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antropologia unidade 2

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ANTROPOLOGIA E CULTURA BRASILEIRA
UNIDADE 2 - SERÁ QUE 
EXISTE APENAS UM 
SIGNIFICADO DE 
CULTURA?
Autoria: Dra. Tatiana de Laai - Revisão técnica: Dr. 
Marcelo Flório
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Introdução
A pelos eainfluênciadasmais que odiversidadeculturaltrazida escravos diferentesnaçõesindígenas habitavam Brasil
de na danossaidentidadenacional. suas suasforam extremaimportância formação Foram referênciasculturais, práticas,
seussímboloseseusrituaisque, asinfluências do umgruposocialjuntamentecom europeias,fizeram povobrasileiro di
deferente outros.
Porexemplo,oquea doBoide ede —no eemMinas —festa Parintins OuroPreto Amazonas Gerais,respectivamente têm
em Ambossão É esse que aocomum? patrimôniosculturaisbrasileiros. justamentesobre assunto vamosestudar longo
ssim a do adestesegundocapítulo.A ,entenderemos importância patrimôniopara preservação
damemóriaedasidentidadesnacionais,bem queamemóriapossuiumadimensão ecomocompreenderemos coletiva
ser um social.Além nos quantoa ea dodeve tratadacomo fenômeno disso,poderemos aprofundar criação manutenção
um na damemóriasocial.patrimônioculturalcomo importantepapel construção
Como os de e e eles emnossasociedade.estudodestecapítulotambémdiscutiremos conceitos raça etnia, como operam V
quea éuma social e qualé a do de na dasamosentender raça construção relação conceito etnia preservação tradições
deumgrupo de dasidentidades.culturais comoforma manutenção
Porfim, as da das e na dasociedadevamosestudar baseshistóricas presença culturasnegra indígena formação brasileira.
Veremos,então,ao de o que e deonde nossaslongo todo capítulo, identificar reconhecer vem referênciasculturais
podeser anossa social.indispensávelparaentendermos realidade
Bons estudos!
: 54 minutos.Tempo estimado de leitura 
2.1 Patrimônio cultural e memória social
Antropologiae andam desde uma queo se ao de benspatrimônio juntos sempre, vez patrimônio refere ato valorizar cultur
emmuseus, quea dessesmuseus.ais,preservando-os enquanto Antropologiacomeçadentro
Como oschamadosmuseusdeciência, a de pesquisa porIluminismo,surgem orientadospara produção científica parte
de essafinalidade.Aomesmo a dequeosmuseus sãoespecialistasformados com tempo,propaga-se noção também e
ao ouseja,um ondese osabere a ssispaçosdestinados público, local temcontatocom com história.A m,
namedidaemqueas domundo se a dafronteiras ocidental expandem, história Antropologiaavança.
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EntreofimdoséculoXIXeiníciodoséculoXX, osanosde na ena adurante colonialismo África Oceania, Antropologia
se de Nessa das o de dosdesenvolveu forma positiva. época,antes universidades, lugar formação antropólogoseram
osmuseusde que e a a os eashistórianatural, reuniamobjetos informaçõessobre fauna, flora, povos culturasprovenientes
de do Aliás, nosmuseusqueo nasváriaspartes mundo. eram materialantropológicocolhido expediçõescoloniaiseramre
e em 2010).unidos,sistematizados transformados materiaiscientíficos(ERIKSEN;NIELSEN,
Nasociedademodernaainda a de a ouseja, as pormeiodebenstemos prática “patrimonizar” cultura, representar culturas
e Isso edemais deumamateriais imateriais. significa elegerpaisagens,edificações,peçasarqueológicas fragmentos re
e emum que a deuma nosentidode umadimensãoalidadecultural, reuni-las conjunto expresse totalidade cultura atribuir
àideiadematerial nação.
É os de e uma quesãoimportantediferenciarmos,contudo, conceitos Estado,país,nação território, vez termosdiferentes,
masque,nosenso seemummesmocomum,misturam- contextodiscursivo.
Território
Em termos geopolíticos, um território compreende o espaço geográfico apropriado e delimitado por relações
de soberania e poder. Isto é, quando estamos falando de “território brasileiro”, estamos nos referindo ao
espaço delimitado e reconhecido internacionalmente sobre o qual é exercido um domínio, chamado de
soberania. Isso quer dizer que o Brasil é soberano sobre o seu território e exerce sobre ele os interesses de
seus habitantes (SENE; MOREIRA, 2012).
Estado
O aparato político que garante o exercício dessa soberania é o Estado, conjunto de instituições públicas que
administra o território, o que envolve o governo, as escolas, os hospitais públicos e os departamentos de
política (SENE; MOREIRA, 2012).
País
Já o país se refere a todos os elementos que se encontram nesse território dominado por um Estado. O
conceito de país abrange as características naturais, econômicas, sociais e culturais que estão nesse território
(SENE; MOREIRA, 2012).
Nação
O conceito de nação, por sua vez, está ligado a questões identitárias, uma vez que se relaciona com o
sentimento de pertencimento e união compartilhada entre os habitantes de um país. Esse sentimento se
constrói a partir de comportamentos, práticas sociais e idiomas que são comuns entre os povos (SENE;
MOREIRA, 2012).
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Sendoassim,nemsempreumanaçãocompreendeumEstadoouumpaís.Existemnaçõessemterritório,porexemplo,e
Estadoscommaisdeumanaçãooucomterritóriosemdisputa.UmcasoclássicoéaEspanha,quecomporta—nemsempre
deformaharmoniosa—catalãesebascos,ereivindicaacriaçãodeseusprópriosEstados,comadelimitaçãodeseus
territórios.
Como de o desuas emseus os ainda criare oforma garantir exercício soberanias territórios, Estados buscam estimular sent
de eunião seus a ea dosimento pertencimento entre habitantes.Paraisso, identificação manutenção patrimônioscultur
da edamemóriado éais, história país fundamental.
