monitora-la (deixar ferver por 2 minutos)
Passo 3: Remover do aquecimento assim que a temperatura atingir
150 a 154°C. Não agitar a mistura até que a mesma esfrie até 125°C.
Passo 4: Quando a temperatura atingir 125°C, adicionar os princípios
ativos (pré-dissolvidos em q.s.p. de água ou álcool ou dispersados
em q.s.p. de glicerina), o corante e o aroma. Agitar, uniformemen-
te, com bastão de vidro.
Passo 5: Verter para o molde previamente lubrificado com óleo ve-
getal. Para pirulitos, inserir a haste antes da massa esfriar. Levar à
geladeira, deixando esfriar.
Passo 6: Embalar e rotular.
Embalagem: bem vedada (por exemplo, zip-lock®, sachês, filme
plástico).
Armazenamento e conservação: sob refrigeração.
Base de Açúcar
150° - Descontinue
o aquecimento
125° C- Adicione os ingredientes ativos.
(É necessârio adicionar nesta temperatura
ou a base irá solidificar, antes de ser toda
vertida para o molde).
30 Minutos
Tempo (Aproximado)
Figura 1: Gráfico que demonstra a importância da descontinuação
do aquecimento ao atingir 150°C, nas massas de pastilhas duras
preparadas com sacarose.
Fonte: PCCA ■ Primary traininç
176
Capitulo 5 - Manipulação
B. Fórmula base com sorbitol para pastilhas duras e pirulitos (Base
suçar free) - fórmula para 250g
Ingredientes
Sorbitol 70%
Bitartarato de
potássio
(cremor de tártaro)
Sacarina
Flavorizante
Corante
Goma guar
Quantidade
255 mL
625 mg
375 mg
2,5 ml_
q.s.
2,5 g
Função
Veículo e edulcorante
Acidulante
Edulcorante
Flavorizante
Corante
Agente suspensor e de
consistência (opcional)
Procedimento:
Passo 1: Adicionar o sorbitol 70% em um béquer de 600mL.
Passo 2: Aquecer a 150°C. Caso a droga não seja termolábil (estável
a 155°C ou mais) ela poderá ser solubilizada nesta fase. Dissolver,
também nesta fase, o cremor de tártaro e a sacarina, previamente
triturados em um gral.Passo 3: Quando a solução alcançar a temperatura de 150°C, des-
continuar o aquecimento. Remover o béquer da placa de aqueci-
mento (deixar esfriar).
Passo 4: Quando a temperatura alcançar 90°C, adicionar os ativos
previamente diluídos em q.s. de álcool ou água ou disperso previa-
mente. Adicionar a solução de corante (utilizar somente solução
alcoólica de corante). Manter a temperatura a 90°C e adicionar as
soluções, lentamente em pequenas quantidades de aproximadamen-
te 5mL por minuto. Misturar uniformemente com bastão até a cor
ficar uniforme.
Passo 5: Quando a temperatura atingir 80°C, adicionar e dispersar a
goma guar.
Passo 6: Quando a temperatura atingir 70°C, adicionar e dispersar o
flavorizante.
Passo 7: Quando a temperatura alcançar 65°C, verter para o molde,
previamente lubrificado com óleo vegetal. Deixar solidificar em
temperatura ambiente.
177
Capitulo 5 - Manipulação
Base de Sorbitol
150° C - Descontinue o aquecimento
90° C - Aditivação de Fármacos solúveis
em álcool ( 0 álcool ebule a 78° C)
70° C - Aditivação de fármacos dispersos
por um agente molhante
65° C - Solidificação da base
30 Minutos
Tempo (Aproximado)
Figura 2: Importância da temperatura no preparo de pastilhas
duras com sorbitol.
Fonte: PCCA- Phmary rainning
Substâncias veiculadas nesta forma:
• princípios ativos hidrossolúveis ou suspendíveis, que se man-
tenham estáveis nesta forma.
• Princípios ativos termoestáveis.
Incorporação dos ativos:
Antes de incorporar os ativos é necessário calibrar o molde,
verificar o peso médio de cada pastilha ou pirulito para em seguida,
correlacionar a dose do ativo com o peso da pastilha ou pirulito.
Observar a temperatura de adição dos ativos.
4.5.5. Cálculo da quantidade de sorbitol líquido a 70%, ne-
cessária para produzir uma determinada quantidade de
massa dura (determinada experimentalmente):
200mL da solução de sorbitol 70% = 192g de massa dura
Exemplo:
Fármaco 500mg
Sacarina sódica 300mg
Flavorizante 2mL
Vanilina 0,5g
Total de aditivos: 3,3g
178
Capitulo 5 - Manipulação
Para preparar 200g de massa dura aditivada (massa dura + ingredi-
entes): 200g - 3,3g = 196,7s (quantidade de base necessária em g)
Para calcular a quantidade da solução sorbitol 70% em ml_, faça a
seguinte regra de três:
200mL da solução de sorbitol 70% 192g de massa dura
XmL 196,7g
X = 204,9mL ou 205mL da sotução de sorbitol 70% serão necessárias
para produzir 200g de massa dura aditivada.
Nota: para reatização destes cálcuios, desconsiderar o volume de álcool possivetmente utiii-
zado na dituição de algum ingrediente, pois o mesmo se evapora completamente durante o
preparo.
Importante: Quando se utilizar a base de sorbitol pronta, disponível no mer-
cado com o nome Sorbitol amorfo, a mesma deve ser fundida somente a 90°C
para incorporação dos ativos e adjuvantes. A quantidade da base de sorbitol
amorfo a ser utilizada deve ser calculada pela subtração da quantidade dos
aditivos empregados, após prévia calibração do molde.
4.5.6. Embalagem:
Bem vedada (zip-bag, sachês, filme plástico ou caixa molde
para pastilhas). Pirulitos: papel alumínio, sachês, pote plástico
"cristal" com furo na tampa.
4.5.7. Armazenamento e conservação:
Podem ser armazenados em temperatura ambiente ou no re-
frigerador, dependendo do fármaco incorporado e do excipiente
empregado. Proteger da umidade e do calor excessivo. Para prepa-
rações à base de sacarose é recomendada para maior estabilidade,
a conservação sob refrigeração.
4.5.8. Rotulagem:
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do
alcance de crianças."
4.5.9.Controle da qualidade:
• Peso e uniformidade
• Aparência
• Dureza
• Odor
1 7 9
Capítulo 5 - Manipulação
• Teor e ponto de fusão
4.5.10. Estabilidade:
Pastilhas e pirulitos duros, apesar de possuírem baixo teor de
água são higroscópicos, absorvendo a umidade ambiental.
A estabilidade depende da natureza do ativo. De modo geral,
pode ser definida entre 2 e 3 meses.
Figura 3: molde contendo pirulitos.
Foto: IJPC - International Journal of Pharmaceutical Compounding
Figura 4: caixa molde para pastilhas.
Foto: PCCA - Products Catalog
Figura 5: preenchimento do molde de
pirulito.
Foto: IJPC - International Journal of
Pharmaceutical Compounding
180
Capitulo 5 - Manipulação
4.5.11. Sugestões de Formulações:
A. Pirulitos anestésicos com cloridrato de tetracaina:
Tetracaína HCl 20mg
Base para pirulito de açúcar q.s.p. 1 unidade.
Indicação: anestésico local para pré-procedimento cirúrgico ou para
diagnóstico.
Pirulitos com cloridrato de tetracaína são formas altamente eficien-
tes para anestesiar a mucosa oral ou uma porção da cavidade oral
do paciente. Para anestesiar a laringe, traquéia e esôfago, a dose
oral não deve exceder a 20mg.
B. Pirulitos para cessação do hábito de fumar com nicotina 1mg:
Salicilato de nicotina 1,939mg
(equivalente a 1mg de nicotina)
Base para pirulito com sorbitol q.s.p. 1 unidade
Indicação: para cessação do hábito de fumar.
Também utilizado na concentração de 2mg.
C. Pastilhas de sorbitol com fluoreto de sódio:
Fluoreto de sódio 2,21 mg
Base de sorbitol para pastilha q.s.p.. 1 unidade
Indicação: suplementação de flúor para crianças entre 3 a 9 anos.
Posologia: chupar uma pastilha ao dia.
5.3.12. Relação de algumas formulações na forma de piruli-
tos preparados com bases de sorbitol:
• Paracetamol 160mg / pirulito
• Paracetamol 240mg/ pirulito
• Paracetamol 360mg/ pirulito
• Anfotericina B 500mg e 750mg / pirulito
• Benzocaína 2% pirulito
• Benzocaína 2%/Ácido Ascórbico 0,5g /pirulito
• Maleato de clorfeniramina 2mg/Pseudoefedrina HCl
15mg/pirulito
• Cimetidina 250mg e 500mg/ pirulito
• Clotrimazol 1%/Lidocaína HCl 0,5% pirulito
• Dextrometorfano 20mg/Mentol 15mg/ Ácido Ascórbico
500mg / pirulito
181
Capitulo 5 - Manipulação
Dietilpropiona HCl 25mg/pirulito
Difenidramina HCl 25mg/ Lidocaína HCl 2%/Hidrocortisona
1%
Ibuprofeno 50mg e 100mg/pirulito
Mentol 0,2%
Nistatina 500.000 Ul/ Lidocaína HCl 0,5% / pirulito
Pectina 19mg/pirulito: base sorbitol (demulcente).
Cloridrato de Pilocarpina 5mg/pirulito
Piroxicam 20mg/pirulito
Prednisona 5mg/pirulito
Tetracaína HCl 0,5%
Xilitol 2g/pirulito
Gluconato de zinco 5mg/vitamina C 100mg /pirulito
Gluconato de zinco 5mg/ vitamina C 100mg/ Equinacea 30mg
/pirulito
4.6. Pastilhas "macias":
4.6.1. Composição:
Podem ser preparados com bases graxas (chocolate, pasta de
amendoim, manteiga de cacau, óleo vegetal hidrogenado), polieti-
lenoglicol ou base de goma arábica-açúcar.
4 .6 .2 . Caracteristicas:
Podem ser facilmente preparadas e aplicadas para uma am-
pla variedade de fármacos.
Podem ser coloridas e flavorizadas.
Podem dissolver lentamente na boca ou serem chupadas, de-
pendendo do efeito desejado.
As bases de PEG e as bases graxas são anidras (ideal para in-
corporar drogas hidrolisáveis).
Combinações de PEG com diferentes PM, para obter varia-
ções no tempo de dissolução da pastilha na boca.
As bases fundem normalmente em baixas temperaturas (<
60°C).
Peso variável: 1 a 4g (pastilhas) e pirulitos (7 a 8g).
182
Capitulo 5 - Manipulação
4.6.3. Desvantagens:
A base de PEG tem sabor menos doce que a base de sorbitol
ou açúcar.
Os pirulitos obtidos com base PEG não são farmacêuticamen-
te elegantes como os outros.
São sensíveis a altas temperaturas, devendo ser conservados
em local fresco ou sob refrigeração.
4.6.4. Preparação:
Material utilizado:
• Béquer
• Bastão de vidro.
• Balança de precisão.
• Placa com aquecimento.
• Termômetro.
• Molde.
4.6.5. Sugestões de Bases:
A. Fórmula base eduicorada e flavorizada com mistura de PEG de
diferentes PM para pastilhas e piruiitos "macios"
Ingredientes
PEG 400
PEG 4000
PEG 6000
Sacarina sódica
Aspartame
Acido cítrico
Flavorizante
Solucão aicoólica de corante
%
8,86
24,87
64,21
0,06
0,5
0,5 a 1,0
1,0
q.s.p.
Função
Veículo
Veículo
VeículoEdulcorante
Edulcorante
Acidulante
Flavorizante
Corante
Procedimento:
Passo 1: Pesar, com máxima exatidão, cada ingrediente da formuia-
ção.
Passo 2: Misturar a sacarina, o aspartame e o ácido cítrico, trituran-
do em gral.
183
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 3: Adicionar o PEG 400 e levigar até obtenção de massa uni-
forme.
Passo 4: Fundir o PEG 4000 e o PEG 6000 em uma placa de aqueci-
mento ou banho-maria na temperatura aproximada de 60°C.
Passo 5: Adicionar os pós levigados em PEG 400 no Passo 4 para
fundir e em seguida adiocionar o flavorizante, misturar bem.
Passo 6: Remover do aquecimento verter para o molde e resfriar.
Passo 7: Determinar o peso médio de cada pastilha ou pirulito.
B. Fórmuia base edulcorada com PEG 1500 para pastiíhas e pirulitos
"macios"
Ingredientes
PEG 1500
Sacarina sódica
Aspartame
Flavorizante
Ácido cítrico
Solução alcoólica de corante
Goma arábica (acácia)
Sílica gel
%
95,44
0,06
0,5
1,0
0,5 a 1,0
q.s.p.
1,5
1,0
Função
Veículo
Edulcorante
Edulcorante
Flavorizante
Acidulante
Corante
Agente suspensor
Agente suspensor
Procedimento:
Passo 1: Pese, precisamente, os ingredientes da preparação.
Passo 2: Reduzir as substâncias cristalinas (sacrina, ácido cítrico e o
aspartame) a pó.
Passo 3: Fundir o PEG 1500 entre 50 a 55°C, sob agitação.
Passo 4: Triturar todos os pós e adicionar sobre a base fundida, agi-
tando até dispersão completa.
Passo 5: Verter a massa fundida para o molde.
Passo 6: Determinar o peso médio de cada pastilha ou pirulito.
4.6.6. Incorporação dos ativos:
Antes de incorporar os ativos é necessário calibrar o molde e
verificar o peso médio de cada pastilha ou pirulito para em seguida
correlacionar a dose do ativo com o peso da pastilha ou pirulito.
Fundir a base em torno de 55°C, dispersando os ativos e ver-
tendo, posteriormente, para o molde.
Nota: Bases ideais para principios ativos hidrolisáveis.
184
Capitulo 5 - Manipulação
4.6.7. Cálculo da quantidade de base a ser utilizada em
uma formulação, levando em consideração, o peso de in-
gredientes aditivados :
Massa da base deslocada pelos ativos =
peso total dos ingredientes a serem aditivados x 70%*
'ílator universal de deslocamento)
Exemplo:
Seja a seguinte formulação: Pirulitos de 500mg de paracetamol em
base PEG (fórmula para 40 pirulitos com peso médio de
6,45g/pirulito):
Quantidade de base ■ 6,45g (peso médio) x 40 (n°unidades) = 258g
Quantidade de ativo a ser aditivado = 500mg x 40 = 20g
Peso da base deslocada pelo ativo = 20g x 70% = 14g
Quantidade de base a ser utilizada = 258g - 14g = 244g
Embalagem:
Bem vedada (zip-bag, sachês, filme plástico) ou caixa-molde
para pastilhas.
Armazenamento e conservação:
Podem ser armazenados em local fresco (8 a 15°C) ou no re-
frigerador, dependendo do fármaco incorporado e do excipiente
empregado.
Proteger da umidade e do calor excessivo.
Rotulagem:
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do alcance
decrianças."
Controle da qualidade:
• Peso e uniformidade
• Aparência
• Odor
• Dureza
185
Capítulo 5 - Manipulação
• Teor e ponto de fusão
Estabilidade:
Estas formas farmacêuticas não contêm água, portanto, são
mais estáveis.
A estabilidade depende da natureza do ativo, de modo geral
6 meses se armazenado em condições adequadas.
Figura 6: pastilhas "macias" preparadas com base PEG.
Foto: IJPC - Internacional Journal of Pharmaceutical Compoun-
ding
4.6 .8 . Sugestões de Formulações:
A. Pastiihas para estomatites
Tetraciclina HCl 125mg
Nistatina pó 11,25mg
Difenidramina HCl 12,5mg
Hidrocortisona 2mg
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha.
Mande 12 pastilhas.
Indicação: aftas e estomatites.
Posologia: 1 pastilha ao dia, ou a critério do médico ou dentista.
Nota: Esta formutaçõo se dissolve tentamente na cavidade oral distribuindo, eficientemente,
as drosas incorporadas.
186
Capitulo 5 - Manipulação
B. Pastilhas para xerostomia com Cloridrato de Pilocarpina
Cloridrato de pilocarpina 2mg
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha.
Mande pastilhas.
Indicação: xerostomia e xeroftalmia associada à terapia com radia-
ção na região da cabeça e pescoço.
Posologia: 1 pastilha até 4x ao dia.
C. Pastilhas analgésicas com Sulfato de Morfina
Sulfato de morfina 10mg
Base PEG composta edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha
Mande 24 pastilhas.
Indicação: controle da dor moderada à severa.
Posologia: administrar via bucal conforme orientação médica.
Estabilidade aproximada: 1 ano.
D. Pastilhas com Anfotericina B
Amfotericina B 10Omg
Base PEG 1500 composta edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha
Mande pastilhas.
Indicação: candidíase oral.
Modo de usar: chupar uma pastilha 2x ao dia.
E. Pastilhas com Xilitol
Xilitol 1g
Base de mistura de PEGs edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha.
Mande pastilhas.
Indicação: prevenção da otite média em crianças.
Posologia: chupar 5 a 10 pastilhas / dia.
F. Pastilha com Testosterona
Testosterona (base) 10mg
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pastilha
Mande pastilhas.
Indicação: androgenioterapia.
Posologia: chupar uma pastilha ao dia.
187
Capítulo 5 - Manipulação
G. Pirulitos com Eletròlitos
Cloreto de sódio 0,0405g
Cloreto de potássio 0,0026g
Lactato de cálcio 5H20 0,0054g
Sulfato de magnésio anidro 0,0018g
Bicarbonato de sódio 0,0175g
Fosfato de sódio dibásico 0,0055g
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pirul i to.
Mande pirulitos.
Indicação: substituto da saliva, rehidratação.
Posologia: a critério médico.
Estabilidade aproximada: 180dias.
H. Piruiitos com Clotrimazol
Clotrimazol 10mg
Base PEG 1500 edulcorada e flavorizada q.s.p. 1 pirul i to.
Mande pirulitos.
Indicação: candidíase oral .
Posologia: a critério médico.
Estabilidade aproximada: 90 dias.
I. Piruhtos com L-Glutamina para tratamento de Aftas
L-Glutamina 250mg
Base PEG 1500 flavorizada e edulcorada q.s.p. 1 pirul i to.
Mande pirulitos
Indicação: aftas e estomatites.
Posologia: a critério médico.
188
Capítulo 5 - Manipulação
4.6.9. Sugestões de formulações com Pastilhas Macias
Á. Pastilhas "macias" de Chocolate
Chocolate base
Ingredientes
Chocolate em barra concentrado (boa qualidade)
Oleo vegetal hidrogenado*
Quantidade
80 a 60g
20 a 40g
'Pode ser utilizado o Lubritab' (óleo de aisodão hidrosenado).
Procedimento:
Passo 1: Pesar, precisamente, cada ingrediente.
Passo 2: Adicionar o chocolate e o óleo vegetal hidrogenado em um
béquer e aquecer agitando, até a mistura ficar totalmente liquida.
Passo 3: Remover do aquecimento e guardar sob refrigeração até a
utilizaçào.
Estabilidade aproximada: 60 dias.
Chocolate base para pastilhas com agente suspensor
Ingredientes
Goma arábica
Sílica gel (aerosil®)
Sacarina sódica
Aspartame
Flavorizante de chocolate
Oleo de menta
Chocolate base
(fórmula acima)
% Função
1,60 agente suspensor
1,0 agente suspensor
0,4 edulcorante
1,0 edulcorante
0,5 flavorizante
0,2 flavorizante
95,5 excipiente
Procedimento:
Passo 1: Pesar e medir, precisamente, cada ingrediente.
Passo 2: Triturar a goma arábica, sílica gel, sacarina e o aspartame.
Passo 3: Fundir o chocolate base anteriormente preparado, em uma
placa de aquecimento.
Passo 4: Lentamente, adicionar os pós do passo 2 e misturar na base
fundida, dispersando-os.
Passo 5: Verter para o molde e deixar esfriar.
189
Capítulo 5 - Manipulação
Passo 6: Determinar o peso médio para calibrar o molde.
B. Pastilhas "macias" de amendoim
Base de amendoim
Ingredientes
Pasta de amendoim ("dura")
Oleo vegetal hidrogenado (Lubritab )*
Quantidade
60g
40g
'Lubritab': óleo hidroçenado de alsodão.
Procedimento:
Passo 1: Adquirir a marca de pasta de amendoim mais dura que en-
contrar.
Passo 2: Adicionar a pasta de amendoim e o óleo hidrogenado em
um béquer e aquecer agitando até a mistura estar completamente
fundida.
Passo 3: Remover do aquecimentoe refrigerar até solidificar.
Estabilidade aproximada: 90 dias.
Base para pastilhas "macias" de amendoim (100g)
Ingredientes
Base de amendoim
Aspartame
Sílica gel micronizada
Goma arabica
Flavorizante (amendoim)
Flavorizante*(lipossolúvel)
Quantidade
96g
1g
0,96g
1,6B
40 gotas
16 gotas
Função
Excipiente
Edulcorante
Agente suspensor
Agente suspensor
Flavorizante
Flavorizante
'Flavorizante complementar ao flavorizante de amendoim.
Procedimento:
Passo 1: Colocar uma barra magnética para agitação em um béquer.
Passo 2: Quebrar, manualmente, a base de amendoim em pequenos
pedaços, colocando-os no béquer.
Passo 3: Fundir a base a 50°C (na placa agitadora magnética), sob
agitação.
Passo 4: Triturar os pós (ativo, aspartame, goma arábica, sílica gel
micronizada em gral) tamisando aos poucos, sobre a base fundida
sob agitação.
Passo 5: Desligar o aquecimento e adicionar os flavorizantes.
Passo 6: Verter a massa ainda fluida para o molde
Passo 7: Refrigerar até solidificação e então remover as pastilhas do
molde. Estabilidade aproximada: 60 dias.
190
Capítulo 5 - Manipulação
4.6.10. Incorporação dos ativos:
Antes de incorporar os ativos é preciso calibrar o molde e ve-
rificar o peso médio de cada pastilha, para em seguida, correlacio-
nara dose do ativo com o peso da pastilha ou pirulito. Fundir a base
em banho-maria em temperatura até 55°C, dispersando os ativos e
vertendo, posteriormente, para o molde.
Os cálculos para determinar a quantidade de base deslocada
pela adição de ativo(s), podem ser realizados conforme demonstra-
do anteriormente para pastilhas preparadas com PEG.
4.6.11. Embalagem:
Bem vedada (papel alumínio, sachês, filme plástico) ou cai-
xa-molde para pastilhas.
4.6.12. Armazenamento e conservação:
Podem ser armazenados em local fresco (8 a 15°C) ou no re-
frigerador, dependendo do ativo incorporado e do excipiente em-
pregado.
Proteger da umidade e do calor excessivo.
4.6.13. Rotulagem:
Rótulo de advertència: "Manter este medicamento longe do
alcance de crianças".
4.6.14. Controle da qualidade:
• Peso e uniformidade
• Aparência
• Odor
• Dureza
• Ponto de fusào
• Teor
4.6.15. Estabilidade:
Estas formas farmacêuticas não contêm água sendo portanto,
mais estáveis.
Depende da natureza do ativo. De modo geral, 6 meses se
armazenado em condições adequadas.
191
Capítulo 5 - Manipulação
Figura 7: Pastilhas "macias" de chocolate.
Foto: IJPC - Intemational Journal of Pharmaceutical Compounding
4.6.16. Sugestões de Formulações para Pastilhas:
A. Pastühas de chocolate com Progesterona
Progesterona micronizada 10Omg
Base de chocolate edulcorada com agentes suspensores q.s.p. 1
pastilha.
Mande 24 pastilhas.
lndicação:terapia de reposição hormonal.
Posologia: a critério médico.
Estabilidade aproximada: 2 meses.
B. Pastilhas com Triancinolona
Triancinolona micronizada 5mg
Base de chocolate edulcorada com agentes suspensores q.s.p. 1
pastilha
Mande 24 pastilhas.
Indicação: corticoterapia.
Posologia: a critério médico
Estabilidade aproximada: 2 meses.
192
Capitulo 5 - Manipulação
4.7. Pastilhas mastigáveis
4.7.1 Composição:
São formas farmacêuticas preparadas com gelatina e glicerina,
sendo utilizadas para administração de medicações para absorção
gastrintestinal e de uso sistêmico.
4.7.2.Caracteristicas:
São muito flavorizadas (mascara, eficientemente, o sabor de
fármacos amargos).
Sabor levemente ácido (usualmente, contém ácido cítrico).
Preparo fácil.
São preparadas em baixas temperaturas (no máximo 100 °C), em
banho-maria.
São menos irritantes para a mucosa oral do que outras bases.
Apresentam uma consistência macia e agradável ao mastigar.
4.7.3. Desvantagens:
Não é um sistema anidro, pois contém água; é uma forma farma-
cêutica não recomendada para incorporação de fármacos hidrolisá-
veis.
4.7.4. Preparação:
A. Material utiiizado:
• Béquer
• Bastão de vidro
• Balança de precisão
• Banho-maria
• Termômetro
• Molde
193
Capítulo 5 - Manipulação
4.7.5. Sugestões de Base
A. Goma-gel base
Ingredientes
Gelatina farmacêutica
Glicerina
Agua destilada
Quantidade
43,4g
155mL
21,6mL
Função
Excipiente
Plastificante
Solvente
Procedimento:
Passo 1: Pesar e medir, exatamente, cada componente.
Passo 2: Aquecer a glicerina em banho-maria, com água fervente,
por 5 minutos.
Passo 3: Adicionar a água destilada e continuar aquecendo por mais
5 minutos, agitando.
Passo 4: Lentamente, adicionar a gelatina aos poucos por um perí-
odo de 3 minutos, evitando a formação de grumos.
Passo 5: Continuar o aquecimento por, somente, 45 minutos.
Passo 6: Remover do aquecimento e resfriar.
Passo 7: Embalar e rotular.
Embalagem: bem vedada.
Armazenamento: sob refrigeração.
Figura 8: goma-gel base.
Foto: IJPC - International Jour-
nal of Pharmaceutical Compoun-
ding
194
Capítulo 5 - Manipulação
B. Base para pastilhas mastigáveis (jujubas)
Ingredientes
Goma-gel base
(preparada anteriormente)
Bentonita ou sílica gel
Goma arábica
Aspartame
Acido cítrico monoidratado
Flavorizante
Corante
% Função
90,6 excipiente
1,7 a1,0 agente suspensor
1,7 agente suspensor
1,9 edulcorante
2,4 acidulante
1,7 flavorizante
q.s.p. corante
Procedimento:
Passo 1: Pesar, exatamente, cada ingrediente da formulação.
Passo 2: Misturar a bentonita (ou sílica gel), aspartame, goma arábi-
ca, o ácido cítrico e os ativos.
Passo 3: Aquecer a goma-gel base em banho-maria até liquefazer.
Passo 4: Adicionar os pós da mistura (passo 2) na goma-base fundi-
da, dispersando-os.
Passo 5: Adicionar o corante e o aroma, misturando bem.
Passo 6: Verter para o molde untado e deixar esfriar.
Passo 7: Embalar e rotular.
C. Fórmula base para pirulitos de gelatina (100g)
Ingredientes
*Ativo(s)
"Alcool
**Agua
'"Propüenoglicol
Sacarina sódica
Aspartame
Goma arábica
Goma xantana
Flavorizante
Goma gel base q.s.p.
Quantidade
q.s.p. (concentração prescrita)
q.s.p. (se necessário, para diluir o ativo)
q.s.p. (se necessário, para diluir o ativo)
q.s.p. (se necessário, para dispersar o ativo)
0,1g
1 §
3,5g
3,5g
1 mL
100g
■ Fármacos muito potentes devem ser dituidos para permilir uma medida exata da mesma.
' Fármacos susceptiveis ó hidrólise não devem ser veiculados em base de getatina.
"Tanto o álcool quanto a á$ua podem ser utilizados como veiculos para solubilizar o(s) ati-
vo(s) antes da incorporaçào do(s) mesmo(s). A quantidade de água e álcool utilizada deve ser
o minimo para solubilizar o ativo, não devendo ultrapassar a 10% do peso total da base.
"'0 propilenoslicot pode ser utilizado como açente molhante e veiculo para fármacos em
suspensão (fàrmacos que não são solúveis em ógua e/ou álcool).
195
Capítulo 5 - Manipulação
Procedimento:
Passo 1: Com auxílio de um banho-maria, fundir a goma gel base em
um béquer de 400ml_. A base também pode ser liquefeita utilizando-
se microondas, aquecendo durante 20 segundos, aumentando o
tempo, se necessário, até a liquefação da base.
Passo 2: Transferir o ativo para um gral de vidro com pistilo (caso o
ativo seja adicionado na forma de pó e não solubilizado em álcool
ou água. Caso o ativo seja solúvel, ele deverá ser incorporado no
passo 4). Adicionar o aspartame, a sacarina, a goma arábica e a
goma xantana. Triturar os pós até distribuição uniforme dos mes-
mos.
Passo 3: Levigar os pós com propilenoglicol até formar uma massa
espessa e uniforme.
Passo 4: Adicionar e dissolver o ingrediente ativo em uma quantida-
de mínima de água destilada ou álcool. Adicionar o corante nesta
solução.
Passo 5: Adicionar e dispersar a solução do passo 4 na base fundida
de gelatina. A temperatura não deve exceder a 100°C. 0 corante
dissolvido na solução serve como indicador para assegurar a comple-
ta dispersão do fármaco. Agitar a solução até o corante estar com-
pleto e uniformemente dispersado.
Passo 6: Adicionar os pós levigados (no passo 3) sobre a base de ge-
latinafundida (no passo 1) sob contínua agitação.
Passo 7: Uma vez que a mistura do passo 6 esteja distribuída de
forma homogênea, adicionar o aspartame diluído e os flavorizantes,
agitando bem.
Passo 8: Verter a mistura morna e fundida nos moldes, previamente,
untados com óleo vegetal insaturado. Caso a temperatura da mistu-
ra abaixe muito, pode haver dificuldades na execução deste proce-
dimento. Uma vez que isto ocorra, reaquecer a mistura no banho-
maria até fluidificar novamente. (0 reaquecimento nem sempre
funciona. 0 melhor é trabalhar rapidamente, antes da massa esfri-
ar).
Passo 9: Adicionar as hastes do pirulito à mistura fundida na forma.
Passo 10: Permitir que os pirulitos esfriem e permaneçam pelo mí-
nimo de 3 horas no molde, antes de removè-los.
196
Capitulo 5 - Manipulação
4.7.6. Aditivação:
Quantidade de base = (peso médio da pastilha ou pirulito x número
de unidades prescritas) - quantidade de ativo a ser aditivado.*
• A quantidade de base utilizada deve ser subtraida da quantidade equivalente de ativos que
será incorporada. Os edulcorantes, ageníes molhantes e outros adjuvantes deverão ser com-
putados como parte da base.
Quantidade de ativo a ser aditivado = quantidade de ativo por uni-
dade x número de unidades prescritas
Exemplo:
0 peso médio de uma pastilha preparada com a base foi de
1,5g. Sabendo-se que a prescrição solicitou 30 pastilhas contendo
cada uma 50mg de determinado ativo, calcular a quantidade de
ativo, bem como a quantidade de base a serem utilizados na prepa-
ração.
Cálculos:
Quantidade de ativo: 25mg x 30 unidades = 750mg (0,75g).
Quantidade de base: (1,5g x 30) - 0,75g = 44,25g
4.7.7. Embalagem:
Bem vedada (zip-lock®, sachês, filme plástico) ou caixa-
molde para pastilhas. Para evitar aderência, as pastilhas podem ser
roladas sobre açúcar de confeiteiro e embaladas em potes bem ve-
dados.
4.7.8. Armazenamento e conservação:
Em temperatura ambiente ou sob refrigeração, de acordo
com a natureza dos ativos adicionados.
4.7.9. Rotulagem:
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do
alcance de crianças."
197
Capítulo 5 - Manipulação
4.7.10. Controle da qualidade:
• Peso e uniformidade
• Aparência
• Odor
• Dureza
• Teor
4 .7 .11 . Estabilidade:
Por conter água, apresentam menor estabilidade.
A estabilidade depende da natureza do ativo, de modo geral
entre 2 a 3meses.
4.7.12. Sugestões de Formulações:
A. Goma mastigável com Nitrofurantoina
Nitrof urantoina 25mg
Excipiente flavorizado *qsp 1 goma
Mande gomas mastigáveis.
Indicação: infecção urinária.
Posologia: a critério médico.
B. Goma mastigável com Coenzima Q10
Coenzima Q10 10 a 300mg
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma
Mande gomas mastigáveis.
Ação: antioxidante, cardiotônica, hipotensora, imunoestimulante,
controle da glicemia em pacientes diabéticos.
Posologia: 10 a 300 mg/dia.
C. Goma mastigável com Ácido Lipóico
Ácido lipóico 200mg
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma
Mande gomas mastigáveis.
Ação: antioxidante, aumenta o metabolismo do açúcar.
Indicações: coadjuvante no tratamento da diabetes tipo 1 e tipo 2.
Reduz as complicações destas patologias, tais como degeneração
macular, catarata e neuropatia.
Posologia: 1 goma ao dia.
198
Capítulo 5 - Manipulação
D. Goma mastigável com Xilitol
Xilitot 1g
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma
Indicação: profilaxia da otite média em crianças.
Posologia: 8 a 10 gomas ao dia.
E. Goma mastigável com Fluoreto de Sódio
Fluoreto de sódio 2,21 mg
Excipiente flavorizado* qsp 1 goma.
Mande gomas.
Indicação: suplementação de flúor para crianças entre 3 a 9 anos.
Posologia: mastigar 1 goma 1x ao dia.
F. Goma mastigável com Lorazepam
Lorazepam 1 mg
Excipiente flavorizado qsp 1 goma
Mande gomas
Indicações: ansiedade, insônia, pré-anestesia, epilepsia, antieméti-
co (em náuseas e vômito induzidos por antineoplásicos).
Posologia: a critério médico.
G. Goma mastigável com Etinil Estradiol
Etinil estradiol 0,2mg
Excipiente flavorizado qsp 1 goma
Mande gomas
Indicações: tratamento da sintomatologia do climatério, terapia de
reposição hormonal.
Posologia: a critério médico, a dose precisa ser individualizada de
acordo com a tolerância e a resposta terapêutica do paciente.
'Utilizar como excipiente a base para pastithas mastigáveis mencionada anteriormente.
H. Pirulito de gelatina com Nistatina e Lidocaína
Nistatina 500.000 Ul
Lidocaína HCl 0,5%
Base de gelatina para pirulitos qsp 1 pirulito
Mande pirulitos.
Indicação: candidíase oral.
Modo de usar: chupar de 2 a 3 pirulitos ao dia, durante 5 a 7 dias.
199
Capitulo 5 - Manipulação
I. Pirulito de gelatina com Clotrimazol
Clotrimazol 1 %
Base de gelatina para pirulitos qsp 1 pirulito.
Mande pirulitos
Indicação: candidíase oral.
Modo de usar: chupar de 2 a 3 pirulitos ao dia, durante 5 a 7dias.
J. Piruiito de gelatina com Sulfato de Morfina
Sulfato de morfina 0,1%
Base de gelatina para pirulitos qsp 1 pirulito
Indicação: controle da dor no câncer em pacientes com dificuldade
de deglutição decorrente da radioterapia.
Posologia: chupar 1 pirulito de 6/6h, se necessário.
200
Capítulo 5 - Manipulação
4.8. Soluções e Suspensões Congeladas
(Picolés Medicamentosos)
4.8.1.Composição:
Soluções e suspensões congeladas (picolés) podem eventu-
almente e em situações específicas constituírem uma forma farma-
cêutica para veicular fármacos com sabor desagradável. São nor-
malmente constituídas por água, edulcorantes e flavorizantes. A
solução ou suspensão preparada é então congelada.
4.8.2.Características e vantagens:
É uma forma interessante para administração de fármacos
que apresentam melhor eficácia quando permanecem por maior
período de tempo na mucosa oral, como por exemplo, antimicóticos
e anestésicos.
A sensação de frio proporcionada pelo picolé, pode reduzir
a percepção do sabor desagradável proveniente de alguns medica-
mentos.
4.8.3. Preparação:
Material Utilizado:
• Cálices ou proveta
• Balança de precisão
• Gral de vidro e pistilo
• Molde para picolés
• Freezer ou congelador
• Bastão de vidro
4.8.4. Sugestão de Base
Ingredientes
Ativo
Sorbitol 70%
Xarope simples
(xarope de framboesa)
Aspartame
Flavorizante
Água destilada q.s.p.
Concentração Função
Xmg ativo
6% edulcorante
17% edulcorante
0,1% edulcorante
1,7% f lavorizante
100ml_ veículo e diluente
201
Capitulo 5 - Manipulação
Procedimento:
Nota: Uma vez que as formas de picolé variam de tamanho, faz-se necessário calibrá-las,
ajustando o volume empre$ado para encher cada forma à dosagem dos ativos.
Passo 1: Medir e pesar, precisamente, os ingredientes da formula-
ção.
Passo 2: Triturar o ativo em gral de vidro (caso este seja insolúvel
em água), levigando-o com o sorbitol 70%.
Passo 3: Adicionar o xarope simples e o flavorizante no passo 2.
Passo 4: Dissolver, separadamente em um cálice, o aspartame e o
ativo (caso este seja solúvel em água) em cerca da metade da água.
Passo 5: Misturar 3 e 4, agitando bem. Rinsar o gral com o restante
da água destilada, transferindo também para o cálice. Completar o
volume final.
Passo 6: Com auxílio de um cálice menor ou de uma seringa, encher
os moldes com volumes equitativos da mistura preparada.
Passo 7: Levar a forma para o congelador ou freezer.
Passo 8: Após 2 horas, inserir o palito em cada picolé e retorna-los
ao congelador, para que os mesmos se congelem completamente.
Passo 9: Remover cada picolé da forma e embalar em plástico tipo
zip-lock®. Rotular e acondiciona-los em caixa de isopor no momento
da entrega ao paciente. Rotular também a caixa de isopor, indican-
do a composição de cada picolé e o número de unidades.
4.8.5. Aditivação:
Os ativos podem ser dispersados no sorbitol 70% ou no xarope
(caso não sejam hidrossolúveis) ou ainda, solubilizados na água (ca-
so sejam solúveis em água).
Cálculo da quantidade de ativo =
dose por unidade x número de unidades
4.8.6. Embalagem:
• Saquinhostipo zip-lock® (embalagens unitárias).
• Caixa de isopor.
202
Capítulo 5 - Manipulação
Figura 9: formas de dispensação de picolés.
Foto: IJPC-lnternational Journal of Pharmaceutical Compounding
4.8.7.Armazenamento e conservação:
No congelador ou freezer: -25°C a -10°C.
4.8.8. Rotulagem:
Rótulos de advertências: "Manter este medicamento longe
do alcance de crianças" e "Manter o produto no congelador ou free-
zer".
4.8.9.Controle da qualidade:
• Peso e uniformidade
• Aparência
• Odor
• Dureza (o picolé deve estar congelado)
4.8.10.Estabilidade:
Depende da natureza do ativo, de modo geral 2 meses.
203
Capítulo 5 - Manipulação
4 .8 .11 . Sugestões de Formulações:
A.Picolé com Nistatina
Nistatina 250.000 Ul
Veículo qsp 1 picolé.
Mande picolés.
Flavorizantes recomendados: banana, framboesa.
Indicação: candidiase oral (vulgarmente conhecida como sapinho).
Modo de usar: chupar 1 picolé de 8/8horas.
B.Picolé com Nistatina e Cloridrato de Tetracaína
Nistatina 250.000 Ul
Cloridrato de Tetracaína 0,025%
Veículo qsp 1 picolé
Mande picolés
Indicação: candidíase oral
Ação: antimicótica e anestésica.
Modo de usar: chupar um picolé de 8/8horas.
204
Capítulo 5 - Manipulação
4.9. Goma de mascar medicamentosa
A goma de mascar é preparada a partir de exsudações resi-
nosas de algumas árvores da família das apocináceas, tais como, o
chide, o tamarack ou outras árvores selecionadas. Historicamente,
a goma de mascar tem sido utilizada no mundo inteiro, constituindo
um hábito bastante peculiar nos países ocidentais.
4.9.1. Vantagens:
A goma de mascar pode constituir-se como um sistema de
cedência de fármaco apropriado para ativos que apresentam índice
de metabolismo de primeira passagem significante {clearence ele-
vado).
As bases para gomas de mascar são encontradas facilmente
no mercado, já flavorizadas e edulcoradas.
Flavorizantes, edulcorantes e outros corretivos do sabor
também podem ser adicionados.
A liberação da droga é mais lenta, portanto, o tempo de con-
tato da droga com a mucosa oral é maior do que as pastilhas, juju-
bas e comprimidos sublinguais.
Podem ser úteis no tratamento de pacientes que têm dificul-
dade de deglutição de comprimidos e cápsulas.
4.9.2. Algumas drogas que podem ser veiculadas na forma
de goma de mascar:
• Fluoreto de sódio.
• Xilitol.
• Acetato de chlorexidina.
• Bicarbonato de sódio.
• Miconazol.
• Nistatina.
• Salicilamida.
205
Capitulo 5 - Manipulação
4.9.3. Fórmula base:
Fármaco q.s.p.
Goma de mascar base q.s.p 1 goma.
Procedimento:
Passo 1: Remover a embalagem das gomas de mascar adquiridas no
mercado comercial.
Passo 2: Cortar a goma de mascar em pequenos pedaços.
Passo 3: Aquecer em banho-maria ou no microondas (por cerca de
10 a 15 segundos) até amolecer. Aquecer até uma temperatura a-
proximada de 38 a 55°C.
