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DREIFUSS - 1964 A conquista do Estado

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DREIFUSS, René A. 1964: A Conquista do Estado–Ação Política. Poder e Golpe de Classe–Petrópolis: Editora Vozes, 1981.
O livro “1946: A conquista do Estado” publicado pela editora Vozes e escrito pelo falecido cientista político e historiador uruguaio René Dreifuss, apresenta no sexto capítulo “A ação de classe da elite orgânica: a campanha ideológica da burguesia” um recorte sobre os acontecimentos tramados pela elite orgânica junto com o IPES/IBAD para reunir e propagar uma ideologia contrária ao bloco histórico-populista e que resultou no golpe de Estado civil-militar. O tópico irá mostrar os esquemas estabelecidos, os importantes nomes e órgãos midiáticos que trabalhavam em conjunto para romper com a força popular e deflagrar as reformas que se mostravam como necessárias para esses indivíduos. 
A propaganda de atividades, publicações, filmes, entre outros na imprensa, na rádio e na televisão era uma das formas usadas para convencimento por aqueles que não queriam apenas chegar aos governos, mas ocupar o Estado. Buscava-se reunir diversos profissionais e veículos de mídia influente para circular as notícias manipuladas, esse sistema era organizado e apoiados pelo IPES/IBAD e muitas vezes financiado por empresas, os envolvidos que tinham como objetivo ocupar o centro de discussões ideológicas e políticas, além de influenciar o sentimento social da população. Essa produção ou reprodução de material ideológico feito pelo IPES em alguns casos não trazia suas siglas explícitas e o foco político dos artigos eram expressos como uma posição contrária ao governo de João Goulart e ao comunismo, além das pessoas influentes que afirmavam essas opiniões, eram organizados manifestos de diferentes categorias, como o “Manifesto das Classes Produtoras”, para o corroborar o discurso.  
O autor expõe que a sofisticação ou a maneira que os materiais eram elaborados condizia com a classe que se estava sendo direcionada às publicações, existia as prosas acadêmicas sérias e os panfletos feitos em papel inferior para disfarçar a origem. O cientista político aponta a forte participação do Instituto na distribuição e estímulo dos autores que tinham algum material que reunia o que o IPES considerava como o posicionamento correto.  O autor ressalta sobre o trabalho feito pelos grupos de estudo que ficavam responsáveis por analisar de forma crítica os projetos que circulavam no governo, além disso, eram muitos os grupos organizados que estavam inseridos nos debates e proposta em torno das reformas que o governo buscava estabelecer.
Dreifuss expôs sobre a existência de desavenças entre os IPES de alguns estados sobre quais medidas as reformas deveriam englobar, cabe mencionar como exemplo o IPES de São Paulo e do Rio sobre a Reforma Agrária. A questão referente a essas reformas e suas defesas no Congresso eram estruturadas pelo Grupo de Estudo e Doutrina que construía uma orientação para os ipesianos que faziam parte do órgão. Outro ponto explorado pelo autor é a eleição para o legislativo em 1962, o historiador reforça as propagandas feitas e os agentes de opinião que eram usados para comentar sobre os acontecimentos antes e depois da eleição. A doutrinação feita através dos programas encabeçadas pela elite orgânica, pelo IPES e pelo IBAD fazia circular, com o patrocínio deles, os acontecimentos públicos pautados em uma opinião moldada.
No que diz respeito a doutrinação específica, o IPES buscava a mobilização de intelectuais, militares das Forças Armadas, estudantes universitários para compor a organização e difundir a campanha ideológica. Os congressos e as discussões tinham como objetivo atrair esse público, de acordo com Dreifuss. Segundo o autor, é importante mencionar a forte participação da Igreja na divulgação das posições reformistas para as classes mais populares, e também, a assistência fornecida pelo IPES aos meios midiáticos que tinham inclinação eclesiástica. A mensagem ideológica e política era passada para os grupos através dos cursos promovidos, e como aponta Dreifuss, essas atividades eram estruturadas de acordo com os níveis culturais e intelectuais de quem se buscava atingir, mas também era salientado a importância do intercâmbio entre os grupos e o recrutamento de novos seguidores.   
REFLEXÃO 
O texto escrito por Dreifuss ressalta a importância da propaganda e dos meios de comunicação como ferramentas para divulgação de uma ideia e a formação de uma opinião. É perceptível como a elite orgânica do período buscava utilizar de diferentes artefatos para estruturar seu viés ideológico e alcançar o que se desejava. A importância da mídia e de figuras de destaque na sociedade traz alguns pontos interessantes sobre como a esfera política pode ser moldada de acordo com as motivações daqueles que estão em destaque ou dos que saem desfavorecidos depende da maneira que o âmbito político é conduzido. 
O capítulo mostra de maneira bem explicada como eram estabelecidas as alianças entre os grupos interessados em propor as reformas que lhes beneficiassem. A forma que o autor apresenta as informações salienta o desejo de ocupação do poder, mas também, de modificar e reformar aquilo que não agradava. A constante mobilização para atingir a opinião pública e reestruturar o governo, mostra como a elite orgânica e os Institutos poderiam não ter um compromisso com a propagação da verdade, desde que fosse possível elaborar um sistema que conseguisse chegar ao governo.

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