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Transistor Bipolar de Junção (TBJ) 1 – Princípio de Funcionamento Quando se tem um sistema eletrônico, em muitos momentos, se deseja controlar a passagem ou não do fluxo de elétrons, corrente elétrica, sem necessariamente mexer no circuito em que este fluxo de corrente ocorre. Como exemplo mais simples, podemos ver a operação de uma torneira de água. Se tamparmos com o dedo a ponta onde a água sai da torneira, conseguimos controlar a saída mas isso altera vários parâmetros como pressão do fluido. Para isto uma manopla é utilizada para que seja possível aumentar ou diminuir o fluxo de água sem mudar o tamanho do canal de saída da água. Mas o diodo semicondutor não possui um terceiro pino sendo apenas uma válvula unidirecional em que permite o fluxo de corrente em apenas um sentido (polarização direta). Desta forma foi feito um arranjo de materiais dopados de forma a termos 3 pinos, dois de (entrada e saída) e um de controle. Neste componente teremos duas junções pn formando dois diodos que irão trabalhar em conjunto e que dependendo da forma que forem polarizados, irão operar em 3 principais modos de operação, podendo ser usados como chave, ou como uma fonte de corrente controlada por corrente que terá a capacidade de amplificar o sinal de entrada. Figura 1 - Modelo interno do TBJ Como pode ser visto na figura acima, existem dois diodos que estão opostamente posicionados um para o outro e este arranjo faz com que, dependendo do nível de tensão colocado em seus terminais, estes estarão polarizados diretamente ou inversamente. A ponta destes diodos são os terminais do TBJ e possuem o nome de Base (B), Coletor (C) e Emissor (E). a tensão aplicada sobre estes terminais chamamos de tensão de base ��, tensão de coletor �� e tensão de emissor ��. A tabela abaixo demonstra como as diferentes configurações de tensão entre os terminais do TBJ posiciona este componente em diferentes modos de operação – atenção, a tabela abaixo demostra o os modos de operação para um TBJ npn, sendo o pnp o oposto do que esta tabela demonstra. Tabela 1 - Configuração de tensões do TBJ e modos de operação Configuração de tensões nos terminais Polarização do diodo BC Polarização do diodo BE Modo de operação �� < �� > �� DIRETA DIRETA Chaveamento Saturação �� > �� < �� INVERSA INVERSA Chaveamento Corte �� > �� > �� INVERSA DIRETA Amplificação Linear �� < �� < �� DIRETA INVERSA N/A Nos modos de operação em chaveamento, teremos dois circuitos que serão totalmente independentes entre si, sendo o corte, o momento em que o TBJ não deixa fluir corrente entre os terminais de coletor e emissor, se comportando como uma chave aberta. Na região de saturação, ele irá permitir uma passagem de corrente, como se houvesse dois circuitos, um entre base e emissor e outro entre o coletor e o emissor. Estes circuitos serão compostos por circuitos em série com diodos substituído as ligações entre base emissor e a ligação entre coletor e emissor. Figura 2 - Modelo do TBJ atuando em saturação Quando o diodo base coletor está polarizado inversamente e o diodo base emissor está polarizado diretamente, o TBJ apresenta um modelo de controle linear da corrente que flui entre os terminais de coletor e emissor. Este controle se dará em função da corrente de base, que em geral é muito pequena, mas sofre uma amplificação muito grande ao se tornar uma corrente de coletor. Figura 3 - Modelo para região linear, a - TBJ pnp, b - TBJ npn Observando a figura 3a que é o modelo para um TBJ npn, vemos que existe um circuito a esquerda referente a junção base emissor que será semelhante ao modelo de saturação onde teremos um diodo substituindo a base e o emissor, este diodo estará polarizado diretamente, fazendo com que haja um