Passo 4: Adicionar o fármaco e misturar bem.
Passo 5: Remover do aquecimento e moldar a massa no formato de
um cilindro alongado.
Passo 6: Quando estiver suficientemente frio, cortar em pequenos
pedaços e embalar.
Passo 7: Embalar, até amolecer, em papel manteiga.
4.9.4. Embalagem:
As gomas de mascar devem ser embaladas em papel mantei-
ga e acondicionadas em caixas de cartolina ou potes plásticos.
4.9.5. Armazenamento e conservação:
Em temperatura ambiente ou sob refrigeração, dependendo
da natureza dos ativos adicionados.
4.9.6. Rotulagem:
Rótulo de advertência: "Manter este medicamento longe do
alcance de crianças."
4.9.7. Controle da qualidade:
• Aparência
• Odor
• Dureza
4.9.8.Estabilidade:
Estabilidade depende da natureza do ativo, de modo geral
entre 2 a 3 meses.
206
Capítulo 5 - Manipulação
4.10. Considerações físico-químicas sobre Pastilhas
São capazes de aumentar o tempo de permanência do fár-
maco na cavidade oral, quando comparados a outras formas farma-
cêuticas.
Alguns conservantes podem alterar o sabor da preparação,
principalmente, o metilparabeno que confere aroma floral à prepa-
ração.
0 ajuste de pH pode ser necessário para maior estabilidade
do ativo veiculado. De modo geral, o pH nas formas farmacêuticas
pastilhas duras e gomas (formas que contêm água) é ajustado para
permanecer entre 5,0 e 6,0.
Para ajustar o pH deve-se empregar acidulantes (Exemplos:
ácido cítrico, ácido fumárico, ácido tartárico) e/ou alcalinizantes
(Exemplos: carbonato de cálcio, bicarbonato de sódio, trissilicato de
magnésio).
4.11. Atenção Farmacêutica
Estes medicamentos devem ser mantidos longe do alcance
das crianças.
0 paciente deve ser orientado, corretamente, sobre o real
propósito das pastilhas duras e pirulitos: a promoção de uma libera-
ção lenta e contínua do fármaco na cavidade oral. Portanto, devem
ser chupados e não mastigados.
207
Capítulo 5 - Manipulação
5. Tabletes Moldados (tabletes triturados)
5.1. Definição:
Os tabletes moldados são obtidos pela pressão manual de
uma massa úmida dos excipientes e ativos, contra um molde que
posteriormente é seco completamente. São preparados, geralmen-
te, pela mistura do(s) ativo(s) com lactose, dextrose, sacarose, ma-
nitol, frutose ou outros diluentes apropriados que servem como ba-
se. Combinações de açúcares também podem ser utilizadas. Dife-
rentemente dos comprimidos que são comercializados em diversos
tamanhos e formatos, os tabletes moldados têm forma de disco e
peso varíável (geralmente de 0,06 a 2g).
5.2.Vantagens:
• Desintegração instantânea.
• Fácil preparação e dispensação.
• Permite ao prescritor variar a dosagem durante o tratamen-
to.
5.3. Desvantagens:
• Fragilidade (alta friabilidade).
• Restrição de doses (devido ao pequeno tamanho é uma for-
ma farmacêutica indicada para veicular ativos utilizados em
baixas doses).
5.4. Composição básica:
• Fármaco (princípio ativo).
• Diluentes: lactose (mais utilizada), sacarose, dextrose, mani-
tol (promove sensação agradável de frescor e sabor), fruto-
se, combinações de açúcares, dentre outros.
• Aglutinantes: amido, polivinilpirrolidona (PVP), goma arábi-
ca, gelatina, dentre outros; diluídos em álcool, água ou mis-
turas hidroalcoólicas.
• Fiavorizantes.
• Corantes.
• Conservantes.
• Edulcorantes, se necessário.
208
Capitulo 5 - Manipulação
5.5. Preparação:
Cálculo da quantidade requerida de base por tablete e do fa-
tor de deslocamento do ativo.
Caso o ativo empregado, pese mais que alguns poucos mili-
gramas, o seu fator de densidade (fator de deslocamento) precisa
serdeterminado conforme recomendação abaixo:
5.5.1. Cálculo da porcetagem do tablete ocupado pelo ativo
Passo 1: Umedecer uma porção do fármaco com uma solução de
etanol 50%.
Passo 2: Preencher algumas cavidades do molde.
Passo 3: Secar os tabletes.
Passo 4: Determinar o peso médio dos tabletes preparados com o
ativo puro.
Passo 5: Dividir a quantidade prescrita do fármaco pelo peso médio
dos tabletes obtidos somente com os ativos (sem os diluentes) e
multiplicar por 100. 0 resultado obtido deste cálculo será a porcen-
tagem que o ativo irá ocupar no tablete.
Resumindo:
% do tablete ocupado pelo ativo = peso ativo prescrito x 100
peso médio do tabiete obtido com o ativo puro
5.5.2.Cálculo da porcentagem do tablete ocupado pela base
% do tablete ocupado pela base = 100% - % do tablete ocupado pelo ativo.
5.5.3.Cálculo do peso da base por tablete
Passo 1: Umedecer a base, na ausência do(s) ativo(s), com a solução
diluente (Exemplo: etanol 50%).
Passo 2: Preencher 20 cavidades do molde.
Passo 3: Secar os tabletes.
Passo 4: Determinar o peso médio dos tabletes preparados com a
base, sem o ativo.
Passo 5: Para calcular o peso da base por tablete, deve-se multipli-
car a porcentagem do tablete ocupada pela base, pelo peso médio
dos tabletes preparados com a base sem o ativo.
209
Capitulo 5 - Manipulação
Resumindo:
Peso da base por tablete = % do tablete ocupado pela base x peso médio dos tabletes sem ativo
5.5.4. Determinação do peso total do tableteConhecendo-se o que cada tablete irá conter de ativo juntamente
com a base, pode-se determinar o peso total de cada tablete.
Peso total do tablete = peso do ativo prescrito + peso da base por tablete
5.5.6. Cálculo da quantidade de cada ingrediente da formu-
lação prescrita:
Peso total de ativo = dose unitária do ativo x número de unidades prescritas
Peso total de base = peso da base por tablete x número de unidades prescritas
5.6. Exemplo de Cálculo:
Uma prescrição solicitou 30 tabletes.
Cada tablete contém 10mg de ativo.
0 peso do tablete contendo só o ativo é 90mg.
0 peso médio do tablete contendo só a base é de 70mg.
Determinar a quantidade de base requerida para cada table-
te.
Determinar a quantidade de ativo necessária para a prepara-
ção.
Determinar o peso total do tablete.
Solução:
% do tablete ocupado pelo ativo: 10mg x 100 = 11,1%
90mg
% do tablete ocupado pela base = 100% - 11,1% = 88,9%
Peso da base por tablete = 88,9% x 70 mg = 62,23mg
Peso total do tablete = 10 mg + 62,23 mg = 72,23mg
Peso total de ativo = 10 mg x 30 unidades = 300mg
Peso total de base necessária para preparação = 62,23mg x 30 uni-
dades = 1866,9mg
210
Capítulo 5 - Manipulação
5.7. Sugestão de Base
5.7.1. Sugestão de base para Tabletes Moldados
Lactose 60%
Amido 29,8%
Frutose .« 10%
Benzoato de sódio 0,2%
Flavorizante q.s.p.
Material utilizado:
• Gral e pistilo
• Molde para tabletes (tableteiro)
• Espátula.
• Balança de precisão.
• Tamis para obtenção de pó fino ou muito fino.
• Papel manteiga.
• Estufa.
• Solução alcoólica de PVP K30 a 8%.
• Solução aquosa de gelatina 0,25%.
s%
Figura 10: forma para o preparo de tabletes triturados.
Foto: PCCA - Products Catalog
Procedimento:
Passo 1: Pesar todos os componentes da formulação (após devidos
cálculos demonstrados anteriormente).
Passo 2: Tamisar os pós no tamis de malha acima de 50.
Passo 3: Transferir os pós tamisados para o gral, triturando e homo-
geneizando bem (ver o método de diluição geométrica).
Passo 4: Acrescentar q.s.p. da solução de PVP-K30 e um mínimo da
solução de gelatina para obter uma massa com "liga".
Passo 5: Espatular a massa sobre o tableteiro (parte perfurada) a-
■MaMl Pi^*^^
211
Capítulo 5 - Manipulação
poiando sobre uma superfície lisa e impermeável (placa de vidro, ou
verso liso da placa com pinos), pressionando a massa para o comple-
to enchimento dos furos.
Passo 6: Colocar na estufa a 50°C até secar.
Passo 7: Retirar do tableteiro com auxílio da placa com hastes.
Passo 8: Embalar e rotular.
5.7.2. Sugestão de base para Tabletes Moldados (com mani-
tol)
Manitol 9%
Açúcar de confeiteiro 50%
Açúcar refinado 27%
Sacarina sódica 3%
Goma xantana 1%
Lactose monohidratada 10%
*Para formação da massa se utiliza a solução alcoólica a seguir:
Solução alcoólica para aglutinação
Álcool95% 75%
Água destilada 25%
Ravorizante (3 a 10 gts /10ml_ da solução)
Procedimento:
ídem ao da fórmula anterior, utilizando a solução alcoólica sugerida
acima para formação da massa.
212
Capitulo 5 - Manipulação
5.8. Exemplos de formulações:
5.8.1.Tabletes com Estrogênios para Terapia de Reposição Hor-
monal (TRH)
Estriol 2mg
Estrona 0,25mg
Estradiol 0,25mg
Excipiente q.s.p 1 tablete
Mande tabletes.
Indicação: sintomatologia do climatério, terapia de reposição hor-
monal feminina.
Posologia: 1 tablete via sublingual ou bucal 1x ao dia.
5.8.2. Tabletes com Progesterona Micronizada 100mg
Progesterona 10Omg
Excipiente q.s.p 1 tablete
Mande tabletes
Indicação: tratamento da sintomatologia do climatério, TRH, manu-
tenção da gravidez.
Posologia: a critério médico.
5.9.Controle da Qualidade:
• Aparência
• Peso
• Variação de peso
Desintegração - realizado em um béquer contendo 1 litro de
água com agitador em velocidade moderada (15 a 30 minutos).
213
Capítulo 5 - Manipulação
5.10. Armazenamento e rotulagem:
Temperatura ambiente. Rotular o modo próprio de adminis-
tração: sublingual, bucal e mastigável.
214
Capitulo 5 - Manipulação
6. Excipientes, Adjuvantes Farmacotécnicos e Di-
luentes
6.1. Excipiente para Formas Farmacêuticas Sólidas:
A escolha do excipiente adequado para determinada fórmu-
la, deve se basear nas características das substâncias contidas na
fórmula, bem como, na possibilidade de interação destas substân-
cias com o excipiente. 0 farmacêutico deve escolher sempre o exci-
piente que não sofra qualquer tipo de interação. Devido à existência
de diversos excipientes, constatou-se que princípios ativos idênti-
cos, quando manipulados com excipientes diferentes, têm velocida-
des de dissolução variáveis, dependendo dos excipientes utilizados
ou da concentração destes. Em certos casos, vários estudos demons-
traram que diferentes formulações de cápsulas e comprimidos, oca-
sionaram diferenças na biodisponibilidade que podem impedir o
efeito farmacológico. Devido a essas diferenças, é necessário estu-
dar e estabelecer um critério sobre a utilização de excipientes.
6.1.1. Lactose:
Dissacarídeo obtido do leite, a lactose pode ocorrer em três
formas: alfa-monohidratada, alfa-anidra e beta-anidra. A lactose
alfa-monohidratada é a mais amplamente utilizada.
É um pó branco ou quase branco, ou de partículas cristalinas
branco-cremosas, inodoro e de gosto adocicado. Absorve odores.
É usado como diluente (excipiente) na farmácia, em concen-
traçòes de 65 a 85%.
É contra-indicada para pessoas com intolerância à lactose
(deficiência da enzima lactase), podendo gerar dores abdominais,
diarréia e flatulência nestes pacientes.
Incompatibilidades: Reage com compostos contendo grupo amino
primário, (ex.: anfetaminas e aminoácidos) resultando em produtos
de cor amarronzada, devido à condensação do tipo Maillard. Tam-
bém reage e produz escurecimento na presença de compostos con-
tendo arsênico e trinitrato de glicerila. A lactose é incompatível
com aminoácidos e anfetaminas (mazindol, anfepramona, fempro-
porex, aminofilina, fluoxetina, sertralina, imipramina, amitriptilina,
clomipramina, nortriptilina, hidroxitriptofano e compostos relacio-
nados).
215
Capítulo 5 - Manipulação
6.1.2. Talco:
0 talco é um silicato de magnésio hidratado nativo, podendo
conter uma pequena proporção de silicato de alumínio.
É um pó cristalino muito fino, branco ou branco acinzentado,
untuoso, adere facilmente à pele e é macio ao toque.
Necessita ser de ótima qualidade, pois é vulnerável a conta-
minação microbiológica. Deve ser armazenado em recipiente bem
fechado, apesar de ser um produto estável.
Na indústria farmacêutica ou em farmácias magistrais é usa-
do como excipiente para cápsulas ou comprimidos, devido ao seu
efeito secante e lubrificante, em concentrações de 5 a 30%.
Incompatibilidades: Incompatível com quaternários de amônio.
6.1.3. Amido:
Pó fino, branco, sem sabor que deve ser estocado em lugar
apropriado para evitar a absorção de umidade. Utilizado na indús-
tria farmacêutica e em farmácias magistrais como diluente (excipi-
ente) para ajuste de volume ou como agente desintegrante.
Não há concentração limite para uso deste excipiente.
Incompatibilidades: Não há descrição na bibliografia de interações
de fármacos com o amido.
6.1.4. Manitol:
É um álcool hexanidril relacionado a manose e é isomérico
com o sorbitol.
Granuloso ou pó cristalino, possui boa fluidez, é branco e i-
nodoro. Possui a metade do poder adoçante da sucrose e é tão doce
quanto a glucose.
Nâo é recomendado para crianças abaixo de 12 anos de ida-
de.
É usado como excipiente a uma concentração entre 10 a 90%.
É indicado, especialmente, quando se quer encapsular drogas sensí-
veis à umidade, pois é um pó não higroscópico. Recomenda-se usá-
lo associado ao estearato de magnésio (1 a 2%).
Incompatibilidades: Complexa-se com alguns metais, como o ferro,
o alumínio e o cobre. Recomenda-se não utilizá-lo em formulações
que contenham sais com estes metais.
216
Capítulo 5 - Manipulação
6.1.5. Celulose microcristalina:É comercializada principalmente com o nome de Avicel®. A
celulose microcristalina é amplamente utilizada em produtos farma-
cêuticos como diluente de comprimidos (20 a 90%) e cápsulas (20 a
90%). É utilizada como agente adsorvente (20 a 90%), agente antia-
derente ou lubrificante (5 a 20%) e desintegrante em comprimidos
(5 a 15%).
Incompatibilidades: A celulose microcristalina é um agente estável,
porém higroscópica. É incompatível com agentes oxidantes fortes.
6.1.6. Croscarmelose Sódica (Ac-Di-Sol ®):
É um polímero cross-linked de carboximetilcelulose sódica.
A croscarmelose sódica é empregada em formulações farma-
cêuticas como desintegrante para cápsulas (10 a 25%) e comprimi-
dos (0,5 a 5,0%)
Incompatibilidades: sorbitol (redução da eficácia desintegrante).
6.1.7. Povidona:
É um polímero sintético empregado como diluente de com-
primidos, agente aglutinante e de revestimento em concentrações
de 0,5 a 5%.
6.1.8. Crospovidona:
É um derivado cross-linked da povidona.
É um desintegrante para comprimidos preparados por com-
pressão direta. É empregada em concentrações de 2 a 5%.
6.1.9. Caulim:
Pó branco a acinzentado, untuoso, com sabor argiloso. O
caulim ocorre naturalmente no reino mineral, correspondendo quí-
micamente ao silicato de alumínio nativo hidratado.
O caulim é utilizado como diluente (excipiente) em cápsulas
ecomprimidos.
Mesmo a despeito do baixo preço, o caulim deve ser utilizado
com restrições. Caso o mesmo não seja esterilizado pode haver con-
taminação por agentes patogênicos, como Baciüus anthracis, Clos-
tridium tetani (bactéria causadora do tétano) e outros.
Incompatibilidades: O caulim apresenta propriedades de absorção
em concentrações a partir de 7,5%. Esta propriedade pode influen-
ciar a absorção de outras drogas administradas via oral. Já foi rela-
tado que o caulim afeta a absorção das seguintes drogas: amoxacili-
217
Capítulo 5 - Manipulação
na, ampicilina, cimetidina, lincomicina, fenitoína (difenilhidantoi-
na), clindamicina, tetraciclina, warfarina. Portanto, não deve ser
utilizado como excipiente destas drogas.
6.1.10. Aerosil® (Adjuvante Farmacotécnico):
Químicamente conhecido como sílica coloidal ou dióxido de
silício coloidal, é um produto submicroscópico, branco, sem odor ou
sabor. Devido à sua higroscopia, deve ser armazenado em recipien-
tes muito bem fechados.
0 aerosil é utilizado como dessecante e anti-aderente para
pós higroscópicos na concentração de 0,1 a 1,0%.
Incompatibilidades: É incompatível com preparações contendo dieti-
lestilbestrol.
6 .1 .11 . Estearato de Magnésio (Adjuvante Farmacotécnico):
Consiste principalmente de uma mistura de estearato de
magnésio e palmitato de magnésio.
É granuloso, untuoso e fino, de cor branca, inodoro ou com
leve odor de ácido esteárico e gosto característico. São grânulos de
baixa densidade que aderem facilmente à pele.
Age como lubrificante e antiaderente nas formulações de ex-
cipiente, nas concentrações entre 0,25 a 2,0%.
Devido à sua natureza hidrofóbica, o estearato de magnésio
pode retardar a dissolução de drogas na forma sólida, por isso, deve
usá-lo na menor concentração possível.
Incompatibilidades: É incompatível com substâncias ácidas, alcali-
nas e sais de ferro; evitar associá-lo com materiais fortemente oxi-
dantes. Usar com precaução em drogas incompatíveis com álcalis.
6.1.12. CMC-Na - Carboximetilcelulose Sódica:
O CMC é um pó ou material granuloso, higroscópico, branco
ou levemente amarelado, inodoro e com leve sabor de papel. Pode
ser utilizado como excipiente na manipulação de pós, aumentando o
tempo de desintegração de cápsulas e comprimidos, consequente-
mente retardando um pouco a absorção do fármaco.
Incompatibilidade: Incompatível com goma xantana, ácidos fortes,
sais de ferro e outros metais, como o alumínio, o mercúrio e o zin-
co.
218
Capítulo 5 - Manipulação
6.1.13. Carbonato de cálcio:
Pó branco ou cristalino, inodoro e sem sabor. 0 Carbonato de
cálcio é empregado como excipiente farmacêutico para cápsulas e
comprimidos.
0 Carbonato de cálcio deve ser estocado em recipiente fe-
chado e protegido da umidade.
Incompatibilidades: 0 carbonato de cálcio é incompatível com áci-
dos e sais de amônio (ex. cloreto de amônio).
6.1.14. Lauril Sulfato de Sódio (agente molhante):
0 lauril sulfato de sódio é um pó cristalino branco, creme ou
amarelo pálido, de sabor amargo e odor de substâncias gordurosas.
É um agente surfactante, utilizado como agente lubrificante
e molhante de cápsulas e comprimidos em concentrações entre 1 a
2%. Sua utilização em formulações que contenham drogas lipossolú-
veis é útil, pois facilita a dissolução destas drogas.
Incompatibilidades: 0 lauril sulfato de sódio é incompatível com
alguns sais alcaloídicos (atropina, beladona, hiosciamina, escopola-
mina, quina, quinina, sulfato de quinidina, ipeca, codeina, ioimbi-
na, vinca, vincamina, reserpina, ergotamina, ergometrina, ergono-
vina, dihidroergotamina, dihidroergocristina, metisergida, pilocar-
pina, efedra ou mahuang, efedrina, pseudoefedrina, colchicina,
cafeína, teofilina), sais de chumbo e sais de potássio (ex: cloreto de
potássio, aspartato de potássio, orotato de potássio, potássio quela-
to, etc). 0 Lauril Sulfato de Sódio é um tensioativo aniônico, por-
tanto, tem carga negativa e pode interagir com fármacos com car-
gas positivas.
6.1.15. Docusato sódico (Agente Molhante):
Também conhecido como dioctil sulfosuccinato de sódio. É
um surfactantante aniônico, utilizado na terapêutica como laxante
amolecedor das fezes e na farmacotécnica como agente molhante,
com o objetivo de otimizar a dissolução de fármacos.
0 docusato sódio é branco ou quase branco, possui sabor
amargo e odor caracteristico do octanol. É higroscópico e encontra-
do na forma peletizada e de flocos.
Como agente molhante e desintegrante de formas farmacêu-
ticas sólidas é utilizado usualmente na concentração de 0,5%.
Incompatibilidades: É incompatível com eletrólitos.
219
Capitulo 5 - Manipulação
6.1.16. Polisorbatos 20, 60, 80 (Agente Molhante):
Os produtos comerciais mais comuns à base de polisorbatos
são os tweens. Os polisorbatos são surfactantes não iônicos empre-
gados como tensioativos, agentes emulsificantes, agentes solubili-
zantes e agentes molhantes. Podem ser empregados como agente
solubilizante para uma variedade de substâncias, incluindo óleos e
vitaminas lipossolúveis.
Como agente solubilizante é utilizado na faixa de concentra-
ções entre 1 a 10% e como agente molhante na faixa de 0,1 a 3%.
Incompatibilidades: Parabenos, fenóis, taninos e derivados do alca-
trão.
6.1.17. Óleo vegetal hidrogenado (óleo hidrogenado de se-
mente de algodão) tipo I - Lubritab ®:
Diluente para cápsulas e comprimidos, agente lubrificante
(cápsulas e comprimidos) e agente aglutinante.
Aplicação:
• Diluente (excipiente): até 100%
• Lubrificante: 1 a 6% p/p.
Pode ser utilizado como agente formador de matriz lipofílica
para formulações de liberação controlada.
Incompatibilidades: incompatível com agentes oxidantes fortes.
6.1.18. Bicarbonato de sódio:
Agente alcalinizante (tampão): 10 a 40%, agente terapêutico
e efervescente (25 a 50%)
Incompatibilidades: ácidos, sais ácidos, sais alcalóidicos, salicilatos,
ácido bórico, alúmen e sais de bismuto.
6.1.19. Acetoftalato de celulose (CAP):
Agente de revestimento entérico.
Solúvel em pH maior que 6,0.
Concentrações usuais para revestimento entérico: 3 a 9% do
peso do núcleo (peso da massa a ser revestida)
Para a formação de filme flexível e hidroresistente é neces-
sário a adição de plastificantes, em concentracões varíaveis de 1 a
20%.
Solubilidade em sistemas de solventes (para solução de re-
vestimento): Acetona, Acetona-Etanol (1:1) e Acetona-Água (97:3).
Plastificantes compatíveis: glicerina, propilenoglicol e dibu-
tilftalato.
220
Capítulo 5 - Manipulação
Incompatibilidades: sulfato ferroso, cloreto férrico, nitrato de pra-
ta,citrato de sódio, sulfato de alumínio, cloreto de cálcio, cloreto
de mercúrio, nitrato de bário, acetato básico de chumbo e agentes
oxidantes fortes. Potencialmente incompatível com fármacos ou
excipientes que apresentam grupos funcionais ou natureza básica.
6.1.20. Copolímero do ácido metacrílico/metacrilato de me-
tila 1:1 (Eudragit® L-100):
Utilizado como formador de filme gastroresistente e enteros-
solúvel.
Insotúvel em ácidos diluídos e fluidos gástricos, solúvel em
soluções tamponadas e fluidos entéricos acima do pH 6,0.
Concentração usual para filmes gastroresistentes : 3 a 9% do
peso do núcleo (peso da massa a ser revestida).
É necessário a adição de plastificante para melhorar a flexi-
bilidade do filme.
Solubilidade em sistemas solventes (para solução de revesti-
mento): Acetona-Etanol (1:1), álcool isopropílico, acetona e etanol
e também, em misturas com até 40% de água.
Plastificantes compatíveis: polietilenoglicol (ex: PEG 400),
triacetina e dibutilftalato.
Incompatibilidades: estearato de magnésio, podem ocorrer intera-
ções em substâncias com grupos funcionais de natureza básica.
6.1.21. Glicolato sódico de amido (Explotab®):
Desintegrante para cápsulas e comprimidos, empregado
normalmente em concentrações variadas (2 a 8%).
Incompatibilidades: ácido ascórbico.
6.1.22. Fosfato de cálcio dibásico (CaHP04 2 H20):
Diluente de comprimidos e cápsulas (necessita uso concomi-
tante de lubrificante e desintegrante)
Compressão direta e agente alcalizante
Incompatibilidades: derivados da tetraciclina, indometacina, ativos
sensíveis a pH igual ou superior a 7,3.
221
Capitulo 5 - Manipulação
6.1.23. Óxido de magnésio (MgO):
Diluente de comprimidos e cápsulas, antiácido e laxante os-
mótico. Ponto de fusão alto: 2800°C - diluente para misturas eutéti-
cas.
Incompatibilidades: drogas alcalino-lábeis, ibuprofeno, antihistamí-
nicos, antibióticos e salicilatos.
6.1.24. Carbonato de magnésio:
Diluente de comprimidos e cápsulas ( <_45%), antiácido e ad-
sorvente de umidade (0,5 a 1,0%). Ponto de fusão alto.
Incompatibilidades: ácidos (dissolve-os com liberação de C02)
6.2. Excipientes: Conceito, Influências e Categorias
Anteriormente, conceituava-se excipiente como simples ad-
juvante, nada mais que uma substância química e farmacológica-
mente inerte. Atualmente a escolha do excipiente adequado tornou-
se fator preponderante na obtenção do efeito terapêutico, interfe-
rindo na liberação e na estabilidade do fármaco.
De acordo com a função, podemos classificar os excipientes
como, diluentes: aqueles que fomecem peso, consistência e volu-
mes adequados à forma farmacêutica; e adjuvantes: aqueles que
auxiliam o fármaco a cumprir o seu papel (estabilidade, velocidade
de desintegração e dissolução).
6 . 2 . 1 . Categorias de excipientes
A. Excipientes que influenciam na estabilidade: antioxidantes, que-
lantes, conservantes e tampões, modificadores do pH.
B. Excipientes que influenciam na absorção do fármaco: desinte-
grantes, plastificantes, modificadores da liberação, promotores da
penetração, molhantes, formadores de filme, agentes bioadesivos e
encapsuíantes.
6.2.2. Excipientes que inf luenciam a biodisponibi l idade do
fármaco em formas farmacêuticas sólidas:
A. Diluentes: a solubilidade do diluente influencia a velocidade de
liberação do fármaco.
B. Desintegrantes: facilitam a desagregação, aumentam a área su-
perficial e promove a dissolução do fármaco. Depende da concen-
222
Capítulo 5 - Manipulação
tração.
C. Tensioativos: aumentam a molhabilidade do fármaco, aumentam
a velocidade de dissolução, aumentam o contato do fármaco com
fluídos gastrintestinais.
D. Lubrificantes: retardam a molhabilidade e a absorção de fárma-
cos. Sua concentração influencia a biodisponibilidade.
6.3. Sugestões de Excipientes Especiais para Cápsulas:
6 .3 .1 . Dilucap: Sugestão de Excipiente padrão para cápsulas
Estearato de Magnésio 0,5%
Aerosil 1,0%
Lauril Sulfato de Sódio (LSS) 1,0 a 2,0%
Talco Farmacêutico 3%
Amido de Milho (AMISOL) qsp 100,0%
Este excipiente deve ser utilizado para formulações em ge-
ral, exceto as que contiverem as seguintes substâncias:
Pentoxifilina: usar como excipiente HPMC (30 a 40% do volume total
da cápsula).
DietilestiLbestrol: usar como veículo a lactose com 0,5% de LSS e
0,5% de estearato de magnésio. Não usar aerosil.
Anfepramona/dietilpropiona: usar talco ou caulim farmacêutico,
com 1% de estearato de magnésio e 1% de aerosil.
Sais aicaloidicos e plantas com alcalóides (atropina, beladona, hios-
cinamina, escopolamina, homatropina, quina, quinino, sulfato de
quinidina, ipeca, codeína, ioimbina, vinca, vincamina, reserpina.
ergotamina, dihidroergocristina, metisergida, pilocarpina, efedra ou
mahuang, efedrina, pseudoefedrina, colchicina, cafeína, teofilina,
sais de potássio, cioreto de potássio, aspartato de potássio, potás-
sio quelato): para estes fármacos usar lactose + aerosil 1% + estera-
to de magnésio 1%.
Formulações de iiberação lenta: usar HPMC a 40% do volume total
da cápsula.
Formulações muito higroscópicas que demonstrem sinais de deli-
quescência: usar manitol 80% + talco 18% + aerosil 1% + estearato de
magnésio 0,5% + LSS 0,5 a 1,0%.
Nota: O aerosil pode ser adicionado à parte, ao Dilucap caso seja necessário.
O manipulador deve ter amplo conhecimento sobre excipientes, para a escolha daquele que
melhor se adeque à formuiação.
223
Capítulo 5 - Manipulação
6.3.2. Sugestão de Excipiente para Alprazolam
Celulose Microcristalina 20%
Amido 15%
Docusato de Sódio 0,5%
Aerosil 0,3%
Benzoato de Sódio 2%
Estearato de magnésio 0,25%
Lactoseqsp 61,95%
6.3.3. Sugestão de Excipiente para Meloxicam
Citrato de sódio dihidratado 1,0%
Celulose Microcristalina 20%
Estearato de magnésio 0,5%
Dióxido de silício (Aerosil) 0,2%
Lactoseqsp 100%
6.3.4. Sugestão de Excipiente Especial para Diclofenaco de
Sódio e de Potássio
Estearato de magnésio 1,0%
Aerosil 0,5%
Talco farmacêutico 3%
Amido (Amisol) 18,5%
Fosfato tricálcico qsp 100%
Realizar revestimento entérico.
6.3.5. Sugestão de Excipiente para Pentoxifilina
Hidroxipropümetilcelulose 40% (do peso total do volume
ocupado na cápsula do fármaco mais o excipiente).
6.3.6. Sugestão de Excipiente para Finasterida
Docusato sódico 0,5%
Hidroxipropümetilcelulose (HPMC) 15,0%
Talco farmacêutico 30,0%
Amido de milho (Amisol®) qsp 100,0%
6.3.7. Sugestão de Excipiente para Sertralina
Lauril sulfato de sódio 1,5%
Aerosil 1%
Amido 30%
Celulose microcristalina qsp 100
224
Capitulo 5 - Manipulação
6.3.8. Sugestão de Excipiente para Metildopa (Fc3 = 1,18)
Bissulfito de sódio 0,1%
Ácido cítrico 1,0%
EDTA-Na2 0,1%
Aerosil 1,0%
Explotab ® (glicolato sódico de amido) 1,5%
Alfa-metildopa Sesquihidratada qsp 100%
6.3.9. Sugestão de Excipiente para Amlodipina Besilato
Fosfato de cálcio dibásico 40%
Glicolato sódico de amido 2,0%
Amido 30%
Estearato de magnésio 1 %
Celulose microcristalina qsp 100g
6.3.10. Sugestão de Excipiente para Enalapril
Estearato de magnésio 1%
Dióxido de silício coloidal (Aerosil ®) 1%
Lactose qsp 200mg
6.3.11. Sugestão de Excipiente para Inibidores da ECA, ex-
ceto Enalapril
Bissulfito de sódio 0,1%
Fosfato de cálcio 30%
Manitol 30%
Estearato de magnésio 1 %
Amidoqsp 100%
6.3.12. Sugestão de Excipiente Venlafaxina
Celulose microcristalina 20%
Explomido (Glicolato sódico de amido) 3%
Estearato de magnésio 1 %
Lactose 100%
Fc = Fator de correcão da diluição e do ativo
Capítulo 5 - Manipulação
6.3.13. Sugestão de Excipiente Dietilestilbestrol
Lauril sulfato de sódio 0,5%
Estearato de magnésio 0,5%
Lactoseqsp 100%
6.3.14. Sugestão de Excipiente para Sais Alcalóidicos e Sais
de Potássio
Aerosil 1%
Estearato de magnésio 1 %
Lactoseqsp 100%
6.3.15. Sugestão de Excipiente para Lovastatina, Pravasta-
tina e Sinvastatina
Butil hidroxi anisol 0,02%
Manitol 30%
Estearato de magnésio 1 %
Dilucap qsp 100%
6.3.16. Sugestão de Excipientepara Estrógenos Conjugados
Fosfato de cálcio tribásico 40%
Sulfato de cálcio 2 H20 10%
Estearato de magnésio 1%
HPMC 20%
Lauril sulfato de sódio 1%
Lactoseqsp 100%
6.3.17. Sugestão de excipiente para o Clorazepato de Po-
tássio
Aerosil 1%
Estearato de magnésio 1%
Óxido de magnésio 10%
HPMC 40%
Talcoqsp 100%
6.3.18. Sugestão de Excipiente para Genfibrozila
Tratar com polisorbato 80 (tween®80) 1%.
226
Capítulo 5 - Manipulação
6.3.19. Sugestão de Excipiente para Cloridrato de Fluoxeti-
na
Celulose microcristalina 20%
Estearato de magnésio 0,5%
Talco 3%
Simeticone pó 2%
Amidoqsp 100%
6.3.20. Sugestão de Excipiente para Risperidona
Lauril sulfato de sódio 1%
Aerosil 1%
HPMC 30%
Estearato de magnésio 0,5%
Celutose microcristalina 15%
Amido 20%
Lactoseqsp 100%
6.3.21. Sugestão de Excipiente para Oxandrolona
HPMC 40%
Dilucapqsp 100%
6.3.22. Sugestão de Excipiente e Diluente para T3 e T4
Celulose microcristalina 3,6%
CMC 3,6%
Talco 3,6%
Ácido cítrico 2%
Estearato de magnésio 0,7%
Amido de milho 12,6%
Fosfato de cálcio dibásico qsp 100%
6.3.23. Sugestão de Excipiente para Levofloxacina
HPMC 30%
Celulose microcristalina 20%
Estearato de magnésio 0,5%
Tween80 2%
Talcoqsp 100%
227
Capítulo 5 - Manipulação
6.3.24. Sugestão de Excipiente para Tibolona
Amido 10%
Estearato de magnésio 0,5%
Palmitato de ascorbila 0,2%
Lactoseqsp 100%
6.3.25. Sugestão de Excipiente para L-Carnitina
L-Carnitina 250mg
Óxido de Magnésio 100mg
Aerosil 5mg
Estearato de Magnésio 5mg
Avicel PH 101 qsp 500mg
6.3.26. Sugestão de Excipiente para cápsula (geral)
Amido de milho 96 partes
Talco farmacêutico 3 partes
Estearato de magnésio 1 parte
6.4. Excipientes que podem ser utilizados para aumen-
tar a estabilidade de misturas eutéticas
6.4.1. Efetivos:
Carbonato de magnésio, caolim e óxido de magnésio leve.
6.4.2. Menos efetivos:
Óxido de magnésio pesado, fosfato de cálcio tribásico e sílica
gel.
6.4.3. Relativamente inefetivos:
Talco, lactosee amido
228
Capitulo 5 - Manipulação
6.5. Agentes Molhantes (Surfactantes) utilizados em
cápsulas e comprimidos:
São adjuvantes farmacotécnicos, empregados em formula-
ções farmacêuticas sólidas, com objetivo de facilitar o contato com
os fluidos gastrointestinais, facilitando a molhagem neste meio a-
quoso e conseqüentemente, favorecendo a dissolução e otimizando
a absorção. Sua adição no excipiente de fármacos pouco solúveis e
hidrofóbicos é importante para a biodisponibilidade destes.
São empregados em formas sólidas, tensioativos aniônicos e
não-iônicos:
Tensioativos aniônicos: lauril sulfato de sódio, dioctilsulfo-
succinato de sódio (docusato sódico).
Tensioativos não-iônicos: polisorbato 80, 20, 60; lecitina de
soja.
0 agente molhante não deve interagir com o fármaco. Tensi-
oativos aniônicos podem ser incompatíveis com fármacos catiônicos,
devendo-se optar nestes casos pelo tensioativo não-iônico.
6.6. Agentes Alcalinizantes:
São utilizados em formas farmacêuticas sólidas de uso oral
com o objetivo de:
• Evitar a hidrólise ácida no estômago
• Reduzir os efeitos gastroirritantes do fármaco
• Aumentar a biodisponibilidade do fármaco, otimizando sua
dissolução.
6.6.1. Agentes alcalinizantes mais empregados:
• Fosfatos alcalinos
• Carbonato de cálcio
• Citrato de sódio
• Bicarbonato de sódio
• Glicinato de alumínio
229
Capítulo 5 - Manipulação
6.7. Antioxidantes
6.7.1. Oxidação:
Processo que leva à decomposição de uma matéria-prima,
com perda de sua função. A luz, o ar, o calor, os contaminantes do
meio (catalisadores ->metais pesados) e o pH do meio são os inici-
antes deste tipo de reação. 0 mecanismo de oxidação inicia-se com
a formação do que chamamos radicais livres.
6.7.2 Antioxidantes:
São substâncias que preservam a formulação de qualquer
processo oxidativo. São capazes de inibir a deterioração oxidativa
(destruição por ação do oxigênio) de produtos fármaco-cosméticos,
com conseqüente desenvolvimento de ranço oxidativo em óleos e
gorduras ou inativação de medicamentos.
A. Antioxidantes que atuam interrompendo as cadeias de radicais
livres formadas (antioxidantes verdadeiros):
• BHA
• BHT
• Alfa-tocoferol (vit.E)
• Propil galato
B. Atuam sofrendo oxidacão (agentes redutores):
• Metabissulfito de sódio
• Bissulfito de sódio
• Ácido ascórbico (vit.C)
• Palmitato de ascorbila
C. Antioxidantes que atuam por mecanismos preventivos (antioxi-
dantes sinerojstas):
• Ácido cítrico
• Ácido etilenodiaminotetracético (EDTA)
• Cisteína
• Glutation
• Metionina
230
Capítulo 5 - Manipulação
6.7.3. Uso adequado de antioxidantes:
A. Antioxidantes para Sistemas Aquosos:
• Ácido ascórbico
• Metabissulfito de sódio
• Tiossulfato de sódio
• Cloridrato de cisteína
B, Antioxidantes para Sistemas Oleosos:
• BHT
• BHA
• Alfa-tocoferol
• Ascorbil palmitato
• Propilgalato
6.7.4. Antioxidantes para Sistemas Aquosos:
A. Ácido Ascórbico: Pó cristalino branco ou ligeiramente amarelado,
inodoro. Escurece gradualmente quando exposto à luz. Razoavel-
mente estável no estado seco, mas oxida em solução.
Solubilidade: 1g/3ml de água, 1g/30ml de álcool.
Concentração antioxidante efetiva: 0,05 a 3,0%
B. Bissulfito de Sódio (NaHS03): Pó ou cristais brancos ou branco-
amarelados. Com odor característico de dióxido sulfúrico, sabor
desagradável, instável no ar, perdendo S02 e gradualmente oxidan-
do para sulfato.
Solubilidade: 1g/4ml de água, 1g/70ml de álcool
Concentrações efetivas: 0,1%
C. Metabissulfito de sódio (Na gSgOgl: Pó branco ou cristais incolores
com um odor sulfuroso, sabor ácído e salino. Oxida lentamente a
sulfato quando exposto ao ar e à umidade.
Concentrações efetivas: 0,02 a 1,0%
Nota: Os sutfitos são conhecidos por causar alerçia.
231
Capitulo 5 - Manipulação
D. Tiossulfato de sódio (Na?S?0j.5HzQ): Pó cristalino ou cristais inco-
lores grandes. E eflorescente no ar seco em temperaturas acima de
33°C e levemente deliquescente em ar úmido. Soluções aquosas são
neutras ou levemente alcalinas.
Solubilidade: 1g/0,5ml de água, insolúvel em álcool.
Concentração efetiva: 0,05%
6.7.5. Antioxidantes para Sistemas Oleosos:
A. Ascorbil Palmitato: Pó branco ou branco-amarelado com odor
característico.
Solubilidade: Muito levemente solúvel em água e em óleos
vegetais; solúvel em álcool.
Concentração efetiva: 0,01 a 0,2%
B. Butilhidroxianisol (BHA): Cera sólida branca ou branca-
amarelada, com fraco odor.
Solubilidade: Insolúvel em água, facilmente solúvel em álco-
ol e propilenoglicol.
Concentrações efetivas: 0,005 a 0,01%
C. Butilhidroxitoiueno (BHT): Sólido cristalino branco com um fraco
odor.
Solubilidade: Insolúvel em água e em propilenoglicol, facil-
mente solúvel em álcool.
Concentração efetiva: 0,03 a 0,1%
D. Propilqalato: Pó cristalino branco, com odor muito leve.
Solubilidade: Levemente solúvel em água e levemente solú-
vel em álcool.
Concentração efetiva: 0,005 a 0,15%.
E. Aifa-tocoferol (VIT.E): Óleo viscoso, claro, amarelo ou amarelo-
esverdeado. Praticamente inodoro, instável à luz e ao ar.
Solubilidade: Insolúvel em água, solúvel em álcool, miscível
com acetona e óleos vegetais.
Concentração efetiva: 0,05 a 2%
232
Capítulo 5 - Manipulação
6.8. Lubrificantes, Antiaderentes e Deslizantes
Promovem o escoamento de pós e granulados por redução da
fricção das partículas.