Umasociedademoderna, e a se por em harmonia, complexa heterogêneacomo brasileira caracteriza abrigar, relativa
 e visões de ssi a dessediversas tradições diferentes mundo.A m, existência complexosocioculturalabrangenteestá
vinculadoàideiade por uma de Com namedidaemqueo senação, isso,existe políticacultural Estado. isso, Brasil consider
um e se a denossosa paísdemocrático pluralista,taispolíticas preocupamcom preservação patrimônioshistórico,artístic
e e, damemóriasocialdoo cultural, consequentemente, país.
Nesse o do éessencial,uma queumdos mais da éasentido, trabalho antropólogo vez interesses comuns Antropologia inve
dosgrupossociaisquese à da oficiale da asstigação encontram margem história cultura dominante,como comunidad
ouosquilombolas.Não a é eas ees indígenas raro, documentação precária crenças valores dessesgrupossãotransmit
idasoralmente.Daíaimportânciadepolíticaspúblicasparaqueessasmemóriasnãosepercam,poiselasfazempartedo
nossopatrimôniocultural.
No a do na Em oficiais,os doBrasil, proteção patrimônioculturalestáprevista ConstituiçãoFederal. termos órgãos Estad
pelo pela epela doquese aosoresponsáveis estudo, proteção divulgação refere patrimôniosculturais
sãoaComissãoNacionalde eo do e Nacional.Folclore Instituto PatrimônioHistórico Artístico
Justamentepor do se das de ele sedivideem econta patrimônio ocupar produções cultura, também material imaterial.
O é em e belas epatrimôniomaterialbrasileiro classificado arqueológico,paisagístico etnográfico;histórico; artes; a
rtesaplicadas.
Eles divididosembens osnúcleos ossítios eestão imóveis,como urbanos, arqueológicos paisagísticos
eosbensindividuais;ebens quesãoas osmóveis, coleçõesarqueológicas, acervosmuseológicos,documentais,bibliogr
eáficos,arquivísticos,videográficos,fotográficos cinematográficos.
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Nessegrupo se osbensde quesãoos da aosquaisoserhumanotambém encontram ordenaçãonatural, fenômenos natureza
sejaem da ouda o daságuasdosRiosatribuivalorcultural, função beleza excepcionalidade,como encontro Negro
eSolimões,ou o Além os marcosturísticos,como Corcovado. disso,tambémtemos diversoscentroshistóricospreser
vadospelopaís,comoodeOlinda,deOuroPretooudeSalvador;oCristoRedentor;asesculturasdeAleijadinho;assimc
omoasedificaçõeshistóricos,comooTeatroAmazonasouosArcosdaLapa.
Figura 1 - As cidades históricas são consideradas um patrimônio material Fonte: ostill, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de uma rua em uma cidade considerada histórica, nela há casas
com estruturas mais antigas, há casas pintadas com a cor vermelha, amarela, azul e branca.A rua em que essas
casas estão é uma rua mais estreita, com carros estacionados e com postes de luz na frente das casas. Na parte
de trás da rua, há algumas árvores e é possível ver o mar.
Jáo rituais, damedicina culináriaspatrimônioimaterialabrange práticas saberes,prescrições nativa, específicas,
edemais de Omúsicas,festejos,danças formasabstratas expressãocultural. patrimônioculturalimaterialbrasileiroestá
divididoem e de O a de omodode violadecelebraçõesculturais formas expressão. jongo, festa Parintins, fazer cacho,
omodo de queijodeMinas,a deCaruarueas de são deartesanal fazer Feira rodas capoeira exemplos patrimôniocultural
imaterial.
Você sabia?
A etnografia é, ao mesmo tempo, um campo de estudo e um método de pesquisa 
antropológico. Ela consiste na descrição detalhada dos costumes de uma cultura 
específica. A coleção etnográfica de um museu, por exemplo, abarca diversos aspectos 
do estilo de vida de uma comunidade por meio da coleção de objetos de uso cotidianos e 
da identificação e classificação de saberes e expressões artísticas. Ou seja, objetos, tanto 
da cultura material quanto imaterial, que possam representar o patrimônio cultural de um 
povo. No Brasil, a maior parte dos acervos etnográficos são dedicados aos povos 
indígenas.
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Figura 2 - O carnaval brasileiro é caracterizado como um patrimônio da cultura imaterial Fonte: ostill, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de uma mulher negra sorrindo e dançando com uma fantasia de
carnaval. A fantasia é cheia de penas e com as cores vermelha, azul e amarela.
Valedestacarqueos não da do Napatrimôniosculturais surgemnaturalmente,tampouco espontaneidade povo. verdade,
são sociais,sendoapenasuma do das humanasque emum Aliás,construções parcela conjunto ações existem país.
assim asidentidades,os deumasociedadesão deum ecomo patrimônios parte processoseletivodinâmico fragmentado
que àmemóriasocialdeumestáfortementeatrelado país.
Em amemória serum individual, ouuma íntima.Noprincípio, aparenta fenômeno algosubjetivo percepçãomental entan
amemória ser um esocial,uma quedependedo serto, deve entendidacomo fenômenocoletivo vez outropara construída.
Nosanosde1950,o (2013) queo de easociólogoHalbwachs aponta ato recordar localização
damemóriasópodemserobservadose se em o socialque a daidentificados levarmos conta contexto ampara base recons
deum quese umamemória.Isso as nãopodem deumgruposocial.trução evento tornará porque lembranças existirfora
éissoqueo chamadeInclusive, sociólogo memóriacoletiva.
Nas memórias existem marcos relativamente fixos e imutáveis, ou seja, uma lembrança existe sempre
em relação a algo, alguém ou um acontecimento. Com isso, ainda que elas possam ficar guardadas
secretamente em nosso íntimo, quando as compartilhamos com alguém elas precisam ser entendidas e
necessitam de contexto.
Assim, Halbwachs (2013) distingue duas categorias de memórias: a autobiográfica (de cunho
subjetivo) e a social (histórica), sendo que a primeira recebe reflexos da segunda.
