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CIÊNCIAS SOCIAIS E CIÊNCIAS MÉDICAS Ciências sociais são uma ampla área de estudos voltada a entender a forma de funcionamento, desenvolvimento e organização das sociedades. Nas ciências sociais são estudados todos os aspectos importantes relacionados a uma sociedade: suas origens, processos históricos, funcionamento, aspectos de desenvolvimento, transformações sociais, conflitos, características culturais e hábitos. Ciências médicas é o campo que desenvolve estudos relacionados a saúde, vida e doença. Ciências Médicas e Medicina portanto, são duas nomenclaturas do curso que forma o bacharel em Medicina. O ensino das Ciências Sociais ampliou-se ao longo das três últimas décadas, dado o interesse por seus conteúdos na formação de profissionais de saúde. CIÊNCIAS SOCIAIS NA SAÚDE As Ciências Sociais na educação médica é um estudo que interessa a cientistas sociais e sanitaristas, mas também a médicos, professores e a todos os profissionais da área de saúde. Nas palavras de Barros, LINHA DO TEMPO As ciências sociais desenvolveram métodos de investigação e novos conhecimentos que permitiram uma convergência de seu trabalho com a psiquiatria e as profissões de saúde como um todo. A vida social de indivíduos e grupos humanos. SAÚDE E SEUS CONFLITOS SOCIAIS O conflito entre saúde pública e medicina e entre os enfoques biológico e social do processo saúde – doença estiveram no centro do debate sobre a configuração desse novo campo de conhecimento, de prática e de educação. O conceito de saúde públicaorientada ao controle de doenças específicas, fundamentada no conhecimento científico baseado na bacteriologia e o foco da saúde pública, que passa a distanciar- se das questões políticas e dos esforços por reformas sociais e sanitárias de caráter mais amplo. A definição de saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade, inserida na Constituição da OMS no momento de sua fundação, em 1948, é uma clara expressão de uma concepção bastante ampla da saúde, para além de um enfoque centrado na doença. Entretanto, na década de 50, com o sucesso da erradicação da varíola, há uma ênfase nas campanhas de combate a doenças específicas, com a aplicação de tecnologias de prevenção ou cura. Na década de 80, o predomínio do enfoque da saúde como um bem privado desloca novamente o pêndulo para uma concepção centrada na assistência médica individual, a qual, na década seguinte, com o debate sobre as Metas do Milênio, novamente dá lugar a uma ênfase nos determinantes sociais que se afirma com a criação da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde da OMS, em 2005. DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE A comissão homônima da Organização Mundial da Saúde (OMS) adota uma definição mais curta, segundo a qual os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. METAS DO MILÊNIO Os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são: 1 - Acabar com a fome e miséria; 2 - Educação básica de qualidade para todos; 3 - Igualdade entre sexos e valorização da mulher; 4 - Reduzir a mortalidade infantil; 5 - Melhorar a saúde das gestantes; 6 - Combate a aids, malária e outras doenças; 7 - Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente 8 - Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. SOCIEDADE E SAÚDE As relações entre determinantes sociais e saúde consiste em estabelecer uma hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais de natureza social, econômica, política e as mediações através das quais esses fatores incidem sobre a situação de saúde de grupos e pessoas. As diferenças de renda influenciam a saúde pela escassez de recursos dos indivíduos e pela ausência de investimentos em infraestrutura comunitária (educação, transporte, saneamento, habitação, serviços de saúde etc.), decorrentes de processos econômicos e de decisões políticas. Esse avanço é particularmente marcante no estudo das iniquidades em saúde, ou seja, daquelas desigualdades de saúde entre grupos populacionais que, além de sistemáticas e relevantes, são também evitáveis, injustas e desnecessárias (WHITEHEAD, 2000). Segundo Nancy Adler (2006), podemos identificar três gerações de estudos sobre as iniquidades em saúde. INIQUIDADE: AQUILO QUE É INJUSTO A primeira geração se dedicou a descrever as relações entre pobreza e saúde; A segunda, a descrever os gradientes de saúde de acordo com vários critérios de estratificação socioeconômica; E a terceira e atual geração está dedicada principalmente aos estudos dos mecanismos de produção das iniquidades. CLASSES SOCIAIS NO BRASIL Países com frágeis laços de coesão social, ocasionados pelas iniquidades de renda, são os que menos investem em capital humano e em redes de apoio social, fundamentais para a promoção e proteção da saúde individual e coletiva. Esses estudos também procuram mostrar por que não são as sociedades mais ricas as que possuem melhores níveis de saúde, mas as que são mais igualitárias e com alta coesão social. GLOBALIZAÇÃO O processo de globalização é um fenômeno do modelo econômico capitalista, o qual consiste na mundialização do espaço geográfico por meio da interligação econômica, política, social e cultural em âmbito planetário. Porém, esse processo ocorre em diferentes escalas e possui consequências distintas entre os países, sendo as nações ricas as principais beneficiadas pela globalização, pois, entre outros fatores, elas expandem seu mercado consumidor por intermédio de suas empresas transnacionais. QUALIDADE DE VIDA Suas principais características, assim como a influência da globalização sobre a pobreza e as condições de saúde, e sobre as condições de vida em geral foram analisadas por Buss (2006). A noção de responsabilidade social e a ética profissional, cada vez mais presente nas escolas médicas, têm dado maior importância aos contextos sociais, às comunidades locais, estimulando o trabalho em equipe e a desmistificação da profissão como benevolência. Já que a promoção a Saúde é parte importante do processo. A falta de compreensão dos processos saúde doença e de sua complexidade, que podem ter resultados negativos como erros médicos e intervenções desnecessárias. Tal fato decorre de um reducionismo inerente ao modelo biomédico que se reflete na assistência e no cuidado, uma vez que valoriza o cuidado individual em um campo que demanda interação. É particularmente relevante no contexto do SUS, onde os princípios, dentre outros, são a integralidade e a universalidade. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem; NO BRASIL A Constituição federal proíbe penas de morte e crueldade. Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, decor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. O VALOR DA VIDA Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. DOS DIREITOS SOCIAIS Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; DIREITOS DA SAÚDE Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE Por humanização na saúde entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. A POLÍTICA NACIONAL DE ÉTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO A proposta da Política Nacional de Humanização (PNH) coincide com os próprios princípios do SUS, enfatizando a necessidade de assegurar atenção integral à população e estratégias de ampliar a condição de direitos e de cidadania das pessoas. Propondo uma atuação que leve à “ampliação da garantia de direitos e o aprimoramento da vida em sociedade”. Ministério da Saúde/Política Nacional de Humanização. Relatório Final da Oficina HumanizaSUS. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. A IMPORTÂNCIA A constituição de um atendimento calcado em princípios como a integralidade da assistência, a eqüidade e a participação social do usuário, dentre outros, demanda criação de espaços de trabalho que valorizem a dignidade do trabalhador e do usuário. Na possibilidade de resgate do humano, é que pode residir a intenção de humanizar o fazer em saúde. MEDICINA E HUMANIZAÇÃO Reconhecer e aceitar os sentimentos envolvidos com as doenças e agravos; • Acolher; • Olhar; • Escutar; • Conversar e esclarecer; • Reconhecer os limites. RELAÇÃO MÉDICO -PACIENTE A relação médico- paciente tem sido focalizada como um aspecto chave para a melhoria da qualidade do serviço de saúde e desdobra -se em diversos componentes, como a personalização da assistência, humanização do atendimento e o direito à informação. • Médico ativo/paciente passivo • Médico dirigindo/ paciente colaborando • Médico agindo/ paciente interagindo ativamente • (aliança terapêutica) O novo Código de Ética Médica (2010), tem como um dos pontos principais, instituir uma relação mais participativa e interativa entre médico e paciente. CEM (1988) CEM(2010) Este direito não estava definido claramente no código. (Cap.V) O paciente tem o direito de escolher como quer seguir o tratamento, desde que os procedimentos diagnósticos e terapêuticos sejam cientificamente reconhecidos. DESUMANIZAÇÃO COM O TRABALHADOR Cabe como desumanização ao trabalhador: • Demandas superiores a sua capacidade; • Poucas