• Estearato de magnésio.
• Estearato de cálcio.
• Ácido esteárico.
• Talco (5%).
• Amidodemüho (5 a 10%)
• Sílica coloidal (Aerosil®).
6.9. Diluições
Alguns fármacos são muito potentes e são utilizados em pe-
quenas doses. Para maior segurança na pesagem destes fármacos
deve-se dilui-los de tal forma que a dosagem seja de fácil pesagem
e os riscos de sobredose sejam minimizados em caso de algum equí-
voco neste procedimento.
6.9.1. Relação dos Fármacos que devem ser diluídos
Tabela 24: Relação dos Fármacos que devem ser diluídos
IFÁRMACO
Ácido Fólico
AlprazolamBendroflumetiazida
Betametazona
Biotina
Biperideno
Bromazepam
Bumetamida
Buspirona
Cetotifeno
Clonazepam
Clonidina
Cloxazolam
DILUIÇÃO
1:100
1:10
1:10
1:100
1:10
1:10
1:10
1:100
1:10
1:10
1:10
1:100
1:10
DILUENTES
(sugestões - opções)
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
233
Capitulo 5 - Manipulação
Continuação Tabela 24
FARMACO
Cobamamida
(coenzima B12)
Dextrotiroxina
Diazepam
Dietilestilbestrol
Digitoxina
Digoxina
Dihidroergocristina
Ergotamina tartarato
Estanozolol
Estriol
Etinil estradiol
Finasterida
Fludrocortisona
Flufenazina
Hidrocortisona
loimbina
L-deprenil
Loperamida
Loratadina
Lorazepam
Mazindol
Meloxicam
Metil brometo de homa-
tropina
Metilprednisolona
Metotrexato
Norestiterona
Oxandrolona
Prednisolona
Reserpina
Salbutamol
Simeticone
T3
DILUIÇAO
1:10
1:10
1:10
1:10
1:100
1:100
1:10
1:100
1:10
1:10
1:100
1:10
1:100
1:10
1:10
1:10
1:10
1:10
1:10
1:10
1:100
1:100
1:10
1:10
1:10
1:10
1:10
1:10
1:100
1:100
1:2 (50%)
1:1000
DILUENTES
(sugestões - opções)
Talco, Amido ou Manitol
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Talco
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose ou Talco
Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Talco ou Amido
Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Hidróxido de aluminio +
Carbonato magnésio
Lactose, Talco ou Amido
234
Capitulo 5 - Manipulação
Continuaçõo Tabela 24
FARMACO
T4
Tizanidina
Triac
Trifluoperazina
Vit. B12
Vitamina K
DILUIÇAO
1:1000
1:10
1:100
1:10
1:100
1:100
DILUENTES
(sugestões - opções)
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Lactose, Talco ou Amido
Obs: Não constam nesta lista, matérías-primas diluídas "de fábrica" que no entanto, necessi-
tam de fatores de correçõo (ex: Betacaroteno 10%).
6.9.2. Técnicas de Diluição
Materiat Utilizado
Tamis
Gral(2)
Pistilo (2)
Papel manteiga
Saco plástico
Espátula de plástico
Frasco âmbar (para armazenamento de matéria-prima).
A. Diluicão Geométrica (1:100 OU 1%)
1g do fármaco + 99 g de diluente (excipiente)
Pesar 1g do fármaco, colocando-o em um gral de porcelana.
Pesar entre 0,1 a 0,5% de corante alimentício sólido ou vita-
mina B2, em relação ao peso total da diluição, adicionando-o ao
fármaco no gral.
Tritura-se o corante (com algumas gotas de água), misturan-
do-o posteriormente também ao fármaco a ser diluído.
Adicionar 1g do diluente no gral, misturá-lo bem com o fár-
maco e o corante.
Adicionar 2g do diluente no gral; misturar bem, observando a
homogeneização pelo corante.
Adicionar 4g do diluente no gral misturando bem e assim su-
cessivamente, 8g - 16g - 32g até completar as 100g da diluição.
235
Capitulo 5 - Manipulação
Efetuar a tamisação do "pó" com pistilo, pressionando o pó
contra o tamis em movimentos circulares e de "vai e vem" até o
esgotamento do pó sobre o tamis.
Transferir o pó depositado no suporte para um novo gral lim-
po e sanitizado.
Misturar o pó no gral com pistilo, revolvendo o pó no fundo e
laterais do gral, bem como no pistilo com a espátula de plástico.
Transferir o pó do gral para um saco plástico inerte, enchen-
do-o com ar (não soprar), agitando-o bem.
Analisar visualmente a homogeneização do pó, caso não te-
nha pontos brancos, a diluição estará completa, caso contrário vol-
tar ao passo 8 repetindo as operações seguintes.
Embalar e armazenar o produto em frasco de vidro âmbar
(adequado para armazenamento de matérias-primas, protegido do
calor, devidamente identificado com a especificação da diluição
realizada, bem como o fator de correção a ser aplicado).
B. Diluicão Geométrica (1:10 OU 10%)
Segue o mesmo procedimento anterior, com a diferença que
neste caso, considera-se 1g do fdrmaco + 9 g do diluente, descon-
tando-se a quantidade de corante utilizado do diluente.
C. DiLuicão Geométrica (1:500)
Segue o mesmo procedimento descrito anteriormente, com a
diferença que neste caso, considera-se 1% do fármaco + 499% do
diluente, descontando-se a quantidade de corante utilizado do dilu-
ente.
E. Diluição Geométrica (1:1000)
Segue o mesmo procedimento descrito anteriormente, com a
diferença que neste caso, considera-se 7g do fármaco + 999% do
diluente, descontando-se a quantidade de corante utilizado do diLu-
ente.
236
Capítulo 5 - Manipulação
6.9.3. Diluições Especiais
A, Diluição de Substância na Forma Oleosa
Óleo de Simeticone
1. Simeticone 100% DC*A Medical
(não hidrossolúvel)
2. Hidróxido de Alumínio
3. Carbonato de Magnésio
4. Aerosil
1.000 G
500 G
500 G
q.s.
Procedimento
Passo 1: Misturar o Hidróxido de Alumínio e o Carbonato de Magné-
sio em um gral.
Passo 2: Adicionar o óleo de simeticone aos poucos, mexendo sem-
pre.
Passo 3: Passar por um tamis a mistura, acrescentando o Aerosil na
passagem.
N0TA: Os simetkones utilizados para formulações liquidas são simeticones 30% (DCX Medical
Emulsion, DCC 7-9245 Emulsion). Ambos são hidrossotúveis.
B. Diluição da Anfepramona HCl (Dietilpropiona)
-Tratamento Especial Fc = 1.13
A anfepramona HCl é uma substância de natureza muito hi-
groscópica, necessitando de um tratamento prévio à sua pesagem e
encapsulação, prevenindo assim futuros problemas com umidade
nas cápsulas. Portanto, devemos realizar a seguinte diluição:
ANFEPRAMONA HCl
D.L. ACIDO TARTARICO
AEROSIL
100g
3g
10g
Procedimento:
Passo 1: Pesar o DL-Ácido tartárico em um pedaço de papel mantei-
ga e verter para um gral de porcelana. Triturá-lo muito bem e re-
servar;
Passo 2: Tarar um saco plástico na balança, pesar o aerosil e logo
em seguida o cloridrato de anfepramona.
237
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 3: Retirar o saco plástico da balança, encher de ar (não so-
prar), fechar e homogeneizar bem.
Passo 4: Transferir aos poucos esta mistura do saco plástico (aerosil
+ anfepramona) no gral de porcelana, onde está o DL ácido tartárico
e misturar muito bem com o pistilo.
Passo 5: Depois que todo o "pó" estiver no gral de porcelana e bem
misturado, efetuar a tamisação do "pó" com pistilo, pressionando o
pó contra o tamis em movimentos circulares e de "vai e vem" até o
esgotamento do pó sobre o tamis.
Passo 6: Transferir o pó depositado no suporte para o gral de porce-
lana.
Passo 7: Misturar o pó no gral com pistilo, revolvendo o pó aderido
no fundo e nas laterais do gral e no pistilo com a espátula de plásti-
co.
Passo 8: Transferir o pó do gral para o mesmo saco plástico (previa-
mente tarado), onde estava o aerosil e anfepramona para a pesa-
gem final.
Passo 9: Cada tratamento especial (diluição) feito com a anfepra-
mona HQ, deve seguir o relatório de diluição da anfepramona HCl,
conforme modelo em anexo.
Passo 10: Embalar a anfepramona diluída em frasco de vidro âmbar,
protegido do calor, devidamente identificado com indicação do fa-
tor de correção 1,13. A anfepramona diluída pode também ser ar-
mazenada em saco plástico escuro.
MODELO DO RELATÓRIO DE DILUIÇÃO DA ANFEPRAMONA HCI:
Anfepramona HCl g
D.L. Ácido Tartárico g
Aerosil g
Fornecedor:
Lote:
Validade:
Fabricação:
Peso final:
Assinatura do responsável pela diluição:
Assinatura do farmacêutico responsável:
Data:....//
238
Capitulo 5 - Manipulação
Processo de Manipulação - Líquidos e Semi-Sólidos
Neste laboratório são manipuladas as seguintes formas far-
macêuticas: Líquidas (soluções, xaropes, elixires, suspensões, emul-
sões, tinturas e extratos fluidos), Pastosas (pomadas, cremes, pas-
tas, ceratos, Unimentos, unguentos, loções e gêis), Sólidas (suposi-
tórios e óvulos).
7. Noções Básicas de Farmacotécnica
7.1. Farmacotécnica (Definição)
É a parte da ciência farmacêutica que trata da preparação
de medicamentos, ou seja, da transformação de drogas (matérias-
primas) em medicamentos; estuda o preparo, a purificação, as in-
compatibilidades físicas e químicas e a escolha da forma farmacêu-
tica (xarope, solução, suspensão, cápsula, etc) mais adequada à
finalidade pretendida.
7.2. Bibliografia Básica
• Farmacopéias: Brasileira, Européia, Americana e Britânica.
• Tecnologia Farmacêutica 3 volumes (Prista).
• Martindale.
• Manual de Terapêutica Dermatológica e Cosmetologia (Pris-
ta).
• Noções de Farmácia Galênica (A. Le Hir)
• Incompatibilidades Medicamentosas (Virgilio Lucas).
• Formulário Médico Farmacêutico (Virgílio Lucas).
• Farmacotécnica (Helou).
• Merck Index.
• The Art, & Science and Technology of Pharmaceutical Com-
pounding (Loyd Allen Jr.)
239
Capítulo 5 - Manipulação
7.3. Composição de uma Fórmula
Princípio(s) ativo(s): responsável pela ação farmacológica.
Coadjuvantes técnicos ou adjuvantes farmacotécnicos: substâncias
em geral inertes, cuja função é estabilizar a fórmula em nível quí-
mico, físico ou microbiológico.
Veículo (líquido) ou excipiente (sólido ou semi-sólido): parte da
fórmula na qual são misturados os princípios ativos.
7.4. Coadjuvantes Técnicos
7.4.1. Agentes Acidificantes:
Usados em preparações líquidas para acidificar o meio com o
objetivo de fornecer estabilidade ao produto.
Ex.: ácido acético, ácido cítrico, ácido fumárico, ácido clorídrico,
etc.
7.4.2. Agentes Alcalinizantes:
Usados em preparações líquidas para alcalinizar o meio com
o objetivo de fornecer estabilidade ao produto.
Ex.: hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, solução de amônia,
dietanolamina, monoetanolamina, borato de sódio (bórax), trietano-
lamina, carbonato de amônio, etc.
7.4.3. Adsorvente:
Agente capaz de adsorver outras moléculas em sua superfície
por ação química ou física.
Ex.: carvão ativado e celulose pó.
7.4.4. Propelente (Aerosol):
Agente responsável pelo desenvolvimento de pressão em um
frasco aerosol, permitindo a expelição do produto quando a válvula
é acionada.
Ex.: dióxido de carbono (C02), diclorodifluorometano, diclorotetra-
fluoroetano e tricloromonofluorometano.
240
Capítulo 5 - Manipulação
7.4.5. Desincorporante de Ar:
Agente empregado para desincorporar ar em um recipiente
fechado ou formulação com o objetivo de aumentar a estabilidade
do produto.
Ex.: Nitrogênio (N2).
7.4.6. Conservantes Anti-Fúngicos:
São usados em preparações líquidas e semi-sólidas (cremes,
pomadas, etc) para prevenir o crescimento fúngico. A efetividade
dos parabenos é normalmente aumentada quando eles são utilizados
em combinação.
Ex.: ácido benzóico, butilparabeno, etilparabeno, metilparabeno
(nipagin), propilparabeno (nipazol) e propionato de sódio.
7.4.7. Conservante Antimicrobiano:
São usados em preparações líquidas e semi-sólidas para a
prevenção de microorganismos (bactérias).
Ex.: cloreto de benzalcônio, cloreto de benzetônio, álcool benzílico,
clorobutanol, fenol, nitrato fenilmercúrico, timerosol, etc.
7.4.8. Antioxidante:
Agente que inibe a oxidação, sendo utilizados para prevenir
a deterioração de preparações por processos oxidativos.
Ex.: ácido ascórbico, ascorbil palmitato, BHA (butil hidroxianisol),
BHT (butil hidroxitolueno), propitgalato, ascorbato de sódio, bissul-
fito de sódio e metabissulfito de sódio.
7.4.9. Agente Tampão:
Usado para fornecer à formulação, resistência contra mu-
danças de pH em casos de diluição ou adição de substância de cará-
ter ácido ou básico.
Ex.: citrato de sódio anidro e dihidratado, metafosfato de potássio,
fosfato de potássio, acetato de sódio monobásico, tampão citrato,
tampão borato, tampão fosfato.
7.4.10. Agente Quelante (Sequestrante):
Substância que forma complexo estável (quelato) com me-
tais. Os agentes quelantes são utilizados em algumas preparações
líquidas como estabilizantes para complexar metais pesados, os
quais podem promover instabilidade em formulações.
Ex.: EDTA dissódico, EDTA tetrassódico e ácido edético.
241
Capítulo 5 - Manipulação
7.4.11. Corantes:
Usados para dar cor às preparações farmacèuticas líquidas e
sólidas. Deve-se consultar a lista de corantes permitidos, bem co-
mo, a adequação de corantes alimentícios ou não. Sabe-se que al-
guns corantes alimentícios permitidos como o amarelo de tartrazina
e o vermelho, podem causar manifestações alérgicas e sintomas de
intolerância gastrointestinal em pacientes sensíveis, isto acontece
principalmente com a ingestão de cápsulas coloridas com algum
destes corantes, neste caso, usar cápsulas incolores ou brancas.
7.4.12. Agente Clari f icante:
Usado como auxiliar na filtragem devido a suas propriedades
adsorventes.
Ex.: bentonita.
7.4.13. Agente Emulsif icante:
Usado para promover ou manter a dispersão finamente sub-
dividida em partículas de um líquido em um veículo no qual ele é
imiscível. 0 produto final pode ser uma emulsão líquida ou emulsão
semi-sólida (ex.: creme).
Ex.: acácia, álcool cetílico, monoestearato de glicerila, monooleato
de sorbitan, etc.
7.4.14. Agente de Revestimento:
Usado com o objetivo de formar uma fina camada com o
propósito de revestir a substância ou a formulação para adequar a
sua administração.
Ex.: gelatina e acetoftalato de celulose.
7.4.15. Flavorízantes:
Usados para fomecer sabor agradável e, também odor para
as preparações farmacêuticas.
Ex.: vanilina, mentol, óleo de laranja, óleo de canela, óleo de anis,
óleo de menta, cacau e etc.
7.4.16. Umectantes:
Usados para prevenir o ressecamento de preparações, princi-
palmente, pomadas e cremes, através de sua propriedade de reter
água.
Ex.: glicerina, propilenoglicol e sorbitol.
242
Capitulo 5 - Manipulação
7.4.17. Agente Levigante:
Um líquido usado como agente facilitador na redução das
partículas de uma droga em pó com trituração concomitante com
pistilo em um gral. Ex.: glicerina e óleo mineral.
7.4.18. Base para Pomada:
Excipiente semi-sólido no qual princípios ativos podem ser
incorporados no preparo de pomadas farmacêuticas.
Ex.: lanolina, pomada hidrofílica, pomada de polietinoglicol (PEG),
vaselina e unigel.
7.4.19. Solvente:
Agente usado para dissolver outra substância farmacêutica
ou droga na preparação de uma solução. 0 solvente pode ser aquoso
ou não-aquoso como óleos. Co-solventes, tal como água e álcool
(hidroalcoólico) e água e glicerina, podem ser utilizados quando
necessário. Os solventes precisam ser estéreis quando utilizados em
preparações estéreis (ex.: colírios).
7.4.20. Agente de Consistência:
Usados para aumentar a consistência e a dureza de prepara-
ções farmacêuticas, como cremes e pomadas.
Ex.: álcool cetílico, parafina, álcool estearílico, cera branca e ama-
rela e ésteres cetilicos.
7.4.21. Base para Supositórios:
Usado como um excipiente para incorporação de substâncias
medicamentosas na preparação de supositórios.
Ex.: manteiga de cacau e polietilenoglicol (mistura).
7.4.22. Surfactantes (Agentes Tensioativos):
Substâncias que reduzem a tensão superficial. Podem ser u-
sadas como agentes molhantes, detergentes e emulsificantes.
Ex.: cloreto de benzalcônio, polisorbato 80 (Tween 80), lauril sulfa-
to de sódio e etc.
7.4.23. Agentes Suspensores:
Agente doador de viscosidade, utilizado para reduzir a velo-
cidade de sedimentação de partículas (drogas) dispersadas em um
veículo no qual elas não são solúveis. As suspensões podem ser for-
muladas para uso oral, oftálmico,tópico, parenteral ou outras vias
243
Capítulo 5 - Manipulação
de administração.
Ex.: ágar, bentonita, carbômero (carbopol), carboximeticelulose
sódica (CMC-Na), hidroxietilcelulose (natrosol), hidroxipropil celulo-
se, hidroxipropil metilcelulose, caolim, metilcelulose, goma adra-
ganta, veegum, etc.
7.4.24. Agente Edulcorante:
Usado para adoçar (edulcorar) uma preparação farmacêuti-
ca.
Ex.: aspartame, acesulfame, dextrose (glicose), glicerina, manitol,
sorbitol, sacarina sódica, ciclamato sódico, açúcar.
7.4.25. Agente Antiaderente (Lubrificante):
Agentes que previnem a aderência do produto nas punções
da máquina de comprimir durante a produção. Promove um desli-
zamento fácil da fórmula, otimizando o processo.
Ex.: Estearato de magnésio e lauril sulfato de sódio.
7.4.26. Agente Aglutinante:
Substâncias utilizadas para produzir adesão de partículas de
pó no processo de granulação.
Ex.: acácia, ácido algínico, carboximetilcelulose, etilcelulose, gela-
tina, solução de glicose, metilcelulose, povidona e amido pré-
gelatinizado.
7.4.27. Agentes de Tonicidade (Isotonizantes):
Usados para formar uma solução com características osmóti-
cas semelhantes aos fluidos fisiológicos. Formulações de uso oftál-
mico, parenteral (injetável) e fluidos de irrigação são exemplos de
preparações farmacêuticas nas quais a tonicidade deve ser conside-
rada.
Ex.: cloreto de sódio (NaCl) e dextrose.
7.4.28. Veículo:
É um agente transportador para uma substância farmacêuti-
ca. É utilizado em uma variedade de formulações líquidas para uso
oral, parenteral ou tópico.
Ex.: Veiculos flavorizantes/edulcorantes: xarope de cereja, xarope
de cacau, xarope simples e xarope de laranja; Veículos oleaginosos:
óleo de milho, óleo mineral, óleo de amendoim e óleo de gergelim;
Veiculos estéreis: solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%) e água bi-
244
Capitulo 5 - Manipulação
destilada para injeções.
7.4.29. Agente de Viscosidade:
Usado para mudar a consistência de uma preparação, forne-
cendo maior resistência ao escoamento. Utilizados em suspensões
para deter a sedimentação, em soluções oftálmicas para aumentar o
tempo de contato da droga com o local de ação (ex.: metilceluose),
para tornar mais consistentes cremes, xampus, etc.
Ex.: ácido atgínico, bentonita, carbômero (carbopol), CMC-Na, me-
tilcelulose, povidona, alginato de sódio e goma adraganta.
7.4.30. Diluentes de Cápsulas e Comprimidos (Excipiente):
Substâncias "inertes" utilizadas como agente de enchimento
para criar um volume desejado, apresentando propriedades de fluxo
e compressão, características necessárias no processo de prepara-
ção de comprimidos e cápsulas.
Éx.: fosfato de cálcio dibásico, caolim, lactose, manitol, celulose
microcristalina, celulose pulverizada, carbonato de cálcio, sorbitol,
amido.
7.4.31. Agente "Coating":
Usado para revestir o comprimido com o propósito de prote-
gê-lo contra a decomposição pelo oxigênio atmosférico ou umidade,
para liberação controlada da droga, para mascarar sabor ou odor
desagradável da droga ou finalidades estéticas (aparência do com-
primido). 0 revestimento pode ser de vários tipos, incluindo o re-
vestimento com açúcar, o film coating, revestimento entérico.
Ex.: Revestimento com açúcar: glicose líquida e açúcar; Film coa-
r/ng: hidroxietilcetulose, hidroxipropilcelutose, hidroxipropit metil-
celulose, metilcelulose (metocei) e etilcelulose (etocel); Revesti-
mento entérico: acetoftalato de celulose, shellac e copolímero de
ácido metacrílico/metacrilato de metila (Eudragit® L 100).
7.4.32. Excipiente para Compressão Direta de Comprimidos:
Utilizados para compressão direta em formutações de com-
primidos.
Ex.: Fosfato de cálcio dibásico (Ditab®).
7.4.33. Desintegrante de Comprimidos:
Utilizado em forma sótida para promover a ruptura da massa
sólida que contêm no seu interior particulas menores as quais são
245
Capitulo 5 - Manipulação
rapidamente dispersadas ou dissolvidas.
Ex.: ácido algínico, celulose microcristalina (Avicel®), alginato sódi-
co, amido, glicolato sódico de amido e carboximetilcelulose cálcica.
7.4.34. Agente Opacificante:
Usado para tornar o revestimento de comprimidos opacos.
Pode ser utilizado sozinho ou em combinação com um corante.
Ex.: dióxido de titânio.
7.4.35. Agente de Polimento:
Usado para tornar atrativo (dar brilho) os comprimidos reves-
tidos.
Ex.: cera de carnaúba e cera branca.
7.4.36. Agentes de Levigação
A. Levigação
É o processo de redução do tamanho de partículas sólidas por
trituração em um gral ou espatulação, utilizando uma pequena
quantidade de um líquido ou de uma base fundida na qual o sólido
não é solúvel.
246
Capitulo 5 - Manipulação
Tabela 25. Agentes de Levigação
Agente
levigante
Oleo mineral
(vaselina
líquida)
Glicerina
Propilenogli-
col
PEG 400
Densidade
0,88
1,26
1,04
1,13
Miscibilidade
miscível em óleos
fixos (exceto óleo de
rícino)
imiscível com água,
álcool, glicerina,
propilenoglicol, PEG
400 e óleo de rícino
miscível com água,
álcool, propilenogli-
col e PEG 400
imiscível com óleo
mineral e óleos fixos
miscível com água,
álcool, glicerina e
PEG 400
imiscível com óleo
mineral e óleos fixos
miscível em água,
álcool, glicerina e
propilenoglicol
imiscível com óleo
mineral e óleos fixos
Usos
bases oleo-
sas
base de ab-
sorção
emulsões
água/óleo
emulsões
bases
óleo /água
bases solú-
veis em água
e ictiol
emulsões
base
óleo/água
bases solú-
veis
em água
emulsões
base
óleo/água
bases
solúveis
em água
247
Capítulo 5 - Manipulação
Continuaqão Tabeia 25
Agente
levigante
Oleo de
algodão
Óleo de ríci-
no
Polisorbato
80
(Tween 80)
Densidade
0,92
0,96
1,06 a 1,09
Miscibilidade
miscivel com óleo
mineral e outros ó-
leos fixos incluindo o
óleo de rícino
imiscível com água,
álcool, glicerina,
propilenoglicol e PEG
400
miscível com áicool e
outros óleos fixos.
Imiscível com água,
glicerina, propileno-
glicol, PEG 400 e óleo
mineral
miscível com água,
álcool, glicerina,
propilenoglicol, PEG
400, óleo mineral e
óleos fixos.
Usos
o óleo de al-
godão ou al-
gum outro
óleo vegetal
pode ser usa-
do como subs-
tituto para o
óleo mineral
quando um
óleo vegetal é
preferido ou
quando o só-
lido pode ser
incorporado
mais facil-
mente nestes
óleos.
ictiol ou bál-
samo do Peru,
mesmos usos
descritos para
o óleo de al-
godão.
Coaltar
Circunstâncias
em que um
surfactante é
desejado,
pode ser
incompatível
com algumas
emulsões á-
gua / óleo
Capitulo 5 - Manipulação
7.5. Antioxidantes
7.5.1. Antioxidantes para Sistemas Aquosos:
A. Ácido Ascórbico: Pó cristalino branco ou ligeiramente amarela-
do. Inodoro. Escurece gradualmente quando exposto à luz. Razoa-
velmente estável no estado seco, mas oxida em solução.
Solubilidade: 1g/3ml de água, 1g/30ml de álcool.
Concentração antioxidante efetiva: 0,05 a 3,0%
B. Bissulfito de Sódio (NaHS03): Pó ou cristais brancos ou branco
amarelados. Com odor característico de dióxido sulfúrico. Sabor
desagradável. Instável no ar, perdendo S02 e gradualmente oxidan-
do para sulfato.
Solubilidade: 1g/4ml de água, 1g/70ml de álcool
Concentrações efetivas: 0,1%
C. Metabissulfito de sódio (Na?S?05): Pó branco ou cristais incolores
com um odor sulfuroso. Sabor ácido e salino. Oxida lentamente a
sulfato quando exposto ao ar e à umidade.
Concentrações efetivas: 0,02 a 1,0%
Nota: Os sulfitos sõo conhecidos por causar alergia.
D. Tiossulfato de Sódio (NayS^Oj.SHgO): Pó cristalino ou cristais inco-
lores grandes. É eflorescente no ar seco em temperaturas acima de
33°C e levemente deliquescente em ar úmido. Soluções aquosas são
neutras ou levemente alcalinas.
Solubilidade: 1g/0,5ml de água, insolúvel em álcool.
Concentração efetiva: 0,05%
7.5.2. Antioxidantes para Sistemas Oleosos:
A. Ascorbil Palmitato: Pó branco ou branco-amarelado com odor
característico.
Solubilidade:Muito levemente solúvel em água e em óleos vegetais;
solúvel em álcool.
Concentração efetiva: 0,01 a 0,2%
249
Capitulo 5 - Manipulação
B. Butilhidroxianisol (BHA): Cera sólida branca ou branca amarela-
da. Com fraco odor.
Solubilidade: Insolúvel em água; facilmente solúvel em álcool e pro-
pilenoglicol.
Concentrações efetivas: 0,005 a 0,01%
C. Butilhidroxitolueno(BHT): Sólido cristalino branco com um fraco
odor.
Solubilidade: Insolúvel em água e em propilenoglicol e facilmente
solúvel em álcool.
Concentração efetiva: 0,03 a 0,1%
D. Propil Galato: Pó cristalino branco, com odor muito leve.
Solubilidade: Levemente solúvel em água; levemente solúvel em
álcool.
Concentração efetiva: 0,005 a 0,15%.
E. Alfa-Tocoferol (VIT.E): Óleo viscoso, claro, amarelo ou amarelo
esverdeado. Praticamente inodoro. Instável à luz e ao ar.
Solubilidade: Insolúvel em água, solúvel em álcool, miscivel com
acetona e óleos vegetais.
Concentração efetiva: 0,05 a 2%
7.5.3. Sistemas Antioxidantes para algumas formulações
Hidroquinona
Hidroquinona
associada ao
Ácido Glicólico
Acido Retinóico
Nitrato de miconazol
Cetoconazol creme
Sulfadiazina de prata
Resorcina
Oleos fixos
BHT/ metabissulfito de sódio (10% da
quantidade de hidroquinona) ou bissul-
fito de sódio
EDTA/metabissulfito de sódio ou bissul-
fito de sódio
vitamina C + EDTA Na2
BHT
BHA
EDTA/metabissulfito de sódio
BHT
Metabissulfito de sódio ou bissulfito de
sódio
BHT ou BHA
250
Capitulo 5 - Manipulação
7.6. Agentes Quelantes
7.6.1. EDTA-Disssódico:
• Pó cristalino, branco.
• Solubilidade: Solúvel em água.
• Concentracão efetiva: 0,1%
7.7. Agentes Acidificantes, Alcalinizantes e Tampões:
7.7.1. Agentes utilizados para ajustar pH ou para tamponar
• Ácido acético glacial
• Ácido bórico
• Ácido citrico
• Ácido clorídrico
• Ácido clorídrico diluído
• Ácido láctico
• Acetato de sódio
• Bicarbonato de sódio
• Carbonato de sódio
• Citrato de sódio e potássio
• Hidróxido de sódio e potássio
• Fosfato sódico dibásico
• Fosfato de potássio
• Fosfato monobásico de sódio
• Trietanolamina
7.8. pH e Tampões
7.8.1. pH
Entende-se por pH a concentração de ions hidrogênio (H*) e-
xistentes num meio. Dependendo da quantidade de hidrogênio em
relação a hidroxila (OH) têm-se um produto ácido, básico ou neu-
tro.
A. Ácido: Prevalece no meio o íon hidrogênio (H*) pH ácido, valores
inferior a 7. Ex.: gel com ácido glicólico.
251
Capitulo 5 - Manipulação
B. Básico: Prevalece no meio o íon hidroxila (OH ) pH básico, valores
superiores a 7. Ex.: Alisante de cabelo.
C. Neutro: As quantidades de íons hidroxila e hidrogênio são iguais,
pH neutro, valores iguais a 7.
7.8.2. Acerto do pH nas Formulações Magistrais
É necessário na prática diária em farmácia magistral, acertar
o pH de formulações o que significa elevar, abaixar ou neutralizar o
pH de um produto de acordo com as necessidades da formulação.
Para abaixar o pH do meio deve-se proceder a neutralização
de parte da hidroxila até o valor desejado, para isto, utiliza-se áci-
do.
Para aumentar o pH do meio deve-se proceder à neutraliza-
ção de parte do "hidrogênio" até o valor desejado, para isto, utili-
za-se uma base.
Tabela 26: pH em várias regiões do Corpo Humano
Tornozelos
Pés
Coxas
Seios
Cabelo
Rosto
Vagina
Costas
5.9
7.2
6.1
6.2
4.1
7.0
3.5 a 4.5
4.8
Axilas
Tronco
Pregas mamas
Perna e tornozelo
Pregas interdigitais
Saco conjuntival
Mãos
Nádegas
6.5
4.7
6.0
4.5
7.0
7.3 a 8.0
4.5
6.4
7.8.3. Tampões
Muitas vezes existe a necessidade de manter o pH de uma
formulação em valores inalteráveis durante o período de armaze-
namento, não apenas satisfazendo um simples ajuste do mesmo a
um valor desejado. Nestes casos, usa-se acrescentar uma solução
tampào que tem um valor de pH definido e que consiste numa mis-
tura de um ácido fraco com o seu sal.
Os valores de pH do tampão são alterados, a medida em que
variam as quantidades de ácido e base na solução.
A quantidade adicionada numa preparação farmacêutica,
252
Capitulo 5 - Manipulação
pode ir de 1% até o uso do tampão puro.
Quando o tampão a ser acrescentado tiver um valor de pH
muito distante do valor em que se encontra a preparação farmacêu-
tica, o melhor a fazer é acertar o pH e depois acrescentar o tam-
pão. Se o valor do pH da preparação estiver próximo ao do tampão
que será acrescido, basta acrescentar quantidade suficiente do tam-
pão.
Tabela 27: Tampão Citrato
PH
2,5
3,0
4,0
4,5
5,0
6,0
6,5
Acido cítrico
monohidratado g/l
64,4
57,4
40,6
30,8
19,6
4,2
1,8
Citrato de sódio
dihidratado g/i
7,8
17,6
41,2
54,9
70,6
92,1
95,6
Tabela 28: Tampão Fosfato
PH
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
8,0
8,5
Fosfato de Sódio
Dibásico g/1
Na2HP04
0,9
2,2
4,4
17,8
37,4
57,8
83,7
87,2
Fosfato ácido de sódio
g/l
NaH2P04
45,5
44,8
43,7
36,8
26,7
7,4
2,8
0,9
253
Capítulo 5 - Manipulação
7.8.4. Importância do ajuste de pH
Influência na dissolução de substância medicamentosa na
concentração pretendida.
Importante na manutenção da estabilidade, tanto química
como farmacodinâmica de preparações farmacêuticas.
Redução e prevenção do desencadeamento de fenômenos ir-
ritativos provocados por certos fármacos (preparações tópicas)
Garantia da obtenção de um efeito terapêutico adequado.
254
Capítulo 5 - Manipulação
8. Conservantes empregados em Preparações Orais Lí-
quidas
Tabela 29: Conservantes em Preparações Orais Líquidas
Conservante
Álcool etílico
Acido ben-
zóico e seus
sais (benzoa-
to de sódio)
Ácido sórbico
Sorbato de
Potássio
Metilparabe-
no (Nipa-
gin®)
Propilpara-
beno (Nipa-
zol®)
Concentração
usual
15 a20%
0,1 a0,2%
0,05 a0,2%
0,1 a 0,2%
0,015 a 0,2%
0,01 a0,2%
Espetro
antimicro-
biano
Bactérias e
fungos
Bactérias
Gram positi-
vas, bolores
e leveduras
Bolores e
leveduras
Fungos e
bactérias
Bactérias
Gram positi-
vas, bolores
e leveduras
Idem ao
metil para-
beno
PH
estabi-
lidade
Acido
2,0 a
5,0
2,5 a
6,0
2,5 a
6,0
3,0 a
9,5
Idem
ao
metil
para-
bono
Solubilidade
Miscível com
água,
acetona e
glicerina
Agua, etanol
Agua,
etanol,
propileno-
glicol,
glicerina,
óleos
Agua, eta-
nol, propile-
noglicol
Etanot,
propileno-
glicol, gli-
cerina,
água tépida
Idem ao
metilpara-
beno
Incompati-
bilidade
Agentes
não iônicos,
gomas,
cloretos e
permanga-
nato
Caolim,
proteínas,
glicerina,
tensoativos
não iònicos
(Tween 80),
compostos
quaterná-
rios e geta-
tina
Tensoativos
não iônicos
(Tween80)
Tensioati-
vos não
iônicos
Tensioati-
vos não
iônicos
(tween 80),
metilcelu-
lose, geta-
tina e pro-
teínas, sais
de ferro e
álcatis.
Idem ao
metilpara-
beno
Fo/ite: Adaptado de Castro e Handbook of Pharmaceutical Excipients
255
Capitulo 5 - Manipulação
8 .1 . Prinicipais Conservantes para Produtos de Uso Ex-
terno
Tabela 30: Conservantes para produtos de uso externo
Denominação
quimica
Ácido sórbico
2-bromo-2-
nitropropano-
1,3 diol
Bisguanida
catiônica
Imidazolidinil
uréia
Metilparabeno
Propilparabeno
Denomi-
nação
comercial
Acido
sórbico
Bronopol
Clorexidi-
na
Germall
115
Nipagin
Nipazol
Espectro de
ação
Fungos, leve-
duras, pouca
atividade
microbiana
Gram +,
Gram - (mais
ativo)
Fungos
(menos ativo)
Gram+,
Gram-
Pseudomonas
(menos ativo)
Fungos (me-
nos ativo)
Gram+
Gram-
Fungos e
Leveduras
Fungos e
leveduras
pHde
estabili-
dade
2,5 a 6,0
5 a 7
5 a 8
3 a 9.0
3 a 9,5
3 a 9,5
Incompati-
bilidades
Tween 80
Cisteina,
tioglicola-
to, tiosul-
fato e
metabissul-
fito
Tensioati-
vos aniôni-
cos, algina-
tos de
sódio, pode
ser parci-
almente
inativado
por lecitina
e tween 80
Avobenzo-
na
Gelatina,
proteína,
metilcelu-
lose,
Tween 80
Gelatina,
proteina,
metilcelu-
lose,
Tween 80
Concen-
tração
Usual0,05 a
0,2%
0,01 a
0,1%
0,01%
0,03 a
0,5%
0,02 a
0,3%
0,01 a
0,6%
256
Capitulo 5 - Manipulação
9. Corantes para Preparações de uso Interno
Os corantes a serem adicionados em produtos farmacêuticos
de uso sistêmico devem ser atóxicos e inativos farmacologicamente.
Eles não devem ser empregados para mascarar produtos de baixa
qualidade. Só deve ser utilizado corantes certificados para adminis-
tração em alimentos, drogas e cosméticos (FD&C - Food, Drug and
Cosmetics administration).
Tabela 31: Estabilidade de corantes certificados FD&C para vários
fatores os quais podem influenciar suas colorações em prepara-
ções farmacêuticas:
Corantes FD&C
(hidrossolúveis)
FDC azul #1
(azul brilhante)
FOC azul #3
(indigo carmim)
FDC verde #3
FDC vermelho #3
(eritrosina)
FDC vermelho #4
(Ponceau SX)
FDC amarelo #5 "
(tartrazina)
FDC amarelo ;;6
FDC vermelho #40
Acido
moderada
Boa
Boa
Pobre
Pobre
Boa
Boa
Boa
Alcali
Moderada
Moderada
Pobre
Boa
Boa
Boa
Boa
Boa
Luz
Boa
Pobre
Boa
Razoável
Razoável
Boa
Boa
Boa
Agentes
redutores
Boa
Moderada
Boa
Moderada
Moderada
Pobre
Pobre
Pobre
Agentes
oxidantes
Pobre
Pobre
Pobre
Razoável
Razoável
Razoável
Razoável
Moderada
Valor
pH*
4.9 a
5,6
8,5
4,2a
5,8
7.7
6,4
6,8
6,6
7,3
'valor de pH de uma solução a 1% do corante.
" 0 amarelo de tartrazina está retacionado com manifestações do tipo alérgicas em pessoas
sensiveis (incluindo pacientes com bronquite asmática). Apresenta reacão cruzada em paci-
entes sensíveis ao ácido acetilsalicílico.
Fonte: KINC R. E.
9.1. Corantes naturais:
Amarelo: curcuma e vitamina B2.
Vermelho: carmim, colchonilha.
Verde: clorofila.
Alaranjado: betacaroteno.
257
Capítulo 5 - Manipulação
9 .2 . Diluição de Corantes
9 . 2 . 1 . Solução Base para Diluição de Corantes
Corante 0,1 a 10% (concentração variável)
Propilenoglicol 3,0%
Metilparabeno 0,15%
Propilparabeno 0,05%
Álcool etílico 10,0%
Água desmineralizada qsp 100,0 ml
A quantidade de corante utilizada em uma formulação oral pode
variar de 0,0005 a 0,005% de corante.
Nota: Os corantes, se necessário, podem ser diiuídos exclusivamente em álcool.
9.3. Corantes e Pigmentos de uso externo
9.3.1. Conceito:
São substâncias que desenvolvem seu poder tintorial dissol-
vidas no meio em que são utilizadas.
9.3.2. Alguns Corantes Permitidos para Uso Externo
Tabela 32: Corantes para uso Externo
Color Index
10006
11920
75470
13015
15510
15800
42051
42080
42520
61565
72260
Cor
Verde
Laranja
Vermelho
Amarelo
Laranja
Vermelho
Azul
Azul
Violeta
Verde
Verde
Campo de Aplicação*
4
1
1
1
2
3
1
4
4
1
3
* Campo de aplicacão
1 - corantes permitidos para todos os tipos de pele
2 - corantes permitidos para todos os tipos de produtos "exceto"
258
Capitulo 5 - Manipulação
àqueles que são aplicados na área dos olhos
3 - Corantes permitidos exclusivamente em produtos que não en-
tram em contato com mucosas.
4 - corantes permitidos em produtos que tenham breve tempo de
contato com a pele e o cabelo
9.3.3. Pigmentos:
São substâncias insolúveis que desenvolvem seu poder tinto-
rial quando dispersas no meio em que são utilizadas.
Nota: "Antes de utilizar um corante em uma formulaçõo, observar a lista permitida de co-
rontes e sua aplicação (para uso externo ou uso interno)."
10. Essências
10.1. Concentrações Tradicionais de Uso
Antiperspirante 0,5 a 1%
Sabonete comum 1,0 a 1,5%
Sabonete transparente 1,5 a 3,0%
Sabonete líquido 1,0 a 1,5%
Talco 0,5 a 1,0%
Espuma de banho 1,0 a 3,0%
Creme de barbear 1%
Baton 0,5a 1%
Shampoo 0,2 a 0,5%
Cremes 0,2 a 0,5%
Loções 0,2 a 0,5%
Condicionadores 0,2 a 0,5%
Bronzeadores 0,2 a 0,5%
259
Capítulo 5 - Manipulação
11. Solventes mais utilizados em Farmacotécnica
de Preparações Orais
0 conhecimento dos principais solventes utilizados na farma-
cotécnica é importante, pois sua utilização na pré-solubilização dos
princípios ativos é fundamental para garantir a homogeneização e a
aparência final da formulação.