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Portanto, podemos dizer que compartilhar uma memória é ordenar acontecimentos, exatamente como
em uma narrativa. Nesse sentido, a memória pode ser compreendida como um fenômeno construído
coletivamente e submetido a mudanças constantes.
Damesmaformacomoaconstruçãosocial,asmemóriassãoseletivas,jáqueoindivíduopodelembrarsomenteaquilo
queconsideraimportanteparaseugrupodeconvívio,deformaaassumirsuaidentidadedeacordocomsuasexperiências
coletivas. Amemóriasocialseria,portanto,umamemóriapartilhadaporumgrupo,umpovo ouumanação, constituind
oedelineando aidentidadeeassingularidadesdogrupo(HALBWACHS,2013).
Ademais,a amemóriasocialea deumaidentidadenacionalsedá a ea dorelaçãoentre construção com criação manutenção
uma queeleéo e das deum oqualé depatrimôniocultural, vez legadohistórico cultural vivências povo, passado geração
em e aidentidadenacional.Um de asgeração,colaborandoparamanter preservar exemplo como várias
memóriasnacionaissãomantidaséa de em quesão eperpetuação tradições celebrações, repetidas atualizadas,comoaco
na doBoide Esse éum quentece Festa Parintins. importantefestejoamazônico patrimônioculturalimaterial celebra
aslendas,osrituais eas dosribeirinhos pormeiode e doindígenas tradições amazônicos alegorias encenações embate en
as doBoiCaprichoeodoBoitre associações Garantido.
SegundoMenezes(1984, 33),amemória“[...]é de dep. mecanismo retenção informação,conhecimento, experiência
individualousocial, emum de quearticula, os deconstituindo-se eixo atribuições categoriza aspectosmultiformes re
dand -lheslógi aein eligibilidad .Dessa orma,podemosen enderquenossa socialalidade, o c t e” f t identificação ocorre
pormeiodas das dos que de e dos edospercepções, lembranças, registros fazemos fatospassados presentes, objetos sab
queeres elegemosimportantes.
Portanto,preservare osbens que e na criaetornarpatrimônio culturaispara estejamsemprepresentes disponíveis cultura,
amemóriasociale, anossaidentidadeconserva consequentemente,sustenta cultural.
No à os de e quesãoa na deidentidadestópico seguir,discutiremos conceitos raça etnia, chave construção culturais.
Você sabia?
Chama-se tombamento o ato de reconhecimento oficial do Estado do valor de um bem 
cultural para a memória e identidade nacional, transformando-o em um patrimônio 
oficial público. O termo vêm da Torre do Tombo, arquivo público português que guarda 
e conserva documentos importantes. O patrimônio cultural brasileiro está registrado nos 
Livros de Tombo, que estão disponíveis on-line no site: http://portal.iphan.gov.br/pagina
./detalhes/608
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/608
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/608
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2.2 Raça e etnia
O do que espécieou Desdeaantiguidade,na dasciênciastermo“raça”vem latimratio, significacategoria, tipo. história na
éo asespéciesanimaise aIdadeMédia,oturais,raça conceitoutilizadopraclassificar vegetais. Durante termocomeça
aser a humanaemgrupos autilizadoparaclassificar diversidade fisicamentediferentes,designando,também, descendê
e umgrupoquetinhaum eque,por mantinhancia, identificando antepassadocompartilhado isso, característicasfísicas
em 1973).comum(LÉVI-STRAUSS,
Séculos XVI e XVII
Na França, entre os séculos XVI e XVII, o conceito de raça passa a afetar e atuar nas relações entre as classes
sociais. Assim, a nobreza local — que se considerava descendente dos Francos, de origem germânica — passa
a identificar a população local como descendente de gauleses. Com isso, a nobreza não se considerava apenas
diferente, mas acreditava ser dotada de “sangue puro”, sugerindo que suas habilidades e aptidões para reinar,
administrar e até escravizar os gauleses eram naturais, uma vez que os Francos eram uma raça superior.
Século XVIII
Já no século XVIII, no contexto do Iluminismo, com o surgimento da disciplina de História Natural da
Humanidade (que mais tarde se desmembraria entre Biologia e Antropologia Física), o conceito de raça —
como é utilizado nas ciências naturais — passa a ser utilizado para catalogar a raça humana, uma vez que
“novos humanos” estavam sendo descobertos desde a era das navegações.
Século XIX
Os primeiros antropólogos no século XIX buscavam uma teoria que explicasse o panorama geral do progresso
cultural humano. Ao estudarem os relatos de viajantes, exploradores e colonizadores, eles comparavam relatos
no intuito de ordenarem as origens e a evolução das culturas. Nessa mesma época, Dawin havia postulado em
sua obra, “Origem das Espécies”, de 1859, a evolução orgânica dos seres. Além disso, a teoria evolutiva
também passa a ser aceita nas ciências, de modo que começa a ser aplicada para explicar as diferenças entre as
culturas. É nesse contexto que se desenvolvem as teorias evolucionistas e o chamado “racismo científico”.
Assim, a grande estruturação dos estágios evolutivos das culturas, de acordo com a Antropologia evolutiva, se
dividia entre selvageria, barbarismo e civilização. Ou seja, de acordo com essesteóricos, a evolução seria uma
única linha que acompanharia toda a história cultual, com apenas um ponto de partida: a selvageria; e um
ponto de chegada: a civilização. Nesse cenário, o mundo ocidental estaria em seu ponto máximo de
desenvolvimento, destacando-se como povos civilizados. Foi esse pensamento centrado e calcado na
superioridade das culturas que legitimou as colonizações, o imperialismo e, mais tarde, a ascensão do nazismo
(LÉVI-STRAUSS, 1973; ERIKSEN; NIELSEN, 2010).
