Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Elementos de Máquina Thierry Caique Lima Magalhães , 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO AOS COMPONENTES MECÂNICOS .................................... 3 2 EIXOS E COMPONENTES DE EIXOS ......................................................... 13 3 JUNÇÕES PERMANENTES E NÃO PERMANENTES ................................... 21 4 MOLA MECÂNICA .................................................................................. 32 5 ELEMENTOS DE SUPORTE ...................................................................... 42 6 ELEMENTOS FLEXÍVEIS DE TRANSMISSÃO ............................................. 53 , 3 1 INTRODUÇÃO AOS COMPONENTES MECÂNICOS Apresentação Neste bloco vamos abordar alguns aspectos essenciais para a formação de um engenheiro mecânico responsável, prático e criativo. O foco está em combinar a análise técnica, visão crítica e ética com o desenvolvimento de novas estruturas, equipamentos e utensílios, baseados em critérios de projeto, desenho mecânico, dimensionamento, materiais e processos de fabricação. A seleção e dimensionamento correto de materiais, máquinas e componentes mecânicos é parte imprescindível do desenvolvimento de processos e projetos. Para isso, além de aplicar à prevenção de falhas sob carregamento estático e dinâmico, serão comentados ao longo do curso, como avaliar catálogos, normas técnicas e alguns tópicos especiais da engenharia mecânica. Os elementos de máquinas são os dispositivos fundamentais que compõem um sistema mecânico. Existem diversos componentes mecânicos empregados nas mais variadas aplicações. Dentre eles se destacam itens como molas, engrenagens, eixos, acoplamentos, chavetas, estrias, parafusos, rebites, arruelas, rolamentos, freios, embreagens, correias, correntes etc. A seguir, serão apresentadas as características gerais de cada um destes componentes, assim como os critérios para realização de projeto mecânico, envolvendo o dimensionamento e a seleção dos materiais mais indicados para cada situação. Aqui, abordaremos o projeto, sobretudo pelo critério de resistência, porém também nos atentaremos à viabilidade econômica. 1.1 Introdução aos componentes mecânicos Os eixos são componentes mecânicos, geralmente, de seção transversal circular utilizados para transmissão de potência. , 4 Os eixos fixos são chamados apenas de eixos e são usados para suportar elementos girantes. Eles não transmitem torque e/ou movimento. Fonte: Elaborado pelo autor Figura 1.1 – Eixo fixo Os eixos rotativos são denominados árvores. Eles transmitem potência e/ou movimento de rotação. A transmissão de movimento ou torque é feita por meio do uso de polias, engrenagens, rodas de atrito, acoplamentos etc. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 1.2 – Eixo árvore com engrenagem , 5 As chavetas são rasgos feitos em um eixo para acoplar outros elementos (polias, engrenagens etc.), transmitindo torque ou potência. As chavetas são padronizadas pelo tamanho e pela forma em vários estilos, os mais comuns são: paralelas, cônicas e woodruff (meia-lua). Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 1.3 – Rasgos de chaveta em eixo As estrias são um conjunto de chavetas utilizadas quando é preciso transmitir mais torque do que o transmitido pelas chavetas. Podem ser de seção transversal quadrada ou evoluta. A SAE (sociedade dos engenheiros automotivos) e a ANSI (instituto de padrões nacionais americanos) padronizam os eixos estriados. Geralmente são fabricados por fresamento (usinagem), sendo muito aplicados em caixas de marchas, motores e equipamentos robóticos. , 6 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 1.4 - Eixo Estriado Os acoplamentos são elementos utilizados para a interligação de eixos, possuindo a função de ligar eixos de mecanismos diferentes, permitir sua separação para manutenção, ligar peças de eixos e atenuar choques e vibrações. Os acoplamentos podem ser divididos em duas categorias gerais (Rígidos e Flexíveis). Fonte: Elaborado pelo autor Figura 1.5 – Acoplamento flexível de borracha utilizado em um eixo kardan de um motor de combustão interna , 7 Parafusos são elementos de fixação formados por um corpo cilíndrico (haste), cabeça (alguns não possuem) e rosca (alguns possuem parte da haste, sem rosca). São empregados para fixação não permanente de peças variadas, podendo ser facilmente montados e desmontados. Existem quatro grandes grupos de parafusos: passantes, não passantes, de pressão e prisioneiros. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 1.6 - Parafuso rosqueado As molas são usadas nas máquinas para exercer força e fornecer flexibilidade para armazenar ou absorver energia. As molas estão divididas em três grandes grupos (Helicoidais; Tração e Compressão; e Torção). As molas são aplicadas nas mais diversas situações, como amortecedores de vibrações e ruídos em suspensões de veículos, balanças, relógios etc. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 1.7 - Molas do cabeçote de um motor , 8 Rolamentos são elementos de suporte em que o movimento relativo predominante entre o eixo e a caixa do mancal é a rotação. A escolha do rolamento deve atender as seguintes especificações: as dimensões dos elementos de máquinas adjacentes já projetados, as cargas envolvidas no projeto e a vida útil elevada. Eles são classificados quanto à carga (Axial e radial), quanto à geometria (esferas, autocompesadores, cônicos, rolos etc.); e podem ser classificados quanto a sua forma construtiva (abertos, blindados e vedados). Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 1.8 – Rolamento de agulhas de uma caixa de marcha Correias são elementos flexíveis de transmissão de potência, geralmente utilizadas para grandes distâncias entre centros. Em alguns casos, uma polia intermediária pode ser utilizada para evitar ajustes de distância entre centros. Os tipos de correias mais comuns encontradas, de acordo com a sua geometria são plana, redonda, V e sincronizadora. Fonte: Elaborado pelo autor Figura 1.9 - Correia de acionamento em automóveis , 9 Correntes são elementos flexíveis de transmissão em que o princípio de funcionamento é o engrenamento entre a corrente e a roda dentada, sendo que estes não apresentam escorregamento entre si, basicamente apresentam dois modos de falha (desgaste e fadiga). O tamanho das correntes é padronizado pela ANSI. Tanto as correntes, quanto as correias são muito aplicadas em automóveis, motocicletas, bicicletas e em sistemas de potência e transporte sobre distâncias comparativamente grandes. Fonte: Elaborado pelo autor Figura 1.10 - Corrente de transmissão 1.2 Materiais A seleção de um material para uma peça de máquina ou membro estrutural é uma das tomadas de decisões mais importantes no projeto mecânico. A escolha do material está intrinsicamente ligada as tensões e deflexões as quais os elementos de máquinas estão submetidos. A geometria e as condições de uso das peças desenhadas estão intimamente ligadas as propriedades do material (resistência, dureza, ductilidade, tenacidade, fadiga etc.). Além disso, nos processos de fabricação mais utilizados na indústria, os materiais podem ser submetidos à tratamentos térmicos (têmpera, revenimento, recozimento etc.). De modo a alterar suas propriedades, buscando uma característica específica para determinada aplicação. A seleção de um material é baseada de acordo com a aplicação, tipos de carregamento, ambiente, processos de fabricação, propriedades do material, aspectos econômicos e vida útil da peça ou máquina que está sendo projetada. De acordo com o material empregado para confecção, a peça poderá ou não suportar determinada carga, corrosão, altas temperaturas, ciclos de trabalho etc. , 10 Os materiais mais empregados na engenharia mecânicaatualmente são Ligas metálicas e não metálicas; compósitos; metais; não-metais etc. Os aços, dos mais diversos tipos (carbono, liga, tratados termicamente etc.) são os mais predominantemente utilizados, devido as suas boas propriedades mecânicas e por serem facilmente submetidos a tratamentos térmicos, podendo assim adquirir as características desejadas aquele segmento. Existe um importante método gráfico para selecionar materiais, denominado cartas de Ashby, estas mostram dados de várias propriedades para as famílias de classes de materiais mais comuns, empregados na engenharia: Metais e suas ligas, Cerâmicas, vidros, polímeros, elastômeros e híbridos (Compósitos, espumas e materiais naturais). 