11.1 . Água
A água é o solvente mais utilizado na farmacotécnica, fazen-
do parte da composição de várias preparações. A água deve satisfa-
zer as exigências legais em relação às suas caracteristicas físicas,
químicas e microbiológicas (Portaria 36 - Ministério da Saúde).
A água potável é utilizada como matéria-prima para obten-
ção de água purificada. A água potável deverá apresentar as seguin-
tes especificações conforme a Portaria 36 do Ministério da Saúde.
Tabela 33: Parâmetros para Água Potável
(conforme Portaria 36 do Ministério da Saúde)
Parâmetro
Sabor / odor
Cor aparente (mg Pt/L e UH)
Turbidez (UT)
Cloretos (mg C17L)
Nitratos (mg N/L)
Ferro solúvel (mg Fe/L)
Manganês (mg Mn/L)
Sólidos dissoluídos (mg/L)
Dureza (mg CaC03/L)
Sulfatos (mg S04 "7L)
Cloro residual (mg Cl2/L)
Coliformes Totais (UFC/100mL)
Coliformes Fecais (UFC/100mL)
Bactérias heterotróficas
Portaria 36 Ministério da Saúde
Não objetável
5
1
250
10
0,3
0,1
1000
500
400
>0,2
Ausência
Ausência
<a 100UFC/ml
A água purificada é obtida por diferentes processos, tais co-
mo, a destilação, a deionização (troca iônica) ou a osmose reversa.
Pode ser empregada na preparação de formas farmacêuticas não
estéreis, para preparações estéreis deve ser empregada a água puri-
ficada estéril.
260
Capítulo 5 - Manipulação
11.1.1. Processos de Purificação da Água Potável
(para emprego em Preparações Farmacêuticas)
A. Água Destüada: é a água que passou por um processo de destila-
ção, envolvendo mudanças do estado físico da água; do estado lí-
quido para vapor e após deste, a condensação para o estado líquido
novamente. 0 equipamento utilizado é o destilador. 0 método é
eficiente na remoção de contaminantes biológicos (microorganis-
mos), porém não há remoção de íons sólidos dissolvidos.
B. Água Deionizada: água obtida através de resinas iônicas, são reti-
rados os íons, mas não é eliminada a matéria orgânica. Quando
comparada à qualidade microbiológica entre a água deionizada e a
destilada, verifica-se que a água destilada possui uma qualidade
melhor. Sabe-se que a água deionizada se contamina facilmente
após o seu preparo, não devendo ser armazenada. 0 equipamento
utitizado para obtenção da água deionizada é o deionizador, com-
posto por resinas catiônicas e aniônicas. Os deionizadores que em-
pregam as resinas catiônicas e aniônicas em cartuchos separados
podem ser regenerados. Neste caso, as resinas catiônicas podem ser
regeneradas com ácido clorídrico ou sulfúrico (2 a 4%). As resinas
aniônicas são regeneradas com a solucão de hidróxido de sódio de 2
a 10%.
A eficiência do processo é avaliada pela capacidade de reti-
rar ions da água, envidenciada através da medida da condutividade.
Nota: A ásua purificada (destilada, deionizada ou purificada por osmose-reversa) para fins
farmacêuticos, deve apresentar contasem de microorsanismos aeróbicos totais < 100
UFC/mL A condutividade recomendada para uma cjgua purificada è que seja < 1,3 nS/cm a
25°C.
C. Água purificada por osmose reversa: água de alta pureza química
e microbiológica. A água é pressionada para passar por uma mem-
brana semi-permeável 0 processo remove com eficiência, material
particulado, microorganismos, materiais orgânicos, material inorgâ-
nico dissolvido e material insolúvel.
D. Água purificada estéril: é a água purificada esterilizada, confor-
me sua aplicação deve atender a determinadas especificações far-
macopeicas: água purificada estéril, água estéril para injeção, água
estéril para inalação e água estéril para irrigação.
2 6 1
Capítulo 5 - Manipulação
11.2. Álcool Etílico (etanol)
Segundo solvente mais utilizado, diminui a possibilidade de
hidrólise, tem conservação indefinida e pode ser misturado com
água. É usado em soluções hidroalcoólicas extrativas de princípios
ativos (de 45 a 90%), em soluçõesanti-sépticas (ex.: álcool iodado)
e em soluções desinfetantes (70%). Constitui um bom solvente para
essências, alcalóides e glicosídeos, sendo porém, fraco para gomas
e proteínas. Soluções tópicas de etanol são usadas como facilitado-
ras da penetração cutânea.
uso
Preservativo antimicrobiano
Desinfetante
Solvente extrativo em produtos galê-
nicos
Solvente em preparações líquidas de
uso oral
Solvente em soluções injetáveis
Solvente em produtos tópicos
Sotvente em film coating
CONCENTRAÇAO USUAL %
> 10
60 a 90
Até 85
variável
variável
60 a 90
variável
Incompatibilidades:
Em condições ácidas, soluções etanólicas podem reagir vio-
lentamente com substâncias oxidantes.
Misturas com álcalis (bases) podem escurecer, devido a rea-
ções com quantidades residuais de aldeidos.
Substâncias orgânicas e gomas podem precípitar.
11 .3 . Glicerina
A glicerina é utilizada em uma grande variedade de formula-
ções farmacêuticas, incluindo as preparações de uso oral, ótico (au-
ricular), oftálmico, tópico e parenteral. É também utilizada em
cosméticos.
Em formulações tópicas e cosméticas, a glicerina é utilizada
por suas propriedades umectantes e emolientes. Em formulações
parenterais (injetáveis) é principalmente utilizada como solvente.
Em formulações de uso oral a glicerina é utilizada como agente e-
262
Capítulo 5 - Manipulação
dulcorante, antimicrobiano e doador de viscosidade.
uso
Conservante (antimicrobiano)
Emoliente
Umectante
Formulações oftálmicas
Solvente para preparações
parenterais
Agente edulcorante em preparações
orais
CONCENTRAÇAO USUAL %
>20
Até máx. 30
Até máx. 30
0,5 a 3,0
Até máx. 50
Até max. 20
Incompatibilidades:
A glicerina pode explodir se misturada com agentes oxidan-
tes fortes, tais como, o trióxido de cromo, clorato de potássio ou
permanganato de potássio.
Pode ocorrer escurecimento na presença de luz, contato com
óxido de zinco ou nitrato básico de bismuto.
Contaminantes de ferro na glicerina são responsáveis pelo
escurecimento de misturas contendo fenóis, salicilatos e taninos.
11.4. Propilenoglicol
0 propilenoglicol tem sido amplamente utilizado como sol-
vente, extrator e conservante em uma grande variedade de formu-
lações farmacêuticas de uso parenteral ou não-parenteral. Ele é
melhor solvente que a glicerina e dissolvem uma variedade de subs-
tâncias, tais como, corticóides, fenóis, derivados de sulfa, barbitu-
ratos, vitamina A e D, a maioria dos alcalóides e vários anestésicos
locais. É utilizado como doador de viscosidade e para aumentar o
tempo de permanência da droga na superfície cutânea.
Apresenta ação antisséptica similar ao etanol, porém um
pouco menos efetiva. O propilenoglicol é também utilizado em cos-
méticos como umectante, como veiculo de emulsificantes e flavori-
zantes.
263
Capitulo 5 - Manipulação
uso
Umectante
Conservante
Solvente ou co-
solvente
FORMA
FARMACEUTICA
tópica
soluções, semi-sólidos
aerosol
soluções orais
parenterais
tópicos
CONCENTRAÇAO
USUAL %
= 15
15 a 30
10 a 30
10 a 25
10 a 60
5 a 80
Incompatibilidades:
O propilenoglicol é incompatível com reagentes oxidantes,
tais como o permanganato de potássio.
11.5. Polietilenoglicol 400 (CARBOWAX 400)®:
Os polietilenoglicóis são amplamente utilizados em uma vari-
edade de formulações farmacêuticas, incluindo: parenterais, tópi-
cas, oftálmicas, orais e retais. Os polietilenoglicóis são estáveis, de
característica hidrofílica e essencialmente náo irritantes à pele.
Embora eles não penetrem rapidamente na pele, os polietilenogli-
cóis são solúveis em água e, como tais, são removidos facilmente da
pele com lavagem.
Em soluções aquosas pode ser usado como agente suspensor
ou para ajustar a viscosidade e a consistência de suspensões. Quan-
do utilizado em conjunto com outros emulsificantes, pode atuar
como estabilizantes de emulsões.
Os polietilenoglicóis podem ser usados para aumentar a solu-
bilidade ou a dissolução em água de substâncias pouco solúveis.
Incompatibilidades:
Pode ser incompatível com alguns corantes.
A atividade antibacteriana de certos antibióticos, particu-
larmente a penicilina e a bacitracina é reduzida em bases com poli-
etilenoglicóis.
A eficácia conservante dos parabenos pode ser reduzida a-
través de ligações com polietilenoglicóis.
Descolorações de ditranol (antralina) e sulfonamidas podem
ocorrer e o sorbitol pode precipitar de misturas.
264
Capitulo 5 - Manipulação
11.6. Éter Sulfúrico
0 éter sulfúrico é um líquido limpido, incolor, de cheiro ca-
racterístico, inflamável, muito volátil, produzindo na pele conside-
rável resfriamento. É solúvel com o álcool, óleos e essências; dissol-
vegorduras, resinas, enxofre, etc.
É utilizado em soluções extrativas de drogas vegetais e ani-
mais.
[ncompatibilidades:
Ácido sulfúrico: formação lenta de ácido sulfovínico ou sulfa-
tode óxido de etila, com novas propriedades.
Ácido crômico, permanganatos solúveis: forte oxidação po-
dendo resultar em mistura explosiva.
Sais em geral: os sais em geral são insolúveis no éter.
Água e líquidos aquosos: não se misturam com o éter senão
em minima proporção.
Oxidantes em geral: as substâncias oxidantes em geral rea-
gem com o éter sulfúrico, transformando-o em peróxidos de etila e
de hidrogênio, embora o façam lentamente.
Giicerina: não miscível (incompatibilidade física).
Albumina e gelatina: são insolúveis no éter (incompatibilida-
defísica).
Álcalis e carbonatos alcalinos: insolúveis neste veículo.
11.7. Óleo Mineral (Vaselina Liquida):
0 óleo mineral é utilizado principalmente como excipiente
em formulações tópicas, onde exerce ação emoliente. É utilizado
também como solvente.
uso
Pomadas oftálmicas
Preparações óticas
Emulsões tópicas
Loções tópicas
Pomadas tópicas
CONCENTRAÇÃO USUAL %
3,0 a 60,0
0,5 a 3,0
1,0 a 32,0
1,0 a 20,0
0,1 a95,0
265
Capitulo 5 - Manipulação
Incompatibilidades:
Incompatível com agentes oxidantes fortes.
11.8. Óleos Vegetais:
Têm grande aplicação em preparações injetáveis oleosas, co-
lírios oleosos (ex.: colírio com miconazol, progesterona em óleo de
amendoim) e como solventes.
11.9. Dimetilsulfóxido (DMSO):
0 DMSO passa rapidamente pelo estrato córneo da pele, de-
vido a esta propriedade, tem sido utilizado em preparações comer-
ciais como otimizador de penetração cutânea. É empregado com
esta finalidade em uma variedade de produtos contendo água, co-
rantes, barbituratos, antifúngicos (griseofulvina, ftuconazol, etc),
fenilbutazona, minoxidil, ácido salicílico, anestésicos locais, antibi-
óticos, quaternários de amônio, etc.
11.10. Acetona (2-propanona):
É utilizado com solvente e adjuvante farmacêutico. A aceto-
na é miscível com água, álcool, clorofórmio, éter, a maioria das
substàncias voláteis e óleos fixos. A acetona é utilizada como sol-
vente na farmacotécnica (exemplo: micronização do peróxido de
benzoíla) e desengordurante em soluções nas concentrações de 2 a
50%. A Acetona é inflamável. A inalação excessiva pode causar cefa-
léia, irritação brônquica e outros sintomas, tais como, a narcose. 0
uso tópico pode produzir ressecamento da pele.
266
Capítulo 5 - Manipulação
Manipulação de Formas Farmacêuticas Üquidas e
Semi-sólidas
12. Soluções (definição):
Soluções são preparações líquidas que contêm uma ou mais
"substâncias quimicas dissolvidas", ou seja, molecularmente disper-
sada em um solvente adequado ou em uma mistura miscível de sol-
ventes. USP 23
12.1. Soluções Orais
São soluções para a administração oral.
12.1.1. Características:
Podem conter um ou mais ingredientes ativos dissolvidos em
água ou em um sistema água-cosolvente.
Podem conter adjuvantes farmacotécnicos, para prover mai-
or estabilidade (ex.: antioxidante, tampões, agentes sequestrantes
e conservantes), palatabilidade (ex.: edulcorante e aromatizantes)
e viscosidade.
12.1.2. Tipos de soluções orais:
• Xaropes
• Elixires
• Linctus• Misturas (soluções orais + suspensões)
• Gotas orais
12.1.3. Vantagens das soluções orais:
Os princípios ativos veiculados nesta forma são mais rapida-
mente absorvidos pelo trato gastrointestinal do que os mesmos
quando veiculados em cápsulas ou comprimidos.
São de mais fácil deglutição que é uma condição importante
para pacientes pediátricos ou geriátricos ou ainda, para aqueles
com condições crônicas, tais como, a doença de Parkinson, que difi-
culta a deglutição de formas farmacêuticas sólidas.
Homogeneidade na dosificação, independente da agitação
267
Capitulo 5 - Manipulação
quando comparada à forma de suspensão.
Possibilidade de adição de co-solventes para princípios ativos
pouco solúveis no veículo principal.
12.1.4. Desvantagens das soluções orais:
Para o paciente, as formas farmacêuticas líquidas são mais
difíceis de transportar do que as formas sólidas.
Apresentam menor estabilidade físico-química e microbioló-
gica, do que as formas sólidas (ex.: são mais vulneráveis a reações
de hidrólise).
A solubilização realça o sabor dos fármacos, portanto, para
princípios ativos com sabor desagradável, esta forma farmacêutica
pode ser inadequada.
0 paciente, muitas vezes, não tem acesso a acurados siste-
mas de medida de volume uniforme, ou seja, o volume administrado
de uma dose pode variar em relação à outra e em relação ao reco-
mendado. 0 sistema de medida caseira não é preciso, as colheres
de um mesmo tipo podem possuir diferentes tamanhos.
12.1.5. Considerações físico-químicas sobre solubilidade
Para se obter uma solução farmacêutica, o fármaco deve so-
lubilizar-se completamente no veículo escolhido; para que isto ocor-
ra o fármaco deve ter comportamento semelhante ao do solvente.
Deve-se pesquisar antes do preparo de uma solução, as característi-
cas físico-químicas dos fármacos e veículos a serem utilizados, veri-
ficando a solubilidade, a possibilidade de alterações com o decorrer
do tempo, a necessidade de adjuvante, a necessidade de aqueci-
mento (muitas vezes temos que aquecer o solvente para acelerar ou
possibilitar a solubilização do soluto), a faixa de pH de maior solubi-
lidade, o conhecimento do pKa* da droga e das suas características
ácido-base (ex.: se é um ácido fraco ou base fraca).
pka: é o pH no qual as formas ionizadas e não ionizadas de
uma substância estão em proporção igual.
0 estado de ionização da molécula é um fator determinante
para a solubilização da mesma, uma vez que quanto maior for a
fração molar da droga ionizada, maior será sua solubilidade em á-
gua.
A relação das formas ionizadas e não ionizadas dependem do
pH do meio e do pka do composto.
0 grau de ionização de uma droga em uma solução pode ser
268
Capitulo 5 - Manipulação
alculado à partir da Equação de Henderson-Hasselbach, caso o va-
or do pKa da droga e o pH do meio forem conhecidos.
Equação de Henderson-Hasselbach
pka = pH + log Çj
Cu
Onde:
Cj = concentração de espécies ionizadas
Cu= concentração de espécies não ionizadas
As tabelas a seguir relacionam o efeito do pH e do pka na so-
lubilidade de drogas de caráter ácido fraco e drogas de caráter
básico fraco:
Tabela 33: Efeito do pH e pKa na solubilidade em água de drogas
de caráter ácido fraco
pH -pKa
<-2.0
-1
0
1
>2.0
Fração molar de droga
ionizada
<0.01
0.09
0.5
0.91
>0.99
Solubilidade em água
Insolúvel
Insolúvel
Solúvel, em baixas
concentrações
Solúvel, exceto em altas
concentracões
Solúvel
Tabela 34: Efeito do pH e pKa na solubilidade em água de drogas
de caráter base fraca
pH -pKa
< -2.0
-1
0
1
>2
Fração molar de droga
ionizada
> 0.99
0.91
0.5
0.09
<0.01
Solubilidade em água
Solúvel
Solúvel
Solúvel, exceto em altas
concentracões
Soluvel, em baixas
concentrações
Insolúvel
269
Capitulo 5 - Manipulação
Tabela 35: Tabela de pka's de algumas drogas
Droga
Ácido Ascórbico (vitamina C)
Ácido Fumárico
Ácido Gticólico
Ácido Glutâmico
Acido Láctico
Acido Mandélico
Ácido Nicotinico
Ácido Salicílico
Acetanilida
Acetazolamida
Acido acético
Ácido acetilsalicílico
Acido benzóico
Acido cítrico
Ácido dehidrocólico
Ácido Nalidíxico
Ácido Paraminobenzóico (PABA)
Ácido Pirúvico
Ácido tartárico
Ácido tioglicólico
Alopurinol
Amantadina
Amfotericina-B
Amilorida
Aminofilina
Amitriptilina
Amônia
Amoxacilina
Ampicilina
Antipirina
Atropina
Bendroflumetiazida
Benzocaína
Bromazepam
Cafeína
pKa
4,2 / 11,6
3,0 (1 o ) /4 ,4 (2o)
3,8
4,3
3,9
3,8 / 3,4
4,8
3,0 / 13,4 (fenol)
0,5
8,8 / 7,2
4,8
3,5
4,2
3,1(1°) / 4 , 8 (2o) / 6,4(3°)
5,0
6,0 (amina) / 1,0
2,4 (amina) / 4,9
2,5
3,0(1°), 4,3 (2°)
3,6
9,4
10,8
5,7 (carboxüa) / 10,0 (amina)
8,7
5,0
9,4
9,3
2,4 (carboxila) / 7,4 (amina)
/ 9,6 (fenol)
2,7 / 7,3 (amina)
2 , 2 / 1 , 4
9,7
8,5
2,8
11,0/ 2,9
14,0 / 0,6 (amina)
270
Continuoção Tabela 35
I Droga
Carbachol
Cefalexina
Clindamicina
Clofibrato
Clonazepam
Clonidina
Cloral Hidratado
Clordiazepóxido
Clorfeniramina
Cloroquina
Clorpromamida
Clorpromazina
Clortaiidona
Codeína
Colchicina
Cromoglicato sódico
Dapsona
Desipramina
Dextrometorfano
Dextrose
Diazepam
Diazóxido
Difenidramina
Dihidroergocristina
Dipiridamol
Doxepina
Doxiciclina
Efedrina
Epinefrina
Ergometrina
Ergotamina
Eritromicina
Escopolamina
Estolato de Eritromicina
Estriol
Fenacetina
Fenformina
Capitulo 5 - Manipulação
pKa
4,8
3,6 / 5,25
A5
3,0 (ácido)
10,5 / 1,5
8 ^
1^0
4J
%2
8,1 / 9,9
5^0
?^2
9A
TA
LZ
2^0
1,3/2,5
10^
8̂ 3
12J
3 ^
8^5
9^0
6^9
M
8.0
3 , 4 / 7 , 7 / 9,3
M
8,7 (fenol) / 9,9 (amina)
7^3
6 ,3 /7 ,3
M
A6
6̂ 9
10^4
2^2
11,8 / 3,1
271
Capítulo 5 - Manipulação
Continuaçào Tabela 35
Droga
Fenilbutazona
Fenilefrina
Fenilpropanolamina
Fenitoína
Fenobarbital
Fenol
Fenolftaleína
Fentermina
Fentolamina
Flufenazina
Flunitrazepam
Fluorouracil
Furosemida
Gentamicina
Glibenclamida
Glicina
Guanetidina
Haloperidol
Hexaclorofeno
Hidantoina
Hidralazina
Hidroclorotiazida
Hidrocortisona
Hidroxizine
Hioscinamina
Homatropina
Ibuprofeno
Idoxuridina
Imipramina
Indometacina
Isoniazida
Isoxsuprina
Leucovorin (ácido Folínico)
Levodopa
pKa
4,4
9,8 (amina) / 8,8 (fenol)
9,4
8,3
7,5
9,9
9,7
10,1
7,7
8,1 (1 o ) /9 ,9 (2°)
1,8
8,0
4 , 7 / 3 , 9
8,2
6,5
2,4 / 9,8(amina)
11,9
8,3
5,7
9,1
0,5 (anel N) / 6,9 (hidrazina)
7 ,0 / 9,2
5,1
1,8 / 2,1 / 7,1
9,3
9,7
5,2
8,3
9,5
4,5
10,8 (piridina)/ 11,2 (hidrazi-
da)
9,8 / 8,0
3,1 / 4,8 / 10,4 (fenol)
2,3 (carboxila) / 8,7 (amina)
/ 9,7 (1°fenol) / 13,4
(2°fenol)
272
Capítulo 5 - Manipulação
Continuação Tabela 35
Droga
Levomepromazina
Levotiroxina (T4)
Lidocaína
Liotironina (T3)
L-metionina
Lorazepam
Medazepam
Meperidina
Mercaptopurina
Metildopa
Metilparabeno
Metilprednisolona 21- fosfato
Metoprolol
Metotrexato
Metronidazol
Miconazol
Minociclina
Morfina
Nafazolina
Naproxeno
Nicotinamida
Nitrazepam
Nitrofurantoína
Nitrofurazona
Nortriptilina
Orfenadrina
Oxazepam
Oxifenilbutazona
Oxitetraciclina
Papaverina
Penicilamina
Penicilina G
Penicilina V
Pindolol
Piperazina
pKa
9,2
2,2 (COOH) / 6,7 (OH) / 10,1
7,9
8,4 (fenot)
2 ,3 /9 ,2
11,5 / 1,3
6,2 / 4,4
8,7
7,8
2,2 / 10,6 (amina) / 9,2
(Tfenol) / 12,0 (2°fenol)
8,4
2,6 / 6,0
9,7
4 , 8 / 5 , 5
2,6
6,9
2,8 / 5 , 0 / 7 , 8 / 9,5
8,0 / 9,6 (fenol)
3,9 / 10,1
4,2
0,5 / 3,4
10,8/ 3,2
7,2
10,0
9,7
8,4
1,8/ 11,1
4,5 / 10,0(fenol)
3,3 / 7,3 / 9 , 1
5,9
1,8 (carboxil) / 7,9 (amino) /
10,5 (tiol)
2,8
2,7
8,8
5,7
273
Capítulo 5 - Manipulação
Continuação Tabela 35
Droga
Piridoxina
Pirimetamina
Polimixina B
Prazosina
Prilocaína
Procaína
Procainamida
Propilparabeno
Propiltiouracil
Propranolol
Quinacrina
Quinidina
Quinino
Reserpina
Resorcinol
Riboflavina
SacarinaSalicilamida
Sotalol
Sulfacetamida
Sulfadiazina
Sulfaguanidina
Sulfametoxazol
Sulfassalazina
Teofilina
Tetracaína
Tetraciclina
Tiamina
Tioridazina
Tolbutamida
Tranilcipromina
Triamtereno
Trifluoperazina
pKa
2,7 / 5,0 (amina) / 9,0 (fe-
nol)
7,2
8,9
6,5
7,9
9,0
9,2
8,4
7,8
9,5
8 ,0 / 10,2
4 , 2 / 8 , 3
4,2 / 8,8
6,6
6,2
1,7/ 10,2
1,6
8,1
9,8 (amina), 8,3 (sulfonami-
da)
5 ,4 / 1,8
6,5 / 2,0
2,8 / 12,1
5,6
0,6 (amina) / 2,4 (carboxil) /
9,7(sulfonamida) /
11,8(fenol)
8,8 / 0,7(amina) / 3,5
8,5
3,3 / 7 ,7 / 9,5
4,8 / 9,0
9,5
5,3
8,2
6,2
4,1 / 8,4
274
Capítulo 5 - Manipulação
íonünuaqâo Tabela 35
Droga
Trimetoprim
Trometamina
Uréia
Warfarina
Xipamida
pKa
7,2
8,1
0,2
5,1
4,8 (fenol) / 10,0 (sulfonami-
da)
12.1.6. pH ótimo para solubilidade de fármacos
Seja os seguintes exemplos:
A. Ácido Fólico: caráter ácido, pKa = 6,8
Em meio ácido, por exemplo pH 4,0: pH
(insolúvel)
Em meio básico, por exemplo pH 8,5: pH
(solúvel)
1.1. Xarope com Ácido Fólico (mg/ml)
Ácido fólico 10Omg
NaOH0,1NqspH8a9
ou
Bicarbonato de sódio 1g
Água destilada 65ml
Sorbitol 70% 35ml
Estabilidade: 30 dias (temperatura ambiente)
B. Furosemida: caráter ácido, pKa = 3,9
Em meio ácido, por exemplo pH 4,0: pH ■ pKa = 4,0 - 3,9 ■■
0,1(pouco solúvel)
Em meio básico, por exemplo pH 8,5: pH - pKa = 8,5 - 3,9 = + 4,6
(solúvel)
pKa = 420 - 6,8 = -2,8
- pKa = 8,5 - 6,8 = + 1,7
275
Capítulo 5 - Manipulação
B.1. Solução de Furosemida 10mg/ml
Furosemida 1,0g
Etanol 10%v/v
Glicerina 10% v/v
NaOH 20% pH 8a9,5
EDTA-Na2 0,1% p/v
Sulfito de sódio 0,1% p/v
Metilparabeno 0,005% p/v
Propilparabeno 0,002% p/v
Sorbitol70% qsp 100mL
Estabilidade: 6 meses (temperatura ambiente)
12.1.7. Dicas e Técnicas para Solubilização de Fármacos
O uso do agitador magnético, do agitador de hélice e do ba-
nho de ultra-som pode economizar tempo na solubilização. A agita-
ção aumenta a velocidade de dissolução.
Partículas pequenas de uma mesma substância dissolvem
mais rapidamente do que as partículas maiores, portanto, triture e
micronize a substância com líquido viscoso (ex.: propilenoglicol,
glicerina, PEG 400) miscível com o veículo final, esse processo é
denominado levigação.
Quanto mais solúvel for a substância, mais rápida será a sua
dissolução.
Os sais (princípios ativos) devem ser dissolvidos em uma pe-
quena quantidade de um solvente (ex.: água) antes de serem adi-
cionados a um veículo viscoso (ex.: xarope).
Quando trabalha-se com um líquido viscoso, a velocidade de
dissolução é diminuída. Um aumento da temperatura geralmente
induz a um aumento na solubilidade e na velocidade de dissolução
de uma substância. A solubilidade de uma substância não-
eletrolítica pode ser aumentada ou diminuída pela adição de um
eletrólito.
Bases alcaloídicas (alcalóide) ou bases nitrogenadas de alto
peso molecular são geralmente pouco solúveis, exceto se o pH do
meio é diminuído, aumentando sua solubilidade (conversão para
sal).
A solubilidade de substâncias ácidas pouco solúveiVé aumen-
tada se o pH do meio é aumentado (conversão para um sal). Hidro-
colóides devem ser hidratados lentamente, antes da dissolução.
276
Capítulo 5 - Manipulação
Quando se prepara um elixir ou uma solução hidroalcoólica é
aconselhável dissolver os constituintes solúveis no álcool, antes de
misturá-lo ao restante do veículo e os constituintes hidrossolúveis
devem ser previamente solubilizados na água.
A adição de PEG 400 a uma substância pouco solúvel, pode
aumentar sua solubilidade em água. 0 PEG 400 apresenta caráter
anfifílico, favorecendo a solubilização, em meio aquoso, de subs-
tâncias lipossolúveis.
0 talco farmacêutico pode ser usado para remover o excesso
ou gotículas de óleos flavorizantes de soluções. Deve-se adicionar
de 1 a 2 g de talco para cada 100 ml de solução e em seguida filtrar.
12.1.8. Procedimento Geral para o Preparo de uma Solução
Material utilizado:
• Cálice
• Bastão
• Papel manteiga
• Balança de precisão
Procedimento:
Passo 1: Calcular a quantidade de princípio(s) ativo(s) (soluto).
Passo 2: Pesar ou medir o(s) princípio(s) ativo(s).
Passo 3: Escolher o solvente ou o sistema de solventes para solubili-
zar o(s) princípio(s) ativo(s). Para conhecer a solubilidade do fár-
maco, deve-se consultar literaturas especializadas tais como, far-
macopéias e certificados de análise enviados pelo fornecedor.
Passo 4: Identificar a possibilidade de interação fármaco-fármaco e
fármaco-solvente.
Passo 5: Verificar a necessidade de adjuvantes, tais como, antioxi-
dantes, tampão, corretivos de sabor, co-solventes (ex. glicerina,
PEG 400, álcool), etc.
Passo 6: Verificar a ordem de adição de cada ativo da fórmula.
Passo 7: Determinar uma técnica para a manipulação: necessidade
de aquecimento e qual temperatura; qual e em que proporção cons-
tará cada componente do veículo, bem como a ordem de adição de
cada componente.
Passo 8: Se possível filtrar, observando se não houve retenção no
filtro, do princípio ativo ou dos componentes do veículo. Embalar e
rotular.
277
Capítulo 5 - Manipulação
12.1.9. Sugestões de Soluções Orais
A. Solucão Oral de Captopril (mg/ml)
Captopril 100mg
Ascobato de sódio 0,5g
EDTA-Na2 0,1g
Tampão citrato qs pH 4,0
Xarope simples qsp 100ml
Estabilidade aproximada: 56 dias.
B. Solução de Ranitidina (75mg/5ml)
Ranitidina HCl 1,68g
Fosfato sódico dibásico anidro 0,14g
Sacarina sódica 0,25g
Benzoato de sódio 0,2g
Flavorizante de cereja concentrado .. 2ml
Flavorizante creme demethe 0,5ml
Água destilada 25ml
Sorbitol 70% qsp 100ml
Estabilidade: 6 meses ( 2 a 25°C)
278
Capítulo 5 - Manipulação
12.2. Xaropes
São formas farmacêuticas preparadas à base de açúcar e á-
gua, onde o açúcar está próximo à saturação, formando uma solu-
ção hipertônica. A proximidade da saturação, evita a precipitação
do açúcar utilizado.
12.2.1.Vantagens dos Xaropes:
Boa conservação: por serem hipertônicos, desidratam os mi-
croorganismos que sofrem plasmólise.
São apropriados para fármacos hidrossolúveis.
Possibilitam a correção de sabor da formulação (efeito edul-
corante).
12.2.2. Desvantagem:
0 xarope oficinal (à base de sacarose) e as formulações ma-
gistrais preparadas com o mèsmo, são contra-indicadas para pacien-
tes diabéticos (para estes pacientes deve ser utilizado o xarope die-
tético).
12.2.3. Preparação:
A. Xarope Simples (1 litro)
Sacarose (açúcar refinado) 850g
Meti Iparabeno 1, 5g
Propilparabeno 0,5g
Água destilada qsp 1000 ml
Procedimento:
Passo 1: Pesar precisamente os ingredientes sólidos, sem no entanto
misturá-los.
Passo 2: Dissolver os parabenos em qs de álcool.
Passo 3: Adicionar água destilada ao açúcar, adicionar e os conser-
vantes pré-solubilizados e completar o volume com água destilada.
Passo 4: Misturar todos componentes e aquecer até a dissolução,
completando ao volume final.
Nota: Não levantar fervura, pois, poderá haver formação de açúcar invertido.
Embalagem: frasco de vidro âmbar, bem fechado.
Armazenamento: temperatura ambiente (15 a 30°C).
Estabilidade: 1 ano.
279
Capitulo 5 - Manipulação
B. Sugestão de Xarope Dietético (Sugar Free)
CMC-Na 2,0%
Metilparabeno 0,15%
Sacarina 0,1%
Ciclamato sódico 0,05%
Água destilada qsp 100ml
Procedimento:
Passo 1: Dissolver o metilparabeno em um pouco da água quente.
Passo 2: Adicionar, aos poucos, o CMC na água dissolvendo-o .
Passo 3: Adicionar o restante e agitar até a dissolução.
Embatagem: frasco de vidro âmbar, bem fechado.
Armazenamento: temperatura ambiente.
Estabilidade: 3 meses.
12.2.4. Aditivação de Princípios Ativos em Xaropes
Nas farmácias magistrais é rotina um xarope simples estoca-
do, aditivando-o de acordo com a prescrição médica.
A. Material utilizado:
• Cálice
• Papel manteiga
• Espátula
• Bastão
• Balança de precisão
B. Procedimento:
Passo 1: Pesar ou medir o(s) ativo(s), diluindo-o(s) em solvente ade-
quadocompatível ou, se possível no próprio xarope simples. Se o
ativo não for facilmente solúvel é necessário micronizá-lo antes com
propilenoglicol ou outro solvente (ex.: PEG 400), em um gral com
auxílio de um pistilo, facilitando assim sua dissolução ou otimizando
sua suspensão.
Passo 2: Adicionar o ativo em pequena quantidade do xarope sim-
ples, homogeneizar com o auxílio do bastão de vidro.
Passo 3: Completar aos poucos, sob agitação constante. Antes do
volume final da formulação, adeque o pH compatível com a maior
estabilidade do princípio ativo e adicione aroma.
Passo 4: Completar o volume final.
Passo 5: Embalar e rotular.
280
Capítulo 5 - Manipulação
C. Considerações técnicas sobre aditivação de xaropes
C.1. Aditivação de Tinturas e Extratos Fluidos: Acrescentar a quan-
tidade de tintura ou extrato fluido prescrito e em seguida a quanti-
dade suficiente de xarope. Os xaropes contendo fitoterápicos for-
mam precipitados, porque os extratos fluidos e tinturas contêm ál-
cool com substâncias resinosas e oleosas dissolvidas, causando pre-
cipitação dos mesmos quando misturados ao xarope (veículo aquo-
so). 0 precipitado pode ser retirado por filtração quando não tiver
interesse medicinal.
C.2. Aditivacão de ativos sólidos (pós) hidrossolúveis: para os ativos
solúveis em água, basta dissolvê-los em qs de água e acrescentar
qsp de xarope ou então, dissolvê-lo no próprio xarope. Ex.: xarope
com Hidroxizine, Salbutamol, Piridoxina, Sulfato de Zinco.
C.3. Associação de ativos: nestes casos, após verificar a compatibi-
lidade dos ativos a serem acrescentados, deve-se também verificar
as propriedades físico-químicas de cada fármaco individualmente, a
melhor faixa de pH de estabilidade para cada fármaco (onde se ob-
tém a faixa de pH que atenderá a todos os componentes da fórmu-
la). Verificar também, a necessidade de adicionar adjuvantes far-
macotécnicos para aumento da estabilidade e a melhor forma de
solubilizar cada ativo adicionando, se necessário, co-solventes.
281
Capitulo 5 - Manipulação
12.3. Elixires
São formas farmacêuticas de uso oral que contêm álcool e
açúcar. Os elixires são claros, adocicados e aromatizados.
Veículo adequado para fármacos insolúveis em água, mas so-
lúveis em misturas hidroalcoólicas. 0 elixir é menos doce e viscoso
do que os xaropes e menos efetivo no mascaramento do sabor do
fármaco. Podem conter diferentes sistemas solventes e co-
solventes, como por exemplo, a glicerina, o propilenoglicol e o poli-
etilenoglicol 400. A graduação alcoólica varia entre 15 a 50°GL.
12 .3 .1 . Vantagem dos Elixires:
Permite a dissolução tanto de princípios ativos hidrossolúveis
como também, daqueles solúveis em álcool.
12.3.2. Desvantagem:
Devido ao seu teor alcólico, não são indicados para crianças
e adultos que devem evitar o uso de álcool.
12.3.3. Preparação de el ix i res:
Material utilizado:
• Cálice
• Espátula
• Bastão
• Papel manteiga
• Balança de precisão.
Procedimento:
Passo 1: Pesar, separadamente, os princípios ativos hidrossolúveis e
álcool solúveis. Dissolver, separadamente, os componentes hidrosso-
lúveis na água ou no xarope simples e os componentes álcool solú-
veis no álcool, já na quantidade que será empregada na formulação
(geralmente substâncias na forma de sal são mais solúveis em água
e substâncias ácido ou base livres são mais solúveis em álcool).
Passo 2: Adicione a fase aquosa sobre a alcoólica e misture.
Passo 3: Se a formulação ficar turva, adicionar talco farmacêutico
(1g/100ml) e filtrar.
Passo 4: Embalar em frasco de vidro âmbar e rotular.
282
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 5: Armazenar em temperatura ambiente ou no refrigerador,
deacordo com as caracteristicas das drogas ativas.
Hota: Sistemas co-solventes podem ser utilizados nõo só para solubilizar a droga ativa, mas
tombém, os adjuvantes farmacotêcnicos. Adoçantes artificiais podem ser necessários para
edulcoror a formulação (ex:. sacarina, ciclamato de sódio e aspartame).
12.3.4. Exemplo de Formulação de Elixir:
Fenobarbital 0,4g
Óleo de laranja 0,025 ml
Propilenoglicol 10,0 ml
Álcool 20,0 ml
Sorbitol 70% 60,0 ml
Corante qs
Água destilada qsp 100,0 ml
12.5. Linctus
São líquidos viscosos para administração oral no tratamento
de tosses. Eles devem ser bebidos e deglutidos lentamente, com
adição ou não de água e geralmente, contêm uma alta concentração
de sacarose, outros açúcares ou um adequado álcool polihidrico ou
álcoois.
283
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 5: Armazenar em temperatura ambiente ou no refrigerador,
deacordo com as características das drogas ativas.
HoU: Sistemas co-sotventes podem ser utitizados nõo só para solubilizar a drosa ativa, mas
tombém, os adjuvantes farmacotécnicos. Adoçantes artificiais podem ser necessários para
edukorar a formulação (ex:. sacarina, cictamato de sódio e aspartame).
12.3.4. Exemplo de Formulação de Elixir:
Fenobarbital 0,4g
Óleo de laranja 0,025 ml
Propilenoglicol 10,0 ml
Álcool 20,0 ml
Sorbitot 70% 60,0 ml
Corante qs
Água destilada qsp 100,0 ml
12.5. Linctus
São líquidos viscosos para administração oral no tratamento
de tosses. Eles devem ser bebidos e deglutidos lentamente, com
adição ou não de água e geralmente, contêm uma alta concentração
de sacarose, outros açúcares ou um adequado álcool polihidrico ou
álcoois.
283
Capitulo 5 - Manipulação
13. Misturas
Termo freqüentemente aplicado para soluções e suspensões
farmacêuticas orais.
14. Gotas Orais
São soluções ou suspensões orais, destinadas a administração
em pequenos volumes, utilizando um adequado utensílio de medida
(ex.: conta-gotas e frasco gotejador).
15. Suspensões Orais
São formas farmacêuticas compostas por duas fases: líquida
(contínua) e sólida (interna, descontínua e dispersa). As partículas
sólidas são insolúveis na fase líquida, mas, através de agitação po-
dem ser facilmente suspensas. A fase interna (sólida) não atravessa
o papel de fi ltro, por este motivo, as suspensões não devem ser fil-
tradas. As suspensões são utilizadas para formulações de uso oral
(suspensão oral), uso tópico na pele e em mucosas e uso parenteral.
Algumas suspensões orais já vêm prontas para o uso, ou seja,
já estão devidamente dispersas num veiculo líquido com ou sem
estabilizantes e outros aditivos farmacêuticos. Outras preparações
estão disponíveis para uso na forma de pó seco, destinado a ser mis-
turado com veículos líquidos. Este tipo de produto geralmente é
uma mistura de pós que contém fármacos, agentes suspensores e de
dispersão; essa mistura, ao ser diluída e agitada com uma quantida-
de especificada do veículo (geralmente água purificada), forma uma
suspensão apropriada à administração, chamada suspensão extem-
porânea. Esta forma em pó é ideal para veicular fármacos instáveis
em meio líquido (ex.: antibiótico betalactâmicos).
15.1. Vantagens das Suspensões Orais:
Forma farmacêutica ideal para veicular princípios ativos in-
solúveis em veículos, normalmente utilizada em formulações líqui-
das.
284
Capítulo 5 - Manipulação
Forma farmacêutica ideal para dispersar formas farmacêuti-
cassólidas, (ex.: comprimidos) devidamente pulverizados, na forma
líquida para pessoas com dificuldade de deglutição.
Òpção de forma farmacêutica para veicular fármacos de sa-
bor desagradável, pois a forma de suspensão realça menos o pala-
dar dos mesmos, quando comparada à forma de solução. Esta forma
farmacêutica pode ser flavorizada e edulcorada, adaptando-se às
preferências de paladar do paciente.
Em suspensões, o fármaco se encontra finamente dividido,
portanto, sua dissolução ocorre rapidamente nos fluidos do TGI (tra-
to gastrointestinal). A velocidade de absorção de uma droga veicu-
lada na forma de suspensão é geralmente mais rápida, quando com-
parada a forma sólida oral e mais lenta, quando comparada à forma
de solução. A velocidade de absorção de uma droga em uma suspen-
são depende da viscosidade (produtos mais viscosos liberammais
lentamente a droga).
Apresenta maior estabilidade quando comparada às soluções.
Por estar dispersa e não solubilizada, a droga está mais protegida da
rápida degradação ocasionada pela presença de água.
Drogas instáveis quando em contato com o veículo, podem
ser preparadas na forma de suspensão extemporânea (forma de pó
para reconstituição caseira).