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Dessa forma, podemos concluir que se os cientistas da época tivessem limitado o uso do conceito de raça
somente aos grupos humanos, de acordo com suas características físicas, ele passaria desapercebido e suas
classificações teriam permanecido ou sido rejeitadas, como acontece no desenvolvimento do conhecimento
científico. O que ocorre é que, a partir do estabelecimento de uma escala de valores entre as chamadas raças
humanas, relacionando características biológicas e fenotípicas à qualidades morais, intelectuais e culturais, os
indivíduos da raça “branca” foram definidos coletivamente como superiores aos dos classificados como das
raças “negra” e “amarela”, em função de suas características físicas.
Os naciência que,mesmo algumas e sendoavanços genéticatambémmostraram com doenças deformidades hereditár
assim quesão maior emalgumas doqueemias, comoexistemoutrosfatoresbiológicos encontradoscom frequência raças
essasincidênciasnãosão a ao dooutras; suficientesparademarcar diferenciaçãoracial redor globo.
Diversaspesquisas queas deduas deumamesmacomparativasconcluíram herançasgenéticas pessoas raça
podemsermais doqueas à Isso queum por pode,distantes pertencentes raçasdiferentes. significa norueguês, exemplo, ge
sermais deumsudanêsemais deum damesma queumaneticamente, próximo distante dinamarquês, maneira raradoença
podeser na na si Dessa e nãogenética encontradatanto Europaquanto Á a. forma,biológica cientificamente, existemvar
mas,sim,apenasuma:a humana 1973).iadasraças, raça (LÉVI-STRAUSS,
Você quer ver?
O filme , de Abdellatif Kechiche, conta a história real de Saartje A Vênus Negra
Baartman, uma sul-africana da etnia coisã (chamada pelos colonizadores de Hotentote), 
que é levada como escrava para Europa. Lá, ela passa a ser exibida em circos e feiras, 
além de servir como objeto de estudo por cientistas da época.
Você quer ver?
Na palestra intitulada “Kabengele Munanga fala sobre História da Diáspora Africana”, o 
Dr. Kabengele Munanga, um importante antropólogo brasileiro-congolês, especializado 
em Antropologia da população afro-brasielira; fala sobre a importância do ensino da 
história do continente africano e sobre o livro “História da Diáspora Africana”. Vale a 
pena se aprofundar no assunto assistindo ao vídeo. Clique no botão a seguir.
Acesse
https://youtu.be/BDKzWSouaqo
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Contudo,mesmoqueo de os humanosnãosejamaisconceitocientífico raçautilizadoparadiferenciar seres validado
pelaciência,issonãoquer que osindivíduossejam iguais. sãodizer todos geneticamente Asherançasgenéticas diferente
masnãosão em A é às, suficientespara classificá-las raças. diversidadegenética substancial sobrevivência
daespéciehumana.
Portanto,atualmente,é queas ada ti assejam“melho e ”ou“pio eimpensávelconsiderar característicasbiológicas pta v r s r
, superio e ”ou“in erio e ”deuns a a a dos a das” “ r s f r s p r outros.Gradativamente, classificação povos partir raçafoiperdend
nos e aser pela deoespaço círculosacadêmicos começa substituída noção etnia.
Muitaspesquisas queo de seja dedicionárioseuniversitáriassugerem conceito raça excluído textoscientíficos.
Aindaassim,a tida a de humanos é no senso em raça como classificação seres utilizadatanto comumquanto estudospro
na das que,nasciênciassociais, naduzidos área ciênciasbiomédicas.Enquanto principalmente Antropologia
enaSociologia,o de é uma social,que econceito raça entendidocomo categoria denotadominação exclusão.
Alémda a Origináriado elaéum que osraça,temos,também, etnia. gregoethnos(povo), conceito abrange aspectossocio
e deum Dessa elapodeser um populacionalqueculturais,históricos identitários povo. forma, entendidacomo complexo
ou amesmatêmhistórica mitologicamente ancestralidade.
A se por asmesmas amesmalíngua,amesma amesmavisãodemundoe,etnia caracteriza compartilhar crenças, cultura,
namaioriadas omesmo no que vezes, território.Porexemplo, território brasileiro, existem várias etnias nativas
 formavam verdadeirasnaçõesindígenasnaépocadodescobrimento,e,aindahoje,váriasresistem.Mulçumanos,
judeus,maoriseokinawanossãoexemplosdeetniasquepodemosencontraremdiversospaísesaoredordoglobo.
Figura 3 - Em uma mesma nação podemos encontrar diferentes etnias Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, há um painel com fundo de cor branca com as seguintes palavras escritas: cultura,
nação, diversidade, tradição, crença, etnia e pessoas. No mesmo painel também há desenhos sobre essas
palavras, que são: desenho do planeta Terra, uma nuvem com um arco-íris, um "varal" com bandeiras
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coloridas, uma bandeira de cor laranja, dois bonecos e uma fita vermelha. Na imagem, também há várias
pessoas de diversas etnias e idades de costas olhando para o painel.
Temos,ainda,queas podem éo dequase a doetniastambém constituirnações,como caso toda totalidade territórioafrican
cujas e em A por hojeseo, etniasforamdesfeitas redistribuídas novosterritórioscoloniais. etniaiorubá, exemplo, encontr
dividida as da de edeBenin.a entre Repúblicas Nigéria, Togo
Porestaratreladaao de a nãoéum uma que,assim qualquersociedade,conceito cultura, etnia conceitofixo, vez como
podese ao do O populacionaleotransformar longo tempo. aumento contatocomoutrospovos,fenômenosclimáticos
oude ordemnaturalpodemprovocarmudançasemumadeterminadaetnia.Temosqueapopulaçãobrasileiraéformada
peloencontrodediversasetniasnoperíodocolonial:asindígenas,asafricanaseasibéricas.Contudo,maistarde,vieram
asiáticos,árabese judeus. Assim, ao longodotempo, afusãodessas etniasoriginouasnovaspopulaçõesquepreservar
amtraçosfísicoseculturais,mastambémqueevoluíram.
Com os humanosse de criando sociedades, qualisso, agrupamentos desenvolveram formasdiferentes, diversas cada c
sua de eseus de sociedades seom própriamaneira organização sistemas crenças.As desenvolvemestratégiaspara relaci
sie grupossociais,assim omeioonarementre comoutros comocom ambiente.