condições para atendimento: falta de medicamentos, falta de equipamento, falta de pessoal; • Atenção básica enfraquecida, necessitando de fortalecimento urgente; • Demora em exames complexos, em virtude da grande demanda; • Hospitais sem a resolutibilidade necessária, sobrecarregados, devido ao grande n° de pacientes; • Leitos insuficientes; • Grave crise de leitos hospitalares no Brasil; • Relações precárias de trabalho. A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE As OSs, OSCIP’s, Fundações Públicas de Direito Privado, Cooperativas Genéricas e Sociedades em Conta de Participação que abrigam diferentes tipos de trabalhadores, são formas institucionais que precarizam o trabalho do profissional de saúde e a prestação do serviço de saúde. FORMAS DA PRECARIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO Pagamento por RPA, sem qualquer vínculo ou direito; Falsas cooperativas de trabalho; Poder Público faz contratos emergenciais reiterados; Contratos por meio de fundações paraestatais para atividades fim do Estado; pode demitir a bem do interesse da instituição; escapa do controle social. Trabalho através de Cargos Comissionados (CCs). Sub-contratação direta. Exigência do tomador de trabalho para constituição de pessoa jurídica individual ou coletiva. OSCIP’S. AS CONDIÇÕES QUE AFETAM O TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Hoje, os Hospitais foram submetidos a um novo padrão de gestão: Sistema de Contratualização; Mesmo com a Aprovação da EC 29 continua existindo problemas de Sub-financiamento no SUS; A Municipalização e Regionalização da Saúde, onde as operações estão municipalizadas/regionalizadas, mas com recursos ainda centralizados na União (Gov. Federal); Neste contexto o médico é um dos lados mais fracos, porque com menos recursos e mais demandas é contra o médico que muitos se voltam. FLUXOS MIGRATÓRIOS O principal motivo para esses fluxos migratórios internacionais é o econômico, no qual as pessoas deixam seu país de origem visando à obtenção de emprego e melhores perspectivas de vida em outras nações. Pode decorrer de: • Aspectos e dimensões históricas da globalização: • Fatores políticos econômicos e culturais; TIPOS DE IMIGRAÇÃO Tipos de imigração (imigrantes, refugiados, asilados), com ênfase nos principais fluxos migratórios presentes no território brasileiro, bem como nas problemáticas em torno da legislação e do acesso dos imigrantes aos serviços de saúde. REFUGIADOS São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados. ASILADOS O mecanismo do asilo está associado a questões políticas particulares. O asilado, assim como o refugiado, é alguém perseguido em seu país de origem que se abriga em outro. Porém, a legislação e o processo são diferentes em cada um desses casos. EXILADO As definições presentes nos dicionários descrevem o exílio como uma expatriação forçada, uma deportação. Mesmo quando o exílio é voluntário, a associação com a expulsão está enraizada no vocábulo REFUGIADOS NO MUNDO A Síria foi o país que mais gerou refugiados no mundo. Cerca de 824.400 pessoas foram forçadas a fugir dos conflitos que assolam o país. As crises na África subsaariana também levarama novos deslocamentos. Quase 737.400 pessoas deixaram o Sudão do Sul para escapar de uma crise humanitária que cresceu consideravelmente em 2016. Burundi, Iraque, Nigéria e Eritréia também geraram grande número de refugiados. A Turquia recebeu o maior número de refugiados – um total de 2,9 milhões, vindos principalmente da Síria. O país também abriga cerca de 30.400 refugiados do Iraque. As crises na África subsaariana tendem a forçar as pessoas a fugir para os países vizinhos e, como resultado, esta região continua a acolher um número cada vez maior de refugiados do Sudão do Sul, Somália, Sudão, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Eritréia e Burundi. O Paquistão acolheu a segunda maior população de refugiados no final de 2016: 1,4 milhão de pessoas vindas principalmente do Afeganistão. Esse número diminuiu ligeiramente devido aos refugiados que regressaram para casa. Cerca de um milhão de refugiados buscaram segurança no Líbano e 979.400 no Irã. Uganda vivenciou um aumento dramático da população de refugiados que saltou de 477.200 no final de 2015 para 940.800 no final de 2016. Esta população era constituída por pessoas vindas principalmente do Sudão do Sul (68%), mas também contava com números significativos de pessoas vindas da República Democrática do Congo, Burundi, Somália e Ruanda. Na verdade, Uganda registrou o maior número de novos refugiados em 2016. O número de refugiados também aumentou na Etiópia, Jordânia e República Democrática do Congo. Na Alemanha, a população de refugiados mais do que duplicou em 2016 e chegou a 669.500 pessoas. O principal motivo para esse aumento foi o reconhecimento de solicitações de refúgio apresentadas em 2015 principalmente por sírios. REFUGIADOS NO BRASIL Segundo dados divulgados pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) na 6ª edição do relatório “Refúgio em Números”, ao final de 2020 havia 57.099 pessoas refugiadas reconhecidas pelo Brasil. A nacionalidade com maior número de pessoas refugiadas reconhecidas, entre 2011 e 2020, é a venezuelana (46.412), seguida dos sírios (3.594) e congoleses (1.050). Dentre os solicitantes da condição de refugiado, as nacionalidades mais representativas foram de venezuelanos (60%), haitianos (23%) e cubanos (5%). Tanto os homens (50,3%) como as mulheres (44,3%) reconhecidos como refugiados encontravam-se, predominantemente, na faixa de 25 a 39 anos de idade. ASILADOS NO BRASIL O direito de “buscar asilo” em outro Estado é garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Entretanto, a proteção concedida a estrangeiros é algo mais antigo do que se imagina, uma vez que tal direito já era reconhecido nas civilizações egípcia, grega e hebraica. Ao longo da história, podemos citar os pedidos de asilo político de Descartes nos Países Baixos, Voltaire na Inglaterra e Hobbes na França. Para um estrangeiro pedir asilo político ao governo brasileiro, o mesmo deve iniciar tal procedimento na Polícia Federal, onde serão coletadas todas as informações relativas aos motivos para o pedido. Posteriormente, o requerimento é avaliado pelo Ministro das Relações Exteriores, e, posteriormente, pelo Ministro da Justiça. Caso aceito, o asilado se compromete a seguir as leis brasileiras, além dos deveres que lhe forem impostos pelo Direito Internacional. Não se deve confundir asilo político com refúgio. Este último procedimento trata de fluxos maciços de populações deslocadas por razões de ameaças de vida ou liberdade. Já o asilo político é outorgado separadamente; caso a caso. EXILADO NO BRASIL Muitos autores utilizam o termo exilado como sinônimo de refugiado, pois analisam o movimento de um indivíduo que sai do seu país por sofrer ameaças de perseguição devido ás suas convicções políticas, pertencimento e características raciais e práticas religiosas como semelhantes àqueles critérios definidores da ACNUR (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) para a categoria de exilado. O exílio pode acontecer de forma imposta ou voluntária. O exílio forçado é conhecido popularmente como expatriação. Quando o individuo busca por exílio a partir de iniciativa própria, isto é, sem que haja alguma imposição legal ou jurídica que determine a sua saída, esse movimento é denominado de autoexílio ou exílio voluntário. A Anistia Internacional não faz distinção de um tipo de exílio para outro. Para a secretária Nacional de Justiça, Maria Hilda Marsiaj, a presença de imigrantes, solicitantes de refúgio e refugiados no Brasil traz desafios não somente para os formuladores e gestores das políticas públicas migratórias, mas também aos diversos atores da sociedade civil que cumprem papel histórico na acolhida de imigrantes e refugiados. “O conhecimento rigoroso da imigração, a partir de relatórios como hoje lançado, é ferramenta imprescindível para a formulação de políticas públicas e para a tomada de decisões de ações específicas que permitam a inserção e contribuição dos migrantes para o desenvolvimento do país”. Ela ressaltou, ainda, que o monitoramento estatístico, amparado para análise sociodemográfica e socioeconômica é tarefa do Estado e recomendação da comunidade internacional. LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. § 1º Para os fins desta Lei, considera-se: Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são assegurados: VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória; DIREITO A SAÚDE A despeito de a saúde ser um direito constitucionalmente garantido a todos e um dever do Estado, é necessário questionar se seu acesso universal e igualitário efetivamente alcança a população de estrangeiros residentes no Brasil. DIREITO A SAÚDE COM DIGNIDADE A situação vulnerável em que se encontram muitos destes migrantes, sejam eles documentados ou não, se agrava pelas desvantagens de não terem o conhecimento dos costumes e práticas legais brasileiras e da acessibilidade aos serviços sociais