Drogas que se degradam em soluções aquosas podem ser sus-
pendidas em fase não aquosa, por exemplo, em óleos.
15.3. Características de uma Boa Suspensão:
15.3.1. Tamanho das partículas
Devem ser reduzidas (micronizadas) a um tamanho que resul-
te em homogeneidade, geralmente entre 0,5 a 3 microns de diâme-
tro. 0 tamanho reduzido das partículas sólidas é uma característica
muito importante, pois evita que as mesmas se sedimentem facil-
mente, facilitando também sua redispersão e prevenindo ainda, a
formação de cristais. 0 tamanho das partículas dispersas deve per-
manecer constante por longo periodos de repouso.
Uma boa suspensão deve sedimentar lentamente e voltar a
dispersar-se facilmente com a agitação suave do recipiente.
285
Capítulo 5 - Manipulação
1 5 . 3 . 2 . F lu idez
Quanto mais viscosas, mais estáveis serão as suspensões . Po-
rém, o excesso de viscosidade compromete o aspecto e a retirada
do medicamento do frasco. A suspensão deve escoar com rapidez e
uniformidade do recipiente. Uma boa suspensão deve apresentar
estabilidade química, física e microbiológica.
A Lei de Stoke fornece informações sobre quais parâmetros
influenciam na sedimentação de partículas em uma suspensão, in-
formações estas úteis, na farmacotécnica para controlar e retardar
a velocidade de sedimentação .
V = 2 r2 (p< - p.) g
9n
Onde:
v = velocidade de sedimentação
g = aceleração da gravidade
ps = densidade das partículas sólidas
pi = densidade da fase líquida
r = raio das partículas
il = viscosidade da fase líquida
As conseqüências básicas desta equação são que a velocidade
de sedimentação das partículas suspendidas em um veículo, de uma
dada densidade, será maior para partículas maiores do que para
partículas menores. Além disso, quanto maior for a densidade das
partículas, maior será a velocidade de sedimentação. Aumentando-
se a viscosidade do meio, dentro de certos l imites, para que a sus-
pensão permaneça fluida e escoável, se reduz a velocidade de se-
dimentação das partículas sólidas da droga. Portanto, o decréscimo
da sedimentação das partículas sólidas em uma suspensão, pode ser
obtido pela redução do tamanho das partículas a serem dispersadas
e pelo aumento da densidade e da viscosidade da fase contínua (lí-
quida).
286
Capitulo 5 - Manipulação
15.4. Composição Básica de uma Suspensão
15.4.1. Fármaco sólido a ser disperso:
Devem ser micronizados em um gral com auxílio de um pisti-
lo, por levigação, com o veículo viscoso ou com agentes de leviga-
ção (ex.: glicerina, propilenoglicol e veículo com o agente suspen-
sor).
15.4.2. Agente Suspensor:
É usado para aumentar a viscosidade e retardar a sedimenta-
ção.
Tabela 37: Agentes Suspensores
Agente suspensor
Alginato sódico
Bentonita
Carbômero
(Carbopol®)
Celulose microcristalina
CMC-Na
CMC-Na
Dióxido de silício coloidal
(Aerosil®)
Goma adraganta
Goma arábica
(goma acácia)
Goma Xantana
Hidroxietilcelulose
(Natrosol®)
Hidroxipropilmetilcelulose
(HPMC)
Metilcelulose
Pectina
Povidona
Silicato de Alumíno e
Magnésio
(Veegun®)
Concentração
usual
1,0 a 5,0%
0,5 a 5,0%
0,5 a 1,0%
0,5 a 2,0%
0,5 a 2,0%
2,0 a 10,0%
0,5 a 2,0%
5,0 a 10,0%
0,3 a 0,5%
0,1 a2,0%
0,3 a 2,0%
0,5 a 5,0%
1,0 a 3,0%
Até 5,0%
0,5 a 2,5%
pH aplicável
4,0a10,0
3,0 a 10,0 dispersões
melhores em pH neutro
5,0a 11,0
3,5 a 11
2,0 a 10,0
Até10,7
1,9 a 8,5
3a 12
2,0 a 12,0
3,0a 11,0
3,0a11,0
2,0 a 9,0
Não é afetado pelo pH,
exceto por pH extrema-
mente cáustico
3,5 a 11,0
Adaptado: Lieberman e Handbook of Pharmaceutical Excipients
287
Capítulo 5 - Manipulação
15.4.3. Agentes floculantes
São utilizados com o objetivo de evitar a formação de agre-
gados ou flocos. Esses agentes são divididos em surfactantes, polí-
meros hidrofílicos, argilas e eletrólitos.
Alguns agentes floculantes:
• Lauril sulfato de sódio (0,5 a 1,0%)
• Docusato sódico (0,01 a 1,0%)
• Polisorbato 80 (tween®80) - (0,1 a 3%)
• Monooleato de sorbitano (span 80) - (0,1 a 3,0%)
• Polietilenoglicol 400 - (até 10%)
• Colóides hidrofóbicos (ex. goma xantana, Veegun®, CMC,
etc)
• Argilas (ex.bentonita)
• Cloreto de sódio (até 1%)
• Fosfato diácido de potássio.
A floculação é um processo no qual as partículas se agrupam
formando aglomerados frouxos. A defloculação é o oposto, ou seja,
a quebra dos aglomerados em particulas individuais.
Tabela 38: Propriedades de Suspensões Floculadas e Defloculadas
Propriedades
Velocidade de sedimentação
Sobrenadante
Sedimento
Redispersabilidade
Floculadas
Rápida
Límpido
Volumoso
Fácil
Defloculadas
Lenta
Turvo
Compacto
Difícil
15.4.6. Agentes umectantes
São acrescidos nas formulações de suspensões, com o objeti-
vo de auxiliar a dispersão da droga. São eles: surfactantes, gliceri-
na, propilenoglicol, polietilenoglicol 400, sorbitol, álcool, dentre
outros.
15.4.7. Outros adjuvantes farmacotécnicos utilizados
Edulcorantes, flavorizantes, corantes, corretores de pH,
tampões e conservantes.
15.4.8. Veículos
Podem ser edulcorados e conter agentes suspensores.
288
Capítulo 5 - Manipulação
15.5. Veiculos utilizados em Suspensões
Tabela 40: Veiculos utilizados em Suspensões
Veiculos
Glicerina
Polietileno 400
Propilenoglicol
Sorbitol 70%
Suspendoral* (veículo suspensor)
Xarope de cacau
Xarope simples
Xaropes aromatizados (cereja,
framboesa, limão,etc)
Concentrações Usuais
2 a 20%
2 a 30%
10 a 25%
5 a 100%
20 a 100%
50 a 100%
50 a 100%
50 a 100%
Fonte: Adaptado pelo autor e Handbook of Pharmaceutical Excipients
'Suspendoral: nome dado pelo autor a um veiculo suspensor base que poderá ser pré-
formulado na farmácia. Veja a fórmula e o seu preparo a segu/r.
289
Capítulo 5 - Manipulação
15.5.1. Sugestão de Veículo Suspensor Oral - Suspendoral*
Ingredientes
Ácido Benzóico
Ácido cítrico
Agua destilada
Agua destilada
Álcool etílico a 96°GL
Alginato de sódio
Aspartame
BHA (butilhidroxianisol)
Bissulfito de sódio
Citrato de sódio
CMC
Dióxido de silício coloidal
EDTA-Na2
Glicerina
Metilparabeno
PEG 400
Propilenoglicol
Propilparabeno
Sorbitol 70%
Xarope simples qsp
Conc.%
0,05
1,5
3
15
0,3
0,034
0,5
0,05
0,15
1,5
0,3
0,15
0,1
20
0,1
2
10
0,035
20
100,0
Função na
farmacotécnica
Conservante
Tampão
Solvente
Veículo, solvente
Co-solvente
Agente suspensor
Edulcorante
Antioxidante
Antioxidante
Tampão
Agente suspensor
Agente suspensor
Sequestrante
Veículo doador de
viscosidade
Conservante
Veículo doador de
viscosidade
Veículo doador de
viscosidade
Conservante
Veículo doador de
viscosidade
Veículo, edulcorante
Procedimento:
Equipamento requerido: moinho coloidal (de preferência) ou
agitador com hélices e balança de precisão.
Passo 1 - Pesagem e medidas: Todos os componentes da formulação
devem ser previamente pesados, medidos e solubilizados antes de
iniciar o processo de preparo. O moinho coloidal deverá ser previa-
mente limpo, sanitizado e montado com a saída para produtos de
uso interno.
Passo 2 - Preparo do gel de CMC: Aquecer a água destilada (os 15%)
290
Capitulo 5 - Manipulação
a aproximadamente 40°C para preparar o gel de CMC. Verter a água
no moinho coloidal e acrescentar o CMC. Esgotar o gel e l impar o
funil do moinho com uma espátula t ipo "pão-duro".
Passo 3 - Adição do sorbitol e outros componentes: Depois de prepa-
rar o gel de CMC, incorporar no moinho coloidal, nesta ordem, os
seguintes componentes: sorbitol, glicerina, propilenoglicol, PEG 400
e o xarope simples.
Passo4 - Adição de alginato de sódio e outros: Incorporar à mistura
anterior (no moinho) o alginato de sódio, o aerosil, o BHA, o bissul-
fito de sódio, o EDTA e o aspartame (previamente pesados num saco
plástico). Insuflar na mistura nitrogênio, para a desincorporação do
ar na formulação .
Passo 5 - Adição dos conservantes: Dissolver o meti lparabeno, o
propilparabeno e o ácido benzóico no álcool e incorporá-los ao bulk
no moinho coloidal.
Passo 6 - Adição dos agentes tampões: Dissolver o ácido cítrico e o
citrato de sódio na água destilada, usando o agitador magnético,
incorporar à mistura no moinho coloidal.
Passo 7 -Volume f inal : Depois de passar todo o produto no moinho
coloidal medir o volume usando um balde graduado, rinsar o
moinho com xarope simples.
Passo 8 Acerto do pH: pH = 4 a 5
Embalagem: galão previamente limpo e sanitizado.
Armazenamento: em local fresco.
Validade: 1 ano.
15.5.2. Veículo Suspensor com Meti lcelulose 1 %
Gel de metilcelulose 2% (1500cp) 50ml
Glicerina 3ml
Benzoato de sódio ou sorbato de potássio 200mg
Xarope simples flavorizado qsp 100ml
15.5.3. Veículo Suspensor com Goma Xantana
Goma xantana 500mg
Sacarina sódica 100mg
Aspartame 200mg
Propilenoglicol 5ml
Xarope simples flavorizado qsp 100ml
Estabilidade: em pH de 3 a 12 e na presença de enzimas, sais, áci-
dos e bases.
291
Capítulo 5 - Manipulação
15.5.4. Sugestão de Excipiente para Suspensão Extemporâ-
nea de Antibióticos
Fármaco X g (princípio ativo)
Aroma pó (hidrossolúvel) 0,5 g (flavorizante)
Benzoato de sódio 0,15 g (conservante)
Aspartame 0,3g (edulcorante)
Celulose microcristalina CMC Na * 1,5g (Avicel RC 591)
Açúcar refinado 40g (edulcorante)
'Avkel 591 é marca registrada da FMC.
Os componentes desta formulação estão presentes em quan-
tidade suficiente para formar uma suspensão em um volume total
de 100 ml (o líquido para a formação deve ser água purificada, a ser
adicionada pelo cliente).
Procedimento
Homogeneizar, misturando intimamente os pós em um gral.
Passar em seguida por um tamis de malha 50 a 60. Acondicionar a
mistura dos pós em um frasco de vidro âmbar, com um marco indi-
cativo para completar o volume de 100 ml.
292
Capítulo 5 - Manipulação
15.6. Procedimento geral para o preparo de Suspen-
sões
Esquematicamente, temos os seguintes métodos para o pre-
paro de suspensões:
01
02
03
04
05
Sólido + líquido
Sólido + suspensor + líquido
Sólido + molhante + líquido + suspensor ***
Sólido + molhante + suspenso + líquido
Solido -> floculante + suspensor + líquido
' " Procedimento de preparo mais comum.
15.6.1. Descrição do Procedimento de Preparo de Suspen-
sões (método n°3):
Passo 1: Dispersar o agente suspensor em quantidade suficiente de
água.
Passo 2: Tamisar os ativos sólidos insolúveis.
Passo 3: Micronizar o(s) fármaco(s) sólido com um agente molhante
(ex.: glicerina) e um pouco de água, em um gral com auxílio de um
pistilo, este processo é denominado de levigação.
Passo4: Adicionar 1 em 3, aos poucos, agitando levemente.
Passo 5: Transferir para um cálice e conferir o volume.
Passo 6: Adicionar o flavorizante, o conservante (se necessário), o
edulcorante e o corante.
Passo 7: Embalar e rotular.
15.6.2. Procedimento de preparo de suspensões utilizando
oveiculo suspensor pré-formulado (Suspendoral):
0 suspendoral é um veículo base pré-formulado, edulcorado
e tamponado; com sistemas conservantes, antioxidantes, agentes
suspensores e molhantes, ideais para manipulação de suspensões
estáveis. Este veículo tem estabilidade na faixa de pH compreendi-
doentre4,0 a 11,5.
A manipulação de suspensões com este veículo torna-se ágil
e simples, sendo necessário apenas a adição do agente flavorizante
(aroma) indicado pela prescrição e que mais se adeque à formula-
ção.
293
Capitulo 5 - Manipulação
Este veículo suspensor pode ser utilizado na concentração
entre a 20 a 100%, em combinação com xarope simples.
0 pH do Suspendoral está tamponado no pH compreendido
entre 4,0 a 5,0. O suspendoral contém açúcar, portanto é contra-
indicado para diabéticos.
Material utilizado:
• Cálice
• Bastão
• Espátula e espátula tipo "pão duro"
• Gral
• Pistilo
• Papel manteiga
• Balança de precisão
Procedimento:
Passo 1: Pesar a quantidade de ativos indicados na prescrição.
Passo 2: Tamisar e triturar os pós (ativos) em um gral com auxílio de
um pistilo.
Passo 3: Micronizar (levigar), molhando o pó com quantidade sufici-
ente de Suspendoral.
Passo 4: Adicione mais Suspendoral, cerca da metade do requerido
na formulação e misture bem. O Suspendoral pode ser utilizado na
porcentagem entre 20 e 100% da formulação, sendo o usual cerca de
30%.
Passo 5: Transfira o conteúdo do gral para um cálice com auxílio de
uma espátula tipo "pão duro".
Passo 6: Adicione o restante do Suspendoral, misturando bem com o
bastão.
Passo 7: Dilua o aroma em um pouco de xarope simples ou em quan-
tidade suficiente de solvente adequado (ex.: álcool).
Passo 8: Complete o volume com Suspendoral ou xarope simples.
Passo 9: Checar o pH final da formulação, ajustá-lo adequando-o à
formulação, caso seja necessário.
Passo 10: Embalar em frasco de vidro âmbar e rotular.
294
Capitulo 5 - Manipulação
15.7. Sugestões de Suspensões
15.7.1. Suspensão de Carbamazepina
Carbamazepina 100mg/5ml
Glicerina 5% v/v
Propilenoglicol 5% v/v
Sorbitol 70% 10%v/v
Sacarina sódica 0,05% p/v
Metilparabeno 0,1% p/v
Solução metilcelulose 1 % 50% v/v
Aroma qs
Xarope simples qsp 100ml
Estabilidade aproximada: 90 dias
15.7.2. Suspensão de Nitrofurantoina 50mg/5ml
Nitrof urantoína 600mg
Aspartame 600mg
Suspendoral 18ml
Aroma tutti-frutt i 2ml
Xarope simples qsp 60ml
Estabilidade aproximada: 60 dias
15.7.3. Suspensão de Tiabendazol 500mg/5ml
Tiabendazol 10g
Ácido sórbico 0,2g
Simeticone USP 1 ml
Metilcelulose 2% 50ml
Polisorbato 20 ou 60 1ml
Flavorizante de fambroesa 3ml
Flavorizante creme dementhe ... 0,5ml
Glicerina qs
Xarope simples qsp 100ml
Estabilidade aproximada: 6 meses
295
Capítulo 5 - Manipulação
15.7.4. Suspensão de Omeprazol 20mg/5ml
Omeprazol 400 mg
Glicerina qs
Bicarbonato de sódio 16,8 §
Sílica gel micronizada 3 g
Steviosídeo 0,3g
Acesulfame de potássio 0,5 g
Flavorizante chocolate 3mL
Creme dementhe 1 mL
Nipagim 0,15g
Metabissulfito de sódio 0,1 g
EDTANa2 0,1g
Xarope simples 40mL
Água destilada preservada qsp 100mL
Estabilidade aproximada: 14 dias sob refrigeração
Procedimento de Preparo para Suspensão de Omeprazol
Passo 1: Triture em um gral os pellets com qs de álcool, deixe em
repouso por 5 minutos. A seguir triture os pellets reduzindo-os a um
pó fino até completa evaporação do álcool. Misture a sílica gel, o
steviosídeo (pode ser substituído por 0,5g de aspartame), o bicarbo-
nato de sódio, o acesulfame de potássio, o metabissulfito de sódio e
o EDTA Na2. Triture e misture bem.
Passo 2: Levigue a mistura dos pós com a glicerina para formar uma
pasta.
Passo 3: Adicione um pouco do xarope simples na pasta até que haja
uma quantidade suficiente para ser vertida (escoada)
Passo 4: Adicione os flavorizantes misturando ao passo 3 e verter
para o recipiente de dispensação.
Passo 5: Rinse o grat 2 a 3 vezes com o resto do xarope simples
transferindo para recipiente de dispensação após cada rinsagem.
Passo 6: Ajuste o pH entre 9,0 a 9,5 com uma solução de NaOH a
40%.
Passo 7: Depois de terminado o preparo deixe a suspensão em re-
pouso com a tampa do frasco aberta para permitir a liberação do
gás C02 desprendido.
Passo 8: Adicione quantidade suficiente da água destilada e comple-
te para o volume final de 100mL.
296
Capítulo 5 - Manipulação
16. Preparações Orais Oleosas (Soiuções ou Suspensões)
São preparações farmacêuticas para administração oral (uso
sistêmico) em que o(s) princípio(s) ativo(s) se encontra(m) dissolvi-
do(s) ou suspenso(s) em um óleo fixo flavorizado.
16.1.Vantagens das Preparações Orais Oleosas
Estabilidade: 0 veículo oleosoprevine a degradação de dro-
gas susceptíveis a processo de degradação por hidrólise (veículo
anidro).
Possibilidade de solubilização de drogas lipossolúveis e de
suspensão de drogas hidrossolúveis.
Permite a flavorizacão tomando-se mais palatável.
16.2. Composição básica de uma Preparação Oral Oleo-
sa
Princípio(s) ativo(s).
Óleo fixo (veículo): ex.: óleo de amêndoas doces.
Antioxidante: ex. BHA, BHT.
Agente suspensor (em caso de suspensão): ex. sílica gel mi-
cronizada (2 a 6%), estearato de magnésio (2%).
Ravorizante (lipossolúvel): ex.: óleo essencial de canela, ó-
leo essencial de laranja, óleo essencial de menta.
16.3. Formulação Base para Preparações Orais Oleosas
A. BHT (butil hidroxi totueno) 100 mg
Sacarina 100 mg
Óleo essencial de tangerina ou laranja.. 3 mL ou Óleo essencial de
canela 0,5 mL
Óleo de amêndoas doces qsp 100 mL
Nota: Para o preparo de suspensões, deve-se utilizar um agente suspensor compatível (ex.:
sílka gel micronizada ou o estearato de magnésio)
Preparo:
Passo 1: Aquecer o óleo fixo, misturar a sacarina e o BHT, previa-
mente triturados, com agitação. A sacarina não irá dissolver com-
pletamente.
297
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 2: Adicione o flavorizante.
Passo 3: Adicione a sílica gel micronizada (aerosil®) na etapa 2 e
então misture bem. 0 óleo fixo irá ficar mais viscoso, caso seja ne-
cessário, ajuste a concentração do agente suspensor.
Nota:
Esta base poderá ser preparada antes para ser utilizada corno base oleosa para suspensão.
0 óteo de fí$ado de bacalhau é um óleo fixo e pode ser utilizado em preparacões para uso
veterinário.
16.4. Alguns fármacos que podem ser veiculados
Ácido acetilsalicílico
Alendronato de sódio
Amlodipina
Atorvastatina
Bupropiona
Carbenecilina
Ciclofosfamida
Cloramucil
Fluvoxamina
Fosinopril
Glimepirida
Isradipina
Paroxetina
Piroxican
Quinapril HCl
Sinvastina
Warfarina
Ref.: Stability table Reference PCCA
298
Capitulo 5 - Manipulação
17. Emulsões Orais
Emulsões Orais são normalmente dispersões do tipo çV
leo/água estabilizadas por um agente emulsionante, onde uma ou
ambas as fases podem conter sólidos dissolvidos. Podem conter um
ou mais princípios ativos. Os ativos sólidos podem também estar
suspensos nas emulsões orais. Em emulsões do tipo o/a, a fase oleo-
sa (fase interna, dispersa, descontínua) está dispersa como gotículas
em uma solução aquosa (fase externa ou contínua).
17.1. Vantagens das Emulsões Orais:
As emulsões permitem a administração de fármacos líquidos
oleosos e de fármacos lipofílicos dissolvidos em óleo.
As emulsões orais não possuem, convenientemente, a fase
externa aquosa, por isto mascaram de maneira efetiva o sabor pou-
co agradável de alguns fármacos, tais como, vitaminas lipossolúveis,
óleo de rícino, óleo mineral e o óleo de fígado de bacalhau. A fase
externa aquosa (miscivel com água) apresenta maior palatabilidade
e portanto, maior aceitação pelo paciente. Podem ser flavorizadas.
A suspensão de fármacos insolúveis em um veículo emulsio-
nado, permite obter formas de ação sustentada (suspensão-
emulsão), programando a liberação e a absorção dos mesmos.
17.2. Desvantagens:
Emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis, cujas
fases tendem a separar-se com o decorrer do tempo.
17.3. Características de uma boa Emulsão:
Peguenas potículas: normalmente o tamanho das gotículas
dispersas está compreendido entre 0,1 e 10u , embora algumas po-
dem ser tão pequenas quanto 0,01 u ou tão grandes quanto 100JJ.. O
tamanho das gotículas dispersas é influenciado por fatores mecâni-
cos (método e equipamento utilizado para a mistura e cisilhamento
das duas fases), pela técnica e pelos agentes emulsificantes.
299
Capítulo 5 - Manipulação
Lenta aqreqação (coalescência) das gotículas dispersas, lenta
cremaqem (formação de nata) caracterizada pela aglomeração das
gotículas dispersas na superfície (líquido disperso mais leve que o
dispersante da preparação) ou lenta sedimentação no fundo (líquido
dispersado mais pesado que o dispersante).
Se houver coalescência, ocorre uma ruptura completa e irre-
versível da emulsão com a separação completa das fases.
Se houver apenas cremaqem ou sedimentação, a homoge-
neidade pode ser facilmente restabelecida por simples agitação.
A velocidade de cremagem e sedimentação seguem a Lei de
Stokes, citada e explicada no ítem Suspensões.
Facilidade de redispersão com agitação.
17.4. Composição básica de uma Emulsão
17.4.1. Fase aquosa:
A água utilizada no preparo de emulsões deve ser deioniza-
da, pois a presença de íons, como por exemplo, íons de cálcio e do
magnésio desestabilizam a emulsão.
Nesta fase devem ser solubilizados todos os ingredientes hi-
drosolúveis da formulação.
17.4.2. Fase oleosa:
Constituida por óleos (óleo fixo, mineral, volátil ou óleo-
resina) ou ceras, nos quais serão acrescentados e solubilizados os
ingredientes liposolúveis.
17.4.3. Agente emulsificante:
0 agente emulsificante dá estabilidade à emulsão, reduzindo
a tensão superficial entre o óleo e a água e retardando a separação
das fases.
17.4.5. Antioxidantes:
Previnem os processos de degradação por oxidação dos óleos
e gorduras. Eles devem ser, preferencialmente, solúveis na fase
oleosa (ex.: BHT, BHA, Palmitato de Ascorbila, Vitamina E), entre-
tanto, pode-se utilizar antioxidantes na fase aquosa (ex.: Acido As-
córbico, Metabissulfito de Sódio e Bissulfito de Sódio).
300
Capitulo 5 - Manipulação
17.4.6. Conservantes:
Os conservantes previnem o crescimento de fungos e bacté-
rias na preparação. Preferencialmente, devem ser adicionados na
fase aquosa, uma vez que esta é mais susceptível à contaminação
microbiana. Outvos corrvpooentes da emulsão, além da áe,ua, podem
favorecer o crescimento de microorganismos, tais como, agentes
emulsificantes naturais (ex.: goma arábica, goma adraganta, etc),
óleos como o de amendoim (podem conter espécies de Aspergillus)
e parafinas líquidas (podem conter espécies de Peniciíiium). É bom
lembrar que alguns agentes emulsionantes podem diminuir ou até
mesmo, neutralizar o efeito de determinados conservantes
(ex.:tween 80 e parabenos). Contaminantes podem ser introduzidos
em uma emulsão pelos ingredientes, equipamentos (não adequada-
mente sanificados) ou recipientes (não devidamente sanificado ou
vedado).
17.4.7. Flavorizantes e Corantes:
Emulsões Orais normalmente contêm agentes flavorizantes e
raramente são utilizados corantes. Deve se utilizar somente coran-
tes permitidos para uso sistêmico. Em emulsões orais os flavorizan-
tes e corantes devem ser hidrossolúveis, a fase externa é aquosa.
17.5. Agentes Emulsificantes
Os agentes emulsificantes auxiliam na produção de uma dis-
persão estável, pela redução da tensão interfacial e consequente
manutenção da separação das gotículas dispersas, através da forma-
ção de uma barreira interfacial. Agentes emulsificantes eficientes
são agentes tensioativos.
Os agentes emulsificantes (tensioativos) têm grupamento po-
lar (hidrofílico) que é orientado em direção a água e grupamento
apolar (lipofílico) que está direcionado ao óleo.
0 tipo de emulsão é determinado pela solubilidade do agente
emulsificante:
Se o agente emulsificante é mais solúvel em áqua (hidrofíU-
co), então a água será a fase contínua, consequentemente se forma-
rá uma emulsão do tipo o/a .
Se o agente emulsificante é mais solúvel em óleo (Upofili-
co), então o óleo será a fase contínua, consequentemente se forma-
rá uma emulsão do tipo a/o.
301
Capítulo 5 - Manipulação
Se uma substância é adicionada na formulação de uma emul-
são e altera a solubilidade do agente emulsificante, o equilíbrio
pode ser alterado e a emulsão poderá mudar de tipo. A esta altera-
ção denominamos inversão de fase.
17.5 .1 . Escolha do Agente Emulsificante:
A escolha do agente emulsificante é determinada pelos in-
gredientes ativos e pela utilização do produto. Agentes emulsifican-
tes para preparaçõesde uso interno não devem ser tóxicos ou irri-
tantes. Normalmente para emulsões orais são utilizados polissacarí-
deos naturais (ex. goma arábica, goma adraganta, goma karaya,
gelatina, lecitina) e surfactantes não-iônicos.
É importante levarmos em consideração que os emulsifican-
tes podem influenciar no sabor da preparação. Polisorbatos têm o
sabor desagradável, portanto, podem tornar a preparação menos
palatável.
17.5.2. Agentes emulsificantes de ocorrência natural:
A.Polissacarídeos: goma arábica (melhor emulsificante para emul-
sões orais o/a), goma adraganta (aumenta a viscosidade da emul-
são, prevenindo a cremagem) e outros como o amido, a pectina e a
carragena são utilizados para estabilizar a emulsão.
B. Polissacarídeos semi-sintéticos: carboximetilcelulose e metilcelu-
lose de baixo grau de viscosidade formam emulsões o/a.
C. Substâncias contendo esteróis: atuam como agentes emulsifican-
tes a/o (ex.: cera de abelha, lanolina e álcoois de lanolina).
302
Capítulo 5 - Manipulação
17.6. Surfactantes:
Contêm regiões hidrofílicas e lipofílicas na molécula.
17.6.1. Surfactantes Aniônicos:
São sais orgânicos que em água, possuem ação tensioativa
aniônica. São amplamente empregados em emutsões para uso ex-
terno como emulsificante o/a. São incompatíveis com alguns cátions
inorgânicos e com um amplo número de cátions orgânicos, como a
cetrimida. Eles precisam estar na forma ionizada para serem efeti-
vos; as emulsões preparadas com tensioativos aniônicos são geral-
mente estáveis em pH atcalino.
Exemplos: Estearato de Sódio (o/a), Oleato de Cálcio (a/o), Trieta-
nolamina (o/a), Lauril Sulfato de Sódio (o/a).
17.6.2. Surfactantes Catiônicos:
São normalmente quaternários de amônio, têm um cátion
tensioativo. São utilizados na preparação de emulsões o/a para uso
externo e precisam estar ionizados para serem efetivos. As emul-
sões formadas por surfactantes catiônicos são geralmente estáveis
em pH ácido. Os surfactantes catiônicos apresentam também ação
antimicrobiana.
Exemplos: Cetrimida, cloreto de Benzalcôneo.
17.6.3. Surfactantes não-iônicos:
São substâncias sintéticas e representam o mais numeroso
grupo entre os surfactantes. São empregados para preparação tanto
de emulsões o/a como de emulsões a/o para uso externo e interno.
Os surfactantes não-iônicos são compatíveis com substâncias aniôni-
cas e catiônicas são muito resistentes a mudanças de pH. 0 tipo de
emulsão formada depende do equilibrio entre os grupos hidrofílicos
e lipofílicos, o HLB {hydrophitic-tipophitic balance).
Exemplos: Glicóis, Ésteres de Glicerol, Polisorbatos (tweens®), És-
teres de Sorbitano, Éteres e Ésteres de PEG, Álcoois Graxos Superio-
res e Álcoois Polivinilicos.
303
Capitulo 5 - Manipulação
17.7. Sólidos finamente divididos:
Sólidos finamente divididos podem ser adsorvidos na interfa-
ce óleo-água, formando um filme que previne a coalescência das
gotículas dispersadas. Se as partículas são preferencialmente mo-
Ihadas por óleo, uma emulsão a/o é formada. De maneira oposta, se
as partículas são preferencialmente molhadas pela água, uma emul-
são o/a é formada. Eles formam emulsões com boa estabilidade e
menos susceptíveis a contaminação microbiana.
Exemplos: Bentonita, Silicato de Alumínio e Magnésio (Veegun®),
Aluminio Coloidal, Hidróxido de Magnésio.
1 7 . 8 . Flavorizando uma Emulsão Oral
A escolha dos agentes corretivos do sabor (edulcorantes e
aromatizantes) deve incidir sobre aqueles hidrossolúveis, pois a efi-
ciência destes é maior se estiverem concentrados na fase externa
da emulsão; uma vez que só deste modo poderão disfarçar o gosto
da droga que se pretende corrigir. Emulsões orais edulcoradas des-
tinadas a serem administradas em colheres são chamadas looques
(do inglês looks ou loochs).
17.9. Preparo de Emulsões Orais
As Emulsões Orais são normalmente emulsões primárias do
tipo óleo/água. Utiliza-se com freqüência no preparo destas formu-
lações as gomas ou surfactantes não-iônicos como agentes emulsifi-
cantes. De modo geral não é necessário o emprego do calor para o
preparo da Emulsão Oral.
17 .9 .1 . Métodos de preparo
Os métodos mais empregados são o da "goma seca" e o da
"goma úmida". Estes métodos se aplicam, adequadamente, para a
produção de preparações extemporâneas em pequena escala na
farmácia magistral, utilizando simplesmente o gral, o pistilo ou mis-
turadores elétricos como equipamentos.
A proporção dos ingredientes para o preparo de emulsões
304
Capitulo 5 - Manipulação
primárias pelo método das gomas, deve seguir proporções definidas,
conforme a tabela a seguir:
Tabela 41: Proporção dos ingredientes para o preparo de emul-
sões pelo Método das Gomas
Tipo de Óleo
Fixo
Mineral
(hidrocarbonetos)
Volátil
(óleos essenciais)
Oleo resina
Oleo de linhaça
Exemplos
Óleo de amêndoas,
óleo de amendoim,
óleo de rícino, óleo de
fígado de bacalhau,
etc.
Parafina líquida,
óleo mineral, etc.
Oleo essencial de ca-
nela, óleo essencial de
menta, etc.
Óleo de copaíba
Oleo de linhaça
Oleo
4
3
2
1
2
Agua
2
2
2
2
2
goma
1
1
1
1
1
Adaptado: Winfield e K/ng.
A. Método da Goma Seca ou Método Continental (adição da fase
externa à fase interna contendo o agente emulsivo)
Material utilizado:
• Balança de precisão
• Papel manteiga
• Cálice ou proveta
• Gral de porcelana e pistilo
Preparo:
Passo 1: Meça precisamente o óleo em um recipiente limpo e seco.
Passo 2: Verta completamente o óleo medido para um gral de por-
celana limpo e seco.
Passo 3: Pese a goma (normalmente se utiliza a goma arábica).
Passo 4: Meça a água em um recipiente limpo e sanitizado.
Passo 5: Adicione a goma ao óleo e misture aos poucos até a com-
pleta dispersão.
Passo 6: Imediatamente, adicione toda a água e agite de modo vigo-
roso e continuo até a mistura ficar espessa e a emulsão primária se
305
Capitulo 5 - Manipulação
formar.
Passo 7: Continue triturando por 2 a 3 minutos para produzir uma
emulsão estável e contínua.
Passo 8: Gradualmente a emulsão primária pode ser diluída com
pequenos volumes do veículo e adicionada de outros ingredientes,
assegurando a completa mistura entre as adições de maneira a
completar o volume final da preparação.
B. Método da Goma Úmida ou Método inqlês (adição da fase interna
à fase externa contendo o agente emulsivo)
Este método difere do anterior porque se emprega a mucila-
gem de goma (a goma diluída previamente na água), em vez da go-
ma seca. Para obter uma emulsão primária por este método, utili-
zam-se as proporções de água, óleo e goma citadas na tabela ante-
rior.
Material utilizado:
• Balança de precisão
• Papel manteiga
• Cálice ou proveta
• Gral de porcela e pistilo
Preparo:
Passo 1: Pesar precisamente a goma.
Passo 2: Meça a água.
Passo 3: Verta a goma para o gral e aos poucos adicione a água,
triturando a goma até formar uma mucilagem.
Passo 4: Meça o óleo.
Passo 5: Verta o óleo sobre a mucilagem aos poucos, triturando até
obter uma emulsão primária espessa.
Passo 6: Para estabilizar a emulsão, continue misturando durante
alguns minutos.
306
Capítulo 5 - Manipulação
17.10. Exemplos de Formulações:
17.10.1. Emulsão com Vitamina D (Calciferol)
Emulsão com Vitamina D
(Calciferol)
Calciferol diluído em óleo 1,5mL
Oleo de amendoim 8,5mL
Agua 5mL
Goma arábica 2,5g
Proporção
4
(1,5+8,5=10)
2
1
óleo
Agua
Goma
17.10.2. Emulsão com Óleo de Fígado de Bacalhau
Emulsão com Oleo de Fígado
de Bacalhau
Òleo de Fígado de Bacalhau 30mL
Agua 15mL
Goma Arábica 7,5g
Proporção
4
2
1
Oleo
Agua
Goma
17.10.3. Suspensão Oral preparada com Agente Tensioativo
não-iônico
A. Método geral de preparo: Misture a fase oleosa com o emulsifi-
cante não-iônico e em seguida aos poucos, adicione a água agitando
de maneira vigorosa e contínua, até a completa homogeneização.
B. Exemplo 1:
Emuisão Purgativa com Óleo de Ricino (o/a)
Óleo de rícino 50 g
Polisorbato 20 3gÁgua destilada qsp 100
307
Capitulo 5 - Manipulação
C. Exemplo 2:
Emulsão de Óieo Mineral
Oleo mineral 60ml
Polisorbato 60 6g
Água destilada 30ml
Xarope de chocolate 24ml
Estabilidade aproximada: 30 dias
308
Capitulo 5 - Manipulação
18. Aplicação de Flavorizantes em Formas Farma-
cêuticas Orais
Flavorizar, edulcorar e colorir uma preparação farmacêutica
para administração oral é fator preponderante à adesão terapêutica
pelo paciente, especialmente o pediátrico. Portanto, o farmacêuti-
co tem como desafio, desenvolver técnicas e recursos para realizar
a combinação harmônica dos aditivos, flavorizantes (aromas), edul-
corantes e corantes.
A percepção de um determinado sabor envotve os receptores
dos paladares, proteínas localizadas na superfície das células das
papilas gustativas que reconhecem certas estruturas químicas e ini-
ciando a emissão de sinais para que o cérebro os traduza e reconhe-
ça como doce, amargo, salgado ou azedo (ácido). Possuimos cerca
de 10.000 papilas gustativas, sendo que nas crianças elas estão em
número maior. Isto explica o porquê das crianças serem mais sensí-
veis a sabores desagradáveis. Para isto, torna-se importante a com-
preensão dos aspectos psicofisiológicos envolvidos na percepção dos
sabores.
Os receptores para os paladares primários: doce, amarso, sal-
§ado e azedo (ácido), estão distribuídos e agrupados em regiões
diferentes da superfície da língua. 0 paladar doce é detectado,
principalmente, na ponta da língua, enquanto que o amargo é mais
evidenciado na região posterior, o salgado nas laterais anteriores e
o azedo nas laterais medianas (veja a figura a seguir):
Percepção regional dos
paladares primários na língua
humana.
Leçenda:
Bitter:amargo
Sour: azedo fácido)
Satty: salsado
Sweet: doce.
Fonte: Roy, 1997.
309
Capítulo 5 - Manipulação
A sensação final de um sabor, extrapola a percepção dos palada-
res primários e suas combinações. Outros sentidos, tais como, o
olfato, a visão, o tato, a audição e até mesmo os aspectos subjeti-
vos como os fatores psicológicos influenciam no reconhecimento do
sabor.
18.1. Relação Química com os Quatro Paladares Primá-
rios
Existe uma relação estreita entre a estrutura química de uma
substância e o sabor. A solubilidade, o grau de ionização e o tipo de
íons produzidos na saliva influenciam de maneira decisiva na sensa-
ção interpretada pelo cérebro (Remington, 2000).
18.1 .1 . Sabores Ácidos (azedo):
São proporcionais à concentração de íons H* e a solubilidade
lipídica da substância. Característicos de ácidos, taninos, fenóis e
lactonas.
18.1.2. Sabores salgados:
Estão associados com compostos inorgânicos ou de baixo pe-
so molecular. Correlacionados também, com a presença simultânea
de ânions e cátions.
Exemplos: Cloreto de Sódio, Brometo de Potássio, Cloreto de Amô-
neo e Salicilato de Sódio.
18.1.3. Sabores Amargos:
Compostos polihidroxilados de alto peso molecular(>300 dal-
tons). As bases livres, os alcalóides, as amidas e as anfetaminas pos-
suem sabor amargo; bem como substâncias polihalogenadas, tiocar-
bamidas e compostos tioalifáticos.
Exemplo: Cafeína, Cloridrato de Difenidramina, Sulfato de Quinino,
Cloridrato de Prometazina e Codeína.
18.1.4. Sabores adocicados (doces):
Estão freqüentemente associados a compostos polihidroxila-
dos de baixo peso molecular, tais como, a sacarose, o sorbitol e o
manitol; mas vários outros grupos podem dar um sabor intensamen-
te doce à composição. Compostos alifáticos polihalogenados, alfa-
aminoácidos, imidas, tais como, (sacarina), sulfamatos (ciclamatos)
310
Capitulo 5 - Manipulação
e combinações de aminoácidos (aspartame) são muito doces. As
relaçòes estrutura-atividade são imprevisíveis, de fato estes com-
postos amplamente utilizados como edulcorantes, foram descober-
tos ao acaso.
18.2. Critérios para Preparação de Forma Farmacêutica
Palatável
A seleção de um flavorizante apropriado para o paciente en-
volverá aspectos como:
• a imediata identidade do sabor.
• o desenvolvimento rápido da completa sensação de sabor.
• a sensação bucal aceitável.
• uma curta sensação "aftertaste".
• a não existência de sensações desagradáveis.
18.3. Metodologia de flavorização
Cada problema de flavorização é único e requer uma sotução
específica. A flavorização de uma preparação farmacêutica é com-
plexa, pois a percepção do paladar agradável ou desagradável de-
pende de preferências individuais.
0 sabor doce é geralmente considerado desejável, enquanto
que o amargo é usualmente (mas não sempre) indesejável. A prefe-
rência por determinado sabor pode também estar relacionada com
a idade da pessoa. Crianças, geralmente, preferem sabores doces e
não respondem bem ao amargo. Elas gostam de sabores, tais como
frutais, melado, frutas vermelhas (exemplo: morango, framboesa e
cereja) e baunilha. Os adultos por outro lado, aceitam razoavelmen-
te determinados níveis de amargo em medicamentos, mas normal-
mente preferem sabores relacionados com o cítrico, o chocolate, o
café, o alcaçuz e o maple. É importante ressaltar que alguns paci-
entes associam o sabor amargo com a potência e a efetividade do
medicamento.
0 sabor agradável também pode ser uma questão individual,
como por exemplo, alguns pacientes adoram o sabor de chocolate,
enquanto outros podem até mesmo detestá-lo.
Apesar da existência de inúmeros estudos sobre a flavoriza-
311
Capitulo 5 - Manipulação
ção de preparações farmacêuticas, a seleção dos flavorizantes con-
tinua se baseando em critérios empíricos, utilizando muitas vezes a
estratégia da tentativa e o erro.