circuito série como o diodo Vbe e os resistores de base e emissor quando existirem. Já no ramo entre o coletor e o emissor teremos uma fonte de corrente controlado por corrente e esta fonte de corrente terá a expressão linear: � = ��� Onde: � – Corrente de coletor; �� – Corrente de base; � – Fator de transformação entre corrente de base e corrente de coletor, este parâmetro é construtivo e encontrado nos manuais dos TBJ como Hfe. No emissor, podemos observar que existe um no, onde chegam as correntes de base e de coletor (ou saem caso o TBJ seja um pnp). Devido a Lei de Kirchoff da correntes podemos determinar que a corrente de emissor será: � = �� + � Desta forma podemos equacionar esta corrente em termos apenas da corrente de base ou da corrente de coletor sendo respectivamente: � = �� + ��� Assim: � = ���1 + �� Para � : � = � � + � � = � �1 + �� � = �� Onde: � = 1 + �� Porém, quando observamos o circuito com o TBJ, inicialmente não conseguimos determinar diretamente o modo de operação em que ele está operando, sendo necessário primeiramente determinar para saber qual modelo correto o TBJ está operando para após encontrar suas tensões e corrente. Como o único modelo que possui uma dependência de correntes é o modelo linear, iniciamos supondo que o TBJ está em modo linear e substituímos este modelo no circuito para achar as tensões e correntes e após verificar se nossas suposições estão corretas. Por fim, calculamos tudo no modelo correto, que já estará calculado no caso do modelo linear. Vamos ao passo a passo destes cálculos como o circuito abaixo: Passo 1 – Substituímos o TBJ pelo seu modelo linear: Passo 2 – Isolamos o circuito base emissor (superposição) para calcular a corrente de base, pois este circuito é composto apenas por um circuito série com resistores e diodos. Desta forma podemos calcular a corrente �� como a corrente que circula por este ramo, sendo: �� = ��� � �� �� = 2 � 0,7 10� = 0,13�� = 130�� Passo 3 – De posse da corrente de base podemos calcular a corrente de coletor dado que estamos “trabalhando na região linear”; � = ��� = 200 ∗ 130� = 26�� Passo 4 – Voltando ao modelo linear agora podemos determinar as tensões do circuito para saber se nossa suposição está correta: A tensão �� pode ser calculada como: �� = ��� � �"� = 2 � �130� ∗ 10�� = 2 � 13,6�� = 1,98� A tensão � será: � = � � �"� = 10 � �26� ∗ 1�� = 10 � 26� = �16� Passo 5 – Fazer a comparação das tensões de acordo com a tabela de modos de operação. Podemos ver que: � ��16�� < ���1,98�� > � �0�� Assim o modelo linear não está correto sendo o modelo correto o modelo de saturação onde ambos os transistores estão polarizados diretamente. Passo 6 – Adequar o modelo correto e calcular novamente os parâmetros. Assim vemos que o lado da malha base emissor permanece a mesma, onde teremos uma corrente de base �� = 130�� e �� = 1,98�, já a malha de coletor emissor teremos, no modelo de saturação, um circuito semelhante ao circuito de base emissor, porém com coletor e emissor. Assim iremos calcular este circuito série onde teremos: � = � � � � = 10 � 0,7 1� = 9,3�� A tensão de coletor será: � = � � �"� = 10 � �9,3� ∗ 1�� = 10 � 9,3 = 0,7� Se fizermos novamente a comparação das tensões temos que: � �0,7� < ���1,98� > � �0�� Vale ressaltar que mesmo após a substituição do modelo correto, o perfil de tensões não se altera, confirmando o modelo em saturação. Exercício de revisão: Dado o circuito de exemplo, substitua o valor do resistor de base de 1kohms por um de 50kohms e veja se o modo de operação se altera para o modelo linear. 