disponíveis, sem contar com as barreiras de linguagem e cultura. O acesso à saúde dos imigrantes, tendo em vista que os mesmos enfrentam diversas modificações e adaptações em seu modo de vida, o que pode resultar em alterações, também, no campo de sua saúde. Conforme o artigo 196 da Constituição, a saúde é direito de todos e dever do Estado, portanto, a universalidade é a garantia de acesso de toda a população aos serviços de saúde, em todos os níveis de assistência. Ou seja, todos devem ter acesso gratuito, não importando o sexo, idade, religião, raça, cor, origem ou nacionalidade. Quando se trata de saúde pública, é garantido que qualquer pessoa seja atendida, mesmo sem portar qualquer documento de identificação, como RG, CPF, RNE, cartão do SUS, entre outros. ( CF /88) NOSSA PARTICIPAÇÃO É necessária uma promoção da equidade de acesso à saúde, prevenção contra a discriminação, ampliação das políticas públicas, formação dos profissionais e oferta de serviços adaptados, abordando a temática das migrações como determinante social de saúde. MULTICULTURALISMO O multiculturalismo é a inter-relação de várias culturas em um mesmo ambiente. É um fenômeno social que pode ser relacionado com a globalização e as sociedades pós-modernas. O multiculturalismo também pode ser chamado de pluralismo cultural,é um conceito da sociologia aplicado aos estudos em ciências sociais. A ideia de um grupo multicultural pressupõe que os grupos culturais estariam interligados, em função do contato que as culturas têm entre si. MULTICULTURALISMO NO BRASIL O Multiculturalismo no Brasil é diretamente associado ao processo migratório desde a chegada dos portugueses em 1500. O Brasil se desenvolveu a partir de uma construção social entre os portugueses (europeus), os indígenas (povos originários) e os negros sequestrados e escravizados (de diversos territórios africanos). Ao longo dos séculos, o território brasileiro recebeu holandeses, franceses, espanhóis, italianos, japoneses, alemães e outros imigrantes, fazendo e transformando a cultura brasileira. A diversidade étnica dos próprios brasileiros é outra forte característica multicultural. As diferentes cores de pele, os diversos costumes compartilhados, diferentes de credos religiosos, tudo isso faz parte do conjunto multicultural. DIVERSIDADE CULTURAL Diversidade cultural são os vários aspectos que representam particularmente as diferentes culturas, como a linguagem, as tradições, a culinária, a religião, os costumes, o modelo de organização familiar, a política, entre outras características próprias de um grupo de seres humanos que habitam um determinado território. A diversidade cultural é um conceito criado para compreender os processos de diferenciação entre as várias culturas que existem ao redor do mundo. As múltiplas culturas formam a chamada identidade cultural dos indivíduos ou de uma sociedade; uma "marca" que personaliza e diferencia os membros de determinado lugar do restante da população mundial. A diversidade significa pluralidade, variedade e diferenciação, conceito que é considerado o oposto total da homogeneidade. Atualmente, devido ao processo de colonização e miscigenação cultural entre a maioria das nações do planeta, quase todos os países possuem a sua diversidade cultural, ou seja, um "pedacinho" das tradições e costumes de várias culturas diferentes. Algumas pessoas consideram a globalização um perigo para a preservação da diversidade cultural, pois acreditam na perda de costumes tradicionais e típicos de cada sociedade, dando lugar às características globais e "impessoais". O Brasil é um país incrivelmente rico em diversidade cultural, devido a sua extensão territorial e a pluralidade de colonizações e influências que sofreu ao longo do processo de construção da sociedade brasileira. As diferenças são bastante visíveis mesmo entre as diferentes regiões do país: norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul. • Nas regiões norte e nordeste, a predominância é das tradições indígenas e africanas, sincretizadas com os costumes dos povos europeus, que colonizaram o país. • Na região centro-oeste, onde predomina o Pantanal, existe ainda uma grande presença da diversidade cultural indígena, com forte influência da culinária mineira e paulista. • No sudeste e sul destacam-se costumes de origem europeia, com colônias portuguesas, germânicas, italianas e espanholas que, ainda hoje, mantêm a cultura típica de seus países de origem. RAÇA A raça é um conceito que obedece diversos parâmetros para classificar diferentes populações de uma mesma espécie biológica de acordo com suas características genéticas ou fenotípic as; é comum falar-se das raças de cães ou de outros animais. A antropologia, entre os séculos XVII e XX, usou igualmente várias classificações de grupos humanos no que é conhecido como "raças humanas" mas, desde que se utilizaram os métodos genéticos para estudar populações humanas, essas classificações e o próprio conceito de "raças humanas" deixaram de ser utilizados, persistindo o uso do termo apenas na política, quando se pede "igualdade racial" ou na legislação quando se fala em "preconceito de raça", como a lei no 12.2883 , de 20 de julho de 2010, que instituiu, no Brasil, o “Estatuto da Igualdade Racial”. Um conceito alternativo e sinônimo é o de "etnia". O vocábulo raça aparecia normalmente nos textos científicos (como os livros de geografia de Aroldo de Azevedo e a coleção "História das Raças Humanas", de Gilberto Galvão, que detalha todas as raças, com fotografias) até a década de 1970, quando começou a ser questionado como racismo, especialmente com o advento do politicamente correto na década de 1980. Do ponto de vista científico, como já demonstrou o Projeto Genoma, o conceito de raça não pode ser aplicado a seres humanos por não existirem genes raciais na nossa espécie; isso corrobora teses anteriores, que negavam a existência de isolamento genético dentre as populações. Assim, para a espécie humana "raça" corresponde a um conceito social, não a conceito científico. Uma pesquisa do IBGE, divulgada em 22 de julho de 2011, revelou que a maioria dos brasileiros acredita que a cor e a raça do indivíduo influenciam o trabalho e a vida cotidiana das pessoas. O termo "raça" ainda é aceito normalmente para designar as variedades de animais domésticos e animais de criação como o gado (nelore, gir e zebu). Abaixo discutem-se os conceitos biológicos de raça, várias definições históricas destes conceitos e um resumo da história e utilização das classificações de raças humanas. RAÇAS HUMANAS Já os egípcios classificavam os seres humanos com base na cor de pele: vermelho- egípcios, amarela- asiáticos, branca- populações do norte, preta- populações subsaarianas, etc. Vários investigadores demonstraram que a distância genética é fortemente associada à distância geográfica entre as populações, esta associação torna-se mais forte se tivermos em conta as migrações entre continentes ao longo de toda a história da humanidade. O conceito de raças humanas foi usado pelos regimes coloniais e pelo apartheid (na África do Sul), para perpetuar a submissão dos colonizados; atualmente, só nos Estados Unidos se usa uma classificação da sua população em raças, alegadamente para proteger os direitos das minorias. A definição de raças humanas é principalmente uma classificação de ordem social, onde a cor da pele e origem social ganham, graças a uma cultura racista, sentidos, valores e significados distintos. As diferenças mais comuns referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial e cranial, ancestralidade e, em algumas culturas, genética. O conceito de raça humana não se confunde com o de sub-espécie e com o de variedade, aplicados a outros seres vivos que não o homem(embora humanos e animais estejam exatamente sobre o mesmo tipo de seleção genética, apesar das pomposas fachadas pseudo-civilizatórias). Por seu caráter controverso (seu impacto na identidade social e política), o conceito de raça é questionado por alguns estudiosos como constructo social; entre os biológos, é um conceito com certo descrédito por não se conformar a normas taxonômicas aceites. Algumas vezes utiliza-se o termo raça para identificar um grupo cultural ou étnico-lingüístico, sem quaisquer relações com um padrão biológico. Nesse caso pode-se preferir o uso de termos como população, etnia, ou mesmo cultura. A primeira classificação dos homens em raças foi a "Nouvelle division de la terre par les différents espèces ou races qui l'habitent" ("Nova divisão da terra pelas diferentes espécies ou raças que a habitam") de François Bernier, publicada em 1684. No século XIX, vários naturalistas publicaram estudos sobre as "raças humanas", como Georges Cuvier, James Cowles Pritchard, Louis Agassiz, Charles Pickering e Johann Friedrich Blumenbach. Nessa época, as "raças humanas" distinguiam-se pela cor da pele, tipo facial (principalmente a forma dos lábios, olhos e nariz), perfil craniano e texturae cor do cabelo, mas considerava-se também que essas diferenças refletiam diferenças no conceito de moral e