18.4. Técnicas de flavorização
18.4.1.Combinação:
Para selecionar um flavorizante adequado ou um "blend" de
flavorizantes, não é necessário utilizar somente os tradicionalmente
empregados.
A seleção do flavorizante para uma preparação deve ser feita
de acordo com a preferência do paciente.
A cor, o odor, a viscosidade e os efeitos locais na mucosa o-
ral também influenciam na aceitabilidade de uma preparação far-
macêutica pelo paciente.
É necessário checar com o paciente uma possível sensibilida-
de alérgica a um flavorizante.
Selecionar um conservante sem sabor, parabenos podem
transferir para a formulação um aroma floral indesejável (metilpa-
rabeno) ou uma sensaçâo de dormência na língua (propilparabeno).
Utilizar, de maneira adequada e racional os edulcorantes.
Utilizar ácidos, tais como, o ácido tartárico (0,1 a 0,3%), o
ácido cítrico (0,3 a 2%), o ácido málico (<420 ppm) ou o ácido fumá-
rico (<3600 ppm) para realçar o sabor de frutas.
Drogas de paladar ácido podem ser melhor flavorizadas com
flavorizantes cítricos ou de frutas, associando um edulcorante.
Formulações antiácidas líquidas são frequentemente associa-
das com o sabor de menta, portanto, este flavorizante é uma boa
escolha para este tipo de formulação. 0 paladar deste tipo de for-
mulação pode ser otimizado pela adição de edulcorante.
Sabores amargos podem ser corrigidos pela adição de flavori-
zantes salgados, doces ou ácidos.
A adição de Cloreto de Sódio em pequenas concentrações,
pode melhorar a palatabilidade de algumas preparações.
Compostos como a Vanilina (0,01 a 0,02%) e o Monoglutama-
to Sódico (contra-indicado para crianças) podem ser utilizados na
combinação.
312
Capitulo 5 - Manipulação
18.4.2. Mascaramento:
Utilização de um flavorizante cuja intensidade é mais forte e
prolongada do que o sabor objetável.
Exemplo: Salicilato de Metila, Alcaçuz e Oleoresinas.
Nota: Preparações para tratamento por periodos prolongados, requerem a utiiização de
flavorizantes suaves, menos prováveis de causar a fadiga do sabor.
18.4.3. Física:
Trocar ou ajustar o veículo se o mesmo for inadequado.
Liquidos viscosos podem ser utilizados para reduzir o contato
da droga com as papilas gustativas.
Exemplo: Xaropes com mucilagens.
Mucilagens e xaropes podem tornar alguns sabores menos ob-
jetáveis.
Óleos podem ser emulsificados(ex.: Emulsão de Óleo de Fí-
gado de Bacalhau).
0 fármaco solubilizado tem o seu sabor realçado. Um paladar
desagradável de um fármaco pode ser reduzido com a utilização de
um veículo no qual ele seja insolúvel, pela precipitação do fármaco
na solução, pela alteração do pH da mesma e a preparação subse-
quente de uma suspensão.
A preparação pode ser armazenada na geladeira. 0 frio e o
calor reduzem a sensibilidade das papilas gustativas.
0 paciente pode ser instruido para ingerir a medicação com
bebidas efervescentes. 0 Dióxido de Carbono anestesia as papilas
gustativas ou então o uso de pós efervescentes.
18.4.4. Química:
Absorção da droga em um substrato ou a formação de um
complexo da droga com resinas de troca iônica ou com agentes
complexantes.
Exemplo: revestimento da droga.
18.4.5. Fisiológica:
Usar, se necessário, agentes dessensibilizantes do paladar,
como por exemplo, o mentol (0,003 a 0,02%), o óleo essencial de
menta, o óleo essencial de anis (anetol), o fenolato de sódio, a cap-
saicina, temperos e evidenciadores dos flavorizantes (acidulantes).
313
Capitulo 5 - Manipulação
18.5. Considerações importantes sobre os fatores que
afetam a percepção do sabor amargo
A correção do sabor amargo é especialmente problemática; o
número de compostos que promovem o sabor amargo excede aos
compostos que evideciam o sabor doce (Bartoshuck e Beauchamp,
1994) e a relação entre estrutura-atividade é na maior parte, pouco
compreendida (Shallenberger and Acree, 1971).
São vários os fatores que afetam a percepção do amargo.
Uma melhor compreensão destes é de grande importância para um
trabalho efetivo no mascaramento deste sabor indesejável. Dentre
os fatores que afetam a percepção do amargo podemos citar:
18.5 .1 . Interações entre sabores:
Uma comum ocorrência na psicofisiologia do paladar é o masca-
ramento da intensidade da percepção do sabor, em misturas con-
tendo dois ou mais componentes. A evidenciação do sabor é tam-
bém ocasionalmente observada, embora menos comum e normal-
mente observada em associações com baixas concentrações dos
componentes (Pfaffman et. al., 1971). Como exemplo, podemos
citar a supressão da magnitude do amargo, diretamente relacionada
com a intensidade do doce (uma maior concentração do edulcoran-
te). 0 salgado também tem sido relatado como fator de mascara-
mento do amargo; Pangbom (1960) relatou que concentrações limi-
ares de Cloreto de Sódio diminuem o amargo em preparações con-
tendo Cafeína. A evidenciação do sabor doce através de concentra-
ções limiares de Cloreto de Sódio tem sido atribuída ao sabor doce
que o NaCl possue em baixas concentrações, mas isto é especulati-
vo. Lawless and Stevens (1984) afirmam que a natureza da supres-
são se dá através de mecanismos diversos, tais como, mudanças no
fluxo salivar, efeitos inibitórios neurais, interações químicas ou re-
crutamento de canais gustatórios para carrear sinais competitivos.
Acidulantes em concentrações baixas, também têm sido relatados
como redutores do amargo; Pangborn (1960) relatou que níveis limi-
ares de Ácido Cítrico diminuem o amargo da Cafeína. Embora possa
parecer um contrasenso, sabemos que sabores intensamente amar-
gos podem ser melhorados com a adição de uma outra susbstância
menos amarga. Compostos moderadamente amargos atuam como
agonistas parciais, ocupando o receptor, induzindo a uma resposta
de amargo menos intensa e prevenindo que o composto mais amargo
acesse o receptor.
314
Capítulo 5 - Manipulação
18.5.2. Veículo:
A percepção do sabor não depende apenas do composto pre-
sente na formulação, depende também das propriedades físicas e
químicas do veícuío. Mackey (1985) relatou que o amargo da Cafeí-
na e do Quinino foi reduzido quando os compostos foram dispersos
em Óleo de Amendoim, em vez de água. A natureza hidrofóbica do
solvente pode ter alterado a velocidade de distribuição, reduzindo a
concentração salivar ou então a viscosidade do óleo pode ter influ-
enciado na resposta perceptiva.
18.5.3. Viscosidade:
0 aumento da viscosidade do veículo diminui a percepção do
sabor amargo.
18.5.4. Temperatura:
A percepção do amargo pode ser diminuída com o aumento
ou com a redução da temperatura da preparação.
18.5.5. Irritantes químicos orais:
A adição de agentes químicos irritantes orais tem sido pro-
posta como agentes de mascaramento da percepção. Lawless et al.
(1985) observaram que a percepção do amargo de uma solução de
Quinino foi, moderadamente, suprimida com a utilização prévia de
um rinse com solução de Capsaicina. A Capsaicina tem sido utilizada
em soluções dessensibilizantes do paladar em rinses em concentra-
ções de 100ppm.
18.5.6. Etanol:
0 Etanol devido a sua propriedade solubilizante, potencializa
o sabor amargo.
18.5.7. Modificadores do sabor:
Alguns compostos modificam o paladar, aparentemente, de-
vido à interação com receptores celulares do paladar (Kurihara,
1971). Ex.: Extrato de Gymnema Sylvestre e Dodecil sulfato de Só-
dio.
18.5.8. Status salivar:
Para uma substância ter acesso à célula receptora do pala-
dar, ela precisa estar solubilizada em um meio aquoso, no organis-
315
Capítulo 5 - Manipulação
mo, este meio é provido pela saliva. As relações entre a saliva e a
percepção do sabor têm sido estudadas. Sabe-se que sabores primá-
rios ácidos são efetivos na estimulação do fluxo salivar. Estas evi-
dências sugerem que os efeitos de diluição da saliva, devido ao au-
mento do seu fluxo, podem reduzir a percepção do amargo. Algumas
substâncias amargas também podem aumentar o fluxo salivar, em-
bora fracamente quando comparadas com substâncias ácidas.
18.5.9. Idade:
A sensibilidade para o paladar diminui com o envelhecimento
(Murphy, 1986).
18.6. Flavorizantes
Substância que confere ou intensifica o sabor e o aroma dos
alimentos (Decreto n°55.871 25/03/1965)
18.6 .1 . Flavorizantes utilizados para mascarar alguns sabo-
res primários:
Doce: baunilha, vanilina, tutt i-frutt i , uva, morango, framboesa,
amora e hortelã-pimenta.
Ácido/azedo: cítrico, limão, laranja, cereja, framboesa, xaropes
mucilaginosos (goma arábica).
Salgado: amêndoas, xarope de canela, xarope de ácido cítrico, xa-
rope de maple, xarope de laranja, xarope de alcaçuz, framboesa,
butterscotch, xarope de cereja e xarope de chocolate.
Amargo: anis, café, chocolate, chocolate-menta, menta, limão,
laranja, pêssego, cereja, framboesa, lima, xarope de ácido cítrico,
xarope de cacau, xarope de alcaçuz e cravo.
Salino + amargo: xarope de canela, xarope de laranja e xarope de
ácido cítrico.
Oleoso: menta, anis, canela, hortelã (ex.: correção do sabor de
preparações com óleo mineral).
Metálico: morango, framboesa, cereja e uva.
Insipido: associar edulcorante e flavorizante, xarope de limão ou
xarope simples com tintura ou essência de limão.
316
Capitulo 5 - Manipulação
18.6.2. Sugestões de Flavorizantes por Classes de Drogas
Antibióticos: cereja, abacaxi, laranja, framboesa, banana + abaca-
xi, banana + baunilha, côco + creme, morango + baunilha, limão-
creme, cereja + creme, tutti-frutti-canela e maple.
Antihistaminicos: cereja, canela, creme, uva, mel, pêssego + laran-
ja, framboesa, baunilha, cacau.
Barbituratos: banana + abacaxi, banana + baunilha, canela + men-
ta, groselha + morango, pêssego + laranja, lima e laranja.
Descongestionantes e expectorantes: anis, cereja, côco + creme,
creme + menta + morango, groselha + pêssego, morango, limão,
laranja, laranja + limão, abacaxi, laranja + pêssego, morango,
framboesa e tangerina.
Eletrólitos: cereja, uva, framboesa e lima + limão.
Fonte: adaptado de Thompson
0 corante a ser utilizado em uma formulação deve ser sele-
cionado harmonicamente com o flavorizante (exemplo: verde para
menta, vermelho para cereja, etc.)
18.6.3. Sugestões de Flavorizantes para Produtos Veteriná-
rios
Pássaros: uva, laranja e tutt i- frutt i .
Gatos: carne, galinha, fígado, amendoim, peixe e queijo.
Cães: carne, queijo, galinha,fígado, marshmallow, amendoim,
framboesa e morango.
Equinos: maçã, cereja, cravo, caramelo e alfafa.
Bovinos: anis, maple, cravo, alfafa e anis-alcaçuz.
Cabras: maçã e caramelo.
Frangos: milho, melancia e leite.
Furões: peixe e frutal.
Iguanas: kiwi e melancia.
Coelhos: banana-creme e alface.
Porquinho-da-india: laranja e tutt i - frutt i .
Primatas: banana, chocolate e framboesa.
Répteis (exceto cobras): banana-creme e limão-creme.
Adaptado: IJPC - Internationat Journal of Pharmaceutical Compoundins July/August 1997.
317
Capitulo 5 - Manipulação
18.7. Monografias de alguns flavorizantes especiais e
corretivos de sabores
18.7 .1 . Óleo deanis:
Óleo volátil destilado, obtido da Pimpineüa anisum, Linné
(Fam. UmbelUferae).
Composição: anetol (80 a 90%), metil chavicol (isômero do
anetol) e acetona anísica.
Descrição: óleo amarelado ou incolor com odor e sabor ca-
racterístico do anis.
Solubilidade: solúvel em 3 volumes de álcool a 90%.
Uso e aplicação: agente flavorizante (mascara o amargo),
flavorizante ideal para preparações oleosas, carminativo (0,1%).
18.7.2. Óleo essencial de canela:
Óleo volátil destilado, obtido da Cinnamonum cassia (Nees)
Nees ex Blume (Fam Lauraceae).
Composição: 80% de aldeídos totais (principal cinamaldeído).
Solubilidade: solúvel em igual volume de álcooi.
Descrição: óleo amarelado com odor e sabor característicos
de canela,
Uso e aplicação: agente flavorizante com bons resultados em
preparações oleosas, salinas e amargas, agente carminativo (0,05 a
0,2%).
18.7.3. Óleo essencial de cravo:
Óleo essencial destilado, obtido dos botões floridos da Euge-
nia caryophyllus (Fam. Myrtaceae).
Composição: 85 a 90% v/v de eugenol.
Descrição: óleo incolor ou amarelo pálido, com odor e sabor
característicos do cravo-da-índia.
Soiubilidade: miscível em álcool.
Uso e apiicação: agente flavorizante (1 a 3%) em preparações
odontológicas.
318
Capitulo 5 - Manipulação
18.7.4. Óleo essencial de menta:
Óleo volátil destilado, obtido da Mentha piperita.
Composição: mentol (na forma rotatória levógira), acetato
de mentila (éster do mentol) entre outros componentes voláteis.
Descrição: liquido incolor ou levemente amarelado.
Solubilidade: solúvel em álcool.
Usos e aplicações: agente flavorizante, anestésico, carmina-
tivo, antiséptico. Utilizado como flavorizante de antiácidos, pasti-
Ihas e gomas mastigáveis. 0 óleo essencial de menta apresenta um
efeito dessensibilizante do paladar, útil no mascaramento do sabor
amargo.
18.7.5. Óleo de Eucalipto:
Óleo volátil destilado, obtido de folhas frescas do Eucalyptus
çlobulus e outras espécies (Fam. Myrtaceae).
Composição: eucaliptol ou cineol (não menos que 70%) e ou-
tros compostos, incluindo o d-a-pineno, globulol, pinocarveol, pino-
carvona e vários aldeídos.
Descrição: liquido incolor ou amarelo pálido com uma carac-
terística aromática, odor camforáceo, sabor picante, pungente e
refrescante.
Soiubüidade: solúvel em 5 volumes de álcool 70%.
Uso e aplicação: agente flavorizante e expectorante.
18.7.6. Extrato fluido de Alcaçuz:
Extrato fluido preparado a partir de rizomas e raízes da
Glycyrrhiza glabra, Linné (Fam. Leguminosae)
Composição: 5 a 7% de glicirrizina ou Ácido Glicirrízico, o
qual é 50 vezes mais doce que o açúcar.
Uso e aplicação: no preparo do xarope de alcaçuz, flavori-
zante doce e muito eficiente no mascaramento de sabores amargos
(ex.: Quinino).
18.7.7. Glicirrizinato de amôneo (Magnasweet®)
Descrição: pó higroscópico ou forma pré-solubilizada em gli-
cerina ou propüenoglicol.
Aplicação e uso: é um evidenciador e potencializador do sa-
bor doce. Tem sido utilizado em sistemas adoçantes artificiais, xa-
319
Capítulo 5 - Manipulação
ropes (para gripe e para resfriado, antissépticos orais e antibióti-
cos), pastilhas mastigáveis (ex.: antiácidos) e vitaminas. Apresenta
efeito sinérgico com adoçantes naturais. Agente de mascaramento
para o after-taste amargo, o tempo de permanência do seu sabor é
maior. Deve ser utilizado em associação com edulcorantes.
Concentração usual: 0,1 a 0,5%.
18.7.8. Óieode Limão
Óleo volátil, obtido da expressão da pele fresca do fruto do
Citrus limon (Linné) Burmann filius (Fam. Rutaceae).
Composição: aldeído citral (4%), d-limoneno (cerca 90%) den-
tre outros componentes voláteis e não-voláteis.
Descrição: líquido amarelo, levemente amarelo ou amarelo
esverdeado, com odor e sabor característicos da pele do limão.
Solubilidade: miscível em álcool.
Aplicação e uso: agente flavorizante.
18.7.9. Óleo essencial de laranja
Óleo volátil, obtido por expressão da pele fresca do fruto do
Citrus sinensis (Linné) Osbeck (Fam. Rutaceae).
Composição: d-limoneno (90%) e 5 a 10% de outros constitu-
intes voláteis.
Descrição: líquido intensamente alaranjado, com odor e sa-
bor característicos da casca da laranja.
Solubilidade: miscível em álcool anidro.
Aplicação e uso: agente flavorizante em elixires e outras
preparações.
18.7.10. Salicilato de metila
Óleo obtido sinteticamente ou das folhas da Gaultheria pro-
cumbens (Ericaceae) e da casca da Betula lenta (Betulaceae).
Descrição: líquido incolor ou levemente amarelado com odor
aromático e sabor doce aromático.
Solubilidade: solúvel em álcool, em óleos e levemente solú-
vel em água.
Aplicação e uso: analgésico local, agente flavorizante (em pe-
quenas concentrações). A ingestão aceitável é de 500mcg/kg/dia.
Utilizado em pastilha e na flavorização de óleos (ex.: óleo de fígado
de bacalhau).
320
Capítulo 5 - Manipulação
18.7.11. Glutamato monossódico
Obtido da fermentação do açúcar de beterraba ou pela hi-
drólise de proteinas vegetais.
Descrição: pó cristalino branco e eflorescente.
Solubilidade: muito solúvel em água e levemente solúvel em
álcool.
Usos e aplicações: realça os aromas naturais. Muito eficiente
na redução do sabor metálico de preparações contendo ferro, po-
rém não pode ser utilizado em pediatria. A dose diária de ingestão
máxima recomendada é 120mg para adultos ou crianças maiores de
12 anos.
18.7.12. Mentol
Descrição: Pó branco cristalino ou cristais, com um forte o-
dor e sabor característicos. 0 mentol é uma mistura racêmica.
Solubilidade: muito solúvel em etanol, muito pouco solúvel
em glicerina e praticamente insolúvel em água.
Usos e aplicações: agente flavorizante, evidenciador do odor e
terapêutico. 0 mentol atua como dessensibilizante do paladar, em-
pregado muitas vezes para o mascaramento do sabor amargo de
determinadas substâncias.
Concentrações usuais:
• Suspensões orais: 0,003%
• Xaropes: 0,005 a 0,015%
• Comprimidos e pastilhas: 0,2 a 0,4%
• Pasta dental: 0,4%
• Enxaguatórios bucais: 0,1 a 2,0%
• Spray oral: 0,3%
18.7.13. Vanilina:
Obtida da baunilha.
Descrição: cristais finos brancos ou ligeiramente amarelados.
Solubüidade: 1g dissolve em 100 mL de água, cerca de 20 mL
de glicerina, facilmente solúvel em álcool.
Incompatibilidade: combina com a glicerina formando um
composto quase insolúvel em álcool. É decomposta por álcalis e é
oxidada lentamente pelo ar.
Aplicações e usos: como flavorizante de fundo para mascarar
sabores desagradáveis.
Concentração usual: 0,01 a 0,02% p/v.
321
Capitulo 5 - Manipulação
18.8. Flavorizantes Especiais para Preparações Farma-
cêuticas: Soluções para a correção de sabores em For-
mas Farmacêuticas
18.8.1. Banana creme anidro
(flavorizante composto banana/creme):
Composicão: acetato de amila, álcool amílico, formato de
butila, acetato de butila, vanilina, propionato de amila, corante
certificado FDC amarelo # 5 e propilenoglicol.
Características: flavorizante anidro; hidromiscível; pH em so-
lução aquosa 1% : 6,71, sol.2% : 6,62 e sol. 3% 6,53 a 6,82.
Empregos: indicado para preparações anidras, tais como,
pastilhas à base de polietilenoglicóis e também para formulações
aquosas. Flavorizante especialmente interessante para corrigir o
sabor da nistatina, alguns antibióticos e barbitúricos.18.8.2. Chlorexidine
(flavorizante especial para preparações contendo clorexidina):
Composição: propilenoglicol, álcool, mentol, eugenol, óleo
essencial de hortelã, óleo essencial de Mentha Piperita, salicilato de
metila, polisorbato 20, corante artificial certificado FDC azul # 1.
Caracteristicas: flavorizante hidrosolúvel.
Empregos: flavorizante ideal para mascarar o sabor adstrin-
gente da clorexidina. Pode ser utilizado nas formulações de enxa-
guatórios bucais e géis dentais contendo este ativo.
18.8.3. Chocolate anidro:
Composicão: extrato de cacau, etil vanilina, valinina, ligni-
na, cinamato de amila, acetato de fenil butila, isovalerato de buti-
la, cinamato de isobutila, acetato de fenil amila, cinamato de fenil-
propila, furfural, álcool furfuril, linalol, propenilguaetol, isovaleral-
deído, diacetil, dimetilpiranina, óleo de orégano, dimetilsulfito,
propilenoglicol e álcool benzílico.
Características: flavorizante anidro lipossolúvel.
Emprego: flavorizante concentrado e compatível bases ani-
dras tais como base de chocolate, base de polietilenoglicol para
pastilhas medicamentosas.
322
Capitulo 5 - Manipulação
18.8.4. Coffee anidro (Café):
Composição: propilenoglicol, extratos de café, formato de
etila, metilciclopentenolona, diacetil, fenilacetato de amila metil-
mercaptano.
Características: flavorizante anidro lipossolúvel e hidromiscí-
vel; pH em solução aquosa 1%: 6,71, solução aquosa 2%: 6,62, solu-
ção aquosa 3%: 6,62 a 7,2.
Emprego: flavorizante preferencial de adultos e com aplica-
ção no mascaramento de preparações contendo fármacos de sabor
amargo. Pode ser incorporado em preparações anidras e aquosas.
18.8.5. Creme de Menthe anidro
(Creme de Menta: flavorizante composto para fármacos amargos):
Composição: propilenoglicol, álcool etílico, óleos essenciais
de Mentha piperita e limão, corante artificial certificado FDC azul #
1 e amarelo # 5.
Caracteristicas: flavorizante anidro lipo e hidrossolúvel; pH
em solução aquosa 1%: 6,82, solução aquosa 2%: 6,73, solução aquo-
sa 3%: 6,64.
Empregos: flavorizante preferencial para mascaramento do
sabor amargo de preparações farmacêuticas, apresenta boa perfor-
mance na flavorização de preparações com antibióticos betalactâ-
micos. Pode ser utilizado em preparações anidras e aquosas.
18.8.6. Honey anidro (Mel):
Composição: álcool, propilenoglicol, mel, aldeídos e cetonas.
Caracteristicas: flavorizante anidro lipo e hidrossolúvel; pH
em solução aquosa 1%: 6,71, sol. 2%: 6,80, sol. 3%: 6,62.
Empregos: flavorizante preferencial para preparações com
antibióticos. Empregado em preparações anidras, tais como, solu-
ções oleosas de uso oral e também em preparações aquosasb como,
suspensões e xaropes.
18.8.7. Maple:
Composição: propilenoglicol, água, feno-grego, café, bauni-
Iha, farinha de São João, açúcar de maple e glicerina.
Características: flavorizante hidratado; hidrossolúvel; pH em
solução aquosa 3%: 6,73.
323
Capitulo 5 - Maniputação
Empregos: flavorizante preferencial para adultos e para mas-
caramento de sabores salgados. Pode ser utilizado em preparações
aquosas como xaropes, elixires e suspensões orais de uso humano e
também veterinário (gado).
18.8.8. Marshmallow:
Composição: água, propilenoglicol, vanilina, benzodihidropi-
rona, heliotropina, oxihidrato de etila, óleo de limão, óleo de laran-
ja e óleo de noz-moscada.
Características: flavorizante hidratado; hidrossolúvel; pH so-
lução aquosa 3%: 4,38.
Empregos: sabor atrativo para crianças e adultos. Flavorizan-
te de fundo (ideal para combinação com outros flavorizantes) com
ótimos resultados no mascaramento de preparações contendo fár-
macos amargos. Pode ser empregado em preparações líquidas, sóli-
das ou semi-sólidas de uso oral que contenham água.
18.8.9. Raspberry anidro
(Flavorizante de Framboesa anidro):
Composição: acetato de etila, butirato de etila e outros és-
teres, alfa-ionona e outras cetonas, vanilina e outros aldeídos, mal-
tol, óleo de laranja e outros óleos cítricos, propilenoglicol, suco de
framboesa negra, corante certificado FDC Vermelho #40 e Azul #1.
Características: flavorizante anidro lipo e hidrossolúvel; pH
em solução aquosa 1%: 6,29, solução aquosa 2%: 5,86 e solução a-
quosa 3%: 5,34.
Empregos: flavorizante ideal para mascarar sabores excessi-
vamente doces, salinos e metálicos. Flavorizante de escolha em
preparações contendo antibióticos, antihistamínicos, descongestio-
nantes, expectorantes e eletrólitos. Pode ser utilizado em prepara-
ções anidras e aquosas de uso humano e também de uso veterinário
(cães e primatas).
18.8.10. Óleo de Tangerina:
Composição: tangerina natural e óleos essenciais de laranja.
Caracteristicas: flavorizante anidro solúvel em álcool e ó-
leos. Miscível em preparações aquosas com utilização de polisorbato
20. pH em solução aquosa 1%: 6,87, solução aquosa 2%: 6,68 e solu-
324
Capitulo 5 - Manipulação
çãoaquosa 3%: 6,28 (utilizando polisorbato 20 para dispersão 1:1).
Empregos: ideal para flavorização de preparações oleosas de
uso oral e preparações aquosas com fármacos de sabor amargo,
principalmente em preparações contendo expectorantes e descon-
gestionantes. Pode ser utilizado em preparaçòes anidras e aquosas
(com uso de tensioativo).
18.8.11. Peanut Butter anidro
(Flavorizante com sabor de pasta de amendoim):
Composicão: propilenoglicol, álcool benzílico, metilpirazina,
acetil pirazina, benzaldeído, metilciclopentenolona e decalactona.
Caracteristicas: flavorizante anidro lipossolúvel e hidromiscí-
vel; pH em solução aquosa 1%: 6,99, solução aquosa 2%: 6,71, solu-
ção 3%: 6,46.
Empregos: Flavorizante para uso humano, principalmente em
preparações anidras, tais como, preparações oleosas de uso oral,
pastilhas a base de gorduras vegetais hidrogenadas, pasta de amen-
doim e em preparações de uso veterinário (contituindo um sabor
preferencial de gatos e cachorros). Pode ser utilizado em prepara-
ções anidras e aquosas.
325
Capítulo 5 - Manipulação
18,9. Microrevestimento de fármacos - Alternativa para
mascaramento
0 microrevestimento de fármacos com polímeros representa
uma alternativa para o mascaramento do sabor de fármacos com
paladar desagradável.
18 .9 .1 . Sugestões de Formulações
A. Solução para Microrevestimento com acetoftalato de celulose:
Fármaco 10 g
Monoestearato de glicerila 5 g
Solução Acetoftalato de celulose 15% .. 100 ml_
B. Solução de Acetoftalato de celulose 15% p/v:
Acetoftalato de ceiulose 15 g
Acetona qsp 100 ml_
Procedimento:
Passo 1: Adicione o MEG à solução de acetoftalato de celulose.
Aqueça a 50°C (placa aquecedora ou BM), agitando até a obtenção
de uma soluçào límpida.
Passo 2: Adicione o fármaco tamisado ao passo 1.
Passo 3: Agite vigorosamente, em uma capela com exaustão por 1 a
2 horas a 50°C, para deixar que a reação se complete.
Passo 4: Espalhe o passo 3 em uma placa para espatulação, utilizan-
do uma espátula de borracha.
Passo 5: Deixe o passo 4 secar sob a capela. Uma crosta irá se for-
mar na placa. Deixe secar até que desapareça todo o odor de ace-
tona.
Passo 6: Raspe a crosta, triture o pó em um gral e deixe secar.
Passo 7: Determine um fator de correção.
C. Solução para Microresvestimento com Eudragit L-100:
Fármaco 10 g
Eudragit L-100 3 g
Óleo vegetal hidrogenado* 2 g
Acetona 200 mL
"Lubritab®
326
Capitulo 5 - Manipulação
Procedimento de preparo:
Passo 1: Em um gral triture o óleo vegetal hidrogenado.
Passo 2: Em um béquer, disperse o passo 1 em acetona. Tamise den-
trodo mesmo Eudragit L-100 para dispersá-lo bem.
Passo 3: Tamise também, dentro do béquer o fármaco. Agite vigoro-
samente para assegurar uma mistura uniforme. Se houver formação
degrumos, agite vigorosamente até completa dispersão.
Passo 4: Mantenha agitando até a completa evaporação da acetona.
Para obter um melhor revestimento do fármaco, cubra o béquer
com um vidro relógio para permitir mais tempo para a reação com-
pletar.
Nota: Observea preparaçõo de tempo em tempo. Levará cerca de 5 a 6 horas para a acetona
evaporar. Se a acetona evaporar antes deste tempo, adicione um pouco mais de acetona,
para estender a reação em 5 a 6 horas. Uma crosta dura irá se formar no béquer (complexo
comofármaco).
Passo 5: Raspe a crosta dura do béquer e coloque em um prato para
aevaporação.
Passo 6: Coloque o passo 5 em uma estufa na temperatura de 50°C
para secar. Neste passo, a acetona residual irá se evaporar. Cheque
o peso do prato de evaporação. Quando o pó estiver completamente
seco, não haverá mais mudanças no peso. Este passo levará várias
horas.
Passo 7: Retire o passo 6 da estufa e triture a crosta até formar um
pó fino.
Nota:
| Proteger o produto da tuz.
2. )5g do produto revestido equivale a cerca de 10 g do fàrmaco puro.
3. Este pó revestido poderá ser suspendido (suspensõo). Porém, a estabilidade da suspensão
serà somente por 2 semanas, pois, o microrevestimento pode ser quebrado e então o sabor
desagradàvel do fármaco poderá ficar evidente novamente.
Estabilidade do pó revestido: cerca de 180 dias.
327
Capítulo 5 - Manipulação
19. Edulcorantes (adoçantes)
Existe um adágio antigo que diz: "Uma colher de açúcar ajuda
o remédio descer melhor". Isto nos faz lembrar que o sabor doce,
tem sido utilizado para mascarar o amargo já há muito tempo.
Por ser mais desejável, o sabor doce é utilizado para cobrir ou
balancear o amargo. Na verdade, o doce e o amargo podem intera-
gir de várias maneiras. Através do efeito de mascaramento, no qual
o sabor doce é utilizado para cobrir, balancear ou sobrepor ao sabor
amargo. Ou então, como alguns adoçantes atuam, inibindo a per-
cepção de algumas substâncias amargas.
Estudos experimentais demonstram uma relação entre os re^
ceptores para paladar doce e os receptores para paladar amargo. É
bem conhecido que em uma mistura contendo uma susbstância doce
e outra amarga, a percepção de ambos paladares (doce e amargo) é
reduzida. Não há um consenso se esta supressão ocorre nas papilas
gustativas (Lawless, 1982) ou no cérebro (Kroeze and Bartoshuk,
1985). Parece haver uma reatividade cruzada entre os receptores
para amargo e doce.
Um aspecto muito curioso da percepção de um adoçante, é o
fenômeno do perfil temporal - o tempo para o início da percepção
do sabor e a duração da percepção deste (Carr et al., 1993). A saca-
rose, considerada ideal, tem o início e a duração da percepção do
seu sabor, razoavelmente rápido. Adoçantes como o acesulfame e a
sacarina têm um início da percepção mais rápido do que a sacarose,
com uma curta duração da sensação. Já a glicirrizina, tem a per-
cepção do seu sabor doce inicial muito lenta e permanecendo por
um período prolongado (veja figura a seguir). Isto indica que os di-
ferentes edulcorantes podem atuar por diferentes mecanismos. Em-
bora o sabor amargo não tenha sido tão bem estudado sobre este
aspecto, sabe-se que qualitativamente o amargo tem seu início de
percepção lenta e seu tempo de permanência da percepção maior.
Podemos concluir que em virtude deste fator de percepção tempo-
ral, os edulcorantes com perfil de permanência mais longo são me-
Ihores para mascarar o amargo. A sacarina e acesulfame apresentam
curta duração, por isto são menos utilizados do que o aspartame.
328
Capitulo 5 - Manipulação
10 O
■o -o
<D O .
■8 a - 9
<" } ; ">
£o i
Representaçáo esquemática de perfil temporai da percepção do sabor
Um grande número de agentes é utilizado como edulcorante,
incluindo a sacarose, a glicose, o xarope de milho, o sorbitol, o ma-
nitol e outros açúcares. Normalmente, estes açúcares são emprega-
dos em grandes concentrações, influenciando na viscosidade do veí-
culo e podendo retardar a velocidade de dissolução de algumas dro-
gas. Edulcorantes não-calóricos (ex.: sacarina e aspartame) também
podem ser empregados, com a vantagem de apresentar poder
adoçante muito maior do que os açúcares.
Algumas misturas de diferentes edulcorantes (ex.: aspartame
+ acesulfame) produz sinergia e um alto nível de dulçor na mistura,
maior do que seria previsível com o uso isolado dos edulcorantes
(Roy, 1997). Outras misturas (ex.: sacarina + acesulfame) são estri-
tamente aditivas e provavelmente competem por receptores co-
muns (Caret. al., 1993).
329
Capitulo 5 - Manipulação
19.1. Principais Edulcorantes empregados em
Formulações Orais Líquidas
Tabela 42 : Principais Edulcorantes para Formulações Orais
Líquidas
Edulcorante
Sacarose
Sorbitol
Manitol
Sacarina
sódica
Esteviosidio
Aspartame"
Ciclamato
sódio
Acesulfame
de K"*
Frutose
Concen-
tração
usual
Até 85%
20 a 70%
7%
0,04 a
0,6%
0,1 a0,5%
0,1 a0,5%
Até0,17%
0,3 a
0,5%
45 a 99,5%
Solubi-
lidade
Agua,
álcool
Agua
Agua
Agua
(1:1,2)
Muito
solúvel
em
água
Agua
(1:100)
Agua
(1:5)
Agua
(1:3,7)
Agua
(1:0,3)
Poder
adoçante*
0,5 a 0,7 X
0,7 X
300 X
300 X
180 X
30 X
180 a 200 X
1.17X
pH
estabilidade
>2,0
2,0 a 5.0
(pH ácido)
máx. 3,0 a
3,5
máx. 3,0 a
4,0
incompatibil idades
e
comentários
Metais pesados po-
dem conduzir a
incompatibilidades
com ativos (ex.vit.C)
ions metálicos di e
trivalentes em condi-
ções extremamente
ácidas ou alcalinas
Forma complexos
com alguns metais
(Fe, Al, Cu)
Soluções conc. > 20%
podem se precipitar
com NaCl, KCi e com
contato com plástico
Altas temperaturas
(>125°C)
Altas temperaturas
boa estabilidade ao
calor
Sinergismo edulco-
rante com ciclamato
sódico e aspartame.
Àcidos e bases for-
tes, na forma aldei-
dica reage com
aminas, aminoácidos,
péptides e proteínas
(coloração marrom)
Estabilidade ao calor
até 70-C.
Propriedade eviden-
ciadora do sabor.
Limitaçào de dose
para diabéticos até o
lü.ix. de 25/d ia .
330
Capitulo 5 - Manipulação
Tabela 42: Principais Edulcorantes para Formulações Orais
Liquidas
Fonte: adaptado Thompson e Handbook of Pharmaceuticat excipients
'Poder adocante comparado à sacarose.
" 0 aspartame è uma combinação de dois aminoácidos, o Ácido L-aspártico e a L-fenilalanina
em sua forma de metil éster. Devido ao fato de conter a fenilalanina, o aspartame não deve
ser utilizada por fenilcetonúricos linabilidade de metabolizar a fenilalanina).
"* 0 acesulfame de K é sintetizado a partir do éster Terci-butil do Ácido Acetoacético e o
Isocianato Fluorosulfonil. Apresenta efeito edulcorante sinérgico com Aspartame e o Cicla-
moto Sódico.
19.2. Fórmulas Edulcoradas e Flavorizadas
19.2.1. Xarope Simples (1 litro)
Sacarose (açúcar refinado) 850g
Benzoato de sódio 2 g
Água destilada qsp 1000 ml
Nota: Nâo levantar fervura, pois poderá haver formação de açúcar invertido.
Procedimento:
Pesar precisamente os ingredientes sólidos misturando-os.
Adicionar água destilada ao açúcar e o conservante, completar o
volume com água destilada.
Misturar todos componentes e aquecer até a dissolução, completan-
do ao volume final.
Embalagem: frasco de vidro âmbar, bem fechados.
Armazenamento: temperatura ambiente (15 a 30°C).
Estabilidade: 1 ano.
19.2.2. Xarope de Chocolate ou Cacau
(veículo edulcorado) - Remington
Chocolate em pó 18,0% (flavorizante)
Açúcar refinado 60,0% (edulcorante)
GÍicose liquida * 18,0% (edulcorante)
Glicerina 5,0%(diluente e edulcorante)
Cloreto de sódio 0,2% (adjuvante)
Benzoato de sódio 0,1% (conservante)
Vanilina 0,02% (flavorizante)
Água destilada qsp 100 ml (veículo)
• Xarope de milho (utilizar o produto comercial Karo')
331
Capítulo 5 - Manipulação
Procedimento de preparo:
Passo 1: Pesar e medir separadamente os componentes da formula-
ção.
Passo 2: Dissolver o Cloreto de Sódio e o Benzoato de Sódio em 32,5
ml_ de água aquecida a 85°C).
Passo 3: Quando a água do ítem anterior atingir 85°C, desligar, a-
crescentar o açúcar mais a glicose líquida e a glicerina. Ligar o a-
quecimento novamente e homogeneizar utilizando um misturador
de hélice, acrescentando aos poucos o chocolate em pó. Desligar oaquecimento, deixando a temperatura baixar para 40°C e então,
adicionar a vanilina solubilizada em qs de álcool.
Passo 4: Aguardar 12 horas e insuflar nitrogênio no xarope e no fras-
co.
Embalagem: vidro âmbar
Conservação: em local fresco, em vidros previamente purgados com
nitrogênio.
Estabilidade: 1 ano.
19.2.3. Xaropes flavorizados (480 mL)
Flavorizante concentrado* 15 mL
Ácido Cítrico 0,1%
Xarope simples qsp 480 mL
* Cereja, moran%o, uva, framboesa ou laranja.
19.2.4. Xarope de Acácia (1000 mL)
Goma arábica (acácia) 100g
Benzoato de Sódio 2 g
Extrato de Baunilha puro 5 mL
ou flavorizante de Marshmallow 30 mL
Sacarose 800 g
Água purificada qsp 1000 mL
Preparo:
Passo 1: Misture a Goma Arábica, o Benzoato de Sódio e a Sacarose.
Passo 2: Adicione 425 mL de água purificada (ex.: água destilada) e
misture bem.
Passo 3: Aqueça a mistura em banho-maria até completa dissolução.
Passo 4: Quando esfriar, remova a espuma formada acima do xaro-
pe.
Passo 5: Adicione o flavorizante, misturando-o bem.
Passo 6: Complete o volume com a água.
332
Capítulo 5 - Manipulação
Embalagem: vidro âmbar.
Conservação: Temperatura ambiente protegido do calor excessivo.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
19.2.5. Veículo para Suspensões Orais com Fármacos Amar-
gos
Fármaco amargo X g
Esteviosídeo 0,1%
Sacarina sódica 0,05%
Goma xantana 0,2%
Benzoato de sódio 0,2%
Glicerina qs para levigar
Xarope de chocolate ou
Xarope simples flavorizado * qsp 100 ml_
'Fiavorizantes: chocolate, framboesa, creme de menta, tutti-frutti • 1mL/30mL.
'Óleo essencial de menta - 2 $otas/30 mL.
Preparo:
Passo 1: Triture o ativo em um gral com o pistilo, misture a goma
xantana, o benzoato de sódio (caso o xarope base não contenha
conservante), a sacarina sódica e o esteviosídeo.
Passo 2: Adicione qs de glicerina e triture até formação de pasta
homogênea e sem grumos.
Passo 3: Incorpore o flavorizante escolhido à pasta. Adicione o óleo
essencial de menta.
Passo 4: Adicione quantidade suficiente de xarope de chocolate ou
do xarope simples até completar o volume desejado.
19.2.6. Veículo para Suspensões Orais para Fármacos Ex-
tremamente Amargos
Fármaco extremamente amargo x g
Esteviosideo 0,8 %
Sacarina sódica 0,1%
Acesulfame de potássio 0,5%
Goma xantana 0,5%
Benzoato de sódio 0,5%
*Aspartame 1,0%
Glicerina qs para levigar
333
Capítulo 5 - Manipulação
Flavorizantes: Chocolate 5%, Creme de menta 2,5%, Tangerina 2%,
MarshmaUow 2%: total de 11,5%.
Óleo essencial de menta 1 a 2 gotas/30 ml_.
Xarope de chocolate ou xarope simples qsp 100 ml_
"Opcional (depende da situaçâo)
Preparo:
Passo 1: Triture o ingrediente ativo em um gral com o pistilo, mis-
ture a Goma Xantana, o Benzoato de Sódio, a Sacarina Sódica e o
Esteviosídeo (e o aspartame).