1.3 Projeto Projetar se trata de desenvolver um plano para atender a uma necessidade específica ou resolver um problema. Se resultar em algo concreto, o produto poderá então ser fabricado, comercializado e usado. Trata-se de um processo inovador, repetitivo, interativo e também de tomadas importantes de decisões, até mesmo com poucas informações, ocasionalmente com a quantidade exata e/ou algumas vezes com excesso de informações relevantes ao problema. Os engenheiros mecânicos estão associados a produção e ao processamento de energia e ao fornecimento dos meios de produção, ferramentas de transporte e às técnicas de automação. Normalmente, um bom número de características deve ser considerado e priorizado nas condições para se efetuar um projeto mecânico. Dentre elas destacam-se: Funcionalidade, resistência/tensão, distorção/deflexão/rigidez, corrosão, fadiga, confiança, durabilidade, confiabilidade, custos, rugosidade, vibrações, ruídos, propriedades mecânicas, tratamentos térmicos, processos de fabricação, segurança, etc. Todas essas características estão diretamente ligadas às dimensões, geometria, material e processamento das peças ou conjuntos mecânicos e devem ser levantadas e avaliadas pelo projetista. O engenheiro de projetos precisa ser competente, ético, responsável e profissional para que possa atender as demandas e necessidades da sociedade, com a maior eficiência possível. , 11 Além dos recursos e ferramentas computacionais, como os softwares de desenho CAD, usados para o desenho e planificação das peças, máquinas e ferramentas, atualmente os engenheiros projetistas contam com o auxílio de técnicas numéricas e computacionais como o método dos elementos finitos (FEA), CFD (Dinâmica dos Fluidos Computacionais) que permitem predizer o comportamento de materiais, estruturas, peças etc. Antes mesmo de fabricá-las e usá-las, aplicando-se os conhecimentos de vibrações, resistência dos materiais, transferência de calor e massa e mecânica dos fluidos etc., pode-se ainda buscar informações técnicas nas mais variadas fontes como bibliotecas virtuais; artigos e periódicos; catálogos de fabricantes; dados de ensaios e manuais de associações (Estados Unidos). Afinal, estes são importantes meios de se obter conhecimentos para se realizar um projeto mais elaborado, detalhado e preciso. Conclusão O projeto de elementos de máquinas se trata de um processo interativo, sistemático e contínuo que compreende várias etapas. As análises críticas para tomadas de decisões importantes, são imprescindíveis para que se possa atender à demanda pretendida. Além do mais, a responsabilidade social, ética e sustentável deve ser um dos pontos crucias na elaboração do projeto. Juntamente com os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de engenharia mecânica, os profissionais devem atentar-se aos conjuntos de tecnologias, normas e a maior gama possível de informações técnicas, tornando-se mais viável a execução do problema. É indiscutível o quanto os softwares CAD, CFD e FEA contribuem para a predição e análise de comportamento dos sistemas, sendo assim, ter conhecimento sobre essas áreas é vital ao engenheiro e sua equipe, pois estes executam os processos de implementação das atividades. Os demais blocos desse conteúdo buscam demonstrar como aplicar todos esses conceitos para dimensionar, selecionar e analisar os principais elementos de máquinas. , 12 REFERÊNCIAS NORTON, R. L. Projetos de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G. NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8 ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2011. , 13 2 EIXOS E COMPONENTES DE EIXOS Neste segundo bloco serão apresentadas as características gerais de cada um destes componentes, assim como os critérios para realização de projeto mecânico, envolvendo o dimensionamento e a seleção dos materiais mais indicados para cada situação. Aqui, abordaremos o projeto, sobretudo pelo critério de resistência, porém também nos atentaremos à viabilidade econômica. 2.1 Eixos Os eixos podem conter engrenagens, estrias, polias e cames fabricados de forma integrada a ele. De forma geral, o projeto de dimensionamento de eixos envolve as seguintes cargas: Carregamento axial, flexão, torção e fadiga. Além de se aplicar os critérios de falha estáticos e dinâmicos. Outras considerações envolvem a análise de vibrações laterais e torcionais; flambagem; processos de fabricação; tratamentos térmicos; e a seleção do material. Isto irá determinar a maior ou menor influência dos outros parâmetros sobre o projeto do eixo. De acordo com o tipo de aplicação, carga, ambiente ou característica desejada é selecionado o material para confeccionar o eixo. O principal processo de fabricação usado em eixos é a usinagem (sobretudo o torneamento) para atingir as tolerâncias geométricas especificadas. Os eixos são processados por meio de aços (laminados à frio ou à quente), normalmente de baixo ou médio teor de carbono e que contêm outros elementos de liga. De acordo com o elemento de suporte utilizado (mancal de deslizamento ou rolamento), pode ser necessário utilizar um aço mais duro (menor teor de carbono). Algumas vezes utiliza-se ferro fundido ou nodular, em aplicações em que outras junções como, por exemplo, engrenagens forem integralmente fundidas com o eixo. Em ambientes corrosivos e/ou marítimos lançam-se aço inoxidável, Titânio, bronze, dentre outros metais. , 14 Não existe fórmula mágica para dimensionar um eixo para todas as situações de projeto. A melhor abordagem é a que consiste em estudar os projetos existentes, para entender como problemas similares foram resolvidos e, então por combinação dos melhores destes casos, resolver o seu próprio problema. Dimensionamento: Segue abaixo o processo de dimensionamento de um eixo rotativo (árvore) para transmissão de potência, independentemente da aplicação, baseado em critérios de falha estáticos e no conceito de potência. Aqui vamos analisar um eixo submetido a torção (torque) que normalmente é o principal tipo de carregamento sobre eixos. A potência (P), é definida como o produto entre o torque (T) e a velocidade angular/rotação (w). 𝑃 = 𝑇 ∗ 𝑊 (1) A velocidade angular/rotação é definida como o produto entre o número de voltas (radianos) e a frequência (f), que é o número de ciclos de rotação por período analisado. 𝑊 = 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑓 (2) Substituindo à equação (2) em (1), temos: 𝑇 = 𝑃 2∗𝜋∗f (3) Aplicando-se à equação da tensão de cisalhamento para torque e o conceito de tensão de cisalhamento admissível (máxima tensão que o material pode suportar sem falhar), temos: 𝜏𝑎𝑑𝑚 = 𝑇∗𝑐 𝐽 (4) Em que a tensão de cisalhamento admissível pelo material é obtida pelo resultado da divisão entre o produto do torque (T) e o raio da seção transversal (c), pelo momento polar de inércia (J). , 15 𝐽 = 𝜋𝑑4 32 (5) A equação (5) representa a definição do momento polar de inércia para uma seção circular em função do diâmetro (d). 𝑑 = 2 ∗ 𝑟 (6) A equação (6) é a definiçãogeométrica do diâmetro (d) em função do raio (r), substituindo as equações (3), (5) e (6) em (4), temos que: 𝑑 = √ 16∗𝑃 2∗𝜏𝑎𝑑𝑚∗𝜋2∗𝑓 3 (7) A equação (7) representa como determinar se o diâmetro de um eixo de seção transversal circular está de acordo com os critérios determinados anteriormente. Em casos em que o torque aplicado varia ao longo do eixo, deve-se aplicar o método das seções, construir o diagrama de momento torsor e calcular o torque máximo e inseri-lo nas equações acima. Os eixos apresentam restrições geométricas que determinam o desalinhamento máximo permitido para cada conexão (mancais de rolamento, mancais de deslizamento, engrenagens etc.). Sendo assim, o projetista pode projetar de acordo com a resistência e verificar a distorção, ou projetar de acordo com a distorção e verificar a resistência, ambos os caminhos devem chegar aos mesmos resultados. Lembrando que é conveniente utilizar as ferramentas CAD, para desenhar o eixo projetado e as técnicas FEA (Análise por elementos Finitos) para predizer as cargas e o comportamento do eixo. 2.2 Chavetas As chavetas são padronizadas pelo tamanho e pela forma em vários estilos: Chavetas paralelas - São as mais usadas. As padronizações da ANSI e ISO definem suas dimensões. , 16 Chavetas Cônicas - Possuem a mesma largura que as paralelas e suas conicidades são padronizadas em 1/8 in/ft. Chavetas Woodruff (meia lua) - São usadas em eixos menores. Elas são auto alinhantes, portanto são preferidas para eixos afunilados (estreitos). Os materiais mais empregados para a produção de chavetas são os aços de baixo carbono. Se o ambiente for corrosivo deve ser utilizado um material de sacrifício (galvanização) resistente a corrosão. Os rasgos de chaveta são realizados por fresas de corte que cisalham o material do eixo. A largura (w) e a profundidade/altura (h) da chaveta são padronizadas de acordo com o diâmetro do eixo, por meio de catálogos e handbocks. Sendo assim, apenas o comprimento (1) da chaveta é uma variável de cálculo. As chavetas podem falhar por cisalhamento e esmagamento. As falhas por cisalhamento ocorrem quando a chaveta é cisalhada na sua largura na interface cubo da engrenagem-eixo, enquanto as falhas por esmagamento/contato ocorrem quando a chaveta é amassada na região em que o cubo ou eixo está em contato com ela (tensão de compressão). Dimensionamento: Segue-se abaixo o processo de dimensionamento de uma chaveta retangular ou quadrada para transmitir potência a uma engrenagem ou polia que deverá ser acoplada sobre o eixo, dependendo da aplicação. A chaveta dever ser projetada segundo seus dois critérios de falha (cisalhamento e esmagamento). A tensão de cisalhamento admissível para o material em que será feita a chaveta é a razão entre a força (F) gerada pelo torque do eixo e a área cisalhada. τadm = F Acis (8) A tensão de cisalhamento admissível também pode ser definida como a razão entre o limite de resistência ao cisalhamento do material (Ssy) e o fator de segurança/projeto (FS): 𝜏𝑎𝑑𝑚 = 𝑆𝑠𝑦 𝐹𝑆 (9) , 17 O limite da resistência ao cisalhamento do material é previsto pela teoria da distorção da energia da seguinte forma: 𝑆𝑆𝑌 = 0,577 ∗ 𝑆𝑦 (10) A área cisalhada é obtida por meio de uma vista lateral de chaveta, como sendo o produto entre a largura (w) e o comprimento (1). 𝐴𝑐𝑖𝑠 = 𝑤 ∗ 𝑙 (11) A partir da definição de torque (T), podemos determinar a carga (F) sob a qual a chaveta está submetida para transmitir a potência desejada. 