na inteligência, pois uma caixa cranial maior e/ou mais alta representava um cérebro maior, mais alto e por consequência maior quantidade de células cerebrais). A necessidade de descrever os "outros" advém do contato social entre indivíduos e entre grupos diferentes. No entanto, a classificação de grupos traz sempre consequências negativas, principalmente pelo facto dos termos empregados poderem ser considerados pejorativos pelos grupos visados (ver, por exemplo ameríndio e hotentote). Tradicionalmente, os seres humanos foram divididos em três ou cinco grandes grupos de linhagem (dependendo de interpretação), mas a denominação de cada um – pelo motivo indicado – tem variado ao longo do tempo: • Mongoloide (raça amarela): povos do leste e sudeste asiático, • Oceania (malaios e polinésios) e continente americano (esquimós e ameríndios). • Caucasoide (raça branca): povos de todo o continente europeu, norte da África e parte do continente asiático (Oriente Médio e norte do Subcontinente Indiano). • Negroide (raça negra): povos da África Subsaariana. Os outros dois grupos de linhagem humana poderiam ser: • Australoide: sul da Índia (drávidas), negritos das Ilhas Andaman (Oceano Índico), negritos das Filipinas, aborígenes de Papua-Nova Guiné, aborígenes da Austrália e povos melanésios da Oceania. • Capoide: tribos Khoisan (extremo sul do continente africano). EXEMPLOS: ETNIA Uma etnia ou um grupo étnico é uma comunidade humana definida por afinidades linguísticas e culturais. Estas comunidades geralmente reivindicam para si uma estrutura social, política e um território. A palavra etnia é usada muitas vezes erroneamente como um eufemismo para raça, ou como um sinônimo para grupo minoritário. A diferença reside no fato de que etnia compreende os fatores culturais, como a religião, a língua, hábitos gastronómicos, hábitos no vestuário, outras tradições, etc., enquanto raça compreende apenas os fatores morfológicos, como cor de pele, constituição física, estatura, traço facial, etc. ETIMOLOGIA A palavra "etnia" é derivada do grego ethnos, significando "povo". Esse termo era tipicamente utilizado para se referir a povos não-gregos, então também tinha conotação de "estrangeiro". Em Israel, nos tempos bíblicos, a palavra equivalente no hebraico do Antigo Testamento era usada para distinguir os israelitas de todos os povos não judeus, chamados "gentios". O mesmo sentido acompanhou o uso da palavra grega e seus correlatos nos tempos de Jesus e, no Novo Testamento, esta palavra é usada também para distinguir os não cristãos em oposição aos cristãos, adquirindo também o sentido de "pagãos". Mesmo assim, boa parte dos textos do Novo Testamento usam a palavra grega ethnos para se referir aos povos ainda não alcançados pela pregação do Evangelho, adquirindo a conotação de "povos-não-alcançados". A palavra deixou de ser relacionada com o paganismo em princípios do Século XVIII. O uso do sentido moderno, mais próximo do original grego, começou na metade do Século XX, tendo se intensificado desde então. FATORES DE CLASSIFICAÇÃO Os fatores de classificação são definidos na Língua e cultura, sendo descritos abaixo: FATOR DE CLASSIFICAÇÃO: LÍNGUA A língua tem sido muitas vezes utilizada como fator primário de classificação dos grupos étnicos, embora sem dúvida não isenta de manipulação política ou erro. É preciso destacar também que existe grande número de línguas multiétnicas e determinadas etnias são multilíngues. FATOR DE CLASSIFICAÇÃO: CULTURA A delimitação cultural de um grupo étnico, com respeito aos grupos culturais de fronteira, se faz dificultosa para o etnólogo, em especial no tocante a grupos humanos altamente comunicados com seus grupos vizinhos. Elie Kedourie é talvez o autor que mais tenha aprofundado a análise das diferenças entre etnias e culturas. Geralmente se percebe que os grupos étnicos compartilham uma origem comum, e exibem uma continuidade no tempo, apresentam uma noção de história em comum e projetam um futuro como povo. Isto se alcança através da transmissão de geração em geração de uma linguagem comum, de valores, tradições e, em vários casos, instituições. Embora em várias culturas se mesclem os fatores étnicos e os políticos, não é imprescindível que um grupo étnico conte com instituições próprias de governo para ser considerado como tal. A soberania portanto não é definidora da etnia, mas se admite a necessidade de uma certa projeção social comum. GÊNERO O gênero se refere às características socialmente construídas de mulheres e homens - como normas, papéis e relações existentes entre eles. As expectativas de gênero variam de uma cultura para outra e podem mudar ao longo do tempo. Também é importante reconhecer identidades que não se encaixam nas categorias binárias de sexo masculino ou feminino. As normas, relações e papéis de gênero também afetam os resultados de saúde de pessoas com identidades transexuais e intersexuais. QUAL É A DIFERENÇA ENTRE SEXO E GÊNERO? Enquanto a maioria das pessoas nasce biologicamente homem ou mulher, a elas são ensinados comportamentos apropriados para homens e mulheres (normas de gênero) - incluindo como eles devem interagir com outros do mesmo sexo e do sexo oposto dentro de famílias, comunidades e locais de trabalho (relações de gênero), bem como as funções ou responsabilidades que devem assumir na sociedade (papéis de gênero). Renda, escolaridade, idade, etnia, orientação sexual e local de residência são determinantes importantes para a saúde. Quando eles se cruzam com a desigualdade de gênero, podem agravar a experiência da discriminação, dos riscos à saúde e da falta de acesso aos recursos necessários para alcançar a saúde. IMPACTO NA SAÚDE As diferenças entre mulheres e homens definidas socialmente não constituem, em si mesmas, um problema, salvo quando limitam as oportunidades ou os recursos necessários para resultados de saúde e, por conseguinte, provocam discriminação e desigualdades que podem ter consequências negativas para a saúde. Quando os indivíduos não se encaixam nas normas, relações ou papéis de gênero estabelecidos, frequentemente enfrentam estigma, práticas discriminatórias ou exclusão social - todos com impactos negativos para a saúde. As normas de gênero influenciam o acesso e o controle sobre os recursos necessários para atingir a saúde ideal, incluindo: Econômicos (renda, crédito); Sociais (redes sociais); Políticos (liderança, participação); Informação e educação (alfabetização em saúde, acadêmica); Vinculados ao tempo (acesso aos serviços de saúde); e De caráter interno (autoconfiança/autoestima). As normas, papéis e relações de gênero resultam em diferenças entre homens e mulheres em: Exposição a fatores de risco ou vulnerabilidade; Investimento doméstico em nutrição, cuidados e educação; Acesso e utilização dos serviços de saúde; Experiências em contextos de cuidados de saúde; e Impactos sociais em problemas de saúde. IGUALDADE DE GÊNERO NA SAÚDE A igualdade de gênero na saúde significa que as mulheres e os homens, ao longo da vida e em toda a sua diversidade, têm as mesmas condições e oportunidades para realizar plenamente seus direitos e potencial para serem saudáveis, além de contribuírem para o desenvolvimento da saúde e se beneficiarem de seus resultados. A consecução da igualdade de gênero na saúde muitas vezes requer medidas específicas para mitigar os obstáculos. HISTÓRIA DAS RELAÇÕES DE GÊNERO A história do conceito de gênero, exemplifica, desdea segunda metade do século XX, essas idas e vindas, em campos como a Antropologia, as Ciências Sociais e a Filosofia. Esta história ganha, no início do século XXI, questionamentos aos quais nos interessa chegar a fim de fazer pensar até que ponto o conceito de gênero – a partir do qual se tem discutido a assimetria de gênero na sociedade –, pode ser repensado em nome do debate sobre a heteronormatividade. O conceito de gênero como importante operador para a crítica de situações sociais específicas nas quais as mulheres ainda são subjugadas, tomando como exemplos o mercado de trabalho, o ambiente da família e a sua necessária discussão no ambiente escolar. A noção de sexo, ou da natureza biológica de homens e mulheres, é uma construção social que foi construída ao longo de muitos séculos. Porém durante a Idade Média – Era Medieval – o fato mais emblemático quanto ao cerceamento das mulheres foi a caça as bruxas. PEDAGOGIA DO MEDO Podemos imaginar o efeito que teve nas mulheres o fato de ver suas vizinhas, suas amigas e suas parentes ardendo na fogueira, enquanto percebiam que qualquer iniciativa contraceptiva de sua parte poderia ser interpretada como produto de uma perversão demoníaca. Entender o que as mulheres caçadas como bruxas e as demais mulheres de suas comunidades deviam pensar, sentir e decidir a partir desse horrendo ataque contras elas também nos possibilita evitar as especulações sobre as intenções dos perseguidores e concentrar nossas atenções, por outro lado, nos efeitos que a caça às bruxas provocou sobre a posição social das mulheres. BRUXARIA = Contracepção, Paixão, Prática do sexo fora