Passo 2: Adicione qs de glicerina e triture até formação de pasta
homogênea e sem grumos.
Passo 3: Incorpore o flavorizante escolhido à pasta. Adicione o óleo
essencial de menta.
Passo 4: Adicione quantidade suficiente de xarope de chocolate ou
do xarope simples até completar o volume desejado.
19.2.7. Xarope de Alcaçuz
Óleo essencial de funcho 0,05 ml_
Óleo de anis 0,5 ml_
Extrato fluido de alcaçuz 250 mL
Xarope simples qsp 1000 mL
Veículo bom para fármacos amargos.
Incompatível com ácido (causa precipitação da glicirrizina e perda
da ação flavorizante)
19.2.8. Xarope de Ácido Cítrico ou Xarope de Limão (USP)
Ácido cítrico (hidratado) 10g
Tintura de limão 10 mL
Água destilada 10 mL
Xarope simples qsp 1000 mL
Veiculo bom para fármacos amargos ou salgados.
Não é adequado para componentes alcalinos.
19.2.9. Solução Edulcorante com Frutose (100mL)
Sacarina sódica 2g
Ciclamato sódico 10g
Frutose 60g
Água destilada +/- 51 ml
334
Capítulo 5 - Manipulação
Procedimento de preparo:
Passo 1: Dissolver os pós na água aquecida a 60/65° C.
Passo 2: Ajustar o volume f inal.
Passo 3: A solução deverá ficar límpida e transparente.
Passo 4: Aguardar 12h em respouso..
Passo 5: Filtrar em malha para xarope.
335
Capitulo 5 - Manipulação
20. Xampus
São produtos destinados primariamente à limpeza dos cabe-
los e do couro cabeludo, porém podem ser acrescidos de princípios
ativos com ação terapêutica.
20.1. Componentes Básicos de um Xampu:
20.1.1. Água:
Responsável pela diluição dos tensioativos ("agentes espu-
mantes" responsáveis pela remoção das sujidades). E a matéria-
prima de maior concentração na formulação, devendo possuir boa
qualidade microbiológica e quimica, ser purificada e recém deioni-
zada.
20.1.2. Detergente (tensioativo):
Substância que por possuir em sua estrutura molecular gru-
pos hidrofílicos (que ligam à água) e lipofílicos (liga à gordura, su-
jeiras dos cabelos), tem a capacidade de alterar a força de ligação
entre a sujeira e o cabelo, removendo-a .
20.1.3. Principais Tensioativos:
A. Aniônicos: em contato com água adquirem uma carga negativa.
B. Catiônicos: em contato com a água adquirem carga positiva.
C. Anfóteros: dependendo do pH do meio, adquirem carga positiva
ou negativa, pH ácido (+) ou pH básico (-)
D. Não iônicos: Não formam carga ao entrar em contato com a água.
20.1.4. Espessantes:
São adicionados para aumentar a viscosidade do xampu,
permitindo que ao ser despejado do frasco possa ser aparado pelas
mãos, não escorrendo por entre os dedos.
Exemplo: Cloreto de Sódio (melhor espessante, aumenta a viscosi-
dade do xampu até um valor máximo, a partir do qual qualquer
quantidade a mais adicionada, leva a uma diminuição da viscosida-
de, sem possibilidade de correção), hidroxietilcelulose (Natrosol),
Carbopol 2020, PEG 6000, PEG DOE 120, Glutamate.
336
Capitulo 5 - Manipulação
Tabela 43: Tensioativos usados em xampus
Nome quimico
Base Perolada
Coco betaína
Cocoamido propil
betaína
Cocoanfocarboxi-
glicinato
Decil poliglicosideo
Dietanolamida de
ácidos graxos de
coco
Lauril éter sulfato
de sódio
Lauril éter sulfato
de sódio/lauril
éter sulfosuccinato
de sódio
Lauril éter sulfato
de trietanolamina
Lauril poliglicosi-
deo
Lauril sulfato de
amônio
Laurii sulfato de
amônio/Lauril éter
sulfato de amônio
Nome
Comercial
Dehykont PK 771
Betaion CAB
Dehyton KB,
Betaion CAPB
Betaion AC 50
Dehyton G
Plantarem 2000
Comperlan KD e
KDB
Texapon 70.
Laurion N, Ge-
napol LRO-B
Fongrapol LES,
Texapon SBN.
Texapon TB,
Plantarem 1200
Texapon A 400 B,
Frongrapol LSA
Texapon AM,
Empicol CJ.
Propriedades
Tensioativo com propriedade nacarante para
xampus perolados
Tensioativo anfótero, estabilizador de espu-
ma, agente condicionante; associado a aniô-
nicos aumenta a viscosidade dos xampus.
Tensioativo anfótero, estabilizador de espu-
ma, agente condicionante; associado a aniô-
nicos aumenta a viscosidade dos xampus
Tensioativo anfotérico, estabilizador de
espuma, agente condicionante; associado a
aniônicos aumenta a viscosidade dos xampus.
É o menos irritante dos 3 anfóteros e tem pior
efeito sobre a viscosídade.
Tensioativos não-iônicos, poder espumante
muito bom, baixa reserva de viscosidade,
baixo poder irritante
Tensoativo não-iônico, espessante, sobreen-
gordurante, estabilizador de espuma, ótimo
espumante e doador de viscosidade.
Tensioativo aniônico, ótimo poder espuman-
te, boa detergência, média irritabilidade aos
olhos, baixa agressividade aos cabelos e boa
reserva de viscosidade
Tensioativo aniõnico, bom poder espumante,
boa detergência, baixa irritabilidade aos
olhos, ótima solubilidade em água, baixa
agressividade aos cabelos e boa reserva de
viscosidade
Tensioativo aniônico, ótimo podei espuman-
te, ótima detergência, reguiar irritabilidade
aos olhos, ótima solubiiidade em água, baixa
agressividade aos cabelos e baixa reserva de
viscosidade.
Tensioativo não-iônico, poder espumante
muito bom, boa reserva de viscosidade quan-
do associado a tensoativos aniônicos e baixo
poder irritante aos olhos.
Tensioativo aniônico, ótimo poder espuman-
te, ótimadetergência, regular irritabilidade
aos olhos, boa solubitidade em água, agressi-
vidade aos cabelos regular e ótima reserva de
viscosidade
Tensioativo aniônico, ótimo poder espuman-
te, ótima detergência, regular irritabilidade
aos olhos, boa solubilidade em água, agressi-
vidade aos cabelos regular e reserva de visco-
sidade boa.
Capítulo 5 - Manipulação
20.1.5. Conservantes:
São indicados conservantes de amplo espectro e solúveis em
água.
20.1.6. Composição Aromática (essência):
A essência destinada ao xampu deve ser própria para este t i-
po de produto e a concentração utilizada deve estar entre 0,2 e
0,5%. Deve deixar um cheiro refrescante e suave no ambiente e nos
cabelos.
20.1.7. Corretivo de pH:
O pH ideal para um xampu está na faixa de 5,5 a 6,5. Ex: A-
cidular com solução de ácido cítrico.
20.1.8. Agentes Sequestrantes:
Formam complexos com íons metálicos. Exercem efeito si-
nérgico com os agentes conservantes, além de prevenir a descolora-
ção do produto. Ex.: EDTA - Na2
20.1.9. Opacif icante:
Confere aos xampus efeito perolado.
20.1.10. Adit ivos:
A. Cosmiátricos: silicones, hidrolisados de proteínas, trigo, querati-
na, colágeno.
B. Fitoterápicos: extrato glicólico de jaborandi, hamamellis, camo-
mila, algas, etc.
C. Ativos terapêuticos: anticaspa, seborréia, antiqueda, anti-
psoríase, pediculicida, etc.
D. Filtros solares: solúveis em água.
E. Condicionantes: poliquaternários.
NOTA: Um xampu, para ser bem aceito pelo consumidor, deve formar espuma abundante e
consistente, Limpar, ter viscosidade adequada, ter perfume e cor agradáveí.
338
Capitulo 5 - Manipulação
20.2. Aditivação de Princípios Ativos em Xampus
(xampus bases):
Material utilizado:
• Cálice (volume adequado à formulação)
• Bastão
• Balança
• Papel manteiga
Preparo:
Passo 1: Pesquisar a solubilidade(s) ou a miscibilidade(s) do(s) prin-
cipio(s) ativo(s).
Passo 2: Pré-solubilizar ou micronizar o PA com o mínimo de solven-
te que afete o menos possível a viscosidade do xampu, como a á-
gua, o propilenoglicol, a glicerina, o próprio xampu e a dietanola-
mina (princípios ativos lipossolúveis) em um cálice com o auxílio de
um bastão (solubilização) ou em um gral (levigação).
Passo 3: Verter uma pequena quantidade do xampu base sobre o
Princípio Ativo homogeneizando-o completamente, em seguida adi-
cionar o restante do xampu base para completar o volume final.
Passo 4: Embalar e rotular.
339
Capitulo 5 - Manipulação
2 1 . Emulsões (Cremes e Loções Cremosas)
veja também pág: 299.
Mistura de dois líquidos imiscíveis, na qual um deles está dis-
perso no outro, em forma de goticulas líquidas.
21.1. Aditivação de Princípios Ativos em Emulsões
21.1.1. 0/A - Óleo / Água:
Fase interna óleo e externa água. Sensação menos oleosa,
refrescância e absorção rápida. A água é a fase externa e está em
contato com a pele.
21.1.2. A/O - Água / Óleo:
Fase externa óleo e interna água. Sensação mais oleosa. 0
óleo é a fase externa em contato com a pele.
Nota: Para saber se a emutsõo é 01A ou AIO, acrescentar óguo e corante. Se homogeneizar
com a coloracão da cor da preparação, a fórmula é aquosa; se nõo, é óleosa. As emutsões são
formas farmacêuticas liquidas ou pastosas, de aspecto leitoso ou cremoso, resultantes da
dispersão de um líquido no seio de outro, no qual é imiscível à custa de um agente emulsifi-
cante.
21.2. Componentes de Emulsões
21.2.1. Fase aquosa:
Água deionizada, pois o cálcio e o magnésio desestabilizam
a emulsão. Depois são acrescentados os componentes solúveis, os
conservantes, os edulcorantes e os aromatizantes.
21.2.2. Faseoleosa:
Óleos ou ceras nos quais são acrescentados os componentes
solúveis, as essências, os conservantes e os antioxidantes.
21.2.3. Agente emulsificante:
Dá estabilidade à emulsão, reduzindo a tensão superficial
entre o óíeo e a água e retardando a separação das fases.
340
Capitulo 5 - Manipulação
21.2.4 Conservantes:
Os conservantes protegem o produto contra fungos e bacté-
rias. De preferência devem ser adicionados na fase aquosa, uma vez
que esta é mais susceptível a contaminação. É bom lembrar que
alguns agentes emulsionantes podem diminuir ou até mesmo neutra-
lizar o efeito de determinados conservantes (ex.: tween 80 e para-
benos).
21.2.5 Essências e ou corantes:
21.2.6 Antioxidantes:
Previnem processos auto-oxidativos de óleos e gorduras (ex.:
metabissulfito de sódio e BHT)
21.2.7 EHL (equilíbrio hidrófilo-lipófilo):
É o equilíbrio entre as fases aquosa e oleosa.
21.2.8. Sequestrantes:
Substâncias que complexam íons metálicos, inativando-os em
sua estrutura, impedindo deste modo sua ação danosa sobre os ou-
tros componentes da formulação. Age em sinergismo com os conser-
vantes.
21.3. Preparo de Emulsões (Procedimento Geral)
passo 1: Aquecer todos os componentes óleo solúveis à cerca de 70
a 75°C.
Passo 2: Aquecer todos os componentes hidrossolúveis, à cerca de
70 a 75°C.
Passo 3: Adicionar uma fase à outra, lentamente, agitando (a fase
com maior quantidade sobre a de menor quantidade).
Passo 4: Adicionar corantes, essências, hormônios, vitaminas, bioa-
tivos, (matéria prima de natureza orgânica em geral) quando esfriar
a cerca de 30°C.
341
Capitulo 5 - Manipulação
22.Cremes
2 2 . 1 . Aditivação de Principios Ativos e m Cremes
Material uti l izado:
• Papel manteiga
• Placa de vidro ou gral
• Espátula ou pistilo
• Balança de precisão
Procedimento:
Passo 1: Pesar o(s) princípio ativo(s), pré-solubilizados ou microni-
zados (Levigar) com solvente adequado (ex.: propilenoglicol) e
compatível com a emulsão.
Passo 2: Pesar o creme, descontando-se o peso do(s) Princípio(s)
Ativos(s); adicioná-lo aos poucos ao princípio ativo micronizado ou
solubilizado, espatulando na placa ou homogeneizando com o pistilo
no gral.
Passo 3: Embalar em pote ou bisnaga e rotular.
342
Capítulo 5 - Manipulação
23.Loções Cremosas
23.1. Aditivação de Loções Cremosas
Material utilizado:
• Cálice
• Bastão
• Papel manteiga
• Balança de precisão
Procedimento:
Passo 1: Pesar ou medir o(s) Princípios (s) Ativos(s), pré-solubiliza-
dos ou micronizados (Levigar) com solvente adequado e compatível
com a emulsão, em cálice de volume adequado à formulação com
auxilio do bastão.
Passo 2: Adicionar a loção cremosa, aos poucos e misturando sem-
pre, sobre os principios ativos solubilizados ou micronizados no calí-
ce até o volume solicitado.
Passo 3: Homogeneizar bem com o bastão.
Passo 4: Embalar e rotular.
343
Capitulo 5 - Manipulação
24. Pomadas
São preparações farmacêuticas semi-sólidas de consistência
mole e, destinadas ao uso externo (para aplicação na pele e muco-
sas). As pomadas devem ser plásticas para que modifique sua forma
com pequenos esforços mecânicos (fricção, extensão), adaptando-se
às superfícies da pele ou às paredes das cavidades (mucosas). A
farmácia magistral pode preparar a Pomada Base que será armaze-
nada para, posteriormente, os ativos serem incorporados, conforme
a prescrição.
2 4 . 1 . Excipientes para Pomadas
24 .1 .1 . Vaselina (Petrolato Branco)
A vaselina é constituída por uma mistura de hidrocarbonetos
da série parafínica e oleofínica. A vaselina é untuosa e destituída de
cheiro ou sabor. Funde-se entre 38 a 60°C.
Concentração usual: até 100%.
Incompatibilidades: A vaselina é um excipiente inerte com poucas
incompatibilidades, exceção se faz com o bálsamo do peru que for-
ma 2 camadas quando adicionado à vaselina.
24.1.2. Lanolina:
A lanolina, o segundo componente de uma pomada simples é
extraída da lã de carneiro. Quando adicionada em pomadas, facilita
a penetração cutânea. A lanolina mais utilizada é a lanolina anidra
que contêm 1% de umidade. A lanolina possui propriedades emul-
gentes A/O, incorporando apreciável quantidade de água (cerca de
2 vezes o seu peso). Os inconvenientes do uso de lanolina estão na
sua cor, no cheiro desagradável, persistente e difícil de mascarar,além da possibilidade de provocar alergias e ser pouco manejável,
dada sua elevada viscosidade.
A alergia atribuída ao uso de lanolina, pode ser causada pela
presença de álcoois graxos livres. Entretanto, a hipersensibilidade é
relativamente incomum, estimada em torno de 5 por milhão.
A lanolina é miscível com vaselina, sempre é recomendada
quando se deseja incorporar produtos hidrófilos em vaselina ou na
preparação de pomada não oclusiva.
344
Capítulo 5 - Manipulação
Na pomada simples, a lanolina é empregada na concentração
de 30%.
Incompatibilidades: A lanolina pode conter alguns pró-oxidantes que
podem afetar a estabilidade de determinados fármacos.
É interessante a adição do BHT (antioxidante) na concentra-
ção de 0,02% na pomada de lanovaselina.
A. Pomada de Lanovaselina
Lanolina 30%
BHT 0,02%
Vaselina sólida qsp 100%
Procedimento:
Passo 1: Pesar os componentes.
Passo 2: Solubilizar o BHT em qs de vaselina líquida.
Passo 3: Misturar os componentes, num gral com um pistilo ou em
uma placa de vidro com uma espátula.
24.1.3. Polieti lenoglicóis:
Polietilenoglicóis são substâncias que apresentam caracterís-
ticas tipicamente hidrófilas. São excelentes emulsivos de óleo em
água, pois apresentam atividade sobre a tensão superficial.
As bases dermatológicas preparadas com os polietilenoglicóis
têm em regra, pH 6 a 7, fato que advoga o valor de sua tolerabili-
dade local.
A pomada PEG pode causar ardência, principalmente quando
aplicada em mucosas. Reações de hipersensibilidade a polietileno-
giicóis já foram relatadas. É contra-indicado o uso de pomadas a
base de polietilenoglicóis em pacientes com queimaduras extensas,
pois os mesmos são hiperosmóticos.
Incompatibilidades: Mostram-se incompatíveis com numerosas subs-
tâncias que freqüentemente reagem com eles pelas funções alcoóli-
cas primárias (penicilinas, bacitracina e cloranfenicol são destruídas
pelo PEG). O ácido salicílico, o fenol, o resorcinol, os barbitúricos e
os taninos são incompatíveis com os PEG.
345
Capítulo 5 - Manipulação
A. Pomada PEG4:
PEG 400 (carbowax 400) 33,33%
PEG 4000 (carbowax 4000) 33,33%
Propilenoglicol 33,33%
Procedimento: Passo 1: Dissolver os componentes em banho-maria
ou em placa com aquecimento.
24.1.4.Gel de Petrolato-Polietileno Plastibase (Unigel®)
É uma base para pomadas e géis oleosos translúcidos, na
qual deseja-se incorporar princípios ativos lipossolúveis e hidrosso-
lúveis.
Não possui o odor e o aspecto indesejável das pomadas feitas
à base de lanovaselina.
Possui facilidade de incorporação (viabilizando a adição de
princípios ativos, tanto na forma sólida como na forma líquida).
Pode ser utilizado como único excipiente da fórmula ou co-
mo aditivo em pomadas oleosas (lanovaselina, por exemplo).
O gel de petrolato proporcionará à pomada maior brilho e
melhor espalhamento, minimizando o odor original e proporcionan-
do menor probabilidade de irritação cutânea.
Em testes realizados de irritação ocular e dérmica, o gel de
petrolato provou não ser irritante, sendo ideal para aplicação em
produtos infantis, em produtos para peles sensíveis e em pomadas
oftálmicas.
A. Relação de aiguns Principios Ativos que podem ser incorporados
no Gei de Petrolato-polietileno:
• Alantoína
• Bacitracina
• Cetoconazol
• Cloranfenicol
• Econazol
• Heparina
• Nistatina
• Nitratos
• Nitrofurazona
• Óxido de zinco
• Sulfato de Gentamicina
4 PEG - polictilenolenoglicóis
346
Capitulo 5 - Manipulação
• Sulfato de Neomicina
• Tetraciclina
• Triancinolona
24.2. Incorporação de Ativos em pomadas:
24.2.1. Material Utilizado:
• Balança
• Papel manteiga
• Espátula ou pistilo
• Placa de vidro ou gral
24.2.2. Procedimento:
Passo 1: Selecionar a pomada base que melhor se adeque ao princí-
pio ativo e à função terapêutica desejada (a pomada hidrofóbica
tem efeito oclusivo e a pomada hidrofílica proporciona maior pene-
tração cutânea do princípio ativo).
Passo 2: Quando a incorporação for apenas de ativos na forma de
pó, estes podem ser suspendidos num líquido (Exemplo: vaselina
líquida, PEG 400 e propilenoglicol). Nesse caso os ativos são micro-
nizados em gral com o pistilo, para que suas partícutas não encon-
trem dificuldade de dispersão, em seguida são dispersados no líqui-
do de escolha e por último acrescidos à pomada (o peso dos ativos e
do líquido adjuvante devem ser descontados na pomada base).
Passo 3: A incorporação de ativos líquidos e pastosos na pomada
base, pode ser feita acrescentando-os diretamente sobre quantida-
de suficiente da pomada e em seguida misturando-os com espátula
na placa ou com o pistilo no gral.
Passo 4: Pode também ser necessário misturar ativos líquidos e em
pós numa mesma formulação de pomada. Neste caso, se os líquidos
forem suficientes para dispersar os pós, basta triturá-los e dispersá-
los nos líquidos acrescentando no final o qs. de pomada base. Se a
quantidade de líquidos não for suficiente para a dispersão, então
acrescenta-se a estes qs de um líquido inerte para completar a dis-
persão e por fim qs de pomada.
Passo 5: Embalar as pomadas, preferencialmente, em bisnagas plás-
ticas ou de alumínio.
Passo 6: Rotular.
347
Capitulo 5 - Manipulação
24.3. Sugestões de Formulações
0 gel de petrolato-polietileno é também utilizado para o
preparo de orobases, conforme as sugestões de fórmulas a seguir.
24.3 .1 . Sugestão de Orobase Pomada
Fase aquosa 60%
UNIGEL® 40%
Nota: Principios ativos de acordo com a indicaçào médica; se forem solúveis misturá-tos na
fase aquosa para depois adicionar o Uniget®; caso sejam sotúveis ou misciveis em óteo, mis-
turà-tos nà Uniget® pora depois adicionar a fase aquosa.
Fase Aquosa
Pectina 10%
CMC 0,5%
Gelatina 0,5%
Metilparabeno 0,15%
Água destilada qsp 100%
Procedimento:
Aqueça a água à fervura, dissolva o metilparabeno, pulverize o CMC
sobre a solução, misturando e conservando o aquecimento, misture
a gelatina e por último adicione a pectina aos poucos, deixe esfriar.
Conserve em geladeira.
348
Capítulo 5 - Manipulação
25. Pastas
São preparações farmacêuticas que contêm uma proporção
de pó igual ou superior a 20%. Em geral são menos gordurosas que as
pomadas.
2 5 . 1 . Classificação
25.1 .1 . Pastas preparadas com excipientes gordurosos:
Vaselina sólida, vaselina líquida, lanolina, ceras, silicones,
etc.
25.1.2. Pastas preparadas com excipientes hidrófilos:
Géis de pectina (orobase), de gelatina-glicerinada (bota de
UNNA).
25.2. Manipulação de Pastas
Material utilizado
• Gral ou placa de vidro
• Pistilo
• Espátula
• Papel manteiga
• Balança
• Bequer
Procedimento Geral
Passo 1: Pesar os componentes da formulação.
Passo 2: Os pós utilizados na preparação das pastas devem ser fina-
mente tamizados, pois é difícil a homogeneização de partículas
grosseiras.
Passo 3: Realizar a levigação dos pós com líquidos como vaselina
líquida ou óleos, em seguida incorporá-los no excipiente por espatu-
lação ou então fundir o excipiente e incorporar os pós em um gral,
misturando vigorosamente, evitando a formação de grumos.
Passo 4: As pastas fundidas devem ser vertidas na embalagem final
antes de solidificar, pois após solidificadas fica bastante difícil seu
envasamento.
Passo 5: Rotular.
349
Capitulo 5 - Manipulação
25.3. Exemplos de Formulações
25.3.1. Pastadágua:
Óxido de Zinco 25,Og
Talco 25, Og
Glicerina 25, Og
Água de Cal 25,Og
Procedimento:
Passo 1: Pesar os componentes da formulação
Passo 2: Tamisar em malha fina o Óxido de Zinco e o Talco
Passo 3: Verter o Óxido de Zinco e o Talco Tamisados para um gral,
misturando-os com um pistilo.
Passo 4: Adicionar a Glicerina (agente de levigação), aos poucos e
misturar micronizando os pós.
Passo 5: Adicionar a água de cal, aos poucos, misturando bem.
Passo 6: Embalar e rotular.
25.3.2. Pasta de Lassar
Óxido de zinco 25%
Amido 25%
Vaselina sólida 50%
Procedimento:
Passo 1: Pesar os componentes da formulação.Passo 2: Tamisar o Óxido de Zinco e o Amido.
Passo 3: Misturar, em um gral, o Óxido de Zinco com o Amido e tr i-
turar a mistura com uma pequena parte da Vaselina que se funde.
Passo 4: Incorporar o restante da Vaselina.
Passo 5: Embalar e rotular.
25.3.3.Pasta de Unna
Óxido de zinco 15%
Gelatina 15%
Glicerina 35%
Metilparabeno 0,1%
Água destilada 34,9%
350
Capitulo 5 - Manipulação
Procedimento:
Passo 1: Pesar os componentes da formulação.
Passo 2: Tamisar o Óxido de Zinco.
Passo 3: Misturar a Gelatina e o Nipagin na água fria, adicionar a
Glicerina e aquecer em banho-maria, até dissolução.
Passo 4: Se necessário, completa-se o peso com água.
Passo 5: Verta (3) para um gral e adicione o Óxido de Zinco, mistu-
rando-o vigorosamente com um pistilo.
Passo 6: Embalar antes de esfriar.
Passo 7: Rotular.
25.3.4. Pasta de Alumínio
Alumínio pó 10%
Parafina líquida 5%
Vaselina sólida 85%
Procedimento:
Passo 1: Pesar os componentes da formulação.
Passo 2: Micronizar o alumínio em pó com a parafina líquida.
Passo 3: Incorporar a vaselina, aos poucos, misturando até ficar ho-
mogêneo.
351
Capítulo 5 - Manipulação
26. Géis
Consistem na dispersão de um sólido (resina, polímero e de-
rivados de celulose) num líquido (água ou álcool/água) formando um
excipiente transparente ou translúcido. Os géis são veículos desti-
nados às peles oleosas e acnéicas.
26.1. Espessantes derivados da Celulose
26.1.1. Carboximetilcelulose sódica (CMC):
Polímero aniônico, quase nunca usado para obtenção de gel
para veiculação de ativos dermatológicos. É mais freqüentemente
usado para obtenção de gel oral e agente suspensor em produtos
para uso interno.
Incompatibilidades: 0 gel de CMC é incompatível com ativos forte-
mente ácidos, com sais solúveis de ferro e alguns outros metais, tais
como o alumínio e o zinco. É também incompatível com goma xan-
tana. A precipitação pode ocorrer em pH < 2 e quando misturado
com álcool (etanol). A CMC forma complexos coacervados com gela-
tina e pectina. Forma complexos com colágeno e é capaz de preci-
pitar proteínas.
26.1.2. Hidroxietilcelulose (Natrosol®, Cellosize®):
Este é o gel à base de celulose, de maior interesse para a ve-
iculação de ativos em dermatologia. Possui caráter não iônico, solú-
vel em água fria ou quente. Tolera bem pH ácido, sendo indicado
para a incorporação de ativos que levam a um abaixamento do pH
final da formulação, como, por exemplo, o Ácido Glicólico. pHs ex-
tremos, embora bem tolerados, podem causar alterações na viscosi-
dade. Estabilidade entre 2,0 - 12,0.
26.1.3 . Metilcelulose:
0 gel com metilcelulose é preparado para formulações tópi-
cas (1-5%) e oftálmicas (0,5-2,0%).
IncompatibiUdades: 0 gel de metilcelulose é incompatível com clo-
ridrato de aminacrina, clorocresol, cloreto de mercúrio, fenol, re-
sorcinol, ácido tânico, nitrato de prata, cloreto de cetilpiridíneo,
ácido parahidroxibenzóico, ácido paraminobenzóico, metilparabeno,
propilparabeno e butilparabeno. Sais de ácidos minerais e, particu-
352
Capitulo 5 - Manipulação
larmente de ácidos polibásicos, fenóis e taninos coagulam soluções
de metilcelulose. Pode ocorrer complexação da metilcelulose com
compostos tensioativos, tais como, a tetracaína e o sulfato de
dibutolina. Em altas concentrações de eletrólitos, a metilcelulose
pode estar completamente precipitada ou continuar gel.
26.1.4. Polímeros de Carboxivinil e Derivados
(Carbopois®, Carbômeros):
As resinas de carbopol são os agentes gelificantes mais co-
mumente utilizados. Existem vários tipos de resinas de carbopol,
sendo importante a escolha correta para alcançar o atributo dese-
jado.
Incompatibilidades: Os carbopóis são incompatíveis com resorcinol,
fenol, polímeros catiônicos, ácidos fortes e altas concentrações de
eletrólitos. Traços de ferro e outros metais de transição podem ca-
taliticamente degradar as dispersões de carbopol.
26.1.5. Carbopol934:
Fraca tolerância iônica, produz géis turvos, porém oferece
boa estabilidade e viscosidade alta em emulsões e suspensões (uso
oral). Produz géis de alta viscosidade.
26.1.6. Carbopol940:
É o preferido por produzir géis cristalinos, brilhantes aquosos
ou hidroalcoólicos. É o de maior efeito espessante, dentre as resinas
de carbopol. Possui fraca tolerância a eletrólitos. Somente pode ser
empregado em preparações tópicas.
26.1.7. Carbopol 2020:
Resina de fácil dispersão, indicada para espessar xampus.
Pode ser utilizada para obtenção de gel base.
26.1.8. Carbopol ULTREZ®:
Polímero de fácil dispersão. Empregado no prepro de formu-
lações tópicas (ex.: gel)
Nota: A resina de carbopol, quando dispersa em água, umecta e forma uma dispersóo aquosa
(resina/ásua) com vator de pH na faixa de 2,8 a 3,2. Neste estado pré-dissolvido a motécula
de carbopol está extremamente enrolada e sua capacidade espessante é timitada. Para obter
o espessamento é necessário a neutralizaçõo com bases inorsânicas, como o hidróxido de
sódio ou aminas de baixo peso motecular (ex.: trietanolamina).
Ao acrescentar thetanotamina ou hidróxido de sódio, o polimero (carbopol) "estica", devido
a neutralização dos $rupos carboxitas presentes no polimero. (continua....)
353
Capitulo 5 - Manipulação
0 máximo de viscosidade e transparência no çet de carbopol ê conseguido com o pH 7, mais
aceitável viscosidade e transparência começa no pH 4,5 a 5 e se estende ao pH 11.
Quantidade de base a ser acrescentada em um gel de carbopol:
• Trietanolamina: a mesma quantidade do carbopol
• Hidróxido de sódio: a terça parte da quantidade de carbopol adicionada.
26.2. Aditivação de Princípios Ativos em Gel
26.2.1. Material utilizado:
• Gral ou placa de vidro
• Pistilo
• Espátula
• Papel manteiga
• Balança de precisão
26.1.2. Procedimento:
Passo 1: Pesar ou medir os princípios ativos da fórmula.
Passo 2: Se o ativo for sólido, pré-solubilizá-lo ou micronizá-lo com
um adjuvante líquido adequado.
Passo 3: Pesar o gel base adequado à formulação, levando-se em
conta as características físico-químicas dos ativos e possíveis incom-
patibilidades com o gel, descontando-se o peso dos ativos e possí-
veis adjuvantes.
Passo 4: Incorporar o princípio ativo líquido no gel ou o gel no prin-
cípio ativo solubilizado ou micronizado, aos pouco homogeneizando.
Passo 5: Embalar
Passo 6: Rotular.
354
Capitulo 5 - Manipulação
26.3. Sugestões de Formulações de Géis
2 6 . 3 . 1 . Gel de Carboximeti lcelulose sódica
Carboximetilcelulose sódica 5,0%
Metilparabeno 0,15%
Glicerina 10%
Água destilada qsp 100g
26.3.2. Gel de Carbopol ® 940 - 2%
Carbopol®940 2,0%
EDTA-Na2 0,10%
NaOH sol. 10% qs
Dipropilenoglicol 3,0%
Metilparabeno 0,1%
Imidazolidiniluréia 0,3%
Água desmineralizada qsp 100g
355
Capítulo 5 - Manipulação
27. Gel creme
São emulsões com alta porcentagem de água e baixa porcen-
tagem de óleo. São constituídas por um estabilizador coloidal hidró-
filo e agente de consistência.
27.1. Sugestões de Formulações
27.1.1. Sugestão de Gel-creme Base
NET-FS (microemulsão de silicone) 2,0%
Gel base de carbopol qsp 100,0%
Preparo: Incorporar homogeneizando o NET-FS no gel base de car-
bopol.
27.1.2. Sugestão de gel-creme Base não-iônico para formulações
com pH extremos (ácido glicólico) ou com carga de eletrólitos
incompativeis com o Carbopol
NETFS 2%
Gel de hidroxietilcelulose (Natrosol) qsp 100%
Preparo: Incorporar o NET-FS no gel base de natrosol.
27.2. Aditivação de Princípios Ativos em Gel-Creme Ba-
se
Deve-se seguir as mesmas orientações descritas para géis.
356
Capítulo 5 - Manipulação
28. L in imentos
São preparações líquidas ou semi-sólidas cujos princípios ati-
vos são dissolvidos em óleo ou outro veículo. Podem também ser
emulsionadas ou suspensas para aplicação na pele.
28.1. Sugestões de Formulações
28.1.1. Linimento de Óleo Calcáreo
Água de cal 50 ml
Óleo de linhaça 50 ml
Preparo: Meça 50ml de água de cal límpida e em um cálice e mistu-
re 50ml deóleo de linhaça, sob forte agitação.
357
Capítulo 5 - Manipulação
29. Ceratos
São preparações que contêm grande quantidade de ceras a-
nimais ou vegetais (superior a 20%), óleo e porventura, também
água.
29.1. Procedimento geral:
Passo 1: Pesar os componentes da formulação.
Passo 2: Fundir as ceras no óleo, em banho-maria, mexendo bem a
mistura para evitar a formação de grumos.
Passo 3: Deixar esfriar, quando estiver quase arrefecido, juntar á-
gua ou ativos solubilizados em água, pouco a pouco, agitando sem-
pre.
Passo 4: Embalar antes de solidificar.
Passo 5: Rotular.
358
Capitulo 5 - Manipulação
30. Ungüentos
Os ungüentos são um tipo de pomada que contém substân-
cias resinosas
30.1. Preparo:
Idem ao de pomadas
359
Capitulo 5 - Manipulação
3 1 . Preparações Otológicas (óticas) ou Auriculares
Preparações óticas podem ser líquidas, pastosas (pomadas) e
em pó.
Tanto as soluções quanto as suspensões óticas são formas lí-
quidas, destinadas à instilação no canal auditivo.
Pomadas óticas são preparações semi-sólidas que são aplica-
das no exterior do ouvido.
31.1. Características de preparações óticas
• produtos semi-estéreis
• veículo viscoso, para aderir às paredes do canal auditivo
(como a glicerina, o propilenoglicol, óleos e até mesmo a
água).
• pH de 5 a 7,8.
31.2. Procedimento para preparo de Soluções Otológi-
cas:
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente da formula-
ção.
Passo 2: Dissolva os ingredientes em cerca de 3A da quantidade de
veículo e misture bem.
Passo 3: Adicione o veiculo em qsp para o volume final e misture
bem.
Passo 4: Tome uma amostra da solução, determine o pH, a transpa-
rência e outros fatores de controle da qualidade.
Passo 5: Embale e rotule.
31.3. Procedimento para preparo de Suspensões Otoló-
gicas:
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada um dos ingredientes.
Passo 2: Dissolver ou misturar os ingredientes em cerca de 3A da
quantidade de veículo e misturar bem.
Passo 3: Adicione o veículo qsp para o volume final e misture bem.
360
Capitulo 5 - Manipulação
Passo 4: Tome uma amostra da suspensão, determine o pH e outros
fatores de controle da qualidade.
Passo 5: Embale em frasco adequado.
Passo 6: Rotule.
31.4. Procedimento de preparo de Pomadas Otológicas:
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente da formula-
ção.
Passo 2: Misture os ingredientes com o veículo (conforme procedi-
mento para preparo de pomadas).
Passo 3: Tome uma amostra da pomada e determine os fatores de
controle da qualidade.
Passo 4: Embale e rotule.
31.5. Procedimento para preparo de Pós Otológicos:
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada um dos ingredientes.
Passo 2: Misture geometricamente (ver procedimento de diluição
geométrica), iniciando com os pós presentes em menor quantidade.
Passo 3: Tome uma amostra do pó e determine os fatores de contro-
le da qualidade.
Passo 4: Embale e rotule.
361
Capitulo 5 - Manipulação
32. Preparações Nasais (errinos)
São formas farmacêuticas de uso nasal, com ação local ou
sistêmica.
As soluções nasais são soluções preparadas para administra-
ção nasal na forma de gotas ou sprays.
As suspensões nasais são preparações líquidas contendo prin-
cipios ativos insolúveis para administração nasal.
Géis nasais e Pomadas nasais são preparações semi-sólidas
para aplicação nasal que podem ser destinadas para uso sistêmico
ou local.
32.1. Características farmacotécnicas de uma Prepara-
ção Nasal:
A preparação nasal deve possuir um pH situado entre 5,5 a 7,5
podendo variar dentro do limite de 4 a 8.
Ter uma tonicidade que não interfira com a motilidade dos
cílios (isotonia).
Não modificar a viscosidade normal do muco nasal.
Ter uma certa capacidade tampão (em preparações nasais é
utilizado normalmente o Tampão Fosfato).
Ser compatível com a atividade dos cílios e com os constitu-
intes iônicos da secreção nasal.
Ser compatíveí com os medicamentos que devem ser dissol-
vidos nele.
Possuir uma estabilidade que se mantenha por largo tempo.
Conter antimicrobianos em quantidade suficiente para inibir
o crescimento de bactérias que nele sejam introduzidas pelo conta-
gotas utilizado para aplicação do medicamento ao paciente (nor-
malmente o conservante de escolha para preparações nasais é o
Clorobutanol a 0,5% ou o Cloreto de Benzalcônio 0,01%).
Ser estéril (Característica Ideal, porém não obrigatória).
32.2. Procedimento de preparo de Soluções Nasais
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada um dos ingredientes.
Passo 2: Dissolver os ingredientes incluindo o conservante em cerca
de VA da quantidade de água estéril para injeção ou solução tampão
fosfato ou veículo geral para soluções nasais e misture bem.
362
Capítulo 5 - Manipulação
Passo 3: Se possível isotonize com NaCl a solução (veja cálculos para
isotonização).
Passo 4: Adicione qsp de água estéril para injeção, para o volume
final e misture bem.
Passo 5: Tome uma amostra da solução e determine o pH, a transpa-
rência e outros fatores de controle da qualidade.
Passo 6: Filtre a solução em um filtro millipore 0,2u em um frasco
estéril.
Passo 7: Embale e rotule.
Se um grande número de soluções forem preparadas, sele-
cionar aleatoriamente uma amostra para ser checada a esterilidade
e demais caracteristicas.
Nota: Ern situações em que se prepara maior quantidade de uma [ormulação poderà ser
utilizado o autoclave como mêtodo de esterilização, se os princípios ativos forem termoestá-
veis.
32.3. Procedimento de preparo de Suspensões Nasais
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada ingrediente da formula-
ção.
Passo 2: Dissolver/misturar os ingredientes, incluindo o conservante
em cerca de VA de água estéril para injeção ou solução tampão fos-
fato ou veiculo geral para soluções nasais e misture bem.
Passo 3: Se necessário isotonize com NaCl a solução (veja cálculos
para isotonização).
Passo 4: Adicione o veículo qsp, o volume final e misture bem.
Passo 5: Tome uma amostra da suspensão e determine o pH e outros
fatores de controle da qualidade.
Passo 6: Embale em recipiente adequado para autoclavaçào.
Passo 7: Autoclave, esfrie e rotule ("agite antes de usar").
363
Capitulo 5 - Manipulação
32.4. Sugestão de veículo geral para Soluções Nasais
Fosfato monossódico dihidratado.... 0,65%
Fosfato dissódico heptahidratado.... 0,54%
NaCl 0,45%
Cloreto de benzalcônio 0,01%
Água destilada 100%
32.4 .1 . Procedimento:
Passo 1: Pesar ou medir precisamente cada um dos ingredientes.
Passo 2: Dissolver os componentes na água destilada e filtrar em
papel de filtro.
Passo 3: Embalar em frascos de vidro (30 ml) limpos e sanitizados.
Passo 4: Autoclavar.
Passo 5: Rotular provisoriamente.
Utilizar esta solução para aditivação dos princípios ativos em
recipientes de preparo limpos e sanitizados, conforme o procedi-
mento de preparo descrito anteriormente.
Nota: Esta solucão pode ser preparada para uso em suspensões nasais adicionando metilcelu-
lose (Methocet ® A - Dow Quimica) a 0,5% com açente suspensor.
364
Capitulo 5 - Manipulação
33. Preparações Oftálmicas
São formas farmacêuticas, em geral líquidas ou pastosas,
destinadas ao tratamento dos olhos e das pálpebras.
33.1. Caracterísitcas necessárias a uma Preparação Of-
tálmica:
33.1.1. Isotonia:
A isotonia é um dos requisitos que as soluções de uso oftál-
mico deverão obedecer, pois assim, tomam-se menos irritantes.
33.1.2. Isobatmia:
pH igual ao da lágrima, entre 7,2 e 7,4. Colírios com pH a-
baixo de 5,8 e acima de 11,4 causam irritação em 99% dos pacien-
tes. Para corrigir o pH pode-se utilizar soluções-tampão.
33.1.3. Limpidez:
As soluções oftálmicas devem ser límpidas (não se aplica a
suspensões) e não devem conter partículas visíveis a olho nu, para
tanto devem ser convenientemente filtradas.
33.1.4. Precisão de composição:
Os componentes de uma formulação oftálmica devem ser
precisamente pesados ou medidos, tendo em vista que SoluçõesOftálmicas são prescritas em quantidades diminutas.
33.1.5. Esterilidade:
As Soluções Oftálmicas devem ser estéreis. A esterilidade
pode ser obtida por filtração em membrana millipore de 0,45 a 0,2
H, por calor seco ou por autoclavação de acordo com as caracterís-
ticas dos Princípios Ativos.