A das são à da humana. ssim édiversidade culturasexistentes tantasquanto pluralidade existência A , importantetermos
em quesão as eque, são as Nomente variadas diferençasculturais consequentemente, muitas etnias. entanto,valelembrar
que à humana.todaspertencem raça
No um mais a pormeiodo a deíndiosepróximotópico,entenderemos pouco sobre diversidade estudosobre presença neg
na daros formação culturabrasileira.
2.3 O índio na formação da cultura brasileira
Antesdeiniciarmosmaior a da um oaprofudamentoquanto formação culturabrasileira,valedestacar questionamento:
 de pelosBrasil foi, fato,descoberto portugueses?
A ea a de uma queo jáAntropologia Históriaquestionam noção descobrimento, vez territóriobrasileiro erahabitandoan
da dos Nesse podemos que uma deumates chegada colonizadores. sentido, dizer ocorreu invasão,seguida conquista.
Isso a do aos a deumaporque conquista continenteamericanorevelou europeus existência populaçãoatéentãodesconhe
cida.
A que hojeé do e aos à dapopulaçãoindígena conhecemos remanescente longo violentoprocessoimposto nativos partir
dosportuguesesnoséculoXVI.Nosperíodosde e os e doinvasão conquista colonização, contatosentreinvasores nativos
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 litoral resultaramemdeslocamentodepovoadosparaáreasdistantes,dizimaçãopordoençaseviolência,escravidãoe,c
onsequentemente,aperdaparcialoucompletadesuasculturasemfunçãodosprocessosdesubordinaçãoededoutrinaçã
oreligiosa.
Figura 4 - Os povos indígenas ainda vivem em aldeias no interior do Brasil Fonte: Anton_Ivanov, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia em preto e branco de trêsíndios caracterizados com vestimentas 
indígenas, tocando instrumentos indígenas.
Mais oImpérioea —eaindanoséculoXX—,a etarde,durante República convivênciaentrenativos invasorescontinuouc
e sendoqueas dasociedadenacional,emsua oonstante conflituosa, frentespioneiras expansãopara Centro-Oeste,
grupos que e dizimados.Esse dealcançaramnovos indígenas tambémforamsubjugados praticamente processo deslo
e de aindaéuma videas pela decamento perda populaçãoindígena realidadecontemporânea, disputas demarcação terras
eos índiose no e doindígenas conflitosentre fazendeiros Centro-Oeste Norte país.
Asestimativasde e aestudoshistóricos,arqueológicos antropológicossobre demografiaindígenapré-contatoapontam
que, do enoinícioda maisdemil eantes descobrimento colonização,existiam povosindígenas aproximadamentecinco
milhõesde pelo 1992).Hoje,de aFUNAI(2010)nativosespalhados territóriobrasileiro(CASTRO, acordocom vivem
emaldeias de515mil em227 e180línguas Além osdadoscerca indígenasdistribuídos etnias nativasdiferentes. disso, ta
afirmamqueum de os em de embém contingenteconsiderável indígenasmigrampara centrosurbanos busca educação m
devida,mas emelhorescondições acabamvivendo periferias.
Você o conhece?
Nascido e criado na aldeia Krukutu, na região de Palheiros, zona sul de São Paulo, Werá 
Jeguaka Mirim, mais conhecido como MC Kunumi, usa o rap como instrumento de luta 
pelos direitos indígenas. Além de misturar guarani com português, sua música trata de 
diversas questões indígenas contemporâneas, como a demarcação de terras e a 
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Esse duas em nos decontatocontínuoentre culturasdiferentesresultaram transformações padrõesculturais ambas.Tr
quesão que, o do as ao de umaansformaçõesestas tãoconstantes com passar tempo,mesclaram culturas ponto formar nov
sociedadeeuma emum quea chamadea novacultura, processo Antropologia aculturação.
Dessa o e duasmodalidadesde eforma, contatoconstanteentrenativos invasoresapresenta aculturação:interétnica
intertribal.
Aculturação interétnica
Na aculturação interétnica, grupos que são culturalmente e etnicamente diferentes entram em contato direto e
permanente, sendo expostos a mudanças em seus padrões culturais. Contudo, esse contato nem sempre é
pacífico.
Aculturação intertribal
Já na aculturação intertribal, temos um intenso intercâmbio cultural entre duas etnias iguais que possuem
línguas e costumes diferentes. No caso intertribal, os dois grupos se influenciam de forma recíproca,
permanente e, frequentemente, pacífica.
Para Ribeiro (1977), o impacto da civilização europeia sobre as populações indígenas foram uma
“transfiguração étnica” na medida em que não houve exatamente uma assimilação cultural ou uma
aculturação, pois muitos grupos foram exterminados e os que sobreviveram não foram em nenhum momento
devidamente absorvidos pela sociedade nacional. Com isso, os índios fazem parte do imaginário da identidade
nacional miscigenada, mas ainda lutam por seus direitos.
Segundo o antropólogo Gomes (2012, p. 55), diferentemente dos ingleses, na América do Norte, os
portugueses jamais consideraram ou trataram as populações indígenas como nações. Além disso, seus
habitantes não eram conhecidos como cidadãos, mas, sim, como “[...] vassalos, habitantes subordinados a uma
autoridade maior com direitos outorgados caso a caso”. Isso fez com que os indígenas no Brasil se tornassem
escravos, servos, ignorados e, apenas muito recentemente, cedidos à autonomia, mas pobres e desprovidos de
direitos.
Podemos dizer, ainda, que a primeira contribuição dos povos indígenas para o Brasil se deu logo com a
chegada dos portugueses às terras brasileiras. Os índios, pacificados e subjugados, ensinaram aos primeiros
colonos e exploradores técnicas de sobrevivência na selva, como lidar com vários perigos nas florestas e se
orientar nas expedições realizadas. Em todas as expedições empreendidas pelos desbravadores e
preservação da natureza. Kunumi publicou dois livros infantis, o autobiográfico 
“Kunumi guarani” e outro intitulado “Contos dos curumins guaranis”, ambos em 2014.