do contexto da reprodução, Prostituta, Trabalhadoras, Donas de posses, Questionadora, Rebelde, Pobreza, Velhice, Médica, Não europeia, Mulher independente, Solteirona, Viúva, Infértil, Mulher com amiga,Qualquer outra que ameace o poder ou a exploração do seu trabalho A CAÇA ÀS BRUXAS AMPLIFICOU AS TENDÊNCIAS SOCIAIS DA ÉPOCA. Existe uma continuidade inconfundível entre as práticas que foram alvo da caça às bruxas e aquelas que estavam proibidas pela nova legislação introduzida na mesma época com a finalidade de regular a vida familiar e as relações de gênero e de propriedade. À medida que a caça às bruxas avançava, aprovavam-se leis que castigavam as adúlteras com a morte A prostituição, os nascimentos fora do casamento, ilegalidade O infanticídio foi transformado em crime capital. As amizades femininas eram objeto de suspeita, denunciadas no púlpito como uma subversão da aliança entre marido e mulher, As relações entre mulheres foram demonizadas pelos acusadores das bruxas, que as forçavam a delatar umas às outras como cúmplices do crime. A palavra gossip [fofoca], que na Idade Média significava “amiga”, mudou de significado, adquirindo uma conotação depreciativa: mais um sinal do grau a que foram solapados o poder das mulheres e os laços comunais. RACISMO E MISOGINIA MESMA ORIGEM A sexualização exagerada das mulheres e dos homens negros — as bruxas e os demônios — também deve ter como origem a posição que ocupavam na divisão internacional do trabalho surgida com a colonização da América, com o tráfico de escravos e com a caça às bruxas. A definição da negritude e da feminilidade como marcas da bestialidade e da irracionalidade correspondia à exclusão das mulheres na Europa — assim como das mulheres e dos homens nas colônias — do contrato social implícito no salário, com a consequente naturalização de sua exploração. Racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre os povos. Misoginia é a repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres. ESTUDOS SOBRE GÊNERO Não é possível entender o que são Estudos de Gênero sem compreender o movimento feminista, que começa no cenário internacional no século XIX e reivindica direitos civis para as mulheres. É muito reconhecida a luta pelo direito ao voto, mas é importante lembrar que essa não era a única reivindicação – as mulheres tinham pouco direitos e muito pelo que lutar. A mulher casada, por exemplo, era considerada pela lei brasileira “incapaz” e sob tutela do marido – o que somente foi alterado na legislação em 1962, com a Lei 4.121. Estudar Gênero significa estabelecer um recorte sobre aspectos da realidade social existente – no presente e/ou no passado – que têm como peça fundamental a organização de papeis sociais baseada numa imagem socialmente construída acerca do que foi consolidado como sendo masculino ou feminino por exemplo. Portanto, procura compreender como a ideia de uma masculinidade hegemônica influencia nas relações e restringe as opções sociais de mulheres, de crianças e dos próprios homens, e propor estratégias de libertação. Aqui, nos Estudos de Gênero, estão as pesquisas sobre violência doméstica, violência sexual, feminicídio, desigualdade econômica e outras assimetrias relacionadas às desigualdades de gênero. POLÍTICAS PÚBLICAS As políticas públicas podem ser definidas como respostas do Estado a problemas que emergem na sociedade. São consolidadas em conjuntos de diretrizes, medidas e procedimentos que explicitam o posicionamento político do Estado frente a problemas que são considerados de interesse público (Teixeira, 1997; Lucchese, 2004; Sampaio & Araújo, 2006). No campo da ação social, as políticas públicas de saúde têm por função definir a resposta do Estado às necessidades de saúde da população, visando ações de promoção, proteção e recuperação da saúde em nível individual e coletivo (Lucchese, 2004). No Brasil, a política de saúde pública está consolidada, desde a Constituição Federal de 1988 no Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS tem como princípios a universalidade e a equidade no acesso aos serviços e ações de saúde e a integralidade da atenção, operacionalizando- se pelas diretrizes de descentralização, regionalização e hierarquização do cuidado e de participação da comunidade. Produto da luta do movimento da reforma sanitária brasileiro, instituído no contexto de redemocratização do Brasil e na contramão das propostas hegemônicas de organização de sistemas de saúde focalizados vigentes nos anos oitenta, o SUS estabelece a saúde como um direito universal, sendo dever do Estado prover o acesso à saúde a todos os cidadãos e cidadãs. MARCO IMPORTANTE Um importante marco da introdução da dimensão de gênero na política de saúde do país foi o Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Lançado em 1983, a partir da confluência de forças dos movimentos de mulheres e sanitarista, o PAISM ampliou a concepção até então hegemônica de “saúde da mulher”, restrita à atenção ao pré-natal e ao parto, construindo uma proposta de atenção à saúde que tomasse as mulheres na sua condição de cidadãs, portadoras de múltiplas necessidades de saúde, às quais o Estado deveria responder (Correa, 1993). POPULAÇÃO LGBTQIA+ Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais Ademais da incorporação das singularidades da população masculina, o debate sobre gênero e saúde tem se ampliado também no sentido de destacar a multiplicidade de construções de identidades de gênero e orientações sexuais que constituem a diversidade humana, para além da classificação dos sujeitos em homens e mulheres unicamente a partir de seu sexo biológico. Segundo Lionço (2009), em grande medida, os agravos à saúde dos segmentos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) são determinados socialmente, em função das frequentes violações de direitos a que estão expostos estes cidadãos e cidadãs. Tais violações são expressões das representações e significações construídassocialmente acerca das orientações sexuais tidas como desviantes perante a norma, representada pela heterossexualidade. A vivencia da homossexualidade e da expressão de gênero em desacordo com o sexo biológico são marcadas pela injúria, desqualificando-se essas possibilidades de existência com vistas à asseguração dos padrões morais hegemônicos no campo da sexualidade. Os dados da pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil”, realizada pela Fundação Perseu Abramo, não deixam dúvida quanto à gravidade do preconceito da população brasileira em relação aos segmentos LGBT: 11 em cada 12 brasileiros concordam com a afirmação de que “Deus fez o homem e a mulher [com sexos diferentes] para que cumpram seu papel e tenham filhos”. O índice de homofobia, construído a partir dos dados da pesquisa, indica que um quarto – 25% - da população brasileira é homofóbica. Inserida no contexto da vigência do Programa Brasil sem Homofobia (Brasil, 2004), lançado em 2004 pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais foi lançada pelo Ministério da Saúde em 2008. Trata-se de um marco importante no reconhecimento das necessidades de saúde destes segmentos para além das questões referentes à epidemia de aids, no sentido do reconhecimento da complexidade e diversidade dos problemas de saúde que os afetam. A Política parte do reconhecimento da existência dos efeitos perversos dos processos de discriminação e de exclusão sobre a saúde da população LGBT e, visando a sua superação, orienta-se para a promoção da equidade em saúde. Destaca, ainda, que a orientação sexual e a identidade de gênero são reconhecidas pelo Ministério da Saúde como determinantes e condicionantes da situação, na medida em que a intolerância, o estigma e a exclusão social relacionadas à diversidade sexual são geradoras de sofrimento e limitadoras do acesso da população LGBT aos cuidados de saúde. PRINCIPAIS FATOS E MELHORAS As normas, os papéis e as relações de gênero podem influenciar os resultados de saúde e afetar a obtenção da saúde, do bem-estar mental, físico e social. A desigualdade de gênero limita o acesso aos serviços de saúde de qualidade e contribui para taxas de morbidade e mortalidade evitáveis em mulheres e homens ao longo da vida. O desenvolvimento de programas de saúde sensíveis às questões de gênero, apropriadamente implementados são benéficos para homens, mulheres, meninos e meninas. É necessário desagregar dados e conduzir análises de gênero para identificar diferenças sexuais e de gênero nos riscos e oportunidades de saúde, além de projetar intervenções apropriadas. Abordar a desigualdade de gênero melhora o acesso e os benefícios dos serviços de saúde. ] OBJETIVO O objetivo deste treinamento é possibilitar aos profissionais de uma empresa, se relacionarem melhor com as Pessoas com Deficiência (PcDs) e dar acesso a informações que permitam que todos possibilitem aos PcDs, o exercício do direito à equidade de oportunidades. DIVERSIDADE A diversidade humana contempla cinco dimensões: 1° Dimensão: são as diferenças que percebemos logo que olhamos para alguém, e que não podem ser mudadas 2° Dimensão: são às diferenças percebidas, mas que podem ser mudadas.... Cor dos cabelo, bairro, cidade, conhecimento 3° Dimensão está relacionada aos diferentes comportamentos que temos mediante ao mesmo estimulo. Uma pessoa pode ser mais agressiva que a outra, romântica, compreensiva e está ligado ao temperamento de cada um. 4° Dimensão: como nos comportamos mediante à questões hierárquicas. 