2 – Ponto de Operação Como vimos anteriormente, o TBJ possui três modos de operação (corte, saturação e linear) e estes modos de operação dependem das tensões aplicadas em seus terminais que fará com que seus diodos internos (junções pn) se comportem de modo específico a nos trazer estes pontos de operação. Um modo de operação em especial merece nossa atenção pois pormeio dele iremos conseguir a nossa amplificação de pequenos sinais. Para tal devemos conhecer algumas curvas características do TBJ para entendermos melhor o seu funcionamento e quais parâmetros devemos levar em conta para que sua operação esteja sempre dentro daquilo que desejamos para que não cause nenhuma distorção no sinal quando este componente estiver operando como amplificador. A primeira curva é a relação entre �%& e �%. Como sabemos, esta junção pn irá formar um diodo que em modo de operação na região linear deverá estar polarizado diretamente. Assim sendo, a curva de tensão e corrente citada anteriormente será semelhante a curva de um diodo semicondutor polarizado diretamente. Repare que conforme variamos a tensão ��&, o ponto em que polarizamos diretamente o transistor irá mudar para mais ou menos. Outra curva importante é a relação entre a tensão ��& e ��. Por meio desta curva iremos visualizar os parâmetros de corrente, tensão e potência máxima de operação do transistor e também com ela iremos marcar o ponto em que queremos operar o TBJ de forma a não distorcer o sinal de entrada que será aplicado ao terminal de base fazendo com que ocorram variações em �%&. A linhas pontilhadas demarcam os limites operacionais do TBJ. A linha tracejada superior determina a máxima corrente de coletor. A tracejada vertical mais a direita das curvas demarca a máxima tensão entre coletor e emissor. Já a linha tracejada curva ao centro do gráfico demarca o máximo de potência que o TBJ pode operar. Abaixo da primeira curva (parte inferior do gráfico) temos a região de corte do transistor. A região azul mais à esquerda do gráfico, entre o eixo vertical �� e as curvas do transistor representam a região de saturação. Cada linha azul representa a relação entre ��& e �� para cada �% aplicado. Reparem que a região central da curva estas linhas se tornam cada vez mais horizontais, sendo uma região de operação linear e previsível, onde mesmo quando há variações de ��& não haverá variação de �� com este parâmetro, ou seja, �� varia apenas em relação a �%, por exemplo o ponto B. No ponto A temos o transistor sem polarização, não é um ponto bom de operação pois pode gerar distorção do sinal devido ao sinal poder estar trabalhando em corte ou em saturação. O ponto D está muito próximo a região de máxima tensão e potência o que pode gerar também distorção do sinal e danos ao componente. O ponto C etá muito próximo aos limites inferiores de corte, o que pode, dependendo do sinal, gerar distorção deste. Assim, a melhor região de operação neste gráfico é em torno do ponto B onde teremos o máximo de excursão do sinal dada as variações de corrente de base sem distorcer o sinal. Ao colocarmos um gráfico ao lado do outro vemos que a representação de variações de �% irão repercutir diretamente nos valores de �� e na região linear, estes valores não depende de ��&, por isso, devemos centrar nossa polarização sempre em um ponto onde consigamos a máxima excursão do sinal de entrada, este ponto é chamado de ponto quiescente ou Ponto Q e para isso devemos realizar a polarização do TBJ. Devemos sempre também ter em mente, para encontrar o ponto Q a reta de carga do nosso circuito com TBJ conforme a seguir. 