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colonizadores, os índios eram guias e serviçais. Ao longo de todo o período colonial os indígenas estiveram
presentes, ora como aliados na expulsão de outros invasores estrangeiros, ora como mão de obra na expansão
extrativista (RIBEIRO, 1977).
Váriosdenossos e da a dahábitos costumesalimentarestambémderivam culturaindígena,como utilização mandioca
eseus de epolvilho),o dese derioeo dederivados(farinha mandioca,tapioca costume alimentarcompeixes hábito comer
ocupuaçu,o a o eofrutascomo bacuri, graviola, caju açaí.
Tambémherdamosousode finsmedicinais, o oóleode a ea deváriasplantaspara como boldo, copaíba, catuaba semente
sucupira.
Em à a o o um maisrelação religiosidade, culturaindígenacontribuipara sincrestismo,tornando catolicismo tanto folclór
emenos mais A — da dos aoico ritualístico,com superstições. própriaumbanda adaptação religião negros catolicismoco
—possui influêncialonial muita indígena.
Figura 5 - A umbanda carrega traços da cultura indígena Fonte: Alf Ribeiro, Shutterstock, 2021.
Você sabia?
Nós utilizamos mais de 10 mil palavras em Tupi. Até o século XVII, o Tupi era o 
idioma mais utilizado no território brasileiro. Em sua forma original, a língua já não 
existe mais, no entanto, variações dela ainda são faladas por aproximadamente 30 mil 
pessoas na região do Amazonas. A língua portuguesa como idioma no Brasil só se 
consolida em meados do século XVII, quando Marquês de Pombal — o então Secretário 
de Estado para assuntos exteriores — decidiu por decreto que o português deveria ser a 
língua falada nas colônias de além-mar (ANGELO, 2016).
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#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de mulheres brancas e negras, vestidas de branco, dançando e
sorrindo como se estivessem fazendo um "desfile", segurando vasos nas mãos com flores dentro. Elas estão
representando a religião da umbanda.
É no pensamosnosíndiosde umserhumanoque nunacomum, entanto, formagenérica,como vive mata,caçacomarco
eflechas, em cultua e Mas,na o édefinidoemmora ocas,comemandioca, Tupã falaTupi. realidade, termo“índio” oposiçã
a“b an .Esseíndioid aldosenso omumnão xi e,sendoqueoque emossão suaso r co” e c e st t diversasetniascom próprias
línguas, evisõesde os os eoscostumes mundo,como bororós, pataxós xavantes.
Masporque que osserá conhecemostãopoucosobre povosindígenas?
Uma das razões para esse desconhecimento é o grande abismo de comunicação cultural entre os índios e os
brancos, uma vez que os povoados indígenas não dispõem de canais regulares de comunicação e de expressão
política na sociedade brasileira; enquanto que a imprensa e os meios de comunicação tratam e retratam a
questão indígena de forma padronizada. Outro problema é a divulgação de informação científica de fácil
compreensão para o público leigo.
São muitas as pesquisas antropológicas, linguísticas, sociológicas e arqueológicas sobre as sociedades
indígenas; e mesmo que apenas uma parte das etnias conhecidas tenha sido pesquisada, esse conhecimento
fragmentado e parcial fica restrito ao meio acadêmico (RIBEIRO, 1977; GOMES, 2012).
As comunidades indígenas brasileiras continuam sendo pouco conhecidas e valorizadas em nossa cultura. O
que se informa sobre a cultura indígena nos espaços midiáticos são notas fragmentadas ou
descontextualizadas, com representações superficiais e estereotipadas. Assim, a representatividade das
culturas indígenas nas artes e no entretenimento estão, na maioria das vezes, vinculadas a um passado colonial
idealizado, como se os índios tivessem deixado de existir e nos restasse apenas o legado de palavras, sabedoria
acerca da flora medicinal amazônica, uma grande influência na culinária e hábitos cotidianos.
Em contrapartida, na imprensa em geral, a presença dos índios está reduzida a situações de violência e
conflito, além da falsa ideia de que mudanças de hábitos façam com que essas pessoas deixassem de ser
indígenas. Desinformação, preconceitoe intolerância são resultados desse cenário.
Juridicamente, todo índio é um cidadão brasileiro, ainda que possa pertencer a uma comunidade que tem seus
próprios costumes e valores. Os índios se reconhecem como minora étnica e são conscientes de seus direitos e
de sua subordinação ao Estado. Atualmente, diversas lideranças, assim como artistas e intelectuais indígenas,
têm buscado novas e melhores formas de se relacionarem com a sociedade. Com isso, reivindicam — de
diversas maneiras e em variadas esferas sociais — o diálogo com o Estado, buscando caminhos e alternativas
para um convívio socialmente mais justo e menos preconceituoso.
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Agora que entendemos melhor sobre os indígenas, o tópico a seguir será dedicado ao estudo da presença dos
negros africanos no Brasil e sua contribuição para a formação de nossa cultura.
2.4 O negro na formação da cultura brasileira
Podemosdizerqueo éumgrupo demaior na dasociedadenegro étnico importância formação brasileira,principalmente
devidoaquantidadede e queimprimeemnosso Sua emnossosmarcasculturais genéticas povo. presençaestá traçosfísico
enosmais e alémdasinfluênciasna nas e As variadoshábitos costumes, religiosidade, expressõesmateriais culturais. con
do ànossa é etribuição negro cultura rica,relevante duradoura.
Apesardo e de a no não elongo violentoprocesso aculturação, culturaafricana Brasil foidestruída,persistindo transfor
anossamando própriacultura.
As eorias aciaisqueen endiamohomemb an oociden al omo superio es ,em om a a ãoaosn ti os" ár a os ,t r t r c t c " r " c p r ç a v b b r "
l gitimamasin e en ões oloniaispor ar e dos nas ena Na oe t rv ç c p t conquistadoreseuropeus Américas África. Europa, tráfic
de já uma desdeoséculo sendoqueosportugueses,por umo escravos era realidade XV, exemplo,desenvolveram estreito
de na que se por a dacomércio escravos CostaD’Ouro, logo estendeu toda CostaOcidental África.