5° Dimensão: Relacionado a padrões de comportamentos de pessoas que estão fora de seu país de origem. Obs: a riqueza das relações humanas está justamente nas diferenças VANTAGEM COMPETITIVA Vantagem competitiva de ser uma empresa inclusiva: • As pessoas buscam empresas com valores semelhante aos seus. • Quando vinculo a marca da empresa à questões ligadas à diversidade, há uma valorização da marca na sociedade. • É o mesmo que dizer: aceitamos você , como você é! Isso fideliza o cliente, e traz um numero maior de pessoas para recrutar. • A empresa se apresenta ao mercado consumidor como uma empresa flexível, em sintonia com seus parceiros. • A empresa tem menos problemas com orgãos fiscalizadores como o TEM (ministério do trabalho e emprego). DIVERSIDADE = VANTAGEM COMPETITIVA ✓ Valorização da imagem institucional e da marca; ✓ Maior fidelização do consumidor; ✓ Maior capacidade de recrutar e manter talentos; ✓ Flexibilidade e capacidade de adaptação; ✓ Longevidade; ✓ De “opção” a “imperativo” sintonia com os interesses dos stakeholders; ✓ Evita problemas vindos de denúncias, difamações, multas, através da fiscalização. ESTATÍSTICAS 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil. Este número representa aproximadamente 25% da população brasileira. A informação acerca das deficiências é o instrumento mais eficaz, gerador de atitudes inclusivas. DEFICIÊNCIA É ... Reconhecendo que a deficiência é um conceito em evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas à s atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. CONCEITO DE DEFICIÊNCIA Deficiente: ✓ Incompleto ✓ Carente ✓ Deficitário ✓ Escasso ✓ Insuficiente Indeficiente ✓ Abundante ✓ Bastante ✓ Completo ✓ Suficiente O termo “portador de necessidades especiais” não deve ser usado, pois, quem porta alguma coisa, pode deixar de portá-la. O termo “necessidades especiais” também não deve se usado, pois inclui idosos, gestantes, mães com crianças de colo, e todos nós podemos ser especiais uns para os outros. A seguir, apresentamos várias expressões comuns, porém incorretas, no tratamento de pessoas com deficiência. -Tipos de deficiência DEFICIÊNCIA FÍSICA Quando acompanhar uma pessoa com deficiência, ande conforme o ritimo dela Elimine barreiras físicas nos locais de circulação Evite apoiar objetos em cadeira de rodas, bengalas e muletas Não mude bengalas ou muletas de lugar sme o consentimento da pessoa Empurre uma cadeira de rodas somente com a permissão da pessoa Não é necessário alterar o tom de voz Ao falar com uma pessoa numa cadeira de rodas, se possível, sente-se Palavras como: Andar, correr, poder ser empregadas normalmente DEFICIÊNCIA VISUAL Nunca segure o braço de uma pessoa para conduzir, ofereça o seu braço Quando guiar a pessoa com DV avise-a sobre obstáculos Coloque a mão da pessoa na cadeira para indicar assento Evite deixar barreiras físicas nas áreas de circulação Em palestras, indique o posicionamento do públco em relação ao palco Não distraia, alimente ou acaricie um cão guia Sempre que abordar uma DV, identifique-se. Não é necessário falar mais alto Não exclua DVs das atividades, deixe que elas decidam DEFICIÊNCIA AUDITIVA Para iniciar uma conversa, acene ou toque em seu braço. Fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras. Não é necessário falar mais alto Se tiver dificuldades para entende-lo não tenha vergonha de pedir que repita Se necessário, cominique-se por meio da escrita e caso conheça alguns sinais de libra utilize Nunca fale que a pessoa é muda, pois ela possui aparelho fonético preservado só não aprendeu a falar por não ser capaz de escutar. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Aja naturalmente ao dirigir-se a pessoa Trate-a com respeito e consideração de acordo com sua idade Não a superproteja, ajude apenas quando solicitar Não subestimesua capacidade Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo q puder Deficiência intelectual não deve ser confundida com doença mental ATITUDES QUE FAZEM A DIFERENÇA Converse normalmente com o deficiente Trate o deficiente como alguém com limitações específicas da deficiência Permita que o deficiente desenvolva ao máximo suas potencialidades Chame a pessoa com deficiência pelo nome Quando julgar necessário, faça pergunras sobre a deficiência Quando quiser alguma informação de uma pessoa com deficiência dirija-se a ela Aja com naturalidade e bom senso BENEFÍCIOS Para a empresa: Acesso a um mercado de consumidores com as mesmas carecterísticas, Conviver com indivíduos diferentes contribui para humanizar as relações no ambiente de trabalho. Para a empresa; Ganhos de imagem institucional (responsabilidade social). Para o colaborador Auto-estima elevada, maior poder aquisitivo, Ampliação de convívio social, Consciência de cidadão produtivo. COMO GERIR Entender as necessidades específicas; Trabalhar possíveis resistências da equipe; Ter visão inclusiva, onde todos têm direitos e deveres iguais; Transformar o ambiente de trabalho em um lugar de oportunidades e de valorização da diversidade; Participar, envolver e promover ações que favoreçam a inclusão; Estar ciente da importância do seu papel para sucesso no programa; Enxergar os benefícios; Não subestimar nem superestimar; Valorizar a competência e não a deficiência. DIREITOS E DEVERES Os direitos e deveres são iguais aos dos demais colaboradores! Gestor Colaborador com Deficiência • Promover igualdade de oportunidades e tratamento; • Delegar responsabilidades; • Considerar a limitação ao cobrar produtividade e desempenho; • Não rotular a pessoa pela sua deficiência. • Atingir suas metas; • Ser produtivo; • Cumprir seus horários; • Investir em seu desenvolvimento. Atenção as seguintes questões: Não excluir e isolar estes colaboradores; Realizar a avaliação de desempenho dentro dos critérios previamente estabelecidos pela empresa; Dar feedbacks constantes; Realizar pesquisas para validar a inclusão do profissional. RECURSO NATURAL A noção mais abrangente e difundida do que sejam os “recursos naturais” nos remete imediatamente à idéia de uma natureza utilizada pelo homem, afinal recurso, segundo o Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa (2004), “é o ato de recorrer. Auxílio, proteção, socorro.” Ou seja, “recurso natural” expressa a necessidade do homem em buscar na natureza as condições para a manutenção de sua vida. O que difere a natureza dos recursos naturais: Conceito de Natureza não é natural contudo, os homens não são iguais e o conceito de natureza é uma importante chave de compreensão das diferentes visões das sociedades, pois cada povo se relaciona com a natureza por ele interpretada. Em outras palavras, a forma como uma sociedade conceitua a natureza determina de qual maneira ela vai se relacionar com ela. A relação dos povos com a natureza se estabelece no interior das sociedades, tanto quanto as relações sociais. Para Dominique Bourg (1993) mesmo a evidente dimensão dos problemas ambientais atuais não é capaz de ocultar a diversidade das relações que mantemos com a natureza Se temos apenas um planeta Terra, em compensação temos muitas maneiras de o habitar Para Philippe Pons, de forma geral, na cultura japonesa há uma contradição entre idolatria e uso da natureza. Devido às pressões econômicas e populacionais apenas 20% do território está preservado. Homem e natureza são fatos concretos, não hierárquicos. Para Abdelwahab Meddeb A natureza é uma criação divina a qual o homem deve governar O Oásis é uma benção CONCEITO DE NATUREZA O conceito de natureza é uma importante chave de compreensão de diferentes sociedades, pois cada povo se relaciona com a natureza por ele interpretada Conhecer o conceito em diferentes culturas Portanto, faz-se necessário conhecer o conceito de natureza nas diferentes culturas que se vai estudar, bem como o conceito de natureza de nossa própria sociedade, visto que esta se tornou dominante nos últimos dois séculos, ignorando outras formas de pensar o mundo e especificamente a natureza. De acordo com Ponting (1995, p. 236 e 237) “O modo de pensar sobre o mundo que se tornou dominante nos últimos séculos originou-se na Europa, entretanto suas origens podem ser descobertas, como em outras tantas áreas, na influência dos filósofos da Grécia e da Roma antigas e das idéias que a Igreja cristã herdou de suas origens judaicas.” GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS Para Warren Dean (2004, p. 60) os portugueses incapazes de compreender intelectualmente a magnitude de sua descoberta, tropeçaram em um meio continente, movidos por cobiça e virtude, sem se deixarem levar por compaixão ou mesmo por curiosidade. A Mata Atlântica os deixava impassíveis ou atônitos. Por diversas