𝐹 = 𝑇 𝑟 (12) Sendo o raio (r) a distância perpendicular entre o ponto de aplicação da força e o ponto onde está atuando o momento (torque) do eixo. Combinando-se as equações (1), (6), (9), (12) com a equação (8) e depois substituindo-se as expressões na equação (11), temos que: 𝑙 = 𝐹 𝜏𝑎𝑑𝑚∗𝑤 (13) A equação (13) representa o comprimento que a chaveta deve ter para suportar o cisalhamento. A tensão de esmagamento (compressão) admissível para o material da chaveta é definida como sendo a razão entre a força (F) gerada pelo torque do eixo e a área esmagada. 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝐹 𝐴𝑒𝑠𝑚 (14) A tensão de esmagamento admissível também pode ser a razão entre o limite de escoamento do material (Sy) e o fator de segurança/projeto (FS). 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝑆𝑦 𝑛 (15) A área esmagada pode ser observada por meio de uma vista frontal da chaveta, como sendo o produto entre o comprimento (l) e a metade da altura/profundidade (h). , 18 𝐴𝑒𝑠𝑚 = 𝑙 ∗ ℎ 2 (16) Combinando-se as equações (1), (6), (12), (15) com a equação (14) e substituindo as expressões na equação (16), temos que: 𝑙 = 2∗𝐹 ℎ∗𝜎𝑎𝑑𝑚 (17) A equação (17) representa o comprimento que a chaveta deve ter para resistir ao esmagamento/contato. Após calcularmos o comprimento necessário para os dois modos de falha aos quais as chavetas estão submetidas, selecionamos o maior valor encontrado entre eles como sendo o comprimento de fato da chaveta, pois assim ela poderá se conservar tanto ao cisalhamento quanto ao esmagamento. 2.3 Estrias Quando é preciso transmitir mais torque do que o fornecido pelas chavetas, as estrias podem ser usadas como alternativa. Estrias são basicamente, chavetas construídas ao longo do eixo, formadas pelo contorno externo do eixo e do contorno interno do cubo, com formas semelhantes à dentes. Podem ter estrias de seção transversal quadrada ou de involuta. A SAE e a ANSI padronizam os eixos estriados. As estrias normalmente são feitas por usinagem (geralmente fresamento), sendo muitas vezes aplicadas em caixas de marchas, motores e equipamentos robóticos. Algumas das vantagens das estrias são resistência máxima na raiz do dente, precisão de forma do dente devido ao uso de cortadores padronizados e bom acabamento superficial das superfícies usinadas pelo processo de padronização de cortes de engrenagem. Uma das maiores vantagens das estrias sob as chavetas é a capacidade de acomodar com folga apropriada grandes movimentos axiais entre o eixo e o cubo ao mesmo tempo em que transmite torque. O carregamento em estrias é tipicamente torção pura, tanto variada quanto constante, embora possa ocorrer flexões sobrepostas, uma boa prática de projeto minimizará os momentos fletores pela colocação de mancais e manutenção das estrias em balanço. , 19 Acomplamentos Os acoplamentos são elementos usados para a interligação de eixos, tendo a função de ligar eixos de mecanismos diferentes; permitir a sua separação para manutenção; ligar peças de eixos (que pelo seu comprimento não seja viável ou vantajosa a utilização de eixos inteiriços); minimizar as vibrações e choques transmitidos ao eixo movido ou motor; compensar desalinhamentos dos eixos; ou introduzir flexibilidades mecânicas. Os acoplamentos podem ser divididos em duas categorias gerais (rígidos e flexíveis). Nos acoplamentos rígidos, nenhum desalinhamento é permitido entre os eixos. São utilizados quando se necessita de precisão e a fidelidade de transmissão é requerida. Máquinas automatizadas e servomecanismos são exemplos de aplicação. Enquanto os acoplamentos flexíveis permitem desalinhamentos, podem ocorrer os seguintes tipos: Axial, angular, paralelo e torcional. Estes desalinhamentos podem surgir de maneira individual ou combinada. Tabela 2.1 - Características Gerais dos tipos de acoplamentos Fonte: Elaborado pelo autor. , 20 A variedade de acoplamentos disponíveis requer do projetista a busca de informações mais detalhadas a respeito das capacidades deles junto aos fabricantes, para selecionar o tipo de acoplamento mais indicado a cada aplicação. Os fabricantes podem suprir, em geral, dados sobre a capacidade de carga e alinhamento de acoplamentos específicos. Conclusão Os eixos são usados em todas as máquinas de movimentorotativo. O aço é a escolha usual de material para obter rigidez suficiente para as pequenas deflexões. Normalmente, os eixos estão submetidos a cargas de torção, flexão e carregamento axial (Tração e compressão) e fadiga, podendo utilizar em seu dimensionamento critérios de falhas: estáticos e/ou dinâmicos. O principal tipo de carregamento sobre eixos é a torção, podendo ser variável ou constante. Várias técnicas de dispositivos como: chavetas, estrias e acoplamentos são utilizados para unir eixos a outros elementos. As chavetas são padronizadas ao diâmetro do eixo, enquanto as estrias são aplicadas quando se faz necessário transmitir mais potência do que a fornecida pelas chavetas. Os acoplamentos são utilizados para ligar eixos de mecanismos diferentes, permitindo ou não desalinhamentos geométricos. REFERÊNCIAS NORTON, R. L. Projetos de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8 ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2011. , 21 3 JUNÇÕES PERMANENTES E NÃO PERMANENTES Apresentação As junções permanentes são constituídas de juntas soldadas, sendo este um processo de união entre peças, por meio da coalescência localizada, mantendo-se as propriedades físicas e químicas. Enquanto que as junções não permanentes são constituídas pelos elementos de fixação: porca, arruela, parafusos, rebites etc. e pelos acoplamentos. Os elementos fixadores são amplamente utilizados na indústria e no projeto mecânico, estes permitem maior facilidade para reutilização, desmontagem e manutenção. Um dos objetivos dos projetistas é reduzir a quantidade de fixadores usados na aplicação, o que acarreta menor custo, peças e mobilidade. Os parafusos são elementos de fixação/ligação formados por um corpo cilíndrico ou cônicos (haste e rosca) e cabeça (alguns não possuem). Existem alguns com parte da haste, sem rosca. São empregados para a fixação de peças variadas, de forma não permanente que podem ser facilmente montadas e desmontadas. Existem quatro grandes grupos de parafusos: passantes, não passantes, de pressão e prisioneiros. A utilização crescente de ligações soldadas em estruturas de grandes responsabilidades, quer solicitadas por cargas estáticas ou dinâmicas, obriga que o projetista tenha que fazer um adequado dimensionamento do cordão de solda, pois estes são muitas vezes o ponto de falha das estruturas. As principais vantagens da soldadura em relação aos parafusos são um menor custo e uma menor chance de “desapertarem” e as maiores desvantagens são as soldaduras produzirem tensões residuais e a difícil separação das chapas soldadas. , 22 3.1 Elementos de Fixação As porcas normalmente são usadas em conjunto com parafusos e arruelas. Estas são usadas para “travar o parafuso” impedindo movimentos (tanto rotação, quanto translação). As porcas são geralmente sextavadas (filetadas) e passam por diferentes processos de fabricação, o mais comum é o fresamento (usinagem). Apresentam forma prismática ou cilíndrica, quase sempre metálicas e com um furo roscado na qual encaixa-se um parafuso, ou uma barra roscada. A porca está sempre ligada a um parafuso, a parte externa possui vários formatos para atender aos diversos tipos de aplicação. A figura 3.1 apresenta uma porca que, combinada a um parafuso e uma arruela, é usada para fixar um acoplamento flexível em um eixo kardan de um motor de combustão interna. Fonte: Elaborada pelo autor Figura 3.1 – porca usada em acoplamento As arruelas normalmente são utilizadas para suportar as cargas de um parafuso, geralmente possuem geometria de disco. Quanto ao acabamento, podem ser classificadas em de pressão; dentada e serrilhada; perfilhada; ondulada; e com orelha. As arruelas são fabricadas principalmente por usinagem (fresamento e torneamento). Elas são responsáveis pela distribuição uniforme da força de aperto sobre os parafusos, e em alguns casos, garantir que ele não se solte devido ao efeito de vibrações, agindo desta forma, como elemento de travamento. , 23 Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 3.2 – arruela empregada em um acoplamento Os rebites são elementos utilizados para unir duas ou mais peças de forma permanente, o que faz com que os elementos unidos por rebites não possam ser reutilizados em outras funções, mantendo sua integridade estrutural. Os rebites são classificados de acordo com o grau de complexidade da aplicação, os mais comuns são Rebite de Repuxo, Porca Rebite, Rebite Maciço, Rebite Semi-Tubular, Rebite Escalonado do tipo U. Os processos de fabricação mais empregados no seu desenvolvimento são fundição e usinagem. Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 3.3 – Rebites fixadores No próximo subtema trataremos dos parafusos, que são os elementos de fixação mais conhecidos e empregues na indústria e atividades. Contudo, pode-se encontrar ainda uma infinidade de elementos de fixação tais como: pinos, cavilhas, anéis elásticos, cupilha e contrapino. , 24 É importante salientar a necessidade de escolher e planejar corretamente o uso dos elementos de fixação a serem usados para evitar a concentração de tensão e fadiga nas peças. Essas tensões ocasionam ruptura e falhas prematuras nos fixadores. 3.2 Parafusos A figura 3.4 ilustra o parafuso que é aplicado conjuntamente com a porca e a arruela para fixar um acoplamento flexível em um eixo kardan de um motor de combustão interna. Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 3.4 Parafuso fixador em acoplamento Os parafusos se distinguem pelo formato de rosca, cabeça, haste e pelo modo como são acionados. Isto permite classificá-los em quatro grandes grupos, como sintetizado na tabela 3.1: , 25 Tabela 3.1 - Classificação dos parafusos fixadores Fonte: Elaborada pelo autor Os parafusos são fabricados em aço, aço inoxidável, ligas de cobre e mais raramente de outros metais. O material, além de satisfazer as condições de resistência, deve também apresentar características compatíveis com o processo de fabricação ao qual será submetido: usinagem em tornos e roscadeiras ou por conformação como forjamento e laminação (roscas roladas). A terminologia de roscas e parafusos será explicada a seguir: O passo (p) é a distância axial entre duas formas (pontos) adjacentes de rosca, medidos paralelamente. O passo em unidades inglesas, representa o número de roscas por polegada. O diâmetro maior (d) é o maior diâmetro de uma rosca de parafuso. O diâmetro menor ou de raiz (dr) é o menor diâmetro de uma rosca de parafuso. O diâmetro de passo (dp) é um diâmetro teórico (médio) entre os diâmetros menor e maior. Ao utilizar parafusos para a união de peças, o projetista precisa considerar quatro fatores fundamentais. São eles a profundidade do furo broqueado, a profundidade do furo roscado, o comprimento útil de penetração do parafuso e o diâmetro do furo passante. , 26 Todas as roscas são feitas de acordo com a mão direita, a menos que o contrário seja indicado. As roscas podem ser classificadas quanto ao perfil, como Quadrada, Acme, Americana ou Unificada. Na rosca direita, o filete da rosca ascende da direita para a esquerda, enquanto na rosca esquerda o filete ascende da esquerda para a direita. Em uma rosca métrica ISO, o passo de rosca é identificado em mm, um exemplo de especificação seria M8 x 1,25, que representa uma rosca ISO comum de 8 mm de diâmetro externo e 1,25 mm de passo de hélice. Parafusos de Potência: Roscas quadradas e Acmes são confeccionadas quando o parafuso precisa transmitir potência. Os parafusos de potência são dispositivos usados em máquinas para transformar/converter o movimento angular (torque) em movimento linear (força), além de serem aplicados para transmissãode potência, em operações usuais como fuso de torno mecânico, prensas, macacos, morsas etc. Dimensionamento: O primeiro passo é dimensionar o diâmetro externo. Estima-se um fator de segurança para o projeto. Da literatura, o fator de segurança (FS) é definido como a razão entre: 𝐹𝑆 = 𝑠𝑦 𝜎𝑎𝑑𝑚 (1) (sy) que é o limite de escoamento: tensão de perda do material e a tensão normal admissível. 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝐹 𝐴 (2) A tensão normal admissível é a razão entre a carga (F) a qual o parafuso está submetido pela sua área total (A). 𝐴 = 𝜋𝑑2 4 (3) Sendo a área total uma função do diâmetro maior (d). De acordo com as normas ISO, a área roscada de um parafuso é: , 27 𝐴𝑡 = 𝜋 4 ∗ ( 𝑑𝑝+𝑑𝑟 2 ) 2 (4) Em que (At) é a área roscada na haste do parafuso (cilindro) e os diâmetros dp (diâmetro de passo) e (dr) diâmetro menor ou de raiz, sendo estes respectivamente: 𝑑𝑝 = 𝑑 − 0,649519 ∗ 𝑝 (5) Onde (p) é o passo em milímetros (mm). 𝑑𝑟 = 𝑑 − 1,226869 ∗ 𝑝 (6) As equações de (1) a (6) mostram o procedimento descritivo/cálculo para determinar as principais dimensões de um parafuso de rosca métrica. Esse exemplo de dimensionamento foi realizado para o carregamento axial (tração ou compressão), no entanto, os parafusos também podem ser submetidos a falhas devido ao cisalhamento gerado pelo torque empregado pela transmissão de carga nas chaves de acionamento. Todavia, as tensões normais causadas pela conversão do torque em força (aperto) no parafuso, fadiga e os concentradores de tensão são os principais mecanismos de ruptura e perca de material na fixação por parafusos. 3.3 Soldagem (Junções permanentes) Fonte: próprio autor. Figura 3.5 – Cordões de sola em chassi de automóvel , 28 Soldagens ou conjuntos soldados são utilizados em muitas aplicações como estruturas, elementos de máquinas, componentes eletrônicos, edifícios, pontes, navios, veículos, dutos industriais e de petróleo etc. Aqui abordaremos a importância da soldagem para a junção permanente de elementos de máquinas e como noções sobre as técnicas, cordões de solda e os processos podem ajudar o projetista a desenvolver um bom trabalho. A soldagem é a união localizada de uma ou mais peças devido a aplicação de calor ou pressão, mantendo as características físicas e químicas do cordão de solda. Terminologia da soldagem: Metal de Base - Material da peça que sofre o processo de soldagem. Metal de adição - Material adicionado no estado líquido durante o processo de soldagem. Poça de fusão - Região em que, a cada instante do processo, está ocorrendo fusão de material. Penetração - Distância perpendicular da superfície do metal de base, ao ponto que termina a fusão. Junta: Região do espaço onde é feita a soldagem. Chanfro - Abertura das superfícies das peças, para preparação e execução do processo de soldagem. Cordão de solda - Metal depositado em um único passe. Junta soldada - Resultado do processo de soldagem, incluindo o cordão de solda e a zona termicamente afetada (ZTA). Zona termicamente afetada (ZTA) - É a região da junta soldada que não sofreu fusão durante o processo de soldagem, mas teve sua microestrutura e propriedades alteradas pela aplicação de calor. , 29 A soldagem é caracterizada pela mistura (solubilidade) entre o metal de base e o metal de adição, caso esse seja utilizado. Nos processos de soldagem por fusão, a solubilidade ocorre na fase líquida, por meio da aplicação de energia para fundir material, enquanto nos processos de soldagem por pressão, a solubilidade ocorre na fase sólida, por meio da aplicação de energia para gerar tensão no material. As fontes de energia mais empregadas para soldagem, são a química (chama), radiante (laser), mecânica (pressão) e elétrica (arco elétrico). As forças atuantes nas juntas soldadas devem ser similares as atuantes nos materiais a serem unidos. Como comentado anteriormente, os conjuntos soldados normalmente são mais econômicos que a implantação de vários fixadores. Apesar de necessitarem de uma difícil preparação antes da solda, as peças soldadas não possuem o risco de se soltar ou de desparafusarem como em muitas aplicações de fixadores, justificando sua escolha em muitos casos. A maioria dos metais e suas ligas podem passar por processos de soldagem, característica denominada de soldabilidade. Os aços de baixo carbono são mais fáceis de soldar que os aços de alto teor de carbono. O alumínio é um material que apresenta dificuldades de ser soldado. O objetivo deste tema é familiarizar o aluno com os principais aspectos e características da soldagem, mas sobretudo mostrá-lo como realizar o dimensionamento do cordão de solda, caso ele venha a se deparar com alguma atividade ou aplicação que necessite da soldagem, ele possa efetuar o melhor procedimento baseado nos critérios de resistência, visto a grande responsabilidade envolvida nos projetos que contemplam a soldagem. Dimensionamento do cordão de solda: Os casos mais simples e mais comuns são de chapas finas unidas por filetes submetidas a carregamento axial (Tração ou compressão). , 30 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 3.6 – Solda de filete em chapas sob compressão Tanto para tração quanto para compressão, a tensão normal é dada por: 𝜎 = 𝐹 ℎ∗𝑙 (7) Onde (F) é a carga axial exercida sobre as peças soldadas, (l) é o comprimento de soldadura e (h) é a altura/tamanho da garganta. Nota-se que o valor de (h) não inclui o reforço, este é desprezado pela segurança. A tensão de corte (cisalhamento) na área da garganta da soldadura é dada por: 𝜏 = 𝐹 0,707∗ℎ∗𝑙 (8) De acordo com o material ou eletrodo utilizado para o cordão de solda, a altura (h) da garganta é padronizada de acordo com a carga e está em função da tensão de cisalhamento máxima admissível para aquele material. Essas informações são obtidas em catálogos de fabricantes, handbooks e livros de elementos de máquinas. Com o valor da altura/garganta mínima que a solda de filete deve ter para suportar a carga (F), junto com a tensão de cisalhamento do material do cordão de solda, retornarmos à equação (8) e calculamos o comprimento de soldadura (l). , 31 Por meio do procedimento descrito pelas equações (7) e (8) aliados às propriedades do cordão de solda, podemos realizar o dimensionamento adequado de uma solda de filete sobre tração para qualquer operação. Existe uma infinidade de detalhes sobre as técnicas, processos e nomenclaturas da soldagem, que não foram aqui abordados, pois o nosso foco estava no dimensionamento efetivo do cordão de solda. Também pode- se aplicar os conhecimentos CAD e FEA para um bom projeto de soldadura, predizendo as cargas, deflexões e falhas dos materiais. As principais vantagens da soldagem em relação aos parafusos são um menor custo e um menor risco de “desapertarem”. Já as maiores desvantagens são a soldadura produzir tensões residuais e a difícil separação das chapas soldadas. Conclusão Os elementos de fixação e os conjuntos soldados são altamente aplicados para unir matérias, peças, conjuntos mecânicos etc. seja de maneira permanente ou não. É essencial ao projetista possuir conhecimentos e noções a respeito desses elementos para efetuar e desenvolver um bom projeto mecânico e processos corretos para sua aplicação. O estudo e auxílio das ferramentas CAD e das técnicas numéricas como, por exemplo, a FEA (Análise por Elementos Finitos), além de serem amplamente utilizadas, são imprescindíveis para predizer as cargas, deflexões, falhas, tratamentos térmicos e qual o melhor processo