365
Capitulo 5 - Manipulação
33.2. Aditivos usados em Preparações Oftálmicas (Ad-
juvantes Farmacotécnicos):
33.2.1. Conservantes:
Tabela 44: Conservantes utilizac
CONSERVANTE
Cloreto de
Benzalcônio
Clorobutanol
Clorexidina
Metilparabeno
(assoc. Propil-
parabeno)
Propilparabe-
nol
(assoc. Metil-
parabeno)
CONCENTRAÇAO
USUAL
1:10.000 a 0,01%
0,5%
0,02 a 0,05%
0,18%
0,02%
os em Produtos Oftálmicos
INCOMPATIBILIDADES
compostos aniônicos
nitratos
é inativado em meio alcalino
é decomposto pelo calor (não auto-
clavável)
nitrato de prata
sais sódicos de sulfamidas
nitrato de prata
cloranfenicol
alginato sódio
CMC
sulfamidas sódicas
penicilina
ions cloreto, fosfato e sulfato.
tween 80
pH> 8
tween 80
pH > 8
33.2.2. Agentes Molhantes, Clarificantes e Emulsionantes
usados em Preparações Oftálmicas:
AGENTE
Polisorbato 20 (tween 20)
Polisorbato 80 (tween 80)
CONC. USUAL
1%
1%
366
Capítulo 5 - Manipulação
33.2.3. Antioxidantes usados em Preparações Oftálmicas:
ANTIOXIDANTE/
SEQUESTRANTE
EDTA - Na 2
Bissulfito de sódio
Metabissulfito de sódio
CONC.
USUAL
0,1%
0,1%
0,1%
33.2.3.Agentes doadores de Viscosidade usados em Prepa-
rações Oftálmicas:
AGENTE
Hidroxietilcelulose
Hidroxipropil metilcelulose
(Hipromelose)
Metilcelulose
Álcool polivinílico
Polivinilpirrolidona (PVP)
CONC.
USUAL
0,8%
0,5 A 2,5%
0,5 a 2,0%
1,4%
1,7%
33.2.4. Sugestões de Soluções Tampões para uso em Colí-
rios
A. Sugestão de Solução Tampão Fosfato para uso em Colirios:
Fosfato monossódico anidro 0,40g
Fosfato dissódico anidro 0,47g
Cloreto de sódio 0,48g
Cloreto de benzalcônio 0,01 g
Água estéril para injeção qsp 100 ml
Este tampão tem pH de 6,8 e está isotonizado é indicado pa-
ra preparação de certos colirios, como: Atropina, Efedrina, Homa-
tropina, Penicilina, Pilocarpina e Escopolamina.
367
Capítulo 5 - Manipulação
B. Sugestão de Solução (A) de Ácido Bórico para Colírios:
Ácido bórico 1,9g
Cloreto de benzalcônio 0,01%
Água estéril para injeção qsp 100ml
Esta solução tem um pH de cerca de 5 e está indicada para a
preparação de colírios com os seguintes fármacos: Procaína, Tetra-
caina e Sulfato de Zinco.
C. Sugestão de Solução (B) de Ácido Bórico para Colírios:
Ácido bórico 1,9g
Sulfito de sódio, anidro 0,1g
Nitrato de fenilmercúrio 1:50.000
Água estéril para injeção qsp 100ml
Esta solução, igualmente com pH vizinho a 5, contém um re-
dutor destinado a retardar a oxidação dos fármacos nela manipula-
dos, sendo indicada para os seguintes fármacos: Epinefrina (adrena-
lina), Fenilefrina e Fisostigmina
D. Sugestão de Tampão Borato (pH 7,2 a 7,4):
Ácido bórico 1,05%
Bórax 0,286%
Nipagin 0,05%
Nipazol 0,01%
Água estéril para injeção qsp 100,0%
Procedimento:
Passo 1: Pesar precisamente os componentes da formulação.
Passo 2: Dissolva, a quente, em um bécker com 50% do volume de
água estéri l , o Nipagin e o Nipazol.
Passo 3: Acrescente o Ácido Bórico e o Bórax, agitando até completa
dissolução.
Passo 4: Acerte o volume com água estéri l f r ia, corri ja o pH para
faixa de 7,2 a 7,4, se necessário.
Passo 5: Fi l tre.
Passo 6: Embale em frasco de vidro de 100 ml .
Passo 7: Autoclave a 121°C, 15 psi por 30 minutos.
Passo 8: Conservar em geladeira.
368
Capitulo 5 - Manipulação
33.3. Procedimento Geral para Formulações Oftálmicas
Os produtos oftálmicos devem ser manipulados no fluxo la-
minar devidamente validado, utilizando técnicas de manipulação
asséptica (veja procedimento de trabalho em Capela com Fluxo La-
minar).
33.3.1. Procedimento para Soluções Oftálmicas:
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente, faça sempre
a fórmula dobrada, para posteriormente checar os parâmetros da
qualidade em uma amostra, sem correr o risco de contaminar o me-
dicamento que irá ser entregue ao cliente.
Passo 2: Dissolver os ingredientes em cerca de 3A da quantidade a
ser utilizada do veículo (água estéril ou solução tampão) e misture
bem.
Passo 3: Adicione o veículo qsp, o volume final e misture bem.
Passo 4: Tome uma amostra da solução e determine o pH, a limpi-
dez e os outros fatores de controle da qualidade.
Passo 5: Filtre a solução em filtro millipore 0,2(.i dentro do recipi-
ente estéril que irá conter o colírio.
Passo 6: Embale e rotule.
Passo 7: Se um grande número de soluções forem preparadas sele-
cionar aleatoriamente uma amostra e checar sua esterilidade.
33.3.2. Suspensões Oftálmicas (para Principios Ativos auto-
claváveis):
Passo 1: Pese ou meça precisamete cada ingrediente da formulação,
faça a formulação dobrada para possibilitar análise posterior pelo
Controle da Qualidade.
Passo 2: Dissolva ou misture os ingrediente no veiculo estéril (com
ou sem agente suspensor como metilcelulose 0,5% ou agente mo-
Ihante como tween 80 máx.1%) e misture bem.
Passo 3: Adicione o veículo qsp o volume final e misture bem.
Passo 4: Tome uma amostra da suspensão e determine o pH e outros
fatores de controle de qualidade.
Passo 5: Embale em recipiente (frasco de vidro conta-gotas p/ colí-
369
Capítulo 5 - Manipulação
rios) adequado para autoclavação.
Passo 6: Autoclave a 121°C a 15psi por 20 a 30 minutos.
Passo 7: Esfrie e rotule.
Se um grande número de suspensões forem preparadas, sele-
cione aleatoriamente uma amostra para ensaios e checagem da es-
terilidade.
Nota: Para PA termolábeis (não autoctaváveis) ao invés da autoclavação em um vidro relóçio,
os componentes sólidos podem ser previamente misturados com álcool e este evaporado no
ambiente de fluxo laminar, podendo a suspensão ser embalada em frasco conta-gotas esteri-
lizado de plástico.
33.4. Pomadas Oftálmicas
São preparações farmacêuticas semi-sólidas que se destinam
a aplicações nas conjuntivas e devem ser estéreis.
São preparadas assépticamente, no ambiente do fluxo lami-
nar, com excipientes não aquosos, de baixo ponto de fusão ou de
fácil difusão, previamente esterilizados.
As substâncias incorporadas no excipiente devem ser fina-
mente divididas (tamizadas e micronizadas com algum agente levi-
gante ou solução fisiológica), de modo a assegurar uma perfeita
homogeneidade do produto, que não poderá irritar a conjuntiva ou
a córnea ocular.
33.4.1. Excipientes para Pomadas Oftálmicas:
• Vaselina
• Parafina liquida com vaselina
• Lanolina com parafina líquida e vaselina.
33.4.2. Preparo dos excipientes para Pomadas Oftálmicas:
• Misturar os ingredientes
• Fundir
• Filtrar
• Esterilizar a 150°C, durante 1 hora
• Embalar em recipiente de vidro âmbar estéril de 100g
• Tampar e lacrar
Nota: 0 recipiente com a pomada oftálmica base deve ser aberto somente no ambiente do
fluxo laminar, após prévia desinfecqão do frasco e da tampa com álcool a 70% e clorexidina.
370
Capitulo 5 - Manipulação
33.4.3. Processos de preparo de Pomada oftálmica:
A preparação de Pomadas Oftálmicas pode ser conduzida por
dois processos fundamentais:
• Se o fármaco é hidrossolúvel, deve dissolver-se em água es-
téri l, incorporando-se a solução no excipiente fundido e a-
gitando até solidificação. 0 volume de água empregado de-
ve ser o menor possível;
• Se o fármaco é insolúvel ou dificilmente solúvel em água é
aconselhável porfirizá-lo, recorrendo a uma pequena quan-
tidade de excipiente, naturalmente liquido (ex.: vaselina
líquida) ou fundido no momento do emprego.
33.4.4. Sugestões de base para Pomadas Oftálmicas
A. Sugestão de Pomada Oftálmica Base (Fórmula 1):
Lanolina purificada *(Corona® PNL) 10g
Vaselina puríssima 80g
Vaselina líquida puríssima 10g
B. Sugestão de Pomada Oftálmica Base (Fórmula 2):
Oculentum simplex - Farmacopéia Dinamarquesa
Vaselina puríssima65,5g
Álcool cetilico 0,4g
Lanolina purificada (Corona® PNL)... 4,6g
Vaselina iíquida puríssima 30g
Nota: esta formulação tem a vantagem de poder incorporar maior quantidade de áçua do que
aanterior (+/- 30%).
33.4.5. Procedimento geral de aditivação de princípios ati-
vos em pomadas oftálmicas:
Passo 1: Pese ou meça precisamente cada ingrediente da formula-
ção, faça a formulação em quantidade dobrada, para posterior a-
mostragem no o controle da qualidade.
Passo 2: Esterilize cada ingrediente por um método adequado.
Passo 3: Solubilize ou micronize anteriormente os princípios ativos
em veículo adequado.
Passo 4: Misture os componentes dissolvidos ou micronizados com a
pomada base estéril.
Passo 5: Tome uma amostra da pomada e determine os fatores de
371
Capítulo 5 - Manipulação
controle de qualidade (pH, consistência, homogenidade, esterilida-
de, etc).
Passo 6: Embale e rotule.
Se um grande número de pomadas forem preparadas, sele-
cione aleatoriamente uma amostra para ser ensaiada e checada a
sua esterilidade.
33.5. Procedimento de trabalho em Capela com Fluxo
Laminar:
O propósito deste procedimento é estabelecer diretrizes pa-
ra o trabalho na bancada de fluxo laminar.
33 .5 .1 . Equipamento:
• Fluxo laminar horizontal
33.5.2. Acessórios:
• gases esterilizadas
• solução sanitizante (Álcool isopropílico 70%, Álcool 70% com
clorexidina 0,5%)
• materiais para manipulação.
33.5.3. Sugestão de Procedimento:
Antes de iniciar o trabalho, o manipulador deve verificar se a
área de trabalho está limpa, devendo o mesmo realizar a assepsia
da área, apropriadamente com álcool isopropílico a 70% (não use a
solução de álcool isopropílico na grade do filtro absoluto).
0 manipulador deve estar devidamente paramentado (gorro,
máscara, óculos protetores, jaleco de mangas comprimidas e luvas
descartáveis estéreis).
0 fluxo laminar deve ser ligado de 30 a 60 minutos antes de
iniciar o trabalho.
Não use spray de soluções desinfetantes no filtro ou na grade
do fi ltro.
Se algum derramamento ocorrer na área de trabalho, assegu-
re que o mesmo será imediatamente absorvido, lavado com água
estéril e sanitizado com gaze umedecida em solução desinfetante.
Planeje o trabalho para um determinado período (Ex.: 2x ao
372
Capítulo 5 - Manipulação
dia, pela manhã e à tarde) para minimizar movimentos na área de
fluxo laminar.
Remova todos os materiais a serem utilizados das embala-
gens ou caixas, antes de entrar na sala limpa.
Limpe a superficie de cada material (ampolas, vidros, etc)
que será colocado na bancada do fluxo, com gaze umedecida em
desinfetante adequado (como o álcool isopropílico a 70%).
Remova imediatamente da bancada do fluxo laminar, após o
uso, todos os acessórios, tais como seringas, vidrarias, etc.
Coloque na bancada do fluxo laminar somente os materiais
que serão utilizados na preparação. Não use a bancada para estocar
materiais.
Organize todos os materiais de modo a aumentar a eficiência
do trabalho e manter a integridade dos locais críticos de acordo
com o fluxo do ar evitando o bloqueio ou desvio do mesmo.
0 manipulador deve trabalhar a pelo menos 15cm da banca-
da do fluxo laminar.
Tome cuidado, não toque em locais críticos ou em materiais
não estéreis com as luvas durante o trabalho, pois poderão conta-
minar-se.
Periodicamente, use álcool a 70% nas luvas e friccione as
mãos.
Imediatamente antes de abrir frascos, ampolas ou outros ma-
teriais, limpe e desinfete o pescoço das ampolas ou frascos com
uma gase estéril umedecida com a solução de álcool 70%.
Desinfetar as borrachas de frasco/ampola com gaze umede-
cida em álcool a 70%, antes de perfurá-la com a agulha.
Filtre todas as soluções removidas de ampolas de vidro para
remover possíveis particulas de vidro.
Durante a adição de ativos na solução, agitar levemente o
frasco de preparo com a finalidade de minimizar a ocorrência de
incompatibilidades.
Durante a preparação observe se não há formação de preci-
pitado, turvação ou desprendimento de gás.
Use como filtro esterilizante o fi ltro millipore 0,22|i em reci-
pientes estéreis.
Após a maniputação, observe o produto final, visualmente
para verificar a evidência de incompatibilidades e partículas estra-
nhas.
Tampe e sele o produto.
Remova da bancada do fluxo todos os materiais utilizados na
373
Capítulo 5 - Manipulação
manipulacão, limpe e sanitize a bancada com desinfetante adequa-
do.
Nota: É recomendóvel a alternància sazonal dos agentes sanificantes, com o objetivo de
prevenir possiveis resistèncias de microorganismos.
33.6. Esterilização
A esterilização é o processo de eliminação ou destruição de
microorganismos em um objeto ou em uma preparação.
Produtos parenterais (injetáveis) e oftálmicos requerem es-
terilidade.
33.6 .1 . Esterilização por Calor úmido (autoclavação):
A esterilização por calor úmido envolve o uso de autoclave
que produz um ambiente de vapor saturado, típicamente a 121°C a
15psi. Isto pode variar conforme a maneira como o autoclave for
usado.
Após o alcance da correta temperatura e pressão, o processo
de esterilização deve continuar por pelo menos 20 minutos, neste
ponto a pressão e a temperatura devem ser abaixadas para retornar
às condições ambientais.
33.6.2. Esterilização por Calor Seco (estufa)
A esterilização por calor seco envolve o uso de estufa em al-
tas temperaturas operada nas seguintes condições:
Temperatura
160°C
170°C
180°C
Tempo
120 a 180minutos
90 a 120minutos
45 a 60 minutos
Os itens para serem esterilizados por calor seco podem ser
colocados em uma bandeja de aço inoxidável e cobertos por uma
folha de papel laminado. Esta embalagem protege o transporte do
item esterilizado ao local de trabalho evitando a re-contaminação.
374
Capitulo 5 - Manipulação
33.6.3. Esterilização por Ultra Filtração (microfiltração):
A filtração envolve a remoção de partículas de um líquido,
retidas por uma matriz com poros microscópicos capazes de reter os
microorganismos.
Este processo irá remover, mas não destruir os microorga-
nismos.
Este método é o mais recomendado para uso na farmácia
magistral, pois não há alteração térmica do fármaco e o mesmo,
elimina os pirogênios.
Normalmente é utilizado o filtro millipore 0,22|i .
375
Capítulo 5 - Manipulação
34. Marripulação Magistral de Supositórios e Óvulos
Sâo formas farmacêuticas de consistência firme, de forma
cônica ou ogival, destinadas a aplicação retal, vaginal ou uretral.
São obtidas por solidificação ou compressão, em moldes, de
massa adequada, encerrando substâncias medicamentosas.
34.1.Excipientes utilizados para manipulação de Supo-
sitórios
34.1.1. Manteiga de Cacau:
São poucos os excipientes que possuem características físicas
iguais ou melhores que as da Manteiga de cacau.
0 produto é bem tolerado pela mucosa retal e é sólido à
temperatura ambiente. Funde-se entre 29 e 34°C, sendo fluido a
temperatura do corpo humano. 0 seu ponto de solidificação pode
situar-se entre 22 e 26°C. Em regra, o tempo necessário para solidi-
ficação é de 6 minutos.
Não é recomendada em regiões de clima muito quente, uma
vez que é bastante baixo seu ponto de fusão.
Quando aquecida à temperatura superior a seu ponto de fu-
são sofre transformação alotrópica dos glicerídeos constituintes,
com diminuição substancial do ponto de solidificação e do ponto de
fusão da massa que solidificou.
A presença de formas metastáveis, resultante do superaque-
cimento altera profundamente as suas características, não só nos
pontos de solidificação-fusão, como também no tempo necessário
para que a massa solidifique.
34.1.2. Novata®:
A Novata é um produto da Henkel, constituído por misturas
de mono/di e triglicerídeos de ácidos graxos saturados de origem
animal (C12aC18).
As vantagens da sua utilização são a rapidez de produção dos
supositórios e óvulos e a obtenção de produtos com uma melhor
apresentação.
A Novata é fundidaisoladamente sem a necessidade de adi-
ção de outros componentes, acrescentando-se somente o(s) ati-
vo(s).
376
Capitulo 5 - Manipulação
34.1.3. Gelatina Glicerinada:
Mistura de gelatina, glicerina e água. Esta mistura destina-se
apenas a produção de óvulos para ativos hidrossolúveis e não suposi-
tórios para uso retal e uretral.
Sugestão de formulação: Óvulo (gelatina/glicerina)
Gelatina pó 20g
Água 10g
Glicerina 70g
34.1.4. Polietilenoglicóis (PEG):
São polímeros de óxido de etileno, com cadeias alcoólicas
primárias. Não são tóxicos e possuem a desvantagem de apresentar
maior probabilidade de incompatibilidades com fármacos, quando
comparados aos outros excipientes.
As fórmulas de supositórios ou óvulos que utüizam estes ex-
cipientes consistem em mistura de polietilenoglicóis com PM dife-
rentes, em proporções que obtenham um produto final com ponto
de fusâo por volta de 37°C.
Sugestão - Massa para Supositórios e Óvulos com PEG:
PEG 1500 70%
PEG4000 10%
PEG400 20%
Preparo: Fundir os componentes. Adicionar os princípios ativos no
excipiente fundido ou em parte do PEG 400 micronizando- os.
377
Capitulo 5 - Manipulação
34.2.Preparação de Supostitórios (Procedimento Geral)
Os supositórios podem ser preparados por dois métodos: por
compressão a frio (nào usado em farmácia magistral) e por fusão.
0 método mais usado, rápido e fácil é por fusão, onde o
princípio medicamentoso é misturado ou dissolvido no excipiente
fundido, vertendo a massa líquida em moldes adequados.
0 primeiro passo no preparo de um supositório é o cálculo da
quantidade de ativo e excipiente que será utilizado.
Feito os cálculos, o passo seguinte é a fusão do excipiente
que deve ser feita à temperatura mais baixa possível, a fim de evi-
tar alterações por decomposição e o aparecimento de formas me-
tastáveis, difíceis de solidificar.
Ao aviar uma receita de supositórios devem ser tomadas
quantidades superiores às prescritas, para prevenir inevitáveis per-
das de massa, por aderência ao recipiente utilizado para fusão (à
espátula), além da quantidade em excesso sobre o molde, posteri-
ormente removida. Até 4 supositórios: aumenta 1 unidade. Acima
de 5 supositórios: aumentam 2 unidades.
Adição de pós insolúveis ao excipiente: é conveniente incor-
porar os pós em partes do excipiente fundido, misturando depois o
restante do excipiente fundido.
A lubrificação do molde sempre se faz necessária, podendo
usar glicerina ou vaselina líquida.
A massa deve ser vertida no molde quando se der início à so-
lidificação (formação de uma película sobre a massa liquefeita).
Após resfriamento, abrir os moldes e retirar os supositórios,
exceto quando o molde for a própria embalagem, neste caso basta
selar.
Envolver cada supositório (aqueles que não foram preparados
em moldes/embalagem) em papel alumínio, acondicioná-los em
recipiente fechado e rotular ("conservar em geladeira").
378
Capitulo 5 - Manipulação
34.3. Regularidade de peso:
Pesar 20 unidades, fazer a média e em seguida considerar o
desvio de 5% para mais ou para menos em relação ao valor da mé-
dia.
Pesar cada unidade dos supositórios ou óvulos e anotar o pe-
so.
Requisito: não mais que 10% das unidades ensaiadas pode a-
fastar da média ± o desvio de 5%.
34.4. Supositório Especial para Tra tamento de Hemor-
róidas: "Rectal Rocket"
0 formato diferenciado do supositório Rectal Rocket, "fogue-
te", assegura que o mesmo permaneça em contato direto com as
hemorróidas, tanto intemas quanto externas, liberando o ativo.
Este formato, garante uma maior eficiência no tratamento das he-
morróidas externas e mistas, quando comparado com o supositório
convencional, pois, enquanto neste último o ativo é liberado somen-
te no interior do lúmen retal, o supositório em formato de foguete
permite o contato e a liberação do ativo, tanto no interior do lúmen
retal, como também na hemorróida externa.
Figura 12: molde com supositórios Rectal Rocket.
Foto: PCCA - Products Catalog
379
Capitulo 5 - Manipulação
34.4 .1 . Fórmula base para Rectal Rocket com ácidos graxos
e parafina:
Novata® 90 a 95%
Parafina sólida 5 a 10%
Sílica gel micronizada**q.s.p. (se necessário 1%)
Procedimento:
Passo 1: Em uma placa de aquecimento fundir os ingredientes, res-
friar e estocar.
Passo 2: Não permita que a temperatura exceda a 55°C. Não utilize
microondas.
Nota: 'Sílica gel micronizada: ê utilizada como açente suspensor para ativos insoiúveis na
base, na concentraçõo usuai de 1%.
Material necessário:
• Béquer
• Bastão de vidro
• Molde
• Placa de aquecimento ou banho-maria
• Faca
• Balança de precisão
• Papel manteiga
• Papel laminado
Procedimento de preparo:
Passo 1: Catibrar, previamente, o molde de supositório, caso não
tenha sido utilizado, anteriormente, com a base utilizada. Verificar
se o molde encontra-se limpo e seco antes do uso. Lubrificar antes
de utilizar o molde.
Passo 2: Calcular a quantidade necessária de cada ingrediente, adi-
cionando-se cerca de 10% extra, para compensar perdas e permitir o
preenchimento do molde com excesso. Pesar ou medir, precisamen-
te, cada ingrediente.
Passo 3: Ligar e ajustar o aquecimento do banho-maria. Adicionar a
base preparada anteriormente (fórmula base de ácidos graxos e
parafina) em um béquer, aquecendo aos poucos até a fusão da base.
Deve ser evitado o superaquecimento, pois o mesmo altera as pro-
priedades de fusão do supositório (não aquecer acima de 55°C).
Passo 4: Adicionar os ativos. Misturar bem com bastão de vidro. Os
ingredientes sólidos (ativos) devem ser misturados diretamente na
380
Capitulo 5 - Manipulação
base ou, previamente levigados, antes da incorporação. 0 agitador
magnético também pode ser utilizado para realizar a mistura.
Passo 5: Deixar esfriar um pouco. Verter a mistura ainda fluida para
o molde montado com as placas formadoras de sulcos, preenchendo
o mesmo, com excesso da massa para prevenir a retração durante a
solidificação.
Passo 6: Deixar resfriar na temperatura ambiente por 15 a 30 minu-
tos e refrigerar por mais 30 minutos.
Passo 7: Com uma espátula, retirar o excesso de massa sobre o mol-
de. Remover, cuidadosamente, os supositórios. Embalar, um a um,
em papel laminado ou sachês de alumínio. Acondicionar os supositó-
rios embalados em um pote de vidro ou plástico.
Passo 8: Rotular e validar.
34.4.2. Aditivação (Cálculo da quantidade de Ativo e de Ba-
se):
A droga ativa deve ser reduzida a partículas de tamanho uni-
forme assegurando assim, uma perfeita distribuição na base. A me-
Ihor fonte de ingredientes para a manipulação de supositórios é o
fármaco em pó. Em geral, o máximo de ingredientes que podem ser
incorporados deve corresponder a aproximadamente 30% do peso do
supositório.
Quantidade de base deslocada por supositório =
dose unitária x 0,7(fator de deslocamento universal ou outro específico)
Quantidade de base por supositório =
peso médio do supositório sem ativo (branco) - quantidade de base deslocada por supositório.
Quantidade total da base =
(quantidade de base por supositório x número de supositórios) x 10% (excesso)
Cálculo da quantidade de ativo =
(dose unitária x número de unidades) x 10% (excesso)
381
Capítulo 5 - Manipulação
Exemplo:
Calcular a quantidade de base para supositório necessária
para a manipulação de 6 supositórios de Ibuprofeno 800mg. Calcu-
lar, também, a quantidade de ativo necessária levando em conta a
perda durante o procedimento de preparo. 0 peso médio dos suposi-
tórios preparados somente com a base é de 6g.
Quantidade de base deslocada pelo ativo para supositório = 0,81 g
(ibuprofeno)x70% = 0,56
Quantidade de base por supositório = 6g - 0,56g = 5,44g
Quantidade total de base necessária = 5,44 x 6 = 32,64 x 10% =
25,90g
Quantidade total de ativo necessário = 0,8g x 6 = 4,8g x 10% = 5,28g
34.4.3. Exemplos de formulações:
A. Supositórios Rocket Analoésicos (composição por supositório)
Benzocaina 130mg
Bálsamodo Peru 65mg
Óleo de rícino 65mg
Monooleato de sorbitano* 65mg
Mentol 9mg
Sulf. Monoid. Hidroxiquinolina** 16mg
Óxido de zinco 196mg
Base para supositório*** q.s.p.1 supositório rocket
Mande 6 supositórios.
Indicação: hemorróidas extemas e mistas.
Ação: anestésico, protetor, adstringente e antipruriginoso.
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar,
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket
permanece externa ao ânus.
Nota:
'Span® 80
"Viofórmio
"" Base de ácidos groxos e parafina.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
382
Capítuio 5 - Manipulação
B. Supositório Rocket com Hidrocortisona e Tetracaina
Hidrocortisona micronizada 25mg
Cloridrato de tetracaína 10mg
Subcarbonato de bismuto 10Omg
Cloridrato de Fenilefrina 10mg
Bálsamo do Peru 65mg
Óleo de rícino 65mg
Polisorbato 80* 65mg
Base para supositório** q.s.p.1 supositório rocket
Mande 6 supositórios.
Indicação: hemorróidas externas e mistas.
Ação: antipruriginoso, anestésico, protetor e vasoconstritor.
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar,
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas removendo e
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket
permanece externa ao ânus.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
C.Supositório Rocket com Ibuprofeno/lndometacina
Ibuprofeno 800mg
Indometacina 50mg
Sílica gel micronizada 35mg
Lecitina de soja granular 600mg
Base para supositório*q.s.p. 1 supositório rocket.
Mande 6 supositórios.
Ação: antiinflamatório
Modo de usar: a critério médico.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
D. Supositório Rocket com Aloe Vera e Vitamina E
Aloe vera pó (freeze dried) 200:1 ...200mg
Alantoína 50mg
Silica gel micronizada 30mg
Vitamina E acetato (1UI/mg) 100mg
Óxido de zinco .' 195mg
Mentol cristal 9mg
Base para supositório* q.s.p. 1 supositório rocket.
Mande 6 supositórios.
Indicação: hemorróidas externas e mistas.
Ação: protetor e cicatrizante.
Modo de usar: inserir, via intraretal, 1 supositório à noite ao deitar,
383
Capitulo 5 - Maniputação
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket
permanece externa ao ânus.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
E. Supositório Rocket com Lidocaína 2% e Hidrocortisona 1%
Hidrocortisona micronizada 1%
Lidocaína base 2%
Sílica gel micronizada 20mg
Base para supositório* q.s.p. 1 supositório rocket
Mande 6 supositórios
Indicação: hemorróidas externas e mistas.
Ação: antipruriginoso, anestésico.
Modo de usar: inserir, via intraretal , 1 supositório à noite ao deitar,
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket
permanece externa ao ânus.
Estabilidade: 6 meses.
F. Supositório Rocket com Cetoprofeno/Lidocaína
Cetoprofeno 10Omg
Lidocaína base 2%
Silíca gel micronizada 37mg
Lecitina de soja granular 600mg
Palmitato de isopropila 0,33mL
Base para supositório q.s.p. 1 supositório rocket
Mande 6 supositórios
Indicação: hemorróidas extemas e mistas.
Ação: anti inflamatório, anestésico e antipruriginoso.
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar,
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket
permanece externa ao ânus.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
384
Capítulo 5 - Manipulação
G. Supositório Rocket com Acetato de Hidrocortisona 2%, Lidocaína
1% e Sucratfato 15,6%
Acetato de hidrocortisona 2%
Lidocaína base 1 %
Sucralfato 15,6%
Base para supositório q.s.p. 1 supositório rocket
Mande 6 supositórios
Indicação: hemorróidas internas e mistas.
Ação: antipruriginoso, protetor e anestésico.
Modo de usar: inserir via intraretal 1 supositório à noite ao deitar,
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas removendo e
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket
permanece externa ao ânus.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
H. Supositório Rocket Lidocaína 2% e Hidrocortisona 1%
Hidrocortisona 1 %
Lidocaína base 2%
Silica gel micronizada 20mg
Base para supositório q.s.p 1 supositório rocket.
Mande 6 supositórios.
Indicação: hemorróidas intemas e mistas.
Ação: antipruriginoso e anestésico.
Modo de usar: inserir, via intraretal , 1 supositório à noite ao deitar,
deixando-o até a completa fusão ou por 4 a 6 horas, removendo e
desprezando o restante. A parte alargada do supositório rocket
permanece externa ao ânus.
Estabilidade aproximada: 6 meses.
34 .4 .4 . Controle da qual idade:
Aparência: amolecimento, ressecamento, excessiva dureza e
rachaduras são sinais de instabitidade.
Peso.
Ponto de fusão: o supositório deve fundir a 37°C (para checar
o ponto de fusão o supositório pode ser colocado em um béquer e
este em banho-maria que deve ser aquecido a 37°C).
34 .4 .5 . Embalagem:
Os supositórios deverão ser embalados individualmente em
papel laminado ou sachês aluminizados e acondicionados adequa-
damente, em potes ou caixas de cartolina.
385
Capitulo 5 - Manipulação
34.4.6. Armazenamento e rotulagem:
Os supositórios devem ser protegidos do calor, podendo ser
armazenados sob refrigeração, mas não congelados.
34.4.7. Estabilidade:
Os supositórios Rocket são preparados com base anidra e
hidrofóbica, sendo, portanto, uma forma estável, desde que prote-
gida do calor e da umidade. 0 prazo de validade recomendado é
geralmente, 6 meses. Para supositórios preparados a partir de pro-
dutos industrializados recomenda-se 25% do tempo remanescente da
validade do produto ou 6 meses, o que for menor. Para fármacos
reconhecidamente suscetíveis a processos de degradação química, o
prazo de validade recomendado não deverá ser maior que 2 a 3 me-
ses.
34.4.8. Atenção Farmacêutica (orientação ao paciente):
Este supositório foi desenhado de modo que uma parte sua
permaneça inserido no reto, para tratar as hemorróidas internas,
enquanto que a parte larga (final) do supositório permaneça externa
para tratar as hemorróidas externas. 0 supositório deve ser usado
quando o paciente tiver disponibilidade de permanecer deitado (de
lado ou de bruços) por pelo menos 4 a 6 horas, de preferência à
noite ao deitar. 0 supositório deve estar na temperatura ambiente
quando colocado no reto e deve ser umedecido com água morna,
poucos segundos antes da sua aplicação. As figuras a seguir ilustram
a forma de aplicação adequada do Rectal Rocket, demonstrando o
contato do mesmo com as hemorróidas internas e externas.
Retornar ao médico caso continue um sangramento excessivo,
proveniente da hemorróida.
386
Capítulo 5 - Manipulação
35. Formulações Transdérmicas
Embora antigos pesquisadores preconizassem que a pele fos-
se totalmente impermeável, sabe-se hoje que algumas susbstâncias
superam, facilmente, a resistência da epiderme. A maioria destas
substâncias permeia de forma lenta e contínua através da pele.
Dentre os produtos que podem ser administrados pela pele,
podemos caracterizar os de uso dermatológico que modificam a fun-
ção da pele; os cosméticos que apresentam função de limpeza e
beleza; e os transdérmicos que se destinam a tratar afecções sistê-
micas, em alguns órgãos distantes.
A pele é considerada o maior órgão do organismo. Constitui-
se como um complexo tecido com capacidade metabólica, imunoló-
gica e sensorial. Entretanto, a maioria dos pesquisadores concorda
que a pele possui a função primária de proteção, incluindo a manu-
tenção de fluidos biológicos e do balanço eletrolítico em ambientes
secos e hostis. Previne a perda de água transepidérmica, bem como
protege o organismo da invasão microbiana, física e química, além
dos danos causados pela radiação ultravioleta. A despeito deste tipo
de proteção, os estudiosos têm conhecimento, há pelo menos dois
séculos, da capacidade de certos compostosem atravessarem as
camadas da peie e atingirem os vasos sangüíneos e a circulação ge-
ral. Novas formas farmacêuticas têm sido desenvolvidas com o obje-
tivo de liberar o fármaco via transcutânea, (através da pele) como
uma alternativa às vias tradicionais de administração de fármacos,
tais como, a oral, a intravascular, a intramuscular, a subcutânea e a
sublingual. Formas farmacêuticas transcutâneas apresentam uma
série de vantagens e desvantagens, teóricas e práticas, em relação
às formas convencionais.
35.1. Estrutura da Pele
Para compreendermos melhor como os fármacos atravessam
a pele, faz-se necessário um conhecimento básico da sua estrutura.
A pele é composta, basicamente pela epiderme, pela derme e por
uma camada inferior de tecido subdérmico. As células da epiderme
permitem um processo contínuo de renovação e migram do estrato
germinativo para o estrato córneo.
A epiderme e a derme são separadas por uma membrana ba-
sal, onde a derme permanece contínua aos tecidos subcutâneos e
387
Capitulo 5 - Manipulação
adiposos. A epiderme é composta por 5 camadas de diferentes tipos
de células. Iniciando-se da parte exterior: stratum corneum, stra-
tum lucidum, stratum granulosum, stratum spinosum e stratum
basaíe. Na camada dérmica, existe um número variável de folículos
pilosos e glândulas sebáceas, juntamente com glândulas sudoríparas
apócrinas e écrinas, nutrido com uma rica rede vascular. A camada
córnea representa a maior e a primeira barreira que o fármaco pre-
cisa atravessar. A resistência ao transporte através da camada cór-
nea depende das propriedades e do arranjo alternado de camadas
hidrofílicas e hidrofóbicas, bem como da sua espessura, variando de
espécie para espécie e entre as regiões do corpo no mesmo indiví-
duo. Variáveis adicionais são as regiões de concentração de folículos
pilosos e glândulas sudoríparas que constituem as vias altemativas
para difusão de fármacos.
Experimentalmente, grandes diferenças de permeação têm
sido evidenciadas de acordo com as regiões da pele. A seguir, en-
contram-se relacionadas diferentes regiões do corpo em ordem de-
crescente de permeabilidade cutânea:
Folículos pilosos
genitais > áreas da cabeça > tronco > membros
388
Capítulo 5 - Manipulação
Rede
Capilar
Epiderme
Derme
Camada
Subcutãnea
Stralum granulosum ——
Stratum spinosum
Stralum germtnalium—
Junção C
Eplderme-Derme
Epiderme
Estrutura da pele
389
Capítulo 5 - Manipulação
35.2. Absorção Transcutânea
A teoria geralmente aceita é que a absorção transcutânea
ocorre principalmente, através do cimento intercelular e não atra-
vés da parede celular. Os fatores que controlam a absorção de fár-
macos através da pele, estão relacionados aos princípios clássicos
de difusão através de membranas semi-permeáveis, envolvendo ca-
da componente da pele. 0 fluxo de substâncias através do stratum
corneum é diretamente proporcional ao gradiente de concentração
e portanto, pode ser considerado como difusão passiva. Compostos
altamente lipofílicos e com baixo peso molecular demonstram gran-
de velocidade de fluxo através do stratum corneum. Além disto,
quanto maior a área da superfície exposta, maior será o fluxo do
fármaco. A espessura aumentada da epiderme reduz a velocidade
do fluxo transdérmico do ativo. Para compostos utilizados exclusi-
vamente no tratamento de condições específicas da pele, a difusão
passiva na epiderme superficial pode ser suficiente. Todavia, para o
fármaco ser disponibilizado na circulação geral precisa não só di-
fundir-se através da matriz lipídica do stratum corneum mas tam-
bém, atravessar o ambiente aquoso que permanece abaixo da ca-
mada epidérmica e a derme. Substâncias altamente lipofílicas se
difundem rapidamente através da matriz lipídica do stratum cor-
neum. Contudo, difundem-se lentamente quando alcançam as ca-
madas aquosas da epiderme. 0 oposto também é verdadeiro para
substâncias hidrofílicas polares: a primeira barreira é de fato a ca-
mada lipídica externa do stratum corneum. Portanto, o fármaco
precisa apresentar afinidade tanto por ambientes lipídicos como por
ambientes aquosos para que a absorção seja efetiva. Esta afinidade
está relacionada, dentre outros fatores, ao coeficiente de partição
óleo-água que pode ser entendido como a solubilidade relativa de
uma substância em óleo versus sua solubilidade em água, isto é, a
capacidade que a substância possui de distribuir-se em diferentes
fases. Portanto, a polaridade do fármaco precisa ser considerada.
Para o desenvolvimento de uma forma farmacêutica trans-
dérmica adequada, o profissional farmacêutíco necessita ter o co-
nhecimento de alguns conceitos importantes, além das propriedades
físico-químicas do fármaco, tais como, a solubilidade e o coeficien-
te de partição. Alguns fatores relacionados à preparação farmacêu-
tica podem influenciar na efetividade do transporte transcutâneo,
incluindo, a estabilidade e a volatilidade do fármaco, o uso de sol-
390
Capítulo 5 - Manipulação
vente carreador ou veículo adequado, o emprego de promotores ou
facilitadores da penetração cutânea ou a utilização de determina-
dos artifícios (como a iontoforese) que podem otimizar a permeabi-
lidade cutânea. 0 fármaco deve permanecer na pele sem evaporar-
se ou inativar-se através de degradação química. Facilitadores da
penetração incluem uma série de compostos que são adicionados
aos veículos na tentativa de alterar o ambiente molecular da epi-
derme, mais freqüentemente a parede lipídica do stratum corneum
facilitando assim, a absorção do fármaco.
35.3. Fatores que afetam a absorção dos fármacos:
35.3.1.Fatores biológicos (relacionados à pele):
• Espessura da epiderme
• Idade
• Irrigação sangüínea
• Metabolismo
• Hidratação
• Região da pele*
Nota: '0 local de aplicação pode alterar a efetividade do fármaco. Sabe-se que a vetocidade
de absorção da hidrocortisona é maior nas áreas da cabeça, pescoco, axilas e regiõo escrotal
e, menor, na planta dos pés. Embora nem todas as droças possuam o mesmo %rau de absor-
ção, a retativa velocidade de absorção nas várias regiões da pele é similar e està corretacio-
nada com a espessura e o conteúdo lipídico do stratum corneum.
35.3.2. Fatores relacionados ao fármaco:
• Peso molecular (>PM < absorção - até 800 daltons)
• Coeficiente de partição
• Solubilidade
• Estado de dissociação
• Afinidade por ambientes lipídicos e aquosos
• Gradiente de concentração: permite a difusão passiva
• Área da superfície de aplicação (>área de superfície > quan-
tidade absorvida)
391
Capítulo 5 - Manipulação
35.3.3.Fatores relacionados à forma farmacêutica, nomea-
damente do veiculo:
• Propriedades de penetração
• Oclusividade
• Presença de surfactantes
• Liberação do ativo
• Atividade termodinâmica
• pH
• Facilitadores da penetração cutânea
35.3.4. Fatores físicos (extrínsecos):
• Temperatura
• Clima
35.3.5. Fatores relacionados ao paciente:
• Trauma mecânico da pele
• Patologias da pele
• Traumas químicos
35 .4 . Adequação de Preparações Cosméticas e Farma-
cêuticas para aplicação na pele:
Quando um produto ou outro tipo de tratamento é aplicado
na superfície da pele, espera-se que algum resultado específico seja
alcançado. Dependendo do objetivo e do mecanismo de ação do
fármaco, será necessário que o ingrediente ativo alcance o sítio alvo
na pele, ou seja, uma camada específica da pele (ação tópica) ou a
corrente sanguínea (ação sistêmica). Em alguns casos, o benefício
produzido dependerá do produto como um todo e não só do ingredi-
ente ativo.
Preparações que se destinam a atuar na superfície da pele
funcionam melhor se a absorção for mínima, como por exemplo,
agentes de limpeza (tensioativos), agentes protetores (repelentes
de insetos, filtros solares) e veículos, como o petrolato que utiliza a
oclusão para aumentar a retenção da umidade pela camada córnea.
392
Capitulo 5 - Manipulação
35.4.1. Regiões da pele correlacionadas com