vezes penetraram-na, e traziam apenas relatos delirantes sobre esmeraldas e ouro. Produziram tamanha devastação entre seus irmãos que, no prazo de um século, quase todos aqueles com quem haviam se deparado estavam mortos e suas sociedades em ruínas. Esse foi o começo, a fundação do povoamento, da colonização e do império, de uma civilização transferida e imposta. BIODIVERSIDADE uma eficaz estratégia de conservação dos recursos naturais deve ter em conta que tão importante quanto a biodiversidade é a sociodiversidade, pois entende-se não haver natureza intocada, principalmente ao se deparar com o fato de que o que parecia selvagem, virgem ou intocado, há gerações já se constituía como recurso natural em outras culturas. A biodiversidade de uma área seria o produto da história da interação entre o uso humano e ambiente. O entendimento, até agora predominante, de que toda relação entre homem e natureza seja destrutiva é simplificador e injusto com inúmeras culturas que desenvolveram outras formas de relação com a natureza. POPULAÇÕES E A DIVERSIDADE DOS AMBIENTES Em geral as populações tradicionais não só convivem com os recursos naturais, mas também os classificam, nomeiam e lhes atribuem valor e em muitos casos são responsáveis pela variabilidade dos recursos. Desde a pré história o homem interfere consciente ou inconscientemente na espacialização da vida. Gómez-Pompa e Kaus (2000) alertam para a importância de atuais e futuros cientistas entenderem as conseqüências ecológicas benéficas e destrutivas das perturbações antropogênicas e de incorporarem visões alternativas no trato com o meio ambiente, avaliando-o em seu contexto histórico, social e cultural. O que em geral acontece é uma percepção apurada dos limites e potencialidades dos recursos naturais. Observar a natureza e conhecer os hábitos dos animais e as características das plantas era muito mais importante que guardar comida por um longo tempo. a produção de tais conhecimentos possui múltiplas dimensões, visíveis e invisíveis, reunindo elementos técnicos com o mágico, o ritual, e enfim, o simbólico. E poucos pesquisadores são realmente capazes de transpor sua própria cultura para entender outra lógica de funcionamento do mundo. POLÊMICAS E CONTESTAÇÕES Uma visão simplificadora tende a separar os termos e a dividir os recursos naturais em renováveis e não renováveis. Subliminarmente a acreditar que os recursos renováveis são também inesgotáveis AMBIENTE E MEIO AMBIENTE A ideia de meio vem da biologia • Ambiente: “Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos na biosfera, como um todo ou em parte desta, abrangendo elementos do clima, solo, água e de organismos” • Meio ambiente : “soma total das condições externas circundantes no interior das quais um organismo, uma condição, uma comunidade ou um objeto existe.” Portanto, para cada espécie, existiriam conjuntos diferentesde elementos inter-relacionados que lhes são indispensáveis para sobreviver, constituindo- se em meios ambientes específicos. Se se admitir que a natureza é pensada, reforça-se a visão de que ao se referir a ambiente, refere-se ao conjunto dos meios ambientes de todas as espécies, pensados e/ou conhecidos pelo sistema social humano BIODIVERSIDADE E DES. SUSTENTÁVEL No passado por exemplo, a mata atlântica brasileira ocupava uma área de 1,3 milhões de km2 enquanto hoje restam apenas 100.000 km2 aproximadamente. Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é um tratado da Organização das Nações Unidas e um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente. A Convenção foi estabelecida durante a notória ECO-92 – a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 – e é hoje o principal fórum mundial para questões relacionadas ao tema. Mais de 160 países já assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993. Em um trabalho publicado na Nature em 1997, Robert Costanza e colaboradores estimaram o valor dos serviços ecológicos prestados pela natureza. A ideia geral do trabalho era contabilizar quanto custaria por ano para uma pessoa ou mais, por exemplo, polinizar as plantas ou quanto custaria para construir um aparato que serviria como mata ciliar no antiaçoriamento dos rios. O trabalho envolveu vários "serviços" ecológicos e chegou a uma cifra média de US$ 33.000.000.000.000,00 (trinta e três trilhões de dólares) por ano, duas vezes o produto interno bruto mundial. O QUE É TECNOLOGIA EM SAÚDE Podemos definir a tecnologia da saúde como todas as soluções desenvolvidas a partir da combinação entre essas duas grandes áreas. A parceria entre tecnologia e saúde existe há séculos, e tem sido essencial para a evolução de ambos os setores. Enquanto a saúde cria demandas para a invenção e aprimoramento do aparato tecnológico, a tecnologia proporciona uma série de avanços, seja na prestação de serviços, novos equipamentos, na educação ou na comunicação. Graças a esses avanços, a humanidade desenvolveu técnicas de prevenção e combate a doenças que, um dia, provocaram tragédias ao dizimar milhares de pessoas. No Brasil, por exemplo, o trabalho pioneiro do médico sanitarista Oswaldo Cruz levou ao maior conhecimento sobre a peste bubônica e a febre amarela, erradicadas a partir do desenvolvimento de vacinas e soros na década de 1900. Desde então, o Governo Federal tem encabeçado campanhas de vacinação em massa, promovendo a imunização e erradicação da poliomielite, rubéola, tétano, entre outros males. TECNOLOGIA APLICADA A SAÚDE Essa expressão faz referência a uma definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma que tecnologia em saúde é: A aplicação de conhecimentos e habilidades organizados na forma de dispositivos, medicamentos, vacinas, procedimentos e sistemas desenvolvidos para resolver um problema de saúde e melhorar a qualidade de vida. Segundo esse conceito, a tecnologia aplicada à saúde engloba todos os dispositivos, produtos, técnicas e mecanismos de gestão que viabilizam a prevenção de doenças e reabilitação das pessoas, melhorando sua qualidade de vida. Em outras palavras, qualquer ferramenta que seja aplicada à promoção da saúde em seu aspecto mais amplo faz parte do universo das tecnologias em saúde. Quando um gestor utiliza, por exemplo, o Sistema de Triagem de Manchester no pronto-socorro, esse mecanismo é considerado uma tecnologia aplicada à saúde. Sistema de Triagem de Manchester é uma ferramenta para classificação de risco que separa os pacientes em cinco diferentes níveis, auxiliando a equipe de saúde na escolha daqueles que devem ser atendidos com prioridade. O mesmo raciocínio vale para um novo medicamento para o tratamento do câncer, para vacinas ou dispositivos capazes de monitorar o funcionamento de um órgão. PRINCIPAIS AVANÇOS Uma série de invenções e tecnologias contribuiu para que os cuidados em saúde, exames, tratamentos e prevenção chegassem ao patamar atual. No campo dos equipamentos médicos, vale destacar a descoberta dos raios-X e sua utilização para observar partes internas do corpo humano, atribuídas ao físico alemão Wilhelm Conrad Rontgen. Em 1895, o cientista realizou a primeira radiografia (uma espécie de fotografia interna da mão de sua esposa), dando início ao estudo do organismo de forma não invasiva. Isso porque, antes dessa descoberta, o exame de órgãos e tecidos só era possível através de cirurgia exploratória, o que expunha pacientes já debilitados a grandes riscos. O trabalho de Rontgen viabilizou o aprimoramento do aparelho de raio-X e o emprego das radiações para exames de diagnóstico, levando à construção de equipamentos modernos de tomografia, ressonância magnética, entre outros. Transplantes: Outra área que merece ser lembrada é a dos transplantes, cujo aprimoramento tem garantido a sobrevida de pacientes com doenças graves, como cardiopatias e insuficiência renal. A substituição de órgãos parecia coisa de outro mundo antes da década de 1930, quando um cirurgião ucraniano chamado Yurii Voronoy fez a primeira operação com essa finalidade. Diante de um envenenamento por mercúrio e a consequente insuficiência renal de um paciente, o médico resolveu transplantar um rim cerca de seis horas após a morte de outro doente. Claro que o procedimento não deu certo, pois o órgão já tinha parado de funcionar há horas. Mas foi uma primeira tentativa importante. Depois de Voronoy, mais médicos se aventuraram em transplantes de pâncreas, coração e outros tecidos. Porém, mesmo quando os órgãos eram implantados imediatamente após a morte do doador, grande parte dos receptores ia a óbito devido à rejeição. Duas décadas mais tarde, estudos levaram à descoberta e aplicação de substâncias imunossupressoras, essenciais para evitar a rejeição de um novo órgão, aumentando o sucesso dos transplantes. As pesquisas continuaram e, atualmente, existem recomendações para que os transplantes sejam realizados em condições ideais, evitando complicações de saúde. Comunicação: Quanto à troca de informações em saúde, é importante citar o papel das tecnologias da informação e comunicação (TICs), que têm sido empregadas há séculos para transmitir dados médicos