3 – Polarização do TBJ A polarização do TBJ é um importante fator para que consigamos manter o TBJ na faixa de operação linear e para isso utilizamos alguns circuitos que irão, além de manter o TBJ na região de operação desejada, minimizar os efeitos de temperatura e de variações de Beta as quais os TBJ estão sujeitos além de podermos utilizar apenas uma fonte de alimentação. Um dos principais, mais fáceis e mais utilizado circuitos de polarização é o por divisor de tensão. Figura 4 - Circuito polarização por divisor de tensão Neste circuito a tensão �� será dada pelo circuito divisor de tensão formado pela fonte, e os resistores �' e �(. Para podermos achar o modelo linear conforme vimos anteriormente, podemos adquirir um equivalente thevenin do divisor de tensão, fazendo com que ele se assemelhe aos modelos com duas fontes. Assim: Figura 5 - Modelo Thevenin do circuito divisor de tensão Onde: �)* = � ∗ � �'�' + �(� E �)* = �'//�( = �'�(�' + �( Podemos então aplica a lei da tensão das malhas no circuito base emissor – linha tracejada vermelha. �)* � ���)* � �� � � � = 0 Sabendo que: �� = � 1 + � Podemos substituir na equação para retirarmos ��: �)* � � 1 + � �)* � �� � � � = 0 Colocando a equação em termos de � , teremos: � = �)* � �� � + � �)*1 + �� Sendo �)* – A resistência percebida pela base ��; � = �)* � �� � + � ��1 + �� O primeiro ponto importante que observamos na equação acima é que, o valor de �, se torna menos importante para este circuito, assim se houver uma variação de beta, seja por qual motivo for, como por exemplo troca dos componentes por outro semelhante, porém que tenha valores de beta diferentes, não irá causar grande interferência nos valores de � , consequentemente nos valores de polarização ��. Porém isto pode ser potencializado se se fizermos a resistência de emissor ser muito maior que a resistência de thevenin do circuito equivalente. Para garantirmos isto, devemos fazer com que: � < �, < 0,1� Onde �, é a corrente que circula pelos resistores do divisor de tensão. Quando olhamos para o numerador da equação vemos que existe a tensão �� , esta tensão é dada pelo diodo entre base e emissor que estará polarizado diretamente. Conforme vimos em nossos estudos de diodos, estes componentes possuem uma variação de corrente de acordo com sua temperatura de operação. Este fato pode causar variações na polarização devido a aumentos ou diminuições de temperatura no componente. Para mitigar este fato devemos fazer com que a tensão de thevenin do circuito divisor seja muito maior que a tensão �� . Em termos práticos devemos fazer com que a tensão de thevenin seja: �)* = 13� Desta forma garantimos que a tensão no divisor seja grande o suficiente para que variações de �� se tornem insignificantes ao circuito. Vamos a um exemplo: Considere o circuito abaixo que possui um TBJ BC549A que possui o valor de beta igual a 180 e �� = 0,66� Pede-se para calcular os resistores de polarização e de emissor. Primeiramente vamos fazer com que �)* ≫ �� , assim: �� = �)* = 13� = 9 3 = 3� Sendo assim podemos calcular � � = �� � �� = 3 � 0,66 = 2,34� Assim podemos calcular � � = � � = 2,34 1,5� = 1,56�0ℎ�2 Para que haja uma boa estabilidade a variações de beta, fazemos com que: �"' = 0,1� = 0,1 ∗ 1,5� = 0,15�� Se pegarmos apenas o ramo do divisor de tensão e equacionarmos conforme a LKT, teremos: Assim: � � �'�"' � �(��"' � ��� = 0 Como a corrente de base será muito pequena dado que (�� = 3�'45 = ',67 '8' = 8,3��) podemos desprezá-la, assim teremos: � � �'�"' � �(�"' = 0 Assim teremos que: �1 + �2 = � �"' = 9 0,15� = 60�0ℎ�2 Pela fórmula do divisor de tensão temos que: �� = � � �'�' + �(� = 3� Assim �' = 20�0ℎ�2 e �( = 40�0ℎ�2 Assim após nossas aproximações devemos conferir se alcançamos os nossos parâmetros, assim: � = �)* � �� � + � ��1 + �� � = 3 � 0,66 1,56� + �20�//40�1 + 180 � = 1,43�� Vemos que houve uma pequena variação, mas que ficamos bem próximos ao nosso valor de corrente de emissor desejado. Exercício Dado o mesmo circuito anterior, repita a operação para uma corrente de emissor igual a 2mA, substituía a fonte de alimentação para 12V.
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