para montagem dos componentes, mesmo a soldagem sendo um processo de fabricação, ela pode e deve ser utilizada em conjunto com outros, visando a melhor performance e economia. REFERÊNCIAS NORTON, R.L. Projetos de Máquinas: Uma Abordagem Integrada.4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8 ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2011. , 32 4 MOLA MECÂNICA Apresentação A maioria dos materiais elásticos possuem uma mola dentro de si para promover os efeitos de carga em um espaço significativo de deflexão. As molas são usadas em estruturas com o intuito de exercer força, gerar flexibilidade, armazenar ou absorver energia. Além de considerar as propriedades e aplicações, os materiais empregados para a confecção das molas, devem inferir sobre análise de vibrações, corrosão, fadiga, transferência de calor etc. Visto este conjunto de necessidades, os materiais mais comumente empregados são aço, latão, cobre, bronze, borracha etc. Muitas das configurações padronizadas para molas estão disponíveis em catálogos de fabricantes. Geralmente, é mais econômico ao projetista utilizar uma mola catalogada, no entanto, existem casos que requerem uma mola projetada de acordo com as especificações do cliente. Essas molas podem exercer funções secundárias como localizações ou montagens de componentes. Mesmo assim, é imprescindível que o projetista tome a teoria correta sobre molas para produzir e designar a peça. Neste bloco apresentaremos os principais tipos de molas encontradas, como estas são classificadas, suas aplicações, assim como um memorial de cálculo para o seu correto dimensionamento. Técnicas numéricas (FEA) e ferramentas CAD, além de todas as ponderações do projeto mecânico são fundamentais para atividades práticas e industriais, por isso também serão abordados ao longo do texto. 4.1 Tipos de molas As molas (elementos elásticos), podem ser divididas em dois grupos em razão da sua geometria, podendo ser helicoidais ou planas. As molas também podem ser distinguidas pelo tipo de carregamento ao qual estão submetidas a tração ou a compressão (axial) e torção. , 33 As molas helicoidais são as mais empregadas nos sistemas mecânicos. Geralmente, elas são manufaturadas por meio de uma barra de aço enrolada em forma de hélice cilíndrica ou cônica. A barra de aço pode ter seção retangular, circular, quadrada etc. As molas helicoidais normalmente são enroladas à direita. Quando a mola helicoidal for enrolada à esquerda, o sentido da hélice deve ser indicado no desenho técnico e pode suportar cargas de compressão, tração e torção. Abaixo iremos descrever alguns tipos de configurações das molas helicoidais: Molas helicoidais de compressão - Possuem ampla faixa de carga e deflexão. São fabricadas com fio redondo ou retangular. A mola padrão possui diâmetro, passo e coeficiente angular de mola constantes. Molas tipo barril, em forma de ampulheta e molas de passo variável são utilizadas para minimizar efeitos como vibrações e ressonância. Molas cônicas podem ser manufaturadas com altura sólida mínima e com coeficiente angular de deformação da mola crescente ou constante. Mola helicoidal de extensão ou tração - Possuem amplo intervalo de carga e deflexão, são confeccionadas em fio redondo ou retangular, e têm o coeficiente angular de deformação da mola constante. Molas Helicoidal de torção – Seu principal tipo de carregamento é a torção. São manufaturadas em fio redondo ou retangular e apresentam coeficiente angular de deformação da mola constante. Molas de barra de extensão – Seu principal tipo de carregamento é a tração. Empregam molas de compressão e barras de extensão para permitir grande alongamento devido a carga aplicada, degrau positivo. As molas planas podem ainda serem divididas em feixe de molas (quantidade de lâminas), espirais ou voluta, de prato (BELLEVILLE), onduladas, fendas, curvadas e molas planas simples. Abaixo iremos descrever alguns tipos de configurações das molas planas: , 34 Molas arruela ou de prato - Seu principal tipo de carregamento é a tração. As molas Belleville são organizadas de acordo com a associação de seus componentes (série e paralelo). Elas resistem a altas cargas com pequenas deflexões – coeficientes de deformação angulares nas molas podem ser escolhidos (constantes que aumentam ou que diminuem). Molas onduladas - Resistem a baixas cargas, apresentam pequenas deflexões e utilizam espaço radial limitado. Molas de fendas - apresentam deflexões maiores que as Belleville. As Molas em dedo são aplicadas para suportar carga axial em mancais. Molas curvadas - Em geral, são utilizadas para final de percurso axial. Molas de voluta – Seu principal tipo de carregamento é a compressão. Normalmente possuem um alto coeficiente de amortecimento por atrito. Molas de viga - Suas formas de carregamento são a compressão ou tração. Ampla faixa de carga, no entanto com pequenas deflexões, são retangulares, em forma de viga em balanço ou biapoiadas. Molas de potência ou motor – Seu principal tipo de carregamento é a Torção. Exercem torque por várias voltas. São empregadas dentro do retentor e removidas dele. Mola de força constante – Seu principal tipo de carregamento é a Tração. Apresentam deflexão extensa com coeficiente de deformação angular da mola baixo ou nulo. , 35 Fonte: Elaborado pelo autor Figura 4.1 - Exemplos de configurações de molas 4.2 Aplicações As molas são empregadas para armazenamento e absorção de energia, amortecimento de choques, distribuição de cargas, manter elementos sob tensão controlada, limitação de vazão e preservação de junções ou contatos. Para selecionar o tipo mais adequado de mola, é necessário considerar alguns fatores como espaço ocupado, peso e durabilidade. Existem casos que, por meio de observações, deve-se considerar as propriedades elásticas e a interdependência entre a força aplicada e as deformações geradas. Na construção de máquinas, empregam-se sobretudo molas helicoidais de aço, por serem de baixo preço, fácil dimensionamento e montagens e por resistirem aos esforços de tração e compressão. As molas de borracha são utilizadas em fundações, principalmente nos amortecedores de vibrações e ruídos e nas suspensões de veículos. As molas de lâminas múltiplas desprendem espaços de pequena altura, sendo estas aplicadas em veículos. , 36 As molas espirais são empregadas em balanças de prato e em relógios, pois podem ser montadas em pequenos espaços. As molas de anel e de borracha dissipam pouca energia por atrito. As molas são usadas nas máquinas, com o intuito de fornecer força, flexibilidade, armazenar ou remover energia. As molas de atuação de válvulas de motores de explosão, molas de balança são aplicadas em sistemas mecânicos com o intuito de fornecer força. As molas de uniões flexíveis de freios, molas dos discos de embreagens nos automóveis etc. são utilizadas para fornecer flexibilidade. As molas de mecanismos de relógios, molas de amortecedores ou de suspensões de máquinas e/ou veículos etc. são empregadas para armazenar ou remover energia dos sistemas. 4.3 Dimensionamento Aqui mostraremos as equações de projeto, cálculos, análises e considerações realizadas para que se possa dimensionar corretamente uma mola helicoidal. Além disso, apresentaremos os aspectos geométricos para efetuar o dimensionamento de acordo com a torção e carregamento axial transverso (tração e/ou compressão) que, em geral, são os principais modos de falha em molas, porém, como na maioria dos casos, a torção é o esforço mais significativo, será feito o cálculo para encontrar os parâmetros geométricos que satisfazem este tipo de carga. As molas podem ser fabricadas com diversos materiais como aço, latão, cobre, bronze, borracha, madeira, polímeros, etc. As molas de borracha e de aço com pequenos diâmetros, submetidas a tração, formam elementos com menor peso e volume em relação à energia armazenada. , 37 Para manter algumaspropriedades das molas como elasticidade, magnetismo, resistência ao calor e à corrosão, deve-se utilizar aços-liga e bronze especiais ou revestimentos de proteção. Os aços aplicados em molas devem apresentar características como alto limite de elasticidade, grande resistência e alto limite de fadiga. Os aços-ligas são mais resistentes a variações de temperatura e úteis em molas de grandes dimensões. Em aplicações com cargas pequenas, os aços – carbono são os mais indicados. Para ambientes corrosivos, aços inoxidáveis são os mais recomendados. A terminologia e nomenclatura de molas helicoidais, como a exibida na figura 4.2, é detalhada a seguir: O passo (p) é a distância axial entre duas formas (pontos) adjacentes de uma espira, medidos paralelamente. O diâmetro (d) é o diâmetro do fio de arame da mola. (Nt) é o número de espiras da mola. O diâmetro (Di) é o diâmetro interno da mola. O diâmetro (Do) é o diâmetro externo da mola. O diâmetro (D) é o diâmetro médio da espira. O comprimento (Lo) é o comprimento livre da mola/quando não há carga aplicada. Fonte: Elaborada pelo autor Figura 4.2 – Representação de uma mola helicoidal , 38 Estas são as principais características geométricas das molas para fins de cálculo, desenho e fabricação. A máxima tensão de corte no arame da mola é dada pela equação: 𝜏𝑚á𝑥 = 𝑘𝑠 ∗ 8 ∗ 𝐹 ∗ D 𝜋𝑑3 (1) Sendo Ks um fator de correção devido ao cisalhamento, multiplicado a torção para obter-se a tensão total, (F) é a carga axial à qual está submetida a mola. O índice da mola (C), que é um número que varia entre 6 e 12, é dado pela seguinte equação: 𝐶 = D d (2) O fator Ks pode ser definido por meio do índice da mola pela seguinte relação: 𝑘𝑠 = 2C+1 