e de pacientes. Estudos e livros sobre o tema mostram que a comunicação em saúde progrediu conforme novas modalidades de TIC eram criadas, viabilizando atendimentos com finalidade assistencial e diagnóstica. Desde a invenção do telégrafo, em meados do século XIX, cada inovação nesse campo serviu para conectar médicos, pacientes e outros profissionais de saúde, viabilizando serviços cada vez mais avançados e assertivos. Telefone, rádio, aparelho de fax e até circuitos fechados de televisão foram utilizados para melhorar as condições de saúde por todo o mundo antes do surgimento da internet. Atualmente, a popularização da web possibilitou a construção de sistemas modernos, como os utilizados nas plataformas de telemedicina. TECNOLOGIAS DIGITAIS A medicina integrada procura extrair o melhor da visão ocidental, que foca no tratamento de doenças, e da visão oriental, centrada numa abordagem integral e preventiva. Junto a ferramentas que colhem e armazenam dados sobre os pacientes – como big data e mapeamento genético -, essa nova visão possibilita ações altamente eficazes na prevenção de doenças. Afinal, informações sobre os genes permitem que riscos para determinadas patologiassejam calculados e o paciente tome atitudes para evitar seu adoecimento. Esse conceito tem gerado novas áreas de estudo, como a nutrigenômica e farmacogenômica, que combinam segmentos tradicionais ao conhecimento aprofundado sobre a predisposição genética e o comportamento do paciente. Gestão e eficiência: A saúde é um dos setores que mais se beneficiam com ferramentas de gestão aplicadas adequadamente. Manter documentos em papel, por exemplo, é um hábito ultrapassado e que implica em custos na compra de papel e tinta, impressões e local para arquivamento. Em vez disso, muitos estabelecimentos de saúde têm investido na digitalização de suas informações, que pode ser trabalhosa em um primeiro momento, mas tem impacto positivo, enxugando despesas e facilitando a localização de arquivos. Outro exemplo é a melhoria no fluxo de trabalho em laboratórios como a DASA, empresa especializada em diagnósticos clínicos que automatizou a análise de amostras em 2017. O sistema lê o código de barras colado nos tubos com amostras dos exames de pacientes, e os direciona até a máquina que fará a análise sem qualquer intervenção humana. Em seguida, as informações sobre o teste são enviadas a uma central, ficando disponíveis para a avaliação dos funcionários e posterior envio dos resultados ao paciente. A novidade viabilizou menos coletas e mais conforto, pois o mesmo tubo serve para diferentes exames laboratoriais. A informação cada vez mais será digitalizada, eliminando a necessidade de papel Sistemas de gestão: médica Há alguns anos, existem softwares capazes de simplificar a rotina de consultórios, clínicas e hospitais, oferecendo uma visão ampla sobre diversas tarefas de administração desses locais. São sistemas que reúnem agenda, dados financeiros, estoque, limpeza, inventário de equipamentos médicos e outras informações cruciais para o bom funcionamento das unidades de saúde. Utilizando essas tecnologias, os médicos – que nem sempre têm conhecimentos em gestão – ganham um suporte importante para melhorar a qualidade e a eficiência de seus serviços. Prontuário Eletrônico: O prontuário eletrônico do paciente (PEP) faz parte dos sistemas que auxiliam na gestão de dados médicos, reunindo diferentes documentos em formato digital – laudos, receituários, atestados, etc. O PEP segue as exigências de normas como a Resolução CFM 1.821/07, que autorizou a substituição do papel por arquivos digitais e orienta sobre a obtenção e guarda desses documentos. Assim, é formado um banco de dados completo sobre o histórico do paciente, que permite a rápida localização e cruzamento de informações para apoio no diagnóstico e tratamento. A partir de alguns cliques, é possível levantar as cirurgias realizadas, alergias e medicações utilizadas, evitando complicações devido à interação com outras substâncias químicas. Bulário online: Farmacêuticas, empresas criadoras de softwares de gestão médica e outras companhias disponibilizam diferentes modalidades de bulário online. Um dos mais conhecidos é alimentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e pode ser acessado gratuitamente. Preenchendo um ou mais campos nesta página, é possível obter as bulas de milhares de medicamentos, em versões para o paciente ou para o profissional. Entretanto, esse sistema tem limitações, pois é preciso baixar as bulas em PDF. Mais modernos, outros bulários oferecem opções como pesquisa e acesso inteiramente na web. Informações médicas são muito sensíveis, por isso a segurança dos sistemas precisa ser reforçada Segurança da informação na saúde: Com os documentos e outros dados digitalizados, empresas de saúde devem redobrar a atenção quanto aos protocolos de segurança. Afinal, elas lidam com informações pessoais e de saúde dos pacientes, como dados bancários e o histórico de atendimentos, reunido no prontuário eletrônico. Pensando nisso, companhias atuantes em tecnologia e segurança da informação vêm adaptando mecanismos cada vez mais sofisticados para garantir a proteção aos arquivos digitais de saúde. Além de antivírus eficientes, redes wi-fi seguras e senhas fortes, elas têm disponibilizado duplo fator de autenticação, firewall e até criptografia, a fim de garantir que apenas pessoas autorizadas visualizem os documentos. Big Data: Big data é como chamamos a quantidade maciça de dados compilados na era digital. Essa inovação pode ter uma série de aplicações na saúde. Mencionamos, acima, que é possível prever eventos adversos, calculando o risco de uma doença com base em informações genéticas e no histórico presente no prontuário eletrônico do paciente. O mesmo raciocínio vale para a análise de dados administrativos, determinando quando um aparelho precisará de manutenção preventiva, evitando que necessite ser consertado com frequência. Junto à big data, a internet das coisas pode conectar aparelhos e informações dentro de um hospital ou laboratório, facilitando a automatização de processos e reduzindo a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde. O compartilhamento de dados é outra tendência promissora, já que avanços em inteligência artificial viabilizam o aprendizado de máquina (machine learning) e avaliação de inúmeros artigos científicos para aperfeiçoar os serviços prestados em saúde. Empoderamento dos pacientes: Prevenção e autocuidado estão em alta no mercado da saúde. Isso porque novas tecnologias possibilitam um maior empoderamento do paciente, por meio de ferramentas capazes de coletar dados continuamente, enviar as informações a um médico e até sugerir a adoção de hábitos mais saudáveis. Um exemplo emblemático são os dispositivos vestíveis ou wearables de saúde, que facilitam a rotina de quem sofre com doenças crônicas, como hipertensão. Conectados a softwares, relógios, pulseiras e outros acessórios realizam automaticamente medições da pressão sanguínea, frequência cardíaca, entre outros. Dessa forma, o próprio paciente é alertado quando está com a pressão alta, e pode adotar medidas para baixá-la. Pessoas saudáveis também se beneficiam dessas tecnologias, monitorando, por exemplo, a atividade cardíaca durante exercícios físicos. Fidelização de pacientes: Além de dados sobre os procedimentos médicos realizados, o prontuário eletrônico contém informações mais gerais, como o aniversário do paciente ou suas preferências. Elas podem ser utilizadas para fidelização através de um e-mail parabenizando o cliente, ou inspirar o tema de um evento realizado pela unidade de saúde. Softwares e sistemas específicos disparam automaticamente mensagens em e-mails, SMS, questionários de satisfação e até conteúdos interativos nas redes sociais. Assim, o paciente se sente valorizado e se lembra do serviço prestado, o que aumenta as chances de que ele retorne quando precisar de um novo atendimento. A questão genética também tem a tecnologia como aliada Mapeamento genético: O maior conhecimento sobre os genes e sua função representa uma esperança para a cura ou tratamentos de sucesso para doenças como Aids e câncer. Afinal, compreender a dinâmica genética permite que sejam feitas edições nos genes, corrigindo alterações que provocam doenças até hoje incuráveis. A técnica CRISPR-CAS 9 é um dos trabalhos mais avançados nesse campo, permitindo que cientistas isolem e mudem trechos do DNA com genes causadores de doenças hereditárias. No entanto, a técnica enfrenta barreiras éticas, especialmente porque viabiliza a manipulação genética de embriões humanos. Telemedicina: A telemedicina utiliza tecnologias da informação e comunicação para superar a distância geográfica e levar atendimentos de saúde para pacientes em qualquer localidade. Laudos a distância e segunda opinião médica são serviços ofertados por empresas de telemedicina no Brasil. Pelo mundo, nações como os Estados Unidos autorizam até mesmo consultas remotas, a exemplo do programa focado
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