O de dosséculosXVIIaoXIX.Ele ademanda pormãode comérciotransatlântico escravos vigorou atendia crescente ob
em do emampliara de e em afimderabarata, razão interesse produção açúcar,café,algodão tabaco territóriocolonial, abas
o Nas jánãohaviammaistecer crescenteconsumoeuropeu. própriascolônias nativos suficientesparadarcontadotrabal
ho,alémdosconstanteseintensosconflitos,fazendocomquemuitosnativosfossemdizimadoseatingidospelasdoenças
trazidaspeloseuropeus.
A do a demãode eà oexploração territóriobrasileirodemandava presença obraativa,permanente baixocustopara desenv
do nos ssi noséculoXVI,a do deuma doolvimento trabalho campos.A m, partir estabelecimento aristocraciarural açúcar,
inicia-seo de o Com que, ofimdo de atráficoconstante negrospara país. isso,estima-se até tráficolegal, três quatro
milhõesde do ao doque se essas nãoescravosforamtrazidos continenteafricano.Contudo, contrário muito fala, pessoas v
deum sem sem ouieram continentedesorganizado,primitivo, cultura, tradição passado.Elaspossuíamtudoisso.
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Figura 6 - Diversas etnias formam o povo africano Fonte: Stanislaw Tokarski, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de uma aldeia de um povo africano. Na imagem, há crianças e
adultos, alguns sentados na frente de uma casa e outros em pé e sentados perto de uma árvore. Eles estão
vestindo roupas que são características do povo africano.
Cadaumdos possuíasingularidadesqueos unsdos demodoqueos dapovosafricanos distinguiam outros, povos ÁfricaO
uma aomesmo emque ecidentalconviviamcom grandediversidadeétnica, tempo desenvolveramtradições religiõesco
muns,partilhandoculturasdiferenciadas.
Antropólogose dois gruposde ao oshistoriadoresidentificam grandes africanosaportados Brasilcomoescravos: bantos
eossudaneses.
O nãoé um ouumgrupo mas,sim,um ouseja,banto exatamente povo étnicoespecífico, troncolinguístico,
umalínguaquedeu a línguas asquais um deorigem diversasoutras africanas, abarcam grandecomplexo povoscomcarac
e Mancuas, eCabinda osgruposterísticaslinguísticas culturaissemelhantes. Angicos,Congos estãoentre bantostrazido
ao Essesgrupos seutipode socialnosquilombosenos des Brasil. reproduziram organização influenciaram váriasformas
a de a as e o o o o o olundueo: capoeira angola, congada, danças cerimônias, cateretê, caxambu, batuque, samba, jongo, mar
são dos Noportuguês,amaioriadas alav asafri anassãodeori em an , omo den osacatu legados povosbantos. p r c g b to c “ g o”
, sambi , “xin amen ”e“molequ .“ sta” g to e”
Jáquandose emsudanesesdo na dos efala Brasilcolonial, realidade,trata-se povoscomestreitasrelaçõesculturais comer
sina do doBenin.Apesardeaindaser éum pelosciaisentre região Golfo utilizado,“sudenes” termogenéricoutilizado ár
e os queviviamna sub-saarianadesdeaIdadeMédiaabes ocidentaisparaidentificar povos África até
oiníciodoséculoXX.Na sub-saariana os osMalês,osÁfrica existiamdiversasnaçõesetniasdiferentes,como Yoruba, N
os osJejes osMinas,os osGurunsis(sudaneses eosagôs, Oyó, (povosDaomeanos), Fulanis, islamizados) Ifonyin.
EntreosséculosXVIIIeXIX, de do doBeninno naBahia,chegarammilhares habitantes Golfo Brasil,especialmente
onde a de grupos de ssi apassaram predominarnumericamentesobreescravos outros étnicos origembanto.A m, presença
no de chamadosdesudanesesse aessa deBrasil escravosgenericamente refere mistura etnias.
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A da éuma de e Ouseja,umahistória escravidão narrativa tragédias,conflitos,descaso,preconceitos injustiças. ferida
queo osdiasdehoje. Brasil carrega aberta até
Antesdas na doséculoXIX,os já àcampanhasabolicionistas virada negros reagiam escravidão.Fugas
individuaisouemmassae do Alémagressõescontrasenhoresfaziamparte cenário. disso,muitosescravosresistiamcom
suicídiose as uma deabortos.Poroutrolado, manifestaçõesculturaistambémcaracterizavam forma resistência:at
 e a assim as ea dosividades musicais;lutas danças,principalmente capoeira; como comidas associação orixáscomsanto
de algunsdosvínculose descatólicoseramformas preservar costumes origemafricana.
SegundoGomeseDomengues(2014, 59),na mesmo da os ea aop. regiãosudeste, antes abolição, conflitos resistência
de de na que,na de1880etrabalhoescravoeraintenso:“Aformação comunidades senzalas regiãopropiciou década
à de à ede esi ênciaao ont oledot aposteriormente abolição,surgisseformascomplexas protestos escravidão r st c r r b
alhopor a endei .f z ro”
AofimdoséculoXIX,a ao dasociedadecampanhaabolicionistachega Brasil,mobilizandodiversossetores brasileira,
sendoqueonosso o ltimoaabolira No apósa da apaísfoi ú escravidão. entanto, assinatura LeiÁurea, populaçãonegrafoi
à sema de quea auma noabandonada própriasorte, realização reformas integrassemsocialmente novarealidade,baseada
Você quer ler?
Bantos, Malês e Identidade Negra, de Nei Lopes, aborda a importância e a riqueza das 
culturas dos povos bantos e malês (sudaneses) na cultura brasileira. O autor nos 
apresenta um novo ângulo da história da formação do Brasil, calcado nas manifestações 
da cultura afro-brasileira e suas matrizes africanas. Vale a pena ler a obra e se inteirar 
sobre o assunto!