2𝐶 (3) Para incluir o efeito de curvatura da mola e a tensão de corte no arame, é definido um outro fator de correção: 𝑘𝐵 = 4C+2 4𝐶−3 (4) Por fim, define um novo fator representando a razão entre os dois anteriores: 𝐾𝐶 = KB KS (5) Multiplicando-se às equações (5) e (1), temos a equação final para a tensão total na mola, incluindo a curvatura e a tensão de corte no arame: 𝜏𝑚á𝑥 = 𝑘𝐵 ∗ 8 ∗ 𝐹 ∗ D 𝜋𝑑3 (6) O alongamento ou a contração da mola é determinado pela deformação por torção, acumulada de todas as espiras ativas da mola (Na), sendo assim, a deformação da mola é dada então por: , 39 𝛿 = 8 ∗ 𝐹 ∗ 𝐷3 𝐺∗𝑑4 (7) A constante da mola (k), ou rigidez, que traduz a quantidade de deformação de uma mola (δ), quando aplicada uma força (F), é dada por meio da lei de Hooke: 𝐹 = 𝑘 ∗ 𝛿 (8) De acordo com o tipo de extremidade que a mola helicoidal é fabricada (plana, plana e esmerilhada, esquadrada ou fechada, esquadrada e esmiralhada, etc.), seus principais parâmetros geométricos (comprimento livre, comprimento sólido, passo, número de espiras totais e espiras nas extremidades) são padronizados, em catálogos, handbooks, apostilas e livros de elementos de máquinas. Por meio das extremidades fabricadas para as molas helicoidais, pode-se determinar e calcular alguns parâmetros geométricos importantes para o projeto e desenho das molas. Pelo fato de os ensaios de tração serem mais fáceis e baratos, os materiais utilizados para confeccionar as molas são submetidos a estes, sendo assim, a resistência última a tração (Sut) pode ser definida como: 𝑆𝑢𝑡 = A 𝑑𝑚 (9) Esta equação é obtida por meio de um ensaio que mostra a relação entre a resistência à tração e o diâmetro do fio da mola. Tabela 4.1 – características e dimensões dos fios de arame de molas Nome do material Descrição Fio musical (ou polido) Mais usado em pequenas molas. Esse material tem a maior resistência de tração e suportam altas tensões sob carregamento repetido, comparado com outros. Não usar em temperaturas: >120 °C e <0°C. , 40 Fio revenido em óleo Muito utilizado em molas espirais. Não recomendável para carreamentos do tipo choque e impacto. Não usar em temperaturas: >180°C e <0°C. Mola de fio duro estirado Mais barato em comparação com os outros, porém quando a deflexão, tempo útil e acurácia não são tão importantes. Não usar em temperaturas: >120 °C e <0°C. Cromo-vanádio Mais conhecido entre os aço-liga, onde molas precisam de altas tensões. Também podem ser utilizados como aços de alto carbono e onde resistência a fadiga e ter longa endurança seja importante. Largamente empregue em aeronaves onde a temperatura é até 220°C. Cromo-silício Super indicado para molas que precisam de vida útil longa, que serão bem tensionadas e sujeitas a carregamento de choque. Pode ser usado até 250 °C. Fonte: Elaborada pelo autor. As constantes A e m, utilizadas para o cálculo do limite de resistência última a tração, são padronizas em handbooks, apostilas e livros de elementos de máquinas, de acordo com fios de arame utilizados para confeccionar as molas. Dentre os fios empregados destacam-se o fio musical; fio temperado e revenido em óleo; mola de fio duro estirado; fio de cromo-vanádio; fio de cromo-silício; fio inoxidável; e fio fósforo – bronze. , 41 Por meio da teoria prevista pela energia de distorção, podemos obter a resistência à torção, à partir da resistência à tração: 𝑆𝑠𝑦 = 0,577 ∗ 𝑆𝑢𝑡 (10) Portanto, definindo-se um fator de segurança (FS), para a tensão torcional, temos: 𝐹𝑆 = 𝜏𝑚á𝑥 Ssy (11) Finalmente, agora temos todos os parâmetros da equação (1) e, por meio desta, podemos obter o diâmetro média das espiras (D), como este também pode ser obtido por meio dos diâmetros externos e internos, tem- se que: 𝐷 = D0+Di 2 (12) Por meio das dimensões mais importantes de uma mola helicoidal, podemos realizar o desenho em um software CAD, planificar e enviar para fabricação. Conclusão As molas mecânicas são altamente aplicadas para exercer força; fornecer flexibilidade; e armazenar ou dissipar energia. É essencial ao projetista possuir conhecimentos e noções a respeito desses elementos para efetuar e desenvolver um bom projeto mecânico e processos corretos para sua aplicação e seleção. O estudo e auxílio das ferramentas CAD e das técnicas numéricas, por exemplo, a FEA (Análise por Elementos Finitos), além de serem amplamente utilizadas, são imprescindíveis para predizer as cargas, deflexões, falhas, tratamentos térmicos e qual o melhor processo para montagem dos componentes, visando a melhor performance e economia dos sistemas. REFERÊNCIAS NORTON, R. L. Projetos de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8 ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2011. , 42 5 ELEMENTOS DE SUPORTE Apresentação O objetivo da lubrificação é reduzir fricção (atrito), desgaste e aquecimento de partes de máquinas que se movem em relação umas às outras. Um lubrificante é qualquer substância que, quando inserida entre superfícies que se movem, alcança esses propósitos. Quando em um mancal com manga (bucha) um eixo ou munhão apresenta movimento relativo de deslizamento, este é chamado de mancal de deslizamento, enquanto que, quando o movimento relativo predominante é a rotação, estes mancais serão denominados mancais de rolamento, ou simplesmente rolamentos. Devido a diferença das formas de lubrificação que serão descritas com mais detalhes no decorrer deste conteúdo, os mancais de rolamento apresentam demasiadamente mais mecanismos de falhas do que os mancais de deslizamento (estes possuem a tão sonhada lubrificação hidrodinâmica). Dentre os principais modos de falha encontrados nos mancais de rolamento, podemos citar: Desgastes por partículas abrasivas, desgastes por lubrificação inadequada, desgastes devido a vibrações, arranhamentode superfícies externas e trincas por corrosão. Neste bloco será mostrado como avaliar e quantificar a lubrificação e como está é classificada. Além de ensinar a base de cálculo para seleção e análise dos mancais de rolamento e deslizamento. Todo esse desenvolvimento estará entrelaçado ao uso de material técnico; catálogos de fabricantes e análise das principais aplicações em máquinas e componentes. 5.1 Lubrificação Cinco formas distintas de lubrificação podem ser identificadas como Hidrodinâmica, Hidrostática, Elasto-Hidrodinâmica, Contorno e Filme Sólido. , 43 A lubrificação Hidrodinâmica é aquela em que o filme de óleo é formado pelo movimento relativo entre as superfícies, sendo que estas se encontram bastante separadas pela formação de um filme espesso de lubrificante. Não existe a necessidade de fornecimento de óleo pressurizado, deve-se garantir que haja óleo em quantidade suficiente para se produzir o filme de lubrificante. Também é chamada de file completo ou lubrificação fluída. A lubrificação hidrostática ocorre pela injeção sobre pressão do filme de óleo entre as duas superfícies metálicas. Não existe a necessidade de se empregar velocidades elevadas para gerar a separação entre as superfícies. É o tipo de lubrificação mais adequado para máquinas que operam a baixas velocidades, pode utilizar ar, água ou qualquer outro filme lubrificante. A lubrificação Elasto-Hidrodinâmica ocorre principalmente quando as superfícies em contato apresentam o movimento relativo de rotação/rolamento. Há uma combinação dos efeitos elásticos dos corpos em contato com os efeitos do filme lubrificante. Encontrada principalmente em engrenagens e rolamentos lubrificados. A lubrificação do tipo contorno ou limite ocorre quando há uma grande variação de algumas grandezas, como: área de contato, vazão de lubrificante, temperatura, carregamento, viscosidade, folga muito apertada ou desalinhamento entre o mancal e o eixo. Resultando em um filme fino com algumas moléculas de lubrificante. A lubrificação limite corresponde a uma alteração/transição da lubrificação hidrodinâmica pela alteração de uma ou mais das propriedades citadas. A lubrificação sólida é a designação dada à lubrificação quando se emprega algum lubrificante sólido para a formação do filme como grafite, Dissulfeto de Molibdênio, Teflon etc. Quando mancais devem operar em temperaturas extremas (muito elevadas), um lubrificante de filme sólido deve ser utilizado, pois os óleos de minerais ordinários não são satisfatórios. Atualmente existe muita pesquisa empregada para saber com o melhor material para confeccionar os mancais e obter baixas taxas de desgaste e atrito, assim como na tentativa de escolher o melhor óleo lubrificante. , 44 O lubrificante pode ser formulado somente por óleos básicos (óleo mineral puro) ou com a implementação de agregados e aditivos. Os aditivos são produtos químicos produzidos para proporcionar e/ou reforçar no óleo básico características físico- químicas desejáveis e eliminar e/ou diminuir os efeitos de algumas características indesejáveis a lubrificação. A adição de aditivos aos óleos básicos se deve aos avanços tecnológicos dos equipamentos que passaram a requerer uma evolução também na lubrificação. Os aditivos proporcionaram, aos lubrificantes, características como dispersância, detergência inibidora, antidesgaste, antioxidante, anticorrosiva, antiespumante, modificação da viscosidade, emulsionar, redução do Ponto de Fluidez, Adesividades, Passivadores e outros. Atualmente, todas as máquinas precisam de lubrificação, no entanto, dentre as principais aplicações dos óleos lubrificantes podemos citar Sistemas Hidráulicos, Turbinas, redutores Industriais (Engrenagens), Sistemas de transferência de Calor, guias e barramentos, Usinagem (fluidos de corte), tratamentos térmicos e máquinas têxteis. Os óleos lubrificantes ainda podem ser classificados de acordo com a SAE. Se um mesmo óleo de motor ou transmissão atender a dois graus de viscosidade SAE, este é denominado multiviscoso. O critério de classificação empregado é baseado em testes dos óleos lubrificantes de motores em diferentes temperaturas, sendo estas designadas em verão (temperaturas elevadas) e inverno (baixa temperaturas). Quando a viscosidade do óleo varia pouco com a temperatura, podendo ser empregado tanto no verão quanto no inverno, ele é multiviscoso. 5.2 Mancais de deslizamento Os mancais de deslizamento, podem ser manufaturados com metais que apresentam pequenos coeficientes de atrito, como o bronze e ligas de metais leves ou de materiais plásticos, em geral, a bucha deve ser fabricada com material menos duro que o material do eixo. , 45 A Figura 5.1 apresenta o exemplo de um mancal de deslizamento (bucha) de uma barra estabilizadora de um automóvel convencional. Figura 5.1 – Bucha de uma barra estabilizadora Fonte: Elaborado pelo autor. As dimensões geométricas principais para os mancais de deslizamento e a nomenclatura para as dimensões e os parâmetros de carga, será descrita a seguir: (ho): espessura mínima de filme de lubrificante. (r): raio do eixo (munhão). (c): folga radial entre o eixo e o mancal. (N): rotação do eixo. (W): carga que o filme lubrificante exerce sobre o mancal. (O): centro do eixo. (O’): centro do mancal. (e): excentricidade, distância entre as linhas de centro entre o eixo e o mancal. (l): comprimento do mancal. (P): Pressão sobre o mancal. (β): comprimento angular de um mancal parcial. , 46 Dimensionamento: Observe abaixo o processo de dimensionamento de um mancal de deslizamento para atuar em conjunto com um eixo, sendo ambos lubrificados por algum óleo lubrificante, atingindo a lubrificação hidrodinâmica. Considerando o óleo lubrificando um fluido Newtoniano, a tensão de cisalhamento (τ) atuando sobre ele é linearmente proporcional ao gradiente de velocidade em função da variação da altura, sendo assim, temos: 𝜏 = 𝜇∗𝑈 c (1) Onde (𝞵) representa a viscosidade absoluta do fluido lubrificante e (U) é a velocidade do eixo/camadas de fluido em contato com ele. A velocidade (U) também pode ser expressa em função da rotação do eixo, por meio da relação cinemática dos corpos rígidos: 𝑈 = 𝑁 ∗ 𝑟 (2) Na Equação (2), a unidade da rotação (N) é (rev/s) revoluções por segundo, como os catálogos técnicos trabalham com o sistema americano de unidades, devemos converter para (in/s), polegadas por segundo, está conversão é apresentada na Equação (3): 𝑈 = 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑟 ∗ 𝑁 (3) Substituindo (3) em (1), tem-se que: 𝜏 = 2∗𝜇∗𝜋∗r∗N c (4) Por meio da definição de tensão, temos: 𝜏 = F A (5) , 47 Sendo (F) a força que o movimento do eixo faz sobre as partículas de fluido e (A), a área ocupada pelo óleo lubrificante. Por meio da definição de torque, para o eixo que gira e converte movimento angular em linear, temos: 𝑇 = 𝐹 ∗ 𝑟 (6) Em que (r) é o braço de alavanca, porém, neste caso, é o próprio raio do eixo (munhão). A área ocupada pelo óleo (filme de óleo), pode ser vista na figura (1), como: 𝐴 = 2 ∗ 𝜋 ∗ r ∗ l (7) Substituindo-se as equações (4), (5) e (7), na Eq. (6), temos que: 𝑇 = 4∗𝜋2𝑟3∗𝜇∗𝑁∗𝑙 c (8) A pressão que o filme de óleo lubrificante exerce sobre o mancal pode ser descrita como: 𝑃 = W 2∗r∗l (9) A força de atrito entre o mancal e o filme lubrificante, é: 𝐹𝑎 = 𝑓 ∗ 𝑤 (10) Onde (f) é o coeficiente de atrito. O torque no eixo também pode ser expresso em termos da força atrito entre ele e o óleo lubrificante: 𝑇 = 𝐹𝑎 ∗ 𝑟 (11) Substituindo-se as equações (9) e (10) em (11): 𝑇 = 2 ∗ 𝑟2 ∗ 𝑙 ∗ 𝑓 ∗ 𝑃 (12) Igualando-se as equações (8) e (12) e isolando o coeficiente de atrito (f): 𝑓 = 2 ∗ 𝜋2 ∗ μ∗N P ∗ r c (13) , 48 A equação(13) é a famosa equação de Petroff para os mancais de deslizamento. A partir dela foi definido o número característico do mancal, ou número de Sommerfeld (S), utilizado para selecionar mancais em catálogos de fabricante: 𝑆 = 𝑟2 𝑐2 ∗ 𝜇∗𝑁 P (14) O número de Sommerfeld é expresso em catálogos de fabricantes, de acordo com o material selecionada para confeccionar o mancal, processos de fabricação e tratamentos térmicos. Todas essas características irão depender da aplicação e do eixo que foi dimensionado e selecionado para operar com o mancal. Por meio da Eq. (14) encontramos (c) e, através da sua definição, o raio do mancal de deslizamento (R): 𝑐 = 𝑅 − 𝑟 (15) Assim, chegamos ao final do memorial de cálculo para dimensionar um mancal de deslizamento, todas essas análises seguirem a metodologia da ASTM (Sociedade Americana de Ensaios de Materiais) e deverão ser efetuadas junto à normas técnicas, softwares e catálogos de fabricantes para correto dimensionamento e seleção. 5.3 Mancais de Rolamento Os mancais de rolamento são uma definição genérica de todos os mancais em que a transferência de carga entre o eixo e a caixa do mancal se deve por elementos rolantes. A resistência ao movimento na partida é maior do que com o mancal em funcionamento. A escolha do rolamento deve atender aos seguintes pré-requisitos: as dimensões específicas dos elementos de máquinas adjacentes já projetados, as cargas envolvidas e uma vida útil elevada. As principais vantagens dos rolamentos em relação aos mancais de deslizamento são: Menor atrito e aquecimento; O coeficiente de atrito na partida (estático) é inferior ao de operação (dinâmico); O coeficiente de atrito varia pouco com as modificações de carga e velocidades; , 49 Exigem pouca lubrificação; Intercambialidade internacional; Mantém a forma do eixo (não geram desgaste sobre ele); Apresentam um pequeno aumento da folga durante a sua vida útil. As principais desvantagens dos rolamentos em relação aos mancais de deslizamento são: Maior sensibilidade aos choques e vibrações; Maior custo de fabricação; Tolerância pequena para a carcaça e alojamento do eixo; Não suportar cargas tão elevadas quanto os mancais de deslizamento. O projeto de um rolamento pelo fabricante deve atender fadiga, atrito, geração de calor, corrosão, cinemática, propriedades do material, lubrificação, tolerâncias das máquinas ferramentas, montagem, custo e uso da peça. Eles são classificados quanto à carga (axial e radial), quanto à geometria (esferas, autocompensadores, cônicos, rolos etc.) e quanto a sua forma construtiva (abertos, blindados e vedados). A figura 5.2 apresenta rolamentos de agulhas que, em geral, são aplicados em caixas de marchas de veículos automotivos. Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 5.2 – Rolamentos de agulhas , 50 Tabela 5.1 – Características x tipos de rolamento Carreira de esferas Autocompensadores De esferas Rolos cilíndricos Rolas agulha Rolos cônicos Autocompensadores de rolos Carga Radial Regular Regular Bom Bom Bom Muito bom Carga axial Regular Precário Inviável Inviável Muito bom Muito bom Carga combinada Regular Precário Inviável Inviável Bom Bom Velocidade Muito bom Bom Muito bom Bom Regular Regular Precisão Muito bom Muito bom Bom Fonte: Elaborado pelo autor. Seleção da dimensão do rolamento: Agora mostraremos, com base no procedimento do catálogo geral da NSK, o procedimento mais adequado para selecionar um rolamento e suas dimensões para uma determinada aplicação. Entre a capacidade de carga básica dinâmica (C), a carga atuante no rolamento (P) e sua vida nominal (L) em (rev), existem as seguintes relações: 𝐿 = 𝐶3 𝑃3 (16) 𝐿 = 𝐶10/3 𝑃10/3 (17) A Eq. (16) é aplicada para rolamentos de esferas, enquanto a Eq. (17) é aplicada para rolamentos de rolos. Sendo que, nas tabelas de dimensões dos catálogos (Cr), é indicada a capacidade de carga radial, enquanto a (Ca) expressa a capacidade de carga axial. Nos casos em que o rolamento opera com velocidade constante, é mais conveniente indicar a vida nominal em horas. Segue-se, assim, as seguintes relações: , 51 𝐿ℎ = 500 ∗ 𝑓ℎ3 (18) 𝑓ℎ = fn∗C P (19) 𝑓𝑛 = 0,03 ∗ 𝑛1/3 (20) As Equações (18), (19) e (20) são usadas para rolamentos de esfera. (Lh) é a vida nominal [em horas], (fh) é o coeficiente de vida e (fn) é o coeficiente de velocidade, dado em função da rotação (n) expressa em [RPM]. 𝐿ℎ = 500 ∗ 𝑓ℎ10/3 (21) 𝑓𝑛 = 0,03 ∗ 𝑛3/10 (22) As Equações (21) e (22) são empregadas para rolamentos de rolos. A equação (19) é válida para ambos os tipos, seja de esferas ou de rolos. Por meio das equações apresentadas, é possível determinar a capacidade de carga do rolamento e, com isso, pesquisar nas tabelas de dimensões e selecionar o rolamento mais adequado para determinada aplicação. Conclusão Os Elementos de suporte e a lubrificação são fundamentais para o bom funcionamento dos sistemas e dos demais elementos de máquinas. O conhecimento sobre o seu dimensionamento e seleção permite a otimização do desempenho e previne falhas, tornando seu estudo super requisitado aos cursos de projetistas de máquinas. O estudo e auxílio das ferramentas CAD e das técnicas numéricas, por exemplo a FEA (Análise por Elementos Finitos), além de serem amplamente utilizados, são imprescindíveis para predizer as cargas, deflexões, falhas, tratamentos térmicos e qual o melhor processo para montagem dos componentes, visando a melhor performance e economia dos equipamentos. , 52 REFERÊNCIAS BUDYNAS, R.G; NISBETT, J.K. Elementos de Máquinas de Shigley: Projeto de Engenharia Mecânica. 8ºed. Porto Alegre: MGH, 2011. NSK CATALOGO GERAL. NSK Rolamentos. Copeg, S.D. Disponível em: <https://bit.ly/39KuRu7>. Acesso em: 31 jul. 2020. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8 ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2011. , 53 6 ELEMENTOS FLEXÍVEIS DE TRANSMISSÃO Apresentação Neste bloco, trataremos dos elementos flexíveis de transmissão de potência. Dentre eles podemos destacar as correias e as correntes. As correias são elementos de máquinas que transmitem movimentos de rotação entre dois eixos (motor e movido) por intermédio de polias. As polias são cilíndricas movimentadas pela rotação do eixo motor e pelas correias. Os materiais empregues para a construção das polias são o ferro fundido (mais utilizado), aços, ligas leves e materiais sintéticos. A superfície da polia não deve apresentar porosidade, caso contrário a correia irá se desgastar rapidamente. Na transmissão por polias e correias, a polia que transmite movimento e força é chamada de motora ou condutora, enquanto a polia que recebe movimento e força é designada movida ou conduzida. As correntes fazem parte das transmissões flexíveis juntamente com as correias. No entanto, apresentam menor capacidade para absorção de choques e vibrações devido à sua constituição. Seu princípio de funcionamento é o engrenamento entre a corrente e a roda dentada, sendo que estes não apresentam escorregamento entre si, basicamente apresentam dois modos de falha (desgaste e fadiga). O tamanho das correntes é padronizado pela ANSIv (Instituto de padrões nacionais americano). Tanto as correntes, quanto as correias são muito aplicadas em automóveis, motocicletas, bicicletas e em sistemas de potência e transporte sobre distâncias comparativamente grandes. 6.1 Correias As características e dimensões dos quatro principais tipos de correias (Plana, Redonda, V e sincronizadora) são exibidas na Tabela 6.1. , 54 Tabela 6.1 – características e dimensões de alguns tipos comuns de correias Tipo de correia Junta Dimensão Principal Intervalode tamanho Distância entre centros Plana sim espessura 0,75 – 5 mm Sem limite Redonda sim diâmetro 10 – 20 mm Sem limite V nenhuma altura 8 – 9 mm limitada Sincronizadora nenhuma passo 2 mm limitada Fonte: Elaborado pelo autor. Polias abauladas são utilizadas por correias planas e polias ranhuradas ou roldadas, para correias redondas ou em V. Correias sincronizadoras requerem rodas dentadas (ou denteadas). Em todos os casos, os eixos das polias devem ser separados, por uma certa distância mínima, dependendo do tipo e tamanho da correia, para desempenhar sua função corretamente. Outras características das correias são: Podem ser utilizadas para grandes distâncias entre centros. À exceção das correias sincronizadoras, pode ocorrer algum escorregamento e fluência, de modo que a razão de velocidade angular não é nem constante e nem igual a razão entre os diâmetros das polias (relações de transmissão). Em alguns casos, uma polia intermediária ou uma polia de tração pode ser utilizada para evitar ajustes de distâncias entre centros que se fazem necessários, sobretudo pelo tempo de uso e instalações de novas correias. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 6.1 – Transmissão de potência por correias , 55 As correias mais usadas são planas e as trapezoidais. A correia em V ou trapezoidal, normalmente, são fabricadas com seção transversal em forma de trapézio. Para a sua confecção, emprega-se borracha revestida de lona de modo que elas possam ser altamente resistentes à cargas de tração. As correias dentadas também são vastamente empregadas, principalmente para situações em que não é permitido nenhum deslizamento, como no comando de válvulas de um automóvel. As correias trapezoidais, ou em V, são mais aplicadas que as correias planas, pois apresentam pouco deslizamento, permitem o uso de polias bem próximas e minimizam vibrações, choques e ruídos, que são frequentes nas correias planas. Os materiais mais adotados para processamento das correias são couro, sintéticos (algodão, pelo de camelo, viscose, perlon e náilon) e compósitos de couro e sintéticos. A nomenclatura para as principais dimensões geométricas utilizadas na transmissão de potência por meio de correias é listada abaixo: (D): diâmetro da polia grande. (d): diâmetro da polia pequena. (C): distância entre os centros. (q): ângulo de contato. O comprimento da correia é determinado somando-se os comprimentos dos dois arcos com duas vezes a distância do início do contato. 𝐿 = [4𝐶2 − (𝐷 + 𝑑)2]1/2 + 1 2 ∗ (𝐷 + 𝑑) ∗ 𝑞 (1) A equação (1) descreve como dimensionar uma correia que transmite potência da polia motora para a polia movida. Ou seja, primeiro selecionamos as duas polias para a aplicação e depois dimensionamos e selecionamos a correia mais adequada. , 56 6.2 Correntes Dentre os diversos tipos de correntes existentes, as mais frequentemente utilizadas são as correntes de rolos, de Buchas, de passo alongado e de dentes. As características básicas das transmissões por correntes incluem razão constante, uma vez que nenhum escorregamento ou fluência ocorrem, vida longa e capacidade de acionar vários eixos, por meio de uma única fonte de potência. As correntes de rolos, em geral, são fabricadas em aço temperado e são constituídas por pinos; talas externa e interna; e buchas fundidas na tala interna. Os rolos são conformados sobre as buchas. Esse tipo de corrente é mais empregado em casos em que se necessite aplicar grandes esforços para baixas velocidades, como na movimentação de rolos para esteiras transportadoras. Correntes de rolos foram padronizadas de acordo com o tamanho pela ANSI. As correntes de bucha não possuem rolos. Portanto, os pinos e as buchas são processados com diâmetros maiores, resultando em maior resistência para a correntes de buchas, quando comparada com as correntes de rolo. Contudo, as correntes de bucha se desgastam prematuramente e apresentam muito ruídos. Nas correntes de dente, cada pino possui várias talas, posicionadas lado a lado. Consequentemente, é possível fabricar correntes mais largas e resistentes. As correntes de passo alongado são frequentemente aplicadas em veículos robustos, como em máquinas agrícolas, de pequenas velocidades tangencial. Seus elos são manufaturas no formato de corrente e os pinos são constituídos de aço. O passo (p) é a distância linear entre os centros dos roletes. A largura é o espaçamento entre as placas do elo. Essas correntes são confeccionadas em uma, duas, três e quatro fileiras. A Figura 6.2 exibe uma corrente de transmissão de potência em motos. , 57 Figura 6.2 – Corrente de transmissão de potência Fonte: Elaborada pelo autor. Tabela 6.2 - Nomenclatura usada para correntes. p Passo - distância entre eixos de dois pinos adjacentes. /2 Ângulo de inclinação – ângulo que os elos giram quando entram em contato com o pinhão. Vm Velocidade média da corrente. d Diâmetro do rolo. D1, D2 Diâmetros primitivos do pinhão e da roda. Z1, Z2 Número de dentes do pinhão e da roda. n1, n2 Rotação do pinhão e da roda. A Largura entre as placas B Distância entre os centros de rolos (corrente dupla ou tripla) C Distância entre eixos Fonte: Elaborado pelo autor. A relação de transmissão traduz a relação que existe nas duas polias que unem uma corrente. Essa relação pode ser dada em função dos números de dentes, velocidades angulares e dos diâmetros das duas polias. Duas polias ou carretos que rodam sem escorregar, com raios (R1) polia motora e (R2) polia movida e velocidades angulares w1 e w2, a velocidade linear é dada por meio da relação cinemática dos corpos rígidos: , 58 𝑉 = 𝑤1 ∗ 𝑅1 = 𝑤2 ∗ 𝑅2 (2) A relação de transmissão é definida, então: A velocidade linear em cada polia, também, pode ser a expressão em função do número de dentes (Z) e do passo (p): 𝑉 = Z∗p∗w 60 (4) Dimensionamento e seleção - Agora será descrito o procedimento de acordo com o shigley e os principais catálogos de fabricantes, para dimensionar e selecionar correntes corretamente. O comprimento da corrente (L) é dado pela seguinte equação: 𝐿 = 2C + p ∗ (𝑍1+𝑍2) 2 + 𝑝2 4𝜋2𝐶 ∗ (𝑍2 − 𝑍1)2 (5) Deve-se adotar, para o comprimento da corrente, o inteiro par mais próximo do valor obtido na Equação (5). Para o cálculo da potência (P) nas correntes, utilizam-se as seguintes relações: 𝑃𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = 𝑃𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎 ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 (6) 𝑃𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ 𝐾𝑠 (7) A potência corrigida Pcorrigida, é a correção da potência que a corrente transmite da polia motora para a polia movida. A potência transmitida é obtida por meio da relação de transmissão (i), velocidade angular (1) e do torque resultante na polia motora. Os fatores K1 e K2 são obtidos das Tabelas 6.2 e 6.3, respectivamente. Sendo K1 o fator de correção para o número de dentes e K2 fator de correção para o número de fileiras. A potência nominal é a máxima potência em que a correia pode operar e Ks é o fator de serviço dado pela tabela 6.4. , 59 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 746∗𝐾𝑟∗𝑍11,5∗(𝑝/25,4)0,8 (w1)1,5 (8) A Eq. (8) descreve como calcular a potência nominal da corrente, sendo (Kr) um fator determinado pela identificação da corrente pelo seu número ANSI. Tabela 6.3: Fator de correção para o número de dentes. Número de dentes na roda motora Coeficiente de potência pré – extremo (K1) Coeficiente de potência pós – extremo (K1) 11 0,62 0,52 12 0,69 0,59 13 0,75 0,67 14 0,81 0,75 15 0,87 0,83 16 0,94 0,91 17 1,00 1,00 Fonte: Elaborado pelo autor. Tabela 6.4 – Fatores de serviço sugeridos para transmissões Maquinaria acionada Característica normal de torque Torque alto ou não uniforme Uniforme 1,0 a 1,2 1,1 a 1,3 Choque leve 1,1 a 1,3 1,2 a 1,4 Choque médio
Compartilhar