Você sabia?
Uma das formas de resistência do povo negro era a formação de quilombos. O termo 
“quilombo” vem do kimbundu, uma língua africana banto que significa “grupo de 
pessoas em deslocamento”. No Brasil colônia, os quilombos eram as comunidades 
criadas pelos escravos fugidos. Eles reproduziam a organização social das aldeias 
africanas: havia um líder, existiam divisões de tarefas e todos trabalhavam. Nos 
quilombos, as pessoas viviam da agricultura de subsistência e da pesca, podendo praticar 
livremente seus cultos religiosos. O quilombo mais famoso foi o de Palmares, cujo 
principal líder foi Zumbi. O quilombo dos Palmares existiu por quase 100 anos, sendo 
considerado um dos maiores símbolos da resistência dos escravos no Brasil colonial.
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De (1978, 15),“Os da pelatrabalhoassalariado. acordocomFernandes p. senhoresforameximidos responsabilidade
e dos semqueo a ouqualquer assumissemanutenção segurança libertos, Estado, Igreja outrainstituição encargos
especiais,quepor on o gimedeo ani a ãodavidaedot a alh . ssim,semmotivessem objetoprepará-lospara ov re rg z ç r b o” A r
adia,sem esem do os nãotinham no social.condiçõeseconômicas assistência Estado, negroslibertos espaço cenário
Elessofriam e Além a maioria a em depreconceito discriminaçãoracial. disso, grande passou viver habitações
péssimas e sem de em à condições emprego,sobrevivendo trabalhosinformais,muitasvezes condiçõesanálogas escr
avidão.
Na ainfluênciados nasociedade é uma quese emquaserealidade, povosnegros brasileira imensurável, vez encontra todo
os da Na por o o a o os aspectos culturabrasileira. alimentação, exemplo,temos vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá, carur
oquiaboeochuchu.János podemos as o de eo dedendê.Nou, temperosutilizados, citar pimentas, leite coco azeite aspecto
o a a eo Na porsua o o oreligioso,temos candomblé, umbanda, quimbanda catimbó. música, vez, samba, jongo, maracatu
ea sãoos maiscongada exemplos destacados.
Figura 7 - O acarajé é um exemplo de herança africana em nossa culinária Fonte: Vinicius Tupinamba, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de um prato culinário chamado de acarajé.
Hoje,o ainda oseu eo aindaéum no A de negro lutapara reconhecimento, racismo problema país. falta representat
 nas e namídia esse emfilmese por as sãoquaseividade artes contribui para cenário: novelas, exemplo, pessoasnegras s
em ou ao eàviolência.emprerepresentadas posiçõessubalternas comassociação tráfico
A melhor essa umseguir,vamosentender sobre representatividadecom caso.
Você quer ler?
No clássico da literatura brasileira , de Aluísio de Azevedo, temos exposto um O Cortiço
retrato do Rio de Janeiro no final do século XIX, na época da abolição da escravidão. No 
livro, a cultura popular é retratada com personagens negros, comida típicas, música, 
dança, gírias e elementos cujas origens estão na tradição africana.
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Estatisticamente,temos,também,queo do nas ébem àdos mesmo aingresso negro universidades inferior brancos, com p
de Apesardos noquese a a daigualdade o aindaolítica cotasraciais. avanços refere políticaspara promoção racial, Brasil 
um de pelasdesigualdades pelos emnossasociedadeenotem longocaminho reparação estruturaisenfrentadas negros c
aoombate racismo.
Estudo de Caso
Mariella é uma antropóloga cujos tios e avós vivem em uma comunidade agrícola pobre 
no interior de Minas Gerais. Mariella ouviu de seus bisavós e de outros idosos da 
comunidade muitas histórias sobre seus antepassados, que viveram naquelas terras e 
eram escravos. Isso, na percepção da antropóloga, traz os traços de um possível 
quilombo. Mariella, então, decide pesquisar melhor sobre a comunidade.
A pesquisa começa com o levantamento de documentação sobre o registro de escravos 
fugidos e a existência de quilombos na região. Isso porque, no Brasil colônia, as 
autoridades denominavam qualquer grupo com mais de cinco pessoas negras que 
estivessem reunidas em lugares em que indicava autonomia de subsistência, e, 
principalmente, quando essas pessoas não pudessem comprovar que estavam livres.
Os estudos de Marielle também incluíram entrevistas com os residentes da comunidade, 
a fim de resgatar as memórias, as tradições orais e os costumes dos escravos locais. 
Mariella também consegue identificar um antigo pilão de pedra e reunir outros objetos e 
ferramentas que datam do início do século XIX.
A partir dos resultados de sua pesquisa antropológica, Mariella conseguiu solicitar que 
as autoridades reconhecem as terras que sua família habita como um patrimônio cultural 
imaterial, pois, com a Constituição de 1988, os quilombos ganharam o direito à 
propriedade e ao uso da terra em que estavam. Além disso, desde de 2000, muitos 
quilombos são tombados como patrimônio cultural para manter viva a história e a 
memória da resistência à escravidão no Brasil.
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Conclusão
Vocêconcluiuo dos ea Com aoportunidadedesegundocapítulo estudosantropológicos culturabrasileira. isso,teve apre
memóriasocial, eum da dos edosíndiosemnossandersobrepatrimôniocultural, raça,etnia pouco contribuição negros
cultura.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• identificar as relações entre memória social e a criação e preservação de patrimônios culturais;
• compreender as diferenças entre os conceitos de raça e etnia;
• conhecer melhor o contexto histórico da presença das culturas negras e indígenas na formação da 
cultura brasileira.
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Referências
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	Introdução
	2.1 Patrimônio cultural e memória social
	2.2 Raça e etnia
	Séculos XVI e XVII
	Século XVIII
	Século XIX
	2.3 O índio na formação da cultura brasileira
	2.4 O negro na formação da cultura brasileira
	Conclusão
	Referências

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